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A Lavoura DIRETOR RESPONSÁVEL
Antonio Mello Alvarenga Neto EDITORA
Cristina Baran editoria@sna.agr.br ENDEREÇO
Av. General Justo, 171 - 7º andar 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3231-6350 Fax: (21) 2240-4189 ENDEREÇO ELETRÔNICO
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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:
Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira Ana Carolina Miotto Bruno Zamora Teoro Cinthia Andruchak Freitas Ibsen de Gusmão Câmara Ivani Cunha Jacir Albino Jacira Collaço Joana Silva José Botafogo Gonçalves Kadijah Suleiman Levino Bassi Luís Alexandre Louzada Márcia França Paula Guatimosim Renato Ponzio Ricardo M. Hayashi Roberto Pedroso de Oliveira Walkyria Bueno Scivittaro REVISÃO FINAL:
Paula Guatimosim
É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor.
A Lavoura ANO 115 - N O 689
FRUTICULTURA Produção de excelência para pêssego A denominação “pêssego de Pelotas” irá valorizar a marca e garantir a viabilidade da cadeia produtiva local
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ARROZ Nova cultivar facilita o controle do arroz vermelho Cultivar irrigada lançada recentemente é tolerante ao herbicida que combate sua principal planta daninha
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CITRICULTURA Cultivar Meyer: nova opção para o mercado de limões Esta variedade é muito produtiva, podendo atingir 40 toneladas/ha por ano
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AVICULTURA Acidificantes ganham espaço na alimentação anima
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SOJA Novas cultivares mais resistentes à ferrugem asiática e nematoide
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FLORICULTURA Aparelho avalia quantidade de água em flores
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AVICULTURA Acordo inédito nos EUA prevê melhorias na avicultura
SNA 115 ANOS
06
ALGODÃO
PANORAMA
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Como usar fitorreguladores de crescimento na cultura do algodão
SOBRAPA
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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
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SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA - SRB
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INFORME OCB/SESCOOP-RJ
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ORGANICSNET
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EMPRESAS
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42 54
ISSN 0023-9135
AVICULTURA
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura
Suplemento alimentar diminui incidência de Salmonella em aves
Capa: Guilherme Carvalho/HSI Humane Society International. www.hsi.org/brasil e-mail: brasil@hsi.org
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BOVINOS Boa seleção resulta em animais superiores
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DIRETORIA EXECUTIVA
DIRETORIA TÉCNICA
ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA JOEL NAEGELE TITO BRUNO BANDEIRA RYFF FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS HÉLIO MEIRELLES CARDOSO JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE SÉRGIO GOMES MALTA
PRESIDENTE 1O VICE-PRESIDENTE 2O VICE-PRESIDENTE 3O VICE-PRESIDENTE 4O VICE-PRESIDENTE DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR
F UNDADOR
Academia Nacional de Agricultura
COMISSÃO FISCAL
ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO ANTONIO FREITAS CLAUDIO CAIADO JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON FERNANDO PIMENTEL JAIME ROTSTEIN JOSÉ MILTON DALLARI KATIA AGUIAR
E
MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA MARIA HELENA FURTADO MAURO REZENDE LOPES PAULO PROTÁSIO ROBERTO FERREIRA S. PINTO RONY RODRIGUES OLIVEIRA RUY BARRETO FILHO
CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA PLÁCIDO MARCHON LEÃO ROBERTO PARAÍSO ROCHA RUI OTAVIO ANDRADE
P ATRONO : O CTAVIO M ELLO A LVARENGA
CADEIRA
PATRONO
TITULAR
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
ENNES DE SOUZA MOURA BRASIL C AMPOS DA P AZ B ARÃO DE C APANEMA ANTONINO FIALHO W ENCESLÁO B ELLO S YLVIO R ANGEL P ACHECO L EÃO LAURO MULLER MIGUEL CALMON LYRA CASTRO AUGUSTO RAMOS SIMÕES LOPES EDUARDO COTRIM PEDRO OSÓRIO TRAJANO DE MEDEIROS PAULINO FERNANDES FERNANDO COSTA S ÉRGIO DE C ARVALHO G USTAVO D UTRA JOSÉ AUGUSTO TRINDADE IGNÁCIO TOSTA JOSÉ SATURNINO BRITO JOSÉ BONIFÁCIO L U I Z DE Q UEIROZ CARLOS MOREIRA A LBERTO S AMPAIO E PA M I N O N D A S D E S O U Z A ALBERTO TORRES C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES THEODORO PECKOLT R ICARDO DE C ARVALHO BARBOSA RODRIGUES G ONZAGA DE C AMPOS A MÉRICO B R A G A N AVARRO DE A NDRADE M EL L O L E I T Ã O ARISTIDES CAIRE VITAL BRASIL GETÚLIO VARGAS E DGARD T EIXEIRA L EITE
R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO JAIME ROTSTEIN E DUARDO E U G ÊN IO G O U V Ê A V I E I R A FRANCELINO PEREIRA L U I Z M ARCUS S UPLICY H AFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI J OEL N AEGELE M ARCUS V IN ÍC IU S P R A T I N I DE M O R A E S R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE R UBENS R ICUPERO PIERRE LANDOLT ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES I SRAEL K LABIN
S YLVIA W ACHSNER A NTONIO D ELFIM N ETTO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA J OÃO C A R L O S F AV E R E T P O R T O
A N T O N I O C ABRERA M ANO F ILHO JÓRIO DAUSTER ANTONIO CARREIRA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES AFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO ROBERTO RODRIGUES J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO A LY S S O N P A O L I N E L L I O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA DENISE FROSSARD E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA E RLING S. L O R E N T Z E N
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979
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Carta da
Uma instituição que dá orgulho Embrapa, uma das mais bem sucedidas iniciativas governamentais, tem comprovado que investimentos em educação e pesquisa, quando bem conduzidos, proporcionam resultados altamente compensadores. Reconhecida internacionalmente como modelo de eficiência em termos de pesquisa aplicada, a Embrapa é responsável pelos elevados índices de produtividade alcançados pela agricultura e pecuária nacionais. Até recentemente, o cerrado brasileiro era uma região praticamente inaproveitável. Hoje, é um grande celeiro. Extensas áreas em Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão, Bahia e Piauí estão em plena produção, e suas regiões em franco desenvolvimento econômico e social. Na raiz dessa verdadeira revolução está a Embrapa. Criada em 1973, a instituição tem cerca de 10 mil funcionários, sendo 2.392 pesquisadores, 74% com doutorado, grande parte no exterior. Mantém 47 unidades de pesquisa espalhados por todo o país. Seu orçamento anual, que gira em torno de R$ 2 bilhões, é relativamente reduzido, face ao trabalho que desenvolve e os resultados que têm sido alcançados. Além das unidades próprias, a Embrapa também coordena o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, garantindo maior eficácia na utilização dos escassos recursos disponíveis para pesquisa e desenvolvimento tecnológico do setor. Graças à Embrapa, a produção agropecuária brasileira cresce moderna e competitiva, com elevados índices de produtividade. Em consequência, a incorporação de novas áreas ao processo produtivo é significativamente reduzida. O resultado está aí. Nosso agronegócio é um setor dinâmico, que fornece alimentação barata aos brasileiros e,
AN
ao mesmo tempo, gera excedentes exportáveis, fundamentais para o equilíbrio de nossas contas externas e, consequentemente, de nossa economia. Recebemos recentemente, na sede da SNA, a visita do Presidente da Embrapa, Pedro Arraes. Pesquisador e profissional de grande competência, dedicou sua vida à instituição. É estimulante ver seu entusiasmo. Outro ícone da Embrapa que merece ser lembrado é seu ex-presidente Elizeu Alves, que, apesar da idade, já um tanto avançada, faz questão de manter-se em atividade na instituição. Essa é a nossa Embrapa. São técnicos competentes, que vestem a camisa da instituição. É o investimento em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, realizados com seriedade e pertinácia, sem ingerência política — diferencial importantíssimo, em se tratando de órgão governamental. O respeito e prestígio conquistados pelo agronegócio brasileiro no exterior deve-se, em grande parte, à Embrapa. É preciso, portanto, preservá-la com sua autonomia e independência. E propiciar as condições para que possa realizar seus novos projetos de investimentos. Em ciência e tecnologia não se pode acomodar. Força à nossa Embrapa!
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Nesta edição de A Lavoura, o leitor encontrará excelentes matérias sobre avicultura e cultivo de pêssego, arroz e algodão. Além disso, nossas tradicionais seções fixas — Panorama, Sobrapa, Empresas, dentre outras — estão cheias de novidades. Boa leitura.
Antonio Mello Alvarenga Neto
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115 anos
RAUL MOREIRA
BOAS PERSPECTIVAS para o ag
Ex-ministro Roberto Rodrigues; senadora Kátia Abreu; Antonio Alvarenga, presidente da SNA, e ex-ministro Francisco Turra
O
s 115 anos de fundação da SNA foram celebrados com um almoço em sua sede no Rio de Janeiro, no último dia 30 de janeiro. O evento contou com a presença de cerca de 200 convidados, entre eles, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e os ex-ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues e Francisco Turra, atual presidente da União Brasileira de Avicultura (UBABEF). Também estiveram presentes os secretários de Agricultura e de Transporte do Rio de Janeiro, Christino Áureo e Júlio Lopes.
Além disso, o setor está mais otimista em relação a 2013. Segundo as estatísticas, 67% dos entrevistados acreditam que o desempenho do agronegócio brasileiro em 2013 será ainda melhor do que 2012. A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 27 de janeiro. Das 100 pessoas entrevistadas, 55% são produtores, 25% consultores e 20% representantes da cadeia do agronegócio. A sondagem aponta que o crescimento da economia brasileira ficará pouco acima de 3%. Já a inflação poderá se fixar numa faixa entre 5% e 6% ao ano e o dólar deverá permanecer entre R$ 1,70 e R$ 1,80, com chances de superar esse patamar no final do ano. Os entrevistados também mencionaram os principais obstáculos ao desenvolvimento do setor. O principal deles, segundo 97%, são os gargalos na infraestrutura e na logística de transporte e comercialização. A burocracia (82%), o câmbio (80%) e os juros também figuram entre os principais entraves. Porém, uma das novidades mostradas pela sondagem é que esses fatores superaram as tradicionais reclamações do setor: a falta de crédito e de apoio do governo.
Sondagem sobre as expectativas do setor
DANIELLE MEDEIROS
RAUL MOREIRA
Durante o evento, a SNA divulgou os resultados de uma pesquisa inédita realizada entre os participantes do agronegócio, sobre as perspectivas para o setor. De acordo com a 1a Sondagem de Expectativas, 57% dos entrevistados afirmam acreditar que a produção de 2012 será “moderadamente superior” do que no ano anterior, e 51% acham que os preços terão uma “pequena elevação”. Em relação às exportações, 40% prevêem que serão melhores, em comparação a 2011.
Paulo Protásio, diretor técnico da SNA; Roberto Paulo César de Andrade (Academia Nacional de Agricultura); Jésus Mendes Costa, presidente do conselho deliberativo do Sebrae-RJ, e Antenor de Barros Leal, presidente da Associação Comercial do RJ
Christino Áureo da Silva, secretário de Agricultura do Rio de Janeiro, e Osaná Sócrates de Almeida,vice-presidente da SNA
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ra o agronegócio
DANIELLE MEDEIROS
115 anos
Por outro lado, 71% dos participantes estão preocupados com o cenário internacional, sobretudo a crise da Europa e a redução do crescimento chinês. Uma novidade apontada pela pesquisa foi a carência de mão de obra qualificada, que ganhou a atenção de 66% dos entrevistados.
A importância do Agronegócio
Insegurança Jurídica
RAUL MOREIRA
A senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), demonstrou preocupação com a crise
Antonio Alvarenga, presidente da SNA, e Augusto Franco (diretor superintendente da Firjan) DANIELLE MEDEIROS
Abrindo a cerimônia de comemoração dos 115 anos da SNA, o presidente da instituição, Antonio Alvarenga, destacou a importância do agronegócio para o país, afirmando que o setor exportou US$ 94,6 bilhões em 2011 - 23,7% a mais que em 2010, e que poderá ultrapassar US$ 100 bilhões neste ano. “O agronegócio brasileiro é moderno, eficiente e competitivo. A cadeia produtiva, que congrega desde fornecedores de insumos até a comercialização de produtos processados, é responsável por 34% de empregos no país”, disse o presidente da SNA. Ao destacar que o Brasil é o maior produtor de café, cana de açúcar e laranja do mundo, Alvarenga mostrou-se otimista, prevendo que “em pouco tempo, seremos o principal polo mundial de algodão e biocombustíveis, e um dos maiores fornecedores de madeira, papel e celulose”. “O desafio do setor é conquistar maior agregação de valor nas cadeias produtivas e lidar com o mercado externo de forma mais eficiente. Precisamos produzir e exportar, cada vez mais, produtos com um nível maior de industrialização”, afirmou Alvarenga, observando ainda que “a infraestrutura de armazenagem, transporte e exportação não acompanhou o ritmo de crescimento da produção, comprometendo a rentabilidade dos produtores”.
DANIELLE MEDEIROS
Os economistas Francisco Assis, Márcio Sette Fortes, Paulo Tarso de Medeiros, Roberto Fendt e Tito Ryff
Almirante Ibsen de Gusmão Câmara (vice-pres. SNA), Roberto Paraíso Rocha (Comissão Fiscal/SNA) e Ronaldo de Albuquerque (diretor SNA) Senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, e o embaixador Afonso Arinos de Mello Franco
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115 anos europeia, já que grande parte do financiamento e exportações da agropecuária brasileira é feito pelos países desenvolvidos. “Com o agravamento da crise na zona do euro, poderá haver falta de liquidez no mercado de capitais e, consequentemente, menor disposição das instituições internacionais em financiar a agropecuária brasileira”, relatou. A senadora cobrou do governo a criação de um marco regulatório para o setor e argumentou que a agroindústria sofre por conta de gargalos logísticos e insegurança jurídica. “Está impraticável. Precisamos de regras claras”.
Reforma tributária DANIELLE MEDEIROS
Eduardo Soares de Camargo, diretor executivo da ABAG; Eduardo Daher, diretor executivo da ANDEF, e Fernando Pimentel, diretor da SNA
DANIELLE MEDEIROS
Júlio Lopes, secretário de Transportes do Estado do Rio
DANIELLE MEDEIROS
Cristina Baran, editora de A Lavoura; Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia, e Angela Costa, vice-presidente da Firjan
Presente à ocasião, o economista e coordenador do “Movimento Brasil Eficiente”, Paulo Rabello de Castro, defendeu enfaticamente uma reforma tributária e criticou a ineficiência na gestão dos gastos públicos. “Sofremos bullying tributário. O governo, que gasta demais, precisa ter a melhor máquina do mundo para continuar arrecadando. Nossa máquina é eficiente para arrecadar, mas extremamente ineficiente para gastar” - declarou o economista, após comentar o recente anúncio do crescimento da arrecadação federal de tributos, que superou por três vezes o desempenho do PIB brasileiro. “Enquanto o PIB deverá fechar o ano com crescimento em torno de 2,9%, a arrecadação aumentou 10%”, destacou Paulo Rabello. O economista abordou, em linhas gerais, o movimento “Brasil Eficiente” – que recebe o apoio de diversas instituições, entre elas a SNA – e que defende uma reforma fiscal, com a simplificação do sistema tributário, transparência, redução gradual do volume de tributos (para que atinja um limite de 30% do PIB) e a implementação urgente de um Conselho de Gestão, previsto no artigo 67 da lei de Responsabilidade Fiscal. “Há mais de dez anos as despesas correntes do governo crescem pelo menos ao dobro do ritmo daqueles que pagam a conta, que é o PIB. Não é justo trabalharmos para suprir as ineficiências do governo”, observou o economista. “Para crescermos, devemos aumentar os investimentos públicos apenas com a contenção de gastos”, concluiu Paulo Rabello. O economista também defendeu a repactuação da dívida interna dos estados, considerada por ele como “abusiva, com juros leoninos”. De acordo com o pre-
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Salomão Ioschpe (presidente da INSOLO Agroindustrial) e Antonio Alvarenga
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Rio + 20
DANIELLE MEDEIROS RAUL MOREIRA
Professor Cândido Mendes Embaixador Flávio Perri
Em seguida, o embaixador Flávio Perri falou sobre os preparativos para a conferência Rio + 20, que será realizada em junho, no Rio. Perri anunciou que o evento deverá reunir cerca de 120 chefes de estado, em torno do tema “Desenvolvimento Sustentável”, e declarou que, na ocasião, serão debatidas “estratégias futuras a fim de preparar o mundo, a sociedade e a atual economia em crise para a necessidade de produzir, de maneira viável, o bem-estar, combatendo a miséria e a fome, dentro de um novo modelo”. Ao final da conferência, será produzida uma declaração que poderá incentivar a adoção de medidas a favor da sustentabilidade no planeta.
CRISTINA BARAN
sidente da RC Consultores, “a dívida poderia ser revertida em um fundo de investimentos para a aceleração das obras de infraestrutura na agricultura, dentro de um regime de efetiva sustentabilidade”. Ao final do discurso, Paulo Rabello apresentou seu mais recente livro, “Galo Cantou”, onde aborda o desafio da regularização fundiária da favela do Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, sob a ótica da cidadania.
Rio de Janeiro
Joel Naegele, vice-presidente da SNA, ao lado do diretor Ronaldo de Albuquerque RAUL MOREIRA
Ao falar sobre os avanços da agricultura no Estado do Rio, o secretário Christino Áureo da Silva destacou a importância da retomada da produção leiteira, que impulsionou a entrada de importantes empresas do Brasil e do mundo, entre elas, a Nestlé e a BR Foods. Aproveitando a ocasião, o secretário anunciou a implementação de um programa para reativar a produção avícola no estado. Em seguida, o secretário de Transportes do Estado do Rio, Júlio Lopes, anunciou investimentos em mobilidade, infraestrutura e logística - fatores importantes para o escoamento da produção agrícola. “Asfalto nas estradas do estado, requalificação do sistema viário e sinalização incluída da ordem de R$ 1 bilhão são as nossas principais metas”, afirmou o secretário.
Otimismo O evento foi encerrado com um depoimento otimista do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, sobre o atual momento do agronegócio brasileiro. “Os preços das commodities continuarão em alta em 2012, puxados pela demanda chinesa. Isso, na prática, vai conferir ganhos aos empresários do setor, principalmente entre as companhias de grãos voltadas para a exportação”, declarou Rodrigues. Paulo Rabello de Castro, diretor-presidente da RC Consultores
DANIELLE MEDEIROS
Claudine Bichara de Oliveira, conselheira fiscal/SNA; Rony de Oliveira e Francisco Vilela Santos (diretores da SNA), e o economista Rubens Novaes
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115 anos
SNA participa da criação de centro de agronegócios no sul A Associação Rural de Pelotas (RS) e a Fundação Trompowsky – do Exército – assinaram um protocolo de intenções para a criação de um Centro de Excelência em Agronegócios e Gestão Ambiental. A ideia do Centro é garantir a capacitação de mão-de-obra qualificada para gestão no agronegócio e em questões ambientais, através de cursos a serem ministrados pela fundação. Participaram da solenidade o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, e o diretor da instituição, Francisco Vilela Santos; o presidente da Associação Rural de Pelotas, Rodrigo Fernandes de Souza Costa; o vice-presidente da Fundação Trompowsky, general Sérgio Tavares Carneiro; o diretor de Relações Institucionais, coronel Paulo Roberto Costa e Silva, entre outros. “Educação e capacitação são fundamentais para o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas vinculadas ao meio rural, sendo necessário buscar a integração das novas tecnologias do setor à preservação do meio ambienAssinatura do protocolo de intenções - general Sérgio Carneiro, vice-presidente te” – disse o presidente da SNA. da Fundação Trompowski e Rodrigo de Souza Costa, presidente da ARP Rodrigo Costa, presidente da Associação Rural de Pelotas, declarou que o centro também que possamos atuar num campo fundamental para nós, deverá estabelecer parcerias com outras instituições que que são os negócios e a gestão do meio rural”. já fazem este tipo de trabalho. “A nossa intenção é que a ARP ingresse neste processo de evolução do agronegóPresenças cio e que este serviço esteja à disposição dos seus assoTambém compareceram ao evento o vice-prefeito de ciados”. Pelotas, Fabrício Tavares; o ex-vice governador do Rio O vice-presidente da Fundação Trompowsky, general Grande do Sul, Vicente Bogo; o chefe geral da Embrapa Sérgio Carneiro, destacou as condições especiais que a no RGS, Clenio Nailto Pillon; o diretor da Fundação Centro sua instituição tem para ministrar cursos em todo o país: de Agronegócios, Eduardo Algayer Osório, além de prefei“Somos uma fundação vinculada ao Exército Brasileiro, tos da região sul do estado e autoridades locais. Após a mas hoje nosso campo de atuação está voltado também assinatura do protocolo de cooperação, o presidente da para as instituições do terceiro setor. Essa parceria com Associação Rural de Pelotas e sua diretoria ofereceram aos a Associação Rural de Pelotas é o primeiro passo para convidados um churrasco ao estilo gaúcho.
SNA promove oficina com produtores rurais em Casimiro de Abreu-RJ
O
Centro de Inteligência em Orgânicos – projeto em desenvolvimento da SNA em parceria com o Sebrae – realizou, em Casimiro de Abreu, nos dias 10 e 11 de março, uma oficina de DRP (Diagnóstico Rural Participativo), reunindo cerca de 30 produtores rurais do município. O trabalho foi coordenado pela equipe da professora Juliana Arruda, da UFRRJ. Na ocasião, os participantes, em sua grande maioria assentados, mos-
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traram grande interesse em aperfeiçoar suas técnicas, ingressar no mercado de produtos orgânicos e melhor gerir suas propriedades. Em continuidade ao primeiro encontro, os produtores de Casimiro de Abreu foram capacitados em produção orgânica, nos dias 27 e 28 de março, pelo consultor Ricardo Salles. Essa é a primeira vez que a SNA, no âmbito do Centro de Inteligência em Orgânicos, oferece qualificação presencial e gratuita para pequenos trabalhadores rurais. “São agricultores que já têm práti-
cas sustentáveis. O que nos interessa é que, com a capacitação, eles comecem a aplicar técnicas a partir do desenvolvimento rural participativo, para conhecer suas forças e fraquezas”, disse a coordenadora do CI Orgânicos, Sylvia Wachsner. As atividades de capacitação têm por objetivo ajudar os agricultores a agregar valor à produção. Depois dessa etapa, eles serão cadastrados no Ministério da Agricultura para que se habilitem a vender alimentos orgânicos no município e também para a merenda escolar.
