Revista Saúde Bahia Ed. 04

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Abril 2014 | Ano 01 | Nº 4 | www.sindhosba.org.br

Estado e município unem forças para garantir serviço de saúde de qualidade durante competição da FIFA. PÁG. 14 REAJUSTE ANUAL DO PLANO DE SAÚDE: QUAIS SEUS DIREITOS? PÁG. 12

PRIMEIROS SOCORROS REDUZEM MORTALIDADE PELA METADE PÁG. 24

O ALTO CUSTO HOSPITALAR: COMO ISSO REFLETE NOS SERVIÇOS PÁG. 27

MAIS MÉDICOS: O QUE MUDOU DEPOIS DE 6 MESES DO PROGRAMA DO GOVERNO FEDERAL.PÁG.06




Editorial

Por Raimundo Correia

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O ano que se inicia está cheio de incógnitas. Programas diversos do Ministério da Saúde impactarão de forma impressiva a área médica hospitalar do nosso País. Raimundo Correia - Presidente do SINDHOSBA

O Programa Mais Médicos já começou a fazer água. Defecções diversas (fala-se em mais de vinte) espoucam aqui e acolá. O Ministério Público do Trabalho afinal resolveu investigar o caso (claríssimo) de violação às Leis Trabalhistas (Trabalho escravo). Não cumprimento por parte do Governo das diversas obrigações, tais como FGTS, registro em carteira, etc ... além da violência ao Conselho Federal de Medicina e Conselhos Estaduais, quando permitiu o exercício profissional dos médicos cubanos, sem o competente registro profissional nos C.R.M.s correspondentes. Abertura de vagas de forma irresponsável em faculdades novas, além de criar 12,5 mil vagas novas em residência médica, é altamente preocupante para a qualidade do profissional médico resultante. Enquanto isso, o Governo Federal

deixa de aplicar 94 (noventa e quatro) bilhões de reais durante os últimos 12 anos, isto em orçamento aprovado pelo Congresso e que não foi realmente aplicado. A conclusão é do Conselho Federal de Medicina com base em dados do SIAFI que, revelam em detalhes os resultados da falta de gestão financeira em Saúde. Isto obrigatoriamente teria que resultar no descalabro atual do Sistema SUS no Brasil, flagrado quase que diariamente pelos órgãos de imprensa. Tudo isto contribuiu de forma determinante para aumentar as dificuldades do setor privado de Saúde do Brasil. Em dez anos as mensalidades aumentaram 160% para os usuários de planos de saúde e/ou segurados e apenas 50% para os honorários e taxas com a conivência ou omissão da Agencia Nacional de Saúde. Aproveitamos a oportunidade para reafirmar o nosso propósito de continuar na luta por melhores condições de exercemos o nosso mister. P.S. Solicitamos aos associados do interior que enviem críticas e sugestões.


Sumário

Expediente Presidente: Raimundo Carlos de Souza Correia 1º Vice Presidente: Eduardo Aroucha Olivaes 2º Vice Presidente: Eunivaldo G. Diniz Gonçalves 1º Secretário: Jorge Sapucaia Calabrich 2º Secretário: Fernando Cal Garcia 1º Tesoureiro: Luis Paulo Nery Marambaia 2º Tesoureiro: Alexandre Garcez Leitão Guerra

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Uma Copa do Mundo saudável

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Porque dormir bem, é muito bom

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Um raio-X do “Mais Médicos”

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Até onde é legal o reajuste anual do plano de saúde

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Salvador sobre duas rodas: uma cidade mais saudável

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Programa aponta fragilidade

Conheça os direitos do consumidor

Diretores: Alberto Serravale Débora Andrade José Espiño Silveira Maria Régis Gomes Reis Thomaz Barreto Conselho Fiscal: Breno R. de Almeida Sena Elza de Oliveira Araújo Ivo Leal Silva José Carlos Magalhães Júnior Luis Delfino Mota Lopes Miguel Jaime Meira Lessa Contato SINDHOSBA: (71) 3082-3750 sindhosba@sindhosba.org.br www.twitter.com/sindhosba www.sindhosba.org.br Conselho Editorial: Raimundo Correia / Eduardo Aroucha Olivaes / Paulo Marambaia / Eunivaldo G. Diniz Gonçalves / Elza de Oliveira Araújo / Alexandre Guerra / Edmundo Calazans / Silvia Vasconcelos / Jorge Freitas Departamento Comercial: (71) 3082-3757 / 9175-2481 / 8621-6599 comercial@sindhosba.org.br Direção: Paulo Marambaia Supervisão: Edmundo Calazans

Programa “Vá de Bike” e novos hábitos da população

Leão de olho nos serviços de saúde

Receita Federal intensifica o cruzamento de dados em declarações com serviços médicos

Custo hospitalar

Uma conta que não fecha

Textos, edição e revisão: Lume Comunicação www.lumecomunicacao.com.br Reportagens: Deise Andrade / Lucas Leal / Daniel Mendes Fotografia: Kinkin / Gilmar Santos Acervo Sindhosba Jornalistas responsáveis: Cristina Barude - Mtb 1884 Vinícius Cunha - DRT 2728 Neise Soares - DRT 3038 estagiária Isabel Santos

RISCOS DOS LIGHT, DIET E ZERO

Sugestões de pauta: saudebahia@lumecomunicacao.com.br


Um raio-X do “Mais Médicos” Pouco mais de seis meses depois de implantado o Programa entidades médicas apontam fragilidade e não identificam melhora na qualidade do serviço médico.

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e acordo com o Ministério da Saúde, o Programa “Mais Médicos” terminou o ano de 2013 com 6.658 profissionais atendendo em 2.177 municípios e 28 distritos indígenas. O estado que recebeu o maior número de médicos do Programa foi a Bahia, com 787 profissionais. Contudo, a classe médica alega que o Governo Federal, responsável pelo programa, não emitiu até o momento, dados relativos à qualidade dos atendimentos prestados à população, “o mesmo acontece com a Secretaria de Saúde do Estado, que também não forneceu dados oficiais”, relata o presidente da Associação Bahiana de Medicina (AMB), Antônio Carlos Vieira Lopes. Laje, a 226 km de Salvador, foi um dos municípios do estado beneficiados pelo Programa. Quatro médicos estrangeiros foram direcionados para atender nos postos da cidade. A professora Eliane Souza, usuária do serviço, conta que a atenção médica no município melhorou depois da chegada dos novos profissionais. “Antes do Programa, o governo anterior demitiu uma parte significativa de médicos, deixando a população carente de atendimento. A atual gestão assumiu a prefeitura e já foi incluído o Plano Mais Médicos. Hoje são quatro médicos a mais para atender”, afirma. Ainda segundo Eliane, os estrangeiros atendem os casos de emergência, já consultas normais são feitas por médicos brasileiros. Idioma A dificuldade do idioma, questionada por muitos especialistas, não foi

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Município de Laje. Beneficiado pelo programa Mais Médicos

Foto: Cláudio Lima

um problema no município apurado pela Revista Saúde Bahia. Eliane conta que depois de passar por uma indisposição intestinal, procurou o Posto de Saúde da Família. Foi atendida em tempo satisfatório, por uma médica cubana. “A barreira da língua não foi um empecilho, pois a de origem de Cuba é o espanhol. Apesar do sotaque é possível total compreensão”, conta. A professora descreve ainda a médica como uma profissional prestativa, atenciosa e educada. “Eu avalio que a chegada desses médicos trouxe uma mudança positiva para a saúde local”, declara Eliane. Mas para especialistas a situação não é tão positiva assim. Desde o lançamento, no segundo semestre de 2013,

o Programa vem sendo alvo de críticas das principais entidades médicas, que apontam fragilidade no sistema. Para José Abelardo Garcia de Meneses, presidente do Conselho Regional de Medicina (CREMEB), apesar de uma estrutura jurídica forte e uma boa estratégia de marketing, o programa peca pela improvisação. “Desde o seu anúncio, como tentativa de importar médicos “especializados em atenção básica”, foram executadas modificações na legislação para se adaptar às conveniências. Logo na primeira admoestação do Ministério Publico do Trabalho, o Programa foi transformado em estratégia docente -assistencial. Pergunta-se: onde estão os médicos supervisores e os tutores? Supervisão pressupõe assistência presencial junto ao orientando. Se não há


médicos para atenção nos chamados “vazios assistenciais” como acreditar que há médicos supervisores?”, questiona Meneses. Ainda segundo o presidente do CREMEB, o programa não apresenta uma solução definitiva para a saúde: “O que os médicos brasileiros querem

Destas mesmas ideias compartilha o presidente da Associação Bahiana de Medicina (AMB), Antonio Carlos Vieira Lopes. “Os médicos brasileiros nunca se posicionaram contra o Programa Mais Médico e sim contra a maneira como ele foi idealizado e implantado. Saúde não se faz apenas com médicos. Reclamamos a participação de uma equipe de saúde, composta pelos demais profissionais como enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos e nutricionistas. Também, há muito tempo que reclamamos por um plano de carreira de estado para os profissionais da área da saúde, única maneira de estimula-los a exercer as suas profissões nos locais onde há carência de atendimento, bem como fixa-los nos locais determinados” declara. Controles de gastos e fiscalização

Antônio Carlos Vieira - Presidente da ABM

é a resolução da raiz dos problemas, por isso negam o Mais Médicos. Portanto, precisamos primeiro, adequar o financiamento às necessidades de um sistema de atendimento universal; segundo, recrutar, por meio de concurso público, profissionais para atender à população, com uma carreira exclusiva do SUS e remuneração justa. Um sistema tripartite só funcionará quando a contratação de recursos humanos for regularizada ao nível central com distribuição nas regiões mais desassistidas com possibilidade de progressão na carreira; terceiro, dotar as unidades de atenção primária de recursos mínimos necessários a um atendimento que tenha resolutividade”.

