A Lavoura NO 694/2013 1
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NO 694/2013
A Lavoura
A Lavoura
A Lavoura ANO 116 - Nº 694
DIRETOR RESPONSÁVEL Antonio Mello Alvarenga
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ESPECIAL
Cristina Baran editoria@sna.agr.br
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Paula Guatimosim redacao.alavoura@sna.agr.br
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Salve a Rainha
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Adilson de Oliveira Junior Alessandra Casolato Andressa Kaam Breno Lobato Carina Gomes Rufino Cesar de Castro Cristiano Caporici Enio Ângelo Todeschini Fernanda Domiciano Hédio Ferreira Júnior Alicia Nascimento Aguiar Jaques Hickmann José A. Delfino Barbosa Filho José Antonio D. Barbosa Filho Juliana Caldas Julianne Caju Léa Cunha Luiza Malagrino Maiara Martines Marcelo Hiroshi Hirakuri Mariana Chiquetto Mariana Perez Vilela Marília L. Queiróz Marília Moreira Maurício Santini Meirelane Chagas da Silva Paulo André C. Kawasaki Regina Ma Villas Bôas de Campos Leite Renata Jaguaribe Roberto Nunes Filho Rosana Persona Thais Gonzales Vinícius Reis Yuri Lopes Silva
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É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura-SNA ISSN 0023-9135
CAPA:
Cristina Baran
TECNOLOGIA Estábulo sem moscas
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TRIGO
HORA CERTA Plantio do trigo irrigado no Cerrado deve ser iniciado em abril
46 PESQUISA Algodão melhorado resistente à ramulária
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AVICULTURA Boas práticas de manejo durante a pega de frangos de corte
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CITRICULTURA Tecnologias integradas aumentam produção na entressafra
SNA 116 ANOS ENTREVISTA: MINISTRA IZABELLA TEIXEIRA PANORAMA SOBRAPA
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INFORME OCB/SESCOOP-RJ
CAPRINOS / OVINOS
ORGANICSNET ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Bem-estar no pré- EMPRESAS abate é importante SOCIEDADE RURAL no manejo
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BRASILEIRA - SRB
06 14 17 35 39 54 62 63 66
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DIRETORIA EXECUTIVA
ANTONIO M ELLO ALVARENGA NETO ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA OSANÁ SÓCRATES DE A RAÚJO ALMEIDA JOEL NAEGELE TITO B RUNO BANDEIRA RYFF FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS HÉLIO MEIRELLES CARDOSO JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE SÉRGIO GOMES MALTA
Academia Nacional de Agricultura
DIRETORIA TÉCNICA
PRESIDENTE 1O VICE-P RESIDENTE 2O VICE-P RESIDENTE 3O VICE-P RESIDENTE 4O VICE-P RESIDENTE DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR
COMISSÃO FISCAL
ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO ANTONIO FREITAS CLAUDIO CAIADO JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON FERNANDO PIMENTEL JAIME ROTSTEIN JOSÉ MILTON DALLARI KATIA AGUIAR
FUNDADOR
E
MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA MARIA HELENA FURTADO MAURO REZENDE LOPES PAULO PROTÁSIO ROBERTO FERREIRA S. PINTO RONY RODRIGUES OLIVEIRA RUY BARRETO FILHO
CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA PLÁCIDO MARCHON LEÃO ROBERTO P ARAÍSO ROCHA RUI OTAVIO A NDRADE
P AT R O N O : O C TAV I O M E L L O A LVA R E N G A
CADEIRA
PATRONO
TITULAR
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
E NNES DE S OUZA M OURA B RASIL C AMPOS DA P AZ B ARÃO DE C APANEMA A NTONINO F IALHO W ENCESLÁO B ELLO S YLVIO R ANGEL P ACHECO L EÃO L AURO M ULLER M IGUEL C ALMON L YRA C ASTRO A UGUSTO R AMOS S IMÕES L OPES E DUARDO C OTRIM P EDRO O SÓRIO T RAJANO DE M EDEIROS P AULINO F ERNANDES F ERNANDO C OSTA S ÉRGIO DE C ARVALHO G USTAVO D UTRA J OSÉ A UGUSTO T RINDADE I GNÁCIO T OSTA J OSÉ S ATURNINO B RITO J OSÉ B ONIFÁCIO L UIZ DE Q UEIROZ C ARLOS M OREIRA A LBERTO S AMPAIO E PAMINONDAS DE S OUZA A LBERTO T ORRES C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES T HEODORO P ECKOLT R ICARDO DE C ARVALHO B ARBOSA R ODRIGUES G ONZAGA DE C AMPOS A MÉRICO B RAGA N AVARRO DE A NDRADE M ELLO L EITÃO A RISTIDES C AIRE V ITAL B RASIL G ETÚLIO V ARGAS E DGARD T EIXEIRA L EITE
R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO J AIME R OTSTEIN E DUARDO E UGÊNIO G OUVÊA V IEIRA F RANCELINO P EREIRA L UIZ M ARCUS S UPLICY H AFERS R ONALDO DE A LBUQUERQUE T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI J OEL N AEGELE M ARCUS V INÍCIUS P RATINI DE M ORAES R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE R UBENS R ICUPERO P IERRE L ANDOLT A NTONIO E RMÍRIO DE M ORAES I SRAEL K LABIN
S YLVIA W ACHSNER A NTONIO D ELFIM N ETTO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA J OÃO C ARLOS F AVERET P ORTO
A NTONIO C ABRERA M ANO F ILHO J ÓRIO D AUSTER A NTONIO C ARREIRA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES A FONSO A RINOS DE M ELLO F RANCO R OBERTO R ODRIGUES J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO A LYSSON P AOLINELLI O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA D ENISE F ROSSARD E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA E RLING S. L ORENTZEN
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979
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A Lavoura
Carta da
O Agronegócioao avança firme, Homenagem Agricultor apesar das incertezas O
dia do agricultor foi comemorado, em 28 de julho, praticamente despercebido. Vimos apenas algumas referências sem maiores destaques e a realizapaís está mergulhado em ambiente incerção de eventos locais de menor expressão. de Nada que sofre, mas segue firme. tezas. Oàagronegócio corresponda sua importância para o país. As estimativas indicam que populaa safra É evidente amais faltarecentes de sintonia entre nossa de 2013 será excepcional. Produziremos um recorção urbana e o setor agropecuário. Desde o descobride de 83 milhões de toneladas de soja, que mento do Brasil, quando Pero Vaz Caminha afirmoufará que aqui a terra era boa e nela tudo poderia sermundial produzido Brasil o maior produtor e fornecedor do, que se iniciou a construção de uma imagem do produto. distorcida de nosso agronegócio. O desempenho de nosso agronegócio garantiAo longo davez, história, os produtores foramsetochará, mais uma os tropeços dosrurais demais mados de