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A Lavoura
A Lavoura ANO 114 - N O 685
DIRETOR RESPONSÁVEL Antonio Mello Alvarenga Neto
INOVAÇÃO
EDITORA Cristina Baran editoria@sna.agr.br
Produtos biológicos complementam o manejo de pragas e doenças
ENDEREÇO Av. General Justo, 171 - 7º andar 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3231-6350 Fax: (21) 2240-4189
Inimigos naturais, feromônios sexuais, fungos, bactérias, vírus, extratos e óleos vegetais podem fazer o controle de pragas e doenças em diversas culturas
ENDEREÇO ELETRÔNICO www.sna.agr.br e-mails: alavoura@sna.agr.br redacao.alavoura@sna.agr.br
DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Paulo Américo Magalhães Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837 e-mail: pm5propaganda@terra.com.br COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:
Antonio Gomes Soares Ariano M. de Magalhães Júnior Carla Gomes Carlos Dias Eduardo APinho Rodrigues Fabrizio Carbone Romano Fannia Machado Fernanda Diniz Guilherme Araújo Ibsen de Gusmão Câmara Jacir J. Albino Jacira Collaço Lebna Landgraf Levino J. Bassi Luís Alexandre Louzada Marcos Giesteira Olímpio Cruz Neto Renato Ponzio Ricardo Luiz de Oliveira Soraya Pereira
É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. ISSN 0023-9135
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura
Capa: APPBLRJ - Associação de Produtores de Palmito da Baixada Litorânea do Rio de Janeiro
www.appblrj.org.br contato@appblrj.org.br
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AVICULTURA Bicagem e canibalismo em frangas e galinhas de postura
O canibalismo pode ter início desde os primeiros dias de idade das aves por vários motivos
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ARROZ BRS Pampa: cultivar de arroz agulhinha incrementa produtividade no Sul
Esta cultivar tem ciclo precoce, ótimo rendimento de grãos inteiros e garante um arroz solto e macio após o cozimento
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CAPA
PANORAMA
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Como superar os desafios e ampliar mercado do palmito de pupunha
SOBRAPA
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BIOTECNOLOGIA
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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
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SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA - SRB
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ORGANICSNET
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EMPRESAS
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SUÍNOS Doenças respiratórias em suínos provocam prejuízos de desempenho, mesmo quando não há sintomas
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DIRETORIA EXECUTIVA
DIRETORIA TÉCNICA
ANTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO ALMIRANTE I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA OSANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA JOEL N AEGELE TITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F R A N C I S C O J OSÉ V I L E L A S A N T O S H É L I O M E I R E L L E S C A R D O SO J OSÉ C A R L O S A Z E V E D O DE M E N E Z E S LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS R ONAL DO DE A L B U Q U E R Q U E S É R G I O G OMES M ALTA
PRESIDENTE 1O V ICE -P RESIDENTE 2O V ICE -P RESIDENTE 3O V ICE -P RESIDENTE 4O V ICE -P RESIDENTE DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR
ALBERTO F IGUEIREDO ANTONIO FREITAS CLAUDIO C AIADO DICK THOMPSON FERNANDO P IMENTEL JAIME R OTSTEIN JOSÉ MILTON DALLARI KATIA A GUIAR MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA FILHO
FUNDADOR
Academia Nacional de Agricultura
E
COMISSÃO FISCAL
MARIA B EATRIZ B LEY MARTINS COSTA MARIA HELENA FURTADO MAURO R EZENDE LOPES PAULO M. PROTÁSIO ROBERTO F ERREIRA S.P INTO RONY OLIVEIRA ROSINA CORDEIRO G UERRA RUY BARRETO FILHO
C LAUDINE B ICHARA DE O LIVEIRA L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO M ARIA C ECÍLIA L ADEIRA DE A LMEIDA P LÁCIDO M ARCHON L EÃO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA R UI O TAVIO A NDRADE
P AT R O N O : O C TAV I O M E L L O A LVA R E N G A
CADEIRA
PATRONO
TITULAR
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
E NNES DE S OUZA M OURA B RASIL C AMPOS DA P AZ B ARÃO DE C APANEMA A NTONINO F IALHO W ENCESLÁO B ELLO S YLVIO R ANGEL P ACHECO L EÃO L AURO M ULLER M IGUEL C ALMON L YRA C ASTRO A UGUSTO R AMOS S IMÕES L OPES E DUARDO C OTRIM P EDRO O SÓRIO T RAJANO DE M EDEIROS P AULINO F ERNANDES F ERNANDO C OSTA S ÉRGIO DE C ARVALHO G USTAVO D UTRA J OSÉ A UGUSTO T RINDADE I GNÁCIO T OSTA J OSÉ S ATURNINO B RITO J OSÉ B ONIFÁCIO L UIZ DE Q UEIROZ C ARLOS M OREIRA A LBERTO S AMPAIO E PAMINONDAS DE S OUZA A LBERTO T ORRES C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES T HEODORO P ECKOLT R ICARDO DE C ARVALHO B ARBOSA R ODRIGUES G ONZAGA DE C AMPOS A MÉRICO B RAGA N AVARRO DE A NDRADE M ELLO L EITÃO A RISTIDES C AIRE V ITAL B RASIL G ETÚLIO V ARGAS E DGARD T EIXEIRA L EITE
R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO J AIME R OTSTEIN E DUARDO E UGÊNIO G OUVÊA V IEIRA F RANCELINO P EREIRA L UIZ M ARCUS S UPLICY H AFERS R ONALDO DE A LBUQUERQUE T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI J OEL N AEGELE M ARCUS V INÍCIUS P RATINI DE M ORAES R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE R UBENS R ICUPERO P IERRE L ANDOLT A NTONIO E RMÍRIO DE M ORAES I SRAEL K LABIN
S YLVIA W ACHSNER A NTONIO D ELFIM N ETTO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA J OÃO C ARLOS F AVERET P ORTO
A NTONIO C ABRERA M ANO F ILHO J ÓRIO D AUSTER A NTONIO C ARREIRA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES A FONSO A RINOS DE M ELLO F RANCO R OBERTO R ODRIGUES J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO A LYSSON P AOLINELLI O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA D ENISE F ROSSARD E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA E RLING S. L ORENTZEN
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979
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Carta da
Sou Agro, há 114 anos!
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agronegócio brasileiro vive um momento muito especial, de vigor econômico e grande otimismo, impulsionado pela excelente safra 2010-2011 e pelos elevados preços das commodities vigentes no mercado internacional. As perspectivas são animadoras. A alta nos preços é uma decorrência natural do crescimento da demanda para atender ao continuado processo de urbanização e elevação na renda per capita de nações como a China, a Índia e a Rússia. E o Brasil é um dos poucos países que tem condições de responder à essa demanda. A manutenção dessas condições favoráveis estimula o crescimento de uma agricultura empresarial, de moderna tecnologia e eficiente gestão. A importância atual do agronegócio pode ser comprovada pela análise dos dados da balança comercial brasileira do primeiro semestre de 2011. O setor exportou US$ 43,2 bi, com um superávit de US$ 34,8 bilhões. Esse resultado permite suportar o déficit de US$ 21,8 bilhões dos demais setores e gerar um resultado final positivo de US$ 13 bilhões. Finalmente, o país se firma como um dos maiores produtores de alimentos do mundo - sua vocação natural. Hoje, somos o maior produtor de café, cana-de-açúcar e laranja do mundo; o 2º produtor de soja e o maior exportador mundial de carne bovina e frangos. Em pouco tempo, sere-
mos o principal polo mundial de algodão e biocombustíveis, e um dos principais fornecedores de madeira, papel e celulose. O Brasil possui terras, tecnologia apropriada, clima diversificado, energia solar abundante, boa distribuição de água doce e, principalmente, gente. Gente que ama a terra e que está capacitada a explorá-la, dentro do conceito de sustentabilidade. Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro está destinado ao sucesso. E isso nos enche de orgulho. ••
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Em meio a este cenário promissor, surge o movimento “Sou Agro”. O objetivo é disseminar na sociedade a imagem positiva do “setor, destacando sua importância na geração de empregos, no abastecimento interno, nas exportações, na preservação ambiental e no avanço tecnológico. Trata-se de uma iniciativa inédita, articulada por nosso companheiro Roberto Rodrigues, que dedicou inestimáveis esforços para reunir um grande grupo de instituições e empresas para desenvolver e custear o projeto. Nós, da SNA, manifestamos nosso mais enfático apoio ao movimento “Sou Agro”. Afinal, somos Agro desde 1897!
Antonio Mello Alvarenga Neto
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SNA presta homenagem ao
Comemorando o momento positivo do agronegócio brasileiro, a partir da esquerda: Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira - SRB; Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual Coordenador do Centro de Agronegócios da FGV; deputado federal Moreira Mendes, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura; senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA; Antonio Mello Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura - SNA, e Alysson Paolinelli - ex-ministro da Agricultura e fundador da Embrapa
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al momento positivo do agronegócio brasileiro. “Finalmente, o país se firma como um dos maiores produtores de alimentos do mundo” declarou, acrescentando que, apesar do clima de otimismo, “o Brasil atravessa um momento de incerteza, em parte decorrente das turbulências internacionais, mas que também encontram fundamentos nas instabilidades internas”. NILTON RICAARDO
NILTON RICAARDO
s mais significativas lideranças do agronegócio brasileiro participaram, no Rio de Janeiro, no dia dois de junho, do evento de premiação dos Destaques A Lavoura, que são concedidos anualmente pela Sociedade Nacional de Agricultura desde os anos 70. Na abertura do evento, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, saudou todos os premiados, ressaltando o atu-
O presidente da SNA, Antonio Alvarenga, entregou ao vicegovernador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, o Destaque na categoria Administração Pública
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O deputado federal Moreira Mendes (à dir.) recebeu de Antonio Alvarenga o prêmio Destaque – Parlamentar
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A senadora Kátia Abreu, que ressaltou a urgência na votação do Código Florestal, foi agraciada, pelo presidente Antonio Alvarenga, com homenagem especial da SNA
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Alvarenga criticou as declarações contraditórias e as indefinições dos responsáveis pela condução da política econômica, destacando questões que geram insegurança para a economia e o agronegócio. Mencionouas implicações jurídicas na venda de terras para estrangeiros e o Código Florestal. Neste último caso, Alvarenga defendeu a necessidade de uma lei moderna e atual que preserve o meio ambiente, mas que não impeça a produção e não imponha redução das áreas já agricultadas. A presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, foi uma das homenageadas especiais. Em discurso durante o evento, ela afirmou que a CNA e a SNA representam “soldados da agropecuária”, que sempre lutaram e lutarão em defesa dos interesses dos produtores rurais. Kátia Abreu falou sobre a nova legislação ambiental e garantiu que o texto será votado pelo Senado. Estamos lutando para manter a produção agropecuária em 27% do território nacional. A quem interessa a diminuição da área plantada?”, questionou. Para a presidente da CNA, os deputados que votaram contra o projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoBSP) “não têm compromisso com o país. A senadora declarou ainda que existem interesses por parte de instituições internacionais para gerar conflitos e paralisar o crescimento da produção agropecuária brasileira. Também ganhador do Destaque na categoria Homenagem Especial, o ex-ministro da agricultura, Alysson Paolinelli, considerado um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do setor agropecuário no Brasil, dedicou o prêmio ao produtor brasileiro, e declarou que as escolas agrícolas constituíram a base do desenvolvimento agrário
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em aos melhores do agronegócio
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O ex-ministro Alysson Paolinelli recebeu homenagem especial da SNA, que foi entregue pelo também ex-ministro Roberto Rodrigues
O diretor técnico da SNA, Ruy Barreto Filho, entregou ao presidente do grupo Fischer/Citrosuco, Guilherme de Souza Santos, o Destaque – Agroindústria
O BNDES, representado por Maurício Borges Lemos, diretor da área de financiamento a empresas do agronegócio da instituição, foi homenageado com o prêmio Destaque na categoria Crédito, entregue pelo diretor da SNA, Sérgio Malta
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Representando a Amyris, Inc., ganhadora do Destaque Tecnologia, o diretor da empresa, John Melo, recebeu o prêmio do diretor da SNA, José Carlos de Menezes
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Mário Geisse, proprietário da vinícola Cave Geisse, foi agraciado com o Destaque – Pesquisa e Tecnologia, entregue pela editora da revista A Lavoura, Cristina Baran
no Brasil e que, graças a essas escolas, foram criadas instituições importantes como a Embrapa. “Vivemos os frutos dessa evolução. A competência de nossos profissionais nos laboratórios continua a ajudar nossos produtores e provocam transformações, principalmente em relação ao uso de energias renováveis”, observou. Administração Pública Ganhador do Destaque na categoria Administração Pública, o vice-governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, fez um balanço de seu trabalho quando esteve à frente da Prefeitura de Piraí (RJ), e destacou os investimentos para a recuperação da região serrana do Rio, por ocasião das fortes chuvas de janeiro. Na ocasião, anunciou um acordo entre os governos federal e estadual para a liberação de R$ 678 milhões destinados à reconstrução de moradias e infraestrutura da região. Pezão declarou que o Brasil é um país de oportunidades, e que o Rio de Janeiro, depois de mais de 30 anos de abandono, voltou a ser incluído na rota dos investimentos - tendo em vista a bem sucedida política de segurança pública e eventos de peso como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O vice-governador também elogiou a pecuária leiteira no estado, antecipando perspectivas de crescimento até 2015. Liderança O ex-ministro Roberto Rodrigues, também presente ao evento, afirmou que o mundo está sem líderes. “Numa economia globalizada, o líder precisa enxergar de maneira ampla. E o Brasil está pronto para assumir esta liderança”. Nesse aspecto, sugeriu a criação de um projeto de Economia Verde com sustentabilidade. “As cooperativas são o instrumento perfeito para a implantação de um projeto global de Economia Verde, o que, aliás, coincide com o fato de que 2012 foi instituído pela ONU como o ano internacional do cooperativismo. Este é o momento do sistema cooperativista assumir esta bandeira e levar o Brasil para frente. Chegou a nossa vez”, disse.
O ex-secretário de Agricultura de São Paulo, João de Almeida Sampaio Filho, recebeu do diretor da SNA, Francisco Villela, o Destaque na categoria Política Agrícola
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A Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza, representada por sua gerente de Projetos Ambientais, Leide Takahashi, foi a ganhadora do Destaque – Meio Ambiente; o prêmio foi entregue pelo vice-presidente da SNA, almirante Ibsen de Gusmão Câmara
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O produtor e empresário Pierre Landolt, que cultiva produtos orgânicos em sua fazenda na Paraíba, ganhou do diretor da SNA, Ronaldo de Albuquerque, o Destaque – Empreendedorismo
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Antonio Alvarenga recebe, das mãos do membro do Conselho Fiscal, Roberto Paraíso Rocha, homenagem póstuma a Octavio Mello Alvarenga, que presidiu a SNA por mais de 30 anos UDO KURT
Moreira Mendes e o Código Florestal Agraciado com o Destaque na categoria Parlamentar, o deputado federal Moreira Mendes (PPS-RO), foi reconhecido por seu trabalho na Câmara em defesa do produtor rural e do agronegócio brasileiro, principalmente na discussão do novo Código Florestal, como presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Ao abordar a campanha pela aprovação do Código, o deputado lembrou da mobilização das diversas entidades agrícolas em torno da questão. Moreira Mendes ressaltou que o êxito na votação produziu alguns efeitos colaterais, entre eles, a conscientização da sociedade urbana sobre a importância da produção e do produtor. Para o deputado, os próximos desafios englobam a elaboração de uma legislação trabalhista voltada para o campo, as unidades de preservação e as terras indígenas. Os Destaques de 2010 Foram premiados à ocasião Américo Utumi (Cooperativismo), Amyris Inc. (Tecnologia), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES (Crédito), Francelino França (Produtor), Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (Meio Ambiente), Guilherme de Sousa Santos (Agroindústria), João Almeida Sampaio Filho (Política Agrícola), Jornal Valor Econômico (Comunicação), Mário Geisse (Pesquisa e Tecnologia), Native/ Organização Balbo (Sustentabilidade) e Pierre Landolt (Empreendedorismo). Ao final do evento, foi prestada homenagem póstuma a Octavio Mello Alvarenga, advogado, escritor e presidente da SNA por mais de 30 anos. Alvarenga foi lembrado por seu bom humor, elegância, cordialidade e pelo profundo conhecimento do Direito Agrário e das questões de interesse do setor agrícola, merecendo destaque a sua luta a favor da criação de uma Justiça Agrária especializada.
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Américo Utumi, diretor da Organização de Cooperativas de São Paulo, recebe do vice-presidente da SNA, Joel Naegele, o Destaque na categoria Cooperativismo
A Native / Organização Balbo, representada por seu gerente de Marketing, Fabrício Ferriolli Tréz, ganhou o Destaque Sustentabilidade, que foi entregue por Pedro Cabral da Silva, superintendente federal do Ministério da Agricultura no Rio de Janeiro
Tito Ryff, vice-presidente da SNA, concedeu à jornalista Heloísa Magalhães, representante do Valor Econômico, o Destaque Comunicação, em homenagem ao conceituado veículo
Francelino França, empresário rural, foi agraciado pela SNA com o Destaque na categoria Produtor: o prêmio foi entregue por Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira
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Congresso de Agribusiness da SNA debate oportunidades de investimentos no Agronegócio
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Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera que ainda possui grande potencial de crescimento. Para analisar suas cadeias produtivas, bem como os desafios e as oportunidades de investimento neste setor, a SNA realizou nos dias 21 e 22 de junho, com apoio do Sebrae/RJ, seu 12º Congresso de Agribusiness.
Mesa de abertura: Antonio Alvarenga, presidente da SNA; Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente; Roberto Rodrigues (FGV Agro e ex- ministro da Agricultura) e Cristino Áureo da Silva, secretário de Agricultura do Rio de Janeiro
Economia Verde
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Alvarenga, traçou um panorama geral do agronegócio brasileiro, com destaque para a balança comercial do setor e a safra recorde de 2011. Afirmou que há muitos recursos e boas oportunidades para investimentos, “mas que é preciso afastar as incertezas para que os investidores tenham mais segurança em seus empreendimentos”. Ele também mostrou-se preocupado com as questões relativas ao meio ambiente. “Muita gente, sem qualquer conhecimento técnico, fala sobre preservação ambiental. Há muita desinformação, e al-
gumas pessoas embarcam numa onda pseudoconservacionista” – alertou Alvarenga.
Comando Abrindo o primeiro painel do evento, o ex-ministro Roberto Rodrigues criticou a falta de uma liderança global consistente que ofereça para o planeta um projeto de sustentabilidade. Além disso, reafirmou que o Brasil tem todas as condições para assumir a liderança mundial no âmbito da Economia Verde, mas lamentou a falta de estratégia e de políticas públicas. “Se não
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Na abertura do evento, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que o Brasil irá desempenhar posição de destaque nas áreas de segurança climática, alimentar, energética e hídrica, bem como no campo da biodiversidade. Ela defendeu o desenvolvimento sustentável e a chamada Economia Verde. “Temos de reposicionar o debate sobre agricultura e meio ambiente” – alertou Izabella. “É preciso mudar o patamar das ações e políticas públicas, pois o meio ambiente é um ativo da economia que não se pode desprezar, é um fator que gera competitividade no país. Temos o dever de repensar uma nova discussão que possa, por exemplo, incentivar a agricultura de baixo carbono, e a Rio + 20 vai colocar todas essas questões no centro dos debates”. A ministra também defendeu o fim da instabilidade entre o setor agrícola e ambiental. “Chegou a hora de acabar com o preconceito na relação entre agricultura e meio ambiente. É preciso criar políticas ambientais que possam promover a sustentabilidade e manter o crescimento da produção agricultura brasileira”. O presidente da SNA, Antonio
Pedro Cabral da Silva, superintendente federal do Ministério da Agricultura no Rio de Janeiro, ao lado de Eduardo Salles, secretário de Agricultura da Bahia, acompanham a palestra do ex-ministro Pratini de Moraes, que traçou um panorama próspero do agronegócio brasileiro
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Sustentabilidade No painel “Políticas Públicas voltadas para o Agronegócio”, Christino Áureo da Silva, secretário de Agricultura do Rio de Janeiro, disse que o estado está se preparando para tornar-se o polo de agricultura sustentável do país. Segundo ele, “um grande passo para o alcance desta meta foi a ampliação do empréstimo do Banco Mundial para o Programa Rio Rural. “Na ocasião, ouvimos da diretoria do BIRD que o Rio Rural é o seu melhor case latino americano de desenvolvimento rural sustentável”. O secretário de Estado de Agricultura da Bahia, Eduardo Salles, chamou a atenção para a necessidade da produção com sustentabilidade, destacando a sintonia que existe na Bahia entre agricultura e meio ambiente. Em sua palestra, mostrou as políticas públicas voltadas para o agronegócio familiar e empresarial, e enfatizou que o Brasil não pode se dar ao luxo de perder investimentos internacionais por causa da restrição à venda de terras a estrangeiros, defendendo que, nessa questão, haja maior flexibilização.”Nós somos contra a especulação imobiliária, mas devemos criar oportunidades para
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André Pessoa (Agroconsult) e Fernando Pimentel, presidente da Agrosecurity, ao lado do palestrante Wilson Zanatta, co-presidente do Conselho da LBR Lácteos do Brasil, que confirmou a posição do país como quinto maior produtor de leite do mundo NEWTON BASTOS
tivermos programas de renda, logística, defesa sanitária e política ambiental, não teremos estratégia para avançar” – alertou, afirmando que o país é capaz de liderar um projeto que mude a geopolítica mundial, apoiado no trinômio sustentabilidade, segurança energética e recursos naturais. Em seguida, o também ex-ministro Pratini de Moraes traçou um panorama próspero do cenário agrícola brasileiro. “O Brasil terá um papel cada vez mais importante como fornecedor sustentável de alimentos, pois possui terra, água, incidência solar, tecnologia e empreendedorismo” observou Pratini. Para ele, “toda essa pujança tem sido alcançada com pesquisa e tecnologia de baixo impacto ambiental”. O ex-ministro defendeu ainda maior firmeza do Brasil nas negociações comerciais internacionais, citando como exemplo o recente embargo da Rússia à importação de carne bovina, suína e ovina brasileira. “Comércio é toma lá, dá cá. Se os russos não querem comprar a carne, não vamos comprar o avião deles”, afirmou o ex-ministro, acrescentando: “O Brasil é muito bonzinho”. Para pontuar os desafios do setor, o ex-ministro destacou questões como segurança jurídica, marketing, logística, tarifas, protecionismo sanitário, câmbio e competitividade.
