Revista Voz da Igreja - Maio de 2019

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Revista

VOZ DA IGREJA ANO XVI - EDIÇÃO 192 - MAIO DE 2019

SUPERACAO PELOS FILHOS

Impresso Especial 36000135947 - DP/PR ARQUIDIOCESE DE CURITIBA

CORREIOS

Com inspiração em Maria, apresentamos relatos de mães que superam desafios para serem fortaleza para seus filhos Pág. 10 a 12

Formações Litúrgicas:

Pequenos missionários

Dízimo é compromisso de Fé

Arquidiocese convida equipes de liturgia para encontros formativos . Pág. 17

Conheça a história e carisma da IAM. Pág. 18

Seminário abordou reflexões sobre dízimo e conversão pessoal. Pág. 20


Agenda Mensal dos Bispos Maio/2019

Ação Evangelizadora

Dom José Antônio Peruzzo Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba

Editorial O mês de maio é dedicado a Maria, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, que diante da Cruz nos deu exemplo de fortaleza, fé e esperança. É também o mês de todas as mães, que igualmente zelam por seus filhos e com eles padecem suas dores. Por isso, nesta edição trazemos relatos de mães que tiveram que se superar no dia a dia frente ao diagnóstico de doença ou deficiência de um filho. Nosso desejo, assim, é que a partir destes relatos você se inspire a superar adversidades, ao exemplo de Maria. Também falamos sobre os 176 anos de história e carisma da Infância e Adolescência Missionária (IAM), destacando a 7ª Jornada Nacional que acontecerá em todo o Brasil no mês de maio e neste ano terá como tema “Batizados e enviados: IAM em missão no mundo”. Em outro artigo, abordamos o tema do Corpus Christi de 2019, “Fazei de nós um só Corpo e um só Espírito”, que nos propõe a olhar para os que estão ao nosso lado com a mesma profundidade do olhar de Jesus. Também trazemos uma reflexão sobre os trabalhadores, aos quais o dia 1º de maio é dedicado. O conteúdo da revista Voz da Igreja é voltado para sua reflexão, conhecimento, esclarecimentos e informação. Colabore enviando sugestões, críticas, comentários e elogios para comunicacao@mitradecuritiba.org.br. Tenha uma ótima leitura e um mês de maio abençoado por Nosso Senhor!

Rua Jaime Reis, 369 - São Francisco 80510-010 - Curitiba (PR) Bárbara Moraes: (41) 2105-6342 barbaramm@mitradecuritiba.org.br

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A revista Voz da Igreja é uma publicação da Arquidiocese de Curitiba sob a orientação da Assessoria de Comunicação CONSELHO EDITORIAL - Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba Dom José Antônio Peruzzo | Chanceler: Pe. Jair Jacon | Ecônomo da Mitra: Pe. José Aparecido Pinto | Coordenador da Ação Evangelizadora: Pe. Alexsander Cordeiro Lopes | Coordenador geral do clero: Pe. Rivael de Jesus Nacimento | Jornalista responsável: Téo Travagin | Assessoria de Comunicação: Sintática Comunicação | Revisão Teológica: Pe. Valdir Borges | Colaboração voluntária: 13 Comissões Pastorais| Apoio: Centro Pastoral | Foto capa: Bárbara Moraes | Projeto gráfico e diagramação: Sintática Comunicação | Tiragem: 10 mil exemplares.

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Dom Amilton Manoel da Silva Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba 19 a 22 • Visita Pastoral 01 a 10 • Assembleia Nacional dos Bispos, Aparecida – SP 19 • Missa campal no Bairro Alto 21 • Reunião do Conselho Presbiteral 11 • Crisma Paróquia Bom Jesus – Balsa Nova 22 • Missa Santuário Santa Rita de • Crisma Paróquia Imaculado Cássia – Hauer Coração de Maria 24 • Crisma Paróquia São Sebastião – • Crisma Paróquia Santo Antônio – Rondinha Uberaba 25 • Crisma Paróquia Nossa Senhora das Vitórias 12 • Crisma Paróquia São Pedro e São Paulo • Crisma Paróquia Santíssimo • Missa Paróquia Nossa Senhora do Sacramento 26 • Crisma Paróquia São Jorge Rosário • Romaria de Nossa Senhora do 14 a 16 • Formação Permanente do Clero Caravaggio 14 • Missa e novena Paróquia Santa Rita 28 • Reunião Setor Rebouças – Tatuquara 29 • Missa para os militares 17 • Expediente na Cúria 30 • Reunião Setor Portão • Crisma Paróquia Santa Isabel • Reunião 13 comissões 18 • Crisma Paróquia São José Operário 31 • Reunião Setor Boqueirão – Boqueirão • Crisma Paróquia Rainha dos • Reunião dos Formadores Apóstolos • Crisma Paróquia São Francisco

Dom Francisco Cota de Oliveira Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba

Fale Conosco ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

01 a 10 • Assembleia Nacional dos Bispos, 21 • Visita ao Seminário Rainha dos Aparecida – SP Apóstolos 11 • Aula Seminário Rainha dos 22 • Expediente da Cúria Apóstolos • Curso bíblico na Paróquia Santo • Crisma Paróquia Nossa Senhora Antônio – Orleans Auxiliadora 23 • Reunião Setor Centro • Visita ao Seminário Bom Pastor 12 • Crisma Paróquia Nossa Senhora de Salette 24 • Aula do Studium • Visita ao Seminário São José 13 • Gravação Programa Leitura Orante – TV Evangelizar 25 • Crisma Paróquia Santo Antônio – • Missa Padroeira Nossa Senhora de Orleans Fátima – Tarumã • Crisma Paróquia São João Batista – Vila Sandra 14 a 16 • Formação Permanente do Clero 15 • Formação Movimento Mulheres 26 • Crisma Paróquia Sagrada Família – que se Importam Novo Mundo 16 • Visita Seminário Propedêutico 27 a 28 • Reunião do Conselho Permanente - Brasília 17 • Aula no Studium 18 • Crisma Paróquia Nossa Senhora da 27 • Gravação do Programa Leitura Conceição – Palmeira Orante - – TV Evangelizar 19 • Crisma Paróquia Senhor Bom Jesus 30 • Reunião das 13 comissões – Ferraria 31 • Aula no Studium • Crisma Santuário Nossa Senhora de • Reunião dos formadores Gaudalupe • Crisma Paróquia São Bráz 21 • Reunião do Conselho Presbiteral • Gravação do Programa Conhecendo a Palavra - – TV Evangelizar

Arquidiocese de Curitiba | Maio 2019

01 a 10 • Assembleia Nacional dos Bispos, Aparecida – SP 14 a 16 • Formação Permanente do Clero 14 • Projeto Moradia Primeiro 17 • Crisma Paróquia Imaculada Conceição – Atuba 18 • Crisma Paróquia Santo Agostinho • Crisma Paróquia São Martinho de Lima 19 • Crisma Paróquia Nossa Senhora de Belém • Crisma Paróquia Santo Antônio – Boa Vista 20 • Pastoral Carcerária 21 • Reunião Conselho Presbiteral 22 • Encerramento Novena Santuário Santa Rita de Cássia – Pinhais

23 • Missa padroeira Santa Madalena Sofia 24 • Missa na Cúria • Crisma Paróquia Senhor Bom Jesus – Campo Largo 25 • Assembleia Movimento Capelinhas • Crisma Paróquia São João Bosco 26 • Crisma Paróquia Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças • Reunião formal da Equipe de Nossa Senhora 29 • Legião de Maria 30 • Reunião das 13 comissões 31 • Reunião dos formadores • Crisma Paróquia Nossa Senhora da Luz - Pinhais


Palavra do Arcebispo

DOM JOSÉ ANTÔNIO PERUZZO Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba

Sentir pesar ou amar o sofredor? A temática da dor e do sofrimento é uma das mais recorrentes na história do pensamento, da arte e dos questionamentos humanos. Assim como o amor, também a dor encontra profundas e criativas expressões no frasário sapiencial popular, nos provérbios, nas canções, nos romances, nas páginas de filosofia… A causa, a fonte, o sentido, até o poder libertador do sofrimento apresentamse vigorosos nos parágrafos escritos com sabedoria e profundidade. Mas, por outro lado, não passam desapercebidas as revoltas, as angústias e inquietações, os cansaços. Até chegamos a reconhecer que a dor é um dos mistérios da vida. Porém, os interrogativos permanecem.

A experiência bíblica de compaixão é mais que uma elevada afeição humana. No Antigo Testamento, era uma das mais pronunciadas características de Deus. Suas compaixões desdobravam-se em respostas de aproximação reconciliadora ou libertadora. No caso de Jesus, suas atitudes compadecidas davam a conhecer as inclinações de Deus em favor daquela gente. Se as multidões eram como “ovelhas sem pastor”, a imagem está a referir indiferença e frieza ante sua situação. Os gestos do Senhor compassivo recordavam-lhes que, embora em quadros difíceis, ainda assim eram preciosos aos olhos do Pai.

O sofrimento nos coloca ante a crueza da finitude. Mas também nos recorda a infinitude, quase como uma saudade do que nunca tivemos. É assim que se pode entender o evangelista Marcos (Mc 6, 30-34). Jesus se retirara com os discípulos para um lugar deserto. Buscavam descanso. Precisavam disso. Foram de barco. Mas, ao desembarcar, “Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas”.

Até vale um olhar para a origem etimológica. E aqui é muito pouco o apelo ao vocábulo latinocom/passio (“padecer com”). É preciso um novo passo. Para “compaixão” é preciso ir até o grego antigo. Lá a compaixão está ligada às disposições maternas de conservar a vida. Naquela língua os termos “compaixão” e “útero” são equivalentes. Assim como o ventre materno acolhe a vida, envolve-a, protege-a e a faz nascer, algo semelhante fez o Senhor ao aproximar-se daquelas “ovelhas sem pastor”: suscitou-lhes a esperança com expressões de amor fraterno. Foi uma aproximação generativa, isto é, gerou algo.

O que significa sentir compaixão? Havia sofrimento, desorientação, indiferença (sem pastor). Não parece que se limitou a sentimentos pesarosos, como se apenas tivesse pena daquela gente muito carente e sem rumo. O mero sentimento, ainda que nobre, é sempre fugaz. Parece-se com algo que passa sem nada inspirar. Não move e nem comove. Seria uma comiseração refinada, mas sem efeitos, sem aproximação, sem solidariedade, sem vigor interpelativo.

Quem olha para as escolhas e comportamentos atuais talvez se deixe convencer de que a compaixão está a perder credenciais no elenco das qualidades humanas. Afinal, produtividade, eficiência, competitividade afiguram-se “pobres” de atitudes compassivas. Entretanto, devo dizer, gratificado, que encontro muitos testemunhos de compaixão solidária. E percebi que a graça faz um bem imenso não apenas aos beneficiários. Parece que faz um bem maior aos compassivos.

