Voz da Igreja - Abril 2018

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Publicação da Arquidiocese de Curitiba - Paraná

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Ano XV - Edição 181 - Abril de 2018

A Ressurreição de Jesus revelou que a misericórdia de Deus não tem limites. Qual o significado da Misericórdia Divina nos dias atuais? Pg. 14

Veja também Superação da Violência Pastoral do Povo de Rua busca transformar a situação de exclusão em projetos de vida em abundância. Pg. 22

Liturgia Entenda a Missa de Santos Óleos que foi celebrada na Catedral na Quinta-feira Santa. Pg. 10

+ artigos e novidades de nossa Arquidiocese

Vocações Leiga relata amor pela catequese (Pg. 08) e seminarista da seu testemunho sobre como recebeu o chamado (Pg. 25).


Agenda Mensal dos Bispos Abril/2018

Ação Evangelizadora

Dom José Antônio Peruzzo Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba

Editorial A Revista Voz da Igreja é lançada neste mês de abril com destaque para reflexões sobre a Divina Misericórdia. A motivação vem da festa que se celebra no 2º domingo da Páscoa, mas principalmente, mas principalmente pela mensagem de amor profundo frente a tantas violências, atrocidades e mensagens de desrespeito que vemos em nosso dia a dia. E nesse contexto, nosso maior desafio está no resgate da confiança e da esperança no Deus que jamais abandonou seus filhos e filhas. Como afirma o Pe. Francisco Anchieta em seu artigo nesta revista, “a misericórdia é o grande grito de Deus pedindo que seu povo se volte com confiança para Ele”. A Ressurreição de Jesus nos revelou que a misericórdia de Deus não tem limites e é eterna: pelo seu amor fomos resgatados e regenerados para uma vida nova. É um tema que se relaciona com a Campanha da Fraternidade, que viveu seu período mais intenso na Quaresma, mas continua a fazer parte das ações de Evangelização ao longo do ano e que deve gerar bons frutos. Relacionase com o dízimo, como vemos no artigo sobre o Caminho de Emaús e com a comunicação, como vemos no artigo sobre compreensão das notícias falsas como uma forma de violência. Nesta edição apresentamos também alguns testemunhos de nossa Arquidiocese, como no texto sobre chamado vocacional e sobre catequese, com relato ressaltando o ano do laicato que estamos vivendo. Convidamos a todos à leitura e, permanecemos sempre à disposição para receber sugestões de toda a comunidade para as próximas edições da Revista Voz da Igreja.

01 • Missa de Páscoa na Catedral 02 • Gravação do Programa Leitura Orante, na TV Evangelizar 03 • Programa Conhecendo a Palavra, na TV Evangelizar 04 • Expediente na Cúria • Formação na Paróquia Santo Antônio, em Orleans 06 • Aula no Studium • Missa na Comunidade Shalom 07 • Crisma na Paróquia Senhor Bom Jesus, em Balsa Nova 08 • Missa da Festa no Santuário da Divina Misericórdia • Crisma na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Pinhais 09 • Gravação do Programa Leitura Orante, na TV Evangelizar 10 a • Assembleia Nacional da CNBB, em 20 Aparecida – SP 21 • Crisma na Paróquia Nossa Senhora da Visitação • Crisma na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Campo Comprido

22 • Missa de Jubileu da Paróquia Bom Pastor • Crisma na Paróquia Santa Cecília 23 • Gravação do Programa Leitura Orante, na TV Evangelizar • Visita no Seminário Rainha dos Apóstolos 24 • Reunião do Setor Santa Felicidade, no Santuário de Shoenstatt • Visita no Seminário Propedêutico 25 • Reunião da ANEC, na Cúria • Visita no Seminário São José 26 • Reunião do Setor Campo Largo, na Paróquia na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação • Reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral, na Cúria 27 • Aula no Studium • Crisma na Paróquia Bom Pastor 29 • Crisma na Paróquia Santo Antônio, no Parolin • Crisma na Paróquia Santo Antônio, em Orleans 30 • Gravação do Programa Leitura Orante, na TV Evangelizar

Dom Amilton Manoel da Silva Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba 01 • Missa de Páscoa na Paróquia São Lucas e Nossa Senhora do Carmo 03 • Expediente na Cúria • Formação no Setor Portão, na Paróquia Senhor Bom Jesus 05 • Crisma na Comunidade Bethânia 07 • Palestra na Escola de Fé e Sociedade do Setor Pinheirinho, Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora • Crisma na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos 08 • Crisma na Paróquia Santa Amélia • Crisma no santuário Santa Rita de Cássia, Hauer 10 a • Assembleia Nacional da CNBB, em 20 Aparecida – SP 21 • Crisma no santuário Nossa Senhora do Carmo • Crisma na Paróquia Santíssimo Sacramento 22 • Crisma na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Butiatuvinha

22 • Crisma na Paróquia São José e Santa Felicidade 24 • Reunião do Setor Santa Felicidade, no Santuário de Shoenstatt 25 • Reunião da CRB Paraná 26 • Reunião do Setor Campo Largo, na Paróquia na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação • Reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral, na Cúria 27 • Crisma na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação, em Campo Largo 28 • Crisma na Paróquia São Pedro, no Umbará • Crisma na Paróquia Nossa Senhora da Salette 29 • Crisma na Paróquia Santo Inácio • Crisma na Paróquia Santa Rita, no Tatuquara

Dom Francisco Cota de Oliveira Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba

Fale Conosco ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Rua Jaime Reis, 369 - São Francisco 80510-010 - Curitiba (PR)

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A revista Voz da Igreja é uma publicação da Arquidiocese de Curitiba sob a orientação da Assessoria de Comunicação CONSELHO EDITORIAL - Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba Dom José Antônio Peruzzo | Chanceler: Pe. Jair Jacon | Ecônomo da Mitra: Pe. José Aparecido Pinto | Coordenador da Ação Evangelizadora: Pe. Alexsander Cordeiro Lopes | Coordenador geral do clero: Pe. Rivael de Jesus Nacimento | Jornalista responsável: Téo Travagin | Assessoria de Comunicação: Sintática Comunicação | Revisão Teológica: Cesar Leandro Ribeiro | Colaboração voluntária: 13 Comissões Pastorais| Apoio: Centro Pastoral | Projeto gráfico e diagramação: Sintática Comunicação | Foto de Capa: Paróquia São Lucas - Xaxim. Foto: Bárbara Moraes | Tiragem: 10 mil exemplares.

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01 • Missa de Páscoa na Capela São Domingos, Vila São Domingos 04 • Expediente na Cúria 05 • Missa na Comunidade Shalom 06 • Missa no Santuário da Divina Misericórdia • Crisma na Paróquia Sant’Ana, no Abranches 07 • Crisma na Paróquia Maria Mãe da Igreja • Crisma na Paróquia São Martinho de Lima 08 • Crismas na Paróquia Nossa Senhora das Graças 10 a • Assembleia Nacional da CNBB, em 20 Aparecida – SP 21 • Crisma na Paróquia São João Bosco • Crisma na Paróquia Santa Madalena Sofia 22 • Crisma na Paróquia São Pedro e São Paulo • Crisma na Paróquia Santo Antônio, no Boa Vista

24 • Reunião do Setor Santa Felicidade, no Santuário de Shoenstatt 25 • Expediente na Cúria 26 • Reunião do Setor Campo Largo, na Paróquia na Paróquia Nossa Senhora da Anunciação • Reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral 27 • Missa com os colaboradores da Cúria • Crisma na Paróquia Nossa Senhora do Amparo 28 • Crisma na Paróquia Nossa Senhora do Amparo • Crisma na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Belém 29 • Crisma na Paróquia Santa Edwiges • Crisma na Paróquia Nossa Senhora do Amparo 30 • Reunião com as Equipes de Campanha da Fraternidade, na Cúria


Palavra do Arcebispo

DOM JOSÉ ANTÔNIO PERUZZO Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba

Por que procuramos por Deus? Esta interrogação já foi motivo de muitas páginas desde os tempos do Iluminismo. E sobre tal temática já se repetiram quase todas as opiniões, e também confusões. Ele, Deus, foi já reconhecido como o absoluto, o onipotente, o eterno, o infinito, o ser totalizante. Mas foi também desqualificado como invenção fantasmática dos fracos, como projeção dos nossos anseios secretos ou inconscientes, como fonte opiácea de ilusões. E o debate ainda não terminou. Para uns, Deus é essencial. Para outros, é desnecessário. Há os que precisam dele somente nos momentos difíceis. Para uns Ele é um enigma a decifrar (ciência). Para outros, é um mistério a experimentar (fé). Há uma passagem do evangelho de João (Jo 6,24-35): A multidão foi à procura de Jesus. Em embarcações atravessaram o lago para encontrá-Lo. E perguntaram-Lhe: “Quando chegaste aqui?” E a resposta: “…Vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes” (Jo 6,26). É fácil perceber que uma foi a pergunta; outra foi a resposta. Do que trata essa descontinuidade? Como outrora, também hoje há multidões que se expressam religiosas. E Deus é lembrado com frequência. Os que anunciavam o fim do fenômeno religioso se surpreendem. E as conquistas da ciência parecem não bastar. Até mesmo os letrados e os bem alentados nos esquemas científicos se mostram carentes de transcendência. Na realidade, o que aconteceu nos tempos de Jesus ocorre também hoje. Não era a pessoa de Jesus e seus ensinamentos que eles procuravam. Buscavam, sim, as vantagens que aquele “milagreiro” poderia lhes ensejar. Por isso a resposta crítica do Senhor. Não se tratava de adesão de convertidos. Não havia desejo e esforço em

direção a um novo modo de ser e de viver. Buscavam a própria saciedade material. Era uma religiosidade de egoístas. O problema de ontem continua hoje. As expressões são outras. As limitações são as mesmas. Por vezes se expressam em queixas: “Precisei de Deus, rezei, mas não me atendeu”; “Até os desonestos têm sucesso; eu, que creio e me esforço, pareço esquecido por Ele”. Nas horas de dor e sofrimento nossos apelos são ainda mais dramáticos. Não quero aqui apontar erros. Não pretendo fazer correções. Mas gostaria, sim, de propor a mim e ao leitor o que disse o próprio Senhor àqueles que o procuravam com intenções ambíguas: “Trabalhai não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”. Esta resposta toca no sentido da vida. Para quem busca a si mesmo, ou se limita àqueles do próprio convívio, tudo se esvazia com o término da própria história e existência. Se fez algo de bom, será lembrado por algum tempo. Mas se esgota. Por outro lado, “trabalhar para o que permanece até a vida eterna” não é mera referência, de impossível demonstração, daquela vida depois da morte. O sentido é outro. É trazer para o presente da vida e da existência aquele mistério experimentado de encontro com Deus. Sim, se isso se restringir a palavras, claro que tudo permanece no âmbito de uma abstração metafísica. Mas, se alguém quer integrar nos passos de sua vida o encontro com Deus, o caminho da fé se torna uma possibilidade real, que transfigurou os caminhos de muitos. Quando quiseram falar de sua nova vida, as equações não serviram. Mas a paz testemunhada ilustrou.

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Palavra de Dom Pedro

DOM PEDRO ANTÔNIO MARCHETTI FEDALTO Arcebispo Emérito de Curitiba

HOMENAGEM A AUGUSTO (AGOSTINHO) VANIN As pessoas de bem devem ser conhecidas, respeitadas, lembradas e imitadas. Hoje, quero apresentar aos leitores uma dessas pessoas: Augusto Vanin, mais conhecido por Agostinho Vanin, falecido em 4 de fevereiro deste ano. Agostinho se caracterizou por três aspectos: família, paróquia e política.

