Fortalecer 05 baixa

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ANO 1 - Nº 5 - MARÇO/ABRIL DE 2010 - CRESS/PR

MAIS + FisCALIZaçÃO

15 de maio CBAS

DIA DO(a) ASSISTENTE SOCIAL

traça rumos do Serviço Social até 2013

PNDH Nucress

Avanço ou Retrocesso?

Ivaiporã: o novo núcleo


EDITORIAL Zelar pela qualidade do ensino e da atividade profissional e o estrito cumprimento do Código de Ética são algumas das principais atribuições de um conselho de representação profissional. O CRESS/ PR nunca se afastou dessa missão. Prova disso é o recente incremento na estrutura e na atuação da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI). Nesta edição de Fortalecer, apresentamos as três novas agentes fiscais, aprovadas em concurso realizado no ano passado e que, desde janeiro, já se dedicam ao trabalho, recebendo, do Conselho, toda a qualificação necessária. Rosângela Cavalcanti Colcete, Karina Kessiene Radke e Kathiuscia Freitas Coelho estão à disposição para orientar e fiscalizar em relação a questões como

as condições de trabalho oferecidas aos(às) profissionais, a correta execução dos planos de estágio e a qualidade do ensino ministrado nos cursos de Serviço Social. Ainda no âmbito da formação política da categoria, o CRESS manterá, neste ano, o curso Ética em Movimento, disseminando, por meio de multiplicadores, as boas práticas profissionais e a reflexão sobre nossa atuação cotidiana respaldada pelos princípios éticos da profissão, em todas as regiões do Paraná. Confira estas e outras informações na 5ª edição do Fortalecer, que também nos lembra do dia especial para a categoria: 15 de maio – Dia do(a) assistente social. E aguardem a programação comemorativa em todo o Paraná nos meses de abril e maio!

EXPEDIENTE O informativo Fortalecer: lutas, práticas e direitos é uma publicação do Conselho Regional de Serviço Social da 11ª Região (Cress/PR) Contato Rua Monsenhor Celso, 154 | 13º andar | Centro | Curitiba-PR | CEP 80010-913 Telefone: (41) 3232-4725 Site: http://www.cresspr.org.br E-mail: contato@cresspr.org.br Diretoria Presidente: Jucimeri Isolda Silveira Vice-presidente: Elza Maria Campos

Primeira-secretária: Daraci Rosa dos Santos Segunda-secretária: Kellen Cristina Dalcin Primeira-tesoureira: Leovalda Rodrigues Moreira Segunda-tesoureira: Ana Lucia Sales Dias Baptista Conselho fiscal: Rosângela Cavalcanti Colcete Karina Kessiene Soares Radke Kathiuscia Pereira Coelho Suplentes: Daniela Moller, Maria Paulino de Viveiros, Alfredo Aparecido Batista, Elias de Sousa Oliveira, Telma Maranho Gomes

Comissão de comunicação: Kellen Cristina Dalcin, Maria de Fátima Pereira, Reginaldo M. L. Vileirine Editoração/diagramação Cupola Comunicação | Rua Peru, 40 | sala 4 | Curitiba-PR Telefone: (41) 3079-6981 Projeto gráfico Cupola Comunicação Jornalista responsável Rodrigo Werneck Março/Abril-2010 – 5ª edição Tiragem: 5.000 As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da publicação.

FALA, ASSISTENTE SOCIAL Algumas provas de concursos públicos possuem equívocos no que se refere à profissão e outros conteúdos. O CRESS possui meios de fiscalizá-los? Regina Aparecida Ribeiro, Assistente Social

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O CRESS pode atuar junto às comissões organizadoras de concursos públicos quando tomar conhecimento prévio do edital e detectar possíveis irregularidades, geralmente no descritivo

das funções atribuídas ao cargo. Nesses casos, a Comissão de Orientação e Fiscalização envia documento formal solicitando a revisão. Quando se trata da qualidade das provas, cabe ao candidato entrar com recurso, verificando no edital os prazos e normas para essa solicitação. Em algumas ocasiões, o CRESS entrou em contato com as instituições organizadoras, questionando se as provas foram elaboradas por Assistente Social, não obteve retorno, já que não há respaldo jurídico que as obrigue a dar esta informação.


