Ponto Móvel - Cordoaria

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Cordoaria e s p e c i a l

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ponto movel cidade do saber

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www.cidadedosaber.org.br 71 3644.1631

Para consolidar as práticas de democratização do acesso a bens culturais e esportivos, a Cidade do Saber agora tem o seu Ponto Móvel, que prioriza o atendimento às localidades da orla e zona rural de Camaçari, por estarem mais distantes, geograficamente, da sede da instituição, no centro da cidade. Assim, desde julho de 2009, mais de 4.000 pessoas, de 12 diferentes localidades, já foram beneficiadas por este projeto, nos espaços próprios do caminhão adaptado (biblioteca, brinquedoteca e mini-lan house) ou nas oficinas que ocorrem nas dependências de Associações Comunitárias, grandes parcerias deste trabalho!


Sumário

SABERES E FAZERES

coRdoARiA 06

NoSSA GENTE

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AçÃo GoVERNAMENTAL

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ESPAço VERdE

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SABoR dA TERRA

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QUEM coNTA UM coNTo

LÁ VEM HiSTÓRiA

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dicAS cULTURAiS 30 PAiNEL cRiATiVo

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LAZER

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cordoarIa

Editorial

E o caminhão-baú do Projeto Ponto Móvel cidade do Saber continua a sua viagem pelo mundo da cultura, do entretenimento, do esporte e do lazer. A cada localidade visitada no município de camaçari, uma nova troca de experiências e saberes. Troca que altera a rotina das comunidades, dá oportunidade de se revelar novos, talentos, em um universo próprio e singular. desta vez, nossa parada foi em Cordoaria, um remanescente quilombola.

como parte da nossa proposta de contribuir para preservar o aspecto histórico e fortalecer as tradições de cada lugar, vivenciamos um pouco do dia-adia do povo de Cordoaria para entender e registrar aqui uma pequena parte das tradições, costumes e crenças dos seus moradores. Nesta edição, que integra a série produzida pela cidade do Saber – instituto Professor Raimundo Pinheiro, conheça

as brincadeiras de criança que ficaram na lembrança de d. Sinézia e saiba como eram os carurus e as feijoadas de d. Rôxa, além de outras particularidades do cotidiano de quem faz diariamente a história de Cordoaria. conheça também as publicações anteriores que revelam Barra do Pojuca, Monte Gordo, Barra do Jacuípe, Arembepe, Areias, Jauá e Abrantes. Nossas próximas paradas contemplarão Parafuso e a sede de camaçari. Até breve.

Boa leitura!

Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.

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distrito de Monte Gordo

Sejamdos bem vin

Camaçari

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Barra do Pojuca

Monte Gordo

Barra do Jacuípe

Cidade do Saber Sede Camaçari 4

Parafuso 9

Arembepe

Cordoaria

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5 6 7

Areias Jauá

Vila de Abrantes

distrito de Abrantes

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especial

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cordoaria, remanescente quilombola A ancestralidade negra é um traço marcante na história de Cordoaria. Reconhecida desde 2005 pela Fundação cultural Palmares como um povoado que teve origem a partir da formação de um quilombo, em séculos passados, a localidade está situada numa região que abrigou quatro engenhos. Pelas condições da localização geográfica, foi escolhida como esconderijo por escravos fugitivos. A comunidade é formada por cerca de 300 famílias, que vivem da agricultura e da pesca de subsistência. Seu Firmino de Matos, 98 anos, é morador do lugarejo há mais de 70 anos e afirma ter ouvido muitas histórias sobre os quilombolas. “os escravos fugiam para cá porque o povoado fica num lugar alto, onde eles podiam avistar tudo, além de ser próximo ao rio”. Ele lembra que ainda existe uma área próxima do Rio Joanes que é chamada de “engenho”.

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Foi juntando histórias de antigos moradores que a população obteve êxito no processo de certificação quilombola. “Sempre me perguntavam sobre a história de Cordoaria e eu nunca sabia responder. isso me incomodava muito”, conta Florisvaldo Ferreira Gomes, o Seu dadu, 52 anos, antigo presidente da associação de moradores e um dos principais responsáveis pelo processo que deu a Cordoaria o status de remanescente quilombola. Herança ancestral Ao longo da História do Brasil, muitas foram as formas de resistência dos povos africanos e dos seus descendentes para ter autonomia, inclusive através da religião. o candomblé, religião de matriz africana introduzida no país por sacerdotes de diversas regiões da África, teve em Cordoaria importantes representações.

