SALVADOR | SEGUNDA-FEIRA | 29 DE FEVEREIRO DE 2016
Início do ano letivo mostra avanços históricos na qualidade pedagógica e na estrutura física das escolas públicas municipais Escolas novinhas, merenda de primeira e material pedagógico com conteúdo adaptado à realidade local. São avanços históricos obtidos pela rede municipal de ensino. Não é à toa que muitas escolas administradas pela Prefeitura já superaram instituições privadas, tanto nas instalações e equipamentos quanto na qualidade de ensino, na motivação do corpo docente e na procura dos pais. Isso se deve a um trabalho de “formiguinha” capitaneado pela Secretaria
Municipal de Educação (Smed), em parceria com toda a comunidade escolar. E os resultados mais importantes não são aqueles já vistos a olho nu, através das unidades reformadas ou construídas, e sim os que virão a médio e longo prazo, quando essa nova filosofia implantada pela atual gestão gerar frutos nos índices educacionais e na formação dos futuros adultos. Aprenda mais sobre todas essas mudanças nas próximas páginas.
Nova Escola Padre Manoel de Souza: instalações modernas aliadas a uma nova filosofia de ensino.
ENSINO DE PRIMEIRA
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Muito mais vontade de apre Novo material pedagógico distribuído nas escolas municipais de Salvador leva em conta realidade local dos alunos e Uma plaquinha de “vende-se geladinho”, uma tabela de preços de produtos que são comercializados na Feira de São Joaquim e imagens da praia de Ondina são alguns dos elementos locais que vão ajudar na aprendizagem dos alunos da rede municipal de ensino. A partir deste ano, a turminha vai estudar com o novo material pedagógico, chamado de Nossa Rede. O projeto é fruto de um processo de construção colaborativa encabeçada pelos próprios professores da rede e tem por objetivo a elaboração das novas diretrizes curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. O objetivo é simples: com uma linguagem adaptada à realidade dos próprios estudantes de Salvador, despertar um interesse maior pela aprendizagem de Língua Portuguesa e Matemática. O modo como o Nossa Rede foi construído é pioneiro na educação pública brasileira. Trata-se de uma nova abordagem educativa que valoriza as comunidades nas quais as próprias escolas estão localizadas. O novo material pedagógico foi produzido dentro de uma visão de respeito aos valores das identidades culturais de Salvador e suas enormes peculiaridades. Foram elaborados 80 cadernos das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática que farão com que os mais de 100 mil alunos matriculados nas escolas municipais de Salvador aprendam da mesma maneira. “Ter um projeto construído pelos próprios professores, pensado e definido pela própria rede e respeitando a identidade étnico-cultural de Salvador é uma conquista histórica para a rede municipal e pioneira em todo o país. Nossos alunos irão se reconhecer e reconhecer a sua cidade nos livros, sem contar
Foto: Max Haack/Agecom
Alunos da Escola Municipal Antonio Carlos Magalhães folheiam cadernos do Nossa Rede
que o material permite um alinhamento, nos fazendo de fato funcionar como rede”, diz Joelice Braga, diretora pedagógica da Secretaria Municipal da Educação (Smed). Para Cristiane Brito Valente, vice-diretora e coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação infantil Castro Alves, na Boca do Rio, participar da confecção do novo material foi uma grande conquista profissional. “Faltava esse alinhamento, principalmente para a Educação Infantil. Fazemos um trabalho de excelência na nossa escola, mas faltava um suporte que validasse esse trabalho, que criasse uma unidade de rede. E o mais importante é que o projeto preserva a autonomia e respeita a prática do professor. Continuaremos buscando outros projetos para enriquecer nossa atividade, mas, agora, o Nossa Rede será sempre a nossa referência”.
Tome Nota Além dos novos livros didáticos, que começaram a ser distribuídos com o início do ano letivo de 2016, os estudantes da rede municipal também estão recebendo uma mochila recheada de material escolar, como caderno, hidrocor, caneta, lápis, lápis de cor e borracha.