senhores do engenho, barões do café, gigolôs res e os desacertos de nossa titubeante política de vacas, caloteiros, grileiros, latifundiários improdueconômica. tivos e, mais recentemente, de desmatadores. OOsuperávit de nossa balança comercial estará agricultor é identificado como caipira, inculto e assegurado com exportações de soja, desinformado. Para muitos habitantes doscarne, grandescafé, cenaçúcar, celulose, madeira e tantos outros tros urbanos, o empresário rural maltrata seusprodufuncitos que saem nossas terras.de utilizar-se de traonários, e, às de vezes, é acusado balho escravo. O Brasil cumpre sua vocação natural e consolida Quando uma posição de destaque como um dosbotam maia inflação fica acima das previsões, a culpa em algum produto de origemdo agropecuária. Asores fornecedores de alimentos mundo, com sim foifundamental a “inflação do na chuchu”, do ministro papel equação global Simonsen. de seguNo auge do desastrado plano cruzado, o presidente rança alimentar. Sarney mandou a polícia federal confiscar bois no pasPoucos países como o Brasil conseguem concito, que estariam escondidos por pecuaristas para esliar uma com exuberante produção pecular o preço da carne. alimentos, com indicadores elevados de sustentabilidade e preserAfinal, quando será que todos brasileiros entendevação ambiental. rão a importância do produtor rural no desenvolvimendesafio é manter o crescimento da protoNosso econômico e social do país? dução agropecuária sem aumentar impactos Quando haverá real reconhecimentoos àqueles que, ambientais. caso, adificuldades, pesquisa, alevaram tecnologia superando asNeste mais diversas o deesenvolvimento a inovação são fundamentais. para o interior de nosso Brasil, de dimensões continentais? Nos últimos anos, nossa produção e produtiA campanha publicitária “Sou Agro” pretendia vidade cresceram extraordinariamente graçassenao sibilizar os brasileiros para a importância dode “agro”, conhecimento e ao trabalho incansável nosmas infelizmente não surtiu o efeito desejado. A camsos pesquisadores. panha foi tímida em termos de frequência na mídia e Hoje dispomos de tecnologia avançada e adonão “emocionou” a população urbana. “Sou Agro” acatamos práticas demais usoum racional dos recursos natubou tornando-se instrumento de comunicarais. Mas não podemos nos acomodar. É preciso ção entre os próprios integrantes do setor. investir mais em pesquisas e adoção de tecnologias Como reverter a imagem negativa de um setor que, de alta precisão. A cooperação o setor púna verdade, é moderno, eficiente entre e competitivo? blico e o privado é fundamental para o desenvolModificar conceitos culturalmente arraigados é tavimento de soluções tecnológicas inovadoras. refa árdua, complicada, que exige tempo e determiNossos produtores rurais são verdadeiros henação.
O
róis. Enfrentam riscos e incertezas superiores aos
É preciso persistir. Mostrar, demonstrar e repetir incansavelmente que o agronegócio responde por 29% do PIB, 37% dos empregos e 44% de nossas exportações. demais setores da economia. Precisam acompanhar Todos precisam saber que praticamos uma agricultura as flutuações dos mercados de commodities e do sustentável, preservando mais de 2/3 de nosso território e câmbio. Gerenciam uma complexa logística de proque o encargo dessa preservação é suportado exclusivamenarmazenagem, e em comercializatedução, pelos produtores, fato quetransporte não acontece qualquer oução. Sujeitam-se às intempéries climáticas, pragas tro lugar do planeta. e Nossa doenças das plantas e dosalimentos, animais. São obrigados agropecuária fornece produz energia a cumpriralgodão, diversos dispositivos legais, se alte-o renovável, celulose e madeira paraque abastecer ram e multiplicam, nas esferas fundiária,exportáveis. ambiental mercado interno e gerar grandes excedentes Nos 12 mesesmuitas as exportações agronegócio atine últimos econômica, vezesdoincoerentes e giram US$ 97 bilhões, com superavit de 80 bilhões de dólaconflitantes entre si, gerando insegurança. res. Foi esse superavit do agronegócio que suportou o défiUma insegurança, aliás, que prejudica a vida cit de US$ 52 bilhões dos demais setores da economia e de todos, sobretudo daqueles que necessitam permitiu a geração de um saldo final de US$ 27 bilhões em tomar decisões empresariais. Há muitos investinossa balança comercial. dores interessados em aportar recursos em nosso É difícil imaginar o que seria de nossa economia se não agronegócio. No entanto, a insegurança paralisa fosse esse vigoroso desempenho do agronegócio. o empreendedor. É importante que todos os brasileiros saibam que a vida O agronegócio bem,Além apesar tudo. Poderia do produtor rural nãovai é fácil. das de incertezas econôser muito melhor. micas inerentes ao complexo ambiente de negócios no qual estão inseridos, onde enfrentam a volatilidade dos preços ••••••••• de um mercado globalizado, o produtor rural precisa estar Essa edição dado revista traz uma reportagem soatento às flutuações câmbio, à oferta de crédito, juros etc. bre nosso 13º Congresso de Agribusiness, que contou com palestrantes e qualificados, denAlém disso tudo, aindailustres estão sujeitos a riscos climátitredoenças os melhores do país. assuntos da cos, das plantas e dos Abordamos animais. maior importância, agricultura e E mais, os problemas como da infraestrutura de sustentável armazenagem, segurança alimentar.reduzem Temas que irão pautar asseus potransporte e exportação, consideravelmente líticasEm governamentais e as estratégias empresariganhos. resumo, a rentabilidade é reduzida e o risco é grande. ais das próximas décadas. A partir dessa o leitor encontrará em A Enfrentando todasedição, essas adversidades com determinaLavoura uma série de reportagens sobre “Indicação, os produtores brasileiros transformaram nosso agronegócio em um retumbante sucesso global. ções Geográficas”, instrumento que poderá agregar valor aos produtos agronegócio, Seria razoável, portanto,do que dedicássemosmelhoranmaior condo a rentabilidade dos produtores. A verdadeiros SNA apoia tais sideração e respeito aos produtores rurais, heróis de nossa economia. Eles merecem o reconhecimento iniciativas. de todos nóssempre, brasileiros. Como a revista traz excelentes artigos •
e reportagens sobre diversos assuntos de interesse de nossos leitores. Aproveitem.
