PUBLICAÇÃO | Boletim da Intercel nº 127

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boletim da intercel

Informativo da Intercel - 28 de AGOSTO de 2020 - N127

CLEICIO A VERGONHA DA CELESC

ENQUANTO GOVERNO DO ESTADO PATROCINA AÇÃO CONTRA REAJUSTE DA CELESC, PRESIDENTE DEFENDE GOVERNADOR, MENTE SOBRE PLR E DEFENDE MODELO PRIVADO EM COMISSÃO DA ALESC 1


Durante a Caravana da Intercel, os dirigentes sin- de uma possível não aplicação do reajuste levará a dicais alertavam os trabalhadores das dificuldades Celesc, novamente, rumo à falência e às portas da que serão enfrentadas na negociação do Acordo Co- privatização, penalizando toda a sociedade catariletivo de Trabalho 2020/21. Em especial, a avaliação nense. de que o momento caótico da política estadual e a Pior do que Moisés, somente o presidente da Cepéssima relação com a Diretoria da empresa apon- lesc, Cleicio Poleto Martins, que foi à Comissão de tavam para uma data-base recheEnergia da Alesc para defender o ada de ataques aos trabalhadores, investimento privado como soluseus direitos, suas representações ção para o setor elétrico, mentir e à própria Celesc Pública. Nesta sobre a imoral Participação nos semana os celesquianos tiveram Lucros e Resultados recebida pela uma amostra do descaso do GoDiretoria e atacar os próprios DeO Presidente parece verno do Estado e da irresponsaputados, como se o andamento do ter pulado as aulas bilidade do Presidente da Celesc. impeachment contra o Governade história e, na A intenção privatista de Moisés e dor fosse responsável pela tarifa de tentativa medíocre de sua trupe sempre foi denunciada energia elétrica no Brasil ser uma pelos sindicatos da Intercel. Há defender o Governador, das mais caras do mundo. em curso um plano estruturado Depois de fazer aquilo que faz demonstrou que de destruição da credibilidade da habitualmente, enaltecer a sua não entende nada de empresa para facilitar a venda da gestão à frente da Celesc com a política, de economia e Celesc e ele passa pelas inúmeras manipulação dos números da eme evidentes incompetências da presa, em suas considerações fido setor elétrico Diretoria da empresa e das vergonais, Cleicio deu um verdadeiro nhosas declarações do Presidente, “piti” fazendo uma salada que misCleicio Poleto Martins. tura o custo da energia, a política Se no início do ano o Governanacional e estadual, a PLR dos Didor sancionou um projeto inconsretores e dos trabalhadores e uma titucional sobre a cobrança das faturas de energia suposta ética na administração pública em prol da e o corte durante a pandemia, que levaria à insol- população. Adepto da tática de contar uma história vência financeira da Celesc, agora, Moisés coloca a triste para dizer que o estudo é o caminho para alProcuradoria Geral do Estado para atacar a Celesc, cançar os objetivos, o Presidente parece ter pulado patrocinando ação do Procon contra o reajuste ta- as aulas de história e, na tentativa medíocre de derifário homologado pela Agência Nacional de Ener- fender o Governador, demonstrou que não entende gia Elétrica (Aneel) à Celesc. O impacto financeiro nada de política, de economia e do setor elétrico.

PRIVATIZAÇÃO E PREÇO DA ENERGIA NO BRASIL Segundo Cleicio, a energia elétrica no Brasil é uma das mais caras do mundo, por conta da falta de credibilidade do país perante os investidores estrangeiros. “Quando um investidor lá de fora, olha para o Brasil e vê uma disputa ferrenha entre o executivo e o legislativo, não só nos estados, mas como no Brasil, o cara vai aumentar a taxa de retorno dele, porque o risco é muito maior”. A primeira mentira de Cleicio é a defesa de que a salvação do setor elétrico é o investimento privado. A tarifa de energia elétrica no Brasil é cara por conta do desmonte do setor através da implementação de um modelo mercantil e neoliberal alicerçado nas privatizações promovidas pelo governo FHC (PSDB) que culminou com a criação da Aneel em 1997. Além de aumentar a conta para o consumidor, o processo de privatização, sob o pretexto da busca de

