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ENTREVISTA Antônio Toschi explica a nova metodologia de trabalho do Sintetel

Dezembro 2013 ● 19ª edição ● Ano VII Distribuição gratuita ● Venda Proibida

ECONOMIA E MULHER As transformações causadas pelo Bolsa Família

Linha

TECNOLOGIA Entenda como funcionam as impressoras 3D

Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo www.sintetel.org ● sintetel@sintetel.org.br

Será que o Brasil acordou? A onda de manifestações que sacudiu o Brasil trouxe à tona um sentimento de desencanto que deixou as pessoas sensíveis à injustiça

Linha direta em revista

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Institucional

Veja o seu Ponto de Encontro com o Sindicato A TV Web do Sintetel, batizada de Ponto de Encontro, está no ar e de cara nova desde setembro. O programa repercute acontecimentos relevantes para a categoria de telecomunicações e proporciona o aprofundamento e reflexão sobre os temas abordados. O trabalhador confere todas as semanas quadros fixos com dicas de cultura, lazer e saúde. Inclusive pode participar e esclarecer dúvidas. Tudo isso em um bloco único de 15 minutos. Esse canal de comunicação tem o intuito de ser o ponto de encontro do trabalhador

com o Sindicato de maneira leve e dinâmica. Toda sexta-feira um programa novo é disponibilizado no site www.sintetel.org. É possível ver qualquer programa veiculado, não importa a data, a qualquer momento. Para isso, basta clicar na opção TV Web na página principal do site do Sintetel. Ainda é possível sugerir temas para os programas pelas redes sociais e pelo e-mail sintetel@sintetel.org. Assista e interaja com o Sindicato!

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Índice

Capa Será que o Brasil acordou? A onda de manifestações que sacudiu o Brasil trouxe à tona um sentimento de desencanto que deixou as pessoas sensíveis à injustiça

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Entrevista

"O Sindicato iniciou essa nova gestão com outra visão” Assessor da diretoria, Antônio Toschi explica as mudanças ocorridas na filosofia de trabalho da nova diretoria do Sintetel, empossada em agosto de 2013

Trabalho É preciso seguir Aposentados encontram alternativas para manter uma boa qualidade de vida

24 e 26 Economia e Mulher Especial bolsa família Dez anos depois da criação, Bolsa Família traz expressivos resultados para o desenvolvimento humano do País e transforma a vida das mulheres mais pobres

COLOMBIA

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Sindical Como o Sintetel se tornou o maior sindicato das Américas O crescimento do Sintetel se deu após a privatização do setor de telecomunicações, o que implicou numa nova lógica de ação

Editorias 4 Editorial

24 Mulher

8 Tecnologia

28 Aconteceu

10 Cultura

33 Passatempo

12 Aposentados

Artigos 32 O ano misterioso Artigo João Guilherme Vargas Netto

34 Garoa Noturna Artigo do Leitor Linha direta em revista

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Editorial

Expediente

Balanço 2013 um Congresso respeitável, sério, honesto e produtivo.

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Almir Munhoz Presidente do Sindicato

ueremos um Brasil melhor. Ao meu entender, essa foi a mensagem deixada pelas manifestações ocorridas em todo o Brasil durante o ano. O povo foi às ruas e exigiu profundas reformas sociais, políticas e econômicas. O País necessita destas reformas. E tivemos como resposta um grande descaso do Congresso Nacional. Indignados estamos todos com a brincadeira da pena imposta aos mensaleiros. A cassação de mandato de pessoas envolvidas em crime de corrupção deveria ser automática. Como podemos ter um preso exercendo mandato parlamentar? Onde já se viu um condenado ser admitido como gerente de hotel com um salário de R$ 20 mil, sendo que um iniciante recebe no máximo R$ 5 mil? E o outro sentenciado quer ser professor da CUT? Tais fatos são inaceitáveis. Temos a responsabilidade de construir, já na próxima eleição de 2014,

A sociedade deu o seu recado. Recente pesquisa da CNT/MDA mostra que 81,7% dos brasileiros aprovam os protestos. Isso quer dizer que a sociedade está descontente com a forma pela qual os políticos conduzem o País, mas os brasileiros não aceitam quebra-quebra, vandalismo e destruição. Nós, do movimento sindical, provamos ao longo da história que conquistamos inúmeros avanços para a classe trabalhadora de forma pacífica. Condenamos com veemência todo e qualquer tipo de violência. Violência não é a resposta. Vivemos em um regime democrático e a negociação, a discussão, a manifestação e, principalmente, o voto são nossas armas contra a corrupção, os desmandos e as injustiças sociais. Em 2014, o Brasil tem a chance de mostrar o seu descontentamento nas urnas. Façamos nossa vontade prevalecer por meio de nosso voto. Vamos riscar da história aqueles que traíram a classe trabalhadora e que governam por interesses próprios. A hora é agora! Feliz Ano Novo.

Cartas Ilmo. Sr. Almir Munhoz DD. Diretor da Revista Linha Direta Agradeço a gentileza do envio do exemplar da Revista "Linha Direta". Parabéns pelo trabalho realizado. Contínuo êxito nas atividades. Antonio Salim Curiati Deputado Estadual

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DIRETORIA DO SINTETEL Presidente: Almir Munhoz

Vice-PresidenteCristiane do Nascimento Diretoria Executiva:Aurea Barrence, Fábio Oliveira da Silva, Gilberto Rodrigues Dourado, José Carlos Guicho, José Clarismunde de O. Aguiar. Diretoria Secretário: Alcides Marin Salles, Cenise Monteiro de Moraes, Leonardo Alves Ribeiro, Marcos Milanez Rodrigues, Maria Edna de Medeiros, Paulo dos Santos e Welton José Araújo. Diretor de Aposentados: Osvaldo Rossato Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio, Genivaldo Aparecido Barrichello e Mauro Cava de Britto. COORDENAÇÃO EDITORIAL Diretor Responsável: Almir Munhoz Jornalista Responsável: Marco Tirelli (MTb 23.187) Redação: Emilio Franco Jr. (MTb 63.311), Marco Tirelli e Cindy Alvares Estagiária: Laura Rachid Diagramação: Agência Uni www.agenciauni.com Fotos: Jota Amaro, André Oliveira (BSB Press) Robson Fonseca e Shutterstock Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues e Theodora Venckus Capa: DIZ Comunicação Impressão: Gráfica Unisind Ltda. www.unisind.com.br Distribuição: Sintetel Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 | Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899 www.sintetel.org sintetel@sintetel.org.br SUBSEDES: ABC (11) 4123-8975 Bauru (14) 3231-1616 Campinas (19) 3236-1080 Ribeirão Preto (16) 3610-3015 Santos (13) 3225-2422 São José do Rio Preto (17) 3232-5560 Vale do Paraíba (12) 3939-1620 O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e à Força Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam exclusivamente a opinião de seus autores.


Entrevista

“O Sindicato iniciou essa nova gestão com outra visão” Assessor da diretoria, Antônio Toschi explica as mudanças ocorridas na filosofia de trabalho da nova diretoria do Sintetel, empossada em agosto de 2013 Emilio Franco Jr. e Marco Tirelli

A

ssessor da diretoria há 15 anos, Antônio Toschi entrou para o Sintetel logo após a privatização do setor de telecomu-

nicações. Com a posse da nova diretoria do Sindicato em agosto de 2013, Toschi passou a auxiliar também na implantação da nova filosofia de trabalho

da entidade. “A etapa de buscar as empresas e organizar a categoria entre operadoras, prestadoras de serviço e teleatendimento foi concluída. Todo o seLinha direta em revista

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Entrevista sindicais daquela área. Antes, eles ficavam soltos. Recebiam informações esporadicamente e não viviam o dia a dia do Sindicato. O compromisso agora é aproximar o delegado para atuar com eficácia e transparência. A nossa proposta é fazer com que as notícias sejam de conhecimento de todos. Os delegados são importantes porque eles são porta-vozes da entidade, mas até pouco tempo conheciam pouco da estrutura do próprio Sindicato. Não queremos mais que os delegados fiquem escondidos, eles serão envolvidos no processo.

tor de telecomunicações hoje é representado por nós. A partir de agora, o sindicato se estrutura para atuar de forma bastante organizada visando à conscientização”. Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, cidade da qual foi vice-prefeito entre 1989-1992, Toschi também foi secretário-geral e vice-presidente do Dieese e fundador do Centro de Memória Sindical, entidade que presidiu por seis anos. Coube a Toschi explicar, em nome da diretoria, as alterações realizadas na metodologia de trabalho da entidade e como ela funciona. 6

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Linha Direta: Quais foram as mudanças implantadas para essa nova gestão? Antônio Toschi: São alterações organizacionais. A experiência está concentrada, a princípio, na capital e na grande São Paulo. A região está dividida em quatro rotas de trabalho, cada uma com um diretor especialista em operadora, teleatendimento e prestadora de serviços. Além disso, a partir de agora, toda a diretoria se reúne uma vez por semana para compartilhar tudo o que foi feito e para que todos conheçam o que está acontecendo nas empresas. A outra parte importante é que cada rota coordena e acompanha como agem os delegados

LD: Por que foi alterada a metodologia de trabalho? AT: O Sindicato cresceu muito nos últimos anos. Hoje negociamos com quase 700 empresas que representam mais de 250 mil trabalhadores. A direção não teve como acompanhar, em termos de organização, um aumento tão grande no número de representados. Então teve o processo anterior de mapear as empresas, o que não foi fácil. Esse projeto é pra resgatar o sentimento de unidade da categoria. LDR: Foi feito algum balanço dos primeiros resultados alcançados com a mudança de metodologia?

