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Sindicato dos Metalúrgicos 2005
REVISTA COMEMORATIVA DE 50 ANOS DE FUNDAÇÃO - 1956/2006 27
editorial editorial
Aos 50 anos, à frente dos desafios da classe trabalhadora
O
Luiz Carlos Prates, o Mancha Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e coordenador nacional da CONLUTAS
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Especial 50 anos
ato o Sindic d a r u t estru o Toda a isposiçã a está à d d e s o alúrgic t e m s a o d d defesa luta em ora. balhad a r t e s s som, cla rros de a c , s o i to Préd rtamen ia a p e d , a colôn gráfic saúde e e d ão , o c i tros, est juríd u o e r t n s, e de féria viço da luta. s m a er ntido co s. a m é o cio E tud o dos só ã ç i u b i co do a contr um pou a ç e h n rece Co icato ofe )! d n i S o que o (a m-vind e seja be
1- Colônia de Férias em Caraguá 2- Farmácia 3- Departamento de Saúde 4 - Departamento Jurídico
Especial 50 anos
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região chega aos 50 anos de fundação no dia 14 de março de 2006. Em meio século de existência, os metalúrgicos ajudaram a construir a história da classe trabalhadora brasileira. Tudo começou com um grupo de trabalhadores da Ericsson, que criou a Associação Profissional dos Metalúrgicos de São José, Jacareí e Caçapava. Nos primeiros tempos, a atuação da entidade foi marcada pelo assistencialismo, mas com a vitória da Oposição Sindical, no ínicio da década de 80, abriu-se uma nova fase combativa. A partir de então, estivemos presentes nos principais momentos da história do país. Foi assim na resistência contra a ditadura, na campanha pelas Diretas, no Fora Collor, nas grandes greves por aumento de salário, contra a ALCA e em várias outras lutas. Hoje, a entidade é reconhecida em todo o país como referência de um sindicalismo classista e de luta. O Sindicato foi um dos fundadores de um novo momento do sindicalismo no final da década de 70. Nas grandes lutas da década de 80, os metalúrgicos de São José foram um pólo extremamente organizado e participaram da fundação da CUT. Na década de 90, uma frente de resistência e de luta contra a flexibilização e o projeto neoliberal. No século 21, diante de uma precarização nas condições de trabalho nunca vista, do agravamento do desemprego estrutural, da flexibilização e retirada de direitos, a entidade segue na linha de frente da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores. A chegada de Lula e do PT ao poder causaram grande esperança e expectativa nos trabalhadores. Mas, como prevíamos, sem romper com o FMI e o projeto neoliberal, Lula não governaria para a população pobre, mas sim a serviço dos poderosos. O governo Lula aposta no apoio das direções da CUT, UNE e MST, entidades que se transformaram em governistas, para conter a insatisfação e as lutas dos trabalhadores do campo, da cidade e dos estudantes. Por isso, a ruptura do Sindicato dos Metalúrgicos de São José com a CUT, em agosto de 2004, é um divisor na história da entidade. O papel de vanguarda desempenhado décadas atrás, novamente nos é colocado como um desafio. É preciso romper com as direções reformistas e consolidar a fundação de uma nova organização da classe trabalhadora, a CONLUTAS. Precisamos mostrar que só a luta muda a vida e que o caminho da luta em defesa dos trabalhadores passa por romper novamente com o peleguismo e construir uma nova direção classista, democrática e de luta.
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p Edição Es
al i c e
DIRETORIA GESTÃO 2003/2006
O NASCIMENTO página
Diretoria Efetiva
Presidente Luiz Carlos Prates (Mancha)
Ademir Samuel Ademir Tavares da Paixão Alexandre Magno R. Maceno Amarildo Ribeiro de Jesus Antonio Ladeira Pereira Antonio Luiz Antunes Arlindo Rodrigues Beatriz da Glória Carlindo Mariano de Oliveira Eduardo de Oliveira Silva Eliane dos Santos Eudo Lopes de Moraes
Diretoria Executiva Adilson dos Santos - Vice-presidente Renato Bento Luiz - Secretário Geral Vivaldo Moreira Araújo - Tesoureiro Geral Sebastião Teles de Souza - 1º Tesoureiro José G. Mendonça - 1º Secretário Ana Paula Rosa de Simone - 2ª Secretária Edmir Marcolino da Silva - Diretor Lauro da Silva - Diretor
Fabiano Idalgo Valeriano Fátima Dias Pimentel da Silva Ivair Ferreira José Francisco Sales Kleber Galvão de Siqueira Luiz Carlos Martins Marco Antonio Piva Norberto Tiago de Araújo Reynaldo Nunes Sant’ana Rodrigo Santiago Rennó Sebastião Francisco Ribeiro Valdir Martins de Souza
Ivan Trevisan Marco Antonio Pinto Ribeiro Carlos Donizetti Macedo
O NOVO SINDICALISMO
UMA DÉCADA MARCADA POR LUTAS
14 página
Célio Eduardo Silveira Edson Alves Cruz José Donizetti de Almeida
A RESISTÊNCIA CONTRA A FLEXIBILIZAÇÃO
EXPEDIENTE Publicação comemorativa de 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
Tel.: (12) 3946-5333 www.sindmetalsjc.org.br comunicacao@sindmetalsjc.org.br
Rua Maurício Diamante, 65 – Jd. Matarazzo – São José dos Campos/SP Cep 12.209-570
Realização: Departamento de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos
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Conselho Fiscal
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Pesquisa, redação e edição: Ana Cristina Silva (MTB 28.428) Revisão: Ana Cristina Silva, Jocilene Chagas e Rodrigo Correia Projeto gráfico e editoração: Paulo Donizetti (12) 3911-1754 Fotos: Arquivo do Sindicato
Impressão: JAC Editora Tiragem: 5.000 exemplares
“É permitida a reprodução do conteúdo editorial, desde que citada a fonte”
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À FRENTE DA REORGANIZAÇÃO
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A história nas páginas do Jornal do Metalúrgico Acontecimentos do dia-a-dia, vitórias, derrotas e fatos marcantes. Boa parte da história do Sindicato está nas páginas do Jornal do Metalúrgico. Criado logo após a Oposição ganhar a direção do Sindicato, em 1981, o jornal já passou de 700 edições. No início, o jornal não tinha uma periodicidade exata. “Foi uma grande luta garantir a saída regular do jornal e fizemos isso porque este é o instrumento que unifica e conscientiza a categoria”, afirma o ex-presidente do Sindicato Toninho. Hoje, o Jornal do Metalúrgico é o principal veículo de comunicação da entidade com os trabalhadores. É produzido pelo departamento de Comunicação da entidade e publicado semanalmente. Um diferencial do Jornal do Metalúrgico é que ele é entregue nas tica que portas das fábricas pelos diretores do Sindicato, uma prática não é mais comum na maioria das entidades sindicais do país. As mais de 700 edições estão encadernadas e podem ser conferidas na sede do Sindicato. A entrada na Internet
O NASCIMENTO
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a industrialização na cidade e para a chegada das primeiras grandes indústrias e multinacionais. Em 1955, é instalada a maior metalúrgica da época: a Ericsson. Outra grande multinacional, a GM, vem para São José em 1959. “Até então, existiam poucas empresas metalúrgicas. Oficinas mecânicas e serralherias eram maioria”, conta José Domingues da Silva Sobrinho, o primeiro presidente do Sindicato. Especial 50 anos
Nos primeiros tempos, o Sindicato sobrevivia das contribuições dos poucos sócios que eram, em sua maioria, trabalhadores da Ericsson
O nascimento do Sindicato dos Metalúrgicos acontece juntamente com o processo de industrialização do Vale do Paraíba e de São José dos Campos. Até os anos 40, São José ainda era conhecida como estância hidromineral e indicada para o tratamento da tuberculose. É no início dos anos 50 que esta situação começa a mudar. A inauguração da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, e a criação do CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial), em 1953, dão impulso para
gina do Sindicato na internet. Foi mais Em junho de 2001, entrou no ar a página es um marco na política de comunicaçãoo da entidade. Traz as principais informações sobre a categoria e os assuntos de interesse da classe trabalhadora, numa visão classista e de esquerda. O site foi reformulado em 2003 e hoje possui um formato a exemplo dos portais de notícia. A página é atualizada diariamente e possui links como galeria de fotos, charges, especiais como das Reformas Sindical e Trabalhista, entre outros www.sindmetalsjc.org.br.
IMPRENS
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Na
retaguarda
das lutas
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uma forma ou de outra, participaram. “Na greve de 85, por exemplo, ajudamos na arrecadação do fundo de greve para os trabalhadores da GM. Fazíamos o atendimento das famílias dos grevistas. Foi uma luta que mobilizou intensamente toda a entidade”, lembra. A funcionária mais antiga na ativa, Aparecida Palmieri, desde 1977 no Sindicato, vivenciou desde o período assistencialista. “Tinha de tudo. Havia atendimento das 7h às 20h. Mas, hoje nosso atendimento é para garantir a vitória das lutas”, avalia. Em relação ao funcionamento da entidade, Sueli Félix de Paula Costa conhece bem.
As reuniões do Sindicato aconteciam num salão alugado na esquina da rua Francisco Rafael com a Rubião Júnior
É na Ericsson que vai surgir o embrião do Sindicato. Tudo acontece a partir de um problema existente na maioria das fábricas naquela época: a empresa cobrava o uniforme dos trabalhadores. José Domingues, que trabalhava desde meados de 1955 no setor de almoxarifado da empresa, lembra que, apesar da pouca instrução, achava aquela situação injusta. Começou a conversar com seu chefe, João Miguel da Silva, para ver como podiam tentar resolver aquele problema. “Meu irmão, Cecílio Domingues Neto, era presidente do Sindicato dos Ceramistas e fui perguntar a ele o que podíamos fazer”, relembra Domingues. Foi aí que o irmão sugeriu a criação de uma associação, o primeiro passo para se criar um sindicato, de acordo com a legislação vigente na época. Domingues conta que passaram a convidar os trabalhadores. As discussões aconteciam no banheiro da empresa, que ficava em frente ao almoxarifado, e então foi marcada uma assembléia, na sede do Sindicato dos Ceramistas. No dia 14 de março de 1956, cerca de 20 trabalhadores da Ericsson realizaram a assembléia de fundação da Associação Profissional dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Jacareí e Caçapava. João Miguel da Silva foi indicado para ser o presidente, por ser considerado o mais instruído e preparado do grupo. “No dia seguinte, o João foi demitido pela
empresa, que obviamente viu ali uma ameaça. Foi aí que eu percebi a importância daquilo que estávamos criando, pois, se não era bom para a empresa, devia ser bom para o trabalhador”, conta José Domingues. Com a demissão de Silva, José Domingues como sócio número dois assumiu o cargo de presidente da associação. No início tudo era muito difícil. A Associação sobrevivia das contribuições dos poucos sócios, que eram pagas no banheiro da Ericsson. A ajuda do Sindicato dos Ceramistas foi fundamental, desde a disponibilização do local para realização das reuniões até na prestação de assistência jurídica. Em 1958, ainda como associação, José Domingues conta que entrou com uma ação contra a Ericsson para impedir o desconto dos uniformes. Sem estabilidade, foi demitido pela empresa e começou a trabalhar numa serralheria no centro da cidade. Nos primeiros tempos, a Associação dos Metalúrgicos fazia suas assembléias no Sindicato dos Ceramistas, que ficava na rua Vilaça, no centro da cidade. Algum tempo depois foi alugado um salão na esquina da rua Francisco Rafael com a Rubião Júnior. Foi neste local que a Associação recebeu a carta sindical, em 25 de novembro de 1958, transformando-se em Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região.
Funcionária, há 26 anos, ela aponta a informatização, ocorrida no final dos anos 80, como uma mudança significativa. “A partir dali o Sindicato pôde modernizar e aperfeiçoar o trabalho interno e atender muito melhor os metalúrgicos”, avalia. “Para os diretores estarem à frente das lutas nas fábricas, negociações e protestos, há todo um trabalho para garantir isso”, explica a administradora do Sindicato, Marlene Rocha, funcionária desde 1987. “Os trabalhadores do Sindicato são iguais a todos, mas com um diferencial: estamos aqui para defender os direitos da classe trabalhadora”, resume. Especial 50 anos
Na retaguarda de todas as ações feitas pelo Sindicato ao longo dos últimos 50 anos, um grupo de trabalhadores e trabalhadoras deu o suporte necessário para garantir a realização de todas as lutas em defesa dos metalúrgicos. São os funcionários e funcionárias do Sindicato: secretárias, recepcionistas, técnicos do departamento de saúde, departamento financeiro, advogados, jornalistas, motoristas, enfim, trabalhadores que também fazem parte da história da entidade e ajudaram a construí-la. Para Ana Cristina Barbosa, que está no Sindicato desde 1981 e há oito anos é secretária da diretoria, nas greves, campanhas, nos principais momentos, os funcionários, de
Tudo começou na Ericsson
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a 982, Em 1 exigia sa Enge abalhar t s tado do ates “ s tes e dor teceden n e a id o de os - o ao c i t í pol junt cos” partalógi e S (D Ordem DOP e l). to d men ca Socia i Polít
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O PERFIL ASSISTENCIALISTA Na década de 60, os sindicatos funcionavam de acordo com a estrutura herdada do governo Vargas. A política getulista tinha como base o controle do Estado sobre os sindicatos. Sempre apresentadas como uma “doação” do Estado e do próprio Getúlio, as resoluções tomadas desde 1930, seja na legislação sindical ou as concessões trabalhistas como a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), foram no sentido de atrelar os sindicatos e controlar as lutas dos trabalhadores. É neste contexto que a atuação do Sindicato dos Metalúrgicos neste período vai ser caracterizada, principalmente, pelo assistencialismo. Naquela época não existia a atuação do Sindicato nas portas das fábricas. Na concepção de José
Domingues, o trabalhador se associava ao sindicato em troca de uma assistência, um “retorno”. Por isso, começam a ser prestados pelo Sindicato serviços dos mais diversos, como barbearia, manicure, cabeleireira, assistência médica, odontológica e farmácia. O Sindicato chegou a ter 12 dentistas, além de seus auxiliares, com atendimento das 8h às 20h, inclusive aos sábados. Havia médicos ginecologistas, pediatras e de clínica geral. A entidade também participou de desfiles de 7 de Setembro e promoveu até concurso de princesa metalúrgica. A sede própria do Sindicato, na rua Maurício Diamante, foi inaugurada em 1963. Especial 50 anos
Participação do Sindicato nas comemorações do dia 7 de Setembro durante o regime militar
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NA PONTA DE UM LÁPIS As charges publicadas nas páginas do Jornal do Metalúrgico e boletins, de forma irreverente, crítica e bem humorada, guardam um pouco da história das últimas décadas. Por meio da arte do desenho, estão registradas as lutas, campanhas e posições políticas do Sindicato. Já passaram pela entidade artistas como Hércules, Jean Galvão e, hoje, o chargista é Bruno Galvão.
DÉCADA DE 60
A primeira greve ocorre em 63
Primeiro jornal oficial do Sindicato publicado em 1968. Neste período, os materiais não eram regulares
Com a instalaçãoo de outras empresas, como Fi-El, Eaton, Bundy, e já como Sindicato, a entidade começa a ter mais sócios. cios. Também começa a receber o Imposto Sindical. A primeira greve acontece em 1963, na Ericsson. O Sindicato reivindicava a extensãoo de um acordo coletivo assinado pela Federação dos Metalúrgicos de São Paulo para São ão José.. A Ericsson se negou a conceder o reajuste de 80% e isso provocou a mobilização dos trabalhadores. Com a paralisação, o, a empresa aceitou cumprir o acordo e a greve terminou vitoriosa.
Metalúrgicos reunidos em assembléia durante a Campanha Salarial de 1962
O golpe militar e a ditadura
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José dos Campos não sofreu intervenção. A entidade ficou fechada por uns dois dias, segundo lembra o ex-presidente José Domingues. “Naquele dia cheguei ao Sindicato e a polícia estava na porta e não me deixou entrar”, conta. Mas depois o funcionamento foi liberado. Com a ditadura, muitos sindicatos abandonaram a atuação mais combativa, acabando com a participação da base e as discussões políticas. O assistencialismo passou a ser o instrumento dos interventores e dos pelegos para garantir alguma legitimidade perante a categoria. Em São José, a postura assistencialista que já
existia, passa a ser ainda mais intensificada com o medo da perseguição política. Domingues lembra que depois de 64 qualquer reivindicação ou mobilização ficou mais difícil. Qualquer movimento que se fazia no Sindicato, o Ministério do Trabalho já intervinha com intimidações para impedir que se fizesse algo. Por qualquer coisa, se ameaçava com prisão ou cassação do mandato. Neste período quase nenhuma luta mais forte foi realizada. Mobilizações dos trabalhadores chegaram a ser barradas, como lembram alguns metalúrgicos ativos na época. Especial 50 anos
No dia 31 de março de 1964, os militares aplicaram o golpe que destituiu o presidente João Goulart e deu início a 20 anos de uma ditadura militar repressiva e violenta no Brasil. Foi o período em que os trabalhadores enfrentaram a mais intensa repressão política na história do país. As ocupações militares e as intervenções atingiram cerca de 2.000 entidades sindicais. Dirigentes foram presos, cassados e exilados e o regime militar nomeou interventores para dirigir os sindicatos. O Sindicato dos Metalúrgicos de São
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O SURGIMENTO DO NOVO
SINDICALISMO A década de 70 marca o auge da repressão da ditadura militar, mas também a sua decadência e o surgimento do chamado “novo sindicalismo”. A ditadura começa a viver os primeiros sinais da crise econômica. No final de 1973, a dívida externa, contraída pelos governos militares para financiar obras faraônicas, atinge US$ 9,5 bilhões. A inflação chega a 34,5% em 1974 e acentua a corrosão dos salários. A crise internacional do petróleo, desencadeada em 1973, afeta o desenvolvimento industrial e aumenta o desemprego. Em São José, segue a postura assistencialista do Sindicato, ainda sob o comando de José Domingues. Em 1976, é inaugurada a subsede de Jacareí e, em 1978, a de Caçapava.
Em 1974, uma dissidência interna na diretoria levou o Ministério do Trabalho a intervir no Sindicato. O tesoureiro Benedito Domingos foi afastado da entidade por José Domingues e entrou com uma representação no Ministério do Trabalho. Um representante da Federação dos Metalúrgicos foi nomeado e assumiu a direção do Sindicato por 180 dias, convocando novas eleições. Benedito Domingos montou uma chapa para disputar as eleições. José Domingues, entretanto, é reeleito e fica na direção do Sindicato até 1981, permanecendo por 25 anos à frente da entidade.
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A partir da greve de 1979, trabalhadores se reorganizaram e partiram pra luta
A greve geral de 1979 Os assassinatos de presos políticos, como o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manuel Fiel Filho, respectivamente em 1975 e 1976, detonaram uma forte campanha contra a repressão e em defesa da anistia. Em 1976, explodiram as lutas pelas liberdades democráticas, com os estudantes à frente, consolidando as primeiras manifestações contra a ditadura. Sob forte arrocho salarial, os trabalhadores também começam a se reorganizar, principalmente a partir do pólo metalúrgico de São Bernardo do Campo, na região do ABC, com Luiz Inácio da Silva, o Lula, à frente.
Em m a foi c io de 19 8 riad prim o pel 4, eira a vez u Fund m o dura de Grev e nte u mob iliz ma dos trab ação a da T lhadore s orin .
