Arquidiocese setembro 2016

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Ano XIII - Edição 166 - Setembro de 2016

A Igreja e as Eleições 2016 O cidadão consciente participa da política

Veja também Fé e política Espiritualidade a serviço da vida

+ artigos e novidades de nossa Arquidiocese

Família Palavra e Vida Saiba mais sobre leitura orante da Palavra

Catequese O “Ministério da Palavra” na vida e missão do catequista


Ação Evangelizadora

CENTRO PASTORAL

Dom José Antônio Peruzzo Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba

Editorial Apresentamos na capa desta edição da Revista Voz da Igreja uma temática que diz respeito a todo cristão: Eleições. A Igreja não promove uma política partidária, mas uma política de conscientização, o que significa dizer que não defende bandeiras e não apoia nenhum candidato e apenas assume o papel de preparar e orientar os católicos para o exercício da cidadania. Vale a observância de algumas regras eleitorais e éticas, que são tratadas nesta edição. Apresentamos reflexões sobre formas diversas de participação consciente na política. Em tempos de violência, destacamos também texto de nossa Pastoral da Educação que enfatiza a necessidade de pensarmos na vida e na família para vencermos a cultura da indiferença e do relativismo. Um destaque especial não poderia de deixar de ser feito: estamos no mês da Sagrada Escritura, tema destacado no artigo da Comissão de Liturgia e na Comissão do Dízimo. A Comissão de Animação Bíblico-Catequética traz considerações sobre o Ministério da Palavra na vida e missão do Catequista, sendo a Palavra tema também da Comissão Família e Vida, que apresenta o artigo sobre leitura orante da Palavra. Essas e outras reflexões, além de novidades da Arquidiocese, estão presentes. A todos, boa leitura! Como sempre, deixamos aqui o espaço aberto para que comunidade possa sempre mandar comentários e sugestões de textos para nossa Revista.

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A revista Voz da Igreja é uma publicação da Arquidiocese de Curitiba sob a orientação da Assessoria de Comunicação CONSELHO EDITORIAL - Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba Dom José Antônio Peruzzo | Bispo da Arquidiocese de Curitiba: Dom José Mário Angonese | Chanceler: Pe. Jair Jacon | Ecônomo da Mitra: Pe. José Aparecido Pinto | Coordenador da Ação Evangelizadora: Pe. Alexsander Cordeiro Lopes | Coordenador geral do clero: Pe. Rivael de Jesus Nacimento | Jornalista responsável: Teodoro Travagin | Assessoria de Comunicação: Sintática Comunicação | Revisão: Aline Tozo | Revisão Teológica: Pe. Roberto Nentwig | Colaboração voluntária: 12 Comissões Pastorais| Apoio: Centro Pastoral | Projeto gráfico e diagramação: Sintática Comunicação | Impressão: Gráfica ATP - Tiragem: 10 mil exemplares.

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Agenda Mensal dos Bispos Setembro/2016

Arquidiocese de Curitiba | Setembro 2016

15 • Reunião do Setor Rebouças 01 • Investidura dos MESCES do Setor Portão, na Paróquia Senhor • Reunião do Setor Mercês, na Bom Jesus Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus 02 • Reunião do Setor Centro • Encontro com os Candidatos a • Encontro com os Candidatos a Vereadores de Curitiba Prefeito de Curitiba • Formação Bíblica na Paróquia 16 • Reunião do Setor Cabral, na Menino Deus Paróquia Senhor Bom Jesus • Formação Bíblica na Paróquia 03 • Missa na DNJ, no Santuário da Divina Misericórdia Menino Deus 17 • Manhã Orante, no Auditório 04 • Formação Bíblica na Paróquia Bom Pastor das Paulinas • Investidura dos MESCES do Se• Jubileu de Ouro da Capela Nostor Capão Raso, no Santuário sa Senhora do Monte Bérico São José 18 • Missa na Paróquia Cristo Ressuscitado 06 • Reunião do Conselho Presbiteral, na Cúria • Missa para o Movimento de • Missa na Catedral Casais da Paróquia Nossa • Programa Conhecendo a PalaSenhora de Guadalupe vra, na TV Evangelizar 19 a • Reunião do Conselho Perma22 nente, em Brasília- DF 08 • Missas da Padroeira na Catedral 23 a • Assembleia do Povo de Deus, 25 na Casa de Retiros Nossa 09 • Formação Bíblica no Santuário Santa Rita Senhora do Mossunguê 27 • Reunião do Setor Boqueirão, 10 • Missa na Capela São Francisco, da Paróquia São Sebastião na Paróquia Nossa Senhora das (Rondinha) Vitórias • Visita no Seminário Rainha dos 11 • Missa na Paróquia São Sebastião, em Bateias Apóstolos 12 • Formação Bíblica no Setor 28 • Visita no Seminário PropeBoqueirão, na Paróquia São dêutico José Operário 29 • Reunião do Setor Orleans • Visita no Seminário Bom Pastor 13 • Reunião da APAC • Formação Bíblica no Setor 30 • Reunião do Setor PinheiriBoqueirão, na Paróquia São nho, na Paróquia Rainha dos José Operário Apóstolos • Reunião dos Formadores, no 14 • Expediente na Cúria • Leitura Orante no Cenáculo Seminário São José Arquidiocesano • Visita no Seminário São José • Missa no Santuário Nossa Senhora do Equilíbrio

Dom José Mário Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba Região Episcopal Norte 16 • Reunião do Setor Cabral, na 01 • Ordenação Diaconal na Paróquia Nossa Senhora da Paróquia Senhor Bom Jesus Conceição, em Palmeira • Reunião do Setor Almirante Tamandaré, na Paróquia São 02 • Reunião do Setor Centro • Encontro com os Candidatos a João Batista Vereadores de Curitiba 16 a • Assembleia da Pastoral Carce18 rária, em Curitiba 03 • Investidura dos MESCES do Setor Cabral, na Paróquia 19 • Missa da Padroeira, na ParóSanto Antônio quia Nossa Senhora da Salette 20 • Expediente na Cúria 04 • Missa de Encerramento do DNJ, no Santuário da Divina 23 • Missa no Seminário São José Misericórdia 23 a • Assembleia do Povo de Deus, 25 na Casa de Retiros Nossa 06 • Reunião do Conselho Presbiteral, na Cúria Senhora do Mossunguê • Missa na Catedral 27 • Reunião do Setor Boqueirão, na Paróquia Nossa Senhora das 07 • Missa na Catedral Vitórias 08 • Missas da Padroeira na Catedral 28 • Expediente na Cúria 09 • Missa com os Colaboradores, 29 • Reunião do Setor Orleans, na na Cúria Paróquia São João Batista 13 • Reunião da APAC 30 • Reunião do Setor Pinheiri14 • Expediente na Cúria nho, na Paróquia Rainha dos 15 • Reunião do Setor Rebouças Apóstolos • Reunião do Setor Mercês, na • Reunião dos Formadores, no Paróquia Santa Teresinha do Seminário São José Menino Jesus • Crisma na Paróquia Santa Efigênia


Palavra do Arcebispo

DOM JOSÉ ANTÔNIO PERUZZO Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba

Avizinham-se as Eleições A atmosfera eleitoral já impregna os nossos ambientes: os jornais apresentam suas projeções; os meios de imprensa programam suas entrevistas; os especialistas observam a sensibilidade do eleitorado; as agendas dos candidatos já estão bem recheadas; nos veículos já se veem muitos adesivos; as rodas de conversas contemplam o tema das eleições. Nem é preciso falar da grande crise política na qual imergiu nosso país. As decepções se enumeraram; também os comentários depreciativos sobre a política e os políticos se multiplicaram; uns qualificam de golpe o que outros dizem ser legítimo; o tom ofensivo deixa seus ecos; com facilidade as diferenças se tornam confronto. Em toda esta efervescência quais caminhos deveríamos escolher? Por mais que tenhamos razões para avaliações negativas, ainda assim é necessário nos deixar ensinar pelos antigos chineses: “Acender uma vela é sempre mais sábio do que amaldiçoar a escuridão”. Quero lembrar aqui uma frase do Papa Francisco, inspirada no pensamento de Paulo VI: “A política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum”. Com facilidade ouvimos, talvez até tenhamos falado, das

muitas baixezas prevalecentes nos bastidores do mundo do poder. Isso se tornou tão comum que até os belos exemplos de coerência são ignorados. Cabe lembrar, porém, que testemunhar a fé nos ambientes políticos é muito mais desafiador do que fazê-lo desde dentro da Igreja. A Igreja no Paraná, tencionando oferecer uma sadia reflexão e inspiração sobre a grandeza de sentido das eleições e da causa política, publicou, em forma muito pedagógica, uma Cartilha de Orientação Política. Sabemos todos que “o cidadão consciente participa da política”. Não se trata apenas de cumprir o dever do voto. É preciso cuidado e reflexão sobre as motivações pelas quais assumimos uma escolha. Seria pobreza de espírito se nosso voto se parecesse como mera reação a uma propaganda. Valeria o mesmo se nosso voto fosse apenas linguagem dos desiludidos. Por fim, cabe repetir um parágrafo da cartilha acima citada: “Quando alguém diz que não tem nada a ver com a política, está esquecendo que isso tem consequências na sua vida: ter ou não ter emprego, transporte e escola para os filhos, remédios e médicos suficientes na saúde pública, vaga no hospital, estradas melhores e alimento para todos. Tudo isso passa pelos caminhos da política”.

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Palavra de Dom Pedro

DOM PEDRO ANTÔNIO MARCHETTI FEDALTO Arcebispo Emérito de Curitiba

SÃO VICENTE DE PAULO VIVO ATÉ HOJE São Vicente de Paulo continua vivo até hoje como padroeiro das obras de caridade no mundo inteiro.

evangelizar os pobres e formar os seminaristas. Hoje são 3.800 padres nos cinco continentes.

A família – Seus pais profundamente religiosos viviam num pequeno povoado, sul da França, como camponeses remediados, com seis filhos, sendo S. Vicente o terceiro, muito estudioso.

Fundou a Congregação das Irmãs Filhas da Caridade, a 29 de novembro de 1633, com Santa Luiza Marilac, com um carisma totalmente diferente das religiosas contemplativas, para atender às crianças abandonadas, órfãs, pobres, as famílias extremamente pobres, os anciãos desamparados, chegando a ser 40.000 no mundo, sendo hoje perto de 20.000.