REFLETINDO O COTIDIANO

A multiplicação da ética Dois mil e dez ficará marcado como o ano em que o CRESS/PR mais investiu na formação e reflexão ética dos cerca de 5 mil assistentes sociais paranaenses. Ao longo deste ano, o Conselho promoverá quatro edições do curso Ética em Movimento,o dobro da oferta de anos anteriores. Três desses encontros serão realizados em pólos regionais fora da Capital, refletindo a diretriz de interiorização crescente das atividades. O Curso Ética em Movimento foi criado em 1999, pelo conjunto CFESS/CRESS, com o objetivo de promover ações contínuas de aprendizado e reflexão sobre a atuação ética dos profissionais do Serviço Social. Desde então, o Conselho Federal promove, em diferentes regiões do País, um curso anual de capacitação, ao qual cada CRESS envia pelo menos um representante estadual. “No retorno ao seu Estado, o profissional enviado pelo CRESS tem o compromisso de elaborar um projeto de multiplicação do conhecimento adquirido entre os colegas da base”, explica Reginaldo Vileirine, presidente da Comissão Permanente de Ética do CRESS/PR, que atuou como multiplicador em 2009. Com duração de sete dias e 40 horas-aula, o curso é dividido em quatro módulos, que abrangem a ética na sociedade, na prática profissional, nos direitos humanos e nos instrumentos processuais. “O curso é pensado de maneira a subsidiar as discussões a partir de questões do cotidiano do exercício profissional do(a) assistente social, se tornando assim um instigante convite para a reflexão e debate da ética profissional”, pondera Rafael Carmona, que realizou o curso de 2009 e será o agente multiplicador deste ano. Em 2010, o Curso Ética em Movimento completa uma década. Neste período, o Paraná formou oito multiplicadores, que levaram conhecimentos a mais de 800 profissionais, em todas as regiões do Estado. Somente neste ano, serão beneficiados mais 160 assistentes sociais entre maio e junho, quando devem ser realizados os cursos. As datas e cidades do interior do Estado – que receberão turmas com até 40 participantes – serão definidas e divulgadas pelo site do CRESS em breve. Na avaliação de Arlete Terezinha Rodrigues, que representa a base da categoria na Comissão Permanente de Ética, o programa induz o profissional a repensar seus conceitos éticos a partir de embates colhidos na experiência do trabalho. “O Código de Ética não é um manual ao qual devemos recorrer quando necessário, mas deve ser visto como um documento que agrega valores construídos historicamente pela profissão”, afirma Arlete, que fez o curso em 2007 e

atuou como multiplicadora no ano seguinte. “O objetivo primordial é propiciar reflexão ética, contrapondo os valores que cada assistente social traz como indivíduo singular dos valores construídos pela profissão”, destaca Reginaldo. O multiplicador de 2010, Rafael Carmona, acredita que a reflexão ética é um pré-requisito para a tomada de decisões e posicionamento profissional. “Nós, assistentes sociais, somos demandados a todo instante em nossas instituições a nos posicionar, construir respostas e alternativas às demandas sociais que nos chegam”, conclui. Segundo Reginaldo, além de gerar reflexos na qualidade do atendimento cotidiano do(a) assistente social, o curso oferece importante suporte para os membros da Comissão Permanente de Ética do CRESS, visto que produz reflexão e conhecimento necessário para analisar as denúncias de infrações éticas que envolvem a atuação de profissionais de todo o estado do Paraná. O programa Ética em Movimento é voltado exclusivamente a profissionais, que precisam estar regularmente inscritos no CRESS. O custo do curso para o participante é de aproximadamente R$ 20,00 para aquisição dos quatro livros que embasam o programa. O investimento do Conselho é de cerca de R$ 12 mil por ano, aplicados principalmente em materiais, deslocamento, hospedagem e alimentação dos agentes multiplicadores.