Uma greve na Scania, no dia 12 de maio de 1978, vai marcar a entrada dos operários neste novo cenário. Foi uma greve pequena, mas significativa, que foi seguida por outras empresas. Mas é em abril de 1979, durante a campanha salarial, que vai acontecer o primeiro movimento de massas da classe trabalhadora depois do golpe de 64. Iniciada pelos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, em poucos dias, a greve geral da categoria alastrou-se para São José dos Campos, Campinas, Jundiaí e todos os grandes centros industriais.
organizou uma grande manifestação contra as reformas, em Brasília, que reuniu cerca de 20 mil pessoas. O Sindicato enviou uma caravana de 20 ônibus para o ato e teve participação destacada. De lá para cá, esta Coordenação Nacional tem impulsionado as lutas em defesa dos trabalhadores. Está à frente das lutas contra as reformas Sindical e Trabalhista, nas greves das catego-
rias, nas marchas a Brasília, em encontros estaduais e regionais dos trabalhadores. “Fomos um dos primeiros sindicatos a romper com a CUT e temos sido uma referência dentro deste novo processo de reorganização do movimento”, avalia Mancha. “Depois de nossa desfiliação, vários sindicatos na região e em todo o país já se desfiliaram da central governista ou estão em processo de ruptura, se somando à organização da CONLUTAS e de uma nova alternativa para a direção das lutas dos trabalhado-
res”, explica. A ruptura com a CUT já é um processo objetivo no movimento em todo o país e abre um novo período. O Sindicato dos Metalúrgicos continua cumprindo um papel de vanguarda da classe operária brasileira. Do Sindicato que foi um pólo extremamente organizado na década das grandes lutas em 80; passando a ser um pólo de resistência contra as políticas de conciliação e flexibilização adotadas pela CUT em 90; na nova década, a entidade dá início a uma nova trajetória de vanguarda na reorganização do movimento. O Sindicato dos Metalúrgicos seguirá firme na defesa dos trabalhadores, na construção de uma nova organização nacional, combativa e democrática, e rumo a uma sociedade justa e igualitária: uma sociedade socialista. Especial 50 anos
Intervenção no Sindicato em 74
Foto maior, ato contra reformas em Brasília - novembro de 2004. Acima, manifestação da CONLUTAS, em junho de 2004. Ao lado, protesto contra a corrupção no governo Lula, Brasília, 17/8/05
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Surge a Oposição Metalúrgica em São José
Fotos: Manuel Pereira
assembléias do Sindicato dos Têxteis. Ernesto Gradella, que veio para São José em 78 e tornou-se metalúrgico da Fi-El, integrava a corrente política Convergência Socialista e já atuava para a criação da Oposição Metalúrgica em São José. Gradella lembra que, às vésperas da decisão da greve, um grupo veio ao Sindicato pedir que
03, e 20 d o gost rga Em a dicato o iro o Sin o prime a niza sto contr , e gião prot a re sita n a vi Lul á nte a dura esidente nr a p r do Voto do n resa emp enuncia o d d , es tin taqu os a erno. gov
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Especial 50 anos
À frente da reorganização do movimento sindical Com as mudanças ocorridas com a eleição de Lula, a chegada do PT no governo e a continuidade da aplicação do projeto neoliberal herdado de FHC, o movimento dos trabalhadores passa atualmente por um profundo processo de reorganização. A degeneração da CUT e seu abandono em dirigir as lutas em defesa das reivindicações dos trabalhadores fizeram surgir a CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas. A CONLUTAS foi criada nos dias 13 e 14 de
março de 2004 por mais de 1.800 sindicalistas, que se reuniram em Luziânia (GO), para construir a luta contra as reformas Sindical e Trabalhista do governo Lula. Estas reformas ameaçam direitos históricos como o 13º, as férias, o FGTS, a licença-maternidade, entre outros. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos é um dos impulsionadores desta nova organização e participa ativamente de sua construção desde o início. No dia 16 de junho de 2004, a CONLUTAS
Panfleto da Chapa 3, que venceu as eleições em 1981, sobre a greve de 79
o presidente soltasse um panfleto chamando a greve. “Ele fez a impressão do panfleto, mas já não colocou o timbre do Sindicato. Entregamos o boletim nos pontos de ônibus e os trabalhadores levaram para a fábrica”, conta. No dia 12 de março, o ABC votou o início da greve. No dia seguinte, numa terça-feira, foi realizada a assembléia em São José. “Estava lotado de gente dentro e fora do local”, relembra Gradella. “O Zé Domingues tentou manobrar, para ver se fechava o acordo negociado na Fiesp pela Federação. Mas um companheiro, o Tambaú, subiu lá e disse que não tinha nada de votação em urna, que era greve e quem fosse a favor que levantasse o braço. Foi unânime”, conta. Cerca de 2 mil trabalhadores decretaram a greve geral. José Luiz Gonçalves, que trabalhava na GM e também já discutia a criação da Oposição, lembra que José Domingues abandonou a assembléia e fechou o Sindicato. “Foi eleito um Comando de Greve, que iria dirigir o movimento até o final”, relembra. A paralisação começou a ser feita pelos próprios trabalhadores, que saiam de uma empresa para fazer piquete em outra. Não tinha boletim, carro de som, nada. Foi uma greve quase que espontânea. Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, também trabalhava na GM na época e militava no movimento que viria a ser a Oposição Metalúrgica. Ele recorda que a repressão foi muito forte. “A Polícia nos abordava quando saíamos do Sindicato dos Têxteis e nos prendia”. Segundo Toninho, a greve durou de terçafeira a domingo, mas o saldo mais importante foi a consolidação da Oposição Metalúrgica. Aliás, este também foi o resultado em outras regiões. Organizados em oposições sindicais, pouco a pouco, os trabalhadores foram tirando a velha direção dos sindicatos. Aquelas direções foram praticamente atropeladas pelas greves daquele período. Para aqueles ativistas, estava clara a necessidade de construir uma nova direção, combativa e democrática. Este processo acontece em 1981 no Sindicato dos Metalúrgicos de São José. É também fruto deste processo que ocorre o nascimento do PT, em 1980, e a criação da CUT, em 1983. Especial 50 anos
Em 1979, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José não tinha salão de assembléia. No local onde hoje é o salão, na parte térrea do prédio, funcionava a farmácia. Na campanha salarial daquele ano, o presidente do Sindicato, José Domingues, convocou as assembléias que começaram a reunir muita gente. Os encontros eram realizados no salão de
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SÉCULO 21 Fotos: Manuel Pereira
1979: É criado o
Dito Bronca
Sindicato deixa a CUT
Em 1999 março d , e gara o Sindic ato nte a de u trav ma és na J limina r u st não -des iça o cont Imp o osto Sind do dos ic meta lúrg al de S i co ão J osé. s
Atos pela Anistia espalharam-se pelo país na segunda metade da década de 70 e foi neste clima que nasceu o Dito Bronca
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Abaixo à esq., assembléia na GM sobre a campanha salarial de emergência. À dir., protesto em São Paulo contra a corrupção no governo Lula
Em 2004, ocorre um fato que, sem dúvida, é um divisor de águas na história do Sindicato: no dia 19 de agosto de 2004, os metalúrgicos de São José decidiram se desfiliar da CUT, que ajudaram a fundar na década de 80. A central que foi responsável por grandes mobilizações nos primeiros anos de existência, com a eleição do governo Lula, mais do que não defender e impulsionar as lutas em defesa dos trabalhadores, transformou-se numa central governista, “chapa branca”. Apoiou todos os ataques do governo e as reformas que ameaçam os direitos dos trabalhadores, como as reformas Sindical e Trabalhista. “Ao perceber que permanecer nesta Central seria condenar o movimento dos trabalhadores à paralisia e à perda de direitos, o Sindicato, com apoio dos metalúrgicos, tomou esta decisão corajosa e histórica”, avalia o presidente do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha. Alguns chegaram a dizer que o Sindicato se enfraqueceria com tal decisão, mas a situação foi completamente oposta: na Campanha Salarial imediatamente posterior à desfiliação, os metalúrgicos obtiveram o melhor índice de reajuste dos últimos 10 anos: 10% (sendo 4% de aumento real). A categoria também continua mantendo direitos duramente atacados pelos patrões, e já perdidos em outras regiões, como a estabilidade ao portador de doença ocupacional. Especial 50 anos
Na segunda metade da década de 70, tomou força o movimento pela anistia aos presos políticos, banidos e cassados em seus direitos durante a ditadura. Ocorreram atos em todo o país com a participação de milhares de pessoas. Em São José, também foram realizadas manifestações, e é em uma delas, na praça Afonso Pena, que nasce o personagem mais simbólico do Sindicato dos Metalúrgicos: o Dito Bronca. Ativistas da Oposição Metalúrgica, já em formação, participavam do ato que contou com a presença de vários políticos e personalidades, entre eles o cartunista Henfil. Ernesto Gradella lembra que eles esperavam o início do ato e aí tiveram a idéia de pedir ao Henfil para desenhar algo que representasse a indignação dos trabalhadores com os patrões e com as injustiças que acontecem dentro da fábrica. “Ele desenhou o Dito em segundos”, recorda. O nome “Dito Bronca” foi sugerido por Edson Cavalcanti, outro militante que participava da manifestação. A partir de então, o personagem passou a ser utilizado nos boletins da Oposição Metalúrgica e, com a vitória em 1981, nos jornais do Sindicato. O Dito passou a ser reconhecido pelos trabalhadores como a voz da categoria contra a opressão e a exploração dos patrões. Hoje, tem a coluna mais lida do Jornal do Metalúrgico e ilustra as camisetas, bonés, cartazes e diversos materiais da entidade.
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SINDICATO PASSA A TER PERFIL DE LUTA
A eleição de Lula
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HC ita F le m e D e “ s que ê”, e t n a oc ita v e m e d nd sloga nha a p cam ra o n o c t rego mp dese rmas o e ref erno ov do g ndo a n Fer e, em q i r u n e H . 1998
Em assembléia histórica, metalúrgicos votaram desfiliação da CUT
José Luiz Gonçalves, presidente do Sindicato, eleito em 1984, fala em ato realizado durante greve geral em dezembro de 1986
Desde a greve de 79, a Oposição começa a se fortalecer na categoria e passa a distribuir boletins. As reuniões do grupo aconteciam em vários locais, entre eles uma escola na rua Sete de Setembro e no pátio da igreja São Benedito, no Alto da Ponte. Em 1981, é realizada a eleição para a nova diretoria do Sindicato, com quatro chapas na disputa. Apesar dos objetivos comuns, de mudar a atuação do Sindicato para torná-lo combativo e democrático, a Oposição entra dividida na disputa, em dois grupos. A Chapa 3 é encabeçada por Ari Russo, do MDB, com integrantes do PT, como José Luiz Gonçalves. A Chapa 4 é formada por integrantes da Convergência Socialista, como Toninho, Tambaú, Gilmar Trinca e outros, liderados por Ernesto Gradella.
A Chapa 1 tinha à frente o presidente José Domingues e a Chapa 2 reunia membros ligados à chefia da GM. No primeiro turno, nenhuma das chapas conseguiu a maioria (50% mais um do total de votos). A Chapa 3 ficou em primeiro lugar, seguida pela Chapa 4, com uma diferença de cerca de 200 votos. Em terceiro lugar ficou a Chapa 1 e em quarto, a Chapa 2. “No segundo turno, nós retiramos a candidatura da Chapa 4 para apoiar a Chapa 3, com o objetivo de garantir a vitória da Oposição e retomar o Sindicato novamente para os trabalhadores”, relata Gradella. Foi assim que a vitória da Oposição foi garantida e Ari Russo tornou-se o segundo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, dando início a uma nova fase na história da entidade, com uma atuação mais combativa. Especial 50 anos
No ano de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil, com a maior votação da história do país. Ele foi eleito com grande expectativa dos brasileiros, especialmente dos trabalhadores e dos movimentos sociais, que sempre foram sua base política. O Sindicato defendeu no segundo turno o voto em Lula, mas com críticas. Desde o início, a avaliação foi de que sem romper com a política neoliberal do FMI e suspender o pagamento da Dívida Externa, Lula não iria governar para os trabalhadores. O Sindicato, com base nas decisões do Conselho de Representantes, defendeu um programa anticapitalista, que rompesse com o FMI e com as negociações da Alca e não pagasse a Dívida Externa. Já no início do governo, o Sindicato enfrentou a política neoliberal que estava sendo implementada por Lula, a exemplo de FHC. Em março de 2003, a inflação já acumulava 10,39%, desde a última data-base, em novembro passado. O Sindicato deu então início à Campanha Salarial de Emergência. Os trabalhadores da GM realizaram uma forte greve de seis dias que deu o impulso à campanha vitoriosa. Esta luta, porém, serviu para desmascarar a posição do governo Lula e da CUT. O governo ameaçou intervir caso fosse concedido algum gatilho salarial aos trabalhadores da GM e a CUT se colocou contra a greve.
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Em janeiro de 1992 é o adquirido ra a p l ve ó im da a criação as d e Subsed s ra ca á Ch s. a id n u e R
ira Pe re nu el
lúrgico, a Biblioteca, a Escola do Trabalhador e realizadas atividades de formação e cultura, como peças teatrais. Tem início também a construção da Colônia de Férias do Sindicato, em Caraguatatuba. O Sindicato também atuou efetivamente na construção da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Ma
ção ou vitória das oposições combativas nestas entidades”, relembra. “Na Campanha Salarial de 81 rompemos com a federação pelega dos metalúrgicos do estado de São Paulo e formamos o Grupo dos Independentes, junto com o ABC e outros três sindicatos”, conta Ari. Nessa gestão foi criado o Jornal do Meta-
s:
Com a saída de José Domingues, que ficou por 25 anos à frente da entidade, o Sindicato começa a passar por uma transformação. A entidade passa a ter uma atuação mais combativa com a posse da nova diretoria, liderada por Ari Russo. Organiza greves e começa a romper com a postura assistencialista, para investir na luta e num processo de sindicalização para fortalecer o Sindicato. É criado o salão de assembléias na sede. “Nosso objetivo era abrir o Sindicato para a categoria, torná-lo combativo e garantir a participação democrática dos metalúrgicos nas decisões da entidade”, afirma o ex-presidente Ari Russo. José Luiz Gonçalves, secretáriogeral nesta gestão, lembra que o Sindicato, a partir desta época, passou a apoiar a organização do movimento sindical na região e ser uma referência para outros sindicatos e oposições sindicais. “Ajudamos na construção do sindicato dos petroleiros, dos químicos, condutores, engenheiros, enfim, tivemos uma atuação voltada para a funda-
Fo to
Mudanças no Sindicato
(1) - greve na Panasonic em 2000; (2)- manifestação contra a Alca em 2002; (3) - campanha salarial nota 10 em 2000; (4) - assembléia sobre o FGTS em 2000; (5) - ato contra guerra no Iraque em 2003
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No dia 26 de novembro de 1988 é inaugurado o prédio da rua Francisco Paes, que havia sido comprado no ano anterior
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João Roberto Faria é sócio há 39 anos
Sócio do Sindicato há 39 anos, o metalúrgico aposentado João Roberto de Faria presenciou alguns dos principais fatos da história da entidade. Ele entrou na Ericsson em 1966, ainda na gestão do primeiro presidente José Domingues. “Era uma época diferente de hoje, se fazia bailes, não se falava em greve”, lembra. Em 1972, começou a trabalhar na Embraer onde ficaria por 12 anos. “Par
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Especial 50 anos
ticipei da construção do primeiro Bandeirante produzido depois do protótipo”, recorda. Na greve de 79, que mudaria os rumos do Sindicato, João também participou. “Teve muita repressão, porretes. Naquela época, me chamaram para uma reunião da Oposição. Não sabia de nada, mas comecei a me interessar por aquelas idéias de defesa dos trabalhadores e socialismo”. Na famosa greve de 84, João tam-
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bém participou ativamente e foi um dos demitidos. Em 1998, ganhou o processo trabalhista contra a Embraer. “Foi uma luta de vários anos e enfim garantimos nosso direito”. Hoje, João Roberto é escritor. Já publicou dois livros: Visto de Fora e Células, e está preparando um ensaio para 2006. É também diretor da ADMAP – Associação Democrática dos Metalúrgicos Aposentados e Pensionistas. Especial 50 anos
ENTREVISTA
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Sindicato torna-se referência de sindicalismo classista e combativo
Por emprego, salário e direitos Nestes anos, os metalúrgicos de São José e região se destacaram como vanguarda na luta em defesa dos direitos e por melhores condições de vida. As mobilizações da categoria passaram a ser referência em todo o país. Em 2000, quando a nova diretoria tomou posse, o governo FHC estava em seu segundo mandato e a sua política neoliberal já havia entrado em crise desde 1999, com a desvalorização do Real. O desemprego penalizava milhões de trabalhadores, as privatizações tinham sucateado serviços importantes como de energia, que levariam ao Apagão (2001) e os direitos trabalhistas eram alvo da flexibilização. Assim, as lutas em defesa do emprego, dos salários e direitos, pela redução da jornada e contra o projeto neoliberal foram os principais eixos da política do Sindicato neste período.
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Especial 50 anos
Em 2000, foi conquistada a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário na GM de 44h para 40h. De imediato, foram criados 500 empregos na fábrica. A partir daí é iniciada uma campanha pela redução da jornada em toda a categoria, que se estende até hoje e já conseguiu esta vitória em várias empresas. Na defesa do emprego, também foi realizada a luta contra a guerra fiscal e a transferência de empresas. A Campanha Salarial nota 10, realizada em 2000, foi marcada por uma forte mobilização, a maior até então desde o Plano Real. Várias empresas pararam 24h ou por tempo indeterminado e conquistou-se 10% de reajuste. O internacionalismo foi intensificado. Em agosto de 2000, o Sindicato participa da criação da Rede de Solidariedade Ativa, que contou com a presença de sindicalistas de 12 países. O objetivo era trocar experiências, buscar alternativas e incentivar a solidariedade internacional dos trabalhadores. Também neste sentido, o Sindicato esteve presente em várias mobilizações internacionais antiglobalização, como em Buenos Aires e Quebéc (2001) e Washington (2003). A entidade esteve na linha de frente do Plebiscito sobre a Dívida Externa e na luta contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Foi intensificado a inserção junto aos movimentos sociais e participação nos principais debates ocorridos no âmbito municipal e regional.
Foi assim na luta contra a catraca eletrônica e a ameaça de demissões de trabalhadores; contra o aumento auto-concedido pelos vereadores aos seus salários; pela distribuição da pílula do dia seguinte; em defesa do passe-livre para estudantes e desempregados; no apoio aos sem-terra e sem-teto, como a ocupação urbana do Pinheirinho, ocorrida em 2004.
Integrantes da Chapa 1 que venceu a eleição de 1987
A construção do PT e da CUT Fruto do processo de greves do final da década de 70, houve uma renovação nas direções sindicais. A partir daí ocorre uma reorganização política dos trabalhadores e é criado o PT (Partido dos Trabalhadores). Na região, isso se deu com a participação dos vários militantes da Oposição, como Zé Luiz, Toninho, Gradella e outros. “Fazíamos filiações de porta em porta”, relembra Toninho. Nessa nova situação começou-se também a discutir a construção de uma central sindical nacional que representasse trabalhadores da cidade e do campo.
Nos dias 21 a 23 de agosto de 1981 foi realizada a 1ª Conferência das Classes Trabalhadoras (Conclat), em Praia Grande (SP). Ali, com a presença de 5.030 delegados, foi criada a Comissão Pró-CUT. A Pró-CUT organizou as lutas e vários encontros e congressos de preparação – Enclats e Ceclats – até a fundação da Central Única dos Trabalhadores, em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo. O Sindicato participou de todo este processo, enviando delegados aos encontros e sendo co-fundador da central. Ari Russo participou da primeira direção nacional da CUT.
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Mobilização em Jacareí durante Greve Geral chamada pela CUT em agosto de 1987
Em 1984, são realizadas novas eleições no Sindicato. A diretoria se divide em duas chapas, em razão de divergências entre o PMDB e parte do PT. José Luiz Gonçalves rompe com a diretoria e monta uma chapa de oposição, com integrantes da corrente petista Convergência Socialista. Uma terceira chapa, ligada aos antigos pelegos e à chefia das fábricas, concorre, mas tem uma votação muito pequena. A Chapa 2 –de oposição–, com José Luiz como presidente, sai vitoriosa da disputa com grande respaldo na categoria. Era um momento de grandes mobilizações dos trabalhadores. Esta diretoria toma posse na porta da GM, que estava em greve pela campanha salarial. “Estava tudo pronto no Sindicato para a festa da posse, mas quando chegamos, depois de passar o dia todo na porta da fábrica, os convidados já tinham ido embora”, conta com humor Toninho, que tornou-se secretário-geral nesta gestão. A entidade passa por várias modificações no sentido de direcionar a atuação do Sindicato definitivamente para a luta e acabar com o assistencialismo. “Foi um momento de mudança radical. Alguns trabalhadores chegaram a se desfiliar, mas na medida que uns saiam, muitos entravam para ter um Sindicato que defendesse seus direitos”, fala Zé Luiz. Em 1987, novas eleições foram realizadas. A diretoria decide montar uma chapa única da CUT e é reeleita. Especial 50 anos
O ano 2000 para o Sindicato teve início com novas eleições sindicais, no mês de fevereiro. Foram as primeiras depois do rompimento ocorrido em 97. Mais uma vez, os metalúrgicos optaram por um sindicato combativo, que não aceita redução de direitos e não faz parceria com empresários. Nas eleições venceu a chapa encabeçada por Luiz Carlos Prates, o Mancha, derrotando a Articulação Sindical, encabeçada por Edmilson Rogério, o Toquinho. A Chapa 1 obteve 6.773 votos contra 3.439 da Chapa 2. Em 2003, aconteceram novas eleições que definiram a atual diretoria do Sindicato. Com mais de 60% dos votos, a Chapa 1, novamente encabeçada por Mancha, foi eleita.
1984 e 1987: novas eleições sindicais
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DÉCADA DE 90 Fotos: Manuel Pereira
98, e 19 d o h e ul itud Em j a at dade m u n rie lida l, os de so aciona da n s r inte lhadore -se a b a s a u m tr s rec s extras p i l i Ph ora reve zer h a fa ante a g ores d dur alha trab lips de s o d ão hi da P , para n dos a elon luta Barc uecer a os. eir aq enfr mpanh co
Uma década marcada por grandes lutas A década de 80 foi marcada por uma das maiores ondas de greves na história do país. As lutas por melhores salários espalharam-se por todos os estados e envolveram várias categorias. Em 1982, em meio à ditadura, acontece pela primeira vez uma greve em uma empresa estatal e militar: a Embraer. Toninho, que era cipeiro na empresa, recorda: “A greve durou cerca de uma semana. Teve passeata dentro da fábrica todos os dias, mostrando a força da mobilização e a solidariedade dos trabalhadores”.
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Especial 50 anos
Nesse mesmo ano, houve greve na Ericsson, na Schrader e em outras pequenas empresas. Em 21 de julho de 1983, a Comissão Nacional Pró-CUT organizou uma greve geral contra o arrocho salarial. A paralisação ocorreu em vários estados, em categorias como metalúrgicos, comerciários e bancários. Em São José, o Sindicato também convocou a paralisação e teve importante atuação. Na luta pelas Diretas (83-84), tida como a
maior mobilização de massas do país, o Sindicato teve participação atuante. “Na luta pelas Diretas, participamos desde o início das manifestações”, conta José Luiz Gonçalves. “No dia da votação da Emenda Dante de Oliveira, que restabelecia a eleição direta para presidente, mas foi derrotada, colocamos um telão na Praça Afonso Pena, para que a população e os trabalhadores acompanhassem a contagem dos votos”.
Rompimento com a FEM-CUT Em 98, nos congressos da FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT) e da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), a flexibilização de salário, jornada e direitos é a principal discussão que ocorreu. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José defendeu um sindicalismo classista, contra a redução de direitos e o banco de horas. Na campanha salarial daquele ano, no iní-
ENTREVISTA
cio das negociações, os metalúrgicos de São José participaram da bancada da FEM, que negociava junto à Fiesp. Mas, no decorrer da campanha, o Sindicato acaba rompendo e não assina o acordo feito pela FEM, que retirou direitos e aceitou o banco de horas. Juntamente com os sindicatos de Campinas e Limeira, o Sindicato começa a fazer acordo por fábrica. Em 99, os três sindicatos formam um bloco
de negociação que irá conduzir, em separado da FEM-CUT, as negociações das campanhas salariais a partir de então. Essa decisão vai garantir a realização de acordos superiores nas campanhas salariais seguintes, sem que se abra mão de direitos, como da jornada fixa, a estabilidade ao trabalhador acidentado e portador de doença ocupacional e o adicional noturno de 50% no setor de eletroeletrônico.
