39ª Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia

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Sumário

Entrevistas PORTUGAL Suzana Judice...........................................................................28 BRASIL Alcidea Miguel..................................................................................34 André Carretoni.............................................................................37 Charles Burck..................................................................................45 Clea Rezende..................................................................................52 Edimilson Eufrásio..........................................................................57 Eliana Santos...................................................................................62 Peterson A. Silva.............................................................................66

JackMichel – A escritora 2 em 1, do Brasil para o mundo Pág.10

Colunas Solar de Poetas – José Sepúlveda...............................40 Poetas Poveiros – José Sepúlveda..............................43

Participação Especial Rosa Marques..........................................................................24 Tito Mellão Laraya..................................................................31 Christiane de Murville.............................................................36 Rosa Maria Santos..................................................................44 Junior Dalberto........................................................................48 José Duarte Soares.................................................................54 Maurício Duarte.....................................................................61 Grazielli de Moraes..........................................................65 Nell Morato..............................................................................70 Cléa Rezende Melo.................................................................72 ZL Editora................................................................................80


DIVULGA ESCRITOR Shirley M. Cavalcante (SMC)

Coordenadora do projeto Divulga Escritor

Revista Divulga Escritor Revista Literária da Lusofonia Ano VI Nº 39 Edição maio - 2019 Publicação Bimestral Editora Responsável: Shirley M. Cavalcante DRT: 2664 Diagramação EstampaPB Para Anunciar smccomunicacao@ hotmail.com 55 – 83 – 9 9121-4094 Para ler edições anteriores acesse www.divulgaescritor.com Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos colunistas que os assinam, não expressando necessariamente o pensamento da Divulga Escritor. ISSN 2358-0119

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Com sucesso, chegamos à 39ª edição, da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Nesta edição temos como destaque de capa JackMichel a escritora 2 em 1.. Composta por mais de 20 autores contemporâneos, divulgando os seus livros, por meio de entrevistas, textos em prosa e em versos... LITERATURA! Hoje, a revista Divulga Escritor é uma das principais revistas literárias da lusofonia, com conteúdo exclusivamente literário. O editorial se destaca por sua qualidade e profissionalismo. Distribuída gratuitamente para todos que acessam a internet, a revista tem alcançado um público leitor cada vez maior. Consolidada, vamos rumo a edição 36. Juntos, vamos ler e divulgar a revista literária da lusofonia e apoiar nossos escritores contemporâneos. Muito obrigada, equipe Divulga Escritor, e administradores dos grupos: Obrigada, José Sepúlveda, apoio em Portugal. Obrigada, Amy Dine, apoio em Portugal. Obrigada, Helena Santos, apoio em Portugal. Obrigada, José Lopes da Nave, apoio em Portugal. Obrigada, Rosa Maria Santos, apoio em Portugal. Obrigada, Giuliano de Méroe, apoio no Brasil. Obrigada, Ilka Cristina, apoio no Brasil. Obrigada a cada um dos escritores que participam contribuindo com suas maravilhosas trajetórias literárias, apresentadas nas entrevistas. Obrigada, colunistas, que mantêm o projeto vivo! Muito obrigada por estarmos juntos divulgando literatura, e juntos podermos dizer ao mundo: EU SOU ESCRITOR, EU ESTOU AQUI. Divulga Escritor: revista literária da lusofonia, uma revista elaborada por escritores, com distribuição gratuita para leitores de todo o mundo.


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JackMichel

A escritora 2 em 1, do Brasil para o mundo

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Por Shirley M. Cavalcante (SMC) JackMichel é o primeiro grupo literário na história da literatura mundial, composto por duas escritoras: Jaqueline e Micheline Ramos. São irmãs e nasceram em Belém – PA (Brasil). O tema de sua obra é variado visto que possui livros escritos nos gêneros ficção, poesia, romance, fábula e conto de fadas. Publicações: Arco-Jesus-Íris (Chiado Editora, 2015), LSD Lua (Drago Editorial, 2016), 1 Anjo MacDermot (Drago Editorial, 2016), Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate (Drago Editorial, 2016), Ovo (Drago Editorial, 2016), Papatiparapapá (Editora Illuminare, 2017), Sixties (Helvetia Edições, 2017), Tim, O Menino do Mundo de Lata (Helvetia Edições, 2017), Anotações Da Lagarta Papinha (Editora Leia Livros, 2018) e O Príncipe Milho (Editora Leia Livros, 2018). É associada da ACIMA (Associazione Culturale Internazionale Mandala), da LITERARTE (Associação Internacional de Escritores e Artistas), da AMCL (Academia Mundial de Cultura e Literatura), da UBE (União Brasileira de Escritores) e do Movimiento Poetas del Mundo. Seus contos e poemas constam em antologias internacionais bilíngues. Também foi destaque em diversos jornais e revistas on-line de literatura, artes e cultura. Participou de salões literários na Europa e no Brasil. Recebeu Menção Honrosa no Concurso da Coletânea Literária Internacional em Prosa & Verso “Conexão México” – Sem Fronteiras pelo Mundo... Conectando Mentes & Cultura ACIMA de Tudo!”, no Prêmio de Excelência Literária “Troféu Corujão das Letras” e no II Concurso Cultive de Literatura “Prix Cultive de Littérature”. Conquistou o Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros IV, o 3º lugar no Concurso Cultive de Literatura “Prix ALALS de Littérature” e no I concurso literário da Casa Brasil Liechtenstein e o 1° lugar no II Festival de Poesia de Lisboa. Seu slogan é “A Escritora 2 Em 1”. Website Oficial da JackMichel A Escritora 2 Em 1 https://www.websiteoficialjackmichelaescritora2em1.com/

Escritora JackMichel, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais a encanta na arte de escrever? JackMichel - Ser JackMichel sic et simpliciter. Com razão, Fernando Pessoa disse “Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo.” Apresente-nos os títulos e livros publicados com seus respectivos segmentos. JackMichel - “Arco-Jesus-Íris” desenterra casos públicos controvertidos que foram manchetes dos jornais no mundo inteiro como o Assassinato de Sharon Tate, a Revolução Cultural chinesa, o extermínio nos campos de concentração nazistas, a catástrofe da Talidomida, a morte prematura de Jim Morrison, a tragédia particular de Oscar Wilde, o atentado à bomba numa Igreja Batista da Rua 16 e foca personagens notórios como Charles Manson, Mao Tsé-Tung, Heinrich Himmler e Ku Klux Klan... - “LSD Lua” traz a tona a figura do polêmico LSD e rende preito à chegada do homem a lua... - “1 Anjo MacDermot” expõe em ordem cronológica fatos ocorridos nos Anos 60... - “Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate” homenageia os soldados mortos na Guerra do Vietnã cujos nomes estão no Vietnam Veterans Memorial... - “Ovo” enfoca os trauma psicológicos do ser humano, dentro do cosmo freudiano... - “Papatiparapapá” tem 60 poemas infantis.. - “Sixties” livro-solo de poesias que foi prêmio ao 1º lugar do II Festival de Poesia de Lisboa... - “Tim, O Menino do Mundo de Lata” aborda o lado bom e mau da infância através da fuga da realidade para o sonho...

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DIVULGA ESCRITOR - “Anotações da Lagarta Papinha” conta história de um inseto que anota seu dia a dia num diário... - “O Príncipe Milho” evoca a magia dos antigos contos de fada. Hoje você tem um diversificado número de livros publicados, abordando diferentes temas e segmentos. Como foi surgindo estes diferentes gostos literários, que vem a influenciando a ter esta diversificação de temas publicados? JackMichel - Tendo Oscar Wilde, Domingos Antonio Raiol, Jack Kerouac e Alessandro Pavolini escrito em multifários gêneros literários, hauri na fonte de suas novelas, poemas, romances e contos fantásticos; contudo, eles me inspiram apenas para dar forma ao texto que construo, pois quem muito se influencia por outrem acaba desvalorizando a própria identidade. Sabemos que vem sendo cada vez mais constante a participação de vocês em eventos e atividades internacionais. Apresente-nos os projetos que já participaram. JackMichel - XXIX Salão Internacional do Livro de Turim, I Salão do Livro de Lisboa, I Salão do Livro de Berlim, XVIII Bienal Internacional do Livro do Rio 2017, 6ª Feira do Livro Livre de Buenos Aires, 31º Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, XXX Salão Internacional do Livro de Turim, Salão Internacional do Livro de Milão, BUK Festival Literário de Modena, Feiras Literárias de Mântua, Bolonha e Roma, 18° Salão Salon du Livre et des Cultures du Luxemburg, 32° Salão do Livro e da Imprensa de Genebra e 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Além destes, soube que já temos novos projetos e eventos para 2019. Quais são? JackMichel - Neste primeiro semestre tomarei parte no 8º Encontro de Poetas em Cuba “La Isla en Versos” de 30 de abril a 9 de maio, doarei mais uma obra para a biblioteca do Palácio Baldaya, em Lisboa – Portugal; além 12

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disso, serei capa da revista suíça de cultura e de arte “Magazine Cultive”, participarei de uma exposição de poesia que ocorrerá em maio no consulado geral do Brasil em Genebra, bem como do 5º Salão do Livro de Nova York nos dias 19 e 20 de junho. Comente sobre o antes e o depois de ser uma escritora. O que vem mudando por meio da escrita? JackMichel - Para mim escrever é viver. O que escrevo é inspiração, trabalho e dom inato. Sempre que finalizo uma obra literária, sinto um misto de orgulho e satisfação em meu ego. Por certo, Michelangelo auferiu desta emoção quando concluiu a Pietà e, também Géricault, quando deu a última pincelada em Têtes de Suppliciés. Além da rotina, vida social. A escrita em si, ou seja a forma, estilo de escrever do inicio, se molda com o tempo. Comente como vem sendo está mudança, citando um exemplo. JackMichel - Como tenho desde há muito imenso material literário, id est, livros escritos em variados estilos literários, não sofri tal choque. Então tendo mantido tal produção arquivada por anos, agora só preciso ir ao baú de minhas criações e lançar mão delas: uma espécie de pirata na Ilha do Tesouro. Onde podemos comprar os seus livros? JackMichel - Website Oficial da JackMichel A Escritora 2 Em 1 https://www.websiteoficialjackmichelaescritora2em1.com/ Quais os próximos projetos literários. JackMichel - Dentro de alguns meses lançarei um livro de contos pela Editora Illuminare e uma obra de ficção pela editora chilena Apostrophes Ediciones. Você já participou de várias antologias e coletâneas, qual a participação que mais a cativou, por quê? JackMichel - Devo dar congratulações

a todas as associações culturais internacionais que desenvolvem as atividades artísticas e culturais entre escritores de língua lusófona e europeus e assim dão apoio a sua participação em trabalhos literários que os divulguem no Brasil e no exterior. Tal empreendimento tem um papel operativo que favorece efetivamente o intercâmbio de ideias, talentos e criações. Hoje temos diferentes desafios para publicação e vendas de livros no Brasil. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? JackMichel - Embora não agrade a gregos e troianos vou falar. Os livros deveriam ter menor custo para maior acessibilidade às massas. Seria assim se os governantes observassem a máxima “Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como o corpo que não come.” de Victor Hugo. Mas, se os preços disparam a toda brida nos supermercados e nos postos de gasolina, como as livrarias ficariam ilesas deste efeito borboleta? Estamos bem longe do ano de 1922, que produziu a Semana de Arte Moderna no Brasil; e o que se vê hoje é que não é fácil achar editores que recebam originais que não venham de agentes literários. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora JackMichel. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? JackMichel - Não é de minha autoria, mas vou deixar aqui: “Oh, bendito o que semeia livros a mão cheia e manda o povo pensar! O livro, caindo na alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar!” (Castro Alves, O Poeta dos Escravos). _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com


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DADOS TÉCNICOS/SINOPSES OBRAS JACKMICHEL Livro: Arco-Jesus-Íris Autora: JackMichel Editora: Chiado Ano: 2015 Páginas: 112 ISBN: 978-989-51-4420-4 Release: Na colorida época do Flower Power Satanás decide visitar o arco-íris psicodélico de Jesus Cristo e, lá chegando, o louro e jovem Jesus hippie, vestindo calça boca-de-sino e jaqueta jeans, conta a ele como faz para fazer o bem vencer o mal e o leva a conhecer os 7 círculos de seu arco-íris, que são 7 círculos de cores diferentes: no Círculo Violeta ele encontra Sharon Tate e Charles Manson, bem como as demais pessoas envolvidas no caso Tate... no Círculo Anil ele encontra Mao Tsé-Tung e os chineses massacrados durante a Revolução Cultural... no Círculo Azul ele encontra Heinrich Himmler e os prisioneiros mortos nos campos de concentração nazistas... no Círculo Verde ele encontra a Talidomida e algumas crianças deformadas pela pílula... no Círculo Amarelo ele encontra Jim Morrison e as entidades indígenas que o levaram a morte... no Círculo Alaranjado ele encontra Oscar Wilde e os responsáveis por sua tragédia particular... no Círculo Vermelho ele encontra Thomas Blanton e as vítimas do atentado de uma igreja batista em 15 de setembro de1963. Após constatar que o mal realmente não existe naquele paraíso, Satã vai e conta ao mundo que é tempo de Paz e Amor.

Pontos de Venda: Livraria Chiado Editora (Portugal) https://www.chiadoeditora.com/livraria/arco-jesus-iris Livraria Cultura (Brasil) http://www.livrariacultura.com.br/p/arco-jesus-iris-46098023 Booktrailer Arco-Jesus-Íris – JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=iBjgF0DkAik&t=34s

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Livro: LSD Lua Autora: JackMichel Editora: Drago Editorial Ano: 2016 Páginas: 176 ISBN: 978-85-69030-30-0 Release: J. Jack Jack é um jovem normal que leva uma vida convencional: mora com sua namorada numa casa com pássaros de louça dependurados nas paredes e gatos domésticos. A época é a colorida década de 60 com seus slogans de igualdade racial, da liberação das drogas, da contracultura, do sexo livre e do Flower Power. Aos 20 anos ele decide experimentar o ácido lisérgico e, como consequência, chega em LSD Lua, a lua de sua cabeça e vira o Astronauta dos Desregramentos. Neste lugar alucinógeno, cheio de multifacetadas sensações, ele se depara com personagens psicodélicos criados pelo poder de sua alucinação. Ali o jovem astronauta J. Jack Jack passa pela terrível experiência de uma bad trip, onde se vê metamorfoseado em animal grotesco, caçado por caçadores homicidas e morto. Passado o efeito da droga, ele percebe que está em sua casa e que o aparelho de televisão está ligado em alto volume. Apurando a vista nota que as imagens mostradas na TV são as enviadas ao vivo pelo módulo lunar da Apollo 11, que mostram quando Neil Armstrong estendeu seu pé esquerdo e imprimiu na Lua a primeira pegada humana e, em seguida, pronunciou a frase que passou à História: “É um passo pequeno para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade.”. Ao ouvir tais palavras que jogavam de vez o homem no futuro, o astronauta J. Jack Jack sorriu ao pensar que, enquanto ele voltava da LSD Lua de sua cabeça, os três astronautas da Apolo 11 chegavam de fato à Lua, satélite da Terra, e que tudo aquilo aconteceu no dia 20 de julho de 1969. 14

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Livraria Drago Editorial http://www.livrariadragoeditorial.com/products/lsd-lua-jackmichel/ Amazon https://www.amazon.com/dp/8569030304/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1486162996&sr=8-1&keywords=lsd+lua Spot Televisivo LSD Lua – JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=Khg1oKH6WKo


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Livro: 1 Anjo MacDermot Autora: JackMichel Editora: Drago Editorial Ano: 2016 Páginas: 334 ISBN: 978-85-69030-53-9 Release: Um cara é atropelado por um caminhão e fica jogado dias á beira de uma estrada, pedindo ajuda a qualquer um. Como não aparecesse sequer viva alma para lhe oferecer auxílio, ele grita com toda a força dos seus pulmões: “Ei, louco anjo de fumaça! Pare aí o teu carro e me dê uma carona até o Mundo do Incenso Colorido, onde sorrir é preciso e a juventude se dá bem! Pois lá, não se pagam impostos... lá, não existem conflitos... lá, não se ferem os ouvidos com as bombas do Vietnã! Pois tudo lá é brilhante (oh, anjo) e a magia se sobrepõe à razão, nos dedos plenos da ‘erva’ que estão na tua mão!”. No exato instante em que foi proferida esta prece psicodélica, surge ante ele 1 anjo MacDermot todo feito da mais rarefeita fumaça cor de cinza clara, que diz: “Ok. Vamos girar entre as flores vítreas do plástico jardim das árvores de aço!”. Então, este anjo o leva para um lisérgico lugar chamado Mundo do Incenso Colorido. Neste paraíso artificial, ele passa a viver e a ser feliz: o anjo de fumaça cuida de suas feridas com desvelo de médico amigo e ele volta a andar. Logo, o cara acidentado deslumbra-se com as flores de vidro, as árvores de aço, a grama plástica e o brilho purpurinado do incenso furta-cor que paira por toda a atmosfera... visita a ermida erguida em honra de Nossa Senhora da Psicodelia e conhece todos os cinco níveis que compõem este jardim: o 1º (mais claro e espaçoso), o 2º (onde há a ermida), o 3º (o mais exuberante de todos), o 4º (onde o incenso é mais denso) e o 5º (onde fica o estranho Cemitério do Tempo). Certo dia, porém, o anjo revela-lhe a história de sua vida contada na ordem cronológica dos fatos que constituem a década de 60. E após descobrir a verdadeira identidade desse anjo, o cara perde tudo o que conseguira ganhar.

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Livraria Drago Editorial http://www.livrariadragoeditorial.com/products/a1-anjo-macdermot-jackmichel/ Amazon https://www.amazon.com/dp/8569030533/ref=sr_1_fkmr0_4?ie=UTF8&qid=1488904757&sr=8-4-fkmr0&keywords=1+banjo+macdermot Spot Televisivo 1 Anjo MacDermot JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=dmVR-jE07pU&t=31s

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Livro: Sorvete de Pizza Mentolado x Torpedo Tomate Autora: JackMichel Editora: Drago Editorial Ano: 2016 Páginas: 104 ISBN: 978-85-69030-60-7 Release: No um do um de nenhum existe o alto País do Isopor que sempre vai rumo ao nada, que é tudo. Dentro da deslumbrante Colina de Papel fica a Cidade de Papel que finalmente fica dentro do isolante-térmico País do isopor. Neste lugar mágico, certo dia, foram parar um imenso sorvete com cascalho de trigo e cremosa cabeça redonda de pizza de mozzarella lambuzada de menta e um descomunal torpedo de explosivo corpo alongado feito de atomatada massa de tomate temperado. Lá chegando encontram Clarenvaldo, o feliz feiticeiro feito de fitas finas de flexível papel, com seu cavalo de gelado e escuro corpo de Pepsi-Cola, salgada-estalada crina de batatas fritas e suculentos cascos de sanduíche recheados de queijo, presunto e maionese. Então, o feiticeiro os convida a fazer Viagens do Por Aí. Então, montados no louco cavalo Pepsi-Cola Cola-Pepsi, os três conhecem: o País do Isopor, todo leveza, com seu brilhoso céu incolor envernizado de isopor e solo transparente acolchoado de isopor com embolados sacos plásticos, onde ouvem as Falantes Vozes Faladas que nunca falavam nada, mas que sempre respondiam tudo o que lhes era perguntado... a Cidade de Papel que nada mais era do que um imenso campo com solo de papelão, onde cresciam os Papelins-Capins, pastavam os Cavalos-Gelatina e pingavam os Olhos de Cílios-Bar... a Colina de Papel que era tão alta e distante de tudo quanto se pudesse estar, onde flores, pássaros e besouros isoporados fugiam na forma de bolotas móveis de poliestireno e na qual viviam os Marcianos-Bichos-Miolos-Flores. Enquanto fazem as maravilhosas viagens montados no cavalo de Pepsi-Cola, o Sorvete e o Torpedo vão ensinando coisas sobre a Guerra do Vietnã a Clarenvaldo que, cada vez mais envolvido no contexto do conflito, passa a procurar uma fórmula anti-guerra que torne o mundo feliz.

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Livraria Drago Editorial http://www.livrariadragoeditorial.com/products/sorvete-de-pizza-mentolado-x-torpedo-tomate-jackmichel/ Amazon https://www.amazon.com/Sorvete-Mentolado-Torpedo-Tomate-Portuguese/dp/8569030606/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1486404340&sr=8-1&keywords=sorvete+de+pizza Spot Televisivo Sorvete De Pizza Mentolado X Torpedo Tomate - JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=Zn5xRdnwJvQ


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Livro: Ovo Autora: JackMichel Editora: Drago Editorial Ano: 2017 Páginas: 98 ISBN: 978-85-69030-72-0 Release: Londres da década de 60. Na Pensão Blue Direction reside Bunny Babb, um estudante da Universidade de Cambridge. Ele adorava ovos; para ele um ovo merecia ser tratado com atenção, cuidado, dedicação... pois, lá dentro daquela frágil casca, havia vida na sutil albumina chamada “clara” e na rica parte central amarela chamada “gema”. Assim, ele observava-os, estudava-os, analisava-os horas inteiras, como se todo o universo estivesse concentrado ali naquela junção do óvulo com o espermatozoide. Mas ele não os adorava simplesmente por possuírem a forma elíptica, ovalada, oviforme, ovóide das coisas únicas incomuns que não tem rival no mundo, e sim, porque um dia ele deixara cair e quebrar um ovo na cozinha da casa de seus pais, em Winchester (Hampshire), e não esquecera mais aquele fato: ele ficara impressionado com o mar alaranjado de gema espalhada entre a transparência da clara e a casca branca quebrada em muitos pedaços. Ninguém sabia daquilo, nem mesmo seus seis amigos. Fora a rotina das aulas da universidade, tudo por ali foi mudando de tal forma que o véu cinza do mistério indecifrável foi pintando, devagar, aquele céu-arco-íris em céu-chumbo, dando a todas as coisas um toque trêmulo de delirium tremens. Então, Bunny Babb se vê cada vez mais envolvido numa trama de pesadelos onde ele encontra personagens estranhos como o Sr. Ovo Magnífico, os ovofrancidanêses, o B. B. Flor, seis dráculas, que vivem dentro de um Mundo-Jardim. Para resolver seu trauma de infância ele tem uma sessão de psicanálise com o Dr. Freud, num confortável divã da Consciência Cósmica da Flor e, enfim, consegue ter uma vida normal.