Antonio Mello Alvarenga Neto
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116 anos
13º Congresso de Agribusiness da sustentabilidade no agronegócio FOTOMOREIRA
Evento reuniu representantes das cadeias produtivas do agronegócio brasileiro, autoridades governamentais, especialistas e líderes do setor O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, abriu os trabalhos do congresso, ressaltando a importância da sustentabilidade e segurança alimentar. “São temos que irão pautar as políticas governamentais e as estratégias empresariais nas próximas décadas”, afirmou. Alvarenga citou o novo Código Florestal e as novas regras de proteção ambiental, destacando o cadastro ambiental rural e o programa de regularização ambiental como desafios que merecem atenção de todos os envolvidos no agronegócio. “O Brasil possui mais de cinco milhões de propriedades agrícolas. Cadastrar, mapear e regularizar todos esses imóveis exigirá um esforço extraordinário” afirmou. Outro desafio mencionado pelo presidente da SNA foi a necessidade de aumentar a produção sem impactar o meio ambiente. Para ele, a chave do sucesso está no desenvolvimento de tecnologias inovadoras, baseadas no conhecimento científico aplicado. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu a adoção de ações articuladas entre governo e entidades privadas Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente (ao lado do embaixador Flávio Perri), para a implementação de medidas que inte- defendeu a adoção de medidas para integrar a preservação ambiental e o desenvolvimento grem a preservação ambiental e o desenvol- econômico vimento econômico. Na ocasião, a ministra criticou a “falsa dicotomia” entre combater a miséria e a fome, levando em consideração o cresmeio ambiente e produção agrícola, esclarecendo que são cimento da população mundial, que saltará de sete bilhões duas áreas intimamente relacionadas e complementares. de habitantes para nove bilhões. “Segundo estimativas da A aprovação do novo Código Florestal permitirá a adoção FAO, a produção de alimentos precisará crescer 70% nos próe o acompanhamento de indicadores de sustentabilidade em ximos 20 anos” afirmou. O embaixador esclareceu que o meio todo o território nacional, através da implentação do Cadasambiente não deverá pagar a conta dessa expansão. “Os 60 tro Ambiental Rural, com mapeamento através de imagens milhões de hectares ocupados pela agricultura no Brasil pode satélite. Este será o ponto fundamental, segundo a minisdem crescer, sem prejuízo das florestas, para 90 milhões de tra, para tratar a questão do meio ambiente, a partir de bahectares, com o aproveitamento de áreas degradadas, ocuses concretas de informação. “Temos de modernizar a gespadas pela pecuária extensiva — atividade que pode dobrar tão ambiental. Quem trabalha nesse setor sabe que as ativia lotação de animais no pasto”, ressaltou. dades da agropecuária dependem fortemente dos recursos Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB, abordou o naturais e o potencial de ganho é maior protegendo o meio papel das cooperativas brasileiras modernas frente aos noambiente”, destacou. vos mercados. “Vivemos hoje uma agricultura de nova geraO embaixador Flavio Perri coordenou a mesa de abertução, capaz de pensar e atuar no mundo globalizado, de fara do Congresso, destacando o desafio do setor agrícola para zer associações e parcerias para atuar nesses mercados”, 6 A Lavoura NO 694/2013
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SNA debate
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disse. Cafeicultor, ele deu o exemplo do café fino produzido em Mogiana (SP), que já conquistou o mercado francês; e da Cooperativa de Guaxupé (MG), que vende para a Nestlé e conta com um ponto de venda na Praça da Paz Celestial (China). Freitas assinalou que, além da gestão, organização e gerenciamento de custos, os produtores também precisam ter mais acesso à tecnologia.
Desafios
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O presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, afirmou que são grandes os desafios e as oportunidades para o agronegócio, ressaltando que o campo Na abertura do congresso, Antonio Alvarenga, presidente da SNA, e Maurício Antonio Lopes, tem cerca 30 milhões de habitantes, presidente da Embrapa, acompanharam o discurso de Luiz Barretto, presidente do Sebrae Nacional, gera 33% dos empregos, representa 22,8 que defendeu a necessidade de investimentos em gestão, capacitação e inovação tecnológica % do Produto Interno Bruto (PIB) e 36,9% enfrentá-lo, será necessária inteligência estratégica e comdas exportações. Dos 5,2 milhões de estabelecimentos rurais, petitiva. “Só assim fortaleceremos nossa capacidade de 98% são micro e pequenas propriedades, que respondem por ‘prever o futuro’ e modelar o desenvolvimento. Temos que mais de 60% do valor bruto da produção anual. “Nosso objetiestabelecer um sistema de inteligência para o agro”, ponvo é agregar conhecimento específico de gestão empresarial; tuou. O presidente da Embrapa assinalou que a sustentabitrabalhar junto aos produtores rurais investindo em gestão, lidade deve ser pensada no âmbito econômico e que a aplicapacitação e inovação tecnológica para aumentar a producação desse conceito exige mais conhecimento e tecnologia. tividade e a competitividade. Até 2015, serão aplicados R$ 150 Lopes disse ainda que, apesar da evolução significativa da milhões em projetos de agronegócio do Sebrae, com recursos agricultura brasileira nos últimos 50 anos, o país sempre teve da instituição e de parceiros”, disse Barretto. dificuldade de mostrar ao mundo a riqueza e a eficiência Inteligência estratégica desse setor. Para ele, “chegou a hora de o Brasil ser protaPara o presidente da Embrapa, Maurício Antonio Lopes, gonista no mercado internacional”. a discussão do Código Florestal serviu para mostrar o pouInovação e marketing co conhecimento dos brasileiros sobre os recursos naturais Também presente à abertura do Congresso de Agribusie a realidade do campo no país. No futuro, ele acredita, ness, o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes dehaverá um ambiente cada vez mais complexo e, para clarou que o futuro do agronegócio no Brasil está calcado em três fatores: inovação/tecnologia, logística e marketing. “Empreendedorismo no campo significa gente disposta a correr riscos e isso o Brasil tem. Nossos produtos são bons, mas precisamos de mais inovação, tecnologia e marketing para valorizá-los”, reforçou Pratini, que também ressaltou o crescimento da produtividade e o aumento das exportações do agronegócio brasileiro. Representando o Governador Sergio Cabral, o então secretário de Agricultura e Pecuária do Rio de Janeiro, Alberto Mofati, lembrou que o estado é o segundo maior mercado consumidor nacional e que, no passado, foi um importante produtor de café, cana de açúcar e pecuária. Hoje, são 62 mil propriedades rurais no Rio de Janeiro, sendo que 92% esO ex-ministro Pratini de Morais afirmou que o futuro do agronegócio no Brasil está baseado em três fatores: inovação/ tecnologia, logística e marketing
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Luis Carlos Carvalho, presidente da ABAG (à esq.) disse que o Brasil precisa melhorar seu desempenho na Economia Verde; Márcio Lopes de Freitas (à dir.), presidente da OCB, abordou o papel das cooperativas frente aos novos mercados
tão localizadas em áreas inferiores a 100 hectares. Entre as potencialidades atuais, o secretário destacou a floricultura, a fruticultura e os produtos orgânicos. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Hélcio Campos Botelho, afirmou que o produtor rural depende cada vez mais dos ativos ambientais e que, por conta disso, o Ministério da Agricultura tem procurado incentivar pesquisas, através da Embrapa. “E para evitar que as informações fiquem represadas, está sendo criada a Agência de Extensão Rural, para proporcionar aos produtores maior acesso à tecnologia.