Os delegados são importantes porque eles são porta-vozes da entidade


Entrevista AT: O resultado é você ver as pessoas envolvidas e se sentindo valorizadas, do dirigente liberado ao delegado sindical. Eles estão vivendo o Sindicato. Esse projeto dá incumbências maiores aos envolvidos na representação dos trabalhadores. Nesse curto espaço de quatro meses, nós já tivemos mais movimentos na base do que nos últimos quatro anos. LDR: Quais as dificuldades nesse início? AT: Toda novidade é complicada. Quando se está acostumado a fazer algo de determinado jeito, aparece uma novidade, você estranha. Por isso tem até dirigente nosso que tá com olheira, acordando todo dia 5h30 da manhã. E isso não muda mais. Porque as pessoas estão felizes com o resultado. As empresas estão sentindo que o Sindicato mudou. E isso começa a gerar os movimentos. Se a empresa fosse esperta, não deixava os problemas crescerem. Quando o Sindicato aparece, o que era um problema pequeno vira várias reivindicações de melhorias. Nós tivemos recentemente um movimento com paralisação na empresa Atento contra a retirada de vans no transporte dos funcionários. A empresa recuou e o transporte voltou. Isso era impensável há pouco tempo. LDR: Existem outras etapas desse novo projeto? AT: O que existe é praticar e expandir. A partir do ano que vem as rotas vão se envolver nas campanhas salariais, desde a elabora-

ção da pauta de reivindicações, na realização de reuniões durante a negociação com as empresas até o resultado final. Os delegados sindicais acompanharão todo o processo, verão a luta, até para vivenciarem a dificuldade e valorizar as conquistas. A outra etapa, após a consolidação do projeto na capital, será envolver as subsedes e expandir isso para todo o Estado. O delegado que não vestir a camisa será convidado a deixar o cargo. LDR: E como se formam os delegados sindicais? AT: O Sintetel tem um trabalho importante nesse aspecto. A gente faz um seminário básico para explicar o que é Sindicato para um número grande de trabalhadores. Geralmente de cem aparecem uns dez interessados em ser representante sindical. Lá é plantada a primeira sementinha. Ou entra na veia ou não vai pra frente. A partir desse primeiro momento, ele entra para o grupo de delegados. A tarefa passa a ser prepará-lo para receber mais responsabilidades. Então ele passa por quatro cursos de formação, que vai desde a primeira abordagem ao trabalhador até a realização de uma assembleia. O nosso número de delegados hoje é muito pequeno para o tamanho do trabalho que nós temos. LD: O que o trabalhador pode esperar dessa nova filosofia? AT: Toda essa filosofia é voltada para o trabalhador, para aproximá-lo do Sindicato. A direção não vai ficar escondida. Existi-

rão mobilizações e o trabalhador verá que foi a união dele com a entidade que alcançou o resultado, como no caso das vans na Atento. Sem o trabalhador, nada feito. Recentemente, dentro dessa filosofia, revertemos a escala de trabalho de 6x1 para 5x2 em uma empresa prestadora. Esse movimento foi vitorioso porque teve mobilização e isso dá força na hora de negociar. O dia em que isso estiver claro para os trabalhadores, a gente vai mudar salário no teleatendimento, o valor do VR, e assim por diante em toda a categoria. Outra coisa que será diferente é a forma de atuar do negociador com a empresa. Hoje é muito baseada em argumento por experiência e agora nós teremos o amparo da base. O Departamento de Negociação vai ter que conversar com o pessoal de cada rota para saber exatamente como conduzir o processo na mesa diante do representante da empresa. Linha direta em revista

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Tecnologia

Infinitas possibilidades Impressora 3D pode criar diversos objetos a partir de um modelo. Em poucos anos, a tecnologia estará mais acessível para uso doméstico por Cindy Alvares

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á imaginou produzir, em alguns instantes, na sua própria casa, aquele brinquedo que seu filho viu na TV? E aquele acessório que a atriz usou no último capítulo da novela? Hoje, uma infinidade de coisas pode ser produzida pelas impressoras 3D. O equipamento utiliza diversas técnicas – da fusão de resina plástica a modelagens com laser - para construir objetos. As impressoras convencionais (jato ou laser) têm a função de imprimir, em diferentes papéis, textos e/ ou imagens em cores ou em preto e branco. Já a impressora 3D produz uma estrutura sólida de um modelo criado a partir de um aplicativo que desenvolve objetos em três dimensões. Da mesma maneira que os editores de texto como o Word podem redigir um documento para impressão, também existem softwares específicos para se criar um modelo 8

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tridimensional de um objeto, por exemplo, o AutoCad. Feito isso, a 3D reproduz em camadas, a partir de sua base, revelando aos poucos a forma que foi desenhada no computador. Faça você mesmo De maneira prática, o mais moderno tipo de impressão já é utilizado por grandes empresas para a execução de protótipos de peças industriais, inclusive por arquitetos, na criação de maquetes de grandes projetos. Mas, especialistas já indicam que, em poucos anos, isso será tão comum nas casas das pessoas como uma impressora a jato de tinta convencional. Atualmente, a impressora 3D mais acessível custa em torno de R$ 4.500. Com a popularização do acesso e transição de tecnologias, estima-se que até 2016 a impressora já esteja disponível no mercado,

competindo com os modelos jato e laser. Os toners, ou cartuchos (como também são conhecidos), serão substituídos por um tipo de metal em pó e/ou termoplásticos. O quilo do último item, por exemplo, já custa cerca de R$ 100, valor equivalente aos toners de uma impressora a jato de tinta. “A vantagem de possuir um equipamento desses em casa é a possibilidade de criar objetos físicos sem as restrições de um padrão”, esclarece o professor da FIAP e especialista em informática Reinaldo Belizário Júnior. Um novo conceito Apesar da praticidade de obter uma impressora 3D para fins domésticos, para se produzir um objeto tridimensional qualquer é necessário um amplo conhecimento em softwares para a criação do modelo para, aí sim, imprimi-lo quando quiser.


Tecnologia O professor Belizário explica que, em um futuro não muito distante, uma nova ideia de produto - no momento da compra - será lançada: “a mercadoria não será mais aquela nas prateleiras [físico], mas sim o projeto em 3D [virtual]”. Para Belizário, a tendência será que as empresas invistam mais em profissionais capacitados no manuseio de softwares que possibilitem a criação do modelo tridimensional. O futuro da medicina A evolução das impressoras 3D está alcançando níveis elevadíssimos. A tecnologia já é estudada para fins medicinais. Cientistas apresentaram a reprodução de ossos humanos artificiais, que podem auxiliar em tratamentos diversificados. E tudo isso tende ir além. Matéria publicada no início de 2013 pela revista Galileu, com o título “Impressora 3D será capaz de imprimir órgãos”, apresentou uma pos-

sibilidade que poderá extinguir a fila para transplantes. Em processo de experimentação, a impressora, a partir de um tecido humano, reproduz órgãos para serem usados em pesquisas científicas. Mas, os especialistas envolvidos nesse projeto acreditam que, com o avanço da tecnologia, eles possam substituir órgãos de verdade em transplantes. A expectativa é que em pouco mais de cinco anos essa tecnologia já possa ser testada. O que é impossível? O método de impressão 3D já existe há mais de 20 anos. Atualmente, existem no mercado diversos modelos que trabalham com os mais variados tipos de materiais. Desde

“É mais fácil dizer o que não pode ser produzido por uma impressora 3D”, explica o professor e especialista em informática Reinaldo Belizário Júnior.

um termoplástico, passando por cera, resina, gesso, até mesmo pó de metais. De acordo com o professor da FIAP, cada finalidade exige um tipo de impressão. Belizário explica que diante de tantos tipos de impressão é difícil pontuar o que não pode ser produzido. “Até mesmo objetos mais complexos, que precisam de encaixes, podem ser impressos separadamente e depois unidos. Tudo isso é possível e com excelentes resultados”, conta. Exemplo disso foi a fabricação da primeira pistola de metal em impressora 3D, em novembro de 2013. Produzida pela Solid Concepts (empresa especializada em impressão tridimensional), a pistola realizou mais de 50 disparos sem problemas durante os seus testes. Em entrevista ao site The Verge, o representante da empresa, Scott McGowan, afirmou que o objetivo não era tornar mais acessível a produção de pistolas, mas sim chamar a atenção para o potencial da tecnologia. “A impressora 3D vai muito além do que simplesmente imprimir brinquedos de plástico”, contou. De acordo com a empresa, há barreiras altamente seguras que impossibilitam o uso público da tecnologia para esse fim. Linha direta em revista

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Cultura

A hora é dos festivais Jovens se esbaldam ao som de bandas de todas as tribos por Laura Rachid

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ultidão. Espaço grande. Terra. Verde. Música. Animação. Quem já foi a um festival de música sabe do que se trata. E não estamos voltando para agosto de 1969 e falando de Woodstock. Para a alegria dos brasileiros, o País supera a cada ano a oferta de eventos musicais. Rock in Rio, Lollapalooza, XXX Experience e muitas outras festas trazem para perto do público grandes artistas. 10

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O valor dos ingressos desse tipo de evento é salgado, mas o público acredita que vale a pena. O Rock in Rio deste ano, por exemplo, trouxe atrações que muitas pessoas adorariam ver, como Metallica, Iron Maiden, Muse e Beyoncé. O assistente de comunicação Marcelo Rodrigues, de 27 anos, saiu de São Paulo para ver o show do cantor norte-americano Justin Timberlake durante o festival. “Fui praticamente sozinho. Cheguei ao Rio e encontrei uma galera do fã-clube do cantor na rodoviária. De lá fomos para a cidade do rock”. Ao todo, Marcelo gastou R$500 e diz não se arrepender. “O festival foi mágico. Os shows, inclusive o do Justin que eu já esperava ser fantástico, foram maravilhosos”.

