> IV Encontro de Gerações trata sobre o desafio dos “Resíduos Sólidos na Construção Civil”.
> Eleições do Sistema Confea/Crea/Mútua: Saiba como participar.
Informativo do Sindicatos dos Engenheiros no Estado do Ceará
“Tecnologia em Conversa” apresenta os principais pontos da Nova Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) do Município de Fortaleza > Evento faz parte do ciclo de encontros realizados pelo sindicato
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Senge-CE realizou, com o apoio da Prefeitura de Fortaleza e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), no último dia 20 de outubro, em sua sede, o Tecnologia em Conversa. Gratuito, o evento foi idealizado para profissionais e estudantes. A iniciativa, que nesta edição trouxe o tema “Urbanismo e Meio Ambiente: Lei de Uso e Ocupação de Solo”, faz parte de um ciclo de eventos realizados pelo Senge-CE este ano. “Já tivemos também em 2017, o 'Geologia em Conversa' e o 'Engenharia em Conversa'. São eventos e atividades com temas atuais que interessam aos profissionais e os aproximam do sindicato. A proposta do Senge-CE é realizar pelo menos, um evento como este por mês. O 'Em Conversa' está só começando, ainda tem muito para crescer”, relata a presidente do sindicato, Helena Araújo. Profissionais da engenharia e da arquitetura compareceram ao evento e parabenizaram o Senge-CE pela iniciativa. Para o arquiteto e engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, Heitor Luis Albuquerque, o encontro é uma forma de se atualizar. “Esta é a terceira vez que participo. Nós, engenheiros, temos grande importância para o crescimento da sociedade como um todo, então, buscamos sempre nos aprimorar e adquirir conhecimentos, para desenvolver de forma proativa e eficaz nossas atividades”, comenta. O engenheiro civil, Mário Mamede, afirma que também pretende comparecer aos próximos “Em Conversa”,
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que serão realizados pelo sindicato. “É importante para todo engenheiro conhecer o Plano Diretor de sua cidade. Certamente vou voltar nas próximas edi-ções para continuar me atualizando sobre outros assuntos”, afirma. Apresentando e realizando um bate-papo com os convidados sobre os principais pontos da Lei de Uso e Ocupação do Solo e mostrando as diferenças e impactos da nova Lei apresentada recentemente, o Tecnologia em Conversa foi ministrado pela arquiteta e urbanista, Regina Costa e Silva. “Eu vim apresentar a Lei e mostrar como devemos usar e ocupar a cidade com suas edificações e como devem ser instalados os empreendimentos. Toda a parte de funcionamento e construção da cidade é regulada por essa lei. É importante apresentar quais são as exigências e como os profissionais devem encarar os novos regulamentos. A cidade tem que compreender a importância dessa lei”, relata. A arquiteta, que é servidora da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Seuma), acompanha a Lei desde o começo. “Eu
trabalho nessa parte de urbanismo e controle urbano, há três anos, então, comecei a atuar também com planejamento. Minha primeira missão foi acompanhar a aprovação da lei e agora apresentar à cidade o que mudou da Lei antiga, o que melhorou e o que facilitará a vida da população”, afirmou Regina. Entenda a LUOS A Lei de Uso e Ocupação do Solo define as normas gerais para o desenvolvimento da cidade. Nela, encontram-se reunidos os princípios e orientações para a utilização e ocupação do espaço urbano, com o objetivo maior de garantir o desenvolvimento da cidade de forma equilibrada e sustentável.
SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO CEARÁ - SENGE/CE Rua Alegre, 01 - Praia de Iracema, Fortaleza/CE - CEP.: 60.060-280 Fone: (85) 3219.0099 | CNPJ: 05242714/0001-20 www.sengece.org.br Outubro 2017
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IV Encontro de Gerações trata sobre o desafio dos “Resíduos Sólidos na Construção Civil”
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Senge-CE, por meio do seu Núcleo Jovem Engenheiro, realizou, no último dia 19 de outubro, em sua sede, o 4º Encontro de Gerações. Nesta edição, o evento apresentou o tema “Resíduos Sólidos na Construção Civil”. A iniciativa, que tem o objetivo de proporcionar a troca de conhecimentos entre estudantes e profissionais, discutiu questões como a administração de resíduos sólidos no Ceará, os impactos ambientais e como o profissional gerenciar esses resíduos e até investir no setor. O evento contou com palestras ministradas pelos engenheiros Márcio Rios, Cleanto Pereira e Mansour Daher.
importância para o atual cenário da engenharia. “Todos os Encontros de Gerações estão sendo bem assistidos. O sindicato fica cheio, não só com estudantes, mas também de jovens formados e profissionais. A temática dos resíduos sólidos na construção civil interessa muito, pois eles não tiveram esse assunto em sua matriz curricular”, comenta.
O evento apresentou novas informações sobre a legislação, classificação, destinação e métodos usados para reciclar os resíduos. “O encontro levou novos conhecimentos para os acadêmicos presentes e aos profissionais, na busca de uma área mais consciente e ecológica”, relata o coordenador-geral do Núcleo Jovem do Senge-CE, Kayuby Mota.
Para a presidente do Senge-CE, Helena Araújo, a escolha do tema foi de grande
Eleições do Sistema Confea/Crea/Mútua: Saiba como participar
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m todo o País, ocorrem simultaneamente, no dia 15 de dezembro próximo, das 9h às 19h, as eleições gerais para o Sistema Confea/Crea e Mútua. Os engenheiros terão possibilidade de exercer o direito democrático a voto direto e secreto para presidentes dos Conselhos Federal e Regional de Engenharia e Agronomia (Confea/Creas) e para diretores geral e administrativo das Caixas de Assistência dos Profissionais dos Creas (Mútuas Regionais) nos 27 estados. Em consonância com o sistema de rodízio anual no Plenário do Confea, haverá ainda eleição para conselheiros federais, em cinco unidades da Federação: Acre (modalidade Civil), Alagoas (Industrial), Rio de Janeiro (Elétrica), Amapá e Sergipe (ambos pelo Grupo Agronomia). A relação de candidatos está disponível nos sites dos Outubro 2017
Creas. Os eleitos assumirão o cargo, em 1º de janeiro de 2018, com mandato de três anos.Poderão escolher seus representantes os profissionais registrados no Conselho e com suas anuidades em dia. Para saber se consta na relação dos profissionais ou mutualistas aptos a votar, o eleitor deve acessar seu cadastro na página do Crea de seu estado. A quitação de obrigações em atraso precisa ser feita em até 30 dias antes da data do pleito e o comprovante deve ser apresentado no ato da votação. O processo se dará em turno único. Às 19h, horário final, o presidente da mesa receptora distribuirá senhas a todos os eleitores presentes que ainda não tiverem exercido seu direito democrático, aos quais será solicitado entregar à mesa documento de
identidade, civil ou profissional. A partir de então, somente poderão par ticipar do processo aqueles portadores de senha. Encerrado o pleito, dar-se-á início à apuração. A votação ocorrerá em urnas eletrônicas cedidas pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), à exceção do Estado de São Paulo, em que será em cédula de papel e depositada em urnas físicas. Além das sedes, inspetorias dos Creas e escritórios de representação nas diversas localidades, haverá urnas em empresas, instituições de ensino e entidades de classe com atuação no âmbito do Sistema. O profissional deve verificar onde há urnas instaladas próximas a seu trabalho, ou domicílio, no site do Conselho Regional respectivo, e pode cadastrar-se para votar em uma delas. É preciso verificar o prazo www.sengece.org.br
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limite para fazer essa opção junto ao Crea do estado. No dia da eleição, caso tenha se cadastrado devidamente e seu nome não conste na relação de aptos a participar, é possível votar em separado. Por garantia, imprima, guarde e leve o comprovante do cadastro consigo na data. Conforme deliberação da Comissão Eleitoral Federal (CEF), caso não haja manifestação prévia do eleitor por local de sua preferência, a relação será elaborada considerando o endereço para correspondência constante do cadastro do Crea.
