Especial Mulher

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NEGÓCIOS

FAMÍLIA

Mais de 49% dos empreendedores no Brasil são do sexo feminino

Mulheres trabalham mais e estão optando por ter menos filhos

mulher

Foto: Débora Paes/Divulgação

ESPECIAL

Empresária Edza Brasil

Salvador, 8 de março de 2013

CARREIRA

Sucesso está no equilíbrio Para as mulheres, ser bem sucedida na profissão depende do equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira. Pesquisa revela que, quando o tema é trabalho, elas são otimistas e confiantes, sobretudo quando também conquistam harmonia na vida pessoal e familiar.

SAÚDE

Prevenção é essencial para uma vida saudável

A juíza Nartir Dantas Weber é presidente da Associação dos Magistrados do Estado da Bahia

PODER

Elas ocupam posições cada vez mais altas

Foto: Diego Mascarenhas

Apesar de alguns obstáculos, lugares nas altas esferas do Poder estão sendo cada vez mais ocupados por mulheres, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário. Além de o país ser liderado hoje por uma mulher, elas também passaram a comandar ambientes até então dirigidos apenas por homens.

Vice prefeita de Salvador, Célia Sacramento

Um novo tempo de muitas conquistas


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Salvador, 8 de março de 2013

LINHA DO TEMPO

Conquistas femininas 1838 - Primeira escola exclusiva para meninas 1879 - Mulheres no Ensino Superior 1887 - Primeira brasileira a ter diploma universitário 1899 - Primeira mulher no Tribunal de Justiça 1906 - Maior organização das mulheres em sindicatos 1917 - Ingresso da mulher no serviço público 1919 - Conselho Feminino Internacional do Trabalho 1921 - Primeira partida de futebol feminino 1922 - Federação Brasileira pelo Progresso Feminino 1927 - Primeira alteração na lei para o voto feminino 1928 - Primeira disputa oficial feminina em Olimpíadas 1932 - Direito de voto às mulheres 1933 - Primeira deputada federal 1934 - Consagração dos direitos femininos

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51% No Brasil, de uma população de 195,2 milhões de habitantes, 100,5 milhões – ou 51,5% - são mulheres e 94,7 milhões são homens – 48,5% do total. Na Bahia, dos 14 milhões de habitantes, 51% são do sexo feminino e 49% são homens.

62% dos casais já têm renda proveniente do marido e da mulher. Em 2000, esse número era de 41%.

36,4% optam pelas chamadas “uniões consensuais”, ou seja, quando o casal vive junto, sem registro oficial.

31,3% é o percentual de mulheres que têm o primeiro filho a partir dos 30 anos.

1941 - Primeira mulher piloto no País 1951 - Igualdade feminina no trabalho 1960 - Auge da carreira da maior tenista brasileira 1962 - É suprimido o item do Código Civil que considerava mulher casada incapaz

53,8% A maioria dos emigrantes brasileiros são mulheres. Elas residem em 193 países diferentes.

1975 - Ações do movimento feminista 1975 - Ano Internacional da Mulher 1975 - Movimento Feminino pela Anistia (MFA) 1977 - Lei do Divórcio 1979 - Convenção mundial pelo fim da discriminação 1980 - Dia Nacional da Mulher 1982 - Primeira mulher ministra 1985 - Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher 1985 - Conselho Nacional dos Direitos da Mulher 1996 - Lei de Cotas 2000 - Presença feminina no STF 2003 - Ministério de Políticas para as Mulheres 2006 - Lei Maria da Penha 2011 - Primeira mulher na Presidência

Analista Responsável Projetos Especiais Joyce Lins Tel.: (71) 3203-1090 Analista de Comunicação Alice Ribeiro Tel.: (71) 3203-1870

Coordenação de conteúdo Laís Santos Projeto Gráfico João Soares Tel.: (71) 3342.4440

Elas já representam mais de 1/3 dos chefes de família em lares no país.

