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A NOITE ESCURA
from Apenas Ser
Reconheço quem tenha medo da noite! Na minha África, é o tempo que os espíritos Vêm falar com os familiares e amigos.
Quando a escuridão invade a floresta, Cobre os rios e esconde os montes, Eles deslocam-se pelas picadas, Sentam-se no terreiro da sanzala
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E aí aguardam quem os quer ver.
Conversar e saber se os deuses
Vão mandar as ombelas1 , as doenças, E se o milho vai crescer bem.
Falam da família e dos amigos que partiram, E querem saber se o sol volta todos os dias. Quando a luz da lua é forte, Quando as folhas das árvores brilham, Os rios são caminhos luminosos, O feiticeiro vai esperar os espíritos
À frente da sua cubata, Onde os vivos não podem pisar.
Apenas o feiticeiro ouve a sua voz, E transmite depois o que lhe foi dito.
Falam dos mortos, o que fizeram, Os bois que deixaram, e da sua família.
Pedem aos deuses conselhos, E confessam quando não houve respeito
Por aqueles que já foram levados, Devendo o soba2 decidir o castigo a cumprir.
Este, que já pensou qual a pena, Após falar com os deuses decide de imediato, E a condenação é pronunciada. É a justiça imediata para ter valor. A verdade é sagrada e é a força Que a todos une e faz a paz na sanzala.
A solidariedade vem logo a seguir Na escala de valores.
A repartição de bens é feita na oportunidade Para que todos possam gozar o seu valor. Os bens da sanzala são utilizados por todos.
Qualquer trabalho é comunitário. Assim, nos locais mais recônditos Da imensa Angola, onde a chamada
“Civilização” das leis escritas não chega, Encontramos em cada sanzala3 , Uma sociedade perfeita,
Onde os seus elementos constituintes Gozam igualmente os direitos e deveres baseados nos sadios princípios
Que a tradição a todos agrega.
2) autoridade local
3) conjunto de cubatas (aldeia)
A Passear
Embora digas ser meu amigo Não quero que me conheças. A amizade são atos, vivências, Atitudes, comportamentos, E não sentimentos.
O sentimento pode ser contrário
Ao procedimento tomado. Continuamos a conversar
E a minuciar os bens da vida, Falamos da situação mundial, Cada momento mais impercetível.
Povos que foram amigos
E hoje são inimigos, E inimigos sempre o serão, Se o ódio for eternizado
Na essência de cada um! Por isso, sem alteridade, Decidi apartar, Não ser amigo de alguém!
Será uma cobardia?
Não sei classificar, Pois não tenho saberes, Nem para me condenar.
É sempre mais fácil julgar os outros!
A Terra
No princípio eras uma bola incandescente, Resfriando ao longo de milhares de anos, Que te foram solidificando, Formando a sua crosta, o manto e o núcleo, Criando um planeta de composição rochosa, Um planeta telúrico e não gasoso, Como alguns mais.
O mesmo não é rigorosamente esférico, Mas achatado nos pólos, sendo assim
O seu formato geóide. Comporta as camadas seguintes: Litosfera, hidrosfera, atmosfera e a biosfera, Onde vivemos todos os seres vivos.
Pela tua composição gasosa, Chamam-te o planeta azul Que a insanidade dos humanos, Com os seus comportamentos abjetos, Degradantes e lesivos, Estão a fazer menos azul.
O planeta vem dando avisos constantes.
O chão esventra-se e as torrentes
Tudo derrubam e arrastam;
Os ciclones anulam o trabalho dos homens;
As lavas reduzem a cinzas o caminho;
Os mares e os oceanos tornam-se
Em armadilhas para todos, Quer sejam seus habitantes ou não.
Os incêndios apoderam-se das florestas
E tornam o verde em negro escuro, Duro, seco, triste, repulsivo. As populações extinguem-se aos milhares.
Confiemos num novo ser.
Apoiemos numa nova geração, Que vem sido municiada nas escolas, Para que possamos sobreviver, Continuar a gozar e a contemplar Este maravilhoso Planeta Azul, Que o descaso dos seus habitantes, O tem arrastado para um final exterminador!
A Tua M O
Olha como a estrada é longa, E os trilhos indefinidos, Tapados pela bruma!
Avancemos juntos, Dá-me a tua mão, Meu Amigo e Companheiro!
Procuremos algum sinal, Mesmo que nada exista, Alcançaremos uma cruz.
O fim, ignoramos onde está!
Juntemos a nossa vontade, Andemos no mesmo passo, Com um só objetivo.
Somemos a nossa verdade, E sejamos gémeos, Duma mesma esperança!