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Livraria Drago Editorial http://www.livrariadragoeditorial.com/products/ovo-jackmichel/ Amazon https://www.amazon.com/dp/856903072X/ref=sr_1_4?s=books&ie=UTF8&qid=1489097501&sr=1-4&keywords=ovo Spot Televisivo Ovo – JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=dsBd0O_e5WI

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Livro: Papatiparapapá Autora: JackMichel Editora: Editora Illuminare Ano: 2017 Páginas: 53 ISBN: 978-85-68904-64-0 Release: A presente obra tem por objetivo elaborar uma miscelânea de escritos artísticos fundamentais, mais além daqueles expressamente enumerados no catálogo formal de uma literatura. O livro é composto por sessenta poesias infantis, contendo ainda as obrigatórias dedicatória e citação. O poema Saci Cisá: “Êta ente endiabrado, danado como ele só! Negrinho pula aqui... pula acolá... De carapuça na cabeça, lembra a Mula sem Cabeça Ou, quem sabe, o Boi Tatá!” trata de explorar o imaginário do folclore brasileiro, para o fim de apresentar uma noção plausível de cultura popular em sentido material e, em consequência, de cultura popular não imaginada. No poema Reinol Bolacha: “Reinado de bolacha, Nascido em meio à massa... Metade açúcar? Pedaços de fruta? Não! Araruta!” nota-se que o sentimento estético através da palavra é uma questão de interpretação e aplicação da própria invenção. O poema Conto de Baile: “Um... dois... um... dois... passos de baile. Era? Talvez, num conto de alguma Era!” é reservado para o exame da justificação dos fundamentos da arte na teoria do faz de conta, defendendo a beleza natural da estesia. No poema Aniverbolorefri: “Chupe hoje seus dedos... Diga “Aá, Eê”! Você é o melhor livro que existe... A melhor pessoa que se lê!” a ilusão da alegria é mostrada como um truque competente para resolver o problema das diferentes formas de emoções sentidas e demonstradas, bem como o objeto do encanto na magia. O poema Duque Porcelânio: “A quem será que o Duque ama? Serei eu a insigne dama? Mas não há resposta... só flama...” busca os critérios de reconhecimento do sublime de acordo com o traço lírico do século XIX, afirmando que ele pode ser tomado como moderno ou contemporâneo decorrente da fantasia e das quimeras intocáveis. No mais, reticências.

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Livraria Illuminare https://www.livrariailluminare.com.br/papatiparapapa Book Trailer Oficial da obra Papatiparapapá - JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=qbC4iWoCsTo


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Livro: Sixties Autora: JackMichel Editora: Helvetia Edições Ano: 2017 Páginas: 95 ISBN: 978-85-698529-32-2 Release: Não é necessário ir muito longe ou perscrutar a fundo os andurriais das opiniões expendidas pelo sentido particular das pessoas em maioria, para descobrir o que foram os 60’s; pois rigoristas insossos, enleados na dissimetria de suas mais sutis inclinações, são peremptórios e taxativos em repetir o axiomático refrão: sexo, drogas e rock’roll. Mas a geração Baby Boomer que viveu esta época que revolucionou o século XX com sua moda, jargão, estereótipos e cores acusa muito mais que isso: festivais de música, protestos vigentes pelas guerras da ordem geral, ideário do psicodelismo saído pela boca sem preconceito da liberdade e, sobretudo a ruptura no modo de pensar com o advento do Flower Power ligado a cultura underground e a ideologia hippie da não violência, haja vista criar um mundo para a juventude onde o lema maior era “paz e amor”. Neste contexto, Sixties traz 65 poemas como 7438 O Copo De Leite De Bruce Brown, FlakerBakerWaterloo, Sábado Interestelar Sorvete De Morango, Abraços Bolha De Sabão, Disque Sam Maconha Blá-Blá-Blá, Quem É Jack Ship?, Na Rua Da Calça Jeans, Seja Como Os Mágicos Olhos Da Papoula!, A Tarde É Azul, Ecos Da Swinging London, cujos tem por meta retratar os bastidores destes anos deitando-os num divã de terapia para tratar suas anomalias patogênicas e íntimas, pois para compreender a psicologia de algo não basta ouvir suas palavras, é preciso entender seu pensamento.

Ponto de Venda:

Helvetia Edições - Loja https://www.helvetia-edicoes.com.br/shop Spot Televisivo da obra Sixties – JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=FqOHYwE6Ukw

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Livro: Tim, O Menino do Mundo de Lata Autora: JackMichel Editora: Helvetia Edições Ano: 2017 Páginas: 24 ISBN: 978-85-69852-33-9 Release: Domingo sempre foi um dia especial para Tim, pois ele não tinha de ir à escola e nem de carregar inúmeras latas de conserva até o armazém de sua mal humorada mãe. Nesse dia da semana, Tim corria até o quintal de sua casa e lá despejava o seu imenso saco cheio dos mais diversos tipos de latas. Em meio ás latas o menininho era feliz, esquecendo-se das sovas que levava de sua malvada mãe. E lá bem no fundo daquela cabeça infantil, Tim esperava que algo de maravilhoso acontecesse e mudasse sua rotina tão comum. Toda vez que brincava com suas muitas latas enfileiradas, ele pensava em ir a um tal Mundo de Lata, lugar criado por ele mesmo, onde tudo e todos tinham o corpo, a cabeça, o coração de lata, e eram muito felizes. E assim, o pequenino deixava-se envolver pela fantasia e fechava os olhos dizendo: “Imagine só! Imagine só! Eu fui para o Mundo de Lata, de uma vez só!”. Certo domingo, algo magnífico realmente aconteceu! Quando Tim abriu seus olhos viu o reflexo prata do estranho uniforme de lata de três soldadinhos que se apressaram em mostrar-lhe tudo que existia no Mundo de Lata: flores, pássaros, árvores e até um gigantesco sol de lata que brilhava insistentemente. Porém, ele descobriu que ali nunca chovia, pois a chuva os enferrujaria. Então, o pequeno compreendeu toda a fragilidade que envolvia aquele lugar, sentiu saudade de sua mãe e resolveu voltar para casa. Quando voltou ele logo viu sua mãe que, correndo, veio abraçá-lo. Abraçando-a com carinho o pequeno Tim notou que estava arrependida e que sua vida agora seria feliz ali mesmo nos limites do quintal de sua casa, entre latas e mais latas que, quem sabe, qualquer dia desses o conduziriam novamente ao prateado Mundo de Lata! 20

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Helvetia Edições – Loja https://www.helvetia-edicoes.com.br/product-page/tim-o-menino-do-mundo-de-lata Spot Televisivo da obra Tim, O Menino do Mundo de Lata JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=vNetlo9xB9Q


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Livro: Anotações Da Lagarta Papinha Autora: JackMichel Editora: Leia Livros Ano: 2018 Páginas: 20 ISBN: 978-85-69579-14-4 Release: Papinha é uma lagarta dissímil das demais haja vista anotar seu dia a dia num diário, cujo é este livro. Ela embasou seu dileto caderno de anotações nos sete dias da semana e nos horários da manhã, tarde e noite. Da Segunda-Feira até o Domingo, vai preenchendo as páginas com todas as minudências de seu cotidiano de inseto da ordem Lepidoptera. No início da narrativa ela escreve, pela manhã: “Hoje é Segunda-feira. O meu dia preferido da semana”... de tarde: “Voltei para casa bastante satisfeita. Pois trazia a minha sacola carregadinha de folhas de feijão-verde”... e na noite: “Neste exato momento, estou sonolenta”. Na Terça-feira, ao levantar, registra: “Hoje é Terça-feira. Dia de muito trabalho. Por isso, eu resolvi fazer uma rápida faxina”. Já no meio da semana que corre a lagarta, logo de manhã, registra: “Hoje é Quarta-feira. Dia ideal da semana para fazer visitas”... pela tarde, continua tomando nota dos eventos daquele dia: “Acabo de voltar, feliz da vida, da casa de Azedinha”... e, também, à noite: “Estou neste momento em minha cama esperando o sono chegar”. Na Quinta-feira de tarde, revela, satisfeita: “Neste instante, o meu bolo já está assando no forno”... e, à noite, arremata: “Comi cada bocado do meu bolo”. No dia que se seguiu, então pela tarde, lembra que: “Já são 6hs da tarde. E eu continuo paralisada, somente respirando”. Sábado, de noite: “Felizmente, a dor de cabeça foi embora. E eu estou livre para jantar e repousar”. E no Domingo, termina por nos dar uma bela lição de vida: “Finalmente descobri que, a verdadeira felicidade, é aquela que encontramos em nosso dia a dia”.

Ponto de Venda:

Editora Leia Livros - Livraria http://www.leia-livros.com/product-page/anota%C3%A7%C3%B5es-da-lagarta-papinha Book Trailer Oficial da Obra Anotações da Lagarta Papinha - JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=3NS_atm9t9Q

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Livro: O Príncipe Milho Autora: JackMichel Editora: Leia Livros Ano: 2018 Páginas: 34 ISBN: 978-85-69579-18-2 Release: No próspero e feliz principado de Milharal tudo é harmonioso. A imensa população de milhos vive despreocupadamente pois teve a boa sorte de possuir um governante magnânimo, o príncipe Milho Emiliano. O soberano mora no rico Palácio de Fubá e possui dois fiéis conselheiros: Milano e Mileto. São eles que decidem sobre o rumo da vida palaciana e, também, sobre o destino de seu príncipe. E foi pensando na felicidade do príncipe que eles decidiram que Milho precisa se casar o mais depressa possível. Após tomar conhecimento da decisão de seus conselheiros, o príncipe resolveu aceitar a proposta, contando que as pretendentes fossem submetidas a uma prova. A notícia de que o príncipe estava à procura de uma noiva se espalhou logo nos povoados vizinhos e logo chegaram as primeiras pretendentes. A representante do povoado de Milharada se chamava Milena e tinha cabelos lilases; já a representante de Milhafre, possuía cabelos na tonalidade rosa avermelhado: Milharina era o seu nome. A concorrente do povoado de Milheiro possuía cabelos amarelo-esverdeados: seu nome era Milhinha; a última concorrente a se apresentar foi Mila que possuía perfumados cabelos pretos: Milhagem era o povoado representado por ela. Quando chegou enfim chegou o momento da ‘prova real’ Milho experimentou o anel nas três primeiras; porém os resultados foram desanimadores; mas ainda restava uma pretendente e ele experimentou o anel no dedo de Mila, onde coube perfeitamente. O casamento real se realizou na manhã seguinte e o “anel espigado”, possuidor de rara beleza, pode brilhar na mão de sua afortunada dona; afinal de contas, as opalas e os brilhantes costumam brilhar bastante!

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Editora Leia Livros - Livraria https://www.leia-livros.com/product-page/o-pr%C3%ADncipe-milho Spot Televisivo da Obra O Príncipe Milho – JackMichel https://www.youtube.com/watch?v=0UWox2pbnNs


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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA ROSA MARQUES apreciar a beleza de uma obra de arte. Porém, nesse dia ele não podia desencorajar ou desistir… teria mesmo de esquecer esses dissabores e ser perseverante, se pretendia ter êxito. Pensava em Paola, a filha de doze anos, a razão porque estava ali, e esse pensamento afastava qualquer hesitação. Dois dias antes, ao passar na rua com a filha, esta parara junto à montra de uma loja para admirar um bonito casaco de Inverno, um gorro e umas luvas que faziam parte do conjunto, tudo nas belas cores de Outono. Encantada pela visão daquele magnífico e confortável casaco, a menina ficou algum tempo a contemplá-lo e arriscou dizer timidamente: _ Era mesmo o que eu precisava para este Inverno. Em silêncio e com alguma mágoa que aumentava a tristeza do seu semblante, Geovani fixou também, com olhos de lince, aquele maravilhoso conjunto tão indispensável para enfrentar o frio Inverno de Paris. Custava caro e não estava à altura das suas posses, mas naquele momento uma férrea vontade de o comprar para a filha apoderou-se dele. Vê-la feliz era o que mais desejava, embora pensasse que o mais importante seria que Paola fosse para a escola bem agasalhada. Consciente de que apenas conseguiria o dinheiro para comprá-lo com o fruto do seu trabalho, Geovani mal chegou a casa pegou nas telas e depois de as examinar demoradamente separou algumas e embrulhou-as. Se ao menos nesse dia vendesse uma das duas telas que trouxera consigo, voltaria à rua no dia seguinte para vender a outra e conseguiria então o dinheiro suficiente para comprar aquele belo conjunto e dá-lo de presente à filha. A loja estava a fazer uma promoção de Natal, mas mesmo assim só poderia adquiri-lo recorrendo à venda de algumas das suas telas. Não podia gastar o dinheiro destinado à comida

MONTANHAS NEVADAS A movimentada cidade de Paris amanheceu mais fria do que o costume, do céu forrado de branco desprendia-se uma diáfana neblina que envolvia a atmosfera, impregnando tudo de uma frialdade desconcertante que enregelava até aos ossos. No entanto, as ruas da baixa pareciam formigueiros gigantes num contínuo movimento… nelas fervilhava uma multidão. Pessoas de diversas nacionalidades circulavam em todos os sentidos, paravam para admirar as vitrinas, entravam e saiam das lojas, atarefadas com as compras de Natal. Nessa época festiva a iluminação e as decorações natalícias emprestavam à cidade parisiense uma performance feérica de brilho e cor que deliciava todos os que ali vinham. A música alusiva às celebrações de Natal era de uma suavidade tão profunda e apelativa que tocava até a alma dos mais descrentes. Nessa manhã, também Geovani saíra à rua, com o propósito de vender algumas das suas telas; não gostava de se desfazer delas e apenas um motivo forte o impelira a fazê-lo. Todas elas retratavam as magníficas montanhas nevadas dos Alpes Franceses, e era tal o rigor com que ele as pintava que a brancura e luminosidade da neve encadeava a vista de quem as olhava, tal como acontecia perante a realidade. Com a gola do blusão bem chegada até cima e um gorro, 24

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Geovani percorria os lugares mais movimentados de Le Marais, as esplanadas dos bonitos cafés e restaurantes, onde gente bem vestida e agasalhada procurava conforto tomando bebidas quentes enquanto conversavam. Indivíduos que não precisavam de olhar ao preço para consumir. Andou toda a manhã por aquela zona da cidade, mas por volta das duas horas da tarde dirigiu-se até junto da Torre Eiffel, onde havia sempre uma grande afluência de turistas, e a hipótese de encontrar um possível comprador aumentava. Ao longo do dia, foram muitos os que olharam as telas de Geovani, mas não se mostraram interessados em comprar. Uns diziam simplesmente que não… outros repudiavam-no mal o viam aproximar-se, fazendo apenas um gesto com a mão, para que fosse embora e não os importunasse. Esta atitude era a que mais indignação lhe causava… escorraçavam-no como se ele fosse um cão vagabundo, sem se dignarem saber o que ele pretendia, nem lhe darem tempo para mostrar as suas obras. Por dentro, Geovani sentia-se morrer de desolação ao ver o seu trabalho elaborado com esmero e carinho rejeitado pela fria indiferença, pela superficialidade e menosprezo cada vez mais típicos nas sociedades actuais, ou simplesmente pela insensibilidade de quem era incapaz de


DIVULGA ESCRITOR e outros bens de primeira necessidade. Estava desempregado e viviam de uma pequena reforma facultada pelo Governo, por a filha estar inteiramente à sua responsabilidade. Por volta das cinco da tarde, Geovani percorrera já uma grande parte da cidade, abordara muitas pessoas e mostrara as suas telas, explicando o que significavam, sem sucesso. Baixara o preço inicial… «Hoje não…», fora a resposta que mais ouvira nesse dia. Mal se alimentara nessa manhã… e vencia-o agora o cansaço aliado à fome. A tarde declinava, envolvendo tudo num manto gelado e pardacento… Desiludido, Geovani sentou-se num banco de uma praceta, faltava tão pouco tempo para passar na escola e levar Paola para casa. Além dele, a filha não tinha mais ninguém, e apenas pelo amor que sentia por ela continuaria a tentar vender as telas. A mãe dela, uma rapariga de origem italiana com tendência para a bebida, tornara-se com o passar dos anos dependente do álcool, consumindo ainda outras drogas. Incapaz de cuidar da filha, um dia, sem dar qualquer explicação ou se despedir, foi embora, só Deus sabia ao certo para onde… deixando a filha com seis anos de idade ao cuidado de Geovani. Desde então, ele empenhava-se, passara a ser pai e mãe para ela. Da progenitora a menina guardava apenas uma vaga e remanescente lembrança que de longe em longe aflorava ao seu espírito e da qual ela não ousava falar… adivinhando serem essas lembranças muito dolorosas para o pai. O pai era o seu ídolo, o melhor pai do mundo, costumava ela dizer, lançando-lhe carinhosamente os braços ao pescoço. Nos dias em que Geovani, absorvido pela pintura, esquecia-se até da hora das refeições, Paola entrava no pequeno atelier para chamá-lo e observava perplexa como daqueles traços aparentemente simples e descuidados do pai nascia mais uma bonita tela… De súbito, numa esplanada quase vazia, de um dos cafés que havia ali à volta, Geovani avistou duas jovens sentadas, conversando amigavelmente. Num impulso levantou-se… talvez fossem estudantes que certamente vi-

viam a contar os cêntimos, cismava ele à medida que se aproximava delas, não teriam dinheiro para gastar em coisas supérfluas, isso notava-se pelas suas vestes já muito usadas, apesar de algum estilo. Porém, elas acolheram-no sem constrangimento, ouvindo o que ele dizia e explicava enquanto olhavam as belas montanhas cobertas de neve… um ou outro rebento verde desafiando a brancura… querendo subsistir… indiciando já uma nova Primavera. Geovani viu o brilho no olhar da que lhe pareceu ser a mais nova, mas quando ele falou sobre o preço das telas, uma sombra cobriu-lhe rosto… toldando-lhe o brilho do olhar. Uma das jovens estava desempregada e a outra, apesar do gosto requintado no que dizia respeito à arte, ainda estudava e na carteira não tinha mais do que uns míseros trocos… Não podiam comprar-lhe as telas, apesar de serem de uma beleza e autenticidade impressionantes, afirmaram as jovens com pesar, porque nem uma nem outra tinha dinheiro. Então, Geovani baixou o preço, e dos sessenta euros que pedira inicialmente, passou para quarenta... Preocupadas ao verem que ele não desistia e continuava ali à espera, elas admitiram de novo que não possuíam aquela quantia. Constrangido, Geovani recolheu as telas para ir embora, mas após dar dois ou três passos recuou, e dirigindo-se novamente às jovens lançou um último apelo… _ Vinte euros pelas duas telas! Impressionadas, as jovens olharam-no e, surpresas, compreenderam que ele estava decidido a ceder as telas por aquela pequena quantia. Rebuscaram nas carteiras… contaram e… depois de se certificarem que a quantia estava correcta, entregaram-lhe os vinte euros em troca das telas. Ele apressou-se a sair dali, deixando-as incrédulas e pensativas sobre o motivo que o fizera vender as suas obras por tão pouco dinheiro. Duas bonitas pinturas das montanhas nevadas dos Alpes… uma para cada uma delas. Era por gosto e amor à arte que Geovani se dedicava à pintura, em cada tela que pintava deixava um pouco da sua alma e custava-lhe ver o seu traba-

DIVULGA ESCRITOR lho cedido por tão pouco. Nesse dia, uma feliz emoção fez que ele agisse daquela forma. O brilho que vira no olhar de uma das jovens, e que revelava a veracidade do que ela sentia em relação ao seu trabalho, foi o que o impulsionou a tomar aquela resolução… de quase lhes oferecer as telas. Num tempo de crise, onde tal como ele uma grande maioria lutava para sobreviver, sentindo no seu íntimo a frustração de não ter dinheiro suficiente para fazer face às necessidades do dia-a-dia, era imperioso fazer algumas cedências… por vezes, mesmo com prejuízo próprio. Nos dias que se seguiram Geovani voltou à rua e conseguiu vender mais algumas das suas obras, reunindo o dinheiro necessário para comprar a prenda para a filha. Ao entrar na loja, verificou que a campanha de Natal continuava em vigor, e por serem os últimos dias o casaco e o gorro, juntamente com as luvas, haviam baixado mais de preço. Dessa forma, depois de pagar, ele ficaria ainda com algum dinheiro no bolso. Valera a pena! Sorriu ao constatar esse facto e o seu rosto reflectia felicidade. Pela filha, Giovani fazia sempre o que estava ao alcance das suas posses, não queria que ela sofresse ou passasse por privações que a colocassem num patamar inferior à geração do seu tempo. Não se arrependia do procedimento que tivera para com aquelas duas jovens, que elogiaram o seu trabalho e apenas não tinham pago o justo valor pelas telas, porque também não dispunham de dinheiro. Satisfeito, regressava a casa, e como de costume o seu passo era apressado. Contudo, perante a metamorfose que se operava no horizonte, Geovani deteve-se por breves instantes a contemplar as intensas cores do Poente. Pela cidade, reflexos luminosos doiravam os troncos nus das árvores e os últimos farrapos de folhas que pendiam ainda dos seus ramos. Os toldos das esplanadas, as paredes brancas, as cúpulas e o cimo dos prédios altos, assim ruborizados pelo ocaso…despiam-se do cinzento triste… e por momentos, emergiam em todo o seu esplendor. Ao longe, o negro palpitante das águas do Sena parecia ter sido polvilhado com pó de ouro…. www.divulgaescritor.com | maio 2019

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ENTREVISTA

ESCRITORA SUZANA JUDICE

Criar algo diferente, que fique na memória e que não possa ser comparado a tantas histórias maravilhosas já existentes. São necessárias horas de pesquisas. Todos os detalhes contêm uma importância extrema.”