Elas querem mais Que sexo frágil nada! As mulheres do novo século estudam mais, trabalham tanto quanto os homens, cuidam da casa, dos filhos e do marido, e tudo isso sem perder a vaidade e lembrando sempre dos cuidados com a própria saúde. Em diversos casos, elas assumiram a chefia da família ou adiaram a realização do plano de casar e ter filhos, com o objetivo de crescer profissionalmente e dar mais conforto e oportunidades, no futuro, para as crianças. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres são chefes de família em 37,3% dos lares brasileiros. Há 10 anos, o percentual era de apenas 22,2%. As pesquisas também mostram que o público feminino se preocupa mais com educação, e está sempre em busca de cursos de qualificação e capacitação. Trabalhar fora de casa tornou-se realidade. Para dar vazão ao desejo de construir uma carreira profissional sólida e de sucesso, o número médio de filhos diminuiu - 1,9, contra 2,38 em 2000 - e a maternidade também acontece mais tarde: passou de 27,6% para 31,3% a taxa de mulheres que têm o primeiro filho depois dos 30 anos. A diretora de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos do Grupo Cencosud Brasil, Nadja Mattos, é uma dessas mulheres que têm feito a diferença. Para ela, o grande desafio é conciliar a vida pessoal e profissional, já que a mu-

lher precisa assumir vários papéis. E com ela não é diferente. “É preciso conseguir ser uma filha presente, uma mãe que apoia e orienta e, ao mesmo tempo, gostar de si mesma e pensar nas suas realizações sem culpa”, enumera. Em diversos momentos da sua traje-

tória, ela se viu diante de situações em que era necessário abrir mão de algo para alcançar outros objetivos. “Acho que já sacrifiquei algumas vezes a minha família em benefício da minha carreira profissional. Mas quando a família tem um valor muito grande para o profissional, como sempre foi o meu caso, é possível tomar decisões compartilhadas”, ressalta. Desafios ainda são muitos

“É preciso ser uma filha presente, uma mãe que orienta e gostar de si” Nadja Mattos Diretora de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos do Cencosud Brasil

A autonomia das mulheres e a igualdade de gênero são objetivos definidos pela Declaração do Milênio, adotada pelos 191 países membros das Nações Unidas para melhorar a vida de todos até 2015. Essas conquistas seriam formas de combater a pobreza, a fome e as doenças, e estimulariam um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. Mas os direitos das mulheres, assegurados por lei, ainda não são plenamente cumpridos. O preconceito, por exemplo, ainda é forte num mundo que é predominantemente machista. Mas, depois de tantas conquistas, as mulheres já provaram que têm força suficiente para superar mais esse obstáculo. “As empresas de sucesso já conseguem perceber que as carreiras bem sucedidas não estão atreladas ao sexo, e sim às competências para fazer as coisas acontecerem”, opina Nadja Mattos.


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Sucesso profissional vem do equilíbrio Para a maioria das mulheres, o sucesso profissional só é definido com a conquista do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. De acordo com um estudo denominado “O Que As Mulheres Querem no Trabalho”, 71% delas apontam nesta direção. As mulheres brasileiras se sentem confiantes sobre suas carreiras e otimistas sobre a capacidade de terem um trabalho gratificante e vida familiar. Se o sucesso está no equilíbrio entre carreira e vida pessoal, explica-se então o sorriso sempre estampado no rosto da diretora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) na Bahia, Marina Almeida. A realização tanto na família quanto no trabalho, segundo ela, contribuíram para que alcançasse os objetivos de vida. “Acredito que quando uma coisa não anda bem a outra é comprometida”, afirmou. Pedadoga, pós-graduada em Administração e com formação também em Terapia Ocupacional, Marina começou a trabalhar cedo. No Senac, onde chegou a ser estagiária, hoje lidera mais de 600 colaboradores. Para ela, as possíveis barreiras podem ser enfrentadas com competência e postura profissional.