Pesquisa e tecnologia
Evolução no campo Em seguida, Sílvio Crestana, ex-presidente da Embrapa, defendeu uma qualificação maior da mão de obra nacional. “Se não investirmos em capacitação, cada vez mais especialistas estrangeiros serão contratados. Hoje há uma demanda por profissionais com novo perfil”, declarou, ao observar uma carência de programas para a formação de recursos humanos. O expresidente abordou ainda questões relacionadas à biotecnologia e nanotecnologia, e mostrou que a inovação está mudando o cenário agrícola. Sobre as emissões de CO2, Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Informática, anunciou que a instituição está realizando um levantamento sobre a quantidade de carbono presente no solo. “O boi brasileiro tem a menor pegada de carbono do mundo. O Brasil é o único país do globo que tem soluções de FOTOMOREIRA
Palestrante do Painel “Pesquisa, tecnologia e inovação”, o presidente da ABAG, Luis Carlos Carvalho, anunciou que, nos próximos 20 anos, o Brasil deverá responder por 40% da expansão da oferta de alimentos no mundo e que, nos últimos 30 anos, o ganho acentuado de produtividade compensou a queda nos preços. No entanto, afirmou que o país precisa aumentar seu desempenho na chamada Economia Verde. Segundo ele, o conceito de sustentabilidade deve contemplar competitividade e, para tanto, é necessário investimento para reestruturar alguns setores da economia. “É momento de escassez de recursos naturais e precisamos substituir as energias fósseis que são responsáveis por emissões
de CO2”, disse o presidente, que ainda fez críticas ao crédito rural, considerado por ele um sistema desatualizado e burocrático. “Há certos aspectos do crédito rural que são de 1965 e isso o torna muito engessado. Há várias exigências que não fazem mais sentido”, como é o caso de uma série de certidões são pedidas todos os anos. ressaltou. Carvalho enalteceu a capacidade competitiva excepcional do agronegócio brasileiro, mas ressalvou que ela “acaba na porteira da fazenda”. Na opinião do presidente da Abag, o Custo Brasil não é simplesmente consequência de uma logística ruim, mas de uma logística errada, baseada no transporte rodoviário, que onera tremendamente o custo final dos produtos.
Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Informática (ao lado do secretário de Desenvolvimento Agropecuário do MAPA, Hélcio Campos Botelho e do presidente do INPI, Jorge Ávila), defendeu a ampliação da produção agropecuária, com recuperação de áreas degradadas
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116 anos sustentabilidade”, destacou Assad, que defoi defendida pelo presidente da Sofendeu a ampliação da produção ciedade Rural Brasileira (SRB), Cesário agropecuária, com a recuperação de áreRamalho da Silva. Para ele, o crédito as degradadas. rural deve incluir também um seguro Jorge Ávila, presidente do Instituto de renda ao produtor. “Se não fossem Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), os excepcionais preços em Chicago, ao fazer um paralelo entre tecnologia e com a quebra da safra norte-americaagronegócio, afirmou que “é preciso levar na, a crise no agronegócio brasileiro conhecimento ao produtor e encontrar seria muito grande, com as perdas na meios de crescer em valor agregado. Em produção ocorridas neste ano no Rio sua opinião, o Brasil tem capacidade de ser Grande do Sul , Paraná , Mato Grosso líder não só no fornecimento de alimentos, do Sul e Mato Grosso “, afirmou. como também na oferta de soluções sus“O Brasil é um dos poucos países tentáveis e tecnologias que possam do mundo capazes de atender a dealavancar a agricultura. manda mundial de alimentos, com Como um dos caminhos para aumento condições plenas de sustentabilidana renda rural, Ávila destacou as Indicade”. A afirmação é do diretor da Bolções Geográficas (IGs), uma ferramenta de sa de Mercadorias e Futuros (BM&F), valorização de produtos tradicionais vincu- Luiz Carlos Guedes Pinto, ex-ministro: “O Brasil Ivan Wedekin, para quem é fundanão tem tradição em seguros, mas as perspectivas lados a determinados territórios – concei- para o setor são muito favoráveis” mental o desenvolvimento de polítito relativamente recente, mas que crescas e estratégias competitivas, a fim ceu muito no Brasil nos últimos cinco anos. “A IG é uma oportude que o produtor brasileiro tenha sustentabilidade econôminidade, uma maneira de agregar valor aos produtos de determico-financeira no longo prazo, e menor suscetibilidade aos risnadas regiões, por meio da organização dos produtores envolvicos da produção e de mercado. O diretor da BM&F também dos na cadeia produtiva, com o objetivo de levar ao mercado defendeu a necessidade de maior investimento em produtos tradicionais de uma região, que congregam conhecimeninfraestrutura, pois apesar de agregarem componentes to adquirido ao longo do tempo”, explicou o presidente do INPI. tecnológicos, as commodities agrícolas têm um valor unitário muito baixo. Por isso é fundamental reduzir os custos com frete Crédito Rural e Seguro Agrícola e demais etapas da logística. “Para alavancar essa expansão, Luiz Carlos Guedes Pinto, diretor geral do grupo Banco do o elemento principal é o capital. Precisamos construir pontes Brasil/Mapfre Seguros, lembrou que o seguro agrícola é uma inientre o agronegócio e os mercados financeiros e de capitais ciativa relativamente nova no país, instituído por lei de dezempara injetar liquidez e viabilizar essa expansão”, concluiu bro de 2003, mas cujos primeiros contratos só foram fechados Wedekin. em 2005. Daquele ano até 2011, o montante de seguros contratados somou R$ 8 bilhões. Para Luiz Carlos Guedes, apesar de o Brasil não ter uma tradição em seguros, como acontece em outros países, as perspectivas são muito favoráveis. Segundo ele, para o setor se expandir é preciso mais divulgação e ampliação dos subsídios, concedidos pela maioria dos países por conta dos riscos climáticos inerentes à atividade agropecuária. A necessidade de reformas na área tributária e no crédito rural