Família

Deus lhes deu três filhas e um filho: Maria Elisabet, casada com Airton, com quem teve dois filhos; Maria Margareth, que se casou com Rimone; Maria Salete, que se casou com Mário e teve dois filhos; e Marco Luiz, que se casou com Maristela e teve uma filha. Agostinho foi pai carinhoso com os filhos, educando-os nos princípios cristãos da Igreja Católica, praticantes sempre, sustentando-os dignamente com seu trabalho honesto, transmitindo-lhes alegria no lar. Com a séria formação, viveram em perfeita harmonia, dando testemunho de muita dedicação e carinho durante sua doença de quase oito anos.

Paróquia Com sólida formação católica, Augusto Vanin foi um paroquiano exemplar, atuante na comissão da paróquia, dando testemunho na participação da Missa, como Ministro Extraordinário da Eucaristia, com autêntica devoção a Maria, como Congregado Mariano, apóstolo como Cursilhista, generoso, disposto e dedicado na construção do maravilhoso ginásio de esportes.

Política Destacou-se como autêntico político, em Campo Largo, sendo Vereador e Vice-Prefeito e, por dois anos como Prefeito, promoveu o bem comum do povo, sem interesses pessoais financeiros, dando o testemunho de político honesto em tudo. Por isso, Agostinho Vanin merece ser sempre conhecido, respeitado, lembrado e imitado por seus familiares, paroquianos da Paróquia de Rondinha e pelo povo de Campo Largo. Enfim, por todos.

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Foto: www.campolargo.pr.gov.br/

Nasceu em 16 de agosto de 1926, em Rodinha, Campo Largo, sendo seus pais Daniel e Eugênia. Recebeu dos pais uma formação humana e cristã sólida conservada até a morte. Casou-se com Ester Abud, sendo esposo fiel, sempre amoroso.


Reflexões

PE. RIVAEL DE JESUS NACIMENTO Coordenador Geral do Clero da Arquidiocese de Curitiba Reitor do Santuário Nossa Senhora de Lourdes – Campo Comprido

As feridas da angústia e solidão são superadas como novas atitudes pastorais Em um sábado pela manhã, atendia algumas moças da paróquia onde atuo que vieram para combinar e alavancar ideias para um retiro que teremos em breve, destinado ao Grupo de Jovens Mocitude, que aqui temos. No meio da conversa, falaram que alguns dias antes tinham feito uma reunião e as palavras que mais ficaram enfatizadas naquele momento de partilha e dinâmica foram: ansiedade e angústia! Dá a impressão de que não é algo novo em nosso tempo. Não só a juventude, mas todos nós somos afligidos e feridos por ansiedade e angústia nesse tempo. No meio da juventude, ela persiste com muita força, assim como outros sentimentos. Será que vou passar no vestibular? Que profissão seguir? Com quem me casarei? Acharei a pessoa certa? No âmbito dos casados, também paira a permanência do amor nos corações, a perseverança todos os dias, a maneira certa de educar os filhos. Tenho atendido muitos casais que passaram dos trinta anos e que têm crianças pequenas e venho notando a falta de perspectivas diante dos dramas da vida e das dificuldades que surgem no caminho. Às vezes, tenho a impressão de que há muita gente mergulhada no passado, revivendo todos os dias suas feridas, trocando seus curativos demasiadamente e não deixando cicatrizar suas feridas. Outras já vivem no futuro, muito afoitas em pensar no amanhã, sem se dar conta do momento presente que é o hoje! Que cuidados pastorais prescrever diante de tais situações? Aqui, elenco três pistas de maneira didática, frutos de minha reflexão pessoal. No entanto, creio que podemos ter muitas outras opções dentro desta dinâmica: a) Vida de oração - A oração rezada com sinceridade e adequada ao tempo. Pais e filhos precisam rezar mais. Esposos precisam rezar mais, nós padres precisamos rezar mais. Na oração, ganhamos força para caminharmos sem desanimar. E se cansarmos, a oração ajuda a amar também ao nosso cansaço. b) Diálogo – Diversas vezes na vida da cidade, vi pais pegando seus filhos nas escolas e estes entrando nos carros sem trocar uma palavra. Pais que trabalham o dia todo e chegam em casa esgotados; seria tão bom que conversassem como esposos, como pais e filhos. O

diálogo para a superação das dificuldades e a ampliação das relações na história que se faz em nosso cotidiano. Como diz uma canção: “a história que se faz que não vai voltar e nem retroceder”, e que gera tanta ferida. É no diálogo que curamos muitas coisas. Em família, aprendemos muitas coisas, e um cuidado paliativo de todos os dias tem um benefício extraordinário. c) Esperança – A esperança cristã não desfalece nem esmorece. Ela aponta para dias melhores, para a plenitude do Reino que queremos vivenciar. Muitas vezes, o “pessimismo estéril” toma conta do ser humano e vemos perdas na família, na sociedade e na comunidade. Não desanimar diante das dificuldades parece ter se tornado um apelo tão distante da realidade. No entanto, lembremos sempre de que o sonho de Deus permanece em todos nós. Somos cristãos, somos outros “cristos” para o nosso próximo. No pastoreio que exerço, sempre lembro que não temos respostas para tudo. Deus sempre dá a sua resposta no tempo necessário. Porém, acreditamos que diante das dores do mundo e das angustias deste tempo, são necessárias novas atitudes. Todos nós precisamos semear boas atitudes para colher frutos de esperança e de salvação. Quando ingressei no seminário, trazia a memória dos padres que vi na infância e na adolescência. Encontrei Frei Valdir Possamai na reunião do clero mês passado. Disse isto a ele depois de muitos anos: ele semeou boas atitudes que marcaram meu ministério. Na memória dos que não estão mais conosco, lembro do Pe. Aleixo Kochiski, falecido em 2010, muitos anos em Quitandinha. Ele me marcou muito por seu zelo, por saber acolher um padre novo no ministério e por sua alegria. Creio em uma nova evangelização marcada pelo amor e pela esperança e pelo testemunho profético. Que cada um multiplique em sua tabuada da vida o amor cristão. Fiquemos com Deus e cuidemos para que tenhamos sempre uma sobra para descansar na correria da vida, diante do calor da existência. E que esta sobra, como na encosta de uma árvore, seja a memória de Deus que caminha sempre conosco e não nos desampara nunca. Sim, nunca vai nos desamparar, creiamos. Arquidiocese de Curitiba | Abril 2018

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Juventude

ANA PAULA FOGAÇA Coordenadora do Ministério Jovem da Arquidiocese de Curitiba

O PAPA DA JUVENTUDE:

SÃO JOÃO PAULO II

Karol Józef Wojtyla nasceu no dia 18 de maio de 1920, em Wadowice, na Polônia. Ordenado em 1946, tornou-se bispo de Ombi em 1958, e arcebispo de Cracóvia em 1964. Ele foi ordenado cardeal em 1967 pelo Papa Paulo VI e, em 1978, se tornou Papa. João Paulo II com certeza marcou muito a juventude. Uma das principais atividades que instituiu para jovens foi a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 1985. O primeiro encontro aconteceu em 1986, em um domingo de Ramos, em Roma, tendo como tema “Estais sempre prontos a responder a todo aquele que pedir a razão de vossa esperança” (1Pedro 3,15). A ideia era reunir jovens do mundo todo para viver uma experiência extraordinária. Segundo o Papa, “O principal objetivo das Jornadas é fazer da pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem, para que Ele possa ser seu ponto de referência constante e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso para a educação das novas gerações” (Carta de João Paulo II ao Cardeal Eduardo Francisco Pironio na ocasião do Seminário sobre as Jornadas Mundiais da Juventude organizado em Czestochowa).

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Na Jornada de Toronto, em 2002, o Papa João Paulo II nos deu uma missão como juventude católica: “Quando a luz vai diminuindo ou desaparece totalmente, deixa-se de poder distinguir a realidade circundante. No coração da noite, pode-se sentir medo e insegurança, aguardando-se então com impaciência a chegada da luz da aurora. Amados jovens, é o vosso turno de ser as sentinelas da manhã (cf. Is 21,1112), que anunciam a chegada do sol que é Cristo ressuscitado!”. Ser sentinela hoje é um chamado para todos: ser luz, ser uma Igreja em missão, ser santo sem deixar de ser jovem, encorajando-nos a ir sem medo, fazer discípulos, sem esquecer de sermos discípulos de Jesus. Um Papa que amou a todos, ele deixava rastros de Jesus por onde passava. Pedia perdão por todo o sofrimento causado pela Igreja e por tantas pessoas que, na história da humanidade, pudessem ter causado sofrimento. Hoje, como santo e intercessor da Juventude, São João Paulo II deixou-nos seu ensinamento e exemplo de como ser um jovem de Deus.


Ministério Jovem A Renovação Carismática Católica (RCC) nasceu entre a juventude na Universidade de Duquesne (EUA). Em uma casa de retiros chamada “Arca e a Pomba”, 25 jovens foram a um retiro viver a experiência do batismo no Espírito Santo. Em 19 de fevereiro de 1967, marca-se o início desta “nova primavera do Espírito na Igreja” (João Paulo II). Com isso, iniciaram-se os primeiros grupos de partilha e conhecimento de Jesus: os Grupos de Oração.

No Brasil, a espiritualidade carismática chegou em 1969 através dos padres Haroldo e Eduardo. Mas foi somente no início da década de 1980 que ela se consolidou por meio dos Grupos de Oração. Através disso, começaram a organizar a Identidade, Seminário de Vida, Secretarias (logo após 2003, os ministérios), e por aí foram reajustando conforme o mover do Espírito Santo. Com o crescimento nacional, surgiu um “departamento” responsável pela juventude. A “Equipe Jovem da RCC” foi a primeira a organizar a nossa juventude. Logo após, criou-se a Secretaria Marcos e, depois de alguns anos de discernimentos e adaptações, criou-se, em 2003, o Ministério Jovem. O plano de ação atual, com a coordenação de Daný Almeida, se resume no “PEF” – pastoreio, evangelização e formação -, além de trabalhar com os quatro eixos formativos: Identidade Carismática, Unidade, Formação Integral de Jovens e Formação Ministerial. O plano visa a trabalhar em todas as instâncias o objetivo principal: o Batismo no Espírito Santo. Nossos grupos estão presentes em diversas paróquias. Informe-se e conheça o grupo mais próximo de você. Desde já, sinta-se bem-vindo!

EXPEDIENTE SETOR JUVENTUDE CURITIBA: Assessora Eclesiástica: Ir. Valéria Andrade. Secretário: Patryck Madeira. E-mail: juventude@arquidiocesecwb.org.br. Telefone: 2105-6364

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Animação Bíblico-Catequética

CÉLIA DE FREITAS GONÇALVES Leiga catequista na paróquia Nossa Senhora do Amparo, em Rio Branco do Sul

A PRESENÇA DO LAICATO NA CATEQUESE

Catequista de coração! Há mais de 25 anos atuo como catequista na Igreja Católica, pois entendi que todo ser humano é criado por Deus para ser feliz e esta felicidade está intimamente ligada à Ele. Por amor, com amor e para o amor, Deus Pai nos criou! Sendo criatura amada desde o princípio, assumi espalhar o amor a minha volta: sou catequista de coração! Inspirada pelo Evangelho que promete: “Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (Jo 12,26). No ano que a Igreja celebra a vida dos cristãos leigos, como catequista, meu coração arde mais ainda porque sinto-me tocada pelo amor de Jesus. Assim, busco tocar o coração do meu catequizando, o coração dos pais, enfim daqueles a quem Deus me confiou para cuidar e amar hoje, na Paróquia Nossa Senhora do Amparo, de Rio Branco do Sul –PR. Primeiramente amo, acolho e depois realizo atitudes que considero benditas, tentando transmitir até pelo meu jeito de olhar, o amor de Jesus. Cultivo (gosto desse verbo) o afeto porque consigo catequisar as crianças a cada dia, imbuída do amor contagiante que recebi um dia de alguém vocacionado e apaixonado pelo Mestre, um catequista ardoroso que atraiu e me conquistou para uma vivência de fé. Meu catequista do norte do Paraná já vivia os ensinamentos constantes do recente Documento de Aparecida: uma “Igreja da atração” a serviço da vida. Sinto-me realizada com a catequese que edifica, quando faço da minha vida e do meu tempo, uma doação generosa em prol do anúncio da Boa Nova. A entrega é verdadeira pois assumo a missão com amor! Catequista de coração, tento mostrar o rosto de Jesus a cada um que me procura: meu contentamento é algo indescritível! Aprendi nos cursos de formação da Arquidiocese de Curitiba que devo anunciar em primeira pessoa a Cristo a fim de realizar um encontro de catequese e não “aula de catequese”, onde posso favorecer o “encontro” do meu catequizando com Jesus Cristo.