Livros didáticos traziam a cultura do Sul do país A rede municipal de educação de Salvador tem passado por muitas mudanças que envolvem desde a ampliação significativa do quadro de profissionais e das unidades escolares, com instituições mais qualificadas do que muitas do sistema privado de ensino, bem como a implantação de vários projetos e programas de ensino, com o objetivo de elevar os índices e melhorar o desempenho dos estudantes. Com o Nossa Rede, um outro problema é enfrentado: a ausência de Diretrizes Curriculares Municipais na rede de Salvador, capazes de gerar uma unidade pedagógica, culminou na coexistência de práticas pedagógicas divergentes e, assim, na emergência de diferentes abordagens metodológicas nas classes de Ensino Fundamental. Para o secretário municipal da Educação, Guilherme Bellintani, a implantação do projeto Nossa Rede é um legado que ninguém vai tirar da rede municipal. “Implantar o novo projeto
Foto: Max Haack/Agecom
Cadernos do Nossa Rede pedagógico não é o fim de nada, é apenas o começo. O material não engessa o trabalho, ele abre portas para tudo. Os livros didáticos trazem a cultura do Sul e do Sudeste e os alunos não tinham interesse porque não havia um diálogo com a realidade deles. Alfabetizar crianças requer um trabalho muito específico, e o Nossa Rede reflete a cara da nossa cidade. É um legado que ninguém tira mais, porque pertence à própria comunidade”, comemorou.
Adotar o conteúdo próprio também vai possibilitar grande economia, já que o custo anual de material produzido por editoras chega a R$ 14 milhões. Com o Nossa Rede, o investimento será de R$ 6,3 milhões durante dois anos e mais os valores de impressão, estimado em R$ 3,5 milhões anuais. O processo de criação do novo material pedagógico contou com o apoio de parceiros como a Avante, Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP) e Pracatum.
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nder a escrever e fazer conta desperta o desejo de saber
Imprensa nacional destaca iniciativa
Cadernos tornam a educação mais atraente A construção de um programa que tenha a participação efetiva dos educadores da rede municipal e que de fato seja legitimado como próprio tem como premissas o reconhecimento das características territoriais, culturais, patrimoniais e pedagógicas da cidade, tomando como base as identidades culturais constitutivas desse território. Dessa forma, alunos, professores e demais profissionais de educação se sentem identificados com os materiais. Nesse sentido, é possível destacar três características dos cadernos do novo ma-
terial pedagógico: a adequação didática dos materiais às identidades educacionais e culturais de Salvador; a atenção às demandas de aprendizagem dos estudantes; e a inovação no processo de ensino, a partir de referências da legislação e de pesquisas. Outra característica a ser ressaltada é a construção colaborativa dos materiais, em que todos os profissionais da rede puderam participar. “O projeto traz para as escolas municipais uma identidade, uma diretriz pedagógica que vai possibilitar para to-
dos os alunos, independentemente da região da cidade na qual sua escola esteja localizada, as mesmas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Os conteúdos e situações didáticas estão em consonância com as Diretrizes Nacionais e com a Base Curricular comum a todo o território nacional. O diferencial está no fato de que os alunos poderão adquirir as aprendizagens de forma mais dinâmica e atraente, já que as sequências didáticas partem do estudo do cotidiano de sua própria cidade”, explica Gilmária Cunha, gerente de Currículo da Smed.