Muitos pontos precisam ser aprimorados no Programa, afirma Meneses: “A começar pelo controle dos gastos e de fiscalização do contrato Brasil/OPAS/Cuba, assim como, exigência de revalidação de diploma, aos médicos com diplomas estrangeiros, e àqueles de outra nacionalidade a demonstração de proficiência no português”. Entre os médicos estrangeiros do programa, a maioria veio de Cuba, e chegou ao país por meio de um acordo do governo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Em novembro, do ano passado, cerca de três mil desembar-

caram no Brasil. Para a classe médica, o contrato de trabalho era ilegal, já que os profissionais recebem uma bolsa de ensino para trabalhar, e os médicos estrangeiros desembarcaram aqui sem precisarem passar pelo Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida). Para Antonio Carlos Vieira Lopes “o conceito do programa é bom, contudo, falta o reconhecimento por parte do MEC e do Ministério da Saúde, das sugestões apresentadas pelas entidades médicas. Da forma como implantado, trata-se de propaganda eleitoral, cujo objetivo eleitoreiro foi alcançado de forma positiva, servindo de base para a candidatura de várias figuras da saúde pública brasileira. Sem outros predicados, montaram as plataformas das suas candidaturas em um Programa que tem prazo para terminar, nas eleições”.

José Abelardo, Presidente (CREMEB)


Porque dormir bem é muito bom

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ma boa noite de sono é, sem dúvida, uma dos melhores prazeres da vida e reflete diretamente na rotina e no desempenho de qualquer pessoa. Porém, pra muita gente essa é uma realidade distante. As noites em claro são frequentes ou a qualidade da dormida não é das melhores. Estatísticas mostram que de 30% a 40% dos indivíduos, em alguma fase da vida, sofrerão de insônia, ou seja, experimentarão dificuldade para pegar no sono ou para voltar a dormir se acordarem no meio da madrugada. Embora a insônia seja a queixa mais frequente, outros problemas como ronco e a apneia tem se tornado corriqueiros e se enquadram nos distúrbios do sono, que podem levar a outros problemas de saúde. Para falar sobre este assunto a Revista Saúde Bahia convidou a Cirurgiã-Dentista, especialista na Medicina do Sono, Kenya Felicíssimo. Com dedicação à área de distúrbios do sono, Kenya Felicíssimo coordena um projeto inovador no estado, já patenteado no Brasil e nos Estados Unidos. A ideia é que o equipamento seja produzido em escala industrial, com um menor custo para o consumidor. Saúde Bahia: Que dispositivo é esse que a senhora vem investindo parte dos eu tempo na pesquisa? Kenya Felicíssimo: É um aparelho de plástico para o ronco, que as pessoas poderão comprar na farmácia e elas mesmas instalarem. Foi almejando para poder ajudar um número ainda maior de pessoas a eliminar um problema tão danoso que iniciei o desenvolvimento deste produto bem prático. SB: Quais os benefícios para o paciente com distúrbio do sono? KF: Nessa primeira versão, ele tem o objetivo de eliminar apenas o ronco, que trará um conforto para quem for viajar por meio de transporte coletivo, como avião, por exemplo. São bizarros os casos de alguém roncando e incomodando todos os passageiros.

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SB: Em que passo anda a produção?

de de dormir muito e tem pouco tempo de vigília, o idoso retorna um pouco a isso e normalmente fraciona o sono. Adolescentes, devido às alterações de hormônios, possuem um padrão biológico de dormir e acordar mais tarde, mas, pelo horário de escola no Brasil, isso normalmente não é seguido.

KF: Estamos na fase de pesquisa e desenvolvimento no Parque Tecnológico da Bahia, o TECNOCENTRO. SB: Quais são as principais causas dos distúrbios do sono? KF: Os distúrbios do sono são todas as dificuldades relacionadas ao sono, incluindo a dificuldade de adormecer ou de permanecer adormecido (insônia), dormir em momentos inapropriados, tempo total de sono em excesso ou comportamentos anormais relacionados ao sono. Atualmente, são mais de cem doenças catalogadas – e são multifatoriais. As causas vão desde depressão, ansiedade ou estresse, ambiente insatisfatório para o sono (por exemplo, com barulho ou luz excessiva), uso indiscriminado de cafeína, álcool ou outras drogas, fumo em excesso, sedentarismo e outras. SB: A rotina alimentar também pode influenciar nesse problema? KF: Sim, próximo à hora de dormir, a alimentação deve ser leve. É importante evitar bebidas estimulantes. Deve-se fazer uso de algo relaxante, como suco de maracujá ou chá de camomila. SB: Se a carga excessiva de trabalho estiver contribuindo para o problema, como conversar sobre isso no trabalho? KF: Normalmente, as profissões são reguladas. Os plantões, carga horária e folgas já são pré-definidos. E isso deve ser cumprido. O indivíduo precisa avaliar: se ele não tem condições de adaptação, por exemplo, para trabalhar em turno, deve solicitar a mudança. Caso não seja possível, talvez o melhor seja trocar de emprego. SB: O ronco está relacionado ao cansaço? Como tratar esse problema? KF: O ronco pode estar ligado ao cansaço, porém as causas mais comuns são mandíbula retrognata (osso da mandíbula retraído), aumento de peso, obstrução nasal (desvio de septo ou outros), tamanho de palato mole. Até mesmo a idade avançada pode influenciar como é o caso da maioria das mulheres que, quando chega à menopausa, começa a sofrer desse mal. O tratamento pode ser com o aparelho intraoral, que é muito eficaz e extremamente confortável. Alguns casos podem ser tratados com cirurgias ou medidas comportamentais, como perda de peso. SB: Fazemos parte de uma geração

SB: Muito tem se ouvido falar sobre apneia do sono. O que provoca esse problema?

Kenya Felicíssimo

que dorme cada vez menos. São festas, eventos, internet, tudo isso tem feito as pessoas dormirem pouco. Qual o risco desse tipo de comportamento? KF: A privação do sono é o mal do momento, principalmente, para crianças e adolescentes, o que pode trazer sérios prejuízos de aprendizado, convívio social e até mesmo comprometimento no crescimento estatural, já que o hormônio responsável é produzido durante o sono. O adulto tem sérios problemas diurnos, inclusive sonolência, irritação, cefaleia e outros. O melhor a ser feito é dormir – o ditado que diz que dormir é perda de tempo não é nada verdadeiro. SB: Tem como recuperar noite perdida? KF: Nós, profissionais, sempre solicitamos que, caso o paciente tenha perdido uma noite de sono, que tente no dia seguinte compensar, ou nos finais de semana repor ao máximo, mas o melhor é não tornar esta prática crônica. A privação do sono por si só te obrigada a compensar porque é uma necessidade fisiológica. SB: Qual o tempo ideal de sono? KF: A quantidade de sono é individualizada. Uma parte muito pequena da população é classificada como grande ou pequeno dormidor, mas a maioria tem uma média de 6-7 horas de sono, e estas são suficientes. Cada pessoa precisa definir o quanto de sono é necessário para manter sua rotina com excelência. Mas isto também será influenciado pela idade. O bebê possui a necessida-

KF: As causas da apneia do sono são inúmeras, mas seguem as mais comuns: excesso de peso, mau posicionamento da mandíbula ou pela obstrução parcial das vias aéreas superiores, algumas alterações hormonais. Crianças podem roncar por ter amígdalas ou adenoides muito grandes. SB: Como funciona o tratamento? KF: Os tratamentos promovem a abertura das VA (vias aéreas) para a passagem do ar durante o sono, evitando as apneias (paradas respiratórias). Este pode ser realizado pelo aparelho intraoral, que a pessoa usa dentro da boca durante o sono, ou pelo uso do CPAP (um equipamento elétrico). SB: Muita gente tem utilizado de forma indiscriminada medicamentos para dormir, como por exemplo, Rivotril. Quais as consequências disso a médio e longo prazo? KF: Estes medicamentos só devem ser utilizados com prescrição médica e não devem, em momento algum, serem utilizados indiscriminadamente. SB: Quando a pessoa percebe que está com algum distúrbio do sono? Onde buscar tratamento? KF: É muito comum alguém dizer que esta pessoa está roncando ou apresenta um sono extremamente agitado. A própria pessoa percebe que já acorda cansada, com a sensação de não ter dormido. É importante procurar um profissional que possa ajudá-lo a identificar os problemas e listar as causas, para assim escolher o melhor e mais eficaz tratamento para o caso.