A vocação – Numa noite, o pai propôs aos irmãos que Vicente iria estudar e até ser candidato ao sacerdócio, pagando os estudos, concordando todos. Um dia, recebeu uma carta com uma notícia desoladora: a morte do pai. Interrompeu a leitura a pôs-se a chorar. Continuou a leitura. No fim, sua mãe expressava seus nobres sentimentos de dor, dizendo: prossiga seus estudos. Não se preocupe conosco. Deus tirou o chefe, mas Ele não nos abandonará. Ele vai cuidar de nós. Que palavras confortadoras, que bálsamo suave ungiu o coração despedaçado de dor do filho. A 19 de setembro de 1600 com 19 anos, ordenado sacerdote, a mãe reúne os filhos e diz ao filho padre: “O que nós queremos é que seja bom padre. O resto não interessa”. Assim é que deve ser a família do seminarista, porque os pais e também irmãos devem ser os primeiros formadores dos seminaristas. Sequestrado e vendido – Um dia, indo de Marselha a Narbone, foi sequestrado por piratas e vendido a um patrão mulçumano de Tunis, África. Durante dois anos com profunda confiança em Deus, executando com perfeição tudo o que o patrão mandava converteu-se ao Cristianismo e o libertou. França – Ao retornar à França, encontrou-a de um lado, apresentando-se como a primeira potência da Europa, com o governo de Luiz XIV, o Rei Sol, com os nobres ricos e muito clero, em Paris, sem nenhum zelo pastoral e de outro lado o povo na miséria, analfabeto, ignorante na religião, na prostituição. Carisma de São Vicente. São Vicente pôs em prática o carisma da caridade, sem ofender as autoridades civis. Fundou primeiramente a Associação das Damas da Caridade, para voluntariamente socorrer as crianças abandonadas, os adultos sem trabalho e os velhos desamparados. Reunia os sacerdotes e os formava na tríplice missão de evangelizar os fiéis, santificá-los e serem bons pastores. Para isto, fundou a 17 de abril de 1625 a Congregação dos Padres Lazaristas, Vicentinos, com a dupla missão:

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Brasil - Os Padres Lazaristas, vindos de Portugal, iniciaram sua missão em Minas Gerais, em 1820, no Caraça, sendo um deles o santo bispo de Mariana, Minas Gerais, Dom Antônio Ferreira Viçoso de 1844 a 1875. Depois vieram os Lazaristas franceses e os brasileiros, devendo-se a eles a formação do clero brasileiro, em muitos seminários do passado. Paraná - No Paraná, os Padres Lazaristas da Província do Rio dirigiram o Seminário de São José, de 1896 a 1961. Os três Padres Vicentinos, vindos da Polônia, fixaram-se na Colônia Tomás Coelho, Araucária, a 04 de julho de 1903. Até 1969, chegando 93 padres poloneses e com a abertura dos seminários, ordenando-se 103 brasileiros, atenderam não simultaneamente 37 paróquias no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Digna de todo o valor é a Pastoral Rodoviária com diversos missionários com três caminhões, indo aos postos de combustível em todo o Brasil. Irmãs Filhas da Caridade – As primeiras Irmãs Filhas da Caridade polonesas se fixaram em Abranches, no município de Curitiba, abrindo o colégio, mantido até hoje. De Abranches difundiram-se sobretudo no Paraná, abrindo colégios, creches, hospitais também em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Igreja Católica louva constantemente S. Vicente de Paulo por suas obras de caridade e por isto está bem vivo até hoje.


Juventude

LÉO MESTRE Diretor da Juventude e Família Missionária – Movimento Regnum Christi

Futebol, política e religião não se discutem! Certa vez, disse Santo Agostinho: “A esperança tem duas filhas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”. A Santa Igreja no Brasil guarda ainda hoje resquícios de um trauma herdado de um passado recente em que a política deixou profundas marcas. Essas marcas geraram, em muitos padres e fiéis, uma postura de certo repúdio às discussões políticas dentro de nossas paróquias, grupos de orações, comunidades ou movimentos. Não se tornou difícil encontrar jovens em nossas igrejas completamente despolitizados. No entanto, nos dias atuais, urge a necessidade de que cada cristão enfrente a realidade política do nosso, seu país. É necessário que os milhares de católicos espalhados por todo o país e fora dele abram os olhos e tomem para si a construção de uma nova política, pautada em valores e virtudes preconizadas pelo Evangelho. É hora de colocarmos um ponto final no processo de demonização da política e reconhecer a gravidade que se esconde atrás da omissão no processo eleitoral.

Nossos pontífices, em especial o Papa Francisco, nos últimos anos, têm cada vez mais convocado todos os homens de bem a tomarem parte na política, deixando bem claro que “a política é uma das formas mais elevadas de caridade ”. A escolha de um candidato ou partido deverá sempre ser feita individualmente, através de um convencimento construído de forma profunda e consciente pelo eleitor. Saibamos apoiar aqueles que trazem consigo a preocupação com o bem-comum, aqueles que carregam uma bandeira alicerçada nos valores éticos e morais pregados pelos evangelhos e deixemos de lado toda forma de displicência estudando nossos candidatos e nos tornando protagonistas na construção de um novo país. Por fim, de forma especial a todos os jovens católicos, sejamos corajosos! Tenhamos a valentia para enfrentarmos velhos lobos que há anos ocupam cadeiras no governo legislativo e executivo buscando interesses pessoais e mostremos a todos que nosso país pode ser um lugar melhor. Já dizia São João Paulo II: “Se fordes aquilo que deveis ser, incendiareis o mundo”.

EXPEDIENTE SETOR JUVENTUDE: juventude@arquidiocesecwb.org.br / (41) 2105-6364 / 9605-4072 / 2105-6368 Murilo Martinhak / Assessor Eclesiástico: Pe. Waldir Zanon Junior. Foto: Patryck Madeira

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PE. LUCIANO TOKARSKI Coordenador da Comissão Bíblico-Catequética

Animação Bíblico-Catequética

O “Ministério da Palavra” na Vida e Missão do Catequista “Proclame a Palavra, insista no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda paciência e doutrina” (2Tm 4,2)

Comumente desanimamos e reclamamos com a falta de resultados na catequese. Enganamo-nos. Mais que resultados, devemos provocar experiências. O apóstolo exorta que o catequista deve estar atento e dócil à Palavra, pois sua tarefa é atualizá-la com paciência na comunidade. É o educador da fé a serviço da Palavra. Conforme antiquíssima tradição, a obra dos catequistas constitui certamente um ministério eclesial. Ministério é “um carisma em forma de serviço reconhecido pela Igreja” (Bruno Forte). “Ministério não é poder. Ministério não é honra. Ministério não é prêmio. Ministério não é distintivo de superioridade. Ministério não é titulo de desigualdade. Ministério é diakonia, ou seja, serviço” (Estudos da CNBB 95), que corresponde ao exercício de ações, motivações, atitudes e comportamentos do próprio Deus em favor dos seus filhos. O catequista é servidor da Palavra, não prega a si mesmo, mas a Jesus Cristo, sendo fiel à Palavra e à integridade de sua mensagem. Ele faz ressoar a Palavra de Deus na comunidade. O Concilio Vaticano II foi o grande motor ao salientar o lugar da Bíblia, da Igreja e do homem na catequese. No que tange à Bíblia, pela sua alta inserção em vernáculo na liturgia pode o povo familiarizar-se com a Palavra de Deus. Isso provocou a volta de uma catequese que dá o primeiro lugar à Palavra de Deus. Trata-se de uma nova estruturação catequética na qual a Bíblia é essência de toda a catequese. Consequentemente, a redescoberta da Palavra de Deus não só enriquece os itinerários catequéticos e formativos da iniciação à vida cristã, mas propõe um novo perfil à pessoa do catequista.

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A fonte na qual a catequese extrai a sua mensagem é a Palavra de Deus. É necessário insistir que, em se tratando de iniciação à vida cristã, a primazia é da Palavra de Deus, da Sagrada Escritura, e não do catecismo, que também ocupa um lugar importante na educação da fé. A catequese deve ser autentica iniciação à Palavra. Onde a Palavra de Deus se manifesta de forma suprema, encontram-se discípulos missionários unidos ao Ressuscitado. A catequese "faz parte do ministério da Palavra" (CR, n. 72; DNC, n. 245). É uma forma peculiar do ministério da Palavra na Igreja, é serviço da Palavra. Nos primeiros séculos, os candidatos ao batismo no catecumenato eram ouvintes da Palavra. O ato catequético caracterizava-se profundamente pelo ouvir a Palavra. É ouvindo a Palavra que se compreendia, meditava-se e professava-se a fé no Deus da Palavra. O ouvinte da Palavra tornava-se gradualmente o orador (anunciador) da Palavra. Dado que a Palavra de Deus não é literatura de estudos históricos ou de ciência sagrada, a catequese a serviço da Palavra deve levar principalmente ao encontro com Jesus Cristo, antes de transmitir um sistema de verdades ou um conjunto de acontecimentos. “A catequese tem como tarefa proporcionar a todos o entendimento claro e profundo de tudo o que Deus nos quis transmitir: investigar com seriedade e entender o que os escritores sagrados escreveram para manifestar o que Deus nos quer falar” (DNC 26). Catequese não é uma pedagogia de assimilação de conteúdo de fé, é a comunicação das experiências do povo de Deus contidas na Palavra.


A catequese de Jesus era a Palavra, a Bíblia, lida na comunidade e ruminada em casa. Todo sábado Jesus participava da celebração da Palavra na sinagoga. Em Nazaré, naquele sábado, Jesus fez a leitura do profeta Isaías (Lc 4,18-19). O conhecimento que tinha da Bíblia vinha destas reuniões semanais em comunidade. Em casa, os pais se ocupavam de aprofundar e meditar a Palavra lida na sinagoga. A Igreja é chamada a continuar a missão de Jesus. O ministério de catequista é um dos ministérios que, no decorrer da história, contribuíram no dinamismo da missão de Jesus. O catequista “é chamado pessoalmente a anunciar a Palavra de Deus, não como mero suplente do presbítero, e sim como verdadeira testemunha de Cristo na comunidade à qual pertence, com a estatura própria de leigo cristão” (Manual de Catequética, p. 129). A constituição dogmática Dei Verbum recomenda o zelo honorífico no uso da Sagrada Escritura: “é necessário que todos os clérigos, como os diáconos e os catequistas, que são encarregados do ministério da Palavra, mantenham contato íntimo com as Escrituras, mediante leitura assídua e estudo apurado, a fim de que nenhum deles se torne por fora pregador vão da Palavra de Deus, sem dentro a ouvir” (DV 25). Entende-se que o catequista deve conhecer e, sobretudo, rezar com o Deus da Palavra e deve estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e fazê-la carne em sua vida concreta.