Alunos aprendem sobre números e geometria tendo como exemplo figuras que remetem ao dia a dia da cidade
Jornal Folha de S. Paulo: “O empoderamento dos educadores” A imprensa nacional destacou a iniciativa da Prefeitura e dos educadores em lançar o projeto Nossa Rede. Em matéria publicada no último dia 17, o jornal Folha de S. Paulo, um dos maiores do país, elogiou o projeto que promete transformar a educação municipal em Salvador e se tornar referência em todo o Brasil. O jornal destaca a parceria de sucesso entre a Secretaria Municipal de Educação (Smed) e o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP). Cybele Amado, presidente da enti-
dade e vencedora do Prêmio Empreendedor Social 2012, graças a trabalhos como o desenvolvido na capital baiana, afirma na matéria que o Nossa Rede representa o “empoderamento dos educadores como coparticipantes”. A matéria cita como exemplo o capítulo do caderno de Matemática que aborda o Projeto Tamar, de preservação das tartarugas marinhas no litoral baiano, em meio a números e fórmulas. Além disso, o Nossa Rede, diz o texto da Folha, se aprofunda na cultura de Salvador e do Estado, citando como exemplo a referência ao Museu Geológico da Bahia para dar uma aula de lógica com pedras diversas.
Parceria combate distorção idade-série Em cinco anos, cerca de 20 mil estudantes do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental I da rede municipal de ensino devem voltar a cursar a série escolar compatível com a idade. Essa é a proposta do Idade Certa - Programa de Regularização de Fluxo, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) e que conta com a parceria do Instituto Ayrton Senna (IAS) por meio de duas outras ações: Se Liga e Acelera.
A assinatura do convênio entre a administração municipal e o instituto foi realizada no último dia 19, em cerimônia no Hotel Fiesta, no Itaigara, pelo prefeito ACM Neto, pelo secretário municipal da Educação (Smed), Guilherme Bellintani, e pela presidente do IAS, Viviane Senna. Tendo iniciado no ano passado como ação-piloto, o programa, referência em todo o país, tem como objetivo alfabetizar
e corrigir o fluxo dos alunos com distorção idade-série matriculados do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino com garantia de aprendizagem e saltos nas séries. A ideia é garantir o sucesso do estudante através da gestão eficiente do processo educacional, tanto no âmbito da escola quanto no da Smed. Por meio do Se Liga, serão alfabetizados alunos que
não sabem ler e que estejam com distorção idade-série, matriculados do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental. No quesito material didático, o docente recebe quatro livros: Português, Matemática, Meio Ambiente e o Livro do Professor. Já os alunos recebem dois livros: Língua Portuguesa e Matemática. O acompanhamento é feito considerando alguns aspectos, como capacidade de localizar informações explícitas
e promover inferências em textos longos; situar informações explícitas em textos curtos; realizar leitura de palavras e/ ou frases ou ainda não lê. Já o Acelera vai beneficiar alunos alfabetizados dos 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental para que consigam retornar ao fluxo escolar. O material didático conta com um conjunto de quatro livros subdivididos por unidades temáticas significativas para o aluno.
, S A L O C S E S NOVA
, s o t e j o r p Novos
, S E R O S S E F NOVOS PRO O T I E J O V O N E UM . R E D N E R DE AP
8 ESCOLAS CONSTRUÍDAS, 9 ESCOLAS RECONSTRUÍDAS E 153 ESCOLAS REFORMADAS
2 MIL NOVOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO 134.000 ALUNOS MATRICULADOS
NOVO MOBILIÁRIO ESCOLAR, COM MAIS DE 22 MIL CARTEIRAS
440 ESCOLAS ESPALHADAS PELA CIDADE
R$ 9 MILHÕES EM EQUIPAMENTOS PARA SALA DE AULA
KIT ESCOLAR (FARDAMENTO, TÊNIS, MATERIAL ESCOLAR)
14.139 NOVAS VAGAS
MERENDA ESCOLAR CADA VEZ MELHOR
Saiba mais no site: educacao.salvador.ba.gov.br.
COM A NOVA REDE MUNICIPAL DE ENSINO, A PREFEITURA DE SALVADOR ESTÁ LEVANDO EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODO MUNDO.