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diretr inem f e d inaldo 010 e Reg ento de 2 e t e l r Movim lda, A Leova o Ética em rs do cu

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CRESS EM MOVIMENTO

Reforço na fiscalização O Conselho Regional de Serviço Social está intensificando a atuação da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI) em todo o Paraná. A partir de janeiro, as três novas agentes fiscais aprovadas em concurso iniciaram seu trabalho, em substituição às profissionais que se desligaram do Conselho no segundo semestre de 2009. Assistentes sociais com sólida formação acadêmica, especializações e experiência profissional, elas estão recebendo qualificação específica para o exercício das novas funções. A principal atividade da COFI é orientar e fiscalizar as atribuições e as condições técnicas e éticas de exercício e desenvolvimento do trabalho profissional e das condições oferecidas para a realização de estágios de estudantes de graduação em Serviço Social. No âmbito profissional, é função da comissão zelar para que empresas e instituições ofereçam condições adequadas à atuação do(a) assistente social. “Verificamos se essas condições permitem, por exemplo, atender o usuário com dignidade e sigilo”, explica Sueli Preidum de Almeida Coutinho, conselheira do CRESS/PR e coordenadora da COFI. Também cabe à comissão fiscalizar para que atividades privativas do assistente

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social não sejam irregularmente delegadas a outros profissionais e orientar assistentes sociais que estão participando de concursos públicos para os procedimentos legais em casos de contestação, além de verificar se as atribuições definidas para o cargo correspondem ao previsto em lei. No âmbito acadêmico, a COFI age na orientação e fiscalização de campos de estágio, observando, no âmbito de suas competências regimentais, a qualidade dos cursos universitários. “Temos compromisso com a qualidade do ensino e uma posição bastante crítica e preocupada em relação aos cursos à distância, que nem sempre conseguem garantir uma formação adequada”, afirma Sueli. Obrigatório a partir do terceiro ano do curso, o estágio deve ter supervisão pedagógica realizada por assistente social com situação regular perante o Conselho estadual, conforme determina a Resolução 533/08 do CFESS. “Além de fiscalizar e verificar o cumprimento de dispositivos legais, a COFI exerce uma dimensão pedagógica. No estágio, o(a) estudante se depara com situações que irá vivenciar no exercício profissional”, avalia Elias de Sousa Oliveira, conselheiro do CRESS, membro da COFI e professor do curso de Serviço Social em uma instituição de Foz do Iguaçu.

Da esquerda para direita: Rosângela, Kathiuscia e Karina, as novas agentes fiscais, foram aprovadas em concurso realizado em julho de 2009


No Paraná, 25 universidades e faculdades, públicas e privadas, oferecem cursos presenciais de Serviço Social. O número de cursos a distância é desconhecido. A COFI fiscaliza, nessa fase de formação, os aspectos relativos ao exercício profissional e busca incentivar e fortalecer a integração entre as instituições de ensino e aquelas que oferecem estágio. O trabalho da comissão é regulado por duas leis federais (8.662/93, que regulamenta a profissão, e 11.788/2008) e duas Resoluções do CFESS (493/2006 e 533/2008), além da Política Nacional de Fiscalização do conjunto CFESS/CRESS. A reestruturação já permitiu a expansão das atividades da COFI. No período sem a atuação de agentes contratadas, os plantões fiscais foram mantidos, em sistema de revezamento, por conselheiros do CRESS. “A partir de agora, teremos melhores condições de implementar a Política Nacional de Fiscalização estipulada pelo CFESS”, informa Sueli. Capacitadas em seminários realizados em Curitiba, as três agentes fiscais já atuam no atendimento das demandas da categoria. Entre as medidas está a retomada de ações de fiscalização realizadas em conjunto com outros conselhos profissionais, proporcionando uma maior amplitude ao trabalho. A primeira une o CRESS ao Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Outra iniciativa é a realização de palestras a alunos do quarto ano de Serviço Social. Nesses encontros, fiscais e conselheiros buscam a aproximação entre o Conselho e os profissionais que em breve chegarão ao mercado.