“É possível encontrar o equilíbrio. Acho que consegui” Marina Almeida Diretora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac)

O dia de Marina começa com caminhada e prática de pilates, antes de ir ao trabalho. “Este é outro ponto que considero importante. Quando cuidamos da saúde, proporcionamos equilíbrio emocional”, citou. Ela tem uma rotina movimentada, inclusive com muitas viagens. “Mas, é possível encontrar o equilíbrio, e pautei isto para a minha vida. Acho que consegui”, declarou a diretora, que diz ser muito organizada e disciplinada. No entanto, a disciplina profissional não a tira do convívio do casal de filhos, com quem sempre está nas refeições. Muito menos do neto Davi, a quem dedica os finais de semana. Além de mãe e avó, há 12 anos ela assumiu a chefia da família, ao ficar viúva. Assim como a executiva do Senac, um significante número de mulheres (88%) consideram suas carreiras “bem sucedidas”, segundo aponta o estudo citado, realizado pela rede de profissionais LinkedIn. Ele mostra que as mulheres brasileiras se sentem otimistas sobre suas capacidades de terem um trabalho gratificante e vida familiar. O levantamento mostra ainda que 68% delas, atualmente sem filhos, acreditam que não vai desacelerar suas carreiras quando os tiverem.

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Mudança de pensamento A pesquisa identificou que o significado de sucesso profissional mudou drasticamente ao longo da última década. Enquanto hoje a maioria das mulheres baianas e brasileiras que trabalham em empresas define como sucesso ter equilíbrio entre carreira e vida pessoal, apenas 33% delas priorizaram esse fator dez anos atrás. “Acho que hoje a mulher tem mais autoestima e busca crescer profissionalmente, alinhando o trabalho à realização de ter uma família e filhos”, afirmou a bancária Bárbara Santana. Ela confessa que ao começar a trabalhar, há 21 anos, não imaginava que este “equilíbrio” fosse tão importante para ela. O estudo mostra ainda que a importância dada ao salário para definir realizações profissionais, por outro lado, diminuiu, de 63% para 51%, enquanto “ter um trabalho interessante” despontou como um medidor de sucesso, com 58%. “Conforme as mulheres foram progredindo em suas carreiras, suas definições de sucesso parecem ter se transformado. As profissionais modernas não estão lutando apenas por altos cargos e salários mais altos; as profissionais de hoje estão muito mais propensas a definirem sucesso como ter um trabalho interessante e gratificante e por serem capazes de equilibrar com êxito trabalho e vida doméstica”, afirma Danielle Restivo, do LinkedIn.


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Elas avançam no poder

“O sistema é machista. Não existe política para valorizar a mulher” Célia Sacramento Vice-prefeita de Salvador

Judiciário As mulheres também conquistam espaço no Poder Judiciário. Na Bahia, o Tribunal de Justiça é hoje presidido por um homem, o desembargador Mario Alberto Hirs, mas que teve como antecessoras as desembargadoras Telma Britto e Sílvia Zarif. Já a Justiça Eleitoral é comandada atualmente por uma mulher, a

Boas de negócio As mulheres brasileiras estão entre as mais empreendedoras do mundo. Um estudo da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgado em 2010, mostrou que 49,3% dos empreendedores nacionais pertencem à ala feminina. Esse número representa 10,4 milhões de mulheres à frente do seu próprio negócio. A participação ativa da mulher no mercado é reflexo de sua nova forma de atuar na sociedade. A crescente preocupação com a formação educacional e a busca por independência financeira acenderam o espírito empreendedor feminino e impulsionaram o surgimento de negócios de sucesso. Segundo o GEM, em geral, a mulher planeja melhor e compreende mais o mercado que os homens, o que garante mais chances do empreendimento dar certo.

1960

2,3%

1990

Dra. Nartir Dantas Weber Presidente da Associação dos Magistrados da Bahia

desembargadora Sara Brito. A Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB) também tem uma mulher na liderança. Em seu segundo mandato consecutivo, a juíza Nartir Dantas Weber é a primeira mulher a presidir a entidade. Para Nartir, a participação feminina em todas as instâncias do Judiciário tem crescido. “Já somos quase a metade do número de juízes na Bahia e o êxito em concursos demonstra que a mulher tem se preparado para ingressar na carreira”, comemora. A juíza conta que a mulher descobriu a magistratura muito depois dos homens e isso as deixou em desvantagem numérica. “Isso retardou a ascensão da mulher aos tribunais superiores. Acredito, porém, que iremos superar essa estatística brevemente”, conclui.

