130 anos da abolição da escravidão
130 anos da abolição da escravidão
e a luta antirracista das mulheres negras organizadas em coletivos Sandra Maria Marinho Siqueira
Professora da Faculdade de Educação/FACED Universidade Federal da Bahia (UFBA) E-mail: sandralemarx@gmail.com
Resumo: Em 2018, completam-se 130 anos da abolição da escravatura no Brasil. Trata-se, evidentemente, de uma farsa histórica, pois vivemos em uma sociedade profundamente racista. Portanto, afirmamos no presente texto que não houve uma abolição real, completa, substantiva, pois o racismo não se extinguiu, ao contrário, ele se institucionalizou. No Brasil, os latifundiários e os comerciantes se aliaram à coroa portuguesa e mantiveram a escravidão negra como poderoso instrumento para impulsionar a acumulação primitiva do capitalismo. A abolição da escravatura não significou o fim da opressão racial. Os escravos, libertados na forma da lei, tornaram-se, em parte, trabalhadores assalariados – quando encontravam trabalho –, com muitas dificuldades para reproduzir socialmente a sua existência. As mulheres negras, historicamente, tiveram uma efetiva participação na luta contra o racismo e sofreram muitos assédios, estupros e violências sexuais. Os corpos das mulheres negras foram objetificados desde a escravidão até os dias atuais. É necessário prestar contas com as consequências da escravidão de trezentos anos no nosso país e, somente com mudanças estruturais profundas, será possível cumprir com esta tarefa hercúlea. O presente artigo tem por objetivo analisar criticamente os 130 anos da abolição da escravatura no Brasil à luz do materialismo histórico-dialético. Para tanto, fundamentamos a análise em autores como Marx (2006), C. R. L. James (2015), Fernandes (2017) e Breitman (2015), dentre outros.
Palavras-chave: Racismo. Resistência. Mulheres Negras.
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UNIVERSIDADE E SOCIEDADE #62 - EDIÇÃO ESPECIAL