Não se pode deixar de salientar a força da Palavra na prática catequética. Precisamos reforçar constantemente a necessidade do uso da Bíblia nos encontros catequéticos.

“O encontro catequético é um anúncio da Palavra e está centrado nela” (EG 165) O encontro catequético deverá ser permeado pela Palavra. Não se trata de iniciação à hermenêutica bíblica, e sim sentir a fragrância da misericórdia de Jesus presente no texto bíblico. O Espírito Santo é, por excelência, o catequista e a Palavra “catequiza”. Ler, meditar, reler, rezar, celebrar com a Palavra é fazer uma catequese fecunda. Que cada catequista possa consolidar seu ministério na comunidade saboreando as “letras” da Palavra. Que cada catequizando possa acolher o tesouro sublime da Palavra revelada contida na Bíblia. À Mãe do Evangelho vivente pedimos a sua intercessão a fim de que possamos anunciar a todos a mensagem de salvação. Que a Palavra seja o manancial de alegria e amor para todos os catequistas de nossa arquidiocese. Com fraternal benção!

De fundamental importância na vida do catequista é a espiritualidade bíblica: “a leitura orante da Bíblia alimenta nas pessoas a escuta atenta à Palavra e o diálogo filial com o Pai” (DNC 111). A leitura orante é um exercício espiritual. Exercício é uma atividade controlada e metódica. Quando se trata de exercício espiritual, é obra da graça. Todo caminho espiritual percorrido depende da graça. Cabe, de modo especial, ao catequista zelar pela meditação diária da Palavra de Deus. “Consiste na leitura de um trecho bíblico, repetida uma ou mais vezes, acompanhada de silêncios interiores, meditação, oração, contemplação” (DNC 111). Ao catequista a Igreja recomenda “abeirar-se da Escritura em diálogo com Deus. Como diz Santo Agostinho: a tua oração é a tua palavra dirigida a Deus. Quando lês, é Deus que te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus” (VD 86).

Oração de Catequista Senhor, chamaste-me a ser catequista na Tua Igreja e minha comunidade. Confiaste-me a missão de anunciar a Tua Palavra, de denunciar o pecado, testemunhar, com a minha vida, os valores do Evangelho. É pesada, Senhor, a minha responsabilidade, mas confio na Tua graça. Faz-me Teu instrumento para que venha o Teu Reino, Reino de amor e de paz, de fraternidade e justiça. Amém.

Catequistas orantes formam verdadeiros discípulos missionários de Jesus.

EXPEDIENTE COMISSÃO DA ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA: catequese@arquidiocesecwb.org.br (41) 2105-6318 / Coordenação: Pe. Luciano Tokarski / Assessoria: Regina Fátima Menon. Arquidiocese de Curitiba | Setembro 2016

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PE. MAURÍCIO GOMES DOS ANJOS Pároco do Santuário Sagrado Coração de Jesus Coordenador da Comissão de Liturgia

Liturgia

Neste mês dedicado à Sagrada Escritura reproduzimos abaixo um artigo publicado no folheto O Domingo, do dia 12 de junho de 2016. Também optou-se pela explicação do significado dos quatro seres vivos atribuídos aos evangelistas.

Altar Sagrado da Palavra Todos os templos cristãos, consagrados ou abençoados, têm dois altares: o altar da ceia eucarística e o altar da proclamação da Palavra. Toda a terra é abençoada e todos os lugares do mundo são santos, mas a comunidade cristã precisa de um espaço sagrado para se reunir, ouvir a voz de Deus, dialogar, rezar e viver na “comum-união” a mensagem divina que ecoa em sua vida. Por muitos séculos, não houve atenção suficiente para com o altar da Palavra – chamado ambão. A sofisticação do altar do sacrifício foi preponderante, e muitas vezes se reduziu o altar da Palavra a uma pequena haste que mal suportava a Bíblia nem lhe dava suficiente solenidade. Nos tempos primitivos da Igreja, havia grande preocupação com os textos sagrados, e suas cópias e divulgação eram restritas. Em alguns períodos, as ilustrações dos textos bíblicos mostravam a importância deles para os cristãos. Mesmo os vitrais com as cenas bíblicas revelavam que os ensinamentos da Escritura eram fundamentais na formação religiosa.

O altar do sacrifício, onde se ritualiza a ceia do Senhor, é geralmente bem valorizado. Para engrandecer o acontecimento litúrgico, o altar da Liturgia da Palavra deve ter a mesma simplicidade e solenidade, de modo que os fiéis entendam que as leituras não são apenas elementos complementares da missa. De fato, as leituras bíblicas são elementos constitutivos de nossas celebrações sacramentais. Há um apelo do Concílio Vaticano II para que nenhuma ação litúrgica seja realizada sem a proclamação da palavra de Deus, pois é no “altar da Palavra” que os fiéis são iluminados pela graça divina e reconhecem o significado de todo ritual. Como falamos da dignidade do “altar da Palavra”, igualmente os livros litúrgicos sejam bem conservados, e o povo possa participar acompanhando as leituras e as orações. Mesmo a acústica, a iluminação e as alfaias devem contribuir para que a Palavra seja comunicada com eficiência e o caráter misterioso de sua mensagem toque o espírito dos fiéis. Pe. Antônio S. Bogaz Prof. João H. Hansen

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Significado do símbolo dos Evangelistas Toda a Sagrada Escritura tem a sua importância e revela a centralidade de Jesus, como o enviado de Deus. Mas os quatr o evangelhos foram escritos para que essa Boa Nova pudesse ser levada para todos os confins da terra. A tradição e arte cristã atribuiu cada evangelista a um ser vivente: Mateus é simbolizado por um homem, Marcos, por um leão, Lucas por um touro e João por uma águia. Esta simbologia encontra o seu fundamento na Bíblia, tanto no antigo quanto no novo testamento. Eis o que nos diz a profecia de Ezequiel: “Distinguia-se no centro a imagem de quatro seres que aparentavam possuir forma humana. (...) Quanto ao aspecto de seus rostos tinham todos eles figura humana, todos os quatro uma face de leão pela direita, todos os quatro uma face de touro pela esquerda, e todos os quatro uma face de águia." (Ez 1, 5.10) Já o Apocalipse de São Joao fala destes quatro seres vivos que rendiam glória a Deus: “O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo. (...) Não cessavam de clamar dia e noite: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Dominador, o que é, o que era e o que deve voltar." (Ap 4, 7-8) Os padres da Igreja continuaram aprofundando este simbolismo, especialmente São Gregório Magno, que nos deixou como herança uma rica catequese desta simbologia. Eis alguns pensamentos extraídos deste Doutor da Igreja: “Que na verdade estes quatro animais alados simbolizam os quatro santos evangelistas, é o que demonstra o próprio início de cada um destes livros dos evangelhos. Mateus é corretamente simbolizado pelo homem porque ele inicia com a geração huma-

na; Marcos é corretamente simbolizado pelo leão, porque inicia com o clamor no deserto; Lucas é bem simbolizado pelo bezerro, porque começa com o sacrifício; João é simbolizado adequadamente pela águia, porque começa com a divindade do Verbo, dizendo: 'No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus' (Jo 1, 1), e assim tem em vista a substância divina, fixando o olhar no sol à maneira de uma águia." Na mesma catequese aprofunda-se a profecia de Ezequiel: “Mas, já que todos os eleitos são membros do nosso Redentor e o próprio nosso Redentor é a cabeça de todos os eleitos, através daquilo que simboliza os seus membros nada impede que neles todo ele também seja simbolizado. Assim, o próprio Filho Unigênito de Deus se fez verdadeiramente homem; ele se dignou morrer como bezerro como sacrifício de nossas redenção; ele, pelo poder de sua força, ressuscitou como leão." “Conta-se que o leão dorme até mesmo de olhos abertos, assim, o nosso Redentor pela sua humanidade pôde dormir na própria morte, e pela sua divindade ficou acordado permanecendo imortal. Ele também depois de sua ressurreição subindo aos céus, foi elevado às alturas como uma águia.” “Portanto, ele é inteiramente para nós, seja nascendo como homem, seja morrendo como bezerro, seja ressuscitando como leão, seja subindo aos céus como águia." “Assim, todo o que é perfeito na inteligência é homem. E quando mortifica a si mesmo e a concupiscência deste mundo é bezerro. É leão porque, por sua própria e espontânea mortificação, tem a fortaleza da segurança contra todas adversidades, como está escrito: 'O justo sente-se seguro e sem medo como um leão' (Pr 28, 1). É águia porque contempla de forma sublime as coisas celestes e eternas. Sendo assim, qualquer justo é verdadeiramente constituído homem pela razão, bezerro pelo sacrifício de sua mortificação, leão pela segurança da fortaleza, águia pela contemplação. Assim, através destes santos animais, se pode simbolizar cada um dos perfeitos." (Extraídos da Homilia sobre Ezequiel, 4.1-2 de São Gregório Magno.) Neste sentido, torna-se conveniente talhar no ambão os sinais dos quatro evangelistas por remeterem a uma riqueza simbólica incalculável. É pela proclamação e vivência da Palavra que o ser humano se modela e se configura com Cristo, “O Verbo que se fez carne, e habitou entre nós.” (Jo 1, 14)

EXPEDIENTE COMISSÃO LITÚRGICA: mauricioanjos@hotmail.com (41) 2105-6363 / Coordenação: Pe. Mauricio Gomes dos Anjos

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ROGÉRIO CARLOS BORN¹ Mestre em Direitos Fundamentais e Democracia, Professor universitário e Coautor da cartilha “O cidadão consciente participa da política”, da CNBB-Sul 2

Especial

A Igreja e as Eleições

O envolvimento consciente Neste ano, teremos a uma nova oportunidade de escolher os governantes e legisladores nos municípios, o que aumenta a nossa responsabilidade como eleitores. Isto porque vivemos nas cidades e nosso habitat deverá ter sempre uma boa qualidade de vida. Por outro lado, a escolha do prefeito e dos vereadores fica mais fácil, uma vez que os eleitores, principalmente nas cidades pequenas, estão mais próximos dos candidatos e conhecem melhor o seu caráter. Daí surge a dúvida se nós católicos devemos nos envolver na política, pois é sabido que no Brasil a Igreja é separada do Estado. Embora o Estado brasileiro seja laico (não tem religião oficial), a Constituição de 1988 invoca no preâmbulo a expressão “sob a proteção de Deus” e, em algumas cédulas de Real, está descrita a inscrição “Deus seja louvado”, ou seja, como cristãos, temos o compromisso de servirmos como cidadãos. O Papa Francisco, na Sala Paulo VI, em 7 de junho de 2013 afirmou que “Devemos nos envolver na política, pois a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. E os leigos cristãos devem trabalhar na política”. No entanto, a Igreja não promove uma política partidária, mas uma política de conscientização, o que significa dizer que não defende bandeiras e não apoia nenhum

candidato e apenas assume o papel de preparar e orientar os católicos para o exercício da cidadania. Assim, os católicos têm a liberdade de escolha e de militância em apoio do candidato ou partido de sua confiança, mas o seu comportamento depende da observância de algumas regras eleitorais e éticas.