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Diretoria da SNA recebe presidente da Embrapa O presidente da Embrapa, Pedro Antônio Arraes Pereira, almoçou, no dia 19 de março, na sede da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), no Rio de Janeiro, quando apresentou um painel geral dos projetos e pesquisas desenvolvidos pela Embrapa e abordou questões de interesse do setor agrícola. Ao falar sobre o sistema de gestão inovadora da empresa – que no momento mantém 10 mil empregados em 47 centros de pesquisa espalhados pelo país – Arraes frisou que a meta da Embrapa é a busca de resultados. “Queremos gerar soluções para o produtor”, declarou o presidente. Pesquisador da Embrapa há mais de 32 anos, com doutorado e pós-doutorado em universidades de excelência no exterior, Arraes preside a instituição desde 2009 e defende uma gestão independente, transparente e moderna. “O sistema de administração da Embrapa é adequado à dimensão de seus desafios. Recebemos R$ 913 milhões do programa de investimentos do governo federal, e estamos em processo de renovação de pessoal, com a perspectiva de contratação de mais dois mil cientistas”. Intercâmbio internacional
A agricultura brasileira e o novo Código Florestal O presidente da Embrapa sugeriu um maior entrosamento entre as ins-
Pedro Arraes, presidente da Embrapa: “Queremos gerar soluções para o produtor”
tituições que defendem os interesses da agricultura brasileira e criticou a desigualdade existente na relação dos produtores com as empresas verticalizadas do agronegócio. Em sua apresentação, Arraes afirmou que o Novo Código Florestal não é o ideal, mas representa um avanço. “E pode desencadear a busca por conhecimentos que o Brasil ainda não tem. Nossa biodiversidade deve ser usada em benefício da renda e da melhoria da qualidade de vida do brasileiro. É preciso gerar desenvolvimento”, afirmou. Ainda durante a visita, Arraes defendeu a melhoria do sistema de extensão rural no Brasil e destacou a importância das demais instituições de pesquisa existentes no país, tal como a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio (Pesagro).
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Arraes destacou os acordos de cooperação técnica e parcerias da Embrapa e a constituição de uma
“Embrapa Internacional”, responsável pela transferência de tecnologia a pesquisadores de outros países. “Por outro lado, estamos constantemente enviando pesquisadores para fazer doutorado fora do Brasil”. “Ciência não tem fronteira”, destacou. O presidente da Embrapa mencionou a atuação do Labex, o Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior, projeto pioneiro na área de pesquisa agrícola, que compartilha instalações físicas, equipamentos e equipes de pesquisadores para que as unidades da Embrapa estabeleçam novas parcerias e se integrem em uma grande rede internacional de pesquisa. “É um programa único, que está antenado com o que há de mais inovador em termos de conhecimento. Em breve será implantado na China e no Japão”, ressaltou Arraes. Além disso, a Embrapa e a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) estão desenvolvendo uma plataforma virtual que inclui informações socioeconômicas sobre o Brasil e os países africanos e está ligada, em tempo real, ao banco de dados da Embrapa e da Abimaq. O conteúdo permitirá que os produtores africanos conheçam tecnologias agrícolas e equipamentos voltados para a agricultura tropical. Arraes citou ainda a criação do Centro de Pesquisa em Nanotecnologia aplicada à agricultura, em São Carlos, São Paulo, como um marco para o desenvolvimento tecnológico da Embrapa e referência como laboratório de pesquisas único no mundo.
Em pé, da esquerda para direita: Maria Helena Furtado; Paulo Protásio; Flávio Perri; Antonio Freitas; Sérgio Malta; o presidente da SNA, Antonio Alvarenga; Alberto Figueiredo; Márcio Fortes de Almeida; Roberto Paraíso; Rony Oliveira; Cristina Baran, Sylvia Wachsner e Kátia Aguiar. Sentados, os vice-presidentes da SNA, Tito Ryff e Joel Naegele; o presidente da Embrapa, Pedro Arraes, o presidente da Pesagro - Rio, Silvio Galvão e o presidente da OCB-RJ, Marcos Diaz
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ALGODテグ: produテァテ」o pode superar aume nto
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SEAPA MG
PANORAMA
me nto previsto
Início da safra em Minas Gerais será marcado por colheita antecipada no Norte e Triângulo
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rodutores de algodão da região Norte e do Triângulo Mineiro acreditam que a safra 2011/2012 vai superar as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam para uma colheita de 117,3 mil toneladas no Estado, volume equivalente a um aumento de 2,6% em relação ao ano anterior. A um mês do início da colheita naquelas regiões, onde o ciclo de produção é mais curto por causa das baixas altitudes, as expectativas são positivas principalmente devido ao clima favorável. Além disso, a produtividade é favorecida pela utilização de sementes melhoradas e novas tecnologias. Esse conjunto de fatores possibilita um rendimento da produção mineira de algodão da ordem de 3,7 toneladas por hectare, superior em 5,5% às avaliações do período anterior, diz o diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão de Minas Gerais (Amipa), Lício Augusto Pena de Sairre. A produção foi impulsionada pela cotação do algodão em pluma no mercado interno e boas perspectivas de vendas internacionais. Lício Pena enfatiza que o aumento da safra deve ocorrer apesar de um pequeno decréscimo na área de cultivo, cenário confirmado pelo IBGE, que neste período registra de 31,4 mil hectares de algodão no Estado, uma retração de 2,7% diante da área de 2011.
Tecnologia “Na realidade, os produtores mineiros estão investindo mais em tecnologia, o que resulta não somente em maior produtividade, como também em qualidade da pluma”, acrescenta o diretor. “Os produtores de algodão estão trabalhando com grande profissionalismo e encarando a atividade dentro do complexo de produção, independente da situação dos preços”, assinala. Para o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Elmiro Nascimento, “essa evolu-
ção é evidente sobretudo em regiões como a Noroeste, que lidera a produção de algodão no Estado, com uma estimativa de 79,5 mil toneladas para a safra 2011/2012. O volume supera em 16% o da safra anterior.” Ele cita também o desempenho do Alto Paranaíba, com safra prevista de 15,8 mil toneladas, e do Triângulo Mineiro, estimativa de 15,1 mil toneladas. No grupo dos cinco municípios mineiros que mais produzem, quatro pertencem à região Noroeste, sendo Buritis e Unaí os dois primeiros, com safras previstas de 23,6 mil e 16,9 mil toneladas, respectivamente. Em terceiro lugar está Coromandel, no Alto Paranaíba, com 12,2 mil toneladas. Completam a relação os municípios de Presidente Olegário e Guarda-Maior, que respondem por 12,1 mil e 11,7 mil toneladas.
Apoio do Proalminas O diretor da Amipa considera que o Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), criado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), é um dos responsáveis pelas mudanças no setor, que responde atualmente a 87% da demanda de algodão em pluma do Estado. De acordo com Lício Pena, “o Proalminas vem correspondendo aos seus objetivos por meio de projetos de apoio ao setor produtivo, possibilitando investimentos no Estado, como várias usinas de beneficiamento de algodão que são instaladas atualmente nas regiões Norte, Alto Paranaíba e Pontal do Triângulo, criando empregos e renda.” Como resultado das ações do Proalminas, atualmente está garantida a aquisição de toda a produção de algodão do Estado pelas indústrias têxteis. O programa assegura também que a produção seja comercializada ao preço de mercado estabelecido pela Bolsa Cepea/Esalq, com acréscimo de 7,85%. Algodão de MG/2011-2012: Safra de 117,3 mil t (+2,6%) Produtividade: 3,7 t/ha (+ 5,5%) Área: 31,4 mil ha (-2,7%) Noroeste é líder: 79,5 mil toneladas (+16,0%)
Sementes melhoradas e novas tecnologias aumentam produtividade
IVANI CUNHA — SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
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PANORAMA
stimulada pelo aumento da demanda doméstica e pelo crescimento das exportações, o mercado de leite no Brasil continuará crescendo em 2012. A previsão da Leite Brasil, associação que representa os produtores brasileiros, é de um aumento de 4% na produção de leite, que deve passar de 31 bilhões de litros em 2011 para 32,3 bilhões este ano. Já o consumo projetado para 2012 é de aproximadamente 170 litros por habitante, cerca de 2% a mais que em 2011, mas ainda abaixo da recomendação do Ministério da Saúde, de 200 litros per capita/ano. Segundo o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, em 2011, o elevado custo de produção desestimulou os produtores e restringiu o crescimento em apenas 1% em relação a 2010. Este ano, a Leite Brasil aposta na recuperação da rentabilidade e na queda do preço das commodities para reduzir os custos, fazendo com que o mercado volte a crescer na média histórica dos últimos 10 anos, explica Rubez. Os preços pagos aos produtores tiveram boa recuperação em 2011, com variação nominal positiva de 17%. Entretanto, o ganho dos produtores foi afetado pelo aumento dos custos de produção, que variaram 20%, de acordo com a Embrapa. Por
isso, o presidente da Leite Brasil recomenda ao produtor administrar os custos, principalmente com a alimentação do gado e com mão de obra, cada vez mais escassa nas propriedades, e melhorar a tecnologia empregada na produção.
CDN COM CORPORATIVA
PRODUÇÃO de LEITE vai crescer 4% em 2012 E Exportações A expectativa da Leite Brasil é de que as exportações de produtos lácteos em 2012 cresçam 15% em relação ao ano passado, atingindo 362 milhões de litros de leite. Já as importações devem ter queda de 30% em relação a 2011, somando 888 milhões de litros de leite, cerca de 2,7% do total do leite disponível. Em 2011 este percentual foi de 4%. Segundo a associação, a redução das importações brasileiras de leite ocorre principalmente em decorrência dos acordos de cota no Mercosul e a melhoria nos níveis de exportação, apesar de não haver boas expectativas de câmbio favorável. As empresas de laticínios que passam por inspeção devem contribuir, mais uma vez, para o combate aos produtos informais, em benefício dos consumidores. Jorge Rubez estima que a produção de leite inspecionado deva crescer em torno de 10% em 2012, forçando uma queda do leite informal.
Leite: preços dos produtores aumentaram em 2011
ANA VIEGAS
Chega ao mercado nova CULTIVAR de AZEVÉM
Uma nova cultivar de azevém, a BRS Ponteio, que requer uma quantidade bem menor de sementes por hectare, já está sendo comercializada pela Embrapa Clima Temperado. Forrageira usada na formação de pastagem para o gado, o BRS Ponteio forma uma pastagem de melhor qualidade e que rende até 30 dias a mais que o pasto. Seu ciclo mais longo e a alta proporção de folhas garantem a alimentação do gado até novembro, enquanto as cultivares comuns de azevém só garantem alimento até outubro.
Menos sementes/ha Seu preço - de R$ 2,50 a R$ 4,00 o quilo da semente - é superior à média, mas compensado pelo uso de menor
quantidade por hectare. Enquanto a recomendação para as cultivares comuns é de 60 kg de sementes por hectare, a BRS Ponteio requer apenas 20 kg/ha “de sementes com alto vigor e excelente índice de germinação”, garante a pesquisadora Andréa Mittelmann. A nova cultivar poder ser encontrada nos fornecedores licenciados listados pela Embrapa Clima Temperado em: www.cpact.embrapa.br/downloads/produtores BRS PONTEIO.pdf
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PANORAMA Produção nacional de grãos atinge Feijão em queda 157,8 milhões de toneladas A produção brasileira de grãos do período 2011/12 atingiu 157,8 milhões de toneladas, no sexto levantamento realizado pela Conab, com uma redução 5,026 milhões de toneladas (3,1% ) em relação à safra anterior, que somou 162,837 milhões de toneladas. Entretanto, se comparado ao levantamento anterior houve acréscimo de 0,5%, equivalentes a 744,2 mil toneladas a mais. Crescimento ocasionado pela recuperação de parte da lavoura de milho primeira safra e do crescimento do milho segunda safra.
Milho e soja lideram
Área plantada O cultivo da safra 2011/12 deve ocupar uma área em torno de 51,682 milhões de hectares, com crescimento de 3,6 sobre os 49,888 milhões de hectares do último período, correspondendo a um aumento de 1,794 milhão de hectares. A ampliação se deve à expansão das lavouras de milho primeira safra (9,2%), ao segunda safra (14,1%) e à soja (3,3%). A área plantada com arroz, no entanto, deverá ser 10,8% menor, com redução de 305,2 mil hectares em relação ao cultivo anterior, que somou 2,820 milhões de hectares. A maior retração da área cultivada foi verificada no Rio Grande do Sul, que deixou de plantar 118,6 mil hectares.
Outra queda foi na produção de feijão primeira safra, com redução de 147,9 mil hectares em relação à safra anterior, de 1,420 milhão de hectares. Maior produtor nacional, o Paraná reduziu sua área plantada em 95,2 mil ha em relação à safra anterior, quando foram semeados 344,1 mil hectares. Até mesmo o feijão segunda safra, semeado no final de janeiro, ocupará uma área 2,8% menor que a anterior, de 1,824 mil ha. O levantamento considerou o oeste da Bahia, o sul do Maranhão e o sul do Piauí na região Nordeste e os estados de Tocantins e Rondônia na região Norte. As demais regiões mantiveram as áreas da safra anterior, devido ao plantio ser feito somente após o início das chuvas. A pesquisa foi realizada por cerca de 60 técnicos depois de ouvidos representantes de órgãos públicos e privados ligados à produção agrícola em todos os estados produtores. A produção de milho deve crescer 7,5%
PERPECTIVA COMUNICAÇÃO
O milho e a soja são as culturas de maior peso na produção, representando 83% de toda a safra, com volume de 130,451 milhões de toneladas. A produção de milho deve crescer 7,5% considerando a safra total, estimada em 61,703 milhões de toneladas. No caso do milho segunda safra, a estimativa é de que sejam colhidas 25,804 milhões de toneladas, 20,1% a mais que o volume colhido no período passado, quando foram
produzidas 21,481 milhões de toneladas. A produtividade estimada deve chegar a 3,838 quilos por hectare, 5,2% acima dos 3,647 kg/ha obtidos na safra anterior. Já o volume de soja deverá somar 68,749 milhões de toneladas, com queda de 8,7%.
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Frutas com garantia de doçura
CEAGESP
PANORAMA
A qualificação das frutas obedece alguns critérios, como o teor de açúcar
A certeza da compra de frutas mais doces e saborosas. É essa a garantia que o consumidor terá com a implantação do “Programa Garantia de Doçura”, pela CEAGESP, que avaliará a qualidade das frutas recebidas em cada Varejão Noturno do Entreposto do Terminal São Paulo. Os critérios de classificação das melhores frutas levam em conta seu alto teor de açúcar, a boa qualidade do suco, o grau de acidez, a coloração e aspectos adequados. Para facilitar a localização dos participantes pelo consumidor, as bancas certificadas recebem o cartaz “Garantia de Doçura”. Além de ajudar o comprador na melhor escolha, a medida também premia os produtores e comerciantes
de frutas excelentes e estimula os demais. Segundo Gabriel Bitencourt, da Seção do Centro de Qualidade Hortigranjeira da CEAGESP, em geral o consumidor tem dificuldade para escolher a fruta mais saborosa. “E só a cor da casca não é suficiente para esta avaliação”, alerta. Abacaxi, melão, uva e citros são as primeiras frutas a serem testadas e certificadas pelos técnicos da CEAGESP. A avaliação da qualidade é realizada a cada Varejão Noturno e a adesão dos comerciantes ao programa é voluntária. Para Giovanni Gurrieri, da Seção de Controle de Mercado da companhia, a ação dá uma credibilidade ainda maior ao Varejão, que já se notabiliza pelos outros serviços prestados como estaci-
onamento gratuito e carrinhos de compras à disposição dos clientes.
Valor Nutricional Ricas em vitaminas, fibras e antioxidantes, as frutas são essenciais para uma alimentação saudável. O sabor e a doçura dependem do ponto de colheita, tanto nas climatéricas - que continuam a amadurecer após a colheita -, quanto nas não-climatéricas, como é o caso da laranja, uva e abacaxi. As cores, aromas, texturas e sabores se desenvolvem no final do processo de amadurecimento. A colheita da fruta madura exige um cuidado muito especial, tanto na produção quanto na colheita e no pós-colheita, além de um produtor competente e especializado neste tipo de produto.
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Cresce incidência da MOSCA-DOS-CHIFRES em MT Considerada uma das principais pragas do rebanho bovino, a mosca-dos-chifres vem aumentando sua incidência, especialmente no período chuvoso, no Vale do Rio Cuiabá, região Metropolitana de Mato Grosso. O alerta é do pesquisador da Empresa Matogrossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer), Antônio Rômulo Fava, que constatou o fato em visitas a algumas propriedades. Inseto hematófago, a mosca-dos-chifres suga o sangue dos bovinos, comprometendo o ganho de peso, a produção de leite, a taxa de prenhês e a qualidade do couro. Para tentar se livrar do inseto, o animal movimenta a cabeça constantemente, balança o rabo em direção ao lombo e se refugia nos arbustos, o que o deixa bastante irritado. A maior incidência do inseto no verão deve-se à combinação das altas temperaturas com o aumento da umidade.
Controles com inseticidas
EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
A praga pode ser controlada com o uso de inseticidas químicos ou naturais, com o rodízio de pastagens ou com o controle biológico, entre eles o bezouro africano Onthophagus gazella, popularmente conhecido como ‘rola-bosta’. A resistência adquirida pelo inseto aos produtos químicos normalmente utilizados no seu controle também vem preocupando pecuaristas, pesquisadores e a assistência técnica. Para contornar o problema, Antônio Rômulo Fava sugere evitar o uso contínuo de um mesmo produto e recomenda a variação do princípio ativo do inseticida a cada aplicação, que só deve ser feita quando verificada uma infestação acima de 100 insetos por animal. Outras medidas para controlar a pro-
CDN
PANORAMA
Mosca-dos-chifes compromete ganho de peso e qualidade do couro
liferação da mosca são a coleta e o depósito das fezes dos animais em esterqueira e a lavagem do curral.
Controle biológico Outra opção de controle biológico que vem sendo estudada pelo pesquisador Marcílio Bobroff Santaella, também da Empaer, foi o uso do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliaee, utilizado no combate às cigarrinhas das pastagens e da canade-açúcar. Os dados preliminares dos testes em laboratório indicam que com a aplicação do fungo 47% dos insetos desenvolveram o parasitismo. Por ser um produto atóxico para os animais e para o homem, por não deixar resíduos no leite, nem afetar o meio ambiente, os testes com o fungo serão realizados no campo antes de sua recomendação de uso.
ARROZ para silagem e etanol G
rãos com o dobro do tamanho do arroz tradicional, e consequente dobro de produtividade, a nova linhagem de arroz AB 11047 está sendo desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado para uso em alimentação animal e produção de álcool. Apelidada de ‘gigante’, a linhagem está em fase de ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) e deverá chegar ao mercado na safra 2013/2014. Em testes, o arroz tem apresentado um potencial produtivo de 14 toneladas por hectare, contra a média nacional de 7,5 t/ha do arroz tradicional. Outra vantagem do ‘gigante’ é seu alto teor de amido, o que garantirá maior poder nutritivo para os animais - seja na forma de ração a partir do grão ou silagem da planta inteira - e mais energia para a produção de etanol.
Grãos do arroz “gigante” tem o dobro do tamanho do tradicional
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A Embrapa já está disponibilizando aos produtores rurais sementes da cultivar de aveia preta Embrapa 29 (Garoa), desenvolvida pela Embrapa Soja, em Londrina (PR). O plantio dessa cultura de inverno ajuda na alimentação do gado, pode ser uma opção de renda extra e ainda melhora as condições do solo, que permanece coberto com adubação verde. Usada em rotação com outras culturas, a aveia preta melhora as condições físicas, químicas e sanitárias do solo. A cultivar Embrapa 29 (Garoa) tem ciclo precoce de 110 a 130 dias, hábito vegetativo ereto, moderada resistência ao acamamento, às geadas e às ferrugens do colmo e das folhas. Pode ser semeada ‘a lanço’ ou no espaçamento de 17cm a 20cm nas entrelinhas. Com um gasto médio de 70/kg de sementes por hectare, a produção de massa seca varia de três a oito toneladas/ha e a de sementes de 500 a 2.000kg/ha.
Resistente à seca A aveia preta (Avena strigosa Schreb) é uma planta da família das gramíneas, muito rústica, com excelente capacidade de perfilhamento e produção de massa verde. Resiste à seca e a baixas temperaturas, se desenvolve rapidamente impedindo a infestação de plantas invasoras, tem baixa incidência de
PAULO SERGIO SANTOS DE ALENCAR
SEMENTES de AVEIA PRETA para o cultivo de INVERNO
Aveia preta Embrapa Garoa tem ciclo precoce
pragas e doenças, facilidade para produzir sementes e baixo custo de produção. Em geral produz mais forragem que as aveias branca e amarela, por isso também é chamada aveia forrageira. Pode ser utilizada para cobertura, adubação verde, produção de forragem em pastejo direto, feno, silagem e grãos para a alimentação de bovinos de corte e leite. Sua utilização como feno permite seu transporte, armazenamento e comercialização, sendo uma boa
opção de alimentação para o rebanho nos períodos críticos do ano. Segundo Huberto Noroeste dos Santos Paschoalick, gerente do Escritório de Negócios de Dourados da Embrapa Transferência de Tecnologia, a aveia preta reúne as vantagens de gerar boa produção de forragem e de grãos, mesmo sob baixas temperaturas e estresse hídrico, além de melhorar as condições físico-químicas do solo, com influência positiva no rendimento das culturas subsequentes.
Com a formação de inúmeras barragens na região Oeste de Santa Catarina, aumentou as áreas de com microclimas tropicais, propiciando boas oportunidades para os produtores localizados nessas áreas investirem no plantio de frutíferas climatizadas para estas condições. A goiaba variedade Paluma é uma das indicadas para o plantio nestes locais, além de outras frutíferas recomendadas pelo zoneamento agroclimático da Epagri.
EPAGRI SC
GOIABA é avaliada em SC
Desenvolvimento Para testar o comportamento da cultura, avaliar seu desenvolvimento e produção nos próximos
Goiaba como alternativa econômica para produtores catarinenses
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anos, a Epagri, em parceria com a Barragem Foz do Chapecó e com apoio do gerente regional Valdir Crestani e do pesquisador Dorli Mário Da Croce, adquiriu 2.000 mudas dessa cultivar e implantou pomares em 10 municípios da região. “Com isso, pretendemos propiciar uma nova alternativa econômica aos produtores interessados na fruticultura, com perspectivas de aumentarmos a produção dessa fruta e diminuirmos a saída de recursos financeiros da região, já que importamos de outros estados 100% da goiaba consumida”, explica Gilberto Barella, pesquisador da Epagri.