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eficiência, atenta contra os direitos dos trabalhadores, precarizando as condições de trabalho e os direitos dos Acordos Coletivos. Em artigo que debate o marco legal do setor elétrico, as pesquisadoras Marcela Andresa Semeghini Pereira e Isabel Yamashita deixam explicito o modelo: “Para a agência reguladora, empresa eficiente é aquela que tem custo operacional abaixo do regulatório, independente da forma como se dá essa redução. A consequência tem sido a precarização das condições de trabalho com parcos efeitos sobre a tarifa, tendo em vista que o peso das despesas com pessoal no custo final ao consumidor é muito pequeno”. Enquanto lutamos para dizer que Energia não é mercadoria e que os direitos dos trabalhadores devem ser respeitados, Cleicio diz que é uma mercadoria e que tem que ser vendida para os gringos às custas de ataques aos eletricitários.


O CIENTISTA POLÍTICO DA CONVENIÊNCIA Além de defender investimentos privados no setor elétrico, Cleicio consegue fazer uma análise política olhando para o próprio umbigo, na defesa do Governador, como que se agarrando às poucas oportunidades que tem de permanecer em um cargo que nunca ocupou e nunca teria ocupado não fosse a indicação política de seu amigo. “Essa briga política não é boa para ninguém. E num momento de pandemia, ao invés de nós estarmos unidos, discutindo o que é melhor para a população, tá se discutindo já a eleição de 2022. Então, isso vai continuar assim enquanto os políticos, vocês aqui e a câmara lá em Brasília não sentarem e conversarem e pensarem na população. É isso que

a gente tem que fazer. Essa briga vai trazer dinheiro caro para o Brasil, isso é natural. Quanto maior o risco, mais tu vai querer cobrar”, disse em suas considerações finais à Comissão de Energia. Na lógica de Cleicio, o que aumenta a conta de energia é o processo de impeachment de Moisés e as investigações sobre as denúncias de corrupção no Governo. Cleicio dispara uma metralhadora de falas desencontradas e desconexas da realidade para defender Moises. O discurso inflamado de que a disputa entre legislativo e executivo é a causa de todos os males – inclusive do aumento da tarifa – não passa de um lamento vergonhoso de quem só manterá o cargo se o amigo continuar no poder.

“A DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ERA UMA VERGONHA” No meio da salada, Cleicio arruma espaço para reproduzir uma de suas mais frequentes mentiras: de que ele é o salvador da Celesc. De que a empresa era um caos e que ele veio para botar ordem na casa. “Santa Catarina era uma vergonha na distribuição de energia elétrica! Uma vergonha! Cabo de aço, meu amigo. Que que é isso! Que falta de respeito com a sociedade”, diz em certo momento. A fala que foi classificada pelo colunista Moacir Pereira como “Fake News”, demonstra a arrogância e a ignorância do Presidente, que desconhece a evolução dos parâmetros construtivos das redes da Celesc, onde o aço era utilizado nas redes rurais (como fio individual ou “alma” dos cabos de alumínio) por conta da alta resistência física/mecânica em detrimento à baixa condutividade, em um momento onde a maioria das residenciais rurais eram atendidas por redes monofásicas, e a demanda de carga era baixa. É impressionante a manifestação do presidente, considerando que até pouco tempo atrás o trabalho da empresa era promover a universalização do acesso à energia elétrica (e foi a primeira distribuidora do Brasil a atender 100% da população na área de concessão) e que, agora, com os recursos oriundos do BID conquistados pela mobilização dos trabalhadores organizados pelos sindicatos da Intercel e pelo trabalho da gestão anterior que ele, de maneira

antiética, define como vergonhosa, não faz mais do que a obrigação ao aplicar os recursos que recebeu “de bandeja”. Mas Cleicio vai além: “Hoje vocês estão me vendo na presidência da Celesc, mas eu com nove anos de idade era boia fria, subia no caminhão de boia fria e nunca fiquei me comparando com outros. Não sou mais feliz hoje do que era quando tinha nove anos, mas tenho muito mais responsabilidade, tô tratando essa empresa com muita responsabilidade”. O Presidente da Celesc usa seu histórico pessoal como justificativa para contar uma obra de ficção. Recorrentemente o presidente recorre a sua infância humilde para vender uma imagem de ser alguém que não é. Com o pano de funda da sua história de vida, o presidente se apresenta como alguém “responsável”, mas na verdade é o mesmo que tem tentado implementar na Celesc medidas privatistas como o aumento da terceirização; é o mesmo que se nega a recompor o quadro de pessoal para atender a sociedade; é o mesmo que, irresponsavelmente, defende um Governador que, dia após dia, põe a Celesc no caminho da privatização. A Intercel já fez críticas à postura arrogante do Presidente, que reproduz a “velha política” de desfazer todos os ganhos anteriores e assumir todas as glórias do trabalho dos outros.