Márcio Fortes de Almeida, ex-ministro das Cidades, assistiu à palestra de Rita de Cássia Milagres Teixeira, coordenadora geral de Agronegócios do MDIC, que declarou: “Estamos aumentando nossa produção sem expandir área”
quem quer investir e gerar renda no Brasil”, ressaltou. Encerrando a sessão da manhã, Rita de Cássia Teixeira, coordenadora geral de Agronegócios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior , traçou um breve painel da balança comercial do agronegócio, destacando que o setor foi o responsável pelo recente saldo positivo de US$ 63 bilhões. “Estamos aumentando nossa produção sem expandir área” – frisou. Rita de Cássia abordou a Política de Desenvolvimento Produtivo instituída no final do governo Lula, que envolveu um conjunto de metas e desafios em 25 setores. A partir de 120 reivindicações de variados segmentos, o MDIC adotou 80 ações e obteve 65 avanços em favor do desenvolvimento da agroindústria, com o propósito de solucionar diversos gargalos na produção.
Tecnologia “Ensino, pesquisa, tecnologia e inovação” foi o tema do terceiro painel. Eduardo Campello, chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, destacou o desenvolvimento tecnológico como fator primordial para o avanço agrícola, mencionando as recentes
técnicas que promovem melhorias na produtividade, entre elas, um inoculante que está aumentando a produção de feijão no Nordeste, e recursos genéticos que facilitam a adaptação da lavoura em solos ácidos. “Temos um sistema agrícola diversificado”, afirmou. Se por um lado o desenvolvimento tecnológico é uma realidade, a falta de mãode-obra constitui-se em um gargalo para o agronegócio. É o que ressaltou Paulo Alcântara Gomes, reitor da Universidade Castelo Branco. Ele sugeriu a necessidade de uma reforma do ensino médio, a adoção de novas políticas de expansão em todos os níveis de ensino, a reforma das práticas pedagógicas, o estímulo à criação de novos cursos superiores de tecnologia e o incremento da articulação entre o meio acadêmico e o setor de agronegócios. “É preciso educar para que se utilizem as novas tecnologias” – concluiu.
Investimentos José Carlos Aguilera, diretor presidente da Brasil Ecodiesel, abriu o quarto painel do Congresso e falou sobre o crescimento estrutural do mercado mundial de
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Luis Antonio Fayet, consultor da CNA, propôs uma série de ações para a melhoria do setor de logística
ção profissionalizada e rígidas regras de governança corporativa. Em seguida, Mauro de Rezende Lopes, coordenador do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas, abordou os planos de investimentos para quaisquer níveis de empreendimento, destacando os riscos, visão e complexidade de mercado, exigência de equipe estratégica e necessidade de capital. Além disso, o especialista analisou indicadores financeiros, taxas de retorno e maturação dos investimentos, e traçou um quadro detalhado dos riscos, citando a insegurança jurídica, intervenção do governo no mercado, falta de legislação específica sobre compra e arrendamento de terras, riscos de governança, entre outros.
Máquinas e insumos
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José Milton Dallari Soares, vice-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, lembrou que, atualmente, o Brasil exporta carne para 56 países, incluindo EUA, Irã, Egito e Rússia
José Carlos Aguilera, diretor presidente da Brasil Ecodiesel: “O Brasil é o fornecedor prioritário para atender à crescente demanda do mercado mundial de commodities, nos próximos vinte anos”
commodities. “Diversos estudos apresentam o Brasil como fornecedor prioritário para atender à esta crescente demanda, nos próximos vinte anos” – disse ele. “O produtor do agronegócio deverá ir ao encontro de novas estratégias financeiras, a fim de obter o capital necessário para seus investimentos, tanto em ativo fixo quanto em capital de giro”. Para Aguilera, o mercado de capitais mostra-se uma boa alternativa de financiamento a custos competitivos, porém, exige das empresas uma administra-
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No quinto painel, o vice-presidente da ABIMAQ, Celso Casale, fez uma projeção do quadro de produção de alimentos, levando em consideração o período de 2009 até 2050. “A produção mundial deverá aumentar 10% nos próximos quatro anos, para alimentar nove bilhões de pessoas” – declarou Casale. No caso do Brasil, o vice-presidente anunciou que a produção deverá crescer 40% até 2019, para acompanhar as expectativas da FAO, e que a produção de etanol deverá aumentar 7,5% ao ano, no mesmo período. Por outro lado, Casale frisou que a evasão do campo abriu espaço para o aumento da demanda da mecanização, como forma de enfrentar a escassez de mão-deobra, afirmando que o impacto da mecanização resulta em melhores condições de trabalho e melhor produtividade. Apesar disso, reconheceu que, no Brasil, “o custo do maquinário é 40% superior ao de outros países do primeiro mundo”. No campo dos insumos agrícolas, Clarice Corrêa Peixoto Alves, gerente geral de relações com investidores da Vale Fertilizantes, afirmou que a demanda por fertilizantes tem sido impulsionada pela busca de maior produtividade agrícola. “A aplicação desses produtos aumentou 149% em dez anos”, disse ela.
Gargalos Também participando do quinto painel, Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), mostrou a forte evolução da economia brasileira nesta última década e seus gargalos mais evidentes, como é o caso da logística. Declarou que as deficiências nessa área retiram cerca de R$ 3,9 bilhões do agronegócio no país. Daher informou ainda que em 2011 a
população mundial chegará a sete bilhões de habitantes, dos quais quase um bilhão passam fome ou são subnutridos, mostrando a necessidade de aumentar a produção de alimentos.
Seguro Para falar sobre seguro rural, Geraldo Mafra, diretor da UBF, traçou um histórico do seguro agrícola no Brasil. Apresentou os instrumentos de minimização de riscos para os produtores rurais, as modalidades de seguro, o atual perfil de mercado, os desafios do setor, além de novos produtos, entre eles, o seguro receita, baseado nos índices de produtividade, e o paramétrico, que cobre o prejuízo de variação entre índice ocorrido e contratado. Na opinião do dirigente da UBF, “o seguro rural representa um instrumento clássico de minimização de riscos e é fundamental que o Brasil tenha uma política de garantia de risco no campo para incentivar o produtor”.
Logística No painel sobre a logistica de transporte e armazenagem, Luis Antonio Fayet, consultor da Confederação Nacional da Agricultura, falou sobre as novas rotas de transporte da produção e criticou a distância entre os centros de escoamento e as áreas produtivas, que se traduz em elevados custos para os produtores. Fayet propôs uma série de ações para a melhoria do setor de logística. O consultor defendeu o cumprimento da legislação portuária, bem como a isonomia tributária com longo curso, na cabotagem; no caso das hidrovias, propôs a reformulação de sua estrutura, o uso múltiplo dos rios e o planejamento integrado de todos os modais. Em relação às rodovias, se mostrou favorável à garantia de recursos para sua construção e manutenção; no setor ferroviário, chamou a atenção para a revisão dos contratos de concessão e para o reativamento de diversas linhas.
Grãos No painel sobre a cadeia produtiva de grãos, Fernando Pimentel, presidente da Agrosecurity, afirmou que o país obteve recentemente duas safras muito boas. “Vivemos uma prosperidade única no agronegócio” declarou, comemorando a rentabilidade das safras de milho, soja e algodão. Ressaltou, no entanto, que problemas de logística ainda penalizam a rentabilidade no campo, e defendeu mais investimentos em hidrovias e ferrovias. André Pessoa, da Agroconsult, traçou as perspectivas para os mercados agrícolas, neste ano e em 2012. O palestrante consi-
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Café Para analisar a cadeia do café, Guilherme Braga Abreu Filho, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil , informou que o país atravessa seu melhor momento na produção cafeeira. “Este ano foram 48 milhões de sacas. O Brasil tem 9,7% de participação no total da balança do Agronegócio e 35% de participação no mercado dos países exportadores. Em 2011, o total exportado foi de R$ 8,4 bilhões – destacou Guilherme Braga, que explicou o funcionamento da cadeia produtiva do café, chamando a atenção para as regiões produtoras: “Minas tem 50% da área de produção, com 1.138.218 hectares. O Oeste da Bahia detém a tecnologia mais moderna. O café arábica engloba 1.292.240 hectares, e o conillon 395. 507 hectares. Em se tratando de consumo interno, são 1.013.500 toneladas, o que equivale a 20.270.000 sacas. “As perspectivas para os próximos anos são favoráveis, e o preço demonstra tendência de alta” – finalizou o presidente do CECAFÉ.
Carnes Introduzindo os debates sobre a cadeia produtiva das carnes, José Milton Dallari Soares, vice-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) traçou um painel geral do mercado externo, e afirmou que a carne in natura ainda é a mais exportada, sendo a União Europeia o maior consumidor. “Voltamos a vender carne suína para o exterior, depois da retração da década de 80” – lembrou Dallari, acrescentando que o Brasil exporta carne atualmente para 56 países, incluindo EUA, Irã, Egito e Rússia. “O total de bois abatidos supera 80 mil cabeças por dia, sendo que 33% desse total está sob responsabilidade dos grupos JBS, MAFRIG, BRF e Minerva”. Ressaltando a posição do Brasil em primeiro lugar, como exportador de frango, com 38,6% do mercado global, e em terceira posição em exportação de carne bovina, respondendo por 21, 3% do total mundial, José Vicente Ferraz, diretor técnico da AGRA/FNP, traçou o quadro de desafios para o setor agropecuário. Citou como principais entraves o alto custo da matéria prima, a valorização do câmbio e o protecionismo, e apontou como obstáculos a superar, questões sanitárias (aftosa, gripe H1N1), ambientais (Código Florestal) e de infraestrutura (logística), além da necessidade de ajustes na economia interna (juros) e de qualificação de recursos humanos. Ferraz também falou sobre o cenário de instabilidade e incertezas no mercado mundial, chamando a atenção para o crescimento no consumo de carne na China e na Ásia.
Florestas, madeira e celulose Ao iniciar o painel sobre a cadeia produtiva de florestas, madeira e celulose, Jedaias Salum, da CENIBRA, disse que “o Brasil mantém 44 m³/ha de áreas com plantio de árvores ao ano, mas quer chegar a 70
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No âmbito da cadeia produtiva do leite e derivados, participou como palestrante Wilson Zanatta, co-presidente do Conselho da LBR Lácteos do Brasil - considerada a maior companhia privada de produtos lácteos do país - com 30 unidades de fábricas e faturamento anual de R$ 3 bilhões ao ano. “Queremos ser indutores do desenvolvimento sustentável do setor de leite e derivados, investindo em tecnologia, qualidade de produtos e gestão” – declarou Zanatta, que assinalou a posição do Brasil como o quinto maior produtor de leite do mundo, sendo o país que mais cresce atualmente neste mercado, com o segundo maior rebanho a nível global, totalizando 18.850.000 vacas ordenhadas.
Eduardo Daher, diretor executivo da ANDEF: “A população mundial chegará, este ano, a sete bilhões de habitantes, dos quais quase um bilhão passam fome ou são subnutridos” DANIELLE MEDEIROS
Leite e derivados
Guilherme Braga Abreu Filho, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), anunciou que o Brasil atravessa seu melhor momento na produção cafeeira DANIELLE MEDEIROS
derou 2011 um ano incomum para o setor, pelo fato de apresentar boa produção, alta rentabilidade e preços elevados. “A safra da soja atingiu produtividade recorde de 75 milhões de toneladas” – assinalou, fazendo uma comparação com a demanda da China, de 72,5 milhões de toneladas. Quanto aos Estados Unidos, disse que as previsões não são favoráveis, devido às condições climáticas. No Brasil, André antecipou que a safra de soja em 2011/2012 vai ocupar 25 milhões de hectares. Em seguida, Amado de Oliveira Filho, consultor da Federação de Agricultura de Mato Grosso (FAMATO), fez uma demonstração das principais culturas do agronegócio, com foco na produção de milho, soja e trigo, e nas projeções para o aumento da produção até 2021. Segundo o consultor, “a discussão da área e produção ocupada pelas culturas selecionadas permite também afirmar e comprovar a sustentabilidade da produção agrícola, já que o crescimento se dará mais por aumento de produtividade que por expansão de novas áreas ao processo produtivo”. O consultor debateu as incertezas e riscos no setor, citando como ameaças a recessão mundial , o aumento do grau de protecionismo nos países importadores, o controle dos preços das commodities por mercados externos, e as mudanças climáticas. Por fim, anunciou que a África, principalmente Moçambique e Sudão, poderá ser a nova fronteira agrícola do mundo.
Eduardo Francia Campello, chefe geral da Embrapa Agrobiologia, destacou o desenvolvimento tecnológico como fator primordial para o avanço agrícola
m³/ha”. Afirmou ainda que o Japão possui mais florestas plantadas que o Brasil, atingindo 6.700 milhões/ha e que, no caso do território brasileiro, ainda existem muitas áreas degradadas que podem passar pelo processo de reflorestamento. Reforçando o potencial natural do país, o assessor explicou que, atualmente, os segmentos de papel e celulose, painéis de ma-
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Hortifruti No painel seguinte, que girou em torno de “Frutas e Hortigranjeiros”, Antonio Salazar Pessoa Brandão, coordenador da FIRJAN, apresentou dados sobre a fruticultura no Brasil, alegando que o setor “não está tão consolidado quanto poderia, frente ao potencial que temos”. Brandão indicou que, hoje, a atividade ocupa área 2.106 milhões de hectares, com produção anual de 38 milhões de toneladas. “O crescimento foi de 30% de 1994 até agora, e a área plantada se mantém estável” – informou o coordenador, que confirmou a posição do Brasil como maior produtor de laranja, seguido dos Estados Unidos. Warley Marcos Nascimento, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, declarou que a produção de hortaliças gera atualmente 2,4 milhões de empregos diretos, e que 60% da atividade está concentrada na agricultura fa-
SNA elege diretoria
miliar. “A média de produção gira em torno de 25milhões de toneladas ao ano, ao custo de R$ 10 bilhões, e o gasto com sementes, muitas delas importadas, envolve R$ 346 milhões”. Chamando a atenção para a necessidade de modernização do setor de hortifruti, Warley mencionou disse que a rastreabilidade, a certificação, o investimento em transporte aéreo e a colheita em períodos de pouca oferta, são fatores que devem ser valorizados.
Orgânicos O último painel do congresso foi dedicado à cadeia dos orgânicos. Dick Thompson, empresário e diretor da SNA, falou sobre a evolução do setor orgânico no Brasil, citando o marco legal da Lei 10.831. Abordou a importância da certificação de produtos, e anunciou que o país tem a maior produção diversificada do gênero, com 12 milhões de hectares de área certificada. Os números são animadores. “Em 2010, o país acumulou R$ 2 bilhões em receita neste segmento, e total mundial de venda de alimentos e bebidas orgânicos ultrapas-
sou os US$ 50 bilhões” – declarou o proprietário do Sítio do Moinho, que vê com bons olhos a realização, nos próximos anos, de megaeventos pautados por aspectos de sustentabilidade, saúde e alimentação saudável, como o congresso Rio + 20, em 2012, a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “É uma grande oportunidade de mercado para o consumo de produtos orgânicos” – reconheceu o empresário. As oportunidades e desafios do setor deram o tom da palestra de Sylvia Wachsner, coordenadora do projeto OrganicsNet da SNA, uma rede para acesso ao mercado, que conta com o apoio do BID, do Sebrae-RJ e de outros órgãos, e que reúne, até o momento, 34 empresas de vários pontos do país. Durante sua apresentação, Sylvia Wachsner observou as deficiências da cadeia orgânica, mencionando, entre outros aspectos, a baixa oferta de produtos, a produção sazonal pouco diversificada, a falta de oferta de produtos diretamente ao consumidor, a implantação de uma logística de distribuição de baixo custo e carência de pesquisas focadas neste segmento.
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deira, energia e toras industriais são os mais representativos no mercado. No caso da celulose e dos combustíveis verdes, Salum atestou que há boas oportunidades de expansão.
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Parte da nova diretoria que irá comandar a SNA até 2015: Francisco Vilela Santos, Tito Ryff, Sérgio Malta, o presidente Antonio Alvarenga e Jaime Rotstein CRISTINA BARAN
ma nova diretoria da Sociedade Nacional de Agricultura foi eleita no finalde junho para o mandato 2011-2015, sob a presidência de Antonio Mello Alvarenga Neto. O atual quadro da instituição foi praticamente mantido, tendo havido o ingresso dos novos diretores técnicos Carlos Caiado, Fernando Pimentel, José Milton Dallari, Kátia Aguiar, Luiz Antonio Fayet, Márcio Eduardo Sette Fortes de Almeida, Mauro )Lopes, Paulo Protásio, Rony Oliveira e Ruy Barreto Filho, todos profissionais de destaque no agronegócio brasileiro. Passam, também, a fazer parte do Conselho Fiscal da SNA Rui Otávio Andrade, Leopoldo Garcia Brandão e Maria Cecília Ladeira de Almeida.
Diretores da SNA, eleitos no final de junho: Joel Naegele, Osaná Almeida, o presidente, Antonio Alvarenga; Hélio Meirelles, Roberto Paraíso e Ronaldo Albuquerque
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Valor Bruto da Produção é o maior desde 1997 CIB – CONSELHO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA
Estimativa aponta que neste ano o valor será de R$ 198,68 bilhões, 10% superior ao do ano passado
res do que ano passado”, comenta Gasques. Em relação aos resultados regionais, estima-se que o Nordeste e o Centro-Oeste terão grande destaque. O VBP no Nordeste deve ser 19,8% maior do que ano passado (passará de R$ 17,6 bilhões para R$ 21,1 bilhões), devido aos bons resultados da safra nos estados do Piauí, Ceará, Paraíba e Bahia. No CentroOeste, o aumento real no valor será 39% (de R$ 37,9 bilhões para R$ 52,7 bi), por conta do aumento do valor da produção de 57% da safra de algodão, soja e milho no Mato Grosso. A região Sul registrará aumento de 9,1%. No Sudeste, o valor permanecerá o mesmo (R$ 54,8 bi), se comparado com ano passado. Já a região Norte terá uma redução de R$ 7,4 bi para R$ 7,3 bi.
Valor Bruto da Produção - VPB
Entre outras lavouras, o milho apresentou aumento no valor de produção
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Valor Bruto da Produção (VBP) deste ano deve ser o maior desde 1997, batendo novo recorde. O estudo do Ministério da Agricultura, feito com base nos resultados favoráveis da safra brasileira de grãos divulgados em junho (161,5 milhões de toneladas), revela que o VBP pode alcançar R$ 198,68 bilhões em 2011. Esse valor representa aumento de 10% — já descontada a inflação —,se comparado com o do ano passado, que foi de R$ 180,6 bilhões. As lavouras que podem apresentar os maiores aumentos no valor da produção, na comparação com ano passado, são algodão (65,4%), uva (44,8%), café (38,4%), milho (29,3%), soja (17,4%), feijão (11%), mandioca (8,6%) e laranja (7%). “Esses resultados devem-se à com-
binação de preços favoráveis neste ano e ao maior volume de produção obtido”, explica o coordenador de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, José Gasques. Os grãos que devem atingir maior volume de produção neste ano são: soja, com 74 milhões de toneladas; milho, com 58 milhões de t; e arroz, com 13 milhões de t. Esses três produtos devem representar 90% da produção de grãos em 2011.
Commodities As commodities que poderão registrar queda do VBP em 2011 são: cebola, com variação negativa de 62,6%; batata (-23,5 %); trigo (16,5%); tomate (-10,7%); e cana de açúcar (-9,7%). “Esta queda de valor deve-se, principalmente, ao fato de que todas elas têm preços meno-
Elaborado pela Assessoria de Gestão Estratégica desde 1997, o Valor Bruto da Produção é calculado com base na produção e nos preços praticados no mercado das 20 maiores lavouras do Brasil. Para realizar o estudo, são utilizados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O VBP é correspondente à renda dentro da propriedade e considera as plantações de soja, cana-deaçúcar, uva, amendoim, milho, café, arroz, algodão, banana, batata-inglesa, cebola, feijão, fumo, mandioca, pimenta-do-reino, trigo, tomate, cacau, laranja e mamona. Mensalmente, o Ministério da Agricultura divulga a estimativa do valor da produção agrícola para o ano corrente. Esse valor pode ser corrigido de acordo com as alterações de preço e a previsão de safra anunciados ao longo do ano. GUILHERME ARAÚJO
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Os produtores de soja de Minas Gerais contam com mais uma novidade para a safra 2011/2012, que começa a ser plantada na região a partir de outubro. É a soja marrom, ou BRSMG 800A, desenvolvida pela Embrapa – a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em parceria com a Epamig e com a Fundação Triângulo. Em termos agronômicos, a soja marrom possui resistência às principais doenças da soja e apresenta potencial produtivo compatível com a média de outras cultivares de mesmo ciclo presentes no mercado. Ela é do grupo de maturidade 8.0, apresentando ciclo médio em Minas Gerais, região para onde é indicada. Diferença A grande diferença da BRSMG 800A, no entanto, é a forma de consumo. Devido a sua coloração marrom e características organolépticas favoráveis, a nova cultivar pode ser misturada ao feijão carioquinha, aumentando em cerca de 30% o valor proteico do prato sem interferir no visual ou no sabor de um dos grãos mais consumidos do Brasil. A expectativa é que a BRSMG 800A ajude a popularizar o consumo da soja in natura no Brasil. Nos testes de degustação realizados pela Epamig em escolas, eventos, universidades e supermercados os resultados têm sido promissores. Em um supermercado de Uberaba, 819 pessoas degustaram a soja marrom preparada com caldo de feijão: 80% das pessoas disseram que certamente compra-
EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
Soja marrom é a novidade para a safra 2011/2012 em MG
Semelhante em sabor, cultivar pode ser consumida junto com o feijão carioquinha
riam o produto; 13% informaram que provavelmente comprariam e 7% disseram que talvez comprassem o produto. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) também tem realizado testes sensoriais. Nesses testes, a soja marrom foi preparada como feijão tropeiro e misturada ao feijão carioquinha em diferentes proporções. A pesquisa mostrou que a mistura proporcional de 50% entre a soja e o feijão pode aumentar em 30% o valor proteico do prato e ainda garantir um sabor agradável. A BRSMG 800A deve chegar aos supermercados em breve, com o nome comercial Nutrisoy e com o selo de identificação Soja de Minas. EDUARDO PINHO RODRIGUES - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA LEBNA LANDGRAF - EMBRAPA SOJA
IAC apresenta nova Aveia IAC 8 Com produtividade elevada, a variedade está sendo plantada no Paraná, Minas e São Paulo ARQUIVO IAC
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A nova variedade tem menor suscetibilidade a doenças do que a IAC 7, comercializada atualmente
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Instituto Agronômico de Campinas (IAC) lançou uma nova variedade de aveia, a IAC 8, que produz de 6 a 8 toneladas de palha ou grãos por hectare. Esse resultado é o dobro do apresentado pela IAC 7, que tem grande procura pela indústria por ter muitas fibras solúveis e elevada quantidade do açúcar betaglucano. Este tipo de açúcar, mesmo em baixas concentrações, reduz em até 50% a taxa de glicose no sangue e diminui o colesterol, com isso beneficiando a circulação sanguínea. A aveia IAC 7 foi registrada em 1999 e, por ter sido desenvolvida há vários anos, apresenta maior suscetibilidade à ocorrência de doenças – daí a importância dessa nova opção para o setor agrícola. A IAC 8 tem menor índice de fibras solúveis e de betaglucano, mas está sendo muito procurada em função da alta produtividade. Cerca de 80% das sementes produzidas pelo IAC já foram vendidas. CARLA GOMES – IAC
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Norma para certificação de armazéns é revisada Instrução atualiza a legislação e incentiva obtenção do selo de conformidade
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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aprovou os novos requisitos técnicos obrigatórios ou recomendados para certificação de unidades armazenadoras em ambiente natural. Também foi aprovado o regulamento de avaliação da conformidade das unidades armazenadoras. A Instrução Normativa nº 29, publicada no Diário Oficial da União de 9 de junho, consolida todas as normas e procedimentos a serem adotados na implantação do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras (SNCUA). Os itens foram atualizados em conformidade com a IN nº 41, de 14 de dezembro de 2010, que prorrogou os prazos para as empresas adequarem as suas estruturas às regras do sistema nacional. Além disso, previa a revisão dos requisitos técnicos a serem cumpridos no processo de certificação. O escalonamento determinado pelo Ministério da Agricultura na IN nº 41, que compreende o período de 2012 a 2017 e estabelece percentuais de implantação em seis etapas (sendo 15% das unidades nas cinco primeiras e 25% na sexta etapa), segue mantido.
