A greve e os limites da institucionalidade
Maria Ciavatta
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“República dos professores”-
perdemos o status, não a dignidade “Professores em greve para não apagar o futuro”.
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Introdução Causou polêmica a manifestação de um jovem estudante universitário mostrando descrença e descaso para com o regime “democrático” de nosso país. Seu argumento era o que já está vigente, é o “sistema de mercado”. Seu pensamento não surpreende diante da sociedade competitiva e agressiva que se instala no país, alimentada pela mídia, pelo desemprego e pela violência do dia-a-dia nas grandes cidades. O que surpreende é que ele não parece distinguir um regime “democrático” (mesmo entre aspas) de um sistema de força, como as ditaduras vividas, com todos os seus tormentos, pelos brasileiros das gerações anteriores à sua. A violência simbólica dos meios de comunicação, a ditadura da moda e do consumo, da compra e venda da consciência política e a violência real da repressão aos pobres que perturbam a ordem pública com a venda de quinquilharias, com os pequenos furtos, com sua fome incômoda, não devem ser muito diferentes para quem tem vinte anos e só conhece este mundo ou o Primeiro Mundo que tem suas próprias violências. Mas, para quem está na universidade tentando
UNIVERSIDADE E SOCIEDADE
Ano XI, Nº 26, fevereiro de 2002 - 9