11%

2012

30%

VOCÊ SABIA?

A primeira juíza brasileira, Thereza Grisólia Tang, assumiu o cargo em 1954.

Foto: Débora Paes/Divulgação

Foto: Valter Pontes/Coperphoto

Em 2010, uma reforma na lei Eleitoral estabeleceu em 30% a proporção mínima de participação das mulheres nos partidos políticos, mas esse percentual nem sempre é cumprido. Segundo Célia, como a maioria dos grandes empresários são homens, a ala masculina consegue mais recursos para financiar campanhas e vencer as eleições, e isso desestimula a participação feminina. Para solucionar, ela defende o financiamento público das campanhas. “Somos competentes, somos capacitadas, mas os homens não criam condições”, alerta Célia. Nas eleições de 2010, as mulheres conquistaram 12,9% das vagas nas Assembleias Legislativas; 8,5% na Câmara dos Deputados; 9,8% no Senado; e 7,4% entre os governadores. Para Célia, que sempre participou de movimentos políticos e sociais, a mulher tem o dom de ser gestora e tem mais sensibilidade que os homens. “A política é, de fato, coisa de mulher. Porque mulheres são políticas natas. A história mostra que a maioria das mulheres com cargos políticos cumpriram seu papel com maestria”, conta. Ela defende não apenas que as mulheres se candidatem a cargos públicos, mas, principalmente, que estejam integradas e envolvidas no cotidiano da sociedade, lutando por melhorias.

Fonte: USP

Foto: Diego Mascarenhas

No Brasil, as mulheres ocupam cada vez mais cargos de poder. Em 2010, pela primeira vez na história do país, uma mulher alcançou a Presidência. Dilma Roussef está hoje no lugar mais alto da hierarquia política do Brasil. No entanto, obstáculos ainda impedem que a participação da mulher na política partidária seja mais ativa. Para a viceprefeita de Salvador, Célia Sacramento, falta oportunidade para as mulheres. “O sistema é machista. Não existe política para valorizar a mulher. Os homens só colocam as mulheres na política para cumprir a cota”, ressalta.

Número de magistradas no Brasil

Kitty Viana e Carla Tourinho Donas do Salão POP

Edza Brasil Diretora das unidades A Fórmula em Salvador

Maria Luiza Karam Driesel Fundadora da Teletáxi

Kitty Viana e Carla Tourinho compreenderam cedo que para dar conta da rotina corrida de ser mãe, mulher e trabalhadora precisariam ser donas do seu próprio negócio. Há três anos criaram o Salão POP, um conceito que elas garantem ser pioneiro. O espaço é um salão de beleza voltado para o público infantojuvenil e também oferece festas temáticas onde as crianças podem se divertir com SPA, piscina e passeios de limousine. Mas o investimento exigiu preparação. “Pensamos em muita coisa, fizemos estudo de mercado, visitamos espaços em São Paulo, Rio de Janeiro e EUA até chegar ao nosso modelo”, explica Kitty. De olho no futuro, elas patentearam peças exclusivas para faturar com franquias. “Já estamos negociando três franquias, uma aqui em Salvador e duas em outros estados do Nordeste”.

Em 1992, a farmacêutica Edza Brasil tornou-se sócia da farmácia em que trabalhava. Hoje, após mais de duas décadas, ela está à frente das 14 unidades de A Fórmula em Salvador. Mas, conquistar espaço não foi fácil. Ela conta que nos anos 80 e 90, o mercado era formado principalmente por homens e o preconceito impedia que mulheres se posicionassem na área. “Você tinha que impor respeito. E eu ia para cima buscar meu espaço”. Desse jeito, ela conseguiu colaborar com a expansão da rede, sem esquecer seu papel de mãe de dois filhos. “Eu não podia passar muito tempo ao lado deles, mas o tempo que a gente estava junto era muito bem aproveitado”, ressalta. Para ela, a mulher que deseja se destacar no mercado precisa ter conhecimento, segurança e foco. “Se tiver tudo isso e colocar o coração no que faz, é só correr para o abraço”, conclui.