Líder de uma conhecida casa de candomblé, Gertrudes dos Reis era Mãe de Santo, parteira e uma das mulheres mais respeitadas do lugar, sendo descendente do povo bantu. Já a família Santana é descendente de nagôs. dona Sinézia Maria de Santana, 76 anos, nascida e criada em Cordoaria, casouse com um dos sobrinhos de Gertrudes. Segundo ela, as festas na casa da famosa Mãe de Santo eram animadas, regadas a muita comida e samba de roda. outras festas aconteciam em diversas casas: “Um tio meu rezava a noite de Santo Antônio, com dois dias de festa seguidos. Tinha samba e tudo! Aqui também já teve muita gente que fazia caruru de promessa”. dona damásia Santana dos Santos, 68 anos, era uma das pessoas que davam caruru todos os anos: “Eu dei caruru de


Autonomia e resistência A Fundação Palmares, considera comunidades remanescentes de quilombos os grupos étnicos raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com formas de resistência à opressão histórica sofrida. o que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga, mas a resistência e a autonomia.

dona Sinézia lembra das noites de reza para Santo Antônio Seu dadu ajuda a contar a história do lugar

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Pescaria em família especial

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cosme e damião por mais de 20 anos. dei feijoada de Santo Antonio também e rezava para Santa Bárbara. Meu pai, Seu Lauriano, rezava Santo Antônio e fazia a festa em um carramanchão (barracão). Havia músicos que tocavam banjo, cavaquinho, pandeiro e violão, executando belas valsas, sambascanção e dentro de casa tinha só samba. Eu escolhia um cavalheiro pra dançar e caía na dança!”, conta, com saudades, dona Rôxa, como ficou conhecida. dona Sebastiana Barbosa da conceição, 53 anos, artesã, lembra quão bonitas eram as festas de dona Rôxa: “Quem organizava essas folias era Beto, que já faleceu, e dona Rôxa. dona Mariazinha era quem fazia o Boi. Na época do Natal e do São João tinha samba de roda. Tinha também um terno com Boi, que saia na Festa de Reis”. o pescador Joselito dos Santos, 48 anos, lembra de muitas brincadeiras que marcaram sua infância: “Samba de roda é o que eu mais me lembro. Na época de São João eu ouvia muito dizer: Vai ter um samba na casa de fulano”, diz. outra tradição

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forte era o caruru, confirma Joselito. “Quase todo mês tinha um caruru e não era caruru pequeno não. Nessa brincadeira a gente passava o dia todo e era uma alegria danada! Minha mãe mesmo dava caruru de cosme e damião porque existem gêmeos na família”. Brincadeiras de outros tempos dona Rôxa, quando menina, brincou com bonecas de pano muito especiais para ela. Estudei com uma senhora chamada Terezinha, que também fazia lindas bonecas de pano pra gente! Ela nos ensinou e eu fiz várias, muito bonitas”. Em Cordoaria, além de Terezinha, uma senhora chamada Maria era conhecida pelas bonecas de pano que costurava. Quando criança, dona Sinézia foi uma das que brincaram com uma boneca feita por ela. “como meus pais não podiam comprar uma boneca, eu tinha uma de pano feita por dona Maria”. Ela conta que, em Cordoaria, era muito comum meninos e meninas brincarem juntos. “Quando eu era criança, aqui tinha muita brincadeira de roda. Brincava todo mundo junto”.

Joselito Santos nasceu e sempre morou em cordoaria. Sua rotina de trabalho começa às 5h, quando, após o café, ele sai pra recolher o produto coletado nas armadilhas colocadas no Rio Joanes no dia anterior. Na companhia do filho de 18 anos, Rafael, pesca para garantir à família uma boa alimentação. “Também damos e vendemos quando conseguimos pescar muitos. o peixe mais caro que a gente pesca é o raro tucunaré, que chega a custar dez reais o quilo” observa. Também tem a pescada branca, a traíra e a tilápia, que é o mais encontrado na localidade. o pescador diz que há cerca de 20 anos a pescaria era muito melhor. Por conta da degradação ambiental a quantidade de peixes tem diminuído e muitas espécies não são mais encontradas, como o acará, o robalo, e a pescada amarela. os desmatamentos e a poluição interferem no clima, como conta Joselito: “Mudou muito, esse ano aqui teve até seca. Tem época que o rio seca tanto que a gente pode andar de uma margem a outra”. A pesca artesanal de peixes, camarões e pitus se constitui em segurança alimentar e possibilidade de renda, em especial nos períodos de entressafra. A pesca é desenvolvida durante todo o ano, mas no verão a quantidade de camarão é maior.