A mulher metalúrgica
Em algumas fábricas da base, elas chegam a ser a maioria da força de trabalho e representam uma parcela significativa da nossa categoria. São as mulheres metalúrgicas. Ângela Maria Lobo, 39 anos, é um exemplo desta realidade. Ela trabalha há 14 anos na GM, mas já passou por outras empresas como a antiga National e a indústria química Kodak. Sua função é verificadora de autos, uma das etapas finais de inspeção dos carros da GM. No seu setor trabalham mais duas mu-
lheres e o restante são rapazes, conta. “Quando entrei, era um número pequeno de mulheres na fábrica. Mas ao longo dos anos, isso mudou e tem crescido o número de trabalhadoras na produção”, observa. Ângela trabalha desde os 15 anos e como a maioria das trabalhadoras, cumpre tripla jornada: o trabalho fora de casa, o doméstico e a criação do filho. E não é uma jornada fácil. Na GM, ela trabalha das 5h50 às 14h50 e para isso acorda por volta das 4h30 todo dia. “E
quando a gente chega em casa tem que encarar o serviço”. Contudo, filha de mãe pernambucana, ela não esmorece: diz que não consegue ficar parada e já acostumou com o ritmo, mas nos finais de semana não abre mão de dar uma boa descansada. Ângela sempre foi sócia do Sindicato. Conta que se sindicalizou porque acha natural, já que o Sindicato serve para defender o trabalhador. “O Sindicato é o trabalhador. Afinal, quem decide somos nós. Sozinha, a entidade não faz nada”, avalia. Especial 50 anos
Assembléia da campanha salarial de 1985, um ano de grandes mobilizações
Marcha dos Cem Mil, realizada em Brasília, no dia 26 de agosto de 1999
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1997: antecipação das eleições e esquerda da CUT volta à direção
Abril de 1984
O ano de 97 começa com a discussão para a realização de um plebiscito em torno da forma de direção do Sindicato: colegiado ou presidencialismo. Mas um fato triste também ocorre. Ao perder a maioria na diretoria, após o rompimento de uma diretora, a Articulação decide obter o controle do Sindicato a qualquer custo. Para isso, coloca jagunços dentro da entidade, impedindo a entrada dos diretores de outras correntes. O episódio teve repercussão nacional e causou indignação nos trabalhadores. Aquela diretoria não tinha mais condições de se manter unificada. Por isso, a categoria decidiu pela volta do sistema presidencialista e pela realização de eleições antecipadas. Nas eleições, a Chapa 2 obteve 6.519 votos contra 5.663 votos da Chapa 1. Com esse resultado, os metalúrgicos deram Após crise, Sindicato retoma lutas e vitória à esquerda da CUT e garante conquistas, como no processo Toninho voltou a ser o presitrabalhista de 90 da Embraer dente do Sindicato.
GM – a primeira ocupação Na campanha salarial de 84, em abril, uma forte greve sacudiu a General Motors. Os trabalhadores pararam e ocuparam a empresa por reajuste salarial durante quase uma semana. Pediam 83,3% de aumento. A greve foi julgada ilegal, mas o pessoal não voltou ao trabalho. As famílias iam à porta da empresa levar roupas limpas e cobertor para os companheiros (as). Houve conquista de aumento, mas o principal resultado da mobilização foi a criação da Comissão de Fábrica e o fortalecimento da organização no local de trabalho, fatores que seriam fundamentais para a histórica greve de ocupação que se realizaria um ano depois.
EMBRAER – Exército invade a empresa
Depois deste período conturbado, o Sindicato retoma as lutas por direitos e obtém conquistas. Nesta gestão, problemas financeiros e administrativos, causados pela diretoria anterior, foram sanados. Processos judiciais, que estavam parados, voltaram a ser movimentados na Justiça, o que garantiu importantes vitórias aos trabalhadores envolvidos. Em 97, próximo do encerramento do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, os trabalhadores sofriam os ataques neoliberais do governo e já enfrentavam a maior flexibilização trabalhista da história. Afinal, Collor havia iniciado, mas foi FHC
Ato contra a reforma da Previdência, em agosto de 1998
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que implementou o projeto neoliberal no Brasil. A atuação do Sindicato neste período ficou marcada pelas mobilizações e lutas contra o fim da aposentadoria, contra a flexibilização dos direitos, como o contrato temporário de trabalho, a redução de salários e o banco de horas. O Sindicato fez intensa campanha contra a Reforma da Previdência de FHC. Realizou vários protestos e participou de manifestações em Brasília, até a aprovação deste ataque em 1998. Em março de 98, os trabalhadores da GM realizaram uma passeata e paralisaram a Via Dutra contra a votação em 1º turno desta reforma. A luta contra o Banco de Horas teve destaque. Enquanto o sindicato do ABC negociou o acordo de banco de horas, flexibilizando a jornada dos trabalhadores, em São José, o Sindicato liderou uma verdadeira batalha contra este ataque. Assembléias históricas na GM e em outras fábricas da base repudiaram esta redução de direito. A forte mobilização e disposição de luta dos trabalhadores possibilitaram que este mecanismo nefasto não fosse implantado na categoria. Os protestos contra o governo FHC também foram vários e com a crise do Plano Real, o Sindicato foi um dos impulsionadores da campanha Fora FHC e o FMI.
Matéria no jornal ValeParaibano de 5 de abril de 1984
Em agosto, uma greve de ocupação na Embraer também marcou a história dos metalúrgicos de São José. O motivo foi a reivindicação por equiparação salarial. A greve durou três dias e o exército invadiu a fábrica para forçar a saída dos grevistas. A empresa demitiu 134 trabalhadores por justa causa e fez intensa perseguição a diretores do Sindicato, demitindo dois: João Pedro Pires e Francisco Assis de Souza. Os demitidos fizeram várias manifestações na cidade, passeatas e ameaçaram até acampar em frente à fábrica. Em 1989, após a promulgação da Constituição de 88, que garantiu o direito de greve, o Sindicato entrou com um processo
ENTREVISTA
na Justiça em defesa destes trabalhadores, que foi vitorioso quase dez anos depois.
NATIONAL – violenta repressão A fábrica (atual Panasonic) enfrentou 12 dias de greve por aumento salarial. Durante a mobilização, a empresa promoveu uma violenta repressão dos trabalhadores e demitiu dois diretores do Sindicato: Amélia Naomi Omura e Edir Francisco Soares.
Abril de 1985
EMBRAER – presidente é covardemente espancado Naquele ano, a campanha salarial de abril começou com a deflagração de greve em várias empresas: GM, Philips, Inbrac, Bundy, Sade, entre outras. Um fato no início da campanha marca a radicalização da Embraer. O presidente do Sindicato, José Luiz Gonçalves, estava distribuindo um panfleto em frente à empresa e foi violentamente espancado por guardas da segurança, ficando inconsciente. Zé Luiz foi internado na Santa Casa de São José e as imagens da violência tiveram repercussão internacional.
Metalúrgico faz parte da 1ª Comissão de Fábrica da Sade
Casado, pai de dois filhos, o metalúrgico Getúlio Sabino de Souza chegou em São José em 1976, vindo de Minas Gerais. Ele trabalha na Sadefem, em Jacareí, há 24 anos. Operador de máquina, o dia-a-dia de Getúlio é um trabalho pesado, sob condições de muito calor e ruído.
Ele conta que sempre foi sócio do Sindicato. “Acredito que é a única entidade que atua para defender o trabalhador”, disse. Hoje, na sua opinião, as condições do trabalhador ainda são difíceis, mas melhorou com a atuação da CIPA, Comissão de Fábrica e do Sindicato.
Ele conta que a Sade sempre foi uma fábrica organizada e lembra de grandes mobilizações dos trabalhadores da empresa. Getúlio já foi eleito cipeiro mais de uma vez e hoje faz parte da Comissão de Fábrica da Sade, que foi criada em 2002. Especial 50 anos
A retomada das lutas e a resistência contra a flexibilização
As greves que entraram para a história
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OCUPAÇÃO DA GM
A crise política
A mobilização que iria marcar para sempre a história dos metalúrgicos de São José seria a greve iniciada pelos trabalhadores da GM na campanha salarial de 85. Foram 28 dias de greve, sendo 17 de ocupação. O principal item da pauta da categoria naquele ano, além do reajuste salarial, foi a redução da jornada para 40 horas semanais. Naquela época, a jornada era de 48 horas, extensa e cansativa. No dia 11 de abril, os trabalhadores da GM deflagraram greve, juntamente com outras empresas. “Os primeiros dias foram tranqüilos. Fizemos, juntamente com trabalhadores da Bundy, uma passeata até a Praça Afonso Pena, que reuniu cerca de 10 mil trabalhadores. Ficávamos dentro da fábrica, mas era com revezamento, praticamente cumprindo o horário de trabalho”, lembra o atual diretor do Sindicato Ivan Trevisan, que era trabalhador da GM na época. No dia 21 de abril morre Tancredo Neves e uma comoção toma conta do país. “Ao som da música do Milton Nascimento a comoção era total. Os metalúrgicos de São Bernardo decidem suspender a greve e nós decidimos continuar”, relata Toninho, que era diretor do Sindicato naquela gestão. A radicalização ocorre na GM, quando a empresa, no dia 25 de abril, divulga uma lista com 93 demissões por justa causa, sendo todos da Comissão de Fábrica, cipeiros, diretores do Sindicato e ativistas. “A radicalização da empresa é que vai levar a um endurecimento por parte dos trabalhadores. A resposta foi imediata e decidiu-se ocupar, de fato, a fábrica. Ninguém mais saía”, conta Trevisan. Essa versão também é contada pelo presidente do Sindicato na época, José Luiz Gonçalves: “a ocupação foi uma reação a esta lista de demissões da empresa, que foi divulgada antes mesmo do julgamento da greve”. A partir daí, foram três dias de ocupação total que culminaram na ameaça de desocupação pela tropa de choque da Polícia Militar. “Os trabalhadores passam a controlar tudo, a portaria, segurança, todo o sistema de comunicação dentro da fábrica. Era vigilância 24 horas. To
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das as decisões eram votadas em assembléias”, conta Trevisan. Um dos principais dirigentes da greve foi o diretor do Sindicato e trabalhador da GM, Rubens dos Santos Gaspar. “Diante de sua liderança à frente da mobilização ele foi chamado pela imprensa de o Lula do Vale”, recorda Ivan. Com a iminência da desocupação e centenas de policiais na porta da empresa, os trabalhadores começaram a se organizar. “Para se defender, começa-se a pegar barras de direção, colocar empilhadeiras e caminhões em frente aos portões, a cuidar dos postos de gasolina, enfim, preparar a resistência”, conta Toninho. “No início, as famílias levavam comida e agasalho. Próximo a GM ficavam centenas de pessoas. Todo mundo no alambrado da empresa. No sábado, com a chegada da polícia, as pessoas ficaram observando tudo de longe”, disse. Foram horas tensas de negociação. “Nossa atuação foi para buscar uma saída negociada diante da ameaça de desocupação e impedir a invasão da tropa de choque”, relembra o ex-presidente do Sindicato Zé Luiz. A responsabilidade pela radicalização recaiu sobre os trabalhadores, mas diversos relatos revelam o contrário.
Não faltou ae irreverênci os n r o bom hum ias d s o ir prime os da greve : res o trabalhad V T a criaram va ra B Vaca m” o e “filmava da dia-a-dia o. çã a mobiliz
Valter Pereira - 03/97
Ao lado, assembléia que definiu a antecipação das eleições. Sindicato com jagunços e polícia durante o período de crise
“A GM não ajudou em nenhum momento no processo de negociação”, afirma Zé Luiz. “A empresa não queria acordo nenhum, que acabou sendo feito apenas entre o Sindicato, a Polícia, o governo do Estado e o Ministério do Trabalho”. A intransigência da empresa ficou marcada na célebre frase do diretor de Relações Industriais da GM na época, Herbert Brenner, que disse para oficiais da polícia que não importava se a fábrica fosse destruída, mas que era para invadir. “Se não morrer hoje, vai morrer amanhã mesmo”, disse referindo-se aos trabalhadores. Os metalúrgicos da GM foram acusados de fazer reféns, no “chiqueirinho”, e organizar uma milícia operária, a Milícia Polo GM. Mas para várias pessoas que viveram aqueles episódios muita coisa foi criada pela empresa e pela imprensa. O termo “milícia Polo GM” foi criado pela imprensa e passou a ser utilizado nas matérias que falavam sobre a greve. Mas a realidade não era tão beligerante assim. “Sempre contestamos essa denominação pejorativa. O que existiu foram comandos de
Na fo rt que a e seca tingiu o Norde 1998, ste em o Josias diretor M ao No elo foi rdest levar alime e ntos er arrec oupas ada Sindi dos pelo cat categ o na oria.
Especial 50 anos
um marco na história do movimento operário
A diretoria eleita em 1995 não termina o seu mandato. Uma série de acontecimentos leva a uma crise política que culmina com a antecipação das eleições para o início de 1997. Na prática, desde 93, divergências políticas na diretoria espelhavam o que estava ocorrendo dentro da CUT e no cenário político. A direção majoritária da CUT, a Articulação Sindical, adota a partir da década de 90 uma postura de conciliação e parceria com os patrões, e um sindicalismo “propositivo” e “cidadão”. Em 92, a Convergência Socialista é expulsa do PT. É assim que, já em 93, a discussão em torno das câmaras setoriais aconteceu dividida na diretoria colegiada, sendo que a minoria, ligada à Articulação, defendeu a participação neste fórum com o governo e os patrões. Mas é a partir de 95 que se acirra o conflito de posições na diretoria: de um lado, os que defendiam a parceria e a conciliação com os patrões; de outro, os diretores que falavam em sindicato combativo e classista. Dois fatos marcam essa divisão: os diretores ligados à Articulação decidem iniciar a construção do Residencial Nova Michigan e fazer a campanha “Doe Um Real por mais emprego” para que dois diretores, Edmilson Rogério de Oliveira, o Toquinho, e Jair Stroppa, fossem à França tentar trazer a fábrica da Renault para São José. A ala formada pelos militantes do PSTU e independentes não concorda com essas medidas. Após as prévias, em setembro de 95, a Articulação passou a ter 21 diretores e a Convergência/independentes 20 diretores. Com a maioria da diretoria, a Articulação passa a dar a linha política para a entidade, que assume o discurso do “sindicato cidadão”. Em 1996, Toquinho negocia a redução de 10% nos salários dos trabalhadores da Embraer e da hora-extra para 50%.
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Diretoria passa a ser colegiada em 93 No final de 92, ocorreram as prévias para que fosse formada uma chapa única da CUT para as eleições da diretoria no ano seguinte. Nas prévias, o número de votos de cada chapa equivale proporcionalmente ao número de cargos na diretoria. Concorreram três chapas, representando as forças políticas existentes na categoria na época. A Chapa A foi formada por militantes da Convergência, com Toninho à frente. A Chapa B tinha a CUT pela Base, com Amélia Naomi à frente, e a Chapa C era composta por representantes do PT, com Jair Stroppa e José Luiz Gonçalves. A maioria dos metalúrgicos votou na Chapa A (55%), a Chapa B obteve 14,9% e a Chapa C 29,8%. Foi formada assim a Chapa da CUT, que foi a única chapa a disputar a eleição realizada em fevereiro de 93. A diretoria eleita tomou posse e passou a dirigir o Sindicato em forma de colegiado, atendendo a uma deliberação do 2º Congresso dos Metalúrgicos. Segundo Ivan Trevisan, o colegiado é a forma mais democrática de representar os vários pensamentos dentro da categoria e da diretoria e, por isso, foi uma decisão política tomada na gestão de 90.
Paulo de Almeida
Em 95 tem novas prévias e eleição No final de 1995, o Sindicato realizou novas prévias para definição da chapa única da CUT e as eleições ocorreram em novembro. Foi formada a Chapa A (Sindicato Cidadão – Unidade pra Lutar) ligada à corrente petista Articulação Sindical e a Chapa B (Sindicato é pra Lutar) com membros do PSTU (ex-Convergência), PCdoB e CUT pela Base.
de tubro Em ou residente op 1994, ndicato o d Si 3º ho (o Tonin p/ dir.) q. da es snia. Ele Bó boio foi à o com rio u o r g perá inte e mitê O do Co acional qu n r o e p vo Int da ao ia ju a u sofr levo , que o i n s a. bó guerr a m o c
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Especial 50 anos
A gr ev foi d e de 85 d ete a para rminan GM q u Cons e, n te 1988 tituição a de tr , a jorn de a redu abalho da hora zida p fosse a s todo semana ra 44 s os b i rasil s para eiro s.
Nas prévias, em setembro, a Chapa A venceu com 5.858 votos contra 5.385 votos da Chapa B. É novamente formada a Chapa 1 da CUT, com a diretoria colegiada, que vai disputar com a Chapa 2 da Força Sindical. A Chapa 1, da CUT, derrotou por ampla maioria a Chapa 2, da Força Sindical, com 85,7% dos votos contra 14,3%.
Durante a greve, várias pessoas ficavam em frente da fábrica. Ao lado, manchete do jornal ValeParaibano de 28 de abril de 1985
greve que saíam da empresa para parar outras fábricas, dentro de um processo normal de mobilização”, fala Zé Luiz. “O fato era que, em razão do número de trabalhadores e da forte organização, a GM foi um dos pólos da mobilização desde o início da campanha salarial”, explica Ivan Trevisan.
Segundo o ex-trabalhador da GM, o “chiqueirinho” foi o símbolo utilizado pela empresa e pela imprensa para tentar incriminar a greve. Ele relembra o fato que gerou toda a campanha
de difamação. “No decorrer da greve a orientação sempre foi não mexer em nada das instalações da empresa. Fazíamos rondas e vigilâncias constantes para garantir a segurança. Foi aí que encontramos toda a chefia da empresa numa sala em que eles tinham se trancado. O que se fez, e isso foi legítimo e uma auto-defesa, foi fazer com que aqueles chefes ficassem sob vigilância dos trabalhadores, sem condições de conspirar contra a greve”. No sábado, dia 27, depois de várias horas de negociação, chegou-se a um acordo. A PM devia se retirar, os trabalhadores liberariam os portões, mas manteriam a greve sem ocupação. No domingo, em assembléia no Sindicato, os trabalhadores decidem continuar a greve, que se estende até o dia 8 de maio. Com o retorno, a empresa inicia um forte processo de repressão e perseguição. Cerca de 400 trabalhadores são demitidos, sendo que 33 são processados criminalmente. “Depois da greve, a chefia falava: a partir de hoje o Sindicato não manda mais nada aqui. Quem sair da máquina antes do apito será demitido. Nem na hora do almoço podíamos conversar, que dispersavam a gente. Colocaram até o grupo do Akira de seguranças particulares para vigiar e intimidar. Sofremos muito”, relata Josias Melo, que trabalhou na GM naquele período. A redução da jornada não foi conquistada naquele momento, mas é alcançada alguns meses depois. “A política da GM antes da greve de 85 é uma, depois é outra. Por isso, é que alguns meses depois conseguimos restabelecer as negociações com a empresa e reduzir a jornada para 45 horas naquele mesmo ano”, conta Zé Luiz. A greve de 85 na GM entrou para a história do movimento operário brasileiro por ter mostrado uma fantástica capacidade de autoorganização e de mobilização dos trabalhadores. Porque foi também determinante para que, na Constituição de 1988, a jornada de trabalho fosse reduzida, de 48 para 44 horas semanais, para todos os trabalhadores brasileiros. Especial 50 anos
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DÉCADA DE 90 Valter Pereira - 07/12/94
Agosto de 1987
ERICSSON – 18 dias de greve
Abril de 1989
PHILIPS – a forte greve de 17 dias Em campanha salarial, no dia 19 de abril os trabalhadores da Philips iniciaram uma greve de ocupação que duraria 17 dias e seria marcada por muita tensão. A reivindicação da campanha era reposição de perdas de 84%, mais 15% de aumento real. Em outras empresas, como a GM e Ericsson, os trabalhadores acabaram conquistando 45% de reajuste. Mas na Philips a situação era outra. Diante da intransi-
ENTREVISTA
Especial 50 anos
GM – a primeira mobilização depois de 85 É na campanha salarial de 89 que os
Matéria no jornal ValeParaibano de 3 de maio de 1989
trabalhadores da GM realizam a primeira greve depois de 85. Foram 13 dias de ocupação, com revezamento entre os trabalhadores. Segundo o ex-presidente do Sindicato, José Luiz, apesar de ter demitido centenas de trabalhadores em 85 e passar a ter uma política de repressão, a organização dentro da empresa não chegou a ser totalmente destruída. “Muita gente que participou daquela greve ainda ficou lá dentro. O Sindicato ainda continuava como referência. Prova disso é que em 87 a diretoria é reeleita com a maioria dos votos na fábrica e em 89 organizamos esta forte greve”, avalia Zé Luiz. Os trabalhadores souberam resistir às pressões e ameaças da chefia e demonstraram grande disposição de luta e organização.
Reizinho viveu a famosa greve de 85
Casado, pai de cinco filhos, 53 anos, Valdenir dos Reis tem muita história para contar. Metalúrgico aposentado, Reizinho, como é conhecido, entrou na categoria em 1969 e desde então é sócio do Sindicato. Trabalhou na Embraer, Sade e General Motors. Aliás, é na GM, onde trabalhou como ferramenteiro de linha a partir de 1981, que Reizinho viveu a maior greve já realizada na empresa. Ele diz que tem boas lembranças
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gência da empresa nas negociações, os trabalhadores resolveram impedir a entrada de um caminhão de nitrogênio, considerado fundamental pela fábrica. A empresa conseguiu uma liminar judicial para garantir a entrada do caminhão. A Polícia foi chamada para cumprir a ordem e ameaçou com a invasão da fábrica. Os trabalhadores não acataram a ordem judicial e começaram a preparar a resistência diante da ameaça da polícia. As portarias foram tomadas e cilindros de gás foram colocados nos portões para impedir uma possível invasão da PM. Apesar dos momentos tensos, a invasão não ocorreu e a greve é encerrada no dia 6 de maio. Os trabalhadores da Philips também conquistaram 45% de aumento.
do período em que participou da Comissão de Fábrica, quando conseguiram muitas coisas boas para os trabalhadores. Reizinho foi um dos 33 trabalhadores acusados criminalmente pela empresa após a greve de 85, sendo absolvido em 1992. Depois que saiu da GM foi difícil arranjar emprego. A empresa soltou uma lista com o nome de todos os grevistas demitidos e espalhou pelas fábricas.