Kenya Felicíssimo é a única CirurgiãDentista na Bahia com título em Odontologia na Medicina do Sono, emitido pela Associação Brasileira do Sono (ABS). É doutoranda em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em Ortodontia e Radiologia.

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Saúde acontece Novo medicamento contra câncer de mama Já está disponível para pacientes no Reino Unido, um novo medicamento para forma agressiva do câncer de mama, que pode estender a vida das pacientes por quase seis meses e apresentar menos efeitos colaterais, como queda de cabelo e diarreia. A novidade foi divulgada pelo jornal Britânico Daily Mail. No Brasil, o Kadcyla, da Roche, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em janeiro deste ano e agora aguarda a definição do preço para iniciar a comercialização, processo que pode levar três meses, como informou a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). A aprovação do medicamento pela ANVISA baseou-se em estudo com quase mil mulheres com câncer de mama HER2-positivo em 26 países, incluindo o Brasil.

Beber durante a gravidez pode ser pior do que usar cigarro ou maconha A recomendação dos especialistas para as gestantes é que eliminem de vez o álcool da rotina. Pediatras dizem que pelo menos 1% dos bebês nascidos na Inglaterra sofre de problemas comportamentais ou de desenvolvimento devido à exposição ao álcool. Isto significa que, entre 730 mil nascidos no país

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por ano, pelo menos 7 mil são afetados. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail. Uma taça de 250 ml contém cerca de três unidades de álcool e os médicos dizem que as mulheres estão colocando os seus fetos em risco, mais do que se estivesse fumando cigarro ou maconha.

Hospital Aliança participa de estudo nutricional do INCA

O Hospital Aliança foi convidado, pela 4° vez consecutiva, para participar do estudo nacional realizado pelo Serviço de Nutrição do INCA - Instituto Nacional do Câncer. O projeto do Ministério da Saúde pretende avaliar o estado nutricional de indivíduos idosos com câncer, associando a localização da doença e o tempo de internação. Aqui na Bahia, apenas dois hospitais foram escolhidos: Aliança e o Aristides Maltez. Em todo o Brasil, outras 45 instituições de saúde par-

ticiparão do estudo. O Aliança participou das três últimas edições, sendo representado pela coordenadora do Setor de Nutrição, Nely Rabelo. “Vamos colaborar não só com os profissionais, mas com as instituições brasileiras definindo consensos de nutrição para pacientes com câncer. Com isso, garantimos aos pacientes uma assistência nutricional segura, embasadas em

SBOT tem novo presidente

Antônio Marcos Ferracini, coordenador do Serviço de Ortopedia do Hospital São Rafael, tomou posse no último mês como Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia/ Bahia, a SBOT. A cerimônia, realizada no prédio da Associação Bahiana de Medicina, a ABM, contou ainda com a presença do ex-vice governador do estado e candidato ao senado federal, Otto Alencar.


o país. O evento, considerado um suGrandes nomes da cesso para o segmento médico, foi reGinecologia alizado no Fiesta Bahia Hotel. Endócrina participaram em Saúde responde Salvador de Congresso Científico por 10,2% do PIB nacional em 2013, aponta CNS

O Professor Emérito de Ginecologia e Obstetrícia e de Psiquiatria da Universidade de Yale, Philip Sarrel, veio a Salvador em abril, para participar do IV Congresso Norte-Nordeste de Ginecologia Endócrina. O médico norte americano dirigiu a conferência sobre como evitar a mortalidade de mulheres na menopausa. Na mesa esteve também presente o pesquisador baiano Elsimar Coutinho. Ele abordou a situação de mulheres que, por várias razões, removeram o útero cirurgicamente. O Congresso tratou ainda de temas como Sexualidade, Reposição Hormonal e Câncer, Contracepção na Mulher Diabética e na Obesa, Distúrbios do Sono entre outros e contou com a participação de especialistas de todo

Estimativas da Confederação Nacional de Saúde (CNS) apontam que o setor fechou o ano de 2013, com uma participação de 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, colaborando de forma significativa para o crescimento da economia. O setor público contribuiu com 43% desse crescimento e o privado com 57%. O ano de 2013 fechou com 3,1 milhões de postos de trabalho na Saúde, sendo 61% no setor público e 39% no privado. Desde 2010, o número de empregos cresceu 19,2%. Os números revelam que a tendência é que, a cada ano, o segmento da saúde seja visto como um dos principais pilares da economia nacional e não apenas pela sua função assistencial.

Terapia com testosterona aumenta o risco de infarto No início do ano, foi publicada uma pesquisa na revista científica online PLoS One, onde cientistas conduziram um estudo utilizando uma base de dados de mais de 55 mil indivíduos. Foi avaliado o risco de infarto no período de 90 dias após o início do uso de testosterona. O risco de ata-

que cardíaco dobrou neste período para homens acima de 65 anos e para aqueles abaixo de 65 anos com história de doença cardíaca. Após os 90 dias, aqueles homens que não continuaram com o tratamento com testosterona retornaram ao risco cardíaco que tinham antes de tomar o hormônio. O uso de testosterona tem crescido entre homens de meia idade e com idades acima de 65 anos, na expectativa de superar perdas de energia sexual e massa muscular, associadas à diminuição de testosterona e entres jovens adeptos do fisiculturismo para apressar o ganho de massa muscular.

Empresa de software fecha acordo de R$ 180 milhões com Einstein A companhia americana de software e serviços de tecnologia para o setor de saúde Cerner Millennium, concluiu um acordo com o Hospital Albert Einstein de R$ 180 milhões, para automatizar uma série de procedimentos na instituição. Entre outros serviços de gestão hospitalar, o acordo inclui implantação de softwares para prontuário eletrônico, digitalização de documentos, e gestão de pacientes, medicamentos, exames, e administração de contas. Toda a estrutura tecnológica deverá entrar em operação até 2015 e o contrato não tem prazo definido para o fim da prestação do serviço. Segundo a consultoria Frost & Sullivan, o mercado cresce em média 14,8% ao ano no Brasil. Em 2013, o setor gerou receita de US$ 541,4 milhões e, até 2015, vai movimentar US$ 713,9 milhões no país.

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pense direito Até onde é legal o reajuste anual do plano de saúde Conheça os direitos do consumidor e saiba a quem recorrer em caso de abusos

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o contratar um plano de saúde, geralmente o consumidor busca se informar sobre quais são os serviços prestados pela operadora e o valor da mensalidade atual. Porém, é importante também saber, já no ato da contratação, sobre os reajustes anuais adotados pelas empresas que prestam o serviço. Isso pode evitar um susto quando a conta chegar mais cara no ano seguinte. É nessa hora que muita gente questiona se esse aumento é permitido. O músico Duarte Velloso, de 44 anos, tem um plano de saúde há pouco mais de duas décadas. Ele afirma que nunca conseguiu entender os métodos dos reajustes da operadora do plano dele. “São reajustes bem loucos! Eu não entendo a lógica desses aumentos. Durante o mês de setembro, eles aumentam 20%. Depois de três meses, o reajuste cai para 10% e segue assim até o mês nove de novo quando tem outro aumento assombroso! Eu não entendo!”, reclama. De acordo com Duarte Velloso, até setembro de 2013, ele pagava o valor de R$361 pelo serviço. A partir de outubro do mesmo ano, houve o primeiro reajuste, que elevou a quantia para R$434, valor que se manteve até o mês de janeiro de 2014, quando houve outro reajuste e passou a ser cobrado R$398, 10,16% a mais do que o valor até setembro de 2013. Ainda segundo o músico, a partir de outubro de 2014, outro reajuste deve ocorrer. “Além de sofrer com esses reajustes malucos, a gente sofre também com o péssimo atendimento. Eu ligo para

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A ANS publicou uma instrução normativa de número 49, que exige que nos contratos firmados entre operadoras e os estabelecimentos de saúde exista uma cláusula de reajuste anual com índice de conhecimento público” Ricardo Costa