PRIMEIRO PASSO: 31 NOVAS CRECHES E PRÉ-ESCOLAS NOSSA REDE: NOVO PROJETO PEDAGÓGICO CONSTRUÍDO COM A PARTICIPAÇÃO DAS ESCOLAS E PROFESSORES, UNIFICANDO O ENSINO EM TODAS AS UNIDADES NOVO PLANO DE CARREIRA E REMUNERAÇÃO PARA O PROFESSOR, INCLUINDO 1/3 DA CARGA HORÁRIA PARA PLANEJAMENTO E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
PROGRAMA AGENTE DA EDUCAÇÃO: PROFISSIONAIS APROXIMANDO A ESCOLA DAS FAMÍLIAS E DA COMUNIDADE PROGRAMA COMBINADO, COM 112 AÇÕES EM SEIS ÁREAS PARA MELHORAR A REDE MUNICIPAL DE ENSINO PROJETO SIMPLIFICA, QUE REPASSA R$ 1.000 POR ESCOLA E R$ 25 POR ALUNO PARA GASTOS RÁPIDOS E EMERGÊNCIAS
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Tecnologia que vai aos alunos Laboratórios móveis contam com tablets para cada estudante e programas que estimulam a aprendizagem Foto: Jefferson Peixoto/Agecom
Uma solução moderna e prática para driblar a falta de espaço e de estrutura de algumas escolas da rede municipal de ensino foi a implantação de laboratórios móveis de informática. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) já implantou 66 equipamentos do tipo e a previsão é que até o final do ano estejam funcionando outras 34 estruturas, totalizando 100 laboratórios. Cada um é composto de um carrinho, um servidor de conteúdo pedagógico, um notebook para o professor, 39 tablets para os alunos e três softwares pedagógicos com conteúdos de português e matemática. Por meio do notebook, o professor acompanha e monitora todas as atividades de sua aula. Mais do que apresentar conteúdo e avaliações, a plataforma que apoia o aprendizado identifica as habilidades e dificuldades de cada estudante e traça caminhos de aprendizagem de maneira individualizada. O aplicativo identifica se o aluno pode ou não seguir para o próximo assunto. Para aquele com mais dificuldades, a plataforma apresenta novas
Alunos aprendem com conteúdo interativo e lúdico com tablets fornecidos pela Prefeitura
atividades e conteúdos multimídia, como vídeos, textos, links. Assim, o aplicativo auxilia o aluno na reconstrução de conceitos importantes: só após a compreensão completa do conteúdo ele pode avançar. O aplicativo permite que o aluno verifique as atividades agendadas pelo professor. Para o docente, apresenta um sistema de gerenciamento que
permite criar e atribuir atividades de produção textual aos estudantes; anexar conteúdos, como imagens, vídeos, links e textos; corrigir e comentar os textos recebidos; e avaliá-los por meio de uma matriz de avaliação automática que sugere uma nota como conceito final. A implantação dos laboratórios móveis visa oferecer um ambiente colaborativo, interativo
e lúdico. Os espaços também estão sendo utilizados para realização de avaliações, como o Prova Salvador. “Para mim foi muito mais fácil fazer a prova no tablet. Todo adolescente sabe mexer nesses aparelhos, a aula fica muito mais divertida e o tempo passa mais rápido”, declara Breno Silva de Lima, 13 anos, aluno do 8º ano da Escola Municipal Teodoro Sampaio (Santa Cruz).
Economia, agilidade e personalização Para Antônio Borges, gestor de Tecnologia da Smed, a grande vantagem do laboratório móvel é a mobilidade. “Os alunos não precisam sair da sala de aula para ir até os computadores. Agora é a tecnologia de ensino que vai até o aluno e todos podem usar, uma vez que há um tablet para cada aluno”. Outros pontos positivos destacados por Borges são a gestão da sala de aula, já que professor pode acompanhar o uso dos tablets através do seu notebook e interagir com o aluno, e a sustentabilidade e economia, já que a implantação é mais barata que a tradicional e os laboratórios móveis consomem apenas um quarto da energia de laboratórios tradicionais. Destaque também para usabilidade e atratividade. A rapidez no acesso aos conteúdos que são acessados off-line, permitem uma melhor resposta aos comandos aplicados no software, e a personalização do conteúdo pedagógico. O software permite ao professor ter informações individualizadas, possibilitando que ele possa direcionar o conteúdo para aquele aluno que está com dificuldade em determinado assunto, permitindo trabalhar as dificuldades com muito mais eficiência.