Ele conta que só encontrou bicos para conseguir sobreviver, mas não dramatiza os acontecimentos: “Toda pessoa tem que estar preparada para tudo na vida. Não devemos nunca nos arrepender daquilo que fazemos. Estávamos defendendo nosso direito”, diz com segurança Reizinho. “Até hoje se comenta daquela greve e muita gente diz que, depois daquele episódio, a empresa mudou e melhorou pro trabalhador”, conclui.
No caminhão, o diretor do Sindicato Toquinho lidera passeata (dez/94). À dir., protesto no dia do leilão e, abaixo, out-door feito pelo Sindicato
São José várias personalidades e políticos, como Lula, Suplicy, entre outros. Em março de 93, um ato reuniu 15 mil pessoas contra a privatização. A manifestação ocorreu na Avenida Fundo do Vale, com a presença da cantora Elba Ramalho. O tema foi “Embraer sim. Privatização não!”. Depois de vários anos de luta, é após a vitória de Fernando Henrique Cardoso sobre Lula, nas eleições de 94, que o governo finalmente privatiza a Embraer, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo. Em 94, o Comitê em Defesa da Embraer contratou uma consultoria para avaliar a viabilidade da empresa. O estudo apontou que o mercado de aviação se recuperaria em poucos anos e apresentou alternativas para a empresa. Os fatos mostraram, anos depois, que o estudo feito pela consultoria e o debate que o Sindicato fez junto aos trabalhadores e a sociedade estavam corretos.
Em 1998 fevereir od sa Carn iu o blo e co d aval e “S B emb rasil”. E e liga rião r do i a o bloc rrev o “A er que corda P ente s e e to ão trad icion rnaria ” a do a lap com no segu artir in a de tr particip te, a b alha ação estu dan tes, s dores, e sem em-ter ra -teto .
Especial 50 anos
Uma greve deflagrada em agosto pelos trabalhadores da Ericsson durou 18 dias, reivindicando a reposição das perdas salariais do Plano Cruzado de 37,74%. A empresa radicalizou e demitiu 123 trabalhadores, sendo três diretores do Sindicato, que fizeram um acampamento de 20 dias na porta da empresa. A Ericsson não readmitiu os trabalhadores, mas foi obrigada a pagar os direitos de todos. Com repercussão internacional, a greve acabou sendo julgada ilegal, como a maioria das mobilizações daqueles anos, e com relação ao reajuste, apesar de primeiras decisões favoráveis, os trabalhadores acabaram perdendo em última instância na Justiça.
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DÉCADA DE 80 Fotos: Marco Aurélio Monteiro
Wladimir de Souza - 09/93
A luta contra a privatização da Embraer foi uma das mais fortes e longas já realizadas pelo Sindicato. A forte mobilização dos trabalhadores teve início em 1990 e durante um longo tempo adiou a venda da empresa. A Embraer esteve na lista de privatizáveis desde o início do governo Collor, quando foi aprofundado o processo de sucateamento da empresa até a sua privatização em dezembro de 1994. “O governo cortou a zero o financiamento do BNDES para a Embraer, afetando profundamente a situação financeira da empresa. Em todo o mundo, governos financiam sua indústria de aviação. A ação contra a Embraer foi criminosa para privatizá-la”, afirma Ernesto Gradella, que no período era deputado federal e participou de toda a luta. Em outubro de 90, o terrorismo contra os trabalhadores começou com ameaça de demissão e o discurso de que a empresa estava em “crise”. O Sindicato realizou duas passeatas, que reuniram 7 mil trabalhadores dizendo “não” à privatização. A partir daí, foram dezenas de assembléias, passeatas com milhares de trabalhadores, manifestações, idas à Brasília, palestras em escolas e uma grande campanha com camisetas, cartazes, adesivos e out-door. Vieram a
BUNDY repressão violenta
Ato-show realizado no Fundo do Vale, em 1993. Abaixo passeata contra privatização no mesmo ano
Bandeira da CUT é hasteada dentro da Bundy durante a greve que durou 27 dias com ocupação
Em a 1989, gosto de d uma iante de i de qu nflação as mês e e 30% ao dia, o 1,5% ao Si inicio ndicato camp u uma anh reaju a por semanste al.
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Em outubro de 1989, nova campanha salarial. O governo Sarney foi marcado pelos vários planos econômicos, hiperinflação e, naquela época, as campanhas eram semestrais. No dia 10, os cerca de 1.300 trabalhadores da Bundy deflagraram uma greve, reivindicando 120% de aumento dos salários e questões específicas referentes às condições de trabalho. A paralisação durou 27 dias, com ocupação. A greve acaba vitoriosa, com a conquista de 85% de aumento, mais abono e aumento do piso. Mas a repressão da PM é que vai marcar esta luta. No dia 1º de novembro, dias antes da greve ser encerrada, 125 soldados da PM, armados com cassetetes, revólveres, bombas de gás lacrimogêneo e cães, agrediram os trabalhadores que permaneciam na empresa. “Foi um festival de violência”, definiu a manchete do Jornal ValeParaibano, do dia seguinte. Os trabalhadores foram espancados pela polícia e empurrados em direção à Via Dutra. Dezenas ficaram feridos e por pouco não houve atropelamentos. Dois repórteres fotográficos também foram agredidos. Vários protestos foram realizados posteriormente contra a violência da PM. Especial 50 anos
Privatização da Embraer
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DÉCADA DE 90 Em sentido horário: ocupação da Dutra em janeiro de 93; ocupação da fábrica em novembro de 90 e funcionários da Coopergesa
Wladimir de Souza - 11/90
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de No dia 18 92, 9 1 maio de ores d a lh 23 traba a greve em iniciam um plimatic, frente a Am sido após terem em março demitidos berem e não rece o dia 21, direitos. N ram a eles ocupa caram lo co e empresa bólicas ra a p s antena s o portões em frente a retirada a r para evita as. de máquin
pela reconversão das fábricas de armamentos para produção de artigos civis, prevendo a crise do setor bélico, com base em experiências trocadas com sindicalistas de outros países”, lembra o ex-presidente José Luiz Gonçalves. O Sindicato chegou a editar uma revista especial sobre o tema, em março de 88, a Apoio Sindical. “Com o fim da Guerra Fria e da corrida armamentista, uma nova ordem mundial começa a ser imposta pelos EUA, praticamente determinando a existência de indústria bélica apenas nas maiores potências”, analisa o diretor do Sindicato Ivan Trevisan. Essa situação leva à destruição da indústria bélica brasileira. Já na década de 80, a Engesa investiu US$ 100 milhões no projeto do tanque Osório. “A empresa chega a ganhar uma concorrência para a Arábia Saudita com o Osório, mas pressões dos EUA fizeram com que o contrato não fosse fechado. Isso agravou a crise”, conta Ivan. Em 1987, a Engesa deixou de depositar o FGTS dos trabalhadores. Com a concordata, em 1990, a empresa iniciou o processo de demissões, colocou trabalhadores em licença-remunerada e atrasou salários. A reação foi intensa. Em 1990, os trabalhadores realizaram duas ocupações na empresa contra as demissões e os atrasos de salário. Em 91, a Dutra foi ocupada pela primeira vez. Em janeiro de 93, cerca de 500 trabalhadores pararam a Dutra novamente por quase uma hora. “Também aconteceram vários acampamentos, até por 50 dias. Fizemos protestos contra o primeiro síndico da massa falida, que nos roubou. Fomos ao rico condomínio Alphaville do dono da empresa. Enfim, foi uma luta árdua, mas corajosa”, conta Toninho, que acompanhou toda a luta.
Ciete Silvério - 11/05/93
Em 1 o di 993, a1 mai º de o fo com emo i ra na p orta do da Enge sa.
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DÉCADA DE 90 Ciete Silvério - 01/93
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A Engesa foi uma das principais indústrias bélicas de São José, juntamente com a Avibras e a Embraer, nas décadas de 70 e 80. Instalada em 1972, funcionava a princípio como retífica de caminhões do Exército e, em 1974, iniciou a fabricação de blindados sobre rodas, leves e pesados. Seus principais produtos foram o Urutu, Cascavel, Jararaca e o tanque Osório. Com o fim da guerra Irã-Iraque (1980-1988), teve início a crise da empresa.
Até os dias de hoje os ex-trabalhadores lutam em defesa dos seus direitos. A Engesa entrou em crise em 1987, pediu concordata em 20 de março de 1990 e decretou falência em 18 de outubro de 1993. Estes anos foram marcados por atrasos de salário, demissões e o não pagamento de direitos trabalhistas, mas foi marcado também por grandes lutas e a forte mobilização dos trabalhadores. “Ainda em 1987, lançamos uma campanha
Esquerda Cutista passa a dirigir
o Sindicato O Sindicato dos Metalúrgicos tem novas eleições em 1990. Nesse período, as divergências políticas dentro da CUT e do PT estavam ainda mais acirradas e isso se espelha também na entidade. É assim que a diretoria dirigida por José Luiz Gonçalves vai entrar dividida na disputa. O grupo ligado à Articulação Sindical é encabeçado por Jair Stroppa, com o apoio de Zé Luiz, formando
a Chapa 1. A Convergência Socialista lança a Chapa 2, com Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, para presidente. Uma terceira chapa, tendo Rubens dos Santos Gaspar à frente, também concorre. A Chapa 2, encabeçada por Toninho, vence com 53% dos votos; a Chapa 1, apoiada por Lula e Meneguelli, obtém 43% e a Chapa 3 tem 2%.
Em 1991, o Sindicato participa d os atos contra a Guerra d Golfo, inic o iad pelos EUA a a pós a invasão do Kuait pelo Iraque.
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, Em 1998 a rte d como pa ha de campan , lização sindica º 1 o ado é realiz os. i m ê e Pr d l a v i t s Fe i A festa fo m c da o realiza posto o do Im r i e h n i pois, od Anos de l. a c i d Sin formou se trans val dos no Festi aior icos, a m o g r lú a t çã Me integra festa de to, a c i sind entre o mília. gicos e fa r lú a t e m
A luta dos trabalhadores da Engesa
Nas eleições de 1990, Toninho é eleito presidente do Sindicato e a esquerda da CUT passa a dirigir a entidade
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Foto: Wladimir de Souza - 1991
A posse do presidente Fernando Collor, em 15 março de 1990, dá início à implementação do projeto neoliberal no Brasil, com a abertura da economia, privatizações e reestruturação produtiva nas empresas. No dia da posse, Collor anuncia o confisco do dinheiro da população na poupança. Em mar-
“Fora Itamar e o por Congresso, is”, ra eleições ge em rd o palavra de lo e p chamada em Sindicato nte 1993, dura lo a o escând o d s e dos Anõ . to n Orçame
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ço e abril, mais de 15 mil metalúrgicos da base de São José são colocados em férias coletivas ou em licença-remunerada. As empresas se aproveitam da crise para fazer a reestruturação produtiva. Os índices de desemprego batem recordes. Nas metalúrgicas da região, o número de trabalhadores cai de 51.140, em 1987, para 45.633, em 1990, e 32.721, em 1993. “O governo Collor entra arrebentando. De um dia para o outro todo mundo ficou sem dinheiro. Nossa luta foi para garantir o pagamento dos trabalhadores, pois as empresas alegavam que não tinham dinheiro”, relembra Ivan Trevisan, que tornou-se diretor do Sindicato em 87. Os empresários foram conseguindo driblar o confisco e recuperar o dinheiro. Já os trabalhadores ficaram a ver navios e, ainda por cima, sob a pressão das empresas para aceitar redução de salário. Em maio e junho de 90, a luta contra a redução de salário foi a principal mobilização realizada pelo Sindicato. No dia 16 de maio, numa grande assembléia, cerca de 8 mil trabalhadores da GM rejeitaram qualquer diminuição nos salários.
É realizado o 1º Congresso dos Metalúrgicos
As greves de 1990 marcaram, praticamente, o fim do ciclo das grandes mobilizações ocorridas na década de 80. Em maio, o Sindicato inicia uma campanha contra o arrocho do Plano Collor, reivindicando a reposição de perdas da inflação de 166%. A greve se espalhou na categoria, atingindo a GM, Embraer, Philips, Bundy, Mafersa, Ericsson e Schrader. Mas são as greves de 30 dias na GM e na Philips que marcam esta campanha. Um episódio inusitado acontece nas duas mobilizações. “Os trabalhadores já sentiam a pressão em casa pela falta de comida com quase trinta dias de greve e a empresa contava que ia nos quebrar com aquela situação”, conta Toninho, que acabara de ser eleito presidente do Sindicato naquele ano. “Foi aí que tomamos uma decisão inédita. Compramos 6.250 cestas básicas de alimentos e 5.000 de higiene e distribuímos para os trabalhadores da GM e da Philips, que pagavam com cheque pré-datado”, relata João Gustavo Bernardes, o Jacaré, trabalhador da GM e também recém-eleito diretor do Sindicato. A distribuição das cestas pegou de surpresa as empresas e impediu que os patrões vencessem a mobilização dos trabalhadores pela fome e fortaleceu ainda mais as greves.
A diretoria eleita em 1990 abre uma nova fase na atuação política do Sindicato. Nos dias 19, 20 e 21 de julho de 1991 é realizado o 1º Congresso dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região. O objetivo era aprofundar a democracia operária e fortalecer a organização no local de trabalho. Participaram 100 delegados de 27 fábricas da base. Pela primeira vez, a categoria discute sobre o Sindicato e decide os rumos de sua política. Foi criado o Conselho de Representantes, que reúne diretores e ativistas da base. Aprovou-se a luta contra o projeto neoliberal de Collor e do FMI e se definiu a rejeição ao Pacto Social. A partir de 1991, o Congresso passa a ser uma tradição da categoria e a instância mais importante de decisão. Foram realizados mais sete congressos: 1992, 1993, 1995, 1999, 2001, 2004 e 2005. Em todos os encontros, os metalúrgicos discutiram as políticas da entidade e decidiram o plano de lutas e ação para o período seguinte. Decisões históricas da categoria foram votadas nos congressos: o Fora Collor e a mudança no estatuto instituindo a diretoria Colegiada (2º Congresso); a luta contra as Câmaras Setoriais (3º Congresso); a luta contra o banco de horas e a flexibilização de direitos e a campanha Fora FHC e o FMI (5º Congresso); a participação na Federação Nacional Democrática e Combativa (FENAM), em contraposição ao sindicato orgânico proposto pela CUT e a campanha “Contra o neoliberalismo, globalizar as lutas” (6º Congresso); a luta contra a Alca Área de Livre Comércio das Américas - (7º Congresso); e a construção da CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas (8º Congresso).
Foto: Nilton Cardin
4º Congress o dos Metalú rgicos decide pela criação de uma rádio comunitári a em 1995.
Acima, plenária do 1º Congresso dos Metalúrgicos. Abaixo, 6º Congresso realizado em 2001, em Caraguatatuba
Especial 50 anos
A globalização neoliberal de Collor
GM e Philips param 30 dias
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DÉCADA DE 90 Fotos: Valter Pereira
Sindicato disse não às câmaras setoriais Uma das políticas do governo Collor foi a instituição de pactos e fóruns de negociação. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José desde o início denunciou estes acordos, por entender que somente os trabalhadores são prejudicados, tendo de abrir mão de aumento de salário. Ainda no primeiro ano de governo, Collor propôs o Pacto Social. Como sempre, a proposta era que os trabalhadores parassem com as greves e aceitassem congelamento de salários. A CUT, através do presidente Jair Meneguelli, chegou a participar das negociações com o governo e os patrões. A posição da Central já espelhava uma mudança qualitativa em sua política, votada no 4º Congresso, em setembro de 91, que inaugurou o chamado “sindicalismo propositivo”. O Sindicato realizou assembléias nas fábricas votando o repúdio ao pacto e à participação da CUT e publicou várias edições do Jornal do Metalúrgico exigindo a saída da Central das negociações, o que só ocorreu três meses depois. Já em 92, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo fechou um acordo com o governo e os patrões, que ficou conhecido como o Pacto das Montadoras. A imprensa, a CUT, o empresariado, o governo: todos elogiaram o acordo.
Especial 50 anos
O Sindicato denunciou o pacto e tentou mobilizar a base de São José. Mas, isolado, acabou tendo que assinar o acordo com a Fiesp, que adiou de abril para julho a data-base dos trabalhadores. Em 93, no governo Itamar Franco, são inauguradas as Câmaras Setoriais, reunindo novamente governo, empresas e sindicatos num processo de parceria e colaboração para
resolver problemas do setor econômico. Na Câmara Setorial do setor automotivo, mais uma vez, o Sindicato do ABC negociou uma trégua aos patrões com três anos sem campanha salarial. O Sindicato dos Metalúrgicos novamente foi contra. Várias assembléias nas fábricas repudiaram a participação de São José no acordo. “Nesse período já existia uma divergência na diretoria colegiada que assumiu em 93. A ala ligada à Articulação Sindical defendia a participação nas Câmaras e os diretores ligados à Convergência Socialista eram contra”, conta Ivan Trevisan. “Quando eles conseguiram que uma assembléia aprovasse a participação, as Câmaras já estavam em decadência após o rompimento das empresas”. Dos três setores que compunham esse pacto (Estado, trabalhadores e patrões), apenas o empresariado ganhou, com o aumento da produção e de produtividade. Os trabalhadores tiveram de arcar com a diminuição do emprego. E a renúncia de impostos dos empresários diminuiu ainda mais as verbas para os gastos sociais.
A Mafersa, fundada em meados de 40, passa a enfrentar uma crise a partir dos anos 80 e 90, com a diminuição dos investimentos ferroviários, queda nos transportes de carga e passageiros. Em Caçapava estava instalada a fábrica que produzia rodas de trens e eixos, com a sua produção voltada cerca de 80% para exportação. Ainda em 89, o governo Sarney quis vender a empresa. O Sindicato denunciou a tentativa de privatização junto com a comissão de fábrica das outras duas unidades da Mafersa, em Contagem e São Paulo. Promoveu debates na Câmara de Caçapava, várias assembléias e seminários com os trabalhadores e o leilão foi suspenso naquele ano. Com a política de desestatização do governo Collor, a Mafersa foi a primeira empresa a ser privatizada na região, em novembro de 1991. Foi assumida pela Refer (Rede Ferroviária de Seguridade Social), vivendo em crise desde então, com atraso de salários dos trabalhadores. Várias greves e protestos ocorreram durante este período. Em 99, depois de quase ser fechada, a empresa é vendida, tornando-se a MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda, que atua até hoje.
Em cima do caminhão, o diretor do Sindicato Jair Stroppa, fala em assembléia na porta da Mafersa. Abaixo, passeata de funcionários na Via Dutra, em setembro de 1995
Em fevereir o de 1998 é lan çado o jornal O Metalúrgic o em Família , que chega na casa do trabalhad or.
Trabalhadores participam de acampamento e cooperativa
Em 1979, quando começou a trabalhar na Engesa, Gilberto Carlos da Silva (foto) não imaginaria o que ainda iria viver na empresa. “Naquela época achávamos que era a melhor empresa para se trabalhar. O Sindicato avisava que o FGTS não era depositado desde 87, mas o pessoal só foi acreditar mesmo quando foi pedida a concordata”, relembra. Gilberto participou das várias lutas como passeatas e dos acampamentos. Hoje, representa os funcionários que tem
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Jornal do Metalúrgico nº 159, de abril de 1992
Luta na Mafersa
processo junto ao Sindicato. “Ao longo destes anos vi muitos companheiros em dificuldade e tristes situações”, conta. Júlio Custódio Cândido é outro trabalhador que também participou de toda a luta da Engesa. Ele fez parte da Comissão de Fábrica. Uma das coisas que mais marcou em sua memória foi a criação da cooperativa dos trabalhadores da Engesa – a Coopergesa -, em abril de 93, da qual ele foi tesoureiro. “Começamos a funcionar com 80
funcionários e chegamos a ter quase 300 trabalhadores, além do pessoal do acampamento. Funcionamos por seis meses e mostramos que éramos capazes de tocar a empresa”, conta Júlio. Mas, segundo ele, decretaram a falência na surdina para evitar a resistência dos trabalhadores. Quando chegaram para trabalhar, numa segunda-feira, o Exército já tinha invadido a fábrica. “Foram 12 anos de luta e, em 2002, recebemos cerca de 50% da dívida, mas a luta continua até hoje”, conclui. Especial 50 anos
ENTREVISTA
o de Em julh ois de p e 1997, d ido a d ter per ndical, i s o ã eleiç ulação c i t r A a ividir a tenta d e criar ria catego sindicato o r t u .A um o çapava ssou. a C em a c iva fra iniciat
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Fora Collor:
Foto: Ciete Silvério
Manifestação em São Paulo pelo Fora Collor
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Em meados de 91, o governo Collor começou a ser abalado por uma série de denúncias de corrupção, que envolviam o próprio presidente. O Sindicato foi um dos primeiros a levantar a bandeira pelo Fora Collor, que aparece como palavra de ordem no Jornal do Metalúrgico nº 145, de novembro de 91. A entidade esteve à frente das lutas que iriam culminar na derrubada de Collor, em setembro de 92. Grandes manifestações foram realizadas em São José e Jacareí, onde chegou-se a reunir 30 mil pessoas. “No dia em que o Collor pediu para que a população saísse de verde e amarelo e, num protesto espontâneo, milhares saíram às ruas de preto, o Sindicato se colocou imediatamente a serviço das mobilizações que se intensificaram a partir de então”, lembra Ivan Trevisan. Houve carreata pelo impeachment em São José com dezenas de carros e, no dia da votação, trabalhadores de várias fábricas pararam para comemorar. Teve paralisação na Embraer, GM, Tecnasa, Neles e Avibras.
Em dezemb ro de 1998, o Sindicato distribui abacaxis e m protesto co ntra o desempre go e a corrupçã o no governo FH C.
