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Beatriz Mecking

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Flavio Joppert

Flavio Joppert

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM ESCRITORA BEATRIZ MECKING

Sou natural de Pelotas, Rio Grande do Sul, tenho dois filhos e um neto. Vivi dos quatro aos dez anos na cidade de São Lourenço do Sul, onde fiz a escola primária. Depois, minha família voltou a Pelotas, onde me graduei em Letras (Português/Inglês e Francês). Ao terminar meus estudos na Aliança Francesa de Pelotas, ganhei uma bolsa para estudar na França: passei o ano letivo 1973/1974 em Paris. Ainda na década de 70, fiz mestrado em Teoria Literária na PUC - RS, em Porto Alegre.

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Trabalhei em várias escolas, entre as quais destaco o Colégio Estadual D. João Braga, onde atuei no Centro de Línguas, ensinando francês. Posteriormente, fiz concurso para a UFPel - Universidade Federal de Pelotas; lecionei no departamento de Letras até minha aposentadoria.

Comecei a escrever nos tempos do ginásio, entusiasmada com as histórias de Monteiro Lobato. Fixei-me no conto, a princípio mais longo; depois, aos poucos, meus textos encurtaram e agora estou trabalhando com minicontos. Pertenço à Academia Sul-Brasileira de Letras- ASBL, à Academia Internacional de Artes e Letras Sul-Lourenciana - AIL e sou acadêmica correspondente da Academia Internacional de Artes, Letras e Ciências “A Palavra do Século 21” - ALPAS 21. Posto meus contos e crônicas no site Recanto das Letras.

Livros publicados: Tempo de Renascer e outros contos (Pelotas, 1997), Histórias do Cotidiano (Pelotas, 2001) Os passos de Júlia - novela (Porto Alegre, 2008) e Curtas Histórias (Porto Alegre, 2014).

Noite de lua cheia

Arrastou os passos até a porta de casa: excepcionalmente, estava cansado. Dera mais aulas do que o habitual e pesava-lhe o intenso exercício físico. “Não nos deixes”, “não aceitamos que nos deixes” – aquele coro de mulheres ainda zumbia no seu ouvido. Uma, duas, várias – todos a sua volta, insistindo para que ficasse. No momento em que colocava a chave na fechadura, sentiu uma presença do seu lado: “Tens que continuar.” Imperiosa, a voz prosseguiu: “Se não continuas, morres!” A lâmina penetrou-lhe o peito: desabou. Uma lua redonda, enorme, pairava sobre sua cabeça. Estatelado ficou, sem mensuração de tempo, vislumbrando imagens que iam e vinham, a mente confusa, uma aflição que o fazia agitar-se, virar de um lado para o outro, intranquilo. Era alta madrugada quando acordou. Suando em bicas, apalpou-se: estava inteiro, estendido no sofá da sala. Através da cortina do pátio, esparramava-se o brilho da lua.

A nova realidade

Todos na parede. Se não os encontra noutro lugar, tem todos ali, dependurados nos seus trajes antigos, sorrisos acanhados, a foto de família dos anos passados. Deixou-os por lá, como se petrificados naquele conjunto que vem desbotando ao longo dos anos. Por vezes, para na frente deles, procura lembrar-se de outro tempo, em que eles se mexiam, falavam, gritavam, agiam, brincavam, brigavam.

A acompanhante encontra-a embevecida diante do quadro da família, os olhos molhados, o olhar para longe, muito longe. “Aqui estão todos”, ela murmura. “Sei”, responde a outra. “Tenho uma notícia para lhe dar.” “Boa?” “Sim. Imagine quem está vindo ver a senhora.” Imobiliza-se na tensão. Os segundos eternizam-se. “A sua filha que mora no México.”

A moça observa-lhe a reação. Ela sorri e solta um ‘Deus seja bendito!.’. “Contente?” “Não são todos, mas…” Olha amorosamente para o filho que já se foi, para o marido. “Mas é bom ver a Suzana, muito bom!” Põe-se a perguntar sobre os pormenores da visita. Um dos membros da família ganha vida e salta do quadro para a realidade.

Entrevista com escritora Amélia Luz

Amélia Luz – Formou-se em Pedagogia – Administração Escolar e Magistério – Orientação Educacional – Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa com Pós Graduação em Psicopedagogia e Planejamento Educacional. Oficineira de versos levou às escolas a palavra poética despertando a juventude para a leitura e a poesia como meio de educar para a cidadania e para a paz. Recebeu premiações em concursos literários em vários estados do Brasil e exterior. É coautora em muitas coletâneas em prosa e verso. Membro de várias associações culturais e literárias no Brasil e exterior.