CARREIRA
Professores ganham novos estímulos A função de um professor vai muito além de transmitir fórmulas e conceitos. Estar à frente de uma sala de aula é contribuir para a formação dos cidadãos do futuro. Por isso, valorizar e oferecer boas condições de trabalho para esses profissionais é de fundamental importância para todo o processo educacional. Em novembro de 2014, o prefeito ACM Neto sancionou o novo Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos da Educação (PCCV). Aguardado há quase duas décadas pela categoria, o plano beneficia cerca de oito mil servidores, entre professores, coordenadores pedagógicos e demais cargos. O profissional do magistério da Prefeitura tem atualmente uma das melhores remunerações do Brasil. A remuneração média para os professores de 40 horas da rede municipal é de R$ 5.700. Além de avanços salariais, o plano consolidou as gratificações específicas e criou
novas vantagens, incentivando o aprimoramento profissional dos servidores da área. O plano instituiu a reserva de jornada de trabalho para todos os professores, reajuste de 8,32% para docentes e coordenadores e a extensão do PCCV para todos os servidores e foram criadas gratificações. Um conquista histórica dos servidores do magistério público por meio do novo plano e que merece destaque foi a garantia de pelo menos um terço da carga de trabalho destinada às atividades de preparação de aula, avaliação da produção dos educandos, reuniões escolares, contatos com a comunidade e formação continuada e, no máximo, dois terços da jornada de interação com o estudante, sem prejuízo na remuneração em razão da reserva da jornada. Além disso, houve a ampliação da gratificação por otimização do tempo aos professores especialistas dedicados às atividades docentes em sala de aula.
Comemoração - “Acredito que a grande conquista que o plano traz para o profissional da educação, principalmente para o professor, é a reserva de hora, que é destinada para planejamento e estudo. Isso significa que a rede terá professores mais qualificados e que vão desempenhar seu papel de uma forma melhor e isso beneficia também o aluno, a rede como um todo. Essa reserva já existia para os professores do Ensino Fundamental II e com o plano ela foi estendida para
os que atuam na Educação Infantil e Ensino Fundamental I, que passaram a ter o direito ao descanso de voz e ao momento de planejamento e pesquisa”, comemora Consuelo Almeida, gestora do Centro Municipal de Educação Infantil Pio Bittencourt, na Federação. A gestora também falou sobre os benefícios financeiros do novo PCCV. “A partir do plano de carreira, passou a ter 10% em cima da gratificação para incentivar o desenvolvimento Foto: Max Haack/Agecom
da gestão na escola”, destaca. Além da reserva de jornada para estudo e planejamento e as gratificações de incentivo à gestão e à coordenação, o PCCV prevê ampliação da gratificação por otimização de 30% aos professores que atuam da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental; 30% aos que estão em atuação no Ensino Fundamental II e aos das áreas de Artes, Língua Estrangeira e Educação Física que atuam no Ensino Fundamental I; 22,5% do vencimento aos docentes do Ensino Fundamental II e aos de Artes, Língua Estrangeira e Educação Física que trabalham no Ensino Fundamental I e II; e gratificação de 30% pelo exercício de atividades pedagógicas em unidades socioeducativas.