Acima, ato em Jacareí, em agosto de 92; Ao lado, “fantasmas” satirizam corrupção e protesto em São José, em 1991
Foto: Wladimir de Souza
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Foto: Ciete Silvério
Quando derrubamos o presidente
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Fora Collor:
Foto: Ciete Silvério
Manifestação em São Paulo pelo Fora Collor
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Em meados de 91, o governo Collor começou a ser abalado por uma série de denúncias de corrupção, que envolviam o próprio presidente. O Sindicato foi um dos primeiros a levantar a bandeira pelo Fora Collor, que aparece como palavra de ordem no Jornal do Metalúrgico nº 145, de novembro de 91. A entidade esteve à frente das lutas que iriam culminar na derrubada de Collor, em setembro de 92. Grandes manifestações foram realizadas em São José e Jacareí, onde chegou-se a reunir 30 mil pessoas. “No dia em que o Collor pediu para que a população saísse de verde e amarelo e, num protesto espontâneo, milhares saíram às ruas de preto, o Sindicato se colocou imediatamente a serviço das mobilizações que se intensificaram a partir de então”, lembra Ivan Trevisan. Houve carreata pelo impeachment em São José com dezenas de carros e, no dia da votação, trabalhadores de várias fábricas pararam para comemorar. Teve paralisação na Embraer, GM, Tecnasa, Neles e Avibras.
Em dezemb ro de 1998, o Sindicato distribui abacaxis e m protesto co ntra o desempre go e a corrupçã o no governo FH C.
Acima, ato em Jacareí, em agosto de 92; Ao lado, “fantasmas” satirizam corrupção e protesto em São José, em 1991
Foto: Wladimir de Souza
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Foto: Ciete Silvério
Quando derrubamos o presidente
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DÉCADA DE 90
DÉCADA DE 90 Fotos: Valter Pereira
Sindicato disse não às câmaras setoriais Uma das políticas do governo Collor foi a instituição de pactos e fóruns de negociação. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José desde o início denunciou estes acordos, por entender que somente os trabalhadores são prejudicados, tendo de abrir mão de aumento de salário. Ainda no primeiro ano de governo, Collor propôs o Pacto Social. Como sempre, a proposta era que os trabalhadores parassem com as greves e aceitassem congelamento de salários. A CUT, através do presidente Jair Meneguelli, chegou a participar das negociações com o governo e os patrões. A posição da Central já espelhava uma mudança qualitativa em sua política, votada no 4º Congresso, em setembro de 91, que inaugurou o chamado “sindicalismo propositivo”. O Sindicato realizou assembléias nas fábricas votando o repúdio ao pacto e à participação da CUT e publicou várias edições do Jornal do Metalúrgico exigindo a saída da Central das negociações, o que só ocorreu três meses depois. Já em 92, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo fechou um acordo com o governo e os patrões, que ficou conhecido como o Pacto das Montadoras. A imprensa, a CUT, o empresariado, o governo: todos elogiaram o acordo.
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O Sindicato denunciou o pacto e tentou mobilizar a base de São José. Mas, isolado, acabou tendo que assinar o acordo com a Fiesp, que adiou de abril para julho a data-base dos trabalhadores. Em 93, no governo Itamar Franco, são inauguradas as Câmaras Setoriais, reunindo novamente governo, empresas e sindicatos num processo de parceria e colaboração para
resolver problemas do setor econômico. Na Câmara Setorial do setor automotivo, mais uma vez, o Sindicato do ABC negociou uma trégua aos patrões com três anos sem campanha salarial. O Sindicato dos Metalúrgicos novamente foi contra. Várias assembléias nas fábricas repudiaram a participação de São José no acordo. “Nesse período já existia uma divergência na diretoria colegiada que assumiu em 93. A ala ligada à Articulação Sindical defendia a participação nas Câmaras e os diretores ligados à Convergência Socialista eram contra”, conta Ivan Trevisan. “Quando eles conseguiram que uma assembléia aprovasse a participação, as Câmaras já estavam em decadência após o rompimento das empresas”. Dos três setores que compunham esse pacto (Estado, trabalhadores e patrões), apenas o empresariado ganhou, com o aumento da produção e de produtividade. Os trabalhadores tiveram de arcar com a diminuição do emprego. E a renúncia de impostos dos empresários diminuiu ainda mais as verbas para os gastos sociais.
A Mafersa, fundada em meados de 40, passa a enfrentar uma crise a partir dos anos 80 e 90, com a diminuição dos investimentos ferroviários, queda nos transportes de carga e passageiros. Em Caçapava estava instalada a fábrica que produzia rodas de trens e eixos, com a sua produção voltada cerca de 80% para exportação. Ainda em 89, o governo Sarney quis vender a empresa. O Sindicato denunciou a tentativa de privatização junto com a comissão de fábrica das outras duas unidades da Mafersa, em Contagem e São Paulo. Promoveu debates na Câmara de Caçapava, várias assembléias e seminários com os trabalhadores e o leilão foi suspenso naquele ano. Com a política de desestatização do governo Collor, a Mafersa foi a primeira empresa a ser privatizada na região, em novembro de 1991. Foi assumida pela Refer (Rede Ferroviária de Seguridade Social), vivendo em crise desde então, com atraso de salários dos trabalhadores. Várias greves e protestos ocorreram durante este período. Em 99, depois de quase ser fechada, a empresa é vendida, tornando-se a MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda, que atua até hoje.
Em cima do caminhão, o diretor do Sindicato Jair Stroppa, fala em assembléia na porta da Mafersa. Abaixo, passeata de funcionários na Via Dutra, em setembro de 1995
Em fevereir o de 1998 é lan çado o jornal O Metalúrgic o em Família , que chega na casa do trabalhad or.
Trabalhadores participam de acampamento e cooperativa
Em 1979, quando começou a trabalhar na Engesa, Gilberto Carlos da Silva (foto) não imaginaria o que ainda iria viver na empresa. “Naquela época achávamos que era a melhor empresa para se trabalhar. O Sindicato avisava que o FGTS não era depositado desde 87, mas o pessoal só foi acreditar mesmo quando foi pedida a concordata”, relembra. Gilberto participou das várias lutas como passeatas e dos acampamentos. Hoje, representa os funcionários que tem
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Jornal do Metalúrgico nº 159, de abril de 1992
Luta na Mafersa
processo junto ao Sindicato. “Ao longo destes anos vi muitos companheiros em dificuldade e tristes situações”, conta. Júlio Custódio Cândido é outro trabalhador que também participou de toda a luta da Engesa. Ele fez parte da Comissão de Fábrica. Uma das coisas que mais marcou em sua memória foi a criação da cooperativa dos trabalhadores da Engesa – a Coopergesa -, em abril de 93, da qual ele foi tesoureiro. “Começamos a funcionar com 80
funcionários e chegamos a ter quase 300 trabalhadores, além do pessoal do acampamento. Funcionamos por seis meses e mostramos que éramos capazes de tocar a empresa”, conta Júlio. Mas, segundo ele, decretaram a falência na surdina para evitar a resistência dos trabalhadores. Quando chegaram para trabalhar, numa segunda-feira, o Exército já tinha invadido a fábrica. “Foram 12 anos de luta e, em 2002, recebemos cerca de 50% da dívida, mas a luta continua até hoje”, conclui. Especial 50 anos
ENTREVISTA
o de Em julh ois de p e 1997, d ido a d ter per ndical, i s o ã eleiç ulação c i t r A a ividir a tenta d e criar ria catego sindicato o r t u .A um o çapava ssou. a C em a c iva fra iniciat
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DÉCADA DE 90
DÉCADA DE 90
Foto: Wladimir de Souza - 1991
A posse do presidente Fernando Collor, em 15 março de 1990, dá início à implementação do projeto neoliberal no Brasil, com a abertura da economia, privatizações e reestruturação produtiva nas empresas. No dia da posse, Collor anuncia o confisco do dinheiro da população na poupança. Em mar-
“Fora Itamar e o por Congresso, is”, ra eleições ge em rd o palavra de lo e p chamada em Sindicato nte 1993, dura lo a o escând o d s e dos Anõ . to n Orçame
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ço e abril, mais de 15 mil metalúrgicos da base de São José são colocados em férias coletivas ou em licença-remunerada. As empresas se aproveitam da crise para fazer a reestruturação produtiva. Os índices de desemprego batem recordes. Nas metalúrgicas da região, o número de trabalhadores cai de 51.140, em 1987, para 45.633, em 1990, e 32.721, em 1993. “O governo Collor entra arrebentando. De um dia para o outro todo mundo ficou sem dinheiro. Nossa luta foi para garantir o pagamento dos trabalhadores, pois as empresas alegavam que não tinham dinheiro”, relembra Ivan Trevisan, que tornou-se diretor do Sindicato em 87. Os empresários foram conseguindo driblar o confisco e recuperar o dinheiro. Já os trabalhadores ficaram a ver navios e, ainda por cima, sob a pressão das empresas para aceitar redução de salário. Em maio e junho de 90, a luta contra a redução de salário foi a principal mobilização realizada pelo Sindicato. No dia 16 de maio, numa grande assembléia, cerca de 8 mil trabalhadores da GM rejeitaram qualquer diminuição nos salários.
É realizado o 1º Congresso dos Metalúrgicos
As greves de 1990 marcaram, praticamente, o fim do ciclo das grandes mobilizações ocorridas na década de 80. Em maio, o Sindicato inicia uma campanha contra o arrocho do Plano Collor, reivindicando a reposição de perdas da inflação de 166%. A greve se espalhou na categoria, atingindo a GM, Embraer, Philips, Bundy, Mafersa, Ericsson e Schrader. Mas são as greves de 30 dias na GM e na Philips que marcam esta campanha. Um episódio inusitado acontece nas duas mobilizações. “Os trabalhadores já sentiam a pressão em casa pela falta de comida com quase trinta dias de greve e a empresa contava que ia nos quebrar com aquela situação”, conta Toninho, que acabara de ser eleito presidente do Sindicato naquele ano. “Foi aí que tomamos uma decisão inédita. Compramos 6.250 cestas básicas de alimentos e 5.000 de higiene e distribuímos para os trabalhadores da GM e da Philips, que pagavam com cheque pré-datado”, relata João Gustavo Bernardes, o Jacaré, trabalhador da GM e também recém-eleito diretor do Sindicato. A distribuição das cestas pegou de surpresa as empresas e impediu que os patrões vencessem a mobilização dos trabalhadores pela fome e fortaleceu ainda mais as greves.
A diretoria eleita em 1990 abre uma nova fase na atuação política do Sindicato. Nos dias 19, 20 e 21 de julho de 1991 é realizado o 1º Congresso dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região. O objetivo era aprofundar a democracia operária e fortalecer a organização no local de trabalho. Participaram 100 delegados de 27 fábricas da base. Pela primeira vez, a categoria discute sobre o Sindicato e decide os rumos de sua política. Foi criado o Conselho de Representantes, que reúne diretores e ativistas da base. Aprovou-se a luta contra o projeto neoliberal de Collor e do FMI e se definiu a rejeição ao Pacto Social. A partir de 1991, o Congresso passa a ser uma tradição da categoria e a instância mais importante de decisão. Foram realizados mais sete congressos: 1992, 1993, 1995, 1999, 2001, 2004 e 2005. Em todos os encontros, os metalúrgicos discutiram as políticas da entidade e decidiram o plano de lutas e ação para o período seguinte. Decisões históricas da categoria foram votadas nos congressos: o Fora Collor e a mudança no estatuto instituindo a diretoria Colegiada (2º Congresso); a luta contra as Câmaras Setoriais (3º Congresso); a luta contra o banco de horas e a flexibilização de direitos e a campanha Fora FHC e o FMI (5º Congresso); a participação na Federação Nacional Democrática e Combativa (FENAM), em contraposição ao sindicato orgânico proposto pela CUT e a campanha “Contra o neoliberalismo, globalizar as lutas” (6º Congresso); a luta contra a Alca Área de Livre Comércio das Américas - (7º Congresso); e a construção da CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas (8º Congresso).
Foto: Nilton Cardin
4º Congress o dos Metalú rgicos decide pela criação de uma rádio comunitári a em 1995.
Acima, plenária do 1º Congresso dos Metalúrgicos. Abaixo, 6º Congresso realizado em 2001, em Caraguatatuba
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A globalização neoliberal de Collor
GM e Philips param 30 dias
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DÉCADA DE 90 Ciete Silvério - 01/93
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A Engesa foi uma das principais indústrias bélicas de São José, juntamente com a Avibras e a Embraer, nas décadas de 70 e 80. Instalada em 1972, funcionava a princípio como retífica de caminhões do Exército e, em 1974, iniciou a fabricação de blindados sobre rodas, leves e pesados. Seus principais produtos foram o Urutu, Cascavel, Jararaca e o tanque Osório. Com o fim da guerra Irã-Iraque (1980-1988), teve início a crise da empresa.
Até os dias de hoje os ex-trabalhadores lutam em defesa dos seus direitos. A Engesa entrou em crise em 1987, pediu concordata em 20 de março de 1990 e decretou falência em 18 de outubro de 1993. Estes anos foram marcados por atrasos de salário, demissões e o não pagamento de direitos trabalhistas, mas foi marcado também por grandes lutas e a forte mobilização dos trabalhadores. “Ainda em 1987, lançamos uma campanha
Esquerda Cutista passa a dirigir
o Sindicato O Sindicato dos Metalúrgicos tem novas eleições em 1990. Nesse período, as divergências políticas dentro da CUT e do PT estavam ainda mais acirradas e isso se espelha também na entidade. É assim que a diretoria dirigida por José Luiz Gonçalves vai entrar dividida na disputa. O grupo ligado à Articulação Sindical é encabeçado por Jair Stroppa, com o apoio de Zé Luiz, formando
a Chapa 1. A Convergência Socialista lança a Chapa 2, com Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, para presidente. Uma terceira chapa, tendo Rubens dos Santos Gaspar à frente, também concorre. A Chapa 2, encabeçada por Toninho, vence com 53% dos votos; a Chapa 1, apoiada por Lula e Meneguelli, obtém 43% e a Chapa 3 tem 2%.
Em 1991, o Sindicato participa d os atos contra a Guerra d Golfo, inic o iad pelos EUA a a pós a invasão do Kuait pelo Iraque.
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, Em 1998 a rte d como pa ha de campan , lização sindica º 1 o ado é realiz os. i m ê e Pr d l a v i t s Fe i A festa fo m c da o realiza posto o do Im r i e h n i pois, od Anos de l. a c i d Sin formou se trans val dos no Festi aior icos, a m o g r lú a t çã Me integra festa de to, a c i sind entre o mília. gicos e fa r lú a t e m
A luta dos trabalhadores da Engesa
Nas eleições de 1990, Toninho é eleito presidente do Sindicato e a esquerda da CUT passa a dirigir a entidade
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DÉCADA DE 90 Em sentido horário: ocupação da Dutra em janeiro de 93; ocupação da fábrica em novembro de 90 e funcionários da Coopergesa
Wladimir de Souza - 11/90
DÉCADA DE 90
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de No dia 18 92, 9 1 maio de ores d a lh 23 traba a greve em iniciam um plimatic, frente a Am sido após terem em março demitidos berem e não rece o dia 21, direitos. N ram a eles ocupa caram lo co e empresa bólicas ra a p s antena s o portões em frente a retirada a r para evita as. de máquin
pela reconversão das fábricas de armamentos para produção de artigos civis, prevendo a crise do setor bélico, com base em experiências trocadas com sindicalistas de outros países”, lembra o ex-presidente José Luiz Gonçalves. O Sindicato chegou a editar uma revista especial sobre o tema, em março de 88, a Apoio Sindical. “Com o fim da Guerra Fria e da corrida armamentista, uma nova ordem mundial começa a ser imposta pelos EUA, praticamente determinando a existência de indústria bélica apenas nas maiores potências”, analisa o diretor do Sindicato Ivan Trevisan. Essa situação leva à destruição da indústria bélica brasileira. Já na década de 80, a Engesa investiu US$ 100 milhões no projeto do tanque Osório. “A empresa chega a ganhar uma concorrência para a Arábia Saudita com o Osório, mas pressões dos EUA fizeram com que o contrato não fosse fechado. Isso agravou a crise”, conta Ivan. Em 1987, a Engesa deixou de depositar o FGTS dos trabalhadores. Com a concordata, em 1990, a empresa iniciou o processo de demissões, colocou trabalhadores em licença-remunerada e atrasou salários. A reação foi intensa. Em 1990, os trabalhadores realizaram duas ocupações na empresa contra as demissões e os atrasos de salário. Em 91, a Dutra foi ocupada pela primeira vez. Em janeiro de 93, cerca de 500 trabalhadores pararam a Dutra novamente por quase uma hora. “Também aconteceram vários acampamentos, até por 50 dias. Fizemos protestos contra o primeiro síndico da massa falida, que nos roubou. Fomos ao rico condomínio Alphaville do dono da empresa. Enfim, foi uma luta árdua, mas corajosa”, conta Toninho, que acompanhou toda a luta.
Ciete Silvério - 11/05/93
Em 1 o di 993, a1 mai º de o fo com emo i ra na p orta do da Enge sa.
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DÉCADA DE 80 Fotos: Marco Aurélio Monteiro
Wladimir de Souza - 09/93
A luta contra a privatização da Embraer foi uma das mais fortes e longas já realizadas pelo Sindicato. A forte mobilização dos trabalhadores teve início em 1990 e durante um longo tempo adiou a venda da empresa. A Embraer esteve na lista de privatizáveis desde o início do governo Collor, quando foi aprofundado o processo de sucateamento da empresa até a sua privatização em dezembro de 1994. “O governo cortou a zero o financiamento do BNDES para a Embraer, afetando profundamente a situação financeira da empresa. Em todo o mundo, governos financiam sua indústria de aviação. A ação contra a Embraer foi criminosa para privatizá-la”, afirma Ernesto Gradella, que no período era deputado federal e participou de toda a luta. Em outubro de 90, o terrorismo contra os trabalhadores começou com ameaça de demissão e o discurso de que a empresa estava em “crise”. O Sindicato realizou duas passeatas, que reuniram 7 mil trabalhadores dizendo “não” à privatização. A partir daí, foram dezenas de assembléias, passeatas com milhares de trabalhadores, manifestações, idas à Brasília, palestras em escolas e uma grande campanha com camisetas, cartazes, adesivos e out-door. Vieram a
BUNDY repressão violenta
Ato-show realizado no Fundo do Vale, em 1993. Abaixo passeata contra privatização no mesmo ano
Bandeira da CUT é hasteada dentro da Bundy durante a greve que durou 27 dias com ocupação
Em a 1989, gosto de d uma iante de i de qu nflação as mês e e 30% ao dia, o 1,5% ao Si inicio ndicato camp u uma anh reaju a por semanste al.
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Em outubro de 1989, nova campanha salarial. O governo Sarney foi marcado pelos vários planos econômicos, hiperinflação e, naquela época, as campanhas eram semestrais. No dia 10, os cerca de 1.300 trabalhadores da Bundy deflagraram uma greve, reivindicando 120% de aumento dos salários e questões específicas referentes às condições de trabalho. A paralisação durou 27 dias, com ocupação. A greve acaba vitoriosa, com a conquista de 85% de aumento, mais abono e aumento do piso. Mas a repressão da PM é que vai marcar esta luta. No dia 1º de novembro, dias antes da greve ser encerrada, 125 soldados da PM, armados com cassetetes, revólveres, bombas de gás lacrimogêneo e cães, agrediram os trabalhadores que permaneciam na empresa. “Foi um festival de violência”, definiu a manchete do Jornal ValeParaibano, do dia seguinte. Os trabalhadores foram espancados pela polícia e empurrados em direção à Via Dutra. Dezenas ficaram feridos e por pouco não houve atropelamentos. Dois repórteres fotográficos também foram agredidos. Vários protestos foram realizados posteriormente contra a violência da PM. Especial 50 anos
Privatização da Embraer
uge No a anha amp da c tra a con ação tiz priva braer, m da E 1º de a o di e 1994 d o mai lebrado e foi c porta na esa. mpr da e
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DÉCADA DE 90 Valter Pereira - 07/12/94
Agosto de 1987
ERICSSON – 18 dias de greve
Abril de 1989
PHILIPS – a forte greve de 17 dias Em campanha salarial, no dia 19 de abril os trabalhadores da Philips iniciaram uma greve de ocupação que duraria 17 dias e seria marcada por muita tensão. A reivindicação da campanha era reposição de perdas de 84%, mais 15% de aumento real. Em outras empresas, como a GM e Ericsson, os trabalhadores acabaram conquistando 45% de reajuste. Mas na Philips a situação era outra. Diante da intransi-
ENTREVISTA
Especial 50 anos
GM – a primeira mobilização depois de 85 É na campanha salarial de 89 que os
Matéria no jornal ValeParaibano de 3 de maio de 1989
trabalhadores da GM realizam a primeira greve depois de 85. Foram 13 dias de ocupação, com revezamento entre os trabalhadores. Segundo o ex-presidente do Sindicato, José Luiz, apesar de ter demitido centenas de trabalhadores em 85 e passar a ter uma política de repressão, a organização dentro da empresa não chegou a ser totalmente destruída. “Muita gente que participou daquela greve ainda ficou lá dentro. O Sindicato ainda continuava como referência. Prova disso é que em 87 a diretoria é reeleita com a maioria dos votos na fábrica e em 89 organizamos esta forte greve”, avalia Zé Luiz. Os trabalhadores souberam resistir às pressões e ameaças da chefia e demonstraram grande disposição de luta e organização.
Reizinho viveu a famosa greve de 85
Casado, pai de cinco filhos, 53 anos, Valdenir dos Reis tem muita história para contar. Metalúrgico aposentado, Reizinho, como é conhecido, entrou na categoria em 1969 e desde então é sócio do Sindicato. Trabalhou na Embraer, Sade e General Motors. Aliás, é na GM, onde trabalhou como ferramenteiro de linha a partir de 1981, que Reizinho viveu a maior greve já realizada na empresa. Ele diz que tem boas lembranças
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gência da empresa nas negociações, os trabalhadores resolveram impedir a entrada de um caminhão de nitrogênio, considerado fundamental pela fábrica. A empresa conseguiu uma liminar judicial para garantir a entrada do caminhão. A Polícia foi chamada para cumprir a ordem e ameaçou com a invasão da fábrica. Os trabalhadores não acataram a ordem judicial e começaram a preparar a resistência diante da ameaça da polícia. As portarias foram tomadas e cilindros de gás foram colocados nos portões para impedir uma possível invasão da PM. Apesar dos momentos tensos, a invasão não ocorreu e a greve é encerrada no dia 6 de maio. Os trabalhadores da Philips também conquistaram 45% de aumento.
do período em que participou da Comissão de Fábrica, quando conseguiram muitas coisas boas para os trabalhadores. Reizinho foi um dos 33 trabalhadores acusados criminalmente pela empresa após a greve de 85, sendo absolvido em 1992. Depois que saiu da GM foi difícil arranjar emprego. A empresa soltou uma lista com o nome de todos os grevistas demitidos e espalhou pelas fábricas.