Ele não faz ideia o quanto consegue motivar a nós, catequistas, na missão de ser feliz e fazer os outros felizes no verdadeiro amor que vem de Deus! Entendo ainda que cabe a mim e ao meu projeto de vida, buscar constantemente a santidade, levando meus catequizandos a experimentar o amor ágape, aquele que não espera recompensa e nem troféu. Apropriando das palavras de Jesus que pede para “fazer novas todas as coisas” (Lc 6, 40) sendo “sal e luz no mundo” (Mateus 5, 13-14). Encontrar Jesus foi um presente divino, mas torná-lo conhecido e amado é uma alegria imensa diariamente! Como diz a canção “é preciso pescar diferente, que o povo já sente que o tempo chegou. E partimos pra onde ele quis, tenho cruzes, mas vivo feliz!”. E, ainda cantar com o Padre Fábio de Melo“cantar um canto ensinado por Deus, com poesia ensinar nossa fé”. Catequista de coração, não tenho outro lema! Enfim, acredito que a vocação do cristão leigo brota do coração de Jesus, depois do encontro transformador que impulsiona a prática da caridade e a doação da própria vida. Servir a Igreja para mim consiste num ato prazeroso que edifica e promove mais vida mas que também gera mais vida em meu “eu”! Encontro na Palavra de Deus, através da prática da leitura orante, a luz do Espírito Santo que me envia a formar uma comunidade de gente amada que comunga junto, alegra junto e sofre junto se preciso for. Peço sempre a intercessão da Virgem Maria, que me torne forte na fé, perseverante na caminhada, unida com a minha família que me apoia e me incentiva e solidária com os mais pequeninos, aqueles que sem dúvida, são os preferidos do “meu Senhor”!

O Papa Francisco diz que a boca dos catequistas deve sempre ressoar o “primeiro anúncio”, ou seja, o “anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos.” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 164). Célia de Freitas Gonçalves

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Arquidiocese de Curitiba | Abril 2018


IAFFE 2018 Foto: Cris Lameka

Em 04 de março teve início, na PUC-PR, o IAFFE 2018! Aproximadamente 600 alunos estiveram presentes, distribuídos em 11 salas, para a primeira aula das Escolas disponibilizadas: Escola Arquidiocesana de Teologia; Escola Bíblica Arquidiocesana; Escola Arquidiocesana de Liturgia; Escola Catequética Discípulo Amado; Escola de Agentes da Pastoral Familiar; Escola de Música Sacra e Litúrgica; Escola de Pastoral . Parabéns a todos que iniciaram! Temos um caminho muito frutuoso e alegre a percorrer!

ESCOLA DE AGENTES DA PASTORAL DO BATISMO 2018 As inscrições estão abertas! JUSTIFICATIVA

INTERLOCUTORES

O sacramento do Batismo possui uma natureza teológica e perene, isto é, caracteriza no fiel a inserção em Cristo, a incorporação à Igreja, a purificação dos pecados e a filiação adotiva. O Batismo é o sinal da fé pelo qual se opera a graça renovadora e santificadora do Espírito de Deus.

Coordenadores paroquiais e membros atuais e futuros das equipes da Pastoral do Batismo.

Por isso, pais e padrinhos devem ser convenientemente evangelizados a respeito desse sacramento, da inserção na Igreja, na vida comunitária e bem esclarecidos a respeito dos demais elementos da vida cristã. E a essência desse processo deve ser a inspiração catecumenal, ou seja, a preparação de pais e padrinhos para o batismo de crianças deve ser vivencial, personalizada, celebrativa, orante e bíblica. Sendo assim, é indispensável também a boa preparação dos agentes e ministros para o sacramento do Batismo. É preciso insistir que a catequese batismal seja mais vivencial e educativa do que intelectual e instrutiva.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Despertar nos agentes da Pastoral do Batismo a mística da catequese batismal e a consciência de que são discípulos missionários e anunciadores do Reino. - Fornecer os fundamentos teológicos e pastorais para os agentes na preparação de pais e padrinhos, em vista de maior vivencialidade, criatividade e dinamicidade na prática pastoral. - Consolidar a personalização na preparação de pais e padrinhos para o batismo de crianças, com agentes bem preparados para a missionariedade desse ministério.

INSCRIÇÕES DOIS PROCEDIMENTOS PARA INSCRIÇÃO: 1 - PELA INTERNET - Acesse www.arquidiocesedecuritiba.org.br/escoladobatismo2018. - Preencha todos os dados de sua ficha de inscrição, sem abreviar nomes. - As formas de pagamento disponibilizadas serão via BOLETO e via TRANSFERÊNCIA. - O campo DADOS DO COMPRADOR deve ser preenchido com os dados de quem está pagando, ou seja, com o CPF ou CNPJ do pagador, cujo recibo (e voucher) será enviado para o email colocado. - Os demais campos são auto explicativos. 2 - NA CÚRIA METROPOLITANA Av. Jaime Reis, 369 - Alto São Francisco - Comissão da Animação Bíblico-Catequética - Fone: 2105-6318 Traga sua ficha de inscrição preenchida.

INVESTIMENTO Taxa de inscrição: R$ 60,00 por etapa (com refeições inclusas)

LOCAL Casa das Irmãs da Divina Providência Rua Brasilino Moura, 474- Bairro Ahu - Curitiba PR

CRONOGRAMA

ORIENTAÇÕES GERAIS DA PASTORAL DO BATISMO

1ª etapa: 07 de abril – 08h às 17h30 (a 2ª etapa acontecerá em 04 de agosto de 2018)

Os participantes deverão levar Bíblia e o subsídio Catequese Batismal.

EXPEDIENTE COMISSÃO DA ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA: catequese@arquidiocesecwb.org.br. (41) 2105-6318 / Coordenação: Pe. Luciano Tokarski / Assessoria: Regina Fátima Menon. Arquidiocese de Curitiba | Abril 2018

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PE. JOSÉ AIRTON DE OLIVEIRA Pároco da Paróquia São Martinho de Lima Comissão litúrgica da Arquidiocese de Curitiba

Liturgia

Quinta-feira Santa Missa Crismal Que a paz esteja com todos! Estamos vivenciando com alegria nosso tempo pascal, em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos, pois, a festa. Em nossa reflexão, vamos meditar sobre a celebração da Quinta-feira Santa, a Missa Crismal e o sentido dos santos óleos. “A antífona neste dia diz: Cristo Jesus fez de nós um reino e constituiu-nos sacerdotes para Deus, seu Pai” (Ap1,6). Nesse dia, o Arcebispo e seus presbitérios se reúnem na Catedral, onde se celebra a missa que é chamada do Crisma, manifestando a unidade da Igreja particular. Nessa celebração, o bispo e todos os sacerdotes renovam o seu ministério de serviço. Isso acontece porque, segundo a tradição, foi na Quinta-feira Santa que Jesus instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio. Nessa Santa Missa, são abençoados o óleo dos Catecúmenos para o batismo das crianças e adultos e o óleo dos Enfermos, que é levado aos doentes. O Bispo também consagra o óleo do Crisma, que será usado para a celebração do Crisma e nas ordenações de sacerdotes e novos bispos. Após a celebração, esses óleos são levados pelos párocos para suas paróquias e usados na administração dos sacramentos. O cerimonial dos bispos diz que: “Com o santo Crisma consagrado pelo Bispo, são ungidos os recém-batizados e são marcados com o sinal da cruz os que vão ser confir-

mados, são ungidas as mãos dos presbíteros e a cabeça dos bispos, bem como a igreja e os altares na sua dedicação. Com o óleo dos catecúmenos, estes preparam-se e dispõem-se para o Batismo. Por fim, com o óleo dos enfermos, estes recebem alivio na doença. Nessa missa os presbíteros se congregam e nela concelebram, uma vez que, na confecção do crisma, são testemunhas e cooperadores de seu bispo, de cujo múnus sagrado participam, na edificação e condução do povo de Deus. Deste modo, se manifesta claramente a unidade do sacerdócio e do sacrifício de Cristo continuado na Igreja”. Percebemos, então, que a unção do batismo, da crisma e da ordenação sacerdotal conferem ao cristão, que quer dizer ungido, sua característica sacerdotal e seu ministério a serviço do povo sacerdotal. Chamado a servir ao Senhor pela unção do Crisma, presta culto a Deus no cotidiano, oferecendo sacrifícios espirituais através das boas obras. Escolhido para o sacerdócio, serve o povo sacerdotal nas coisas que se referem a Deus. O Evangelho dá sentido à unção que recebemos: proclamar a libertação, curar os cegos, dar liberdade aos oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor. Jesus diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabas de ouvir”. Igualmente pela unção dos santos óleos, que é a efusão do Espírito Santo para o bem da Igreja, realiza-se esta Escritura no hoje da comunidade, através de cada cristão que se une a Cristo pela mesma unção. A Igreja se une a Cristo pela unção, partilha de sua Paixão e morte e chega à Ressurreição com ele.

Fotos da Missa dos Santos Óleos de 2017. Fotografia: Patrick Madeira

EXPEDIENTE COMISSÃO LITÚRGICA: peairton@hotmail.com / (41) 2105 6363 / Coordenação: Pe. José Airton de Oliveira

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DOM AMILTON MANOEL DA SILVA Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba

A CRUZ E O SOFRIMENTO HUMANO Há uma profunda relação entre a cruz de Cristo e as nossas cruzes, a Paixão do Senhor e o sofrimento humano. Nessa relação, o lenho da cruz tem muito a nos ensinar. A pergunta é: Como buscar forças no ícone da morte mais atroz? Quando rezamos a afirmação do apóstolo Paulo, “anunciamos Cristo Crucificado, força e sabedoria de Deus” (2Cor 1,23), certamente nos vem uma profunda inquietação. E não é por menos! A cruz é o símbolo do mal e não deve ser buscada por ninguém. Sua força é destruidora e nada estimulante. O poder exterminador da cruz tem deixado marcas indeléveis nos campos de guerra, nos sistemas políticos injustos, nas estruturas que marginalizam, na violência que ceifa vidas... As armas avassaladoras têm sido o ódio, a ganância e a “insensibilidade que escava abismos intransponíveis para sempre”. (Papa Francisco) A força humana, que possuímos interiormente, não é suficiente para vencermos os desafios da vida porque somos dependentes uns dos outros, nas necessidades físicas, psíquicas e espirituais. A força verdadeira, que nos mantém em pé e no caminho, vem de Deus: “Tudo posso Naquele que me fortalece” (Fl 4,13). O que concluímos é que o sofrimento humano é um mistério que somente pode ser esclarecido à luz da fé. Então, voltemo-nos para o Calvário e veremos que o impulso revolucionário não está na cruz, mas no Crucificado. É Jesus que deu sentido à cruz quando deixou-se crucificar nela e, por isso, nos pediu que façamos o mesmo, para evitar que ela nos arraste e nos esmague (Lc 9, 23-24). A cruz vem ao nosso encontro, como foi ao encontro de Jesus quando Ele assumiu a condição humana, fazendo-se solidário com a nossa pequenez (Fl 2, 5-11). E se intensifica na medida em que assumimos as opções do Mestre (Mt 5, 3-12). Tomá-la é metodologia do seguimento, é atitude de quem descobriu verdadeiramente o que é AMAR: “... amou-os até o fim” (Jo 13,1). O apóstolo Paulo recorda que o sofrimento do cristão é participação na Paixão de Cristo, que traz frutos benéficos para a Igreja (Cl 1,24), e Pedro afirma que isto é motivo de grande alegria (1Pd 4, 13). O escritor Anselmo Grunn, no seu livro “A cruz”, fala que o sofrimento hoje tornou-se um tabu. Não tem direito de existir e as pessoas já não estão dispostas a sentir o que outras sentem. Cada um quer ficar na sua, não quer ser perturbado em sua felicidade privada. Porém, esquecer o sofrimento gera insensibilidade, dureza e isolamento. Quando o sofrimento é suprimido, leva à brutalização da sociedade e as pessoas que sofrem já não sentem que têm direito de existir em nosso mundo. A cruz coloca diante dos olhos que o sofrimento faz parte da nossa própria vida e que há áreas que não podemos tomar nas próprias mãos, mas também sempre nos dirá que não

fomos esquecidos por Deus, pois o Pai olha para nós da mesma maneira que olhou para seu Filho na cruz. Qual a melhor resposta ao sofrimento? Primeiramente, acolher Deus “que sofre conosco”, senti-lo compassivo e solidário, uma vez que tomou sobre si as nossas enfermidades, assumiu nossos pecados e se fez próximo dos enfraquecidos (cf. Is 53). Este Deus que pode nos curar, também é aquele que alivia o peso da cruz, abre a luz pascal depois da noite da dor e enche-nos de coragem, afirmando que “não seremos provados além das nossas forças” (1Cor 10,13) Outra atitude é valer-se da chave de leitura que revela a “força positiva do mal”, porque sempre será possível descobrir o sentido mais profundo da dor. Trata-se da atitude do discípulo, que permanece com os ouvidos abertos, atento ao que o Mestre vai falar (cf. Is 50,4), para crescer em humanidade e santidade, uma vez que “o sofrimento é humano porque nele o homem se aceita a si mesmo, com a sua própria humanidade, com a própria dignidade e a própria missão; e é sobrenatural porque entra no mistério da Redenção do mundo”. (Salvifici Dolores - São João Paulo II) O sofrimento pessoal deve estar conectado com o sofrimento dos outros, do mundo e do planeta, onde a resposta cristã é a compaixão que leva ao cuidado e à solidariedade, pois a cruz abriu espaço no mundo fechado, mostrando que Deus toca todas as áreas da existência terrena. Nesse contexto, as duas hastes do madeiro sempre nos lembrarão: a vertical, que o ser humano está fincado no chão da história e deverá viver voltado para o alto e a horizontal, que deve abrir-se às realidades desse mundo. Rejeitemos toda forma de manipulação ideológica e justificação da humilhação que o tema da cruz possa proporcionar, e tenhamos sempre presente que o sofrimento não é um fim em si mesmo, como a cruz não foi à última palavra de Deus, mas RESSURREIÇÃO! Olhemos para frente e deixemos que o anúncio da Ressurreição do Senhor seja mais forte e ilumine nossa vida, pois cremos que um dia, não haverá mais lágrimas, morte, luto ou dor e a vida será eterna, uma constante alegria (cf. Ap 21, 1-8). O mundo necessita de homens e mulheres ressuscitados que, mesmo na dor, abram portas e acendam luzes; de cristãos que promovam e celebrem a VIDA.

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Conselho de Leigos

MARLON JOSÉ HIGINO DA ROZA Coordenador do Conselho de Leigos de Curitiba

O CONSELHO DE LEIGOS DA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA A Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB escolheu o ano de 2018 (26/11/2017 – 25/11/2018) para refletir e celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil. Quer ainda aprofundar a identidade, vocação, espiritualidade e missão dos leigos e leigas e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade. A intensão especial da Comissão é destacar o laicato como sujeito eclesial transformador, que é “Sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14), e relembrar alguns momentos importantes para o laicato na História, como a Constituição dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II, n. 31: “Aos fiéis leigos e leigas compete, por vocação própria, buscar o Reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo o Criador. Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões, e nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência”. Os 30 anos do Sínodo Ordinário sobre os leigos (1987) e os 30 anos da publicação da Exortação Apostólica Christifideles Laici, de São João Paulo II, sobre a Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no mundo (1988), “Novas situações, tanto eclesiais como sociais, econômicas, políticas e culturais, reclamam hoje, com uma força toda par-

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ticular, a ação dos fiéis leigos. Se o desinteresse foi sempre inaceitável, o tempo presente torna-o ainda mais culpável. Não é lícito a ninguém ficar inativo”, e o estudo e a prática do Documento 105, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade”. Com a mesma ideia, a Comissão 11, ou Comissão do Conselho de Leigos da Arquidiocese de Curitiba, iniciou em 2017 um novo rumo, uma nova leitura para o Conselho de Leigos. O Conselho tem por atribuição promover a vocação e a missão, formação e espiritualidade, organização e atuação do laicato na Igreja particular da Arquidiocese de Curitiba, sobretudo respondendo aos desafios de evangelização no campo da economia, da cultura, das ciências, das artes, da política, da educação, da comunicação, etc. Tem a atribuição de transformar, por dentro, as estruturas sociais. Diante destas assertivas, o Conselho de Leigos quer fortalecer as grandes conquistas alcançadas em sua história na nossa Arquidiocese e se adequar às atualidades sociais, organizacionais e institucionais, apresentando um novo organograma institucional (iniciado em 2017):


• Fé e Cidadania: quer formar cidadania aos membros da nossa Igreja, para ações de uma Igreja em saída. • Pastoral do Empreendedor: cuidado pastoral aos empreendedores. • Conselhos Profissionais e Paritários: a representação da Igreja Católica em organismos extra eclesiais é importante para o projeto missionário. Aqui farão parte os Conselhos de Categorias (ex.: OAB, CRC, MP, Judiciário, CONSEG, etc.) • Cultura: auxiliar a nossa Igreja na evangelização por meio da arte e esporte. • Meio-ambiente: aproximar a Igreja das ações sociais que envolvem o meio-ambiente. • Congregações e Pastorais com Grupos Laicais: participação do laicato dos carismas e pastorais em ações do Conselho. • Núcleo de Comunicação: aproximar a nossa Igreja das assessorias de imprensa das redes de comunicação de nossa Arquidiocese. • 3º Setor: aproximar a Igreja das ações sociais filantrópicas, hospitais e terceiro setor. • Voluntariado: rede de voluntários para diversas ações da nossa Igreja.

Quer saber mais sobre o Conselho de Leigos da Arquidiocese de Curitiba? Entre em contato pelo e-mail: conselhodeleigoscwb@gmail.com ou pela nossa fanpage: conselhodeleigoscwb@gmail.com

A Igreja se torna una na diversidade e na variedade dos seus rostos, pela beleza e profundidade de carismas que formam uma só identidade. As associações de leigos nascidas das congregações na Arquidiocese de Curitiba, como em várias partes do Brasil, vêm se reunido mensalmente numa congregação na qual conhecemos o carisma dos anfitriões. Nessas reuniões, as associações estão organizando seu encontro anual, que ocorre sempre no primeiro final de semana de setembro, e refletindo sobre os diversos carismas presentes em nossa Igreja. Já se vão três anos de encontros, mas ainda não chegamos a todo o universo do laicato presente em nossa Arquidiocese. No entanto, é questão de tempo, como diz o texto sagrado: “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ecl 3:1). Como leigos e leigas, nos consideramos agentes da Igreja no mundo e seguimos o que está fundamentado pelo Vaticano II e demais documentos pós-conciliares. Sendo assim e entendendo o nosso compromisso de Igreja, nos colocamos em diálogo permanente, em que a Igreja é mestre, mas também se insere e se encarna na realidade, sempre aberta ao aprendizado. Das diversas congregações que originamos, somos sujeitos eclesiais, portanto, coerentes e autênticos com a fé que professamos. Entendemos que ser sujeito eclesial é ser testemunha da verdade, buscando o diálogo, o acolhimento, a mansidão, a alegria, o desprendimento, a misericórdia e o amor.

Buscamos permanentemente o encontro com o ressuscitado, para que nos guie em nossas missões. Nossas espiritualidades, por mais diversas que sejam, sempre são parte de um todo muito maior. Ao partilharmos nossas vivências e estilo de vida, somos levados a nos reunirmos ao redor de Cristo e de seus ensinamentos, na presença do nosso Papa Francisco e de nossos pastores. Você, leigo e leiga que participa de alguma congregação e tem vontade de participar desses encontros, entre em contato com o Beto: betomb@gmail.com

Roberto Mistrorigo Barbosa - CVX Nossa Sra Medianeira Representante dos Carismas no Conselho de Leigos da Arquidiocese de Curitiba

EXPEDIENTE CONSELHO DE LEIGOS: Coordenador: Marlon Roza / conselhodeleigoscwb@gmail.com

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Especial

PE. FRANCISCO ANCHIETA CARDOSO DE MUNIZ, MIC. Santuário da Divina Misericórdia

O que é a

Divina Misericórdia?

E o significado da Misericórdia nos dias atuais? Caríssimos irmãos e irmãs, leitores da revista Voz da Igreja, venho através desta partilhar um pouco sobre este grande atributo de Deus que é a Sua Misericórdia. Desde já, saliento que aquilo que se fala sobre a Divina Misericórdia a partir da devoção propagada em nosso tempo, enquanto Misericórdia infinita, jamais poderá defini-la naquilo que ela é em si mesma. Se fosse para resumir em poucas palavras, poderíamos dizer que a Divina Misericórdia é o amor infinito de Deus por seus filhos e filhas.

dade em si, um invento novo que, às vezes, acaba por ainda encontrar algumas resistências. Na realidade, a Divina Misericórdia, enquanto devoção, se refere a uma forma contemporânea de falar e experimentar o amor misericordioso de Deus para com a humanidade. De um ponto de vista do Diário de Santa Faustina, podemos dizer que é: “[...] a transmissão de novas formas do culto da Misericórdia Divina, cuja prática haverá de conduzir à renovação da vida cristã em espírito de confiança e misericórdia” (Diário, p. 8–9).

No entanto, para chegarmos a isso, faz-se necessário falar da Divina Misericórdia enquanto uma devoção que, hoje, é proclamada, divulgada e buscada em diversas partes do mundo. Uma devoção que surge ainda no século XX, mais especificamente na Polônia – entre os anos 1930 e 1938 –, através da experiência vivida por uma religiosa chamada Irmã Faustina - hoje Santa Faustina, que nasceu no ano de 1905 e faleceu em 1938.

Uma vez mencionado o Diário de Santa Faustina, fazse necessário esclarecer que ele se trata de um livro no qual a religiosa relata sua experiência da misericórdia – relatos feitos, mais especificamente, nos seus últimos quatro anos de vida, entre 1934 e 1938. O diário é, além da Sagrada Escritura e os documentos da Igreja, uma das bases de orientação para essa devoção. Nele, encontramos todos os aspectos trabalhados na devoção, desde as explicações sobre o quadro de Jesus misericordioso e seu significado, o Terço da Misericórdia, a Festa da Divina Misericórdia, as obras de misericórdia, etc. Tudo isso, hoje, é aprovado e oficializado pela Igreja, quebrando a ideia que ainda pode insistir de que se trata de um culto ou devoção particular.