O coordenador de Serviços de Infraestrutura, Logística e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, Carlos Alberto Nunes Batista, explica que as modificações ocorreram em poucos pontos e buscaram valorizar aspectos relacionados à qualificação do setor. O objetivo é aumentar a visibilidade dos produtos submetidos ao processo de armazenagem, com agregação de valor e competitividade frente aos mercados internos e externos. “Flexibilizamos alguns requisitos, com o propósito de atender a um maior número de situações, e desobstruímos alguns gargalos para diminuir o custo das empresas na obtenção da certificação”, afirma. Saiba mais O Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras é coordenado pelo Ministério da Agricultura, com regras e procedimentos de gestão para qualificação de armazéns para a guarda e conservação de produtos agropecuários dentro de padrões internacionalmente reconhecidos. A certificação busca o fortalecimento da relação do setor armazenador com o setor produtivo e a sociedade, a redução das perdas que ocorrem durante o proces-
A Instrução Normativa prevê seis etapas implantadas até 2017
so de armazenamento e o aumento da credibilidade do setor frente aos mercados externos. O Organismo de Certificação de Produto (OCP) é acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), responsável pelo controle e acompanhamento da concessão da licença e uso da identificação da certificação. MARCOS GIESTEIRA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
Cultivares de feijão da Embrapa aumentam o lucro do produtor
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Uma forma de os produtores aumentarem sua margem de lucro é reduzindo os custos de produção. Para isso, a Embrapa lançou cultivares de feijão altamente produtivas, resistentes a doenças e adaptadas à colheita mecânica. Uma delas é a BRS Cometa, desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás – GO) e comercializada pela Embrapa Transferência de Tecnologia (Brasília – DF).
BRS Cometa A BRS Cometa é uma cultivar do grupo do carioca que tem como principais características o alto potencial produtivo e a arquitetura de planta ereta. Isso proporciona colheita direta com colhedoras automotrizes, dando mais segurança em relação ao feijão arrancado e enleirado com risco de chuvas na safra das
águas e sequeiro. Outra vantagem da BRS Cometa é a sua precocidade, com ciclo de aproximadamente 78 dias da emergência à maturação fisiológica. A cultivar apresenta ainda um alto potencial produtivo, grão com excelentes qualidades culinárias, resistência às principais doenças e ao acamamento, sendo mais uma opção para os produtores interessados em produzir feijão carioca nas safras das “águas” e da “seca” em Santa Catarina e Paraná, nas safras das “águas” em São Paulo, nas safras das “águas”, “seca” e “inverno” em Goiás e Distrito Federal, nas safras da “seca” e “inverno” no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, na safra de “inverno” no Tocantins, e na safra das “águas” na Bahia, Sergipe e Alagoas.
A cultivar Cometa pode ser usada sob diversas condições climáticas dos estados
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Está na hora de plantar batatas! Para os produtores de grande parte do país, especialmente o estado de São Paulo, que já finalizaram a colheita de sua produção, agora é o momento certo de iniciar a nova safra. A Embrapa Transferência de Tecnologia (Brasília, DF), disponibiliza no mercado, para os produtores, as batatas BRS Eliza, BRS Ana, BRS Clara e Cristal. Todas melhoradas pela pesquisa e com potencial de produção para todo o país. Essas cultivares são resultado do programa de melhoramento genético da batata da Embrapa, que envolve três Unidades de Pesquisa da empresa – Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) e Embrapa Transferência de Tecnologia/Escritório de Negócios de Canoinhas (Canoinhas, SC).
BRS Clara A mais nova cultivar lançada pela Embrapa é a BRS Clara, resultado de parceria entre as Unidades da Embrapa Clima Temperado, Embrapa Transferência de Tecnologia e Embrapa Hortaliças, além da contribuição do Instituto Agronômico do Paraná - Iapar. Lançada em 2010, essa cultivar tem ciclo médio de cem dias, com bom aspecto vegetativo, exceto o enrolamento fisiológico característico das folhas, que atinge relativamente boa cobertura do solo. Apresenta um elevado potencial produtivo, com alta percentagem de tubérculos graúdos, tendo resistência alta à requeima e moderada à pinta-preta. Observa-se, também, que não há problemas com distúrbios fisiológicos nos tubérculos. Destaca-se na cultivar uma grande facilidade de manejo e brotação e de controle de requeima. No período mais quente do ano, deve ser comercializada imediatamente após a colheita, devido à perda de qualidade da película. Tem uso preferencial para preparação de saladas e outros pratos semelhantes.
BRS Ana BRS Ana é uma cultivar lançada em 2007, adequada para fritura à francesa, com potencial de processamento na forma de palitos pré-fritos congelados e de flocos. Foi desenvolvida pelas Unidades da Embrapa Clima Temperado, Transferência de Tecnologia (Escritório de Canoinhas), e Hortaliças. Suas características de maior destaque são a aparência, o rendimento de tubérculos, peso específico e qualidade de fritura. Os tubérculos têm película vermelha, levemente áspera, polpa branca, formato oval e olhos rasos. Seu potencial produtivo é alto. No ecossistema subtropical, apresentou maior produtividade que as cultivares mais plantadas no país, quando cultivada no outono, e não diferiu na primavera. Apresenta, também, menor exigência em fertilizantes que as principais cultivares importadas e também mostra moderada tolerância à seca. A BRS Ana possui suscetibilidade moderada à requeima e boa resistência à pinta preta, apresentando baixa degenerescência de sementes por viroses, conferida pela resistência ao vírus Y da batata, e baixa incidência ao vírus do enrolamento da folha da batata.
BRS Eliza BRS Eliza, lançada em 2002, é outra cultivar desenvolvida pelo programa de melhoramento da Embrapa Clima Temperado. Possui um elevado potencial produtivo, com tubérculos de boa aparência e resistência à requeima e à pinta preta. Tem menor exigência em fertilização que as principais batatas importadas, o que possibilita sua utilização tanto em sistema de produção convencional como orgânico. 18
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Cultivares de batata da Embrapa mostram seu potencial
As cultivares da Embrapa permitem elaboração de pratos diferentes
Possui bom nível de resistência de campo às principais doenças fúngicas foliares, à requeima e à pinta preta. Porém, é suscetível ao vírus Y da batata, ao vírus do enrolamento da folha (Potato leafroll vírus - PLRV) e à canela preta (Pectobacterium sp.). A cultivar apresenta ciclo médio, hábito de crescimento ereto, com porte médio. Tubérculos com formato oval; película amarela e lisa; polpa amarela clara e olhos rasos. Possui período de dormência médio. Na culinária, sua aptidão é para o cozimento objetivando o preparo de purê e pratos afins, com teor de matéria seca baixo. Os melhores locais para o plantio dessa cultivar são as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Batata Cristal Lançada em 1996, a batata Cristal foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa Clima Temperado. Apresenta moderado potencial produtivo de tubérculos de boa aparência e potencial de utilização em sistema de produção orgânica. Possui resistência de campo a requeima (Phytophthora infestans) e à pinta preta (Alternaria solani) e bom nível de resistência ao vírus Y da batata (Potato vírus PVY). Apresenta, ainda, ciclo médio, hábito de crescimento ereto, com porte médio-baixo. Os tubérculos possuem formato ovalalongado; película amarela, um pouco áspera; olhos rasos; polpa amarela intensa. Com período de dormência médio, a Cristal é de uso múltiplo, com aptidão à fritura na forma de palitos e cozimento para a elaboração de saladas, purê e pratos afins, com teor de matéria seca médio-alto. A melhor época do ano para plantar a batata Cristal é no inverno, nos estados do Sul do país. Consumo variado - A batata é uma cultura originária do Peru e um dos vegetais mais utilizados nas cozinhas de todo o mundo. Ocupando a quarta posição entre as principais culturas produzidas mundialmente, a batata apresenta grande importância na produção agrícola nacional. A produção mundial anual de batata supera 300 milhões de toneladas em uma área de 19 milhões de hectares. O Brasil produz cerca de 2,8 milhões de toneladas por ano. As regiões Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) do Brasil são as que mais se destacam na produção, sendo que o estado de Minas Gerais é o principal produtor brasileiro. O rendimento médio nacional é de aproximadamente 22 toneladas por hectare, rendimento ainda considerado baixo, mas que é 45% maior do que o praticado há 10 anos no país. Tais produtividades são alcançadas devido às modernas técnicas de cultivo empregadas pelos produtores, associadas a cultivares mais produtivas que são desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético da cultura. FANNIA MACHADO - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
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FAO comemora erradicação da peste bovina A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) celebrou o triunfo da erradicação da peste bovina, flagelo que afetou criadores de gado da África, Ásia e Europa durante centenas de anos. O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, comemorou, na 37ª Assembleia Geral da entidade, em junho, a erradicação, em nível planetário, da doença, considerada uma das enfermidades mais mortíferas da história do homem e uma antiga ameaça aos meios de subsistência e segurança alimentar do planeta. “É hora do mundo comemorar”, disse. O ministro da Agricultura do Brasil, Wagner Rossi, presente à reunião da FAO, celebrou o êxito, lembrando que o país há décadas não enfrenta tal problema. “O único caso registrado da doença no nosso país ocorreu em 1921 em búfalos que haviam sido importados”, disse. A reunião bienal da FAO foi marcada pela eleição do novo diretorgeral da organização. O brasileiro José Graziano, ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome do governo Lula, foi o candidato escolhido.
A peste bovina foi a segunda doença erradicada mundialmente, depois da varíola
Cooperação
disse Dayouf no plenário da FAO, perante chefes de Estado, ministros e autoridades. “A erradicação total da peste bovina, doença que atingia bois, búfalos e muitas outras espécies animais, tanto domésticas como silvestres, é hoje uma prova de que isso é possível”. Em seu discurso, o diretor-geral da FAO comentou que durante mais de mil anos, a doença atingiu os povos dos cinco continentes. A enfermidade aniquilou milhões de animais, levando populações a condições precárias de vida e provocando insegurança alimentar.
A erradicação da peste bovina é considerada pelos 180 países que integram a FAO um triunfo da ciência e do engenho humano. “É a primeira enfermidade animal eliminada em seu meio natural graças ao esforço do homem e a cooperação internacional”, apontou Diouf. Ele lembrou ainda que a peste bovina é a segunda doença erradicada da história da Humanidade, depois da varíola. “Durante anos dizia-se com frequência que o mundo tem os meios necessários para eliminar a fome, a subnutrição e a pobreza extrema”,
OLÍMPIO CRUZ NETO - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
Calendário Inédito sobre os Solos Brasileiros
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Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ) lançou o calendário de parede Solos do Brasil 2011. Essa iniciativa inédita começou a ser elaborada em 2010, quando o centro de pesquisa iniciou a organização do seu vasto arquivo de fotos – mais de trinta anos de história do estudo do solo – com a intenção de organizar um banco de imagens. Como exemplo, utilizou-se o calendário dos solos africanos, elaborado pela FAO. O calendário colorido, com tiragem de 500 cópias, tem 15 páginas e formato grande (A3, 29X42cms.). Cada mês representa um tipo de solo que ocorre no Brasil (argissolos, cambissolos, chernossolos etc.) com fotos, principais áreas de ocorrência e texto que apresenta suas principais características. Na última folha um artigo conta como é a distribuição desses solos pelo nosso País. CARLOS DIAS - EMBRAPA SOLOS
ATELIÊ DA NOTÍCIA
Paisagistas apresentarão jardins criativos de baixo custo Os paisagistas Alexandre Galhego e João Corbett e a arquiteta Natália Salcedo são alguns dos profissionais de Campinas que já confirmaram presença na mostra Minha Casa Meu Jardim, da Expoflora 2011. Com o tema “Árvores: conhecer, plantar e preservar”, a mostra promete s er s uces s o, es p ecia lm ent e p or que a proposta dos organizadores Ana Rita Gimenes e Ralph Dekker é trazer ao público soluções para a criação de ambientes aconchegantes, belos e elegantes que cabem até em pequenos orçamentos. Ana Rita e Ralph idealizaram a exposição depois de duas inspiradoras viagens à primavera holandesa, trazendo na bagagem as principais tendências em flores, plantas, serviços e hábitos em paisagismo. Mostra Paisagismo, Expoflora 2010
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Produtos biológicos complementam o manejo de pragas e doenças FABRIZIO CARBONE ROMANO
BASF
COORDENADOR DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS BIOLÓGICOS DA BASF PARA AMÉRICA LATINA
Os feromônios podem reduzir o número excessivo de insetos invasores
Produtos biológicos são específicos ou mais seletivos, contribuindo para maior preservação do controle natural em agroecossistemas
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om ação distinta da exercida pelos produtos químicos, os produtos biológicos se destacam pela atuação no manejo integrado de pragas e doenças. Os produtos desse seguimento podem ser posicionados em programas de controle, principalmente para o manejo de resistência de populações e resíduos em pré ou 20
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pós-colheitas. Em geral, os produtos biológicos são específicos ou mais seletivos, contribuindo para maior preservação do controle natural em agroecossistemas. Os produtos biológicos agem de distintas maneiras. O controle de pragas e doenças pode ser feito utilizando inimigos naturais, feromônios se-
xuais, fungos, bactérias, vírus e extratos ou óleos vegetais. Dentre essa larga gama, destacamos os benefícios dos feromônios e dos biofungicidas para a fruticultura.
Feromônios Dentre os diversos tipos de feromônios, os hormônios sexuais são
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utilizados para o monitoramento e controle de pragas. A técnica utilizada para controle é conhecida como confusão sexual de machos. O uso no campo ocorre da seguinte maneira: primeiramente alocando armadilhas contendo o feromônio sexual nas áreas de produção com o propósito de atrair insetos do sexo masculino de determinada espécie. Com a observação periódica, os técnicos são capazes de reunir dados como: surgimento da praga, densidade populacional ao longo da safra e identificação de áreas com maiores e menores infestações. Após a pulverização com inseticidas convencionais para diminuir a população da espécie, são colocados a campo em torno de 500 “dispensers” ou liberadores com maior concentração do feromônio sexual. Em resumo, os machos ficam confusos, já que são incapazes de localizar a fonte de feromônio produzida pela fêmea. Esse processo evita a cópula, e consequentemente, a perpetuação da espécie na área. A grande vantagem desta tecnologia é a redução da densidade populacional da praga para índices inferiores ao de tomada de decisão de controle. Esse sistema de supressão populacional também possui uma ação de controle duradoura (até 180 dias). Portanto, a tecnologia é importante ferramenta no manejo de pragas visando ao controle da espécie. A técnica de confusão sexual dos machos já é utilizada em diversas partes do mundo com destaque para a cultura da maçã.
Fruticultura Outros produtos importantes para a fruticultura são os fungicidas. Os biofungicidas também podem ser utilizados visando a melhor eficiência do manejo de determinadas doenças em fruticultura, além da pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas, a introdução de biofungicidas em programas de manejo é uma grande estratégia aliada à fitotecnia
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O biofungicida pode ser aplicado próximo à colheita
em fruticultura. Um exemplo é o composto desenvolvido a partir da bactéria gram-positiva Bacillus subtilis (QST 713). Trata-se de um agente biológico não patogênico, comum no solo e na água. O produto age como uma ferramenta de proteção e tem como característica principal inibir o desenvolvimento de outros agentes biológicos, além de possuir lipopeptídeos, os quais atuam em sítios de ação completamente distintos das moléculas dos demais fungicidas utilizados no manejo de algumas doenças. Com isso, os fruticultores têm mais uma solução ou ferramenta para suas atuais necessidades dentro da cadeia de valor da produção de alimentos. Agindo de maneira eficaz, o biofungicida pode ser aplicado próximo à colheita objetivando o manejo de resíduos. Desta maneira, os produtores passam a ter acesso aos mercados de alto valor como grandes varejistas e exportadores que apresentam rigorosas restrições a resíduos. Cabe salientar
que o biofungicida está isento dos limites de tolerância de resíduos (LMR), razão pela qual vem sendo empregado em muitos países da Europa, Américas do Norte, Central e Latina. De acordo com dados consolidados pela Embrapa Clima Temperado, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, com 42 milhões de toneladas produzidas de um total de 340 milhões de toneladas colhidas em todo o mundo anualmente. Apesar dos números expressivos em produção, o país ocupa a 12ª posição na exportação de frutas. Os números demonstram o potencial brasileiro para a fruticultura e indicam que o país tem a oportunidade de acessar novos mercados. Por esta razão, a indústria deve investir em tecnologia e inovação para disponibilizar aos fruticultores produtos e soluções que auxiliem no manejo de resistência de doenças e pragas e agreguem valor ao campo, permitindo a abertura de novos mercados. A Lavoura
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Bicagem e canibalismo em frangas e galinhas de postura J ACIR J. A LBINO e L EVINO J. B ASSI
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TÉCNICO AGRÍCOLA E ASSISTENTE DE OPERAÇÕES I DA EMBRAPA SUÍNOS E AVES
Ração em quantidade insuficiente nos comedouros traz problemas de canibalismo
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m problema geralmente enfrentado pelo produtor de galinhas de postura comerciais na fase de produção, ou quando ainda frangas, é a bicagem e o canibalismo. Bicagem é o ato da ave bicar sua companheira, o que, na maioria das vezes, pode levar ao canibalismo e até mesmo à mortalidade da ave agredida. Nas galinhas, a bicagem e o canibalismo geralmente afetam a região da cloaca, mas podem se estender a outras partes do corpo, como pontas de asa ou dorso. Tem-se observado que este problema aparece muito em pequenos núcleos de produção de galinhas de postu22
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A bicagem e o canibalismo na fase de produção podem estar relacionados a vários fatores, para os quais o produtor precisa estar atento
ra, onde ainda há certa deficiência de assistência técnica na cria, recria e produção de galinhas. Neste contexto, o canibalismo aparece como um reflexo ou consequência de algum fator que esteja prejudicando o bem-estar da galinha em decorrência de alguma prática incorreta de manejo, principalmente no que se refere à nutrição das aves, manejo no aviário e os equipamentos. O canibalismo pode ter início desde os primeiros dias de idade das aves, quando, na falta de ração nos comedouros, os pintos ou frangas começam a bicar os dedos uns dos outros, ou quando
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uma ave machucada torna-se alvo de suas companheiras que buscam pelo sangue de algum ferimento. Em frangas e galinhas, vários são os fatores responsáveis pela bicagem e desenvolvimento do canibalismo: - Hereditariedade (material genético); - luminosidade; - temperatura; - alojamento das aves; - comedouros e bebedouros insuficientes; - rações de baixa qualidade nutricional; - ração em quantidade insuficiente; - excesso de gordura abdominal (causa de prolapso do oviduto); - piolhos e outros ectoparasitas; - mudança no manejo; - rações com baixos teores de sal; - debicagem incorreta.
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Dieta balanceada Sobre estes aspectos citados, é possível fazer as seguintes considerações: Em poedeiras, a deficiência de sódio resulta em decréscimo ou cessação da postura, retardo no crescimento e canibalismo. Em dietas básicas e balanceadas com milho, soja e núcleo contendo sal comum, esta exigência é praticamente atendida. O programa de luz para poedeiras visa estimular e controlar a maturidade sexual da fêmea. Ele pode ser aplicado seguindo as orientações do manual da linhagem, porém, quando aplicado de forma incorreta no lote, pode conduzir ao canibalismo. Um programa de luz crescente e gradual deverá fornecer à galinha em produção 16-17 horas de luz diária, considerando o período de luz natural. A luz atua como estímulo responsável pela ovulação na galinha. O programa de iluminação deverá levar em consideração: fotoperíodo diário da região, intensidade luminosa a ser aplicada no lote (medida em lumens ou lux), linhagem utilizada, idade para início do programa de luz. Observação importante: Nunca se deve iniciar abruptamente um programa de luz com 16 horas para aves em produção ou antecipar o programa em relação à idade ideal de maturidade sexual da galinha, pois este tipo de estímulo, realizado de forma inadequada, pode ter como consequência o estresse ou prolapso (reversão do oviduto e do reto que não se retraem à sua posição normal). Também tem se verificado prolapso do oviduto em galinhas com excesso de
A bicagem e o canibalismo pode ocorrer em galinhas de postura comerciais na fase de produção
peso no início da produção (alimentação incorreta ou desbalanceada). A galinha com prolapso é agredida por suas companheiras, que atraídas por pintas de sangue ou pela coloração das mucosas expostas procedem à bicagem e ao canibalismo. Aves com prolapso devem ser retiradas imediatamente do lote para que não se desenvolva o vício do canibalismo. Lâmpadas infravermelhas promovem luminosidade alta. Esta condição pode deixar as aves agitadas e agressivas e ser um fator propício para a bicagem e canibalismo. A ocorrência da bicagem e canibalismo também está relacionada à baixa qualidade nutricional das rações. É provável que deficiências de aminoácidos e ácidos graxos essenciais, o elevado teor energético das rações e o baixo teor proteico, além da falta de sais minerais e vitaminas, estejam entre as causas estimulantes da bicagem, pois isto pode tornar as aves mais agressivas e nervosas.