Ele conta que só encontrou bicos para conseguir sobreviver, mas não dramatiza os acontecimentos: “Toda pessoa tem que estar preparada para tudo na vida. Não devemos nunca nos arrepender daquilo que fazemos. Estávamos defendendo nosso direito”, diz com segurança Reizinho. “Até hoje se comenta daquela greve e muita gente diz que, depois daquele episódio, a empresa mudou e melhorou pro trabalhador”, conclui.
No caminhão, o diretor do Sindicato Toquinho lidera passeata (dez/94). À dir., protesto no dia do leilão e, abaixo, out-door feito pelo Sindicato
São José várias personalidades e políticos, como Lula, Suplicy, entre outros. Em março de 93, um ato reuniu 15 mil pessoas contra a privatização. A manifestação ocorreu na Avenida Fundo do Vale, com a presença da cantora Elba Ramalho. O tema foi “Embraer sim. Privatização não!”. Depois de vários anos de luta, é após a vitória de Fernando Henrique Cardoso sobre Lula, nas eleições de 94, que o governo finalmente privatiza a Embraer, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo. Em 94, o Comitê em Defesa da Embraer contratou uma consultoria para avaliar a viabilidade da empresa. O estudo apontou que o mercado de aviação se recuperaria em poucos anos e apresentou alternativas para a empresa. Os fatos mostraram, anos depois, que o estudo feito pela consultoria e o debate que o Sindicato fez junto aos trabalhadores e a sociedade estavam corretos.
Em 1998 fevereir od sa Carn iu o blo e co d aval e “S B emb rasil”. E e liga rião r do i a o bloc rrev o “A er que corda P ente s e e to ão trad icion rnaria ” a do a lap com no segu artir in a de tr particip te, a b alha ação estu dan tes, s dores, e sem em-ter ra -teto .
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Uma greve deflagrada em agosto pelos trabalhadores da Ericsson durou 18 dias, reivindicando a reposição das perdas salariais do Plano Cruzado de 37,74%. A empresa radicalizou e demitiu 123 trabalhadores, sendo três diretores do Sindicato, que fizeram um acampamento de 20 dias na porta da empresa. A Ericsson não readmitiu os trabalhadores, mas foi obrigada a pagar os direitos de todos. Com repercussão internacional, a greve acabou sendo julgada ilegal, como a maioria das mobilizações daqueles anos, e com relação ao reajuste, apesar de primeiras decisões favoráveis, os trabalhadores acabaram perdendo em última instância na Justiça.
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Diretoria passa a ser colegiada em 93 No final de 92, ocorreram as prévias para que fosse formada uma chapa única da CUT para as eleições da diretoria no ano seguinte. Nas prévias, o número de votos de cada chapa equivale proporcionalmente ao número de cargos na diretoria. Concorreram três chapas, representando as forças políticas existentes na categoria na época. A Chapa A foi formada por militantes da Convergência, com Toninho à frente. A Chapa B tinha a CUT pela Base, com Amélia Naomi à frente, e a Chapa C era composta por representantes do PT, com Jair Stroppa e José Luiz Gonçalves. A maioria dos metalúrgicos votou na Chapa A (55%), a Chapa B obteve 14,9% e a Chapa C 29,8%. Foi formada assim a Chapa da CUT, que foi a única chapa a disputar a eleição realizada em fevereiro de 93. A diretoria eleita tomou posse e passou a dirigir o Sindicato em forma de colegiado, atendendo a uma deliberação do 2º Congresso dos Metalúrgicos. Segundo Ivan Trevisan, o colegiado é a forma mais democrática de representar os vários pensamentos dentro da categoria e da diretoria e, por isso, foi uma decisão política tomada na gestão de 90.
Paulo de Almeida
Em 95 tem novas prévias e eleição No final de 1995, o Sindicato realizou novas prévias para definição da chapa única da CUT e as eleições ocorreram em novembro. Foi formada a Chapa A (Sindicato Cidadão – Unidade pra Lutar) ligada à corrente petista Articulação Sindical e a Chapa B (Sindicato é pra Lutar) com membros do PSTU (ex-Convergência), PCdoB e CUT pela Base.
de tubro Em ou residente op 1994, ndicato o d Si 3º ho (o Tonin p/ dir.) q. da es snia. Ele Bó boio foi à o com rio u o r g perá inte e mitê O do Co acional qu n r o e p vo Int da ao ia ju a u sofr levo , que o i n s a. bó guerr a m o c
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A gr ev foi d e de 85 d ete a para rminan GM q u Cons e, n te 1988 tituição a de tr , a jorn de a redu abalho da hora zida p fosse a s todo semana ra 44 s os b i rasil s para eiro s.
Nas prévias, em setembro, a Chapa A venceu com 5.858 votos contra 5.385 votos da Chapa B. É novamente formada a Chapa 1 da CUT, com a diretoria colegiada, que vai disputar com a Chapa 2 da Força Sindical. A Chapa 1, da CUT, derrotou por ampla maioria a Chapa 2, da Força Sindical, com 85,7% dos votos contra 14,3%.
Durante a greve, várias pessoas ficavam em frente da fábrica. Ao lado, manchete do jornal ValeParaibano de 28 de abril de 1985
greve que saíam da empresa para parar outras fábricas, dentro de um processo normal de mobilização”, fala Zé Luiz. “O fato era que, em razão do número de trabalhadores e da forte organização, a GM foi um dos pólos da mobilização desde o início da campanha salarial”, explica Ivan Trevisan.
Segundo o ex-trabalhador da GM, o “chiqueirinho” foi o símbolo utilizado pela empresa e pela imprensa para tentar incriminar a greve. Ele relembra o fato que gerou toda a campanha
de difamação. “No decorrer da greve a orientação sempre foi não mexer em nada das instalações da empresa. Fazíamos rondas e vigilâncias constantes para garantir a segurança. Foi aí que encontramos toda a chefia da empresa numa sala em que eles tinham se trancado. O que se fez, e isso foi legítimo e uma auto-defesa, foi fazer com que aqueles chefes ficassem sob vigilância dos trabalhadores, sem condições de conspirar contra a greve”. No sábado, dia 27, depois de várias horas de negociação, chegou-se a um acordo. A PM devia se retirar, os trabalhadores liberariam os portões, mas manteriam a greve sem ocupação. No domingo, em assembléia no Sindicato, os trabalhadores decidem continuar a greve, que se estende até o dia 8 de maio. Com o retorno, a empresa inicia um forte processo de repressão e perseguição. Cerca de 400 trabalhadores são demitidos, sendo que 33 são processados criminalmente. “Depois da greve, a chefia falava: a partir de hoje o Sindicato não manda mais nada aqui. Quem sair da máquina antes do apito será demitido. Nem na hora do almoço podíamos conversar, que dispersavam a gente. Colocaram até o grupo do Akira de seguranças particulares para vigiar e intimidar. Sofremos muito”, relata Josias Melo, que trabalhou na GM naquele período. A redução da jornada não foi conquistada naquele momento, mas é alcançada alguns meses depois. “A política da GM antes da greve de 85 é uma, depois é outra. Por isso, é que alguns meses depois conseguimos restabelecer as negociações com a empresa e reduzir a jornada para 45 horas naquele mesmo ano”, conta Zé Luiz. A greve de 85 na GM entrou para a história do movimento operário brasileiro por ter mostrado uma fantástica capacidade de autoorganização e de mobilização dos trabalhadores. Porque foi também determinante para que, na Constituição de 1988, a jornada de trabalho fosse reduzida, de 48 para 44 horas semanais, para todos os trabalhadores brasileiros. Especial 50 anos
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OCUPAÇÃO DA GM
A crise política
A mobilização que iria marcar para sempre a história dos metalúrgicos de São José seria a greve iniciada pelos trabalhadores da GM na campanha salarial de 85. Foram 28 dias de greve, sendo 17 de ocupação. O principal item da pauta da categoria naquele ano, além do reajuste salarial, foi a redução da jornada para 40 horas semanais. Naquela época, a jornada era de 48 horas, extensa e cansativa. No dia 11 de abril, os trabalhadores da GM deflagraram greve, juntamente com outras empresas. “Os primeiros dias foram tranqüilos. Fizemos, juntamente com trabalhadores da Bundy, uma passeata até a Praça Afonso Pena, que reuniu cerca de 10 mil trabalhadores. Ficávamos dentro da fábrica, mas era com revezamento, praticamente cumprindo o horário de trabalho”, lembra o atual diretor do Sindicato Ivan Trevisan, que era trabalhador da GM na época. No dia 21 de abril morre Tancredo Neves e uma comoção toma conta do país. “Ao som da música do Milton Nascimento a comoção era total. Os metalúrgicos de São Bernardo decidem suspender a greve e nós decidimos continuar”, relata Toninho, que era diretor do Sindicato naquela gestão. A radicalização ocorre na GM, quando a empresa, no dia 25 de abril, divulga uma lista com 93 demissões por justa causa, sendo todos da Comissão de Fábrica, cipeiros, diretores do Sindicato e ativistas. “A radicalização da empresa é que vai levar a um endurecimento por parte dos trabalhadores. A resposta foi imediata e decidiu-se ocupar, de fato, a fábrica. Ninguém mais saía”, conta Trevisan. Essa versão também é contada pelo presidente do Sindicato na época, José Luiz Gonçalves: “a ocupação foi uma reação a esta lista de demissões da empresa, que foi divulgada antes mesmo do julgamento da greve”. A partir daí, foram três dias de ocupação total que culminaram na ameaça de desocupação pela tropa de choque da Polícia Militar. “Os trabalhadores passam a controlar tudo, a portaria, segurança, todo o sistema de comunicação dentro da fábrica. Era vigilância 24 horas. To
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das as decisões eram votadas em assembléias”, conta Trevisan. Um dos principais dirigentes da greve foi o diretor do Sindicato e trabalhador da GM, Rubens dos Santos Gaspar. “Diante de sua liderança à frente da mobilização ele foi chamado pela imprensa de o Lula do Vale”, recorda Ivan. Com a iminência da desocupação e centenas de policiais na porta da empresa, os trabalhadores começaram a se organizar. “Para se defender, começa-se a pegar barras de direção, colocar empilhadeiras e caminhões em frente aos portões, a cuidar dos postos de gasolina, enfim, preparar a resistência”, conta Toninho. “No início, as famílias levavam comida e agasalho. Próximo a GM ficavam centenas de pessoas. Todo mundo no alambrado da empresa. No sábado, com a chegada da polícia, as pessoas ficaram observando tudo de longe”, disse. Foram horas tensas de negociação. “Nossa atuação foi para buscar uma saída negociada diante da ameaça de desocupação e impedir a invasão da tropa de choque”, relembra o ex-presidente do Sindicato Zé Luiz. A responsabilidade pela radicalização recaiu sobre os trabalhadores, mas diversos relatos revelam o contrário.
Não faltou ae irreverênci os n r o bom hum ias d s o ir prime os da greve : res o trabalhad V T a criaram va ra B Vaca m” o e “filmava da dia-a-dia o. çã a mobiliz
Valter Pereira - 03/97
Ao lado, assembléia que definiu a antecipação das eleições. Sindicato com jagunços e polícia durante o período de crise
“A GM não ajudou em nenhum momento no processo de negociação”, afirma Zé Luiz. “A empresa não queria acordo nenhum, que acabou sendo feito apenas entre o Sindicato, a Polícia, o governo do Estado e o Ministério do Trabalho”. A intransigência da empresa ficou marcada na célebre frase do diretor de Relações Industriais da GM na época, Herbert Brenner, que disse para oficiais da polícia que não importava se a fábrica fosse destruída, mas que era para invadir. “Se não morrer hoje, vai morrer amanhã mesmo”, disse referindo-se aos trabalhadores. Os metalúrgicos da GM foram acusados de fazer reféns, no “chiqueirinho”, e organizar uma milícia operária, a Milícia Polo GM. Mas para várias pessoas que viveram aqueles episódios muita coisa foi criada pela empresa e pela imprensa. O termo “milícia Polo GM” foi criado pela imprensa e passou a ser utilizado nas matérias que falavam sobre a greve. Mas a realidade não era tão beligerante assim. “Sempre contestamos essa denominação pejorativa. O que existiu foram comandos de
Na fo rt que a e seca tingiu o Norde 1998, ste em o Josias diretor M ao No elo foi rdest levar alime e ntos er arrec oupas ada Sindi dos pelo cat categ o na oria.
Especial 50 anos
um marco na história do movimento operário
A diretoria eleita em 1995 não termina o seu mandato. Uma série de acontecimentos leva a uma crise política que culmina com a antecipação das eleições para o início de 1997. Na prática, desde 93, divergências políticas na diretoria espelhavam o que estava ocorrendo dentro da CUT e no cenário político. A direção majoritária da CUT, a Articulação Sindical, adota a partir da década de 90 uma postura de conciliação e parceria com os patrões, e um sindicalismo “propositivo” e “cidadão”. Em 92, a Convergência Socialista é expulsa do PT. É assim que, já em 93, a discussão em torno das câmaras setoriais aconteceu dividida na diretoria colegiada, sendo que a minoria, ligada à Articulação, defendeu a participação neste fórum com o governo e os patrões. Mas é a partir de 95 que se acirra o conflito de posições na diretoria: de um lado, os que defendiam a parceria e a conciliação com os patrões; de outro, os diretores que falavam em sindicato combativo e classista. Dois fatos marcam essa divisão: os diretores ligados à Articulação decidem iniciar a construção do Residencial Nova Michigan e fazer a campanha “Doe Um Real por mais emprego” para que dois diretores, Edmilson Rogério de Oliveira, o Toquinho, e Jair Stroppa, fossem à França tentar trazer a fábrica da Renault para São José. A ala formada pelos militantes do PSTU e independentes não concorda com essas medidas. Após as prévias, em setembro de 95, a Articulação passou a ter 21 diretores e a Convergência/independentes 20 diretores. Com a maioria da diretoria, a Articulação passa a dar a linha política para a entidade, que assume o discurso do “sindicato cidadão”. Em 1996, Toquinho negocia a redução de 10% nos salários dos trabalhadores da Embraer e da hora-extra para 50%.
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1997: antecipação das eleições e esquerda da CUT volta à direção
Abril de 1984
O ano de 97 começa com a discussão para a realização de um plebiscito em torno da forma de direção do Sindicato: colegiado ou presidencialismo. Mas um fato triste também ocorre. Ao perder a maioria na diretoria, após o rompimento de uma diretora, a Articulação decide obter o controle do Sindicato a qualquer custo. Para isso, coloca jagunços dentro da entidade, impedindo a entrada dos diretores de outras correntes. O episódio teve repercussão nacional e causou indignação nos trabalhadores. Aquela diretoria não tinha mais condições de se manter unificada. Por isso, a categoria decidiu pela volta do sistema presidencialista e pela realização de eleições antecipadas. Nas eleições, a Chapa 2 obteve 6.519 votos contra 5.663 votos da Chapa 1. Com esse resultado, os metalúrgicos deram Após crise, Sindicato retoma lutas e vitória à esquerda da CUT e garante conquistas, como no processo Toninho voltou a ser o presitrabalhista de 90 da Embraer dente do Sindicato.
GM – a primeira ocupação Na campanha salarial de 84, em abril, uma forte greve sacudiu a General Motors. Os trabalhadores pararam e ocuparam a empresa por reajuste salarial durante quase uma semana. Pediam 83,3% de aumento. A greve foi julgada ilegal, mas o pessoal não voltou ao trabalho. As famílias iam à porta da empresa levar roupas limpas e cobertor para os companheiros (as). Houve conquista de aumento, mas o principal resultado da mobilização foi a criação da Comissão de Fábrica e o fortalecimento da organização no local de trabalho, fatores que seriam fundamentais para a histórica greve de ocupação que se realizaria um ano depois.
EMBRAER – Exército invade a empresa
Depois deste período conturbado, o Sindicato retoma as lutas por direitos e obtém conquistas. Nesta gestão, problemas financeiros e administrativos, causados pela diretoria anterior, foram sanados. Processos judiciais, que estavam parados, voltaram a ser movimentados na Justiça, o que garantiu importantes vitórias aos trabalhadores envolvidos. Em 97, próximo do encerramento do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, os trabalhadores sofriam os ataques neoliberais do governo e já enfrentavam a maior flexibilização trabalhista da história. Afinal, Collor havia iniciado, mas foi FHC
Ato contra a reforma da Previdência, em agosto de 1998
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que implementou o projeto neoliberal no Brasil. A atuação do Sindicato neste período ficou marcada pelas mobilizações e lutas contra o fim da aposentadoria, contra a flexibilização dos direitos, como o contrato temporário de trabalho, a redução de salários e o banco de horas. O Sindicato fez intensa campanha contra a Reforma da Previdência de FHC. Realizou vários protestos e participou de manifestações em Brasília, até a aprovação deste ataque em 1998. Em março de 98, os trabalhadores da GM realizaram uma passeata e paralisaram a Via Dutra contra a votação em 1º turno desta reforma. A luta contra o Banco de Horas teve destaque. Enquanto o sindicato do ABC negociou o acordo de banco de horas, flexibilizando a jornada dos trabalhadores, em São José, o Sindicato liderou uma verdadeira batalha contra este ataque. Assembléias históricas na GM e em outras fábricas da base repudiaram esta redução de direito. A forte mobilização e disposição de luta dos trabalhadores possibilitaram que este mecanismo nefasto não fosse implantado na categoria. Os protestos contra o governo FHC também foram vários e com a crise do Plano Real, o Sindicato foi um dos impulsionadores da campanha Fora FHC e o FMI.
Matéria no jornal ValeParaibano de 5 de abril de 1984
Em agosto, uma greve de ocupação na Embraer também marcou a história dos metalúrgicos de São José. O motivo foi a reivindicação por equiparação salarial. A greve durou três dias e o exército invadiu a fábrica para forçar a saída dos grevistas. A empresa demitiu 134 trabalhadores por justa causa e fez intensa perseguição a diretores do Sindicato, demitindo dois: João Pedro Pires e Francisco Assis de Souza. Os demitidos fizeram várias manifestações na cidade, passeatas e ameaçaram até acampar em frente à fábrica. Em 1989, após a promulgação da Constituição de 88, que garantiu o direito de greve, o Sindicato entrou com um processo
ENTREVISTA
na Justiça em defesa destes trabalhadores, que foi vitorioso quase dez anos depois.
NATIONAL – violenta repressão A fábrica (atual Panasonic) enfrentou 12 dias de greve por aumento salarial. Durante a mobilização, a empresa promoveu uma violenta repressão dos trabalhadores e demitiu dois diretores do Sindicato: Amélia Naomi Omura e Edir Francisco Soares.
Abril de 1985
EMBRAER – presidente é covardemente espancado Naquele ano, a campanha salarial de abril começou com a deflagração de greve em várias empresas: GM, Philips, Inbrac, Bundy, Sade, entre outras. Um fato no início da campanha marca a radicalização da Embraer. O presidente do Sindicato, José Luiz Gonçalves, estava distribuindo um panfleto em frente à empresa e foi violentamente espancado por guardas da segurança, ficando inconsciente. Zé Luiz foi internado na Santa Casa de São José e as imagens da violência tiveram repercussão internacional.
Metalúrgico faz parte da 1ª Comissão de Fábrica da Sade
Casado, pai de dois filhos, o metalúrgico Getúlio Sabino de Souza chegou em São José em 1976, vindo de Minas Gerais. Ele trabalha na Sadefem, em Jacareí, há 24 anos. Operador de máquina, o dia-a-dia de Getúlio é um trabalho pesado, sob condições de muito calor e ruído.
Ele conta que sempre foi sócio do Sindicato. “Acredito que é a única entidade que atua para defender o trabalhador”, disse. Hoje, na sua opinião, as condições do trabalhador ainda são difíceis, mas melhorou com a atuação da CIPA, Comissão de Fábrica e do Sindicato.
Ele conta que a Sade sempre foi uma fábrica organizada e lembra de grandes mobilizações dos trabalhadores da empresa. Getúlio já foi eleito cipeiro mais de uma vez e hoje faz parte da Comissão de Fábrica da Sade, que foi criada em 2002. Especial 50 anos
A retomada das lutas e a resistência contra a flexibilização
As greves que entraram para a história
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DÉCADA DE 90 Fotos: Manuel Pereira
98, e 19 d o h e ul itud Em j a at dade m u n rie lida l, os de so aciona da n s r inte lhadore -se a b a s a u m tr s rec s extras p i l i Ph ora reve zer h a fa ante a g ores d dur alha trab lips de s o d ão hi da P , para n dos a elon luta Barc uecer a os. eir aq enfr mpanh co
Uma década marcada por grandes lutas A década de 80 foi marcada por uma das maiores ondas de greves na história do país. As lutas por melhores salários espalharam-se por todos os estados e envolveram várias categorias. Em 1982, em meio à ditadura, acontece pela primeira vez uma greve em uma empresa estatal e militar: a Embraer. Toninho, que era cipeiro na empresa, recorda: “A greve durou cerca de uma semana. Teve passeata dentro da fábrica todos os dias, mostrando a força da mobilização e a solidariedade dos trabalhadores”.
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Nesse mesmo ano, houve greve na Ericsson, na Schrader e em outras pequenas empresas. Em 21 de julho de 1983, a Comissão Nacional Pró-CUT organizou uma greve geral contra o arrocho salarial. A paralisação ocorreu em vários estados, em categorias como metalúrgicos, comerciários e bancários. Em São José, o Sindicato também convocou a paralisação e teve importante atuação. Na luta pelas Diretas (83-84), tida como a
maior mobilização de massas do país, o Sindicato teve participação atuante. “Na luta pelas Diretas, participamos desde o início das manifestações”, conta José Luiz Gonçalves. “No dia da votação da Emenda Dante de Oliveira, que restabelecia a eleição direta para presidente, mas foi derrotada, colocamos um telão na Praça Afonso Pena, para que a população e os trabalhadores acompanhassem a contagem dos votos”.