Susana C. Júdice nasceu a 5 de dezembro, em Portugal, no seio de uma família humilde. Filha de pais emigrantes, cresceu nos Estados Unidos, onde muito cedo se apaixonou pela leitura e pela escrita. Levada pelo impulso criativo, dedicou a sua vida à dança e à moda. Vive atualmente em Portugal, com o seu marido e o seu dragão de estimação. Sempre pronta para um desafio, escreveu Sonho de Liberum, a sua primeira obra literária, que rapidamente se revelou como um sucesso nacional e internacional. Apaixonada pela sua nova jornada literária, e motivada pelo entusiasmo dos seus leitores, lançou Segredo de Liberum, o segundo volume de uma trilogia épica. Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Suzana Judice, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a inspirou a escrever “Sonho de Liberum”? Suzana Judice - É sempre um privilégio partilhar um pouco de mim com o mundo. Agradeço, desde já, a vossa gentileza e iniciativa. O “Sonho de Liberum” nasceu de um desafio. Desde os onze anos, coleciono cada pedaço de folha e canto de guardanapo onde escrevo. Num momento inesperado, o meu marido e uma amiga, leram 28

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parte da minha coleção de escrita e desafiaram-me a escrever um livro. Com a ideia semeada mentalmente, surgiu-me um vislumbre de uma possível história e por fim, acreditei em mim, libertando assim, a minha criatividade e o meu instinto que numa aventura surreal, deram forma à minha primeira obra. Em que momento identificou que esta obra seria a primeira de uma trilogia? Suzana Judice - O momento glorioso foi, aproximadamente, no último capítulo. Após escrever a primeira pági-


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na, rapidamente aprendi, que quanto mais escrevia, mais fácil era escrever. Eu visualizo tudo o que escrevo, como se estivesse a ver um filme mental. Sentia-me completamente apaixonada pelo meu mundo imaginário e todas as personagens envolvidas. Com a aproximação do final da primeira obra, decidi que as personagens tinham muito mais para dar. Muito mais para contar. Com uma surpresa vertiginosa, decidi, que não ia criar mais um livro, mas sim, dois! Apresente-nos a estrutura do enredo, informando de forma resumida o que encontraremos em cada obra que compõe a trilogia? Sonho de Liberum – O primeiro volume retrata uma viagem de auto-descoberta da personagem principal, Gweniver. Inicialmente, preparada para se tornar líder do Reino de Essentia, um local onde a magia é um conto de fadas, vê-se confrontada com uma profecia tornada realidade. De uma forma trágica, ela descobre que possui ligação aos cinco elementos mágicos: Água, Terra, Ar e Espírito. Espera-a uma jornada repleta de emoções, aprendizagens e como se isso não fosse, só por si, suficiente, espera-a também, um rei maléfico, chamado Galium, obcecado em impedir o cumprimento da profecia. No seio do caos, encontra várias vertentes de amor: o amor da sua vida, o amor por uma nova família e o amor por uma causa. Segredo de Liberum – O segundo volume ocorre dezessete anos depois. A Gweniver já não

Por enquanto, ainda é segredo! Quais os principais desafios para escrita do enredo que compõe a trama? Suzana Judice - Toda a história desenrolou-se de uma forma extremamente natural. Contudo, arrisco-me a dizer, que o principal desafio, está no desejo de querer surpreender o leitor. Criar algo diferente, que fique na memória e que não possa ser comparado a tantas histórias maravilhosas já existentes. São necessárias horas de pesquisas. Todos os detalhes contêm uma importância extrema. Não nos podemos esquecer deles, ou trocá-los, exigindo assim, uma atenção redobrada por parte de quem escreve. Toda a organização envolvente é por si, um grande desafio.

é uma criança, é uma mulher. Os seus filhos, Arianne e Lucca, dão uma continuidade especial à história e ensinam-nos, que tudo o que nos assustava no passado é nada, comparado com o que nos assusta no presente. Numa leitura, que acelera o coração, a cada virar de página, o passado colide com o presente, testando todos os limites emocionais, toda a fé e o amor existente em cada personagem. Quando os segredos obscuros penetram os corações mais puros e, quando sacrifícios são exigidos, as teias do destino revelam-se impiedosamente. Cada capítulo revela a perspectiva de um das personagens, numa verdadeira corrida contra o tempo. Com relação ao terceiro volume!

Por ser um livro de magia, muitos leitores têm se sentido atraídos pela trama, muitos elogios vens recebendo. Conte-nos, qual a previsão para lançamento do terceiro e último livro que irá compor “Liberum”? Suzana Judice - Felizmente, o feedback que tenho recebido, tem sido extremamente motivador e valorizo a ansiedade por parte dos leitores, ao querem saber como tudo acaba, pois é reflexo do gosto genuíno que sentiram ao lerem os meus livros. Tenho assim, feito todos os possíveis, para apressar esse momento, mas a roda-viva que é a minha vida, dificulta-me a indicação de uma previsão. Prometo, que estou a dar o meu melhor para revelar o final tão desejado. O que mais a atrai em na trilogia como um todo? Suzana Judice - A capacidade, e a sensação, de escrever uma trilogia, é absolutamente incrível. Para mim, é como se fosse um puzzle gigante mental, onde sou eu própria que crio www.divulgaescritor.com | maio 2019

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as peças. Que as faço encaixar e que lhes dou vida. Em simultâneo, sou genuinamente apaixonada por esta história, sentindo cada personagem e cada detalhe, na minha alma, quase como uma realidade paralela, simplesmente, imaginada. É este conjunto, completo de sensações e prazeres, que me atrai. Além de ser escritora você participa de outros projetos voltados para a integração e desenvolvimento da literatura contemporânea. Apresente-nos os principais. Suzana Judice - Posso oficialmente informar de que irei ser consagrada Académica da Academia de Letras e Artes do Estoril. É um reconhecimento literário incrível e gratificante, onde assumirei novas responsabilidades para com a literatura. Tenho vindo a visitar imensas escolas nacionais e, inclusive, uma Universidade, onde inspiro jovens a perseguirem os seus sonhos, utilizando o meu percurso literário como exemplo. Com a vontade de expandir o meu trabalho e com ele, a nossa literatura, visitei comunidades portuguesas e diversas escolas no Canadá, com o apoio da Coordenação de Língua Portuguesa no Estrangeiro. Participo em diversos eventos literários, permitindo-me conhecer muitos escritores, aprender com eles e partilhar as minhas próprias aprendizagens. Também coordeno Workshops, onde se conversa sobre a escrita de forma informal. Mediante as dificuldades de cada amante de escrita, discuto técnicas que me ajudam e partilho, uma vez mais, as minhas aprendizagens, de modo a incutir mais literatura, menos receios e mais sonhos concretizados. Quais os seus principais objetivos como escritora? Suzana Judice - Enquanto escritora, pretendo espalhar a magia do sonho, através das minhas palavras. Tenho como objetivo, inspirar o próximo. Se para um leitor, no seio de um dia 30

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menos bom, as minhas palavras tiverem o poder de o confortar, ou até, inspirar, sentir algo, a minha missão é cumprida. Quero continuar a evoluir e a levar mais literatura portuguesa ao mundo. Em simultâneo, dou o meu melhor para que a literatura fantástica nacional seja mais valorizada. Quem sabe, ver as minhas palavras refletidas numa tela cinematográfica. Sempre que posso, faço por transformar os meus sonhos em objetivos, levando um dia de cada vez. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Suzana Judice. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Suzana Judice - Mais uma vez, agradeço a oportunidade de participar nesta revista maravilhosa. Tive muito gosto. Para os leitores, deixo a seguinte mensagem: Para os que acreditam, nada é impossível. Apostem na felici-

dade, através da conquista dos vossos sonhos. Abracem a luta que, um dia, se assim o desejarem, vos levará ao sucesso. Sejam ambiciosos, corajosos e persistentes. Sejam uma inspiração para alguém. Sintam orgulho na vossa essência. Sejam felizes. Contatos da autora: A partir de qualquer cantinho do mundo, podem encomendar os meus livros autografados, no site: www. susanacjudice.pt e acompanhar a minha jornada literária. Gosto sempre de falar com os meus leitores e receber feedback nas minhas redes sociais @susanacjudice Para eventuais propostas e desafios literários, podem contactar através do email susanajudice@hotmail.com

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GRÃO DE AREIA, PÉROLA E PEGADA Celso Fernandes Campilongo* Da vasta obra de Tito Mellão Laraya, “O Grão de Areia” (Chiado Editora, 2015) pode ser livro “um pouco pequeno”, como diz Francisco diante de Kívia. Que ninguém se engane: truque de primeira página do escritor experimentado! Modéstia granular do autor, para combinar com o título do livro. Do grão de areia nasce a pérola. Processo dolorido como o parto dos conceitos literários, estéticos e filosóficos. O minúsculo grão incomoda, mas é capaz de feitos gloriosos. Da ostra para dentro, o estranho grão de areia se transforma em beleza rara. Mas, da ostra para fora, os grãos reunidos podem criar infinitas formas. Vários grãos de areia moldam pegadas de gente ou de bicho, concebem castelos ou esculturas e, dessa maneira, igualmente, criam o belo, o artístico e o extraordinário. É nesse movimento entre o interior e o exterior, mediado pela ostra alegórica, que o livro de Tito constrói seu percurso criativo. O dentro e o fora da ostra são alusões do resenhista. São recorrentes nos vários binários e paradoxos que rondam o estilo do Autor: pensar (interior) ou sentir (exterior)? Trabalho (dentro) ou prazer (com o outro, é dizer, fora)? Hábito (rotina interior que forma a pérola) ou erotismo (variação inventiva de formas)? Labuta ou arte? Francisco (narrador do livro ou autor de autobiografia camuflada?) transita suas angustias, desejos, sonhos e esperanças de um lado para o outro, incessantemente. Não se trata de um ciclo de vida – com começo, meio e fim – mas sim de um “hiperciclo helicoidal” para o infinito.

Não existe começo identificável nem fim que dê um basta para a unidade dessas diferenças. A labuta vira arte que se transforma em labuta que retorna em formato artístico. Do grão de areia à pérola ou do grão de areia à pegada na praia, o tempo inteiro o livro se move e transpira escrita irrequieta! Esse processo poético criativo é emoção, imaginação e paixão. São os elementos que Tito combina “sonhando como um doido e criando como nenhum”. O grão de areia move mundos. Pode ser a percepção do olhar enternecido da amada, quando recebe livro escrito em sua homenagem. Pode ser o grão de sal, em busca de um ideal. Pode ser o “casamento” (presente) ... “do que eu era” (passado) com a “perspectiva do que serei” (futuro) que tem por fruto outro tipo de pérola: paz e satisfação na arte de escrever bem. Unidade somada de passado, presente e futuro, em busca da perfeição. De um jantar casual à suíte para violoncelo de Bach, mais uma vez, o movimento contínuo de dentro para fora da ostra. A noite começou solitária. De fora chegaram um telefonema e uma visita. No escritório não foi diferente: de dentro, a mobília sóbria e intimidativa; de fora, os clientes que chegam com um caso novo e desafiador. A segunda parte do livro é de prosa. Aventuras e desventuras de um advogado com seus casos, clientes,

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colegas e estagiários. Vida de advocacia: introspecção no trabalho e abertura para o mundo. O jurista jamais é um homem divorciado dos problemas do seu tempo e dos anseios da comunidade. Raro ponto em comum entre poetas e advogados: necessária sensibilidade para a vida. É o que Tito Mellão Laraya procura descrever com refinada simplicidade e feliz fluência linguística. O verbo de Tito é ágil. As palavras brotam com leveza e naturalidade. Escrever bem, dizia Lobato (e sempre vale repetir), é colocar as palavras certas nos lugares certos. Parece fácil, mas dá um trabalho para o qual poucos são vocacionados. Tito Mellão Laraya é um deles. Alguém já disse, com fundadas razões, que as resenhas muitas vezes são inúteis. Sempre são menos do que a obra resenhada. Nunca retratam com fidelidade aquilo que o leitor encontrará. Com está resenha não é diferente. Só terá alguma utilidade se for capaz de despertar no leitor a expectativa de ler um bom livro. “O Grão de Areia” e seu autor merecem a leitura. *Celso Fernandes Campilongo é professor das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP. Graduado em Direito pela USP, em 1980, foi colega de turma de Tito Mellão Laraya.

Em Alemão

SANDKORN, PERLE UND FUSSABDRUCK Dies ist die Übersetzung der von Celso Fernandes Campilongo verfassten Rezension über die Arbeit von Tito Mellão Laraya - “Das Sandkorn” Aus dem riesigen Werk von Tito Mellão Laraya kann “Das Sandkorn” (Chiado Editora, 2015) ein “kleines” Buch sein, wie Francisco vor Kívia sagt. Lass niemanden betrügen: Trick der ersten Seite des erfahrenen Schriftstellers! Granulare Bescheidenheit des Autors, passend zum Titel des Buches. Aus dem Sandkorn kommt die Perle. Schmerzhafter Prozess als Geburt literarischer, ästhetischer und philosophischer Konzepte. Das winzige Korn stört, aber es ist zu glorreichen Taten fähig. Von der Auster im Inneren verwandelt sich das seltsame Sandkorn in seltene Schönheit. Aber von der Auster nach außen können die zusammengesetzten Körner endlose Formen erzeugen. Mehrere Sandkörner formen Fußabdrücke von Menschen oder Tieren, stellen Burgen oder Skulpturen her und schaffen so das Schöne, das Künstlerische und das Außergewöhnliche. In dieser Bewegung zwischen dem Inneren und dem Äußeren, vermittelt durch die allegorische Auster, baut das Buch von Tito seinen kreativen Kurs auf.

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Das Innere und das Äußere der Auster sind Anspielungen des Gutachters. Sind sie in den verschiedenen Binaries und Paradoxien, die den Stil des Autors umgeben, wiederkehrend: Denken (innen) oder Fühlen (außen)? Arbeit (innen) oder Vergnügen (mit dem anderen, also draußen)? Gewohnheit (innere Routine, die die Perle bildet) oder Erotik (erfinderische Variation der Formen)? Arbeit oder Kunst? Francisco (Erzähler des Buches oder Autor der getarnten Autobiographie?) Überträgt seine Ängste, Wünsche, Träume und Hoffnungen unaufhörlich von einer Seite zur anderen. Es ist kein Lebenszyklus - mit Anfang, Mitte und Ende -, sondern eher ein “helikaler Hyperzyklus” für die Unendlichkeit. Es gibt keinen erkennbaren Anfang, kein Ende, das für die Einheit dieser Unterschiede ausreichen würde. Die Mühe verwandelt sich in Kunst, die in künstlerische Form zurückkehrt. Vom Sandkorn über die Perle oder das Sandkorn bis zum Fußabdruck am Strand, die ganze Zeit bewegt sich das Buch und strahlt sprudelndes Schreiben aus! Dieser kreative poetische Prozess ist Emotion, Vorstellungskraft und Leidenschaft. Sie sind die Elemente, die Tito “wie verrückt träumt und wie kein anderer erschafft” kombiniert. Das Sandkorn bewegt Welten. Es kann die Wahrnehmung des zarten Blicks der Geliebten sein, wenn sie ein Buch erhält, das ihr zu Ehren geschrieben wurde. Es kann das Salzkorn sein, auf der Suche nach einem Ideal. Es könnte die “Ehe” (Gegenwart) sein ... “als ich war (Vergangenheit) mit der” Perspektive von dem, was ich sein werde “(Zukunft), die eine andere Perle trägt: Frieden und Zufriedenheit in der Kunst des Schreibens. Einheit von Vergangenheit, Gegenwart und Zukunft auf der Suche nach Perfektion hinzugefügt. Von einem zwanglosen Abendessen bis zur Bach Cello-Suite, wieder die kontinuierliche Bewegung von innen nach außen zur Auster. Die Nacht begann einsam. Von draußen kam ein Anruf und ein Besuch. Im Büro war es nicht anders: Von innen waren die Möbel nüchtern und einschüchternd; Von außen kommen Kunden mit einem neuen und herausfordernden Fall an. Der zweite Teil des Buches ist Prosa. Abenteuer und Missgeschicke eines Anwalts mit seinen Fällen, Kunden, Kollegen und Auszubildenden. Leben der Fürsprache: Introspektion am Arbeitsplatz und Weltoffenheit. Der Jurist ist niemals ein Mann, der sich von den Problemen seiner Zeit und den Sehnsüchten der Gemeinschaft scheiden lässt. Seltener Punkt zwischen Dichtern und Anwälten: notwendige Sensibilität für das Leben. Dies ist es, was Tito Mellão Laraya mit raffinierter Schlichtheit und glücklicher sprachlicher Beherrschung zu beschreiben versucht.


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Das Verb von Tito ist beweglich. Die Worte sprießen mit Leichtigkeit und Natürlichkeit. Wenn man gut schreibt, sagte Lobato (und immer eine Wiederholung wert), werden die richtigen Worte an die richtigen Stellen gesetzt. Das hört sich einfach an, aber es gibt einen Job, für den sich nur wenige ergeben. Tito Mellão Laraya ist einer von ihnen. Jemand hat bereits aus begründeten Gründen gesagt, dass Bewertungen oft nutzlos sind. Sie sind immer weniger als die überprüfte Arbeit. Sie stellen niemals treu dar, was der Leser finden wird. Diese Bewertung ist nicht anders. Es wird nur von Nutzen sein, wenn der Leser die Erwartung, ein gutes Buch zu lesen, wecken kann. “Das Sandkorn” und sein Autor verdienen die Lektüre. * Celso Fernandes Campilongo ist Professor an den juristischen Fakultäten von USP und PUC-SP. 1980 absolvierte er bei USP in Rechtswissenschaft. Er war Tito Mellão Laraya’s Universitätskolleg.

Em Inglês

GRAIN OF SAND, PEARL AND FOOTPRINT This and the translation of the review written by Celso Fernandes Campilongo, on the work of Tito Mellão Laraya - “The Grain of Sand” From the huge work of Tito Mellão Laraya, “The Grain of Sand” (Chiado Editora, 2015) may be “a little small” book, as Francisco says in front of Kívia. Let no one cheat: first-page trick of the experienced writer! Granular modesty of the author, to match the title of the book. From the grain of sand comes the pearl. Painful process as the birth of literary, aesthetic and philosophical concepts. The tiny grain bothers, but it is capable of glorious deeds. From the oyster inside, the strange grain of sand turns into rare beauty. But from the oyster to the outside, the grains assembled can create endless shapes. Several grains of sand mold footprints of people or animals, conceive castles or sculptures, and thus create the beautiful, the artistic and the extraordinary. It is in this movement between the interior and the exterior, mediated by the allegorical oyster, that Titu‘s book builds his creative course. The inside and outside of the oyster are allusions of the reviewer. Are they recurrent in the various binaries and paradoxes that surround the author’s style: think (interior) or feel (exterior)? Work (inside) or pleasure (with the other, that is, outside)? Habit (inner routine that forms the pearl) or eroticism (inventive variation of forms)? Work or art? Francisco (narrator of the book or author of autobiography camouflaged?) Transits his anxieties, desires, dreams

and hopes from one side to the other, incessantly. It is not a life cycle - with beginning, middle, and end - but rather a “helical hypercycle” for infinity. There is no identifiable beginning, no end that would suffice for the unity of these differences. The toil turns to art that turns into toil that returns in artistic format. From the grain of sand to the pearl or the grain of sand to the footprint on the beach, the whole time the book moves and exudes bubbly writing! This creative poetic process is emotion, imagination and passion. They are the elements that Tito combines “dreaming like crazy and creating like no other”. The grain of sand moves worlds. It may be the perception of the lover’s tender look when she receives a book written in hers honor. It can be the grain of salt, in search of an ideal. It may be the “marriage” (present) ... “than I was” (past) with the “perspective of what I will be” (future) that bears another kind of pearl: peace and satisfaction in the art of writing well. Added unity of past, present and future, in search of perfection. From a casual dinner to the Bach’s cello-suite, again, the continuous movement from the inside out to the oyster. The night started lonely. From outside came a phone call and a visit. In the office it was no different: from inside, the furniture sober and intimidating; from the outside, customers arriving with a new and challenging case. The second part of the book is prose. Adventures and misadventures of a lawyer with their cases, clients, colleagues and trainees. Advocacy life: introspection at work and openness to the world. The jurist is never a man divorced from the problems of his time and the yearnings of the community. Rare point in common between poets and lawyers: necessary sensitivity for life. This is what Tito Mellão Laraya seeks to describe with refined simplicity and happy linguistic fluency. The verb of Tito is agile. The words sprout with lightness and naturalness. Writing well, said Lobato (and it is always worth to repeat), is putting the right words in the right places. It sounds easy, but it gives a job for which few are devoted. Tito Mellão Laraya is one of them. Someone has already said, with well-founded reasons, that reviews are often useless. They are always less than the work reviewed. They never faithfully portray what the reader will find. This review is no different. It will only be of some use if it is able to awaken in the reader, the expectation of reading a good book. “The Grain of Sand” and its author deserve the reading. * Celso Fernandes Campilongo is a professor at the Faculties of Law of USP and PUC-SP. Graduated in Law by USP in 1980, he was a classmate of Tito Mellão Laraya. www.divulgaescritor.com | maio 2019

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ENTREVISTA

ESCRITORA ALCIDEA MIGUEL Alcidéa Miguel tem formação superior em Música e Artes, cursando Pós-graduação em Artes, Educação e Cultura. Professora de Educação Infantil a Ensino Médio. É saxofonista, violonista, regente e cantora. Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo (cadeira 25 Vinicius de Moraes). Possui 9 livros publicados nos gêneros: poesias, contos, crônicas para leitores infantis e adultos; lançará em 2019 seu primeiro romance, além de ser colunista em veículos de imprensa nacional e internacional.