A DESINFORMAÇÃO DA PLR Tendo sido notícia recente, a PLR dos Diretores também foi alvo de distorções por parte do Presidente. Para encobrir a imoralidade no pagamento de somas vultuosas aos diretores, Cleicio traz para o debate a PLR dos trabalhadores e, novamente, mente. “Nos últimos 10 anos foram distribuídos R$ 310 milhões so-

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mente para os empregados. Tem categoria que o ano passado recebeu 4,7. É justo. Eu acho justo como Presidente da empresa. É uma ferramenta de gestão para os empregados se motivarem e atenderem a população num momento do Ciclone, como aconteceu”. A PLR dos trabalhadores nunca esteve em discussão. Da


mesma forma que um misterioso documento contendo informações que não são públicas chegou à Assembleia Legislativa para atacar os trabalhadores e pedir a privatização da Celesc, Cleicio distorce os fatos para tentar tirar o foco do fato. A Participação nos lucros dos trabalhadores é prevista em constituição e regulamentada através de lei. Já a PLR à Diretoria é uma liberalidade da empresa e, sendo a Celesc uma estatal, os

valores acordados com o Conselho de Administração (com exceção do representante dos empregados, que sempre votou contra) são um descaso com o patrimônio público. Cleicio ainda mente aos Deputados sobre o montante distribuído aos trabalhadores, utilizando bases de comparação diferentes, uma vez que, em média, enquanto os diretores podem chegar a receber 6 salários, os trabalhadores não chegam a 1,6.

O INDISPONÍVEL CLEICIO Cleicio concluiu: “enquanto nós não tomarmos estaduais, legítimos representantes eleitos pelos cacom seriedade nossas responsabilidades, como ad- tarinenses, Cleicio fez arroubos de valente, contou ministradores públicos, o país vai ficar patinando. mentiras, distorceu fatos, e falou, mas nada disse. E é um dos países mais ricos do mundo. Tem água, Apenas esperneou contra um processo de afastamentem agricultura, tem pecuária, tem minério. En- to que caminha rápido e deve tirar Moisés do poder, fim, estou disponível para vir aqui trazendo consequências para dendiscutir qualquer assunto, agora, tro da maior estatal catarinense. que sejamos honestos uns com os A repercussão da participação do outros. Não façamos politicagem, presidente na reunião da Comissão mas sim política que é o diálogo de Energia foi péssima, e deixou os democrático e republicano” Isso deputados espantados com tamaÉ triste e perigoso mesmo! O mesmo Cleicio, que nha falta de conhecimento, educaque a empresa seja omitiu o vínculo com empresa ção e respeito: “como pode alguém administrada por alguém concorrente da Celesc e permatão despreparado ser presidente da que não compreenda neceu um ano inteiro em conflito Celesc?” confidenciaram vários dede interesses, pediu responsabiputados aos sindicatos da Intercel. o tamanho da Celesc, lidade na administração pública. Parece impossível que, mesmo desua importância para O mesmo Cleicio, que foi para a pois de quase dois anos no cargo, Santa Catarina e que não França com dinheiro público peCleicio não compreenda o papel de respeita os trabalhadores diu honestidade aos deputados. um presidente da Celesc. Na verE o mesmo Cleicio, que fugiu de dade, é triste e perigoso que a emtodos os debates com as represenpresa seja administrada por alguém tações dos trabalhadores (inclusique não compreenda o tamanho da ve sendo o primeiro presidente da Celesc, sua importância para Sanhistória que se acovardou ao não ta Catarina e que não respeita os participar de uma audiência pública na ALESC) e trabalhadores, verdadeiros responsáveis pela história fechou as portas da Celesc para a sociedade, se disse da Celesc como exemplo de empresa pública em um disponível para um debate republicano. setor majoritariamente privado e focado no lucro em A verdade é que a fala do Presidente da Celesc dá detrimento do bom atendimento à sociedade, um vergonha nos celesquianos. Diante dos deputados modelo que Cleicio defendeu abertamente na Alesc.