Ao longo da história, percebemos que diversas são as formas pelas quais Deus se revela e cuida do seu povo, o que se dá em fatos – dos quais encontramos relatos mais antigos, na Sagrada Escritura, mas também em outros escritos históricos, quando compreendidos de um ponto de vista da fé. Esse cuidado também se dá através de pessoas que, a exemplo de Faustina, vivem suas experiências pessoais como benefícios particulares, mas são especialmente colocados a serviço de outros. Outras devoções também podem servir de exemplo, dentre as quais cito a do Sagrado Coração de Jesus, o qual é “manso e humilde” – muitas pessoas experimentaram e partilharam essas vivências. É importante salientar também que a Misericórdia Divina enquanto devoção não se trata de uma novi-

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Chamo a atenção para o fato de que não basta conhecer, saber tudo sobre a Divina Misericórdia, falar ou experimentar apenas. A Misericórdia precisa ser vivida e praticada! Para isso, tomemos, portanto, a ideia de que “Deus amou o mundo de tal maneira, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 16–17). Aqui, percebemos que não estamos simplesmente a mercê de nossa sorte.


Voltando um pouco na História – ali estão as marcas dos desafios de cada tempo, enfrentados pela humanidade, uns maiores outros menores – percebemos que a humanidade não para nos problemas e desafios de suas épocas, mas continua até chegar aos nossos dias. E, independente do que aconteceu, é notável a ação do Deus libertador que cuida e está sempre atento às necessidades do seu povo. Enxergamos a ação do Deus que se mantém fiel, mesmo quando esse povo age com infidelidade. Isso gera um questionamento sobre a situação em que o mundo e a humanidade vivem na atualidade. Reflitamos: será que não precisamos buscar mais a Deus? Claro que deve existir uma responsabilidade e comprometimento, social, político, homem e sociedade. Mas onde Deus se encontra neste momento da nossa História? O mundo sofre, a humanidade sofre. Guerras, desrespeito, egoísmo, corrupção, inversão de valores, que geram, cada dia, cada vez mais desconfiança, desespero, esvaziamento, violência. Em meio a tudo isso, o maior desafio está no resgate da confiança e da esperança no Deus que jamais abandonou seus filhos e filhas, seu povo eleito. Nisso, a mensagem e a devoção à Divina Misericórdia, conforme revelada a Santa Faustina, para os nossos tempos, se atualiza como algo urgente para a humanidade. Poderíamos dizer que a própria Misericórdia é o grande grito de Deus pedindo que seu povo se volte com confiança para Ele, para sua Misericórdia. Em seu diário, Faustina escreveu como sendo as próprias palavras de Jesus: “As almas se perdem, apesar da Minha amarga Paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, [...]” (D. 965). Ou ainda, “A humanidade não encontrará paz enquanto não se voltar com confiança para a Minha misericórdia” (D. 300). Disso, podemos perceber e reafirmar a presença cuidadosa de Deus que, mais uma vez, quer cuidar, libertar e direcionar os seus, envolvendo-os, restaurando-os com a Sua misericórdia e transformando-os em instrumentos de misericórdia na vida dos outros. Que o próprio Deus nos capacite a acolher o seu apelo e que, aderindo ao seu projeto redentor, digamos sempre: Jesus, eu confio em Vós!

Santa Faustina

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Especial

PE. SÉRGIO NISHIYAMA, SDM Superior geral do Instituto dos Servos da Divina Misericórdia

Ressurreição:

SINAL QUE COROA TODA A MANIFESTAÇÃO DO AMOR MISERICORDIOSO NO MUNDO

Na introdução da Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, Misericordiae Vultus, o Papa Francisco afirma que “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré” 1. De fato, não podemos negar que essa é uma verdade contida nas Escrituras que acolhemos com fé e que queremos anunciar a todos. Boa Nova que nos diz que o Pai das Misericórdias, na plenitude do tempo (Gl 4,4), mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo, o seu amor. Jesu,s diante do pedido de Filipe para que Ele lhes mostrasse o Pai, respondia que “Quem O vê, vê o Pai” (cf. Jo 14,9). Portanto, com sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus2.

A misericórdia revelada na Cruz e Ressurreição Jesus Cristo é o Verbo que se fez carne para nos salvar. Ele veio para mostrar o amor infinito que o Pai tem para com os homens. “Com o seu estilo de vida e com suas ações – dizia São João Paulo II - Jesus revelou como está presente o amor no mundo em que vivemos, o amor que se dirige ao homem e abraça tudo aquilo que forma a sua humanidade. Tornar presente o Pai como amor e misericórdia é o ponto de referência fundamental da sua missão de Messias”3. Sendo o mistério pascal a essência e o cume de toda a vida e missão de Jesus, a fé da Igreja não pode fazer menos que proclamar este mistério como o ponto máximo deste amor que se torna misericórdia, porque precisamente o modo e o âmbito em que se manifesta o amor são chamados na linguagem da Bíblia “misericórdia”4. É no mistério da Cruz que Deus Pai exprime toda a verdade a respeito da sua Misericórdia, porque revela deste modo a grandeza do ser humano, nunca vista antes. E, ao mesmo tempo, permite-nos descobrir de modo mais concreto e histórico a profundidade daquele amor que não retrocede diante do extraordinário sacrifício do Filho5. São João Paulo II escreve que esta descoberta faz São Paulo escrever –resumindo em poucas palavras a profundidade do mistério da Cruz - “Àquele que não conhecera o pecado, Deus tratou-o por nós como pecado”6, e tudo isto para dar vazão à sua plenitude de justiça e do amor, pois a justiça funda-se no amor, dela promana e para ele tende. Esta justiça poderíamos chamar propriamente de justiça “à medida” de Deus: nasce toda ela do amor, do amor do Pai e do Filho, e frutifica inteiramente no amor7. Mas esta justiça “paga” na Cruz por Cristo não é na realidade, embora pareça, a última palavra da sua mensagem e da sua missão de Messias: a Cruz nos leva para a última palavra que está no anúncio da Ressurreição. Na Ressurreição, Cristo revelou o Deus do amor misericordioso, precisamente porque aceitou a Cruz como caminho para a ressurreição e porque experimenta em si, de modo radical, a misericórdia, isto é o amor do Pai, que é mais forte do que a morte. Ele revela-se a si mesmo como fonte inexaurível da misericórdia, daquele amor que deve perenemente demonstrar-se mais forte do que o pecado. Cristo ressuscitado é a encarnação definitiva da misericórdia, o seu sinal vivo8, agora no tempo humano da salvação e para sempre, para a eternidade.

1 Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário Misericordiae Vultus, 1. 2 Ibidem, 1. 3 cf. Carta Encíclica Dives in misericordia de João Paulo II, 3. 4 cf. Ibidem, 3.

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5 cf. Ibidem 7. 6 2 Cor 5,21. 7 Dives in Misericordia, 7. 8 Ibidem, 8


A Imagem da Divina Misericórdia: representação artística do Cristo Pascal É importante trazer aqui o significado da muito conhecida e difundida imagem de Jesus Misericordioso, no que diz respeito à sua relação com o Mistério Pascal9: Em 1934, Nosso Senhor explica-lhe alguns detalhes: “Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha misericórdia, quando na Cruz, o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança”10. Mais adiante, chama-nos a atenção para um detalhe muito significativo: “O Meu olhar, nesta Imagem, é o mesmo que eu tinha na cruz”11. Fica bem patente, portanto, que nesta representação artística encontramos de um modo emblemático o Cristo Pascal, o Crucificado-Ressuscitado – ou seja, Jesus que traz tanto os sinais do sofrimento como os sinais da glorificação. Com sua Páscoa, inaugura-se um novo tempo para a humanidade, no qual mais e mais os seus “inimigos” são vencidos – o demônio, o pecado, a morte. Ele continua a sua missão terrena, e por isso a imagem o representa caminhando (vindo ao nosso encontro) como “amigo” a nos abençoar (mão direita) e a nos apresentar o “trono da graça” (mão esquerda). Como a festa da Misericórdia se celebra no 2º domingo da Páscoa (Domingo da Divina Misericórdia), é interessante ver que a Liturgia nos apresenta o relato de Jo 20,19-31, no qual o Senhor Ressuscitado apresenta aos Apóstolos “as mãos e o lado”, convidando Tomé – e a todos – à confiança: “não sejas incrédulo, mas crê!”. Sem sombra de dúvida, a imagem de Jesus Misericordioso é uma das mais belas representações da arte cristã do Senhor Ressuscitado, que, apesar das portas fechadas, se apresenta no meio dos seus – ontem, hoje e sempre! – e diz: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu!” (Lc 24,39). Do ponto de vista teológico, não apenas a cruz revela a glória da misericórdia divina, mas também o sepulcro vazio: “Jesus ressuscitado afirma a resposta misericordiosa de Deus [Pai] a este [seu] amor de autodoação”12. Particularmente, os sinais da paixão que o Ressuscitado apresenta – nos Evangelhos e na imagem divulgada a partir de S. Faustina – são uma das mais maravilhosas marcas da insondável misericórdia divina em nosso favor, como assevera São Beda, o Venerável: “…para fazer os fiéis redimidos compreender com quanta misericórdia foram socorridos”13.

“Agora... é tempo de olhar adiante e compreender como se pode continuar, com fidelidade, alegria e entusiasmo, a experimentar a riqueza da misericórdia divina.” As palavras do Papa Francisco no fim do Jubileu14 nos fazem recordar que a experiência da riqueza da misericórdia divina não acaba nunca. Ela estará presente onde houver um só homem ou mulher, sobretudo quando o mal e o pecado tiverem deformado a imagem e a semelhança de Deus que cada pessoa traz em si, tirando delas a sua dignidade de filho ou filha de Deus. A experiência do Amor de Deus através da sua misericórdia é algo que não pode ser estagnado, mas vivido com fidelidade, alegria e entusiasmo. Jesus Cristo nos ensina que o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é chamado a também ter misericórdia para com os outros: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”15 (Mt 5, 7). É o próprio Jesus que insiste para Santa Faustina a exigência de viver esta bem-aventurança, propondo três modos para podermos exercitar a misericórdia para com o próximo: “Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te. Eu te indico três maneiras de praticar a misericórdia para com o próximo: a primeira é a ação, a segunda a palavra e a terceira a oração. Nesses três graus repousa a plenitude da misericórdia, pois constituem uma prova irrefutável do amor por Mim. É deste modo que a alma glorifica e honra a Minha misericórdia” . Assim, “existe uma tríplice forma de praticar a misericórdia: a palavra misericordiosa − pelo perdão e pelo consolo; em segundo lugar − onde não é possível pela palavra, a oração − e isso também é misericórdia; em terceiro − obras de misericórdia. E, quando vier o último dia, seremos julgados segundo tais disposições e, de acordo com isso, receberemos a sentença eterna”17.

9 Parte do texto contido no site misericoria.org.br dos Padres Marianos, Santuário da Divina Misericórdia, Curitiba, Paraná. 10 Diário de Santa Faustina 299. 11 Ibidem, 326. 12 Comissão Teológica Internacional, Teologia da Redenção, p. II, n. 13; cf. 1Pd 1,3.

13 in Sto. Tomás, Suma Teológica. 14 Carta Apostólica Misericordia et misera, 5. 15 Mt 5,7. 16 Diário de Santa Faustina, 742. 17 Ibidem, 1154-1158.