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PANORAMA
Produtor do Mato Grosso amarga QUEBRA de 90% na COLHEITA do PEQUI P
nativas da Empaer. A planta floresce durante os meses de agosto a dezembro e a maturação do fruto em Mato Grosso é tardia, começando em janeiro e terminando em março. Segundo Roberto Arcanjo, técnico agropecuário da Empaer, o plantio de sementes pode ser feito o ano todo. Após a colheita do fruto no chão é preciso retirar a polpa, deixar secar até remover a amêndoa e, depois de dez dias, fazer o plantio. Ele alerta que alguns cuidados devem ser tomados, como a escolha correta da semente, o preparo da terra, o plantio, a irrigação e o acompanhamento da evolução da planta. “A muda de pequi requer cuidados, pois é de difícil germinação e, em alguns casos, a semente pode ser tratada antes do plantio, garantindo ao produtor mudas mais produtivas”, explica Roberto Arcanjo.
Unidade demonstrativa (UD) Em um hectare de terra do produtor Duílio Maiolino Filho foi implantada uma Unidade Demonstrativa (UD) com cinco espécies frutíferas: pequi, jenipapo,
cagaita, cumbaru e jatobá. A opção de outros produtores pelo plantio do pequi, segundo Lozenil Carvalho Frutuoso, deve-se à sua capacidade de recuperar áreas degradadas, sua versatilidade e valor econômico. A madeira pode ser usada na construção civil, o fruto na culinária e a castanha para a produção de biodiesel. Pesquisas da Universidade de Brasília e na cidade de Cariri (CE) utilizam o fruto para produção de cicatrizantes, anti-inflamatórios, e gastroprotetores, além de preventivos de tumores e doenças cardiovasculares.
Muitas utilizações Rico em Vitaminas A, C e E, o pequi é altamente calórico, proteico e perfumado, sendo muito utilizado pela indústria de cosméticos para fabricação de sabonetes, cremes etc e é também em usado como condimento por ter sabor adocicado e a polpa com boa quantidade de óleo comestível. Em Mato Grosso foram encontradas quatro variedades. As mudas são comercializadas pela Empaer a R$ 5,00 cada e podem ser encomendadas pelo telefone (65) 8118-7851.
EMPAER-MT
lanta nativa do Cerrado, o Pequi (Caryocar brasiliense), produz em média dois mil frutos por colheita, com início de produção após cinco anos do plantio. Mas, devido o atraso na estação chuvosa em 2011, que reduziu a floração, o produtor mato-grossense Duílio Maiolino Filho, que possui 40 árvores e esperava uma produção média de 20 mil frutos, não colheu mais que 2.000 frutos em todo o pomar, ou seja, apenas 10% do esperado. “Nunca vi nada igual”, queixa-se o produtor, que também amargou queda na produção de outras frutíferas. A pesquisadora Lozenil Carvalho Frutuoso, da Empresa Matogrossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural (Empaer), que há 10 anos estuda o comportamento das frutíferas do Centro-Oeste, teme que a falta de chuvas possa ampliar a quebra de 90% na safra de pequi em todo o Estado. Utilizado para reflorestar áreas degradadas na Baixada Cuiabana, o fruto do pequizeiro tem difícil germinação, que pode acontecer entre entre 25 dias a 12 meses após cair no solo. Por isso, sua multiplicação é feita no viveiro de mudas
Pequi: só 10% do esperado foi colhido
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ACIDIFICANTES ganham espa ço ALIMENTAÇÃO ANIMAL R I C A R D O M. H AYA S HI
Considerados promotores de crescimento alternativos, os acidificantes vêm se destacando ao diminuir problemas sanitários na avicultura e suinocultura
SANEX
MÉDICO VETERINÁRIO, RESPONSÁVEL PELA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA SANEX (CURITIBA/PR)
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ressões legislativas, barreiras comerciais e a crescente preocupação dos consumidores acarretaram na redução da utilização de aditivos antibióticos na alimentação animal, fato inicialmente ocorrido na Europa, agora com proporções globais. Na produção de aves e suínos há a necessidade de promotores de crescimento alternativos que sejam economicamente viáveis, sustentáveis e multifuncionais. Os acidificantes se tornam uma alternativa também para potencializar a digestão e absorção da dieta em algumas fases críticas, conduzindo a um melhor desempenho e saúde como um todo. Os acidificantes estão inseridos no grupo dos aditivos equilibradores da microbiota do trato gastrintestinal, composto por ácidos orgânicos ou inorgânicos que reduzem o pH do meio, com o objetivo de facilitar a digestão e reduzir a proliferação de microrganismos indesejáveis. Os ácidos orgânicos são constituintes de plantas e animais que contêm uma ou mais carboxilas em sua molécula. Em produção animal, o termo refere-se aos ácidos fracos de cadeia curta (C1-C7) que produzem menor quantidade de prótons por molécula ao se dissociarem. Podem ser utilizados também na forma de sais ou ésteres. Há muito tempo, os ácidos orgânicos são amplamente utilizados na indústria alimentícia e nutrição animal, como conservantes de grãos e rações, prevenindo fungos e umidade. Versáteis, hoje também são usados como acidificantes de cama, sanitizantes de carne (aumenta o shelf-life do produto após processamento), e principalmente como aditivo nutricional promotor de crescimento.
Ácidos orgânicos Os ácidos orgânicos atualmente disponíveis no mercado encontram-se na forma líquida ou pó, oferecida via água ou ração. No mercado atual, observam-se alguns ácidos orgâni-
cos livres, que tendem a atuar na porção anterior do trato gastrintestinal, e outros protegidos por uma matriz de triglicerídios, os quais sofrem a ação de sais biliares e lipases, liberando os ácidos a partir do intestino delgado, sem interferência das enzimas pancreáticas e intestinais. O objetivo a ser alcançado é o equilíbrio da microbiota de intestino grosso com menor produção de gases e nitrogênio, bem como o aumento de bactérias produtoras de ácidos graxos voláteis.
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AVICULTURA
pa ço na Incrementando a absorção de nutrientes, os acidificantes podem melhorar as condições de saúde das aves
Existem inúmeras hipóteses quanto aos mecanismos de ação dos acidificantes, dentre as quais merecem abordagem: a alteração da microbiota intestinal por ação bactericida ou bacteriostática; redução do pH estomacal (suínos) ou do papo (aves); melhor atividade de enzimas; melhor digestibilidade e retenção de nutrientes; qualidade intestinal, fatores que podem influenciar num bom desempenho do animal. Alguns estudos já mostram evidências de que os ácidos
orgânicos podem substituir alguns antibióticos (Gráficos 1 e 2). Tanto em aves quanto suínos, a atividade antimicrobiana é semelhante. Sabemos que podem reduzir o pH do meio gastrintestinal, eliminando grande parte das bactérias patogênicas e selecionando as benéficas, as quais sobrevivem em pH ácido. Porém, sua principal ação antimicrobiana acontece sem reduzir o pH do meio. Ácidos orgânicos são facilmente absorvidos pela parede A Lavoura NO 689/2012 21
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SANEX
AVICULTURA
célular das bactérias. Uma vez na célula, a porção aniônica do ácido danifica a estrutura do DNA no núcleo das células e, consequentemente, as bactérias não se dividem ou morrem. A porção catiônica liberada dos ácidos reduz o nível do pH da célula, obrigando a célula bacteriana a utilizar sua energia para liberar os prótons, levando a uma exaustão celular.
Em suínos, na fase de desmama
Reduzir o pH em adultos diminui a colonização de bactérias patogênicas no papo
Em suínos, o interesse principal em utilizar acidificantes é na fase de desmama, pelo fato de que leitões têm produção inadequada de ácido clorídrico e baixa capacidade em manter o pH gástrico adequado nessa fase. Durante o aleitamento, o ácido lático é produzido por bactérias as quais utilizam a lactose do leite da porca como substrato. Com a mudança da dieta do leite para a ração, há proliferação de outros microrganismos que geralmente desencadeiam resultados negativos sobre o desempenho do leitão. Ácidos orgânicos ajudam a manter o pH gástrico estabilizado, melhoram a digestão de proteínas, estimulam secreção de bicarbonato e enzimas pancreáticas, que podem auxiliar o processo de esvaziamento gástrico e na absorção de nutrientes no intestino. Devido a sua ação antimicrobiana, previne algumas enteropatias como Lawsonia intracellularis, Clostridium sp., E. coli.
Gráficos 1 e 2 - Efeito do uso de ácidos orgânicos (mistura de ácido fumárico, cítrico, lático e fórmico) na ração sobre o ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de frangos de 1 a 21 dias de idade. Experimento realizado no Laboratório de Estudos e Pesquisa em Produção e Nutrição de Animais Não-Ruminantes (LEPNAN), da Universidade Federal do Paraná (UFPR, Curitiba/PR)
Letras diferentes indicam diferença significativa
T1 T2 T3 T4
– – – –
10 ppm Promotor de crescimento / Com Anticoccidiano (controle positivo) Sem Promotor de crescimento / Sem Anticoccidiano (controle negativo) Sem Promotor de crescimento / Sem Anticoccidiano / Com Acidificante Sem Promotor de crescimento / Com Anticoccidiano / Com Acidificante
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Em aves, para modelação do trato gastrointestinal SANEX
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Em aves, também auxiliam na redução do pH, beneficiando a ação da pepsina para digestão e absorção de nutrientes, mas sua principal função é a modelação da microbiota do trato gastrintestinal. O papo ou inglúvio (dilatação do esôfago), tem um pH próximo a 5,5, ambiente propício ao crescimento de algumas bactérias acidófilas indesejáveis como a Salmonella sp., que atingem o intestino após vencerem a barreira do papo. O uso de ácidos orgânicos livres aumenta a acidez nesse local e diminui a colonização de bactérias patogênicas e favorece outras bactérias benéficas como Lactobacillus sp. Os ácidos ôrgânicos têm papel predominante na redução de microrganismos como Escherichia coli, Campylobacter spp. e principalmente Salmonella sp., considerada o um dos principais problemas sanitário avícola atual. Muitos estudos indicam que ácidos orgânicos são uma excelente alternativa no controle dessa enfermidade bacteriana (Gráfico 3).
O uso de ácidos orgânicos estimulam o desenvolvimento da mucosa intestinal
Gráfico 3: Contagem de Salmonella Enteritidis em papos de frangos de corte. Experimento realizado no Laboratório de Microbiologia e Ornitopatologia (LABMOR) da Universidade Federal do Paraná (UFPR, Curitiba/PR)
Letras diferentes indicam diferença significativa
Práticas de acidificação via água são comuns apenas na fase que antecede o abate, com o objetivo de prevenção na contaminação de carcaças no abatedouro. En-
tretanto, sabe-se que os efeitos da alteração da microbiota ocorrem não apenas no papo, mas também em toda a extensão intestinal, sendo importante a adoção estratégica de uso contínuo durante todo o período de produção de frangos de corte. Os resultados do uso dos ácidos orgânicos na alimentação dos animais são dependentes da concentração e das combinações dos ácidos empregados bem como da capacidade tamponante da dieta utilizada. Assim, percebemos a importância do uso de blends de ácidos orgânicos, pois cada classe (butírico, cítrico, fórmico, fumárico, lático, propiônico, entre outros) possui uma determinada função, potencial de dissociação e local de atuação. Diversos autores também afirmam que os ácidos orgânicos estimulam o desenvolvimento da mucosa intestinal. Possuem ação trófica sobre a estrutura e o desenvolvimento intestinal, aumentando o tamanho dos vilos, profundidades de criptas, massa intestinal e área de absorção de nutrientes. Ácidos orgânicos têm mostrado excelentes resultados tanto em condições experimentais como no campo. Suas combinações, bem como o uso de outros aditivos alternativos como enzimas, probióticos, prebióticos, extratos, óleos vegetais e imunomoduladores são candidatos com alto potencial na substituição dos antibióticos. Outros estudos devem ser realizados com diversas combinações dos aditivos citados, sempre levando em consideração as necessidades e os desafios sanitários existentes no campo.
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AVICULTURA
Estudo avalia efeitos das condições de transporte dos animais nas respostas produtivas e fisiológicas
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avicultura brasileira tem enfrentado diversos desafios nos últimos anos para manter-se na liderança mundial. As preocupações com a lucratividade têm aumentado nos últimos anos, aliadas com a baixa quantidade de pesquisas no setor. “Há escassez de informações relacionadas à logística pré-porteira da avicultura de corte, principalmente quanto ao conforto térmico de pintos de um dia em trânsito”, afirma Frederico Márcio Corrêa Vieira, pesquisador da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) e do Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NUPEA). “A área de logística de transporte de carga viva é carente de informações no Brasil, aumentando os prejuízos da avicultura brasileira”, explica.
Demanda Baseado nesta demanda, o zootecnista desenvolveu sua tese de doutorado “Transporte animal: influência das condições bioclimáticas no desempenho produtivo e fisiológico de pintos de um dia”. Orientada pelo professor Iran José Oliveira da Silva, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB), a pesquisa avaliou os efeitos das condições simuladas de transporte dos animais, submetidos aos diferentes níveis de estresse térmico e posição das caixas de transporte, nas respostas produtivas e fisiológicas. Segundo o estudo, durante o transporte de pintos de um dia, foi observada pouca padronização, principalmente no que se refere ao conforto térmico dos animais. “Sabe-se que os caminhões climatizados possuem grande heterogeneidade térmica ao longo do perfil da carroceria. A densidade de animais por caminhão também é variável, podendo chegar a 60.000 pintos transportados nas laterais e no corredor da carroceria, aumentando os núcleos térmicos em diversos pontos da carga”, afirma o pesquisador. O fator tempo de exposição também
ESALQ/USP
Condições bioclimáticas durante o transporte de pintos de um dia é levantado pelo autor. “Ele determina a intensidade dos efeitos negativos nos animais em jejum, sendo que a duração da viagem pode ultrapassar 36 horas”. Outros fatores importantes também podem contribuir para a desuniformidade do lote e perdas antes do alojamento. De acordo com Vieira, a distância, vibração da carga, qualidade das estradas, tempo de viagem, tipos de caixas e de carrocerias climatizadas também interferem no processo.
Pesquisa A pesquisa concluiu que, mesmo em situação de conforto, recomenda-se que o transporte de pintos de um dia não ultrapasse 3 horas, visando ao elevado bem-estar, conforto térmico e sobrevivência destes animais até a chegada à granja. “É muito importante a escolha de granjas que sejam relativamente próximas ao incubatório, obedecendo obviamente a uma distância mínima relacionada a aspectos de biosseguridade”, explica. Além disso, a condição térmica deve ser observada rigorosamente nos baús climatizados utilizados no transporte de pintos, para evitar o estresse, tanto por frio quanto por calor excessivo, durante o transporte e alojamento nas granjas. “A faixa ideal de temperatura no interior do caminhão deve estar entre 29 e 34,6°C e com umidade relativa em torno de 60%, considerando que existe um gradiente de temperatura entre o ambiente interno das caixas e o ambiente do baú climatizado entre 0,7 e 1,6OC para esta faixa térmica”, explica o pesquisador. Apesar de o frio ser a maior preocupação nesta fase, o estresse por calor de pintos de um dia também merece atenção no setor, para evitar perdas.
/USP ESALQ
A temperatura adequada dos animais deve se manter homogênea dentro do caminhão refrigerado ou outro meio de transporte, respeitando também uma quantidade máxima de animais por caixa (detalhe)
Termotolerância A necessidade de se padronizar a temperatura durante o transporte dos animais advém da baixa termotolerância dos pintos, termo que denomina a resistência do indivíduo às condições hipertérmicas. Segundo Frederico Márcio Corrêa Vieira, sabese que as aves jovens possuem maior tolerância às altas temperaturas do que às baixas. “Esse fato está relacionado com a imaturidade da termorregulação corporal. A ave possui maior necessidade de manter sua temperatura corporal elevada”. O pesquisador afirma que o aumento da temperatura ambiente corresponde ao aumento da temperatura superficial das aves. “Este fato é consequência de que a capacidade de perda de calor sensível pelas aves jovens ser reduzida com o aumento da temperatura, resultando em aumento da temperatura cloacal e utilização de mecanismos de perda de calor latente”, conclui.
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ANA CAROLINA MIOTTO
Novas cultivares mais resistentes à ferrugem asiática e nematoide
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SOJA
ovas cultivares de soja para plantio em Minas Gerais acabam de ser lançadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Embrapa Soja e Fundação Triângulo. As novas cultivares são resistentes à ferrugem asiática e a algumas espécies de nematóides.
ra mais lenta e menos intensa, possibilitando um melhor controle e também dando mais tempo para o produtor fazer o controle químico”, ressalta. As pesquisas apontaram que a cultivar BRSMG 780 FRR apresenta produtividade comparável às demais cultivares de ciclo semelhante cultivadas em Minas Gerais.
Destaque
Mais cultivares
A cultivar BRSMG 780 FRR é um dos destaques entre as que foram desenvolvidas por meio desta parceria, com objetivo de minimizar os impactos da ferrugem asiática na lavoura de soja e garantir maior produtividade e segurança ao produtor brasileiro. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Vanolli Fronza, essa é a primeira cultivar transgênica resistente à ferrugem asiática desenvolvida pela Embrapa, em parceria com EPAMIG e Fundação Triângulo. “Inicialmente, ela está sendo indicada para Minas Gerais, mas tem boa adaptação também nos estados de Goiás e Mato Grosso, para onde deverá ser indicada a partir da próxima safra”, explica. Segundo o pesquisador, essa cultivar oferece mais segurança para o produtor conduzir sua lavoura sem risco de grandes perdas. “Nessa cultivar resistente à ferrugem - também vai aparecer a doença, só que de manei-
Outras cultivares também foram desenvolvidas, dentre elas a BRSMG 771F (convencional e também moderadamente resistente à ferrugem) e a cultivar transgênica BRSMG 760SRR. Esta última tem hábito de crescimento indeterminado, ou seja, continua crescendo após o início do florescimento, o que favorece o plantio mais cedo e possibilita o cultivo de safrinha após a colheita da soja. As sementes certificadas estão sendo comercializadas através de 16 licenciados pela Fundação Triângulo.
Nematoide na soja
FOTO NEYLSON ARANTES- FUNDAÇÃO TRIÂNGULO
Nematoides são parasitas de plantas (fitonematoides) que vivem no solo ou no interior de estruturas vegetais como folha, caule, sementes e raiz. No Brasil, muitas espécies já foram observadas causando danos a diversas culturas. Pesquisas
desenvolvidas pela EPAMIG já apontaram a identificação e manejo de nematoides nas seguintes culturas: alface, goiaba, café, morango, cenoura, banana, tomate e hortaliças. A pesquisadora da EPAMIG Triângulo e Alto Paranaíba Luciany Favoreto, que é nematologista, explica que no caso da soja os nematoides de maior importância na economia são: nematoide do cisto da soja, nematoide das galhas, nematoide das lesões radiculares e nematoide reniforme. De acordo com a pesquisadora para culturas de ciclo anual, como a soja, as medidas de controle devem ser implementadas antes da semeadura. “Ao constatar que a lavoura está infestada, o produtor nada poderá fazer naquela safra. Todos os cuidados devem estar voltados para os próximos anos”, explica. A pesquisadora tem realizado testes em campo e casa de vegetação com gramíneas forrageiras para avaliar se são hospedeiras do nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus. “Também temos orientado os produtores rurais da região quanto à coleta de amostras para análise em laboratório, a qual deve ser representativa do talhão ou “reboleira” que se deseja analisar e desta forma ter uma melhor estimativa da quantidade de nematoides existentes na área”, ressalta.
Lavoura de soja BRSMG 780SRR em Iraí de Minas
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FRUTICULTURA
AMAR VELHO DA SILVEIRA/EMBRAPA UVA E VINHO
Produção de excelência para PÊ
Grupo pretende validar a indicação geográfica do produto. Na prática, certificação irá assegurar normas para a produção e criar uma espécie de identidade. Apenas os frutos produzidos na região, e dentro das normas, poderão ser chamados de “pêssegos de Pelotas”
O
pêssego de Pelotas, assim como os doces, são famosos em todo o Brasil. A tradição no cultivo do fruto e a qualidade diferenciada chamam a atenção de paladares de todo o país. Entretanto, hoje faltam normas específicas ao uso do nome e não há nenhuma certificação de origem garantindo ao consumidor que o pêssego consumido realmente é da região de Pelotas. Para
mudar a situação, um grupo de trabalho que está tratando da indicação geográfica do produto reuniu-se em junho, em Morro Redondo-RS, para traçar os próximos passos do processo de obtenção da validação. O grupo de trabalho formado para conduzir o processo na região inclui, além da Embrapa a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Emater/RS, AZONASUL, Associação Gaúcha dos
Produtores de Pêssego, SINDOCOPEL, Banco do Brasil, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas e CAFSUL. Da articulação do grupo de trabalho foi fundada a APIPPEL (Associação dos Produtores e Indústria para a Indicação Geográfica do Pêssego da Região de Pelotas), entidade que reúne agricultores e industriais e que foi criada especificamente para coordenar o processo de obtenção da Indicação Geográfica. A posse oficial da diretoria da APIPPEL foi realizada em outubro, em cerimônia na Embrapa Clima Temperado. A Associação já conta com presidente e diretoria e toda uma estrutura técnica que está trabalhando no processo. Há um Comitê Técnico que
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FRUTICULTURA
ra PÊSSEGO
PAULO LANZETTA/EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
chamados de “pêssegos de Pelotas”. Será criado um selo de qualidade para atestar a origem dos frutos.
Padrão de fabricação
Qualidade e procedência são alguns diferenciais do produto
terão suas normas de fabricação
lotense poderá dominar nichos de mercado. A marca será valorizada e o nível do produto reconhecido. A ideia é garantir a viabilidade da cadeia produtiva local, a sustentabilidade do negócio e o desenvolvimento de mecanismos para aumentar a renda dos envolvidos. BRUNO ZAMORA TEORO - EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
A indicação geográfica precisa passar pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para ser autorizada e a criação da associação é um dos requisitos do proOs doces também cedimento. Também são exigidos o padrão de fabricação do produto e a apresentação de estudos sobre, por exemplo, o histórico do cultivo e as características da produção na região. A indicação garantirá a excelência da produção e criará melhores condições tanto para os produtores rurais quanto para os industriais. Ao ter sua qualidade certificada, o pêssego pe-
está desenvolvendo o histórico e as características diferenciais do pêssego para validar a Indicação.