Maria Luiza nunca sossegou como dona de casa. Fazia tricô, mas acompanhava o marido engenheiro civil ao trabalho para ver e aprender. Quando ficou viúva em 1979, a curitibana voltou a sua cidade e notou que o sistema de táxi por rádio funcionava bem por lá. Trouxe a ideia para a Bahia e, há 32 anos, comanda a Teletáxi. “No início, os homens olhavam com desconfiança. Eles precisavam comprar um equipamento para permitir as chamadas por rádio, mas não acreditavam que ia dar certo. Em um mês, eu mesma comprei 40 equipamentos para os veículos”, revela. Hoje, aos 72 anos, Maria Luiza trabalha cerca de 15 horas por dia. Para ela, o segredo do sucesso é uma equipe eficiente e a relação com os clientes: “quando faltava táxi para atender as chamadas, eu pegava o meu carro e ia buscar o passageiro sem cobrar. Era cortesia da casa”, comenta.



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Elas também são chefes de família Cada vez mais, brasileiras assumem o papel de provedoras do lar. Segundo os últimos dados do IBGE, em 2011, 37,4% das famílias do país eram chefiadas por uma mulher. Quase o dobro em relação ao ano de 1996, quando 20,81% dos lares estavam nessa mesma situação. Ainda de acordo com a pesquisa, entre os casais sem filhos, nos últimos dez anos, a autoridade feminina aumentou de 4,5% para 18,3%; entre as famílias com filhos, esse índice passou de 3,4% para 18,4%. Outra situação comum no país é a de mulheres que tornaram-se mães solteiras e assumiram a responsabilidade de criar os filhos sozinhas. É este o caso da aposentada Sueli Dalva, mãe de Bruno, 30, e Ana Carolina, 20. Natural de Pernambuco, Sueli veio para Salvador quando o filho mais velho tinha apenas dois anos. Solteira e com um filho para criar, Sueli aceitou o desafio de construir uma nova vida na capital baiana. Na Bahia, ela iniciou um novo relacionamento, do qual nasceu Ana Carolina, mas a união durou pouco. Carol nasceu com sintomas de uma síndrome não identificada que provoca dificuldades motoras

e de relacionamento. O salário não era suficiente para cuidar da saúde frágil da filha e garantir o sustento da família. Por isso, há 15 anos dona Sueli passou a complementar a sua renda com a venda de produtos de uma linha de cosméticos. “Eu vendia no trabalho, no ônibus, levava para onde tivesse oportunidade”, explica. O esforço valeu a pena. O di-

“Me emociono muito quando conto minha história porque foi bastante sofrida. Mas, hoje eu tenho uma família muito forte e unida” Sueli Dalva Vendedora de cosméticos

nheiro extra permitiu que o filho Bruno concluísse a faculdade de Biologia e garantiu a formatura com todas as cerimônias acadêmicas e de comemoração. Outra conquista da qual dona Sueli se orgulha é a realização da festa de debutante da filha, que passou por uma série de cirurgias e internações dolorosas. Além disso, também é resultado do trabalho de dona Sueli a compra do apartamento onde vive e as reformas no imóvel, tudo para garantir mais conforto e uma velhice tranquila. “Me emociono muito quando conto minha história porque foi bastante sofrida. Mas, apesar das dificuldades, eu sempre fui alegre e levava boas energias para os lugares por onde eu passava. E, hoje, eu tenho uma família muito forte e unida”, conta. O exemplo de dona Sueli inspira as pessoas próximas a ela. A nora, a bióloga Tainã Mamede, reconhece a luta da sogra para cuidar do lar e da família e brinca que, quando crescer, gostaria de ser igual a ela. “Sueli é uma mulher de fibra, uma grande mulher. A vida inteira, fez o papel de homem da família, e foi forte. Soube vencer os obstáculos que a vida colocou e conseguiu conciliar seu trabalho e a criação dos filhos, mesmo sem a presença de uma figura masculina”, elogia.