Ricardo Costa, presidente da AHSEB

o meu plano e eles me mandam ir ao local. Quando eu chego lá, eles me dizem que eu tenho que ligar. E no final eu não consigo falar com ninguém e não resolvo nada. É um sistema muito fechado. Fazem a gente de palhaço e fica por isso mesmo. Isso não pode continuar assim”, revindica. Os reajustes autorizados pela ANS A Agência Nacional de Saúde (ANS) autorizou, para este ano, o reajuste de até 9,04% para planos de saúde individuais e familiares. O percentual, aprovado pelo Ministério da Fazenda, é o teto válido para o período entre maio de 2013 e abril de 2014 para os contratos de cerca de 8,4 milhões de beneficiários, o que representa 17,6% dos


“O consumidor não deseja ficar doente apenas para usar o plano. Se ele está doente, precisa utilizar o plano para restabelecer sua condição de indivíduo saudável”

Marcelo Britto, Presidente da FEBASE

Marcelo Britto consumidores de planos de assistência médica no Brasil, segundo a Agência, que não informou o valor do novo reajuste a partir de abril desse ano. Segundo Ricardo Costa, presidente da AHSEB (Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia), o reajuste é legal, no entanto, é preciso ficar atento a outras questões envolvidas. “O problema é que a obrigatoriedade deste reajuste inicialmente era entre os usuários e as operadoras de saúde. Muitos prestadores passaram anos sem o reajuste por parte dos planos de saúde. Pensando nisto, a ANS (Agencia Nacional de Saúde) publicou uma instrução normativa de número 49, que exige que nos contratos firmados entre operadoras e os estabelecimentos de saúde exista uma cláusula de reajuste anual com índice de conhecimento público. É uma vitória para os prestadores de serviços. O problema agora é a Agência conseguir fiscalizar o cumprimento da IN”, salienta Ricardo.

Para os especialistas, a mais perversa das regras da ANS é a que garante o reajuste por sinistralidade ou aumento do plano para cada vez que você se utiliza dele, como explica Marcelo Britto, Presidente da FEBASE (Federação Baiana de Saúde). “O consumidor não deseja ficar doente apenas para usar o plano. Se ele esta doente precisa utilizar o plano para restabelecer sua condição de individuo saudável. Aplicar uma penalidade por que ele precisou do plano é muito perverso. Os únicos planos que não são corrigidos pela sinistralidade são os planos individuais antigos que não mais são vendidos. Aconselho a quem possua um plano individual antigo que não o perca, pois não mais conseguirá compra-lo depois”, orienta Marcelo.

cialmente ingressar com uma reclamação na ANS. “Existe um canal pela internet e outra via telefone gratuito que o consumidor deve utilizar. Às vezes a operadora resolve com esta queixa. Quando não encontra solução deve procurar os órgãos de defesa do consumidor e por último os juizados especiais.”, informa Marcelo.

Conheça e garanta os seus direitos O Presidente da FEBASE acrescenta que, caso identifique algum abuso, o usuário do plano de saúde deve iniDuarte Veloso

Histórico de reajuste por Variação de Custo Pessoa Física nos últimos 5 anos 6,76%

6,73%

7,69%

7,93%

9,04%

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Uma Copa do Mundo saudável Estado e município unem forças para garantir serviço de saúde de qualidade durante competição da FIFA

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uas e hotéis lotados, pontos turísticos movimentados e terminais rodoviários e aeroportos com fluxo acima da normalidade. Assim devem ficar as cidades sedes da Copa do Mundo do Brasil, que será realizada em junho deste ano. Pela primeira vez Salvador recebe a competição mundial da FIFA, o que segundo estimativas da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), deve atrair para capital baiana cerca de 700 mil turistas estrangeiros e nacionais. Muito se questiona sobre a estrutura da terceira maior cidade do país para receber tanta gente e essa preocupação aumenta quando o assunto é saúde.

países de primeiro mundo, onde a saúde é um direito de todo cidadão, bem diferente do que é praticado no Brasil.

Apesar das constantes denúncias de problemas em postos de saúde e hospitais, sejam eles públicos ou privados, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) garante, que todas as medidas estão sendo tomadas para fornecer um serviço de qualidade para moradores e visitantes durante a competição. É importante ressaltar que muitos desses turistas que chegarão aqui, virão de

A diretora completa ainda que a Unidade Ramiro de Azevedo, localizada no Campo da Pólvora, foi reformada e nos dias de jogo funcionará como unidade de emergência. Próximo ao estádio Itaipava Arena Fonte Nova, na região da Avenida Bonocô, terá um posto móvel com dez leitos além de ambulâncias do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). Para evitar que os

Estrutura Segundo a SMS, para os dias de Copa, estão sendo preparadas estruturas voltadas, principalmente, para o atendimento de urgência e emergência. No mês de maio, será inaugurada a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) dos Barris, em frente ao 5º Centro. “Sem dúvidas, esse será um dos legados da Copa para os soteropolitanos, pois a unidade vai substituir a emergência do 5º Centro”, enfatiza a diretora de Atenção à Saúde da prefeitura, Luciana Peixoto.

serviços da rede fiquem descobertos por falta de funcionários nessas duas unidades, a prefeitura afirma que vai contratar profissionais da saúde para atuarem em esquema de plantão. Além das reformas e novas unidades, Luciana Peixoto afirma ainda que a SMS preparou um plano de contingência envolvendo hospitais contratualizados (estaduais e federais), bem como bombeiros e Salvar. Segundo ela, todas as unidades trabalharão alinhadas e em sintonia para garantir um atendimento de qualidade a quem precisar. Prevenção de doenças A proximidade com a competição esportiva tem provocado certa preocupação em alguns baianos. A professora Maiara Silva acredita que essa quantidade de pessoas de vários países reunida, pode contribuir para proliferação de doenças. “Se quando acaba o Carnaval, muita gente fica doente por causa de vírus, como será depois da Copa, que deve trazer tantos turistas, inclusive de outros países”, indaga.


A preocupação de Maiara na é em vão, tanto que a Secretaria Estadual de Saúde está com um plano para prevenir doenças. O coordenador da Vigilância de Emergência de Saúde Pública da Bahia, Juarez Dias, informa que alguns profissionais receberão vacinas extras de forma preventiva. Os trabalhadores da linha de frente, ligados ao turismo, como garçons, recepcionistas de hotéis, camareiras, taxistas, entre outros terão atenção especial e serão vacinados antes do evento contra Hepatite B, Influenza, sarampo e rubéola, além de reforço contra o tétano. “Desde o evento da Copa das Confederações que o Estado tem buscado a prevenção da saúde da população baiana contra alguns vírus que podem ser transmitidos pelos turistas. Como a Copa do Mundo deve trazer ainda mais pessoas de diversos lugares do mundo, vamos reforçar as vacinas e também a prevenção contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)”, completa Dias.

Já a prefeitura tem buscado a qualificação do atendimento junto aos funcionários da rede. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para atender baianos e turistas de forma mais eficiente, profissionais têm sido capacitados para a realização de atendimento de urgência e emergência. Até o início da Copa, serão mais de 600 funcionários aptos para este tipo de atendimento. Cuidados com a alimentação Em relação à prevenção, tanto o estado quanto o município têm focado os esforços, sobretudo, no setor hoteleiro. Segundo o médico sanitarista da Sesab, Juarez Diaz, o setor de vigilância sanitária da Bahia vai aproveitar o momento para inspecionar

Desde o evento da Copa das Confederações que o Estado tem buscado a prevenção da saúde da população baiana contra alguns vírus que podem ser transmitidos pelos turistas” Juarez Dias

Luciana Peixoto

bares, restaurantes e lanchonetes em diversas cidades. “O turista pode querer ir a outros lugares turísticos. Então todos devem estar bem preparados para recebê-los. Hotéis e pousadas também serão inspecionados pela Vigilância Sanitária”, garantiu. A prefeitura de Salvador também criou ações de assistência à saúde como treinamento sobre a manipulação de alimentos para ambulantes, restaurantes e hotéis. Da mesma forma que a Sesab, a secretaria municipal de saúde também vai vacinar os profissionais de maior risco (taxistas, profissionais do sexo, rede hoteleira, entre outros). O mosquito transmissor da dengue também será combatido com ações de prevenção. Para isso, a Sesab informou que fará borrifação espacial além de intensificar ações para destruir os criadouros evitando assim proliferação. Idioma De acordo com a diretora de Atenção à Saúde do município, está sendo articulado, junto ao Escritório da Copa do Mundo (Ecopa), um sistema de tradução via central de rádio, para atender nos casos de idioma não falado pelos profissionais da rede.