Evento que entrou na agenda dos amantes de rock alternativo, heavy metal, punk rock e hip hop, o Lollapalooza foi criado em 1991 nos Estados Unidos. Em 2012, aconteceu a primeira edição em São Paulo. Em 2013 a experiência se repetiu. “Fui no ‘Lolla’ e amei”, conta a estudante Isadora Dias, de 20 anos, que, de última hora, conseguiu passaporte para os dois dias de evento por R$ 200. A edição de 2014 do Lollapalooza, programada para os dias 5 e 6 de abril, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, contará com 80 bandas dividas em três palcos. A estudante Fabiana Ferreira, de 20 anos, já está ansiosa para ver atrações como a banda inglesa Depa-


Cultura che Mode. “Não tem como não ir. O público é bonito e a música é muito boa”, garante. O preço dos ingressos para os dois dias de apresentação é de R$ 540.

A rave XXX Experience é uma das grandes responsáveis pela popularização da música eletrônica no país

Já quem gosta de música eletrônica aguardou ansiosamente o feriado do dia 15 de novembro para curtir o XXX Experience. O festival completou 17 anos e é o maior do Brasil no gênero. Fernanda Tannus, de 21 anos, é estudante de Negócios da Moda. Ela comprou o ingresso pela Internet e mandou entregar em casa. Gastou R$191,00. “Vou pelos DJs internacionais Hardwell e Zedd. As batidas são excitantes, me dá alegria”, conta Fernanda.

estudante Chaiane Cardozo, de 21 anos. Isadora Dias reclama do valor das bebidas como cerveja, que chegam a custar até R$ 10. “Não adianta, nesses eventos é sempre caro”.

dante Danielle França, de 24 anos. Ela diz que cansou de pagar caro para ir a festivais. “Comprar ingresso e ainda ficar na muvuca não dá. A rua é mais em conta”.

Porém, Marcelo, que foi ao Rock in Rio, discorda. “Achei os preços dos alimentos e bebidas muito mais baratos do que os shows que vou em São Paulo, onde um copo de água custa R$ 6,00 e um cachorro quente mal feito sai por R$ 12,00”.

Os festivais empolgam e as bandas geralmente surpreendem. Mas, muita gente reclama dos preços dos alimentos dentro dos locais. “Cachorro quente que estava mais para pão com salsicha custava R$8 no Lollapalooza. Acho caríssimo”, conta a

E não é só por festival caro que o público se interessa. O importante é ter música e, se for de graça, melhor ainda. “Prefiro show na rua porque é mais livre e a galera não tem frescura, além da paisagem que é bem mais bonita”, conta a estu-

Danielle não está sozinha. Em São Paulo, há vários espaços públicos dominados por pessoas prontas para se divertir. O Bourbon Street Fest, por exemplo, é um festival que traz a energia das músicas da cidade norte-americana de New Orleans para perto dos paulistanos. Realizado este ano no Parque do Ibirapuera, teve jazz tradicional, blues e uma grande mistura de instrumentos musicais, tudo gratuito. “Acho bom esse tipo de festival porque cultura não deve ser sempre cobrada. Tem que ter evento de graça para quem não tem como pagar”, conta o estudante Rodrigo Caravieri, 24.

Parque do Ibirapuera mistura Bourbon Street Fest e Virada Ambiental com o objetivo de conscientizar o público

O Conexão é outro projeto público, mas com o diferencial de levar shows e apresentações gratuitas a todo o Brasil. Durante um mês, o Conexão SP marcou presença no Centro de São Paulo, Parque do Ibirapuera, entre outros locais. Ao todo, foram 30 shows instrumentais. O encerramento foi em 10 de novembro, com calor de 30 graus, no Largo da Batata. “Foi muito bom. Adoro show na rua. Só acho que deveriam investir em festivais nas periferias”, desabafa o produtor cultural Artur Rodolfo Ferreira, de 29 anos. Linha direta em revista

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Aposentados

De candeeiro a agente administrativo Oitavo filho de 12 irmãos, Abel de Carvalho tem sua vida marcada pelo esforço, trabalho e dedicação. Hoje elabora um livro sobre a trajetória de sua família por Marco Tirelli

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á nas Minas Gerais, em 9 de janeiro de 1944, na fazenda do Niágara, em Leopoldina, nascia Abel de Carvalho. Ainda menino, já tinha a tare12

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fa de buscar água na bica, recolher gravetos para acender o fogão a lenha e cuidar dos irmãos mais novos. "Naquela época, ao começar a andar já se ganhava trabalho”, conta.

O pai era administrador de fazenda e a mãe trabalhava nos afazeres domésticos. Em 1952, após ter concluído o primeiro ano primário, a família mudou para um arraial do dis-


Aposentados trito de Além Paraíba chamado Fernando Lobo. “Ficamos por um ano na cidade e voltamos ao campo, desta vez na fazenda São Geraldo, pois meu pai foi administrá-la”, lembra. Em São Geraldo, seu pai colocou-o para candiar bois. Este trabalho consiste em ir à frente do carro com uma varinha guiando os animais. “Certa vez, o carreiro brigou comigo e quase me chicoteou. Eu não tive dúvidas, entrei na curva de forma reta, os bois vieram atrás de mim e o carro tombou com o malvado dentro. Desde aquela época eu não aceitava injustiças”, orgulha-se. Abel morou na fazenda até os 11 anos. Como o pai queria que os filhos estudassem, mandou Abel para a cidade de Além Paraíba. “Naquela época a discriminação era grande e fui morar no Beco do Feijão. O lugar tinha esse nome porque lá só moravam negros”, explica. Abel concluiu o primário na escola professor Salles Marques e trabalhou numa fábrica de tecidos por dois anos. Foi demitido próximo aos 18 anos de idade e assim se apresentou ao Exército, em Juiz de Fora. Dispensado por excesso de contingente, voltou para a casa dos pais. Algum tempo depois, Abel viajou para São Gonçalo, no Rio de Janeiro, para trabalhar na construção da casa de um de seus irmãos. “Com 23 anos, decidi morar em São Bernardo do Campo com uma das minhas irmãs. Em busca de um salário melhor, ingressei na Fiação Lídia Matarazzo”, recorda.

Abel recebe o diploma do ICT pelas mãos do então ministro do Trabalho, Almir Pazzianoto

A Telesp entrou em sua vida

Certo dia, enquanto caminhava pela rua, Abel recebeu um panfleto com os seguintes dizeres: “firma de grande porte admite funcionários”. Tratava-se da Telesp. Contratado pela empresa em 21 de janeiro de 1974, Abel lembra que o processo de admissão foi interessante. “Eu perdi a data da prova e quando cheguei à empresa fui informado que se eu quisesse prosseguir, teria que fazer a avaliação para o pessoal de engenharia. Eu estudava naquela época e minha avaliação foi muito boa”, destaca. Seu primeiro cargo foi como Reparador, depois do curso de exame de linhas, foi efetivado como IRLA. Após o estágio no caminhão de regrupe - que tinha a função de organizar e reparar as linhas telefônicas nas ruas - a Telesp pagou sua habilitação. “Tenho muito orgulho, pois nunca tive qualquer ocorrência no trânsito em 18 anos trabalhando na rua”.

Na Telesp, Abel rodava pelas ruas de São Paulo

Abel ainda trabalhou no DG como ligador e agente administrativo no almoxarifado central, em Osasco. Aposentou-se em 2 de julho de 1995 com 21 anos de empresa. A vida após a aposentadoria

Após a aposentadoria, Abel comprou uma Kombi e trabalhou três anos fazendo entregas. Para realizar um antigo sonho, comprou Linha direta em revista

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Aposentados uma chácara na cidade de Volta Grande, em Minas Gerais. Lá chegou a se envolver com a política local, pois a vida no sindicato lhe ensinou a denunciar as injustiças e os problemas sociais. Mas preferiu desistir da empreitada por motivos ideológicos. O Sintetel e o Movimento Afro

Abel conta que ficou sócio do Sintetel no mesmo dia em que entrou na Companhia. “Um companheiro de nome Cipriano foi quem me convidou para ser delegado sindical, na gestão do então presidente do Sintetel, Rubens de Biasi”, recorda. Abel relata que as reuniões para tratar dos problemas que levariam ao Sindicato eram às escondidas, por conta da ditadura. “Ainda bem jovem participei da greve na indústria de tecidos. Fui às paralisações, atirava pedra na polícia, ou seja, desde pequeno eu já tinha um espírito de luta. O líder não é feito, ele é nato. Basta apenas lapidá-lo. E foi o que o Sintetel fez comigo”, ressalta. Como delegado sindical, em 1983, Abel fez o curso de sindicalismo no ICT- Instituto Cultural do Trabalho - e diversos cursos pelo Sintetel, tornando-se mais tarde instrutor de formação de novos líderes sindicais. Depois foi diretor de base e membro do Conselho Fiscal do Sindicato. “Participei ativamente da greve de 1985. A Rua 7 de Abril parecia um corredor da morte, pois ficamos num lugar que não tinha saída. A polícia cercou todas as saídas da rua. Mas não houve confusão porque o nosso negócio era cruzar os braços e seguir as orientações do Sindicato”, lembra. 14

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Histórias do Abel "Certa vez eu fui consertar um telefone na casa de uma assinante. Cheguei ao local e a senhora me disse que o problema estava na tomada atrás da cama. Tive que debruçar na cama para olhar atrás dela. A senhora deitou

ao meu lado para ver o que eu estava fazendo. Naquele momento o marido dela chegou e me viu deitado ao lado da mulher dele. Depois do susto e da explicação do mal entendido, tudo ficou bem e o telefone consertado".