O Espaço Rio Coiffeur é salão de beleza moderno, cultural, lounge, possui atendimento diferenciado e um time de profissionais competentes. Novidades: - Unha de gel - Corte a seco By Fernando Cardoso - Exoplastia (livre de formaldeído) - Agende seu serviço pelo nosso site! www.espacoriocoiffeur.com.br Agende seu horário: (71) 3019-2579 R. do Timbó, 261 | R. Várzea do Sto Antônio, 261 - Caminho das Árvores

Mercado informal

67,4%

Percentual das trabalhadoras nordestinas que atuam no mercado informal

Divórcios no Brasil 2000 2010

1,7% 3,1%

Mães solteiras

11,6% 12,2%

2000 2010

Mês da Mulher *Promoção válida para o mês de março de 2013.

Novidade: Unha Acrygel - Por R$ 130,00 Pé e Mão De: R$ 32,00 Corte, Escova e Hidratação Sobrancelha, Buço e Pé e Mão Pé e mão + Limpeza de Pele Hidratação Kérastase De: R$ 140,00 Ritual Kérastase (1 Booster + Ampola + Elixir) De: R$ 190,00 Maquiagem De: R$ 120,00 Ritual Chronologiste (Escova de Caviar) De: R$ 450,00

Por: R$ 28,00 Por: R$ 100,00 Por: R$ 60,00 Por: R$ 109,00 Por: R$ 80,00 Por: R$ 150,00 Por: R$ 80,00 Por: R$ 290,00


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Renda em crescimento

Menos filhos

A renda das mulheres brasileiras registrará, em 2013, um crescimento de 83%, se comparada aos últimos 10 anos. A estimativa é que elas vão movimentar, somente este ano, algo em torno de R$ 1,01 trilhão, incluindo rendimentos gerados pelo trabalho (formal e informal) e benefícios (aposentadorias e pensão). O avanço é bem maior que a renda dos homens, que apresentou alta de 45% no mesmo período.

As mulheres ampliaram sua presença no mercado formal de trabalho, e também aumentaram sua jornada. Estudaram mais e passaram a ter menos filhos. Em muitos casos, até postergarem a maternidade. Este perfil de mulher também definiu um novo perfil para muitas famílias. Simone Britto Sena Gomes é um exemplo desta nova mulher. Graduada em Administração e pós-graduada em Gestão de Pessoas, ela apostou nos estudos e na carreira profissional e hoje é funcionária concursada no Tribunal Regional Eleitoral. Mesmo com as responsabilidades profissionais, ela e o marido, o arquiteto Charles Sena Gomes, sempre reservam um tempo do dia para dedicação ao único filho. Davi, atualmente, tem cinco anos. “Buscamos sempre estar presentes, seja levando-o ao curso de inglês, à natação e acompanhando o desempenho dele na escola”, afirmou Simone, que, no momento, não pretende ter mais filhos. Os Indicadores Sociais do último censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a média de filhos por mulher brasileira continua caindo e chegou a 1,9. Este número já é menos do que o necessário para repor a população e evitar o decréscimo de habitantes no fu-

Simone com a família

turo. A diminuição da fecundidade também está relacionada à renda e ao nível educacional. Entre as menos escolarizadas, o número de filhos chega a três, enquanto fica em um, no caso das mais instruídas, a exemplo de Simone. No início deste século, a média era de 2,3 filhos por brasileira, o que já apontava um forte declínio se comparado, por exemplo, com a década de 1960, quando a média era de 6,3 filhos para cada mulher. A expectativa é que, em 2020, o índice médio caia para 1,5. A redução da taxa de natalidade no país já é uma das causas da queda no número de matrículas na educação fundamental. Em 2012,

1960

27%

Celular

Notebook

Tablet

“Buscamos sempre estar presentes ”

As mulheres avançam no mercado de trabalho. No entanto, ainda ganham menos, mesmo que possuam um maior nível de instrução. Estudo divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que, apesar do recente crescimento econômico e das políticas destinadas a reduzir as desigualdades, as diferenças salariais relacionadas a gênero continuam sendo significativas. O Brasil apresenta um dos maiores níveis de disparidade salarial. No país, os homens ganham, em média, aproximadamente 30% a mais que as mulheres de mesma idade e nível de instrução.

