Um País Chamado Bahia

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Diversidade e transformação cultural As novas políticas de cultura estimulam diversas modalidades, a participação popular e a interiorização

Cultura salvador, domingo | 25 de maio de 2014

PROJETOS ESPECIAIS

Projeto Novo TCA inicia obras na Concha Acústica

Patrimônio histórico cultural do Centro Antigo é recuperado

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CORREIO Salvador, domingo, 25 de maio 2014

cultura

Cultura chega aos quatro cantos do território baiano Lica Ornelas

Incentivo à leitura Programas voltados para o incentivo à leitura são desenvolvidos nos territórios baianos através da Fundação Pedro Calmon. Para isso, foram premiados 260 Pontos de Leitura, com o valor de R$ 20 mil cada. Também foram selecionados, premiados e capacitados 324 agentes de leitura, com bolsas de R$ 250 mensais durante um ano. Ainda foram abertos 40 Espaços de Leitura em 15 unidades prisionais e 25 em equipamentos sociais e culturais.

Fazer as políticas culturais chegarem ao interior e à periferia de Salvador. Este é o objetivo das ações de territorialização da cultura, implementadas desde 2007. Com diálogo e participação popular, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) implantou diversos programas, visando uma atuação em todos os territórios de identidade da Bahia. Vários deles estão sendo realizados em articulação com o Ministério da Cultura (MinC). Entre os programas de destaque está o Cultura Viva, cujo investimento é da ordem de R$ 27,1 milhões, com recursos do Estado e da União. Ele compreende 220 Pontos de Cultura, sendo 150 conveniados com Estado e 70 relacionados diretamente com o Ministério da Cultura. Este ano foi lançado um novo edital do programa, que possibilitou a implementação de mais 128 pontos, com um investimento de mais R$ 27 milhões. “Assim, este ano, passamos a ter 347 pontos de cultura em toda Bahia”, afirmou o diretor de Territorialização da Cultura, Sandro Magalhães. A proposta visa a instrumentalização de comunidades, que se tornam responsáveis por articular e impulsionar ações culturais já existentes. Após uma seleção, realizada por meio de edital, cada instituição (Ponto de

Cultura) recebe R$ 60 mil anuais, por três anos, para realização de ações que envolvem arte, economia solidária, movimentos culturais, cidadania e educação. Desta forma, os pontos são estimulados a formular propostas voltadas à produção, formação cultural e geração de renda por meio da cultura. O programa ainda abrange encontros estaduais e nacionais, denominados Teias, a rede de pontos de cultura da Bahia e a comissão estadual de pontos de cultura, que se reúne periodicamente com a SecultBA para tratar do programa. Centros culturais Os 17 centros e espaços culturais, localizados na capital e no interior, também passaram a assumir papel destacado no processo de territorialização, gerando produção e difusão culturais. Hoje, mais de 300 mil pessoas por ano frequentam as salas. “Além disso, temos o Edital de Dinamização de Espaços Culturais, que possibilita a injeção de R$ 1,5 milhão por ano no desenvolvimento de atividades em diversos espaços por todo o estado”, informa Magalhães. O diretor destacou ainda o lançamento do Edital Territórios Culturais, cujo objetivo é apoiar propostas de cooperação e intercâmbio culturais entre os municípios de um mesmo território de identidade. Com orçamento

de R$ 2 milhões anuais, ele direciona recursos para feiras, encontros, festivais e circulação cultural em espaços culturais, além de produtos digitais, publicações, ações de formação, produtos audiovisuais, espetáculos artísticos e outras proposições. Sandro Magalhães destacou ainda a implantação de Sistemas Municipais de Cultura nas cidades do interior e de sua adesão ao Sistema Estadual, através dos Representantes Territoriais de Cultura (RTCs). Para dar voz a quem pensa e faz a cultura nos quatro cantos da Bahia, foram realizadasas conferências de cultura territoriais, setoriais e estaduais, além de instituído o Fórum de Dirigentes Municipais de Cultura. De 2007 a 2013, mais de 162 mil pessoas participaram das conferências na Bahia. Somente no ano passado, 358 municípios foram envolvidos. Lica Ornelas