DESAFIO E CONQuISTAS Aprovadas no concurso realizado em julho de 2009, as três agentes fiscais recém-contratadas pelo CRESS estão entusiasmadas e conscientes da responsabilidade de contribuir pela qualidade do ensino e do exercício profissional em todo o Paraná. Rosângela Cavalcanti Colcete e Karina Kessiene Soares Radke estão lotadas na sede, em Curitiba, e têm atuação em todo o Paraná, à exceção da região de Londrina, coberta por Kathiuscia Freitas Pereira Coelho. Paraibana de Santa Rita, Rosângela, de 39 anos, formouse em 2002 nas Faculdades Metropolitanas unidas (FMu), em São Paulo. Trabalhou na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e na Secretaria de Segurança Pública daquele Estado. Morou em Manaus durante oito anos, onde cursou especialização em Recursos Humanos na universidade Federal do Amazonas e foi assistente social da rede de hotéis Tropical. “Como agentes fiscais, teremos condições de dar uma grande contribuição na formação política dos colegas e na consolidação do projeto ético-político do Serviço Social”, afirma Rosângela, que encara o desafio debruçando-se sobre o Código de Ética e as principais resoluções do conjunto CFESS-CRESS. Na avaliação de Karina, o principal papel do agente fiscal é a orientação. “É uma função que exige um grande conhecimento das leis e das áreas de atuação do Serviço Social. Ao responder às demandas, estamos falando em nome do Conselho, o que aumenta nossa responsabilidade”, declara a curitibana, de 34 anos. Karina formou-se em 2006, nas Faculdades Espírita. Em seguida, cursou especialização em Gestão de Programas e Projetos Sociais, nas Faculdades Bagozzi. Em março de 2007, foi aprovada em concurso da Prefeitura de Colombo (Região Metropolitana de Curitiba), onde coordenou a Estação do Ofício, o programa BolsaFamília e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Apesar de ser a mais jovem do grupo, a londrinense Kathiuscia, de 29 anos, também acumula ampla vivência profissional. Após concluir o curso na universidade Estadual de Londrina (uEL), no início de 2004, fez especialização em Política Social e Gestão de Serviços Sociais, na mesma instituição, e mestrado em Educação no campus de Marília da universidade Estadual Paulista (unesp). Ao mesmo tempo, atuou como diretora de Proteção Social Básica da Prefeitura de umuarama, foi docente e coordenadora do curso na universidade Paranaense (unipar) e coordenadora do Nucress naquela cidade do Noroeste do Estado. “Nessas atividades, acumulei uma boa base de gestão e desenvolvi afinidade com a atuação política do Conselho. Como agente fiscal, poderei contribuir em tudo o que envolve a profissão.”

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PONTOS DE VISTA

PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS Avanço ou retrocesso?

Apresentada pelo governo no final de 2009, a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) provocou um acalorado debate entre vários segmentos da sociedade. As propostas estão reunidas nas 73 páginas do Decreto 7.037/2009, elaborado pela Casa Civil da Presidência da República, com a contribuição de 17 ministérios.

Apresentado no final de 2009, o PNDH-3 provocou debate acalorado entre vários segmentos da sociedade.

O PNDH apresenta as posições do governo brasileiro a respeito de temas como a taxação de grandes fortunas, a legalização da união civil entre homossexuais e a instalação da Comissão da Verdade, com o objetivo de investigar a violação de direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985). Diante de críticas e pressões de diversos setores, o governo recuou e já anunciou a alteração de pelo menos três itens polêmicos do programa: o apoio à criação de leis que descriminalizem o aborto, a proibição da ostentação de símbolos religiosos em prédios públicos (em nome do caráter laico do Estado) e a criação de mecanismos de mediação de conflitos agrários. Neste último tópico, o PNDH sugere a criação de uma câmara de conciliação para intervir no processo antes da concessão, pelo Judiciário, de liminar de reintegração de posse de áreas ocupadas por sem-terra.