Como é formado Além do Confea – seu órgão central, com sede em Brasília –, o Sistema compreende 27 Creas, nove coordenadorias de câmaras especializadas dos órgãos regionais, a Mútua, com 27 Caixas de Assistência, bem como os Colégios de Presidentes e de Entidades Nacionais – este último integrado por 28 organizações, representando cerca de 500 entidades de classe regionais e 200 instituições de ensino afiliadas e registradas nos órgãos estaduais – compõem ainda o Sistema.Os Conselhos são autarquias públicas, que têm como função precípua a fiscalização do exercício profissional de engenheiros e demais categorias abrangidas por eles, como agrônomos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, tecnólogos e técnicos de diversas modalidades.A fiscalização tem caráter coercitivo, preventivo e educativo. Ao regular essa atuação, a missão institucional dos órgãos, segundo consta do site do Confea, é, por meio dos serviços técnicos prestados ou obras executadas por profissionais devidamente habilitados, para promover o bem-estar à sociedade, melhorias à qualidade de vida e geração de riquezas ao País. Conforme dados atualizados no site do Conselho Federal até 27 de outubro, o Sistema congrega 1.376.976 profissionais ativos em todo o País. Do total,
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871.603 são engenheiros. A maioria destes se concentra no Sudeste (499.744), seguida pelas regiões Sul (144.602), Nordeste (118.104), Centro-Oeste (66.985) e Norte (42.168).Constituído por um presidente e 18 conselheiros federais – cujo assento de um terço é renovado anualmente –, o Plenário do Confea, de acordo com informação disponível no site do órgão, “tem por finalidade apreciar e decidir assuntos relacionados às competências do Conselho Federal”. Também delibera sobre projetos de resoluções e decisões normativas, regulamenta questões de “integração com o Estado e a sociedade, de habilitação e fiscalização profissional e de controle econômicofinanceiro”.
objetivo, segundo consta de seu site, “oferecer a seus associados planos de benefícios sociais, previdenciários e assistenciais, de acordo com sua disponibilidade financeira, respeitando o seu equilíbrio econômicofinanceiro”.Todos os profissionais com registro nos Creas, bem como o quadro funcional do Sistema, podem se filiar. Soraya Misleh Fonte: Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).
Já a Mútua foi criada pela Resolução 252, de 17 de dezembro de 1977, do Confea, em atendimento à autorização contida no artigo 4º, da Lei nº 6.496 do mesmo ano. Sociedade civil sem fins lucrativos, tem como principal
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Você conhece o método construtivo Light Steel Framing?
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LSF – Light Steel Framing é um método construtivo que utiliza como matéria-prima estrutural o aço galvanizado ZAR230, usando PFF – perfis leves formados a frio, podendo ser montados no canteiro de obra ou ser engenheirados na própria indústria, assumindo a forma de painéis para montagem, sendo complementado por outros subsistemas: estruturais, de isolamento, de acabamentos internos e externos, de instalações e outros. A história do Framing inicia-se, em 1810, quando os Estados Unidos começaram a conquista de território, e em 1860, quando a migração chegou à costa do Oceano Pacífico. Naqueles anos, a população americana multiplicou-se por dez e, para solucionar a demanda por habitações, recorreu-se à utilização dos materiais disponíveis no local (madeira), surgindo o método construtivo Wood Framing, utilizando os conceitos de praticidade, velocidade e produtividade originados na Revolução Industrial. Oriundo do conceito do Wood Framing, o LSF – Light Steel Framing teve o primeiro protótipo de casa apresentado na Feira Mundial de Chicago, porém sua popularidade foi alcançada no Japão, impulsionado pela necessidade iminente de reconstrução de mais de 4 milhões de moradias, num cenário devastador de pós-Segunda Guerra Mundial, em 1950. Os EUA ganham competitividade na fabricação de perfis de aço, em 1980, e passam a substituir o método Wood Frame pelo Light Steel Framing. Mesmo importando os insumos, o Brasil começa a utilizá-lo no final dos 90, passando a ganhar mercado em meados de 2000, após a conquista de sua autonomia na produção dos insumos. Além da América do Norte (EUA e Canadá), Europa e Japão, os países que mais constroem de forma industrializada são Nova Zelândia e Emirados Árabes, todos ancorados no “desenvolvimento da indústria do aço, na explosão populacional, na escassez dos recursos naturais – ressaltando as crises hídrica, energética e decrescente número de jazidas de calcário, as mudanças climáticas e as mudanças tecnológicas que favorecem às inovações no setor – (GOMES, 2015)”.