O desafio é que, através da visão adquirida na leitura do livro, os leitores possam construir fortalezas inabaláveis em seus lares. Que nada venha destruílos, que sejam multiplicadores da mensagem desse livro, geradores de filhos saudáveis e abençoados.”

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Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Alcidéa Miguel, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais a atrai na arte de escrever? Alcidéa Miguel - O que mais me atrai é compartilhar com os meus leitores o que trago na alma, propagar experiências e ver as pessoas desfrutarem dos resultados. Quando eu comecei a escrever era apenas uma grande admiradora da boa literatura e fiel leitora. Fiz uma autobiografia: “Ainda há tempo para a esperança” e fiquei espantada ao ver minha obra ser vendida rapidamente. Em quatro meses vendi 500 livros, parti para a 2ª edição e nunca mais parei de escrever, porque a parceria leitor e escritor é prazerosa e frutífera: acredito que

quanto mais plantarmos livros, contemplaremos a colheita do conhecimento e da transformação. Como surgiu inspiração para “Ser Mulher”? Alcidéa Miguel - Sempre observei a luta das mulheres, ainda mais por ter sido criada somente pela minha mãe, Dona Margarida, uma mulher guerreira que criou seis filhos sozinha. Também sendo mulher e tendo que conciliar profissionalismo, maternidade e matrimônio, resolvi dedicar um tempo para escrever experiências e histórias de guerreiras que venceram. Apresente-nos a obra? Alcidéa Miguel - Com todo prazer vou apresentar-lhes! O livro contém um paralelo do texto escrito pelo rei Salomão em Provérbios 31: 10-31, em


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que ele enumera várias qualidades da mulher, comparada à mulher polivalente da atualidade que concilia: casa, trabalho, escola das crianças, atividade física, faculdade, etc. O livro também traz lições diárias para a mulher mãe, filha, nora, sogra, avó; contém teste para avaliar se a pessoa é prevenida, encorajando-a ao enfrentamento diário. O que mais a atrai em “Ser Mulher”? Alcidéa Miguel - O que mais me atrai nesse livro são as lições e a mensagem central de encorajamento para os desafios da vida. Quais os principais desafios para escrita desta obra literária? Alcidéa Miguel - Durante a escrita desta obra estive num vasto período de viagens turísticas e a trabalho. Eu não queria perder o ritmo do livro, por isso sempre o leitor perceberá que comecei os capítulos dizendo: Olá leitores! Hoje estou na Colômbia, reservei esse tempo para escrever para vocês, e assim por diante. Algumas vezes tinha computador; outras vezes, ao digitar, lidava com dificuldades com teclados diferenciados; em outras ocasiões, escrevia no próprio bloco de notas, mas com muito carinho o leitor estava na prioridade. Tive dificuldade também, pois membros da equipe da 1ª edição ficaram enfermos precisando, assim, transferir todo trabalho do livro para outros profissionais, mas tudo resultou num lindo produto final.

rem alcançados por meio da leitura do livro? Alcidéa Miguel - O desafio é que, através da visão adquirida na leitura do livro, os leitores possam construir fortalezas inabaláveis em seus lares. Que nada venha destruí-los, que sejam multiplicadores da mensagem desse livro, geradores de filhos saudáveis e abençoados. Onde podemos comprar os seus livros? Alcidéa Miguel - Livraria Scortecci, Amazon e Submarino. Seguem os links: https://www.scortecci.com.br/lermais_materias. php?cd_materias=12742&friurl=_-SER-MULHER--Alcidea-Miguel-_https://www.amazon.com. b r / s ? k = S e r + Mu l h e r + A l c i d % C3%A9a+Miguel&__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&ref=nb_sb_noss

A quem indica leitura? Alcidéa Miguel - O livro é indicado para todas as pessoas que desejam compreender o Universo feminino e seus desafios.

Quais os seus principais objetivos como escritora? Alcidéa Miguel - Como autora, escritora e acadêmica, membro da Academia de Letras, meu objetivo é preservar a língua portuguesa, criar e incentivar projetos de criação literária, escrever muitos livros para que haja a cada dia mais leitores. Atravessar fronteiras com minhas criações por diversos países, como farei no mês de Maio de 2019, a fim de lançar meu conto em Portugal na Antologia Poem’arte.

Quais os principais objetivos a se-

Comente sobre o antes e o depois de

ser uma escritora. O que vem mudando por meio da escrita? Alcidéa Miguel - Antes de ser escritora eu era leitora. Colecionava livros, trocava livros com os amigos e amava ouvir as histórias que minha mãe e minha professora contavam. Quando me tornei escritora, continuei sendo leitora, me tornei contadora de histórias, escrever passou a ser um grande prazer, pois é uma fonte compartilhadora; minha vida mudou por meio da escrita, porque atualmente em todo tempo aspiro escrever ao leitor. Minha alma se transformou em uma fonte inesgotável de criatividade que vem de encontro à necessidade do público. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Alcidéa Miguel. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Alcidéa Miguel - Leitores: Vocês são nossa fonte inspiradora, por isso saibam que lhes escrevemos com muito apreço a fim de alcançá-los. A boa leitura edifica, modifica os seres humanos gerando um diálogo incessante. Seguiremos para sempre sendo uma parceria bela e eterna! Carinhosamente. _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL CHRISTIANE DE MURVILLE

ESCRITORA

A Bolsa – Que bolsa linda! Adorei. – Feita à mão. Design exclusivo. Qualidade Top! – explicou a vendedora. – Maravilhosa! Acho que vou levar. Tinha um jantar requintado na sexta-feira, só com gente elegante da sociedade. Queria impressionar a plateia. – E quanto custa? O preço era bom, considerando a confecção impecável. A moça voltou a examinar o item exclusivo que segurava nas mãos. Costumava comprar bolsas muito mais caras do que esta, no cartão de crédito e em inúmeras prestações. Mas que marca era esta? Não conhecia. Como ir a um evento chique usando bolsa nacional? – Peça única, numerada – insistiu a vendedora, captando os pensamentos da cliente. A bolsa era mesmo lindíssima, seu coração lhe dizia para comprá-la. Mas nunca tinha ouvido falar dessa marca e nenhuma de suas amigas tinha bolsa nesse estilo, ponderava a mulher. Imagine aparecer em acontecimento social sofisticado, só com gente bem vestida, com uma bolsa de marca desconhecida, apesar de vistosa! Não queria destoar do grupo que só desfilava com roupas e aces-

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sórios assinados por estilistas estrangeiros renomados. Senão, o que iriam dizer e pensar dela? Enquanto refletia, passava suas mãos delicadas sobre os cabelos longos, devidamente alisados para acompanhar a tendência dos penteados da atualidade. Em sua cabeça, uma jovem bem arrumada e atraente tinha cabelos longos e lisos. E sua cabeleira era muito rebelde. Rendia-se, então, aos cremes e procedimentos de alisamento diversos para esconder seus cachos e ser sempre vista em conformidade com o que julgava ser o padrão de beleza socialmente bem aceito. A moça examinou uma última vez a bolsa, mas acabou saindo da loja sem ela. Apesar de desesperadamente querer marcar uma identidade pessoal e se destacar da multidão, andava exatamente igual às colegas que também se esforçavam em seguir rigorosamente a moda, com cabelos longos e lisos, aquela cor de esmalte, o mesmo tipo de sandália, roupas e assessórios só de grife conhecida ou de marca boa estrangeira. Mas o mais terrível de tudo foi que, na festa da sexta-feira, uma socialite importante apareceu com uma bolsa igualzinha à que deixara de comprar! E era só não seguir o coração para o olho gordo se manifestar!


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ENTREVISTA

ESCRITOR ANDRÉ CARRETONI

Sua originalidade e, com isso, a certeza de que muitas pessoas irão lêla duas vezes. Na primeira, irão se surpreender; na segunda, irão lê-la como se a estivessem lendo pela primeira vez.”

Nascido no Rio de Janeiro, em 11/01/1971, cedo se apaixona pelas artes; aos 27 anos, graças aos seus conhecimentos de informática, dá uma reviravolta em sua vida e parte do Brasil, à procura de novas experiências. Vive por seis anos em Lisboa; faz o Caminho Português de Santiago de Compostela, inscreve-se em um curso de pintura em Florença e escreve “Piedade Moderna”, seu primeiro romance. Vive por dois anos na Suíça; escreve “Mais Alto que o Fundo do Mar”, envia contos e crônicas para os sites Tertúlia e Bonjour Brasil e frequenta o Laboratório de Escritura Criativa à Distância do Instituto Camões. Depois de quatro anos em Paris, no encalce da Geração Perdida, instala-se em Nice, publica seu livro “Mais Alto que o Fundo do Mar” em francês (“Plus Haut que le fond de la Mer”) e escreve “TELMAH, A Tragédia do Desencontro”. Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor André Carretoni, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a ter gosto pela arte de escrever? André Carretoni - O escritor americano Ernest Hemingway, mesmo que tenha sido de fora para dentro. No início, eu me apaixonei pela sua vida; em seguida, apaixonei-me pelos seus livros; e, finalmente, apaixonei-me pelo seu estilo literário. Até hoje, não há nada que simbolize mais a minha busca como escritor do que a Teoria do Iceberg, princípio que ele dominava.

Em que momento se sentiu preparado para escrever o seu primeiro livro? André Carretoni - Eu não vim para a Europa para trabalhar com computadores, eu vim para viajar, aprender línguas e escrever. A informática foi apenas um meio. Contudo, eu tive de esperar seis anos para me sentir pronto. Eu tive de percorrer um longo caminho para descobrir, enfim, aquilo que eu tinha para dizer. Claro que existem escritores que não precisam viajar e escritores que entenderam o mundo sem saírem de casa, mas, no meu caso, isso foi essencial para mim.

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DIVULGA ESCRITOR os países. A ideia é fazer dois lançamentos: um em Lisboa e outro no Rio de Janeiro. Em Lisboa, onde pretendo estar em abril, irei participar de alguns eventos; no Rio de Janeiro, ainda em 2019, quero fazer um lançamento caritativo com o Instituto PHI (http://institutophi.org.br/).

Apresente-nos “Piedade Moderna” André Carretoni - Eu o escrevi em apenas 12 dias. Eu aluguei um quarto em Florença e, durante 12 manhãs, sentei-me decidido a escrever 5000 palavras por dia. Não importava o quê. Eu tinha de escrever. Tinha de dobrar o cabo. Aliás, nem história tinha na cabeça. Comecei a escrever minhas memórias como se fossem histórias separadas e, no final, coloquei tudo em uma ordem capaz de criar uma vida imaginária. O livro são 15 anos de minha vida que se passam durante seis meses da vida de um personagem. Conte-nos como foi a construção de “Mais Alto que o Fundo do Mar”? André Carretoni - Com esse já foi diferente. Com Piedade Moderna, meu desafio foi conseguir escrever; com Mais Alto que o Fundo do Mar, foi escrever melhor. E sei que consegui. Uma história que nasceu de um conto de uma página e dos conselhos que encontrei no livro “On Writing”, do escritor Stephen King. Quais critérios foram utilizados para escolha do título? André Carretoni - Eu queria um título que me lembrasse da Teoria da Relatividade. Tudo é relativo. Tudo depende do ponto de vista. Ideia que trouxe com mais força no meu novo livro. Por que ler “Mais Alto que o Fundo do Mar”, também lançado em francês “Plus Haut que le fond de la Mer” André Carretoni - Porque esse livro é uma mensagem de esperança. Desistir é libertar-se. Perder tudo significa que não precisamos mais ter medo de perder. Tocar o fundo significa que alcançamos o lugar mais alto de nossa alma, se soubermos escolher o ponto de vista.

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Onde podemos comprar os seus livros? André Carretoni - “TELMAH, A Tragédia do Desencontro” será vendido através do site da Editora Chiado e estará fisicamente presente em algumas livrarias do Brasil e de Portugal. https://www.chiadobooks.com/ livraria/telmah-a-tragedia-do-desencontro Apresente-nos “TELMAH, A Tragédia do Desencontro” André Carretoni - É uma história de amor que se passa em Madri, em março de 2004 (uma semana após o 11-M). É a história de Hélio Parfia, um brasileiro que chega à Espanha para escrever uma homenagem às vítimas do atentado e que é surpreendido pela vida de uma maneira inusitada. Tudo isso regado por um ato heroico, reflexões sobre a globalização e diálogos e personagens do teatro elisabetano. O que mais o encanta nesta obra literária. André Carretoni - Sua originalidade e, com isso, a certeza de que muitas pessoas irão lê-la duas vezes. Na primeira, irão se surpreender; na segunda, irão lê-la como se a estivessem lendo pela primeira vez. Como está sendo os preparativos para o lançamento da obra. André Carretoni - Uma das melhores coisas de se trabalhar com a Editora Chiado é que ela está presente no Brasil e em Portugal, já que tenho amigos e familiares e vivi em ambos

Se alguém quiser ser informado da data exata de seu lançamento, basta inscrever-se para receber minha newsletter (www.carretoni.com). Sobre meus dois primeiros livros, eles estão esgotados. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor André Carretoni. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? André Carretoni - Obrigado. Obrigado por ainda se interessarem por livros, obrigado pela curiosidade de ler algo sobre um escritor que ainda não conhecem, obrigado por me fazerem acreditar que nem tudo está digerido e que ainda há pessoas que buscam perguntas, respostas e novas experiências também na literatura portuguesa. _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com


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SOLAR DE POETAS Por José Sepúlveda

Era Abril Estávamos no século XX, quase no fim da década de sessenta. Atravessávamos então a chamada Primavera Marcelista, uma réstia de esperança que não passou de uma promessa frustrada de liberdade e que se seguia a uma longa e cruel ditadura de mais de quarenta anos. Quantos oposi-

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tores ao regime tinham sucumbido apenas porque tiveram a coragem de lutar pela sua liberdade e confrontar a sua tirania. Um jovem professor tinha acabado de abrir uma pequena livraria, num lugar central da cidade. Fora saneado da escola pública, apenas

porque defendia ideias diferentes das impostas pelo regime. Era ali, naquele pequeno recanto de cultura que se reunia diariamente um pequeno grupo de pessoas que queriam pensar segundo os ditames da sua consciência. O grupo era heterógeno, agregava socialistas (na clandestinidade,


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claro), social-democratas, católicos progressistas e até outros sem qualquer formação política. Noite após noite, após o jantar, reuniam-se para trocar ideias, conversar sobre teatro, cinema, literatura e assuntos de interesse social. Numa prateleira oculta, podíamos ali encontrar algumas publicações que a censura não deixara passar e que assim chegavam aos seus leitores através de meios clandestinos. Recordo ainda a “Praça da Canção” e “Um Barco para Ítaca”, do poeta Manuel Alegre, que de Argel, onde se encontrava exilado, continuava a emitir regularmente aquelas mensagens que tantos portugueses ouviam em segredo, através das ondas curtas da rádio. Eram muitos os livros “proibidos” que ali podíamos encontrar. Até mesmo a “Antologia da Poesia Erótica Portuguesa”, editada sob a coordenação da poetisa Natália Correia, tinha sido retirada das livrarias pela polícia política e ali podia ser encontrada. Era lá também que podíamos ter acesso a dois pequenos periódicos regionais, perseguidos pelo regime, o” Comércio do Funchal” e o “Jornal do Fundão”, os quais não raras vezes apareciam com grandes espaços em branco, artigos censurados e que à última hora não deixavam que fossem publicados. Era ali também que as notícias de mais uma e outra prisão arbitrária eram conhecidas. Muitos desses presos não mais seriam vistos, nem

vivos nem mortos, desapareciam, simplesmente. Contudo, através da Força da Palavra, os escritores continuavam a denunciar as arbitrariedades do regime e lentamente, uma voz aparentemente surda, lentamente se foi fazendo ouvir. Muitas vezes, o pequeno grupo era confrontado pela presença de espias da delação que, rapidamente, faziam chegar as notícias que queriam aos energúmenos do regime, que logo visitavam a pequena livraria, para desbaratar aquilo que queriam. Um dia, alguns dos frequentadores convidaram um grupo de poetas e músicos de intervenção para um sarau, tudo preparado com muita discrição. Alguns deles deslocar-se-iam da capital. Para não levantar suspeitas, foram escolhidas, como lugar para a apresentação, as instalações sociais pertencentes a uma das igrejas da cidade. Os convites para assistir foram feitos de forma pessoal, sem levantar suspeitas. Quando chegou o momento, depois do jantar, as pessoas foram-se aglomerando até encherem totalmente as instalações. Era grande a curiosidade. E o programa foi-se desenvolvendo com a apresentação de muita música e poesia de intervenção. A dado momento, chegou um alerta: - “Vem aí os ‘bufos’. Logo, dois dos presentes, na companhia do responsável pelo espaço, se dirigiram para a porta e aguardaram a sua che-

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gada. Neste entretanto, foi recomendado aos músicos e poetas presentes que começassem a cantar músicas de cariz popular, sem qualquer conotação política. E a festa foi-se desenrolando. Quando os “espias” chegaram frente ao salão, cordialmente, o nosso anfitrião os convidou a entrar, com o argumento de que estavam ali um grupo de amigos para partilhar um programa com características populares. Sentindo-se “descobertos”, eles disseram: - Viemos apenas apanhar um pouco do ar do mar, está uma bela noite. E seguiram. Quando os vimos a certa distância, logo o programa tomou o seu rumo normal e o sarau durou até as tantas da madrugada. Era neste jogo de o gato e o rato que a mensagem da liberdade se ia espalhando. Até que, cinco anos depois, Salgueiro Maia e um bravo grupo de militares, saíram da Escola Prática de Santarém para o Terreiro do Paço para depor o regime. Era a Revolução dos Cravos. O povo saiu à rua e de mãos dadas com as forças militares, acabaram com as forças da delação. A partir daí, todos podiam expressar de novo em liberdade as suas convicções. Abriram-se as portas das prisões e a democracia venceu. Tempos de luta, onde a força da palavra se soube impor e nos veio proporcionar os ventos de liberdade que até hoje respiramos.

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POETAS POVEIROS

Por José Sepúlveda

Lágrima de sal Naquela tarde, triste, incorformada, Olhavas esse mar em movimento, Sentada ali na praia, abandonada Co’as mágoas ocultas pelo vento... E, peregrina, a lágrima salgada Saltava desse olhar, em passo lento, Com amargor, com dor, sabor a nada E envolta no mais puro sentimento... Ali, com teu barquinho de papel Lembravas com saudade o teu batel Tragado, apodrecido pelo tempo...

“Meu imenso oceano” Meu imenso oceano, levaste contigo As minhas ilusões, meus sonhos de amor Todos os dias regresso à mesma hora e lugar Deixar minha tristeza de saudade e dor... As gaivotas, a chilrear vem me acompanhar Fiz delas a minha grande fascinação do ar Cada pôr do sol, me esperam a esvoaçar Conhecem minha dor e lágrimas sem cessar...