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Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Sistema FAEP), instituição privada que representa os produtores rurais, acredita que o PNDH-3 se trata de um decreto “aloprado”. De acordo com Meneguette, o decreto incorpora sindicatos e centrais sindicais nos processos de licenciamento ambiental e muda as regras de reintegração de posse em invasões agrárias. O presidente do sistema FAEP afirma que a ocupação, tratada por ele como “invasão”, deve ser vista como crime. Ele acredita que “o decreto mostra as intenções de um grupo acantonado no governo disposto a tirar das catacumbas ideológicas teses que a sociedade brasileira sempre rejeitou”. Para representantes do agronegócio, trata-se de uma violação do direito à propriedade e estimulará “invasões.” Já na avaliação de movimentos sociais, a medida representa um avanço no sentido de evitar confrontos violentos e garantir os direitos


Ágide Meneguette ‘‘O PNDH-3 mostra as intenções de um grupo disposto a tirar das catacumbas ideológicas teses que a sociedade brasileira sempre rejeitou’’ ‘

individuais. É o que avalia Renato Eder Munhoz, coordenador do Regional Paraná da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Munhoz acredita que o Brasil possui um modelo gerador de conflitos. “Esse modelo não leva em conta outra coisa a não ser a expropriação dos territórios em vista do acúmulo de riquezas e do lucro”, avalia. Meneguette afirma que, no caso de ocupações, os proprietários recorreriam à Justiça, comprovariam a propriedade do imóvel e os “invasores” seriam expulsos. “Setores do governo federal não entendem que isso deva acontecer”, afirma o presidente do sistema FAEP. Porém, Munhoz relembra que a questão da reintegração de posse garantida pelo estado por muitas vezes esteve aliada a uma forma violenta de ação. “Qualquer iniciativa que aponte para superação da violência no campo ajudará a cicatrizar marcas históricas, onde as iniciativas de diálogo não existiam”, reitera o coordenador da CPT. Enquanto a presidência do sistema FAEP julgou o decreto como uma medida atrapalhada, contrária aos interesses ruralistas, a CPT o vê como diálogo para superação da violência no campo. “O que se espera é que efetivamente antes de qualquer ação a vida das pessoas seja colocada em primeiro lugar,

pois na maioria das vezes querem apenas terra para sobreviver e para plantar o futuro de seus filhos e filhas”, afirma Munhoz.

Posição do conjunto CFESS - CRESS Diante dessa polêmica, O CRESS-PR reafirma a sua posição favorável ao PNDH, pois valoriza os movimentos sociais e a democracia, indo de encontro ao projeto ético-político do Serviço Social. Ivanete Boschetti, presidente do CFESS, no Encontro Nacional do conjunto CFESS e CRESS de 2008 explicitou a importância da “articulação com movimentos sociais de resistência na perspectiva de instituir todas as formas de luta possíveis na defesa da ampliação dos direitos, trabalho com qualidade e socialização da riqueza”. Recentemente, o CFESS tornou pública uma nota em que enfatiza a posição do conjunto acerca dos direitos humanos no Brasil. Essa nota inclui o apoio à questão agrária, a garantia da cidadania e direitos da mulher, o reconhecimento da livre orientação sexual, assim como a construção pública da verdade sobre os fatos passados no período da ditadura militar. São pontos importantes, que incluem direitos que o Serviço Social deseja ver conquistados e reconhecidos.