“Outra vez, um assinante reclamou que seu telefone parava de funcionar todo final de tarde e voltava a operar no início da manhã. Estive na casa dele por três vezes e corri os fios sem notar qualquer defeito. Então disse ao senhor que me chamasse no exato momento em que o telefone parasse de funcionar. Ele relutou dizendo que não tinha como me telefonar. Disse a ele para ir ao orelhão mais próximo. Assim foi. Certa noite ele me ligou e

fui até sua casa. Realmente o telefone estava mudo. Peguei a lanterna e corri os fios. Os fios passavam pelo meio de uma grande árvore. Qual não foi minha surpresa ao avistar dezenas de pássaros pousados no fio telefônico. As aves faziam peso, o fio encostava em outro e como aquele ponto estava com emenda sem isolamento, a linha dava defeito. Então eu entendi o problema, pois os pássaros dormem sempre no mesmo local e no mesmo horário".

Em 1983, como militante do PMDB, conheceu o então governador Franco Montoro, que o introduziu ao movimento afro. “O Sindicato nos deu grande abertura e fundamos o movimento dos telefônicos negros. Anos mais tarde, ingressei no Congresso Nacional Afro-Brasileiro – CNAB – e fui diretor do Conselho da Comunidade Afro-brasileira de Osasco e Região”, acrescenta. Família

Quando Abel veio trabalhar em São Paulo, conheceu, durante um

passeio pelo museu do Ipiranga, Maria da Conceição, que viria a ser sua esposa com quem teve dois filhos. Estes lhes deram três netos. "A cerimônia foi no sábado e só fomos morar juntos na quarta-feira, pois nem casa eu tinha. Nossa primeira refeição na nova casa alugada foi pão com mortadela”, diverte-se. Em 1978, Abel mudou-se para Carapicuíba. “Hoje eu pertenço à Igreja Batista e me dedico à zeladoria do templo. Sinto-me um homem realizado”, conclui.


Trabalho

É preciso seguir Aposentados encontram alternativas para manter uma boa qualidade de vida por Cindy Alvares

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ara muitas pessoas, a aposentadoria é o momento certo para realizar um sonho de vida. Tem ainda aquelas que precisam ou optam conscientemente por continuar trabalhando durante a velhice. Isso porque os aposentados que compõem a atual terceira idade não se conformam mais com uma vida monótona. Essas pessoas buscam movimento, alegria e aprendizado para enriquecer o dia a dia. Roberto Bergman, ainda aos 47 anos e até então técnico de mecânica de usinagem, se matriculou em uma escola de surfe. Anos mais

tarde, próximo de sua aposentadoria, ele percebeu que por meio do esporte seria possível trabalhar os desafios e voltar a sentir o prazer de vencê-los. “Isso acabou me ajudando nesse rompimento com a minha vida profissional”, revela. Hoje, aos 57 anos, Roberto segue com suas aulas semanais de surfe. Ele conta que, a princípio, a maior dificuldade que teve foi em relação ao condicionamento físico. Mas o medo de uma vida sedentária fez com que ele partisse para a prática. “Sem o esporte, acho que eu estaria em frente à televisão, coisa que eu não faço hoje”.

A psicóloga Carina Bernardes explica que o envelhecimento é um fator que depende das vivências individuais, o que é variável. “Se o indivíduo, com o tempo, conseguiu compreender o sentido da vida e aceita as mudanças com tranquilidade, o envelhecimento será também uma fase enriquecedora em sua vida. Mas caso ele se prenda às perdas e lamente sua atual condição, o envelhecimento será uma fase penosa”, esclarece. Foi o que ocorreu com Iraci Ferreira que, após pouco mais de um ano aposentada, já estava em um quadro de depressão. Por insistência dos filhos, iniciou um tratamento psicológico. Porém, sem o convívio com os colegas de trabalho e com a saída dos filhos de casa, a terapia não era mais tão eficaz como no início. Por esse motivo, foi encaminhada a um psiquiatra, que intensificou o tratamento com base Linha direta em revista

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Trabalho em fortes medicamentos. Hoje, com 77 anos, 17 deles aposentada, ela quase nunca sai de casa e ainda depende de altas doses de medicamentos. De acordo com a psicóloga Carina Bernardes, o idoso não deve se isolar ou seu estado psíquico-emocional tende a piorar. Ele deve participar de grupos sociais que proporcionem a manutenção de relacionamentos, pois quanto mais se isolar, mais perderá a capacidade de conviver com outras pessoas. “Tendo em vista que o ser humano é um ser social, ele acaba perdendo sua função dentro do grupo e até dentro da própria família”, explica. “Não quero e não vou ficar preso dentro de casa”. Foi essa a ideia que Marcos Goberna fixou há quatro anos, quando se aposentou. Atualmente, o ex-gerente de banco já é um profissional em parapente

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O IBGE revelou que mais de quatro milhões e meio de aposenados ainda estão no mercado de trabalho

(mistura de asa-delta e paraquedas, com o qual se salta de uma elevação para descer planando). “Para mim, esse esporte representa paz de espírito, reflexão, encontro com a natureza, além de ser um momento família”, conta Marcos, que duas vezes por semana voa com o filho. Uma realidade Aulas de esportes como surfe e parapente demandam altos investimentos. O módulo para iniciantes deste último, por exemplo, custa, em média, R$ 2.000. Nos casos citados, os aposentados tiveram tempo e renda disponíveis para

praticar esses esportes. Uma minoria entre os vinte milhões de brasileiros aposentados. O IBGE revelou em uma pesquisa que mais de quatro milhões e meio de aposentados ainda estão no mercado de trabalho. Isso porque o valor da aposentadoria quase sempre é muito inferior ao salário da ativa. E, para complementar essa diferença na renda mensal, esses aposentados retornam ao mercado de trabalho. Na casa do aposentado Benedito Delfino moram a esposa, duas filhas e um neto. Ele conta que só com o valor da aposentadoria não seria possível viver nas mesmas condições atuais. “Tive que continuar trabalhando, pois sem a renda do meu atual emprego, não conseguiria ajudar nos estudos das minhas filhas”, comentou o aposentado e também supervisor de loja. “Enquanto eu ti-


Trabalho ver saúde, vou trabalhar para que minha família não passe pelas mesmas dificuldades que eu”, diz. Além dessa diferença da aposentadoria, que já é inferior por si só, outro ponto que compromete ainda mais a renda de quem vive esse período é a saúde vulnerável. A assistente social Débora Lopes explica que os aposentados tendem, com o tempo, a terem mais gastos com remédios e atendimento médico. “Nós temos políticas públicas voltadas para os idosos, como o SUS. O problema é que não são eficientes, principalmente no atendimento aos mais velhos, que precisam de mais atenção pelas limitações”, esclarece. Atualmente, cerca de 60% da terceira idade brasileira compromete sua renda com a compra de medicamentos. Com 65 anos, Mara Aparecida tem a saúde debilitada e conta com a ajuda do filho para comprar todos os remédios necessários. “Se não fosse ele, não estaria mais aqui”, desabafa. Uma opção Em muitos casos, como a de Benedito e Mara, a ausência de um complemento de renda impactaria significativamente em seus orçamentos mensais. Mas, mesmo para quem a aposentadoria é suficiente para manter o padrão de vida adquirido ao longo dos anos, continuar trabalhando pode ser uma boa opção para quem não quer ficar sozinho. Além disso, estudos e pesquisas comprovam que pessoas mais velhas que trabalham - principalmente aquelas que trabalham

no que gostam – tendem a se sentir mais felizes e têm uma expectativa de vida maior. Doris Regina se aposentou como telefonista da Telesp, mas seguiu na mesma profissão. “Além do dinheiro, que é importante, continuar trabalhando foi essencial para o meu bem estar”, revela. A assistente social Débora também explica que para quem se aposenta é imprescindível manter uma rotina, seja ela em casa, com amigos ou no ambiente de trabalho. Ela conta que o isolamento é o primeiro passo para uma possível depressão. “A aposentaria não é sinônimo de parar, pelo contrário, é o momento de aproveitar. Mesmo se seguir no emprego, é tempo de desfrutar do que essa fase tem a oferecer”, enfatiza a psicóloga Carina Bernardes. Valor justo no tempo certo A idade média de aposentadoria dos brasileiros é de 55 anos, período em que geralmente coincide com 35 anos de contribuição do trabalhador. De acordo com o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, de uma forma geral, no País, as pessoas preferem se

aposentar mais cedo, por conta da necessidade de garantir uma renda nessa fase da vida. Mas, com isso, o ex-trabalhador sofre com o Fator Previdenciário, que reduz o valor da aposentadoria e provoca uma perda salarial que pode superar os 40%. Isso porque, mesmo atingindo o tempo de contribuição, normalmente não alcançam a idade mínima exigida para receber 100% do valor. Uma forma mais justa de aposentadoria é visada pelas centrais sindicais, que acertaram com o governo a criação de um grupo de trabalho para discutir a substituição do fator previdenciário por uma nova fórmula. A ideia apresentada pela Força Sindical é de aplicar o mecanismo 85/95, pelo qual a soma da idade com a do tempo de trabalho deverá atingir 85 anos para as mulheres e 95 para os homens. Desta forma, a pessoa receberia uma aposentadoria proporcional ao tempo de contribuição e, se quisesse, não precisaria continuar no mercado de trabalho para complementar a renda, além de ter mais tempo para fazer outras atividades e investir na saúde. Linha direta em revista

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Serรก que o Bras

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il acordou?