Rompimento com a FEM-CUT Em 98, nos congressos da FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT) e da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), a flexibilização de salário, jornada e direitos é a principal discussão que ocorreu. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José defendeu um sindicalismo classista, contra a redução de direitos e o banco de horas. Na campanha salarial daquele ano, no iní-
ENTREVISTA
cio das negociações, os metalúrgicos de São José participaram da bancada da FEM, que negociava junto à Fiesp. Mas, no decorrer da campanha, o Sindicato acaba rompendo e não assina o acordo feito pela FEM, que retirou direitos e aceitou o banco de horas. Juntamente com os sindicatos de Campinas e Limeira, o Sindicato começa a fazer acordo por fábrica. Em 99, os três sindicatos formam um bloco
de negociação que irá conduzir, em separado da FEM-CUT, as negociações das campanhas salariais a partir de então. Essa decisão vai garantir a realização de acordos superiores nas campanhas salariais seguintes, sem que se abra mão de direitos, como da jornada fixa, a estabilidade ao trabalhador acidentado e portador de doença ocupacional e o adicional noturno de 50% no setor de eletroeletrônico.
A mulher metalúrgica
Em algumas fábricas da base, elas chegam a ser a maioria da força de trabalho e representam uma parcela significativa da nossa categoria. São as mulheres metalúrgicas. Ângela Maria Lobo, 39 anos, é um exemplo desta realidade. Ela trabalha há 14 anos na GM, mas já passou por outras empresas como a antiga National e a indústria química Kodak. Sua função é verificadora de autos, uma das etapas finais de inspeção dos carros da GM. No seu setor trabalham mais duas mu-
lheres e o restante são rapazes, conta. “Quando entrei, era um número pequeno de mulheres na fábrica. Mas ao longo dos anos, isso mudou e tem crescido o número de trabalhadoras na produção”, observa. Ângela trabalha desde os 15 anos e como a maioria das trabalhadoras, cumpre tripla jornada: o trabalho fora de casa, o doméstico e a criação do filho. E não é uma jornada fácil. Na GM, ela trabalha das 5h50 às 14h50 e para isso acorda por volta das 4h30 todo dia. “E
quando a gente chega em casa tem que encarar o serviço”. Contudo, filha de mãe pernambucana, ela não esmorece: diz que não consegue ficar parada e já acostumou com o ritmo, mas nos finais de semana não abre mão de dar uma boa descansada. Ângela sempre foi sócia do Sindicato. Conta que se sindicalizou porque acha natural, já que o Sindicato serve para defender o trabalhador. “O Sindicato é o trabalhador. Afinal, quem decide somos nós. Sozinha, a entidade não faz nada”, avalia. Especial 50 anos
Assembléia da campanha salarial de 1985, um ano de grandes mobilizações
Marcha dos Cem Mil, realizada em Brasília, no dia 26 de agosto de 1999
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Sindicato torna-se referência de sindicalismo classista e combativo
Por emprego, salário e direitos Nestes anos, os metalúrgicos de São José e região se destacaram como vanguarda na luta em defesa dos direitos e por melhores condições de vida. As mobilizações da categoria passaram a ser referência em todo o país. Em 2000, quando a nova diretoria tomou posse, o governo FHC estava em seu segundo mandato e a sua política neoliberal já havia entrado em crise desde 1999, com a desvalorização do Real. O desemprego penalizava milhões de trabalhadores, as privatizações tinham sucateado serviços importantes como de energia, que levariam ao Apagão (2001) e os direitos trabalhistas eram alvo da flexibilização. Assim, as lutas em defesa do emprego, dos salários e direitos, pela redução da jornada e contra o projeto neoliberal foram os principais eixos da política do Sindicato neste período.
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Em 2000, foi conquistada a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário na GM de 44h para 40h. De imediato, foram criados 500 empregos na fábrica. A partir daí é iniciada uma campanha pela redução da jornada em toda a categoria, que se estende até hoje e já conseguiu esta vitória em várias empresas. Na defesa do emprego, também foi realizada a luta contra a guerra fiscal e a transferência de empresas. A Campanha Salarial nota 10, realizada em 2000, foi marcada por uma forte mobilização, a maior até então desde o Plano Real. Várias empresas pararam 24h ou por tempo indeterminado e conquistou-se 10% de reajuste. O internacionalismo foi intensificado. Em agosto de 2000, o Sindicato participa da criação da Rede de Solidariedade Ativa, que contou com a presença de sindicalistas de 12 países. O objetivo era trocar experiências, buscar alternativas e incentivar a solidariedade internacional dos trabalhadores. Também neste sentido, o Sindicato esteve presente em várias mobilizações internacionais antiglobalização, como em Buenos Aires e Quebéc (2001) e Washington (2003). A entidade esteve na linha de frente do Plebiscito sobre a Dívida Externa e na luta contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Foi intensificado a inserção junto aos movimentos sociais e participação nos principais debates ocorridos no âmbito municipal e regional.
Foi assim na luta contra a catraca eletrônica e a ameaça de demissões de trabalhadores; contra o aumento auto-concedido pelos vereadores aos seus salários; pela distribuição da pílula do dia seguinte; em defesa do passe-livre para estudantes e desempregados; no apoio aos sem-terra e sem-teto, como a ocupação urbana do Pinheirinho, ocorrida em 2004.
Integrantes da Chapa 1 que venceu a eleição de 1987
A construção do PT e da CUT Fruto do processo de greves do final da década de 70, houve uma renovação nas direções sindicais. A partir daí ocorre uma reorganização política dos trabalhadores e é criado o PT (Partido dos Trabalhadores). Na região, isso se deu com a participação dos vários militantes da Oposição, como Zé Luiz, Toninho, Gradella e outros. “Fazíamos filiações de porta em porta”, relembra Toninho. Nessa nova situação começou-se também a discutir a construção de uma central sindical nacional que representasse trabalhadores da cidade e do campo.
Nos dias 21 a 23 de agosto de 1981 foi realizada a 1ª Conferência das Classes Trabalhadoras (Conclat), em Praia Grande (SP). Ali, com a presença de 5.030 delegados, foi criada a Comissão Pró-CUT. A Pró-CUT organizou as lutas e vários encontros e congressos de preparação – Enclats e Ceclats – até a fundação da Central Única dos Trabalhadores, em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo. O Sindicato participou de todo este processo, enviando delegados aos encontros e sendo co-fundador da central. Ari Russo participou da primeira direção nacional da CUT.
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Mobilização em Jacareí durante Greve Geral chamada pela CUT em agosto de 1987
Em 1984, são realizadas novas eleições no Sindicato. A diretoria se divide em duas chapas, em razão de divergências entre o PMDB e parte do PT. José Luiz Gonçalves rompe com a diretoria e monta uma chapa de oposição, com integrantes da corrente petista Convergência Socialista. Uma terceira chapa, ligada aos antigos pelegos e à chefia das fábricas, concorre, mas tem uma votação muito pequena. A Chapa 2 –de oposição–, com José Luiz como presidente, sai vitoriosa da disputa com grande respaldo na categoria. Era um momento de grandes mobilizações dos trabalhadores. Esta diretoria toma posse na porta da GM, que estava em greve pela campanha salarial. “Estava tudo pronto no Sindicato para a festa da posse, mas quando chegamos, depois de passar o dia todo na porta da fábrica, os convidados já tinham ido embora”, conta com humor Toninho, que tornou-se secretário-geral nesta gestão. A entidade passa por várias modificações no sentido de direcionar a atuação do Sindicato definitivamente para a luta e acabar com o assistencialismo. “Foi um momento de mudança radical. Alguns trabalhadores chegaram a se desfiliar, mas na medida que uns saiam, muitos entravam para ter um Sindicato que defendesse seus direitos”, fala Zé Luiz. Em 1987, novas eleições foram realizadas. A diretoria decide montar uma chapa única da CUT e é reeleita. Especial 50 anos
O ano 2000 para o Sindicato teve início com novas eleições sindicais, no mês de fevereiro. Foram as primeiras depois do rompimento ocorrido em 97. Mais uma vez, os metalúrgicos optaram por um sindicato combativo, que não aceita redução de direitos e não faz parceria com empresários. Nas eleições venceu a chapa encabeçada por Luiz Carlos Prates, o Mancha, derrotando a Articulação Sindical, encabeçada por Edmilson Rogério, o Toquinho. A Chapa 1 obteve 6.773 votos contra 3.439 da Chapa 2. Em 2003, aconteceram novas eleições que definiram a atual diretoria do Sindicato. Com mais de 60% dos votos, a Chapa 1, novamente encabeçada por Mancha, foi eleita.
1984 e 1987: novas eleições sindicais
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Em janeiro de 1992 é o adquirido ra a p l ve ó im da a criação as d e Subsed s ra ca á Ch s. a id n u e R
ira Pe re nu el
lúrgico, a Biblioteca, a Escola do Trabalhador e realizadas atividades de formação e cultura, como peças teatrais. Tem início também a construção da Colônia de Férias do Sindicato, em Caraguatatuba. O Sindicato também atuou efetivamente na construção da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Ma
ção ou vitória das oposições combativas nestas entidades”, relembra. “Na Campanha Salarial de 81 rompemos com a federação pelega dos metalúrgicos do estado de São Paulo e formamos o Grupo dos Independentes, junto com o ABC e outros três sindicatos”, conta Ari. Nessa gestão foi criado o Jornal do Meta-
s:
Com a saída de José Domingues, que ficou por 25 anos à frente da entidade, o Sindicato começa a passar por uma transformação. A entidade passa a ter uma atuação mais combativa com a posse da nova diretoria, liderada por Ari Russo. Organiza greves e começa a romper com a postura assistencialista, para investir na luta e num processo de sindicalização para fortalecer o Sindicato. É criado o salão de assembléias na sede. “Nosso objetivo era abrir o Sindicato para a categoria, torná-lo combativo e garantir a participação democrática dos metalúrgicos nas decisões da entidade”, afirma o ex-presidente Ari Russo. José Luiz Gonçalves, secretáriogeral nesta gestão, lembra que o Sindicato, a partir desta época, passou a apoiar a organização do movimento sindical na região e ser uma referência para outros sindicatos e oposições sindicais. “Ajudamos na construção do sindicato dos petroleiros, dos químicos, condutores, engenheiros, enfim, tivemos uma atuação voltada para a funda-
Fo to
Mudanças no Sindicato
(1) - greve na Panasonic em 2000; (2)- manifestação contra a Alca em 2002; (3) - campanha salarial nota 10 em 2000; (4) - assembléia sobre o FGTS em 2000; (5) - ato contra guerra no Iraque em 2003
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No dia 26 de novembro de 1988 é inaugurado o prédio da rua Francisco Paes, que havia sido comprado no ano anterior
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João Roberto Faria é sócio há 39 anos
Sócio do Sindicato há 39 anos, o metalúrgico aposentado João Roberto de Faria presenciou alguns dos principais fatos da história da entidade. Ele entrou na Ericsson em 1966, ainda na gestão do primeiro presidente José Domingues. “Era uma época diferente de hoje, se fazia bailes, não se falava em greve”, lembra. Em 1972, começou a trabalhar na Embraer onde ficaria por 12 anos. “Par
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ticipei da construção do primeiro Bandeirante produzido depois do protótipo”, recorda. Na greve de 79, que mudaria os rumos do Sindicato, João também participou. “Teve muita repressão, porretes. Naquela época, me chamaram para uma reunião da Oposição. Não sabia de nada, mas comecei a me interessar por aquelas idéias de defesa dos trabalhadores e socialismo”. Na famosa greve de 84, João tam-
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bém participou ativamente e foi um dos demitidos. Em 1998, ganhou o processo trabalhista contra a Embraer. “Foi uma luta de vários anos e enfim garantimos nosso direito”. Hoje, João Roberto é escritor. Já publicou dois livros: Visto de Fora e Células, e está preparando um ensaio para 2006. É também diretor da ADMAP – Associação Democrática dos Metalúrgicos Aposentados e Pensionistas. Especial 50 anos
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SINDICATO PASSA A TER PERFIL DE LUTA
A eleição de Lula
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HC ita F le m e D e “ s que ê”, e t n a oc ita v e m e d nd sloga nha a p cam ra o n o c t rego mp dese rmas o e ref erno ov do g ndo a n Fer e, em q i r u n e H . 1998
Em assembléia histórica, metalúrgicos votaram desfiliação da CUT
José Luiz Gonçalves, presidente do Sindicato, eleito em 1984, fala em ato realizado durante greve geral em dezembro de 1986
Desde a greve de 79, a Oposição começa a se fortalecer na categoria e passa a distribuir boletins. As reuniões do grupo aconteciam em vários locais, entre eles uma escola na rua Sete de Setembro e no pátio da igreja São Benedito, no Alto da Ponte. Em 1981, é realizada a eleição para a nova diretoria do Sindicato, com quatro chapas na disputa. Apesar dos objetivos comuns, de mudar a atuação do Sindicato para torná-lo combativo e democrático, a Oposição entra dividida na disputa, em dois grupos. A Chapa 3 é encabeçada por Ari Russo, do MDB, com integrantes do PT, como José Luiz Gonçalves. A Chapa 4 é formada por integrantes da Convergência Socialista, como Toninho, Tambaú, Gilmar Trinca e outros, liderados por Ernesto Gradella.
A Chapa 1 tinha à frente o presidente José Domingues e a Chapa 2 reunia membros ligados à chefia da GM. No primeiro turno, nenhuma das chapas conseguiu a maioria (50% mais um do total de votos). A Chapa 3 ficou em primeiro lugar, seguida pela Chapa 4, com uma diferença de cerca de 200 votos. Em terceiro lugar ficou a Chapa 1 e em quarto, a Chapa 2. “No segundo turno, nós retiramos a candidatura da Chapa 4 para apoiar a Chapa 3, com o objetivo de garantir a vitória da Oposição e retomar o Sindicato novamente para os trabalhadores”, relata Gradella. Foi assim que a vitória da Oposição foi garantida e Ari Russo tornou-se o segundo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, dando início a uma nova fase na história da entidade, com uma atuação mais combativa. Especial 50 anos
No ano de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil, com a maior votação da história do país. Ele foi eleito com grande expectativa dos brasileiros, especialmente dos trabalhadores e dos movimentos sociais, que sempre foram sua base política. O Sindicato defendeu no segundo turno o voto em Lula, mas com críticas. Desde o início, a avaliação foi de que sem romper com a política neoliberal do FMI e suspender o pagamento da Dívida Externa, Lula não iria governar para os trabalhadores. O Sindicato, com base nas decisões do Conselho de Representantes, defendeu um programa anticapitalista, que rompesse com o FMI e com as negociações da Alca e não pagasse a Dívida Externa. Já no início do governo, o Sindicato enfrentou a política neoliberal que estava sendo implementada por Lula, a exemplo de FHC. Em março de 2003, a inflação já acumulava 10,39%, desde a última data-base, em novembro passado. O Sindicato deu então início à Campanha Salarial de Emergência. Os trabalhadores da GM realizaram uma forte greve de seis dias que deu o impulso à campanha vitoriosa. Esta luta, porém, serviu para desmascarar a posição do governo Lula e da CUT. O governo ameaçou intervir caso fosse concedido algum gatilho salarial aos trabalhadores da GM e a CUT se colocou contra a greve.
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1979: É criado o
Dito Bronca
Sindicato deixa a CUT
Em 1999 março d , e gara o Sindic ato nte a de u trav ma és na J limina r u st não -des iça o cont Imp o osto Sind do dos ic meta lúrg al de S i co ão J osé. s
Atos pela Anistia espalharam-se pelo país na segunda metade da década de 70 e foi neste clima que nasceu o Dito Bronca
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Abaixo à esq., assembléia na GM sobre a campanha salarial de emergência. À dir., protesto em São Paulo contra a corrupção no governo Lula
Em 2004, ocorre um fato que, sem dúvida, é um divisor de águas na história do Sindicato: no dia 19 de agosto de 2004, os metalúrgicos de São José decidiram se desfiliar da CUT, que ajudaram a fundar na década de 80. A central que foi responsável por grandes mobilizações nos primeiros anos de existência, com a eleição do governo Lula, mais do que não defender e impulsionar as lutas em defesa dos trabalhadores, transformou-se numa central governista, “chapa branca”. Apoiou todos os ataques do governo e as reformas que ameaçam os direitos dos trabalhadores, como as reformas Sindical e Trabalhista. “Ao perceber que permanecer nesta Central seria condenar o movimento dos trabalhadores à paralisia e à perda de direitos, o Sindicato, com apoio dos metalúrgicos, tomou esta decisão corajosa e histórica”, avalia o presidente do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha. Alguns chegaram a dizer que o Sindicato se enfraqueceria com tal decisão, mas a situação foi completamente oposta: na Campanha Salarial imediatamente posterior à desfiliação, os metalúrgicos obtiveram o melhor índice de reajuste dos últimos 10 anos: 10% (sendo 4% de aumento real). A categoria também continua mantendo direitos duramente atacados pelos patrões, e já perdidos em outras regiões, como a estabilidade ao portador de doença ocupacional. Especial 50 anos
Na segunda metade da década de 70, tomou força o movimento pela anistia aos presos políticos, banidos e cassados em seus direitos durante a ditadura. Ocorreram atos em todo o país com a participação de milhares de pessoas. Em São José, também foram realizadas manifestações, e é em uma delas, na praça Afonso Pena, que nasce o personagem mais simbólico do Sindicato dos Metalúrgicos: o Dito Bronca. Ativistas da Oposição Metalúrgica, já em formação, participavam do ato que contou com a presença de vários políticos e personalidades, entre eles o cartunista Henfil. Ernesto Gradella lembra que eles esperavam o início do ato e aí tiveram a idéia de pedir ao Henfil para desenhar algo que representasse a indignação dos trabalhadores com os patrões e com as injustiças que acontecem dentro da fábrica. “Ele desenhou o Dito em segundos”, recorda. O nome “Dito Bronca” foi sugerido por Edson Cavalcanti, outro militante que participava da manifestação. A partir de então, o personagem passou a ser utilizado nos boletins da Oposição Metalúrgica e, com a vitória em 1981, nos jornais do Sindicato. O Dito passou a ser reconhecido pelos trabalhadores como a voz da categoria contra a opressão e a exploração dos patrões. Hoje, tem a coluna mais lida do Jornal do Metalúrgico e ilustra as camisetas, bonés, cartazes e diversos materiais da entidade.
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SÉCULO 21
Surge a Oposição Metalúrgica em São José
Fotos: Manuel Pereira
assembléias do Sindicato dos Têxteis. Ernesto Gradella, que veio para São José em 78 e tornou-se metalúrgico da Fi-El, integrava a corrente política Convergência Socialista e já atuava para a criação da Oposição Metalúrgica em São José. Gradella lembra que, às vésperas da decisão da greve, um grupo veio ao Sindicato pedir que
03, e 20 d o gost rga Em a dicato o iro o Sin o prime a niza sto contr , e gião prot a re sita n a vi Lul á nte a dura esidente nr a p r do Voto do n resa emp enuncia o d d , es tin taqu os a erno. gov
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Especial 50 anos
À frente da reorganização do movimento sindical Com as mudanças ocorridas com a eleição de Lula, a chegada do PT no governo e a continuidade da aplicação do projeto neoliberal herdado de FHC, o movimento dos trabalhadores passa atualmente por um profundo processo de reorganização. A degeneração da CUT e seu abandono em dirigir as lutas em defesa das reivindicações dos trabalhadores fizeram surgir a CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas. A CONLUTAS foi criada nos dias 13 e 14 de
março de 2004 por mais de 1.800 sindicalistas, que se reuniram em Luziânia (GO), para construir a luta contra as reformas Sindical e Trabalhista do governo Lula. Estas reformas ameaçam direitos históricos como o 13º, as férias, o FGTS, a licença-maternidade, entre outros. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos é um dos impulsionadores desta nova organização e participa ativamente de sua construção desde o início. No dia 16 de junho de 2004, a CONLUTAS
Panfleto da Chapa 3, que venceu as eleições em 1981, sobre a greve de 79
o presidente soltasse um panfleto chamando a greve. “Ele fez a impressão do panfleto, mas já não colocou o timbre do Sindicato. Entregamos o boletim nos pontos de ônibus e os trabalhadores levaram para a fábrica”, conta. No dia 12 de março, o ABC votou o início da greve. No dia seguinte, numa terça-feira, foi realizada a assembléia em São José. “Estava lotado de gente dentro e fora do local”, relembra Gradella. “O Zé Domingues tentou manobrar, para ver se fechava o acordo negociado na Fiesp pela Federação. Mas um companheiro, o Tambaú, subiu lá e disse que não tinha nada de votação em urna, que era greve e quem fosse a favor que levantasse o braço. Foi unânime”, conta. Cerca de 2 mil trabalhadores decretaram a greve geral. José Luiz Gonçalves, que trabalhava na GM e também já discutia a criação da Oposição, lembra que José Domingues abandonou a assembléia e fechou o Sindicato. “Foi eleito um Comando de Greve, que iria dirigir o movimento até o final”, relembra. A paralisação começou a ser feita pelos próprios trabalhadores, que saiam de uma empresa para fazer piquete em outra. Não tinha boletim, carro de som, nada. Foi uma greve quase que espontânea. Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, também trabalhava na GM na época e militava no movimento que viria a ser a Oposição Metalúrgica. Ele recorda que a repressão foi muito forte. “A Polícia nos abordava quando saíamos do Sindicato dos Têxteis e nos prendia”. Segundo Toninho, a greve durou de terçafeira a domingo, mas o saldo mais importante foi a consolidação da Oposição Metalúrgica. Aliás, este também foi o resultado em outras regiões. Organizados em oposições sindicais, pouco a pouco, os trabalhadores foram tirando a velha direção dos sindicatos. Aquelas direções foram praticamente atropeladas pelas greves daquele período. Para aqueles ativistas, estava clara a necessidade de construir uma nova direção, combativa e democrática. Este processo acontece em 1981 no Sindicato dos Metalúrgicos de São José. É também fruto deste processo que ocorre o nascimento do PT, em 1980, e a criação da CUT, em 1983. Especial 50 anos
Em 1979, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José não tinha salão de assembléia. No local onde hoje é o salão, na parte térrea do prédio, funcionava a farmácia. Na campanha salarial daquele ano, o presidente do Sindicato, José Domingues, convocou as assembléias que começaram a reunir muita gente. Os encontros eram realizados no salão de
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O SURGIMENTO DO NOVO
SINDICALISMO A década de 70 marca o auge da repressão da ditadura militar, mas também a sua decadência e o surgimento do chamado “novo sindicalismo”. A ditadura começa a viver os primeiros sinais da crise econômica. No final de 1973, a dívida externa, contraída pelos governos militares para financiar obras faraônicas, atinge US$ 9,5 bilhões. A inflação chega a 34,5% em 1974 e acentua a corrosão dos salários. A crise internacional do petróleo, desencadeada em 1973, afeta o desenvolvimento industrial e aumenta o desemprego. Em São José, segue a postura assistencialista do Sindicato, ainda sob o comando de José Domingues. Em 1976, é inaugurada a subsede de Jacareí e, em 1978, a de Caçapava.