Simone Britto Sena Gomes Administradora e servidora do Tribunal Regional Eleitoral

segundo a presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, a redução foi de 2,2%. Ao todo, essa etapa da educação reuniu 29,7 milhões de estudantes com idade de 6 a 14 anos em todo o país, segundo o Censo Escolar divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). Em 2011, esse número chegava a 30,3 milhões de alunos.

2000

“Além de estarem menos presentes do que os homens no mercado de trabalho, as mulheres ocupam espaços diferenciados e estão sobrerrepresentadas nos trabalhos precários”, diz estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

2020

Salários

Intenção de compra das mulheres para os próximos 12 meses

15% 13%

1980

De acordo com o estudo “Tempo de Mulher”, do instituto de pesquisas Data Popular, em 2003, as mulheres receberam R$ 602 bilhões – valores já atualizados. O crescimento mostra, de forma clara, não apenas o aumento dos rendimentos, mas também da presença da mulher no mercado de trabalho brasileiro. Nas duas últimas décadas, houve um incremento de 162% no número de profissionais do sexo feminino com carteira assinada. Apesar do avanço, os homens ainda estão bem na frente. A massa de renda masculina atingirá R$ 1,6 trilhão este ano.

12%

Computador

A massa de renda dos homens cresceu 45%, ao passo que a massa de renda das mulheres cresceu 83% nos últimos 10 anos Em 2013, a massa de renda das mulheres deve atingir

R$ 1,01 TRILHÃO

Fonte: DataPopular

Média de filhos das mulheres brasileiras

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De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média salarial das mulheres no país é de R$ 997, o equivalente a 70,4% dos R$ 1.417 recebidos, em média, pelos homens. O último censo mostrou que, em 10 anos, o nível de instrução das mulheres continuou mais elevado que o dos homens e elas ganham espaço no mercado de trabalho. Já o nível de ocupação das mulheres passou de 35,4% para 43,9%.


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Salvador, 8 de março de 2013

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Espaço Cultura

Saúde em primeiro lugar A rotina intensa das mulheres não pode ser desculpa para se descuidar da saúde. E como a maior parte das doenças está ligada ao estilo de vida, vale repensar o dia a dia e incluir cuidados essenciais para garantir que o corpo ande na linha. Visitas regulares ao médico e realização periódica de exames são hábitos que devem ser adotados por mulheres de todas as idades. Além de consultas com um ginecologista, também é importante o acompanhamento de um médico clínico ou cardiologista. As doenças que mais matam as mulheres atualmente são os problemas cardíacos, seguido do câncer de mama e do câncer de colo do útero. Se detectados logo no início, esses males podem ser tratados e curados. Ginecologista Segundo Cremilda Figueiredo, ginecologista, obstetra e coordenadora da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do Cremeb, a primeira visita ao ginecologista deve acontecer por volta dos 12 anos, no início da puberdade. “O contato deverá ser preferencialmente com ginecologista com formação no atendimento à infância e adolescência, para que seja criado um relacionamento de confiança”, aconselha. A partir daí,

FILMES

“A primeira visita deve acontecer por volta dos 12 anos”