Além de avanços na remuneração, professores obtiveram conquistas históricas com PCCV
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Escola pública de alto padrão Requalificação da rede física garante maior procura dos pais e alunos pelas unidades de ensino da Prefeitura Foto: Bruno Concha/Agecom
A pequena Kaiane Amorim Sacramento, 10 anos, tem uma nova motivação para acordar cedo, vestir a farda e seguir animada para a Escola Municipal Padre Manuel Correia, em Mussurunga, onde estuda há cinco anos. A unidade escolar foi completamente reconstruída pela Prefeitura e não se parece em nada com a antiga estrutura. Com investimento de quase R$ 4 milhões, o novo prédio da escola, que foi construído seguindo padrões modernos de arquitetura e acessibilidade, tem 14 salas de aula, de professores, de informática, diretoria, secretaria, sanitários para alunos e professores, pátio coberto, depósito, brinquedoteca, quadra, jardim e refeitório. Não deixa a desejar a nenhuma instituição de ensino privado de Salvador. “Minha escola é a mais bonita de todas do meu bairro. Tenho muito orgulho porque ela é colorida, arrumada, as salas (de aula) são lindas e agora tenho mais vontade de estudar. Antes, era um lugar feio, quando chovia molhava e tinha dias que não tinha aula e a gente ficava em casa. Nem parece o mesmo lugar”, diz Kaiane, aluna do 5o ano da escola. “Era uma situação muito constrangedora. Os alunos ficavam vários dias
Padrões modernos de construção Dona Jailda leva com orgulho os dois netos para a nova Escola Municipal Padre Manuel Nogueira sem aula e a gente se preocupava com o futuro deles. Como podiam aprender daquele jeito? Agora estamos felizes”, completa Leonardo Sacramento, pai da estudante. A felicidade de Kaiane é sentida também pelos outros 465 alunos da escola, que atende estudantes da educação infantil e Ensino Fundamental I, e por seus familiares. Como é o caso da vovó Jailda Trigueiros Santana, 63 anos, que acompanha os dois netos, Emily, 10, e Claudio Júnior, 9. “Eu não gosto nem de lembrar como era a escola. Quatro netos meus foram alunos e a situação era muito preocupante. Quando chovia, alagava. Uma vez, uma árvore caiu e quase atingiu o prédio. O chão era rachado e os meninos
já chegaram a ficar quase dois meses sem aula. A situação era muito precária”, lembra. Apesar de acompanhar todo o processo de reconstrução, Jailda diz que ficou muito surpresa com o resultado. “Teve uma reunião aqui e recebemos o papel de como ia ficar a escola, mas eu não acreditei quando a construção começou a subir. Quando inaugurou, então, foi muita alegria. Está melhor agora do que as particulares da região. A equipe sempre foi muito boa, mas não tinha como trabalhar naquela situação precária. Agora, tenho certeza de que meus netos estão tendo acesso a uma educação completa e todos estão felizes. E isso é o que eu desejo para todas as crianças”.
Merenda de primeira Você sabia que Salvador tem a melhor merenda escolar do Nordeste e está entre as mais nutritivas do país? A constatação partiu de concurso realizado pelo Ministério da Educação (MEC), envolvendo 1,4 mil receitas desenvolvidas por escolas de todo o país. O MEC avaliou aparência, sabor e ingredientes utilizados nas receitas. Além da capital baiana, foram escolhidos ainda pratos produzidos no Paraná, em Goiás, no Espírito Santo e no Pará.
Os três colégios nordestinos pré-selecionados pelo MEC para a disputa foram de Salvador: as escolas municipais Nossa Senhora das Candeias, em Ilha de Maré (que ficou entre as cinco primeiras do país), Batista de São Caetano e Francisco Leite, em Cajazeiras. De acordo com Normando Motta, coordenador de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação (Smed), a merenda das escolas Foto: Jefferson Peixoto/Agecom
municipais é preparada com o objetivo de atender aos princípios da segurança alimentar nutricional. A preocupação vem desde o processo licitatório, solicitando da empresa laudo de análise físico-química e documentação das amostras em órgãos competentes e chegam até a capacitações teóricas e práticas dos merendeiros, conforme a lei do Programa Nacional de Alimentação Escolar. “Além de o cardápio ser ofertado de acordo com os alimentos disponíveis, os merendeiros têm a liberdade para usar a criatividade no desenvolvimento de novas receitas. Essas receitas são informadas para a nutricionista e passam a fazer parte de um livro criado pelo Setor de Alimentação Escolar e é disponibilizado para as merendeiras de toda a rede”.
