BOLETIM DA MULHER
METALÚRGICA
Órgão Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá
www.sindmetalsjc.org.br 5 a 11 de março de 2013
Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras também é dia de luta O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora está aí e o Sindicato dos Metalúrgicos parabeniza e convida todas as companheiras a fazerem desta data um dia de luta. Vamos usar o 8 de março para colocar em evidência nossas reivindicações por direitos iguais e por um mundo sem machismo e sem exploração. O capitalismo aproveita-se de uma suposta fragilidade das mulheres para nos superexplorar. As estatísticas mostram que nós trabalhamos mais do que os homens, fazemos os serviços mais precarizados e recebemos os menores salários. Isso acontece por conta da dupla jornada de trabalho, já que recai sobre nós a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos. Além de denunciar a opressão e a exploração, em São José dos Campos, Jacareí e Caçapava, vamos às prefeituras, exigir a construção de creches,
Você Sabia
casas populares, transporte público e transporte escolar gratuitos, hospitais e delegacias da mulher, políticas públicas essenciais no combate à opressão imposta pelo capitalismo. “É importante também que as companheiras da base reforcem sua organização participando de nossa Secretaria de Mulheres”, convida a diretora do Sindicato Rosângela Calzavara.
No dia 8 de março de 1857, operárias têxteis de Nova York (EUA) saíram às ruas para protestar contra as péssimas condições de trabalho e os salários de miséria que recebiam. Na volta, quando estavam reunidas no interior da fábrica, foram surpreendidas por um ato criminoso dos patrões, que trancaram os portões e mandaram incendiar o galpão. O resultado foi a morte de 129 trabalhadoras. Em 1910, a militante socialista Clara Zetkin propôs que o 8 de março fosse celebrado em todo o mundo para lembrar que a morte daquelas operárias não foi em vão e que a luta por melhores condições de trabalho e de vida continua.
Fique atenta: Acordo Coletivo Especial pretende retirar direitos O Acordo Coletivo Especial (ACE) é uma proposta da CUT para negociar de forma mais fácil os direitos trabalhistas. Ela está sendo discutida no Congresso Nacional e, se for aprovada, as negociações entre empresas e sindicatos vão valer mais do que está determinado na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Isso significa que os sindicatos terão carta branca para assinar acordos retirando direitos trabalhistas, o que até hoje é proibido. Embora o projeto atinja todos os trabalhadores, as mulheres têm uma preocupação a
mais. Afinal, não é novidade que os patrões pretendem acabar com nosso direito à licença-maternidade, pausa para amamentação, dentre outros. Por isso, é importante que todas as trabalhadoras juntem-se à campanha nacional contra o ACE, impulsionada pela CSP-Colutas. Vamos usar o 8 de março para denunciar esse ataque e, no dia 24 de abril, vamos todas a Brasília, exigir dos deputados e senadores que
esta proposta de retirada de direitos não seja votada no Congresso.
Agenda 8 de Março - 9h - Ato Unificado na Praça Afonso Pena e passeata pelas ruas do centro de São José dos Campos. 9 de Março - 9h - Panfletagem na Praça da Bandeira, em Caçapava.
Exigimos construção de creches públicas que atendam 24 horas A lei garante que é dever do Estado dar atendimento gratuito em creches para crianças de 0 a 3 anos de idade. Mas, na prática, muitas mulheres são obrigadas a recorrer a creches particulares ou a parentes para deixar seus filhos e, assim, poder trabalhar. Em São José, por exemplo, apenas 50% das crianças nessa idade estão em creches. A fila para conseguir uma vaga é grande, e como as fábricas da região também não garantem o serviço e o auxílio-creche é insuficiente, muitas mulheres têm dificuldades em manter o emprego. É o caso da trabalhadora da Sun Tech, Gisele Cardoso (nome fictício) que tem uma filha de um ano. “Na creche pública mais próxima de casa não há vaga e as particulares são caras e com horários incompatíveis com o da fábrica”, reclama. Quem acaba cuidando da bebê é a avó. “Minha mãe já é idosa e tem problemas de saúde, por isso, muitas vezes, deixo de trabalhar para ficar com minha filha”, completa.
Este é um problema enfrentado por muitas trabalhadoras. Por isso reivindicamos creches, inclusive com funcionamento 24 horas. Dessa forma, também atenderiam mães que trabalham à noite. Nas Chácaras Reunidas, por exemplo, esta é uma das principais reivindicações das trabalhadoras à Assecre. “A garantia deste serviço também é dever dos empresários”, cobra a diretora do Sindicato Rosângela Calzavara. “É preciso também acabar com o critério que existe em São José de que é preciso estar empregada para ter direito ao serviço. Após muita luta, esta regra foi derrubada em São Paulo, pois inviabiliza as desempregadas a procurarem emprego”, completa Rosângela.
Presidente Dilma prometeu, mas não cumpriu No início de seu mandato, a presidente Dilma Rousseff prometeu construir 6 mil creches até 2014, uma quantidade que amenizaria a falta do serviço no país. Entretanto, passado mais da metade de seu mandato, apenas 7 unidades estão prontas, mas ainda sem previsão de serem inauguradas.
Violência contra mulher dispara na região do Vale a Lei Maria da Penha, na maioria dos casos, não é aplicado. Em nossa região, os casos de Ana Flávia Ribeiro, atropelada pelo ex-namorado, e Evanilce Pinho Carter, violentada pelo marido, são exemplos. O agressor de Ana Flávia encontra-se hoje em liberdade e o de Evenilce, apesar dos seis boletins de ocorrência por agressão e tentativa de homicídio, só foi preso após quase tirar a vida da esposa.
A violência contra mulher está crescendo de forma alarmante em nossa região. No último ano, as tentativas de homicídio registradas nas delegacias da mulher do Vale do Paraíba cresceram 104%. Em todo Brasil, a cada duas horas, uma mulher é assassinada. Um dos mecanismos que temos para nos proteger dessa violência,
Sem proteção, mulheres desistem da denúncia Em todas as 39 cidades do Vale do Paraíba existem apenas 10 Delegacias da Mulher, que atendem somente em horário comercial, e nenhuma Casa Abrigo. A falta de estrutura desestimula as mulheres a denunciar seus agressores por medo de represálias ou, simplesmente, por não terem para onde ir. É urgente que o Estado invista em infraestrutura para fazer cumprir, de fato, a Lei Maria da Penha.
Unidade dos trabalhadores contra o machismo
Para combatermos a opressão do machismo é preciso unidade de toda classe trabalhadora. Por isso, o Sindicato dos Metalúrgicos faz parte do Movimento Mulheres em Luta (MML) da CSP-Conlutas, que organiza trabalhadoras de todo país e coloca no centro das lutas o fim do machismo e da exploração.
Lutamos por: Salário igual para trabalho igual; Delegacia da Mulher aberta 24 horas, sete dias por semana; Agentes treinados para atender os casos de denúncia de agressão; Casa abrigo para acolher mulheres vítimas de agressão; Ampliação e aplicação da Lei Maria da Penha; Fim da violência contra a mulher; Construção de creches públicas, gratuitas, de qualidade e que funcionem 24 horas; Construção de moradias populares.