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MARA E MARCELO AVELINO Coordenação SOS Família

Família e Vida

Toda a vida familiar é um “pastoreio” misericordioso Esta afirmação do Papa Francisco nos leva a mergulharmos profundamente na realidade do amor conjugal dando-nos a dimensão do compromisso assumido diante de Deus, de sermos fieis ao nosso sim, e cuidarmos uns dos outros. Assim consagrados, no Sacramento do matrimonio, assumimos o papel de pastorear um ao outro, de dar a vida um pelo outro, a fim de que cada um cresça na união com Deus de modo que “as famílias alcancem pouco a pouco, com a graça do Espirito Santo, a sua Santidade através da vida matrimonial”. (Papa Francisco,1) Diante desta realidade de reciprocidade no amor, que tem como centralidade a cruz de Cristo encontramos a dimensão divina do amor humano que vê o outro em sua totalidade e eleva o amor conjugal a uma experiência espiritual profunda, como afirma o Papa, “que contempla o outro com os olhos de Deus, reconhecendo Cristo nele”. Assim, a pessoa amada, merece toda a nossa atenção, pois ela tem uma dignidade infinita por ser objeto do amor imenso do Pai. (2) Assim, O Papa nos exorta, “Os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhas da fé um para o outro, para com os filhos e demais familiares. Deus convida a gerar e cuidar. Prestemo-nos cuidados, apoiemo-nos e estimulemo-nos mutuamente, e vivamos tudo isto como parte de nossa espiritualidade familiar. O amor de Deus exprime-se através das palavras vivas e concretas com que o homem e a mulher se declaram ao seu amor conjugal. Assim, os dois são entre si reflexo do amor divino, que conforta com palavras, o olhar, a ajuda, a carícia, o abraço.” (3) É bem certo, que o amor se expressa de diferentes formas, e o desejo de amar e cuidar um do outro é espontâneo, mas somos influenciáveis por tantas circunstâncias externas que, fragilizados por elas, nos tornamos insensíveis. O nosso coração se endurece desviando-se do amor agindo de forma egoísta e orgulhosa. Diante desta postura de soberba, geralmente defensiva, como é da nossa natureza humana, o coração se torna racional e questionador, desviando-se do amor.

os olhos fixos em Jesus crucificado, é que encontraremos o sentido para superar as nossas fragilidades. Ali, na cruz, em seus sofrimentos encontramos todos os nossos sofrimentos. (1) Quando vivemos situações difíceis e a aliança se quebra em nosso relacionamento conjugal, podemos unir nossa dor à sua dor. Oferecer nossas pequenas gotas de escuridão, de desolação de medo, de pecado, pelo erro cometido ou pelo perdão retido em seu mar de agonia. Assim, nos esvaziamos de nossos pesos de nossas misérias, nos encontramos diante do amor maior que nos recorda que aquele momento na cruz foi vivido por nós. Vazios de nós mesmos, nos preenchemos de seu amor. É certo que Deus não precisa de nossas ofertas, mas se agrada com um coração generoso que oferta suas misérias por amor e gratidão. Quando doamos nosso sofrimento a Deus nos assemelhamos a Ele. Doamos misérias e recebemos amor. (4) Neste encontro íntimo com Jesus Abandonado, sentimos o amor se renovar em nossos corações. Somos revestidos pelo Espirito Santo e capacitados a ter um coração sempre mais manso, bondoso, fiel, paciente. (Gal 5) Vamos adquirindo pouco a pouco, no encontro com a cruz, a força, e a confiança de que jamais estaremos sós. Assim, quando o coração se sente restaurado pelo amor de Deus, já não estamos mais preocupados com a ofensa recebida ou a dor pela nossa atitude de descaso com o outro. A paz que esta comunhão nos traz impulsiona-nos em direção ao perdão. Nutre a realidade e a alegria por estarmos nesta vida conjugal um pelo outro, para pastorearmos um ao outro. Que a sagrada família nos inspire a viver, segundo a vontade de Deus, como consagrados em matrimônio e que a presença viva de Cristo dentro de cada um de nós nos encoraje a amar como ele amou, sendo misericordiosos uns como os outros como ele foi misericordioso com cada um de nós. Sagrada Família. Rogai por nós!

Por isso, aquele que pastoreia deve ter seu coração e sua mente fixos ao coração de Cristo, em comunhão com a sua cruz. Pois os dias difíceis chegarão e, somente com EXPEDIENTE (1) (2) (3) (4)

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Papa Francisco, Amoris Laetitia. parágrafo 317 Papa Francisco, A.L. parágrafo 323 Papa Francisco, A,L. paragrafo 321 Lubic,Chiara, O grito, Cidade Nova.

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COMISSÃO DA FAMÍLIA E VIDA: Assessor Eclesiástico: Diácono Juares Celso Krun. Sonia Biscaia – soniaabs@arquidiocesecwb.org.br / 2105-6309


PE. ANDERSON MATHIAS BONIN BUENO Padre Referencial da Pastoral do Dízimo

Dízimo

PASTORAL DO DÍZIMO

O Caminho de Emaús: Fica conosco, Senhor! Quando olhamos para a estrada que está entre Jerusalém e Emaús, não é difícil de perceber o caminho da nossa própria vida. Quando criamos as nossas expectativas sobre as coisas de Deus ou sobre as pessoas e somos frustrados em nossos projetos, nos vem a tristeza: “Por que estais tristes?” (Lc 24,17). Porém, da mesma forma como Jesus interroga os discípulos do caminho, também interroga a nós. Podemos estar andando pela estrada no caminho contrário, mas Ele vai conosco até entendermos o lado certo do nosso destino. “E, começando por Moisés e percorrendo todos os Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que a Ele dizia respeito.” (Lc 24,27). Jesus Ressuscitado não é simplesmente como antes. Ele está verdadeiramente caminhando com os discípulos, mas a Ressurreição introduziu algo novo na criação. Este mundo não pode mais contê-lo, pois ele já vive em eternidade. Assim, é preciso reler as Sagradas Escrituras a partir de Jesus para que elas tenham seu verdadeiro sentido: o mundo todo precisa ser reinterpretado pela Ressurreição para chegar à Verdade. O Ressuscitado deseja revelar-Se aos discípulos. Deus é gentil, Ele espera que os discípulos Lhe convidem para a intimidade, finge ir mais adiante! “Eles, porém, insistiram, dizendo: permanece conosco senhor, pois cai a tarde e o dia já declina” (Lc 24,29). “Jesus tomou lugar à mesa com os dois, pegou no pão, pronunciou a bênção, partiu-o

e deu-o aos dois. Foi naquele momento que se lhes abriram os olhos”1. É a partir de um gesto de caridade, de doação, de amor ao próximo que o “senhor” se transforma em “Senhor”. Partindo o pão que eles Lhe deram, Cristo se revela e eles Lhe reconhecem. Todo fiel evangelizado é chamado à partilha pelo dízimo, a pôr os seus bens a serviço de Deus. Um verdadeiro dizimista é fruto de um encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado! Quem não entende o dízimo provavelmente não fez essa experiência. Uma vez fiz uma colocação no CPP da paróquia, devido à catequese ter resistência em implantar o dízimo infantil, visto que a maioria dos próprios catequistas não eram dizimistas. Eu disse e reafirmo: se alguém no CPP não é dizimista deve tomar uma decisão, ou torna-se de fato dizimista ou deixa o Conselho. A vida pastoral é o testemunho do Ressuscitado ao mundo, mas como se pode testemunhar se a própria pessoa não está evangelizada, não fez a experiência do Ressuscitado? O Papa Bento XVI escreve: “A história dos discípulos de Emaús termina referindo que os dois encontram em Jerusalém os onze discípulos reunidos e são saudados por eles com as palavras: “Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão” (Lc 24,34).2 Eles compreendem que seu destino não é a tristeza de Emaús, mas a alegria de Jerusalém, pois é lá que está a Igreja, testemunha do Ressuscitado.

1 Bento XVI, Jesus de Nazaré. Planeta, 2011, 241. 2 Idem, 223.

EXPEDIENTE

COMISSÃO DA DIMENSÃO ECONÔMICA E DÍZIMO: Coordenador da Comissão: João Coraiola Filho. Padre Referencial da Pastoral do Dízimo: Pe. Anderson Bonin Coordenador da Pastoral do Dízimo: Wanderley Zocolotti. Pastoral do Dízimo: (41) 2105 6309 - Sonia Biscaia - Secretária

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MARIA ANGÉLICA KROETZ KOVALHUK Assessora da IAM

COMIDI

De todas as criançase adolescentes do mundo, sempre amigos!

Num clima de muito entusiasmo, alegria e espiritualidade, aconteceu a Assembleia Estadual da Infância e Adolescência Missionária (IAM) em Ibiporã, norte do Paraná. O encontro foi realizado no Centro de Animação Missionária do PIME entre os dias 2 e 4 de março de 2018 e contou com a assessoria do Pe. Marcondes Martins Barbosa, do Conselho Missionário Diocesano (COMIDI) de Curitiba. A Assembleia teve a participação de 13 dioceses e de aproximadamente 50 assessores, coordenadores e colaboradores. Em alguns momentos, também estiveram presentes os padres do PIME, Pe. Josef e Pe. Gianfranco, e a presença entusiasta do Pe. Paulo de Coppi, fundador do jornal Missão Jovem. O tema “Protagonismo da criança e do adolescente” foi explanado com criatividade e dinamismo. Algumas questões foram levantadas: como agem e atuam os assessores? Como é desenvolvido o protagonismo nas crianças e adolescentes? Qual a importância das crianças e adolescentes na vida das nossas comunidades? Como atuam? As crianças e adolescentes da IAM são os protagonistas da missão e o assessor é aquele que dá suporte, facilita, incentiva e acompanha esse movimento. Na Assembleia, Pe. Marcondes alertou os assessores para não travar a criatividade, a espontaneidade e a potencialidade das crianças e adolescentes, dando o exemplo de Samuel “Fala Senhor que teu servo escuta” (1 Sm 3) - e da multiplicação dos pães (Mc 6, 30-44), ofertados por uma criança. Esses textos nortearam o ver e o ouvir para anunciar como Deus sintoniza através das crianças, impelindo-as como colaboradoras ativas da missão. Através da sua mistagogia, a IAM desenvolve nas crianças e adolescentes o encantamento e o ardor que asseguram o envolvimento numa verdadeira “ciranda” de amor. Como atitude primeira para a próxima Assembleia, serão convocados os coordenadores mirins para somar experiências. Os coordenadores regionais da IAM, Márcia e Pércio, apresentaram os eixos norteadores do plano de ação da

IAM – POM para os próximos anos. Os eixos norteadores são: Formação, Comunicação e Missão. Para cada eixo, foram apresentadas ações importantes e urgentes e foram formadas equipes, que encaminharão a execução das propostas apresentadas pelos grupos de trabalhos. Outro momento importante da reflexão foi a apresentação e a análise dos resultados da Sondagem realizada pelas POM, na qual 1.033 grupos responderam ao questionário: desses, 21% são da Região Sul e 118 são do Paraná. Nessa pesquisa, os itens abordados foram: desafios, sonhos, destaques, atividades desenvolvidas, parcerias, entre outros. Finalizou-se essa análise com a frase de Cora Coralina: “Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração”. Urge dar espaço aos coordenadores mirins nas paróquias e acompanhar os grupos que se iniciam. Na Assembleia, foi eleita a nova coordenação da IAM. São eles: Noeli Aparecida Romano de Oliveira e o esposo Leandro de Oliveira (Diocese de União da Vitória), casal coordenador; Adelaide e o esposo Hilário (Diocese de Foz do Iguaçu), casal tesoureiro; Nadir Tivo Barros Vieira (Arquidiocese de Maringá) e Lúcia (Arquidiocese de Londrina), secretárias. A nova coordenação contará com a cooperação de todos. Os participantes agradeceram pela ação inovadora, intensa e corajosa do casal Pércio e Márcia na divulgação, animação e formação nas dioceses do Paraná. A avaliação da Assembleia foi bastante positiva e todos elogiaram a organização e a dinâmica realizada, o local, a acolhida, o conteúdo, a participação de todos, a presença dos padres do PIME, os momentos de oração e as celebrações. A Assembleia é um momento especial para que assessores e coordenadores estreitem laços de amizade e partilhem gestos concretos realizados nas dioceses de todo o Paraná. Encerrou-se essa com a Celebração do Envio de todos os missionários.