Joselito: “Quase todo mês tinha caruru”

Conheça a Fundação Cultural Palmares A Fundação cultural Palmares (FcP) é um órgão público vinculado ao Ministério da cultura (Minc), instituído pela Lei nº 7.688, de 22 de agosto de 1988. com sede em Brasília, mas com representações no Rio de Janeiro e Bahia, a instituição tem por missão formular, fomentar e executar programas e projetos em nível nacional com a finalidade de reconhecer, preservar e difundir os valores e práticas das culturas africanas na formação da sociedade brasileira. Fonte: www.palmares.gov.br

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especial

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Agricultura de subsistência Uma das características que definem um quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Cordoaria mantém no ambiente natural e nas práticas econômicas as características do que foi um dia uma das principais fontes de sustento da comunidade quilombola que abrigou. Hoje são desenvolvidas diferentes atividades produtivas voltadas para a economia de subsistência e fundamentadas nas práticas tradicionais de manejo e no saber local. Muitas famílias ainda vivem dos frutos da terra. Muita gente cultiva toda sorte de vegetais e frutas: feijão, maxixe, quiabo, coco, dendê, ouricuri (palmeira nativa, também conhecida como licuri), urucum, abacate, jaca, jenipapo, mangaba, pitanga, acerola, fruta pão, entre outras. Além da importância alimentar e comercial, os produtos também são usados com fins medicinais. os quintais reúnem plantas, com propriedades preventivas e curativas - segundo a sabedoria popular ou estudos

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científicos - cultivadas, em geral, pelas mulheres.

“Meu pai fazia carvão, criou os filhos assim, mas morreu com apenas 58 anos”.

Nos últimos 70 anos, houve uma reorganização e recriação dos sistemas de produção e apropriação dos recursos naturais para assegurar a sustentabilidade e a manutenção socioeconômica do povoado, assim como ocorreu, no último século, com a sociedade em geral. Por conta disso, muitos hábitos antigos foram deixados de lado e muita coisa mudou. A vida da dona de casa tornou-se mais prática, como afirma dona Sinézia: “Antigamente, as casas não tinham fogão e as panelas eram de barro. As vassouras eram feitas do miolo do dendê”.

Fuga da escravidão Bahia e Maranhão são os estados com maior concentração de comunidades quilombolas no Brasil. isso porque os engenhos de cana-deaçúcar locais dependiam de larga mão-de-obra e as vagas eram preenchidas por africanos escravizados.

outra mudança significativa para os pequenos produtores de farinha e derivados foi a implementação do uso do motor, que substituiu a roda de madeira. A produção artesanal de carvão foi outra atividade que ajudou muitos pais de família a criarem seus filhos. No entanto, por ser nociva para o meio ambiente e para o homem, a prática está quase extinta na localidade. dona Rôxa conta que o pai perdeu a vida por conta do ofício:

Muitos fugiam e no mato formavam os quilombos, que chegavam a ter milhares de moradores, como o de Palmares (liderado por Zumbi), em Alagoas, maior e mais duradouro do Brasil. os quilombos não pertencem somente a um passado remoto escravista. Tampouco se configuram como comunidades isoladas, no tempo e no espaço, sem qualquer participação na estrutura social do Brasil. Ao contrário, as mais de duas mil comunidades remanescentes quilombolas mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela constituição Federal desde 1988. Fonte: www.palmares.gov.br


CURIOSIDADES Agricultura e pesca ainda são sustento das famílias

Possivelmente, ainda existem em Camaçari mais duas outras regiões com remanescentes quilombolas, uma em Monte Gordo (“Conserva de Negros”), e outra em Água Fria, “ à margem do Joanes. Os engenhos da região próxima a Cordoaria eram o Engenho do Gregório, Fazenda Munanga, Engenho do Miguel (todos submersos pela barragem do Rio Joanes) e Engenho do Caboclo (Engenho de Cima). Cordoaria estava situada na Trilha dos Tropeiros, nome dado às tropas que saíam a cavalo com cargas de carvão para Periperi e Itapuã, em Salvador. O meio de comunicação usado pelos tropeiros era o siricora, som do sopro reproduzido por dois dedos em forma de “v” levados à boca. Muito semelhante ao som de uma flauta, o siricora servia como uma convocação da tropa para partida. Fontes: Histórias que não contei. Sandra Paranhos. Salvador: Fast Design, 2007. www.palmares.gov.br Kátia Nogueira Borges. Abordagem etnoecológica de uma comunidade da Região Metropolitana de Salvador: o caso de Cordoaria, Município de Camaçari-BA. Dissertação de Mestrado Profissionalizante. Universidade de Brasília, 2004.

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Nossa Gente Entrevista:

“Aqui tinha muita festa do candomblé” Seu Firmino Francisco de Matos, 98 anos, nascido em Simões Filho, chegou a Cordoaria há cerca de 70 anos. com muita força e coragem, primeiro ajudou sua mãe quando ficou viúva. depois, criou seus filhos com o trabalho na roça e na Revista Ponto Móvel: Quando o senhor chegou em Cordoaria era muito diferente do que é hoje? Seu Firmino: Quando cheguei, aqui só tinha três casas de palha. Era só mato. Moravam aqui apenas três famílias: a de dona Gertrudes, dona Galdência e Seu Manuel Fernandes. Eu morava no Goés calmon, próximo a Simões Filho, mas, quando meu pai faleceu, minha mãe resolveu morar em Areias porque a gente tinha uma tia por lá. depois, nós resolvemos morar no Alto do Burari, onde