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Palavra de Dom Pedro

DOM PEDRO ANTÔNIO MARCHETTI FEDALTO Arcebispo Emérito de Curitiba

Oração para a beatificação de Monsenhor Bernardo José Krasinski O Movimento de Irmãos da Arquidiocese de Curitiba pediu-me uma oração para a Beatificação e Canonização de Monsenhor Bernardo José Krasinski. Com a autorização do Sr. Arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo foi rezada em seu túmulo no cemitério de Abranches, no dia 6 de março, aniversário de sua morte. Dom José Antônio Peruzzo, a 13 de março, aprovou a oração. Monsenhor Bernardo José Krasinski, nascido em Abranches, a 14 de agosto de 1917. Com a idade de 17 anos ingressou no Seminário de São José de Curitiba, onde completou os estudos fundamentais e secundários e os de Filosofia, no Seminário Central S. Leopoldo, Rio Grande do Sul, e Teologia no Seminário Central do Ipiranga, São Paulo. Ordenado sacerdote a 8 de dezembro de 1946 por Dom Áttico Eusébio da Rocha, Arcebispo de Curitiba, exerceu o ministério presbiteral de Chanceler da Cúria Metropolitana de Curitiba, de 1947 a 1954, Vigário

Paroquial de Santa Terezinha, em 1947 e da Catedral de 1948 ao fim de 1954, Assistente Espiritual da Ação Católica (JEC e JUC), da Federação das Filhas de Maria (1951 1966), Cônego do Cabido (1952), Monsenhor (1961), 1º pároco de Nossa Senhora de Guadalupe (1955 ao fim de 1971, devendo-se a ele tudo o que foi construído. Em 1972, foi Diretor Espiritual do Seminário São José e de 1973 até sua morte, a 6 de março de 1975, Diretor do Centro de Espiritualidade e de Formação da Arquidiocese de Curitiba, iniciado no Mossunguê, como casa de Retiro da Federação das Filhas de Maria, com a construção da Capela. Com sua capacidade administrativa e visão do futuro, adquiriu a ampla área de terreno e construiu tudo o que lá existe. Conheci muito bem Monsenhor José Bernardo, o fundador do Movimento de Irmãos, e admirava sua santidade. Por isso, recomendo insistentemente a divulgação desta oração. Faça seu pedido e seja atendido.

Oração “Senhor Deus, Pai Santo, nós vos adoramos, louvamos, bendizemos e agradecemos pela santidade de Monsenhor José Bernardo Krasinski. Foi um sacerdote que viveu sua vocação, segundo o Coração de Jesus. Evangelizava seus fiéis, pregando a Palavra de Deus com fidelidade, santificava-os com sua oração e administração dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia, na missa diária e da Reconciliação, no Confessionário e como bom Pastor atendendo a todos com amor. Viveu profundamente sua consagração a Nossa Senhora de Guadalupe. Por inspiração do Espírito Santo, fundou o Movimento de Irmãos para que os casais permaneçam no amor indissolúvel, na fidelidade conjugal e na sexualidade pura para gerar filhos, educá-los na Igreja Católica e viver na harmonia matrimonial. Nós vos pedimos, por sua intercessão, junto de Deus, que nos conceda a graça divina e os pedidos de que tanto necessitamos (faça seu pedido). Tudo isto pedimos a Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo. Amém”.

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DIÁCONO CLEVERSON MARTINS TEIXEIRA Comissão Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba

Corpus Christi

“FAZEI DE NÓS UM SÓ CORPO E UM SÓ ESPÍRITO” Com este tema, o Corpus Christi 2019 em Curitiba propõe a todos olhar para os que estão ao nosso lado com a mesma profundidade do olhar de Jesus Estando Jesus com seus discípulos, na última Ceia, sabendo que aquele era o derradeiro momento, quis permanecer com os seus, e para concretizar este desejo deixou como herança seu Corpo e Sangue. Por meio da celebração da Santa Missa atualizamos a Páscoa do Senhor e Ele se faz presente em nosso meio pela Eucaristia. Com o passar do tempo algumas pessoas chegaram a duvidar da presença real de Cristo nas substâncias do pão e do vinho, mas os milagres eucarísticos ajudaram a superar as crises de fé. A solenidade de Corpus Christi é uma celebração que perpassa os séculos. Comemorada na primeira quinta-feira após a solenidade da Santíssima Trindade, é uma antiga tradição oficializada pelo Papa Urbano IV em 1264 e, ao longo do tempo, busca reforçar a grandeza e importância da Eucaristia na vida do cristão. Para manifestar a alegria de ter Jesus na Eucaristia, fiéis adornam o caminho por onde passará o Santíssimo Sacramento, realizando belíssimos trabalhos.

Objetiva-se com este tema que a comunidade curitibana vivencie a koinonia com o Senhor Jesus e com todos por quem Ele doou sua vida, derramando seu precioso Sangue. Para vivenciar esta koinonia é preciso deixar de lado o egoísmo que nos prende numa visão unilateral e passar a olhar para os que estão ao nosso lado com a mesma profundidade do olhar de Jesus, pois nos reunimos como Igreja em torno da unidade gerada por Cristo, unidade que nasce do amor recíproco entre os fiéis e o Mestre. O Espírito Santo, recebido pelos cristãos no Batismo, nos move, nos unifica e nos envia. Este mesmo Espírito vem a nós através da Eucaristia. Portanto, não podemos sair indiferentes das celebrações eucarísticas, devemos deixar que o Paráclito aja em nós e assim movimentados e unificados saiamos em missão anunciando o Senhor Ressuscitado, unificando todos no amor oblativo de Jesus. Ser cristão é ter Deus no seu dia a dia e assim alcançaremos o desejo de sermos um só Corpo e um só Espírito.

Na Arquidiocese de Curitiba a procissão de Corpus Christi tem ganhado maior expressividade junto à população, o que nos leva a refletir sobre o tema proposto para este ano de 2019: “Fazei de nós um só Corpo e um só Espírito”, frase retirada da resposta da oração eucarística II. Nela temos a síntese da vida cristã, pois Jesus nos orienta: “nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). “Portanto, em torno do Seu Corpo e Sangue encontramo-nos como iguais, como irmãos e fundamentados nesta certeza devemos viver como um só.

Corpus Christi 2018.

Solenidade de Corpus Christi Curitiba 2019: “Fazei de nós um só Corpo e um só Espírito” 19 e 20 de junho | Catedral Basílica de Curitiba - Praça Nossa Senhora de Salete

Faça parte da organização do Corpus Christi 2019 – seja um voluntário A Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Curitiba convida a todos que quiserem participar do processo de organização da solenidade deste ano, em louvor a Cristo, para fazer parte das equipes de voluntários nas equipes: Brigadistas, Infraestrutura, Saúde, Social, Canto Litúrgico. Cadastro disponível no site www.arquidiocesedecuritiba.org.br Contato: corpuschristi@mitradecuritiba.org.br | Telefone: (041) 2105-6323

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PE. LUCIANO TOKARSKI Comissão da Animação Bíblico-Catequética

Catequese

CATEQUESES MISTAGÓGICAS O Sacramento do Batismo e a maternidade da Igreja Damos continuidade ao nosso ciclo de catequeses mistagógicas sobre a Teologia do Sacramento do Batismo. Já ouvi de alguns leitores que se sentiram tocados pela edição anterior. Nossa proposta, de fato, consiste em despertar reflexões pessoais e, também, valorizar a vocação batismal dos cristãos leigos e leigas nas comunidades. Com isso, neste artigo, de modo especial, destacamos um novo elemento catequético fundamental: o chamado batismal de vida em comunidade. O batismo imprime em nós a necessidade, gradual e contínua, de se experimentar a fé em comunidade. A participação em comunidade é indispensável na vida e ministério de Jesus. Suas experiências comunitárias aconteciam em casa, em família, na sinagoga, nas festas judaicas, nas peregrinações ao Templo, nas relações com os pobres, enfermos e excluídos, na escolha e vivência com o grupo dos Doze, no envio dos setenta e dois missionários, no convívio com as mulheres seguidoras, no cotidiano da vida na Galileia, nos encontros para celebrar a ceia, nas aparições de Ressuscitado, entre outros. Anuncia com clareza: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Não existe cristianismo sem constituição e relações comunitárias. A Igreja primitiva adotou o gesto do Batismo para marcar, em forma de rito de passagem, a vida daquelas pessoas convertidas. Abandona-se a vida antiga, passase para a nova vida. Inclusive relata-se nos textos neotestamentários que “famílias eram convertidas e batizadas” (cf. At 16, 14-15, At 16, 33). Em outras palavras, as primeiras comunidades cristãs se fazem “mães” daqueles filhos que estavam dispersos. A comunidade torna-se o lugar onde os novos cristãos são acolhidos, acompanhados, inseridos e santificados. A Igreja manifesta sua dimensão maternal por meio do sacramento do Batismo. Ela é a “big mother” de muitos filhos, de todos os batizados. Individualmente, cada

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batizado é constituído membro da Igreja. Por outro lado, o sacramento do Batismo sela em nós a “vocação de vida em comunidade”. O cristão se solidariza, santifica e salva mediante sua participação na comunidade. Pelo batismo pertencemos, sacramentalmente, à comunidade de fé. Nos últimos tempos, estudos destacam o modo cultual, a presença dos batizados na Igreja. Percebe-se que há procura pelos sacramentos da iniciação, buscase o casamento na Igreja, frequenta-se regularmente novenas e, até, é alta a participação em determinados momentos de cura e libertação. No entanto, ainda é tímida a participação e o envolvimento dos batizados nas ações pastorais na comunidade. É muito importante resgatarmos as relações duradouras na comunidade de fé. Há dificuldades no comprometimento com funções e ações na comunidade. Há dificuldades em permanecer na comunidade de fé. As explicações e razões são infinitas: a sociedade está líquida, as relações são mais virtuais do que presenciais, o tempo se faz escasso, os vínculos não são duradouros, o mundo corporativista exige maior presença, a paróquia é uma estrutura com muitas normas, na comunidade não existem processos iniciáticos-pastorias, as ações pastorais estão sem mística, dentre outras. Não desejamos fazer um diagnóstico de todos os problemas eclesiais. Nem condenar as lacunas e desafios que se apresentam. O fato é que a vida em comunidade permanece sendo fonte de graças e de santidade. Precisamos reinventar o jeito de ser comunidade batismal. A comunidade paroquial é o lugar do sacramento do batismo, é o lugar de vida cristã, é o “lugar de se viver em comum” (At 2, 44). É o lugar onde sempre somos acolhidos como filhos. Não existe cristão órfão. A Igreja é a mãe que gera comunhão, unidade e diversidade. Cultive sua comunidade e deixe-se encantar por Jesus Cristo.