Propaganda eleitoral Embora os domínios da Igreja sejam bens privados, a legislação eleitoral considera-os como bens públicos por equiparação por ter grande acesso ao público e proíbe a propaganda nos templos de qualquer culto. Isto significa que promover a propaganda eleitoral no interior do templo, nas portas, no salão paroquial, nos pavilhões de festas, bem como estacionar veículos estampados com candidatos no pátio das paróquias durante as celebrações e eventos pode comprometer a sua paróquia com multas elevadas. Os atos públicos também são considerados como propaganda e, desta forma, não é permitida a realização de discursos, comícios e propaganda “corpo a corpo” no ambiente da Igreja. Os eleitores católicos devem ter uma especial atenção com candidatos que ostentam fotografias ao lado de padres ou de lideranças da Igreja em material de propaganda, pois é provável que tenham se utilizado de imagens colhidas em eventos apolíticos da comunidade e veiculadas sem o conhecimento do suposto apoiador.

¹Rogério Carlos Born. Mestre em Direitos Fundamentais e Democracia. Professor universitário de Ciência Política e Direito Eleitoral. Autor de diversas obras de direito eleitoral. Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB-PR. Servidor da Justiça Eleitoral. Autor, juntamente com o Pe. Mário Spaki da Cartilha “Eleições 2016- O cidadão consciente participa da política”, editado pela CNBB-Sul 2.

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Os candidatos católicos

Os mandamentos do eleitor

Os líderes que registrarem a sua candidatura assumem uma responsabilidade ainda maior, haja vista que, além do seu comportamento dentro da lei eleitoral, assume um compromisso ético com os eleitores católicos.

Os eleitores costumam ter muitas dificuldades para escolher o candidato ideal antes de apertar o “confirma” nas urnas eletrônicas e para facilitar a sua escolha existem os 10 mandamentos do eleitor²:

Primeiramente, recomenda-se que estes líderes promovam a sua desincompatibilização das atividades no movimento pelo qual exercem a liderança a partir da escolha em convenção. Embora não seja uma exigência da lei eleitoral por não ser um agente público, o afastamento é um dever ético que deve cumprir, primeiramente, para não se beneficiar de uma posição destacada na Igreja e, depois, como estará ocupado no período de campanha, para permitir que o seu substituto temporário desempenhe com mais tempo e dedicação a liderança do movimento a que pertence.

• 1º. Mandamento - Não deixe de votar. • 2º. Mandamento - Não vote contrariando a sua opinião. • 3º. Mandamento - Não venda seu voto nem o troque por favores. • 4º. Mandamento - Não vote para contentar amigos ou parentes. • 5º. Mandamento - Não vote sem conhecer o programa do candidato e do partido dele. • 6º. Mandamento - Não vote sem conhecer o passado do candidato. • 7º. Mandamento - Não vote sem conhecer o caráter do candidato. • 8º. Mandamento - Não deixe nenhuma pesquisa mudar o seu voto. • 9º. Mandamento - Não anule seu voto. • 10º. Mandamento - Não vote em branco.

A doação e recepção de bens em dinheiro ou qualquer espécie de candidatos ou partidos configura o crime de corrupção eleitoral apenado com 4 anos de reclusão que atinge tanto aqueles que dão, oferecem e prometem, quanto aqueles que solicitam ou recebem qualquer vantagem. Porém, lembre-se de que os católicos que não são candidatos não estão impedidos de fazer doações e o dízimo. Os candidatos não são impedidos de efetuar leituras nas missas, promover a coleta no ofertório ou exercer quaisquer atividades na Igreja, desde que não façam pedido explícito de votos. Porém, a sua simples aparição em atividades da celebração ou usando da palavra em palcos ou bingos em festas católicas - mesmo que exerça este ofício da mesma forma que sempre exerceu – transmite uma impressão de que estariam praticando atos de campanha, gerando eventuais constrangimentos aos demais presentes.

Outra recomendação é analisar o perfil do bom candidato que deve, basicamente, ser ético e corajoso; defensor da vida; é humano e popular sem ser populista; tem sensibilidade ecológica; é inovador, mobilizador e envolvente; é desenvolvedor e empreendedor; é estrategista; é bom administrador ou legislador. Por fim, é importante avaliar a vida pregressa do postulando aos cargos públicos e a compatibilidade do valor do financiamento de sua campanha com os seus propósitos de governo.

² Idealizado pela Assessoria de Comunicação Social do TRE-PR.

Cartilha de Orientação Política O Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga a cartilha de orientação política “O cidadão consciente participa da política”. O objetivo do material é contribuir para a formação política das pessoas, motivá-las à participação no processo político e fornecer critérios para orientá-las nas eleições municipais deste ano. A cartilha é elaborada numa linguagem simples, com indicações básicas sobre o universo da política a partir do olhar da Igreja Católica. Adquira a Cartilha pelo site da CNBB Regional Sul 2: www.cnbbs2.org.br

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MARCIA REGINA CORDONI SAVI Presidente do Conselho Arquidiocesano de Leigos de Curitiba

Conselho Arquidiocesano de Leigos de Curitiba

Candidatos a Prefeitura de Curitiba

Mas você sabe quem são os Administradores Regionais?

Já começaram as campanhas eleitorais para as eleições municipais deste ano, e no Município de Curitiba verificamos um grande número de candidatos a vereadores e a Prefeito. No entanto, nota-se um dirige olhar das campanhas apenas para o candidato a prefeito, mas é imprescindível saber que além desta figura central há o Vice-Prefeito e também os Administradores Regionais que irão compor o governo municipal e que têm uma função muito importante na gestão pública do Município. Mas você sabe quem são os Administradores Regionais? Vejamos a seguir uma explanação conforme o site da Prefeitura Municipal de Curitiba para melhor entendermos.

O que são Regionais? São espécies de subprefeituras, encarregadas dos bairros de cada uma das dez regiões em que Curitiba está administrativamente subdividida. As Administrações Regionais identificam e estabelecem prioridades; promovem formas e métodos de execução de projetos comunitários; desenvolvem o planejamento local de modo compatível com as condições e a legislação vigente, de forma a instrumentalizar as ações concretas definidas pela municipalidade; promovem a interligação do planejamento local ao planejamento da cidade como um todo. Acompanham, de maneira integrada, as ações das secretarias municipais dentro de suas áreas-limites, e participam da organização de seus serviços. Apresentam alternativas de obras e serviços que satisfaçam as perspectivas da administração e da população.

Fornecem à comunidade informações e atendimentos, dentro dos limites de sua competência, ou os encaminham aos órgãos competentes. O ponto de referência são as Ruas da Cidadania, que são símbolo da descentralização administrativa e encontro para o usuário dos serviços públicos municipais, no âmbito regional, atendendo às necessidades e aos direitos do cidadão no comércio, no lazer e nos serviços. Assim, nós Cristãos Leigos e Leigos devemos nos aprofundar e conhecer também quais são as pessoas indicadas para exercer o cargo de Administrador Regional, pois muitas reivindicações da população e solicitações de atendimentos são acolhidas de forma regionalizada por estas Administrações Regionais.

Referências: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/o-que-sao-regionais/80

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Reflexão

PROF. DR. LUIZ ALEXANDRE SOLANO ROSSI Coordenador da Graduação em teologia da PUCPR

Fé e política:

espiritualidade a serviço da vida A espiritualidade do profeta Jeremias é profunda e totalmente comprometida com o seu cotidiano; é, na verdade, uma fé que exige compromisso não só com Deus, mas também com a realidade. É possível dizer que a espiritualidade profética é forjada no calor da hora; uma espiritualidade bem diferente da enorme quantidade de ofertas de caminhos espirituais e místicos de caráter individualista e imediatista que encontramos atualmente. A prática da justiça e a denúncia social são exigências básicas que percorrem o livro de Jeremias: não há leis! não há limites! As palavras do profeta se apresentam como clamores que procedem do cotidiano. Por isso, buscar a Javé, em Jeremias, não significava visitá-lo informalmente no Templo, mas sim encontrá-lo na prática da justiça e do direito nas ruas da cidade. Seria no espaço público que a justiça e o direito se encontrariam e se beijariam. Jeremias não abre mão de dar um tratamento mais profundo do compromisso da monarquia com a justiça. As seguintes palavras de Jeremias são impressionantes: “Você dirá ao palácio do rei de Judá: escute a palavra de Javé. Casa de Davi, assim diz Javé: Vocês, de manhã, administrem a justiça e libertem o oprimido da mão do opressor, como todo o povo que costuma entrar por estas portas. Assim diz Javé: Pratiquem o direito e a justiça. Libertem o oprimido da mão do opressor; não tratem com violência, nem oprimam o imigrante, o órfão e a viúva; e não derramem sangue inocente neste lugar. Se vocês obedecerem de verdade a esta ordem, os reis que se sentam no trono de Davi, e também os seus funcionários e todo o seu pessoal, continuarão entrando pelas portas deste palácio, montados em carros e cavalos. Mas se vocês desobedecerem a estas palavras, eu juro por mim mesmo - oráculo de Javé – que este palácio se transformará em ruína” (Jr 21.11-22.5). Pode-se dizer que estamos de fato diante do coração da teologia política de Jeremias: o reinado davídico não seria essencial para a eleição divina de Israel caso deixasse de lado a prática da justiça. A tarefa primordial do rei era a administração da justiça a partir do palácio. De fato, o palácio deveria ser o local de irradiação do direito e da justiça, contudo acabou se transformando numa fonte inesgotável de injustiça e de opressão. A ação preferencial da realeza deveria acontecer na defesa dos oprimidos e não para fomentar a injustiça. E qual seria o princípio da solidariedade? Justamente a prática do direito e da justiça. O texto inicialmente fala de modo genérico dos que sofrem a opressão e depois os dis-