A Dama de Ferro

O Diário Secreto de Miss Anne Lister

Coco Antes de Chanel

Miss Potter

Evita

Menina de Ouro

Olga

Frida

As Horas

Perdas e Ganhos Lya Luft

Emma Jane Austen

Divã Martha Medeiros

Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres Clarice Lispector

Mulheres que Correm com os Lobos Clarissa P. Estés

História das Mulheres no Brasil Mary Del Priore

A Mulher Desiludida Simone de Beauvoir

A Audácia dessa Mulher Ana Maria Machado

As Horas Nuas Lygia F. Telles

Dra. Cremilda Figueiredo Coordenadora da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do Cremeb

as consultas devem ocorrer de acordo com o as alterações no corpo da jovem, como problemas menstruais e TPM. Após o início da vida sexual, as consultas e os exames devem ser anuais. Cuidados em cada fase Adolescência – foco deve estar nos exames citopatológicos, como o preventivo. Nesta fase, as jovens devem ser orientadas quanto à prevenção de gestação e DST’s. Dos 20 aos 50 anos - nesse período, é essencial a realização periódica de exames e a adoção de métodos e hábitos preventivos. Após a menopausa – é hora de redobrar os cuidados com as mamas e ovários. Também é recomendada a realização de exames clínicos gerais (cardiológicos, tireoidianos, aparelho digestivo, etc).

Agende exames periódicos Exame clínico ou preventivo Deve ser feito a cada um ou dois anos Ultrassonografia pélvica transvaginal Até os 45 anos, pode ser realizada a cada 2 ou 3 anos. A partir dos 45 anos, deve ser anual. Mamografia Deve ser feita a cada dois anos por mulheres com mais de 40 anos, e todos os anos após os 45 anos Densitometria óssea Após a menopausa, deve ser feita a cada 5 anos. Caso os exames apresentem alteração, a periodicidade será definida pelo seu médico.

LIVROS

Câncer do colo do útero O câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais comum no sexo feminino e sua incidência tem sido maior no Norte e Nordeste em virtude da dificuldade de acesso aos exames preventivos e do menor nível socioeconômico da população. A doença costuma se manifestar em mulheres entre 20 e 60 anos. O início precoce da atividade sexual e o número de parceiros também estão associados ao maior risco de desenvolvimento do câncer. Para se prevenir, a melhor solução é realizar o exame preventivo periodicamente. O médico oncologista e diretor técnico do Instituto de Oncologia e Hematologia da Bahia

(IHOBA), Alberto Nogueira, alerta que a doença apresenta uma fase sem sintomas, por isso, é fundamental que a mulher cuide da saúde constantemente. “Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer são de 100%. Conforme a evolução da doença, aparecem sintomas como sangramento vaginal, corrimento e dor”, explica. O exame preventivo do papanicolau, é rápido, indolor e é a principal estratégia para o diagnóstico da doença principalmente porque sua realização periódica diminui a mortalidade por câncer do colo do útero.

Enfrentamento à violência O setor público tem atuado na aplicação de políticas voltadas à proteção e fortalecimento das mulheres. Entre as principais ações estão o enfrentamento à violência, como a exploração sexual e o tráfico. Na Bahia, sete organizações da sociedade civil e quatro Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (CRAMs) firmaram parceria com a Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM), para execução de projetos. O apoio será viabilizado atra-

vés de recursos disponibilizados por meio dos editais “Virando o Jogo”, que terão investimento na ordem de R$ 260 mil. O objetivo é fortalecer as mulheres e reforçar as discussões sobre enfrentamento à violência sexista e desigualdades de gênero na Bahia. “São projetos que serão desenvolvidos diretamente com as mulheres, favorecendo a possibilidade de virada de jogo por parte delas”, disse a secretária Vera Lúcia Barbosa. A Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SPM) focou o enfrentamento ao tráfico de

mulheres como uma das prioridades no biênio 2013-2014. De acordo com a ministra, Eleonora Menicucci, a agenda principal da SPM sempre foi o enfrentamento à violência doméstica e sexual, mas agora vai incorporar o enfrentamento ao tráfico. Ela disse que um grande passo para solucionar a violência contra a mulher é a capacitação. “A autonomia e a inclusão produtiva das mulheres são prioridades. Não há uma sociedade sem violência contra as mulheres se elas não têm autonomia sobre a própria vida”, disse.


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