EXPEDIENTE

CONSELHO MISSIONÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA: Coordenador: Padre Marcondes. Telefone: 2105-6375. pe.marcondes@yahoo.com.br Secretária: Elania Bueno. Telefone: 2105-6376. elaniacmb@arquidiocesecwb.org.br

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IRMÃ VIVIANI MOURA IRMÃ PAULINA

PASCOM

Desde 1967, a Igreja Católica comemora o Dia Mundial das Comunicações, recomendado pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). No dia 24 de janeiro, data em que a Igreja faz memória de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, o Papa publica uma mensagem sobre assuntos pertinentes e atuais referentes à comunicação. Neste ano de 2018, o Papa Francisco lançou a mensagem para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado no dia 13 de maio, com o tema: “A verdade vos tornará livres (Jo 8, 32). Notícias falsas e jornalismo de paz”. As notícias falsas - ou Fake News, termo usado para mencionar as notícias fabricadas sem nenhuma base na realidade, mas que são apresentadas como fatos, gerando desinformação e boatos - são publicadas com o objetivo de conseguir ganhos financeiros ou políticos e geralmente são apresentadas com manchetes exageradas e atraentes. Com as redes sociais digitais, as pessoas sabem das notícias quase em tempo real e têm facilidade em divulgá-las, sejam verdadeiras ou falsas. Estas postagens contribuem na disseminação do fenômeno “Fake News”. Nesse sentido, as pessoas se servem da tecnologia não de maneira ética em benefício de uma sociedade mais humana e democrática, mas com atitudes duvidosas. Ao falar sobre a temática, a Igreja demonstra preocupação em colaborar no combate às notícias falsas e aos boatos divulgados nos veículos de comunicação tradicionais e nas redes sociais digitais. Papa Francisco enfatiza que cada um é responsável na comunicação da verdade. “As notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É isto que leva, em última análise, à falsidade”, afirma o pontífice. Sobre as pessoas que são geradoras ou produtoras de conteúdo, o Papa convida para que promovam uma comunicação construtiva, respeitando a dignidade humana, pois, no centro da notícia, está a vida das pessoas. Francisco pontua: “Que se promova um jornalismo de paz, sem entender, com esta expressão, um jornalismo “bonzinho”, que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos. Pelo contrário, penso num jornalismo sem fingimentos,

Para ler a Mensagem do Dia Mundial das Comunicações, acesse o QRCODE:

hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; (PAPA FRANCISCO, 2018) Notícias falsas muitas vezes são escritas por pessoas que não são jornalistas. Ou ainda, a falta de apuração jornalística pode, sem o propósito, propagar uma Fake News. Mesmo notícias verdadeiras, quando fora de contexto ou data também podem causar alarme. Ao consumir uma notícia, o leitor precisa averiguar a veracidade do fato antes de sair compartilhando na rede. É preciso bastante cautela.

Dicas para identificar uma notícia falsa: 1. Não leia somente o título. Ele pode estar distorcido para chamar a atenção e o conteúdo do fato não estar coerente com o título da matéria; 2. “Desconfie” de manchetes apelativas, em geral têm letras MAIÚSCULAS e muita exclamação; 3. Observe a fonte, ou seja, quem está publicando, se é confiável, se tem boa reputação; 4. Observe que as Fake news costumam ter erros ortográficos e diagramação estranha; 5. Confira a data, que podem ser antigas ou alteradas. Também verificar se é opinião ou fato; 6. Compare com outras reportagens. Veja se veículos de informação confiáveis publicaram o mesmo assunto; 7. Observe as fotos e os vídeos, que costumam ser manipulados; 8. Na dúvida, não compartilhe; Neste caso, o antídoto para a mentira é a investigação antes de espalhar nas redes sociais digitais sem ter certeza. Estamos em ano eleitoral e torna-se necessário uma maior atenção. É importante “desconfiar” primeiro, antes de sair compartilhando. Essa atitude está de acordo com a proposta da Campanha da Fraternidade deste ano, “Fraternidade e superação da violência”, pois o ambiente digital também se torna espaço para promover a paz, a cultura da tolerância, do respeito, sobretudo com as pessoas que têm posicionamentos diferentes. Estaremos, assim, contribuindo com uma sociedade aberta ao diálogo e ajudando na diminuição da violência midiática.

EXPEDIENTE

PASCOM: Antonio Kayser | Telefone: 99965-1635 E-mail: antonio.kayser@gmail.com. Arquidiocese de Curitiba | Abril 2018

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PADRE FRANCISCO SANTOS LIMA Missionário Redentorista e Assessor da Pastoral do Povo em Situação de Rua na Arquidiocese de Curitiba

Campanha da Fraternidade

O tema da Campanha da Fraternidade (CF) em 2018 é “Fraternidade e superação da violência” e o lema “Vós sois todos irmãos”. A proposta é enfatizar a superação da violência, mapeando onde acontecem estes tipos de situação e dar notoriedade para ações que lutam pela paz. Atendendo ao chamado da CF 2018, a Revista Voz da Igreja apresenta nas páginas a seguir a reflexão sobre práticas relacionadas com a superação da violência.

EM CRISTO, COM O POVO EM SITUAÇÃO DE RUA, SOMOS TODOS IRMÃOS Uma chave de compreensão das pessoas que estão nas ruas à luz da Campanha da Fraternidade “Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza; ora, quem me despreza, despreza Aquele que me enviou.” (Lc 10,16)

A Pastoral do Povo de Rua visa, no interior da sua missão, ser presença junto às pessoas em situação vulnerável aqui em Curitiba. É chamada a ser sinal profético de Deus e, ao mesmo tempo, perceber os sinais de Deus presentes na vida do povo de rua. É lugar de registro de afetos. Espaço de memória coletiva nas rodas de conversas. Casa da acolhida. Lugar do pão partilhado. Escola de comunhão. Síntese substancial do lema da Campanha da Fraternidade: “Em Cristo somos todos irmãos” (Mt 23,8), que perpassou as paredes do tempo quaresmal e continua a redesenhar suas reflexões neste tempo pascal. É vivência de uma dimensão essencial da missão da Igreja: a prática do amor aos pobres e a todos os que sofrem injustiças por estarem em situação de rua. A Pastoral busca desenvolver ações que transformem a situação de exclusão em projetos de vida em abundância para todos (cf. Jo 10,10). Conduzida pela sabedoria do Espírito Santo, a Pastoral do Povo de Rua dá continuidade ao mandado do Senhor: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver” (Mt 25,35-36). Ao fazer a opção pelos empobrecidos e pela vida, a Pastoral do Povo de Rua vai dando contornos à superação da violência. Toma o caminho que, através de Jesus Cristo, vai na direção do Deus amor. Um Deus que ama profundamente os moradores em situação de

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rua, com um amor total, incondicional, desmedido, sem reservas; é esse amor que os levanta e os motiva a viver. Oferece-lhes um mundo novo de vida plena. Ressignifica o sentido da Felicidade. É uma pastoral que apresenta aos pobres a face de Jesus misericordioso, que vai ao encontro dos desvalidos, e aplica a misericórdia de Deus para com quem está no sofrimento, sem esperança. “Não são os que têm saúde que precisam de médico, e sim os enfermos. Não vim chamar para a conversão os justos, mas os pecadores” (Lc 5,31-32). Não sem razão, já que Jesus veio para os sem esperança, os abandonados, os que não encontram uma saída para a situação em que vivem. “Andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos, porque Deus estava com ele” (At 10,38).


Este pensamento também resume a atividade da Pastoral do Povo de Rua: seu interesse para com os pobres, os aflitos, os marginalizados de Curitiba. Aqui se encontra o distintivo pastoral, nas palavras do próprio Jesus: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35). Componente fundamental do seu seguimento em Jesus e sinal visível que anuncia a presença do Reino. O amor sem medidas - no seio desta reflexão – é causa de superação da violência para os moradores em situação de rua que buscam a libertação. Torna-se o ânimo que os estimula no caminhar rumo à vida plena. É uma experiência que mostra, dia após dia, como a indiferença do ser humano face a Deus e às suas propostas gera violência, opressão, exploração, exclusão e sofrimento. Nesta leitura, há um convite claro: escutar e pautar as opções que fazemos pelas propostas de Deus. A perspectiva desse pensamento oferece aos moradores em situação de rua a oportunidade de um novo começo. Aponta o sentido da esperança. Ou seja, o Deus que nos é proposto dá sempre aos seus filhos e filhas a oportunidade de recomeçar, de refazer absolutamente tudo, inclusive o caminho da esperança e da vida nova. Assim, a Pastoral do Povo de Rua partilha o próprio rosto de Deus entre as pessoas em vulnerabilidade. Nestes tempos atuais, inserido no contexto curitibano, o serviço pastoral junto aos pobres abre horizontes de esperança e nos convida a embarcar na apaixonante aventura da vida nova. Nasce, seguindo essa mesma linha de reflexão orante, a espiritualidade como experiência de fé fecundada pelo compromisso com a pessoa concreta de Jesus. Pessoa esta identificada com os moradores em situação de rua, com os pobres e oprimidos, marginalizados e excluídos. Por isso, essa é a prática pastoral e o cerne de toda a nossa atividade missionária. “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 6,40). “Quem ajuda o pobre empresta a Deus, que lhe dará a recompensa devida” (Pr 19,17). Isto porque quem o toca, “toca a pupila dos olhos de Deus” (Zc 2,12). Aqui em Curitiba, a Pastoral do Povo de Rua é ainda parceira de diversas organizações da sociedade curitibana, especialmente com outras pastorais sociais, na luta pela justiça e pelo bem comum. Toca-nos profun-

damente, entre as parcerias, todas as quintas-feiras, a dimensão ecumênica com a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, na Catedral São Tiago, localizada na Avenida Sete de Setembro, 3927, centro de Curitiba. Neste local, promove-se terapia comunitária integrativa através do acolhimento aos necessitados, serve-se café da manhã e almoço; partilham-se conversas e escuta, além de se promover encaminhamentos sociais. É ação em conjunto, sempre aberta ao diálogo. Construção da coletividade comunitária. Podemos dizer de uma prática da democracia participativa. Assim, a Pastoral do Povo de Rua deseja, com sua inserção missionária, que a Igreja seja verdadeiramente uma Igreja discípula missionária, que está à escuta da Palavra; uma Igreja fraterna, amorosa e alegre de mãos dadas na pluralidade de ministérios em nossas comunidades; uma Igreja serva e pobre, simples e humilde, com os pobres e para os pobres; mais aberta à ternura da missão do que a conversas alheias e levianas que nada edificam o Reino de Deus; uma Igreja que tenha olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs de rua; inspirada nas palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos, a exemplo de Cristo (Oração Eucarística VI-D - Jesus que passa fazendo o bem – Missal, p. 860). “Sejas essa a maior alegria de nossas vidas entregues. E que o mundo atual, que procuras às vezes com angústia, às vezes com esperança, possa assim responder à Boa Nova, não através de evangelizadores tristes e desalentados, impaciente e ansiosos, mas através de Ministros do Evangelho, cuja vida erradia fervor de quem recebeu a alegria de Cristo e aceita consagrar a sua vida à tarefa de anunciar o reino de Deus e de implantar a alegria no mundo. Recuperamos o valor e audácia apostólicos” (Documento de Aparecida, n. 552). Eis a mensagem de libertação da Pastoral do Povo de Rua, que promove verdadeira experiência física do rosto misericordioso de Deus, desperta no coração dos marginalizados o desejo da mudança e da renovação, atravessa o presente e redesenha o futuro, almejando renovar verdadeiramente a nossa sociedade na fraternidade como forma de superação da violência.