Renato Munhoz ‘‘Qualquer iniciativa que aponte para superação da violência no campo ajudará a cicatrizar marcas históricas, onde as iniciativas de diálogo não existiam’’

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Fortaleça a sua participação

15 de maio Dia do(a) Assistente Social

No próximo dia 15, o conjunto CFESS / CRESS e toda a categoria profissional comemora o dia do (a) assistente social, que em 2010 tem como tema “Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade”. A escolha deste debate foi aprovada no Encontro Nacional do ano passado, como forma de ampliar o debate da categoria sobre as desigualdades sociais, na necessária aproximação com movimentos sociais que fazem o enfrentamento ao mundo capitalista. Nesta perspectiva, o CRESS-PR promoverá debates

Participe das ações de divulgação no dia do(a) assistente social

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descentralizados em todo o estado, nos meses de abril e maio, por meio da Seccional de Londrina, e todos os 13 NUCRESS, além de evento na semana do dia 15 de maio, na sede em Curitiba. Em breve, a programação de cada região será divulgada através mala direta eletrônica e em espaço no website do conselho (www.cresspr.org.br). Além de comemorar a Semana do (a) Assistente Social, esses eventos têm como objetivo debater as políticas públicas destacando a atuação da categoria por todo o nosso estado.

O tema da semana do(a) Assistente Social tem grande relevância aos profissionais, mas deve também ser ampliado à sociedade. Visando esse direcionamento, o Conselho atuará fortemente na divulgação do cartaz alusivo à data em diversos espaços públicos de grande circulação, como escolas, Unidades de Saúde, CRAS, CREAS e demais equipamentos sociais. Para isso, você recebe nesta edição do “Fortalecer” uma cópia deste material que deve ser afixado em locais como os citados acima, em sua cidade ou bairro, não ficando restrito somente ao seu espaço sócio ocupacional. Você verá também o cartaz da Campanha em ônibus de Curitiba, Londrina e alguns outros municípios paranaenses. Além desta estratégia, a comissão de comunicação do Conselho buscará demais espaços em rádios e redes de televisão locais, para parabenizar e ampliar as lutas da categoria.


Evento comemora 30 anos do “Congresso da Virada”

“Começaria tudo outra vez se preciso fosse...” Em 23 de setembro de 1979, assistentes sociais de todo o Brasil reuniram-se em São Paulo, naquele que ficou conhecido como o “Congresso da Virada”. O III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais foi o símbolo da mudança a favor do compromisso com as lutas sociais e organização da classe trabalhadora, dando um ânimo novo para toda a categoria. Em 2009, quando comemoramos 30 anos das mudanças radicais do Congresso da Virada, foi realizado o Seminário dos 30 Anos do Congresso da Virada, no mesmo local. Os debates e análises reafirmaram as importantes conquistas do Serviço Social brasileiro, orientadas pelo Projeto ÉticoPolítico Profissional. No evento de comemoração, representando o CRESS-PR, estiveram presentes as assistentes sociais Elza Campos, vice-presidente do Conselho e Sueli do Valle, coordenadora da seccional de Londrina. O Projeto Ético-Político, ao longo dos 30 anos, foi tema de debate entre dois célebres pensadores do serviço social: José Paulo Netto (UFRJ) e Marilda Iamamoto (UERJ). O momento reservado para os depoimentos de quem esteve no Congresso da Virada foi um dos mais emocionantes. Foram relatos de pessoas como Luiza Erundina, Vicente Faleiros, Bia Abramides, Márcia Pinheiro, Socorro Cabral, Maria Inês Bravo entre outras que participaram daquele importante momento histórico. “O depoimento de Luiza Erundina, na época presidente do Sindicato de Assistentes Sociais de São Paulo, emocionou a todos e foi aplaudido em pé”, relembra Elza. Todas as conquistas histórias que se seguiram daquele marco nos fazem reafirmar os elementos fundamentais de nosso projeto éticopolítico profissional: a luta por uma sociedade emancipada, livre de todas as formas de exploração e de opressão humana. “A ditadura tinha ceifado o processo de organização dos trabalhadores e dos assistentes sociais, e os profissionais que estavam lá representaram uma resistência a isso. Graças à virada feita por eles, o Serviço Social foi reformulado, trazendo uma oposição do conceito tradicional”, afirma Elza.