CELEBRAÇÕES EM PREPARAÇÃO AO SACRAMENTO (Relato sobre Celebrações da preparação próxima ao Sacramento em uma comunidade da Paróquia Santa Amélia). A preparação próxima para a Primeira Eucaristia, na Comunidade Santa Amélia, é realizada com celebrações voltadas ao Sacramento. Na Celebração do Pão convidamos o Diácono Lauro Souza para que fizesse um momento de entendimento passo a passo do que realizamos em uma missa, proclamando o texto bíblico sugerido no Itinerário Celebrativo, concluindo com os catequizandos em torno do Altar com a partilha do pão (caseiro) e o suco de uva, simbolizando a Instituição da Eucaristia. A Celebração Penitencial foi conduzida pela Irmã Claudete Benicio. Seguindo as orientações do Itinerário, é sempre realizada instantes antes da Confissão, para que cheguem mais preparados para o exame de consciência, o arrependimento e a reconciliação. Também realizamos um mini retiro (apenas no domingo), no final de semana que antecede a Primeira Eucaristia com a participação dos pais e catequizandos. Contamos com a ajuda da Pastoral Familiar na animação e na cozinha. Três temas importantes são abordados e contamos com a presença e a colaboração do TLC e Mini TLC, que conduz as partilhas e a plenária sobre os temas abordados: Família, Ser um discípulo de Jesus e A importância da Eucaristia na minha vida. Edson Viera (Coordenador da Comunidade Sta. Amélia)

Fotos: Bárbara e Regina

PRIMEIRA ETAPA DA 13ª ESCOLA DE COORDENADORES DE CATEQUESE

De 5 a 7 de abril aconteceu a 1ª etapa da Escola de Coordenadores de Catequese, com a participação de aproximadamente 90 membros de coordenações paroquiais ou que estão se preparando para assumir esse ministério. A alegria se fez presente em todos os momentos formativos, orantes e partilhas nos trabalhos em grupo. Parabéns a cada um! ‘’Se eu, vosso Mestre, vos laveis os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns dos outros’’ (Jo 13,14).

EXPEDIENTE COMISSÃO DA ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA: catequese@mitradecuritiba.org.br. (41) 2105-6318. Coordenação: Pe. Luciano Tokarski. Assessoria: Regina Fátima Menon.

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PE. VALDIR BORGES Pároco da Nossa Senhora Aparecida de Pinhais

Especial

AS DORES DE MARIA,

A MÃE DE JESUS E AS DORES, OBSTÁCULOS DE NOSSAS MÃES NOS DIAS HODIERNOS Estamos em Maio, dedicado à Maria, a Mãe de Jesus, que ao pé da Cruz (Jo 19, 25-27), deu-nos um exemplo de fortaleza, fé e esperança diante da angústia da cruz, por suposto, também, este mês está dedicado às nossas mães, que também carregam seus fardos, obstáculos e, não raras vezes, pesadas cruzes nos dias hodiernos, diante de tantos desassossegos da vida em família e em sociedade. Convidamos a todos os leitores a percorrer conosco o caminho das dores de Nossa Senhora, famoso exercício de piedade, conhecido desde o século XVII, também conhecido como Coroa de Nossa Senhora das Dores e a Via Matris, o caminho da Mãe, isto é, o caminho percorrido por Maria, desde a profecia de Simeão até a morte de cruz e o sepultamento do seu Filho, Jesus. Este caminho Maria percorreu ao lado de Jesus, sendo a grande cooperadora na obra da redenção humana. Seguiremos nossa reflexão, baseados e inspirados no livro: Nossa Senhora das Dores, escrito por Frei José M. Milanez, osm, confrontando com as dores na caminhada diária de nossas Mães nos dias atuais, para destaca-las neste mês de Maria. Na primeira dor, Maria escuta a Profecia de Simeão (Lc 2, 34-35): “Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma”. Pensemos, nos dias hodiernos, as mães que vêem os seus filhos e filhas conduzidos à morte, vitimados pela atual cultura de morte, implantada pela violência. Assim, as espadas, fabricadas pela maldade humana e pela perda do sentido da vida, continuam a transpassar o coração de nossas mães. Na segunda dor, Maria foge para o Egito com Jesus e José (Mt 2, 13-15): “O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: Levanta-te, toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo! Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, de noite, e partiu para o Egito”. Não é fácil abandonar a própria terra e a casa, a carpintaria e ir para uma terra desconhecida e longínqua, um caminho de mais de 250 quilômetros naquelas condições precárias. A situação é bastante atual, pois no final de 2017, tínhamos

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no mundo, segundo o organismo internacional das Nações Unidas para os refugiados e deslocados- ACNUR, 68,5 milhões de pessoas deslocadas, forçadamente fora de suas regiões de origem em todo o mundo. O êxodo continua na vida de muitas famílias e mães que choram a partida de seus filhos em busca de melhores condições de vida e de dignidade humana. Estes novos Herodes, impulsionadores da grande crise migratória internacional, são os poderes constituídos em muitas nações, a guerra na Síria, a fome, o alto índice de desemprego no mundo, devido a uma Economia de Mercado excludente, cuja lógica é o lucro. Na terceira dor, Maria procura Jesus em Jerusalém (Lc 2,41-49): “Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem. Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia e o procuraram entre os parentes e conhecidos. E, não o achando, voltaram à Jerusalém à procura dele”. Quantas mães nos dias atuais perdem os seus filhos. São crianças e adolescentes perdidos nas grandes cidades, outros vagando pelas praças, pelos subúrbios, roubadas na sua infância e adolescência, na sua dignidade. A falta de um planejamento familiar, a desagregação familiar e a omissão dos poderes prolongam as dores de nossas mães nas grandes cidades e capitais do país e do mundo, na prenunciada perda dos seus filhos e filhas. Na quarta dor, Maria encontra-se com Jesus no caminho do calvário (Lc 23, 26-28): “Ao conduzir Jesus, lançaram mão de certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e o encarregaram de levar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam”. A perícope bíblica não diz explicitamente, que no meio da grande multidão


que o seguia, ou das “mulheres que batiam no peito”, estava a mãe de Jesus, mas certamente ela devia estar aí acompanhando-o até a cruz. A mãe na sua aflição encontra-se com o filho rumo à morte. Todos os dias, os noticiários estão recheados de notícias de mães que se encontram com seus filhos ceifados precocemente pela violência. Perde-se, de modo antecipado, a juventude no calvário da vida de muitas mães. Na quinta dor, Maria ao pé da cruz de Jesus (Jo 19,25-27): “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e, Maria Madalena. Vendo a mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis aí o teu filho! – Depois disse para o discípulo: Eis aí a tua mãe!” O convite aqui da Virgem dolorosa ao pé da cruz é que nossas mães e todos nós, tenhamos a valentia e a coragem de estarmos aos pés das infinitas cruzes da humanidade, onde o Filho do homem, ainda continua crucificado. Est a é cena clássica do Calvário, ‘pintada’ por João. Eram poucos os que permaneceram ao pé da cruz, dos doze discípulos, somente sobrou um deles. Onde estavam os outros discípulos? E os que foram beneficiados, curados de tantas doenças e males, pela ação taumatúrgica de Jesus, onde estavam? Mas há uma mulher forte, que representa a todas as nossas mães, Maria, a mãe de Jesus, que permanece, de pé, juntamente com outras mulheres, diante da cruz. Muitas de nossas mães estão debruçadas sob o peso das cruzes impostas pela sociedade, no seu cotidiano e contexto histórico-social. Seguindo o exemplo de Verônica, que enxuga o rosto de Jesus, somos chamados a enxugar a tantas lágrimas derramadas por nossas mães, ao pé da cruz de seus filhos e filhas. E, como Simão Cirineu, somos convocados a carregar o peso de tantas cruzes, que afligem nossas mães e nossas famílias nos dias hodiernos, especialmente, no que tange à violência, ao desemprego, às condições infra-humanas, que vivem tantos filhos e filhas, no país e no mundo, a nossa Casa Comum. Na sexta dor, Maria recebe nos braços o corpo de Jesus descido da cruz (Mc 15, 43-46): “Chegada à tarde, porque era o dia da Preparação, isto é, a véspera de Sábado, veio José de Arimatéia, entrou decidido na casa de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a José, que retirou o corpo da cruz da cruz”. Imagem linda esta, mas angustiante, é a “Pietá” (a Piedade), de Michelangelo, e venerada, na lateral da basílica de São Pedro, no Vaticano. É Maria, a piedosa, a piedade, em pessoa, que abraça os que sofrem e que foram depostos ao seu colo. Ela é a

mãe que aconchega em seu colo o filho morto. Quantas mães, piedosas mulheres, frágeis, mas valentes lutadoras, em nossas grandes metrópoles, ainda hoje, recebem seus filhos mortos em seus braços. Quando não mortos, mas feridos em sua dignidade. Abraçar a dor dos irmãos e irmãs que sofrem não é tarefa fácil, mas para os e as valentes que, como Maria, sabem permanecer de pé junto à cruz, mesmo nos momentos de adversidade e de dificuldades. Na sétima e última dor, Maria deposita, sepulta Jesus no sepulcro (Jo 19, 40-42): “Os discípulos tiraram o corpo de Jesus e o envolveram em faixas de linho com aromas, conforme é o costume de sepultar dos judeus. Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que puseram Jesus". Foi um enterro de pobre, às pressas, no final da tarde, pois estavam às vésperas do dia da preparação do sábado, como muitas famílias e mães, nas periferias das grandes cidades do país e do mundo. Não há mais que sete neste enterro, assim, também acontece no enterro de muitas irmãs e irmãos pobres de nossas favelas e subúrbios, pessoas humanas, considerados como nada e sem rosto e sem direito a uma sepultura digna. Tudo parece ter terminado. A Mãe, João e os poucos amigos que restaram regressam à casa. Agora, sem o marido e sem o filho, a mãe está só, mas consolada por João, Ela não perde a esperança, pois confia na vida que brotará do lenho seco. Muitas de nossas mães, sem marido também, assumem as funções maternas e paternas sepultando precocemente seus filhos e filhas, restando-lhes quase sempre a fé e a confiança na justiça divina, já que a justiça dos homens é lenta, cara e nem sempre, tão justa. Depositam sua esperança em dias melhores e nas mãos do Pai misericordioso que se compadece, como Bom Samaritano, das dores da humanidade. Esperamos que esta reflexão inspire as nossas mães e toda a grande família, que é a Igreja, Mãe que acolhe, corrige e sustenta, a perseguirem o ideal da Mãe de Jesus, que permaneceu firme, de pé, junto à cruz do seu Filho, Jesus. E que possamos internalizar o grande convite de estarmos aos pés das infinitas cruzes que a humanidade ainda padece na atualidade. Sob o sacro manto de Maria, Mãe da Igreja e nossa mãe, ao pé da cruz, desejamos à todas as mães, um abençoado mês. Fraternalmente!