A onda de manifestações que sacudiu o Brasil trouxe à tona um sentimento de desencanto que deixou as pessoas sensíveis à injustiça por Emilio Franco Jr. e Marco Tirelli

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unho de 2013. Manifestações populares tomaram conta do Brasil. O povo saiu às ruas em princípio para barrar o aumento das tarifas do transporte público, reajustadas em R$ 0,20 na capital paulista. Organizados pelo Movimento Passe Livre (MPL), de início um grupo menor de pessoas aderiu aos protestos. Com a desproporcional reação da polícia, que agrediu inclusive profissionais da imprensa, centenas de milhares de brasileiros se sentiram incomodados pelo cerceamento da liberdade de reclamar. Ao mesmo tempo, se deram conta de que podiam usar as ruas para expressar sua insatisfação com os desmandos da política brasileira. Desde a campanha “Fora Collor”, ocorrida em 1992, não se via manifestações tão grandes. A particularidade do movimento do MPL foi que a mobilização se deu por meio das redes sociais, sobretudo o Facebook. Há um tempo representantes de movimentos tradicionais afirmavam que “essa galera do Facebook não saía do sofá”. Linha direta em revista

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O que se viu em junho foi a percepção dessa geração de que os políticos ignoravam os protestos virtuais e que a autoridade legitimada pelo Estado estava ultrapassando os limites toleráveis. Brasília parecia longe de representar os anseios da sociedade, e os governos estaduais e municipais pareciam adormecidos na questão do transporte público. A atuação da polícia também entrou em pauta. Movimento Passe Livre O Passe Livre já há algum tempo se articula e debate a questão do transporte público no Brasil. Nos últimos anos, esse movimento já vinha crescendo, tanto que nas manifestações contra os reajustes no governo Kassab houve forte repressão e, inclusive, vereadores que atuavam com o movimento foram agredidos. Em 2013, o Movimento saiu às ruas com o mesmo objetivo: barrar o aumento. O governo esta20

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dual mandou a polícia reprimir e pretendia ignorar a reivindicação. Na esfera municipal, nada de boa vontade. Com a violência da PM, a população se revoltou contra o sufocamento de uma luta legítima, contra o despreparo das forças de segurança e contra a péssima qualidade dos serviços públicos. A partir desse ponto, os manifestantes nas ruas cresceram para centenas de milhares. As reivindicações se diversificaram. Havia gente contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, movimentos sociais indignados com o governo Dilma pela ausência de interlocução, revolta generalizada contra os políticos e os partidos, gente da periferia de São Paulo que não suportava mais a ação policial repressiva e outros que lutavam contra a PEC 37, conhecida como emenda da impunidade, pois, se aprovada, limitaria o poder de investigação criminal às po-

lícias federais e civis. Havia de tudo, como é comum nesses novos tempos de múltiplas pautas e múltiplas causas. Mais tarde, o movimento sindical também se apresentou e levou às ruas a Pauta Trabalhista, como sempre fez. O Sintetel marcou presença no Dia Nacional de Luta para reivindicar principalmente a regulamentação da profissão de teleoperador (milhares de assinaturas foram recolhidas em um abaixo-assinado) e para pedir o fim do PL 4330, que amplia a terceirização. "Nós, sindicalistas, sempre estivemos mobilizados", pondera Almir Munhoz, presidente do Sintetel. "O sindicalismo é um grande alicerce da democracia deste País", completa. O ano termina. E fica na cabeça do povo a seguinte questão: o gigante acordou ou voltou a deitar-se em berço esplêndido?


Capa Respostas aos protestos Após centenas de milhares de pessoas ocuparem as ruas de cidades de todo o País, inclusive com a tomada simbólica do Congresso Nacional, para reivindicar avanços sociais, os políticos se mostraram acuados. Não tardou e as tarifas voltaram ao preço anterior. A batalha pelos 20 centavos estava encerrada. Mas a bola de neve criada pela incapacidade da classe política em dialogar com os movimentos sociais e atender a seus anseios havia crescido de tal maneira que só desistir do reajuste não era mais o suficiente. O povo seguiu em frente: queria formas de reduzir a corrupção, melhorias urgentes no transporte público, educação de qualidade, desmilitarização da Polícia, o fim do voto secreto no Congresso e mudanças na forma de fazer política. Como resposta emergencial, demorada, aliás, a presidenta Dilma Rousseff propôs à população um plebiscito pela reforma política. A ideia parece ter se dissipado no ar pela ação da velha política. Um pequeno grupo de deputados estudou e encaminhou propostas de mudanças, mas elas estão longe de atender os anseios da população. Algumas, como a unificação das eleições municipais, estaduais e federal, geram grande polêmica.

encaminhamento à proposta que impõe o fim do sigilo nas votações realizadas nas casas legislativas e aprovou a destinação dos royalties do petróleo do pré-sal para a educação. Parecia que os parlamentares tinham acordado, mas foi só para acalmar o povo. A absolvição no processo de cassação do deputado Natan Donadon, preso após ser condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mostrou que parte dos políticos não dá a mínima para a opinião pública. Até por isso, e por tantas outras respostas insuficientes do poder público brasileiro, em todas as esferas, a população não parou mais de protestar. Nenhuma outra manifestação reuniu tantas pessoas como as de junho, mas a inquietação popular é evidente. Os governos, em vez de buscarem as soluções para tanta revolta, dão sinais de que preferem buscar em leis remanescentes da ditadura formas de sufocar reivindicações legítimas de um povo cansado de tanto descaso.

Insatisfação continua Com tantas pautas, de diversos segmentos sociais diferentes, ainda presentes nas ruas, o poder público se depara com a tarefa de dialogar. Mas, acuados pela necessidade de agir e cada vez mais rejeitados pela população, os governantes parecem preferir encontrar formas de criminalizar os manifestantes e reprimi-los. A violência do Estado, seja ela física ou pela ausência de serviços de qualidade, acaba por gerar a revolta social, refletida em protestos pacíficos e violentos. Cabe ao Estado entender e enfrentar as causas. Os políticos, quase na totalidade, têm condenado a violência de alguns manifestantes. É verdade que aconteceram muitos excessos que não podem ser tolerados. Mas é preciso entender a tática de enfrentamento “violenta” adotada por alguns grupos. Destruir símbolos de uma sociedade que gera exclusão e coloca pessoas à margem da sociedade é vandalismo? Ou vandalismo é a segregação social? É preciso en-

O Congresso respondeu às manifestações com um pacote de votações: barrou a PEC 37, deu Linha direta em revista

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Capa com máscaras da mesma cor para evitar serem identificados e perseguidos pelas forças da repressão. Fazer isso não significa se filiar a uma determinada organização. Da mesma forma, trabalhadadores que decidem fazer um piquete para impedir a entrada de outros operários em uma fábrica em greve não deixam de fazer parte de seus respectivos sindicatos para ingressar em uma misteriosa sociedade secreta. Eles apenas optam por uma determinada tática de luta. É exatamente o que fazem os militantes que decidem formar um bloco negro (leia-se, “black bloc”) durante uma manifestação. tender o que os move e por que agem assim, mesmo que para discordar de suas estratégias. A tática black bloc Ao contrário do que se tem lido, visto e ouvido, o termo black bloc tem sido tratado de maneira equivocada pela grande mídia. Como se “o Black Bloc” fosse uma organização estável, articulada a partir de algum comando central e que tivesse algum tipo de filiação permanente. Tratar um black bloc desta forma seria o mesmo que tratar uma greve, um piquete ou uma panfletagem como uma Instituição. Na verdade, black bloc não é uma ONG, um partido político, um organismo ou uma associação, e sim uma tática de enfretamento. Como chegou ao Brasil por influência da experiência americana, essa tática manteve por aqui seu nome em inglês. De acordo 22

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com o jornalista e historiador Bruno Fiuza, por mais redundante e bobo que possa parecer, nunca é demais lembrar que um black bloc (assim, com artigo indefinido e em letras minúsculas) é um “bloco negro”, ou seja, um grupo de militantes que optam por se vestir de preto e cobrir o rosto