Oportunidades regionais
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No segundo dia do congresso, a secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Mônika Bergamaschi comemorou o crescimento da produção no Estado e informou que o total do uso do solo agrícola em São Paulo é de 20,8 milhões de hectares, sendo 7,4 milhões de áreas de pastagens. “Temos conseguido investimentos que contribuem muito para o aumento da produtividade, principalmente nas áreas de ciência e tecnologia. Ao todo, são 324 mil propriedades rurais, sendo que a média é de 62 hectares”. Para a secretária, é importante incentivar o associativismo e o cooperativismo. Ela reforçou ainda que a sustentabilidade na agricultura é primordial. “Vamos lançar o Projeto Integra-SP, que pretende unir Lavoura-Pecuária-Floresta. O objetivo é promover a Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira, discursa ao lado de Ivan Wedekin, conservação dos solos e da diretor da BM&F e do diretor da SNA, Alberto de Figueiredo. Na ocasião, Ramalho defendeu reformas na área tributária e no crédito rural
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FOTOMOREIRA
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116 anos
Muni Lourenço Silva Jr., presidente da Federação de Agricultura do Amazonas (à esq.), destacou o êxito da piscicultura no estado; Robert Wilson III, presidente da Ouranos Venture Partners, disse que os setores de agricultura, saúde, biodiversidade e energia limpa constituem o futuro do Brasil
água, a recuperação de pastagens, a capacitação da mão de obra para a transferência de tecnologia, além da promoção da mecanização e automatização dos sistemas de produção”, declarou.
Peixes da Amazônia Muni Lourenço Silva Júnior, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas, enfatizou as atividades relacionadas ao aproveitamento dos recursos naturais abundantes em seu estado, como é o caso da piscicultura. “Produzimos 15 mil toneladas de peixe e a expectativa é alcançar 100 mil nos próximos cinco anos”, estimou. Silva Júnior mencionou ainda oportunidades relacionadas à borracha e ao açaí, entre outras. Em relação à pecuária, anunciou que o Amazonas já tem quatro municípios livres de febre aftosa com vacinação e a expectativa do presidente da FAEA é que todo o estado alcance esse status até o primeiro trimestre de 2013.
Potencialidades
Valorização imobiliária Participante do painel “Investimentos e Oportunidades de Negócios”, o diretor da AGRA/FNP, José Vicente Ferraz, afirmou que as “ oportunidades de investimentos em terras estão cada vez mais técnicas”. Ele informou que a valorização média das terras nos últimos dez anos tem sido de 14,22% ao ano, mas regiões de alta produtividade como Balsas, no Maranhão, registram 22% de valorização anual; enquanto a valorização da região de Caatinga em Picos, no Piauí, não passou de 0,13% ao ano. Ferraz alertou, que “terra é uma mercadoria heterogênea, sujeita a interferências regulatórias não agropecuárias como reserva ambiental, urbanização, expansão da infraestrutura do entorno”, portanto, um mercado complexo e com preço extremamente variável. FOTOMOREIRA
O superintendente de Agronegócio da Secretaria de Agricultura da Bahia, Jairo Pinto Vaz, mostrou as potencialidades de seu estado, destacando as áreas de agroindústria e de energias renováveis, entre outras, como alguns dos principais setores econômicos locais. “Em 2011, o PIB do agronegócio na Bahia atingiu US$ 24,3 bilhões. Nas exportações do setor, os maiores destaques foram os segmentos de papel e
celulose, complexo soja e complexo têxtil. Alcançamos US$ 4,6 bilhões em exportações agrícolas”, disse Vaz, lembrando que o estado conta com 29 milhões de hectares de áreas agricultáveis. Vaz também apontou vantagens e oportunidades de investimento na produção estadual de soja, algodão, milho, frutas, fibras, cacau, bovinos, leite, biodiesel e etanol, eucalipto, entre outros; enumerou os benefícios e incentivos oferecidos pelo governo em infraestrutura, impostos e financiamento, e abordou os esforços para a melhoria do sistema de transportes no estado.
Futuro promissor O presidente da Ouranos Venture Partners, Robert Wilson III, disse que os setores de agricultura, saúde, biodiversidade e energia limpa constituem “o futuro do Brasil”, proporcionando grandes oportunidades de investimentos. Para ele, a tecnologia poderá levar o país a uma posição de liderança mundial. Na ocasião, Robert apresentou serviços e pesquisas deRoberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Antonio Carlos Guedes, assessor técnico do CGEE, e Guilherme Braga Filho, diretor executivo do Cecafé
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senvolvidos pela empresa Molecutex nas áreas de elaboração de novos remédios (incluindo dispositivos de nanotecnologia), de criação de produtos inovadores e na busca de novas soluções para a agricultura. A linha de atuação da Molecutex abrange alimentos com potencial saudável e produtos baseados na riqueza da biodiversidade brasileira.
