A greve e os limites da institucionalidade
Francisco Miraglia e Soraya Smaili*
“O financiamento público para a universidade pública é necessário” As Universidades Públicas brasileiras vivem hoje um momento singular. Ao cabo de anos de uma política de desmonte e privatização das Universidades Publicas, nos últimos dois anos assistimos a manifestações fortes e contundentes contra o esquema que o governo federal e muitos governos estaduais tentam impor. Há pouco mais de um ano, professores, alunos e funcionários das universidades estaduais paulistas insurgiram-se contra o arrocho de salários e verbas através da greve. Mais recentemente, docentes e técnico-administrativos das Universidade Federais também sustentaram um duro embate com o governo federal. Ambos movimentos grevistas possuíam uma característica em comum : a ampla mobilização e organização, construindo a capacidade de conquistar um desfecho vitorioso. Neste momento, mais uma forte greve ocorre neste mesmo cenário : a das universidades estaduais do paraná. Durante a greve das federais, o governo FHC mais uma vez mostrou a sua face autoritária, como no caso dos Petroleiros e do MST, entre outros. No lugar do respeito e de negociações efetivas, presenciamos atos incompatíveis com o exercício responsável e democrático do poder, todos dirigidos à 32 - Ano XI, Nº 26, fevereiro de 2002
destruição da organização e da dignidade de professores e funcionários. O corte ilegal dos salários, as campanhas milionárias de desinformação da opi-
nião pública e de desqualificação dos professores que, para Paulo Renato, são “fascistas” e, para FHC, “coitados”, o desrespeito a compromissos assumi-
UNIVERSIDADE E SOCIEDADE