Bruno Fiuza acrescenta que não há dúvida de que a opção pelo anonimato e a disposição para o enfrentamento com a polícia são peculiaridades que diferenciam profundamente o bloco negro de outras táticas. A diretoria do Sintetel, aliás, não concorda com essa estratégia. "É preciso ter coragem de sair às


Capa ruas e reivindicar de forma democrática, com a cara limpa", enfatiza Almir Munhoz. Como tudo surgiu Os primeiros black blocs surgiram na Alemanha, no início dos anos 1980, a partir da experiência de grupos organizados contra a construção de usinas nucleares. Enquanto os acampamentos antinucleares surgiam no interior da Alemanha, em grandes cidades grupos de jovens e excluídos começaram a ocupar imóveis vazios e transformá-los em moradias coletivas e centros sociais autônomos. Quando os acampamentos e as ocupações urbanas começaram a proliferar pelo país, o governo da República Federal Alemã se deu conta de que era preciso cortar pela raiz aquela agitação social. Em 1980, lançou uma grande ofensiva policial contra todos eles. Os militantes se organizaram para resistir à repressão. Desse esforço nasceu a tática black bloc. Durante a manifestação de Primeiro de Maio de 1980, em Frankfurt, um grupo de militantes desfilou com o corpo e o rosto cobertos de preto, usando capacetes e outros equipamentos de proteção para se defender dos ataques da polícia. Da Alemanha, a tática se difundiu pelo resto da Europa e, no fim dos anos 1980, chegou aos Estados Unidos, onde o primeiro bloco negro foi organizado em 1988 para protestar contra os esquadrões da morte que o gover-

no americano financiava em El Salvador. Foi só com a formação de um black bloc durante as manifestações contra a Organização Mundial do Comércio em Seattle, em 1999, que os mascarados passaram a realizar ataques seletivos contra símbolos do capitalismo global. A mudança se explica pelo contexto em que se formou o black bloc de Seattle. A década de 1990 foi a era de ouro das marcas globais, quando as logomarcas das grandes empresas se transformaram na verdadeira língua franca da globalização. Nesse contexto, o ataque a uma loja do McDonald’s ou da Gap tinha o efeito simbólico importante de mostrar que aqueles ícones não eram tão poderosos e onipresentes assim, de que por trás da fachada divertida e amigável da publicidade corporativa havia um mundo de exploração e violência materializado naqueles logos.

Daquele momento em diante, os black blocs, até então um instrumento basicamente de defesa contra a repressão policial, tornaram-se também uma forma de ataque – mas um ataque simbólico contra os significados ocultos por trás dos símbolos de um capitalismo que se pretendia universal, benevolente e todo-poderoso, mas que gerou mais exclusão e opressão. Foi assim que a tática chegou ao Brasil. E é dentro de todo esse contexto que os alvos preferenciais do movimento black bloc brasileiro são órgãos públicos, bancos e concessionárias de carros de luxo. Há um porquê. Mesmo assim, grande parte da população está alinhada com o posicionamento do Sintetel, que discorda da depredação cometida como parte desta tática. De acordo com recente pesquisa CNT/MDA, 93,4% são contra a estratégia black bloc. Linha direta em revista

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Economia - Especial Bolsa famíli a

Mitos derrubados Dez anos depois da criação, Bolsa Família traz expressivos resultados para o desenvolvimento humano do País por Emilio Franco Jr.

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ada mais sensato para avaliar o programa de assistência social batizado de Bolsa Família do que o tempo. Há dez anos, quando foi criado no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou críticas da oposição e da chamada elite social do País. As acusações iam de assistencialismo com viés eleitoral a incentivo para as pessoas não trabalharem. Com a luz do tempo, os detratores tendem a passar vergonha perante a História. “Hoje temos evidências científicas incontestáveis dos benefícios do Bolsa Família”, celebra Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Os dados corroboram com a afirmação, por mais que pequenos erros como beneficiários fantasmas e recebedores irregulares não escapem aos olhos.

Resultados positivos

A segunda rodada de avaliação do Programa mostra melhorias significativas em educação e saúde. Nas famílias beneficiadas, a percepção é de que houve avanço nas condições habitacionais e aumento do bem-estar. 24

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A grande mentira desmascarada é de que o programa levaria aqueles que recebem o dinheiro à acomodação pela falta de contrapartidas. Os números mostram que a frequência escolar de crianças de 6 a 17 anos pertencentes ao Bolsa Família foi 19,9% maior em comparação com os não beneficiados. Além da presença, o desempenho escolar foi 6% melhor. O programa registrou ainda queda de quase cinco horas no tempo dedicado ao trabalho doméstico, ocupado agora pelo

estudo. Com isso, a entrada de meninos no mercado de trabalho passou a acontecer dez meses mais tarde. A mortalidade infantil no nordeste foi reduzida em 50%. Também não é verdade que o Bolsa Família incentivaria as famílias a ter filhos para receber mais dinheiro. O Censo Populacional de 2010, do IBGE, mostra que a fecundidade entre as mulheres pobres caiu 30% na comparação com a média brasileira. Dos beneficiados, 75% trabalham, mas, por terem baixa


Economia - Especial Bolsa famíli a escolaridade ou por serem analfabetos, não conseguem ter renda para superar a linha da pobreza. E este grupo ainda costuma trabalhar mais horas diárias do que as pessoas das classes mais ricas. “Parte de nós acha que a população é pobre porque não trabalha, mas isso não é verdade”, enfatiza a ministra Campello ao acrescentar que metade do público do Bolsa Família é composto por crianças. Para melhorar de forma mais rápida a condição de vida dessas pessoas, o Bolsa Família disponibiliza cursos de qualificação profissional. Não à toa, 300 mil beneficiários se tornaram microempreendedores individuais e outros 145 mil viraram agricultores. “Fizemos a equação mais difícil, que era comprar alimento dessas pessoas e estimulá-las para que se organizassem para vender ao governo e ao mercado”, diz Campello. De acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cada real gasto pelo programa resulta no acréscimo de R$ 1,78 no PIB (Produto Interno Bruto). Comparado com outras despesas, o bolsa consome poucos recursos da União, ape-

O programa fez com que 22 milhões de pessoas deixassem a extrema pobreza

nas 0,5% do PIB. “É muito mais barato para o Estado colocar dinheiro na mão da família do que cuidar depois de crianças marginalizadas”, defende o ex-presidente Lula. Consciência social

Exatamente 1,69 milhão de famílias brasileiras pediram voluntariamente ao governo federal para deixar de receber o Bolsa Família, que em média é de R$ 152. Isso aconteceu porque essas pessoas conquistaram outras fontes de renda e ultrapassaram o limite para se enquadrar no programa social (ver box). No ano de implantação do programa, 6,5 milhões de famílias eram beneficiadas. Destas, apenas 522 mil ainda dependem do dinheiro extra. Ao longo dos anos, o programa foi expandido. Atualmente, 13,3 milhões de famílias, o equivalente a 52 milhões de pessoas, recebem o bolsa. Grande parte integra a nova fase do programa batizada de Superação de Extrema Pobreza. “Nobel Social”

O Bolsa Família recebeu em outubro de 2013 o prêmio ISSA, considerado o Nobel prêmio concedido a destaques mundiais em diversas categorias - da seguridade social. Este prêmio é concedido pela Associação Internacional de Seguridade Social, que foi fundada em 1927, com sede na Suíça, e é reconhecida por 157 países.

Podem fazer parte do Programa Bolsa Família: • Famílias com renda de até R$ 70,00 (setenta reais) por pessoa; • Famílias com renda de até R$ 70,00 (setenta reais) por pessoa, considerando, inclusive, os valores dos benefícios do Programa Bolsa Família e que possuam em sua composição crianças de 0 a 6 anos de idade. • Famílias com renda de R$ 70,01 (setenta reais e um centavo) a R$ 140,00 (cento e quarenta reais) por pessoa, que possuam em sua composição gestantes, nutrizes, crianças de 0 a 12 anos e adolescentes até 15 anos. • Famílias com renda de R$ 0.00 (zero) a R$ 140,00 (cento e quarenta reais) por pessoa, que possuam em sua composição adolescentes de 16 e 17 anos.

O Programa foi classificado pela organização como “uma experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza e promoção da seguridade social”. Esta honraria é entregue após uma série de pesquisas in loco. “A premiação internacional reconhece o esforço do País para construir uma rede de proteção social”, comemorou a ministra Campello. O programa fez, até hoje, com que 22 milhões de pessoas deixassem a extrema pobreza. Linha direta em revista

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Mulher - Especial Bolsa famíli a

Vidas transformadas

Mulheres que recebem o Bolsa Família entram para uma nova realidade e mostram-se menos controladas pelo marido por Laura Rachid

Mulheres titulares do Programa chegam a 93% das 13,3 milhões de famílias atendidas, afirma o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)

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uando o Programa chegou às mãos da população, em 2002, o Governo Federal previa impactos na vida dos beneficiados, como melhoria na condição de vida e diminuição da miséria. Mas, provavelmente, não imaginou a mudança que a nova renda faria na vida das donas de casa, principalmente nas regiões mais simples 26

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do País. Como a mulher é prioridade para ser a titular do cartão, ela, que antes dependia do salário do marido para tomar qualquer decisão, a partir do momento que saca o benefício tem, pela primeira vez, o poder de escolha. As mulheres mais pobres do Brasil estão, aos poucos, percebendo que não devem viver para servir ao

parceiro. A nova renda as leva de forma tímida e lenta à outra realidade. Surge um sentimento de independência e a dominação masculina tende a se disseminar, é o que aponta o estudo da antropóloga e professora Walquíria Domingues Leão Rego. De 2006 a 2011, a professora e o filósofo Alessandro Pinzani acompanharam as mudanças na vida de mais de 150 mulhe-


Mulher - Especial Bolsa famíli a res beneficiadas pelo Bolsa Família que vivem em regiões de extrema pobreza. Locais tradicionalmente machistas como o sertão nordestino de Alagoas, o interior do Piauí, o Vale do Jequitinhonha (MG) e a periferia de São Luís (MA).

da Silva, 34 anos, mora em Alagoas, e foi uma das entrevistadas pela antropóloga. Ela se separou após se inscrever no Programa. Teve coragem de sair de casa e usa a renda do Governo para sustentar os três filhos.