Ministério da Educação destaca qualidade da merenda
Em três anos, 17 escolas municipais foram construídas ou reconstruídas e outras 150 passaram por reformas, totalizando 14 mil novas vagas. Cerca de 22 mil carteiras novas foram adquiridas. Além disso, até o final deste ano, 20% das salas serão climatizadas com ar-condicionado e mais de 22 mil carteiras adquiridas. Até o final de 2016, serão implantadas ainda 40 creches, sendo 31 construídas e nove alugadas. Dessas creches, cinco aluguéis já foram firmados e 13 construções iniciadas (veja mais na página 8).
perante as demais aqui da região, inclusive as particulares. Nossos alunos estão satisfeitos e estamos mais tranquilos para realizar o nosso trabalho sem ter preocupação com a chuva, com o calor e com a falta de estrutura. Agora, podemos realizar campeonatos, festival de talentos e estamos montando uma orquestra, atividades que seriam impossíveis de serem realizadas com a estrutura antiga”, comemora. A unidade escolar atende a 599 alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Elevadores, salas de música, reservatório de águas pluviais e sanitários para pessoas com necessidades especiais são algumas características que se destacam nas novas construções. As novas escolas são construídas seguindo padrões modernos de arquitetura e acessibilidade superiores até a algumas escolas da rede particular, como é o caso da Municipal São Gonçalo do Retiro. De acordo com o diretor da unidade escolar, Leandro Gileno Nascimento, a procura por matrícula cresceu 50% após a inauguração do novo prédio.
Em menos de seis meses, a Prefeitura inaugurou duas escolas na comunidade de Nova Constituinte, em Periperi. O Centro Municipal de Educação Infantil Hélio Viana atende a cerca de 150 alunos de 0 a 5 anos em tempo integral e foi entregue à população em agosto de 2015. Já a Escola Municipal Professor William Marques de Araújo Góes foi entregue no dia 18 de fevereiro deste ano e tem capacidade para atender a 300 alunos também em tempo integral.
“Este ano, recebemos muitos alunos da rede particular. O alto padrão de estrutura, aliado ao trabalho que desenvolvemos, faz com que a escola se destaque
Escola municipal em São Gonçalo do Retiro é uma das 17 que foram construídas ou reconstruídas pela atual gestão Foto: divulgação/Agecom
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Dobro de vagas para as crianças Prefeitura assegura R$ 100 milhões para ampliar o número de matrículas na educação infantil em Salvador Foto: Jefferson Peixoto/Agecom
A falta de vagas na educação infantil é uma questão histórica e um dos maiores problemas educacionais de todo o país. O cenário em Salvador não é diferente: em 80 anos, foram criadas apenas 20 mil vagas para crianças de 0 a 5 anos na capital baiana. A realização do direito à educação infantil (creches e pré-escolas), tal como garantido na Constituição Federal, é um desafio educacional permanente que está sendo enfrentando pela Prefeitura na atual gestão. Com o objetivo de gerar em dois anos o mesmo número de vagas criadas em 80 anos e assegurar o ingresso das crianças na vida escolar desde a primeira infância, a Secretaria Municipal da Educação
Novas creches vão suprir deficit de vagas na rede municipal e irão se somar aos Centros Municipais de Educação Infantil
Foto: Jefferson Peixoto/Agecom
foi a primeira a ter a construção iniciada, em outubro de 2015, e será concluída em apenas seis meses, metade do tempo previsto.