Boa leitura!

Na literatura encontro o esconderijo sagrado reservado aos deuses onde me mantenho livre no altar da paz. Silêncio, não acordem os pássaros que dormem. Entregome, rendo-me. Leio, sobretudo!”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Amélia Luz, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, como se deu o início e desenvolvimento da escrita em sua carreira literária?

Amélia Luz - O gosto pela escrita surgiu quando me descobri leitora, ainda menina. Mais tarde com o fazer didático comecei a escrever poemas que oferecia aos meus alunos em minhas aulas de Literatura. Desenvolvi esses trabalhos ao participar de concursos literários e palestras, ao publicar em antologias passando para a prosa com mais maturidade ao explorar autores consagrados na leitura habitual. Ler e escrever, um ato conjunto: ideias!

Em que momento se sentiu preparada para publicar “Luz & Versos”?

Amélia Luz - Os originais gritavam na gaveta pedindo liberdade. Por muito tempo ficaram guardados. Certo dia resolvi alforriá-los e publiquei o livro. Fiz o lançamento na escola onde fui alfabetizada e no meio esco-

lar senti-me realizada ao dividir com os alunos os meus escritos poéticos.

Quais critérios foram utilizados para escolha do título?

Amélia Luz - O meu sobrenome LUZ que tanto gosto pelo seu significado, e VERSOS pela categoria literária escolhida. Então LUZ & VERSOS em questão.

Apresente-nos um dos textos publicados na obra?

ROSAS DE FERRO Amélia Luz Esculpir a poesia Em fios de ferro No alicate das próprias mãos, Na forja, no fogo, no jogo do coração... Modelar a palavra com sabedoria, Dar vida ao verso livre, à fantasia, Na lida insana, cotidiana, Oficina da emoção! A mão, delicada e pura, Modelando o prazer de fazer, O verso faminto que ora sinto, À luz da manhã que inicia silenciosa. Apalpar a poesia e o enigma, Na perplexidade de criar do ferro bruto Rosas modeladas em brasa viva. Compor a fachada da alma De um templo ornado de magia interior... Esconder em páginas vibrantes As ideias gigantes de um escultor, Em sua hora plena de criação... Ultrapassar o tempo De um mundo para outro, Enquanto a descoberta da felicidade Nos embriaga e enlouquece! E não há cansaço ao fundir as rosas, As rosas em versos da minha emoção, Sublime centelha, faíscas da inspiração!

Sabemos que cada texto contém um pouco do autor, conhecimentos, sentimentos... comente sobre o momento de criação deste texto.

Amélia Luz - A alegria de ver o sonho/ embrião da menina Amelinha exposto no papel em forma de poesia – “As rosas da minha emoção”.

Onde podemos comprar o seu livro?

Amélia Luz – O livro editado pela Editora Becalete – São Paulo, está esgotado. No momento terei que fazer uma reedição.

Além de “Luz & Versos” você tem outros livros publicados. Apresente-nos o seu belo acervo literário.

Amélia Luz - Sim, tenho em poesia POUSOS E DECOLAGENS, VERSOS D’ALDEIA. Em prosa CONTOS DE ARGILA e (crônicas) SILÊNCIOS CLARINAM AO LONGE?

Quais os seus próximos projetos literários?

Amélia Luz - Penso em 2022 publicar alguns livros infantis e um livro em poesia “Aldravista”, poesia minimalista em que trabalho a metonímia, na poesia disposta em seis versos uni vocabulares, emoções condensadas em poucas palavras. Amélia Luz - Tenho ideias aventureiras. Não me conformo com o espaço do meu jardim ou do meu quintal. Sufocam-me! Como gosto de estradas que me levem às descobertas, ao desconhecido! Andarilha, transito em terras estranhas esperando o dia do embarque. Uma parte de mim dissolve-se na multidão que passa apressada. A outra isola-se no recanto do jardim questionando o porquê das curvas da estrada, dos espinhos traiçoeiros e das farpas de dor. Gosto de liberdade, de espaços. Na literatura encontro o esconderijo sagrado reservado aos deuses onde me mantenho livre no altar da paz. Silêncio, não acordem os pássaros que dormem. Entrego-me, rendo-me. Leio, sobretudo!

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Amélia Luz. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

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