O sociólogo Marco Moretto defende que o Bolsa Família é um projeto de inclusão social, mas não acredita que o Programa possa quebrar com a doutrinação masculina no País. “Vejo a sociedade mudar a passos muito lentos. O pensamento de a mulher servir para ficar em casa ainda persiste, e com muita força. Há maridos, por exemplo, que traem as mulheres e não as deixam usarem camisinhas, mesmo elas pedindo”, afirma o sociólogo.

Pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2011, mostra que o número de separações é sempre menor nos Estados mais pobres. Porém, nos Estados pesquisados, o índice de divórcios cresceu nos últimos anos. No Maranhão, por exemplo, a separação aumentou 175% de 2009 a 2012. O dinheiro do Bolsa Família é apontado por Moretto e pela antropóloga como fundamental para esse resultado. “O dinheiro fortalece a parte psicológica da mulher. Há uma relação entre dinheiro e poder, em que a autoestima se fortalece”, explica Moretto.

Walquíria defende que o Bolsa Família, em dez anos, trouxe mudanças positivas para os beneficiados, principalmente para o sexo feminino. Casos de violência doméstica não são mais aceitos por algumas esposas e o divórcio passou a ser realidade porque o dinheiro do Programa trouxe segurança à mulher. Quitéria Ferreira

Casos de violência doméstica não são mais aceitos por algumas esposas e o divórcio passou a ser realidade porque o dinheiro do Programa trouxe segurança à mulher.

Waquíria detalha que o Bolsa Família tem impacto diferente das outras políticas públicas justamente porque o benefício vem em dinheiro. Explica que agora há uma renda fixa e é o beneficiado que escolhe com o que gastar. Surge a ideia de planejar a própria vida. As vontades e os sonhos aumentam. Há garantia de segurança, de conforto, como conta uma das entrevistadas. “O cartão do Bolsa Família é a única coisa que me deu crédito na vida, antes não tinha nada”. Outro exemplo de como políticas

O estudo dos autores encontra-se no livro que avalia as mudanças do Bolsa Família na vida das 150 entrevistadas

sociais transformam a vida do beneficiado pode ser compreendido na história narrada por Walquíria Domingues à Folha de S. Paulo, sobre o que escutou de um morador do Vale do Jequitinhonha com a chegada de luz à sua casa. “O que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto”. O valor do Bolsa Família é pequeno (ler página 25), mas dá a muitas famílias acesso a uma nova realidade. “Quando você tem um patamar de igualdade mínimo, você muda a sociedade. Claro que as coisas não são automáticas. Isto não pode ser posto como salvação da nação, mas é um começo”, contou Walquíria à documentarista Eliza Capai. Linha direta em revista

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5 4 Foto 1: Manifestação na Alma Viva – setembro Foto 2: XV Encontro dos Aposentados em Caraguá – outubro Foto 3: Manifestação na Contax – outubro Foto 4: Dia Nacional de Luta na GVT – outubro Foto 5: Delegados sindicais e ativistas durante Módulo 2 da Organização Sindical nos Locais de Trabalho – outubro Foto 6: Assembleia na Telemont em Campinas – setembro

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Foto 7: Dia Estadual de Luta na Líder - agosto Foto 8: Em Brasília, presidente do Sintetel defende ação contra o PL/4330 – novembro Foto 9: Encontro dos Aposentados das regiões de Campinas e Vale do Paraíba ocorreu em Itu – novembro Foto 10: Encontro dos Aposentados das regiões de

Bauru, Ribeirão Preto e S.J.do Rio Preto – novembro Foto 11: A cidade de Santos sediou o Encontro das regiões do ABCDM e Baixada Santista – dezembro Foto 12: O novo diretor de Aposentados, Osvaldo Rossato, já traçou os planos dos próximos Encontros dos Aposentados para 2014 - dezembro

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Sindical

Como o Sintetel se tornou o maior sindicato das Américas O crescimento do Sintetel se deu após a privatização do setor de telecomunicações, o que implicou numa nova lógica de ação por Marco Tirelli

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COLOMBIA uito se ouve dizer que o Sintetel é o maior sindicato das Américas no setor de telecomunicações. Talvez o que poucos saibam é que este posto foi alcançado por necessidade de adaptação a uma nova realidade, e não por orgulho de seus dirigentes. Essa mudança ocorreu nos anos subsequentes à privatização da Telebrás quando, abruptamente, a categoria saltou de pouco mais de 28 mil trabalhadores, distribuídos em cinco empresas, para quase 100 mil. Isso ocorreu com a implantação da terceirização, com a chegada das empresas prestadoras de serviços em telecom e com a criação do setor de teleatendimento.

O fato é que, com exceção do Sintetel, não existe no setor um sindicato, desde o Alasca até a Terra do Fogo, que negocie com 571 empresas e que represente mais de 250 mil trabalhadores em um único estado. O sociólogo Maurício Rombaldi, em sua dissertação de mestrado “Os sindicalistas nas entrelinhas: o caso do Sintetel pós-privatizações” concluiu que a 30

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reorganização do setor foi seguida pela reestruturação da organização do sindicato, o que ampliou a representatividade, criou novos departamentos e cargos sindicais. Chega uma nova realidade Antes mesmo de 1998, as empresas já vinham sinalizando para uma possível terceirização da rede externa e do atendimento. Consequentemente, aqueles no-


Sindical vos trabalhadores ficariam sem proteção sindical. Os dirigentes do Sintetel da época tomaram conhecimento das diferentes situações de quebra do monopólio estatal e também estudaram as experiências de privatização do setor em países como Espanha, Portugal, Argentina e Peru. “Antevendo o que poderia acontecer aqui no Brasil, o Sintetel se adaptou à nova realidade ao adotar o conceito de sindicato da cadeia produtiva do setor de telecomunicações”, explica José Luiz Passos, assessor da Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações). Outro aliado do Sintetel foi a legislação brasileira. O sistema sindical unitário, também chamado de Unicidade Sindical, presente no Brasil desde a Constituição Federal de 1937, é a forma prevista para a organização dos sindicatos. De acordo com este sistema, só é possível uma entidade sindical por categoria para uma mesma base territorial. A base territorial mínima é o Município. Nenhum Sindicato poderia ter base territorial menor que um Município, mas pode ter base em mais de um Município, um Estado inteiro e até mesmo pode ter base nacional. Países nos quais também houve a quebra do monopólio estatal são regidos pelo sistema de pluralidade sindical, ou seja, existe a possibilidade de mais de uma entidade numa mesma base ter-

A unicidade sindical foi um dos fatores que favoreceu ao Sintetel responder aos desafios

ritorial e até mesmo numa mesma categoria. “No Chile, cada dez trabalhadores de uma mesma empresa podem formar um sindicato. Na Telefônica de lá, por exemplo, são 18 sindicatos, sendo que o maior tem 800 trabalhadores. Em resumo, são sindicatos fracos que têm pouco poder de negociação, pois como a categoria está dividida, a empresa faz o que quer”, diz Cenise Monteiro, diretora de Relações Internacionais da Fenattel. No Peru, a legislação permite somente um sindicato por empresa e, na Argentina, o setor de teleatendimento pertence à categoria dos trabalhadores do comércio. A unicidade sindical foi um dos fatores que favoreceu ao Sintetel responder os desafios pós-privatização em relação a outros países. E em relação aos demais sindicatos do setor no Brasil, o Sintetel é o maior pelo número de trabalhadores representados. Visão internacional O Sintetel, no decorrer da sua história, tem sido convidado a apresentar o resultado de seu

trabalho para além das fronteiras brasileiras. Desde a época da Internacional do Pessoal de Correios, Telégrafos e Telefones (IPCTT), passando pela IC (Internacional de Comunicações) e, atualmente, na UNI (Rede Sindical Mundial), o Sindicato tem tido representantes e tem participado ativamente nos Congressos, Conferências e Assembleias Gerais. Para muitos sindicatos na América, o Sintetel é um exemplo. “O sindicato do Panamá, assim como o Sintetel, também abriu seu estatuto e hoje representa toda a cadeia produtiva do setor. Em consequência disso, ele está crescendo e se fortalecendo”, destaca Cenise. Recentemente, dirigentes do Sintetel apresentaram um trabalho sobre prevenção de doenças ocupacionais no Comitê Mundial de Telecomunicações. “Nosso sindicato, além de lutar pela melhoria das condições da categoria, também apresenta propostas inovadoras e por isso somos bem vistos lá fora como um sindicato de vanguarda”, afirma Cenise Monteiro. O Sintetel se adaptou ao novo perfil da categoria. Com toda a transformação social que ocorreu após o desmanche da Telebrás, o setor atualmente é composto por milhares de trabalhadores jovens e com emprego de curta duração. O desafio continua e o Sintetel está respondendo à altura. Linha direta em revista