crimina. Genericamente são os oprimidos, que assumem o rosto do imigrante, do órfão e da viúva. Que significa o próximo na vida do rei Joaquim, que reinava na época de Jeremias? Absolutamente nada! O próximo era reduzido a mão de obra e a objeto de opressão e, ao reduzir o ser humano a menos do que ele é, o rei sinalizava que ele mesmo já havia se desumanizado. Ao negar para o outro uma visão enriquecedora do ser humano, ele mesmo se identificava como o protagonista da anti-vida. Joaquim vivia na prática da injustiça e essa situação impedia que ele conhecesse a Javé. Mas, o que significa conhecer a Javé? Para a espiritualidade de Jeremias seria reconhecer suas exigências éticas. Mas como poderia o rei Joaquim viver a partir de um padrão ético se o seu coração estava totalmente entregue ao lucro? Se para atingir o lucro era capaz de fazer uso da violência e de assassinar o próprio povo? Os olhos e coração do rei estavam transbordando de práticas injustas de uma tal maneira, que não há espaço para o cultivo da justiça e do direito. Triste a situação do rei Joaquim denunciada pelo profeta: o dinheiro era o seu deus e, por isso, ele se tornou incapaz de reconhecer o Deus verdadeiro, que não tolera qualquer tipo de adversário! Mas, como viver a espiritualidade e, ao mesmo tempo, desviar os olhares da realidade que se apresenta de forma precária? Seria possível “ser espiritual” e, simultaneamente, negar os conflitos e contradições políticas, sociais e econômicas das nossas cidades, do nosso país ou ainda da sociedade global? Jeremias, a partir de sua experiência e de seu compromisso com Deus, diria um grandioso “não”. Portanto, não há como negar a atualidade dos textos de Jeremias é dizer que, tanto sua mensagem quanto seu exemplo, são impactantes para nós cristãos. Muitas vezes pensamos erradamente que a espiritualidade é algo a ser cultivado apenas e tão somente interiormente. O exemplo de Jeremias caminha em outra direção: a espiritualidade acontece preferencialmente no encontro com a vida e, sem sombra de dúvida, na defesa da vida. "Conhecer a Deus" é a fonte na qual aprendemos a ser éticos e através da qual irrigamos, a partir do nosso comportamento e participação política, a sociedade em que vivemos. Nesse sentido, espiritualidade não significa isolamento e a participação política do cristão uma excelente oportunidade de testemunho. Arquidiocese de Curitiba | Setembro 2016

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JOÃO FERREIRA SANTIAGO Teólogo, Poeta e Militante. Coordenador da CFE-2106 na Arquidiocese de Curitiba.

Dimensão Social

ELEIÇÕES 2016:

hora de discernimento político e de agir profético Continuando a reflexão feita no artigo do mês passado, trazemos mais alguns elementos deste momento cheio de possibilidades que é um ano de eleições municipais. A democracia é, como a gente costuma ouvir e dizer, a melhor forma de governar. Tem suas exigências, claro, mas esta é uma verdade facilmente defensável, sobretudo pelos valores que ela carrega, como: a participação efetiva dos cidadãos e das cidadãs nas decisões políticas; a garantia das liberdades e dos Direitos Humanos; a transparência, cada vez maior na gestão dos recursos públicos; a ética nas relações, pessoais e coletivas, mas de forma exemplar, e hoje urgente, nas campanhas eleitorais; e, claro, no governo, dos eleitos; também na proposição e na execução de políticas que atendam as necessidades dos mais vulneráveis. É importante lembrar que demo-

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cracia exige o fortalecimento do papel do Estado, neste caso, da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Fortalecer o Estado, aqui, significa reconhecer o valor dos servidores e das servidoras públicas. Dialogando com eles, investindo na sua formação e garantindo-lhes boas condições de trabalho, para fazer chegarem às ações de governo a quem mais necessita. São as grandes maiorias empobrecidas quem precisam mais de políticas públicas e sociais que lhes garantam a dignidade humana. É dever do poder público garantir as condições que levem à Vida em abundância que anuncia O Evangelho. E é igualmente dever dos cidadãos e das cidadãs, terem critério, autonomia e discernimento na hora devotar. É dever das Igrejas se comprometerem com a democracia e orientar seus fiéis para um voto consciente.


É fundamental, neste momento cheio de exigências em que vive a nossa democracia, aprendermos a olhar para a nossa cidade como a nossa casa comum. Este olhar deve nos levar a uma relação materno-filial que aflore o nosso comprometimento com a vida e com a justiça. Somos de certa forma, filhos e filhas da cidade em que vivemos. Uns são filhos de sangue e outros são filhos adotivos. Assim, amaremos a nossa cidade e esse amor nos tornará melhores e nos fará construtores e construtoras de uma cidade Mais Humana. Mais sensíveis e preocupados com o cuidado, que passa diretamente pela escolha que fazemos de seus gestores e legisladores, fortaleceremos a democracia e a cidadania. Passa, porque nossa participação não se limita ao momento da escolha e do voto, mas vai além. É preciso acompanhar os eleitos, fiscalizando suas ações e, inclusive, denunciando-os quando não cumprem com seus deveres. É assim, inclusive, que superaremos a relação clientelista, que trata o governo como uma empresa privada e terceiriza as responsabilidades pelas políticas públicas e as pessoas como clientes. Quando falamos de discernimento político queremos dizer em primeiro lugar, a responsabilidade e compromisso de adultos. E isso se faz dialogando, perguntando e propondo novas formas de ação. Porém, cuidado! O novo não é, por si só, bom! Não raro vemos o velho, no sentido de ultrapassado, de vencido na sua validade, maquiado num rostinho novo. Numa nova embalagem, como se diz popularmente. Mudar de partido é uma das formas de se maquiar velhas práticas e velhos interesses como se fossem novos. Muda-se de partido muitas vezes para isentar-se de responsabilidades e fugir da própria sombra ou negar o próprio passado. É também comum que em momentos de crises políticas e institucionais, como agora, surja o apelo por mudanças. Mudanças também não são só boas! Também se muda para pior e é o que parece está concluindo neste momento o povo brasileiro, sendo desapropriado de direitos historicamente consolidados. É recomendável que se olhe de que lado estiveram nos últimos tempos e estão agora, os que hoje propõe mudar tudo.

Quando dizemos que é preciso um agir profético, o dizemos no sentido que Jesus certa vez falou. “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos. Então, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10, 16). Esta prudência nos ajudará avaliar os candidatos, as candidatas e as candidaturas; a rejeitar os métodos de campanha que desrespeitam a legislação eleitoral; e a não apenas recusar as propostas indecentes, como almoços e jantares em restaurantes caros - pagos através de caixas dois -, mas a denunciá-las com compra de voto; a nos incomodar e querer buscar as razões do carreirismo político. Por que tem candidatos que fazem carreira política e vivem a vida inteira como vereadores? Agir profeticamente é buscar na história de vida do candidato o que ele fez e como ele se comportou, de que lado ele ficou, por exemplo, quando ele já exerceu outros mandatos; é avaliar o seu comportamento partidário, sobretudo, quando muda de partido só para “levar vantagem” eleitoral, “limpar o nome”, ou tentar enganar os eleitores, como se diz. Se ele mudou de partido para satisfazer os seus interesses eleitorais, não mudará de lado também depois de eleito, de acordo com as suas conveniências? Agir profeticamente é também se perguntar: por que o candidato ou a candidata só aparece na casa da gente, no bairro ou na comunidade na campanha eleitoral? Agir profeticamente é, sobretudo, não perder a esperança. É reunir a comunidade e refletir sobre as eleições e sobre a política. É chamar os candidatos e comprometê-los com os temas de interesses coletivos de seu bairro e da cidade. Por fim, acompanhar o mandato dos eleitos para não reelegê-los quando não cumprem suas funções com ética. Bom voto para todos e todas e que o nosso voto seja um instrumento para tornar nossa cidade cada vez mais humana, mais democrática, ética e transparente. Curitiba, 14 de Agosto de 2016.

EXPEDIENTE COMISSÃO DA DIMENSÃO SOCIAL: dimensaosocial@arquidiocesecwb.org.br (41) 2105-6326 | Coordenadores: Pe. Antônio Fabris, Diácono Gilberto Félis e Diácono Antônio Carlos Bez | Maria Inês Costa: (41) 2105-6326

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EDUCAÇÃO

PE. RIVAEL DE JESUS NACIMENTO Reitor do Santuário Nossa Senhora de Lourdes – Campo Comprido Coordenador Geral do Clero / perivael@gmail.com

Educar em nossas famílias para superação de uma cultura da indiferença e relativista Causou uma euforia espantosa a entrada da delegação dos atletas refugiados na Abertura das Olímpiadas aqui em nosso país. A presença desta equipe esportiva, neste importante espetáculo para o mundo, destaca e lembra a todos os habitantes da “casa comum”, o problema em que o planeta vive nestes últimos decênios, na questão migratória. As estradas se ficaram mais longas para quem quer sair de situações de risco da violência e da miséria. A cena nos abre a reflexão para pensarmos na vida e na família, visto que ainda estamos vivendo o tema que a CNBB nos propõe sobre a família, neste ano: Misericórdia na família dom e missão. O último Sínodo dos bispos em Roma, sobre a família, identifica muitos desafios para a vida humana e sua essência. Estamos vivendo em tempo de muitas respostas que precisam ser dadas no tempo presente, tempo de indefinição, pois não às temos. E constatamos uma desconstrução do passado, onde a palavra e a autoridade se fragilizaram, no presente. Não se olha mais o passado como algo positivo, o mundo passou por duas guerras mundiais, bombas atômicas, totalitarismos. E ao avanço da modernidade passou por duras críticas. Surgiram muitas perguntas existenciais: Por que vale a pena viver? Por que tenho que trabalhar e viver cansado? Qual o sentido do amor? Por que se casar? O abandono pela busca destas respostas conduz a existência a uma mediocridade, uma banalização, que reduz a vida a um nada, a um vazio, sem relações interpessoais e sem contatos afetivos. O desafio do momento em que vivemos encontra-se no redescobrir a vida e os critérios éticos que a direcionam. Percebemos que tudo gira em torno do aqui e do agora, e no momento presente, vemos homens e mulheres sem raízes e sem objetivos. Um vazio compensando por uma necessidade exagerada em consumir. A consequência desta realidade é um indivíduo de convicções frágeis e compromissos fluidos, com pensamento volúvel e indefinido. É um desafio tremendo ser família e viver nela a realização humana, pois tudo gira em torno do mercado e do que é útil em sua praticidade. O desafio é de caráter cultural e antropológico. Não podemos deixar as pessoas