Cuidados com o alojamento e manejo Densidade de alojamento elevada, comedouros e bebedouros insufi-
cientes e consequente disputa pelo alimento pode ser causa de bicagem. Objetos cortantes ou pontas de ninhos que causem ferimentos e pequenas hemorragias nas aves também podem ser atrativos, estimulando o vício do canibalismo. A literatura cita que determinadas linhagens podem ser propensas à bicagem, por serem mais agressivas. Temperaturas elevadas podem provocar estresse e nervosismo nas aves, o que resultaria em bicagem. Para galinhas e frangas de postura pode-se adotar temperatura em torno de 20ºC a partir da 6ª semana de idade. Deve-se monitorar a presença de ectoparasitas nas aves, pois isto pode causar nervosismo e estresse, resultando em maior agressividade das aves. Animais próximos ao aviário de produção podem assustar as aves e aumentar o nervosismo do lote. Mudanças repentinas de manejo ou manejo praticado de forma incorreta podem levar ao estresse e à bicagem. Poedeiras com a debicagem mal feita e expostas a fatores de estresse aumentam os problemas de bicagem e canibalismo no lote.
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Debicagem em galinhas de postura
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LEVINO J. BASSI e JACIR J. ALBINO TÉCNICO AGRÍCOLA E ASSISTENTE DE OPERAÇÕES I DA EMBRAPA SUÍNOS E AVES
uando se debica uma ave, tem-se por objetivo melhorar seu desempenho produtivo, reduzir o canibalismo, diminuir a bicagem de ovos e melhorar a conversão alimentar. A debicagem é uma prática realizada por profissionais experientes que evitam ao máximo o sofrimento da ave. A debicagem, quando realizada corretamente, não causa danos à saúde da ave, permitindo que ela se alimente normalmente em todo seu ciclo de produção e evitando ainda que ela seja atacada por suas companheiras (canibalismo), em condições de estresse. Uma debicagem mal feita é sinônimo de prejuízos, por isso, deve-se analisar o sistema de criação proposto, bem como seus objetivos para a realização desta prática. Galinhas de postura comerciais criadas em sistemas de cama ou em gaiolas poderão ser debicadas para evitar futuros prejuízos com bicagem e canibalismo. A galinha de postura comercial deverá ser debicada entre o 7º e 10º dia de idade. O segundo passo é redebicar moderadamente as galinhas na fase de recria, entre 10ª a 11ª semanas de idade, com objetivo principal de corrigir falhas da primeira debicagem. Para galinhas criadas em sistemas semiconfinados (coloniais), sugere-se debicagem leve ao 8º dia de idade. Aspectos importantes a serem observados durante a realização da debicagem: 1. O melhor horário para realizar a debicagem é no início da manhã ou ao entardecer, evitando assim o período mais quente que aumentaria o estresse, mantendo sempre disponível água fresca para as aves. 2. Aves doentes não devem ser debicadas, e sim esperar sua recuperação. 3. Não ter pressa para realizar a debicagem. 4. Usar sempre equipes de profissionais bem treinadas. 5. A lâmina de debicagem deve estar na temperatura correta (em torno de 700ºC) antes de debicagem. Lâmina muito quente resulta na formação de neuromas no bico que se tornam muito sensíveis e causam desconforto, reduzindo o desempenho das aves. 6. A ave deve ser contida corretamente e o dedo indicador do operador deve ser posicionado sobre a garganta da ave de forma a promover a retração da língua, evitando desta forma o seu corte. 7. A debicagem deve ser realizada lentamente, permitindo que a lâmina cauterize o bico. A borda do bico deve ser arredondada para eliminar arestas. 8. Não puxar o bico da ave antes que o
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mesmo tenha sido completamente cortado, pois pode prejudicar a qualidade da debicagem. 9. Conferir cuidadosamente a debicagem de cada ave. Se possível, faça os retoques que forem necessários. Manejo de pré e pós-debicagem Algumas práticas podem diminuir o estresse da ave quando debicada, prevenindo a perda de peso e diminuição no consumo da ração: 1. Fornecer vitamina K na ração durante 3 dias antes e 3 dias depois da debicagem, para minimizar possíveis problemas de hemorragia. 2. Durante os primeiros dias após a debicagem manter os comedouros cheios de forma tal que a ave não tenha contato com o fundo do mesmo. 3. Estimular o consumo de água e alimentos (mexer a ração nos comedouros). 4. Durante o período de debicagem da ave, 1 semana antes e 1 semana após, evitar outras práticas de manejo que possam causar estresse nas aves. A prática da debicagem ainda não está padronizada entre os profissionais. Cada li-
nhagem possui suas orientações e manuais de criação que visam buscar o melhor desempenho. O melhor método deve se adaptar às necessidades da granja, bem como ao sistema de criação utilizado. As referências citam debicagens com corte leve, moderado e severo; com remoção apenas da cutícula que envolve o bico, corte de 1 terço do bico superior e apenas extremidade distal do bico inferior, corte dos dois bicos na mesma proporção (1 terço do bico inferior e superior, a uma distância de 2mm dos orifícios nasais). Trabalhos citam avaliações positivas no desempenho da produção em lotes de aves debicadas, como aumento na taxa de produção de ovos e menor mortalidade, possivelmente ocasionada pela redução de ovos bicados no lote, diminuição de problemas de canibalismo e redução no desperdício de ração (pela menor seleção de alimentos). A debicagem em galinhas de postura ainda é um tema em ampla discussão na indústria avícola. Tem-se refletido sob a perspectiva de bem-estar animal e os benefícios gerados por esta prática, que continua sendo uma boa alternativa para melhorar o desempenho do lote. EMBRAPA SUÍNOS E AVES
O procedimento deve ser realizado com prática e precisão, de forma rápida para causar o menor estresse possível à ave
EMBRAPA SUÍNOS E AVES
Opção de debicagem: os dois bicos podem ser mantidos no mesmo comprimento e suas pontas em forma de “v”, ou outra opção é um debique mais profundo no bico superior
Ave debicada...
... e sem debicagem
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Carta da S O B R A P A
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Uso dos rios e defesa da biodiversidade O
s rios, grandes ou pequenos, atendem simultaneamente às exigências humanas e à manutenção da biodiversidade com eles relacionada e, com muita freqüência, esta dupla serventia gera conflitos de difícil conciliação. O homem os utiliza com três finalidades básicas: fonte de suprimento d’água, normalmente desviada de seu curso e, muitas vezes, a ele devolvida mais tarde de forma degradada; geração de energia; e utilização como via de transporte. Outras finalidades, relativamente menos importantes, também podem coexistir, como pesca ou lazer. Para viabilizar estes usos, múltiplas formas de modificação das suas condições naturais são introduzidas, sob a forma de barragens, retificações de curso, desvios, derrocamentos, dragagens, eclusas, instalações portuárias etc. Comumente, esta diversidade de utilizações também se torna conflituosa. Por exemplo, uma barragem para geração de energia pode dificultar ou impossibilitar a navegação; ou um desvio, prejudicar a geração de energia. Contudo, o aproveitamento do curso d’água pode ser maximizado com um planejamento integrado, ainda que este muitas vezes seja negligenciado, com as pressões exercidas por um tipo de desenvolvimento ignorando ou prejudicando os demais. A interrupção da navegabilidade dos rios brasileiros pela construção de usinas hidrelétricas sem eclusas é um bom e repetido exemplo. O maior conflito, porém, é com a preservação da biodiversidade. A biota de um rio, como em qualquer ecossistema, é uma rede intrincada de interdependências que uma vez rompida tende a se desintegrar. E, quase sempre, em qualquer das formas de utilização dos rios acima citadas, isto acaba por acontecer. As próprias ações antrópicas para aumentar a utilização dos rios tipicamente redundam em degradação dos hábitats, perda de diversidade biológica e de qualidade da água, tal como o comprovam a quase totalidade dos grandes rios da Europa, da América do Norte e de grande parte da área mais populosa do Brasil. Os rios Tietê e Paraíba do Sul disto constituem lastimáveis exemplos, que se repetem por todo o País. A Bacia Amazônica, pela sua imensidão e a ocupação humana ainda relativamente esparsa, com as grandes concentrações urbanas largamente distanciadas, ainda se mantém relativamente hígida, mas os grandes empreendimentos hidroelétricos tais como Tucuruí e, agora Santo Antônio e Jirau, já começam a afetar substancialmente as suas condições naturais, sem falar no megalômano e discutível projeto de Belo Monte, no desastre ecológico de Curuá Una e naquele causado pelo calamitoso empreendimento da usina de Balbina, que alagou imensa área de floresta para produção ridiculamente baixa de energia elétrica. A pesca desordenada também já afeta significativamente a biota aquática regional, ameaçando diferentes espécies.
A Bacia Paraguai-Paraná, situada na área habitada pela maior parte da população brasileira, a mais industrializada e com maior desenvolvimento agrícola, já sofreu todos os possíveis efeitos de degradação. Numerosos afluentes do Paraná foram interrompidos por barragens e seus cursos se transformaram numa sucessão de lagos artificiais, com quase completa alteração de fluxos, aumento da carga de sedimentos devido a desmatamentos maciços, enormes quantidades de agrotóxicos, colossal impacto sobre a fauna e a flora, e geração de importantes obstáculos para a navegação, estes já atenuados por um sistema parcial de comportas. No rio Paraguai, os desmatamentos nas cabeceiras, os assoreamentos e a poluição decorrente das intensas atividades agrícolas são os maiores problemas. Na outra grande bacia, a do São Francisco, é comum a afirmação de que “o Velho Chico está morrendo”, devido a toda sorte de atividades antrópicas lesivas, agora agravadas pela construção de sangramentos significativos com o insensato projeto de interligação de bacias para, teoricamente – e apenas teoricamente – saciar a carência hídrica de vastas áreas do Nordeste seco. Quanto à Bacia do Uruguai e às numerosas pequenas redes hídricas distribuídas ao longo da costa, todos os problemas supracitados se repetem em maior ou menor grau. Em sua quase totalidade, perturbação de fluxo, poluição extrema, retirada das matas ciliares e dizimação da biota é a regra. No entanto, manter-se um rio biologicamente sadio ou pelo menos reduzir os efeitos maléficos das diferentes formas de uso dentro de limites aceitáveis é mandatório, e aos poucos isto vem sendo compreendido em escala mundial como uma maneira de beneficiar as próprias populações humanas para as quais os supostos melhoramentos estruturais foram idealizados. Em muitas regiões tal coisa já acontece, como por exemplo a revitalização do Tâmisa, no Reino Unido, quando se comemorou amplamente o retorno de parte da sua fauna original. No Brasil, onde imensos erros foram cometidos no passado, e ainda se repetem irresponsavelmente no presente, tais fatos necessitam ser lembrados e compreendidos por ocasião da ocupação de novas áreas do nosso território que ainda mantêm rios relativamente saudáveis. Corrigir tais erros cometidos, quando ainda exeqüível, é sempre difícil e custoso em termos materiais e financeiros. E, não poucas vezes, o dano é irreversível. Conciliar desenvolvimento com conservação da saúde dos rios é possível, pelo menos em parte, desde que haja planejamento adequado, sabedoria e bom senso. Caso contrário, continuaremos a privilegiar o desenvolvimento nãosustentável, destruído nossos ambientes aquáticos e a sua riqueza biológica.
Ibsen de Gusmão Câmara Presidente A Lavoura
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Citações O Professor Jeffrey D. Sachs, Presidente do Instituto Terra e um dos mais respeitados economistas mundiais, legou-nos o seguinte pensamento: “O problema [do desenvolvimento não-sustentável] é que ele evolui durante décadas, enquanto a atenção dos políticos somente alcança a próxima eleição e a grande parte do público só se preocupa com a próxima refeição ou o pagamento seguinte.” Realmente, o desenvolvimento sustentável, aquele que atende às necessidades das gerações presentes sem desconsiderar as das sociedades futuras, exige restrições nos gastos abusivos de recursos naturais e, por vezes, limitações do próprio produto nacional bruto, atitudes capazes de gerar descontentamento público e prejuízos para as carreiras políticas. Os políticos e as pessoas em geral, em sua maioria, só pensam no desenvolvimento não-sustentável a qualquer custo ambiental, e aquele que acontece nos tempos atuais ou no futuro próximo, sem qualquer preocupação com o que possa vir a ocorrer no porvir com a humanidade e a vida no planeta.
Natureza em perigo O desconhecimento da natureza é tão grande que mesmo uma ave excepcionalmente vistosa, habitando área povoada há longo tempo, pôde manter-se ignorada pela Ciência até recentemente. É o que aconteceu com o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), também conhecido como lavadeira-da-mata, galo-da-mata, cabeça-vermelha-da-mata ou uirapuru-matreiro. É uma forma de tangará, da família Pipridae, que habita as matas residuais situadas entre 300 e 600 metros de altitude nas encostas norte-orientais da Chapada do Araripe, no Nordeste. É uma ave vistosa, medindo cerca de 15 de comprimento, branca em sua maior parte com extremidades das asas e a cauda negras, e dorso vermelho vivo, cor que também é mostrada no topo da cabeça, sob a forma de uma espécie de capuz de penas. O extraordinário dessa ave é que, com tais características bem visíveis, vivendo em área já bastante visitada por muitos ornitólogos, somente foi descoberta em 1996, no Ceará. Vivendo em hábitat muito restrito, a população total estimada varia entre 50 a 800 indivíduos apenas e, obviamente, encontra-se sob extrema ameaça de extinção. Como tal, consta da lista oficial brasileira de espécies ameaçadas e, na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza, é indicada como Criticamente Ameaçada. Projetos de conservação e estudos sobre seus hábitos estão em andamento para evitar-se a extinção do soldadinhodo-araripe, mas a especulação imobiliária, o desmatamento, os incêndios florestais e o tráfico ilegal de animais selvagens são ameaças importantes e permanentes. Sua área de ocorrência encontra-se totalmente situada dentro da Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe; contudo, a pouca eficácia desse tipo de unidade de conservação não permite esperar-se que esta situação contribua efetivamente para a proteção da ave. Mais eficazes são
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as Reservas Particulares do Patrimônio Natural já implantadas ou em projeto dentro da área de distribuição da espécie. Várias organizações conservacionistas também estão envolvidas na sua proteção, dentre elas a AQUASIS, SAVE Brasil, Fundação Biodiversitas e Fundação Grupo Botiário de Preservação da Natureza.
E os manguezais? Uma das mais significativas omissões na lamentável proposta de novo Código Florestal, aprovada na Câmara de Deputados em maio último, é a falta de menção aos manguezais. É de conhecimento geral que essas formações vegetais evidenciam-se como tendo um papel crucial na defesa das áreas costeiras contra as alterações das linhas de costa, na sua proteção face aos processos erosivos das ondas e, principalmente, como berçário insubstituível da vida marinha. Inúmeras espécies de animais aquáticos dependem dos manguezais em algum ciclo de suas vidas, muitas delas com enorme valor econômico, e para considerável número de comunidades humanas tais ecossistemas mostram-se essenciais à sua sobrevivência. O catastrófico maremoto havido na Indonésia em 2004 demonstrou indubitavelmente a importância dos manguezais, quando se constatou que as regiões onde eles vicejavam foram as que melhor resistiram à fúria do mar. Não obstante serem tais fatos sobejamente conhecidos, a proposta do novo Código Florestal menciona essas valiosíssimas formações vegetais apenas uma vez e de forma inadequada. Somente em seu Artigo 4º as cita, quando diz: “Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, pelo só efeito da lei: (...) VI - nas restingas, como fixadoras de dunas e estabilizadora de mangues”. Este dispositivo é cópia exata do que consta no Código Florestal de 1965 (Lei no. 4.771/65) e, na verdade, ele não tem qualquer sentido, uma vez que restingas — por definição formações arenosas — nunca são estabilizadoras de mangues. Ele sempre foi considerado um erro de redação e, lamentavelmente, foi mantido sem alteração na proposta do novo código, com toda a sua ambiguidade implícita. É curioso que, sem definir no glossário da proposta a palavra “mangues”, o relator o faz para “apicuns” e “salgados”, termos intimamente relacionados com os manguezais, sem entretanto sequer citá-los no seu texto da proposta. Pela sua importância ecológica excepcional, os manguezais deveriam ser incluídos, destacadamente, no que se considera “Áreas de Proteção Permanente”, no Art. 4º da proposta. Isto consubstanciaria uma imposição legal que impediria a crescente destruição dos manguezais, visando à realização de obras litorâneas e instalações para aqüicultura, com localização inadequada e agressiva aos preciosos ecossistemas marinhos.
As emissões de dióxido de carbono continuam a aumentar Somente uma ínfima minoria de cientistas, com idéias idiossincrásicas, continua a negar a interferência do ho-
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mem no agravamento das condições do clima, claramente evidente nas matérias que publicam as principais revistas científicas do mundo, nas repetidas advertências divulgadas pelo Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas, e na realização de grandes conferências mundiais referentes ao tema, como as havidas recentemente em Copenhague e Cancún. No que pese essa preocupação generalizada com as mudanças climáticas, em contraposição às idéias daquela minoria, e apesar dos compromissos assumidos por diferentes países nos foros internacionais, as emissões de CO2 permanecem crescendo. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIG), em 2010 foram lançadas à atmosfera, somente pelo setor energético, nada menos do que 30,6 bilhões de toneladas desse principal gás do efeito estufa, 1,3 bilhões a mais do que em 2008. O mais grave aspecto desse fato é ter-se avaliado em Cancún que será necessário não ultrapassar 32 bilhões de toneladas de emissões anuais até 2020, a fim de que se limite o aquecimento global a 2 graus Celsius, considerado o máximo suportável para que se evitem conseqüências climáticas catastróficas. Isto significa que entre 2010 e 2020, num período seguido de nove anos, não poderá haver um aumento total nas emissões anuais superior a 1,4 bilhões de toneladas, pouco mais, portanto, do que foi observado em dois anos, entre 2008 e 2010. Será isto exeqüível, se o número dos veículos de combustão interna não cessa de aumentar e novas usinas térmicas a carvão, petróleo e gás natural continuam a ser construídas em ritmo intenso?
A devastação da Amazônia também cresceu O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mediante levantamento efetuado por satélites, verificou que entre agosto de 2010 e abril de 2011 o desmatamento na Amazônia Legal aumentou 27%. Somente em março e abril de 2011, foram desmatados respectivamente 115,6 km2 e 477,4 km2, o que representa um acréscimo de 475% em relação ao mesmo bimestre do ano anterior. Dos nove estados incluídos na Amazônia Legal, Mato Grosso se destacou, desmatando 480 km2 no bimestre, seguido do Pará, com 67,2 km2. Embora não haja provas da conexão, atribuiu-se esse enorme aumento às perspectivas de regularização, em decorrência do projeto de lei do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara de Deputados.
Barragens no Pantanal As condições ecológicas peculiares do Pantanal, com sua abundância de vida e paisagens únicas que representam um colossal potencial turístico, decorrem do regime natural dos numerosos rios que fluem do desnível existente em torno da planície pantaneira. É, pois, extremamente preocupante a construção de barragens para pequenas usinas hidrelétricas nesses cursos d’água, alterando o seu fluxo natural e afetando drasticamente o regime natural de cheias e secas responsável pela biodiversidade do bioma.
Segundo as informações divulgadas, já existem 37 barragens, e mais 62 estão em estudo ou construção. Embora as Secretarias de Meio Ambiente de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul neguem a existência de grandes impactos ambientais, relatos existem de que as alterações já feitas redundaram em diminuição na quantidade e diversidade dos peixes, base da cadeia alimentar de grande parte da fauna regional. A geração de energia elétrica por pequenas usinas não se justifica se redundar em empobrecimento da riqueza biológica e paisagística do Pantanal. Outras soluções poderiam e deveriam ser encontradas.
A pegada humana no planeta Considera-se “pegada humana” o impacto causado pela humanidade sobre os recursos naturais da Terra. Há várias maneiras de tentar-se medir o total desse impacto, para se ter uma idéia do quanto ele variou ao longo do tempo. Uma dessas tentativas considera que o impacto é decorrente simultaneamente de três fatores: o número de habitantes humanos no planeta, o consumo de recursos naturais e o avanço tecnológico que viabiliza o consumo. Assim, a pegada poderia ser medida pela seguinte fórmula seguinte: Pegada humana = População humana x Afluência x Tecnologia Um número recente da revista National Geographic (março de 2011) arbitrou que os dois últimos fatores poderiam ser avaliados considerando-se respectivamente, para todo o mundo, a soma dos Produtos Nacionais Brutos, e a do número de patentes, que de alguma forma medem a afluência e o avanço tecnológico. Selecionando-se três épocas, para a avaliação do crescimento da “pegada” (anos de 1900, 1950 e 2011), os valores respectivos seriam: No. de habitantes: 1,8 – 2,5 – 7,0 (bilhões de habitantes) Produto Bruto Mundial: 2,0 – 5,3 – 55,0 (trilhões de dólares) No. de patentes: 0,141 – 0,412 – 1,9 (milhões de patentes) Fazendo os cálculos com base na fórmula acima, chegaremos aos seguintes números aproximados para avaliar o tamanho da pegada humana nos anos indicados: 1900: 0,50 1950: 5,46 2011: 731,50 Isto significa que entre 1900 e 2011, o impacto humano sobre os recursos do planeta aumentou nada menos de que 1.463 vezes. Mesmo considerando o empirismo dos parâmetros adotados, vale a pergunta: até quando, com tal ritmo de crescimento, o planeta poderá suportar o impacto?