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Salvador sobre duas rodas: uma cidade mais saudável Programa “Vá de Bike” e novos hábitos da população têm melhorado a mobilidade e qualidade de vida na capital baiana

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aior mobilidade urbana, sustentabilidade e qualidade de vida. Estes são alguns dos fatores integrados a prática do ciclismo nas grandes cidades brasileiras. Estimulado pela prefeitura municipal, através do programa “Salvador Vai de Bike”, a atividade começa a cair definitivamente no gosto da população soteropolitana. “Bicicleta é sinônimo

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de vida, de saúde. Além disso, uma solução viável para o desenvolvimento não planejado das metrópoles”, afirma o personal trainer e praticante Gabriel Andrade. Entre os diversos benefícios proporcionados pelos pedais, o profissional destaca redução dos riscos de doenças crônicas, o emagrecimento, a diminuição da pressão arterial e a melhora

da respiração. “Ainda podemos falar no combate ao estresse e depressão, maior qualidade do sono e melhoria nas relações sexuais”, explica. Contudo, Gabriel faz uma ressalva. “A maioria dos ganhos vem com certa regularidade no exercício. Um profissional de educação física poderá auxiliar no tipo e intensidade dos treinamentos”, diz.


SALVADOR “VAI DE BIKE” Onde se inscrever? www.bikesalvador.com.br Como? Basta acessar o site, clicar em credenciamento, preencher o formulário e seguir todas as orientações. Uso da bicicleta: As estações de compartilhamento funcionam diariamente das 6h às 22h. Viagens de até 45 minutos são gratuitas, desde que realizadas com intervalo de pelo menos 15 minutos entre elas. Valor anual: R$ 10.

Ana Luísa

Atenção Como toda atividade física, o ciclismo requer certos cuidados. Os adeptos da atividade devem estar atentos à alimentação, vestimentas adequadas e tomar muito cuidado com o horário de pedalar. O sol, muita vezes, pode ser um vilão devido a maior desidratação causada em determinados horários, além dos danos na pele gerados a partir da excessiva exposição aos raios ultravioletas. Vale ressaltar que é preciso ter cautela com o ritmo da atividade. O uso de equipamentos de proteção, como joelheiras, cotoveleiras e, principalmente, o capacete são essenciais para prática segura do esporte. É importante também, que os praticantes estejam atentos à altura adequada do banco. Quando o selim é ajustado na altura correta, o atleta

Gabriel Andrade

obterá a potência máxima de suas pernas, minimizando os danos aos joelhos. Salvador Vai de Bike A prefeitura da capital baiana, em parceria com um Banco privado, lançou em setembro do ano passado o programa “Salvador Vai de Bike”, que engloba um conjunto de ações integradas para o incentivo da prática de ciclismo na cidade. Entre os eixos principais do movimento estão as estações públicas de compartilhamento de bicicletas, implementação de ciclofaixas e ações de conscientização da população. Ao todo, a cidade já conta com 28 estações, que vão da praia de Boa Viagem a Piatã. Adepta do programa, a estudante de direito Ana Luisa Hiltner gosta da iniciativa, mas faz algumas críticas ao projeto. “Faltam mais pontos dentro da cidade.

Para passear na orla, a iniciativa cumpre bem sua função, mas se você quiser ir a outros pontos não dá tempo de devolver a bike”, afirma. Ana Luisa acrescenta que as bicicletas estão sendo utilizadas, em sua grande maioria, pelos praticantes de exercícios físicos. “As estações ficam cheias durante o dia e esvaziam ao final da tarde. O projeto deveria ser estendido, pois não deve atender apenas ao lazer, mas diminuir o uso dos carros e motos”, pontua. Para participar as pessoas podem se cadastrar por um ano no programa através do site (www.bikesalvador.com. br), com um investimento de R$ 10. As estações funcionam das 6 às 22 horas durante todos os dias da semana. Atualmente, o endereço eletrônico já contabiliza mais de 119 mil retiradas de bicicletas para viagens. Saúde Bahia Abril 2014

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Você conhece a Síndrome de Burnout? Muitos profissionais não sabem, mas são vítimas da doença do esgotamento profissional

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Envolvimento intenso leva ao estresse

m um mundo cada vez mais competitivo, corrido e cheio de atribuições, o estresse faz parte do dia a dia das pessoas. Profissionais acumulam funções e sentem-se pressionados a dar conta de muitas tarefas numa excessiva jornada de trabalho. A consequência deste ritmo pós-moderno é o esgotamento profissional, fator que desencadeia a Síndrome de Burnout - um estado de tensão emocional e estresse crônico provocado por condições desgastantes sejam físicas, emocionais ou psicológicas. A síndrome “foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contato interpessoal mais exigente, tais como médicos, enfermeiros, e cuidadores. Entretanto, hoje em dia, as observações já se estendem a todos profissionais que interagem de forma ativa com indivíduos, que cuidam e/ ou solucionam problemas de pessoas ou empresas”, sinaliza o Médico Psiquiatra e Mestre em Neurociências, André Caribé. Desde os ancestrais do ser humano, assim como em outros animais superiores, o mecanismo biológico da ansiedade e do estresse foi destinado para promover a sobrevivência diante dos perigos, atuando como uma ferramenta de adaptação, reação e defesa, explica André Caribé. Mas até que ponto o estresse é normal? Para o psiquiatra, “embora a ansiedade favoreça o desempenho e a adaptação do indivíduo às circunstâncias, ela o faz somente até certo ponto, onde nosso organismo atinja um máximo de eficiência. A partir desse limite de adaptação a ansiedade (estresse), ao invés de contribuir, promoverá exatamente o contrário, ou seja, poderá resultar na falência da capacidade adaptativa”.

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O presidente da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia/Instituto do Cérebro, o Neurologista, Antonio Andrade, explica que “pessoas intensamente envolvidas em tudo que fazem e que pensam em possuir total domínio da situação e da sua função”, são as mais suscitas a serem acometidas pela síndrome.

Caribé

A síndrome O termo Burnout tem origem na língua inglesa, a partir da união de dois termos: burn e out, que respectivamente significam queimar e fora. A união dos termos é melhor traduzida por algo como “ser consumido pelo fogo”. A síndrome foi descrita inicialmente na década de 1970 pelo psicólogo Herbert J. Freudenberger, que observou trabalhadores de uma clínica de dependentes químicos nos Estados Unidos. Esses funcionários reclamavam de exaustão, cansaço e falta de motivação com o trabalho.

A Síndrome de Burnout apresenta sintomatologia múltipla: cansaço emocional, despersonalização e baixa realização pessoal. Segundo Caribé, “o cansaço emocional é considerado o traço inicial, podendo a manifestação ser física, psíquica ou uma combinação das duas. É descrito como o núcleo da síndrome e a sua manifestação mais óbvia. A despersonalização, caracterizada pela insensibilidade emocional do profissional, com prevalência de condutas cínicas e de dissimulação afetiva, é uma reação imediata após a instalação do cansaço. A baixa realização pessoal faz menção a uma auto-avaliação negativa associada à insatisfação e desânimo com o trabalho, com sentimentos de que este não vale a pena”. Tratamento Após diagnosticada a síndrome, o uso de antidepressivos e psicoterapia são indicações para o tratamento. Atividades físicas regulares e exercícios de relaxamento também ajudam a controlar os sintomas. “A estratégia do tratamento é uma condição multidisciplinar, baseado no tratamento com medicamentos, aliado ao apoio da fisioterapia e acompanhamento psicológico. Sempre na vigilância do médico e com mudança de hábito de vida”, explica o Neurologista Antonio Andrade. O especialista ainda alerta: “Prevenir é o melhor remédio. Integrando na função de trabalho mais humanização e com isto o prazer do exercer seu trabalho com amor”.


Política e saúde Parcelamento de dívidas coloca prestadores de serviço do SUS em estado de alerta

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Sindhosba e Ahseb solicitam redução dos prazos para pagamento das dívidas da Secretaria de Saúde de Salvador