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se tornarem ilhas. A família é chamada a ter consciência de si mesma, de sua dependência que faz crescer, e se relacionar com os outros e com o mundo. Precisamos do testemunho de uma humanidade redimida, de pessoas felizes em família, com ações testemunhadas no comprometimento com a vida e os valores do Evangelho. Para vencermos a cultura da indiferença e do relativismo. Desta forma nasce a família comprometida com um mundo humanizado, para a beleza e a experiência de Deus. E para vivenciar bem o presente lembremo-nos da imagem do menino Omran na Síria, esta nos disse muito, pois revela o reflexo de uma sociedade que se encontra no caos. Um cenário de guerra, onde uma criança chamuscada pelo fogo e pela violência nos mostra que temos um caminho a seguir e o muito que ainda temos que promover para a cultura da paz. Educar para a compaixão e para o amor pensemos que sejam tarefas mais árduas que estamos enfrentando neste mundo de indiferenças. Assim como o caso do garoto sírio, pode ser visto como mais um em nosso meio e em nossas notícias. Mas o que precisa ser feito é testemunharmos lições de vida em nosso cotidiano. O papa Francisco nos diz que: “uma coisa é compreender a fragilidade humana ou a complexidade da vida, outra é aceitar as ideologias que pretendem dividir em dois os aspectos inseparáveis da realidade”. Temos muitas tarefas na cartilha da vida. Esses dias estivemos em Almirante Tamandaré em uma escola da rede pública e percebemos muitas atitudes que suscitam esperança no mundo escolar, mesmo no meio de fragilidades. O pastoreio no meio da educação é algo urgente em nossas escolas, mas imprescindível no meio das nossas famílias. Pois precisamos de melhores filhos e melhores pais. Para promover a vida precisamos de melhores casais... Como canta uma das canções da Igreja “que tenhamos força de amar sem medida” e que a família educada no amor saiba sempre ensinar e testemunhar as lições de sabedoria divina na oração e no trabalho para a promoção da vida e da esperança.


DÍZIMO

CLOVIS VENÂNCIO

Setembro: Mês da Bíblia No mês de setembro a Igreja Católica, através de sua ação evangelizadora, procura dar especial ênfase nas orientações sobre a necessidade de todos buscarem aprofundar-se no conhecimento dos ensinamentos contidos na Bíblia, em especial no Novo Testamento e, sobretudo, busca estimular a prática diária dos mesmos. Entretanto, essa vivência dos princípios evangélicos implica necessariamente em que os cristãos autênticos sejam também cidadãos que procuram exercer seus direitos e cumprir seus deveres perante a sociedade civil do país. Diante das considerações iniciais e sabendo-se que este ano, em nosso país, no mês de outubro teremos eleições regimentais, através das quais serão escolhidos os prefeitos que deverão administrar durante quatro anos, os cerca de 5.000 (cinco mil) municípios brasileiros; então, “eleições” será o tema central a ser abordado nesta edição da revista Voz da Igreja. Assim, essa nossa mensagem visa traçar um paralelo entre o profundo significado do DÍZIMO para o cristão autêntico e a importância da participação de todos os indivíduos aptos a votar e, assim, concretizar a escolha das pessoas que irão atuar na administração de um país, estado ou município, dentro de um sistema ou regime democrático de governo. Com efeito, na Igreja Católica em particular, ser dizimista autêntico decorre de um processo de conversão pessoal que se fundamenta no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo e de seus ensinamentos, contidos nos textos do “Novo Testamento” que, em síntese, induzem à participação efetiva na comunidade eclesial. Tal participação consiste em partilhar tudo o que se recebe do Criador, seja em termos de dons pessoais, como a inteligência, a saúde física e mental, a capacidade de trabalho etc., seja partilhando os próprios bens materiais. Isto significa vivenciar o autêntico amor evangélico que, concretamente, caracteriza a essência da doutrina cristã ao preconizar a criação e o desenvolvimento do verdadeiro espírito fraternal comunitário.

Por sua vez, num regime democrático de gestão pública, para o indivíduo consciente de seus direitos e, principalmente, de seus deveres de cidadão ou cidadã, votar significa escolher bem as pessoas que irão representar todo o povo na condução de seu destino, através do exercício de ações e determinações concernentes ao poder que lhes foi confiado. Na prática, também aqui é fundamental que previamente se procure conhecer bem as pessoas que concorrem às eleições, em termos de idoneidade, caráter e bons princípios morais. E, uma vez eleitas, acompanhar constantemente seu desempenho nas funções inerentes ao seu cargo e, sempre que for o caso, questioná-las sobre eventuais incoerências de sua atuação em face de seus propósitos apresentados na campanha eleitoral. Portanto, em ambos os casos, o principal fator que orienta a atuação das pessoas é o conhecimento prévio que possibilita a fé em Deus e uma genuína confiança na autenticidade das pessoas que concorrem às eleições. Concluindo, podemos afirmar que, assim como em relação ao Dízimo e seu real significado para a manutenção do culto a Deus, da estrutura material da Igreja, as eleições são de máxima importância e assim devem ser entendidas pelo fiel cristão. Isto, na sociedade civil, na verdade, se aplica tanto para quem se candidata para o exercício de um cargo público eletivo, como para as pessoas que devem exercer seu direito de escolher seu candidato, tendo sempre em vista o bem comum da população.

17º SEMINÁRIO ARQUIDIOCESANO DA PASTORAL DO DÍZIMO Data: 09 de outubro de 2016 (Domingo) Local: Casa de Retiros N.Sra. do Mossunguê Assessor (Palestrante): Padre Jerônimo Gasques do clero da Diocese de Presidente Prudente – São Paulo Número da Vagas: 180 participantes

EXPEDIENTE

COMISSÃO DA DIMENSÃO ECONÔMICA E DÍZIMO: Coordenador da Comissão: João Coraiola Filho Padre Referencial da Pastoral do Dízimo: Pe. Anderson Bonin Coordenador da Pastoral do Dízimo: William Michon Arquidiocese de Curitiba | Setembro 2016

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Família e Vida

ROBERTO E MÁRCIA MACHADO Coordenadores da Pastoral Familiar Regional Episcopal Centro Oeste

Família, Palavra e Vida Lemos na Exortação Apostólica do Papa Francisco Amoris Laetitia que “a Bíblia aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares, desde as primeiras páginas onde entra em cena a família de Adão e Eva, com seu peso de violência, mas também com a força da vida que continua (cf. Gn 4), até as últimas páginas onde aparecem as núpcias da Esposa e do Cordeiro (cf. Ap. 21,29). As duas casas de que fala Jesus, construídas ora sobre a rocha ora sobre a areia (cf. Mt 7,24-27), representam muitas situações familiares, criadas pela liberdade dos que nelas habitam ...” (AL p. 8).

Deus nasce numa família. No Evangelho de Mt (19,6) Jesus esclarece sobre a indissolubilidade do matrimônio. Em Cor (7,1-6;10-11) encontramos orientações sobre a vida matrimonial. Em Ef (5,28-33) Deus nos fala da condição do esposo ideal. Em Prov (31, 10-12;25-31) Deus nos mostra a esposa ideal, e em Eclo (3, 1-10) Deus afirma que os filhos são a honra dos pais.

Deus se revelou através da Palavra. Esta Palavra permite à família viver em comunhão com Deus e, consequentemente, uns com os outros. “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por Ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda a boa obra. (II Tim 3,16-17).

A Palavra de Deus é alimento diário para a vida da família: Ela norteia os seus passos e a sua conduta, Ela é a base para viver de forma sábia, justa e piedosa neste mundo. Firmes na Palavra, a família cristã tem condições de enfrentar os problemas cotidianos.

Na Bíblia encontramos vários exemplos dos objetivos de Deus para as famílias. Em Gen (2, 18-24) está escrito que o homem e a mulher são o centro da criação. Em Lc (2)

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Nas Escrituras encontramos as orientações necessárias para a formação da fé e para o modo de agir na vida familiar.

Diante disso, “a família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura orante da Palavra de Deus e a Comunhão Eucarística, para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais Templo, onde habita o Espírito Santo (AL 29)”.


“Por isso na leitura orante da Palavra, o lugar privilegiado é a Liturgia, particularmente a Eucaristia, na qual, ao celebrar o Corpo e Sangue de Cristo este Sacramento se atualiza no meio de nós. Em certo sentido, a leitura orante pessoal e comunitária deve ser vivida sempre em relação com a celebração eucarística. (VD 86)” a) Promover a catequese dentro da família, como elemento fundamental para o crescimento na fé (Dir PF 347); “A Bíblia considera a família também como local da catequese dos filhos. Por isso a família é o lugar onde os pais se tornam os primeiros mestres da fé para seus filhos. Os pais têm o dever de cumprir, com seriedade, a sua missão educativa (AL 16-17)”.

c) Rezar a Liturgia das Horas; A Igreja deve incentivar entre os leigos a oração pública e comunitária, porém é uma responsabilidade da família a oração: individual, conjugal e familiar. No princípio, os batizados “eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. (At 2, 42).” A Palavra de Deus é uma fonte que jorra constantemente renovando as nossas forças, produzindo santidade. A família através da vivência da Palavra de Deus anuncia o caminho de libertação, de superação e de transformação. A Palavra de Deus nos dá uma força libertadora com poder de transformar e conquistar o que é melhor, a felicidade duradoura e o bem comum.

b) Rezar e meditar o terço em família, conforme orientação do Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Verbum Domini 88. “Pensando na relação indivisível entre a Palavra de Deus e Maria de Nazaré, convido, juntamente com os Padres sinodais, a promover entre os fiéis, sobretudo na vida familiar, as orações marianas que constituem uma ajuda para meditar os santos mistérios narrados pela Sagrada Escritura. Um meio muito útil é, por exemplo, a recitação pessoal ou comunitária do Rosário, que repercorre juntamente com Maria os mistérios da vida de Cristo e que o Papa João Paulo II quis enriquecer com os mistérios de luz. É conveniente que o anúncio dos diversos mistérios seja acompanhado por breves trechos da Bíblia sobre o mistério enunciado, para assim favorecer a memorização de algumas expressões significativas da Escritura relativas aos mistérios da vida de Cristo”.