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116 anos
Ano histórico
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Convidado para o painel “Infraestrutura, insumos e equipamentos”, o diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher,considerou 2012 um ano histórico para o agronegócio brasileiro, especi- João Sampaio, presidente da COSAG/Fiesp, disse que “o plantio de florestas é um dos negócios almente em razão do problema mais promissores para o produtor”; Edson Shiguemoto (Korin) e Fernado Pimentel, diretor da SNA, também participaram do painel que debateu as principais cadeias produtivas do agronegócio climático nos Estados Unidos. Mecanização “Este cenário alavancou os preços da soja no mercado internacional, bem como o do milho, o que trouxe uma renda exEm seguida, José Carlos Pedreira de Freitas, diretor da traordinária ao produtor brasileiro. Com uma inadimplência Abimaq – associação que reúne 450 indústrias de máquinas menor, o produtor antecipou as compras de fertilizantes, cujo agrícolas –, destacou o papel da mecanização diante da cresvolume deve ficar próximo a 30 milhões de toneladas”, incente escassez de mão de obra no campo. “No Brasil, apenas formou. O dirigente salientou que o mundo entendeu a im8% das propriedades rurais respondem por 85% da produção portância do Brasil no cenário internacional, como o segunagrícola”, garantiu. Freitas também forneceu dados compado maior produtor mundial de alimentos, o que gerou rearativos da produtividade da mão de obra, que no Brasil é de ções dos mercados concorrentes. “Hoje exportamos uma di23/ha/homem, na França é de 46/ha/homem e nos Estados versidade de produtos, alcançando 217 países”, afirmou. Unidos chega a 154/ha/homem. Segundo ele, para que o país atenda à demanda e atinja a meta de aumentar a produção em 40% até 2020, sem prejuízos ambientais, deve investir mais no sistema de Plantio Direto, na Agricultura de Precisão, adotada por 20% dos produtores de grãos, com ganhos médios de 30% na produtividade; e na Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, finalizou.
Custo Brasil Diretor da SNA e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Paulo Protásio relacionou e deu peso aos principais entraves ao desenvolvimento do agronegócio brasi-
Mônica Bergamaschi, secretária de Agricultura de São Paulo, comemorou o crescimento da produção do estado e falou sobre a importância do cooperativismo e da sustentabilidade
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116 anos Atividade florestal
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Integrante do painel que debateu as principais cadeias produtivas do agronegócio, o presidente do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG), da FIESP, João Sampaio, chamou a atenção para o plantio de florestas, que classifica como “um dos negócios mais promissores para os produtores brasileiros”. Segundo ele, entre as espécies mais rentáveis estão o eucalipto, o pinus e a seringueira. Outra promessa é a teca, árvore nativa do sudeste asiático, bastante usada pela indústria da construção naval, que já conta com alguns viveiros em desenvolvimento no Pará, Norte do Tocantins, Sul do Maranhão, Mato Grosso e Rondônia. “O Brasil tem condições de ser um grande produtor florestal consorciado com Eduardo Daher, diretor da Andef, afirmou que a importância do Brasil atividades florestais. Podemos alcançar a 5ª posição nos próno cenário internacional gerou reações dos mercados concorrentes ximos anos”, enfatizou. leiro, citando uma pesquisa que indica infraestrutura e Soja livre logística como o principal ‘gargalo’, com peso de 76%. Na Na sequência, o presidente da Abrange – Associaçao Brasequência, foram apontados tributos, câmbio, barreiras cosileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificamerciais, questões ambientais e sanitárias, crédito rural, dos, Cesar Borges de Souza, apresentou o Programa Soja tecnologia e seguro rural, entre outros. Para ele, “falta gesLivre, que tem o objetivo de incentivar a liberdade de escotão e vontade política para resolver os problemas”, cujas lha do produtor, ampliar a oferta de soja convencional e fasoluções, no seu entender, passam pelo aproveitamento das cilitar o acesso dos produtores a este tipo de grão. “Para isso, hidrovias e dos portos (como o de Itaqui, no Maranhão), e, é importante desenvolver e fortalecer parcerias para o transprincipalmente, pela integração dos modais e das estrutuporte de cultivares convencionais de soja”, ponderou. ras logísticas. Tais medidas são fundamentais para melhoCafé certificado rar o desempenho interno e as exportações do “agro”. PauO diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do lo Protásio também destacou o papel do georeferenciamento Brasil (Cecafé), Guilherme Braga Abreu Pires Filho, salienno aumento da eficiência do setor. tou que a sustentabilidade na cadeia produtiva do café ocorProjeções reu gradualmente, acompanhando os ciclos de alta e de baixa O assessor técnico do Centro de Gestão e Estudos Estrado produto no mercado internacional. Segundo ele, o setor tégicos (CGEE), Antonio Carlos Guedes, compôs o painel buscou se desenvolver de modo sustentável, preservando “Alimentos – oferta e demanda no longo prazo” e alertou empregos, estimulando a produção e visando a atender aos para o papel que se espera do Brasil no cenário global: prointeresses de consumidores internos e externos. “O setor promover a sustentabilidade e sustentar a produção de alimencura trabalhar com uma produção certificada, garantindo tos. Para tanto, qualidade e proteção ao meio ambiente, o que contribui para em parceria com a a melhoria do padrão econômico e social da cadeia”, afirmou. Embrapa, o CGEE Dados do Cecafé indicam que o Brasil exporta 12 milhões de vem trabalhando sacas de café certificado, da produção total de 50,483 milhões projeções para os de sacas. “Nossa expectativa é que até 70% do café originado cenários dos anos do Brasil possa ser certificado, prevê Pires Filho. de 2032 e 2050 sobre os desafios e oportunidades do sistema agroalimentar. O modelo conceitual considera fatores internos como a política nacional para o setor e as mudanças climáticas; e fatores externos como as políticas e César Borges de Souza, presidente da os acordos interAbrange, destacou, durante o congresso, o nacionais. José Carlos de Freitas, diretor da Abimaq, destacou o papel da programa Soja Livre, que pretende ampliar a oferta de soja convencional
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mecanização diante da crescente escassez de mão de obra no campo
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116 anos Desmatamento
Ao lado de Antonio Alvarenga, o superintendente de Agronegócio da Secretaria de Agricultura da Bahia, Jairo Pinto Vaz, disse que as áreas de agroindústria e de energias renováveis são atualmente alguns dos principais setores econômicos do estado
Governança e gestão Diretor da SNA e da Agrosecurity, Fernando Pimentel abordou os aspectos financeiros, econômicos, de sustentabilidade e governança na cadeia produtiva de grãos. Entre várias questões, citou a importância do mecanismo de proteção de preços (Hedging), alertando que certas culturas, como a do feijão e do arroz, por não adotarem o sistema, continuam enfrentando problemas no mercado. Ele defendeu o Imposto de Renda diferenciado para o produtor rural; traçou um painel dos principais gargalos dos setores de seguro rural e crédito, entre eles, excessiva regulação estatal, subvenção insuficiente e cobertura inadequada; mencionou a importância da classificação de riscos de crédito (Rating), por agências especializadas, e destacou a evolução do processo de gestão interna da propriedade, novos softwares e maior acesso às informações via Internet. Ainda no campo da gestão, o diretor da SNA anunciou o programa Soja Plus, que, segundo ele, “pretende estimular a produção sustentável segundo os requisitos de desempenho ambientalmente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis, adequados à realidade brasileira”.