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Campanha da Fraternidade

CEZAR BUENO DE LIMA Prof. Ciências Sociais, mestrado em Direitos Humanos e Políticas Públicas e integrante do Núcleo de Direitos Humanos - PUCPR

Práticas restaurativas: o desafio de abolir a polícia mental que pune e aprisiona Primeiro, sabemos que a violência produz e reproduz violência; segundo, sabemos, desde o século XIX, que as instituições político-penais criadas e destinadas a julgar, punir e encarcerar produziram e continuam produzindo mais problemas que soluções; terceiro, há evidencias sociológicas sobre a existência de uma multidão de pessoas moralmente bem intencionadas, sensíveis, cooperativas e incapazes de matar uma barata e que, não obstante, autorizam alguém (o Estado, a polícia) a violentar e matar em seus nomes. O momento histórico exige questionar a legitimidade de discursos e práticas institucionais que se limitam a reproduzir os valores e procedimentos da democracia representativa e a recitar as virtudes do saber técnico-burocrático, uma vez que ambos não dão conta de compreender, enfrentar e superar inúmeras situações cotidianas onde imperam desigualdades, violências, e formas de sociabilidade, incluindo a dramática situação de muitos adolescentes e jovens pertencentes às classes sociais subalternas e que figuram como sujeitos-problema no imaginário social, no campo da repressão do Estado, incluindo o espaço de formação escolar.

EXPEDIENTE COMISSÃO DA DIMENSÃO SOCIAL: Coordenadores: Pe. Danilo Pena, Diác. Antonio Carlos Bez, Diác. Gilberto José Felis. Secretária: Maria Inês da Costa: 2105-6326 dimensaosocial@arquidiocesecwb.org.br

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No caso dos adolescentes e jovens, um dos desafios teóricos é compreender e oferecer, a partir da realidade econômico-social e cultural do território em que residem, estudam e trabalham, novas formas de abordagem, de sensibilização e reconhecimento dos direitos humanos e de responsabilização juvenil nos processos de mediação e prevenção pacífica dos conflitos no espaço escolar. No campo da intervenção, a promoção da democracia deliberativa e das práticas restaurativas no espaço escolar, por exemplo, pode oferecer respostas mais eficazes e legítimas na solução e prevenção dos conflitos. Paralelo a isso, a abertura de espaços democráticos deliberativos no sentido de atribuir e responsabilizar cada adolescente e jovem, conferindo-lhe o direito de voz, participação e poder de decisão nos diferentes espaços sociais e institucionais, seja em relação ao conflito que o envolve, seja em relação à sua participação na construção de projeto de vida futuro, contribui para a produção de saberes e práticas inovadores que podem ser incorporados e utilizados por instituições e organizações sociais comprometidas na solução e prevenção pacífica dos conflitos e na promoção dos direitos humanos juvenis.


Vocações

PE. WILLIAM LEMES Pastoral Vocacional da Arquidiocese de Curitiba

Vocação: Dom e Chamado Divino Relato de um jovem sobre seu chamado vocacional Apresentamos nesta edição uma reflexão sobre o grande mistério do Chamado Vocacional. A própria palavra indica: Voz, eco, movimento, convocação, vida. Alguém chamando e outro respondendo. Deus usa de sinais para revelar seu plano de amor. Na história pessoal ocorre uma transformação. Deus toca-nos com a sua doce voz e a resposta se dá naturalmente. Aderir significa colocar minha liberdade, toda a minha liberdade naquele que me chama. Apresentamos a seguir o relato de um jovem Seminarista que recebeu o chamado. Nesse relato há algo de Sui Generis - Jesus passou pela vida dele e o vocacionou. “Sou Fabrício de Jesus, tenho 17 anos, sou natural de Rio Branco do Sul-PR e atualmente faço meu discernimento vocacional no Seminário São José. A maioria das pessoas me faz a mesma pergunta: ‘Como surgiu a vontade de ir para o Seminário?’ Parecendo algo inimaginável! Fui criado nos princípios cristãos, mas não da Igreja Católica Apostólica Romana. Minha mãe me levava em uma outra denominação religiosa e por lá estive até os 7 anos de idade. Tudo começou a mudar em minha vida num domingo de manhã. Meus primos faziam catequese na comunidade próxima de minha casa, logo fariam a 1º Eucaristia e pelo agir de Deus, eles convidaram-me para participar da missa na igreja. Nesse convite eu senti uma inquietude e fui! E quando vi o Pe. Lineu Prado da Paroquia Nossa Senhora do Amparo, senti meu coração não pertencer-me, mas, sim a Cristo e sua Igreja. Não sabia o real significado da santa missa, admirava as roupas que usava. Tive a certeza de que havia achado minha casa. Depois daquele dia não faltei em nenhuma missa ou celebração de 2007 a 2009, sempre com alegria. Depois de algum tempo de conversão, houve uma fase de minha vida mais triste. De 2010 até 2016 não pisei na Igreja Católica, por várias razões pessoais e familiares. Minha mãe sempre

me deixou escolher qual fé eu queria. Graças a Deus eu assisti um filme de um santo e impressionou-me muito sua vida e dedicação em responder a Deus. Aquela inquietude inicial retornou com intensidade muito maior. Queria a todo custo estar na presença de Cristo e sua santa Igreja Católica. Logo retornei à catequese que eu havia abandonado. E recebi os sacramentos na vigília pascal de 2017. Algo novo em minha vida brotou. A Fé foi restaurada, a vontade de servir a Deus potencializou. Queria ser padre! E em 2017 comecei os encontros vocacionais no Seminário São José. Confesso que não foram fáceis por ser muito longe e porque às vezes minha mãe não gostava da ideia. Realizei os encontros e em novembro fui chamado pelos padres formadores e recebi a carta de aprovação. Em fevereiro de 2018 vim ‘de mala e cuia’ para o Seminário Menor São José onde curso o 3º ano do Ensino Médio. E aqui estou com fé e muita vontade de discernir minha vocação e cumprir aquilo que Deus me pedir.” Percebemos que nossa história pessoal está permeada de escolhas audazes. O seminarista não teve medo de escutar o Espírito Santo que pedia para arriscar e seguir o Mestre Jesus. Como S. João, deixe-se encontrar pelo Senhor. Encontraste o seu olhar? Ouviste a essa voz? Sentistes este impulso para colocar-se a caminho? O discernimento vocacional não se cumpre em um ato pontual, embora na história de cada vocação seja possível identificar momentos ou encontros decisivos. O discernimento vocacional é um longo processo, que se desdobra ao longo do tempo. Tenha coragem de fazer escolhas! Busque um acompanhamento vocacional. Procure o teu pároco ou uma religiosa consagrada e não tenha medo de abrir as portas do coração para que sejais acolhidos na casa do Mestre Jesus. Decifre este código vocacional e venha encontrar somente aquele que pode saciar tua sede. Ele tem um rosto e tem um nome, chama-se: Jesus de Nazaré.

Fique ligado!.... Convívio Vocacional nos Seminários Diocesanos (Março a Novembro) Seminário São José (Para jovens que ainda não concluíram o Ensino Médio) Local: Seminário São José, situado na Br 277 – Km 99 Curitiba / Ponta Grossa, nº 4505, Orleans. Data e horário: Primeiros sábados: 9 às 15h. Início dos Convívios: Dia 03 de Março de 2018.

Seminário Propedêutico São João Maria Vianney (Para jovens que tenham concluído o Ensino Médio ou a concluir este ano) Local: Seminário Propedêutico São João Maria Vianney, situado na Avenida Iguaçu, nº 3417, Água Verde. Data e horário: Terceiros sábados: 9 às 12h. Início dos Convívios: Dia 17 de Março de 2018.

EXPEDIENTE SERVIÇO DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL: Coordenador: Pe. Régis Bandil – (41)3285 4097 sav_curitiba@yahoo.com.br | Pastoral Vocacional – Pe. William Lemes.

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Painel do Leitor

Corpus Christi com grandes novidades em 2018 Tema: “Ser Cristão é ter Deus no seu dia a dia” As diversas forças vivas da Arquidiocese têm se envolvido no planejamento de novas ações que produzam um melhor serviço de Evangelização ao celebrar o mistério da Eucaristia – o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Agende-se! Neste ano a programação em Curitiba inicia na véspera - dia 30 de maio - com uma grande vigília campal. Entre as novidades da solenidade estão: grande programação cultural e artística durante todo o dia 31 de maio, contando com feira gastronômica. Mais paróquias e movimentos estarão presentes na confecção dos belos tapetes por onde passará a procissão. Neste ano haverá ainda uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Paraná, no dia 17 de maio. Acompanhe: www.corpuschristicuritiba.com.br

8º Encontro dos Coordenadores Arqui/diocesanos da Pascom do Regional Sul 2 A Pascom Arquidiocesana de Curitiba esteve presente, junto com representantes das dioceses de Umuarama, Campo Mourão, Paranaguá, São José dos Pinhais, Guarapuava, Palmas-Francisco Beltrão, Ponta Grossa e Londrina, no 8º Encontro dos Coordenadores Arqui/ diocesanos da Pascom do Regional Sul 2. Foi realizado nos dias 24 e 25 de fevereiro, em Francisco Beltrão, reunindo além de coordenadores de Pascom, agentes, jornalistas que atuam em assessorias nas dioceses, e radialistas de emissoras católicas do Paraná. Na ocasião foi definida a diocese de Paranaguá como sede do próximo Mutirão de Comunicação do Regional Sul 2, em 20120. O 9º Encontro dos Coordenadores da Pascom do Regional Sul 2 da CNBB, em 2019, será na diocese de São José dos Pinhais, no último final de semana de fevereiro.

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Arquidiocese de Curitiba | Abril 2018


Bispos do Regional Sul II reunidos De 4 a 6 de março foi realizada a Assembleia anual dos Bispos do Regional Sul 2 da CNBB. A Diocese de Paranavaí (PR), no ano em que completa seu jubileu de ouro, foi o local escolhido para a reunião dos bispos. O Arcebispo de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo e os bispos auxiliares: Dom Francisco Cota e Dom Amilton Manoel estiveram presentes neste momento de comunhão e avaliação da caminhada pastoral da Igreja do Paraná.

Reunião de coordenadores de setores Coordenadores dos 15 os setores pastorais na Arquidiocese estiveram em reunião com os bispos e a equipe da Ação Evangelizadora no dia 22 de março para tratar de temas de relevância pastoral e evangelizadora e preparar o processo de assembleias a ser realizado na Arquidiocese nos próximos anos.

Curitiba recebe Encontro de Coordenadores Diocesanos de Catequese do Paraná Nos dias 10 e 11 de março, reuniram-se em Curitiba os coordenadores diocesanos da Pastoral da Catequese do Regional Sul 2 da CNBB. Participaram 30 pessoas representando 15 Dioceses. Esse foi o primeiro encontro de dois que acontecem a cada ano. O Arcebispo de Curitiba e Referencial para a Animação Bíblico-Catequética, Dom José Antônio Peruzzo, esteve presente no encontro para acolher a nova coordenadora da catequese no Paraná, Débora Regina Pupo.

Arquidiocese de Curitiba | Abril 2018

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Álbum Catequético-Litúrgico 2017/2018

PARA PARA CRIANÇAS CRIANÇAS NA NA CATEQUESE CATEQUESE E E SUAS SUAS FAMÍLIAS. FAMÍLIAS. Com atividades e exercícios para a vivência da liturgia dominical.

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Arquidiocese de Curitiba (41) 2105-6325 sac@arquidiocesecwb.org.br Av. Jaime Reis nº 369, Curitiba/PR


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