REAJUSTE TARIFÁRIO, LEI ESTADUAL E O IMPACTO PARA A CELESC E PARA OS TRABALHADORES A lamentável participação do Presidente da Empresa na Alesc piorou a situação da polêmica acerca do reajuste tarifário da Celesc. Como o Governo do Estado colocou a Procuradoria Geral do Estado para representar judicialmente o Procon, indo contra o patrimônio público, não é de se descartar que a encenação faça parte do plano de privatização da empresa. É trágico que o controlador da empresa,

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novamente, ameace a continuidade dos serviços prestados à população com medidas que levam à insolvência financeira da Celesc. Além disso, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou Projeto de Lei que proíbe o aumento de tarifas de serviço púbico durante a pandemia. É compreensível que, diante de tanta incompetência demonstrada pelo presidente da Celesc, os Deputados tenham aprovado


uma lei que impede os reajustes de água e energia. Essa lei, se sancionada pelo governador, agravará a situação da distribuição de energia, precarizando as condições de trabalho e de atendimento à sociedade, jogando a Celesc para os braços da iniciativa privada em um cenário onde a privatização no Brasil apenas piorou o atendimento e aumentou a conta para a população. O que é importante aqui, no entanto, é ver se a responsabilidade que tanto foi exaltada pelo Presidente será assumida na defesa da Celesc. Até o momento, a Diretoria não se manifestou sobre a ação judicial do Procon e sobre o Projeto de Lei da Alesc.

Tendo posto a PGE para advogar contra a Celesc, parece óbvio que Moisés irá sancionar a lei, tornando a situação da Celesc ainda mais delicada. Será que a Diretoria ficará assistindo inerte o Governador do Estado utilizar a máquina pública de forma populista para tentar recuperar popularidade no Estado e impedir o impeachment, enquanto destrói a maior estatal catarinense e melhor distribuidora de energia elétrica do país no caminho? Ou será que a saída que a Diretoria aponta é o ataque aos direitos dos trabalhadores neste ACT? Serão, novamente, os trabalhadores que pagarão a conta da incompetência de Moisés e de Cleicio?

INTERSINDICAL DOS ELETRICITÁRIOS DE SC EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLÉIA GERAL ESTADUAL As Diretorias do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Florianópolis – SINERGIA, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica do Vale do Itajaí – SINTEVI, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica do Sul do Estado de Santa Catarina – SINTRESC, do Sindicato dos Eletricitários do Norte de Santa Catarina – SINDINORTE-SC, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Lages – STIEEL e do Sindicato dos Administradores do Estado de Santa Catarina – SAESC, na forma de suas atribuições legais e estatutárias, CONVOCAM os empregados da CELESC Distribuição S.A da base territorial dos respectivos Sindicatos, as¬sociados e não-associados, para se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária ESTADUAL VIRTUAL. Para manter o isolamento social e evitar a contaminação e propagação do coronavírus, a assembleia será realizada de forma virtual, através da PLATAFORMA ZOOM MEETING, no dia 29/08/2020 (sábado), às 9h00min., em primeira convocação, com o número regulamentar de presentes, e às 09h30min., em segunda e última convocação, com qualquer número de presentes, a fim de discutirem e deliberarem sobre a seguinte ORDEM DO DIA: 1 – Unificação das cláusulas da PAUTA DE REIVINDICAÇÕES da categoria eletricitária, aprovadas nas Assembléias Regionais dos respectivos sindicatos, a ser apresentada à CELESC, com vistas ao Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021; 2 – Definição dos encaminhamentos pertinentes à campanha salarial dos eletricitários. Joinville, 28 de agosto de 2020. Mário Jorge Maia Coordenador do SINERGIA

Felipe Rafael Klering Braga Presidente do SINTEVI

Luiz Antonio Barbosa Presidente do SINTRESC

Paulo Roberto X. de Oliveira Presidente do STIEEL

Paulo Guilherme de S. Horn Presidente do SINDINORTE-SC

Benhour Romariz Filho Presidente do SAESC

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expediente Boletim da Intercel é uma publicação da Intersindical dos Eletricitários de Santa Catarina | Jornalista Responsável: Paulo Guilherme Horn (MTE 3489/SC) Rua Max Colin, 2368 | Joinville/SC | CEP 89216-000 Tel: (47) 3028-2161 | Email: sindsc@terra.com.br As matérias assinadas não correspondem, necessariamente, à opinião do informativo.

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