Na avaliação do diretor do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Costa Guedes, a pecuária é um dos setores que menos tem influenciado o desmatamento da Amazônia brasileira. “Muitos falam que o setor de pecuária está desmatando a Amazônia, mas isso não é verdade, pois ele aparece apenas em quinto lugar entre as causas”, disse. De acordo com Guedes, a ocupação de terras ilegais tem sido o principal responsável, ainda que 76% do território da Amazônia pertença ao governo. Em segundo lugar estão o comércio e a extração ilegal de madeiras nobres, seguidos da extração de carvão. Em quarto lugar figuram os assentamentos. “Somente depois de todos esses agentes causadores é que aparece a pecuária”, explicou o diretor.
Leite: estabilidade de preço Rafael Ribeiro de Lima Filho, diretor da Scot Consultoria, traçou um panorama sobre o mercado de leite, preços e perspectivas. O país produziu 32 bilhões de litros do produto em 2011, com um consumo per capita de 170 litros/ano, ainda abaixo da recomendação do Ministério da Saúde, de 200 litros por habitante/ano. Lima Filho considerou bom o preço médio de R$ 0,80 recebido pelo litro de leite produzido ao longo de 2012. Ele destacou, especialmente, a pouca oscilação do valor pago ao produtor. Segundo o consultor, o principal problema enfrentado pelo pecuarista de leite não é novidade: o aumento dos custos de produção, que reduz a margem de lucro. “O preço da soja subiu mais de 100%, o poder de compra do produtor foi reduzido em 48%, e a rentabilidade média da atividade chegou a 20% em 2012, comparado a 2011. A receita do produtor de leite é hoje 60% menor quando comprada a 30, 40 anos atrás”, concluiu Lima Filho.
Mercado de orgânicos Sinônimo de produtos orgânicos, a Korin Agropecuária foi representada por seu diretor, Edson Shiguemoto, para quem
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Rubens Silveira, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), , afirmou que debater temas que possam contribuir para o desenvolvimento das empresas é primordial nos dias de hoje. O Rio Grande do Sul possui a maior lavoura de arroz irrigado do Brasil, em área de 1,1 milhão de hectares, e é responsável por 70% da produção nacional. Silveira destacou o papel da irrigação na estabilidade da produção riograndense e os avanços obtidos por meio dos programas de melhoramento genético, que elevaram a produtividade média de 5.000 kg/ha para 8.000 kg/ha, com exceções que chegam a 12 mil kg/ha. O Brasil produziu 11,6 milhões de toneladas de arroz na safra 2012/ 13, para atender à demanda interna de um milhão de toneladas ao mês.
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Arroz irrigado
Rubens Silveira, diretor do IRGA: “O Rio Grande do Sul possui a maior lavoura de arroz irrigado do Brasil”
Na avaliação do diretor do CNPC, Sebastião Costa Guedes, a pecuária é um dos setores que menos tem influenciado o desmatamento na Amazônia
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116 anos o preço, principal entrave ao crescimento desse mercado, deve ser solucionado com aumento da produção. Para Shiguemoto, maior escala de produção pode ser alcançada por meio de parcerias, investimento em tecnologia e gestão eficiente. Pioneira na avicultura alternativa, produzindo frangos sem antibióticos e sem promotores artificiais de crescimento, a Korin foi a primeira a receber selo de bem-estar animal para frangos de corte e postura e, em 2012, deu início à produção orgânica certificada.
O desafio das pastagens Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, salientou que a busca pela sustentabilidade é difícil de ser discutida de forma isolada, sem uma plena abordagem envolvendo as cadeias do agronegócio. Segundo ele, o principal desafio na busca pela sustentabilidade envolve as pastagens. “Se não houver uma integração da cadeia de pecuária com cultivo de lavouras, não conseguiremos impedir que pastagens deixem de ser degradadas. Mas se fizermos isso, áreas poderão ser aproveitadas para a produção de combustíveis, fibras e florestas de forma sustentável”, alertou. Smeraldi citou o caso da cadeia produtiva do café, que procurou se unir para elaborar produtos com certificação, aumentar a qualidade e garantir sustentabilidade. O diretor também mencionou o setor de florestas plantadas para a produção de celulose, que já nasce com processos de certificação de qualidade, proporcionado investimentos em tecnologia e a adaptação de biomas.
Apoio aos pequenos O Gestor do Programa Desenvolvimento Rural Sustentável da Itaipu Binacional, Sérgio Angheben, destacou os avanços do projeto desenvolvido em 29 municípios da Bacia do rio Paraná afetados pela hidrelétrica, envolvendo 1.200 beneficiados, entre agricultores familiares, indígenas e assentados. O objetivo final é a implementação da agricultura orgânica, passando pelos estágios de práticas agroecológicas, conversão do sistema convencional para o orgânico e certificação. Angheben informou que o programa inclui 22 associações de produtores orgânicos – incluindo agroindústrias familiares - e sete cooperativas.