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Especial

Mãe de crianças autistas fundou grupo de apoio a famílias “Todo mundo sabe quando nasce uma mãe, mas ninguém sabe quando nasce a mãe do autista”. Esta frase é de Fernanda Rosa, uma das idealizadoras do Grupo Anjo Azul, que acolhe as famílias de autistas no Paraná. Nascido após o diagnóstico de autismo do filho de Fernanda, o Grupo Anjo Azul tem como missão cuidar de quem cuida. Em geral, pensa-se no cuidado com a criança que exige atenção especial, mas a mãe acaba se vendo sozinha com suas angústias e sofrimentos. Muitas não resistem e acabam entrando em depressão profunda. É aí que ganha importância a escuta solidária, quando a mãe pode voltar a ser ela mesma e ver que não está sozinha. Juntas, podem cobrar do poder público políticas envolvendo os direitos reservados para seus filhos e suas famílias.

Exemplo de história de vida Marcelo, filho de Fernanda, teve o desenvolvimento considerado normal até dois anos de idade. Na época ela não tinha os conhecimentos que possui hoje, por isso não sabia que a ausência de fala, movimentos repetitivos e estereotipias são características de uma pessoa com autismo. Ela sabia que uma criança com deficiência na fala e atrasos no desenvolvimento é um sinal de alerta. Quando os médicos deram o diagnóstico, Fernanda ficou sem saber o que pensar. Veio, então, uma nova fase: do luto para luta. “Nós somos como a Fênix, temos que renascer das cinzas e reconstruir os planos. É preciso deixar de lado tudo o que foi planejado e traçar um novo caminho”, afirma. Fernanda tem 40 anos e é mãe de 5 filhos, entre biológicos e do coração, como ela diz. Dois são autistas: Marcelo, que está com 11 anos, e Maria Clara, com 7. “Essa é a minha missão desde que eu tive que renascer e me descobrir. E essa é a missão do agora Instituto Anjo Azul: levar informações corretas e sem custo para as famílias, com base na ciência, sem achismo, e na busca constante para uma vida digna e melhor. Porque não existe nada de nós sem nós”, enfatizou.

A todas as mães que precisarem conversar e ter o apoio do Instituto Anjo Azul, seguem os contatos: Instagram: @instituto_ anjoazul Facebook: facebook.com/anjoazulpr Whatsapp: (41) 99805-8685

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“Meu maior presente de Deus” Andreia Albanski Takashima, mãe do Kenzo. Sempre almejei ser mãe e recebi essa graça em 2015. Um ano se passou de muita alegria e a expectativa de ouvir a palavra ‘mamãe’ crescia a cada dia, mas este dia estava demorando para chegar - ele completou dois anos e nada. Então comecei a conversar com outras mães e com médicos sobre essa demora e me diziam: "calma, cada criança tem seu tempo". Continuei angustiada e então esperei ele completar três anos e meu sofrimento continuou porque ele não falava ainda. Além da fala tinha outras características: comia muito pouco, enfileirava os carrinhos, entre outras. Foi quando pesquisei e apareceu a palavra “autismo”. Li muito sobre o assunto e tudo batia com o que víamos no Kenzo. Quando ele passou pelos profissionais que o avaliaram, confirmaram o diagnóstico. Chorei muito, mas o abracei e falei: “você é e sempre será o meu maior presente

de Deus, se eu já te amava, agora amo muito mais e vamos somente lapidar essa joia preciosa que você é”. Hoje eu o entendo melhor, sou mais paciente e procuro mostrar o quanto ele é amado e cada passo que ele avança comemoro muito com ele. O TEA (Transtorno do Espectro Autista) chegou na minha vida e junto com ele Jesus colocou pessoas maravilhosas que abraçaram junto comigo essa causa. Eles me dão apoio, carinho, são solidários, compreensivos e vibram junto comigo as conquistas do Kenzo. A palavra mamãe ainda não saiu, mas tudo bem. Creio que já está bem próximo.

Transformando dor em amor Mãe de criança com doença rara fala sobre superação da dor do luto, dando apoio a outras famílias Sou Linda Franco, tenho 41 anos, moro na Fazenda Rio Grande (PR), sou casada e tenho três filhos. Aos 6 anos e meio de idade meu filho do meio desenvolveu a Adrenoleucodistrofia, uma doença genética rara, hereditária, degenerativa e progressiva ligada ao cromossomo X. Esta doença foi abordada no filme “O Óleo de Lorenzo” em 1992. Foram 9 meses de investigação para fechar o diagnóstico correto. O diagnóstico foi tardio e Gabriel não teve a oportunidade de fazer o transplante de medula óssea, único tratamento disponível. Não havia prognóstico, aprendi a viver um dia de cada vez oferecendo qualidade de vida. Após anos de internamento consegui o atendimento domiciliar por meio de uma liminar na justiça. O medicamento Óleo de Lorenzo foi fornecido após ação judicial contra o Estado. Quando o diagnóstico é tardio o tratamento é realizado através de cuidados paliativos por uma equipe multidisciplinar. Aprendi muito durante todo o processo de cuidado, foram 8 anos de desafios e aprendizados. Gabriel faleceu em fevereiro de 2017. Continuo ressignificando a minha vida. Atualmente multiplico essas informações e oriento famílias que vivem realidades parecidas. Através do grupo

Família ALD Brasil acolhemos e orientamos as famílias para que tenham uma postura ativa diante do tratamento. Sou ativista da doença no Brasil, divulgo informações principalmente no meio acadêmico e congressos médicos para tentar mudar essa realidade de diagnóstico tardio. Desde 2009 desenvolvo também, de forma voluntária, assistência através do grupo no Facebook “Troca-troca entre Mães Especiais”, ajudando centenas de famílias no Brasil e até fora. O Gabriel deixou um legado para mim, que multiplico a milhares de pessoas. Hoje, trabalho em parceria com o Instituto Berbigier de Doenças Raras e estudo gestão das Organizações do Terceiro Setor para profissionalizar este trabalho que nasceu por amor. Contato Linda Franco: www.gabrielpollaco.blogspot.com Mais sobre a Adrenoleucodistrofia: http://depoisdelorenzo.com.br Arquidiocese de Curitiba | Maio 2019

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Especial

Mãe ouvinte de filha surda fala sobre superação Carla Eliza Santos, mãe da Jullya

Sou uma mãe abençoada por Deus por ter nos dado a Jullya, nossa filha de 6 anos. Eu e meu esposo, Clovis, que é surdo, gestamos por 4 anos a chegada dela em nossa família, pois esta foi a duração do processo de adoção. Queríamos uma criança surda e após um tempo de espera, em uma visita na Vara da Infância fomos informados que seria mais rápido o processo se mudássemos o perfil para uma criança ouvinte. Decidimos aguardar, pois sabíamos que no Brasil infelizmente haveria uma criança surda carente de amor e de uma família. Busquei em redes sociais por grupos de apoio a adoção e num contato realizado recebi a mensagem informando que havia uma criança surda em aproximação com um casal e que se surgisse outra entrariam em contato. Rezei a Deus em agradecimento pela criança sendo acolhida numa nova família. Dois dias após, recebi o contato informando que aquele processo não deu certo e nos colocaram em contato com o abrigo. Eu soube então tudo sobre o início de vida daquela menina tão pequena. Já estávamos habilitados no Cadastro Nacional de Adoção e tive a certeza de Maria de que a Jullya seria nossa filha quando a profissional questionou-me a cor da raça do perfil da criança que desejava, disse assim “o amor não tem cor” daí falou que a criança era negra, assim como eu. A primeira foto que recebemos da Jullya foi como a “ultrassonografia”: “Tem o sorriso igual ao meu e as feições iguais às suas”, disse meu marido. E assim em 18 de maio de 2018, mês de Maria, recebemos a certidão de nascimento que nos oficializou

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como pais da Jullya. Hoje ela está no primeiro ano do colégio, comunica-se como qualquer criança em LIBRAS, que é a primeira língua em nossa família. Consegue se expressar no cotidiano de forma clara e com sutileza ao expor sua opinião, de forma que fico a admirá-la. Minha felicidade é imensa quando alguém diz que ela é parecida comigo em seu jeito de comunicar e expressar suas idéias. Além de surda, a Jullya apresenta déficit visual, motora e de aquisição de linguagem pois não ocorreu estimulação na idade certa. Supero desafios diariamente por ser mãe e por pensar muito no futuro dela, em como a sociedade irá tratá-la, incluí-la e como serão as questões de acessibilidade que ela necessita. Somos infinitamente gratos ao Senhor Jesus por ter-nos agraciado com a Jullya. “Senhor, fazei de minhas mãos instrumentos de vossa Paz, que eu possa continuar na missão com os irmãos surdos e principalmente com minha filha e esposo”.


ELI PASCHENDA

Família e Vida

Pastoral Familiar promove

encontros sobre ‘Perdas e Viuvez’ No mês de março a Paróquia São Lucas, no Xaxim, teve

É difícil para qualquer pessoa enfrentar sozinha suas

seu primeiro Encontro de Acolhida para um trabalho da

perdas. Mas, na medida que nos juntarmos e ouvirmos

Pastoral Familiar Nacional sobre Perdas e Viuvez.

uns aos outros, descobriremos que as nossas perdas estão incluídas no contexto do mistério da vida e que

Estiveram reunidas neste encontro mais de 60 pessoas –

temos que aprender a lidar e conviver com elas.

viúvas/os, separadas/os, solteira/os – para uma tarde de espiritualidade e convívio comunitário, contando com a participação do grupo Fica Conosco Senhor.

Dinâmica dos encontros:

Este grupo faz um trabalho sobre sobre Perdas e Viuvez.

O Encontro de Perdas e Viuvez é realizado em uma tarde

Esta ação surgiu de um pedido de Dom Orlando Brandes,

e as pessoas que sofreram alguma perda – viúvas/os,

quando Presidente da Comissão Nacional de Pastoral

separadas/os, sozinhas/os – são convidadas através da

Familiar, e de um projeto com ideias para trabalhar

Pastoral Familiar da Paróquia.

o assunto criado por Pe. Cláudio Delfino (ex-assessor nacional).

Encontros Realizados:

O objetivo é ajudar a pessoa que sofreu alguma perda

Já foram realizados mais de 20 Encontros de Perdas

a superar e reencontrar a alegria de viver. A proposta é

e Viuvez entre Paraná (Cascavel, Cruzeiro do Oeste,

mostrar que a perda ou a viuvez não é o fim do sentido

Curitiba, Umuarama), Minas Gerais ( Governador

de nossas vidas, ao contrário é o momento de encontrar

Valadares, Divinópolis), Pernambuco (Recife), São Paulo

novo sentido para continuar vivendo.

( São Paulo - Capital, Sorocaba, Itu, Botucatu, Franca, Laranjal Paulista) .