AL – Exortação Apostólica do Papa Francisco Amoris Laetitia Dir PF – Diretório da Pastoral Familiar

EXPEDIENTE COMISSÃO DA FAMÍLIA E VIDA: Assessor Eclesiástico: Diácono Juares Celso Krun Sonia Biscaia – soniaabs@arquidiocesecwb.org.br / 2105-6309

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Dimensão Missionária - COMIDI

MARCUS SEGEDI coordenador COMISE

JEAN PEDROZO Vice- Coordenador COMISE comisecwb@gmail.com

O Senhor nos envia em missão Durante os dias 19 a 24 de Julho estivemos em um grupo de 27 seminaristas (6 da teologia, 10 da filosofia, 10 do propedêutico e 1 do menor) em missão na Paróquia de São Lucas e Nossa Senhora do Carmo, no Xaxim. A missão iniciou na terça-feira (19) com um dia de preparação possibilitando um contexto territorial (realidade da paróquia, desafios, dificuldades, pastorais, etc), também um momento prático de como acontece a visita e por fim um momento de oração diante do Santíssimo, onde Jesus é quem nos acolhe, nos orienta e nos envia.

Missa de envio presidida por Dom José Mario

As missões aconteceram de quarta a sábado, tanto pela manhã quanto pela tarde. Andávamos em duplas e pela primeira vez as visitas aconteceram de casa em casa, não mais em casas determinadas como era de costume. Várias famílias visitadas, vários estabelecimentos comerciais abençoados, muitos momentos particulares de encontro com Deus. Missão, tempo onde se vai evangelizar e retorna evangelizado. Além das visitas, aconteceram algumas atividades na paróquia como: grupo de reflexão baseado no livro caminhando, catequese familiar, visita ao lar das idosas Iracy e também encontro com as crianças e com os jovens. Ou seja, procurou-se articular momentos de oração na comunidade com os missionários, despertando em todos o ato de rezar, de conviver e de partilhar em grupos as experiências com Deus, as situações positivas e negativas do dia a dia ajudando, assim, num crescimento de todos. O COMISE (Conselho Missionário dos Seminaristas) é muito grato à paróquia, e em nome do pároco Pe. Marcos Just, do seminarista Bruno dos Santos Rodrigues e dos diáconos que ajudaram na organização de toda a missão. Gratidão a cada pessoa que se empenhou na missão, principalmente pelas famílias que nos hospedaram. Que Deus abençoe a todos e que a comunidade paroquial continue com o ardor missionário de testemunhar Jesus que é misericórdia, assim como o Pai. Sejamos missionários da misericórdia como aqueles que vão ao encontro dos irmãos e que juntos possamos caminhar para mais perto de Deus.

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Saída dos missionários

Encontro no Lar das Idosas

Momento de agradecimento na missa de encerramento das missões


Campanha Missionária 2016 Outubro é o Mês das Missões, um período de intensificação das iniciativas de animação e cooperação missionária em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar vocações missionárias e realizar a Coleta no Dia Mundial das Missões, penúltimo domingo de outubro (este ano dias 22 e 23), conforme instituído pelo papa Pio XI em 1926. “Cuidar da Casa Comum é nossa missão”. Este é o tema escolhido para a Campanha Missionária em 2016. O lema é extraído da narrativa da criação no livro do Gênesis: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). O projeto do Criador é maravilho, mas encontra-se ameaçado! A preocupação pela ecologia parte de dois gritos: o grito dos pobres que mais sofrem, e o grito da Terra que geme pela exploração. A temática reto-

ma a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano e amplia a missão de cuidar da vida em todo o planeta. Em sua Encíclica Laudato si’, o papa Francisco adverte que “a existência humana se baseia sobre três relações intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra” (LS 66). As Pontifícias Obras Missionárias (POM) têm a responsabilidade de organizar a Campanha Missionária, na qual colaboram a CNBB por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (Comina). Os materiais disponíveis são: cartaz, Novena, Marcadores de página, envelopes e dvd. Materiais esses que também estão disponíveis para download em www.pom.org.br

Show Missionário: 9 de outubro A Infância e Adolescência Missionária organiza um encontro anual que é chamado de Show Missionário, cada ano em uma Paróquia diferente. Esse ano o Show Missionário acontecerá no dia 9/10 na paróquia Santa Margarida. Seu grupo já começou a realizar as missões que antecedem o Show missionário? Ainda não? Então entre em contato o mais breve possível com Ir. Patricia ou Patryck na Arquidiocese de Curitiba pelos telefones 2105-6375 ou infanciamissionaria@arquidiocesecwb.org.br

EXPEDIENTE

COMISSÃO DIMENSÃO MISSIONÁRIA: comidi@arquidiocesecwb.org.br / (41) 2105-6375 Ir. Patrícia / Patryck (41) 2105-6376

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PASCOM

Integração das Pastorais,

realidade ou utopia?

Santuário do Senhor Bom Jesus realiza experiência-piloto de Workshop Pastoral que servirá de modelo para outras paróquias

A cada amanhecer optamos se iremos levantar da cama ou se o friozinho da nossa cidade irá nos vencer e ficaremos dormindo mais. Não adianta, a cada momento estamos escolhendo entre uma coisa ou outra. Mas há fases da vida em que é necessário tomar decisões mais sérias e comprometedoras e uma dessas fases é a juventude. Normalmente o jovem quando está concluindo o Ensino Médio procura participar da feira de profissões que as universidades oferecem, para ajudar na escolha do curso e ver com qual área mais se identifica, a fim de ir direcionando o seu olhar para a carreira profissional. Mas ao olhar para os jovens que estão presentes na vida das nossas comunidades, qual seria o motivo da grande

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Texto IR. VIVIANI MOURA, FSP PASCOM Fotos Pascom - Santuário Senhor Bom Jesus

evasão dos jovens pós-crisma? O que realizamos e temos a oferecer a estes jovens? Será que já paramos para nos perguntar se eles conhecem todas as ações desenvolvidas pelas pastorais da Igreja? O Santuário do Senhor Bom Jesus de Campo Largo teve uma iniciativa que responde a estes questionamentos. Por meio de um Workshop Pastoral proporcionou aos catequizandos a oportunidade de conhecer as diversas pastorais atuantes na Paróquia. Cada pastoral recebeu um estande ficando responsável pela organização e pela apresentação de forma criativa e dinâmica das atividades realizadas de cada uma. O projeto teve como objetivo atender, em especial, os catequizandos da 5º etapa e também promover a inscrição dos mesmos no Estágio Pastoral.


Este Estágio Pastoral possibilitou que os catequizandos escolhessem três pastorais, sendo uma de cada dimensão (Dimensão da Evangelização, Dimensão da Caridade e Dimensão da Liturgia), no qual o crismando iria atuar. Após a escolha, participaram de no mínimo de três encontros em cada pastoral, em que puderam conhecer mais sobre o trabalho na teoria, e também vivenciar na prática como um agente da pastoral. Depois disso, cada um partilhou na catequese a sua experiência e o que pode compreender da pastoral escolhida em que realizou o estágio. A jovem Gabriela Pereira da Silva realizou o estágio na pastoral dos Ministros, da Visitação e no Grupo de Jovens Éfeta e conta o que significou para ela este momento da catequese do crisma: “O que a catequese proporcionou para nós foi uma experiência única, ver cada pastoral, entender as razões pelas quais elas existem e poder participar de tudo isso, fez com que aumentasse o interesse em ajudar cada vez mais”, completa. Segundo Bibiana Rodrigues, coordenadora de eventos catequéticos do Santuário, o projeto do estágio foi assertivo: “A experiência foi de grande importância para a nossa Igreja, pois além de fazer o estagiário vivenciar a pastoral, fidelizou alguns participantes para as pastorais em quais estagiaram”, afirma.

E tudo o que dá certo, é bom se espalhar, não é verdade? A proposta é espalhar a ideia para as demais paróquias da Arquidiocese de Curitiba. A Pastoral da Comunicação Arquidiocesana juntamente com a Pascom Paroquial terão essa missão de ajudar a implantar este projeto na paróquia. Tendo em vista que esse projeto não é somente de uma pastoral e sim de todas, a catequese, a juventude e a liturgia, estarão abraçando de forma mais direta este projeto. Neste primeiro momento o objetivo é atingir uma paróquia de cada região episcopal. Sendo que na Região Centro Oeste já foi realizado o projeto com a paróquia da experiência-piloto, na Região Sul será implantado no Santuário Nossa Senhora do Carmo, em Curitiba e na Região Norte, na Paróquia Santa Teresinha de Lisieux, de Colombo. A proposta é fazer um mutirão de comunicação em âmbito paroquial, incluindo a feira pastoral e oficinas de comunicação, de acordo com as urgências na área da comunicação local, incluindo os jovens neste processo da comunicação. Este mutirão de comunicação paroquial tem também a missão de mostrar que o jovem é o presente da Igreja e que o seu espaço está reservado e que só ele pode ocupar, sendo protagonista também no espaço eclesial. E acima de tudo, que o colocar seus dons a serviço dos outros na comunidade, pode também ser um caminho que dará sentido à sua existência. EXPEDIENTE

PASTORAL DA COMUNICAÇÃO: pascom@arquidiocesecwb.org.br (41) 9999 - 0121 / Coordenador: Antonio Kayser. Arquidiocese de Curitiba | Setembro 2016