Mais de um milhão de hectares em concessões federais para exploração sustentável No final de 2010, mais de um milhão de hectares, em sete Florestas Nacionais, estavam em exploração ou em licitação na Amazônia, distribuídos nos estados de Rondônia e Pará, e com um potencial de produção atingindo 850.000 metros cúbicos de madeira por ano. As Florestas Nacionais — e as equivalentes Estaduais ou
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Municipais — constituem uma categoria de Unidade de Conservação que tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, conforme previsto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei no. 9.985/2000). É esperado que, submetidas a uma exploração cuidadosamente planejada, viabilizem a produção comercial de madeira por prazo ilimitado, sem destruir a floresta. Uma floresta colocada em concessão representa uma forma de estimular a exploração sustentável de madeira, e evitar o desmatamento ilegal e a grilagem de terras. As comunidades humanas locais ganham com maior oportunidade de empregos e os benefícios gerados pelos melhoramentos em infraestrutura. Para a iniciativa privada, representa uma oportunidade de acesso à floresta, numa atividade rentável e legal de produção de madeira. E, para o governo federal, é uma fonte perene de lucro, que deverá ultrapassar R$20 milhões anuais somente com as sete áreas concedidas. Contudo, em face da complexidade inerente à exploração sustentável das heterogêneas florestas tropicais, cujas intrincadas peculiaridades ecológicas ainda são muito pouco conhecidas, somente o tempo e a experiência mostrarão se ela é realmente viável ao longo do tempo, sem impactar excessivamente biodiversidade que contêm.
Maneira pouco usual de pesquisar biocombustíveis Uma poderosa barreira na produção de biocombustíveis é conseguir “quebrar” quimicamente as fibras de celulose, para viabilizar uma possível produção de hidrocarbonetos. O problema talvez possa ser solucionado sequenciando-se geneticamente as bactérias que habitam o sistema digestivo dos ruminantes, na busca de determinar as enzimas capazes de solucionar o problema. Para isto, os pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley examinaram o DNA dos micróbios aderentes aos fragmentos de vegetais no rume de uma vaca, animal notoriamente capaz de digerir celulose. Os micróbios foram obtidos através de uma “janela” permanente, aberta no ventre do animal, sem que ele fosse perturbado em sua vida e alimentação normais. Foram ao todo identificados 27.755 diferentes genes envolvidos na digestão dos carboidratos e obtidas enzimas com atributos especiais, que demonstraram atividades enzimáticas num conjunto de uma dezena de plantas produtoras de celulose. Como se pode ver, o caminho para a produção econômica de biocombustíveis a partir de celulose é complexo e evidencia aspectos surpreendentes.
com registro cuidadoso dos dados obtidos. Em 1980, uma única espécie de camarão (Mysis diluviana) foi nele introduzida, o que provocou todo um conjunto de graves efeitos em cascata. O camarão tornou-se fonte de alimento para uma espécie de truta, anteriormente também introduzida, mas que não demonstrara sensíveis perturbações no ecossistema. Com a chegada do camarão exótico, e dispondo de nova fonte abundante de alimento, a truta proliferou e passou a dominar o lago e, a seguir, eliminou um salmão nativo que, na época da desova, representava por sua vez nutrição importante para a população local de águias. Para complicar o quadro, o camarão mostrou-se um potente consumidor de diferentes espécies do zooplancto do lago, restando apenas aquelas de menor tamanho, que agora dominam o ambiente e, como estas não têm capacidade de alimentar-se de algas em larga escala, elas aumentaram em mais de 20 por cento, alterando completamente as condições da fotossíntese no corpo dágua e as suas formas de vida. Assim, a introdução aparentemente inofensiva de uma só espécie alterou em profundidade todo o ecossistema do lago, em apenas 30 anos. Este exemplo faz-nos recordar as introduções muitas vezes inconsequentes e irresponsáveis de peixes exóticos e camarões em nossos rios, lagos e mesmo no ambiente marinho. Muitos efeitos negativos já foram constatados, mas ainda ignoramos o que ocorrerá a mais longo prazo. Fonte: Nature, 13-01-2011
SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho Rogério Marinho
Fonte: Nature, 03-02-2011.
A fragilidade de um ecossistema Os ecossistemas podem demonstrar grande fragilidade, mesmo em decorrência de alterações limitadas aparentemente inócuas. O exemplo do Lago Flathead, nos EUA, é significativo. O lago vem sendo estudado desde o final do Século 19, 28
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CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond
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Morre aos 10 anos o clone bovino “Vitória da Embrapa” Primeiro bovino clonado da América Latina faleceu em decorrência de complicações causadas por uma pneumonia bacteriana Morreu em junho no Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB), o clone bovino “Vitória da Embrapa”. Aos 10 anos de idade, Vitória faleceu em decorrência de complicações causadas por uma pneumonia bacteriana, agravadas pela idade avançada do animal.
Vitória deixa quatro descendentes O nascimento de “Vitória da Embrapa” no dia 17 de março de 2001 representou um marco para a ciência já que foi o primeiro bovino clonado no Brasil e na América Latina. Vitória foi clonada pela técnica de transferência nuclear a partir de células embrionárias e, desde que nasceu, foi acompanhada de perto por cientistas da Embrapa e médicos veterinários da Universidade de Brasília e sempre mostrou bom desempenho em relação a crescimento e desenvolvimento de acordo com os padrões da raça Simental. Em 2004, com o nascimento de seu primeiro filhote, comprovou que era um clone perfeito do ponto de vista científico e de produção, levando em consideração o potencial reprodutivo e a habilidade materna. Em 2006, deu à luz mais uma cria. Além dos dois filhos, Vitória deixa ainda dois netos, todos nascidos de forma natural.
Outros clones da Embrapa O domínio da tecnologia, alcançado com o nascimento de Vitória, deu origem a outro resultado de sucesso no campo da clonagem animal na Embrapa com o nascimento de “Lenda da Embrapa”, da raça holandesa em 2003.
CTNBio concede extensão do CQB à Embrapa Agroindústria de Alimentos
EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) autorizou a Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) a realizar análises de vegetais e microrganismos geneticamente modificados dentro do Grupo de Risco I. O atual escopo do Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) amplia a participação
Os laboratórios da Embrapa agora podem analisar alimentos OGM
Vitória foi o primeiro animal clonado na América Latina
Em 2005, foi a vez de “Porã”, que além de clone bovino, carrega ainda outro predicado importante: o fato de ser representante da raça bovina Junqueira, que faz parte do Programa de Conservação e Uso de Recursos Genéticos Animais da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia por estar em estado crítico de extinção no Brasil, com menos de cem animais em todo o país. A clonagem de “Porã” une a moderna biotecnologia animal ao resgate de parte da história brasileira, com a preservação de raças de animais domésticos ameaçadas de extinção. Todos os clones já têm crias, o que comprova o seu bom potencial reprodutivo e habilidade materna. FERNANDA DINIZ - EMBRAPA RECURSOS GENÉTICOS E BIOTECNOLOGIA
da Unidade na área de Biotecnologia Moderna e Biossegurança. A Embrapa Agroindústria de Alimentos já realizava análises em vegetais geneticamente modificados. Agora, com a extensão para microrganismos, poderá colocar à disposição os Laboratórios de Microbiologia, Diagnóstico Molecular, Processos Biotecnológicos, Bioquímica, Liofilização, Físico-química, Minerais, Cromatografia Líquida, Cromatografia Gasosa, Óleos Graxos, Leguminosas e a Central de Recepção de Amostras. A prestação de serviços para análises de organismos geneticamente modificados (OGM) poderá ser feita para empresas públicas e privadas desde que estas também tenham o CQB. O Certificado implica em dizer que a Embrapa Agroindústria de Alimentos tem competência técnica e infraestrutura adequada para lidar com atividades que envolvem manipulação, preparação de amostras para análises e descarte de resíduos, com vistas à avaliação da biossegurança para o consumo ou uso de OGM e seus derivados. A CTNBio, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é uma comissão técnica composta por representantes de todos os ministérios envolvidos com o tema Biossegurança (Ciência e Tecnologia, Agricultura e Abastecimento, Meio Ambiente, Saúde, Educação, Trabalho e Relações Exteriores) mais representantes da comunidade científica, do setor empresarial que atua na aplicação da Biotecnologia, membros representativos dos interesses dos consumidores e de órgão legalmente constituído de proteção à saúde do consumidor. Compete à CTNBio avaliar, tecnicamente, todas as atividades desenvolvidas com uso da engenharia genética no Brasil. SORAYA PEREIRA-EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
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Como superar os desafios e ampliar o mercado do palmito de pupunha? R ICARDO L UIZ
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O palmito da pupunha ou pupunheira vem se consolidando como um agronegócio extremamente viável sob os aspectos econômicos, sociais e ambientais
Colheita do palmito pupunha
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Viveiro de mudas de pupunha... e as sacolas preparadas para receber as mudas (detalhe)
DA PUPUNHA APROVEITA-SE QUASE TUDO Os frutos, ricos em vitamina A e em amido (carboidratos), podem ser consumidos ao natural, cozidos em água ou fermentado na água para refresco. Deles, ainda pode se obter vinho, vinagre, manteiga,
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almeira perene, produzindo palmito no sistema de cultivo, a pupunheira é uma excelente opção de matéria-prima para uma indústria que possui demanda de aproximadamente 160.000 ton/ano (mercado interno), e que hoje depende em 80% do abastecimento de produto extrativista. O palmito de pupunha, com apenas 18%, do mercado é responsável pela preservação de pelo menos 100 milhões de palmeiras nativas por ano. O palmito da pupunheira possui uma característica única entre os demais: ele não escurece após o corte, podendo ser consumido da maneira tradicional, em conserva, como também “in natura” ou minimamente processado e resfriado , abrindo um novo e inexplorado caminho de comercialização. O cultivo da pupunheira para palmito no Brasil teve maior expansão a partir da década de 80, através dos resultados das pesquisas, principalmente das raças com germoplasma com alta taxa de plantas sem espinhos, de instituições brasileiras, tais como o INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), com a coordenação de Charles Roland Clement, e no IAC (Instituto Agronômico de Campinas), com a coordenação da pesquisadora Marilene Leão Alves Bovi (desde 1972 desenvolvendo pesquisas sobre os palmitos da juçara, do açaí e da pupunha). VANTAGENS DA PUPUNHA NA PRODUÇÃO DE PALMITO Rusticidade. Não é muito exigente em solos, mas se desenvolve melhor com a adubação. Precisa de água para crescer, porém não tolera encharcamento. Necessita de clima quente, úmido e precipitação pluviométrica (chuvas) bem distribuída, ou seja, acima de 1.600 milímetros por ano. Racionalidade no cultivo, possibilidade de colheita em quase todos os meses do ano. Vigor e rápido crescimento, precocidade em produzir: o primeiro corte acontece a partir de 18 meses do plantio. Perfilhamento, ou seja, a planta forma touceira como a bananeira e, após o primeiro corte, os filhotes crescem permitindo produção permanente. Isso não acontece com a espécie juçara pois, ao se retirar o palmito, mata-se a planta. Baixos índices de substâncias oxidantes, o que proporciona alterações mínimas no sabor e no aroma do palmito, além de demorar a escurecer. Apesar de o sabor do palmito da pupunheira ser um pouco mais adocicado e sua coloração mais amarelada do que as espécies tradicionais, juçara e açaí, essas diferenças ficam quase imperceptíveis após seu processamento, sendo bem aceito.
PALMITO FLORESTA
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O plantio da pupunha é feito em áreas a pleno sol
azeite, além de excelente farinha para consumo ao natural ou o preparo de mingaus, bolos e outros pratos. Do mesocarpo, ou seja, da polpa dos frutos preparam-se picles. As folhas, o tronco, inclusive os frutos, são usados na ração animal. Do tronco pode-se extrair a celulose. Sua madeira também é aproveitada por ser de grande resistência e elasticidade. A parte apical, de onde se extrai o palmito, é macia e de sabor suave. Chama-se palmito a parte cilíndrica localizada na parte superior da estipe, representada pelo conjunto de bainhas das folhas, em cujo centro se encontra a parte comestível. Por isso tudo e também porque a atividade palmiteira extrativista do Brasil está esgotando estoques naturais, a pupunha apresenta potencialidade para uma exploração racional do palmito, com objetivos econômicos. CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO Os custos de implantação variam de acordo com as condições logísticas e edafoclimáticas da propriedade. É aconselhável consultar um especialista ou visitar propriedades em condições similares de onde se deseja implantar a cultura. ESCOLHA DA ÁREA O terreno deve ter de preferência relevo plano ou ondulado e a declividade ser, no máximo, de 15 por cento (maiores declividades não inviabilizam a cultura, mas enA Lavoura
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fregando as semente em peneira de malha grossa. Em seguida, trate as sementes com água sanitária a 50% por 15 minutos. Lave-as em água corrente durante cerca de 10 minutos e deixe-as secar à sombra por um dia. Semeie o mais rápido possível, pois com a secagem as sementes perdem rapidamente o poder germinativo. SEMEADURA A semeadura pode ser feita de três modos: em pequena escala, diretamente em sacos plásticos pretos colocados em viveiros; em tubete, um recipiente plástico; ou, ainda, em germinador de areia. O tubete é mais utilizado na região do Planalto. Esse recipiente recebe, aproximadamente, de 230 a 350 mililitros de substrato apropriado. O tubete plástico só é viável se a produção de mudas for contínua, devido ao custo dele próprio, da mesa e da sombrite, sendo utilizado por viveiristas. As regas devem ser planejadas e o transplante ser feito quando a plantinha tiver com três ou quatro folhas. COMO SEMEAR EM GERMINADOR DE AREIA O local para essa semeadura deve estar à meia-sombra, ser bem drenado, não sujeito a enxurradas ou enchentes e protegido de animais. Construa o canteiro com 1,0 a 1,20 metro de largura. O comprimento será de acordo com a quantidade de sementes. Cada metro quadrado de superfície comporta quatro quilos de sementes, no máximo. Se houver espaço disponível, podese reduzir essa quantidade para facilitar o manejo. Prepare o leito do canteiro com uma camada de 10 a 15 centímetros de altura de areia grossa de rio ou mistura de areia com até 50% de serragem de madeira curtida, sem cavacos ou maravalhas. Se preciso, proteja as bordas da sementeira
carecem os manejos de plantio e produção). Apesar da pupunheira ter origem em região tropical, com altas precipitações de chuvas e solos pobres, seu crescimento é melhor quanto mais fértil for a terra. Portanto, o solo deve ser profundo, bem drenado, de textura média e não compactado. RECOMENDAÇÕES PARA O CULTIVO A pupunha é obtida a partir de semente. A muda é formada em viveiro e é plantada no campo a pleno sol. Para iniciar o cultivo, as sementes devem ser adquiridas de fornecedores que garantam pelo menos 70% de germinação. Dessas, admite-se que até 5% gerem plantas com espinhos. As mudas com espinhos, as sementes atacadas por fungos ou insetos e aquelas que não germinaram em até 120 dias após a semeadura devem ser descartadas. De um quilo, com aproximadamente 340 sementes, podem-se formar, aproximadamente, 150 mudas sem espinhos. É preciso levar rapidamente as sementes ao germinador, para que elas não percam o poder germinativo. Mantendo-as úmidas e arejadas, é possível iniciar a repicagem para os saquinhos a partir de quatro semanas e deve-se ter cuidado no 32
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manuseio para não danificar os embriões de sementes em início de germinação. Depois de 6 a 10 meses da semeadura, dependendo das características genéticas das mudas, da condição do viveiro, das perdas e descartes, deve-se plantar as mudas no local definitivo. Em regiões propícias para a formação de matrizes, as plantas de melhor desenvolvimento podem ser reservadas para a produção própria de sementes. COMO PRODUZIR MUDAS E APROVEITAR MELHOR AS SEMENTES Cada pupunheira produz de cinco a oito cachos por ano, que podem dar até 350 frutos por cacho. O período de frutificação normalmente vai de janeiro a abril. Colha os frutos quando estiverem passando do verde para a cor amarela ou vermelha, de plantas matrizes sem espinhos, sadias e que produzam perfilhos. Assim que colher os frutos, selecione os de bom aspecto e não atacados por fungos e pragas. Corte os frutos, retire as sementes e lave-as em água corrente (em saco de aniagem) ou deixe-as de molho por 48 horas, com troca de água a cada 24 horas. Descarte aquelas que boiarem. Retire os resíduos da polpa, es-
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Os frutos devem ser colhidos quando estiverem passando do verde para a cor amarela ou vermelha
O desbaste de perfilhos não é indicado em nossas condições
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com madeira ou similar. Espalhe sobre o substrato, ou seja, sobre o leito de areia ou mistura, uma camada uniforme de sementes, de modo que fiquem lado a lado. Pressione as sementes levemente, para aderirem ao canteiro. Cubra-as com 2,5 a 3,0 centímetros de areia ou mistura, isto é, substrato. Cubra a sementeira com folhas de palmeira, a uma altura de 50 centímetros do solo. Regue a sementeira, dia sim, dia não, com regador ou mangueira de esguicho fino, de preferência de manhã cedo. O início da germinação ocorre a partir de 30 dias e se estende até cerca de 120 dias a pós a semeadura. Depois desse período, descarte as sementes que não germinaram, pois darão plantas fracas. SAIBA TRANSPLANTAR AS MUDAS Após as plantinhas atingirem de um a dois centímetros, descarte as que tiverem espinhos, pois já é possível observar isso, e transplante as outras para os sacos plásticos pretos de 8 cm de largura por 15 cm de altura ou de 15 cm de largura por 25 cm de altura por 0,08 cm de espessura. A muda deverá ser transplantada, no máximo, até 6 meses de viveiro. Retire as plantinhas com muito cuidado do germinador. Para isso, tire uma de suas paredes laterais. Pegue as mudinhas, colocando as duas mãos em forma de concha por baixo das raízes, desembaraçandoas. Tenha o cuidado de conservar as sementes aderidas às plantas, para não enfraquecer as mudas. Coloque as mudas nos sacos plásticos. VEJA COMO ENVIVEIRAR Os sacos plásticos devem estar cheios com três partes de terra de superfície e uma parte de esterco ou composto orgânico bem curtidos. Se utilizar cama de galinha, reduza a quantidade do composto pela metade. A terra não deve ser muito argilosa e nem arenosa para permitir a boa formação de torrão e a drenagem da água. Caso utilize terra de barranco ou subsolo, é necessário enriquecer a mistura acrescentando 2,5 quilos de superfosfato simples, 250 gramas de cloreto de potássio e 1,5 quilo de calcário dolomítico por metro cúbico de solo. Essa recomendação é válida para os solos do Litoral e do Vale do Ribeira. Com um chuço de madeira (pedaço de cabo de vassoura apontado), faça um buraco profundo, que caiba bem as raízes com a semente aderida. Aperte delicadamente o saquinho plástico entre as mãos para aderir a terra às raízes. Regue as plantinhas em seguida e todos os dias até o pegamento da muda, uma ou duas semanas, de preferência pela manhã. Ponha as mudas em
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Palmitos após o corte no campo
canteiros com 1,20 metro de largura, usando um comprimento adequado para um bom manejo do viveiro. No fundo do canteiro, faça uma camada de cinco centímetros de areia, para facilitar a drenagem. Proteja as bordas do canteiro com bambu, ripas, tijolo ou outro material disponível. Deixe corredores de 60 centímetros entre os canteiros. Mantenha as mudas enviveiradas, durante aproximadamente seis meses, com 50% de sombra, que deve ser retirada, progressivamente, à medida que a plantinha se desenvolve. A muda pronta para o transplante ao local definitivo deve ter três ou quatro folhas, 20 a 30 centímetros de altura, estar livre de pragas e doenças e estar bemaclimatada, isto é, acostumada ao sol. As mudas podem ser enviveiradas a pleno sol. Entretanto, nessa condição elas necessitam de um controle de umidade constante, podendo ocorrer maiores perdas. CAPRICHE NO PREPARO DO TERRENO Para receber as mudas, o terreno precisa estar bem preparado. O primeiro passo é retirar amostras da terra da área, para análise do solo e fazer uma calagem na área total, com base nos resultados da análise. Repita a análise a cada três anos, para verificar as necessidades do solo, principalmente de calcário. Marque as linhas de plantio no sentido Leste-Oeste, quando o relevo do terreno for plano. Plante em curva de nível, quando o terreno for acidentado. O terreno pode ser preparado mecanicamente com uma aração e uma gradagem, com sulcos de dois em dois metros, com sulcador de cana, desde que a topografia permita. Ao invés de sulcos, podem-se fazer covas. Essa prática é a mais comum nas re-
giões do Litoral Paulista e Vale do Ribeira. As covas devem ter 30 x 30 x 30 centímetros ou 40 x 40 x 40 centímetros, em solos mais pesados. Para a produção de palmito, o espaçamento é de 2 por 1 metro ou de 1,5 por 1 metro em áreas mais inclinadas, e de 8 por 4 metros quando o objetivo for a produção de sementes. No plantio em covas, misture à terra de superfície dois a cinco litros de esterco de curral curtido ou outra fonte de matéria orgânica e 100 gramas de superfosfato simples. Encha a cova com essa mistura, no mínimo, 30 dias antes do transplante das mudas. PLANTIO NO CAMPO O plantio da pupunha é feito em áreas a pleno sol, de preferência na época chuvosa e através de mudas, cerca de 5 mil por hectare. Para implantar a cultura em áreas mais secas, evite os dias muito frios. Escolha um dia nublado ou chuvoso para que a planta se adapte melhor. A pupunha apresenta certa exigência da água disponível. Em regiões onde a incidência de chuvas é baixa necessita ser irrigada, e em zonas com índice pluviométrico elevado, o desenvolvimento da planta é maior e, em consequência, antecipa o primeiro corte de palmito. O ideal é que a pupunha seja cultivada em regiões de até 800 metros de altitude, quando terá crescimento normal. A temperatura média ideal é igual ou maior a 22 graus centígrados. A pupunha não suporta geadas quando as plantas estão jovens, com 20 a 50 centímetros. PRINCIPAIS TRATOS CULTURAIS Conserve a plantação livre de ervas daninhas fazendo roçadas periódicas ou
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comendadas pela análise do solo. Produtores rurais têm utilizado, com bons resultados, fórmulas de adubação 30-05-10, , 20-05-10 e 30-05-15, parceladas em quatro ou cinco vezes ao ano e usando 50 gramas para cada aplicação. IRRIGAÇÃO Em regiões com baixa precipitação (abaixo de 1.600 mm/ano) ou chuvas mal distribuídas, torna-se necessário o uso de irrigação para máxima produtividade. Ainda não há dados definitivos de pesquisa a esse respeito. Resultados preliminares indicam que o coeficiente de cultura (Kc) está em torno de 0,80 a 1,00. Na prática, verifica-se a necessidade de uma lâmina d’água efetiva de 4 a 8 mm/dia. O custo de irrigação, usando o tipo canhão, tem variado entre 1.300 a 1.600 dólares/ ha. Para sistemas mais sofisticados, como a microaspersão, o gotejamento e o pivô central, os gastos são da ordem de 2.200 a 2.600 US$ / ha. PRAGAS E DOENÇAS NO CAMPO A doença mais comum é a antracnose, com as mudas vindo contaminadas do viveiro. O fungo Fusarium foi relatado em mudas e plantas adultas na região do Vale do Ribeira (SP). Mortes de plantas devido à bactéria Erwinia têm sido reportadas também nessa região. Adubação balanceada, cuidados com a drenagem do solo e ausência de competição por gramíneas auxiliam na fitossanidade.
