boletim intercel da
PORTAS ABERTAS E SALA VAZIA
DIRETORIA REPRODUZ A TÁTICA DA
Nesta segunda-feira, dia 29, a Diretoria da Celesc encaminhou aos celesquianos um e-mail onde afirma estar “de portas abertas para discutir temas importantes para a valorização dos empregados e fortalecimento da empresa”. O e-mail lista uma série de pontos importantes para os trabalhadores, criando a falsa ilusão de que a Diretoria da empresa está aberta a “ouvir as reivindicações da entidade e buscar soluções para as demandas”, citando reunião realizada na última quinta-feira, dia 25, entre os sindicatos da Intercel e os Diretores Vitor Guimarães (Comercial), Cláudio Varella (Distribuição), Eloi Hoeffelder (Geração, Transmissão e Novos Negócios), Pilar Sabino (Gestão Corporativa) e Pedro Augusto Schmidt de Carvalho Junior (Regulação).
A verdade é que a nova Administração recicla velhas práticas, contando meias verdades para enrolar os trabalhadores. Para deixar mais claro, vamos dividir o texto entre os temas citados no e-mail da Diretoria: PLR 2022, terceirização e Plano de Saúde.
PLR 2022
Antes da reunião com os Diretores que foi citada no e-mail, a Intercel já havia se reunido, na semana anterior, com os Diretores Julio Pungam (Finanças e Relações com Investidores) e Marcos Penna (Planejamento e Controles Internos),
apresentando aos Diretores a lógica do recurso protocolado pelas entidades sindicais para revisão da Participação nos Lucros e Resultados 2022. O recurso prevê o expurgo do passivo atuarial do cálculo do Ebitda, um dos componentes da Parcela Base da PLR dos trabalhadores, uma vez que a única forma de gerência dos celesquianos – a criação de um novo Plano de Saúde – foi sabotada pela última Administração. O próprio e-mail da Diretoria admite a argumentação do recurso quando afirma que o que “puxou para baixo” o Ebitda foi o passivo atuarial. Considerando que a Diretoria afirma que o embasamento da decisão será técnico, os trabalhadores esperam o mais rápido possível a confirmação da revisão, o que justificaria o discurso de “valorização e reconhecimento dos empregados para que a Celesc alcance seus objetivos”, como cita o e-mail. É preciso destacar, ainda, que o e-mail confunde os trabalhadores ao não deixar explícito que o passivo atuarial é responsabilidade da Celesc e se refere ao balanço da empresa. Ao não dizer, a Celesc dá a entender que a responsabilidade é da Celos e reforça narrativas irresponsáveis contra a Fundação, que é patrimônio dos celesquianos.
TERCEIRIZAÇÃO
Desde o início desta Administração, a Intercel tem alertado os trabalhadores sobre os riscos do
mantra do Presidente da Celesc, Tarcísio Rosa: Celesc Pública, mais forte e mais eficiente. O discurso da eficiência, no setor elétrico, é comumente utilizado para justificar a terceirização e, nestes quase 4 meses de nova Administração, temos visto o aumento dos boatos de que várias atividades seriam terceirizadas, do jurídico ao atendimento comercial, passando sempre pela operação do sistema elétrico. A entrevista concedida pelo Presidente ao colunista Moacir Pereira reforçou a tese, uma vez que ele afirmou que abriria uma loja de atendimento no centro de Florianópolis, ao mesmo tempo que tem negado a reposição de atendentes em diversas lojas por toda Santa Catarina. Na reunião citada pelo e-mail da Diretoria, a Intercel cobrou o posicionamento dos Diretores contra a terceirização, uma vez que todos são empregados de carreira. O Diretor Comercial, Vitor Guimarães, foi o único que demonstrou ser contra a terceirização, citando que, quando assumiu a Diretoria, sepultou o projeto de terceirização do atendimento comercial que era pretendido pelo ex-Diretor Sandro Levandoski. Vitor citou que recompôs o quadro das lojas, fortalecendo o atendimento e retomando os treinamentos, reiterando que não aceitaria terceirizar.
em todos os locais, mas para enxergar essa realidade a Diretoria precisaria percorrer as Regionais. Os sindicatos da Intercel reafirmam que qualquer tentativa de terceirização terá reação dos trabalhadores, uma vez que terceirizar nada mais é que tirar do público e dar ao privado o atendimento à sociedade. Em um momento no qual a Celesc é reconhecida pela ANEEL, novamente, como uma das melhores distribuidoras de energia elétrica da Região Sul e do Brasil, na avaliação dos clientes, terceirizar é deliberadamente atacar a sociedade, que preza e reconhece a qualidade do serviço prestado por celesquianas e celesquianos.
PLANO DE SAÚDE
“A questão da criação do novo Plano de Saúde escancara a inércia e as meias verdades do e-mail da Celesc. Nele, a Diretoria afirma que trata do tema desde a data de posse dos Diretores e do Presidente. Passados quase 4 meses, nada de efetivo se concretizou.”
Esse tipo de postura é a que se espera, não só de um Diretor eleito pelos trabalhadores, mas por todos os Diretores que são empregados de carreira da Celesc. Não é admissível que uma Diretoria composta em sua maioria por empregados próprios se sujeite a dar suporte à terceirização, que nada mais é do que uma forma de privatizar. Para a Intercel, é dever dos Diretores manifestarem-se contra a terceirização, fortalecendo a Celesc Pública. Na última Administração, os empregados de carreira que, quando sentaram na cadeira de Diretores atacaram a categoria, foram taxados de traidores dos celesquianos e inimigos da Celesc Pública. A lógica é a mesma.