Tiago Lima

A Bahia passa a ter 347 pontos de cultura espalhados pelos 27 territórios

Bibliotecas A Fundação tem ainda fomentado a modernização e estruturação de bibliotecas municipais, estaduais e co-

munitárias, fornecendo equipamentos, consultorias e acervo bibliográfico. Foram adquiridos mais de 332 mil livros, em um investimento de R$ 25 milhões. Foi criada a Biblioteca Virtual 2 de Julho (www.bv2dejulho.ba.gov.br), composta por materiais sobre a história da Bahia. Já a Biblioteca de Extensão (BIBEX), com sua unidade móvel, percorre bairros de Salvador e cidades do interior. A Fundação Pedro Calmon apoiou cem bibliotecas públicas municipais com kits de 1.300 livros, mobiliário e qualificação técnica através de cursos. Além disto, 23 bibliotecas comunitárias foram premiadas com R$ 50 mil cada uma.

Estado tem fomentado a modernização de bibliotecas

Próximo da realidade Com o objetivo de conhecer a realidade das regiões do estado e adequar ações públicas nas localidades, dirigentes dos principais órgãos de cultura do Estado têm participado dos projetos Caravanas Culturais e Funceb Itinerante. As Caravanas já passaram por dezenas de municípios do Sul e Oeste. A próxima começa hoje e segue até o dia 30 no sertão baiano, e visitará três territórios do Sisal, Semiárido Nordeste II e Sertão do São Francisco. “Aproximamos ainda mais a população da política de cultura que vem sendo aplicada no estado baseada nas diretrizes da Secult, como a construção de uma cultura cidadã, aprofundamento da territorialização da cultura e alargamento das transversalidades da cultura, além de identificar os agentes

de cultura e as produções artístico-culturais expressivas de cada território”, diz a superintendente de Desenvolvimento Territorial da Cultura da SecultBA, Taiane Fernandes. Dirigentes da Fundação Cultural do Estado da Bahia percorreram todos os 27 territórios. A diretriz de territorialização orienta a execução de diversos projetos da Fundação, questão evidente no FUNCEB Itinerante, que reúne os dirigentes da FUNCEB para ter contato com as diferentes realidades da Bahia, e também no Calendário das Artes, edital fundamentado na concorrência por macroterritórios. Há também o Programa de Qualificação em Artes no Interior da Bahia, que oferece cursos para os profissionais da cultura que estão fora da capital.

Expediente

Analista Responsável Projetos Especiais: Vanessa Santos Tel.: 71 3203 1090 Analista de Comunicação: Marina Xavier Tel.: 71 3203 1870 Comercial: Luciana Gomes Tel.: 71 3203 1357 Produção:

Tel.: 71 3342 4440


cultura

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Obras na Concha Acústica dão início ao Projeto Novo TCA O Projeto Novo TCA – Teatro Castro Alves - já está em execução pelo Governo do Estado, com investimento total estimado de R$ 110 milhões. As obras visam transformá-lo em um dos maiores e mais completos complexos culturais do país. São duas etapas, e a primeira delas foi iniciada em dezembro passado, visando a requalificação da Concha Acústica e também a construção de estacionamento e Casa de Máquinas. Com orçamento estimado de R$ 66 milhões, através de recursos dos governos estadual e federal, a primeira fase contempla serviços que buscarão garantir mais conforto para os usuários da Concha Acústica, cuja identidade arquitetônica será mantida. A ideia é melhorar a infraestrutura e modernizar o ambiente. Inclui nova estrutura de camarotes, equipamentos, novos camarins e acessos. A garagem em construção contará com 300 vagas para estacionamento. Já a Casa de Máquinas, proporcionará mais segurança e melhor infraestrutura para a central elétrica, sistemas de ar condicionado e gás natural, entre outras instalações. “A expectativa é que esta primeira etapa esteja pronta antes do próximo

Reformas e restaurações Através do Programa Monumenta, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), da Secretaria de Cultura, realiza obras de requalificação, como a restauração de prédios históricos e monumentos. Abaixo, alguns exemplos de reformas realizadas. Divulgação/Ipac

A primeira fase contempla a modernização da Concha Acústica e estacionamento verão”, afirmou o diretor do TCA, Moacyr Gramacho. Sala principal Já a segunda etapa contempla a requalificação acústica e técnica da Sala Principal e dos espaços a ela anexos, como foyer, terraço, restaurante e bilheterias. A Sala do Coro e seus acessos também serão requalificados e será criado um novo espaço para abrigar a Sala Sinfônica e ainda o Centro de Referência em