A produção gira em torno de 300 a 600g, por pé/ano com 30% de palmito de primeira (tolete) e 70% palmito de segunda (coração) por haste
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usando cobertura de leguminosas ou herbicidas. OBS. Ao se usar herbicidas, deve-se seguir rigorosamente a orientação técnica do engenheiro agrônomo. As leguminosas, como o amendoim silvestre (Arachis pintoi), desenvolvem bactérias que permitem a fixação do nitrogênio, podendo, inclusive, ser inoculadas na semente. Essa prática reduz a necessidade de adubação nitrogenada. Não se recomenda capina manual ou mecânica, pois as raízes dessa palmeira são muito superficiais. Por esse motivo, a pupunha é muito afetada pela competição com as ervas daninhas, principalmente gramíneas. Corrija a acidez do solo com calcário dolomítico, elevando de 50% a 60% (conforme as condições edafoclimáticas da região) a “saturação por bases” (V%). É possível reduzir as doses de nitrogênio (N) em 30%, a partir do quarto ano desde que os restos culturais fiquem no terreno, como folhas, estipes e bainhas. A adubação deve ser feita com base na análise do solo, seguindo-se orientação do Boletim 100 do IAC (www.iac.br), e parcelada o mais possível. É preciso adubar, pois os nutrientes retirados da terra quando se corta o palmito devem ser repostos para não diminuir sua fertilidade. Evite fazer a adubação na época fria e seca, quando a planta paralisa seu crescimento. Complemente as adubações com aplicações de enxofre (S) e boro (B), nas dosagens re-
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No armazenamento externo, é bom se evitar a umidade excessiva, que pode favorecer o desenvolvimento de microrganismos, permitindo o aparecimento de podridões
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No campo, pode ocorrer o ataque de um coleóptero grande do gênero Rhyncophorus e outros menores dos gêneros Strategus e Metamasius. Faz-se o combate, manejo e monitoramento a estes insetos pragas através do método de coleta massal, utilizando-se armadilhas do tipo balde com atrativos alimentares e feromônios sexuais; está sendo estudada a utilização de fungos entomopatogênicos como forma de manejo. Há relatos do ataque de cupins às plantas jovens de pupunha em regiões bastante infestadas com esses insetos. Fator importantíssimo é a sanidade das mudas em viveiro e uma boa seleção das plantas a serem levadas ao campo. Mudas com sintomas de doenças passadas, ou fora do padrão, não devem ser plantadas no campo e o solo do saquinho não pode ser reaproveitado. Tem sido relatada também a ocorrência de morte da planta-mãe com sintoma bastante semelhante ao causado por Erwinia (apodrecimento do palmito, cheiro desagradável e presença de larvas de moscas no material apodrecido). No entanto, isolamento de grande quantidade de material com o mesmo sintoma não detectou nenhuma bactéria ou fungo fitopatogênico. Por sua vez, a ocorrência dos sintomas está sempre associada aos seguintes caracteres: época de verão com chuvas de moderadas a intensas, plantas em fase de crescimento acentuado (8 a 18 meses do campo), cultivadas em solos ácidos (V de 10 a 25%), nos quais foi feita calagem elevada (V de 70 a 90%) somente na cova, seguida de aplicações parceladas apenas de adubo nitrogenado. Muitas vezes, apenas a planta-mãe é atingida, com os perfilhos apresentando desen-
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bação. A produção deverá ser de 300 a 600 gramas, com 30% de palmito de primeira e 70% de palmito de segunda por estipe. Não é recomendável colher-se em idades superiores a 36 meses, pois terá problemas no manejo do corte e na industrialização. Escalonar a colheita de palmito com base no diâmetro da planta (a 50 cm de altura), entre 10 e 14 cm é o indicado. Em condições normais, plantas em primeiro corte alcançam esse diâmetro quando a haste principal está entre 160 e 180 cm de altura. Nos cortes subsequentes o diâmetro de corte será alcançado quando a haste do perfilho a ser colhido tiver entre 180 a 210 cm de altura. O corte raso (todas as plantas do talhão) não é indicado por causar queimadura de folhas nos perfilhos expostos, repentinamente, à condição de maior luminosidade. Recomenda-se o corte alto (deixando-se o máximo de estipe, não aproveitável para o palmito, ainda na touceira) para reciclar os nutrientes aos perfilhos. O corte do palmito pode ser feito durante o ano todo, porém deve-se evitá-lo na época seca, porque 90% do palmito é água e nesse período ele terá, consequentemente, menor peso. Irrigação antes da PALMITO FLORESTA
O processamento do palmito deve obedecer as normas técnicas de industrialização, desde o corte até o envasamento. No detalhe, palmito pronto para consumo.
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volvimento aparentemente normal. Pesquisas nessa área prosseguem, embora até o momento indiquem ser um caso mais de desordem ou desequilíbrio nutricional que fitopatológico. DESBASTE DE PERFILHOS O desbaste de perfilhos não é indicado em nossas condições. Gastos extras, possibilidade de contaminar as plantas com doenças e possível dano à região de emissão de novos perfilhos, diminuindo a vida útil da touceira, são os fatores que levam a não indicar essa operação. Experimentos e observações de plantas ao longo dos anos têm indicado que, ao menos para o material inerme (origem Yurimaguas ou Benjamin Constant), a própria planta controla o desenvolvimento de seus perfilhos. Existe uma dominância da planta-mãe e, após o corte dessa, dos perfilhos mais desenvolvidos, que resulta em um escalonamento da produção dentro da própria touceira, sem a necessidade de desbaste. Por outro lado, aconselha-se o corte precoce da planta (colheita) que não apresentar perfilhamento até 12 meses após o plantio. Esse procedimento (retirada da dominância apical) induz ao perfilhamento em plantas jovens, mas não tem a mesma taxa de sucesso quando efetuado em plantas mais adultas. Quando o objetivo é produção de frutos e/ou sementes, o manejo de perfilhos também não deve ser feito. Deixa-se a planta crescer sem desbaste, cortando-se posteriormente alguns estipes em excesso na touceira, utilizando-se para a produção de palmito. Esse processo pode ser usado também em sistemas agroflorestais, nos quais a produção conjunta de frutos e palmito deve ser incen-
tivada como fonte suplementar de renda ao agricultor. CONSORCIAÇÃO COM OUTRAS CULTURAS A pupunha não deve ser consorciada com outras culturas no espaçamento aqui recomendado para palmito (2,0 x 1,0 ou 2,0 x 1,0 x 1,0 m). No início da implantação, o uso de cultivos anuais pode prejudicar o sistema radicular pela constante necessidade de capinas. Culturas permanentes também não são indicadas, a não ser que se façam plantios em faixa, deixando-se espaço suficiente entre o cultivo escolhido e a palmeira para não afetar o seu desenvolvimento. A pupunha quando sombreada, mesmo que levemente, cresce em altura e não se desenvolve bem em diâmetro, que é o que interessa para a produção de palmito. No caso de campo a produção de sementes, para qual é recomendado o espaçamento mínimo de 8 x 4m, pode-se plantar outras culturas, anuais ou perenes, desde que não se use capina e que o outro cultivo não sombreie a pupunha. Plantas sombreadas, além de crescerem muito em altura, florescem e frutificam pouco. COLHEITA No Brasil, a colheita do palmito é feita entre 18 e 36 meses do plantio, dependendo do solo, clima, espaçamento e adu-
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Indústria de palmito...
... e máquina de picar (detalhe)
colheita (2 a 5 dias antes do corte) aumenta a produção e diminui a cor amarelada do produto final. Constata-se também que em regiões com pouca umidade a bainha interna é curta, portanto menor será o rendimento em palmito (seja em peso, seja em volume), porque o comprimento da bainha mais interna é que determina o número de toletes a serem obtidos. Normalmente, são esperados de 2 a 4 toletes de 9 cm de comprimento por palmito. A periodicidade de colheita por planta é também bastante variável. Nas condições e para o tipo de palmito de maior aceitação entre nós (acima de 2,5 cm de diâmetro), colhe-se um palmito na mesma touceira a cada 8 meses. O palmito sai do campo quase limpo, medindo 60 a 70 cm de comprimento e com apenas 2 a 4 bainhas extras a serem posteriormente descartadas. A perda de água do palmito após a colheita é grande, chegando até 10% por dia. No Brasil, como a colheita inicial é feita por volta de 18 meses, termina-se o primeiro ciclo após 2 a 3 anos de plantio, sempre dependendo do clima, solo, adubação e tratos culturais adotados. Durante a colheita, deve-se tomar cuidado para
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não ferir o palmito. Choques mecânicos, queda ou pancada, mesmo sem sinais externos, causam defeitos internos no palmito, comprometendo sua aparência e qualidade. O desbaste ou descascamento prévio é feito no interior do cultivo e tem como finalidade reduzir o peso e o volume do material a ser transportado para a indústria. O desbaste deve ser cauteloso, evitando-se o corte excessivo das extremidades, pois além das perdas em rendimento, pode-se, em períodos quentes e úmidos, propiciar o aparecimento de podridão. O desbaste deve ser feito apoiando-se a extremidade de baixo (estipe) do palmito bruto sobre as próprias folhas cortadas (já no chão), de forma a evitar o risco de contaminação da peça ou talo, que vai à indústria, com o solo e/ou outros contaminantes. Todo material descartado (limbos + bainhas foliares e porção não aproveitável do estipe), deve ficar no local para reciclagem. Em climas quentes e úmidos ou em cultivo sob irrigação, a decomposição completa desse descarte não leva mais do que 3 a 4 meses. O transporte do palmito, ainda com 2 a 4 bainhas externas para proteção, deve ser realizado nas horas mais frescas do dia e
com todo o cuidado para evitar quedas e pancadas. Umidade excessiva do material, mesmo durante o transporte ou armazenamento externo na indústria, favorece o desenvolvimento de microorganismos, permitindo o aparecimento de podridões. LEGALIDADE O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que executa a fiscalização das indústrias beneficiadoras de palmito, já regulamentou o transporte da matéria-prima ao natural da propriedade agrícola para indústrias beneficiadoras, centros de abastecimento e feiras-livres, por meio da Instrução Normativa n.º 2, de 30-9-1997. Ela estabelece a necessidade de um laudo que deve ser preenchido por um técnico da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo de SP, para transporte do palmito. Outra exigência para o transporte é a Nota Fiscal do Produtor devidamente preenchida. Essas medidas visam permitir que o palmito pupunha seja transportado sem problemas com a Polícia Florestal. PROCESSAMENTO O processamento do palmito deve obedecer às normas técnicas de industrialização e de envasamento. O Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em Campinas, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo de SP, está preparado para orientar as pequenas indústrias. Elas devem, também, obedecer aos critérios estabelecidos pela Vigilância Sanitária Estadual, vinculada à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. CARACTERÍSTICAS DO PALMITO O palmito da pupunha apresenta a grande vantagem de não escurecer rapidamente após o corte, o que é comum na maioria das palmeiras usadas para palmito, inclusive o açaizeiro (Euterpe olerace) e o palmiteiro (Euterpe edulis). Isso facilita o processamento e permite desenvolver outras formas de comercialização do produto. O consumo “in natura” do palmito deve ser incentivado e estudos estão sendo realizados par aumentar a duração pós-colheita. No entanto, como todo produto vegetal, é perecível e deve ser processado ou consumido em prazo máximo de 4 a 7 dias após a colheita, maiores prazos de prateleira dependem de um processo meticuloso de sanitização e conservação pela cadeia fria. O palmito da pupunha é de
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C anos. A exigência em água do cultivo também é elevada, sendo necessária irrigação quando cultivada em áreas com déficit hídrico. A pupunheira é sensível a algumas doenças importantes do ponto de vista de disseminação e controle, tais como as causadas por Fusarium e Erwinia. Recomenda-se aos interessados no cultivo dessa palmeira visitar as instituições de pesquisa que trabalham com a cultura, procurando conhecer a realidade do cultivo (vantagens, desvantagens, solo e clima recomendados, principais problemas, etc.) e se assegurar da idoneidade de vendedores de sementes e viveiristas. Se possível, visitar plantios existentes em regiões edafoclimáticas semelhantes as do local onde se pretende iniciar o cultivo. Em seguida, fa-
zer uma boa escolha da área onde será feito o plantio, iniciando com pequenos lotes. Posteriormente, expandir o cultivo de acordo com o comportamento da planta na região e os objetivos aos quais se propuseram inicialmente. REFERÊNCIA O Instituto Palmito Seguro é resultado da união de especialistas e acadêmicos de toda a cadeia produtiva do agronegócio das palmáceas. Eles criaram o conceito do Palmito Seguro, no qual os interessados aguardam a auditoria do instituto para estampar o Selo Palmito Seguro em suas embalagens, que atesta a qualidade do produto e prova que as empresas seguiram critérios de sustentabilidade e responsabilidade social do campo até a produção.
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coloração mais amarelada que o da juçara e do açaí e possui um sabor característico mais doce, quando consumido “in natura”. Como dito anteriormente, irrigação antes do corte (2 a 5 dias) aumenta a produção, enquanto seca e adubação recente aumentam a coloração amarelada final do produto. RECOMENDAÇÕES FINAIS Não restam dúvidas que, entre as palmeiras utilizadas para produção de palmito de boa qualidade, a pupunheira é precoce e relativamente rústica. No entanto, é uma cultura exigente quanto as características físicas do solo, especialmente compactação e drenagem, necessita adubação pesada para máxima produtividade e correção da acidez do solo a cada quatro
Palmitos seguros atendem controles de segurança As empresas de alimentos especializadas no mercado de palmito, que seguem as exigências da Anvisa, mostram compromisso e responsabilidade com o bem-estar dos consumidores
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ma das grandes paixões dos brasileiros quando o assunto é alimentos em conserva, o palmito vai bem in natura, em saladas variadas e em pratos elaborados, usado muitas vezes como ingrediente principal. Devido a esta flexibilidade é muito bem aceito na mesa do brasileiro. Por outro lado, este mesmo consumidor tem, em determinados momentos, uma atitude de desconfiança e receio em relação ao produto no quesito segurança alimentar. Segundo Ricardo Araújo Ribeiral, Diretor Superintendente da Inaceres, com o advento do palmito cultivado, as indústrias de alimentos, que antes descartavam investimentos na cadeia produtiva de palmito em conserva, por sua característica 100% extrativa, começaram a voltar sua atenção para o setor. “Essa nova possibilidade vai gerar reflexos positivos nos próximos anos para os consumidores de palmito, pois, juntamente com os investimentos, as empresas de alimentos também trazem toda uma cultura de controle de qualidade e inovação tecnológica para a categoria
palmito”, afirma Ribeiral. Os principais pontos de controle na industrialização de palmitos em conserva são o tratamento térmico (pasteurização) e a acidificação (salmoura). O tratamento térmico elimina qualquer toxina existente, reduzindo a carga microbiana do produto a níveis seguros e a acidificação impede uma possível recontaminação do produto, bem como desenvolvimento de patógenos prejudiciais à saúde.
Níveis de segurança Ribeiral explica que, para chegar a estes níveis elevados de segurança, é imprescindível que esses controles estejam em conformidade com que exige a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão ligado ao Ministério da Saúde, assim como todos os demais procedimentos de Boas Práticas de Fabricação, também exigidos pela Agência. De acordo com Ribeiral, hoje em dia os apreciadores de palmito encontram produtos confiáveis, que são comprovadamente certificados em APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Con-
Envasamento do palmito após passar pelo tratamento térmico e a acidificação
trole), emitido pela conceituada certificadora internacional DNV (Det Norske Veritas). Entretanto, o Diretor Superintendente da Inaceres explica que ainda, em caso de dúvidas quanto a procedência do produto, é possível fazer a consulta do mesmo no site da Anvisa. Outra dica é sempre observar a tampa e o frasco dos produtos em conserva, o que vale não apenas para os de palmito. “O consumidor deve desconfiar de frascos com tampa branca sem as informações da empresa gravadas na parte superior e lateral”, ressalta Ribeiral.
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Proteção comestível evita perdas no palmito ANTONIO GOMES SOARES PEQUISADOR DA EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
ANTONIO GOMES / EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE
O palmito de pupunha minimamente processado, ou seja, pronto para consumo in natura e sem tratamento térmico, é uma alternativa viável que vêm crescendo no mercado consumidor
Preparação dos toletes para serem comercializados “in natura”
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to em salmoura. Entretanto, o palmito de pupunha minimamente processado, ou seja, pronto para consumo in natura e sem tratamento térmico é uma alternativa viável que vêm crescendo no mercado consumidor. O tolete do palmito de pupunha é a parte mais nobre da palmeira e que apresenta um preço médio entre R$ 18 e R$ 20 o quilo quando comercializado na forma de minimamente processado. Entretanto, a tecnologia empregada é rudimentar e ineficiente, fazendo com que o tempo de vida útil deste produto seja muito curto, com perdas consideráveis nos locais de comercialização. Desta maneira, os produtores de palmito de pupunha miANTONIO GOMES / EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
ANTONIO GOMES / EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
pupunheira (Bactris Gasiaes H.B.K.) é uma palmeira que se constitui como alternativa para a produção de palmito tendo a vantagem de ser explorada em plantios organizados. O palmito é basicamente uma iguaria do Brasil, que responde por cerca de 85% da produção mundial, não dominando, contudo, as exportações. A principal causa da perda desta liderança é a falta de qualidade do produto brasileiro. As exportações já foram da ordem de US$ 40 milhões de dólares, situando-se hoje em torno de US$ 7 milhões anuais. Atualmente, a indústria de alimentos ainda concentra-se na produção de palmi-
Corte da pupunha in natura e a embalagem com polímero natural que prolonga a vida útil do palmito minimamente processado
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nimamente processado não conseguem comercializar o produto para regiões distantes dos locais de produção. Além disso, as embalagens de comercialização são inadequadas e incipientes, aumentando ainda as perdas do produto. A Embrapa Agroindústria de Alimentos definiu um fluxograma de processamento mínimo para obtenção de produto minimamente processado dentro do que atende aos requisitos básicos de qualidade e segurança alimentar. No processamento, o palmito recebe uma solução filmogênica comestível (revestimento comestível). O filme foi desenvolvido à base de um polímero natural (gelatina) que tem a função de prolongar a vida útil do tolete de palmito de pupunha minimamente processado e assegurar a sua qualidade. Foram realizados testes sensoriais com consumidores que indicaram não haver alterações significativas no sabor, textura e aparência do produto. Nesta pesquisa, a parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia permitiu o desenvolvimento de uma embalagem específica para comercialização de palmito de pupunha minimamente processado. Ela garante praticidade, proteção e está apta a ser a primeira vitrine expositiva do produto. A embalagem foi desenvolvida com um cartão tríplex ecologicamente correto e biodegradável. Desta forma, o novo fluxograma, a aplicação da solução filmogênica e a embalagem adequada às características do produto fizeram com que houvesse ganho na vida útil, na qualidade e na segurança do produto de 5 para 22 dias. A extensão do tempo de prateleira permite que o produto seja comercializado em locais distantes da produção agroindustrial e até mesmo exportado via aérea, uma vez que o valor agregado é alto. Portanto, o uso destas tecnologias propicia aos produtores e às agroindústrias novas perspectivas de mercado tanto no Brasil e como no exterior.
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Vacinas e visitas regulares ao veterinário ajudam a manter a saúde do pet em dia. É preciso obedecer ao calendário de vacinação e agendar consultas não apenas para animais que apresentam algum tipo de doença ou mudança de comportamento Como membros da família, cães e gatos precisam estar sadios para a convivência com outros animais e também com seus donos. Por isso, vacinar é a segurança de que os pets estarão livres de doenças, algumas delas transmissíveis ao homem. Mas além das vacinas, as consultas veterinárias também são importantes para manter um prontuário de saúde dos pets, fazendo com que o médico veterinário identifique as necessidades do animal e facilitando diagnósticos e a constatação de sintomas. O médico veterinário é o profissional mais preparado para identificar um problema de saúde animal e dar início a um tratamento, que, à regra, sempre que realizado no início, favorece a cura mais rápida. Segundo a veterinária da Vetnil, Isabella Vincoletto, o ideal é que os donos de animais de estimação levem seus pets saudáveis aos consultórios veterinários pelo menos uma vez por ano, assim, a dose anual das vacinas polivalentes para cães e gatos e antirrábica podem ser aplicadas. As vacinas fazem com que o organismo produza anticorpos (células de defesa) específicos contra os principais agentes que causam doenças em cães e gatos. Estando vacinados, caso os animais entrem em contato com esses agentes, os anticorpos estarão prontos para combater as doenças. Vincoletto alerta que também é importante utilizar suplementos alimentares para contribuir com a saúde dos animais. “Alguns suplementos contêm nutrientes com ação antioxidante, que auxiliam animais em estado nutricional inadequado ou submetidos a condições de estresse, como períodos de vacinação”.