Um suspirar profundo, sem receio, Sabor a sal sentido no teu seio, Sorvido nesse espúrio movimento! Jose Sepulveda

Minha crença é fiel aos meus pensamentos A cada vida chega um dia monótono e molhado Meus olhos entristecem, sonham e esquecem Mas meus sentimentos seguem presos ao passado... Voltarei cada dia até as forças me faltar Sem qualquer esperança de te ver amor Hoje é impossível olhar a beleza do sol Que vem acrescentar à tristeza e dor... Maria José

A teia Marosca, em teia, tecida Em tela amarelecida; Gritam os anjos do céu O que aconteceu, Deus meu? São quais frutas deste tempo Em tempo desajustado, Gritos, lágrimas ao vento, Coração apaixonado Sorriso amargo de mim Que circulam, no jardim, Som de coruja que aflito Mira em coração contrito Esquiva, a lua aparece Com magnitude solene, Angústia de um tempo ido No seu dilema perdido Neste tempo de ansiedade Calcorreio esta cidade, Persigo o sonho de alguém Que anda perdido também Rosa Maria Santos

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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA ROSA MARIA SANTOS

Romaniga, Romaniga, mais conhecida por Vitória, ainda jovem, veio trabalhar para Portugal. Prometeram-lhe uma oferta de emprego num dito lar de um casal de meia idade, sem filhos. A realidade foi bem mais cruel. Romaniga não tinha dinheiro para a viagem, era oriunda de uma família muito carenciada. Era jovem, viva, cabelo ruivo e olhos verdes que pareciam cintilar ao sol. Era muito alegre, apesar da sua condição tão humilde. A sua figura atraente acabaria por chamar a atenção de alguém. Logo, a convidou para ir para o seu país, tendo-lhe prometido uma vida bem melhor, que lhe proporcionaria até economizar algum dinheiro que podia enviar aos seus carenciados pais. Romaniga tinha cinco irmãos, todos mais novos. - Pensa nisso – convidava o pretenso amigo. A jovem pensou e resolveu aceitar a oferta. Afinal, os pais precisavam mesmo de apoio. Tinha dezasseis anos, via dificuldade no seu país para encontrar condições que lhe permitissem concretizar os seus sonhos. Talvez fosse a oportunidade esperada. Falou com os pais que logo, numa primeira reação, se mostraram contentes por ela. Mas, nos seus corações logo lhes veio à superfície o amor paternal. E a tristeza, a preocupação logo se acerca44

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ram deles. Eram muitas as histórias de jovens que partiam e logo se viam a braços com situações muito difíceis de gerir: desaparecimentos, trabalho escravo, prostituição e coisas assim. Ficaram perplexos. As reservas eram muitas, mas não podiam contrariar a filha, quem sabe, não permitir que ela alcançasse a oportunidade da sua vida. - Deus é grande – pensavam – Há-de proteger a nossa filha. Depois de muito pensar, Romaniga voltou a falar com o seu interlocutor e disse-lhe que havia um óbice que não conseguia ultrapassar. Não tinha dinheiro para a viagem. - Não te preocupes, Romaniga – disseram – nós apoiamos-te na viagem. Depois, pagas como puderes. Na sua inocência, Romaniga aceitou. Era grande a ansiedade, seria o concretizar do seu sonho. Quando voltou para casa, estava feliz, contou aos pais a benevolência do seu amigo e disse: - Assunto resolvido. Vou à aventura.: - Tem cuidado filha, vê se está tudo correto. Somos pobres, mas temos honra e orgulho! - Não te preocupes, Mãe, tudo vai correr bem, afinal, já sou uma mulherzinha. Sei tomar conta de mim. E não vou sozinha, há mais jovens como eu que vão comigo nesse dia. O tempo parecia não passar. Finalmente, o dia chegou. Romaniga despediu-se dos pais com um até breve e recebeu um rol de recomendações dos pais. - Vai correr bem. Logo que tenha possibilidade, enviarei algum dinheiro para vós. É o início duma nova etapa, vamos a isso. Respirou fundo, abraçou-os, ocultando as lágrimas e partiu confiante rumo ao desconhecido. A realidade foi bem mais cruel.

Logo que chegou ao seu destino, Romaniga deparou-se com um mundo estranho. Afinal, todo o seu sonho se frustrava. Delinquência, droga, prostituição. Quanto mais trabalhava, mais dinheiro devia aos seus sequazes que cada dia mais exigiam da pequena. Acabou por se tornar toxicodependente também. As poucas horas livres serviam para se lavar num banho de lágrimas, carregadas de desgosto. Perdera o respeito por si mesma. Era agora um trapo humano. Quando já não servia para nada, colocaram-na na rua. Afinal, os clientes já não mais a procuravam. Na verdade, era ainda muito jovem, mas ficara gasta com o tempo, nada valia. E ei-la a vaguear pelas ruas. Na sua solidão, olhava o céu e as estrelas e chorava. - Tenho que encontrar uma saída – pensava. Procurou ajuda. Providencialmente, foi encontra-la num lar que a acolheu. Recuperou-se, ergueu de novo a cabeça, procurou emprego. O tempo era mau, a crise era enorme e os dias passavam sem que uma ocupação aparecesse. Mudou de cidade, finalmente, ei-la a arrumar viaturas num parque de estacionamento. Simpática, afável com as pessoas, prestava-se para ajudar, a carregar compras. Um dia acercou-se de mim e disse: - Senhora, desejo-lhe um ótimo Natal e um Fim de Ano cheias de saúde e Amor. Sabe senhora? Segunda feira vou regressar ao meu país. Estou tão feliz! Vou abraçar a minha família! Santo Deus, que saudades! Há quase trinta anos que não os vejo. Uma lágrima peregrina rolou-lhe pela face. Olhei os seus lindos olhos verdes, antes apagados de tristeza, agora verde esperança e disse-lhe: - Fazes bem, Romaniga, se puder ajudar, podes contar comigo! Ela sorriu e disse: - Obrigada senhora, só quero que o tempo passe a correr para voltar ao lar. E partiu rua fora cheia de alegria. Nunca mais a vi.


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ENTREVISTA

ESCRITOR CHARLES BURCK Charles Burck Heterônimo de Wilson Costa – Escritor, poeta, fotografo, artista plástico e web designer, antes já foi, Contador, Financeiro e Administrador, digo, o Wilson, não eu. Livros escritos sob esse perfil, o do Charles, todos de poemas, - O anjo do dia, Compêndio de Coisas Guardadas, Olhos Ferino, Oxigênio, Falsas Impressões, Alma e Causos Complicados Sob o perfil do Wilson, O grito, uma história de amor e preconceito, O rio do Destino, Protegidos pelas estrelas, Zoé, Angusturas, nos Confins da Solidão, Enquanto te espero, A Clareira do Ipê Rosa. Boa Leitura!

Charles Burck me reinventou como autor, quando eu estava cansado de mim, ele chegou, e me falou, “vamos fazer diferente”, e fizemos.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Charles Burck, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais o atrai nos causos? Charles Burck - Agradeço a oportunidade de me manifestar, apresentando o meu trabalho. Bem, certamente é a característica única é a forma da narrativa, a estrutura rítmica, os neologismos aplicados nos momentos certos, cujos contornos se desenham entre a dimensão do imaginário mágico regionalista à poética refinada, nível conceitual das especulações filosóficas à fluidez lépida das cenas, as imagens retoricas aos planos articulados por uma constante interpelação da própria linguagem, caminhando tudo isso, ora lado a lado e por vezes misturados, denotando graciosidade e força de escrita. Uma peculiar configuração rítmica, inovação e modernidade na forma de versejar. Como surgiu “Causos complicados”? Charles Burck - De um acaso, ou não, surgiu nas buscas de superação diária

de escrever melhor, de fugir do vulgar, da mente a elaborar estruturas raras, de uma frase como uma faísca e uma dinâmica intensa de escrever como borbulhar espontâneo e quase subconsciente de colocar no papel o que fosse e viesse, antes de avaliar, como se de um sentimento nascesse a concordância, era combustível alimentando as faíscas. Apresente-nos a obra (sinopse) Charles Burck - A poesia sofrida de um povo sofrido, a alegria em tons menores nunca morta pela serpente da desesperança, um gole de agua na sede das buscas, uma pedra para descanso como alivio às esperas, a comunicação emotiva que se estabelece entre o ler e o sorrir, o imaginar como nascem as palavras em solo tórridos, e do chão seco como florear palavras contrastadas com os rostos curtidos e as vida marcadas sendo desvendadas em poemas, o homem e os seus problemas, suas lutas, alegrias e aflições, um beijo na terra para fazer brotar uma flor. www.divulgaescritor.com | maio 2019

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DIVULGA ESCRITOR Poderia nos apresentar um exemplo de um causo Charles Burck - De cabeça para baixo viu o mundo rasteiro, mais rasteiro do que era, um pé que vai primeiro não avisa ao outro do caminho, mas o buraco é mais fundo para quem olha apenas o firmamento, mas pé torto e anjo morto também entram no céu. Domingas, a da ferida aberta, casou-se com Monsolo, tiveram três filhos homens, dois morreram solteiros, e um casou-se depois de morto, ele trocou o sagrado pelo profano e brindou o fim do mundo em janeiro, mas o mundo tinha acabado em dezembro e o padre não professou o casamento. Beijo de mulher brava não traz prazer algum, ficamos com medo de perder os beiços, ou que ela nos coma a língua toda, mas nem todos os sapos têm boca grande, mas há as pererecas que só querem saber dos beijos. Porém escrevo temente às coisas que digo, se alguma alma malévola me descobrir por dentro, e perceber que eu não tenho suficiente inteligência para zombar do coitado do jumento, melhor que eu me cale então e passe a cuidar da burrice que me cabe. Quais os principais desafios para escrita desta obra literária? Charles Burck - Ah! Sem dúvida manter o ritmo próprio à obra, que é como uma canção rabiscada em traços ilógicos, de metáforas de tempo desenhando ir à frente de nós, do seu tempo, numa forma corrida de dizer, ao menos assim concebo, que sendo cantada que fosse acelerada, pisadas calcadas, batida na mesma passada no chão. “...Risco e rabisco feito pé de vento, quem lava e relava o sovaco tem catinga boa, eu já orei para almas benditas que me dessem bons cheiros, mas de vez em quando vem malcheiroso do molambento me atentar de novo, não me curvo a catingueiro, mas não faço filho para largar no mundo, Galinha solta no terreiro não tem marido certo, valoriza a sua mangu46

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rinha, se homem já não presta, criança não tem culpa de nada. Nasceu descida do céu, anjinhos sem asas, feito curió sem defesas.” A quem indica leitura da obra? Charles Burck - Rindo... a todos, não toda, digo a obra, pois não toda, às criancinhas, mas às criancinhas também, alguma coisa, pois tem coisas afeitas a todas as idades, ou quase todas. Ainda rindo Onde podemos comprar o seu livro? Charles Burck - No Clube de Autores, Ou na Amazon https://www. clubedeautores.com.br/livro/causos-complicados#.XHWkLYlKjIV Quais os seus principais objetivos como escritor? Charles Burck - Sempre, não ser vulgar, não ser comum, não ser banal, criar rimas raras, pegar os escritos dos melhores autores e ler, e me perguntar, será que posso fazer melhor? Ler, “ Só queria ter do mato, um gosto de framboesa, para correr entre os canteiros e esconder minha tristeza. “. E me dizer, seja assim, faça coisas assim... Escrever todos os dias até aprender a escrever e depois me perguntar, você fez o melhor? E depois que me cansar, um dia, apenas escrever por escrever.

Charles Burck é um peseudônimo. Conte-nos, por que Charles Burck? Charles Burck - Charles Burck me reinventou como autor, quando eu estava cansado de mim, ele chegou, e me falou, “vamos fazer diferente”, e fizemos. Foi uma necessidade minha de poder ser alguém além de quem estava cansado se ser quem era. De ser o menino educado e maleável, o espiritualizado, o bom filho e bom pai e avó, mas havia dentro de mim outros tantos Wilsons querendo ser, ou sendo obscuramente, ou querendo se mostrar, não melhor que o outro, mas diferente, no conteúdo de se expressar, de dialogar com o mundo e consigo, ou entre eles, até que não sejam mais separados, separáveis. A fusão, do bom e do mau de cada um. E isso trouxe vida aos dois. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Charles Burck. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Charles Burck - Leiam-me me lendo, há um mundo em cada escritor e eu não sendo mundo que você é, sempre vale a pena ser visto, lido e questionado por outro mundo. A invenção do que somos, do sermos, nunca foi um bem separado, traduza-me tentando saber se isso é uma verdade. Depois, uma obra só é acabada quando lida, e tem mais, qualquer sopro nas minhas páginas fará voar um outro universo por baixo do pó que eu sou, amanhã possivelmente eu venha a ser famoso, mas não quero ser depois de morto, e eu estou te dando a possibilidade me conhecer antes, assim também atribuirei a construção da minha inacabada obra, quando acabada, a você. Obrigado. Fica bem. _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com


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O Circo Todos os domingos pela manhã após ajudar ao seu pai com as compras da feira livre do bairro, Junior trocava a água e a comida do viveiro dos periquitos, das gaiolas dos galos de campinas, do golinha e do canário belga, em seguida o rapazola tomava seu banho, trocava de roupa e caminhava até a igreja católica da Cidade da Esperança. Nesse dia a aula de catecismo seria, mais uma vez, sobre a vida de São Francisco de Assis e Junior já estava pensando seriamente em uma futura carreira como missionário franciscano, além de amar os animais, adorava a ideia de ter uma vida livre em contato direto com a natureza, assim como os padres franciscanos pregavam. Até um tempo atrás, ele acreditava que seria escritor, pois era apaixonado por livros desde criança e quando aprendeu a ler, mergulhou de cabeça no mundo mágico dos escritores Monteiro Lobato, José Mauro de Vasconcelos, entre outros gênios literários. Pegar livros emprestados na Biblioteca Pública Câmara Cascudo já era um hábito que adotou desde cedo, incentivado por sua mãe que era professora. No quintal de sua casa havia um cajueiro que ele batizou de Minguinho, nome inspirado na personagem Zezé da sua novela favorita “Meu Pé de Laranja Lima”, que lá do alto de sua copa, entre galhos e folhas, se deixava levar pelos frutos da sua incessável criatividade, como se pusesse em prática o poder lúdico de suas fantasias. Entre sua casa e a igreja que frequentava, havia um terreno baldio que tempos mais tarde se transformou no estádio de futebol do bairro. Excepcionalmente, naquele domingo algo diferente acontecia no local, então Junior, movido pela curiosidade, se aproximou e percebeu que se tratava de um grupo de pessoas empenhadas em erguer a lona colorida de um circo. Além de homens, também havia mulheres e crianças envolvidos naquela função. Foi 48

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como amor à primeira vista, o jovem garoto foi seduzido pela magia do circo e como num estado de hipnose, ficou gravitando ao redor da lona observando tudo que acontecia. Em cada piscar de olhos, algo novo surgia diante de seus olhos, primeiro foram as jaulas com um casal de chipanzés e seus dois filhotes, e mais adiante, outra maior com um casal esquálido de leões, que só abriam as bocarras e bocejavam, como se alheios ao mundo. A manhã só começava, e como um estalo do além, o garoto lembrou que faltava pouco para o início da aula de catecismo, a qual não podia chegar atrasado novamente, afinal, no seu último atraso o padre Tarcísio, pároco da igreja, o fez ficar de pé durante toda a aula como castigo. O desafio para Junior era imenso, pois como já de costume, sempre se atrasava durante o trajeto até a igreja, porque divagava constantemente olhando para o formato das nuvens, que facilmente o fazia perder a noção do tempo e muitas vezes, quando encontrava algum amigo no meio do caminho soltando pipa ou jogando biloca, ele não resistia e aproveitava para brincar alguns minutinhos. Ao se dar conta do horário, Junior tenta acelerar seus passos para compensar o atraso e chega na igreja suando em bicas, apesar da brisa fresca que vem das dunas alaranjadas que divide a Cidade da Esperança do novo bairro que está surgindo, nomeado por Cidade Nova. Ao atravessar correndo o portão da igreja, vai direto para o último banco da sala de aula e constata feliz da vida que a aula de catecismo ainda não tinha começado. Ao seu lado estavam os irmãos gêmeos Jairo e Jorge que se mudaram da Esperança para o bairro das Rocas, ambos são seus grandes amigos, que frequentemente trocam com ele, revistinhas em quadrinhos, livros e figurinhas de álbum. Suas famílias são muito amigas, que muitas vezes, quando os irmãos vêm para a missa na Cidade da Esperança e aulas de catecismo aos domingos, almoçam na casa de Junior, e esse por sua vez, passa alguns fins de semana nas Rocas na casa dos Gêmeos. Junior, Jairo e Jorge têm a mesma idade, treze anos, e quando estão juntos nas Rocas, as brincadeiras preferidas são os banhos de mar nas Praias dos Artistas e do Meio, ou soltar pipa em Brasília Teimosa junto com a molecada de lá, nas disputas no cerol. Quando os irmãos estão na Cidade da Esperança, as brincadeiras preferidas são as descidas nas dunas com suas tábuas de morro, uma espécie de prancha adaptada pelos garotos para surfarem nas areias, ou soltar pipa em campeonatos de cerol, além de comerem frutas silvestres, caçarem calangos, e às vezes, jogar futebol com uma bola de meia, feita com meia de adulto recheada de papeis, ou restos


DIVULGA ESCRITOR de tecidos, ou até folhas secas, fechada por um cordame dando-lhe um formato meio oval. Os garotos disputam campeonatos criados por eles mesmos, durante longas tardes de sábados e domingos. A bola de meia teve seus dias contados e se aposentou quando a viuvinha alegre, Dona Chimena, doou uniformes para o time e uma bola canarinho de couro. Aos domingos os garotos do bairro vestem o uniforme do Esperança Futebol Clube e a pelada é oficial, no campinho meio enviesado no sopé das dunas. O preço dos presentes a garotada já sabia, só tinham que aparecer na casa da Dona Chimena, de vez em quando, para fazer-lhe uns agradinhos de gente grande. Não só os jogadores faziam a alegria da viuvinha, ela também dividia a sua atenção com os espectadores dos jogos e as torcidas organizadas. Os mais velhos solteiros ou casados, até tentam tirar uma casquinha da Dona Chimena, mas ela não dá bola para quem é “mané barbudo” e ainda diz que gosta mesmo é de dente de leite, daqueles que ainda tem cheiro de mijo nas fraldas. Junior saiu da última aula de catecismo com uma decisão em mente e teria que fazer na primeira oportunidade. Os Gêmeos Jairo e Jorge nesse domingo não foram almoçar na casa do amigo Junior que seguiu sozinho de volta para casa. Ao passar diante do local que estavam armando o circo, viu que a lona já estava erguida e tinham até instalado um letreiro de madeira escrito em letras garrafais “Grande Circo dos Irmãos Acadías” e abaixo uma cabine que supostamente seria a bilheteria, pois ao lado havia um cartaz com os valores da entrada, além de uma observação em destaque, dizendo que menores de idade vestidos com a farda escolar não pagam, desde que acompanhados de um adulto. O menino estava em férias escolar, era mês de julho, entretanto, algo não mudava, ele precisava continuar ajudando, todas as manhãs, em uma farmácia no bairro das Rocas de um amigo do seu pai. A Farmácia do Djalma ficava entre a padaria São Jorge e o Cine Panorama na rua São João de Deus, e com os trocados que recebia como “faz tudo” no estabelecimento, entregava a metade para ajudar seus pais nas despesas domésticas e o que sobrava, comprava revistas em quadrinhos e algumas bobagens. Enquanto Junior observava o final da montagem do circo, um garoto com aproximadamente a sua idade, de longos cabelos negros, olhos azuis e de pele muito branca, se aproximou e estendeu sua mão para o cumprimentar, e puxou a seguinte conversa: - Tudo bem? Me chamo Roberto Acadías, e você? - Pode me chamar de Junior. Você, então, é o dono do circo? - Sou filho de um dos donos, é do meu pai e de mais dois irmãos, você não gostaria de entrar e conhecer os bichos?