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Seu Firmino

carpintaria. Em uma manhã muito agradável, ele recebeu a equipe da Revista Ponto Móvel em sua casa para uma conversa regada a frutas do seu pomar. Nascido em 1912, durante as últimas décadas acompanhou todas as modificações da localidade.

a gente teve roça. Em seguida, viemos morar aqui. Revista Ponto Móvel: Nessa época, a mãe do senhor fazia o quê para sustentar a família? Seu Firmino: A gente tinha roça e vivia disso. Minha mãe fazia esteira de piri (planta nativa utilizada como fibra), que ela pegava aqui mesmo no brejo. Botava o piri pra secar e depois tecia no tear. chegava a sair daqui com cinco esteiras na cabeça pra vender em Parafuso. Minha

mulher também sabia fazer esteira. Revista Ponto Móvel: E quando foi que o senhor se casou? Seu Firmino: depois de um tempo que cheguei aqui, me casei com Luzia, filha de Seu Manuel Fernandes. Nós tivemos cinco filhos, sendo que hoje apenas uma mora comigo. Meu irmão, isaltino, mais conhecido como Tinoco, 94 anos, também mora aqui ainda. Revista Ponto Móvel: Quais eram as maiores dificuldades em Cordoaria no passado?


Seu Firmino: Aqui não tinha luz. Luz só chegou aqui no primeiro governo do atual prefeito.

pra todo mundo. Já no Natal, todo ano a gente matava um boi. Umas seis pessoas se juntavam para comprar.

Revista Ponto Móvel: O senhor pode falar um pouco sobre as festas que existiam aqui?

Revista Ponto Móvel: O que o senhor fazia para ter uma renda? Qual era seu ofício?

Seu Firmino: Aqui tinha muita festa do candomblé, que era liderado por uma mãe de santo muito boa. Serviam caruru de Santa Bárbara e de cosme e damião. Além disso, tinha as flores (pipoca) de São Lázaro. Tinha também a festa de Nossa Senhora da conceição, que durava três dias. A festa era na casa de Seu Manuel e tinha comida, cantoria com músicos. o músico que tocava bandolim está vivo até hoje em Parafuso. Se tivesse porco, a gente matava e assava

Seu Firmino: Eu era carpinteiro, fazia cadeira, tamborete, telhado e até casa de farinha. Também fazia cangalha e caixão de defunto, usando a madeira de Paraíba, tirada aqui mesmo na região. Revista Ponto Móvel: E o senhor pescava? Seu Firmino: Sim, eu pescava aqui no Rio Joanes. Pegava acará, traíra e iassabarú, que é um peixe menorzinho. Também fazia carvão e saía pra vender em Salvador.

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Saberes e Fazeres

Trançado de palha percorre gerações o artesanato da palha do ouricuri é uma herança transmitida ao longo de décadas em Cordoaria, tendo sido introduzida pelos primeiros quilombolas. o trançado é confeccionado em outros locais da região, mas neste povoado ficou restrito a esteiras e abanos. Muito mais que uma questão de talento, a arte de trançar a palha, transformando-a em objetos utilitários e peças de decoração, é um dom compartilhado por gerações inteiras. dona Sebastiana Barbosa da conceição é o exemplo vivo desta herança passada de mãe para filha. Aos 53 anos, trança palha desde menina, quando tinha apenas 10. “Foi minha mãe quem me ensinou o

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trançado de palha. Eu fazia esteira e jereré e vendia muito por aqui”, conta, com orgulho, a artesã que desde pequena acompanhava a mãe nas feiras, para vender os produtos confeccionados no clã familiar. Hoje, ela testemunha a filha Marilene, 32 anos, dar continuidade à tradição de família. outras famílias de Cordoaria ajudaram a perpetuar o trançado em palha. dona Rôxa aprendeu com a mãe e fez muitas esteiras. A mãe de Seu Joselito dos Santos também fazia esteira e abano de palha de coqueiro e de ouricuri. Hoje em dia, sua filha, Elisângela, aprendeu a trançar, o que contribui para levar à frente essa arte, já tradicional na localidade.

dona Sebastiana trança palha e faz tarrafas desde menina


Esteiras e jererés são as duas especialidades dos artesãos de cordoaria.