á se passou um ano, mas as Clínicas e Hospitais da capital baiana que prestam serviços ao SUS, ainda colhem os frutos da dívida deixada pela antiga gestão municipal, referente ao não pagamento dos serviços de saúde prestados nos meses de novembro e dezembro de 2012. A atual gestão propôs um acordo que culminou no parcelamento da dívida. Segundo o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Sindhosba), o documento apresentado pelo governo propõe pagamento de parcelas anuais de R$ 50.000,00, o que resultou em longas prestações, e, a depender do valor do débito aos estabelecimentos, o pagamento total pode demorar até cinco anos para ser concluído. Em ofício encaminhado, em dezembro do ano passado, ao Prefeito ACM Neto o Sindhosba e a Associação dos Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), solicitaram ao gestor da capital baiana uma nova negociação

do prazo de pagamento da dívida do executivo municipal com as unidades privadas de saúde credenciadas ao atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Sindicato, algumas clínicas e hospitais particulares, só vão receber a última prestação do débito em 2019, o que segundo o presidente da Entidade, Raimundo Correia, causou grande impacto à saúde financeira dos prestadores de serviços da rede complementar do SUS, agravando a inadimplência dos tributos e outros débitos. Justamente por conta da crise que vem passando, muitos estabelecimentos, em 2013, foram obrigados, a suspender o atendimento aos usuários do SUS. “A carta que enviamos ao senhor prefeito é uma tentativa de sensibilizá-lo para que este impasse seja resolvido o mais rápido possível”, declara Correia. Para o presidente do Sindhosba, a revisão do prazo de pagamento, pode atenuar o cenário de crise em que se encontram os prestadores de saúde. “Quem atende pelo SUS passou por uma

dificuldade enorme esse ano. Não podemos deixar que este momento amargo se prolongue por mais tempo”, comenta. Muitos estabelecimentos, sem receber o repasse da prefeitura, atrasaram salários dos funcionários, deixaram de pagar fornecedores e acumulam dívidas. “Vale ressaltar, que os referidos serviços, apesar de não serem sem fins lucrativos realizavam seus atendimentos exclusivamente aos usuários do SUS quando não em até 80%”, sinaliza. Vale ressaltar que os recursos para o pagamento dos meses em referência foi repassado pelo Ministério da Saúde de forma regular para o Fundo Municipal de Saúde, sendo assim, não se trata de recurso próprio do tesouro municipal, porém, a dívida não foi quitada. “Nenhuma outra proposta foi apresentada pela Secretaria Municipal da Fazenda através da Secretária Municipal de Saúde para uma solução menos traumática para que os estabelecimentos que ainda prestam serviços ao SUS consigam manter o seu papel social”, conclui.

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Leão de olho nos serviços de saúde Receita Federal intensifica o cruzamento de dados em declarações com serviços médicos

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rocurando cada vez mais impedir as sonegações de impostos, a Receita Federal vem agindo também na fiscalização das deduções de despesas médicas nas declarações. Além de recibos ou gastos com planos de saúde, a receita também cruza informações da pessoa física ou jurídica com a dos médicos e hospitais que prestaram o serviço, para garantir a veracidade dos dados fornecidos pelo contribuinte. A empresária Eliane Brito, adota essa prática há alguns anos. Todas as despesas dela e da família com exames, consultas ou outros serviços de saúde são utilizados na hora da declaração do Imposto de Renda para futuras deduções. Segundo ela, a ação é válida, mas as exigências continuam sendo ainda maiores que a oferta. “O valor que pagamos por esses serviços é maior do que o retorno que temos, seja através da restituição ou até mesmo de serviços públicos que temos direito”, afirma. Já Eduardo Velloso, também empresário, observa que tudo no Brasil precisa ser fiscalizado, pois não existe a cultura do caráter e da honestidade por parte de alguns cidadãos brasileiros no cumprimento de deveres e obrigações. “É uma via de mão dupla, por outro lado a cobraça de taxas para emissão de recibos e notas acaba sendo uma exploração,

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tem que haver integridade dos dois lados”, conclui Eduardo. O cruzamento de dados para serviços de saúde começou a ser feito pela Receita Federal em 2011. O objetivo é apertar o cerco contra fraudes tributárias. Mas apesar de já ser aplicado há quase três anos, muita gente ainda desconhece o procedimento. O auditor fiscal da Superintendência Regional da Receita Federal - 5ª Região Fiscal (Bahia e Sergipe), Demian Fagundes, lembra que os pagamentos feitos a médicos, dentistas, psicólogos, fisiote-

Eduardo Velloso


Demian Fagundes

rapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, hospitais, clínicas, laboratórios e planos de saúde são dedutíveis. Mas para ter direito ao benefício é preciso pedir nota fiscal para comprovar o gasto. Erros na hora de declarar Demian ainda chama a atenção para os casos de ausência de cruzamento dos dados. O processo de retificação, na maioria vezes pode ser corrigido com as pendências da respectiva declaração sem sair de casa, basta enviar pela Internet uma retificação. A declaração retificadora irá substituir integralmente a original, desde que seja enviada antes da notificação pela Receita Federal. Veja outras dúvidas sobre o assunto: Saúde Bahia: Existe um limite para dedução de serviços de saúde? Demiam Fagundes: Diferente das despesas com educação e os pagamento à previdência privada, não há limite de valor de dedução para as despesas médicas. SB: Quais tipos de serviços médicos não valem para o benefício? DF: É importante o cidadão ficar atento a algumas despesas que não são dedutíveis, como a compra de medicamentos (só são dedutíveis

quando integrarem conta de hospital), óculos, lentes de contato, aparelhos para surdez e similares. SB: Quem tem direito a dedução o titular ou dependente(s)? DF: Podem ser deduzidos os pagamentos relativos a tratamento do próprio titular ou dos seus dependentes informados na declaração. SB: Em qual área da tabela de declaração essas despesas devem ser informadas? DF: As despesas médicas são declaradas na ficha “Pagamentos Efetuados”. Além do valor da despesa, devem ser incluídas na ficha algumas informações adicionais como o nome e o CPF/CNPJ do prestador do serviço. SB: Quais são os erros mais comuns que o contribuinte comete ao declarar as despesas com saúde? DF: É comum os contribuintes cometerem o erro de declarar despesas médicas com familiares que não constam na declaração como dependentes. Como já mencionado anteriormente, as deduções com despesas médicas restringem-se aos pagamentos relativos ao tratamento do próprio contribuinte e de seus dependentes. Saúde Bahia Abril 2014

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Primeiros socorros reduzem mortalidade pela metade 50% dos casos de emergência podem ser resolvidos no local com ações específicas

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magine a seguinte situação. Uma pessoa passa mal e cai em um ponto de ônibus lotado. O que fazer nessa hora? O mesmo pode acontecer dentro de casa em um acidente doméstico. Apenas buscar socorro é a solução? Com o trânsito cada vez mais caótico nos grandes centros urbanos, a chegada de uma ambulância ao local pode demorar alguns longos minutos. É nesse período, que ações simples, mas pontuais, podem garantir a vítima uma sobrevida. Estatísticas comprovam que os primeirossocorros são responsáveis por garantir 50% de resultados positivos no resgate de pessoas em situação de emergência. Nem todo mundo tem noção de como executar essas ações, ou como se comportar diante de uma situação de emer-

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gência, que pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer hora. “É preciso manter a calma e saber o que fazer para evitar o agravamento do quadro e, até mesmo, salvar uma vida”, afirma o diretor médico da Vitalmed, João Maurício Maltez. Qualquer pessoa pode prestar socorro imediato, desde que tenha conhecimento suficiente. Em casos de queimadura, por exemplo, é importante lavar o ferimento imediatamente com água e sabão e depois levar a vítima ao hospital. Em outros eventos, as noções de primeiros socorros também podem ser aplicadas em casos de choque elétrico, picada de cobra, fraturas, afogamento, parada cardiorrespiratória, entre outras situações. O atendimento imediato em caso de infarto aumenta em 50% as chances de

Leonardo Clement


Dicas de Primeiros Socorros 01.

Sangramento por Acidentes Se você está na frente de alguém que esteja sangrando pela boca ou ouvidos, procure uma emergência médica imediatamente. Esta pessoa está em risco iminente de morte! Em sangramentos por feridas de pele use um pano limpo para comprimir energicamente o local até a chegada do médico ou ao centro hospitalar.

02.

Engasgo Nesses casos deverá tentar manualmente extrair o corpo estranho ou realizar manobras para desobstruir as vias respiratórias através de compressão torácica.

03.

Picada de animais peçonhentos Não sugue o veneno, nem pratique torniquetes. Leve a vítima em repouso a um Centro Especializado. Em Salvador funciona no hospital Roberto Santos. É fundamental reconhecer o tipo de animal e se possível, levá-lo num recipiente, para apresentar ao profissional de saúde. O tratamento é diferenciado de acordo com o tipo de animal.

04.

João Maurício

sobrevida do doente. Segundo Leonardo Clement, fundador do Instituto Saúde Integral, onde são ministradas aulas de suporte básico de vida, 80% das paradas cardíacas acontecem em casa ou no local de trabalho. “Se quem estiver por perto souber fazer compressões cardíacas, ventilação e usar um desfibrilador automático usado por leigos consegue salvar a pessoa em mais de 50% dos casos, enquanto a ambulância está a caminho”, garante Clement. O ideal é que todas as pessoas tenham um treinamento básico de primeiros socorros visando minimizar os riscos durante uma emergência. Contudo, de uma forma geral, alguns cuidados devem ser adotados por todos. “Em caso de um trauma ou desmaio, evitar

movimentar o paciente e, além disso, verificar se as vias aéreas estão desobstruídas, para impedir uma parada respiratória”, esclarece Maltez. Após a adoção dessas medidas, o diretor da Vitalmed recomenda a busca pela ajuda imediata de um especialista, mesmo em casos que possam aparentar uma menor gravidade. “A confirmação do quadro de uma parada cardíaca, por exemplo, é complicada. Muitas vezes, as pessoas tentam fazer uma massagem cardíaca e acabam levando o paciente a outros traumas, como a fratura de costelas”, revela. O diretor ressalta ainda que objetivo do primeiro atendimento é evitar que a vítima tenha maiores complicações ou evolua para óbito.

