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Evasão escolar e um futuro incerto

Longe das salas de aula, estudantes perdem a experiência de uma infância segura e com práticas que desenvolvem diversas habilidades e competências

Por Camila Acordi

A trajetória escolar é fundamental para a inserção social e o desenvolvimento pessoal e intelectual dos jovens. Porém, uma em cada 10 meninas e meninos de 11 a 19 anos (11%) não estão frequentando a escola no país, segundo estudo realizado pelo Ipec para o Unicef. As principais causas para a evasão escolar incluem a necessidade de trabalhar (48%) e a dificuldade de aprendizagem (30%).

A pandemia deixou como marca um aumento considerável no cenário da evasão escolar. Segundo a organização Todos Pela Educação, com dados da Pnad Contínua/ IBGE, os números do segundo trimestre de 2021 mostram um aumento de 171,1% entre crianças e jovens entre 6 e 14 anos que estavam fora da sala de aula em relação ao mesmo período de 2019. Isso equivale a 244 mil jovens longe da escola.

Sergio Herrero Moraes, presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) aponta que o distanciamento entre os estudantes e as escolas durante a pandemia foi um dos fatores de maior influência no aumento da evasão escolar. “Infelizmente, em muitas instituições o ensino remoto não conseguiu suprir as necessidades dos alunos. Não havia tecnologia o suficiente, foi feito de forma inesperada e muitas escolas não estavam preparadas para isso”. Além disso, a desigualdade social e econômica é refletida explicitamente quando se repara a causa da evasão escolar relatada pelos jovens.

Além do aprendizado, o momento de interação presencial dos estudantes é essencial para criar laços e conexões interpessoais para as crianças e jovens. Estar fora da es- cola faz com que esses indivíduos estejam também excluídos socialmente, aumentando as chances do desenvolvimento de doenças como depressão e ansiedade.

“Quando a criança ou jovem abandona a escola, ela abandona toda a sua oportunidade de crescimento pessoal, social e de empregabilidade futura”, destaca Herrero. Elas perdem também toda a oportunidade de leitura, escrita e matemática básica, habilidades essenciais para o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Para promover mais equidade social e manter os jovens por mais tempo nas salas de aula, propor uma educação mais atrativa aos estudantes é imprescindível. “É preciso estar atento aos conteúdos pedagógicos, buscar aperfeiçoamento, sempre visar atender o aluno e, ao mesmo tempo, ensinar”, comenta o presidente do Sinepe/PR. “O aluno precisa se sentir à vontade na escola, precisa se sentir acolhido e perceber o envolvimento familiar, além de maior flexibilidade curricular, para que ele seja motivado a buscar aprimoramento em áreas de interesse ou maio aptidão”.

Herrero ainda reforça a importância da figura da família na trajetória escolar. Para ele, o apoio dos pais é um aspecto que contribui diretamente para a continuidade dos alunos na escola. “Os pais devem entender que quando os filhos saem da escola eles fecham as portas para o futuro e para o aprendizado das disciplinas básicas que vão dar o conhecimento necessário para eles continuarem crescendo pessoal e profissionalmente”, conclui.

Em janeiro, o educador Roni Miranda Vieira assumiu a gestão da Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed-PR). Com uma longa trajetória profissional na educação pública, Roni chega ao cargo com uma bagagem importante: além de atuar como docente e diretor escolar, ele já passou por experiências na Seed, atuando na chefia e subchefia do Núcleo Regional de Educação da Área Norte, além de ter ocupado os cargos de chefe do Departamento de Acompanhamento Pedagógico e diretor de educação no mandato do antigo secretário do órgão, Renato Feder. Assumindo em um momento positivo para a educação paranaense, com o Ideb do ensino médio figurando entre os mais altos do Brasil, o novo secretário pretende aumentar o número de escolas que oferecem ensino integral e ampliar os programas de contraturno, além de dar continuidade aos projetos que já estão em andamento, utilizando sua experiência na implantação de projetos e na articulações de políticas públicas educacionais.

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