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Saberes e Fazeres

diversidade de beijus A farinha sempre se constituiu como principal derivado da mandioca, seguido pelos diferentes tipos de beiju. Na década de 70, Cordoaria se tornou um polo para produção destes produtos, abastecendo os mercados de camaçari e adjacências.

que descansam a mandioca prensada. o processo de fabricação dos beijus de massa se inicia logo após a prensagem da mandioca. A massa obtida é passada em uma peneira de furos pequenos e reduzida a um pó bem fino.

manhã seguinte, quando geralmente o beiju é vendido, as quituteiras regam a iguaria com leite de coco e enrolam na palha de bananeira. Algumas mulheres costumam confeccionar esse tipo de beiju formando um círculo mais fino, dobrado em forma de panqueca.

os famosos beijus de Cordoaria são, também, tradicionais e o modo de preparo foi transmitido entre as mulheres para garantir o sustento. Matilda da conceição, 39 anos, aprendeu com a mãe o ofício que hoje lhe permite ter uma renda. “Minha mãe já fazia beiju desde que eu era pequena. desde mocinha eu trabalho com isso”, conta, com orgulho, dona Matilda, conhecida como Tininha.

os beijus confeccionados na comunidade podem ter variações: de coco seco ou de coco mole. “o de coco seco pode ser produzido em dois formatos: de espátula ou de losango e podem ainda receber cobertura ou recheio de coco ralado fresco e açúcar”, diz Tininha.

Além dos beijus, Tininha produz outros quitutes. “Faço o pé de moleque (bolinho assado muito apreciado na comunidade), a pamonha de carimã, a pamonha de milho e vendo tudo isso em camaçari, próximo à Prefeitura, dia de quinta-feira. dia de sábado eu fico na Gleba E. Na casa de farinha daqui, além de mim, fazem o beiju a minha cunhada e um rapaz”.

os beijus de goma são feitos com o amido depositado no fundo dos recipientes em

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Para o preparo do beiju molhado, também conhecido como beiju de coco mole, mistura-se a fina massa com um pouco de coco ralado fresco. Num tacho, é assada dos dois lados por cerca de dez minutos. Na

dedimar Francisca, 30 anos, também prepara quitutes em Cordoaria. Ela faz o famoso bolo ”pé de moleque”.


dedimar Francisca e o bolo “pé de moleque”

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Espaço Verde

Agricultura orgânica Florisvaldo Ferreira Gomes, o Seu dadu, 58 anos, é um multiplicador comunitário da importância de se preservar o meio ambiente. Ele é assíduo frequentador de palestras com temas relacionados à preservação ambiental e às práticas agrícolas sustentáveis. Mas ele não se utiliza apenas da reprodução dos conteúdos que assimila nestes eventos para a mobilização, em torno destas causas, de vizinhos e amigos. A sua relação com a natureza está internalizada, é também uma questão de princípio e do respeito ao universo. Seu dadu tem uma roça de produtos orgânicos, onde sempre fez questão de cultivar alimentos “sem veneno” e de acordo com os ciclos naturais, como costuma dizer. Há alguns anos, teve contato

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com o Projeto Reviver, do departamento de Botânica do instituto de Biologia da UFBA e, a partir daí, viu o seu sonho com chances concretas de realização: contribuir para a criação de uma feirinha para comercializar produtos orgânicos. com a sua sabedoria, o agricultor declara: “A gente precisa aprender a colher no tempo certo, sem ter a preocupação apenas com o lucro. Fertilizantes químicos, que aceleram a produção, são muito nocivos aos seres humanos, que acabam vítimas da própria ganância”. o Projeto Reviver teve um importante papel na conscientização de pequenos produtores em Cordoaria e Sucupira (comunidade adjacente). depois do

trabalho desenvolvido pela iniciativa, cresceu o número de interessados em utilizar a compostagem (composto orgânico) como fertilizante, justamente pela mudança de percepção sobre o valor dos restos de frutas e verduras que, antes, eram jogados fora. Esses insumos passaram a ser utilizados para melhorar o solo e gerar renda. Juntos, os agricultores locais beneficiados pelo projeto passaram a comercializar seus produtos na feira montada no estacionamento da Prefeitura de camaçari, todas as quintas-feiras. As verduras, legumes, hortaliças e frutas são os mais procurados.

Seu dadu: preservação e respeito ao meio ambiente


COMO tRANSFORMAR O LIxO ORGâNICO EM ADUBO 1 corte seu lixo em pedaços pequenos e vá juntando tudo até formar um monte de mais ou menos 1,5 m de altura. 2 Revire o monte toda semana e mantenha-o sempre úmido, se possível utilize um regador. isso evitará moscas e mau cheiro. Não deixe exposto à chuva. Tenha cuidado para que não fique nem muito molhado, nem muito seco. 3 Verifique sempre a temperatura do monte. É normal, e até recomendável, que ele fique quente por um tempo. 4 o composto leva cerca de 90 dias para ficar bom, quando fica parecido com terra. Misture o composto com o solo do seu quintal, e ele estará pronto para ser utilizado. Fonte: http://www.laviet.ufba.br/reviver

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Espaço Verde

Seu dadu multiplica os aprendizados no projeto Plante Saúde, dando continuidade ao ensinamento sobre agricultura orgânica em Cordoaria, Sucupira e Malícia. os produtos orgânicos, como garante Seu dadu, têm mesmo melhor sabor, maior durabilidade, sem falar nos benefícios à saúde, se comprados com os que seguem outro perfil de cultivo. Por isso, são tão disputados nas feiras e ganham cada vez mais mercado. E o sonho de Seu dadu é mesmo realidade!