Envenenamento Quando a intoxicação for recente e não for provocada por elementos cáusticos, provoque o vômito para eliminar o excesso do tóxico e procure atendimento médico de imediato. Nos casos de intoxicação por gases tente retirar a vítima do contato, coloque-a numa ambiente arejado e procure um atendimento médico.

05.

Choque Elétrico Se a vítima ainda estiver em contato com a fonte elétrica, não tente tocá-la ou retirá-la manualmente. Utilize um elemento isolante e o melhor de tudo é desligar a corrente elétrica. Caso o paciente esteja em parada cardio-respiratória, inicie se souber, manobras de ressuscitação. Caso haja feridas por queimadura, utilize um pano limpo e úmido para cobrir. Procurar de imediato ajuda médica.

06.

Afogamento Se estiver na frente de uma vítima de afogamento e com sinais de asfixia, a primeira coisa a fazer é retirá-la da água e iniciar imediatamente manobras de ressuscitação e pedir auxílio médico.

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Emergência nas emergências Por que esse setor de clínicas e hospitais vive na UTI?

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mbientes cheios e longas esperas são a realidade das unidades de emergências hospitalares em todo o Brasil e não é diferente na Bahia. Setores que deveriam ser porta de entrada para casos de urgência e alta complexidade têm recebido cada vez mais pessoas que poderiam ser atendidas em clínicas ou ambulatórios, mas encontram dificuldades em marcar consultas para atendimento em curto prazo. Esse fator, aliado ao crescimento e envelhecimento da população, gera um procura acima da capacidade das unidades de emergências em Salvador.

rigentes de hospitais) à alta procura pelas emergências é a ampliação do número de segurados das operadoras de plano de saúde. “A rede de serviços e leitos contratados não tem crescido na mesma proporção, fazendo com que diversos planos de saúde continuem dividindo os mesmos leitos hospitalares e serviços. Além disso, as consultas médicas em consultórios estão mais difíceis de marcar, trazendo essa demanda para as emergências”, destaca o coordenador médico do Pronto Atendimento do Hospital Aliança, Renê Mariano.

Outro fator associado (pelos di-

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Em contrapartida, os casos realmente graves e de alta complexidade, são atendidos de forma imediata, o que pode ser determinante para salvar a vida do paciente. “É o que se tem procurado: classificar o risco do paciente e priorizar quem realmente não pode esperar. Surge assim, a espera ou demora para o atendimento a essa camada de pacientes que não têm grandes urgências, mas que precisam ser atendidos”, esclarece. Melhorias

Sem a correspondente ampliação em número, os setores de emergência encontram-se diante do desafio de trabalhar com ambientes de superlotação. É o que observa o superintendente de saúde da Santa Casa de Misericórdia que avalia a carência deste serviço em Salvador, de forma geral. “A cidade é carente no serviço de urgência e emergência. Esses setores acabam sendo um gargalo, pois a procura é muito grande e o número atual de unidades não consegue atender”, afirma Eduardo Queiroz. Atuando com quatro segmentos de urgência e emergência - Pronto Atendimento Adulto, Unidade de Emergência Pediátrica, Pronto atendimento ortopédico e emergência em otorrinolaringologia - o Hospital Santa Izabel realiza uma média de 367 atendimentos por dia. Para Eduardo Queiroz, há também o uso exacerbado das emergências. “Existe uma questão cultural de buscar a emergência para consulta imediata e evitar marcar no consultório”. Por isso, “todas as unidades de urgência precisam trabalhar com uma classificação de risco para priorizar os casos de maior gravidade e organizar o atendimento”.

baixa complexidade que chegam à emergência o tempo de espera pode ser de até 4 horas.

Eduardo Queiroz

Segundo Renê Mariano, o Hospital Aliança realiza, em média, 130 consultas diárias. “O atendimento prioritário não é por ordem de chegada e sim, pela gravidade clínica do paciente. Essa triagem passou a ser mais técnica”. O tempo de permanência na emergência irá depender da gravidade clínica do paciente, pois em muitos atendimentos são necessários a realização de exames e a ocupação dos leitos para observação. Nos casos de

Se o número de pessoas a serem atendidas aumenta, o número de leitos deveria também aumentar, mas, segundo o superintendente do Hospital Santa Izabel, não é isso que acontece. As melhorias para que os pacientes tenham um atendimento mais ágil e humanizado nas emergências, precisam ir além da estrutura física. “O hospital passará por obras, mas, não é fácil preparar a estrutura quando se trabalha com uma super demanda. É preciso deixar o ambiente mais adequado para atendimento, organizar o processo de trabalho e adotar tecnologias que possam torná -lo mais ágil, seja na classificação dos pacientes ou resultados dos exames”, alerta Eduardo. Para Renê Mariano, coordenador do Hospital Aliança, os investimentos não dependem do aumento de profissionais nem da agilidade no atendimento. “As soluções passam por oferecer serviços ambulatoriais de qualidade para casos de menor gravidade e assim, desafogar os serviços para casos efetivamente de emergência que podem requerer internação hospitalar. Para isso, as operadoras de plano de saúde precisariam mudar sua forma de atuação”, afirma.


Gestão em pauta Custo hospitalar: uma conta que não fecha

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notório em todo território nacional que a remuneração oferecida pelas operadoras de planos de saúde para as diárias e taxas de sala cirúrgica, raramente, cobrem os custos incorridos na prestação destes serviços hospitalares, e para compensar a perda na venda das diárias e taxas, consideráveis margens de rentabilidade são adicionadas na comercialização dos materiais e medicamentos. “Quando desenvolvemos uma demonstração de resultados em um Hospital sem envolver a comercialização dos materiais e medicamentos, regularmente apontam altos índices de prejuízos, e quando adicionamos os ganhos obtidos na comercialização dos insumos, a situação melhora consideravelmente, e uma parte dos hospitais passa a apresentar lucro e outros reduzem bem prejuízos apresentados”. Somente agrupando todos os itens que compõem as receitas dos hospitais: diárias, taxas, insumos (materiais, medicamentos, OPME) serviços diagnósticos, honorários e outros é possível avaliar o resultado, porém todos os produtos e serviços deveriam gerar algum resultado, E considerando a lógica financeira, os serviços com um giro maior (alta rotatividade) deveriam proporcionar menores margens, enquanto os de menor giro ofereceriam maiores margens de lucro, afim de gerar um retorno de investimento em um prazo adequado, porém acontece exatamente ao contrário nas atuais negociações. Mas também o que é quase consenso entre os “atores” envolvidos nesta operação, é que o hospital deveria receber valores justos pelos serviços prestados (diárias e taxas) e reduzir a margem sobre a comercialização de materiais e medicamentos, pois tem muito mais lógica uma instituição prestadora receber valores adequados pelo serviço presta-

Eduardo Regonha

do, do que pela venda de insumos, que são os ingredientes necessários para a prestação dos serviços. Vale ressaltar que muitas tentativas foram e estão sendo feitas no sentido de melhorar esta situação através de cálculos chamados de “migração”, que consiste em “migrar” a margem de um item para outro, mantendo o mesmo resultado total final para o Hospital. Mas é muito difícil mudar uma cultura que vem sem sendo praticada há alguns anos. Os dois lados avaliam, mas não chegam a um consenso que atenda de forma satisfatória ambas as partes, a operadora aceita em aumentar o valor da diária e reduzir a margem dos materiais e medicamentos, porém os percentuais não fecham, enquanto seriam necessários altos índices de reajustes para cobrir a defasagem acumulada a muitos anos, (que cubra efetivamente os custos incorridos) e uma redução condizente na comercialização dos insumos, muitas vezes são oferecidos índices que não chegam sequer a cobrir os custos, por isso, do lado dos hospitais existe uma resistência em reduzir a margem de comercialização dos materiais e medicamentos.

A ANS, desde 2010 vem reunindo representantes de Hospitais e Operadoras no intuito de alterar os modelos de remuneração, adotando as “Diárias Globais”, “Procedimentos Gerenciados” e “Conta Aberta Aprimorada”, modalidades que exigem uma remuneração adequada dos serviços hospitalares, pois os insumos (materiais e medicamentos) estão inseridos nestes eventos. E neste cenário a unidade hospitalar tem que conhecer muito bem seus custos e negociar de forma que sejam cobertos e gerem resultados, a fim de remunerar o investimento e manter o Hospital com as instalações adequadas e sempre atualizado em tecnologia e com alta qualificação. Temos um longo caminho pela frente e informações devem ser adotadas para termos sucesso e avançarmos com um sistema de remuneração adequado e condizente para todos os envolvidos. Eduardo Regonha é Diretor Executivo da XHL Consultoria em Saúde, Doutor em Ciências pela UNIFESP EPM (Custos em Oftalmologia), Pós-Graduado em Adm. Hospitalar pela FGV, Bacharel em Ciências Contábeis e Professor do Centro Universitário São Camilo, da Fundação Unimed, da FMUSP e da UNIFESP.