“A dor pode nos fazer mais fortes, e quando compartilhada com outros fica mais fácil superá-la.” Todos podemos e

Em Curitiba, o trabalho foi apresentado na Assembléia

devemos viver o nosso luto em todas as suas fases, o que

Arquidiocesana da Pastoral Familiar de 2018, além do

não podemos é viver a vida em luto.

encontro realizado na Paróquia São Lucas.

EXPEDIENTE COMISSÃO FAMÍLIA E VIDA: Coordenadores: Roberto Machado e Márcia Regina S. Machado. Secretária: Vanessa Langner. Contato: (41) 2105-6309 -vanessads@mitradecuritiba.org.br

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Vocações

SEMINARISTA FELIPE BATISTA

DIGAMOS

Sim ÀS VOCAÇÕES Por um itinerário vocacional Em virtude do sacramento do Batismo, somos eleitos para formar um único povo, o povo santo de Deus. Somos impelidos ao discipulado e à missão, nossa vocação universal. Contudo, há em nosso meio pessoas cujo chamado é específico à vida presbiteral, e esses muitas vezes se sentem desorientados frente a tal convite divino. Com o chamado de Deus que ecoa em nossos corações dúvidas nos são suscitadas, receios nos são latentes e inquietações tomam conta de nossas vidas. Para isso, precisamos de atitudes internas como a oração, a busca de intimidade com Deus, a leitura atenta e reflexiva da Palavra, mas, também, podemos contar com auxílios externos, pessoas, que já passaram por este processo e que podem auxiliar neste “percurso de discernimento vocacional”. Como tudo em nossas vidas, para a vocação também há um caminho que precisa ser trilhado. Neste caminho, nos encontramos com nós mesmos e buscamos em nossas potencialidades e limitações a harmonia para a resposta generosa ao chamado que nos interpela. O Papa Francisco, por ocasião do dia Mundial de oração pelas Vocações em 2017, reconhecendo a diversidade de vocações existentes na Igreja, nos propõe três pequenos passos para conhecer a vontade Deus e responder de forma autêntica ao chamado que Ele nos faz e, assim, nos tornarmos instrumento de salvação no mundo. Como primeiro passo para o discernimento vocacional, o Papa nos propõe a Escuta. Para ele, o chamado

de Deus vem de forma silenciosa e singela, é o chamado livre, aquele que não obriga, mas convida. Do contrário, negaríamos uma de nossas características antropológicas básicas, a liberdade. É necessário abrir-se, sair de si mesmo. O segundo passo para o processo de amadurecimento é o Discernimento. Hoje o termo é muito utilizado, porém, não raras as vezes, sem a atribuição devida. O discernimento, para o Santo Padre, é o olhar segundo os olhos de Deus. Olhar sem interesses pessoais, sob a ótica de Deus, e somente a d’Ele. O Senhor, que espera uma resposta, a fim de ver em nós continuadores da sua missão. Finalmente, como último passo a ser trilhado, o Viver. Jesus, que é “o caminho, a verdade e a vida”, nos chama a vivenciarmos a vocação como um ‘sim’ diário. Devemos lembrar sempre que a vocação não é um chamado puramente estático, mas sim dinâmico, na medida em que existe um longo caminho a ser trilhado, muitas respostas a serem dadas. O processo vocacional é gradativo, são pequenos chamados que nos levam a uma grande resposta. Por fim, nós paroquianos, leigos engajados e comprometidos no espírito do Concílio Vaticano II, devemos sempre lembrar que “toda a comunidade, na medida em que se orienta para a vida plenamente cristã, tem o dever de estimular as vocações” (OT 2), e os Sacerdotes, na busca do pleno ministério, devem “demonstrar zelo apostólico, favorecendo as vocações e atraindo jovens para o sacerdócio, através de uma vida humilde, ativa e alegre, marcada pela recíproca caridade sacerdotal” (OT 2).

Contato - Serviço de Animação Vocacional (SAV)/ Pastoral Vocacional de Curitiba Pe. Fernando Pieretto (41) 99821-5196

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CF 2019

JOÃO SANTIAGO Teólogo e Poeta. Coordenador da CF-2019

Um tempo e outro tempo A Campanha da Fraternidade, após o período intenso da Quaresma, entra em um novo tempo. Como seguir o resto do ano? O Texto Base (TB) da CNBB ao se referir à equipe diocesana, diz, “Compete-lhe: estimular a formação assessorar e articular as equipes paroquiais; planejar, em nível diocesano: o que realizar, quem envolver, que calendário seguir, como e onde atuar” (TB p 119). Eu acrescento: e para o ano todo! Isso porque, apesar dos avanços ainda tem muita gente que pensa que a CF termina no Domingo Ramos. A Campanha da Fraternidade vai até a próxima Quarta Feira de Cinzas. E, a começar pelo tema: “Fraternidade e Políticas Públicas”, é preciso deixar viver a profecia! O Texto Base não deixa espaço para dúvidas com relação à importância da Participação Política do laicato. É importante termos em mente que a CF-2019 nasce e é alimentada por quatro fontes, a saber: a Palavra de Deus; a Doutrina Social da Igreja; os Santos Padres da Igreja; e a Constituição Cidadã de 1988. O lema da Campanha, “Serás libertado pelo Direito e pela justiça” (Is 1,27), se faz sacramento e mandamento. Frente à destruição dos direitos fundamentais da pessoa humana, inclusive o direito à vida, sendo naturalizada a sua negação pela mídia e pelo Estado brasileiro, é problema nosso sim! É um problema de primeira ordem para o cristianismo de nosso tempo e para a Igreja, assim como o é para todas as pessoas de boa vontade. E o que nos pede a justiça na perspectiva da Comunidade do profeta Isaías e de sua esposa profetisa? “Assim, a “justiça” obriga moralmente a se preocupar com os mais pobres dentre o povo, representados pela tríade: a viúva, o órfão e o estrangeiro (...)” (TB nº 111). Compete-nos, em nossas articulações, em nossas assessorias e, sobretudo em nossas reuniões e orações comunitárias, dizer que, as pessoas não são órfãs apenas de pai e de mãe. As pessoas estão cada vez mais órfãs de emprego, de moradia, de escola, de creche, de atendimento na saúde e na assistência social e de ombro. E tudo isto, as deixa órfãs de dignidade. Quando os direitos constitucionais são negados a qualquer pessoa, esta pessoa se torna exilada. Mesmo que vivendo em seu próprio país. Quando os Direitos Humanos são negados a qualquer pessoa, esta pessoa está sendo desumanizada. Assim sendo, vejamos essa mensagem maternal no Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI -, que diz com propriedade, “Ao “homem enquanto inserido na complexa rede de relações das sociedades modernas” a Igreja se dirige com a sua doutrina social. “Perita em humanidade” a Igreja é apta a compreendê-lo na sua vocação e nas suas aspirações, nos seus limites e nos seus apuros, nos seus direitos e nas suas tarefas, e a ter para ele uma palavra de vida que ressoe nas vicissitudes históricas e sociais da existência humana (CDSI, nº 61). Compete-nos, a partir de agora, inserir-nos nas brechas existentes nas relações sociais, nos corpos intermédios, e

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levar esta palavra de vida que a Igreja tem. E, aonde não existir estas brechas, compete-nos criá-las. A Igreja, aqui, é esta rede que acolhe todos os tipos de peixes (Mt 13,47). Nós até podemos separar o que é mau do que é justo, mas é o Espírito de Deus quem dará a última palavra (Mt 13, 49-50). Agora é a hora de avançar para águas mais profundas (Lc 5, 4-11), e, por isso mesmo, a primeira fonte que nos alimenta neste caminho, é a Palavra de Deus. A gente tem o direito de se indignar, tem até mesmo o dever de fazê-lo, mas também vem a vontade de embriagar-se de alienação e deitar sob o pé de laranja e ficar olhando as nuvens. Mas, como nos diz Zygmunt Bauman, em sua obra “Ética Pós-Moderna, “O mundo enquanto mundo só se me revela quando as coisas vão mal” (BAUMANN, 2013, p 208). Voltando às Escrituras, as palavras de Pedro soam em nosso interior e chegam ao nosso entorno, a nos dizer, “Mas, por causa da tua Palavra, jogarei as redes” (v. 5). É o Evangelho da vida quem nos chama a ver, a ouvir e a sentir os gemidos de nossos irmãos e irmãs, oprimidos pela ausência ou pela insuficiência das Políticas Públicas. E nos envia, assim como Javé viu e ouviu e enviou Moisés (Ex 3,7. 10). Precisamos nos inserir nas Audiências Públicas, nas Conferências Temáticas, nos Conselhos de Direitos, nas Associações de Moradores, participar dos condomínios, dos Sindicatos e outros. Todos estes, espaços frequentemente são repetidores dos vícios, corporativismos e autoritarismos hoje tão malignos para à vida partidária. A Igreja apenas nos faz uma ressalva necessária e é oportuno lembra-la aqui. Nós devemos entrar “Cristãmente”, nestes espaços, o que significa, Participar para construir a Cidadania e a serviço do Bem-Comum. Buscando concluir esta reflexão, trago a comunidade do Discípulo Amado, já citada anteriormente, agora, no Livro do Apocalipse que inspirou o título deste texto. Como diz o biblista Ildo Bohn Gass, “É um livro que estimula a resistência e a perseverança, promove a firmeza na fé e na esperança. Alimenta a militância de quem resiste à opressão, confiante na ajuda de Deus e de seu Cordeiro que age na história através de seus servos em favor da libertação” (BONH GASS, 2011, vol. 8, p 101). A equipe da CF2019 na Arquidiocese de Curitiba, sabe o significado atualizado da expressão “Eis que envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Por isso, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16). Mas sabe também que, “Todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama seu irmão” (1Jo 3,10). Como um jeito de ser Igreja em Saída, neste mês Mariano, a CF-2019 faz homenagem às mulheres trazendo presente Maria de Nazaré, “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim como você disse” (Lc 1,38). E algumas das mulheres-líderes que o Apóstolo Paulo narra o seu protagonismo. Lídia, a comerciante de púrpura da cidade de Tiatira (At 16, 14-15); em Corinto, Priscila, companheira de Áquila (At 18, 1-3); Evódia e Síntique (Fl 4,2); a Diaconisa Febe (Rm 16, 1); Júnia (Rm 16,7); Pérside (Rm 16,12). E, com elas homenagear a todas as mulheres da equipe da CF-2019 e das Pastorais.


PE. MÁRIO BARÃO Comissão Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba

Liturgia

Formação para as equipes de Liturgia Por que participar?