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Artigo

O ano misterioso

Por João Guilherme Vargas Netto, assessor sindical

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om todos os acontecimentos retumbantes que se sucederam ao longo dos meses, o ano de 2013 guarda, para os olhos do movimento sindical, um mistério. Um crescimento econômico medíocre, alguns falando em travamento da economia e outros em esgotamento do modelo, ao mesmo tempo em que o emprego formal cresce e os ganhos reais de salários sobem em quase todas as categorias e regiões do Brasil. Este é o grande mistério do ano que vai terminando e entendê-lo ou decifrá-lo é tarefa essencial para traçar os rumos sindicais em 2014. O primeiro passo para o esclarecimento é a compreensão de que o modelo não se esgotou e, pelo contrário, sua lógica – mesmo que contrariada 32

Linha direta em revista

pelos adversários rentistas – mostra sua força: na contramão do mundo inteiro a economia brasileira tem precisado do emprego e do salário em alta para se manter e avançar, mesmo que a baixa velocidade. Há, felizmente, certas conquistas, como a da política de aumento real do salário mínimo, que viraram um terceiro trilho de metrô, aquele no qual não se pode pisar sem risco de ser eletrocutado. Outro elemento para decifrar o mistério é o continuado empenho do movimento sindical em reivindicar a pauta trabalhista e, ao mesmo tempo, mobilizar os trabalhadores e garantir campanhas e negociações vantajosas de salários. O jornalista João Franzin tem anunciado repetidamente o valor monetário adicionado à economia por meio dos ganhos

salariais dos trabalhadores; as grandes ruas onde se concentra o comércio popular regurgitam de compradores e o consumo continua sendo a alavanca da situação econômica. E, por último, a grande chave que desvenda o misterioso ano de 2013, é a unidade de ação do movimento; ela garante os ganhos referidos acima e mais o empenho pelo avanço de outras reivindicações, como a inutilização do fator previdenciário e a correção da tabela do imposto de renda e a ampliação de suas faixas. Persistir no rumo econômico que privilegia emprego e salários, garantir conquistas salariais e empenho na defesa da pauta trabalhista e reforçar a unidade de ação, eis as chaves que abrem as portas do mistério de 2013 e nos posicionam, com vantagem, em 2014.


Passatempo

Mulheres da Ciência

• Se duas pessoas se amam, não pode haver final feliz.

Conheça algumas mulheres que marcaram a História como grandes CIENTISTAS.

• O melhor amigo do homem é o uísque. O uísque é cachorro engarrafado.

• Rosalind Franklin (1920-1958): Biofísica BRITÂNICA que estudou a difração dos raios X e descobriu o formato HELICOIDAL do DNA.

• Minha primeira mulher era muito infantil quando nos casamos. Um dia, eu estava tomando banho na banheira e ela afundou todos os meus barquinhos sem o menor motivo.

• Cecilia Payne-Gaposchkin (19001979): ASTRÔNOMA inglesa que criou uma CLASSIFICAÇÃO para os astros conforme suas temperaturas.

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NAS BANCAS E LIVRARIAS

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de lógica ambientados no universo místico da Idade média

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60 jogos mais de

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Aristóteles Onassis

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Joseph Stalin

• Não ser descoberto em uma mentira é o mesmo que dizer a verdade.

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• A morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões, uma estatística.

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Barbara Gancia

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• Só em novela de televisão é que casa de rico é chamada de mansão, barco é chamado de iate e copeiro é chamado de mordomo.

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Wilson Mizner

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• A vida é dura e os primeiros cem anos são os piores.

• Elizabeth Blackwell (1821-1910): FÍSICA americana que foi a primeira mulher a praticar MEDICINA nos Estados Unidos. Ela fundou a Universidade Médica da Mulher.

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Groucho Marx

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• Quando for a um restaurante, escolha sua mesa com cuidado. Em certos casos, é bom ficar bem perto do banheiro. Em outros, o mais longe possível.

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Bertold Brech

• Marie CURIE (1867-1934): Física e QUÍMICA polonesa que ficou famosa pelas suas descobertas sobre RADIOATIVIDADE. Por ganhar o Prêmio NOBEL de Física de 1903 e o de Química de 1911, tornou-se a primeira pessoa a receber a láurea duas vezes e em áreas distintas.

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• Infeliz o povo que precisa de heróis.

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George Santayana

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Woody Allen

• O fanatismo consiste em redobrar os esforços quando se esqueceu os objetivos.

• Emmy Noether (1882-1935): Física e matemática ALEMÃ que concluiu importantes pesquisas sobre a Teoria dos Anéis e ÁLGEBRA Abstrata. Além disso, formulou o Teorema de NOETHER, que esclarece as relações entre simetria e as leis de conservação da Física TEÓRICA.

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Vinicius de Moraes

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Ernest Hemingway

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Oscar Wilde

© Revistas COQUETEL 2013

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

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• Deve-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência.

CAÇA-PALAVRAS

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O melhor do mau humor

Frases retiradas do livro “Uma antologia de citações venenosas” de Ruy Castro. Linha direta em revista

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Artigo do Leitor

“Garoa noturna” D

istraído, Neiber atravessou a rua sob forte garoa quando quase foi atropelado por Laura que estreava um carro novo. Laura não gostou de ter quase atropelado Neiber, se bem que o incidente serviu para testar a eficiência do freio ABS. Mas isso pouco ocupou seu pensamento. Pensou mais no contratempo que seria ter atropelado Neiber. Não gostava de contratempos, e, mesmo não o tendo atropelado, sabia que teria uma noite de mal-estar. Apesar de não saber que Neiber era Neiber, já nutria grande ódio por ele, porque caminhava à noite e porque atravessara a rua tão distraidamente.

Neiber era um homem bonito, mas Laura era incapaz de ver beleza em alguém que andasse a pé. Para Laura, a beleza tinha que estar ligada a coisas práticas e sólidas. Possivelmente ela entreviu o rosto anguloso e o olhar expressivo de Neiber distorcido pela garoa, mas isso para ela era como ver a noite fechada. Quem é que podia atribuir peso e valor à beleza da noite fechada? A beleza de um homem caminhando à noite por ruas inseguras era igualmente irracional. Laura só se sentia viva dentro de um carro, ou de um lugar equivalente. Do contrário a vida fugia ao controle, ficava perigosa e sem sentido. O carro dava uma dimensão clara do que ela pensava e queria. Dentro dele – sobretudo agora que já testara a eficiência

do freio – podia definir com segurança o rumo da sua vida. Neiber olhava tão distraidamente para a bela mulher que dirigia o carro que nem se deu conta do perigo que correra ao ser quase atropelado por ela. Gostava de caminhar pelas ruas da cidade e frequentemente se distraia com a beleza das pessoas e das coisas. Mesmo não sendo atropelado, se desequilibrou e caiu, por isso a mulher desceu do carro. Achou gentil ela perguntar se havia se machucado e caprichou num sorriso para dizer que não. Neiber teria arriscado acrescentar mais uma palavra se não percebesse um fio gelado no olhar de Laura. Embora não soubesse que Laura era Laura, sentiu pena dela. Notou que a frieza em seus olhos era fruto do

grande mal-estar que aquele contratempo provocara. Se não fosse tão tímido, poderia relevar o olhar e convidá-la para um passeio ao redor da praça. Sabia que nada é melhor para curar mal-estar que uma caminhada, sobretudo em companhia de alguém que saiba ouvir o silêncio. A pena de Neiber se transformou em dor quando viu Laura fechar a porta do carro com força, como se alguma coisa a assustasse. Um susto que podia vir dele, da noite, ou da vida. Por que uma mulher linda como Laura teria medo da vida? Ou dele? Por quê? A lógica de Laura era incompreensível para Neiber. Ele não costumava chorar, por isso atribuiu o molhado do rosto à cariciosa garoa noturna. Petrúcio Datento Operatore - Teleoperador

Incetivado pelo belo texto de Reizinho Villas-Boas, “O calor do amor”, publicado na 16ª edição desta revista

As ideias contidas nesta página são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do Sintetel.

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Institucional

Publique seu texto em nossa revista!

Você sabia que é possível dividir seus pensamentos com os demais leitores da Revista Linha Direta? Pois é, em todas as edições uma página é reservada para a publicação de contos, poemas ou reflexões dos escritores anônimos espalhados pelo Estado de São Paulo. E não precisa ser profissional.

Se o seu objetivo é o de apenas encontrar um espaço para compartilhar suas ideias, na Revista Linha Direta você tem essa oportunidade. Envie seu texto por e-mail para sintetel@sintetel.org.br, e coloque na mensagem o título “Artigo do Leitor”. Ou, se preferir, envie via cor-

reio para a sede do Sintetel aos cuidados do Departamento de Imprensa. Então mãos à obra. Envie sua arte e entre para a história do Sindicato. Se desejar, nos mande também uma foto em alta resolução que será publicada junto com seu texto.

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colônias de férias

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CARAGUÁ I Ministro João Cleófas Av. José Herculano, 5035 Porto Novo, Caraguatatuba - SP (12) 3887-2782

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