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Desde o Fordismo, os processos que definem uma linha de montagem e designam todo o conceito de linha de produção, referenciando a Era da Industrialização, sem nenhuma diferenciação no tocante à inovação de produtos e processos, atestam que o LSF faz parte da esperada industrialização da construção civil. Fala-se que a coordenação modular utilizada neste sistema pode remeter à associação equivocada de uma arquitetura descompromissada com a estética atraente das edificações, que exploram curvas e contornos como diferenciais competitivos no mercado imobiliário, no entanto este pensamento não se valida; a Coleção Habitare, em sua publicação Introdução à Coordenação Modular da Construção no Brasil – Uma abordagem Atualizada, afirma que “com as dimensões dos componentes construtivos especificadas dentro dos princípios da Coordenação Modular, o consumidor poderá se deter em outros quesitos, como durabilidade, estética, resistência e praticidade, que se tornariam fator de maior competitividade entre os fabricantes”. Assim, as construções modulares, no seu mais amplo conceito de conectividade, não possuem arquitetura rígida e requerem um trabalho conjunto, para que, desde sua concepção, arquitetos e engenheiros de todos os sistemas prediais pensem, de forma sistêmica, e cheguem a um projeto com visual inovador e favorável à modelagem dos projetos através do BIM – Building Information Model, sem agredir as premissas do desenvolvimento sustentável, “propondo mudança de paradigma que resulte em projetos ecologicamente corretos, economicamente viáveis e socialmente justos”, como enfatizado na Conferência Rio 92. Fala-se de uma construção otimizada, livre de desperdícios, com EAP reduzida, se comparada à alvenaria convencional, uma vez que elimina etapas que não agregam valor, como o chapisco e, reboco e insere placas industrializadas para suas vedações verticais internas e externas; uma construção que se estabelece sobre
fundações rasas sem agredir nosso solo e sem geração de resíduos. A cadeia produtiva nacional do LSF é autônoma, desde o ano de 2000, fato que nos surpreende pelo tímido avanço de aplicação do método, especialmente no Norte e Nordeste do País. Comprovada a eficiência e eficácia do sistema, “vê-se a necessidade de promover e difundir o conhecimento do sistema para fins de quebra de paradigmas culturais, fato que só ocorrerá com o apoio das universidades de todas as regiões do País” (GOMES, 2015). Atravessa-se um cenário de crise econômica financeira mundial, brasileira e setorial, o que nos faz pensar criticamente de que forma maximizar os processos para rentabilizar o capital e movimentar o ativo circulante, chegando-se à conclusão que somente sistemas construtivos industrializados, como o LSF, podem elevar a TIR – Taxa Interna de Retorno através da redução de processos da EAP – Estrutura Analítica de Projetos de qualquer edificação, ou seja, é necessário construir racionalmente para valorar o capital e assim assegurar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva dos empreendimentos imobiliários do mercado brasileiro. Sobre a autora Eveline da Silva Moura
> Especialista em Gestão de Obras da Construção Civil – Unifor; Tecnóloga em Construção de Edifícios pela UNIFOR e Gestora de Pequenas e Médias Empresas – Universidade Vale do Acaraú; diretora da Inova Green Soluções Sustentáveis.