“O que ajudou a criar o clima interessante foi um corredor imenso feito na entrada, com fotos representando os últimos trinta anos, o movimento pelas Diretas Já, a perspectiva da Constituição de 88, livre e soberana, o Estatuto da Criança e do Adolescente, personagens como o Betinho, entre outros.” Elza Campos

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FORMAÇÃO PROFISSIONAL

CBAS traça rumos do Serviço Social até 2013

Lutas Sociais e Exercício Profissional no contexto de Crise do Capital: mediações e a consolidação do Projeto Ético Político Profissional Os desafios para o exercício profissional num cenário cada vez mais marcado pelo paradoxo entre o aumento da demanda e a precarização das condições de trabalho. Esta será a discussão central do maior evento do Serviço Social no País: o 13º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), programado para o período entre 31 de julho e 5 de agosto, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Com o tema “Lutas Sociais e Exercício Profissional no Contexto da Crise do Capital: Mediações e a Consolidação do Projeto Ético-Político do Serviço Social”, o encontro – realizado a cada três anos e promovido pelo conjunto CRESS/CFESS, a Associação Brasileira de Ensino

e Pesquisa em Serviço Social (Abepss) e a Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso) – deverá reunir cerca de 3 mil profissionais. O CBAS é um evento de natureza político-científica cujos debates embasarão a construção da agenda das principais entidades nacionais da categoria no próximo triênio. “Nesse cenário, marcado pela mais profunda crise do capital desde os anos 1970, com impactos na economia, na política e na cultura, é necessário reagir à deterioração das condições de trabalho, devido aos baixos investimentos e à precarização da formação e do exercício profissional e também resistir à barbarização da vida social”, avalia a presidente do

Reunião de entidades que estão na organização do XIII CBAS

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CFESS, Ivanete Boschetti. Durante os seis dias de realização, o congresso também abrirá espaço para a divulgação da produção científica e técnica na área do Serviço Social. A comissão organizadora do evento recebeu a inscrição de 1.386 trabalhos – 1.108 apresentações orais e 278 pôsters –, desenvolvidos por profissionais e estudantes. A divulgação dos trabalhos selecionados será feita ainda em abril. Durante os seis dias do evento, o destaque fica para as palestras, que trarão nomes como Virgínia Fontes (UFF), Ana Elizabete Mota (UFPE), Silvana Mara de Morais dos Santos (UFRN/CFESS), Marilda Iamamoto (UERJ),Valério Arcary (IFET/SP), José Paulo Netto (UFRJ) e Elaine Rossetti Behring (UERJ/ABEPSS). Além das palestras, o evento contará com mesas redondas envolvendo toda a temática ligada ao tema principal do congresso. Acontecem também sessões temáticas, lançamentos de livros, atividades culturais e várias plenárias simultâneas. Na quinta-feira, dia do encerramento do congresso, um ato público deve ser realizado na Esplanada dos Ministérios, seguido da palestra final,“Socialismo ou Barbárie: contradições, mediações e Serviço Social”. Informações, programação e inscrições: http://www.cbas.com.br/


CENTRO DE CONVENÇÕES uLISSES GuIMARãES

Delegação paranaense Você pode participar! O CRESS/PR enviará ao CBAS uma delegação de aproximadamente dez membros, entre conselheiros da diretoria, representantes da Sede, da Seccional de Londrina e dos Nucress. A comitiva terá ainda um integrante especial: o(a) assistente social vencedor(a) do concurso cultural “Assistente Social e Práticas Profissionais”. O concurso está sendo viabilizado por meio de envio de trabalhos em espaço de destaque no site do CRESS PR e premiará os autores dos três melhores artigos sobre a prática cotidiana e sua relação com o Código de Ética do Assistente Social. Podem participar todos os profissionais inscritos no CRESS, à exceção de membros da diretoria ou servidores da instituição. O(a) primeiro(a) colocado(a) participará do CBAS, com despesas de inscrição, passagens aéreas, hospedagem e diárias para alimentação custeadas pelo Conselho. O prêmio do segundo colocado será uma coletânea da Biblioteca Básica do Serviço Social, da Cortez Editora. Quem obtiver o terceiro lugar será contemplado com uma assinatura anual da revista Serviço Social & Sociedade. “Produzir conhecimento é a melhor maneira de entender o cotidiano”, justifica o conselheiro da comissão de comunicação, Reginaldo Vileirine.