Em 1974, uma dissidência interna na diretoria levou o Ministério do Trabalho a intervir no Sindicato. O tesoureiro Benedito Domingos foi afastado da entidade por José Domingues e entrou com uma representação no Ministério do Trabalho. Um representante da Federação dos Metalúrgicos foi nomeado e assumiu a direção do Sindicato por 180 dias, convocando novas eleições. Benedito Domingos montou uma chapa para disputar as eleições. José Domingues, entretanto, é reeleito e fica na direção do Sindicato até 1981, permanecendo por 25 anos à frente da entidade.
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Especial 50 anos
A partir da greve de 1979, trabalhadores se reorganizaram e partiram pra luta
A greve geral de 1979 Os assassinatos de presos políticos, como o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manuel Fiel Filho, respectivamente em 1975 e 1976, detonaram uma forte campanha contra a repressão e em defesa da anistia. Em 1976, explodiram as lutas pelas liberdades democráticas, com os estudantes à frente, consolidando as primeiras manifestações contra a ditadura. Sob forte arrocho salarial, os trabalhadores também começam a se reorganizar, principalmente a partir do pólo metalúrgico de São Bernardo do Campo, na região do ABC, com Luiz Inácio da Silva, o Lula, à frente.
Em m a foi c io de 19 8 riad prim o pel 4, eira a vez u Fund m o dura de Grev e nte u mob iliz ma dos trab ação a da T lhadore s orin .
Uma greve na Scania, no dia 12 de maio de 1978, vai marcar a entrada dos operários neste novo cenário. Foi uma greve pequena, mas significativa, que foi seguida por outras empresas. Mas é em abril de 1979, durante a campanha salarial, que vai acontecer o primeiro movimento de massas da classe trabalhadora depois do golpe de 64. Iniciada pelos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, em poucos dias, a greve geral da categoria alastrou-se para São José dos Campos, Campinas, Jundiaí e todos os grandes centros industriais.
organizou uma grande manifestação contra as reformas, em Brasília, que reuniu cerca de 20 mil pessoas. O Sindicato enviou uma caravana de 20 ônibus para o ato e teve participação destacada. De lá para cá, esta Coordenação Nacional tem impulsionado as lutas em defesa dos trabalhadores. Está à frente das lutas contra as reformas Sindical e Trabalhista, nas greves das catego-
rias, nas marchas a Brasília, em encontros estaduais e regionais dos trabalhadores. “Fomos um dos primeiros sindicatos a romper com a CUT e temos sido uma referência dentro deste novo processo de reorganização do movimento”, avalia Mancha. “Depois de nossa desfiliação, vários sindicatos na região e em todo o país já se desfiliaram da central governista ou estão em processo de ruptura, se somando à organização da CONLUTAS e de uma nova alternativa para a direção das lutas dos trabalhado-
res”, explica. A ruptura com a CUT já é um processo objetivo no movimento em todo o país e abre um novo período. O Sindicato dos Metalúrgicos continua cumprindo um papel de vanguarda da classe operária brasileira. Do Sindicato que foi um pólo extremamente organizado na década das grandes lutas em 80; passando a ser um pólo de resistência contra as políticas de conciliação e flexibilização adotadas pela CUT em 90; na nova década, a entidade dá início a uma nova trajetória de vanguarda na reorganização do movimento. O Sindicato dos Metalúrgicos seguirá firme na defesa dos trabalhadores, na construção de uma nova organização nacional, combativa e democrática, e rumo a uma sociedade justa e igualitária: uma sociedade socialista. Especial 50 anos
Intervenção no Sindicato em 74
Foto maior, ato contra reformas em Brasília - novembro de 2004. Acima, manifestação da CONLUTAS, em junho de 2004. Ao lado, protesto contra a corrupção no governo Lula, Brasília, 17/8/05
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NA PONTA DE UM LÁPIS As charges publicadas nas páginas do Jornal do Metalúrgico e boletins, de forma irreverente, crítica e bem humorada, guardam um pouco da história das últimas décadas. Por meio da arte do desenho, estão registradas as lutas, campanhas e posições políticas do Sindicato. Já passaram pela entidade artistas como Hércules, Jean Galvão e, hoje, o chargista é Bruno Galvão.
DÉCADA DE 60
A primeira greve ocorre em 63
Primeiro jornal oficial do Sindicato publicado em 1968. Neste período, os materiais não eram regulares
Com a instalaçãoo de outras empresas, como Fi-El, Eaton, Bundy, e já como Sindicato, a entidade começa a ter mais sócios. cios. Também começa a receber o Imposto Sindical. A primeira greve acontece em 1963, na Ericsson. O Sindicato reivindicava a extensãoo de um acordo coletivo assinado pela Federação dos Metalúrgicos de São Paulo para São ão José.. A Ericsson se negou a conceder o reajuste de 80% e isso provocou a mobilização dos trabalhadores. Com a paralisação, o, a empresa aceitou cumprir o acordo e a greve terminou vitoriosa.
Metalúrgicos reunidos em assembléia durante a Campanha Salarial de 1962
O golpe militar e a ditadura
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José dos Campos não sofreu intervenção. A entidade ficou fechada por uns dois dias, segundo lembra o ex-presidente José Domingues. “Naquele dia cheguei ao Sindicato e a polícia estava na porta e não me deixou entrar”, conta. Mas depois o funcionamento foi liberado. Com a ditadura, muitos sindicatos abandonaram a atuação mais combativa, acabando com a participação da base e as discussões políticas. O assistencialismo passou a ser o instrumento dos interventores e dos pelegos para garantir alguma legitimidade perante a categoria. Em São José, a postura assistencialista que já
existia, passa a ser ainda mais intensificada com o medo da perseguição política. Domingues lembra que depois de 64 qualquer reivindicação ou mobilização ficou mais difícil. Qualquer movimento que se fazia no Sindicato, o Ministério do Trabalho já intervinha com intimidações para impedir que se fizesse algo. Por qualquer coisa, se ameaçava com prisão ou cassação do mandato. Neste período quase nenhuma luta mais forte foi realizada. Mobilizações dos trabalhadores chegaram a ser barradas, como lembram alguns metalúrgicos ativos na época. Especial 50 anos
No dia 31 de março de 1964, os militares aplicaram o golpe que destituiu o presidente João Goulart e deu início a 20 anos de uma ditadura militar repressiva e violenta no Brasil. Foi o período em que os trabalhadores enfrentaram a mais intensa repressão política na história do país. As ocupações militares e as intervenções atingiram cerca de 2.000 entidades sindicais. Dirigentes foram presos, cassados e exilados e o regime militar nomeou interventores para dirigir os sindicatos. O Sindicato dos Metalúrgicos de São
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a 982, Em 1 exigia sa Enge abalhar t s tado do ates “ s tes e dor teceden n e a id o de os - o ao c i t í pol junt cos” partalógi e S (D Ordem DOP e l). to d men ca Socia i Polít
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Especial 50 anos
O PERFIL ASSISTENCIALISTA Na década de 60, os sindicatos funcionavam de acordo com a estrutura herdada do governo Vargas. A política getulista tinha como base o controle do Estado sobre os sindicatos. Sempre apresentadas como uma “doação” do Estado e do próprio Getúlio, as resoluções tomadas desde 1930, seja na legislação sindical ou as concessões trabalhistas como a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), foram no sentido de atrelar os sindicatos e controlar as lutas dos trabalhadores. É neste contexto que a atuação do Sindicato dos Metalúrgicos neste período vai ser caracterizada, principalmente, pelo assistencialismo. Naquela época não existia a atuação do Sindicato nas portas das fábricas. Na concepção de José
Domingues, o trabalhador se associava ao sindicato em troca de uma assistência, um “retorno”. Por isso, começam a ser prestados pelo Sindicato serviços dos mais diversos, como barbearia, manicure, cabeleireira, assistência médica, odontológica e farmácia. O Sindicato chegou a ter 12 dentistas, além de seus auxiliares, com atendimento das 8h às 20h, inclusive aos sábados. Havia médicos ginecologistas, pediatras e de clínica geral. A entidade também participou de desfiles de 7 de Setembro e promoveu até concurso de princesa metalúrgica. A sede própria do Sindicato, na rua Maurício Diamante, foi inaugurada em 1963. Especial 50 anos
Participação do Sindicato nas comemorações do dia 7 de Setembro durante o regime militar
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Na
retaguarda
das lutas
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uma forma ou de outra, participaram. “Na greve de 85, por exemplo, ajudamos na arrecadação do fundo de greve para os trabalhadores da GM. Fazíamos o atendimento das famílias dos grevistas. Foi uma luta que mobilizou intensamente toda a entidade”, lembra. A funcionária mais antiga na ativa, Aparecida Palmieri, desde 1977 no Sindicato, vivenciou desde o período assistencialista. “Tinha de tudo. Havia atendimento das 7h às 20h. Mas, hoje nosso atendimento é para garantir a vitória das lutas”, avalia. Em relação ao funcionamento da entidade, Sueli Félix de Paula Costa conhece bem.
As reuniões do Sindicato aconteciam num salão alugado na esquina da rua Francisco Rafael com a Rubião Júnior
É na Ericsson que vai surgir o embrião do Sindicato. Tudo acontece a partir de um problema existente na maioria das fábricas naquela época: a empresa cobrava o uniforme dos trabalhadores. José Domingues, que trabalhava desde meados de 1955 no setor de almoxarifado da empresa, lembra que, apesar da pouca instrução, achava aquela situação injusta. Começou a conversar com seu chefe, João Miguel da Silva, para ver como podiam tentar resolver aquele problema. “Meu irmão, Cecílio Domingues Neto, era presidente do Sindicato dos Ceramistas e fui perguntar a ele o que podíamos fazer”, relembra Domingues. Foi aí que o irmão sugeriu a criação de uma associação, o primeiro passo para se criar um sindicato, de acordo com a legislação vigente na época. Domingues conta que passaram a convidar os trabalhadores. As discussões aconteciam no banheiro da empresa, que ficava em frente ao almoxarifado, e então foi marcada uma assembléia, na sede do Sindicato dos Ceramistas. No dia 14 de março de 1956, cerca de 20 trabalhadores da Ericsson realizaram a assembléia de fundação da Associação Profissional dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Jacareí e Caçapava. João Miguel da Silva foi indicado para ser o presidente, por ser considerado o mais instruído e preparado do grupo. “No dia seguinte, o João foi demitido pela
empresa, que obviamente viu ali uma ameaça. Foi aí que eu percebi a importância daquilo que estávamos criando, pois, se não era bom para a empresa, devia ser bom para o trabalhador”, conta José Domingues. Com a demissão de Silva, José Domingues como sócio número dois assumiu o cargo de presidente da associação. No início tudo era muito difícil. A Associação sobrevivia das contribuições dos poucos sócios, que eram pagas no banheiro da Ericsson. A ajuda do Sindicato dos Ceramistas foi fundamental, desde a disponibilização do local para realização das reuniões até na prestação de assistência jurídica. Em 1958, ainda como associação, José Domingues conta que entrou com uma ação contra a Ericsson para impedir o desconto dos uniformes. Sem estabilidade, foi demitido pela empresa e começou a trabalhar numa serralheria no centro da cidade. Nos primeiros tempos, a Associação dos Metalúrgicos fazia suas assembléias no Sindicato dos Ceramistas, que ficava na rua Vilaça, no centro da cidade. Algum tempo depois foi alugado um salão na esquina da rua Francisco Rafael com a Rubião Júnior. Foi neste local que a Associação recebeu a carta sindical, em 25 de novembro de 1958, transformando-se em Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região.
Funcionária, há 26 anos, ela aponta a informatização, ocorrida no final dos anos 80, como uma mudança significativa. “A partir dali o Sindicato pôde modernizar e aperfeiçoar o trabalho interno e atender muito melhor os metalúrgicos”, avalia. “Para os diretores estarem à frente das lutas nas fábricas, negociações e protestos, há todo um trabalho para garantir isso”, explica a administradora do Sindicato, Marlene Rocha, funcionária desde 1987. “Os trabalhadores do Sindicato são iguais a todos, mas com um diferencial: estamos aqui para defender os direitos da classe trabalhadora”, resume. Especial 50 anos
Na retaguarda de todas as ações feitas pelo Sindicato ao longo dos últimos 50 anos, um grupo de trabalhadores e trabalhadoras deu o suporte necessário para garantir a realização de todas as lutas em defesa dos metalúrgicos. São os funcionários e funcionárias do Sindicato: secretárias, recepcionistas, técnicos do departamento de saúde, departamento financeiro, advogados, jornalistas, motoristas, enfim, trabalhadores que também fazem parte da história da entidade e ajudaram a construí-la. Para Ana Cristina Barbosa, que está no Sindicato desde 1981 e há oito anos é secretária da diretoria, nas greves, campanhas, nos principais momentos, os funcionários, de
Tudo começou na Ericsson
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A história nas páginas do Jornal do Metalúrgico Acontecimentos do dia-a-dia, vitórias, derrotas e fatos marcantes. Boa parte da história do Sindicato está nas páginas do Jornal do Metalúrgico. Criado logo após a Oposição ganhar a direção do Sindicato, em 1981, o jornal já passou de 700 edições. No início, o jornal não tinha uma periodicidade exata. “Foi uma grande luta garantir a saída regular do jornal e fizemos isso porque este é o instrumento que unifica e conscientiza a categoria”, afirma o ex-presidente do Sindicato Toninho. Hoje, o Jornal do Metalúrgico é o principal veículo de comunicação da entidade com os trabalhadores. É produzido pelo departamento de Comunicação da entidade e publicado semanalmente. Um diferencial do Jornal do Metalúrgico é que ele é entregue nas tica que portas das fábricas pelos diretores do Sindicato, uma prática não é mais comum na maioria das entidades sindicais do país. As mais de 700 edições estão encadernadas e podem ser conferidas na sede do Sindicato. A entrada na Internet
O NASCIMENTO
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a industrialização na cidade e para a chegada das primeiras grandes indústrias e multinacionais. Em 1955, é instalada a maior metalúrgica da época: a Ericsson. Outra grande multinacional, a GM, vem para São José em 1959. “Até então, existiam poucas empresas metalúrgicas. Oficinas mecânicas e serralherias eram maioria”, conta José Domingues da Silva Sobrinho, o primeiro presidente do Sindicato. Especial 50 anos
Nos primeiros tempos, o Sindicato sobrevivia das contribuições dos poucos sócios que eram, em sua maioria, trabalhadores da Ericsson
O nascimento do Sindicato dos Metalúrgicos acontece juntamente com o processo de industrialização do Vale do Paraíba e de São José dos Campos. Até os anos 40, São José ainda era conhecida como estância hidromineral e indicada para o tratamento da tuberculose. É no início dos anos 50 que esta situação começa a mudar. A inauguração da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, e a criação do CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial), em 1953, dão impulso para
gina do Sindicato na internet. Foi mais Em junho de 2001, entrou no ar a página es um marco na política de comunicaçãoo da entidade. Traz as principais informações sobre a categoria e os assuntos de interesse da classe trabalhadora, numa visão classista e de esquerda. O site foi reformulado em 2003 e hoje possui um formato a exemplo dos portais de notícia. A página é atualizada diariamente e possui links como galeria de fotos, charges, especiais como das Reformas Sindical e Trabalhista, entre outros www.sindmetalsjc.org.br.
IMPRENS
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p Edição Es
al i c e
DIRETORIA GESTÃO 2003/2006
O NASCIMENTO página
Diretoria Efetiva
Presidente Luiz Carlos Prates (Mancha)
Ademir Samuel Ademir Tavares da Paixão Alexandre Magno R. Maceno Amarildo Ribeiro de Jesus Antonio Ladeira Pereira Antonio Luiz Antunes Arlindo Rodrigues Beatriz da Glória Carlindo Mariano de Oliveira Eduardo de Oliveira Silva Eliane dos Santos Eudo Lopes de Moraes
Diretoria Executiva Adilson dos Santos - Vice-presidente Renato Bento Luiz - Secretário Geral Vivaldo Moreira Araújo - Tesoureiro Geral Sebastião Teles de Souza - 1º Tesoureiro José G. Mendonça - 1º Secretário Ana Paula Rosa de Simone - 2ª Secretária Edmir Marcolino da Silva - Diretor Lauro da Silva - Diretor
Fabiano Idalgo Valeriano Fátima Dias Pimentel da Silva Ivair Ferreira José Francisco Sales Kleber Galvão de Siqueira Luiz Carlos Martins Marco Antonio Piva Norberto Tiago de Araújo Reynaldo Nunes Sant’ana Rodrigo Santiago Rennó Sebastião Francisco Ribeiro Valdir Martins de Souza
Ivan Trevisan Marco Antonio Pinto Ribeiro Carlos Donizetti Macedo
O NOVO SINDICALISMO
UMA DÉCADA MARCADA POR LUTAS
14 página
Célio Eduardo Silveira Edson Alves Cruz José Donizetti de Almeida
A RESISTÊNCIA CONTRA A FLEXIBILIZAÇÃO
EXPEDIENTE Publicação comemorativa de 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
Tel.: (12) 3946-5333 www.sindmetalsjc.org.br comunicacao@sindmetalsjc.org.br
Rua Maurício Diamante, 65 – Jd. Matarazzo – São José dos Campos/SP Cep 12.209-570
Realização: Departamento de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos
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Conselho Fiscal
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Pesquisa, redação e edição: Ana Cristina Silva (MTB 28.428) Revisão: Ana Cristina Silva, Jocilene Chagas e Rodrigo Correia Projeto gráfico e editoração: Paulo Donizetti (12) 3911-1754 Fotos: Arquivo do Sindicato
Impressão: JAC Editora Tiragem: 5.000 exemplares
“É permitida a reprodução do conteúdo editorial, desde que citada a fonte”
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À FRENTE DA REORGANIZAÇÃO
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editorial editorial
Aos 50 anos, à frente dos desafios da classe trabalhadora
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Luiz Carlos Prates, o Mancha Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e coordenador nacional da CONLUTAS
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ato o Sindic d a r u t estru o Toda a isposiçã a está à d d e s o alúrgic t e m s a o d d defesa luta em ora. balhad a r t e s s som, cla rros de a c , s o i to Préd rtamen ia a p e d , a colôn gráfic saúde e e d ão , o c i tros, est juríd u o e r t n s, e de féria viço da luta. s m a er ntido co s. a m é o cio E tud o dos só ã ç i u b i co do a contr um pou a ç e h n rece Co icato ofe )! d n i S o que o (a m-vind e seja be
1- Colônia de Férias em Caraguá 2- Farmácia 3- Departamento de Saúde 4 - Departamento Jurídico
Especial 50 anos
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região chega aos 50 anos de fundação no dia 14 de março de 2006. Em meio século de existência, os metalúrgicos ajudaram a construir a história da classe trabalhadora brasileira. Tudo começou com um grupo de trabalhadores da Ericsson, que criou a Associação Profissional dos Metalúrgicos de São José, Jacareí e Caçapava. Nos primeiros tempos, a atuação da entidade foi marcada pelo assistencialismo, mas com a vitória da Oposição Sindical, no ínicio da década de 80, abriu-se uma nova fase combativa. A partir de então, estivemos presentes nos principais momentos da história do país. Foi assim na resistência contra a ditadura, na campanha pelas Diretas, no Fora Collor, nas grandes greves por aumento de salário, contra a ALCA e em várias outras lutas. Hoje, a entidade é reconhecida em todo o país como referência de um sindicalismo classista e de luta. O Sindicato foi um dos fundadores de um novo momento do sindicalismo no final da década de 70. Nas grandes lutas da década de 80, os metalúrgicos de São José foram um pólo extremamente organizado e participaram da fundação da CUT. Na década de 90, uma frente de resistência e de luta contra a flexibilização e o projeto neoliberal. No século 21, diante de uma precarização nas condições de trabalho nunca vista, do agravamento do desemprego estrutural, da flexibilização e retirada de direitos, a entidade segue na linha de frente da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores. A chegada de Lula e do PT ao poder causaram grande esperança e expectativa nos trabalhadores. Mas, como prevíamos, sem romper com o FMI e o projeto neoliberal, Lula não governaria para a população pobre, mas sim a serviço dos poderosos. O governo Lula aposta no apoio das direções da CUT, UNE e MST, entidades que se transformaram em governistas, para conter a insatisfação e as lutas dos trabalhadores do campo, da cidade e dos estudantes. Por isso, a ruptura do Sindicato dos Metalúrgicos de São José com a CUT, em agosto de 2004, é um divisor na história da entidade. O papel de vanguarda desempenhado décadas atrás, novamente nos é colocado como um desafio. É preciso romper com as direções reformistas e consolidar a fundação de uma nova organização da classe trabalhadora, a CONLUTAS. Precisamos mostrar que só a luta muda a vida e que o caminho da luta em defesa dos trabalhadores passa por romper novamente com o peleguismo e construir uma nova direção classista, democrática e de luta.
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Acesse Acesse o siteodo www.sindmetalsjc.org.br siteSindicato: do Sindicato: www.sindmetalsjc.org.br
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Sindicato dos Metalúrgicos 2005
REVISTA COMEMORATIVA DE 50 ANOS DE FUNDAÇÃO - 1956/2006 27