Engenharia do Espetáculo. “A nova Sala Sinfônica terá 600 lugares e contará com uma qualidade acústica de padrão internacional”, afirmou Gramacho, destacando ainda que a criação das novas áreas reforçará a ideia de complexo, por onde passam cerca de mil pessoas diariamente, sendo que 350 são funcionários. “Como bem disse Gilberto Gil, em recente visita, o TCA é uma comunidade”, citou. De acordo com o diretor

do TCA, o projeto resultou de um concurso público nacional realizado nos anos 2009 e 2010, vencido pelo Estúdio América, de São Paulo. Moacyr Gramacho lembrou que o TCA conta com uma vida cultural intensa, e a obra de requalificação e ampliação está acontecendo “no coração do teatro”, sem que seja necessário fechar as portas e parar as atividades. A programação artística seguirá ao longo de 2014.

Igreja de Piatã Milena Rocha/Secult

Painéis e murais da Escola Parque

Solar do Unhão em reforma

Ubiratan Castro

Raul Gollineli/Secom

O conjunto arquitetônico abriga o MAM O Solar do Unhão, que abriga o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), passa por sua mais importante reforma desde a sua inauguração, na década de 1960. O conjunto arquitetô-

nico, localizados às margens da Bahia de Todos os Santos, receberá investimentos de cerca de R$ 16 milhões, na obra que prevê reparos, melhores equipamentos e reestruturações

espaciais para receber exposições e abrigar seu rico acervo de cerca de 1,2 mil peças. De acordo com o diretor de Projetos e Obras do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Paulo Canuto, a primeira etapa será entregue nos próximos dias e contempla a capela e o espaço do casarão. “Estamos executando os serviços em etapas, e a próxima delas será o galpão”, afirmou. Canuto explicou que, além de garantir uma melhor infraestrutura, com a reforma e criação de novos espaços, a obra possibilitará a adequação às novas tecnologias e normas mais atuais de funcionamento dos museus. A ideia é que a reformulação proporcionará ao

museu se tornar um aparelho cultural altamente equipado e capacitado para atender a produção e montagem de exposições artísticas, sem deixar de lado a preservação do Solar do Unhão, construção do século XVII tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Museu, instalado neste local em 1966, é considerado o principal espaço para a arte contemporânea do estado e está entre os mais importantes do circuito internacional, nacional e local das artes, com obras produzidas por artistas de diferentes gerações do Modernismo brasileiro e baiano, como Tarsila do Amaral, Carybé, Djanira, Pancetti e Rubem Valentim.

Memorial da Boa Morte, em Cachoeira Haroldo Abrantes/Secom

Palácio Episcopal e Catedral de Barra




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cultura

Formação no setor é oferecida em diferentes áreas da arte Luis Molina/Secult

A formação na área de cultura tem sido uma demanda constante da comunidade cultural. Além de cursos de qualificação nas mais diferentes áreas, as universidades e institutos de educação públicos foram estimulados a criar cursos de graduação, pós-graduação e extensão em cultura. A SecultBA também lançou publicações para apoiar didaticamente as atividades de formação, a exemplo da Coleção Cultura é o Quê e da Coleção Política e Gestão Culturais. Mais de 12 mil pessoas participaram de cursos e treinamentos oferecidos em mais de 220 cidades baianas, somente no ano de 2013. “A formação em cultura é uma das prioridades da Secretaria porque respeitamos os resultados das conferências que fazemos. Nelas, as comunidades culturais têm sempre reivindicado mais formação. Nesta perspectiva, a Secretaria criou o Programa e a Rede de Formação em Cultura, editais específicos para fomentar esta área, o Centro de Formação em Artes, tem realizado intensa atividade formativa em toda Bahia, além de estimular as universidades a criarem cursos de graduação

Somente a Escola de Dança atende a mais de 1,6 mil pessoas e pós-graduação em cultura”, afirmou o secretário estadual de Cultura, Albino Rubim. CFA O Centro de Formação em Artes foi criado em 2011, e desenvolve cursos de várias modalidades em artes na capital e no interior. Entre os principais projetos realizados está o Programa de Qualificação em Artes no Interior da Bahia, que promove cursos de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro em diversas cidades de diferentes territórios da Bahia. Os cursos são gratuitos e acontecem em espaços culturais com duração média de

