Montadoras enviam lucro pra fora do Brasil
Governo tem de agir em defesa dos trabalhadores
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SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E REGIÃO
JANEIRO / fevereiro DE 2014
www.sindmetalsjc.org.br
BENEFICIADA POR DINHEIRO PÚBLICO, GM DEMITE
todos devem cobrar os investimentos prometidos pela MONTADORA e negociados com o sindicato Negociações entre GM e Sindicato levaram a acordo
A General Motors assinou, em 2013, dois acordos com o Sindicato dos Metalúrgicos, estabelecendo condições para trazer novos investimentos para a fábrica de São José dos Campos. O ano chegou ao fim e até agora a população está esperando que a montadora anuncie oficialmente a instalação de uma nova fábrica na cidade. Vamos pressionar a GM e o governo federal para que os investimentos se concretizem. Esta luta tem de ser de todos! Pág. 4
Tanda Melo
Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá
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TODOS EM DEFES
gm é beneficiada com dinheiro Pedro Ladeira
Entre as festas de Natal e Ano-Novo, 687 pais e mães de família que trabalhavam na General Motors receberam uma dura notícia: todos eles seriam demitidos no dia 31 de dezembro. O aviso foi dado por carta, quando estavam descansando em casa. Desde então, a vida desses trabalhadores virou “de cabeça pra baixo”. Afinal, começariam o ano sem um emprego. GM foge de negociação Ao demitir esses trabalhadores, a GM descumpriu o acordo assinado em janeiro de 2013 com o Sindicato dos Metalúrgicos, que previa negociação para manutenção do nível de emprego na fábrica. A GM desrespeitou os metalúrgicos ao demitir sem sequer avisar o Sindicato.
Trabalhadores fazem manifestação em Brasília para defender emprego e exigir investimentos
ESCÂNDALO: MontadoraS USAM DINHEIRO DO POVO PARA BANCAR DEMISSÕES Apesar de ter sido beneficiada por redução de impostos, a GM fechou 1.217 postos de trabalho no Brasil em apenas dois anos (janeiro de 2012 a dezembro de 2013). Isto significa que a empresa não cumpriu o acordo feito com o governo Dilma (PT), de que manteria o nível de emprego como contrapartida à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Com a redução do IPI dos carros, iniciada em maio de 2012, o governo abriu mão de R$ 6,7 bilhões em impostos, dinheiro que poderia ser usado para melhorar serviços de saúde, educação e transporte para a população. E o que fizeram as montadoras? Demitiram! Isto aconteceu, por exemplo, na GM (São José e São Caetano), Ford e Volks. Todas beneficiadas pelo governo.
Para produzir
87 mil
carros Classic São necessários
1.600
Trabalhadores
Montadoras foram beneficiadas com R$ 6,7 bilhões em IPI reduzido. Veja o que o governo Dilma poderia ter feito com esse dinheiro:
= bilhões R$ 6,7
20 milhões de 223 cestas básicas
hospitais
67 mil
casas populares
VERGONHA: GM LEVA PRODUÇÃO Do carro CLASSIC PARA a ARGENTINA E DEMITE NO BRASIL O Classic é o segundo carro mais vendido pela GM no Brasil. Somente em 2013, foram 86.947 unidades. Portanto, não havia motivo para que a GM transferisse a produção desse modelo para a Argentina. Foi essa transferência que gerou as demissões não apenas em São José dos Campos, mas também de 300 funcionários na fábrica da GM em São Caetano do Sul (SP) e em fornecedoras de autopeças espalha-
das pelo Brasil. Empregos Para produzir 87 mil Classics por ano, são necessários 1.600 trabalhadores. Ou seja, se o Classic continuasse sendo produzido no Brasil, todos os trabalhadores demitidos pela GM e pelas fornecedoras continuariam empregados. Por isso, exigimos que o governo Dilma proíba demissão em empresa que faz importação!
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SA DO EMPREGO
o público e mesmo assim demite GOVERNO DILMA PODERIA TER EVITADO AS DEMISSÕES Há dois anos, o Sindicato dos Metalúrgicos vem alertando a presidente Dilma sobre as ameaças de demissão em massa feita pela GM. Mas nada de concreto foi feito pelo governo para garantir que esses empregos fossem mantidos. Em 2012, a presidente chegou a dizer em público que empresas beneficiadas por incentivos fiscais não poderiam demi-
tir. Ficou só no discurso. Chegou 2014, os trabalhadores da GM perderam seus empregos e, até agora, Dilma não tomou nenhuma medida. A presidente poderia assinar uma medida provisória proibindo as demissões e garantindo estabilidade de emprego para os trabalhadores. Chega de medidas que beneficiam apenas os empresários!