Apesar do discurso de Celesc Pública, o próprio e-mail da Diretoria demonstra que o risco de terceirização é iminente, pois afirma que a Administração ainda “está avaliando as formas de contratação, caso necessário”. A necessidade de contratações é vista no dia a dia de trabalho
A questão da criação do novo Plano de Saúde escancara a inércia e as meias verdades do e-mail da Celesc. Nele, a Diretoria afirma que trata do tema desde o dia 9 de fevereiro, coincidentemente a data de posse dos Diretores e do Presidente. Passados quase 4 meses, nada de efetivo se concretizou. Entre as afirmações de que está disposta a negociar e de que um estudo está sendo encomendado, a Diretoria aparentemente engavetou a proposta apresentada pelos sindicatos e se negou a negociar. No dia 10 deste mês, uma nova correspondência foi encaminhada ao Presidente, reafirmando que o tema é de urgência para a categoria e dando um prazo de 15 dias para iniciar a negociação. Apesar de afirmar que “temas mais sensíveis exigem prazo de análise maior para que a decisão seja a mais adequada e responsável para a empresa e empregados”, a realidade é que há falta de vontade de debater, negociar e construir conjuntamente. O prazo dado pelos sindicatos encerrou-se justamente no dia em que os dirigentes sindicais estavam reunidos com a Diretoria e lá ficou acertado que ocorreria, enfim, o início do debate: uma reunião entre sindicatos, Diretoria da Celesc e Celos foi agendada para que fossem apresentadas as propostas que a Diretoria encomendou com a Celos.
Infelizmente, o respeito às reivindicações dos trabalhadores não durou uma semana. No dia da reunião, a assessoria de relações sindicais en -
trou em contato com a Coordenação da Intercel cancelando a reunião, a pedido da Diretoria. Questionada, a assessoria afirmou que a Diretoria iria verificar uma nova data para a reunião, mas que não havia previsão. E essa não é a única reivindicação ignorada pelos Diretores.
PLR 2023
Convenientemente “esquecida” pela Diretoria em seu comunicado, a proposta dos sindicatos para a Participação nos Lucros e Resultados 2023 foi apresentada ainda em dezembro/22, como seria o correto negociar. Com a troca na Administração, a proposta foi reapresentada pelas entidades sindicais e mantém a lógica de avançar em uma PLR justa e igualitária. Além do reajuste dos valores da Parcela Base, a proposta contempla o aumento do percentual de multiplicação dos acordos de desempenho de 45% para 50%, a mudança na lógica da Parcela Lucro, distribuindo 5% do lucro líquido aos trabalhadores e, bandeira histórica da categoria, a distribuição 100% linear. Da mesma forma que o Plano de Saúde, a PLR foi tema de correspondência dando prazo de 15 dias para início de negociação, considerando a inércia da Diretoria com as demandas dos trabalhadores. E, da mesma forma, foi ignorada pelos Diretores e Presidente, que nem chegaram a responder a correspondência.
NEGOCIAÇÃO E VALORIZAÇÃO SÓ VIRÃO DA MOBILIZAÇÃO
Quando o Presidente da Celesc recebeu as entidades sindicais para uma reunião logo após tomar posse na empresa, a expectativa dos trabalhadores cresceu. Infelizmente, é reflexo de
um comparativo fraco, dada a incompetência e desrespeito da antiga Administração. Rapidamente, percebemos as mesmas velhas táticas sendo usadas pela gestão Tarcísio. E-mails mentirosos, terceirização rondando e travamento de negociações fazem com que os trabalhadores questionem se o ruim ficou ainda pior: uma gestão preguiçosa e dissimulada. Se na antiga gestão os comunicados eram do tipo “não façam paralisação”, o e-mail da atual Diretoria parece dizer: “não precisa paralisar, um dia a gente negocia”.
É óbvio que promessas ao vento não movem os celesquianos. Enquanto a Diretoria permanecer estagnada, não restará aos trabalhadores alternativa senão o enfrentamento. Diante deste cenário, os sindicatos que compõem a Intercel estão mobilizando os celesquianos para uma paralisação das atividades nesta quinta-feira, dia 01 de junho . Mais do que um protesto ao vergonhoso tratamento dado aos trabalhadores e suas reivindicações, a paralisação é um recado para a Diretoria e para o Presidente: é preciso respeitar os trabalhadores e iniciar as negociações pendentes. De nada adianta abrir as portas se as salas estão vazias.
Serve, também, como um sinal de alerta ao Governador do Estado, uma vez que a Celesc tem sido o grande palco para as propagandas do Governo Jorginho Mello: a manutenção da Celesc Pública, compromisso firmado e assinado em carta pelo Governador, deve ser mais do que mero discurso. É através da valorização dos trabalhadores que teremos a Celesc Pública, levando energia de qualidade ao povo catarinense. E somente assim o compromisso será honrado.
“É óbvio que promessas ao vento não movem os celesquianos. Enquanto a Diretoria permanecer estagnada, não restará aos trabalhadores alternativa senão o enfrentamento.”