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Junior não pensou duas vezes, entrou admirado pela entrada principal, nesse momento, estavam colocando as arquibancadas. O picadeiro de madeira já estava pronto; a lona de longas e grossas listras vermelhas, verdes, douradas e azuis encheram os olhos do menino de admiração. O garoto do circo o levou para mostrar as tendas dos palhaços, dos anões, da mulher barbuda e todos acenaram sorrindo para Junior em sinal de boas-vindas, passaram pela jaula dos macaquinhos e em seguida a dos leões, o garoto potiguar ficou um pouco distante e perguntou ao garoto do circo se ele não tinha medo. - Meu pai diz que quando perdemos o medo fazemos besteira, o medo é quem nos protege dos erros. Tenho medo sim, todas as vezes que os alimento, mantenho uma certa distância. - E o que eles comem? Pergunta Junior. - Comem de tudo. Às vezes, pegamos até os gatos das redondezas por onde passamos quando a bilheteria é fraca e não dar para comprar carcaças de burros. - Na minha rua tem um bocado de gatos, vou pegar alguns e trazer para eles. - Traga mesmo, que eu te dou em troca uns ingressos para tu assistir de graça. - Feito! É legal viver no circo? Aposto que vocês viajam o mundo inteiro, conhece um monte de lugares né? E antes do garoto responder, Junior continua: - E como faz para trabalhar no circo? -É muito bom trabalhar no circo, eu não imagino outra vida. Nasci no circo quando estávamos no México, sou meio brasileiro e meio mexicano, já conheci centenas de países, sou trapezista, palhaço, cuido dos animais e o que mais aparecer, e estudo nas escolas onde chegamos, é muito legal viver no circo. - Rapaz, você poderia me ensinar alguma coisa para eu entrar no circo? Qualquer coisa, eu sei cantar, canto no coro dos jovens da igreja. Pergunta um eufórico Junior. - Posso te ensinar a se equilibrar no rolo, é um rolo com uma tabua em cima, o nosso equilibrista ficou no Recife em outro circo, e posso ensinar outros truques também. Você traz os gatos amanhã e eu convenço meu pai para que eu possa treinar você, em uma semana tu vai estar craque e se apresenta, estrearemos amanhã, venha mesmo, independente de trazer os bichanos. Junior já saiu dali quase flutuando de alegria, e então decidiu que iria conhecer o mundo no circo, era a maior aventura do mundo, só contaria a sua irmã Fabíola quando estivesse perto de ir embora, por enquanto iria cumprir a promessa que havia feito a São Francisco no catecismo e depois iria pegar os gatos pintados de Dona Joaninha, os três negros da velha bruxa Soledade e o gordo angorá de Dona Raimunda. Quando o menino chegou em casa, os pais e a irmã já haviam almoçado e assistiam o programa do Silvio Santos na televisão ABC em preto e branco, o menino entrou e

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a mãe mandou ele tomar banho antes de almoçar, ele se banhou, almoçou e pegou um velho saco de estopa que estava embaixo da pia de lavar roupas no quintal, pulou o muro que dava para a casa de Dona Joaninha, a vizinha da esquerda que naquela hora ainda estaria na igreja da assembleia de Deus, a velhinha passava praticamente o domingo inteiro na igreja com o marido e seus dois filhos. No quintal um casal de gordos gatos pintados de branco e cinza dormiam embaixo da pia, o menino aproximou-se e ligeiro feito um bote de cobra, pegou os dois gatos quase simultaneamente e jogou-os dentro do saco, os bichos ficaram miando desesperados, o menino pulou novamente o muro de volta e atravessou um estreito beco da sua casa que dava para a rua e saiu sem ser visto pela família que continuava entretida com a televisão. Quando chegou no circo entregou os gatos ao novo amigo, que os levou até um barril de madeira, levantou a tampa e jogou todos dentro, pelos miados desconfiou que havia muito mais bichanos. – Mais tarde, a noitinha, antes das apresentações, alimentamos os leões. Vamos começar os treinos, futuro equilibrista do Circo Acádias? Junior inflou o peito de orgulho e acompanhou o amigo na nova brincadeira, afinal tudo para ele era encarado como uma nova brincadeira, e passou todo o final de tarde equilibrando-se sobre um pedaço de madeira e um rolo de madeira colorido, mais tarde o novo amigo circense levou-o até a sua tenda e o presenteou com uma fantasia para quando ele fosse estrear, era uma calça e uma camisa azul de um tecido brilhante, com golas e mangas cobertas de pedrarias e fios dourados e vermelhos. – É nossa, acho que vestimos o mesmo número. Junior emocionado, abraçou o novo amigo e foi para casa com um nó na garganta. No dia seguinte, logo cedo, foi trabalhar na farmácia como o habitual, seu pai era carteiro e a sua mãe professora, nesse período de férias escolares ela dava aulas de decoração de festas, de feituras de doces e salgados, bolos de aniversários, entre outras ocupações nos clubes de mães nas Rocas, sua irmã Fabiola acompanhava a mãe durantes essas saídas, e toda a família tomavam juntos o mesmo ônibus. A tardinha quando Junior chegou em casa, lembrou-se da promessa de São Francisco, ficou em dúvidas se cumpriria ou não, afinal não seria mais franciscano, agora iria embora no circo, mas, mesmo assim, decidiu cumprir a promessa, então o menino saiu abrindo todas as gaiolas da casa e soltando os passarinhos do seu pai, abriu também o viveiro da galinhas e foi batendo com a vassoura até os bichos baterem asas, os periquitos ficaram um bom tempo em cima do cajueiro Minguinho junto com o golinha, já os galos de campinas deram um rasante e sumiram 50

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em direção as dunas, o canário belga ficou chilreando em cima do muro e não viu quando o gato angorá de Dona Raimunda veio por trás e o abocanhou. Os pássaros que estavam no cajueiro bateram asas do susto, então, Junior correu com a vassoura e deu um golpe na cabeça do gato que caiu desacordado no chão, o menino correu e pegou o saco de estopa e jogou o animal dentro. – Esse agora vai para barriga do leão, tadinho do canário... mas foi muito bobo, podia ter batido asas como os galos de campina. À noite, quando seus pais chegaram em casa e deram com as gaiolas vazias, seu pai enlouqueceu de raiva, nem jantar conseguiu, era apaixonado pelos passarinhos, gastara metade do décimo terceiro com o golinha e com o canário belga, este último era o seu xodó, ganhara até um campeonato de canto no município de Parnamirim. Quando Junior foi entrando o pai nem perguntou, foi logo passando a bofetada no moleque que caiu no chão, deu mais dois tabefes até a mãe se meter entre os dois. - Por que você soltou meus passarinhos, seu moleque ruim do juízo? Vociferava o homem. - Soltei sim, São Francisco diz que os bichos são de Deus e que é para viverem livre na natureza, eles não fizeram crime nenhum para estarem atrás das grades. Enquanto respondia enraivecido, suas lágrimas caiam pelas faces, o pai partiu para cima do moleque e deu mais dois tabefes, o menino conseguiu escapar e correr para a rua, alguns vizinhos correram para frente da casa atraídos pelos gritos da família, o garoto chegou na porta de casa e gritou: - Odeio você, meu pai, eu queria que o senhor morresse! E saiu em disparada em direção ao circo. Dentro de casa fez-se um silêncio, a noite chegou e Junior não apareceu para dormir, dormiu no circo, voltou no dia seguinte e durante a semana inteira não falou com ninguém dentro de casa, o pai também não lhe dirigia uma palavra, a mãe tentava puxar assunto, mas ele respondia com monossílabos, com a irmã Fabiola ainda trocava algumas palavras. Veio o dia da apresentação do Junior no circo e ele foi aplaudido no final, o circo passou ainda uns quinze dias no bairro e se preparou para mudar de lugar, não estava dando bilheteria, teriam que partir para João Pessoa, o menino Acadías perguntou se Junior queria ir junto, ele nem pestanejou, afinal, era tudo o que ele sonhava naquele momento, o garoto do circo falou que dali a dois dias teriam que partir. O plano é que ele fosse escondido embaixo da lona do caminhão e depois que passassem no posto fiscal não teriam mais problemas. Junior voltou para casa exultante e separou suas duas melhores camisas, um calção, uma calça, colocou também umas chinelas em uma sacola, mais um desodorante, a escova de dentes, uma pasta, uma caixa de biscoitos Maria e colocou a sa-


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DIVULGA ESCRITOR cola embaixo da sua cama, dali a dois dias picaria a mula. No dia que ele iria partir no circo, acordou bem cedo e escreveu uma carta para sua irmã Fabiola, explicando que iria embora no circo, queria conhecer o mundo. E como todas as manhãs ele seguia para trabalhar junto com a família no ônibus, continuava sem falar com o pai, quando desceu deu um jeito de colocar o bilhete dentro do bolso do vestido da irmã, olhou para ela e seguiu até a farmácia, ao dobrar a esquina ficou olhando seu pai e sua mãe caminharem pela rua até sumirem da sua vista, correu até a parada de ônibus e ainda pegou o mesmo ônibus de volta para casa. Quando chegou no circo, já estava todo mundo se aprontando para partir, o menino Acádias chegou até Junior e falou que pensava que ele tinha desistido. - Tá maluco, eu quero conhecer o mundo! E o rapazola subiu no caminhão junto com o outro moleque e ambos ficaram rindo embaixo da lona do caminhão com as travessuras dos três palhaços anões que também viajavam no caminhão. Depois de uma meia hora de sacudidelas de viagem o caminhão parou, os anões olharam por baixo da lona e falaram: - Eita, é a polícia! Quando Junior olhou pela fresta da lona, viu um Jeep do exército e um fusquinha preto e branco da Polícia Civil na frente do caminhão, viu descer do Jeep seu tio que era tenente do exército, o seu pai e a sua mãe que choramingava. O pai do menino Acadías chegou até o caminhão e pediu para o filho descer e também seu amigo Junior. - É esse o seu filho, senhor? Perguntou o altivo espanhol. - É ele sim! Exclamou sua mãe que foi correndo para o abraçar. - Eu não sabia que ele estava aqui, acredito que o meu filho deve estar por trás disso tudo. - Não, o Roberto não tem culpa, foi eu que quis vir, ele até não queria, fui eu que subi escondido no caminhão. Falou Junior tentando livrar o amigo da encrenca. - Está bem, já está tudo explicado, agora pega o seu filho, Antônia, e vamos voltar para casa. Falou meu Tio. - Vamos filho, seu pai promete que não vai mais te bater e que entendeu a estória dos passarinhos e São Francisco. Falou sua mãe. - É verdade moleque, não vou criar mais passarinho e vai ficar tudo bem, sua irmã está em casa te aguardando, foi ela quem nos deu o bilhete. Junior, então, acenou para seu amigo Roberto Acadías que o retribuiu igualmente e subiu de volta no caminhão para seguir viagem. Dentro do Jeep do Exército, a caminho de casa, Junior observava o tio uniformizado e logo pensou: - Será que se eu seguir a carreira de militar terei alguma chance de conhecer o mundo? Afinal, o meu tio já tinha servido no Rio de Janeiro, no Amazonas e até fez um curso no exterior. - Tio, é legal ser militar?

Sobre o autor Junior Dalberto é escritor, dramaturgo, encenador e poeta potiguar. Membro da N.A.L.A.P - Núcleo da Academia de Letras e Artes de Portugal. Membro da ALB - Academia de Letras Brasileira Seccional Campos de Goytacazes/RJ. Premiado com o troféu 100 Melhores Poetas Lusófonos 2018 em Ouro Preto/MG. Premiado com o troféu 50 melhores Contistas Lusófonos 2018 em Petropólis/RJ. É premiado com quatros troféus Evoé – Festival de Teatro Exu Pernambuco em 2015 pelo espetáculo Borderline. Premiado com o Troféu Cultura 2016 - Melhor Espetáculo Potiguar por “Ventre de Ostra”. Destaque Literário Potiguar - Troféu Cultura 2014 pela obra literária Cangaço e o Carcará sanguinolento. Autor das seguintes obras literárias: O romance realismo mágico “Pipa Voada sobre Brancas “O Teatro Mágico de Junior Dalberto - Coletânea de textos Infantis” “O Teatro Mágico de Junior Dalberto – Coletânea de textos adultos” O livro de contos “Cangaço e o Carcará Sanguinolento” – Escreveu ainda o livro de poemas “Leveza Infinita”, O livro de conto juvenil “Reféns nos Andes”, o livro Infantil Titina e A Fada dos Sonhos e o livro de contos Blattodea. Autor e encenador dos textos infantis “Um Robô no Mundo da Fantasia” no Rio de Janeiro, “Pinóquio e o Circo” e “A Trilha da Caveira que Ri” em Natal/RN e Brasília/DF. Escreveu e produziu o espetáculo infantil “Titina e a Fada dos Sonhos”, e os espetáculos adultos “A Barca de Caronte” e “O Fio da Navalha” Dirigiu os espetáculos de sua autoria “O Velório da Marquesa Di Fátimo”, “ Borderline” e “Ventre de Ostra”. Representou a cidade de Natal no III EELP - Encontro de Escritores da Língua Portuguesa. Integrou a Caravana Literária Potiguar. Integra o projeto Carrossel da Leitura. Integra o projeto Federais Solidários. É membro da UBE/RN - União Brasileira de Escritores e da SPVA Sociedade dos Poetas Vivos e Afins. Representou o Brasil participando da obra literária coletânea Brasilis – Feira Literária Internacional de Cuba-2017. Participou da Coletânea Antologia Poética Lua Cheia 2018SPVA. Participou da Antologia Internacional”Los Refranes En Mi Vida Personal” Serie Mundo Mejor - 2018. Participou da Antologia Poética Internacional “Mis Guias Interiores” Serie Mundo Mejor - II - 2018. Participou da Coletânea “100 Melhores Poetas Lusófonos Contemporâneos - 2018” - Literarte. Associação Internacional de Escritores e Artistas. Participou da Antologia Poética Nacional Prêmio CNPP 2018. Dirigiu cenicamente as premiações musicais Hangar 2013, Hangar 2014, Hangar 2015, Hangar 2016, Hangar 2017 e Hangar 2018. Fez a direção cênica da inauguração do Cine Teatro de Parnamirim/RN.

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ENTREVISTA

ESCRITORA CLEA REZENDE Cléa Rezende Neves de Melo, professora universitária, escritora, poetisa, ensaísta, memorialística, membro da Associação Nacional de Escritores(DF), Academia de Letras do Brasil(DF), Academia de Letras da Região do Vale do Longá , Academia de Ciências, Artes e Letras, ambas no Piauí. Escreveu: “Piripiri, à Sombra de Buganvílias e Madressilvas”( duas edições); “Osiris Neves de Melo-Eco de Momentos Vividos”; “Memórias de Piripiri” (duas edições); “ Nos Tempos do Cel Thomás Rebello”; “ O Cenáculo Piauiense de Letras” e “Pelos Meus Caminhos”.

Reviver o legado que nos deixaram pessoas, letradas ou não, como meio cultural, folclórico, lendário, poesias que a vida me inspirou."

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

meu trabalho, deixar para posteridade o que o tempo me inspirou.

Escritora Clea Rezende, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais a atrai na arte de escrever? Clea Rezende - Escrever para mim é um prazer inusitado. Sinto necessidade disso. Talvez a genética tenha influenciado muito. Meu pai era de uma família de escritores.

Apresente-nos a obra Clea Rezende - Transcrevo o que disse, a professora conterrânea, Erandi Cavalcante Meneses. Uma sinopse real da obra. “Com saudosismo, revive caminhada rumo a conquista da ascensão profissional, como professora , missão que, com desprendimento, garra, e, sobretudo, compromisso, exerceu, em Brasília DF., talvez o maior desafio de sua vida de professora, mas, que a fez cultivar e desenvolver, naquele trabalho, edificante, os sentimentos, fortes, imprescindíveis, ao magistério, solidariedade, dedicação e amor ao próximo... Concordamos com o poeta, Fernan-

O que a inspirou a escrever “Pelos meus caminhos”? Clea Rezende - Em “Pelos Meus Caminhos”, reuni, crônicas e poesias, que havia escrito, por várias motivações, além de continuar a divulgar o

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do Pessoa, “para passar o além do bojador, temos que passar além da- dor, Deus, o abismo, o perigo ao mar deu, mas nele espelhou o céu... Tudo vale a pena se a alma não é pequena,.. “ Em sintonia com fatos históricos, legado cultural do nosso povo, e poesias... Enfim, na trajetória sua para chegar aqui, a nossa felicidade pela riqueza maior desta estação privilegiada de sua sua existência - Piripiri. Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura do livro? Clea Rezende - Reviver o legado que nos deixaram pessoas, letradas ou não, como meio cultural, folclórico, lendário, poesias que a vida me inspirou. Por que ler “Pelos meus caminhos”? Clea Rezende - Passar aos meus filhos e netos, piripirienses ligados a nossa cidade, nascidos, adotivos moradores ou oriundos, ex-alunos e colegas professores, pessoas em geral que gostem de ler. O que mais chamou a sua atenção enquanto escrevia a trama? Clea Rezende - Colocar a minha inspiração e memória a serviço de pessoas que gostem de ler. Descreva o livro em duas palavras. Clea Rezende - Saudosista e presente. Onde podemos comprar o seu livro? Clea Rezende - Esgotado. Quais os seus principais objetivos como escritora? Clea Rezende - Uma necessidade de colocar aquilo que me vai na alma. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Clea Rezende.

Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Clea Rezende - Leiam, a leitura faz bem a alma, professores, incentivem as crianças a lerem. _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITOR JOSÉ DUARTE SOARES

SER FELIZ

ÉS MUSA... Quando alguém identifica alguém como musa, pressupõe que esta seja uma criatura motivadora, linda e inspiradora... Quisera que ninguém pudesse te identificar como tal, mas, sei que é bobagem minha, assim como te vejo como musa dos meus versos, outro que não eu, outro que nem saberá versar, também de um jeito ou outro, irá dizer-te que és tudo isso, isso que o poeta hoje diz: ÉS MUSA...

CORAÇÃO MAGOADO Se o amor voa-se Talvez se transforma-se Em ave migratória, Mas como não voa Só o eco entoa E leva a nossa história. Amar dói e machuca Deixa a gente maluca Sem cabeça para pensar, É como braseiro ardente Queima o peito há gente Sem conseguirmos parar. Mas viver sem amor É fogueira sem calor Oh como lagoa sem água, É como jardim sem flores Sem cheiro e sem cores É um coração com mágoa. Mas amar sem ter a certeza De ser amado com pureza É uma dor cruel e infernal, 54

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Que destrói um coração E o mata de emoção É infelicidade que nos faz mal. Mas se o amor é sincero É esse amor que eu quero Guardar em meu pensamento, E ter sempre na lembrança E viver com a esperança Que o amor é sentimento. Pois quando se ama Mesmo que seja na cama Trás sempre sofrimento, Mas esteja longe ou perto Logo que o amor dê certo Vamos viver o momento. É isso que importa Pois se amor resiste E o coração é a porta É porque no peito existe. E HAJA SAÚDE.

Ser feliz Há quem diz Que é passageiro, Mas eu sinto E não consinto Que não seja verdadeiro. A felicidade Trás tranquilidade Trás amor e paz, Para quem sente Vê de repente O bem que faz. Vejo felicidade Sem liberdade Com amargura, São como trilhos Mas sem brilhos Ou sem ternura. Vive-se a correr Só se ouve gemer Da vida que temos, Mas para se ser feliz Há um ditado que diz Olhai que veremos. Se vemos a felicidade Sem dó nem piadade No meio do nosso mundo, Mas há quem garanta E isso me espanta Que estamos no fundo. Mas eu espero E sou sincero E posso afirmar, Que se houver amor Carinho paz e calor Havemos de lá chegar. Porque o amor Repara a dor E traz aconchego, Se nos respeitarmos E nos amarmos É Jesus que nos diz. E HAJA SAÚDE.


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AMOR PALAVRA SIMPLES E DOCE Amor palavra simples verdadeira Que enche o coração É a palavra primeira Quando estamos na palma da mão. Amor terno carinho Que sentimos e nos toca Não há amor sem espinho Como não há fuso sem roca. Amar tem muitos sentidos Cada qual com sua beleza Uns livre outros proibidos São as leis da natureza. Quem já não sentiu amor E sem lhes dar valor Ou se alguém fico a sofrer, Pois quando pensou A sua vida mudou E voltou atrás para ver. Mas esse amor Que um dia viu partir Na loucura do calor Seu coração volto a abrir. E abriu de par em par Com o desejo de amar Nem por momentos pensou, E se ele se vai embora Lá o meu coração chora Mais uma porta se fechou. É assim o amor É assim a nossa vida Uns passam sem dor E outros com despedida. Quantos amores são desfeitos Por serem mal entendidos Porque nenhum tinha defeitos Ou não foram esclarecidos. Mas amar trás sacrifício São ossos do ofício De quem ama de verdade, Nem o mar é só água Tem pedra e trás mágoa Mas também deixa saudade. E HAJA SAUDE,

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SENTIMENTO Sentimento coisa dura Dói mais do que cura Que corrói a nossa alma, É algo que não controlamos Os sentimentos por quem gostamos É como desfolhar uma palma. Sentir o peito a arder Sem saber o que fazer Para apagar essa fogueira, Faz a cabeça andar há roda Mas parece estar na moda Sofrer mesmo que não se queira. São amigos a partir Ainda na flor da vida É sempre uma ferida a abrir Mais uma lágrima caída. Partem novos ou inocentes Partem para a eternidade E os que fiquem conscientes Vão abraçando a felicidade. Nasce o dia vem a noite Para vermos brilhar a lua Mas para o mais afoite Pois a vida continua. Pode continuar a sorrir Como pode até chorar Mas ver alguém partir É um sentimento de matar. Todos temos a nossa cruz Uma pesada, outra leve Quem tem olhos que veja a luz O que nesta vida se escreve. Se escreves no Diário Seja de que maneira for Somos como porta do Sacrário Vivamos todos com amor. Sentimento palavra feita Que no peito se encontra É como rosa desfeita Ou como peça numa montra É como o crene que enfeita Uma cara sempre pronta Ou simples mascara que se rejeita…E HAJA SAÚDE, www.divulgaescritor.com | maio 2019

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ENTREVISTA

ESCRITOR EDIMILSON EUFRÁSIO

Trata-se de poesia, amor, cumplicidade, sentimento e busca. O público alvo é todo aquele boêmio, sonhador, fingidor, que sonha, acredita, se ilude, viaja nas emoções e nas sensações do amor que é para toda a vida.”

O autor tem 49 anos de idade, natural de Americana, Estado de São Paulo, Brasil. É jornalista, radialista e escritor, membro titular da Academia Jahuense de Letras. Edimilson Eufrásio é autor das obras: Lágrimas de Poeta; Regressando além das Letras; Uma vez Poeta, eternamente Poeta e, o mais recente, Para toda à Vida. Como autor, recebeu Menções Honrosas nos anos de 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006 pelo Clube de Letras de Barra Bonita/SP e ainda, recebeu Menção Honrosa em 2014, pelo IV Prêmio Cultural Ronald Golias de São Carlos/SP. E em 16/11/2017, conquistou o 1º Lugar do VIII Festival Pérolas da Literatura promovido pela Prefeitura do Guarujá/SP. Boa Leitura!

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Escritor Edimilson Eufrásio, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos o que o motivou a ter gosto pela arte de escrever poesia? Tenho o apreço à poesia, desde a idade de 11 anos, quando venci um concurso de poesias em homenagem às mães e promovido por uma emissora de rádio de Americana/SP. Em seguida, comecei a participar de antologias e sempre recebendo menções honrosas. Percebi que estava na hora de lançar minhas próprias obras.