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O valor da compostagem o lixo é conhecido como algo sujo e ruim, pois tem mau cheiro e pode provocar doenças. Na verdade, é prejudicial quando não é devidamente cuidado. E é esse lixo “descuidado” que existe na maioria dos lugares. Boa parte do lixo, no entanto, pode ser aproveitada. É possível reciclar objetos de plástico, vidro e alumínio e até transformar lixo orgânico em adubo através de um processo chamado compostagem. Na natureza, o lixo orgânico é fundamental para a vida. Ele é decomposto e vira parte do solo fértil onde crescem as plantas. A compostagem busca otimizar esse processo, oferecendo condições ideais para obtenção de adubo com qualidade num período curto de tempo.

A compostagem é algo simples de se fazer e pode ser uma ótima saída para pequenos agricultores ou para pessoas com horta e jardim em casa. Restos de frutas e verduras, folhas, sobras de comida, restos agrícolas, estrume e toda matéria morta em geral, tudo isso é o que se chama de lixo orgânico. Quando separado dos outros tipos de lixo, que podem intoxicá-lo, o lixo orgânico é melhor aproveitado. o composto obtido é ótima alternativa aos fertilizantes inorgânicos, que melhoram a produção agrícola em curto prazo, mas acabam esgotando o solo. Por ser natural, o composto tem resultados mais equilibrados, tanto que também pode ser utilizado para recuperação de solos desgastados.

Fonte Espaço Verde: Jornal A Tarde/BA, Projeto transforma o lixo em adubo natural, 28/04/2003 e Entrevista Revista Ponto Móvel com Seu Dadu.


Produtos orgânicos são comercializados na feira às quintas em camaçari

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Sabor da terra

cozinha: lugar de reinventar Em Cordoaria, as quituteiras gostam de criar e recriar, inventando receitas na cozinha. Aproveitando bem os frutos da terra, elas dão um toque especial aos pratos que fazem para a família, amigos, vizinhos e convidados. Um bom exemplo disso é a receita ensinada nesta edição da Revista Ponto Móvel por Maria do carmo Gomes. A partir de miolo de jaca, ela faz uma receita de dar água na boca. confira:

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LOMBO DE JACA Por Maria do Carmo Gomes

Ingredientes:

Modo de preparo:

• 01 miolo de jaca • 01 cebola • 02 tomates • 01 pimentão • 02 dentes de alho • Pimenta cominho e sal a gosto

corte todos os temperos, acrescente pimenta e sal. Fure o miolo da jaca com um garfo, para que o tempero penetre bastante. coloque o miolo temperado na panela de pressão para cozinhar. Quando amolecer, coloque numa forma e asse em fogo brando até dourar. Sirva com batatas cozidas.

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Quem conta um conto

A Voz da Caipora Por Maria do carmo Gomes

“Quando eu era pequena, com 10 pra 12 anos, morava com uma criatura que, quando saía, me deixava na casa de uma vizinha. Aí, teve um dia que ela saiu e eu tive que dormir na casa da vizinha, porque ela só iria voltar no dia seguinte. Quando chegou a tarde, a vizinha me pediu pra ir comprar querosene pra acender o candeeiro, porque naquele tempo não tinha luz. A filha dela, que era muito apegada a mim, queria ir comigo. Eu saí escondida porque era longe o lugar que vendia o gás. Quando eu saí, ela começou a me gritar: “carminha, carminha!”. Ela escutou uma voz respondendo, vindo do mato, e achou que era eu. Quando eu cheguei, a mãe

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dela perguntou por ela, dizendo que ela tinha ido atrás de mim. Foi atrás de mim achando que eu tinha ido para a fonte. Eu saí desesperada procurando por ela: “Ane, Ane!”. E ouvia uma voz respondendo: “Ela tá aqui!”. E quanto mais eu ouvia a voz, mas eu ia entrando mato a dentro. Eu fui ficando preocupada, porque estava escurecendo e eu não podia voltar sem a menina. Eu continuei chamando, até que ouvi ela dizer: “Eu tô aqui!”. Encontrei ela numa roda de capim, cheia de tiririca, que deu um trabalho danado pra tirar ela de lá. E foi a caipora que enganou a gente. dizem que é um caboclo que existe no mato, que se transforma em qualquer bicho!”


O Lobisomem de Cordoaria Por damásia Santana dos Santos

“Antigamente, andava um lobisomem por aqui. Eu mesma conheci vários homens que viravam. Mas assim, ninguém via não. A gente sabia porque o povo comia o caranguejo e jogava as cascas no lixo. Quando era de noite, a gente escutava ele futucando o lixo. Nas casas de farinha, quando a gente fazia o beiju, a “cruêra”, a gente botava pra secar no forno, pra depois botar de molho com sal e dar aos porcos. Aí no outro dia quando a gente chegava lá não tinha nada. Meu pai também contava que “desvirou” um lobisomem, com cipó caboclo e faca de 7 tostão. dava-lhe uma surra de cipó caboclo e metia faca de 7 tostão nele”.