As inscrições se estendem entre 9 e março e 30 de abril, e a divulgação do resultado será feita até 30 de maio. Os trabalhos serão avaliados por uma comissão científica com notório conhecimento em Serviço Social e todos os artigos inscritos serão publicados no site do Conselho. O vencedor do concurso deverá elaborar um relatório sobre sua participação no CBAS, para compartilhar a experiência com todos os(as) assistentes sociais paranaenses. Para participar do concurso e ter a chance de acompanhar o CBAS, elabore um trabalho de 5 a 10 laudas que englobe as práticas profissionais e a ética do Serviço Social. Fique atento(a) ao regulamento do concurso, disponível na página de inscrição. Mais informações, regulamento e envio de artigos: www.cresspr.org.br COLEÇãO BIBLIOTECA BÁSICA DE SERVIÇO SOCIAL


CRESS NO PARANÁ

Ivaiporã: o 13º Nucress A forte demanda da região Central do Paraná motivou a diretoria do CRESS/PR a deliberar pela implantação de um núcleo do Conselho em Ivaiporã. Será o 13º Nucress do Estado. Os demais estão instalados em Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Maringá, Paranavaí, Pato Branco, Ponta Grossa, umuarama e união da Vitória. Com a Sede, em Curitiba, e a Seccional de Londrina, essas estruturas formam uma rede capaz de atender todos os(as) assistentes sociais paranaenses, independentemente do ponto do Estado em que eles atuem. Os Núcleos do CRESS são formados por profissionais de uma região que contribuem no encaminhamento político-administrativo das atividades do Conselho. “Esses colegas são fundamentais em nossa atribuição de fiscalizar, de-

fender e disciplinar o exercício profissional da categoria e zelar pela qualidade dos serviços prestados ao usuário”, justifica a presidente do CRESS/PR, Jucimeri Silveira. Segundo a LONDRINA coordenadora técnica do Conselho, Dione do Rocio Poncheck, a instaIVAIPORã lação do Nucress de CuRITIBA Ivaiporã será marcada pela realização do Diálogo do Sede CRESS, encontro em Seccional que são debatidos Nucress os rumos e as principais demandas do Serviço Social.

ESPAçO DA CuLTuRA

Documentário A série de documentários Lutas.doc traz profundas reflexões sobre o contexto e forma de representação das expressões da questão social no Brasil em cinco episódios críticos e ousados. Entre os entrevistados estão personalidades políticas, como Luiz Inácio Lula da

Silva, Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva e Soninha, além de estudiosos e representantes de movimentos sociais. A linguagem é dinâmica e acessível. A série Lutas.doc sairá como material extra no DVD do filme Lutas, que tem estreia marcada para 2011.

Livros MOVIMENTOS SOCIAIS E REDES DE MOBILIZAÇÕES CIVIS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO Autora : Maria da Gloria Gohn Editora: Vozes

A obra condensa estudos sobre os movimentos sociais, especialmente no Brasil, ao longo de três décadas. Apresenta um mapa dos movimentos sociais e redes civis que tematizam e redefinem a esfera pública, construindo modelos organizativos.

EDuCAÇãO POPuLAR METAMORFOSES E VEREDAS Autor: Luiz Eduardo Wanderley Editora: Cortez

O livro demonstra que a educação popular reconhece e assume as atuais demandas das sociedades mundiais e seus novos desafios, indicando alguns marcos norteadores para o presente e o futuro.

Veja na próxima edição: O perfil das infrações ético-profissionais


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