Proteção legal A indicação é uma proteção legal sobre a procedência de um produto. É o que permite, por exemplo, a certificação da origem e a criação de normas para a produção dos vinhos do “Vale dos Vinhedos” gaúcho. A ideia é fazer algo parecido com o pêssego em Pelotas. A indicação geográfica criará uma espécie de identidade do produto e estabelecerá normas de qualidade para a produção. Apenas os frutos produzidos na região, e dentro das regras de cultivo, poderão ser
O sabor dos pêssegos da região já são reconhecidos em todo o Brasil
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EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
FRUTICULTURA
Agricultor fazendo a pulverização de inseticida por cobertura em um pomar de pêssego
PÊSSEGO LIVRE DAS MOSCAS O “Sistema de Alerta” está monitorando a população de mosca-das-frutas, orientando e capacitando os agricultores quanto às formas de combate ao inseto. A utilização da isca tóxica é o carro-chefe de todo o trabalho, pois é apontada como o único caminho para evitar a infestação dos pomares
O
s produtores de pêssego da região de Pelotas já contam com um sistema de alerta que vai trazer semanalmente informações atualizadas sobre o monitoramento da mosca-dasfrutas e sobre quais medidas deverão ser tomadas para combater a praga. O sistema está sendo criado para evitar a infestação dos pomares pelo inseto, já que os inseticidas tradicionalmente usados pelos agricultores estão proibidos e a falta de informação sobre quais passos adotar no cultivo pode inviabilizar toda a safra local. O monitoramento será feito semanalmente em uma região que abrangerá Pelotas, Morro Redondo e parte de Canguçu – as três cidades respondem por praticamente toda a produ-
ção de pêssego da metade Sul gaúcha. Índices de presença da mosca em cada região serão relacionados a dados meteorológicos, principalmente chuva e temperatura, para formar o panorama da situação e guiar os passos a serem tomados.
Armadilhas “As armadilhas (equipamento usado para monitorar a presença dos insetos) serão vistoriadas semanalmente entre segunda e quarta-feira. Na quinta-feira, pesquisadores e técnicos vão se reunir e emitir boletins sobre a presença da praga e a severidade do problema, para que o agricultor possa, a partir da sexta-feira, realizar os tratos culturais”, explica o pesquisa-
dor Dori Edson Nava, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS). Embrapa, Emater/RS e UFPel, responsáveis pelo sistema de alerta, vão repassar as informações sobre a situação da semana através de contatos diretos com os agricultores e por meio de jornais, rádios, tv´s e internet. O produtor poderá saber qual a real e atual posição sobre a possível infestação e se armar para combater a mosca. Serão fornecidas orientações com base nos dados coletados sobre quais tratos deverão ser adotados nos pomares.
Combate Os inseticidas fosforados com ação de profundidade foram proibidos e não são mais recomendados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o pêssego pela possibilidade de causarem danos neurotóxicos em humanos. Com a proibição, os agricultores estão passando a utilizar outras formas de combate à mosca, especialmente a isca tóxica.
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Pulverização por cobertura
EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
Já a pulverização por cobertura é utilizada quando a população do inseto já está alta dentro do pomar. Como o nome já diz, um inseticida é pulverizado sobre todo o pomar. É um tra-
tamento mais agressivo. Por exigir a pulverização em uma área maior, geralmente utiliza-se um trator para o trabalho. Dori Nava explica que a arma mais indicada é mesmo a isca tóxica aplicada em partes do pomar, com uma substância à base de proteína que servirá de atrativo alimentar, ao mesmo tempo em que, carregada Preparação da calda da isca tóxica – mistura de inseticida, com um agrotóxico, água e proteína hidrolisada – que será aplicada no pomar matará o inseto. Como o produto atrai a mosca, não é preciso fazer a aplixica seja realizado já a partir do mês cação em todo o pomar, como ocorde agosto, quando a população da re na aplicação por cobertura – quanmosca-das-frutas ainda é pequena”, do o inseticida é aplicado sobre toda ressalta Nava. a área de cultivo. “Entretanto, é necessário que o controle com isca tóMateriais EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
São duas as principais formas de combate à mosca-das-frutas que ataca os pessegueiros: a isca tóxica e a pulverização por cobertura. Na prática, ambas podem ser feitas tanto manualmente (com o costal) ou de maneira mecanizada (com o trator). A isca tóxica é aplicada apenas nas bordas do pomares, em pontos específicos. Ela é constituída por água, inseticida e um atrativo alimentar (proteína hidrolisada, conforme recomenda a pesquisa, ou açúcar, como fazem alguns agricultores). O alimento atrai a mosca, que acaba ingerindo também o inseticida e morrendo. A isca é indicada para prevenir que o pomar seja invadido por moscas.
Funcionário de uma indústria de conserva da região, Rubernei Cardoso trabalha com 130 produtores e oferece a eles os produtos para fazer a isca tóxica. “Damos aos nossos produtores o que é necessário para fazer a isca tóxica para proteger o pomar contra a mosca-das-frutas, e os produtores de pêssego nos pagam com parte da safra”, expôs.
+ DICAS
• Tanto as armadilhas quanto a
isca tóxica têm validade de uma semana Em caso de chuva, a isca deverá ser aplicada novamente A avaliação das armadilhas deve ser semanal Quando a armadilha estiver turva, deve ser trocada A armadilha é amarela porque a cor atrai as moscas A armadilha deve ficar completamente na vertical para o inseto não conseguir sair O líquido que é recolhido deve ser descartado longe do pomar As espécies da mosca que causam danos são Anastrefa fraterculos e Ceratites capitata
• • • • • • •
A armadilha é uma espécie de bola contendo em seu interior proteína hidrolisada diluída em água que serve para capturar e monitorar a população das moscas
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CIRO SCARANARI
FRUTICULTURA
Aceitação de NOVO S P surpreende ata ca no supermercado”. O atacadista segue enumerando as vantagens: “a resistência é impressionante, ele fica macio, mas não dá quebra, a gente não vê uma fruta estragada. Não tem devolução, não tem reclamação. É resultado certeiro”, argumenta. O tempo de prateleira da cultivar Rubimel também foi destacado pelo produtor e atacadista Wellington Galo. “Ela dura de dez a 12 dias, enquanto o tempo da principal concorrente é de no máximo cinco dias”, ressalta Galo, que envia cargas da fruta para Belém/PA – o que significa viagem de três dias de caminhão. Observação semelhante à de sua cliente Hortifruti, rede composta por 23 lojas distribuídas no Rio de Janeiro e Espírito Santo, e de quem recebeu retorno positivo. “Nosso principal termômetro é o consumidor final, e a receptividade tem sido excelente”, diz Renan Goltara, representante da rede. No campo Lançada junto ao produtor em 2007 pela Embrapa Clima Temperado, a cultivar Rubimel demonstra diferencial já no campo. De acordo com Wellington Galo, no primeiro ano foi possível colher 12 quilos por planta, em média, contra cinco da concorrente. “Hoje estamos colhendo cerca de 40 quilos por planta, e os frutos têm cerca de 120 gramas, o dobro do peso da outra variedade”, diz. Na ponta do lápis os ganhos impressionam: pelas contas de Galo, por quilo, o vendedor pode lucrar R$ 5,71 com a Rubimel contra R$1,16 da concorrente. De olho nessas contas, o produtor e viveirista licenciado da Embrapa em São Paulo, Iassuo Kagi já se prepara para atender ao aumento da demanda. “Este ano produzimos 4 mil mudas de Rubimel e para o próximo serão 12 mil”, informa Kagi. Para a Kampai, que chegou ao produtor em 2009, a produção será de 5 mil mudas, mas é a principal aposta de Kagi: “é o pêssego mais saboroso que já entrou na Ceagesp”, garante. Parceria Assim como Galo, Kagi é um dos produtores que integram a rede nacional de adaptação e validação para fruteiras existente na Embrapa, surgida com a colaboração da Embrapa Transferência de Tecnologia, por meio do Escritório de Negócios de Campinas. A possibilidade de expandir o mercado produtor do pêssego no Brasil fez fortalecer a rede, que atua especialmente na fase de pós-melhoramento avaliando novas seleções.
Variedade de pêssego Rubimel demonstra diferencial já no campo
ais sabor no setor de frutaria dos supermercados brasileiros com a chegada das novas cultivares de pêssego desenvolvidas pela Embrapa e apreciadas pelo consumidor. Além de frutos grandes e de coloração vermelho intenso, que marcam a aparência das cultivares, o sabor doce com leve acidez é apontado pelos atacadistas da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) como o responsável pela aceitação instantânea das variedades BRS Rubimel, de polpa amarela, e BRS Kampai, de polpa branca. “É provar e levar”, assegura Ricardo Delvecchio, que distribui a fruta para uma rede de supermercados de São Paulo e Minas Gerais. “Um cliente levou 20 caixas de Rubimel e no dia seguinte ligou para reservar mais 20, dizendo que a saída foi grande
CIRO SCARANARI
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Variedade Kampai: polpa branca
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VO S PÊSSEGOS ata cadistas CIRO SCARANARI/EMBRAPA
Segundo explica o pesquisador Ciro Scaranari, da equipe daquele escritório e gestor de fruticultura da Unidade, “nesta etapa, as avaliações são realizadas em auxílio ao programa de melhoramento, mas distante da zona de ação do centro de pesquisa e em convergência com produtores”. “A parceria com produtores de São Paulo, Espírito Santo, e Minas Gerais, além dos Estados do Sul, tem colaborado muito na tomada de decisão sobre o que lançar ou não lançar”, argumenta a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Maria do Carmo Bassols Raseira, da equipe de melhoramento genético que desenvolveu as cultivares de pêssego Rubimel e Kampai.
FRUTICULTURA
O tempo de prateleira da Rubimel é de 12 dias, mais do que o dobro das demais cultivares
Novas cultivares As novas cultivares surgiram do desafio de aliar sabor, tamanho e coloração desejados pelo consumidor brasileiro a características de cultivo necessárias à sua expansão nas potenciais regiões produtoras do país, conforme apontou também pesquisa da Ceagesp. O objetivo vem sendo alcançado graças ao cruzamento de variedade da Embrapa denominada Chimarrita, muito plantada no Sul do Brasil, com a variedade Flordaprince, proveniente da Flórida/EUA e bem adaptada a condições de inverno ameno, embora produtora de frutos não suficientemente doces para os padrões nacionais. “Obtivemos várias boas seleções de polpa branca e amarela, que se sucedem na colheita, e duas cultivares (BRS Kampai e BRS Rubimel) já estão disponíveis no mercado”, explica Raseira. Segundo informa, neste ano será lançada mais uma variedade, proveniente de um cruzamento diferente, mas igualmente adaptada às condições do Sudeste.
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Bolachinha Além da cultivar de polpa branca a ser lançada este ano, a pesquisa apresentará, em breve, a oportunidade de os produtores brasileiros atenderem melhor a um novo nicho de mercado. O
pêssego chato, chamado de donuts pelos americanos, chega ao mercado nacional proveniente da Espanha, Califórnia e Itália, mas as variedades não atendem à baixa necessidade de frio. Após cerca de 20 anos de estudos, a pesquisa agropecuária brasileira está perto de entregar aos consumidores um pêssego chato apropriado às condições de cultivo locais. O problema é que a fruta tende a ser pequena. Entretanto a ideia é atender a um mercado especial: o infantil. “Obtivemos resultado animador nas primeiras degustações feitas com crianças, sendo ainda necessário realizar outros testes junto aos produtores”, diz a pesquisadora. O gerente local do Escritório de Negócios de Campinas, Fernando Matsuura, lembra que a Embrapa Transferência de Tecnologia, juntamente com as unidades descentralizadas de pesquisa da empresa, estão ampliando esforços para que espécies e cultivares de frutas, forrageiras, florestais e hortaliças, além dos grãos, cheguem mais rapidamente ao mercado. Rotulagem Mas um problema que não afeta apenas o segmento de pêssegos pode distanciar o consumidor final dos resultados da pesquisa em frutas e hortaliças: a falta de rotulagem. “Existem, por exemplo, 200 cultivares de tomate no mercado. Como o consumidor vai saber o que está levando?”, questiona a chefe do Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp, Anita de Souza Dias Gutierrez. Segundo diz, a rotulagem para mercado externo atende a todas as normas, mas só 2% do que se produz de frutas e hortaliças é exportado. Para Ciro Scaranari, no caso das variedades de pêssego, é fundamental que o consumidor final saiba o que está levando para casa. “O produto tem de estar corretamente identificado, e não estou falando da marca da distribuidora ou do supermercado, mas da variedade”, finaliza.
Variedade Rubimel: polpa amarela
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ARROZ
NOVA CULTIVAR facilita o controle do ARROZ VERMELHO
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AIRES CARMEM/DIVULGAÇÃO/EPAGRI
cultivar SCS117CL é tolerante ao herbicida que permite o controle do arroz vermelho, que é a principal planta daninha da cultura do arroz irrigado. “Abre-se a possibilidade de produção de arroz comercial, com elevada qualidade, em áreas contaminadas com esta planta daninha”, informa o pesquisador e coordenador da equipe do projeto de arroz irrigado da Epagri, Moacir Antonio Schiocchet, que destaca outra vantagem para o produtor: a redução do custo de produção.
Tolerância para herbicidas A descoberta do gene de tolerância para os herbicidas do grupo químico das imidazolinonas em arroz foi feita por pesquisadores da Universidade da Louisiana (LSU) nos Estados Unidos. Por meio de trabalhos em parceria entre a Epagri e a Basf, esta característica de tolerância foi incorporada através de hibridação e melhoramento convencional em cultivares de arroz adaptadas ao sistema pré-germinado, predominante em Santa Catarina. A SCS117CL é uma cultivar de ciclo tardio, com 144 dias da emergência até a completa maturação dos grãos, para as condições da Estação Experimental de Itajaí. Possui excelente arquitetura de planta e perfilhamento e altura média de 104 cm na fase de completa maturação. Em condições experimentais, a cultivar apresentou produtividade de 9 toneladas por hectare na média de três anos em cinco locais do estado de Santa Catarina. É considerada médio/ resistente à brusone, suscetível à mancha-parda e resistente à toxidez indireta por ferro.
Epagri e Basf lançam cultivar de arroz irrigado tolerante ao herbicida que combate sua principal planta daninha
Recomendações técnicas “Vale lembrar que a manutenção e preservação deste eficiente sistema de controle de arroz vermelho está diretamente associado à adoção, pelos agricultores, das recomendações técnicas do Sistema de Produção Clearfield de Arroz”, alerta o chefe da EEItajaí, José Alberto Noldin. Além de utilizar a SCS117CL da Epagri em associação com a aplicação do herbicida Only da Basf, é essencial seguir o programa de monitoramento das lavouras, avaliando a efetividade do con-
AIRES CARMEM/DIVULGAÇÃO/EPAGRI
O pesquisador e coordenador da equipe do Projeto Arroz Irrigado da Epagri, Moacir Schiocchet e a bolsista do CNPq, Jéssica Strutz
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AIRES CARMEM/DIVULGAÇÃO/EPAGRI
ARROZ
O De ciclo tardio, a cultivar leva 144 dias da emergência à completa maturação dos grãos
trole. O conjunto das ações – cultivar Clearfield SCS117CL, herbicida Only e programa de monitoramento – é denominado “Sistema de Produção Clearfield”. Schiocchet informa que os produtores de arroz irrigado interessados em adquirir sementes da nova cultivar SCS117CL para plantio da safra 2012/2013 encontrarão junto aos produtores de semente da Associação Catarinense de Produtores de Semente de Arroz Irrigado (Acapsa) e licenciados pela Basf. A produção de semente básica continua sob a responsabilidade da Epagri na Estação Experimental de Itajaí.
O arroz irrigado em Santa Catarina Graças às pesquisas desenvolvidas pela EEI, Santa Catarina é o segundo produtor nacional de arroz irrigado, com produtividade média de 7 mil quilos por hectare. Isto representou um aumento de mais de 300% se comparada à década de 70, quando a produtividade catarinense de arroz irrigado era menor do que 2 mil quilos/ha. Em Santa Catarina, o arroz é cultivado em mais de 12 mil propriedades agrícolas, com a participação efetiva de 8 mil produtores rurais que atuam na atividade principalmente na forma de exploração familiar. O estado de SC também é reconhecido por produzir a melhor semente de arroz irrigado do Brasil. A Acapsa congrega 26 associados que abastecem com semente certificada todo mercado catarinense e a demanda dos estados brasileiros que são produtores. A Estação Experimental de Itajaí já desenvolveu e disponibilizou aos produtores de semente 16 novas cultivares de arroz. Detalhe dos grãos do SCS117CL
Novas cultivares Estão em fase de lançamento duas novas cultivares dos tipos vermelho e preto, destinadas a mercados especiais de arroz integral. Além dessas cultivares, o trabalho de pesquisa na Estação Experimental de Itajaí desenvolveu e adaptou tecnologias para o cultivo sustentável do arroz irrigado. A adequação e disseminação do cultivo, com a utilização de sistema pré-germinado em todo o estado, foi uma das razões que possibilitaram a permanência dos agricultores na atividade. A recomendação de utilização de adubação em doses e épocas adequadas, juntamente com a aplicação de produtos registrados para o controle de plantas daninhas, combate a insetos e doenças, também possibilitou a redução de custos e elevação da renda do produtor. Atualmente são cultivados aproximadamente 150 mil hectares com uma produção de 1,05 milhão de toneladas. Em valores brutos, são movimentados a cada safra de arroz irrigado R$ 600 milhões.
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ARROZ
ARROZ PARA CULTIVO em MG D
uas novas cultivares de arroz foram desenvolvidas por pesquisadores da Empresa de Pesquisa de Minas Gerais – EPAMIG, em parceria com outras instituições de pesquisa, para cultivo no estado de Minas Gerais: a BRSMG Rubelita, para cultivo em várzeas e a BRSMG Caçula, que se adapta melhor se cultivada em terras altas. Desde a década de 70 a EPAMIG desenvolve pesquisas de avaliação e seleção de linhagens e cultivares de arroz, realizadas em parceria com outras instituições. O programa de melhoramento genético dessas culturas alimentares busca desenvolver cultivares mais produtivas e com melhor aceitação no mercado. Segundo o diretor de Operações Técnicas da EPAMIG, Plínio Soares, que é também melhorista de arroz, as pesquisas para desenvolvimentos das cultivares BRSMG Rubelita Esta cultivar se adapta às várzeas... e BRSMG Caçula foram conduzidas por cerca de 10 anos, em diversas regiões do Estado. “Antes do lançaà textura, sabor e aroma após o cozimento”, explica o pesmento de novas cultivares foram realizadas avaliações de quisador. qualidade de grãos quanto ao rendimento de grãos inteiros no beneficiamento dos materiais genéticos, além de Rubelita e Caçula pesquisa de aceitação do produto por donas de casa, quanto A cultivar Rubelita, testada por pesquisadores da EPAMIG e Embrapa Arroz e Feijão, é recomendada para plantios em condições de irrigação por inundação em várzea. Já a cul... enquanto esta se tivar Caçula, pesquisada pela Epamig, Embrapa Arroz e Feidesenvolve melhor jão e Universidade Federal de Lavras (Ufla), é indicada para em terras altas terras altas com ou sem irrigação por aspersão. Essas cultivares apresentaram adaptabilidade e estabilidade de produção em diversas regiões de Minas Gerais. As pesquisas foram viabilizadas através de projetos de pesquisas aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que apoiaram tanto em aporte financeiro quanto em bolsas de produtividade e iniciação científica.
Pequeno e grande orizicultor Segundo Plínio, a produção de arroz e feijão em Minas Gerais é realizada, principalmente, por pequenos produtores, mas as cultivares de arroz desenvolvidas pela EPAMIG atendem do pequeno ao grande orizicultor. Ele explica que para o pequeno produtor, que tem menos capacidade de assumir riscos, é fundamental realizar o plantio na época correta, que deve ser concentrado em outubro e novembro. O pesquisador também alerta para outro importante aspecto: o ponto ideal da colheita. “Deve ocorrer quando os grãos da panícula estão verde-amarelados”, explica. 34 A Lavoura NO 689/2012
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Carta da S O B R A P A
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O elefante e o Código Florestal É
bem conhecida a anedota dos cegos descrevendo um elefante. Ignorando o aspecto geral do animal e cada um deles tateando somente partes distintas da criatura, descreveram-no como uma coluna, uma parede ou uma mangueira de incêndio. Dentro de sua limitação sensorial, todos estavam certos, mas continuaram desconhecendo a realidade – o elefante como um todo. A polêmica entre ruralistas e ambientalistas sobre o Código Florestal lembra a anedota. Todos têm razão, mas parecem desconhecer a realidade, nos seus múltiplos aspectos conflitantes. Em 2010 a humanidade atingiu uma marca histórica: sete bilhões de habitantes. As previsões para o ano 2050 – apenas a menos de 40 anos no futuro – indicam uma população total de nove a dez bilhões, com possibilidade de atingir 16 bilhões no final do século. Prover alimentos e os demais produtos agroflorestais, principalmente madeira, biocombustíveis, celulose e fibras, para tamanha massa humana exigirá ingentes esforços dos ruralistas, com inevitáveis reflexos negativos sobre o ambiente natural. No Brasil, em particular, esses esforços meritórios têm garantido um colossal aumento de produção no campo, que se tornou um dos principais sustentáculos da nossa economia, e assim deverá permanecer. Por outro lado, o status geral do planeta evidencia-se seriamente preocupante. O homem já se tornou o principal agente geológico, sobrepujando todas as causas naturais, e suas ações estão eliminando espécies com intensidade somente comparável à dos raros episódios de extinção em massa que a Ciência nos indica terem ocorrido nos últimos 600 milhões de anos, decorrentes de profundas alterações climáticas, períodos prolongados de intenso vulcanismo, alterações do nível e da oxigenação dos mares, ou brutais impactos de corpos celestes; o último deles data de 65 milhões de anos. Na atualidade, mudanças climáticas, poluição generalizada em terra e no mar, desertificação, degradação de solos agricultáveis, alterações profundas na cobertura florestal e rápida perda de diversidade biológica são inquietações muito válidas dos ambientalistas. As preocupações básicas dos ruralistas logicamente se voltam para as lides da produção, a comercialização de seus produtos, os preços das sementes e insumos, a expansão dos cultivos, o clima no curto prazo, as deficiências crônicas da logística nacional, e evidentemente o lucro. É natural que negligenciem as elucubrações sobre o estado geral do planeta e as tendências de sua deterioração. Os ambientalistas, por sua vez, olvidam-se muitas vezes das necessidades de produção e dos seus problemas, e voltam sua atenção para a preservação do patrimônio biológico e paisagístico, a sobrevivência da flora e da fauna, a conservação das florestas nativas, os aspectos multifacetados da poluição, os serviços ambientais - sem os quais não existiríamos - e, notadamente, para as terríveis consequências no longo prazo das mudanças climáticas em curso. Ambas as correntes de opinião, em sua visão setorizada da
realidade, têm plena razão em seus argumentos, mas parecem ignorar como é, de fato, o “elefante”. A revisão do Código Florestal de 1965 se fazia obviamente necessária, mas deveria ter levado em conta, de forma equilibrada, todos os aspectos conflitantes da complexa realidade do mundo contemporâneo e as distintas interpretações dela decorrentes, imaginadas por ruralistas e ambientalistas. O lamentável Projeto de Lei aprovado pela Câmara mostrou-se, porém, claramente faccioso, como se depreende das primeiras linhas do Parecer do Deputado Aldo Rabelo, ao dedicá-lo somente “aos agricultores brasileiros”, ignorando todos os demais habitantes do país e, em especial, os ambientalistas sinceros. As emendas introduzidas no Senado atenuaram essa grave impropriedade, tornando o texto mais palatável para os ambientalistas, mas mantiveram dispositivos de difícil aceitação por ambas as divergentes correntes de opinião. O texto aprovado é complexo, extenso e detalhista, com 87 artigos e inúmeros incisos, parágrafos e alíneas, muitos passíveis de interpretações distintas, tornando difícil e problemático seu cumprimento exato. Aos ruralistas, aparentemente, o que mais desagradou foi a exigência de recomposição das áreas de Reserva Legal, no prazo de 20 anos. A existência da Reserva Legal já era prevista desde 1965 e esse requisito raramente foi integralmente cumprido. Considerando-se o passado e as débeis exigências de cumprimento ao longo do tempo, parece duvidoso que venha a sê-lo no futuro. Aqueles, relativamente poucos, que já haviam respeitado a lei certamente sentir-se-ão injustiçados. O novo texto mantém os percentuais de desmatamento (para os ruralistas, “desbravamento”...) autorizados na legislação anterior, ignorando que a Amazônia Legal, o Cerrado e a Mata Atlântica já tiveram respectivamente cerca de 20%, 50% e 90% de suas florestas destruídas. Este fato marcante sequer foi considerado. Surpreendentemente, no Artigo 79, é previsto que, para estabelecer as especificidades relativas à conservação, proteção, regeneração e utilização dos biomas brasileiros, o Poder Público Federal enviará ao Congresso no prazo de três anos projetos sobre os biomas da Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa; a Mata Atlântica não foi citada, provavelmente por já possuir legislação específica, só aprovada após intermináveis debates. Assim, nova rodada de acerbos conflitos conceituais delineia-se no horizonte. Evidentemente, é impossível analisar o extenso texto nos limites desta carta, mas podemos sintetizá-lo afirmando que ele abre amplas possibilidades de destruição da nossa vegetação nativa, justamente quando o compromisso da Nação perante a comunidade internacional é de redução das emissões de gases do efeito estufa, cuja principal causa no Brasil é justamente o desmatamento.