Todos os anos a Comissão Litúrgica da Arquidiocese promove formações em cada região episcopal. Tais formações têm por objetivo dialogar a respeito da melhor forma de celebrar o mistério em nossas comunidades, numa sintonia cada vez melhor entre aqueles que presidem a celebração, as equipes que auxiliam em todas as funções envolvidas e a comunidade que ali está presente. Também aproveitamos para alinhar nossas ações de acordo com as recomendações de nossos bispos e os desafios para melhor evangelizar por meio da Liturgia. Engana-se aquele que pensa que estas formações não têm valor. Não há repetição de temas no que diz respeito à Liturgia, pelo contrário, é sempre necessário crescer mais na sua compreensão e vivência. Engana-se também aquele que observa estes momentos de encontro como forma de apenas corrigir abusos ou expor insatisfações. Os encontros deste ano não possuem o mode-

lo daquele que ouve e daquele que fala; não é aula. Os temas são construídos e vivenciados em conjunto. Isso torna o encontro mais agradável, produtivo e a mensagem é mais bem compreendida. Isso faz toda a diferença para alinharmos melhor a Liturgia nas paróquias. Estamos destacando bastante neste ano a importância do silêncio, contemplação do mistério e reflexão sobre cânticos rituais, letras com referências mais adequadas e melodias que se encaixem no espírito orante. Trabalhamos também a oratória e a compreensão da estrutura do som, regulagem e prática instrumental. A primeira formação já aconteceu para a Região Sul. A formação na Região Centro-Oeste será no dia 15 de junho e na Região Norte em 14 de setembro. Informações em www.arqudiocesedecuritiba.org.br e pelo telefone da secretaria da Comissão Litúrgica: (41) 2105- 6309

EXPEDIENTE COMISSÃO LITÚRGICA: Bispo Referencial: Dom Amilton Manuel da Silva, cp. Coordenador: Pe. Mário Renato Barão Filho. Secretária: Vanessa Langner. Contato: (41) 2105-6309 - liturgia@mitradecuritiba.org.br

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COMIDI

IR. ANTÔNIA VANIA ALVES DE SOUSA

História e carisma da infância e adolescência missionária A Pontifícia Obra da Infância Missionária já possui uma boa caminhada em nível mundial. Foi fundada em 19 de maio 1843, por Dom Carlos José Maria Forbin Janson, Bispo de Nancy, França. A motivação principal para a sua fundação foram as cartas e notícias que missionários, principalmente da China, escreviam ao bispo Dom Carlos, contando a realidade triste e dura das crianças dos países de missão: doenças, mortalidade, analfabetismo, abandono... Diante destes problemas, o bispo teve a ideia original de empenhar as próprias crianças da França na solução dos problemas dos colegas da China. Foi assim que, ajudado pela jovem Paulina Jaricot, fundou a Obra da “Santa Infância”, chamada, mais tarde, de Infância Missionária. Esta Obra devia suscitar o espírito missionário universal nas crianças e adolescentes, desenvolvendo seu protagonismo na solidariedade. O lema do fundador expressa claramente o espírito que caracteriza a Infância Missionária: Ajudar as crianças por meio das crianças, ou criança evangeliza e ajuda criança. Trata-se realmente de um serviço em favor da animação e formação missionária das crianças, para que, desde já, cooperem na evangelização universal, sobretudo das crianças, repartindo os bens materiais. A Obra Pontifícia da Infância Missionária conseguiu um grande desenvolvimento e expansão.

Por que Infância? Porque os protagonistas são as crianças e adolescentes, que se dedicam em favor das crianças do mundo inteiro, independentemente da cultura, raça ou religião. O nome “Infância e Adolescência Missionária” vem de uma devoção existente então na França: a infância do Menino Jesus. Por isto surgiu com o nome de “Santa Infância”.

Por que Missionária? É missionária porque educa as crianças no crescimento da fé, inserindo-as nas atividades missionárias numa dimensão universal. Pelo compromisso do batismo, vivem concretamente a experiência da partilha da fé e seus bens com todas as crianças do mundo.

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Padroeiros da IAM O Papa Pio XI nomeou Padroeiros das Missões e dos missionários Santa Terezinha do Menino Jesus, junto com São Francisco Xavier.

A IAM no Brasil No Brasil, a Infância Missionária chegou em 1858. Após um bom acolhimento, houve um período difícil, voltando a se reorganizar em 1955. O Encontro Latino-Americano da IM, realizado em Cali (Colômbia) em 1993, foi fundamental para reanimar a POIM (Pontifícia Obra da Infância Missionária) no Brasil. Atualmente, a IAM se encontra organizada em centenas de dioceses e está presente em todos os continentes, em mais de 130 países dos cinco continentes, e sua ação beneficia milhões de crianças. Nestes lugares, vivendo o carisma da Obra de “tornar Jesus conhecido e amado”, ajuda a concretizar o pedido do Papa Francisco em sermos uma Igreja em saída, seguindo o programa de vida em que as “crianças ajudam crianças e evangelizam e adolescentes ajudam e evangelizam adolescentes”. A IAM se empenha para despertar desde crianças o espírito missionário. E quantos iniciaram sua caminhada missionária junto a Obra da Infância e Adolescência Missionária e até hoje são atuantes em suas comunidades paroquiais, quantos testemunhos lindos de jovens que hoje estão sendo enviados para a missão Ad Gentes e esses começaram sua missão dentro da Infância e Adolescência Missionária.


Jornada Nacional da IAM A Infância e Adolescência Missionária se prepara para mais uma Jornada Nacional, onde iremos comemorar os 176 anos dessa Obra Missionária no mundo. Acontecerá no dia 26 de maio de 2019, em todo o Brasil, a 7ª Jornada Nacional, que neste ano vem com o tema: "Batizados e enviados: IAM em missão no mundo". A escolha do tema busca estar em sintonia com o Mês Missionário Extraordinário, convocado pelo Papa Francisco para de outubro. As Jornadas da IAM no Brasil começaram em 2013, e até hoje as crianças e adolescentes se comprometem através da consagração, assumindo o compromisso de rezar por todos os missionários, crianças e adolescentes de todos os continentes, além de oferecer através do cofrinho sua oferta, fruto de seus sacrifícios do ano todo, para ajudar as ações desenvolvidas pelos missionários em prol das crianças e adolescentes do mundo inteiro, sendo cada ano destinado a um Continente. Neste ano as ofertas serão enviadas para o continente africano.

Histórico da Jornada Nacional da IAM A 1ª Jornada Nacional da IAM aconteceu no dia 26 de maio de 2013, com o tema: “IAM da América a serviço da Missão” e o lema: “Vocês são meus amigos”. A Jornada foi celebrada na abertura do Ano da IAM no Brasil, organizado para marcar os 170 da fundação desta Obra Pontifícia, entre os meses de maio de 2013 e maio de 2014. A partir disso, a celebração da Jornada passou a ser um evento permanente na agenda anual da IAM no Brasil. A 2º Jornada Nacional da IAM foi celebrada no dia 25 de maio de 2014, com o tema “IAM da América a serviço da Missão na África”. A 3ª Jornada Nacional da IAM aconteceu no dia 31 de maio de 2015, com o tema “IAM na América a serviço da missão na Ásia”. A 4ª Jornada Nacional da IAM foi celebrada no dia 29 de maio de 2016, com tema “IAM do Brasil a serviço da Missão na Europa”.

A 5ª Jornada Nacional da IAM foi celebrada no dia 28 de maio de 2017, com o tema “IAM do Brasil a serviço da Missão na Oceania”. Concluído o ciclo das jornadas que celebraram os 5 continentes, a assembleia nacional da IAM definiu a continuidade da celebração das jornadas nacionais, ressaltando que as mesmas continuarão acontecendo no último domingo do mês de maio, e serão escolhidos os temas a serem desenvolvidos na mesma a partir dos apelos missionários desse modo. A 6ª Jornada Nacional da IAM foi celebrada no dia 27 de maio de 2018, com o tema “Infância Missionária 175 anos fazendo discípulos missionários para o mundo”. Essa jornada celebrou os 175 anos de origem da Obra a Infância e Adolescência Missionária e, em comunhão com a IAM do Cone Sul (Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Brasil), utilizou o mesmo tema e imagem para a celebração.

EXPEDIENTE COMISSÃO DA DIMENSÃO MISSIONÁRIA: Coordenador: Padre Marcondes. Secretária: Elania Bueno - 2105-6376. E-mail: elaniacmb@mitradecuritiba.org.br

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Dízimo

CLÓVIS VENÂNCIO Equipe da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo

XXII Seminário Arquidiocesano da Pastoral do Dízimo

No dia 7 de abril de 2019 foi realizado o XXII Seminário Arquidiocesano do Dízimo no Santuário da Divina Misericórdia, localizado no bairro Umbará, em Curitiba. O palestrante foi o Pe. Cristovam Iubel, integrante do clero diocesano de Guarapuava (PR), profundo conhecedor e difusor da temática relacionada com o dízimo e as ofertas. O evento teve início com a celebração da Santa Missa, presidida pelo Reitor/Pároco do Santuário, Pe. Francisco Anchieta Cardoso de Muniz, concelebrada pelo Pe. Cristovam Iubel, auxiliados pelo Diácono Bento Scandian (Assessor Eclesiástico da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo) e pelo Seminarista Cristoffer Fernando. Após a celebração, os organizadores e participantes foram acolhidos pelo Pároco, Pe. Francisco Anchieta, que partilhou um pouco da história e das importantes atividades e eventos que são realizadas no Santuário da Divina Misericórdia. Em seguida, Pe. Cristovam iniciou a palestra abordando o tema do Seminário, O Dízimo como sustentação das comunidades, apresentando conteúdo rico e esclarecedor sobre o dízimo na perspectiva do Documento 106 da CNBB – O Dízimo na Comunidade de fé: orientações e propostas. Esta foi uma excepcional oportunidade para deixar evidente que, na Igreja Católica, sobretudo no Brasil, o dízimo deve ser entendido na perspectiva de Evangelização que contempla a vivência do espírito de partilha entre os fiéis integrantes das comunidades eclesiais.

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Dentro desta concepção proposta pelo episcopado brasileiro e que compõe a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ficou evidente, também, que o dízimo se fundamenta em cinco aspectos essenciais: - Compromisso de fé; - Proposição e Não Imposição; - Escolha Pessoal; - Fidelidade / Estabilidade; - Periodicidade. Neste contexto, o palestrante demonstrou magistralmente que ser dizimista autêntico implica em ter consciência sobre o real significado do dízimo, explicitado nos fundamentos que, sinteticamente, relataremos na sequência. Com efeito, o verdadeiro dizimista é alguém que passou por um processo de conversão pessoal que o levou a compreender o dízimo como um compromisso de fé, ou seja, uma demonstração de sua crença e amor a Deus e aos irmãos, expressa na vivência comunitária da partilha de bens e de dons pessoais. Outrossim, é por este mesmo motivo que o dízimo, como contribuição financeira, é apenas uma proposição e, portanto, jamais deve se impor qualquer valor, pois, do contrário, passaria a ser um pagamento de taxa e não uma contribuição. Logo, em decorrência dos dois primeiros fundamentos do dízimo é que o mesmo deve ser realmente uma escolha pessoal, voluntariamente assimilada.