“Sentir emoções não é privilégio de ninguém, porém, traduzi-las com encanto e beleza, é o que se chama arte”. Sempre gostei de escrever e, com isso, busco a essência de minh’alma. Acredito haver uma força maior a conduzir. Sinto que minha inspiração transcende o material ou imaginário. A poesia é o alimento que nutre a nossa alma. O que mais o atrai nos textos poéticos? Edimilson Eufrásio - “A Essência dos meus escritos, vai ao encontro do

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meu EU, a minha verdadeira identidade. A busca constante é incessante, o amor que nos envolve é infinitamente essencial para a evolução da alma” Esse texto resumido que recebi da Real Academia de Letras de Gravataí/RS em 2005, retrata bem o que eu sinto: Edimilson Eufrásio - “Observar toda a complexidade da alma humana, mergulhar profundamente nas angústias, tensões, sofrimentos, amor, compaixão, e, compreendendo toda trama que envolve as emoções colocando-as - como você sabe fazer – desnudas no papel, fazendo o leitor compreender-se e se encontrar no sentimento alheio, como se fosse, e um Dom só oferecido para alguns. Poeta é o seu nome, e a Arte o destino. Assim, compreendendo que o caro poeta Edimilson aceitou a mão que a poesia lhe estendia e fez da Arte sua Companheira”. Você tem 4 livros de poesias publicados, apresente-nos: Lágrimas de Poeta – Essa foi a minha primeira obra, lançada em 2005, destaca a imortalidade do poeta e a essência de sua espiritualidade, o amor em sua plenitude. Regressando além das Letras – Lançada em 2007, preenche poeticamente o sentimento daqueles que buscam respostas à vida após a morte. Regressando significa voltar para – e de – onde saímos e ao além porque acredito na pluralidade de planetas e nos variados graus de evolução. Uma vez Poeta, eternamente Poeta – Lançada em 2011, é reflexão breve do que se passou e a projeção para o futuro. Destaca o brilho da mente do poeta que consegue ver belezas em pequenas coisas e tão simples na arte de Ser. “Não há limite para o amor 58

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sentido em sua plenitude e não há medida para o amor prometido há gerações”. Para toda à Vida – Obra lançada em 2018, está cravada em palavras de eternidade, de amizade entre almas, selada pelo amor e não esse raso e carnal, mas o suprassumo do termo no significado maior. O poeta através do fenômeno da bilocação, consegue pôr no papel o seu sentimento real e puro daquele momento mágico. Todas as minhas obras têm, praticamente, o mesmos estilo e proposta: Do começo ao fim, a Obra é só poesia. Os textos são narrados com linguagem que permite transcender ao real e ao imaginário. É uma mistura de poesia, poemas, textos poéticos e crônicas. A obra “Para toda à vida”, a quarta da carreira do autor, é, antes de mais, uma homenagem à sensibilidade daqueles que gostam da poesia de qualidade. Onde podemos comprar os seus livros? www.asabeca.com.br https://www.scortecci.com.br epapromocoes@uol.com.br (14) 3646-3271 e ou 99604-3131 Do que trata o seu Livro “Para toda a Vida”? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra? Edimilson Eufrásio - Trata-se de poesia, amor, cumplicidade, sentimento e busca. O público alvo é todo aquele boêmio, sonhador, fingidor, que sonha, acredita, se ilude, viaja nas emoções e nas sensações do amor que é para toda a vida. Esse projeto é trabalhado desde e 2012, procurando atender as necessidades do leitor que é sensível e romântico, daqueles que ainda mandam flores. O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?

Edimilson Eufrásio - Descrever o amor é algo de quem o assume, com muita responsabilidade. O amor não é palpável, é, sim, sentimento que se instala no ser. Como a semente de uma planta que se vai regando, crescendo até formar uma flor. A raiz fincada dentro do peito e nada poderá retirá-la. O amor, a dor e a saudade caminham lado a lado. Todo amor tem a sua dor e a sua saudade. Toda saudade tem o seu amor e a sua dor. E toda dor vem do amor e deixa saudade. Assim é o sentido do amor que o poeta descreve no papel, o verdadeiro amor instalado dentro do peito, que nos faz reféns para a vida toda. Comente sobre o antes e o depois de ser um escritor. O que vem mudando por meio da escrita? Edimilson Eufrásio - Antes enxergava um Brasil diferente, talvez porque era cheio de ilusões e esperanças, sonhos. Hoje, de modo geral, o brasileiro está desesperançado porque passa por momento politicamente delicado. Os governantes têm deixado a cultura e a educação para planos inferiores, o que muito nos preocupa, pois, essa é fundamental à formação de jovens no futuro. Quais os seus principais objetivos como escritor? Edimilson Eufrásio - Meu objetivo é o de, através das obras, alcançar a grande massa de leitores identificados com a poesia, transmitir a mensagem de forma autêntica e, cada vez mais, conseguir atingir todo mercado interno brasileiro e o dos países de língua portuguesa. Quero ocupar meu espaço nos corações lusófonos. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Edimilson Eufrásio. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que


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mensagem você deixa para nossos leitores? Edimilson Eufrásio - Desejo que a poesia seja uma constante em sua vida e em seu coração. Que você tenha tido o privilégio de amar ou ser amado, ao menos uma vez e possa

dizer que valeu a pena não ter desistido do amor. Que a poesia faça magia na sua vida, transformando-a a cada dia. Que essa energia, que vai além da vida, permita sentir esse amor verdadeiro e infinito, que nos faz melhor dia após dia.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITOR MAURICIO DUARTE

ROSARIO VIDAL FERREÑO Sensibilidade em camadas de artesania poética... O estilo amplamente usado a serviço do gráfico-pictórico que transpassa em muito a representação... e chega na re(a)presentação do real de modo único, especial... Rosario Vidal Ferreño trabalha com fluidez e naturalidade; com suavidade e liberdade... Sendo designer de moda como formação e profissão, a artista incorpora o universo da estética corporal, do fashion e do styling no seu trabalho artístico. A persistência do tema dos retratos gráficos de moças de frente e de perfil nos mostra e nos demonstra sua combatividade no terreno incógnito da beleza e no terreno árido do sensível... A beleza e o sensível são da ordem do efêmero e, ao mesmo tempo, da ordem do que permanece, senão na realidade, ao menos na memória da retina, cristalizada no momento... A potência do momento é o que Rosario busca e, nessa busca, vale fechar os olhos para ver melhor. Como, aliás, na sua marca registrada, sua identidade visual: o olho de mulher fechado, que revela por não ver o que há, mas o que está por trás, o que se esconde, o que potencializa o oculto... Como num movimento interior que nunca cessa.

O traço das suas peças remetem a Egon Schiele, as cores a Matisse e o tratamento geral da composição, talvez, a Miró. Mas sua arte é singular, no sentido do sentimento do que se mostra e do que se esconde, num movimento de repercussão amplamente dinâmico do olho que transmite suas impressões da vida interior da mulher. Sua arte está na mola propulsora do cotidiano feminino. A artista valoriza a natureza como aspecto primordial e entende a arte como coisa de nós, seres humanos, do que temos de melhor como seres humanos. Daí as flores, paisagens e pássaros... Natural da Galícia, Espanha, Rosi Vidal trabalha com a emoção como matéria-prima. A emoção da arte que se desdobra como vida, como estética, como força e vitalidade naturais. Transformação do natural que revela o que se esconde... Pura exaltação do olhar... Contatos com a artista: Página no Facebook: https://www.facebook.com/rosividaldesignart

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ENTREVISTA

ESCRITORA ELIANA SANTOS Eliana Santos, nasceu e vive em São Paulo, autora dos livros “Estranhos no castelo” e “Aquiles – uma história de amor e de cólera”. Professora, dedica-se com estima a leitura e a escrita. Escreve com o pseudônimo Cristiano Maria Guerreiro. Boa Leitura!

Inseri este conto numa narrativa maior. Nela Aquiles, o herói grego, nasce filho de mãe solteira, e mora numa comunidade carioca. Sua mãe tenta a todo custo afasta-lo da violência. Ele se refugia no Exército e faz carreira militar. Até que, chamado a atuar na intervenção militar ocorrida entre os meses de fevereiro e dezembro de 2018, se vê novamente nos becos de sua infância.”

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Escritora Eliana Santos, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela arte de escrever? Eliana Santos - Desde menina cultivo um amor desmesurado pelos livros. Eles foram e ainda são refúgio, consolo e companhia diante das muitas perdas que sofri, durante os períodos de angústia e de solidão que de vez em quando vêm bater a minha porta. A beleza das narrativas, a coragem dos personagens no manejo ou confronto de suas crises me ensinaram a resistir, a apreciar o belo, a sonhar a ser mais do que sou. Ao lecionar para crianças fui tomada da necessidade de escrever, seja porque me pediam histórias novas, seja

porque queria que soubessem que os escritores são pessoas de carne e osso. E também para encorajá-los a escrever. Ler e escrever liberta. Eu queria que meus estudantes fossem livres. Assim, comecei a escrever pequenos contos para eles. O que a inspirou a escrever “Aquiles - uma história de amor e de cólera?” com o pseudônimo Cristiano Maria Guerreiro? Eliana Santos - A admiração por aqueles que possuem um espírito inquiridor e combativo, como Nelson Mandela, Gandhi e Thurgood Marshall, o mesmo espírito de Aquiles, com a diferença de que lutaram por igualdade e justiça e este para não ser esquecido. Quando a peste veio ceifar


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os gregos ele foi o único a se perguntar do porquê, o que resultou em sua suspensão. Ele foi também o único a não bajular Agamêmnon, um líder vaidoso, cruel, vingativo e invejoso. Aquiles ganhou meu coração quando disse a ele: “Governa covardes, se não tua insolência já teria findado.”, nas primeiras páginas do Ilíada. Eu me peguei perguntando a mim mesma, indignada, quando soube dos 1151 mortos em nove meses de intervenção militar no Rio de Janeiro, por que motivo aqui não havia também a intervenção dos deuses. E então, o que para mim começou como um desafio de escrita – ambientar em nossos dias a vida de um herói grego que eu admirava-, transformou-se em expressão da minha indignação diante do extermínio dos jovens de sexo masculino, negros e pobres, protagonizado por um Estado assassino, que lhes nega acesso aos direitos de cidadania e desenvolvimento. A minha vontade de justiça me fez optar por escrevê-lo sob pseudônimo, pois eu queria que a história aparecesse e não a escritora. Apresenta-nos a obra (sinopse) Eliana Santos - Brasil. O Presidente da República decreta a intervenção federal no Rio de Janeiro. As Forças Armadas sobem os morros e a cada operação se batem de morte com os traficantes. A população treme a cada disparo e ônibus queimado. Aquiles, grande guerreiro grego, vem caminhar entre os mortais. Ele nasce numa casinha simples e é criado pela mãe, que tudo faz para mantê-lo longe das garras da violência. Em vão. Aquiles tem espírito guerreiro e se sente atraído pelas armas. Ele ingressa no Exército brasileiro e quando chamado para combater nas mesmas ruas em que crescera não hesita. Esta noite, porém, ele tem uma batalha pessoal. Avança pelos becos tortuo-

sos das favelas para vingar a morte do seu amigo, assassinado pelo Dono do Morro. Este confia nos seus soldados, nas suas armas e no anonimato do seu esconderijo. Contudo, nada disso será capaz de protege-lo da fúria do herói. Quais os principais objetivos a se-

rem alcançados por meio da história do livro? Eliana Santos - Que o leitor se identifique com seus personagens, que aprenderam a usar seu poder e a serem externamente o que eram internamente e assim souberam dar sentido à opressão vivida: fogo que forja heróis e heroínas. Temos o soldado

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que questiona o papel das Forças Armadas num país que descaradamente desrespeita os princípios democráticos presentes em sua Constituição; a garota solitária que picha muros e escreve panfletos em protesto à violência protagonizada pela polícia e pelo Estado na favela em que trabalha; os líderes comunitários que se unem por um dia para evitar que a morte ceife uma vida, com o lema “Hoje ninguém morre no Rio. Por que ler “Aquiles”? Eliana Santos - Aquiles é uma metáfora poética dos que foram feridos de morte mas se recusaram a sucumbir. Um eco, um movimento psíquico para fora desse caos, que insiste em nos acostumar com a morte aos montes dos desassistidos, dos esquecidos. Leiam-no, pois em Aquiles há o dedo que aponta para a Beleza que reside nas belas histórias e em seus personagens, porque ele nos inspira, porque nos sussurra aos ouvidos as verdades que nos movem. O que mais chamou a sua atenção enquanto escrevia a trama? Eliana Santos - Aquiles é um dedo apontado para uma ferida que ninguém quer ver no Brasil. Mas eu não sabia desse seu propósito quando iniciei sua escrita. Só depois de concluído é que me dei conta da força polissêmica dos seus personagens e do livro como um todo; dos seus dois planos de exercício de resistência, individual e coletiva. Só em dezembro, quando enviei o livro para a editora que percebi que a feitura do livro durou os mesmos nove meses da intervenção... Veja, eu não plane-

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jara as semelhanças do levante das lideranças comunitárias nos mesmos moldes das 13 colônias inglesas que culminaram na Independência Norte- Americana e das suas mesmas reinvindicações, nos moldes de Hobbes: a de que o contrato social rompido se o monarca colocasse em risco a vida dos cidadãos ou não os protegesse ... Eu acredito que as Musas nos ditam o que escrever, que as histórias nos chegam prontas. Eu só queria me curar da dor de ver nossos meninos despoliados de tudo, até do direito de viver, sob a conivência dos poderes públicos e a indiferença da grande mídia. A Musa, por sua vez, tinha outros planos. Descreva o livro em duas palavras Eliana Santos - Impactante e inspirador. Onde podemos comprar o livro? Eliana Santos - No site da editora Calíope (www.editorialcaliope.com ) e no Amazon, a partir de 11 de abril. Quais seus principais objetivos como escritora? Eliana Santos - Escrevo pelas crianças, pelos meninos e meninas. Não foi algo planejado. Meu afeto e preocupação por eles, que me são viscerais, levaram-me à escrita. Cada conto um parto, doído e necessário. Escrevo, apago... escrevo, apago... Porque a Verdade vem me pedir a palavra e fica batendo a minha porta, sob diversas vestes e só consigo vê-la se ela vestida de poesia ... Ela me fez escritora. Sou sua porta-voz, cativa de sua Beleza, tal qual Harum Al Rachid num dos contos de Malba

Taham. Que a minha escrita, e aqui cito Milton Nascimento, faça acordar os homens e adormecer a crianças. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Eliana Santos. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Eliana Santos - Somos deuses e deusas. Caminhamos adormecidos e neste estado nos deixamos dominar por esse mundo mesquinho, doentio e violento. Tenho esperanças de que acordemos. Acredito que a leitura, a escrita e a literatura são essenciais nesse processo de reencontro de nós mesmos. E, ao lembrarmos quem somos, forjaremos com nossos corações, coragem e força um mundo digno de nossa presença, regido pelo amor, respeito, igualdade e justiça.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM A BLOGUEIRA GRAZIELLI DE MORAES

E SE EU ME PERMITISSE E se eu me permitisse sentir o olhar de uma mulher sob mim, mesmo sendo mulher. E se eu me permitisse sentir um calafrio na pele despertado por uma pessoa desconhecida. E se eu me permitisse estar andando na rua e ao invés de cantadas sem sentidos, visse um motoqueiro colocar sua vida em risco ao me aplaudir. E se eu me permitisse ouvir o som de saltos tilintando no chão em plena segunda-feira, numa pressa desenfreada para que chegue logo a sexta. E se eu me permitisse vivenciar os sentimentos mais criticados pela sociedade, só pra saber como é e quebrar paradigmas. E se eu me permitisse seguir padrões pelo fato de gostar e não por que é tendência. E se eu me permitisse tentar algo novo a cada dia, sem ter que ter medo de dar errado. E se eu me permitisse não querer ficar horas e horas falando da vida alheia, já que existem tantas outras coisas melhores pra fazer.

E se eu me permitisse criticar as pessoas que tem preconceitos, e não ser taxada de ignorante. E se eu me permitisse chorar de saudade de alguém. E se eu me permitisse ver um mundo melhor dentro de mim, e fizer parte da construção desse tal novo mundo. E se eu me permitisse ser quem eu sou sem me importar com a opinião alheia. E se eu me permitisse... Ficaria aqui horas e horas contando através das entrelinhas os meus maiores segredos e com eles mostrando o quão é importante viver sem medo do que os outros vão dizer. Mas, deixo aqui meus votos a vocês que estão lendo para que se permitam e não se apeguem aquilo que os outros vão achar, pensar ou falar a seu respeito, afinal, essa vida é uma só, e não tem direito a replay. Então, ame, faça amigos, sinta, viva, seja diferente e acima de qualquer coisa, se permita. Confira mais Textos: www.facesdeumacapa.com.br www.divulgaescritor.com | maio 2019

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ENTREVISTA

ESCRITOR PETERSON A. SILVA Peterson A Silva, filho de Diva de Miranda e Dilson Araújo da Silva, natural da cidade de Curitiba Pr, nasceu em 1969/07/14. Aos 12 anos de idade foi morar com os pais na cidade de Paranaguá Pr, onde passou grande parte da sua adolescência. Hoje, tendo retornado à Curitiba, admirador da música, das artes e da literatura, onde começou a trabalhar em projetos nessas áreas de cultura. Boa Leitura!

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Escritor Peterson, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que motivou a escrever A Cor do Preconceito? Peterson A Silva - Aos 18 anos de idade eu já tinha esse sonho de escrever meu primeiro livro, ser escritor para mim era tudo, um mundo novo com imensas oportunidades, jovem e com poucos recursos financeiros sem trabalho tive que colocar o sonho na caixinha e esperar que um dia o destino me oferecesse essa oportunidade. Minha grande motivação sempre foi ser voz, para os que não podiam falar, poder transmitir ao maior número de pessoas os sonhos, desejos e lutas de tantas classes, pessoas, povos e raças que estavam com a mensagem por direitos garantidos e senso de justiça adormecidos presos na garganta. 66

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Apresente-nos a obra? Peterson A Silva - A Cor do Preconceito é uma obra dinâmica realista jornalística e informativa, segue o gênero de assuntos ligados à ( Ciências Sociais / Sociologia ) a obra se propõe em debater e colocar em pauta assuntos polêmicos, impactantes e que se encontram nas redes sociais, nas mídias e nos canais de comunicação e jornalismo, que foram matérias de grande discussão nacional e internacional sobre o preconceito e a violência dentro e fora do Brasil, o crescente aumento da violência no mundo, a falta de respeito pelas classes representadas nessas lutas, a negação do indiferente dentro da atual sociedade moderna e suas representações sejam elas de origem religiosa, politica, sexual ou de origem de cor, nacionalidade ou ideologias. “Que sociedade suporta o peso dessa violência? Alguém pode dizer então...


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Quem matou Marielle Franco e Anderson Gomes? São muitos os pontos de interrogação, são milhares de vozes que amanhã esperam nas páginas dos jornais ou redes de televisão do mundo inteiro apenas uma resposta. Não só aqui do Brasil se solicitam respostas das redes nacionais e internacionais para tanta violência, gritamos juntos em uma só voz nesse momento: JUSTIÇA! E mesmo que estejamos órfãos e solidários a essas vidas perdidas na calada da noite, quantas mais ainda serão necessárias para que essa mesma sede de justiça seja suprida?” Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura deste livro? Peterson A Silva - Os principais objetivos dessa obra são diminuir toda forma de violência e preconceito no Brasil e no mundo através de uma ferramenta poderosa e universal o saber o conhecimento através da leitura, só a literatura poderia romper barreiras interligar povos e nações e levar a mensagem dessa obra a milhões de pessoas e leitores ao redor do mundo de forma direta e objetiva. Quais os principais desafios para a escrita da obra? Peterson A Silva - Foi muito difícil escrever sobre temas fatos e personalidades publicas tão dinâmicos atuais e complexos da nossa sociedade, precisava haver um cuidado com a escrita com as palavras e os assuntos abordados de forma que correspondessem a veracidade dos fatos e credibilidade da informação em foco. O livro em certo ponto do projeto grande parte da obra depois de escrita teve que ser reavaliada e analisada de forma auto critica pelo próprio autor e novamente escrita de um anglo completamente diferente do primeiro para que certos fatos assuntos e personagens merecessem total credibilidade no resultado final da

obra em relação a veracidade da informação e importância publica das personalidades em destaque e a sua importância nos meios de comunicação e nas classes representadas por elas. É um grande desafio escrever sobre feminicio, violência sexual ou violência contra as classes LGBT, escrever sobre racismo, intolerância racial, ou politica, pois são inúmeras as divergências de opiniões sobre esses temas polêmicos em nossa sociedade e muitas vezes existe um choque de opiniões sobre esses temas debatidos. O que mais o chamou a atenção em suas pesquisas enquanto escrevia A Cor do Preconceito? Peterson A Silva - Acredito que foi um mundo novo de opções ilimitadas de poder expor mais os temas debatidos e formar novos grupos e opiniões positivas sobre os temas abordados, uma das coisas em especial que me chamou muito a atenção enquanto escrevia a obra nas minhas buscas e pesquisas por fontes informativas, foi a quantidade de matérias e profissionais ligados a informar o telespectador, as pesquisas realizadas tinham grande qualidade e veracidade nas informações compartilhadas e não digo apenas compartilhamento de informação em rede nacional, muitas das pesquisas realizadas para trabalhar na obra A Cor do Preconceito tinham conteúdo de fontes internacionais ligadas a vários tipos de instituições entre elas muitas que trabalhavam com Direitos Humanos. O que me chamou também muito a atenção nas pesquisas realizadas foi o testemunho de várias redes sociais e pessoas voltadas a trabalhos em instituições que lutam contra a violência e contra o preconceito no mundo pessoas que lutam para que o caso do Assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes não ficassem impunes sem uma solução, as massas nas ruas contra a violência deram o seu recado quanto mais pes-

quisas realizava mais novos grupos ou instituições sociais acrescentavam a lista de solicitações por justiça não só no caso Marielle Franco e Anderson Gomes mas em todos os casos de milhões de Marielles e Andersons que são assassinados no Brasil e no mundo. Essa diversidade de informação e comoção mundial sobre violência e preconceito me chamou muito a atenção na construção da obra. Onde podemos comprar o seu livro Peterson A Silva - Os leitores que desejarem conhecer e adquirir a Obra A Cor do Preconceito já podem solicitar a sua compra ou o seu pedido direto pelo site da Editor Chiado Books no Brasil atendendo a todos os futuros leitores também em Portugal pelo site www.chiadobooks existem duas opções no site da editora ao entrar um para clientes e leitores em Portugal em língua portuguesa com preços dos livros em euros e alterando a pesquisa você encontra a obra em real para Brasil. Os leitores também podem adquirir o livro através da Livraria da Travessa acessando o site www.travessa.com.br/ pesquisar por A Cor do Preconceito Autor Peterson A Silva, ou também solicitar seu livro pelas Livrarias Cultura no site www.livrariacultura.com.br/ ou também pelo site da Amazon.com.br no site www.amazon.com.br/. Quais os principais projetos literários que participa atualmente? Peterson A Silva - No momento estou trabalhando em um segundo projeto literário escrevendo um novo livro ainda a ser estudado lançamento da obra com a minha Editora parceira a Chiado Books no Brasil e Portugal, com certeza será outro livro que tratara de temas atuais. Também estamos nos preparando para palestras e divulgação da obra nas Bienais do Livro do Rio de Janeiro e São Paulo no final desse ano, e abertos a atender as perguntas dos leitores viam www.divulgaescritor.com | maio 2019