CRISTINA BARAN
Check-up animal: cães e gatos precisam ser vacinados e visitar o médico veterinário para cuidados preventivos
Os animais devem ser vacinados anualmente
Esquema vacinal De acordo com a médica veterinária, o esquema vacinal e o tipo de vacina a ser utilizado pode variar de acordo com cada veterinário. O programa deve ser iniciado nos filhotes entre 45 a 60 dias de idade, sendo os reforços feitos anualmente, durante toda a vida do pet. “As vacinas previnem doenças infecciosas nos cães como raiva e cinomose, que acometem o sistema nervoso; parvovirose e coronavirose, doenças gastrintestinais; parainfluenza e adenovirose, doenças respiratórias; hepatite infecciosa e leptospirose, doenças sistêmicas. Os gatos também devem ser vacinados, para prevenção de doenças como raiva, panleucopenia, uma doença gastroentérica, rinotraqueíte, clamidiose e calicivirose, doenças respiratórias”, explica a médica veterinária.
PATAS E PATAS
“De cão em cão a gente esvazia o galpão”
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ste é o nome da campanha que a ONG Estimação vem realizando para a adoção de animais atingidos pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. Trabalhando desde o início do ano em Teresópolis, a ONG conseguiu lares para mais de 1000 cães e 100 gatos, mas ainda mantém cerca de 200 animais abrigados em seu galpão. Mesmo organizando feiras de adoção na cidade, a ONG continua Um dos animais disponíveis para adoção
precisando de recursos financeiros para manter o local, que é alugado. A ONG pretende continuar mobilizada até que todos os animais encontrem “lares adotivos”, mas tem despesas com pessoas contratadas para a limpeza, alimentação e tratamento veterinário dos casos mais graves. Para conhecer o trabalho da ONG e saber como ajudá-la, inclusive obtendo fotos dos animais disponíveis, envie um e-mail para patasparaadocao@gmail.com.
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Plano Safra: Rural propõe plano estratégico para o agronegócio Presidente da Rural, Cesário Ramalho da Silva, discursou no lançamento do Plano Safra 2011/12. Articulado e liderado pela presidente Dilma, o plano estratégico tem como objetivo tornar o Brasil o maior produtor e exportador de alimentos, energia limpa e outros produtos originários do agronegócio. O presidente da SRB em seu discurso, ao lado de ministra Helena Chagas, ministroWagner Rossi, vicd-presidente Michel Temer e a presidente Dilma Rousseff
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m seu discurso, durante o lançamento do Plano Safra 2011/12, em junho, em Ribeirão Preto (SP), o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, propôs à presidente da República, Dilma Rousseff, a elaboração de um plano estratégico para o agronegócio. Segundo destacou o presidente da Rural, este plano, que seria articulado e liderado pela presidente, será capaz de tornar o Brasil o maior produtor e exportador de alimentos, energia limpa e outros produtos originários do agronegócio. Este plano, assinalou Ramalho, envolveria o desenho de uma nova gestão, em que a presidente, atuando na coordenação de vários ministérios, integraria inúmeras áreas, que hoje encontram-se espalhadas por diversas pastas, mas que atingem diretamente o agronegócio. “O agronegócio brasileiro é um vencedor. Deu mais ao país do que o Estado foi capaz de assimilar e retribuir e a sociedade de compreender. Que o diga a safra que estamos colhendo, mais uma vez recorde, de 161 milhões de toneladas de grãos, resultado de muitos investimentos em tecnologia. O agronegócio contribui decisivamente para o PIB, empregos e exportações. Nos últimos doze meses, exportamos 82 bilhões de dólares, aumento de 20%, que nos levou a um superávit de 67 bilhões de dólares.
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Somos os maiores produtores e exportadores em diversos produtos. Na soja, nas carnes, no café, no açúcar, na laranja, por exemplo. O agronegócio contribui para o alimento barato na mesa do cidadão brasileiro. Contribui para a inclusão social. Irradia oportunidades e renda para os outros segmentos da economia. Hoje, produzimos mais em menos área, utilizando menos recursos naturais. Temos práticas conservacionistas. De 2000 a 2009, a produtividade cresceu 5,39% ao ano. A demanda por alimentos e energia limpa não para de crescer e o Brasil é o país que pode atendê-la. O mundo espera por isso. Mas isso não acontecerá sem a valorização do produtor. O produtor é o personagem mais importante do agronegócio, mas vive espremido entre o poder financeiro de grandes grupos fornecedores de insumos, conglomerados agroindustriais e gigantes varejistas. O produtor precisa ter garantia de renda. Por isso, as novidades do Plano Safra são muito bem-vindas. Estudamos atentamente o Plano, que traz avanços inéditos para o agronegócio, com reflexos muito favoráveis para toda a economia. O aumento de recursos, a ampliação dos limites de crédito, as linhas especiais para pecuária, laranja e o setor sucroenergético são medidas fundamentais para dar suporte ao produtor. Todavia, todo este esforço corre riscos. A concessão de crédito dependente do
licenciamento ambiental num momento em que a própria legislação está sendo debatida no congresso traz ameaças à execução do Plano Safra. Este é só um exemplo de que dificuldades comprometem a execução de boas políticas públicas. Por isso, proponho a elaboração de um Plano Estratégico para o seu governo. Um plano sob articulação e liderança da presidente da República, coordenando os vários ministérios. Um plano que tornará o Brasil o maior produtor e exportador de alimentos, energia limpa e outros produtos originários do agronegócio. Este plano envolveria o desenho de uma nova gestão, com providências razoáveis, bem estruturadas, amadurecidas e cuidadosas. Integraria diversas áreas espalhadas por vários ministérios que atingem diretamente o agronegócio. A infraestrutura, o seguro, as questões ambientais, trabalhistas e tributárias, a segurança jurídica, os investimentos estrangeiros, entre outros temas. Para encerrar, ressalto que precisamos do novo Código Florestal. É insensato reflorestar áreas que produzem alimentos, cultivados de modo sustentado há muitos e muitos anos. A sociedade tem expectativas sociais e ambientais, as quais o agronegócio corresponderá. Tenha certeza que com este Plano Estratégico o agronegócio dobrará a produção, surpreenderá a todos. Colocará o agronegócio como o grande motor para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.”
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Rural reforça aliança estratégica com FPA e lideranças do agro P OR R ENATO P ONZIO
O presidente da Rural, Cesário Ramalho da Silva, salientou a importância e a representatividade do encontro. O presidente da FPA, dep. Moreira Mendes (PPS-RO) afirmou que a atuação das entidades foi fundamental para a vitória do Código Florestal na Câmara. Mendes orientou as lideranças presentes a procurarem os senadores e governadores dos respectivos estados tendo em vista a votação no senado.
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om objetivo de reforçar a aliança estratégica entre as lideranças rurais e o legislativo, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) recebeu, no mês de julho, os deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para um balanço das principais atividades exercidas pela Frente durante a atual legislatura. Estiveram presentes os deputados Marcos Montes, Moreira Mendes, Valdir Colatto, Jeronimo Goergen, Zonta e Homero Pereira. Pelas entidades, compareceram representantes da Abiec, Aprosoja, CitrusBR, Abag, Unica, Abracal, Apa, Abiquim, Associtrus, Andav, Orplana, Abifina, Abrasem, Abrapa, Abcz, Fiesp, Fetaesp, entre outras. O presidente da Rural, Cesário Ramalho da Silva, salientou a importância e a representatividade do encontro. “O Brasil teve uma grande vitória com a aprovação do Código na Câmara Federal e nossos deputados merecem essa homenagem e respeito, pois conseguiram convencer a sociedade brasileira da necessidade de modernização da legislação ambiental”.
Cesário Ramalho da Silva, presidente da Rural, dep. Moreira Mendes (PPS-RO) e Carlos Viacava
O presidente da FPA, dep. Moreira Mendes (PPS-RO) afirmou que a atuação das entidades foi fundamental para a vitória na Câmara. Mendes orientou as lideranças presentes a procurarem os senadores e governadores dos respectivos estados tendo em vista a votação no senado. Ele ainda afirmou que o processo de aprovação da nova lei trouxe três “efeitos colaterais” ao setor: maior organização e mobilização, melhoria da imagem perante a sociedade urbana e o reconhecimento por parte dos meios de comunicação da importância do agro para o Brasil. O deputado Marcos Montes (DEM-MG), presente ao encontro reforçou o pedido de Moreira Mendes. “Precisamos de uma ação política no Senado como foi feito na Câmara”, avaliou. Valdir Colatto (PMDB-SC) lembrou que o processo deve ser encerrado antes de novembro, quando vence o novo prazo dado pelo governo federal para que se comece a execução de multas por infrações ambientais. “Temos pressa em razão do prazo, por isso, estamos trabalhando em levar subsídios para os senadores. O texto tem que ser votado obrigatoriamente até setembro”, disse.
Citros: acordo pode aumentar transparência no setor, avalia Rural Diretor de citricultura da Rural, Gastão Crocco, sublinha que a criação de estocagem é o primeiro passo para organizar o setor. Crocco argumenta que a partir de agora as empresas de suco terão que prestar contas ao governo, à sociedade e ao produtor
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diretor de citricultura da Sociedade Rural Brasileira, Gastão Crocco, afirmou que o recente acordo no setor citrícola pode aumentar a transparência nas relações entre a indústria e os produtores. A medida inédita é que o governo vai destinar uma linha de crédito de R$ 300
Gastão Crocco, diretor de citricultura da SRB
milhões para que as indústrias estoquem suco de laranja da safra 2011/2012. Para operar a linha, as indústrias terão de comprar a fruta pelo valor de referência
mínimo de R$ 10 para a caixa de 40,8 kg. Crocco avalia que a criação de estocagem é o primeiro passo para organizar o setor. “A partir de agora as empresas de suco terão que prestar contas ao governo, à sociedade e ao produtor.” Segundo Crocco, este movimento pode se tornar a pedra fundamental para a criação do Consecitrus, que transformará e equilibrará o relacionamento entre indústrias e produtores. Quanto ao preço pago pela caixa, o diretor de citricultura da Rural lembra que, no acordo, foram tomados cuidados necessários para que esse valor referencial seja o mínimo e não o máximo. Sobre os entendimentos entre citricultores e indústria, o diretor da Rural lembra que muito dos recentes avanços na citricultura brasileira devem-se ao ministro Wagner Rossi e ao ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João de Almeida Sampaio Filho, que tem atuado com firmeza em tratativas ocorridas desde 2007.
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Consumo mundial de café continuará crescendo Elevação da renda nos países emergentes, que apresentam grandes populações, será a principal razão para o incremento da demanda, avalia o departamento de Cafeicultura da Sociedade Rural Brasileira
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consumo mundial de café continuará crescendo a uma taxa anual próxima a 3% nos próximos anos. A estimativa foi feita pelo departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira, coordenado pelo diretor Luiz Hafers, em reunião realizada no final de maio (30). A elevação da renda nos países emergentes, que apresentam grandes populações, será a principal razão para o incremento da demanda. Dos principais países produtores, o Brasil é o que terá mais condições para atender aos novos mercados. Por outro lado, apesar de o consumo interno seguir firme, o mercado doméstico mostra ligeiros sinais de “maturidade”. Confira abaixo a análise completa do departamento de Café da Rural: Consumo mundial de longo prazo O consenso foi que o consumo global de café continuará crescendo a uma taxa anual ao redor de 3%. O estímulo virá do “efeito renda” sentido principalmente nos países emergentes e com grandes populações, os quais possuem grande espaço para elevação da demanda diante da baixa base atual de consumo. Isso significará uma demanda adicional de três milhões de sacas/ano, tendo como base o consumo atual de 130 milhões de sacas anuais. Como os estoques mundiais estão num nível mínimo, suficientes apenas para abastecer o fluxo normal, todo o crescimento da demanda deverá ser suprido por aumento de produção. Possíveis desacelerações no incremento de consumo no Brasil, que hoje é responsável por cerca de 30% do aumento do consumo mundial, devem ser compensadas pela elevação da demanda nesses outros países.
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Aumento de consumo no Brasil O consumo no mercado interno deve seguir firme, porém existem dúvidas se isso se perdurará por muito tempo, já que o mercado brasileiro se encontra em níveis próximos do que pode ser considerado “mercado maduro”. Nesse sentido, não seria uma grande surpresa se houvesse um arrefecimento da taxa de crescimento do consumo. Produção global A concordância foi que grande parte do aumento da produção global de café que será necessária para fazer frente à demanda deverá vir do Brasil e, possivelmente, uma porção significativa desse incremento será originada na agricultura familiar. Podemos contar com uma oferta adicional de cinco milhões de sacas no resto do mundo nos próximos cinco anos. Portanto, no mínimo, dez milhões de sacas deverão ser ofertadas pelo Brasil neste período. Preços Com o grande aumento do custo de produção nos últimos anos, em consequência da valorização do real e do contínuo aumento dos salários da mão-de-obra no campo, é necessário um piso muito acima da média histórica de preço e próximo das altas cotações que vemos atualmente para induzir a expansão na produção de café no Brasil. Um exemplo para explicar este aumento de custo: um trabalhador na colheita de café, que há dez anos ganhava 60 dólares por mês, hoje ganha 800 dólares por mês. Outra questão que preocupa: neste nível de preços, o consumo mundial se sustenta? Em função das grandes mudanças estruturais pelas quais passa o mercado mundial de café, te-
O cafeicultor Luiz Hafers, diretor da SNA e da SRB, coordenou o estudo sobre o consumo mundial do café
remos, mesmo aos níveis atuais de preço, a expansão atual do consumo mundial. O consumo nos países ricos passou a ser majoritariamente fora de casa, onde o custo da matéria-prima não é tão relevante no preço das bebidas à base de café. Nos países emergentes, a crescente renda permite a adoção do café por um grande número de novos consumidores, que buscam copiar hábitos de consumo ocidentais. Teremos um período de preços próximos dos níveis atuais por dois a três anos em função do contínuo aumento do consumo, até que se materialize nova produção. Comentários gerais a) “Café baixo”: diante da maior homogeneidade dos cafés para a safra 2011/12, espera-se uma menor oferta de “cafés baixos”, o que deve dar suporte aos preços desses tipos de café. b) Outros países produtores: além do Brasil, alguns países da Ásia podem contribuir para a elevação da produção, mas que merecem ser olhados com mais detalhes; entre eles destacam-se Myammar, Camboja e Vietnã. A produção na América Central e Colômbia deve permanecer estável ou até cair. A África não deve apresentar crescimento. c) O comprometimento da safra 2011/12 ainda é baixo apesar de as cooperativas “aparentemente” estarem acelerando as vendas.
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Novo Código Florestal atende produção rural e meio ambiente Brasil avança para uma legislação que vai proteger recursos naturais e atividade rural. Para o presidente da Rural, Cesário Ramalho da Silva, a polarização do debate nunca foi saudável e atrasou a votação do novo Código Florestal na Câmara
O presidente da SRB acredita que o equilíbrio é a chave entre a produção rural e o meio ambiente
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aprovação do projeto de lei de mudança do Código Florestal por ampla maioria na Câmara dos Deputados atende produção rural e proteção do meio ambiente. Este é o posicionamento da Sociedade Rural Brasileira. A expectativa da Rural é que o convencimento visto no resultado da Câmara seja seguido pelo Senado e pela presidente Dilma Rousseff. “A vitória esmagadora na Câmara torna muito difícil quaisquer alterações significativas no texto aprovado daqui para frente”, assinala o presidente da Rural, Cesário Ramalho da Silva. “Ganhou a democracia, especialmente, pelo fato que se tratou de uma
votação apartidária, em que os deputados decidiram de maneira técnica, independentemente, de ser governo ou oposição.” Para Ramalho, a polarização do debate nunca foi saudável e atrasou a definição. “O equilíbrio é a chave entre produção rural e meio ambiente. O diálogo, livre de ideologias, prevaleceu e quem ganhou foi o Brasil.” Finalmente, ressalta o presidente da Rural, avançamos para uma legislação que vai proteger recursos naturais sem tolher a atividade rural. “Precisamos estimular nossa vocação de produzir alimentos e energia renovável em sintonia com os produtos naturais que temos.”
Segundo o presidente da Rural, a agropecuária – que contou com o apoio da população, legitimamente representada pelos parlamentares –, sai desta votação devedora da sociedade. “Nosso compromisso de produzir de maneira responsável com pessoas e natureza só aumentou. A sociedade tem expectativas sociais e ambientais do agronegócio e é obrigação do setor corresponder.” De acordo com Ramalho, ao contrário do que pensam e pregam algumas correntes do ambientalismo radical – que saíram derrotadas –, a sustentabilidade tem que considerar a dimensão econômica.
Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367, 19O andar – Anhangabaú - Centro CEP 01049-000- São Paulo – SP Tel: (11) 3123-0666 – Fax: (11) 3223-1780 www.srb.org.br
Jornalista Responsável: Ronaldo Luiz – ronaldo@srb.org.br Corredador: Renato Ponzio A Lavoura
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BRS Pampa: cultivar de arroz agulhinha incrementa produtividade no Sul ARIANO M. DE MAGALHÃES JÚNIOR PESQUISADOR DA EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
Para atender ao mercado de alta qualidade, a Embrapa Clima Temperado desenvolveu a cultivar BRS Pampa para as seis regiões produtoras de arroz irrigado do Estado do Rio Grande do Sul. Ela é de ciclo precoce, tem ótimo rendimento de grãos inteiros e garante um arroz solto e macio após o cozimento
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Além do bom rendimento na lavoura, a cultivar produziu um arroz de paladar agradável
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cultivar de arroz BRS Pampa é originada de cruzamento envolvendo os parentais I rga 417 e BRS Jaburu, realizado pela Embrapa. A nova variedade tem plantas do tipo “moderno” de folhas pilosas, altura média de 89 cm, ciclo precoce, em torno de 118 dias, podendo variar de 113 a 123 dias, da emergência à maturação, com ampla adaptação no Rio Grande do Sul. Outra característica da BRS Pampa é a boa tolerância ao acamamento e às doenças predominantes. Além disso, os seus grãos são longos e finos, do tipo “agulhinha”, de casca pilosa-clara, com baixa incidência de centro branco, bem como textura solta e macia após a cocção. O rendimento industrial dos grãos, em condições normais de ambiente e manejo da lavoura, é superior a 62% de grãos inteiros-polidos com renda total de 70%. A BRS Pampa revelou excelentes atributos de cocção, comparados às melhores cultivares utilizadas pela indústria gaúcha. Nos testes indiretos de qualidade culinária, o grão apresentou conteúdo de amilose classificado como alto – aproximadamente 31% – e temperatura de
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A gelatinização baixa, como é esperado para uma cultivar com boas características de cocção (cozimento). Quanto à reação aos estresses bióticos, a BRS Pampa teve reação que variou de intermediária à medianamente resistente à brusone (Pyricularia grisea), na folha e na panícula. O nível de resistência refere-se ao observado na média dos ensaios de VCU e pode sofrer alterações em função das diferentes raças, as quais se alteram com as mudanças de ambientes (locais x anos). Em relação aos estresses abióticos, como toxidez a ferro, a cultivar apresentou respostas superiores ao Irga 417 (genitor sensível), sendo avaliada como moderadamente tolerante. Em ensaios realizados nas diversas regiões orizícolas do RS, esta cultivar demonstrou elevado potencial de produtividade (Gráfico 1), superando as 10 toneladas por hectare de grãos secos e limpos. Assim, a cadeia produtiva do arroz gaúcho será beneficiada, por contar com uma nova cultivar produtiva e de excelente qualidade de grãos.
Manejo da cultivar Todo e qualquer fator que interfira no processo normal resultará em prejuízo à expressão do potencial genético da cultivar. Portanto, o manejo da BRS Pampa deve ser realizado de forma criteriosa, observando-se suas características peculiares e seguindo-se o conjunto de tecnologias recomendadas pela pesquisa no RS. Assim, recomenda-se para o manejo da cultivar BRS Pampa os seguintes passos: em primeiro lugar, utilizar semente de procedência conhecida, livre de plantas daninhas ou de misturas com outras cultivares, preferencialmente Certificada ou Comercial I e II, adquirida junto a produtores registrados na Delegacia Federal de Agricultura (DFARA/MA/RS). Além disso, a semeadura deve ser realizada com base no zoneamento agroecológico para as diferentes regiões orizícolas do RS. A cultivar BRS
Gráfico 1 Produtividade média das cultivares de arroz irrigado nas safras 2003/04 a 2008/09 em experimentos de VCU (valor de cultivo e uso) conduzidos pela Embrapa nos municípios de Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Mostardas, Alegrete, Uruguaiana e Agudo ou Santa Maria (RS).
Pampa permite uma maior plasticidade na época de semeadura. Conforme a realidade de cada lavoura, a semeadura poderá ser antecipada ou retardada. Nas regiões com menor restrição térmica, a BRS Pampa deve ser semeada entre 11 de outubro e 10 de dezembro e, nas regiões mais frias, de 15 de outubro a 15 de novembro, de modo que, sempre que possível, a diferenciação da panícula ocorra aproximadamente no dia 1O de janeiro. A densidade de semeadura deve possibilitar o estabelecimento de um estande de 200 a 300 plantas por m2. Para que isto ocorra, são necessários cerca de 100 kg de sementes aptas por hectare. Deve-se também ter cuidado especial com o início da irrigação e a altura da lâmina de água, pois estes são fatores que influenciam diretamente no desenvolvimento das plantas. Observações de lavouras têm demostrado que o retardamento na entrada de água, em condições de controle eficiente de invasoras, tem proporcionado um melhor perfilhamento. Portanto, recomenda-se, quando possível, iniciar a
irrigação permanente da lavoura até 25 dias após a emergência das plântulas (4 a 5 folhas), mantendo-se a lâmina de água de, no máximo, 10cm. É preciso se proceder à primeira adubação nitrogenada em solo seco, no perfilhamento, com a entrada de água ocorrendo imediatamente após sua aplicação. Para realizar a segunda adubação nitrogenada, é necessário observar a diferenciação da panícula (R0). E, finalmente, é recomendável colher tão cedo quanto possível após a maturação fisiológica, com umidade do grão variando entre 18% e 23%. A utilização de cultivares de ciclo precoce, que apresentem elevado rendimento potencial de grãos, menor exigência em volume de água de irrigação e a menor exposição a fatores ambientais causadores de estresses responsáveis por redução produtividade, como a BRS Pampa, que além destas vantagens apresenta excelentes atributos de qualidade de grãos (indústria e consumidor), é uma ótima opção de cultivar para a orizicultura gaúcha.