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RISCOS DOS LIGHT, DIET E ZERO

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alimentação, além de muito prazer, pode trazer muitos problemas de saúde. Graças à tecnologia hoje temos a opção de consumir alimentos que reduzem ou até são isentos de determinados nutrientes - são os conhecidos light, diet e os também populares alimentos “zero”. Será que esses produtos fazem mal a saúde? Essa é uma questão bastante frequente no dia-a-dia de todos que os consomem ou querem consumir. Mas na verdade ainda existe uma serie de questionamentos relacionados ao seu consumo. A ANVISA determinou recentemente níveis seguros do consumo das substâncias adoçantes, oficialmente denominados “edulcorantes”. Isso foi baseado em estudos experimentais, garantindo segurança no consumo e aproveitando os benefícios que esses alimentos podem proporcionar. Alimentos light por definição tem uma redução significativa de pelo menos 25% em algum nutriente especifico como, por exemplo, a redução de açúcar, gordura ou sódio, diminuindo o valor calórico em doces e similares. No caso dos alimentos diet ocorre a retirada total de um nutriente para um determinado público, por exemplo a retirada total de açúcar para diabéticos ou a ausência total de glúten para pacientes portadores de doença celíaca. O caso dos alimentos conhecidos como “zero” acontece a retirada total de carboidratos, de sódio, de açúcar e geralmente

podem ser consumidos por diabéticos. De uma coisa sabemos, o consumo dessas substâncias só trará prejuízos ao nosso organismo se consumidos em doses bastante elevadas. Por isso, no caso dos adoçantes, recomendo que escolha três tipos diferentes que mais goste, e use os três variando o consumo ao longo do dia e da semana, assim nunca atingirá uma quantidade que possa trazer algum prejuízo. Nos dias atuais, nós especialistas em alimentação temos como maior preocupação a redução do valor calórico dos alimentos. A obesidade e o sobrepeso crescem de maneira assustadora em todas as classes sociais, inclusive nas menos abastadas. Isso faz desses alimentos - com toda a polêmica do assunto- valorosos aliados para o público que mantém uma dieta com restrição de calorias ou determinado nutriente. Mesmo quem não está submetido a uma dieta para perda de peso, pode utilizar esses produtos para algum objetivo especifico, os hipertensos podem reduzir a quantidade do consumo de sódio, os diabéticos podem reduzir o consumo de açucares, até mesmo quem procura hábitos de vida mais saudáveis pode reduzir o consumo de açucares, sódio e calorias, melhorando a qualidade de vida e muitas vezes ate o padrão estético. A melhor dica é procurar variar sempre, o consumo frequente de qualquer alimento industrializado deve ser evitado. Prefira alimentos in natura, consuma frutas todos os dias, beba quanta água conseguir ao longo do dia e use com responsabilidade os alimentos light, diet e zero de preferência com a orientação de um especialista. Durval Sobreiro Junior é médico nutrólogo, nutricionista e cirurgião geral. Especialista em Nutrição para o alto rendimento e em Nutrologia médica com Doutorado em Ciências da Sáude - UFBA


Atividades físicas: Um leque de opções

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uando se fala em treinamento físico muita coisa mudou na última década. Atualmente, atividades ao ar livre ou em galpões, bem diferente das academias tradicionais que conhecemos, vêm se destacando pela quantidade de adeptos e pela proposta inovadora. Ela trabalha com as diversas valências físicas que pertencem ao ser humano (resistência cardiovascular e respiratória, estamina, força, potência, flexibilidade, velocidade, coordenação, equilíbrio, acurácia) tornando-o mais completo fisicamente. Esta nova forma de treinamento que se baseia em exercícios de alta intensidade e nas capacidades intrínsecas do corpo humano, vem conquistando um grande número de adeptos pelo mundo. Não se trata de nenhuma nova descoberta, mas sim uma maneira de combinar os exercícios calistênicos (usa o peso do próprio corpo). Empurrar, puxar, rolar, arremessar, correr, saltar e agachar são habilidades naturais do corpo humano. Existem marcas mundiais atualmente, a exemplo da Crossfit, que além dos exercícios calistênicos se apropria do levantamento olímpico, da ginástica e do atletismo, aproximando os praticantes de modalidades até então vistas nas olimpíadas ou na educação física escolar. Essa nova maneira de treinamento tem como objetivo trabalhar o corpo em sua plenitude, sendo indispensável profissionais para planejar e orientar as aulas. A interferência do profissional se torna fundamental também no momento das correções dos exercícios e na identificação das limitações de cada praticante. De acordo com essas limitações vão ser sugeridos exercícios corretivos, o que irá permitir o praticante evoluir no treinamento. O período do verão estimula ainda mais as pessoas a buscarem atividades outdoor, favorecendo o conhecimento e a difusão desta forma de treinamento físico. O entendimento do corpo humano se torna mais fácil pelos praticantes, já que eles vivenciam de forma teórica e prática as ca-

Joca Gonzalez

pacidades. O custo beneficio é outro ponto importante. Estudos econômicos mostram que as academia de ginástica no país atraem um percentual pequeno de pessoas se comparado com a população total da nação. Isso acontece por diversos motivos, os principais deles acredito ser padrão de beleza associado ao praticante de musculação e o custo elevado da mensalidade, fazendo com que muitas pessoas se sintam excluídas e/ou pouco estimuladas a buscarem uma academia de ginástica. Os exercícios isolados e pouco desafiadores e as atividades aeróbicas de longa duração adotados nas academias tradicionais acabam também por dificultar a

adesão e fidelização de novos praticantes. A opção dessa nova proposta de exercícios põe um pouco de lado o narcisismo favorecendo a inclusão de novos praticantes de atividade física e quem sabe assim permitindo que as pessoas se tornem mais saudáveis no físico e no psicológico. Seja qual for sua opção, procure um profissional de Educação Física qualificado para tirar suas dúvidas permitindo uma escolha mais consciente do que vai atender as suas necessidades.

Joca Gonzalez é educador físico, graduado pela Faculdade Social da Bahia e pós graduado pela mesma instituição.

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programe-se Para manter o nosso público sempre atualizado com a sua área de atuação, envie por e-mail sugestões de conteúdo para as próximas edições. sindhosba@sindhosba.org.br

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Faturamento SUS - Universidade Corporativa UCAS Inscrições: www.ucasaude.com.br

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23 e 24/05

Técnico em Oftalmologia - Universidade Corporativa UCAS Inscrições: www.ucasaude.com.br

JULHO Sem data prevista

Etiqueta no Trabalho- Universidade Corporativa UCAS Inscrições: www.ucasaude.om.br

Sem data prevista

Gestão de Contratos- Universidade Corporativa UCAS Inscrições: www.ucasaude.com.br

SETEMBRO

11 e 12/09 30

Saúde Bahia Abril 2014

III Fórum de Relações Trabalhistas Sindhosba Inscrições ainda não abertas.



RT: Dra. Tatiana Ferraz, CRF 3437

O Laboratório Sabin tem o que há de mais preciso para a detecção da doença falciforme.

A doença falciforme é consequência de uma alteração genética, que leva à produção da hemoglobina S (HbS), em homozigose ou em dupla heterozigose com outra hemoglobina anômala. Vários testes laboratoriais estão hoje disponíveis para a confirmação diagnóstica da presença da HbS. Mas os estudos quantitativos e qualitativos têm inúmeras vantagens sobre os testes de falcização: são automatizados, mais sensíveis e específicos e identificam o tipo de hemoglobinopatia. Para maior precisão do resultado, o Laboratório Sabin realiza o estudo de Hbs por diferentes metodologias (eletroforese capilar, HPLC e estudo molecular) e disponibiliza a assessoria médica em hematologia para sugestões, discussões e esclarecimentos necessários.

Exame

Análise

Sensibilidade

Especificidade

Identificação do tipo de doença falciforme

Teste de Falcização

Manual

Baixa (maior risco de falso-negativos)

Baixa (maior risco de falso-positivos)

Não

Eletroforese de Hb

Automatizada

Alta

Alta

Sim

www.sabin.com.br |

ISO 9001: 2008

ISO 9001: 2008

@labsabin |

ISO 9001: 2008

Central de Atendimento: 71 3261-1314

Rafael Jácomo: • Diretor Técnico do Laboratório Sabin • Médico Hematologista com Residência em Hematologia pelo HCFMRP-USP • Doutorado em Clínica Médica pela FMRP-USP • Membro do Consórcio Internacional em Leucemias Agudas (IC-AL) • Professor de Hematologia na UnB

Laboratório Sabin


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