60 horas. “Qualificamos profissionais da cultura, ampliando seu pensamento, apresentando novos processos de criação, novos fundamentos e técnicas”, afirmou a diretora do CFA, Beth Rangel. Ela lembra que mesmo realizado em determinados municípios, ele atinge o público de todos os municípios do determinado território. Por ano, são atendidos cerca de 500 trabalhadores na área. Em Salvador, o CFA desenvolve o Programa de Qualificação em Música, que tem apresentado grande procura. Mais longos, os cursos têm carga de 240h. “É um programa de atualização, que proporciona conhecimentos

contemporâneos. É um espaço para reciclagem dos artistas”, afirmou Beth Rangel. A Escola de Dança, que completa 30 anos, também faz parte e inspirou a criação do Centro de Formação em Artes. Com sede no Centro Histórico, atende a mais de 1,6 mil pessoas por ano, com cursos de iniciação, para crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, e curso de educação profissional em dança, com carga horária de cerca de 1.900h, além de ações de qualificação de bailarinos. A diretora do CFA lembra ainda dos cursos livres noturnos, como dança de salão, dança afro, entre outros. Pronatec O Centro é executor, junto à Secretaria de Educação, do Programa Nacional de Ensino Técnico. No último semestre, foram oferecidos sete cursos, com carga horária de 280h, nas áreas de iluminação, costura cênica, produção cultural, agente de cultura, fotografia, assessor de coreografia e brincadeira de rua. A execução foi realizada em parceria com o Centro Técnico do Teatro Castro Alves. Para estimular a capacitação no setor, também foi criada a Rede Estadual de Formação e

Qualificação em Cultura, que reúne secretarias, universidades, institutos federais, sistema S, ONGs e Ministério da Cultura, visando ampliar a oferta de cursos em cultura na Bahia. Destaca-se o recém-criado Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Bahia Criativa Para potencializar o empreendedorismo e competências criativas voltados para pessoas que atuam na cadeia produtiva da cultura, foi criada a Incubadora Bahia Criativa, inaugurada este mês após investimento de R$ 1,5 milhão da SecultBA e Ministério da Cultura. As ações devem atingir cerca de dez mil pessoas nos 27 territórios de identidade do estado no período de um ano. No Forte do Barbalho – Forte de Serviços Criativos, serão oferecidas capacitações, cursos e consultorias sobre gestão em cultura.

Diálogos interculturais ampliados Ampliar os diálogos interculturais tem sido uma das prioridades da Secretaria Estadual de Cultura. Muitos são os sotaques que configuram a diversidade da cultura baiana, a exemplo dos sertões, do afro-brasileiro, dos povos originários, entre diversas outras. O objetivo é superar a monocultura e imaginar a baianidade como complexa e composta de múltiplos repertórios. “Na contramão da visão de que a cultura da Bahia é uma monocultura, entendemos que a cultura baiana é complexa, diversa. Ela conjuga culturas negras, culturas dos sertões, culturas indígenas e muitas outras vertentes culturais. Esta mestiçagem constitui o que chamamos de cultura baiana. Como toda cultura viva, a cultura baiana é sempre troca, diálogos interculturais, inclusive com as culturas brasileiras e internacionais”, afirmou o secretário estadual de Cultura, Albino Rubim. Diversos projetos desenvolvidos pela SecultBA buscam estabelecer ou ampliar estes diálogos interculturais entre os fluxos culturais estaduais, nacionais e internacionais, em especial latino-americanas e africanas.

Celebrações das Culturas dos Sertões e os Encontros das Culturas Negras Eles foram realizados em 2012 e 2013. São projetos que buscam expressar e dar visibilidade às culturas dos sertões e às culturas negras, repertórios fundamentais da cultura baiana.

Coletânea literária Autores Baianos: Um Panorama A primeira edição foi lançada em 2013. A publicação reuniu trechos de obras de 18 escritores baianos selecionados, com textos em português e traduzidos para alemão, espanhol e inglês. Busca difundir a literatura baiana em eventos internacionais, como a Feira do Livro de Frankfurt, a maior do mundo. Festival Nacional 5 Minutos Teve a sua 16ª edição, em 2014, maior e mais arrojada, e aconteceu durante um mês inteiro – até então era uma semana. A programação, além de Salvador, chegou também às cidades de Paulo Afonso, V. da Conquista e Cachoeira. Além das mostras de vídeo e oficinas, incluiu intervenções urbanas (videomapping) com trilha sonora.