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JACIRA S . COLLAÇO MÉDICA VETERINÁRIA
Três gerações orgânicas No Brasil, os produtores familiares representam uma grande base para a produção orgânica. Contudo, uma das características mais comuns é a dificuldade de estabelecimento de uma cadeia produtiva. Esse não é o caso da empresa gaúcha Ecobio, que alcançou esse objetivo e ainda manteve seu perfil familiar: filhos, pais e avó continuam trabalhando desde o plantio até a comercialização de seus produtos orgânicos. Roberto Luiz Salet, engenheiro agrônomo e sócio da Ecobio traz para esta edição de A Lavoura a trajetória pioneira da empresa, que começou no setor em 1984, pesquisando e adaptando ao Brasil técnicas orgânicas aplicadas na Europa. ECOBIO
A Lavoura - Como se Na busca de mercado, locaorganiza estruturallizamos um grupo de conmente a Ecobio? sumidores idealistas em Somos uma empresa Porto Alegre que haviam familiar na essência. Fafundado uma cooperativa, zem parte da sociedade Coolméia, que comercidois filhos: eu, Roberto alizava diretamente para Salet, agrônomo, e os consumidores do Fernando Salet, médico, entreposto ou da feira da além de nossos pais, Angecooperativa. Como na épolo e Gladiz Salet e avó, ca não havia certificadoras no Brasil, a Noilda Baraldi. A empresa faz algo raro Coolméia fazia um trabalho de no mundo atual da agricultura orgâniacreditação da produção “ecológica”. ca: planta, industrializa e comercializa o Mais tarde, criou um serviço de inspeproduto oriundo de sua propriedade, sem Produtos da empresa em suas embalagens ção participativa, cujo técnico vistoriacomerciais intermediários, mantendo o valor agreva periodicamente a Ecobio. Já um ougado ao longo da cadeia. tro produtor orgânico realizava a vistoria de acreditação, ocaEstamos localizados no norte do Rio Grande do Sul, com lasião que não era somente para fiscalização e rastreamento, mas vouras e indústrias nas cidades de Coronel Bicaco, Cruz Alta, de aprendizado mútuo. São Martinho e Santo Augusto, regiões de solos vermelhos e A Lavoura - Quanto tempo levaram até conquistar a água abundante. certificação? A Lavoura - Por que a decisão de começar a atuar no Seguíamos um modelo que achávamos sustentável, com alsistema orgânico já em 1984, algo inovador para o Bragumas informações daquilo que se faziam na Europa, principalsil à época? mente na Alemanha. No final da década de 90, tínhamos a Iniciamos na produção de orgânicos no auge da propagancertificação participativa e de acreditação da Cooperativa da da Revolução Verde no Brasil, na década de 80. A Revolução Coolméia. Mais tarde, fomos certificados pela Ecocert, que nos Verde pregava e financiava a substituição de culturas locais permite atender o mercado brasileiro, norteamericano e europeu. por culturas de exportação (soja), com o uso maciço de fertiliA Lavoura - Qual a extensão da área de produção da zantes, corretivos industriais, fungicidas, inseticidas e empresa? É necessário adquirir algum produto de terherbicidas. Não se pode negar que a Revolução Verde aumenceiros? tou a produtividade das culturas de exportação e mudou o perComeçamos com 24 hectares e atualmente temos mais de fil da agricultura brasileira. Entretanto, causou duas 300, entre áreas próprias e arrendadas. Adquirimos arroz irriconsequências sérias: a dependência do agricultor e a destruigado de um parceiro, também pioneiro na produção orgânica ção do meio ambiente. O agricultor deixou de ser produtor para no Brasil, para completar o produto Arroz 7 Grãos e a quinoa, ser consumidor de insumos das transnacionais. que ainda não alcançou produção suficiente e de qualidade. Em 1984, nossos vizinhos arrancavam as árvores de erva A Lavoura - Como se prepararam para a industrialimate para plantar soja, usando insumos “modernos” como DDT, zação de seus produtos? clorofosforados, fosforados, 2,4-D, etc. Enquanto isso, nós planApesar de produzir e comercializar nossos produtos na litávamos estas mesmas mudas, pesquisávamos insumos e nha orgânica, com todos os insumos e sementes produzidas por tecnologias independentes e alternativas, além de conservar nós, ainda não estávamos com o projeto completo: faltava agrematas e banhados como aliados no controle de insetos e doengar valor aos produtos. No final da década de 90 resolvemos ças. Na época, chamávamos nossos produtos de “ecológicos”, pois começar a industrializar os produtos e optamos pelo produto não havia literatura de produção orgânica no Brasil. O que nos nativo da região, a erva mate. Levamos o projeto técnico e de moveu no pioneirismo de produzir orgânico foi o idealismo de viabilidade econômica ao banco local, mas ele foi recusado na independência; não aceitávamos a idéia de ter que comprar seagência pelo histórico ruim da região. Contudo, durante uma mentes, insumos e agrotóxicos e vender a produção para um exposição, encontramos o gerente geral de agronegócio do RS, intermediário. José Kochhann, e apresentamos o nosso projeto. Não sabemos
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Produtos prontos para a venda na loja da empresa...
... e antes, na indústria, no processo de pesagem
se ele ficou impressionado com o projeto ou com o nosso entusiasmo, mas aprovou o financiamento. Após construirmos nosso prédio e comprarmos os equipamentos, vimos que não havia energia suficiente para ligar as máquinas! Apelamos à Secretária de Minas e Energia de Porto Alegre, que se sensibilizou com a situação e em dias a indústria começou a funcionar – sendo que a Secretária era nada menos que a atual presidente, Dilma Roussef. A Lavoura - Como se dividem suas unidades de produção e qual é o volume de produção atual? Atualmente temos três agroindústrias: a de erva mate, a produção de farinhas, gritz, granolas e fibras e o beneficiamento de cereais. Neste ano vamos inaugurar a indústria de óleos orgânicos. Quanto à produção, ultrapassamos as 1.500 toneladas anuais. A Lavoura - Quais são os produtos atuais da Ecobio? Temos arroz, canjica, erva-mate, farináceos (de linhaça, trigo, centeio, etc.), fibras, flocos, granola, grãos, linha Saúde (com nutracêuticos), dois tipos de macarrão, ração humana. A Lavoura - Como está a receptividade da ração humana orgânica, um produto inovador, frente à convencional? Muito boa. A Lavoura - Como percebem as demandas dos consumidores em termos de sabores ou produtos? Através das feiras que participamos, muitas com o apoio do projeto OrganicsNet. Além disso, temos utilizado a mídia eletrônica através de nossa loja virtual e das redes sociais (temos um blog e participamos do Facebook, Orkut e Twitter). A Lavoura - Observou se o consumidor já tem mais acesso à informação sobre orgânicos? Nas primeiras feiras (década de 80 e 90), passávamos boa parte do tempo explicando o que era produto orgânico e as vantagens do mesmo para o consumidor e a natureza. Atualmente, raras vezes precisamos explicar isso, o consumidor está bem informado nas cidades grandes. Entretanto, nas cidades pequenas e médias, ainda há muita desinformação. Se o conceito de produto orgânico está relativamente assimilado pelo consumidor, está longe a consciência do que este alimento representa para a sua saúde e para o meio ambiente. Parece que é mais importante o debate sobre custos do que os malefícios atuais da agricultura convencional. A Lavoura - Em sua opinião, quais os maiores desafios para os produtores rurais de sua região? Como organizam a logística de entrega? Nosso maior problema é à distância da região consumidora
e a falta de valorização do produtor rural orgânico. Recentemente participamos de uma feira internacional de orgânicos no Brasil e percebemos que a atividade está sendo dominada por empresas processadoras ou intermediárias. De um total de 300 expositores, somente 12 produziam a sua matéria-prima. Além disso, a atividade está sendo invadida por empresas oportunistas, que não nunca tiveram consciência ou ética na produção, muito pelo contrário, criticavam os orgânicos e agora estão lançando produtos orgânicos somente com o interesse de aviltar ganhos econômicos. A Lavoura - Quais os benefícios alcançados pela Ecobio ao atuar ao longo de toda a cadeia de produção, também evitando a figura do intermediário na venda ao consumidor? As vantagens que destaco são essas: qualidade no produto colocado no mercado, já que dominamos todo o processo de produção; formação de parcerias fiéis e duradouras com as lojas e o consumidor final; preço estável do produto orgânico ao longo do ano e oferta regular, sem sazonalidade. A Lavoura - Sendo produtores rurais, como sentem a carga dos impostos ao longo da cadeia? Gastamos boa parte do tempo procurando atender às mudanças frequentes de legislação e de diferenças de alíquotas entre os Estados. É muito difícil trabalhar com essa burocracia e a carga tributária. A Lavoura - O que gostaria de ver implementado neste novo governo? Apoio ao produtor de matéria-prima propriamente dito. O modelo atual apoia irrestritamente as cooperativas – algumas têm a mesma diretoria há mais de 30 anos, dividindo prejuízos com os agricultores e o lucro com os diretores – e os assentados, esquecendo de quem não faz parte dessas categorias. O apoio pode vir de diferentes formas: financiamento diferenciado para a lavoura orgânica, com menor burocracia e juros; apoio à comercialização e busca de novos mercados e redução da carga tributária para o produtor que agrega valor ao seu produto agrícola, ou seja, aquele que industrializa. A Lavoura - Fale um pouco sobre os projetos e perspectivas da empresa para 2011. Todo início de ano fazemos o Planejamento Estratégico da Ecobio. Para 2011 estamos montando uma parceria com a maior reserva indígena do sul do Brasil (onde residem mais de 5 mil índios Caigangues e Guaranis) para preservar a área e começar a produzir orgânicos. Planejamos também o lançamento de oito novos produtos e a inauguração da indústria de óleos orgânicos extraídos a frio.
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Soluções para controle de insetos em grãos armazenados BAYER CROPSCIENCE
Segundo levantamento feito pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em países em desenvolvimento as perdas de grãos no período pós-colheita variam de 15% a 50%. Entre as principais razões estão a exposição às chuvas, secas ou temperaturas excessivas; transporte e armazenamento inadequados; contaminação por micro-organismos, O bom armazenamento pode evitar grandes perdas pós-colheita além de problemas de infraestrutura de armazenagem, que causa estragos físicos e na qualidade dos produtos. A Bayer CropScience dispõe de um portfólio voltado ao armazenamento no período pós-colheita, entre eles, o K-Obiol, inseticida indicado para controle de insetos que atacam os grãos armazenados. O produto está disponível em duas versões: K-Obiol 25 CE e K-Obiol 2P. O primeiro pode ser aplicado diretamente no grão, enquanto o segundo pode ser aplicado em sacarias e também no tratamento de pisos e paredes de silos e armazéns antes de serem abastecidos. Além disso, os dois produtos possuem registro para uso na maioria dos grãos e já são tradicionalmente utilizados pelos principais armazenadores do País, em razão dos padrões de segurança e dos serviços de assistência técnica disponíveis nacionalmente, explica o fabricante. 48
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O formato em “pellets” tem boa aceitação pelo animal
Outro fator de grande relevância na composição do produto é a presença de agentes tamponantes que dão equilíbrio ao metabolismo ruminal e evitam as indesejáveis doenças causadas pelo mau funcionamento do aparelho digestivo dos animais, sendo as mais comuns a acidose metabólica e timpanismo bovino, de acordo com a empresa.
Monitor de plantio Aumentar a produtividade no campo é o principal objetivo do monitor de plantio MPA 2500. Fabricado pela Auteq Telemática, é um equipamento robusto, totalmente vedado, adaptável a plantadeiras de qualquer marca e modelos que permite reduzir os custos do plantio e aumentar a produção de grãos, segundo a empresa. Entre os principais benefícios apontados estão: evitar falhas no plantio de sementes, desvios na população de sementes e excesso de velocidade no plantio, aumentar a produtividade das máquinas ao facilitar o trabalho noturno e a produtividade das máquinas e operadores ao evitar a necessidade de paradas periódicas para averiguação. O equipamento ainda elimina os custos e riscos de acidentes causados pela necessidade de um assistente (“badeco”) para o monitoramento visual do plantio e controla com facilidade a área e o tempo efetivamente trabalhados. “Este novo modelo traz como novidades o cabeamento modular com instalação e manutenção muito simples, comunicação de todos os sensores através de um barramento CAN, tela de 4,7 polegadas com alta luminosidade e contraste e receptor GPS de 50 canais”, afirma o diretor da Auteq Telemática, Alberto Menoni. “E incorporaremos ainda mais funcionaliO aparelho permite dades durante o correr desuma maior precisão do número de sementes plantadas te ano”, acrescenta. ICA AUTEQ TELEMÁT
Desenvolvido com formulação específica para auxiliar no manejo nutricional de ruminantes em período da seca, o ‘Pró Milho 15%’, suplemento mineral proteico, é lançamento da Premix. A nova tecnologia promete ser a solução definitiva para o problema da perda de peso no gado decorrente da baixa ingestão de proteína em algumas fases do ano, principalmente em sistemas de criação que têm pastagem e outros volumosos como base da alimentação. Indicado para o uso associado em rações formuladas com alta concentração
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O “Pró Milho 15%” é indicado para melhorar a eficiência metabólica de ruminantes submetidos a dietas com alta concentração de grãos
de grão inteiro de milho, ‘Pró Milho 15%’ é enriquecido com micro nutrientes fundamentais à dieta, e sua composição exclusiva conta com ingredientes que permitem alto ganho de peso, mesmo sem a necessidade do uso de volumosos, fator de grande importância para sistema de produção mais intensiva, como os utilizados em confinamento e semi-confinamento, explica o fabricante. Segundo a Premix, o produto já vem pronto para ser adicionado ao milho e sua apresentação em formato peletizado garante a mesma densidade daquela verificada no grão. Este fator é tido como muito importante do ponto de vista técnico, uma vez que permite a homogenidade necessária à mistura, facilitando a ingestão dos bovinos que costumam ser seletivos com os alimentos colocados no cocho.
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Manejo nutricional de ruminantes
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Técnica mais eficiente e mais limpa permitirá a diminuição do número de intervenções com agrotóxicos Sempre em busca de tecnologias de produção que promovam melhorias ao meio ambiente, a Miolo Wine Group iniciou nesta safra o uso do TPC (Thermal Pest Control ou Controle Térmico de Pragas), processo de imunização de culturas agrícolas à base do ar quente. O tratamento por calor, usado largamente em vinícolas chilenas e em outras culturas agrícolas, será aplicado nos vinhedos da Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos-RS), da Vinícola Almadén (Livramento-RS), do Seival Estate (Campanha-RS) e da Vinícola Ouro Verde (Vale do São Francisco-BA). Segundo a Miolo, além de ser mais eficiente, a nova técnica dispensa em grande parte o uso de produtos sintéticos. A cada cinco dias, a partir do período de floração até a colheita, a máquina passará por entre as fileiras dos vinhedos aplicando ventos de 120km/h com temperatura de até 130ºC. “O calor desnatura as pragas e fungos e o vento ainda ajuda a retirar resíduos da floração que geralmente são o substrato para a germinação dos fungos da podridão do fruto”, explica o engenheiro agrônomo Ciro Pavan. Como complemento, serão feitas aplicações de defensivos à base de cobre e enxofre (fungi-
O calor localizado deixa a planta mais robusta
cidas aceitos na agricultura orgânica) a cada 15 dias, intervalo de tempo maior ao usado no sistema de controle parasitário convencional. “O tratamento com uso de calor não gera prejuízo nenhum às uvas e ao vinhedo. A brotação fica mais rústica, a planta mais robusta e com coloração mais esverdeada. Temos como resultados frutos maduros e sadios”, explica Ciro. Inicialmente, a MWG usará a técnica em parte dos vinhedos dos quatro projetos. Para implementar a técnica, os funcionários receberam treinamento. As máquinas foram adaptadas para cada um dos vinhedos. Os equipamentos são da empresa Lazo TPC, de Bento Gonçalves (RS).
Inovação em fertilizantes O grupo francês TIMAC Agro prepara lançou um produto que deve mudar radicalmente o conceito de adubação, que se mantinha inalterado há mais de um século. Trata-se de uma inovação tecnológica que consegue fazer com que elevadas quantidades do fósforo aplicado no solo sejam de fato disponibilizadas às plantas. Da forma tradicional como vem sendo aplicado, o fósforo tem eficiência média de apenas 45%. O novo fertilizante, que leva o nome “Top-Phos” incorpora um molé- O produto promete 100% de aproveitamento cula orgânica que se liga ao fósforo através de uma ponte metálica, impedindo sua reação com metais e outros componentes do solo. Sem risco de neutralização, toda a força do nutriente fica disponível para ser aproveitada pela planta. Além do melhor aproveitamento de fósforo pela planta, tanto em solos ácidos quanto alcalinos, Top-Phos incorpora outras vantagens: contem Cálcio e Enxofre, importantes macro-elementos de comprovada resposta na produtividade. Além disso, uma molécula incorporada ao Top Phos estimula o desenvolvimento de microorganismos do solo e o crescimento radicular, o que é ideal para áreas de plantio direto. TIMAC AGRO
EKO’S BIOTECNOLOGIA
O laboratório de pesquisas agrícolas e de jardinagem Eko’s Biotecnologia lança um produto inovador e exclusivo no mercado nacional e internacional: o Eko’s O produto é aplicado Citrus. A solução em toda a planta foi desenvolvida para combater uma das pragas mais devastadoras das lavouras de citrus e que tem provocado prejuízos para agricultores em todo o mundo, o Citrus Greening. Após 4 anos de pesquisas em lavouras do interior de São Paulo, obtendo resultados efetivos que erradicaram 100% da bactéria, o Eko’s Citrus chega ao mercado como solução para agricultores que sofrem com o problema. “Observamos que o produto se comporta de forma bastante produtiva com relação à diminuição dos sintomas do greening”, afirma o diretor da Eko’s Biotecnologia Vanêr Silva. “A produtividade das lavouras tratadas aumentou evitando prejuízos para os produtores. Em alguns casos o nível de presença da bactéria chegou a zero”, complementa. Desenvolvido na forma líquida, o Eko’s Citrus é aplicado nas folhas, ramos, troncos e raízes das árvores. Rapidamente é absorvido pela bactéria, interrompendo sua multiplicação e posteriormente causandolhe a morte. A solução limpa os vasos por onde circulam as seivas bruta e elaborada permitindo o transporte dos sais minerais, aminoácidos e açucares necessários para o bom metabolismo das plantas, esclarece o fabricante. O Citrus Greening surgiu no Brasil em 2004. Os primeiros casos foram detectados em Araraquara, interior do estado de São Paulo. Ramos e galhos amarelados e folhas e frutos que caem precocemente dos galhos são alguns dos principais sintomas da doença. Desde seu surgimento mais de três milhões de plantas já foram eliminadas. Para mais informações: www.paraisoplantas.com.br ou ekosbiotecnologia@paraisoplantas.com.br.
Miolo inicia tratamento com uso de calor em vinhedos
MIOLO
Produto para tratamento do citrus
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Doenças respiratórias em suínos provocam prejuízos de desempenho, mesmo quando não há sintomas
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s doenças respiratórias estão entre as mais prevalentes na produção de suínos e são causadas por diferentes fatores – infecciosos, ambientais, sanitários e de manejo. Estudo brasileiro realizado em 2002 aponta que 69,3% dos animais no País apresentam lesões pulmonares no momento do abate. O impacto econômico relacionado aos problemas respiratórios é bastante sério, mesmo quando os animais não apresentam sintomas, e recai sobre os produtores. Para se ter uma ideia, a pneumonia suína, por exemplo, pode provocar entre 3% e 8% de queda de desempenho no ganho de peso por animal produzido no Brasil. E os prejuízos não param por aí: estima-se que 0,5% dos suínos abatidos no País tenham suas carcaças desviadas da linha de abate por causas respiratórias. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), foram abatidos 29.072.584 de suínos no Brasil em 2010, ou seja, mais de 145 mil animais teriam tido suas carcaças desviadas por conta das doenças respiratórias. “O estabelecimento de um programa eficiente de prevenção e a agilidade na tomada de ações para controle dos surtos aliada à escolha de medicamentos que permitam o tratamento global do lote ajudam a evitar mortes no plantel e diminuir as perdas relacionadas aos problemas respiratórios em suínos”, explica a veterinária Djane Dallanora, doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), consultora da equipe Integrall Soluções em Produção Animal e professora de Doenças dos Suínos na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). O principal agente causador e porta de entrada das doenças respiratórias em suínos é o Mycoplasma hyopneumoniae. Esse patógeno modula o sistema imune e altera os mecanismos de defesa dos pul50
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CDN COMUNICAÇÃO CORPORATIVA
A agilidade na tomada de ações de controle dos surtos ajuda a evitar mortes no plantel e diminuir perdas. No inverno as doenças respiratórias nos suínos se agravam, principalmente no sul do País
Um dos sinais de infecção respiratória é a tosse, de difícil observação nos plantéis
mões, facilitando a instalação de infecções por outras bactérias. Os animais têm sinais de tosse, dispneia (dificuldade respiratória), corrimento nasal, febre, falta de apetite e perda de peso. Na fase inicial, a tosse é seca, mas os sintomas evoluem de acordo com o quadro clínico que se estabelece. “É preciso lembrar que, mesmo antes dos sinais clínicos dos problemas respiratórios aparecerem, há uma demanda de nutrientes no organismo dos suínos para produzir a resposta imune”, alerta Djane. A especialista salienta ainda que o prejuízo das manifestações subclínicas não é fácil de ser mensurado no campo, mas existem dados de pesquisa que estimam essas perdas. “Toda vez que o animal precisa acionar o sistema imune, o desenvolvimento é prejudicado. Não deixar o suíno adoecer, impedir que o sistema imune seja minimamente ativado traz um importante benefício de ganho de peso. A metafilaxia – forma de tratamento que permite tratar os que estão doen-
tes e prevenir as doenças nos animais sadios que tiveram contato com suínos já clinicamente doentes – é uma boa estratégia nesse sentido”, reforça.
No inverno é pior No inverno as doenças respiratórias nos suínos se agravam, principalmente no sul do País, pois as instalações dos plantéis são mantidas fechadas. As recidivas também se mostram um desafio constante para o controle destas doenças. “Para controlar as doenças respiratórias, é preciso trabalhar o ciclo como um todo. Os leitões são colonizados ainda na maternidade, pela própria matriz, para todos os agentes respiratórios relevantes. E, se um lote tem problemas clínicos nas creches, o risco de recidiva é muito maior nas terminações. As doenças respiratórias precisam ser tratadas de maneira preventiva para se evitar que aconteçam na forma de surto. Caso contrário, os prejuízos passam a ser muito grandes”, afirma Djane.
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