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Citações Ao Professor Jeffrey Sachs, diretor do Instituto Terra da Universidade de Columbia, EUA, e Assessor Especial das Nações Unidas, que já foi considerado uma das cem personalidades mais influentes do mundo em assuntos relativos a desenvolvimento econômico compatível com sustentabilidade ambiental, devemos a afirmação que se segue: “Estamos destruindo a Terra como se de fato fôssemos a última geração.” Este pensamento é profundo e merece meditação. No afã de alcançarmos o máximo desenvolvimento econômico no menor prazo possível e a qualquer custo, esquecemo-nos de que muitas gerações de seres humanos ainda nos sucederão e que a eles devemos transmitir um mundo tão rico quanto o recebemos de nossos ancestrais. Não obstante, sob amplos aspectos, com nossas ações inconsequentes e egoísticas, o que lhes estamos transmitindo como herança são ambientes arruinados e recursos naturais em grande medida exauridos.
O albatroz-gigante nidifica em ilhas do Atlântico Sul, em colônias dispersas. Os jovens permanecem nos oceanos por aproximadamente cinco anos, antes de regressarem às suas colônias natais. Alimentam-se em grande parte de lulas e de peixes, bem como de outros animais quando encontrados mortos. Sua área de distribuição abrange uma ampla faixa dos oceanos do Hemisfério Sul, entre a margem dos gelos antárticos até aproximadamente o Trópico de Capricórnio (c. de 23º S), mas há registros isolados ao norte do Equador. No Brasil tem sido avistado do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro. A principal ameaça à espécie é a captura incidental nos anzois dos barcos de pesca usando espinhel. Há evidências de acentuada diminuição de algumas populações. É classificada como espécie “Ameaçada” na Lista Oficial Brasileira e como “Vulnerável” na lista mundial da IUCN. No Brasil, existe um Plano Nacional de Conservação de Albatrozes e Petréis, aprovado pelo Ministério do Meio Ambiente, com o qual espera-se diminuir as capturas incidentais pelos barcos de pesca.
Natureza em perigo
Ameaças ao Parque Nacional da Serra da Canastra
Os albatrozes são aves oceânicas de grande porte, da família Diomedeidae, na sua maioria habitantes do Hemisfério Sul. Embora a maior parte de suas vidas se passe longe de terra, algumas espécies visitam nossas águas jurisdicionais e, como tal, são incluídas na fauna brasileira. Dentre as espécies existentes, situam-se as maiores aves voadoras do mundo. Caracterizam-se os albatrozes pelas enormes asas, alongadas e estreitas, o bico grande, recurvado e forte, e cauda curtíssima. As pernas são relativamente curtas e os pés, palmados. Para decolar, devido às suas características corpóreas, necessitam correr boas distâncias antes que suas asas possam suportar seus corpos no ar. A capacidade de voo é extraordinária. Eles não batem asas, como a maioria das aves; o voo é planado, subindo e descendo sucessivamente, ao fazer uso das correntes de ar. Com frequência seguem os navios, para alimentarem-se de detritos, o mesmo acontecendo com barcos de pesca. Dentre os albatrozes que aparecem em águas brasileiras, uma espécie particularmente notável é o albatroz-gigante (Diomedea exulans), também conhecido como albatroz-errante ou albatroz-viajeiro, a maior de todas as espécies, medindo cerca de 3,5 metros de envergadura e chegando a pesar até quase 12 quilos. Possui um enorme bico amarelo ou rosado, e a plumagem é inteiramente branca, exceto nas pontas negras das asas, mas quando imaturos são de cor quase toda parda. É capaz de efetuar migrações extraordinárias; o renomado ornitólogo Helmut Sick citou o caso de um exemplar anilhado que viajou 4.719 km em 22 dias, percorrendo uma média diária de 214,5 km.
O Parque Nacional da Serra da Canastra, situado no estado de Minas Gerais e criado em 1972, protege uma importante área de Cerrado com 200 mil hectares e diversas espécies ameaçadas de extinção, além de abrigar as nascentes do rio São Francisco. Infelizmente, devido à baixa prioridade na regularização de terras que cronicamente é dada às áreas protegidas no Brasil, até o presente apenas 71,5 mil hectares pertencem efetivamente ao Poder Público. Agora, transita no Congresso Nacional uma proposta de profunda alteração nos limites do Parque, reduzindo sua extensão para aproximadamente 120,5 mil hectares; cerca de 76,4 mil hectares seriam transformados em Monumento Natural, uma categoria de Unidade de Conservação que não exige desapropriação e que permite atividades agropecuárias, o que consequentemente significa menor proteção. Outros 2,2 mil seriam reservados para atividades de mineração. Em relação à proposta de alteração em discussão a preocupação maior é ser mais uma tentativa de redução de área destinada precipuamente à proteção da natureza, considerando apenas os interesses econômicos, no caso agropecuária e mineração. Consta que o principal motivo da proposta é permitir a lavra de diamantes que se supõe existirem dentro dos limites da área protegida. A redução do Parque é mais um precedente no enfraquecimento do nosso sistema de áreas protegidas, imaginado para ser eterno e intocável, para que possa atingir as suas finalidades de garantir a perenidade de amostras representativas dos biomas do país.
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Resíduos de medicamentos causam deformações em peixes Resíduos das indústrias farmacêuticas, e mesmo esgotos domésticos contendo restos de remédios descartados ou dejetos humanos excretando produtos químicos contidos em medicamentos, estão causando deformações em peixes e alterações em suas características sexuais, mesmo após passarem por estações de tratamento. Numerosos estudos realizados na Europa, na Índia e nos EUA já comprovaram essa inusitada forma de poluição. Como exemplo, cita-se uma pesquisa realizada na França em um rio a jusante de uma indústria farmacêutica multinacional, na qual se verificou que, em média, 60% a 80% dos exemplares de uma determinada espécie de peixe exibiam características de ambos os sexos, incapacitando-os para a reprodução e causando rápido declínio das suas populações. No montante das instalações dessa indústria, a proporção de indivíduos afetados se limitava a apenas 5%. Vários tipos de anti-inflamatórios, contraceptivos, imunossupressores e diuréticos foram identificados como causadores do problema. O mais curioso é que sua ação se evidencia de forma distinta, conforme as espécies, fazendo com que a fauna aquática sofra modificações em sua composição. Ignora-se se estudos dessa natureza já foram efetivados no Brasil e se nossa fauna aquática vem sendo afetada por tal tipo de problema.
Restabelecendo a população de tigres na região do Mar Cáspio Os tigres, o mais belo dos felinos, estão rapidamente desaparecendo da natureza. Os levantamentos das populações em estado selvagem indicaram que elas despencaram de um total estimado em cerca de 100.000 indivíduos, há um século, para menos que 3.500 nos tempos presentes. Nove subespécies desse animal são reconhecidas, exibindo características um tanto distintas em tamanho, pelagem, cor e padrão de listras. Dessas subespécies, quatro já estão extintas. Tendo em vista que, apesar do gasto de milhões de dólares na adoção de diferentes medidas de conservação, as populações desses felinos continuam em redução, em novembro de 2010 representantes dos 13 países que ainda possuem populações de tigres selvagens em seus territórios reuniram-se em S. Petersburgo, na Rússia, com o objetivo de estudar novas providências para reverter as tendências de desaparecimento e acordar como meta a duplicação do número de tigres na natureza até 2022. Uma das propostas apresentadas foi reintroduzir os tigres em áreas selecionadas da área onde existiu o agora extinto tigre-do-cáspio, desaparecido da região há cerca de 40 anos. Verificou-se no encontro que na área em questão ainda subsiste algo como um milhão de quilômetros quadra-
dos com condições ecológicas de manter uma população viável de tigres, e que, segundo estudos genéticos, são mínimas as diferenças entre o extinto tigre-do-cáspio e o tigreda-sibéria, ainda escassamente existente em seus ambientes naturais. Como existem em cativeiro aproximadamente 500 tigres siberianos, além de 15.000 de outros com linhagem mista, eles poderão servir para uma eventual reintrodução, após preparação do habitat e adequada aclimatação dos animais a reintroduzir. Caberão aos países onde existiram tigres-do-cáspio, particularmente o Cazaquistão, as medidas necessárias para identificar as regiões onde poderá ocorrer o repovoamento. Apesar de parecer uma temeridade reintroduzir um animal feroz como o tigre onde eles não mais existem, é preciso lembrar que, como predador no topo da cadeia alimentar, todo o ecossistema é afetado negativamente por sua ausência. A reintrodução poderá reequilibrá-lo, tal como era no passado.
Alguns aspectos do Relatório da FAO de 2011 Em novembro de 2011, a FAO publicou o relatório O Estado dos Recursos de Terra e Água do Mundo para Alimentação e Agricultura (The State of the World’s Land and Water for Food and Agriculture – SOLAW), disponível no endereço eletrônico http:/www.fao.org/nr/solaw/thebook/en/. Dele foram extraídos alguns dados particularmente interessantes. Entre 1961 e 2009, as terras usadas pela agricultura cresceram 12%, mas a produção agrícola aumentou 150% devido a um significativo acréscimo de produtividade; constatou-se, porém, que ela está diminuindo e que em parte isso resultou em degradação dos solos e das águas. Por outro lado, a população humana passou de 3,1 bilhões para 6,8 bilhões no mesmo espaço de tempo, dados que significam ter havido um acréscimo na oferta de alimentos per capita a nível mundial; mas, mesmo assim, tem havido um aumento de seres humanos em situação de fome, crescendo o número de 820 milhões em 1990 para 930 bilhões em 2010, devido a problemas na capacidade de acesso à produção. A FAO considera que a produção agropecuária necessitará crescer até o ano 2050 em 70%, em relação a 2009, para que possa atender a uma população global prevista de pelo menos 9 bilhões nesse ano. Esse enorme aumento, entretanto, esbarra em novos gargalos, dentre eles o aumento do custo de energia e a competição por terras e água. Deverá haver competição também entre as próprias atividades no campo, envolvendo a pecuária e a produção das diferentes culturas, incluindo aquela voltada para os biocombustíveis. Nesse cenário, devem ser incluídas também as mudanças climáticas previstas, que poderão alterar de forma significativa padrões de temperatura, precipitações atmosféricas, volume dos rios e outros fatores com importantes reflexos sobre a produção agrícola. A agricultura já é hoje um dos A Lavoura NO 689/2012 37
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principais atores do aumento do efeito estufa, contribuindo com 13,5% das emissões globais, com previsão de agravamento. Outro aspecto a considerar é a degradação dos solos. O relatório avalia o grau de degradação segundo os seguintes percentuais: 25% - fortemente degradados, 8% - degradação moderada, e 36% - apenas levemente degradados. As atividades agropecuárias já usam 70% da água disponível e a ocorrência de salinização e de poluição vem aumentando. Em alguns dos grandes rios só restam 5% de disponibilidade adicional de água para uso futuro O relatório, na sua versão na internet, ocupa 50 páginas e contém muitos outros dados de interesse. Ele mostra de forma contundente que não será uma tarefa fácil prover as necessidades alimentares da população humana nas próximas décadas.
As emissões de GEE continuam crescendo As esperanças de ser alcançada uma diminuição das emissões dos gases do efeito estufa (GEE) continuam a desvanecer-se. Ao invés de reduzirem-se, em 2010, elas aumentaram 5,8%, atingindo um total recorde de 33 bilhões de toneladas. De acordo análise executada pelo Centro Conjunto de Pesquisas da União Europeia e pela Agência Holandesa de Avaliação Ambiental, esse fato desconcertante é consequência de o crescimento contínuo ocorrido nos países em desenvolvimento ter sobrepujado os resultados positivos alcançados pelos esforços para utilização mais eficiente da energia e a ampliação do uso de fontes de energia alternativa. Em grande parte, o acréscimo de emissões se deveu aos acréscimos na China e na Índia, respectivamente no montante de 10% e 9%. Os EUA também contribuíram para o aumento, com um crescimento de 3%. Fonte: Nature, 29-09-2011
Um fertilizante problemático Todo agricultor sabe que o fósforo é um dos fertilizantes essenciais, mas nem todos têm conhecimento de que, diferentemente do nitrogênio e do potássio, que podem ser obtidos com relativa facilidade, as reservas conhecidas daquele elemento são limitadas. É possível extrair o nitrogênio do ar em qualquer quantidade e ele é reciclável, mas o fósforo usado na agricultura se perde continuamente e para sempre, em sua maior parte, e ignora-se até quando a mineração desse elemento será viável a preços aceitáveis. Em 2009, um trabalho de pesquisadores da Universidade de Sydney, Austrália, tendo em vista os levantamentos então existentes, previu que a partir de 2030 a disponibilidade de fósforo no mundo seria decrescente. Essa preocupação não é nova, pois já em 1938 o presidente
Roosevelt, dos EUA, propunha “uma política nacional para a produção e conservação dos fosfatos, para o benefício desta e das futuras gerações”. Desde a estimativa feita em 2009, as estimativas do volume das jazidas acessíveis de fósforo cresceram, mas elas continuam fortemente centradas em Marrocos, com quantidades muito menores em diferentes países, especialmente China e Argélia. Apenas três países concentram 85% das reservas globais, e os agricultores do mundo correm o risco de tornarem-se fortemente dependentes de poucas fontes de suprimento, a maior parte situada em países de possível instabilidade política. Um estudo já comentado nesse informativo (A Lavoura, outubro de 2010) concluiu que a interferência no ciclo de fósforo é um dos processos nos quais a humanidade se encontra próxima de alcançar os limites aceitáveis, tendo em vista não apenas a relativa escassez do produto na natureza, mas também ao fato de que, apesar de crescentemente escasso, imensas quantidades de fósforo serem introduzidas nos ambientes marinhos através dos rios, em consequência do uso agrícola, e neles se perderem para sempre. E um dos efeitos desse fato negativo é a crescente ampliação das áreas do mar carentes de vida, por efeito do fenômeno de eutroficação. Assim, chega-se ao paradoxo de um nutriente essencial e insubstituível, potencialmente cada vez mais escasso, ser descartado e provocar malefícios ecológicos nos ambientes naturais. Fonte: Nature, 06-10-2011
SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond
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FLORICULTURA
FLORES BEM HIDRATADAS
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omo saber se uma planta está ou não necessitando de água? Há vários métodos para esta análise, mas um equipamento desenvolvido pela Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), chamado de Wiltmeter, tem apresentado vantagens em relação às ferramentas usadas tradicionalmente. Um estudo realizado pela estudante Poliana Cristina Spricigo mostrou que o aparelho é mais eficiente e sensível para mensurar o conteúdo de água e a qualidade de folhas de crisântemos no processo pós-colheita, comparado ao método que mensura a turgescência, ou seja, a firmeza, de folhagens pelo teor relativo de água. A turgescência das folhas é fator primordial de qualidade e está relacionado ao conteúdo de água e prejudicado por sua perda. Essa medida, assim como a pressão sanguínea nas pessoas, indica o grau de saúde das plantas e seu comportamento frente às variá-
Aparelho é usado para avaliar quantidade de água em flores veis de clima, solo, temperatura, umidade de ar e disponibilidade de água. Pelo teor relativo de água há necessidade de infraestrutura adequada, necessidade de estufa e a avaliação pode durar até mais de um dia para apresentação de resultados, sendo ainda preciso a destruição da amostra. Já o Wiltmeter permite obter estimativas da quantidade de água de tecidos vegetais através da pressão de turgescência de forma rápida e sem destruição da amostra, com a vantagem de ser portátil. Estudo O estudo de Poliana faz parte de sua dissertação de mestrado, apresen-
tado na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, para obtenção do título de mestre. A estudante foi orientada pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação Marcos David Ferreira, que é também professor da Feagri. De acordo com a aluna, a qualidade da água utilizada na conservação de flores de corte é fator fundamental para a boa hidratação das hastes, tanto é que a presença de contaminantes, como fungos ou bactérias, ou alto teor de sais, especialmente o cloro, reduz a vida pós-colheita do caule. Além destes componentes, traços de flúor também causam danos e reduzem a vida pós-colheita de gladíolos, gérberas e crisântemos. Segundo ela, a diminuição do conteúdo de água nos tecidos vegetais é a principal causa de deterioração, que resultam em perdas quantitativas e prejudicam a aparência com o aparecimento de murchamento. O pesquisador Marcos David Ferreira explica que a qualidade das hastes é uma exigência do consumidor e um
TERRA
VIVA
Crisântemos: uma das flores de corte mais produzidas e comercializadas pelas diversas formas e cores
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EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO
FLORICULTURA
Wiltmeter O Wiltmeter foi desenvolvido pelo pesquisador Adonai Gimenez Calbo, em 2009, e já foi transferido a Marconi Equipamentos e Calibração para Laboratórios, de Piracicaba (SP), em 2010, tendo inclusive patente internacional. Os testes realizados com o equipamento até então incluíam folhagens de hortaliças; esta é a primeira vez que o equipamento é aplicado na avaliação com flores. O Wiltmeter é um instrumento para fazer medidas objetivas após a colheita no campo e durante o armazenamento, é simples, portátil e de fácil uso. Estudos indicaram que o instrumento é adequado para avaliação objetiva e rápida da qualidade de folhosas, o que é um progresso em relação aos métodos táteis subjetivos atualmente utilizados em todo o mundo. De acordo com o pesquisador Adonai Gimenes Calbo o equipamento gera resultados tão próximos aos obtidos com a sonda de pressão que
o qualifica como um instrumento sucedâneo e mais prático que pode ser utilizado em estudos de pós-colheita e de ecofisiologia vegetal, nos quais a aplicação direta da sonda de pressão seria impossível ou ao menos demasiadamente trabalhosa. Segundo o pesquisador, avaliação realizada anteriormente para medir o índice de hidratação em folhas de couve usando outros métodos demonstrou ser mais demorada e ainda com necessidade de tratamento prévio da folha. Pelo método tradicional, a avaliação pode levar até 48 horas. “Com o Wiltmeter, a avaliação pode ser realizada em dois ou três minutos”, explica. Mercado O crisântemo foi selecionado por estar entre as flores de corte mais produzidas e comercializadas, adaptandose a diversos tipos de climas, atraindo os consumidores pelas formas e cores, além de possibilitar o planejamento de sua produção pelo controle de quantidade de horas de luz oferecida. De acordo com estudos de especialistas, o comércio internacional na área de produtos ornamentais gira em torno de 9 bilhões de dólares, provenientes da Holanda, Dinamarca, BélSAF
desafio para o produtor. Assim a utilização de medições instrumentais objetivas da hidratação pode auxiliar no processo de comercialização, uma vez que possibilita a determinação de parâmetros de mensuração da qualidade.
EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO
Várias flores, entre elas o crisântemo, agora são avaliadas pelo equipamento Wiltmeter (detalhe)
gica e ainda alguns do continente americano e asiático. Flores e botões frescos representam, em média, 49,5%; plantas ornamentais, mudas e bulbos, 42,3% e as folhagens, folhas e ramos cortados frescos, 8,2%. No Brasil, a floricultura começou a se desenvolver na década de 50, consolidando-se em 1970 e se concentrando nas regiões de Atibaia e Holambra. A organização do comércio atacado de flores e folhagens é feita 90% no estado de São Paulo, sendo repartida entre a Cooperativa Veiling Holambra, que é líder absoluta em comercialização, seguida da CEAGESP (São Paulo) e pelo Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da Ceasa Campinas-SP. A floricultura brasileira movimenta, anualmente, no seu mercado interno, um valor global de US$ 1,3 bilhão, de acordo com a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais e responde, segundo o IBGE, pela geração de 3,7 empregos diretos/ha. JOANA SILVA - EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO
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FLORICULTURA
VANDA GORETE/EMBRAPA RONDÔNIA
Pesquisa visa ao aumento da produção de flores tropicais A produção de flores tropicais em Rondônia, apesar de ser uma atividade recente, vem se destacando como oportunidade de negócios. O interesse pelas flores é acentuado devido às cores e aos formatos exuberantes, e pelo custo de produção que é 50% menor se comparado ao das flores de clima temperado. Também se destacam por apresentarem maior durabilidade pós-colheita, variando entre oito e 12 dias, dependen-
GOLDEN TORCH
Estudos da Embrapa Rondônia avaliam o desempenho produtivo e vegetativo de cinco cultivares de helicônia...
do do manejo, do ponto de colheita e tratamento pós-colheita. Das 200 espécies de flores mais cultivadas no Brasil, 166 são consideradas tropicais. Desempenho produtivo Estudos da Embrapa Rondônia avaliam o desempenho produtivo e vegetativo de cinco cultivares de helicônia - Red Opal, Golden Torch, Golden Torch Adrian, Alan Carle e Sassy – para as condições de clima e solo de Porto Velho. “Também estamos testando e validando tecnologias, principalmente de multiplicação de mudas com biotecnologia e práticas de manejo, como espaçamento, adubação, controle de pragas e doenças”, diz a pesquisadora Vanda Gorete Rodrigues. Demanda Ela explica que a pesquisa atende à demanda dos produtores de Porto Velho, integrantes da Associação de Produtores de Flores
Tropicais de Rondônia (Afloron), que comercializam as flores no mercado local, além do Acre e de Santa Catarina. De acordo com a pesquisadora, a finalidade dos estudos para aprimorar as técnicas de manejo, colheita e pós-colheita é obter resultados que garantam segurança aos produtores para investirem na atividade. “Essa expansão visa alcançar o mercado externo considerando que Porto Velho conta com a facilidade de acesso à Rodovia Interoceânica, de saída para o Pacífico, o que facilitaria as exportações”, destaca. Helicônia As flores do gênero helicônia são as mais importantes entre os gêneros cultivados em Porto Velho. São plantas de origem neotropical, com centro de origem na região Noroeste da América do Sul. Existem aproximadamente 180 espécies de helicônia descritas, sendo 50 cultivadas comercialmente no Brasil.
... cultivados para fins comerciais
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Humane Society of the United States (HSUS) e a associação de produtores de ovos dos EUA (United Egg Producers - UEP) anunciaram um acordo para tentar aprovar uma abrangente legislação federal que vai afetar todas as 280 milhões de galinhas poedeiras dos Estados Unidos. A legislação proposta, se sancionada, trará as seguintes mudanças:
•
As gaiolas convencionais (utilizadas por mais de 90% da indústria de ovos no país) terão de ser substituídas, ao longo de um amplo período de transição, por sistemas enriquecidos de alojamento que proveriam para cada ave quase o dobro de espaço do que o que lhes é dado hoje. Os produtores de ovos investirão 4 bilhões de dólares ao longo dos próximos 15 anos para levar a cabo esta adequação de toda a indústria;
GUILHERME CARVALHO/HSI
AVICULTURA
ACORDO IN ÉD prevê melho ria Regulamentação proposta por duas entidades americanas seria a primeira de alcance nacional a dispor sobre o tratamento de aves de postura
•
no novo sistema enriquecido de alojamento, será exigido que todas as galinhas poedeiras contem com estruturas que permitam a expressão de comportamentos naturais, como poleiros, caixasninho e áreas para ciscagem;
•
as embalagens de ovos terão de informar aos consumidores sobre o método usado para produzir os ovos - por exemplo, “ovos produzidos em gaiolas”, “ovos produzidos em gaiolas enriquecidas”, “ovos produzidos fora de gaiolas” e “ovos caipiras”;
•
será proibida a privação de alimentos ou de água visando a “muda forçada” (usada a fim de estender o ciclo de postura), prática já proibida no programa “United Egg Producers Certified” que tem a adesão da maioria dos produtores de ovos do país;
•
normas para a eutanásia de galinhas poedeiras terão de ser criadas e aprovadas pela Associação Americana de Médicos Veterinários (AVMA, em inglês);
•
níveis excessivos de amônia serão proibidos nos galpões; e
• será proibida em todo o país a venda de ovos
nacionais ou importados que não atendam aos novos requisitos.
Produção de ovos bem planejada e que preconiza padrões de bem-estar preocupações com o bem-estar animal
Espaço mínimo Os dois grupos farão uma solicitação conjunta ao Congresso para que seja aprovada uma legislação federal que exija que os produtores aumentem o espaço dado a cada ave gradativamente ao longo dos próximos 15 a 18 anos. Atualmente, a maioria das galinhas vive num espaço de 432 cm2 e cerca de 50 milhões delas vivem em apenas 310 cm2.
A transição proposta culminaria com a provisão de um espaço mínimo de 800 a 929 cm2 por ave, além das outras melhorias mencionadas. “Os produtores americanos de ovos têm trabalhado continuamente para melhorar o bem-estar animal, e nós acreditamos plenamente que o nosso comprometimento com uma norma nacional para o
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animal (cr
IN ÉDITO nos EUA ho rias na AVICULTURA
bem-estar
AVICULTURA
animal (criação sem gaiolas). O movimento em prol da produção de ovos sem o uso de gaiolas vem crescendo em todo o mundo, motivado por
bem-estar das galinhas está no melhor interesse dos nossos animais, clientes e consumidores”, disse Bob Krouse, presidente da UEP e produtor de ovos do estado de Indiana. Ele ressaltou ainda que “estamos comprometidos a trabalhar pelo bem das aves sob nosso cuidado e acreditamos que uma norma nacional é muito melhor do que um mosaico de estados com leis e normativas diferentes, o que se-
ria complicado para os nossos clientes e confuso para os consumidores”.
Melhoria histórica “A promulgação desse projeto de lei seria uma melhoria histórica para centenas de milhões de animais por ano”, afirmou Wayne Pacelle, presidente e CEO da HSUS. “Nosso A Lavoura NO 689/2012 43
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AVICULTURA
COMPASSION OVER KILLING (COK)
X Sistemas de confinamento intensivo e usualmente utilizados pela indústria
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maior desejo é sempre encontrar pontos de convergência e encontrar soluções, mesmo com os nossos tradicionais adversários. Estamos entusiasmados com este novo e melhor caminho adiante, e esperamos que o Congresso aproveite a oportunidade para abraçar este tipo de colaboração e compreensão mútua. Estendemos nossos agradecimentos aos produtores da indústria por terem concordado em fazer os in-
vestimentos necessários para melhorar as condições de alojamento e de bem-estar dos animais de uma maneira significante”. Se aprovada pelo Congresso, a lei vai prevalecer sob leis estaduais, inclusive as que foram aprovadas com o apoio da HSUS no Arizona, na Califórnia, em Michigan e em Ohio. Em reconhecimento aos padrões previstos no referendo “Proposition 2”, transformado em lei pelos eleitores da Califórnia em 2008, a UEP e a HSUS pedirão ao Congresso que exija que os produtores de ovos do estado da Califórnia - com suas cerca de 20 milhões de galinhas poedeiras - eliminem as gaiolas convencionas até 2015 (a data em que entra em vigor a “Proposition 2”), e que garantam a todas as galinhas o mesmo espaço mínimo e enriquecimento ambiental previstos para o restante da indústria de ovos nos próximos 15 a 18 anos. Esses requisitos vão também aplicar-se à venda de todos os Galinhas tomando “banho de areia”, um comportamento importante para o bem-estar da ave e para a regulação de níveis lipídicos na plumagem
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X Sistema alternativo, sem gaiolas, de galinhas poedeiras criadas “a piso” em galpão, preconizando padrões mínimos de bem-estar animal, na granja da Korin, no interior de SP
ovos e produtos feitos com ovos na Califórnia, segundo a legislação federal proposta.
Produção de ovos
Proteção animal A Humane Society of the United States (HSUS) é a maior organização de proteção animal dos Estados Unidos - apoiada por 12 milhões de americanos, ou um em cada 28. Por mais de meio século, a HSUS tem lutado pela proteção de todos os ani-
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Esse acordo para aprovar uma legislação federal abrangente que estabeleça normas para a produção de ovos faz com que sejam suspensos os referendos relacionados a galinhas poedeiras que a HSUS planejava para os estados de Washington e Oregon.
mais através de orientação de políticas, educação e programas de assistência. Na web: http://humanesociety.org A United Egg Producers (UEP) é uma associação de produtores de ovos dos Estados Unidos, representando a propriedade de aproximadamente 80% das galinhas poedeiras da nação. Os sócios da UEP produzem ovos utilizando vários sistemas diferentes, incluindo a produção moderna de gaiolas, a produção sem o uso de gaiolas, caipira, orgânica e outros ovos especiais. Para mais informações sobre a UEP, visite http://unitedegg.org.
Galinha forrageando. Numa granja de produção de ovos bem planejada e que preconiza padrões de bem-estar animal (criação sem gaiolas), esses comportamentos podem ser expressados
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TAURINA É ESSENCIAL
ATITUDE PRESS
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
para a saúde dos gatos Aminoácido auxilia no funcionamento do músculo do coração, na visão e na reprodução dos pets
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iferentemente dos outros animais, os gatos não conseguem sintetizar a taurina, um aminoácido resultante da metionina e cisteína, juntamente com a vitamina B6. A taurina atua na formação dos sais biliares e da retina, bem como no funcionamento desta última. Deste modo, sua deficiência pode causar degeneração da retina e até cegueira. Encontrada naturalmente nas proteínas animais, os alimentos industrializados para gatos devem conter taurina como ingrediente, devido à sua importância. Muitos desses produtos contêm proteínas animais de alta qualidade provenientes, por exemplo, de frango e ovelha. “São carnes nobres, que oferecem boa digestibilidade e muitos nutrientes”, afirmou o médico veterinário Manoel Valim. Além da suplementação de taurina, a formulação
destes produtos visa promover saúde, longevidade e qualidade de vida ao gato. Ao contrário de outros aminoácidos, a taurina é encontrada livre nos tecidos do corpo, como o coração e os olhos, e não é incorporada nas proteínas. “A maioria dos mamíferos – inclusive os humanos – produz a taurina. No entanto, os gatos não podem produzi-la em quantidade suficiente. Para satisfazer esse requisito, os gatos são carnívoros, pois a taurina é encontrada exclusivamente em proteínas animais”, explicou Valim. Daí nota-se a importância de uma dieta equilibrada, com alimentos enriquecidos com taurina para fornecer níveis ótimos ao animal.
Problemas de saúde Com dietas pobres ou sem taurina, os gatos apresentam graves problemas de
A deficiência de taurina pode causar até mesmo a cegueira em felinos
LINHA CAT SOCIETY para todas as raças PET
SOCIETY
A Cat Society é a nova e exclusiva linha de produtos desenvolvida especialmente para gatos de todas as raças da Pet Society. No lançamento da linha, nos meses de março e abril, o cliente que comprar um shampoo mais um condicionador vai ganhar um brinde exclusivo. São diversos brindes para garantir a diversão do gato que estão disponíveis em todo o Brasil. Os produtos possuem fórmula suave, específica para as necessidades dos gatos, proporcionando limpeza, hidratação, brilho e maciez à pele e pelagem. A formulação dos produtos possui ativos especiais que permitem uma secagem rápida da pelagem e fácil
A linha de shampoo e condicionador é especial para gatos
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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Gestação e lactação Gatas em gestação e lactação, assim como os filhotes, também precisam de um suprimento satisfatório de taurina para garantir o desenvolvimento estrutural correto. Por isso, já existem no mercado produtos que podem substituir o leite materno em pó para recém-nascido, enriquecido com taurina e vitaminas A e D, além de outras vitaminas e sais minerais essenciais para o bom desenvolvimento dos filhotes.
enxágue, diminuindo o estresse do animal durante o banho. A linha Cat Society possui três opções de shampoo e um condicionador:
Shampoo Neutro Contém ingredientes suaves que limpam a pele e pelagem, deixando-a macia e brilhante.
Shampoo Pelagem Oleosa Contém proteína de soja que auxilia na redistribuição da oleosidade da pelagem.
FERIDAS NA PELE podem representar SÉRIOS RISCOS para a SAÚDE dos pets SCENE3DWORLD.COM
saúde em alguns meses. “Como a taurina é essencial para o desenvolvimento e funcionamento corretos das células da retina, sua insuficiência causa uma degeneração retiniana central em felinos, ou seja, as células da retina não funcionarão adequadamente e poderão morrer, causando visão debilitada e até cegueira”, afirmou Valim. Outro problema comum em gatos com dietas pobres em taurina são as doenças do coração. “A deficiência deste nutriente causa enfraquecimento das células do músculo do coração, podendo causar parada cardíaca, que chamamos de cardiomiopatia dilatada. Ela pode ser fatal”, advertiu o médico veterinário.
Brincar e brigar com outros animais, cavar a terra, mexer em plantas com espinhos e objetos cortantes, entre tantas outras ações, fazem parte da natureza de muitos cães e gatos. Por isso, muitas vezes é inevitável que alguns acidentes aconteçam e provoquem ferimentos e lesões nos animais. É preciso, no entanto, tomar certos cuidados com essas feridas. A pele é o maior órgão do corpo de cães e gatos. Ela exerce algumas funções vitais para o animal, como impedir a perda corpórea de Brincar faz parte água, eletrólitos e macromoléculas, além da proteção mecânica contra a entrada de microorganismos patogênicos e a regulação térmica. Contudo, quando há o rompimento da integridade da pele por algum tipo de acidente, como mordeduras de animais, cortes produzidos por objetos, feridas cirúrgicas, queimaduras, os animais passam a ficar suscetíveis a infecções. Naturalmente, o local afetado pelo ferimento passará pelo processo de cicatrização, que promove uma reorganização do tecido. Porém, quando o ferimento é extenso ou encontra-se contaminado por bactérias e microorganismos, esta regeneração torna-se difícil e lenta. Um dos produtos que pode ser usado para acelerar o processo de cicatrização é o Vetaglós, uma poderosa pomada cicatrizante efetiva no tratamento de
Shampoo Pelagem Clara
Condicionador Brilho e Desembaraço Possui óleo de semente de uva que proporciona hidratação, maciez, brilho e desembaraço à pelagem.
VETNIL
Contém ativos que limpam e realçam a coloração da pelagem.
Vetaglós: para todos os animais domésticos
da natureza de cães e gatos
feridas, uma vez que associa princípios antimicrobianos e componentes cicatrizantes. “Para tratar corretamente um ferimento, deve-se, primeiro, limpá-lo bem com solução fisiológica, removendo todas as sujeiras, restos de tecidos mortos e secreções presentes no local. Depois, é indicado o uso de pomada, para evitar ou eliminar infecção do local e otimizar o processo de cicatrização”, explica o médico veterinário Márcio Antônio Barboza, gerente da Vetnil. Segundo Barboza, em alguns casos, os curativos também são indicados, pois, além de manterem a ação do medicamento, evitam novas infecções, o contato com moscas (que podem trazer outras doenças) e também impedem que o animal mexa no ferimento, mantendo assim o processo de cicatrização da pele. Barboza alerta que é importante que toda ferida seja diagnosticada por um médico veterinário, que escolherá o tratamento adequado. Vetaglós é indicado para todas as espécies de animais domésticos nos casos de feridas traumáticas e cirúrgicas, dermatites, queimaduras, úlceras e outros, e pode ser encontrado em bisnagas de 50g. www.vetnil.com.br A Lavoura NO 689/2012 47
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CITRICULTURA
EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
Cultivar Meyer: NOVA OPÇÃO PA LUIZ CARLOS MACHADO
Os frutos do limão Meyer apresentam excelente qualidade, competindo com os limões verdadeiros e as limas ácidas em seus vários usos
ROBERTO PEDROSO
DE
OLIVEIRA
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Seus ramos têm poucos espinhos e a floração é intermitente, mas concentrada na primavera
WALKYRIA BUENO SCIVITTARO
PESQUISADORES DA EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
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limão é uma das principais frutas da dieta dos brasileiros, sendo utilizado na preparação de sucos, saladas, licores, refrigerantes, aperitivos, sorvetes e doces. Possui reconhecido valor nutricional, principalmente pelo teor alto de vitaminas C e do complexo B, sendo também utilizado em vários tratamentos fitoterápicos. No Brasil são produzidas por volta de um milhão de toneladas de limões por ano, incluindo-se os limões verdadeiros (grupo Siciliano) e as limas ácidas (Tahiti e Galego). No total, é cultivada uma área próxima a 41 mil hectares, sendo 6% a 7% da produção destinada à exportação e o restante ao mercado interno. Mesmo assim, existe mercado e potencial edafo-climático e tecnológico para aumentar a produção, sendo importante a pesquisa de novas opções varietais para ampliação da diversidade genética dos pomares e de sabores aos consumidores. Dessa forma, a importância da in-
trodução da cultivar Meyer nos sistemas de produção de limões do país. O limoeiro Meyer (Citrus meyeri Y. Tan.) é um híbrido exótico natural entre limoeiro verdadeiro e laranjeira doce, tendo sido encontrado por Frank Nicholas Meyer, funcionário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na China, em 1908. Décadas depois foram realizadas várias pesquisas nos Estados Unidos, onde vem sendo cultivado em larga escala, assim como na África do Sul, Nova Zelândia, Austrália, Uruguai e Argentina. Na última década, a cultivar passou a ser estudada por pesquisadores da Embrapa Clima Temperado.
Potencial produtivo e mercado Os frutos do limão Meyer apresentam excelente qualidade, competindo com os limões verdadeiros e as limas áci-
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CITRICULTURA
ÃO PARA O MERCADO DE LIMÕES das em seus vários usos. Pelo formato semelhante ao das laranjas, sabor de limão e casca brilhante de coloração amarelo-alaranjada, a fruta chama a atenção dos consumidores nas gôndolas dos supermercados. Pela menor acidez dos frutos, é recomendado a pessoas com problemas estomacais. A produção da cultivar Meyer ocorre durante todo o ano, porém se concentra nos meses de abril a julho, podendo ser antecipada ou retardada em função das temperaturas médias da região. A cultivar é muito produtiva, podendo atingir 40 toneladas por hectare ao ano, após o sexto ano de cultivo.
Características das plantas e dos frutos As plantas da cultivar Meyer apresentam vigor médio, tendo porte pequeno quando comparadas às dos limoeiros verdadeiros. Também se adaptam ao cultivo em recipientes, vasos de 20 a 150 L, podendo ser utilizadas como plantas ornamentais produtoras de frutos. Os ramos raramente têm espinhos, facilitando os tratos culturais e a colheita. A floração é intermitente, porém se concentra na primavera. As flores são completas, com pétalas brancas com áreas de coloração arroxeada. Os grãos de pólen e os sacos embrionários são viáveis. Os frutos apresentam tamanho médio, de aproximadamente 135 g. O formato dos frutos é ligeiramente elíptico, com base arredondada e mamilo pouco saliente na região estilar. A casca dos frutos é fina, com espessura média de 4,5 mm, tendo coloração amarelo-alaranjada brilhante quando os frutos estão maduros. A polpa também é amarelo-alaranjada, tendo boa quantidade de suco (43%). O suco é menos ácido, menos amargo e com maior teor de açúcares totais que os dos limões verdadeiros. Em média, os frutos têm 10 gomos e quantidade moderada de sementes (5 a 10 por fruto). O aroma e o sabor são distintos em relação aos limões verdadeiros e limas ácidas, sendo bastante apreciados.
dem ser utilizados os limoeiros ‘Cravo’ e ‘Rugoso’ como porta-enxertos. Já o Trifoliata proporciona plantas pouco vigorosas. Somente devem ser utilizados porta-enxertos tolerantes à tristeza dos citros. No plantio indica-se o espaçamento de 5 m x 2,5 m, quando se utilizam híbridos de Trifoliata como porta-enxerto, e de 6 m x 3 m quando se utilizam limoeiros. Em solos muito argilosos, podem ser utilizados espaçamentos menores. A cultivar é suscetível à tristeza, à podridão floral dos citros e ao cancro cítrico. Em função da tristeza, os afídeos devem ser rigorosamente controlados no pomar. Quanto ao cancro cítrico, recomenda-se o uso de mudas de alta qualidade isentas da bactéria causadora da doença, quebra-ventos entre os talhões e desinfestação do material de colheita. Por serem macios e suculentos, os frutos são sensíveis ao transporte e ao armazenamento, devendo-se tomar os devidos cuidados para não serem danificados. A Embrapa Clima Temperado possui plantas matrizes e borbulheiras dessa cultivar, devendo iniciar o fornecimento de borbulhas aos viveiristas assim que seja finalizado o processo de cadastro da cultivar no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Como cultivar EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
As plantas devem ser cultivadas em solos bem drenados e em áreas iluminadas. São muito tolerantes ao frio e mais tolerantes ao calor que os limoeiros verdadeiros e limeiras ácidas. O citrumeleiro ‘Swingle‘ e os citrangeiros ‘Troyer’ e ‘Carrizo’ são os porta-enxertos recomendados para a produção de frutos de alta qualidade. Também po-
A cultivar é muito produtiva podendo atingir 40 toneladas/ha/ano
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CITRICULTURA
Daninhas, INIMIGAS DA CITRICULTURA? N
os últimos anos a citricultura paulista sofreu intensa migração das regiões produtoras (regiões Norte e Noroeste do Estado de São Paulo) para novas áreas ao sudoeste do estado. Esse deslocamento foi motivado não só pelas condições climáticas favoráveis, que dispensam a irrigação, como também pelo baixo valor das terras e menor incidência de doenças que interferem na citricultura. Entretanto, as chuvas periódicas, associadas à alta umidade relativa do ar que se estende durante a florada da cultura na região Sudoeste, favorecem a ocorrência da podridão floral dos citros (PFC). “Causada pelo fungo Colletotrichum acutatum, a PFC tem como sintoma típico lesões de coloração alaranjada nas pétalas das flores. Quando não controlada, pode ocasionar queda de até 100% de frutos jovens, tornando seu controle obrigatório nos locais em que ocorre com frequência”, revela o biólogo Guilherme Fernando Frare, aluno do programa de pós-graduação em Fitopatologia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). Frare explica que o controle tem sido feito com pulverizações preventivas de fungicidas no momento da florada e que, para melhorar o manejo da doença e reduzir os custos de pulverização, é fundamental o conhecimento da epidemiologia da podridão floral, com caracterização clara do patossistema na região sudoeste paulista. “No entanto, há pouquíssima informação disponível sobre a doença e, em sua maioria, produzida na América Central e na Flórida, EUA. São desconhe-
cidos, por exemplo, o tempo e a forma de sobrevivência do inóculo entre as floradas”. Orientado pela professora Dra. Lilian Amorim, do Departamento de Fitopatologia e Nematologia (LFN), o biólogo levantou a hipótese de que as plantas daninhas possam atuar como hospedeiras alternativas do patógeno, servindo assim como fontes de inóculo primário, ou seja, responsável pela chegada da doença no pomar.