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Programa Tecnologia no Dia a Dia Escute o Programa Tecnologia no Dia a Dia todas às quartas-feiras, às 15h, na Radio O Povo CBN - AM 1010 / FM 95.5 Participe pelo telefone (85)3066.4020 e whatsApp (85) 9.8128.0316
Para ouvir as edições anteriores, acesse www.sengece.com.br
4 de outubro de 2017 - O ProgramaTecnologia no Dia a Dia, do último dia 4 de outubro, discutiu sobre Retrofit Sustentável, técnica de adaptação de construções antigas que objetiva manter a estrutura original e adequar ao edifício equipamentos e materiais modernos e ecológicos. Participaram do programa o engenheiro civil, consultor em construções e cidades sustentáveis e diretor do GBFOR, Márcio Rios; o engenheiro civil com especialização em engenharia de produção e mestrado em economia, Marcelo Augusto, e o engenheiro civil e diretor de comunicação e marketing do Senge-CE, Áulio Antunes.
11 de outubro de 2017 - O ProgramaTecnologia no Dia a Dia, do último dia 11 de outubro, debate sobre a profissão do engenheiro agrônomo. Participaram do programa o engenheiro agrônomo e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará, Flávio Saboya; o engenheiro agrônomo e coordenador do Sindicato Mova-se, Flávio Lima Verde; o engenheiro agrônomo da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, José Maria Freire, e o engenheiro agrônomo e diretor executivo do Senge-CE, Francisco Assis Bezerra Leite.
18 de outubro de 2017 - O ProgramaTecnologia no Dia a Dia, do último dia 18 de outubro, trouxe como tema os resíduos sólidos na construção civil, que tem o desafio de conciliar sua atividade produtiva e lucrativa com o desenvolvimento sustentável consciente. Participaram do programa o engenheiro civil, consultor em construções e cidades sustentáveis e diretor do GBFOR, Márcio Rios; o engenheiro civil e advogado, Mansour Daher, e o engenheiro civil e diretor de comunicação e marketing do Senge-CE, Áulio Antunes.
25 de outubro de 2017 - O Programa Tecnologia no Dia a Dia, do último dia 25 de outubro, discutiu sobre a Lei de Uso e Ocupação do Solo, que define as normas gerais para o desenvolvimento da cidade. Participaram da conversa o arquiteto e urbanista e presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), Luciano Ramos; a arquiteta e urbanista, Regina Costa e Silva; a engenheira civil e diretora de administração e finanças do Senge-CE, Teodora Ximenes, e o engenheiro civil e diretor de comunicação e marketing do Senge-CE, Áulio Antunes.
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Notícias da FNE Proposta de venda da companhia estratégica ameaça engenharia e soberania nacionais
Crédito: Divulgação Chesf
Não à privatização da Eletrobras Soraya Misleh Incluída no programa de privatizações anunciado em 21 de agosto último pelo Governo Temer, a venda da Eletrobras não apenas é desnecessária, mas também contrária aos interesses estratégicos do País. Além disso, representará deterioração do setor elétrico, prejuízo aos trabalhadores da companhia e à população como um todo, com aumentos extraordinários nas tarifas de energia. É o que aponta a FNE em nota intitulada “Evitar a privatização da Eletrobras” (disponível em https://goo.gl/EdUu8z), publicada em seu site e redes sociais no dia 25 do mesmo mês. “Entregar ao controle privado a Eletrobras, que é responsável por 31% da geração de energia e 47% do sistema de transmissão no País, é abrir mão da maior holding do setor na América Latina, dentro da qual nasceu o bem-sucedido sistema interligado brasileiro”, complementa a nota.
Sobradinho, maior reservatório do Nordeste, gerido pela Chesf, sob ameaça com desestatização
do contrato de concessão a garantia de uma água que não tem, já que ela pertence à sociedade.”