Tubarão vai receber a primeira creche construída pela Prefeitura em parceria com os shoppings da cidade (Smed) implantou um plano de ampliação de vagas. Até o final de 2016, a Prefeitura vai assegurar mais de R$ 100 milhões para a construção de 31 creches, dentro do programa Primeiro Passo. As obras das 13 primeiras já foram iniciadas e o investimento é o maior já feito pelo município na educação infantil em toda a história da
capital baiana, mesmo sem o apoio dos governos estadual ou federal. Das mais de 20 mil novas vagas, 25% estarão concentradas no Subúrbio Ferroviário, onde está localizada a Creche e Pré-Escola Primeiro Passo de Tubarão, que deve ser inaugurada já no mês de abril. A unidade
Somente as novas 31 creches e pré-escolas do programa vão disponibilizar cerca de 13 mil vagas para educação infantil. Somadas a outros 50 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) que serão ampliados, a rede municipal de ensino terá 20 mil novas vagas para o segmento até o final de 2016, dobrando, em dois anos, a oferta de vagas para crianças de 0 a 5 anos nas unidades de ensino municipais. Além da unidade de ensino de Tubarão, já foram iniciadas as obras das creches em Periperi, Mata Escura, Sussuarana, Cajazeiras VIII e Cajazeiras X, São
Cristóvão, Cassange e Bosque das Bromélias, Vila Mar, São Marcos e Ilha Amarela. As novas creches terão capacidade para atender 405 alunos de 0 a 5 anos cada. Todas vão possuir o mesmo padrão de qualidade, superando muitas escolas
privadas, como tem sido uma tônica na requalificação física e de infraestrutura de toda a rede. Elas têm 783m² de área construída, dez salas de aula, brinquedoteca e biblioteca, refeitório, área de lazer e acessibilidade, dentre outros itens.
As creches e pré-escolas do programa Primeiro Passo fazem parte do Programa Combinado, que consiste em um conjunto de 112 ações para melhorar a qualidade de ensino na rede municipal, com investimentos que irão chegar a R$ 500 milhões na construção e reforma de escolas e melhorias na qualidade da educação. Além disso, essas novas unidades fazem parte de uma parceria entre a Prefeitura e os shoppings da capital baiana, que só receberam a permissão para cobrar estacionamento após esgotados todos os recursos impetrados pelo município no Judiciário e com a garantia de que os estabelecimentos destinassem recursos para a ampliação do número de vagas na Educação Infantil pública e gratuita.
Tome Nota
Recursos próprios do município O plano de ampliação das vagas da educação infantil está sendo executado com recursos do município, com criatividade e versatilidade, buscando ainda parceiros na iniciativa privada e o apoio de entidades ligadas à educação. Se tivesse o apoio do governo federal, ao invés de 31, Salvador teria 80 novas creches até o final de 2016. A Prefeitura identificou 80 terrenos para construção de creches em Salvador. Os projetos foram cadastrados, catalogados e aprovados
pelo Ministério da Educação (MEC), mas não saíram do papel. “O problema é que os gestores públicos estão acostumados a dar desculpas. Mas o nosso trabalho é diferente, nossa revolução é do fazer e não do dizer. Não vamos deixar de construir creches porque não temos terrenos de dois mil metros. Nós fazemos no terreno que temos. Por isso, para nosso orgulho, nosso projeto arquitetônico, que é mais barato e que cabe em cada
canto da cidade, está sendo copiado pelo Ministério da Educação para as próximas licitações”, diz o secretário municipal da Educação, Guilherme Bellintani. As diretrizes federais para a construção de novas creches têm custo de R$ 23 mil por vaga e a dimensão das estruturas não é compatível com os terrenos existentes na capital baiana. Os projetos municipais custarão R$ 5,5 mil por vaga. Bellintani reforça que o projeto de
Salvador permite que as creches sejam construídas em terrenos de qualquer tipo e tamanho. “Tem lugares que a gente nunca imaginava que seria possível construir uma creche e a gente vai lá e constrói. Quero terminar 2016 com a construção das 31 creches e com a esperança de que venham recursos federais e, sobretudo, que a cidade consiga superar o grande desafio que é a educação infantil. A gente está fazendo a nossa parte”, salienta.