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DIVULGA ESCRITOR os canais e sites literários em convite pela editora e eventos literários a serem agendados. Quais os seus principais objetivos como escritor? Peterson A Silva - Tentar melhorar o mundo e as pessoas através da literatura, agregar conhecimento pela escrita, atingir fronteiras onde a literatura ainda não chegou e libertar povos e nações da falta de informação e conhecimento através dos livros, assegurar direitos adquiridos com o conhecimento e o saber de grandes escritores autores que ajudam a difundir o gosto pela leitura e a liberdade de expressão. Meu objetivo entre tantos através da literatura é ser um canal aberto de infinitas opções de aprendizagem, transformação social intelectual às classes menos favorecidas e esquecidas pelo poder que um livro tem de mudar vidas, o escritor deve ter o seu principal objetivo em ser fonte inesgotável de liberdade de informação e expressão literária aos que necessitam serem enriquecidos pelo poder de se conectar com a escrita e ultrapassar novas fronteiras. Propagar minhas obras ao maior número de pessoas povos e diferentes nacionalidades, pois a literatura é tão rica em sua exercia que se traduz em diversidade cultural em diversas línguas assim levando a sua mensagem a diversos povos e nações sobre o globo. Um escritor de verdade legitimo não busca apenas ser reconhecido mundialmente ou ficar famoso ter muito sucesso, ganhar muito dinheiro, ele por convicção e amor a literatura busca em primeiro lugar ser ouvido, ser voz e olhos para os que buscam a verdade e a liberdade que a escrita e a informação podem passar para as suas vidas, o sucesso o 68

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reconhecimento e a credibilidade no mundo da literatura aí então vem naturalmente em sua para o beneficio da sociedade e do mundo. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Peterson A Silva. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixaria para nossos leitores? Peterson A Silva - O prazer em participar dessa entrevista foi todo meu, muito especial para mim como escritor e autor, agradeço a atenção o espaço e a colaboração de toda a equipe e jornalistas da Revista Divulgar Escritor, vocês realmente abrem portas imensas para que novos autores e escritores tenham a oportunidade de mostras as suas obras e serem reconhecidos no mundo da literatura Meus Parabéns a todos, vocês fazem a diferença. A minha mensagem aos leitores da Revista Divulga Escritor é

que num mundo onde cada vez mais vivemos interligados as pessoas e a nova sociedade moderna é fundamental adquirir conhecimento através da leitura. Queridos leitores da Revista Divulga Escritor minha mensagem é vamos conhecer e melhor reconhecer as obras e a vida desses grandes autores poetas e escritores brasileiros que tão orgulhosamente levam o nome do Brasil a ser reconhecido mundialmente no mundo das artes e da literatura. Aos leitores da Revista que cultivam o sonho e o grande desejo de um dia se tornarem os futuros autores e escritores aqui vai minha experiência pessoal e total determinação em ser reconhecido como um entre os vários escritores iniciantes no Brasil, nunca percam o foco, o sonho só será um sonho enquanto você não decidir tomar as rédeas do seu destino e ir a luta trabalhar duro estudar muito e acreditar que um dia vocês podem chegar lá, ninguém disse que seria fácil, e na realidade não é e nunca será, mais impossível jamais, se você deseja ser um escritor você assim será, determinação trabalho duro e comprometimento é o que te levaram a abrir grandes portas do saber em suas vidas, meu agradecimentos a todos e sorte nessa conquista futura pelo seus sonhos dentro do mundo da literatura... Mais uma vez meu eterno agradecimento à Revista Divulga Escritor e a todos os seus leitores... Peterson A Silva / Autor da Obra A Cor do Preconceito. _________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com


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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA NELL MORATO

VERDADE OU MENTIRA? Assisti num domingo qualquer, a um episódio da série Dr. House, em que um paciente com moléstia terminal, necessitando de um transplante, decidiu contar a verdade sobre seu comportamento, que ele não passava de um canalha. Os amigos e vizinhos estavam no hospital realizando testes para uma possível doação, então ele decidiu juntar-se ao grupo e contar que havia enganado um e outro e, afinal, quase todos. Falou que surrupiara uma grana da escola, entre outras coisas. E, um por um, todos se retiraram, visivelmente chocados. No decorrer do episódio, o paciente não necessitou mais do transplante. Então, passou a sofrer de violenta reação alérgica aos medicamentos que eram prescritos, inclusive os analgésicos. A camada superficial de sua pele estava se soltando, em todo o corpo. Um dos médicos, enquanto lhe aplicava um medicamento, ouviu uma confissão de assassinato, onde ele mencionava que havia matado quatro pessoas. Na verdade, o paciente tinha a compulsão de mentir devido a uma lesão no cérebro, que provocava todos os sintomas físicos e mentais. “Há mais mistérios na mente humana do que pode imaginar a nossa vã filosofia”, um pouco “clichê”... mas é assim. 70

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Sua mulher estava sempre ao seu lado, apesar de que, no meio das mentiras todas, havia também uma que se referia a traição com uma garota mais jovem. Fato verdadeiro, que foi comprovado pela equipe médica. Chegando ao final do episódio, com plena recuperação do paciente e constatação de que as mentiras eram todas mentirosas. Sua mulher pergunta sobre a garota... E ele lhe afirma que jamais a trairia. Aí sim, uma mentira! Ele havia confessado ter praticado fraudes, roubos e assassinatos, o que não era verdade. Mas havia traído a mulher com a garota. Puxa, depois de tudo o que sofreram? Pode falar uma mentirinha inocente! Será? Ficou entendido que ela, permaneceria ao lado do marido safado e ladrão, mas não suportaria a traição com a garota mais jovem. Como pode? Valores invertidos? E eu me perdi pensando no assunto... Falar a verdade ou mentir? Parece complicado para a maioria das pessoas aceitar, ouvir e até mesmo acreditar na verdade. Às vezes, acreditar na mentira parece mais conveniente. Estou me referindo a grandes mentiras. Mentiras que estão na imprensa, diariamente. Mentiras grandes e grandes mentiras...

Eu já menti muitas vezes, e já fui compelida, por força das circunstâncias, a omitir a verdade. Ouvi algumas vezes “não diga a verdade, pode machucar”. “Não diga a verdade sobre como pensa, poderá ser criticada”. Será mesmo? “Dourar a pílula?”, “enfeitar a mentira com flores e adereços?”. Não é pior? E aí? Algumas pessoas simplesmente não conseguem ficar sem mentir. Inventar histórias mirabolantes e conspiradoras. E, com certeza é assunto para a psicologia... Mentiras inocentes... Existem mentiras inocentes? No Facebook, por exemplo, uma pessoa qualquer publica uma fotografia ou texto e mesmo detestando, você vai lá e diz que achou... Lindo! É uma mentira inocente? É uma falsidade! Provavelmente, você quer se dar bem... Ou vive através das aparências... Não somos santos e nem dotados de tanta bondade... Eu vivi durante um período, em constante conflito comigo mesma. Questionamentos diários, quem eu fui, quem eu era e no que me transformei... Engoli alguns sapos, que me fizeram passar muito mal... Usei a minha “metralhadora” atirando para todos os lados... e inadvertidamente acertando os falsos inimigos. Falar a verdade ou mentir? Encontrei o equilíbrio... Pode até acontecer de esgotar a minha paciência e lá na frente “falar umas verdades”... Por pior que seja, a verdade é sempre melhor... É liberdade... E não tem preço!


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DIVULGA ESCRITOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ESCRITORA CLÉA REZENDE MELO

Livro: Pelos Meus Caminhos Texto: O Fantástico-Maravilhoso da Cachoeira do Bota Fora

Minha terra, meu mar Sonho, um sonho acordada, na beleza infinda, Do litoral de minha terra, a linha verde, ao vento, Coqueiros, pescados, embarcação barlavento, Sol que amorena na praia, areia que não finda! Praia do Coqueiro, águas tépidas, transluzentes, Não há poluição, violência, um imenso céu anil, Um grande balneário, a natureza prodigamente Coroou-lhe com encantos do Atlântico no Brasil. Cai a noite! A luz branca da lua ilumina toda orla Prateada. Um sonido do mar nas pedras,consola Minha nostalgia. Na rede, me deleito com a brisa Da noite, escuto, ao longe, uma voz, que profetiza; Saudade meu bem, saudade, uma cantiga sentida, Dele que foi embora, uma dor maior na minha vida!

MADRESSILVAS Caramanchões revestidos de sonhos e quimeras, Meiga flor exalando o seu perfume adolescente, Madressilva, menina moça, em tantas primaveras, Sorria para a lua enciumada, em abóbada candente, O brilho divinal, arrebatador, emanava da paixão Primeira, doces confidências à sombra da trepadeira, Cantores maviosos preludiando a esperada emoção Do beijo angelical, roçar os lábios, comoção inteira. Madressilvas, testemunhas oculares do que era Razão, menina e mulher, mais menina, no afã De crescer, virar mulher, correr com o amanhã Sem saber que a vida poderia e foi fera! Madressilvas refloresçam,deem sua sombra amiga, E me deixem no passado dormir a lembrança antiga. 72

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Como parte das comemorações do centenário de emancipação política de Piripiri-Piauí, minha terra-natal, fui visitar um recanto aprazível a alguns quilômetros do centro da cidade, agradável e bucólico- a Cachoeira do Bota-Fora, em companhia da poetisa, Eliene César, Rosimary e do motorista, Neguinho. Acesso dificílimo.O automóvel percorre apenas até certo ponto, e após, um teste para o meu preparo físico , trinta minutos de trilhas , caminhos tortuosos, subidas e descidas de pedras, quase sabão, matas, galhas, travessia de riacho e vegetação alta. Aproveitei. Subi e desci sob o olhar atendo de Neguinho que temia que eu resvalasse do alto da pedra. Nada, tenho vocação para cabrito montanhês. O guia, Genival, rapaz simpático e falante, dirigia-nos contando "causos" de assombrações , visões fantasmagóricas, existentes no lugar, desde pescadores que levaram uns tapas de mãos invisíveis, ele e o irmão que ouviram um ronco estranho ao meio dia e correram com muito medo. Seguiu contando sobre onças existentes, mas mansas, só atacam cabritos. Imagine! Pensei em Eliene e eu, magrinhas, as onças poderiam confundir-nos. Prosseguiu falando sobre cobras, segundo ele, também, mansas. Não acreditamos, lógico, graças a Deus, elas não apareceram, temo e respeito-as. Aumentou mais o nosso medo com tanto misticismo, narrando sobre mães-d' água, seres fantásticos que surgem e desaparecem no lago da Cachoeira, mulheres de longa cabeleira e canto ilusório. Para alguns, Iara. Genival informa que nunca as viu. Chamou nossa atenção para o lago da Cachoeira que é profundo, para não aventurarmos-nos, no banho. A queda d' água é deslumbrante e convidativa. Água fria, potável, para matar a sede.Há, também, o respeito pela natureza, sem desmatamentos, queimadas, lixos, que venham comprometer as nascentes do rio. Piripiri, é rica em lendas e tradições. Venha visitar-nos!



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I Concurso Internacional de Poesia Sacra Salmos Modernos EDIÇÃO/2019 REGULAMENTO A Associação Céu do Brasil torna pública, para conhecimento dos interessados, a abertura das inscrições para o 1 Concurso Internacional de Poesia Sacra Salmos Modernos - Edição/2019. Associação Céu do Brasil promove a cultura brasileira. Nossa cultura é sustentada pela língua de herança – a língua portuguesa – manifestações populares e uma herança cultural religiosa. A grande maioria é baseada na crença da fé cristã, levada pelos portugueses, suecos e outros países ibéricos. I - DO CONCURSO Art.1º. O 1 Concurso Internacional de Poesia Sacra Salmos Modernos - Edição 2019 tem a finalidade de premiar autores, escritores e compositores nas categorias Poesia. Tema: Bondade e Fidelidade II - DOS CONCORRENTES Art.2º. Poderá participar do concurso qualquer pessoa maior de 18 anos, residente no exterior ou não, desde que utilize a língua portuguesa. É vedada a participação aos menores de 18 anos. §1º Os concorrentes poderão inscrever um poema de sua autoria, obrigatoriamente inédito. §2º Fica vetada a participação, a qualquer título, da diretoria da Associação Céu do Brasil e apoiadores do Concurso.

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DIVULGA ESCRITOR III - DA INSCRIÇÃO E DO PRAZO Inscrição: A partir de 20 de fevereiro e o encerramento 30 de junho de 2019. Os poemas deverão ser enviados pelo e-mail: contatosalmosmodernos@hotmail.com ou concursosalmosmodernos@hotmail.com título da obra; 1. Encaminhar por e-mail a ficha de inscrição padrão do projeto com a biografia e o comprovante de pagamento. Em outro arquivo, separado, o título e o texto. O texto deve ser identificado APENAS com um pseudônimo que não identifique o autor e nem o nome abreviado. Cada autor pode participar somente com um poema por inscrição. Cada autor poderá fazer até 03 inscrições. A inscrição é RS 100,00 (cem reais) para autores no Brasil e CH 30,00 (Trinta francos suíços) para autores em outros países. Depósito da Taxa de inscrição Em Genebra: Désignation du compte : Association Céu do Brasil Numéro de compte 14- 931837-3 IBAN: CH53 0900 0000 1493 1837-3 BIC: POFICHBEXXX No Brasil: Blenda Elizabeth Bortolini Barros Banco Santander Agência: 3884 Conta corrente: 01003727-1 Foto do comprovante por e-mail: Via Western Union A/C Nome Blenda Elizabeth Bortolini – Presidente da Associação Céu do Brasil Cidade Genebra - Suiça Foto do comprovante por e-mail:

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DIVULGA ESCRITOR Todos os dois arquivos devem ser enviados em um único e-mail. IV - DA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS Art.3º. Os trabalhos deverão ser apresentados em Word, com máximo de 20 linhas, com a fonte Times New Roman, em tamanho 12, espaço 1,5. Art.4º. O número de participantes é ilimitado. Serão selecionados 30 textos para avaliação da comissão de júri. À medida que os textos chegarem, serão analisados pela diretoria da Associação Céu do Brasil. Os textos selecionados na triagem serão separados sem o nome do autor, apenas o pseudônimo diferente do nome do autor para que o júri possa emitir uma nota. Art.5º. Todo autor é proprietário dos direitos autorais do(s) texto(s) por ele enviado(s). Art.6º. Aspectos da obra que serão avaliados: a- Tema b- Estrutura do texto c- Correção linguística d- Criatividade, originalidade Os textos receberão notas de zero a 10 e somados os pontos de cada um, quem tiver mais pontuação teremos o ganhador do concurso. V - DA PREMIAÇÃO 1º lugar troféu Harpa dourada e diploma 2º lugar medalha e diploma 3º lugar medalha e diploma VI - DA COMISSÃO JULGADORA Art.14º. A avaliação dos poemas será feita por uma Comissão Julgadora, composta de 03 (três) Presidentes de Academias de Letras, com sede em Portugal, na Suíça e no Brasil e 01 jornalista e teólogo. Convidaremos os presidentes reconhecidos na categoria para escolha do poema. Art.15º. As Comissões Julgadoras poderão escolher até 30 poemas para menção honrosa. 76

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DIVULGA ESCRITOR Art.16º. O processo passará por três etapas seguindo os critérios seguintes. Art.17º. As Comissões Julgadoras terão um prazo máximo de 30 (trinta) dias, a contar dos envios dos poemas para nomeação dos textos escolhidos. Os textos serão passados por uma primeira seleção, antes de encaminhar para a comissão julgadora: • Academia Brasileira de Escritores Dr e Professor João Paulo Vini • Académie de Lettres et Artes Luso -Suisse Augusto Lopes Jornalista do Jornal Luso.eu na Bélgica, Jornal Gazeta Lusófona (Suiça) e Jornal BOM DIA Luxemburgo Presidente da Academia ALALS Académie de Lettres et Artes Luso Suisse Membro de l'Association Portugaise d'Écrivains (Portugal) Membro Correspondante de l’Union Brésilienne d'Écrivains (Brasil) Membro de l' Associazione Culturale Internazionale Mandala (Itália) Embaixador das Arte e letras, de la Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture (Paris, França) • Marcelo Ferreira – Jornalista Editor • Dr Rodrigo Silva Arqueólogo e Historiador e Doutor em Teologia É doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. Assunção (SP), com pós-doutorado em arqueologia bíblica pela Andrews University (EUA). É graduado em Teologia e filosofia e mestre em Teologia Histórica. Doutorado em arqueologia clássica pela USP. Participou de diversas escavações no Oriente Médio e hoje leciona arqueologia e Teologia no UNASP – Universidade Adventista de São Paulo – campus Engenheiro Coelho, SP, além de dirigir o Museu de Arqueologia Bíblica Paulo Bork sediado no mesmo campus. É também o autor dos livros: “Eles criam em Deus”, “escavando a verdade” e “a arqueologia e Jesus” (CPB). É apresentador do programa Evidências da TV Novo Tempo, desde seu início em 2007 www.divulgaescritor.com | maio 2019

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VII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 19º. O anúncio será feito na página do Salmos Modernos oficial no dia 30.05.2019. Art.20º. Fica eleito o Foro da comarca de Genebra, para quaisquer dúvidas ou controvérsias oriundas do presente Regulamento. Apoios:

https://www.divulgaescritor.com/products/i-concurso-internacional-de-poesia-sacrasalmos-modernos/

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Ficha de inscrição: 1 Concurso de Poesia Sacra Salmos Modernos Tema: A bondade e a fidelidade Nome Completo: _____________________ __________________________________________________ Nome artístico __________________________________________________________________________ Data de Nascimento: ____________________________________________________________________ Documento de Identidade/ Passaporte _____________________________________________________ Endereço: ____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Qual país / Estado/ cidade que você mora __________________________________________________ Telefone/ Celular:_________ ______________________________________________________________ E-mail:_________________ _______________________________________________________________ Estará presente no lançamento? _______________ ___________________________________________ Como ficou sabendo do Projeto Salmos Modernos? __________________________________________ Título do Poema:________________________________________________________________________

ORIENTAÇÕES FINAIS: 1° Endereços eletrônicos principais: contatosalmosmodernos@hotmail.com ou concursosalmosmodernos@hotmail.com 2° Aguarde um contato da parte da Associação Céu do Brasil para confirmação do recebimento do texto e sua inscrição. Sugerimos que ganhador esteja presente no dia da premiação ou representado por alguém.

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL ZL EDITORA

Literatura brasileira é destaque em eventos internacionais A literatura brasileira ainda se mostra relevante e vai além das fronteiras. Tanto é que dois eventos nos Estados Unidos, em junho, vão destacar obras de língua portuguesa em atividades culturais e exposições para o público em geral. Um deles é o ‘Mulheres na Escrita’, programa realizado pelo grupo “Mulheres da Resistência no Exterior”. O evento acontece dia 15 de junho, no The People's Forum, em Nova York. A iniciativa, que visa dar mais visibilidade às mulheres escritoras, vai contar com importantes nomes como, por exemplo, Conceição Evaristo e Manuela d’Ávila. Elas vão falar sobre seus trabalhos artísticos e compartilhar suas experiências na literatura. Na mesma cidade também acontece o 5º Salão do Livro de Nova York, na Biblioteca Brasileira de Nova York (Brazilian Endowment for the Arts), nos dias 19 e 20 de junho. O programa conta com a realização de atividades culturais e palestra sobre literatura brasileira no mundo.

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Organizada pela ZL Editora, o projeto Internacional existe há quase dez anos e já foi realizado em Lisboa (Portugal), Berlim (Alemanha), em algumas cidades da França e em Montreal (Canadá), além do Rio de Janeiro. A iniciativa foi criada com intuito de valorizar o trabalho dos autores independentes e as pequenas editoras, ambos sem acesso ao circuito oficial literário brasileiro. Serviço: Mulheres na Escrita Data: 15/06/2019 Local: The People's Forum Endereço: 320 W 37th St, New York 5º Salão do Livro de Nova York Data: 19 e 20/06/2019 Local: Brazilian Endowment for the Arts Endereço: 240 E 52nd St, New York


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