Entretanto, a decisão de se tornar dizimista implica em fidelidade ao compromisso assumido, ainda que não signifique obrigatoriedade constante quanto ao valor a que se propôs contribuir. Isso porque esse valor deve ter relação significativa com o que se ganha, ou se recebe periodicamente, e jamais com o que eventualmente sobra no final do mês.

O evento contou com a presença de Dom Amilton Manoel da Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba, que com suas palavras de incentivo autenticou o trabalho que as equipes da Pastoral do Dízimo realizam nas paróquias, buscando conscientizar as pessoas sobre a importância que cada um tem na vida comunitária.

Quanto ao quinto aspecto que fundamenta o dízimo, trata-se da necessária periodicidade com que se deve oferecer a contribuição, isto é, procurar contribuir de forma sistemática, coerentemente com os compromissos que a sua comunidade paroquial tem para cobrir as despesas de manutenção. Ou seja, é necessário que o dizimista tenha a devida consciência sobre isto e evite atrasar em levar a sua contribuição que, de modo geral, é de caráter mensal.

A equipe Arquidiocesana do Dízimo de Curitiba exprime agradecimento especial ao Reitor/Pároco do Santuário Pe. Francisco Anchieta Cardoso de Muniz, pela gentil acolhida e disponibilidade ao ceder o espaço para a realização do evento. Parabenizamos todos os participantes, agentes de pastoral, coordenadores, sacerdotes e demais lideranças que participaram deste dia de formação e encontro.

É essencial que se diga que o XXII Seminário do Dízimo, tanto pela competência do palestrante quanto pelo interesse em interagir da maioria de seus participantes, foi uma oportunidade muito importante para o aprofundamento dos conhecimentos. Ficou evidenciado que, como foi dito ao se explicitar o primeiro fundamento do dízimo, a participação e o envolvimento pessoal nas atividades eclesiais, doando parte de seu tempo e de sua capacidade de trabalho, já é forma de ser dizimista. Porém, se a pessoa recebe algum tipo de remuneração financeira sistemática, ou mesmo eventual, é convidada a dar também sua contribuição financeira espontânea e generosa.

Para encerrar, informamos que a nova formulação para a realização dos Seminários da Pastoral do Dízimo em nossa Arquidiocese terá um caráter setorizado, contemplando as regiões episcopais, com o objetivo de favorecer maior proximidade das pastorais paroquiais, oportunizando a todos os agentes participarem da formação oferecida nos Seminários. O próximo Seminário será no dia 30 de junho de 2019, em local ainda a ser definido. Apresentando o mesmo tema, O Dízimo como sustentação das comunidades, será uma oportunidade para as pessoas que não participaram no dia 7 de abril e para aquelas que têm interesse em participar novamente.

Você que faz parte da Pastoral do Dízimo paroquial, participe dos momentos de encontro, formação e reuniões que são oferecidos. São oportunidades de crescimento, de encontro e de fortalecimento da fé. A equipe da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo coloca-se à disposição para formações, palestras e para levar a Escola Itinerante do Dízimo até as paróquias e comunidades. Entre em contato com o Centro Pastoral: Fone: (41) 2105-6309 (Falar com Vanessa - Agente de Pastoral) E-mail: dizimo@mitradecuritiba.org.br

EXPEDIENTE COMISSÃO DA DIMENSÃO ECONÔMICA E DÍZIMO: Coordenador da Comissão e Pastoral do Dízimo: Wanderley Zocolotti. Padre Referencial da Pastoral do Dízimo: Pe. Anderson Bonin Secretária da Pastoral do Dízimo: Vanessa Langner - (41) 2105-6309. E-mail: dizimo@mitradecuritiba.org.br

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PE. MAURÍCIO GOMES DOS ANJOS Coordenador Geral do Clero

Reflexão

FICA CONOSCO, POIS É TARDE (LC 24, 29)

Um dos textos mais preciosos apresentados por São

Tantas vezes também o ser humano deixa o encontro

Lucas é a aparição de Jesus aos discípulos de Emaús,

com o Cristo ressuscitado e sai para outros povoados,

onde Ele se revelou aos dois discípulos, que estavam

sem rumo, sem sentido de vida, abandonando o

tristes, amargurados e, depois da morte do Mestre,

projeto de Deus.

saíram desiludidos de Jerusalém. Os dois discípulos conversavam entre si e neste E qual foi a surpresa naquele domingo da Páscoa do

caminho foram acompanhados por Jesus, que

Senhor? O próprio Cristo começa a caminhar com

pergunta: “Sobre o que conversais pelo caminho?” A

eles e lhes revela que ressuscitou verdadeiramente.

resposta destes discípulos foi: “És o único forasteiro

O ponto alto da revelação de Jesus se dá no momento

em Jerusalém que desconhece o que aconteceu aí

da fração do pão. Os discípulos abriram os olhos

nestes dias?” (Lc 24,17).

e agora, com os olhos da fé, viram que estavam na presença do Senhor. Rapidamente saíram correndo à

É importante perceber que para dar esta resposta

Jerusalém para contar aos outros discípulos tudo que

eles precisaram “parar” para responder a Jesus.

tinham visto e experienciado.

Assim, aprende-se que em meio a tantas tribulações, precisa-se “parar” para encontrar-se com o Senhor.

Aprofundemos o encontro de Jesus com estes discípulos. Estamos diante do capítulo 24 do

Qual foi a resposta dos discípulos? Foi um kerigma.

Evangelho de Lucas, que foi o único evangelista

Na verdade, muito se fala que a Igreja é Kerigmática.

que escreveu esta passagem, e o acontecimento

Kerigma significa um anúncio profético do Cristo. É

nos leva seguramente a uma Liturgia da Palavra

uma palavra de origem grega que significa “Anúncio

e uma Liturgia Eucarística. Estamos diante do

Gracioso”, alegre e que produz alegria naqueles

primeiro relato a respeito da Santa Eucaristia, após a

que recebem. Este anúncio carrega consigo três

ressurreição de Cristo e, desde o princípio, a Igreja se

elementos: 1. Jesus é o enviado, o Filho de Deus;

alimentou deste episódio.

2. Jesus padeceu a morte, pagou os pecados da humanidade; 3. Jesus ressuscitou.

Onde está a Liturgia da Palavra no caminho percorrido pelos discípulos de Emaús? Para responder esta

O texto do Evangelho contém estes três elementos

questão é importante revivermos este itinerário.

e os discípulos respondem: “A respeito de Jesus de Nazaré, que era um profeta poderoso em obras e

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Assim como os discípulos de Emaús, muitas pessoas

palavras diante de todo o povo (primeiro elemento).

tentam caminhar para outros povoados e lugares

Os sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram

deste

propriamente

para que o condenassem à morte, e o crucificaram

cegueira, pois os discípulos saíram como que cegos,

(segundo elemento). E nós, que esperávamos

e desiludidos caminhavam para este povoado,

fosse ele um libertador de Israel! Além disso,

distante próximo de 12 km de Jerusalém.

hoje é o terceiro dia depois que isso aconteceu. É

mundo.

Emaús

significa

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verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos

que os discípulos não tivessem reconhecido que

alarmaram; pois, indo de madrugada ao sepulcro, e

era Jesus que estava ali, pedem: “Fica conosco,

não encontrando o cadáver, voltaram dizendo que

Senhor!”. E Ele fica! Eis que lhes apresenta além da

tiveram uma visão de anjos dizendo que ele está

Palavra, o pão, a Eucaristia, o Banquete. E quando

vivo. Também alguns dos nossos foram ao sepulcro

Ele partiu o Pão, o que acontece? Desaparece! E

e o encontraram como as mulheres haviam contado.

por que isso ocorre? Porque a partir de então Jesus

Mas não o viram (terceiro elemento)”. (Lc 24, 19-24)

está presente naquele Pão. A Liturgia Eucarística se dá no momento em que se reconhece que não

Assim, o Kerigma, o anúncio de Jesus ressuscitado

há mais uma partícula branca, nem um pedaço de

pode até conter os elementos teóricos, mas se não

pão, mas na verdade, neste sinal de Fé é o Senhor

for carregado de um encontro com o Senhor e da

Ressuscitado. Portanto, a Eucaristia alimenta o

alegria de um verdadeiro discípulo não converte o

coração dos discípulos.

coração de ninguém. E

qual

a

consequência

deste

encontro?

A

Infelizmente, como os discípulos de Emaús, muitas

consequência do encontro com Jesus na Palavra e

vezes o ser humano carrega no mundo rostos tristes.

na Eucaristia mudou a direção dos discípulos. Para

Rostos que padecem e querem encontrar outro

onde eles iam? Para Emaús! Mas, voltaram (mesmo

caminho e nem percebem que Jesus está sempre

que fosse noite) correndo para Jerusalém para falar

presente. O anúncio, portanto, precisa produzir

de Jesus ressuscitado, anunciando com Fé aos

alegria. E falta ainda outro elemento além da

outros discípulos que viram o Senhor.

alegria, pois eles não estavam acreditando em Jesus ressuscitado: faltava-lhes a Fé.

Cada Missa celebrada precisa produzir, suscitar um coração desejoso de anunciar Jesus. Não há escuridão para quem se encontrou com o Senhor.

discípulos. Como é que ocorre? A Liturgia da Palavra

Portanto, há um grande ensinamento, uma missão

acontece com a apresentação de Moisés e dos

neste mundo, que caberá não só ao padre, nem só

profetas, feita pelo próprio Cristo. Mas eis que

ao bispo, nem só ao papa, mas todos como bons

começa uma nova Liturgia: a Liturgia Eucarística!

cristãos precisam anunciar que Jesus está vivo.

Como é que Jesus inicia esta Liturgia? Ele, num certo

A Eucaristia tem este objetivo, propiciar um encontro

momento, faz de conta que vai mais adiante e os

com o Cristo Palavra e com o Cristo Eucarístico. Que

discípulos pedem, sem saber ainda que é o Senhor:

estes alimentos sustentem o ser humano, de forma

“Fica conosco, é tarde e o dia está terminando”

a suscitar corações missionários que testemunhem

(Lc 24, 29). À noite, a escuridão é perigosa. Mesmo

o Senhor ressuscitado.