Moeda de troca A opinião é compartilhada por políticos, especialistas e técnicos da área, como ficou demonstrado durante reunião no dia 19 de setembro, em Brasília, da Frente Mista Parlamentar da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional. Segundo seu coordenador, o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL), privatizações inconsequentes ameaçam a engenharia e a soberania nacionais. Diretor regional Centro-Oeste da FNE, Gerson Tertuliano, destacou à reunião a preocupação da FNE com “o desmonte da engenharia nacional”, sua perda de mercado e protagonismo na discussão de questões fundamentais à profissão e à sociedade. Ele lembrou o contrassenso de a Companhia Energética de Goiás (Celg), por exemplo, ter sido vendida a uma empresa estatal italiana (Enel). A companhia foi leiloada em fevereiro de 2017, também sob resistência da federação, do Sindicato dos Engenheiros no Estado e de outras entidades de trabalhadores. “Os próprios deputados questionaram: estatal estrangeira pode então?”, completouTertuliano. Exemplo do que pode ocorrer caso o grupo Eletrobras seja vendido é dado pelo engenheiro aposentado da subsidiária Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) João Paulo Aguiar: “O grande rio perene no Nordeste, o São Francisco, enfrenta conflitos pelo uso da água. O grande temor é que o governo coloque em linhas
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A Eletrobras, como destaca o diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), Rober to Pereira D´Araújo, acumula dívida de mais de R$ 45 bilhões “por conta de ter assumido funções de suporte extra para empreendimentos que o setor privado não faria. A referência é à Medida Provisória 579/2012. Assinada pela então presidente Dilma Rousseff, trazia a proposta de renovar concessões que venceriam em 2015 antecipadamente por 30 anos, desde que as permissionárias concordassem em reduzir drasticamente as tarifas. “As empresas da Eletrobras tiveram que aceitar e hoje, nessas usinas amortizadas, o custo é de R$ 35,00 o MWh”, explica Carlos Augusto Ramos Kirchner, representante da FNE na Frente em Defesa do Consumidor de Energia Elétrica. “Só se cobriam os custos de operação e manutenção das usinas, não restando nada para investimentos”, complementa o pesquisador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e também diretor do Ilumina, Ronaldo Bicalho. Agora, a proposta, incluída na Consulta Pública nº 33 do Ministério de Minas e Energia, é de descotização nos contratos de concessão. Ou seja, como conclui Kirchner, quem comprar não mais terá esse limite tarifário. “Poderá vender a
energia por R$ 200,00 o MWh.” É óbvio que a tarifa vai aumentar, como alertou a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em contribuição à consulta pública relativa à descotização. Bicalho é categórico: justificar a privatização por conta dos problemas enfrentados no setor “não resolve, pelo contrário, torna essa possibilidade ainda mais difícil”. Ele destaca que a desestatização serve exclusivamente como sinalização ao mercado e moeda de troca ao Governo Temer se manter, diante da série de denúncias que vem enfrentando.
Resgatar empresa Não obstante o endividamento, de acordo com D´Araújo, em termos de valor potencial, a Eletrobras “é uma empresa que representa mais de R$ 300 bilhões”. E a proposta é colocar à venda por R$ 20 bilhões. Para a FNE, a tarefa a ser cumprida é seu resgate e o aprimoramento do setor elétrico no País. Bicalho afirma que o setor precisa se reinventar, diante da “transição elétrica” que está sendo debatida globalmente, com ênfase ao uso de fontes renováveis. Segundo Lessa, a proposta é realizar uma sessão pública no Plenário do Legislativo que reúna as diversas frentes parlamentares, imprensa, instituições e sociedade “para debater o assunto e exigir um marco regulatório”. Para ele ainda, a “Engenharia Unida” – chamado da FNE a coalizão da área tecnológica na busca de saídas à crise – é prioritária na conjuntura atual.
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