Daninhas semeadas
O projeto teve apoio da Fundação de Flores de citros com sintoma de podridão floral após dois meses da inoculação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo planta daninha nos quais foram depo(Fapesp) e, com foco em daninhas cositados 70 µL da suspensão de conídios mumente encontradas em pomares de de C. acutatum, proveniente de plancitros no estado de São Paulo, o pestas de citros com sintoma de PFC. quisador plantou sementes de capimApós a inoculação, as plantas foram amargoso, picão-preto, capim marmemantidas em câmara úmida por 36 holada, trapoeraba, capim carrapicho, ras para permitir a germinação. Ao térbraquiária e capim colonião em vasos mino da câmara úmida amostras de tode cinco litros, contendo uma mistura das as plantas foram coletadas e obserde terra argilosa, matéria orgânica e vadas em microscopia óptica para se areia. Trinta dias após a germinação confirmar a germinação dos conídios. Na das sementes, as plantas foram transsequência, as plantas foram transferidas plantadas individualmente para vasos para casa de vegetação, onde foram de cinco litros e mantidas a céu abermantidas até a sua senescência. to até o momento da inoculação. Em seguiSobrevivência da, foram feitos de No Laboratório de Epidemiologia, a quatro a seis círculos sobrevivência do patógeno nas folhas de aproximadamente das plantas daninhas foi avaliada menum centímetro de disalmente. Também foi realizado teste âmetro em 24 folhas de patogenicidade, para saber se o funde cada espécie de go além de sobreviver nas plantas daninhas, também pode causar sintomas de PFC quando inoculado em flores. “Observou-se a germinação de conídios Plantas daninhas e formação de apressórios de C. selecionadas para os testes de inoculação
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CITRICULTURA
Limão é o destaque das vendas para o exterior
GUILHERME FERNANDO FRARE
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s meses da inoculação
acutatum na superfície de todas as folhas inoculadas, após 36 horas de câmara úmida. Além disso, o fungo sobreviveu por dois meses em todas as plantas daninhas avaliadas e por até três meses nas plantas de trapoeraba, braquiária e capim colonião. Todos os isolados obtidos, independentemente da espécie de planta daninha e do tempo da inoculação, apresentaram sintomas típicos de PFC em todas as flores de citros inoculadas”, relata o autor do trabalho. Uma das hipóteses que justifica a ocorrência generalizada da podridão floral em um pomar seria a presença de inóculo viável, seja em plantas de laranja assintomáticas ou em plantas daninhas. “Os resultados obtidos demonstram que plantas daninhas, comumente encontradas em pomares de citros no estado de São Paulo, podem servir como hospedeiras alternativas de Colletotrichum acutatum, resultando em fonte de inóculo primário para a cultura dos citros”, conclui. CAIO RODRIGO ALBUQUERQUE – ESALQ/USP
s exportações mineiras de frutas frescas e secas somaram US$ 6,2 milhões em 2011. O valor é o maior já registrado por Minas Gerais, com crescimento de 76,3% em relação ao ano anterior. As informações são da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) com base nos dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior (MDIC). O volume de frutas embarcado também registrou crescimento expressivo. Foram exportadas 5,1 mil toneladas, um aumento de 71,2% na comparação com os embarques de 2010. O limão se destacou entre as frutas comercializadas. Segundo Márcia Aparecida de Paiva Silva, assessora técnica da Seapa, a comercialização de limão movimentou US$ 4,2 milhões e representou 68,6% da receita de exportação de frutas por Minas Gerais em 2011. Em relação a 2010, o valor das exportações de limão aumentou 507,3% e atingiu o maior montante histórico. O volume encaminhado ao exterior chegou a 3,7 mil toneladas, expansão de 510% em relação a 2010 e também foi recorde. Minas Gerais é o terceiro maior exportador de limão do Brasil. Em 2011, as vendas externas mineiras da fruta corresponderam a 6,4% do valor exportado nacional, parcela superior à registrada no ano anterior (1,4%).
Mercados “O principal destino das exportações mineiras de limão foi o mercado europeu, que incrementou as compras e contribuiu para o bom desempenho do comércio internacional da fruta”, explica Márcia Paiva. A Holanda, líder no ranking dos compradores, aumentou as importações em 594,3%, atingindo a cifra de US$ 3,5 milhões. Em seguida, estão Reino Unido, Dinamarca e Portugal. As importações do Reino Unido aumentaram 963,7% e atingiram US$ 313,1 mil. Dinamarca e Portugal não compraram limão de Minas Gerais em 2010 e, no ano passado, so-
SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS
Exportações mineiras de frutas batem recorde em 2011
O volume de limão exportado cresceu mais de 500%, movimentando US$ 4,2 milhões, quase 70% da receita com as frutas embarcadas por MG
maram importação de US$ 250,6 mil e US$ 204,1 mil, respectivamente. Segundo Márcia Silva, um ponto importante a ser trabalhado é a diversificação de mercados. “Embora os problemas econômicos de países da União Europeia não tenham prejudicado as vendas mineiras, a forte dependência diante dos países consumidores do bloco europeu podem gerar transtornos para exportadores brasileiros e mineiros”, analisa.
Principal região produtora O norte de Minas Gerais é a principal região produtora de limão, e responde por 58,9% da produção estadual. “A região é beneficiada pelo sistema de produção irrigada, aliada às condições de clima e solo favoráveis à cultura da fruta”, explica. Na avaliação da assessora da Seapa, a exportação do limão proveniente do norte de Minas e de outras regiões do estado é impulsionada pela divulgação dos produtos, ampliada por meio da participação dos produtores em feiras temáticas nacionais internacionais. O estabelecimento de parceiras entre produtores também pode beneficiar a comercialização, pois contribuiu para a ampliação da escala de vendas. MÁRCIA FRANÇA – SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS
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Agenda internacional do agronegócio P OR J OSÉ B OTAFOGO G ONÇALVES
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o terminar o ano de 2011, a economia brasileira alcançou a sexta posição mundial em valor de produção, ilustrando inequivocamente o papel crescente que o Brasil vem desempenhando no panorama econômico e político mundial. Por outro lado, a dificuldade que o País vem encontrando em aumentar significativamente sua taxa de crescimento anual - abaixo da média sulamericana - e, sobretudo sua taxa de investimento, aquém de 20% do PIB, indica que cabe aos governantes o cumprimento de uma longa lista de deveres de casa a serem executados para que o País possa vir a combinar um crescimento econômico mais vigoroso com um programa de inclusão social mais sustentável economicamente e menos assistencialista no longo prazo. De onde virão os recursos de que a economia brasileira vai precisar para executar um programa de reformas e de modernização do País? A resposta é muito simples: desde 1500 o agronegócio vem provendo os recursos em moedas fortes capazes de cobrir nossos déficits de energia, matérias-primas, insumos e produtos industriais, sobretudo os de alto conteúdo tecnológico. Não é por acaso que o Brasil talvez seja o único país do mundo que leva o nome de uma commodity, muito apreciado no século 16, no caso, o pau-brasil. De lá para cá, a história de nosso comércio exterior é a história das exportações de açúcar, café, borracha, cacau, algodão, soja e, mais recentemente, carnes bovina, suína e de aves. É importante salientar que o agronegócio brasileiro, durante cinco séculos e a despeito de inúmeras intervenções estatais, sempre foi conduzido com êxito produtivo pelo setor privado e sempre soube atender ao crescente
José Cassiano Gomes dos Reis, José Botafogo Gonçalves e Cesário Ramalho da Silva
consumo de alimentos pela população. Mais uma vez, parece que o Brasil é o único país dentro da faixa tropical que tem podido abastecer de alimentos energéticos e proteicos - uma população em vertiginoso crescimento demográfico e distribuída por um território de dimensões continentais. A importância do agronegócio nos últimos cinco séculos não se limita ao papel, já por si extraordinário, de abastecer mercados externos e interno com os seus produtos. Foram os recursos acumulados pelo agronegócio que permitiram que o sonho da industrialização, acalentado pelas elites governamentais e intelectuais brasileiras, a partir dos anos 40 do século 20 viesse a tornar-se realidade ao longo de todo esse século até chegarmos, hoje, ao segundo decê-
nio do século 21, como a sexta economia do planeta. Curiosamente, a “intelligentzia” brasileira parece envergonhar-se da capacidade competitiva do agronegócio do Brasil. Virou moda falar mal da “primarização” da balança comercial, da “desindustrialização” do aparelho produtivo, sem nenhuma evidência empírica de que isso esteja efetivamente acontecendo. O que está realmente ocorrendo, e é um fato muito preocupante, é uma perda significativa da competitividade do setor industrial brasileiro em escala mundial, em face da concorrência de emergentes mais dinâmicos, especialmente a China. O que fazer, então, em tais circunstâncias? Medidas de curto prazo começam
Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367, 19O andar – Anhangabaú - Centro CEP 01049-000- São Paulo – SP Tel: (11) 3123-0666 – Fax: (11) 3223-1780 — www.srb.org.br Jornalista Responsável: Renato Ponzio
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a ser aplicadas pelo governo, tanto no campo legítimo dos instrumentos de defesa comercial, como no campo menos legítimo - ou menos eficaz - de medidas protecionistas mal disfarçadas, como o aumento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos autos importados ou o aumento de 100 para 200 dos produtos da lista de exceção do Mercosul. O pânico é compreensível, como no caso das confecções têxteis. Em caso de incêndio, chamem-se os bombeiros, mas cuidado para que os prejuízos causados pelo rescaldo não sejam maiores do que aqueles que pudessem ser causados pelo incêndio. A médio e longo prazos, a solução do problema da falta de competitividade industrial passa pela velha e sempre atual meta de redução do chamado custo Brasil. Investimentos em infraestrutura, reformas tributária, trabalhista e da previdência pública, melhor gestão da coisa pública e melhoria da qualidade dos
gastos públicos são medidas - todas elas - urgentes e necessárias, mas tomam tempo, pois, por definição, são de médio e longo tempo de execução e maturação. Nesse entretempo, quem vai arredondar a equação? Como sempre, o agronegócio. O reconhecimento de que o agronegócio, nos próximos anos, continuará sendo o principal provedor de recursos externos para financiar o desenvolvimento brasileiro exige, contudo, que se faça um exercício de caráter estratégico com o objetivo de definir qual a melhor política agrícola que busque o equilíbrio entre aumento de produção e sustentabilidade, entre mercado interno e mercado externo, entre expansão de área plantada e aumento de produtividade, entre produção de alimentos ou biocombustíveis, entre pesca natural e aquicultura, entre autarquia ou integração regional de cadeias agroindustriais. No campo do comércio in-
ternacional, a articulação entre governo e sociedade se deu quase que exclusivamente no contexto das agendas negociadoras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e, de modo especial, durante as tentativas de concretização da Rodada Doha. É chegado o momento de incluir na agenda negociadora do comércio agrícola internacional o desafio criado pelos novos mercados consumidores asiáticos, em particular China, Índia e Indonésia, e definir novo grupo negociador, liderado pelo Brasil, que inclua os sócios do Mercosul e os vizinhos da costa do Pacífico, como Colômbia e Peru. O tema central dessa nova negociação deverá ser o seguinte: com quem ficará a maior parte do valor agregado aos produtos agrícolas processados? Ficará nas mãos do exportador ou na mão dos importadores? Eis aí uma bela tarefa para ser executada ao longo de 2012. (O Estado de S. Paulo)
Suco de laranja: “Brasil não pode abrir mão do mercado norte-americano” Para o diretor de Citricultura da Sociedade Rural Brasileira, Gastão Crocco, mesmo com o aumento dos custos, o citricultor deve abandonar o uso do fungicida carbendazim para que os embarques de suco voltem à normalidade
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diretor do Departamento de Citricultura da Sociedade Rural Brasileira, Gastão Crocco, avalia que o setor produtivo brasileiro tem condições de mudar o tratamento dos pomares de laranja e entregar a próxima safra já livre da incidência do fungicida carbendazim, proibido nos EUA. Para Crocco, mesmo com o aumento dos custos, o citricultor deve abandonar o produto para que os embarques de suco voltem à normalidade. “Não podemos abrir mão do mercado norte-americano, pois eles são responsáveis por 15% a 20% das exportações”, explicou. Outro benefício da troca do fungicida, segundo o diretor da Rural, é a permanência da comprovada credibilidade conquistada pelo suco brasileiro em todo o mundo, principalmente por dispor de um excelente controle de qualidade em seu ciclo de produção. A Lavoura NO 689/2012 53
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ALGODÃO
Como usar
fitorreguladores de crescimento na cultura do algodão ALEXANDRE CUNHA DE BARCELLOS FERREIRA ENGENHEIRO AGRÔNOMO – D. SC., PESQUISADOR DA EMBRAPA ALGODÃO / NÚCLEO CERRADO – GOIÁS
ALEXANDRE CUNHA DE BARCELLOS FERREIRA
A manipulação da arquitetura do algodoeiro com reguladores de crescimento é uma estratégia agronômica que contribui para a abertura mais rápida e uniforme dos frutos
Flor aberta no ponteiro (terceiro nó de cima para baixo), o que corresponde à fase de declínio da taxa de crescimento do algodoeiro
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ALGODÃO
M
ais de 90% da produção de algodão herbáceo no Brasil ocorre no Cerrado, sobretudo nos estados de Mato Grosso, Bahia e Goiás. Na cotonicultura do cerrado são cultivadas extensas áreas, usadas variedades com alto potencial produtivo, altas doses de fertilizantes, muitos defensivos agrícolas, sendo imprescindível o uso de máquinas e implementos. Nesse sistema produtivo também é essencial o uso de reguladores de crescimento, para que os algodoeiros não cresçam demasiadamente e comprometam o manejo e o rendimento da cultura, e ainda que as plantas apresentem altura adequada ao manejo e à colheita mecânica. O algodoeiro herbáceo apresenta hábito de crescimento indeterminado, ou seja, durante a fase reprodutiva, ele continua a emitir estruturas vegetativas, que podem competir entre si pelos produtos da fotossíntese. Quando o algodoeiro é cultivado em condições em que a disponibilidade de água, de nutrientes e as condições climáticas são favoráveis ao crescimento, há produção excessiva de estruturas vegetativas, o que pode interferir negativamente na produção final, pois o crescimento vegetativo exagerado predispõe a queda de estruturas reprodutivas, principalmente de botões florais, flores e frutos jovens. Os algodoeiros que crescem de forma descontrolada, dependendo da condição do ambiente, podem apresentar maior apodrecimento ou queda das maçãs posicionadas nos primeiros ramos frutíferos. Para a colheita mecanizada, o ideal é que os algodoeiros tenham altura de no máximo 1,30 m; acima deste limite, pode interferir negativamente na eficiência do processo. Além disso, a colheita mecânica dos algodoeiros de porte alto favorece a contaminação da fibra com galhos, folhas e cascas dos ramos, depreciando a sua qualidade.
Algodoeiros BRS 293 na fase limite (35-40 cm de altura) para a primeira aplicação de crescimento
do uso de fitorreguladores é uma estratégia agronômica muito usada no Brasil e em vários outros países, e tradicionalmente essa prática agrícola ocorre via pulverizações nas folhas. Os dois fitorreguladores de crescimento usados na cotonicultura brasileira são o cloreto de mepiquat e o cloreto de clormequat. São substâncias químicas sintéticas, que apresentam efeito sobre o metabolismo vegetal, inibindo a formação do ácido giberélico, com consequente redução do crescimento, por causa da menor elongação celular.
Sintomas Os principais sintomas dos reguladores de crescimento sobre os algodoeiros são: redução do comprimento do caule; diminuição do número de nós, do comprimento dos ramos vegetativos e reprodutivos; redução da área foliar; folhas com coloração verde-escura e mais espessas e melhor retenção de frutos nas primeiras posições.
Efeitos Os efeitos dos reguladores de crescimento sobre o algodoeiro dependem de alguns fatores, como temperatura, disponibilidade de nutrientes no solo, população de plantas, cultivar, disponibilidade de água no solo, precipitação pluvial, dose, época e forma de aplicação. Destes, é importante destacar a dose e a forma de aplicação. Com relação à dose, ela pode variar de 50 a 100 g/ha do ingrediente ativo, a depender do porte e das condições do solo e da lavoura, da época de semeadura, em síntese, da expectativa de crescimento do algodoeiro.
Porte As variedades de algodão usadas no Brasil geralmente apresentam porte médio a alto, ou seja, crescem vigorosamente, sendo necessário o uso de reguladores de crescimento. A manipulação da arquitetura do algodoeiro com reguladores de crescimento é uma estratégia agronômica que normalmente não gera incremento de produtividade, porém, observa-se melhoria da eficiência da aplicação de inseticidas, fungicidas e da penetração da luz, a qual contribui para a abertura mais rápida e uniforme dos frutos. O controle do crescimento do algodoeiro por meio
Cultivares*
Dose (g/ha) do ingrediente ativo cloreto de mepiquat ou de clormequat
Porte alto
85 a 100
Porte médio
60 a 85
Porte baixo
dose μ 50
* espaçamento entre fileiras – 76 a 90 cm A Lavoura FEVEREIRO/2012
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ALGODÃO Quanto à forma de aplicação, o parcelamento das doses dos reguladores de crescimento cloreto de mepiquat ou de clormequat tem efeito mais marcante sobre o manejo da altura dos algodoeiros. As pulverizações devem ser iniciadas quando eles atingirem a altura de 30 a 45 cm, em função do porte da variedade. A partir dessa fase, normalmente observa-se intenso crescimento vegetativo, razão pela qual monitoramentos constantes são necessários objetivando definir as demais pulverizações para o controle da altura. O momento em que é realizada a primeira aplicação é fundamental, pois o atraso compromete os resultados.
1ª APLICAÇÃO - CULTIVARES DE PORTE ALTO: 30-35 cm de altura - CULTIVARES DE PORTE MÉDIO: 35-40 cm de altura - CULTIVARES DE PORTE BAIXO: 40-45 cm de altura Parcelamento da dose (em % da dose total) Primeira
Segunda
Terceira
Quarta
10%
20%
30%4
0%
As aplicações subsequentes (segunda, terceira e quarta) devem ocorrer quando houver retomada do crescimento. Para isso, quando a taxa de crescimento for maior que 1,5 cm/dia recomenda-se aplicar novamente o fitorregulador. É essenci-
EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE
Algodão: abertura mais rápida e uniforme dos frutos com fitorreguladores
al dividir a área em talhões homogêneos, de acordo com a cultivar, época de semeadura, condições de fertilidade do solo e adubações etc. A partir da emissão dos primeiros botões florais deve-se avaliar, pelo menos a cada sete dias, o crescimento do algodoeiro. O monitoramento do crescimento deve ser constante, pois após o término do efeito residual do fitorregulador aplicado (normalmente de 10 a 14 dias em função de uma série de fatores e condições do ambiente de cultivo), o algodoeiro volta a crescer à taxa maior que 1,5 cm/dia, carecendo de nova aplicação. Geralmente, quando se usa cloreto de mepiquat, sob a forma de produtos comerciais com 250 g/L do ingrediente ativo, o tempo mínimo entre a aplicação e a ocorrência de chuva deve ser de 4 horas, para evitar que o cloreto seja lavado. Em caso de chuva após as pulverizações, provavelmente será preciso reaplicar, total ou parcialmente. Isso dependerá do produto, da dose, do intervalo entre a pulverização e a ocorrência da chuva; da intensidade da chuva e da fase de desenvolvimento do algodoeiro. Quando o algodoeiro apresenta flor aberta no terceiro nó de cima para baixo, sua intensidade de crescimento tende a reduzir. A partir dessa fase não é mais necessário aplicar regulador de crescimento. Se tudo tiver ocorrido bem, nessa fase as cultivares de porte médio e alto deverão estar com altura média entre 115 a 125 cm, desde que as pulverizações anteriores tenham sido realizadas adequadamente.
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AVICULTURA
SUPLEMENTO ALIMENTAR dim TEXTO ASS DE COMUNIC-PUB
Pesquisa comprova efic谩cia do Bacillus subtilis (DSM 17299) no controle da Salmonella minnesota em frangos de corte
Probi贸ticos: uma alternativa para o uso de antibi贸ticos
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inu
AVICULTURA
dim inui incidência de salmonella em aves
E
studo* conduzido por especialistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) demonstrou que a adição do probiótico GalliPro C (Bacillus subtilis DSM 17299 em alta concentração) à ração de frangos de corte diminui significativamente a presença da bactéria Salmonella minnesota no trato intestinal das aves infectadas, equiparando-se aos níveis encontrados em animais não inoculados (controle). Produzido pela dinamarquesa Chr. Hansen e distribuído pela Pfizer Saúde Animal no Brasil, GalliPro C aumenta o ganho de peso das aves e melhora a conversão alimentar, uma alternativa para o uso de antibióticos promotores de crescimento. Esta é a primeira pesquisa a comprovar também a eficácia do produto para controle da Salmonella minnesota em frangos de corte.
Tratamento
Métodos naturais O uso de probióticos tem se consolidado como um dos métodos naturais mais promissores para o controle das salmoneloses aviárias, pois as bactérias que os compõem já estão presentes no trato intestinal das aves desde o nascimento. Elizabeth pondera que ainda se conhece muito pouco sobre o funcionamento dos probióticos e a forma pela qual auxiliam no equilíbrio de determinadas bactérias nocivas no organismo. Porém, acredita-se que pode ser por competição pelos nutrientes ou por sítio de locação. “No caso deste estudo com GalliPro C, pudemos verificar que o produto diminui a presença da S. minnesota no trato digestório das aves infectadas por dois mecanismos: a competição entre as bactérias e uma melhoria na resposta imunológica dos animais. O probiótico aumentou a presença de células caliciformes
PFIZER
Segundo a veterinária e professora Elizabeth Santin, coordenadora do Centro de Estudos da Resposta Imunológica em Aves/Laboratório de Microbiologia e Ornitopatologia da UFPR e responsável pela pesquisa, aos 35 dias de tratamento houve redução de 62,09% na contagem de S. minnesota no ceco (porção inicial do intestino grosso) dos frangos em relação ao grupo controle positivo (infectado) que não recebeu qualquer tratamento. Na análise de amostras das cloacas 48 horas após a inoculação com S. minnesota, houve diminuição de 84,80% na contagem desta bactéria quando comparado ao grupo controle positivo.
“Pudemos observar que os animais que receberam tratamento com GalliPro C na ração apresentaram redução significativa de isolamento da S. minnesota, sendo a contagem desta bactéria semelhante aos níveis encontrados no grupo controle negativo (não infectado). A partir deste estudo, podemos afirmar que GalliPro C pode melhorar a microbiota intestinal dos frangos de corte e, desta forma, funcionar como uma ferramenta eficaz para controle da S. minnesota”, explica Elizabeth Santin.