Faltou vontade POLÍTICA do prefeito e vereadores O prefeito Carlinhos Almeida, do mesmo partido da presidente Dilma (PT), poderia ter se somado à reivindicação dos metalúrgicos contra as demissões na GM. Da mesma forma, os vereadores. Tanto a Prefeitura quanto a Câmara Municipal não usaram do seu poder político para pressionar
os governos federal e estadual para manter os empregos dos trabalhadores. O resultado é que, com as demissões, a cidade deixará de receber nada menos do que R$ 51,6 milhões no ano de 2014. Esse valor refere-se aos salários e PLR (Participação nos
Presidente Dilma tem poder para proibir demissões
Lucros e Resultados) que os trabalhadores deixarão de receber. Defender os empregos na GM é defender também a nossa região!
Remessa de lucros para o exterior 2012 2013
1,7 bilhão de dólares 2,9 bilhões de dólares
oração: Dieese Fonte: Banco Central - Elab
Quanto o setor automotivo mandou pra fora do Brasil
SS SindMetalSJC
montadoras lucram no brasil e mandam dinheiro para o exterior A GM é uma das líderes em vendas no Brasil e garante altos lucros no mercado brasileiro. Nos últimos 10 anos, as vendas de veículos cresceram 45%. Ao mesmo tempo que faturam aqui, a GM e as demais montadoras enviam seus lucros para seus países de origem. Segundo dados do Banco Central, a remessa de lucros ao exterior das empresas do segmento de veículos cresceu 62,5% em 2013, em relação ao ano anterior. Com isso, foram 2,9 bilhões de dólares
que saíram do Brasil e foram enviados para as matrizes do ramo automobilístico. O Brasil é o quarto maior mercado do mundo, mas é o sexto em produção. Está também entre os países com os carros mais caros do planeta. Infelizmente, não existe uma montadora nacional. Por isso, defendemos a nacionalização das empresas que demitirem em massa. Assim, deixaríamos de ser apenas consumidores e passaríamos a produzir o primeiro carro nacional.
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Criação de empregos e geração de renda
O Sindicato dos Metalúrgicos assinou, no ano passado, dois acordos com a GM para a vinda de investimentos pra São José dos Campos. O maior deles representa um total de R$ 2,5 bilhões. O Sindicato negociou com a direção da montadora uma série de condições para possibilitar a instalação de uma nova fábrica da GM na cidade. Aprovado em julho pelos metalúrgicos, o acordo prevê a criação de 2.500 empregos diretos e outros milhares indiretos. Além disso, a GM recebeu uma série de benefícios da Prefeitura, que se comprometeu em ceder um terreno gigantesco para a construção do complexo. Acontece que, apesar de ter conseguido quase tudo o que queria, a GM
Investimentos
R$ 2,5 bilhões Empregos
2.500 diretos
e outros milhares indiretos
Trabalhadores da GM já aprovaram o acordo, mas a direção da montadora ainda não confirmou a vinda da nova fábrica para São José dos Campos
ainda não confirmou os investimentos e os empregos. A população precisa se somar à luta dos metalúrgicos para cobrar da presidente Dilma, do prefeito Carlinhos Almeida e do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que exijam a vinda dos investimentos. Uma luta de todos Na verdade, esta é uma luta de toda a cidade, porque foi do bolso da população que saíram os incentivos concedidos à GM. O mínimo que a empresa tem de fazer agora é assumir sua responsabilidade junto ao povo de São José dos Campos e concretizar a instalação da nova fábrica, gerando os empregos prometidos.
Acordos foram resultado de muita negociação entre sindicato e gm Lucas Lacaz
Sindicato fez exaustivas negociações com a GM até chegar aos acordos (trechos ao lado). Um deles, assinado em julho, prevê R$ 2,5 bilhões. O outro, assinado em janeiro, é de R$ 500 milhões.
É hora de unir forças em defesa dos trabalhadores A atual situação enfrentada pelos trabalhadores da GM tem uma dura explicação. Nos últimos anos, a maioria dos sindicatos vem recorrendo à prática de abrir mão de direitos históricos, sem lutar pela classe trabalhadora. O Sindicato dos Metalúrgicos e a CSP-Conlutas sempre defenderam a organização dos trabalhadores e a luta por direitos como única forma de enfrentar os ataques patronais.
Por isso, queremos fazer um chamado a todas as centrais sindicais para reverter esse quadro. Chamamos os sindicatos da CUT, Força Sindical e CTB para realizar uma campanha nacional em defesa da estabilidade no emprego, por um contrato coletivo nacional, pela proibição das demissões imotivadas e pela nacionalização das empresas que demitirem.
Não podemos aceitar que as montadoras continuem impondo condições desfavoráveis aos trabalhadores para fazer investimentos. Temos de unir nossas forças para defender medidas concretas, que levem ao fim dessa política de retirada de direitos e demissões. Como legítimos representantes da classe trabalhadora, vamos levantar essa bandeira.
Nossas reivindicações Por um Contrato Coletivo Nacional, com salários e direitos iguais! Estabilidade no emprego e proibição de demissões imotivadas! Proibição de demissão nas empresas que fazem importação! Proibição da remessa de lucros para o exterior. Investimentos 100% no Brasil! Pela nacionalização das empresas que demitirem em massa! Pela produção do primeiro carro nacional!
Flávio Pereira
TODOS DEVEM cobrar vinda de investimentos da GM PaRA SÃO JOSÉ