Universidade, Estado e Educação
Alexsandro Sousa Brito1
O crescente interesse do Banco Mundial pela educação no Brasil: razões explicativas. 1. Introdução. A relação entre o Banco Mundial e as políticas educacionais é resultado de uma parceria de três décadas. Apesar de ser algo relativamente recente, passou por diferentes enfoques, seja em decorrência do processo de reestruturação tecnológica, dos programas de ajustes estruturais de segunda geração ou mesmo pelos esforços de democratização do ensino. Mas é a partir da década de 90 que se nota a veemência dada, por esse organismo, ao financiamento (Gráfico 1) e gestão das
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políticas educacionais; o que parece justificar-se pelo entendimento que faz o Banco Mundial de que “a educação é requisito fundamental para assegurar o desenvolvimento a longo prazo, aliviar a pobreza e reduzir a desigualdade de renda” (BANCO MUNDIAL, 2000), e de que, segundo Gonzalez (1990), as imperfeições na oferta de trabalho, gerando desequilíbrios no mercado de trabalho e na distribuição de renda, são conseqüências de uma má formação técnica e básica, sendo necessária a construção de um traba-
lhador dotado de novos atributos. É essa a razão pela qual vem concentrando esforços na melhoria da educação, principalmente a básica. No entanto, partindo da observação de como as políticas educacionais vêm sendo implementadas, norteadas no marco teórico ideológico neoclássico, a partir da teoria do capital humano e da lógica do custo-benefício, acreditase que o destaque dado a Educação, principalmente nos anos 90, estaria sendo outro instrumento político-ideológico utilizado por esse organismo Ano XI, Nº 26, fevereiro de 2002 - 83