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GABRIEL ANTONIO FORGATI*

A Importância e a Dignidade da Igreja Catedral “CATEDRAL: (do grego kathédra, assento) Igreja própria do bispo na qualidade de pai da comunidade diocesana. É a mãe das outras igrejas da Diocese. Seu nome vem da cátedra do bispo que ali se encontra”.¹ “A igreja Catedral, pela majestade da sua construção, é a expressão daquele templo espiritual, que é edificado no interior das almas e brilha pela magnificência da graça divina, segundo aquela sentença do apóstolo S. Paulo: ‘Vós sois o templo do Deus vivo’ (2 Cor 6,16). Depois, deve considerar-se como imagem figurativa da Igreja visível de Cristo, que no orbe da terra ora, canta e adora; deve, consequentemente, ser retida como a imagem do seu Corpo Místico, cujos membros estão conglutinados pela união na caridade, alimentada pelo orvalho dos dons celestes”.² Neste mês de setembro, todos os anos, além de comemorarmos a solenidade de nossa Padroeira, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (dia 8), também comemoramos o aniversário de nossa igreja Catedral Basílica, inaugurada em 7 de setembro de 1893, completando, portanto, 123 anos de existência. Quando inaugurada, ainda chamava-se “Matriz de Curitiba”, pois a Catedral é a sede do bispo, e na época Curitiba ainda não era diocese instalada, apenas criada (em 27 de abril de 1892). Passou a se chamar “Catedral” de fato com a posse do 1º Bispo, Dom José de Camargo Barros, em 30 de setembro de 1894, que instalou, enfim, a Diocese. A igreja Catedral, como nos diz o Cerimonial dos Bispos e uma série de outros documentos da Igreja, deve ser o centro da vida litúrgica da diocese.³ Reconhecer a igreja Catedral como importante e digna de carinho e afeto é, sem dúvida, uma virtude para o cristão católico, pois nela se congrega a comunidade reunida, a “Igreja viva”, ao redor de seu pastor, o Bispo Diocesano. Tanto o é que o aniversário de sua Dedicação – 6 de setembro – além de assumir um caráter litúrgico de

Solenidade na própria igreja dedicada, também as demais paróquias da diocese celebram o mesmo aniversário de dedicação em caráter de Festa, justamente para lembrar os fiéis o amor e a veneração que devem ter para com a igreja Catedral. Além da devoção para com o templo, o respeito para com esta igreja manifesta, por excelência, a própria devoção para com a padroeira não só da Catedral Basílica, mas também de toda a Arquidiocese de Curitiba, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Ainda podemos aliar a tudo isso o título de Basílica Menor; além de nos unir diretamente ao Arcebispo Metropolitano, nos une também com mais proximidade ao Romano Pontífice, que concedeu à igreja, para a maior glória de Deus, esse título honorífico pela majestade de sua construção, pela beleza artística e arquitetônica, e pela importância histórica. “Inculque-se no espírito dos fiéis o amor e a veneração para com a igreja Catedral. Para isto, muito contribui a celebração do aniversário da sua dedicação, bem como peregrinações dos fiéis em piedosa visita, sobretudo em grupos organizados pelas paróquias ou regiões da diocese”.4 “Quão amável, ó Senhor, é vossa casa; quanto a amo, ó Senhor Deus do universo! Na verdade, um só dia em vosso templo vale mais do que milhares fora dele!” (Sl 83 (84) 2.11a) Oxalá possamos ver, sobretudo nos dias 6 e 8 de setembro – comemoração do aniversário da dedicação da igreja e solenidade da Padroeira, respectivamente – a “Casa da Mãe”, a Catedral Basílica, repleta de filhos e filhas de Nossa Senhora.

Notas

1. DOTRO, Ricardo Pascual e HELDER, Gerardo García. Dicionário de Liturgia. São Paulo: Loyola, 2006, p. 38. 2. CERIMONIAL DOS BISPOS. Cerimonial da Igreja. São Paulo: Paulus, 2006, p.29, n. 43. 3. Cf. Ibidem, n. 44. 4. Ibidem, n. 45. * Aluno da Graduação em História – Memória & Imagem – pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é Arquivista da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais – Curitiba/PR (Arquivo Dom Alberto José Gonçalves).

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Paróquia em Destaque

Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus celebra em setembro seu Jubileu de Diamante A construção de uma igreja dedicada a Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face vinha sendo a aspiração acentuada de um grupo de devotos e sonho do Pe. Jeronimo Mazzarotto. Em 1936, com a chegada do Revmo. Dom Ático Eusébio da Rocha para Arcebispo de Curitiba, a aspiração concretizou-se e foi instituída a criação de uma Igreja no bairro (hoje Batel). Na ocasião, Pe. Jeronimo Mazzarotto celebrou então uma missa campal, fez a benção e lançamento da pedra fundamental onde a igreja seria eregida, realizando a introdução de uma imagem de Santa Teresinha, benção e distribuição de rosas. Após alguns anos, com as obras quase finalizadas em 21 de setembro de 1941 a igreja é desmembrada da Paróquia N. Sr. Da Luz e do Sagrado Coração de Maria e é elevada à categoria de Igreja Matriz.

Imagem de Santa Teresinha, acima do altar

A Paróquia Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus, que antes encontrava-se em meio a casas de um pacato bairro, cresceu verticalmente. Vale ressaltar alguns grandes momentos na história da paróquia, entre eles a celebração do centenário da morte de S. Teresinha, a sua proclamação como Doutora da Igreja, e em novembro de 1998 a vinda da urna com parte dos restos mortais de Santa Teresinha, ocasião em que a Paroquia viveu momentos de emoção e fé. Logo após a vinda da urna, atendendo um pedido do pároco, Monsenhor Luciano Romano Kmieciak, D. Pedro Fedalto eleva a Igreja Matriz de Santa Teresinha do Menino Jesus à dignidade de Santuário, sendo o Mons. Luciano que aqui chegara em 1973, nomeado reitor. Em 21 de setembro de 2016 o Santuário celebra o seu Jubileu de Diamante – 75 anos a serviço da evangelização. O Santuário convida toda a comunidade para a Missa, no dia 18/09, às 11h seguida de almoço na Paróquia. Informações na secretaria.

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Missão e atualidade Desde o início de sua história a Paróquia busca ser uma Igreja missionária. Movimentos e Pastorais participam ativamente. De modo especial, Missões Populares sempre foram o foco da Paróquia, conta o Monsenhor Luciano Romano Kmieciak: “Já em 1973 haviam pequenas comunidades. Haviam grupos bíblicos que se reuniam nos prédios junto com as famílias, para celebração ou benção”. A Paróquia atende aproximadamente 30 mil católicos, celebrando sacramentos e desenvolvendo trabalhos com a comunidade através das diversas pastorais e movimentos.

Pastorais e Movimentos

Monsenhor Luciano Kmieciak: 55 anos de sacerdócio e 43 anos de dedicação no Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus. A Paróquia e a comunidade agradecem!

Na pastoral da Catequese encontramos o Batismo e a Catequese de adultos e crianças. Na pastoral Econômica encontramos o Dízimo, o Conselho de Assuntos Econômicos da Paróquia e a Secretaria. A pastoral dos coroinhas cultiva a importância da presença de crianças na celebração da Santa Missa. Os Ministros da Sagrada Comunhão se reúnem uma vez por mês para reuniões de espiritualidade e rotinas. Também levam comunhão aos doentes. Conta também com a Pastoral da Música e Liturgia que animam as missas, com a Pastoral do Terço que reza todos os dias às 7h e às 17h15 e com a Ação Social, com distribuição de alimentos. Conta com o Apostolado da Oração, a Legião de Maria e o movimento das Capelinhas, que promove a integração das famílias católicas do bairro.

Horários de missas Na Paróquia Santuário de Santa Teresinha, há missas nos seguintes horários: Domingos e Dias Santos: 9h – 11h – 18h. Sábados: 7:30h – 15h Dias úteis: 7:30h – 18h Segundas-feiras: somente às 7:30h. As novenas ocorrem todas as terças-feiras às 15h (com missa) e após a missa das 18h30 (somente novena). Novenas do perpétuo socorro são todas as quartas-feiras, 18h30.

CONTATO: Av. Visconde de Guarapuava, nº 4787 (esquina com a Rua Padre Ildefonso), bairro Batel – Curitiba-PR. Telefone para contato: 41 3243-4171.


Painel do Leitor

Jubileu de Ouro Episcopal de Dom Pedro Fedalto O arcebispo Emérito de Curitiba comemorou em agosto dois momentos especiais: os 90 anos de idade – completados no dia 11 – e os 50 anos desde que foi ordenado como Bispo, no dia 28. A celebração ao Jubileu de Ouro Episcopal de Dom Pedro Fedalto foi realizada no dia 27 de agosto com missa na Catedral Metropolitana de Curitiba e seguida de almoço festivo. Dom Pedro Fedalto foi arcebispo de Curitiba de 1971 a 2004, quando aos 75 anos solicitou seu afastamento do cargo de arcebispo. Hoje, aos 90 anos, continua ativo, lecionando para alunos do seminário, celebrando missas e escrevendo – atualmente trabalha em uma obra sobre fatos e histórias que já viveu.

Empresários participam de retiro da Pastoral do Empreendedor Nos dias 6 e 7 de agosto aproximadamente 30 empresários participaram do 1º Retiro da Pastoral do Empreendedor de Curitiba. O encontro ocorreu na Casa das Irmãs da Divina Providência e contou com a presença de Frei Rogério, fundador da Pastoral do Empreendedor no Brasil e do arcebispo de Curitiba, D. José Antônio Peruzzo.

Atendentes Paroquiais da Região Episcopal Sul passam por treinamento Os atendentes paroquiais da Região Episcopal Sul passaram por uma formação no dia 1º de agosto, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, no bairro Água Verde.

Missa pelo dia do Advogado O dia do Advogado foi comemorado no dia 11 de agosto com uma missa em ação de graças na Paróquia Divino Espírito Santo. A celebração foi realizada pelo Pe. Luciano Tokarski.

Escola de Agentes da Pastoral de Batismo No dia 06 de agosto, na Casa das Irmãs da Divina Providência, concluiu-se a Escola de Agentes da Pastoral do Batismo 2016, realizada em duas etapas. Mais de 80 participantes de inúmeras paróquias participaram, vivenciaram, oraram e partilharam momentos importantes para sua formação, a fim de melhor contribuir na preparação personalizada de pais e padrinhos para o Batismo de crianças.

Quer mandar seu texto para a Revista Voz da Igreja? Mande seu artigo, contando sobre trabalhos realizados junto à sua Paróquia ou reflexões que contribuam com nossa Arquidiocese. A cada edição um dos textos enviados poderá ser escolhido para a seção ‘Painel do Leitor’ pelo conselho editorial da Revista Voz da Igreja. Limite de espaço: 2.000 caracteres. Arquidiocese de Curitiba | Setembro 2016

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