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Lá vem História

Zumbi, herói de Palmares, herói brasileiro Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos de fazendas no Brasil colonial. o Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente 30 mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver. Embora tenha nascido livre, Zumbi foi capturado quando tinha por volta de 7 anos. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos, voltou para viver no quilombo.

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No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos depois, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do então líder de Palmares, Ganga Zumba, para tentar um acordo, mas Zumbi coloca-se contra, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados. Em 1680, com 25 anos, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as tropas do governo. durante a sua liderança, a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. o líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.

o bandeirante domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue às tropas do bandeirante. Aos 40 anos, foi degolado em 20 de novembro de 1695. Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil colonial. o dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o dia da consciência Negra.

Pesquisa: Oscar Henrique Cardoso, ACS/FCP/MinC


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Ação Governamental

História de cordoaria, orgulho para camaçari Estabelecer políticas públicas alinhadas ao contexto sociocultural das comunidades. como, desde 2005, a qualidade de vida e o cuidado com as pessoas são prioridades da Prefeitura de camaçari, esses elementos norteiam as ações das diversas secretarias que integram o governo. Foi em 2005, inclusive, que a localidade de Cordoaria obteve o reconhecimento como área remanescente quilombola pela Fundação cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da cultura. desde então, a Prefeitura, através da coordenação de Políticas de Promoção da igualdade Racial (Secretaria da Mulher e da Reparação - Seprom), realiza a intermediação em prol da agilidade dos processos de titulação de terras, dentre outros direitos adquiridos pela comunidade através da certificação.

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Por outro lado, com recursos próprios, a administração municipal realiza intervenções, sempre considerando os aspectos culturais do local. o objetivo é incentivar a valorização, diante da importância de Cordoaria e de outras comunidades remanescentes quilombolas para a história da Bahia e do Brasil. Assim ocorreu com a recuperação da casa de Farinha e com a reforma e ampliação da Escola Nossa Senhora de Santana, que, além da estrutura padrão, ganhou um museu para exposição de artefatos e utensílios relacionados à cultura africana.

Municipal de camaçari, em praças e equipamentos públicos da cidade.

Além da difusão de informações sobre a história da localidade, a homenagem a Cordoaria sempre integra a programação das datas comemorativas de grande referencial para a população negra, tal como no dia da consciência Negra e dia de África, em eventos realizados na câmara

No plano mais geral, as obras de infraestrutura nas localidades do município também beneficiam Cordoaria, como os significativos reparos nas estradas vicinais, que melhoram o acesso das pessoas e integram os povoados vizinhos, possibilitando que os diversos serviços públicos cheguem às comunidades.

outra iniciativa do governo, que tem como referência a cultural local, tem destaque na área de saúde. Trata-se do Programa Municipal de Atenção integral às Pessoas com doença Falciforme (mais comum entre a população negra), da Unidade de Apoio às Pessoas com doença Falciforme (Unifal), que possui uma linha de pesquisa direcionada a avaliação da frequência do gene da hemoglobina S entre a comunidade de Cordoaria.


Escola Nossa Senhora Santana: recuperada pela Prefeitura

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Dicas Culturais

Nossa Senhora Santana A festa da padroeira de Cordoaria, Nossa Senhora Santana, é comemorada no dia 26 de julho. Nesse dia, a comunidade se mobiliza para assistir à missa na capela, contando com um convidado ilustre. A imagem de Santo Antônio, que pertence a dona cândida, é trazida por fiéis em um andor e permanece na igreja durante a missa em homenagem a Senhora Santana e pelos próximos 15 dias. “Em outros tempos, quando o padre João, que é italiano, organizava a celebração, a festa da padroeira tinha baile e tudo”, conta dona Sinézia, que é uma das fiéis da santa.

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SINCREtISMO OU PLURALIDADE? Não só em cordoaria, mas em tantos outros cantos da Bahia e do país, o complexo processo de formação histórica (com as relações culturais estabelecidas entre povos nativos, colonizadores e os povos oriundos da África) tornou tradicional a convivência entre elementos que caracterizam o catolicismo e o candomblé, este último constituído em terras brasileiras e originário dos cultos aos diversos deuses que integram as culturas do continente africano. A instituição do candomblé foi, também, via de preservação das referências das culturas de origem, dos povos pertencentes a diferentes

“nações” religiosas da África, que chegaram ao Brasil com a diáspora africana (saída forçada dos povos africanos para fins escravagistas na América colonizada). Mas, aqui, os negros escravizados também passaram a ter contato, na maior parte das vezes de forma imposta, com o catolicismo. Fica, então, a questão: as práticas católicas (como a reverência e celebração aos santos) foram integradas aos cultos aos deuses africanos como uma estratégia dos escravos para a manutenção das culturas originárias (alternativa para o escape da repressão); uma opção em agregar princípios de

diferentes doutrinas e se fortalecer espiritualmente na resistência às dificuldades ou resultado condicionante da combinação de diferentes influências? Entre os estudiosos e praticantes das religiões há espaço para diferentes interpretações, versões e termos para denominar a coexistência de práticas no cotidiano dos africanos e descendentes. Tal fato é indício da importante busca pelo conhecimento e entendimento dos processos que hoje formam esta cultura, repleta de valor, do baiano e do brasileiro.