Kit Difusão do Teatro da Bahia Lançado como um projeto-piloto, o material inédito, referente aos anos de 2011-2012, reuniu 28 montagens teatrais. Já a 2ª edição, de 2013-2014, conta com 30 espetáculos. O kit apresenta informações sobre os trabalhos, também traduzidas para o inglês e o espanhol, fotos e vídeos. O objetivo é ampliar a visibilidade nacional e internacional, além de servir como referência para ações de difusão.

Mapa Musical da Bahia O projeto, iniciado em 2012, tem objetivo de mapear, reconhecer e difundir a diversidade da música produzida no estado. Através de Chamada Pública e do cadastramento de artistas e seus trabalhos autorais, pretende-se compor um panorama dos cenários musicais existentes. Já foram mapeados 716 artistas. As obras selecionadas também têm sido apresentadas em programas da Rádio Educadora FM.

Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger É hoje um dos maiores concursos para trabalhos fotográficos do Brasil, realizado a cada dois anos. É aberto para fotógrafos brasileiros ou estrangeiros com permanência legalizada. Na 5ª edição, 2012/2013, passou a aportar R$ 120 mil, em três categorias: Livre Temática e Livre Técnica; Fotografia Documental e Trabalhos de Inovação e Experimentação na Área de Fotografia. Programa de Mobilidade Artística O objetivo é intensificar o intercâmbio cultural internacional e nacional; apoiar a participação de baianos em eventos culturais fora do estado e difundir nossa cultura. O investimento médio anual é de R$ 800 mil. Destaque para o Bahia Music Export, que tem levado músicos baianos ao exterior, participado de festivais internacionais. Humberto Carujito


cultura

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Bienal da Bahia acontece após lacuna de 46 anos Rosilda Cruz

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) realiza a 3ª Bienal da Bahia, após uma lacuna de 46 anos, referentes ao tempo decorrido desde o fechamento da 2ª Bienal de Artes Plásticas pelo regime militar. A edição acontecerá entre os dias 29 de maio e 07 de setembro de 2014, com uma programação que se estenderá por 100 dias, com exposições, ciclos de cinema, performances, atividades educativas e conversas públicas. A Bienal envolverá cerca de 150 artistas e contará com encontros e obras espalhados por Salvador e outras 20 cidades do interior baiano. “Estamos evitando um padrão já desgastado e único de ‘salão’ ou ‘feira’ de arte. Nossa intenção é provocar encontros de pessoas e trocas de experiências”, afirmou o curadorchefe e diretor geral da Bienal da Bahia 2014, Marcelo Rezende. Estão previstas performances e intervenções urbanas, visitas a ateliês de artistas, circuitos em bairros, diálogo com linguagens de teatro, dança e música, além de oficinas e cursos participativos.

A Bienal envolverá diversas formas de linguagem e contará com visitas a ateliês e oficinas Ele explicou que, em um primeiro momento, até o final da copa, a Bienal estará presente em cerca de 50 espaços diferentes. Após a copa, este número chegará a 80. Construída em torno da pergunta “É tudo Nordeste?”, a 3ª edição marca

o retorno da Bienal com a promessa de ir além de um circuito artístico baseado apenas em exposições, mas atualizando as intenções originais das primeiras edições do evento. De acordo com Rezende, ela vai se debruçar sobre a experiência

cultural e histórica nordestina a partir de uma perspectiva baiana, abrindo novos canais de diálogo com o resto do Brasil e a cena artística mundial. Um dos objetivos da Bienal é “entrar em contato com as pessoas, fazer uma Bienal viva”,

segundo explica o diretor geral. “A lógica será de encontros de oficina, em diversas formas de linguagem artística”, informou Marcelo Rezende. Por isso, na lista de participantes não estão necessariamente apenas artistas renomados. “A concepção é buscar a experiência de cada um, das pessoas que vivem nessa terra, trocando com pessoas de outras partes do mundo e do Brasil”, completou. A Bienal da Bahia está sendo desenvolvida por um grupo de curadores de diferentes partes do Brasil e com experiência em grandes eventos nacionais e internacionais. Além de Marcelo Rezende, que é escritor, crítico e diretor do MAM-BA, formam o conselho curatorial Ayrson Heráclito (artista visual e professor) e Ana Pato (pesquisadora e ex-diretora executiva da Associação Cultural Videobrasil). A equipe se complementa com a presença de Fernando Oliva (crítico e pesquisador) e Alejandra Muñoz (professora e pesquisadora), curadores adjuntos. Mais informações no site www.bienaldabahia.com