Reprodução: Robert Zund, 1877

Continua então o encontro de Jesus com estes

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Juventude

Mãe e rainha três vezes admirável de Schoenstatt É com esse título tão belo que Maria se apresenta ao Movimento de Schoenstatt e a todos que buscam seu santuário e suas graças. A devoção à Mãe Rainha surgiu em 1914, em uma pequena capela de São Miguel, na cidade de Vallendar, num pequeno vale chamado Schoenstatt (que significa Belo Lugar), na Alemanha. Lá, o Padre José Kentenich e um grupo de seminaristas, recebendo a inspiração divina, se consagraram a Maria e ofereceram sacrifícios a ela, entregando suas vidas e seus corações, principalmente pela autoeducação. O pedido era para que a pequena capela da Congregação, na época consagrada a São Miguel, virasse um Santuário de graças, centro de um movimento de renovação que, mais tarde, se espalharia pelo mundo todo. Assim, a capelinha estaria destinada a se transformar em um lugar onde as glórias de Nossa Senhora se manifestariam, principalmente seus feitos como Educadora. O objetivo é a educação de um homem novo e a construção de uma nova sociedade. A imagem de Maria colocada na capelinha de São Miguel, que se tornou santuário mariano, é cópia do qua-

dro original pintado por Crosio, um pintor italiano do século XIX. Em 1915, ela recebeu o nome de “Mãe Três Vezes Admirável”. No decorrer da história o título se ampliou para “Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt”, mais conhecida no Brasil como “Mãe e Rainha”. A pintura original de Nossa Senhora Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt foi intitulada “Refugium Peccatorum”, que significa Refúgio dos pecadores. Nela podemos ver Nossa Senhora muito unida com o menino Jesus, segurando-o com as duas mãos. Com a mão direita ela segura o braço do Menino, apresentando ele ao mundo e a Deus, e com a esquerda ela o abraça. Imagens da Mãe peregrina, que são pequenas réplicas da imagem original e no mesmo formato do santuário, percorrem as casas dos fiéis e são fonte de graças recebidas pelos que as acolhem em seus lares ou peregrinam aos santuários se espalharam pelo mundo inteiro. Como intercessora junto a Deus, a Mãe e Rainha alcança para todos os que a procuram nos santuários a tríplice graça: do abrigo espiritual, da transformação interior e da fecundidade apostólica.

Juventude de Schoenstatt Queremos ser instrumentos de Maria no mundo de hoje, para que Cristo nasça de novo. Guiamo-nos pelo espírito do Pe. Kentenich, que fundou o movimento com os jovens. Ele deixou Nossa Senhora como ideal e como a melhor educadora do Homem Novo. Alcançar este ideal é a nossa aspiração, queremos ser personalidades firmes, livres e apostólicas. Levamos a marca de uma fé vivida com alegria e entusiasmo, construímos em comunhão com outros e, sobretudo, procuramos manter vivo o fogo dos nossos ideais. Somos organizados em dois ramos, Jufem (Juventude Feminina de Schoenstatt) e o Jumas (Juventude Masculina de Schoenstatt), e dentro dos ramos, de acordo com a idade, formamos pequenos grupos de vida que são o nosso círculo mais forte. Neles, há uma grande união, partilha e ajuda. Procuramos nos formar como “homens novos” e debatemos temas da atualidade, falamos sobre o nosso movimento, suas ideias e seus heróis. Fazemos diversas atividades, dentre elas reuniões semanais, acampamentos, missões, projetos voluntários, encontros regionais, encontros nacionais, entre outros. A Juventude está presente em diversos países do mundo, como Chile, Alemanha, Estados Unidos e Portugal. No Brasil está dividida em quatro regionais: Sudeste, Paraná, Sul e Nordeste.

EXPEDIENTE SETOR JUVENTUDE CURITIBA: Assessora Eclesiástica: Ir. Valéria Andrade. Secretário: Kelvin Oliveira. E-mail: juventude@mitradecuritiba.org.br / Telefone: 2105-6364

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Movimentos Eclesiais

Movimento de Cursilhos de Cristandade celebra 50 anos de presença em Curitiba De origem Espanhola, o movimento promove a formação pessoal e a evangelização dos ambientes O Movimento de Cursilhos de Cristandade está comemorando 50 anos de presença em Curitiba. A programação conta com diversas atividades ao longo do ano, mas o início das comemorações foi marcado por uma missa, realizada no dia 29 de abril na Casa de Cursilhos, no bairro Santa Cândida. O Movimento, que teve origem na Espanha na década de 40 por meio da iniciativa da Juventude da Ação Católica Espanhola (JACE), foi fruto de inspiração do Espírito Santo. Este grupo desenvolveu uma ‘nova forma de evangelizar’, que se denominou Cursilhos de Cristandade. Leigos e sacerdotes que participavam do MCC em dioceses da Espanha levaram a ideia aos países latino-americanos. O primeiro país a receber o Cursilho foi a Colômbia. Em pouco tempo, o movimento se difundiu por toda a América do Sul.

Cursilho em Curitiba Após intensa preparação, curitibanos que fizeram o terceiro Cursilho em Telêmaco Borba realizaram no dia 29 de abril de 1969 o primeiro retiro em Curitiba, com aprovação de Dom Manuel, Arcebispo da época. Em 50 anos o movimento realizou 562 retiros adultos e mais de 150 retiros para jovens. Estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham participado dos encontros.

Mais informações:

Como funciona o Cursilho? O Movimento promove o encontro pessoal com Cristo em um retiro de dois dias. As pessoas são convidadas a se conectarem com Deus para em seguida levar a missão de evangelização ao mundo. O carisma do Cursilho é a Evangelização dos Ambientes, e todas as atividades são movidas pelo tripé formação-estudo-ação. “O Movimento é importante para evangelizar e fazer chegar a mensagem de Cristo a tantos que se afastaram da fé ou que não o conhecem em profundidade e no propósito de vida”, explica Pe. Mario Renato Barão, assessor eclesiástico do Cursilho Curitiba. Os cristãos podem evangelizar, e esta é uma das premissas para as ações do Cursilho.“Ele é de extrema importância, age na mudança da pessoa para que ela possa transformar a realidade em que vive. Este é um dos diferenciais que podem possibilitar a busca por uma sociedade mais justa, humanitária e digna”, explica Luciano Oxley, coordenador do Grupo Executivo Diocesano. Por possibilitar o encontro pessoal, o movimento se cerca de ações para promoção do seu tripé. Uma delas é a escola de formação e vivência, um dos meios de perseverança, preparação ao retiro e estudo sobre temas ligados à igreja. A escola, que acontece todas as segundas-feiras, às 20h, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Água Verde, é sempre um convite aos Cursilhistas antigos para a retomada e conhecimento de todas as atividades.

www.cursilhocuritiba.com.br

Facebook.com/CursilhoCuritiba

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Mês de Maria

Curitiba é consagrada ao Imaculado Coração de Maria há 25 anos A consagração das cidades ocorre em diversas localidades onde são construídos monumentos do Imaculado Coração de Maria. Em Curitiba, desde 1994 se realiza a celebração solene de consagração da Cidade junto ao monumento que fica sob os cuidados do Grupo da Imaculada do Santuário Nossa Senhora de Fátima no Tarumã

O Grupo da Imaculada, desde a sua fundação em dezembro de 1984 e aprovado canonicamente em junho de 2003, nasceu por uma inspiração divina, suscitada por Deus na alma da sua fundadora, Maria das Candeias Martins Morgado, ao meditar as palavras que Nossa Senhora disse à Irmã Lúcia, na segunda aparição em Fátima, a 13 de junho de 1917: “Jesus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”.

Monumento em Curitiba

Consagração Todos os anos, no mês de maio, é realizada a celebração solene de consagração da cidade de Curitiba ao Imaculado Coração de Maria. Nesta cerimônia, é levada em procissão a imagem que preside o monumento. Neste ano a cerimônia de consagração acontecerá no dia 26 de maio, com início às 09h30.

O monumento está localizado na Praça Cova da Iria, no bairro Tarumã, mantido sob os cuidados do Grupo da Imaculada no Santuário Nossa Senhora de Fátima. Foi construído conforme a patente registrada número 18.266, tendo no seu interior a imagem original patenteada para todos os monumentos existentes no mundo todo do Imaculado Coração de Maria, de braços abertos, chamando seus filhos, abençoando-os e encaminhando-os para Seu Filho Jesus Cristo, único salvador.

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Foto: David Cezar John

No dia 14 de maio de 1994 o monumento foi inaugurado solenemente após Celebração Eucarística presidida pelo Arcebispo Dom Pedro Fedalto. Estavam presentes o Prefeito Municipal, Rafael Greca de Macedo, e a Cônsul de Portugal, a senhora Ana Paula Zacarias, juntamente com muitos fiéis.


Painel

Semana Santa 2019 A Arquidiocese de Curitiba viveu intensamente a Semana Santa em 2019. No domingo de Ramos, o arcebispo Dom José Antônio Peruzzo celebrou missa na Catedral Metropolitana. Na manhã da Quinta-feira Santa, aconteceu a Missa dos Santos Óleos, que reuniu os bispos e presbíteros de toda a Arquidiocese. A Missa do Lava Pés foi celebrada por Dom Peruzzo também na Catedral. Na Sexta-feira Santa, paróquias do Centro de Curitiba se uniram para realizar a Procissão do Senhor Morto, que foi acolhida na Catedral e reuniu milhares de fiéis. No Sábado de Aleluia, Dom Peruzzo celebrou a vigília e no domingo, a Santa Missa da Ressurreição do Senhor. Cada paróquia realizou sua programação.

Passagem de relíquia de Santa Gianna No dia 10 de abril, o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Curitiba recebeu a relíquia de Santa Gianna Beretta Molla, que ficou em exposição durante os horários de novenas. Trata-se do pedaço do punho da camisola que a médica italiana usava no dia do parto da filha caçula.

Uma imagem e uma relíquia – ataduras que envolveram os pés do Santo – passaram por hospitais e casas de pessoas doentes nas comunidades da Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança, em Pinhais. A programação foi especialmente planejada para divulgar o carisma e a missão de São Camilo junto aos doentes e sofredores. A passagem pela arquidiocese de Curitiba foi de 23 a 31 de março e faz parte de uma peregrinação nacional em homenagem ao Ano Vocacional Camiliano.

Foto: Flávia Furtuoso

Peregrinação de Imagem e Relíquia de São Camilo de Lellis

Assembleia Legislativa terá sessão solene para enaltecer o Corpus Christi em Curitiba A Assembleia Legislativa do Paraná fará, no dia 12 de junho, uma missa solene para homenagear a Arquidiocese de Curitiba pela realização do Corpus Christi 2019. A missa solene na Alep é uma proposição do deputado Evandro Araújo. Toda a população é convidada para a missa, 12/06, às 19h no plenário da ALEP. Praça Nossa Senhora do Salete, s/n - Centro Cívico. Arquidiocese de Curitiba | Maio 2019

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Artigos religiosos, livros e outras publicações Adquira no setor de artigos religiosos da Mitra da Arquidiocese de Curitiba

P Av. Jaime Reis nº 369 Alto São Francisco, Curitiba/PR M sac@mitradecuritiba.org.br Telefone: (41) 2105-6325


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