OPINIÃO DE ESPECIALIStA “Ao pesquisar a escravidão africana no Brasil, a gente percebe que os escravos, lançados num mundo incerto e hostil, usavam de todo arsenal espiritual à sua disposição para resolver seus problemas, e se tornavam católicos, sem nunca deixarem de crer em seus

deuses e ancestrais. Na Bahia, os escravos podiam circular entre candomblé, islã e catolicismo, há indícios nesse sentido. Vejo aí pluralidade religiosa mais do que sincretismo religioso. Há, no entanto, certas formações religiosas, que institucionalizaram ritualmente as

aproximações entre as tradições católicas, africanas e o espiritismo, como em certas expressões da Umbanda. Nesse caso, talvez possamos falar de sincretismo ou, pelo menos, hibridismo, no centro nervoso da religião”. João Reis

Trecho de entrevista do historiador João Reis para a Revista Tempo. Acesse a entrevista na íntegra: www.historia.uff.br/tempo/ entrevistas/entres11-2.PDF” \t “_blank” http://www.historia.uff.br/tempo/entrevistas/entres11-2.PDF

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Painel Criativo

Ponto Móvel o atendimento à comunidade de cordoaria, através de serviços culturais e esportivos, integrou o primeiro ano de atividades do Ponto Móvel cidade do Saber, em ciclo com duração de três meses, entre o final de outubro de 2009 e fevereiro de 2010. Pé de Areias, Buris de Abrantes e Fonte das Águas (em Arembepe) são as outras comunidades beneficiadas no mesmo período. Em cordoaria, 125 moradores estiveram matriculados nas modalidades de percussão, criação literária, brinquedoteca e patchwork (arte em retalhos). A biblioteca do projeto registrou 170 visitantes, com cerca de

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80 empréstimos de títulos, durante as visitas do caminhão-baú da cidade do Saber a esta localidade da zona rural camaçariense. o encerramento do segundo ciclo, assim como acontece com os demais, foi realizado no Teatro cidade do Saber e os alunos das oficinas apresentaram o resultado do aprendizado e da troca de experiências com educadores. Houve exposição de peças artesanais e performances artísticas, com muita emoção e expectativa por parte daqueles que tinham o primeiro contato com um grande palco ou por parte dos espectadores que tomaram assento num equipamento cultural desta natureza. Festa da cultura e da cidadania!


oficinas do Ponto M贸vel movimentam comunidade de cordoaria

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Lazer

Expediente CIDADE DO SABER Diretora geral: Ana Lúcia Silveira Diretor de infraestrutura: Utilan coroa Diretor do saber: Arnoldo Valente Diretora do teatro: osvalda Moura

Caça-palavras

Atabaque - Batuque - Capoeira - Caxixi - Esteira - Quilombo - Quizumba - Quizila

Algumas expressões afro-brasileiras:

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COORDENAÇÃO DO PROJEtO REVIStA PONtO MÓVEL CIDADE DO SABER Assessoria de Comunicação da Cidade do Saber (Ascom) Responsável: carolina dantas Pesquisa: Bárbara Falcón textos: carolina dantas e Bárbara Falcón Fotos Ascom: daniel Quirino, clemente Júnior e Elba coelho Equipe Ascom: carolina dantas, Bárbara Falcón, clemente Júnior, daniel Quirino, Elba coelho, Bruno Macedo e Janine de Souza REALIZAÇÃO AG Editora Diretora executiva: Ana Lúcia Martins Executiva de Projetos: Júlia Spínola Edição: Ana cristina Barreto Fotos: Paulo Macedo Revisão: José Egídio Endereço: Rua coronel Almerindo Rehem, 82, sala 1207, Ed. Bahia Executive center, caminho das Árvores. cEP 41.820-768 - Salvador-BA Tel: (71) 3014-4999 Projeto gráfico: Metta comunicação Editoração: João Soares Ilustrações e arte: Jean Ribeiro e Pablo Antonio tiragem: 2.000 exemplares - distribuição gratuita Agradecimento: Prefeitura Municipal de camaçari Fotos: Agnaldo Silva e carol Garcia



e s p e c i a l

Cordoaria

Executor do Projeto

Parceiros cidade do Saber:

Mantenedor:


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