Incentivo à economia da cultura A cultura também é uma área que proporciona desenvolvimento econômico, gerando emprego, renda e crescimento para o estado. Por isso, a riqueza e a diversidade culturais da Bahia proporcionam oportunidades de norte a sul. Para isso, o financiamento, através de seleções públicas de projetos culturais, tem fomentando a economia criativa. Atualmente, existem quatro modalidades de financiamento estatal: o Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), o Calendário das Artes, o programa de incentivo cultural intitulado Fazcultura e o microcrédito cultural. Somente este ano, os projetos selecionados através dos Editais do Fundo de Cultura da Bahia receberão um investimento total de R$ 31,4 milhões. Os temas transitam em diversas áreas, como artes visuais, música, culturas

populares e identitárias, culturas digitais, dança, teatro, além da formação e qualificação. São 396 projetos, distribuídos em 21 editais, que garantem o caráter democrático da seleção. Dos selecionados, 190 são do interior. “Os editais adotam o modelo setorial ou ligado a temas transversais, como formação e territórios culturais. O modelo permite maior liberdade de proposição, simplificação no formato de apresentação de propostas e seleção por profissionais da Bahia e outros estados de reconhecida atuação em seu campo”, explicou o superintendente de promoção cultural da SecultBA, Carlos Paiva. Este ano, as novidades foram a possibilidade de um edital simplificado para as Culturas Populares e um edital específico para Grupos e Coletivos. No total, serão in-

O fundo financia projetos como o Circuito da Dança vestidos, em 2014, R$ 41 milhões no FCBA, entre Editais Setoriais, Mobilidade Artística e Cultural, Eventos Calendarizados e Instituições Culturais. Calendário das Artes Um outro edital importante no fomento à cultura é o Calendário das Artes. Tratase de um mecanismo de incentivo a projetos artísticos de pequeno porte na Bahia, com o objetivo de estimular o desenvolvimento das artes com a concessão de prêmios de até R$ 13 mil para propostas de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música, Teatro e Artes Integradas.

Segundo o coordenador do edital, Rodrigo Figueiredo, a primeira chamada de 2014 já foi realizada, e a lista dos selecionados será divulgada esta semana. Serão mais 49 projetos apoiados, com recursos da ordem de R$637 mil. “São priorizadas as propostas oriundas ou realizadas em benefício de populações com menor acesso a produtos culturais e que privilegiam a diversidade cultural”, afirmou Figueiredo. Contando estes novos números, em cinco chamadas, desde 2012, terão sido disponibilizados mais de R$ 3 milhões para a execução de 233 projetos, em mais de 100 municípios.

Fundo de Cultura

Ascom/Secult

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

10,5 16,1 20,0 22,1 24,1 30,7 31,4 * em milhões


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cultura

Recuperação do patrimônio histórico cultural da Bahia Raul Gollineli/Secom

Diversas intervenções do Governo do Estado vêm garantindo a recuperação do patrimônio histórico cultural do Centro Antigo de Salvador. O trabalho está voltado, sobretudo, para a reforma de casarões históricos em meio a um conjunto arquitetônico formado por construções do século XVI ao XIX. Em dois anos, 756 imóveis já foram recuperados, o que corresponde a 90% do total programado para a região do Centro Histórico, que incluem, além do Santo Antônio, as ruas do Terreiro de Jesus, Cruzeiro do São Francisco e Pelourinho. As obras incluem reparo e manutenção externas e dos telhados, serviço de limpeza, pintura, iluminação cênica e requalificação de ruas. Os trabalhos seguem também a orientação de um técnico de restauração, que acompanha a limpeza, retirada de vegetação, pintura externa e reconstituição dos elementos artísticos. Na Catedral Basílica, por exemplo, além da limpeza das pedras com sabão neutro, foi utilizado o hidrojato controlado e feita a aplicação de herbicida para evitar a proliferação de eras que possam danificar o monumento. Ainda no Terreiro de Jesus, foi feito a restauração do prédio da antiga Faculdade de Medicina. No bairro do Santo Antônio Além do Carmo, as igrejas do