Cama aviária Já a redução da presença desta bactéria na cama aviária (material que recobre o piso das granjas e serve como leito para os animais) dos frangos que receberam GalliPro C foi de 76,74% aos 21 dias e de 20,90% aos 35 dias de tratamento. O controle da S. minnesota no ambiente é importante, pois há uma relação direta entre a presença da bactéria na cama e a infestação das carcaças de frango destinadas ao consumo. Bactérias presentes na cama das aves podem chegar à carcaça
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AVICULTURA
A casca de ovos também pode veicular a doença
no trato intestinal, que são produtoras de muco. Este muco promove uma proteção da mucosa contra a Salmonella, pois diminui as condições favoráveis para aderência desta bactéria à mucosa do trato gastrintestinal”, salienta a pesquisadora.
Prejuízos da Salmonela minesota Os prejuízos da Salmonella minnesota aos plantéis brasileiros são difíceis de ser mensurados devido à ausência de publicações recentes a respeito das infestações por esta bactéria. “Apesar dos animais infectados não apresentarem sinais clínicos ou perda de desempenho, como as demais Salmonellas, a S. minnesota tem uma interação forte com a saúde pública levando muitas vezes à intoxicação alimentar em humanos. Deste modo, sua presença nos plantéis provoca restrições para comercialização das aves e seus derivados”, finaliza Elizabeth.
Sobre a salmonelose aviária A salmonelose aviária, infecção por bactérias do gênero Salmonella enterica – que tem entre suas variedades a Salmonella minnesota –, é considerada a doença bacteriana de maior impacto na avicultura mundial por provocar altas taxas de morbidade, nascimento
de pintinhos de baixa qualidade, diminuição da eclodibilidade dos ovos e, por vezes, a morte dos animais. A doença pode provocar enterite e septicemia (infecção generalizada grave, desenvolvida por via sanguínea) nos plantéis avícolas. Muitos países, inclusive o Brasil, possuem vigilância sanitária para controle da Salmonella, com regras específicas ditadas pelas agências governamentais. Estas bactérias também são as principais responsáveis pela manifestação de doenças infecciosas alimentares no homem e podem levar, inclusive, a septicemias severas. A salmonelose constitui ainda um grave problema de saúde pública por provocar surtos rapidamente. A diarreia decorrente da doença pode ser forte em alguns casos, levando à hospitalização devido à desidratação. Os grupos mais suscetíveis às manifestações severas da salmonelose são os idosos, crianças e pacientes com baixa imunidade. O controle da doença envolve higiene rigorosa e a eliminação dos focos, ou seja, das aves portadoras da bactéria.
Crescimento acelerado O crescimento acelerado da avicultura brasileira na década de 90 criou condições favoráveis para a manutenção e proliferação das bactérias do gênero Salmonella enterica nos plantéis avícolas. Combinado a este cenário, o uso indiscriminado de antibióticos em aves facilitou a manutenção de lotes positivos para Salmonella enterica. “O Brasil busca controlar as Salmonellas em carcaças e ovos tanto por meio do investimento em pesquisas quanto pelas políticas de prevenção aplicadas pelas empresas avícolas. Desta maneira, reduzimos as infestações por Salmonellas e, consequentemente, apresentamos, atualmente, baixo risco de intoxicação alimentar pelo consumo de aves e seus derivados no país”, finaliza Elizabeth. Fonte: * Santin, Elizabeth. GalliPro C adicionado na ração para controle de Salmonella minnesota em frangos de corte. Universidade Federal do Paraná – Laboratório de Microbiologia e Ornitopatologia, Departamento de Medicina Veterinária. Março, 2011. Paraná, SP, Brasil.
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INFORME OCB/SESCOOP-RJ
Prefeitura de Quissamã firma parceria com o Sistema OCB/Sescoop-RJ
A
Prefeitura de Quissamã, município localizado no Norte Fluminense, assinou termo de cooperação técnica com o sistema OCB/ Sescoop-RJ, dando início à preparação e ao fomento de palestras e cursos de gestão em várias áreas das cooperativas de produção, trabalho, agropecuária, turismo e lazer da região, além do estímulo a uma cooperativa de crédito de livre adesão. Para apresentar os conceitos, valores e princípios cooperativistas e mostrar exemplos de sucesso do sistema, um evento reuniu o presidente do Sescoop-RJ Marcos Diaz, o diretor da OCB/RJ Vinícius Mesquita, o superintendente técnico do Sescoop/RJ Jorge Barros e o consultor técnico do convênio entre a FUNCEFET e Sescoop-RJ Luiz Pimenta.
acompanhar e orientar a organização do grupo, através dos programas de gestão cooperativista”, resumiu.
Capacitação contínua Já o coordenador contábil e tributário Jorge Miranda alertou que a crescente mudança no setor administrativo, sobretudo na área de tributação e contabilidade, exige capacitação contínua, oferecida pelo SescoopRJ. Para Marcos Diaz é preciso investir na capacitação técnica e no treinamento dos gestores das cooperativas do Estado do Rio, o que foi viabilizado com a outorga da prefeitura na assinatura do termo de cooperação técnica. “Estamos realizando parcerias estratégicas a fim de promover o cooperativismo e seus valores, princípios e doutrina”, frisou Diaz. Acompanharam o encontro o Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo Haroldo Cunha C. da Silva, o Subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo Saulo R. de Sousa, o assessor técnico do Quissamã Empreendedor Márcio Barros, o diretor de produção do Alambique Alcantilado Adão Penedo e o produtor de Cachaça Diogo Peralta.
Uma palestra de sensibilização, ministrada por Jorge Barros na sede do Centro de Tecnologia de Engenhos (CTE), reuniu vários produtores de cachaça e de cana-de-açúcar de Quissamã, que organizam a criação de uma nova cooperativa e já planejam lançar uma nova marca de aguardente administrada pela futura cooperativa. Os produtores solicitaram assessoria do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop-RJ) para aprimorar seus conhecimentos de gestão bem como das normas para legalização da cooperativa. A iniciativa fortalecerá o setor de produção da cachaça e derivados, uma das principais atividades da região. Na opinião de Jorge Barros, o objetivo de “trabalhar a conscientização, formação e capacitação cooperativista dos diversos atores que estavam presentes” foi atingido com sucesso. Segundo o coordenador interino de Monitoramento e Desenvolvimento Cooperativista do Sescoop-RJ Luiz Claudio Gomes, a instituição atua na capacitação e monitoramento de dirigentes, colaboradores e cooperativados, auxiliando na governança para o sucesso como um todo. “O objetivo é
JOSÉ ARANHA / SISTEMA OCB/SESCOOP-RJ
Produtores organizados
Da esquerda para a direita: Produtor de cachaça Diogo Peralta, Presidente Sistema OCB/Sescoop-RJ Marcos Diaz. Ao centro: Consultor Técnico Luiz Pimenta, Diretor OCB/RJ Vinicius Mesquita, Superintendente técnico Sescoop-RJ Jorge Barros. A direita: Prefeito de Quissamã Armando Carneiro
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POR
JACIRA S . COLLAÇO MÉDICA VETERINÁRIA
Nem só de trigo
vive o pão
Depois de estar na mesa dos consumidores por tanto tempo, o trigo começa a enfrentar a concorrência de farinhas alternativas, como a de centeio, arroz e amaranto. Destacando-se no mercado orgânico, competitivo e exigente em qualidade, a empresa gaúcha Secale fabrica uma diversificada linha de pães, bolos, panetones e a tradicional cuca alemã, sempre utilizando ingredientes naturais e sem aditivos químicos. Quando nos integrarmos à incubadora de empresas de alimentos da UFRGS, acreditamos que foi um caminho natural na busca de apoio no desenvolvimento do produto e na implantação de um sistema de gestão adequado à pequena empresa inovadora. A passagem pela incubadora revelou-se muito importante, pois encurtou os tempos de busca e definição dos caminhos a seguir. Devido às características do produto, nossa permanência na incubadora não foi longa, pois saímos bastante antes do prazo normal de dois anos de incubação.
pão de centeio e depois alargamos nossa gama de produtos com pães de trigo integral, bolo de frutas e cucas. A Lavoura - Conte-nos um pouco do início da Secale e seus integrantes. A empresa foi criada por duas sócias: Rosângela Cabral e Maria Alice Lahorgue. Como sócia-gerente, eu já possuía experiência como empreendedora, pois sou proprietária de uma pousada na região serrana do Rio de Janeiro. A sócia minoritária, Maria Lahorgue, além de professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é especialista em assuntos de inovação e desenvolvimento regional daquela instituição.
SECALE
A Lavoura - Por que investir no centeio como ingrediente dos pães da Secale? Uma das sócias da empresa, a professora Maria Alice Lahorgue, possui intolerância a vários alimentos, inclusive ao trigo, um problema que atinge parte significativa da população brasileira. Ao mesmo tempo, a demanda por produtos orgânicos cresce visivelmente no Brasil; desses dois fatores surgiu a ideia de produzir pães de centeio puro, sem adição de farinha de trigo, como comumente é feito, e sem aditivos químicos. O próprio nome da empresa, Secale, vem do produto inicial, pois é parte do nome científico do centeio (Secale cereale L.). Iniciamos exclusivamente com o
A Lavoura - Como buscam fornecedores de ingredientes básicos, como farinha, fermento, etc.? Todos os ingredientes utilizados devem ser certificados como orgânicos, por isso os fornecedores fazem parte de um conjunto bastante restrito. As farinhas de centeio e de trigo são fornecidas por produtores gaúchos, cuja escolha foi feita após visitas às propriedades e aos moinhos em que os grãos são moídos. A Secale utiliza fermentação natural, elaborada da forma tradicional, com farinha de centeio e água. Os ingredientes como castanhas, passas, amaranto e agave, entre outros, são obtidos de diver-
Pães multigrãos recém-saídos do forno
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Refrigerar para conservar A Lavoura - Como o tempo de conservação/prateleira é afetado por não se usar conservantes? A não utilização de conservantes químicos reduz o tempo de prateleira. Para garantir um prazo de validade maior para os pães, a Secale utiliza a embalagem com atmosfera modificada. Esse método permite atingir quase duas semanas de prazo de validade. Além disso, as instalações da empresa são objeto de cuidados permanentes para evitar a presença de bolores e as áreas de embalagem são mantidas sob temperatura controlada. A Lavoura - Quais cuidados o consumidor deve tomar para conservar a qualidade dos pães pós-compra? Após a abertura, os produtos devem ser mantidos sob refrigeração, especialmente quando estiver fazendo calor.
A Lavoura - É possível diversificação nos tipos/ sabores ou alguns dependem de ingredientes que Detalhe do ainda não são facilmente empresa encontrados no mercado? A adaptação do mercado à nova e bem-vinda legislação dos orgânicos tem trazido algumas rupturas de fornecimento, especialmente de produtos importados, pela exigência de certificação brasileira desses produtos. O mercado nacional tem crescido, mas há gargalos importantes em áreas de aromas naturais e de embalagens, por exemplo.
Oferta de ingredientes A Lavoura - Existem períodos do ano em que a oferta de ingredienSECALE
A Lavoura - Quais as variedades de pães atualmente fabricadas pela Secale? A Secale produz pães de centeio e de trigo. Os pães de centeio integral não contêm mistura de farinha de trigo e estão disponíveis nas variedades: Tradicional, Gergelim, Girassol, Frutas e Grãos. Os pães de trigo integral, que são nossos campeões de
venda, são oferecidos nos tipos Multigrãos e Linhaça. Além dos pães, a Secale produz cucas, que é um pão doce da tradição dos imigrantes alemães do sul do país, de centeio puro e de trigo; bolinho de frutas sem glúten, feito com farinha de amaranto e de arroz, com muitas frutas e castanhas. No final de 2011, a Secale lançou panetones de frutas e de chocolate, os primeiros orgânicos do Rio Grande do Sul.
SECALE
sos fornecedores no Brasil e na América Latina.
rótulo do pão de centeio integral da
tes se altera? Como contornar isso? A parceria com os fornecedores tem sido a forma mais eficiente para evitar gargalos no fornecimento ao longo do ano. Como a farinha não contém conservantes ou aditivos, ocorre a alteração de sua qualidade no período de entressafra. Mais uma vez, a parceria com os fornecedores mostra-se essencial, discutindo e implementando formas de manutenção do potencial de panificação das farinhas. A Lavoura - Imaginam trabalhar com pães convencionais? Observa a concorrência com eles ou os pães da Secale atingem públicos diferentes? A Secale não pretende trabalhar com produtos convencionais, pois tem como princípio básico o fornecimento de alimentos naturais e saudáveis, sem aditivos químicos e conservantes. O mercado de orgânicos está em crescimento e, apesar da concorrência de produtores convencionais, a Secale conquistou, nesses seis anos, fatia de mercado carac-
Produção das cucas, pão doce tradicional alemão
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SYLVIA WACHSNER
Degustação de pães durante a Bio Brazil Fair
terizada pela exigência de qualidade e atenção à saúde. A Lavoura - Qual é o principal meio de vendas? Atacado, varejo...? Há seis anos vendemos por atacado para a rede Zaffari Bourbon, no Rio Grande do Sul, que tem se mostrado um excelente parceiro nos apoiando em diversas ações. Em São Paulo, a Casa Santa Luzia foi nossa parceira de primeira hora. Atualmente, estamos iniciando um trabalho com o Pão de Açúcar e Empório São Paulo. Além desses, nossos produtos são vendidos em várias lojas de produtos naturais no RS, Santa Catarina, interior de SP, Curitiba. Temos muito orgulho de ter tido como primeira cliente a loja de produtos naturais Edith Travi, que foi a pioneira do gênero no Rio Grande do Sul. A Lavoura - As instalações atuais da fábrica estão atendendo às necessidades? Têm planos de expansão? As instalações atuais ainda permitem o aumento da produção. Iniciamos com área de 190 m², que fo-
ram duplicados há dois anos. Entretanto, temos planos para ampliar a área dentro de dois ou três anos. A Lavoura - O custo da logística (por exemplo, de entrega e de recuperação de produtos não vendidos) é alto? Com menor tempo de prateleira que os convencionais, além de não conter conservantes e aditivos químicos, os produtos orgânicos têm necessidade de agilidade na distribuição. Para longas distâncias, os produtos da Secale são transportados por avião, o que, naturalmente, aumenta seu custo. A Secale procura manter entregas bem ajustadas às vendas em cada ponto de venda, de modo a diminuir as trocas de produtos vencidos e não vendidos e evitar custos adicionais. A Lavoura - Como realizam o trabalho de divulgação para o consumidor? A Secale mantém um site na Internet e periodicamente são feitas degustações nos principais pontos de venda. Consideramos que essa é uma forma muito eficaz de divulgação e
de contato com os consumidores. Além disso, temos uma parceria com a AGAN (Associação Gaúcha de Nutrição) e, periodicamente, participamos de eventos e cursos promovidos por ela, o que permite um contato direto com os profissionais de nutrição. A Lavoura - É vantajoso participar de eventos para o setor orgânico para apresentar os pães diferenciados da empresa? Sim, a participação como expositora é importante tanto para apresentar nossos produtos quanto para observar a evolução do mercado de orgânicos. Nas duas últimas edições da Bio Brazil Fair, em SP, participamos num estande coletivo do Governo do Estado do RS, que tem um Programa de Apoio à participação em feiras de pequenos produtores. Temos participado também da BIONAT EXPO, que é uma feira de orgânicos realizada anualmente, em Porto Alegre, que está na sua 3ª edição. Também se busca participar como visitante em feiras de panificação e de orgânicos. Participamos de todas as edições da Biofach Brasil, das duas últimas edições da feira na Alemanha e pretendemos participar da edição deste ano, que será em fevereiro. Fazemos parte também do CODEPAN, que é um Programa do SEBRAE – RS de apoio ao setor de panificação em geral, que tem proporcionado nossa participação como visitante nas principais feiras de panificação do Brasil. A Lavoura - Se possível, comente um pouco sobre os projetos e perspectivas da empresa para 2012. Em 2012, pretendemos consolidar nossa posição nos mercados do interior do RS e dos principais centros do Sudeste. Isso vai demandar maior esforço de divulgação nesses mercados. Na produção, pretendemos adquirir alguns equipamentos, que diminuam o trabalho ligado a rotinas de precisão, como a pesagem, por exemplo.
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EMPRESAS Abate de bovinos imunocastrados com Bopriva é regulamentado pelo MAPA
PFIZER
O abate de bovinos submetidos à castração imunológica com a vacina Bopriva já está regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Lançada pela Pfizer Saúde Animal no Brasil em maio de 2011, Bopriva permite a castração imunológica de bovinos machos e fêmeas. A tecnologia tem sido adotada por pecuaristas e frigoríficos brasileiros para melhorar a qualidade da carcaça e controlar o comportamento do rebanho, sem prejuízos ao bem-estar animal e os riscos de complicações pós-cirúrgicas ocasionadas pela castração convencional. O produto já havia sido aprovado no Brasil em novembro de 2010 e, recentemente, o MAPA estabeleceu os parâmetros que pecuaristas e frigoríficos brasileiros devem seguir para que os animais vacinados com Bopriva sejam reconhecidos como castrados no abate. A vacina é administrada com duas doses injetáveis (dose e reforço) na tábua do pescoço e pode ser associada a outros manejos de rotina.
“A regulamentação dos abates dos bovinos imunocastrados com Bopriva pelo MAPA é mais um reconhecimento importante da eficácia e segurança da vacina. A adoção de um protocolo vacinal adequado é imprescindível para que o pecuarista obtenha os resultados esperados, sendo que, em relação à melhoria do acabamento de carcaça, a genética, o manejo e a nutrição do gado têm influência direta no resultado. Para tanto, temos realizado um ciclo constante de seminários e visitas técnicas de orientação sobre Bopriva em todo o País. Trata-se de uma tecnologia pioneira e, portanto, este trabalho é de extrema importância”, finaliza Fernanda. Atendimento ao consumidor Pfizer Saúde Animal: www.pfizersaudeanimal.com.br ou 0800 011 19 19.
PFIZER
A primeira dose de Bopriva atua sensibilizando o sistema imunológico do bovino, para que ele comece a produzir o efeito desejado após a segunda dose. “Recomendamos que o intervalo entre as doses seja de 12 semanas para animais terminados a pasto. O efeito do produto é temporário e sua ação dura, em média, cinco meses após a aplicação da segunda dose”, explica Fernanda Hoe, gerente de produto da unidade de negócios Bovinos da Pfizer Saúde Animal. Caso seja desejado um período de ação mais longo, uma terceira dose pode ser aplicada, proporcionando mais cinco meses de efeito. De acordo com a circular emitida pelo MAPA, os animais imunologicamente castrados devem ser encaminhados aos frigoríficos acompanhados pelo atestado de vacinação e esta documentação de controle deve ser disponibilizada ao Serviço de Inspeção Federal (SIF) local sempre que solicitada. JOHN DEERE
Sistema Imunológico
Bopriva permite aos pecuaristas controlar o comportamento do rebanho e obter melhoria da qualidade de carcaça, sem os riscos de complicações póscirúrgicas
Linha renovada de tratores Uma renovação da linha de tratores, com novos modelos tanto na faixa de menor potência como na de maior porte, foi lançada pela John Deere. São tratores de menor porte, incluindo dois lançamentos que podem ser adquiridos com as condições especiais de financiamento do Programa Mais Alimentos. Os tratores 5055E, com motor de 55 cv, e 5065E, com motor de 65 cv, apresentam novo estilo de capô e de pára-lama e contam com plataforma semiplana e motores de 3 cilindros. Outros dois modelos enquadrados no programa são: o 5075E (foto), com motor turbinado de 75 cv e tomada de potência independente, e o 5078E, com motor de quatro cilindros com 78 cv. Mais informações: www.johndeere.com.br
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BOVINOS
EMBRAPA CERRADOS
BOA SELEÇÃO resulta em ANIMAIS SUPERIORES
O melhoramento genético do rebanho representa ganhos para pecuaristas e consumidores O Programa BRGN tem registrado o nascimento de animais superiores
O
programa de melhoramento genético do rebanho Nelore BRGN já atingiu um dos seus objetivos: o de multiplicar animais de elevado mérito genético. A prova disso é a evolução a cada geração. “Os atuais bezerros estão melhores que seus pais. Isso é fruto de uma boa seleção e de um trabalho genético constante. Hoje, o gado da Embrapa está entre os melhores do Brasil”, afirma o técnico e jurado da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rodrigo Cançado. Há dois anos, o técnico da ABCZ acompanha o rebanho da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, localizada em Planaltina-DF. A ABCZ é a instituição responsável pelo controle e registro dos animais BRGN. Na fase de controle, o técnico verifica o crescimento e o padrão racial dos animais, principalmente as características de carcaça. O controle da ABCZ é feito semestralmente. Todos os animais nascidos são mar-
cados com o carimbo da ABCZ. O registro de nascimento é feito até o período de desmame do animal. Ao atingir idade superior a 18 meses, o animal recebe o registro definitivo, quando a ABCZ faz um novo controle.
Melhoramento genético Três touros - BRGN 364, BRGN 590 e BRGN 592 – estão se destacando na reprodução, gerando filhos com características superiores às suas. “Estamos verificando um progresso genético. Touros produzidos no rebanho BRGN estão deixando filhos excepcionais”, declara o pesquisador da Embrapa Cerrados e coordenador do programa de melhoramento BRGN, Cláudio Magnabosco. A meta de natividade é de 150 novos animais por ano. Com essa média, será possível atender às necessidades do projeto e de mercado. De acordo com Magnabosco, o rebanho da Embrapa Cerrados deverá estabilizar em 200 matrizes BRGN, que devem produzir, no mínimo, 150 animais/ano, entre machos e fêmeas.
Progressivamente, algumas características de qualidade de carne devem ser incorporadas como critérios de seleção. Neste ano, por exemplo, as características de rendimento e acabamento de carcaça já serão observadas. Pesquisas estão sendo desenvolvidas para conhecer a variabilidade genética para a maciez da carne, com o objetivo de, até 2014, acrescentar no rebanho BRGN essa importante característica. O melhoramento genético do rebanho representa ganhos para pecuaristas e consumidores. A tecnologia permite o aumento da eficiência produtiva na pecuária, a identificação de animais geneticamente superiores para habilidade materna, maior crescimento, fertilidade e precocidade. As ações do programa são conduzidas em parceria com várias instituições, tanto públicas quanto da iniciativa privada. Entre elas, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
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LILIANE CASTELÕES – EMBRAPA CERRADOS
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