Já foram recuperados 756 imóveis, o que corresponde a 90% do total Boqueirão, do Passo, Ordem 1ª do Carmo e do Santo Antônio Além do Carmo tiveram a restauração de suas fachadas finalizadas. “Encontramos a igreja da Escadaria do Passo em estado precário, com fissuras nas pedras por causa da vegetação e perda de elementos de sua estrutura na parte do fundo”, lembra Beatriz Lima, destacando a importância do especialista em restauração para acompanhar os trabalhos.

Ações Os investimentos estaduais e federais direcionados aos 11 bairros que integram o Centro Antigo, desde 2008, ultrapassam R$ 1,3 bilhão (incluindo a Via Expressa e a Arena Fonte Nova), sendo que deste total, R$ 152 milhões foram aplicados em intervenções nas áreas de habitação, desenvolvimento urbano, econômico e cultural que mudaram a paisagem da região. São ações como a recuperação das Igre-

Iluminação em monumentos das construções seculares. Inicialmente, foram contempladas a Catedral Basílica, a Faculdade de Medicina, as igrejas de São Domingos, de São Pedro dos Clérigos e a de São Francisco. O Projeto envolverá 22

monumentos. Também deverão ser contemplados a Ordem Terceira de São Francisco, o prédio do Arcebispado, a Igreja do Rosário dos Pretos, Casa do Benin e Fundação Casa de Jorge Amado.

A ação destacou as belezas das construções seculares

de monumentos e igrejas, pavimentação de vias, além da produção de novas unidades habitacionais e implantação de dispositivos que garantem a acessibilidade para os portadores de necessidades especiais”, explica Beatriz Lima, diretora do Centro Antigo de Salvador (Dircas), da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur).

copa do mundo

Manu Dias/Secom

Mais uma etapa do projeto de Iluminação Cênica de Monumentos do Centro Histórico de Salvador foi concluída, contemplando as igrejas da Ordem 3ª do Carmo, de Nossa Senhora do Boqueirão, na ladeira de mesmo nome, e a de Santo Antônio Além do Carmo, no Largo do Forte de Santo Antônio. O investimento foi de R$ 1,13 milhão com recursos exclusivos do Estado, e os serviços duraram quatro meses. A execução é da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA), por meio do IPAC, com planejamento da Diretoria do Centro Antigo de Salvador (Dircas/ Conder/Sedur). A ação proporcionou mais vida às noites do Centro Histórico, destacando as belezas

jas do Rosário dos Pretos, Pilar e Boqueirão, Palácios Rio Branco e da Aclamação, a Casa das Sete Mortes, Casa Gregório de Matos, Solar do Ferrão, Museu Nacional da Cultura Afro Brasileira (Muncab), entre outras. “Estão sendo aplicados mais R$ 358 milhões em projetos, licitações e obras para execução de novas melhorias, entre elas a requalificação urbana e manutenção do Centro Histórico de Salvador, nova iluminação pública e cênica, limpeza

Turistas terão rota pelo Centro Histórico Os turistas que estiverem a caminho da Arena Fonte Nova para assistir aos jogos da Copa vão poder conhecer um pouco do patrimônio histórico cultural da Bahia. Eles terão à disposição a ‘Fan Walk’, uma rota especial para chegar ao estádio, com trajeto de um quilômetro. O percurso começa no Terminal de Passageiros, no Comércio, segue pelo Terreiro de Jesus, Cruzeiro do São Francisco, desce pela La-

deira do Pax, sobe em seguida a Ladeira do Prata, passa pela Santa Clara do Desterro e vai até a Ladeira da Fonte Nova . A iniciativa de mobilidade montada pelo Governo da Bahia busca garantir a circulação e livre acesso às áreas de pontos turísticos, de maneira rápida, segura e lúdica. Os pontos da ‘Fan Walk’ serão sinalizados para facilitar a circulação dos pedestres dos pontos do Centro Antigo ao estádio.


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