Alimentos seguros Ao abordar questões relacionadas à agricultura sustentável, encerrando o painel das cadeias produtivas do agronegócio, Sávio José Barros de Mendonça, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, falou sobre a importância do alimento seguro, assinalando aspectos como a aplicação de substâncias químicas, os cuidados com a forma de manipulação dos produtos e o perigo da contaminação microbiológica - fator que atualmente lidera o ranking de riscos da Agência de Medicamentos e Alimentos (FDA) dos Estados Unidos. “Hoje, os consumidores querem alimentos seguros e com qualidade”, declarou Sávio, que defendeu o Sistema de Produção Integrada na agropecuária. O palestrante informou que, desde 2000, esse sistema contempla projetos em 30 cadeias produtivas, 16 normas técnicas publicadas (há outras dez em andamento), envolvendo flores, batata, tomate, arroz, amendoim etc. 14 A Lavoura NO 694/2013
Cadastro Ambiental diz Izabella Teixeira A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante o 13O Congresso de Agribusiness da SNA, reafirmou que é falsa a dicotomia, a polarização entre meio ambiente e produção de alimentos. “É um artifício político usado e adotado em várias sociedades para reunir grupos, para as pessoas disputarem os seus espaços, como é da natureza da democracia”, afirmou. Ela lembrou que a produção de alimentos é uma atividade econômica fortemente dependente dos ativos ambientais. “A produção de alimentos é a gestão da terra, é a gestão de recursos hídricos”, enfatizou.
Cadastro Ambiental Rural Izabella Teixeira aproveitou a oportunidade para anunciar o lançamento do Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma exigência do novo Código Florestal, cuja implantação deverá se estender até 2014. Explicou que o procedimento de cadastro será automático. Pela internet, o produtor terá acesso à imagem de satélite da propriedade e a informações relevantes como Áreas de Proteção Permanente (APP), área de Reserva Legal, cursos d’ água etc. O próprio sistema emitirá um documento de cadastro e fará os cálculos para identificar os déficits e o que é preciso fazer para corrigi-los posteriormente, sob orientação do órgão ambiental. “No futuro vamos lançar o auto de infração eletrônico”, provocou a ministra. O CAR vai proporcionar um conhecimento da realidade do campo até então ignorada, como as áreas degradadas ou de preservação permanente que, segundo a ministra, são estimadas na base do ‘chute’. “Vou trabalhar para ilegal se tornar legalizado”, afirmou. No sistema, todas as informações georreferenciadas serão disponibilizadas numa mesma plataforma e dialogarão numa mesma base de dados. O Ministério do Meio Ambiente adquiriu as imagens de satélite e assinará termos de cooperação para que Estados e Municípios tenham acesso a essas informações inéditas e consolidem seus cadastros regionalmente. A nova base de informação favorecerá a análise e a discussão de políticas públicas e proporcionará uma visão estratégica do país, valorizando a eficiência no uso dos recursos hídricos e incentivando o pagamento de serviços ambientais.
Pós-Código Florestal A ministra acredita que esta fase pós-aprovação do Código Florestal representará segurança jurídica, transparência e informação para o agronegócio brasileiro. “O código florestal poderá ser um caminho para, nos próxi-
ENTREVISTA
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Rural garantirá produção sustentável, também o consumo (interno e externo); e, para tanto, é fundamental eliminar os gargalos da infraestrutura. A ministra acredita que a discussão climática ganhará contornos de natureza estratégica do ponto de vista geopolítico e do ponto de vista econômico. “Os setores produtivos têm sete anos para discutir o novo acordo do clima a vigorar a partir de 2020, equacionar os custos, apontar caminhos para que a sociedade brasileira não sofra limitações, ou que limites sejam impostos à nossa agenda de desenvolvimento de sustentabilidade”, alertou.
Questões estratégicas Izabella Teixeira falou ainda de questões estratégicas do agronegócio que vão além da agropecuária, como fertilizantes e bioenergia, insumos, agroindústria e distribuição. Mais do que isto, disse ser essencial que o esforço brasileiro resulte em quatro palavras: gestão, eficiência, transparência e credibilidade. “É absolutamente essencial que essa visão inovadora de competitividade, oportunidade associada à sustentabilidade, permeie uma visão transparente de políticas públicas no Brasil e que essas políticas públicas consigam trabalhar o curto e o médio prazo, naquilo que são as relações globais. Porque a agricultura brasileira ela é global e ganhará cada vez mais espaços globais, quer pelos cenários da FAO, quer pela nossa eficiência de competir”, concluiu.
Agricultura de Baixo Carbono Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira
mos 10 anos, o produtor rural afirmar: eu produzo com sustentabilidade”, disse Izabella Teixeira. Em sua opinião, a nova visão ambiental deve considerar erros e acertos, eliminar “essa mania de vilania” e passar a considerar o lado bom.
Desafio global Estudo recente do Banco Mundial indica que o Brasil estará no centro das discussões globais nos próximos 30 anos. Entre os grandes temas que nortearam as negociações políticas da Rio+20 estão os objetivos do milênio, o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e as discussões sobre o clima. “São objetivos independentes, pois enquanto sustentabilidade exige um compromisso político permanente, com metas para todos os países do mundo, os objetivos do milênio são metas com duração de tempo, até 2015”, lembra. Segurança alimentar é um dos desafios do século, ou seja, a produção de alimentos para enfrentar o cenário de crescimento populacional e, principalmente, para promover a erradicação da pobreza. Para Izabella Teixeira é preciso garantir não só a produção de alimentos, mas
A ministra convocou todas as entidades ligadas ao agronegócio a se empenharem para colocar em prática o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono). “Somos o país que mais faz pelo clima e, certamente, temos condições de fazer muito mais, na medida em que tenhamos asseguradas nossas condições de inovação tecnológica, de desenvolvimento e erradicação de pobreza. E se há um setor que traduz isso com muita objetividade, é o setor da agricultura”, disse Izabella Teixeira. Segundo ela, o Brasil está trilhando um caminho novo, com as instituições ambientais federais passando por reformas, a discussão de licença técnica ganhando novos contornos. A ministra vê a questão fundiária como outro desafio: “O Brasil tem que colocar esta questão na mesa e mostrar onde estão os nossos problemas e onde estão as nossas soluções. Falar só do êxito ficou para trás. Temos que compartilhar as dificuldades e buscar um entendimento comum para construir novas saídas”, disse a ministra, convocando engajamento de todos em prol do desenvolvimento, “sem preconceitos e com uma ideologia de desenvolvimento sustentável, para mostrar à sociedade brasileira que é possível fazer um Brasil melhor. E a agricultura faz parte disso”, concluiu.
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Garo Batmanian (Banco Mundial) foi agraciado com medalha e diploma entregues por Antonio Alvarenga (acima e à esq.). Abaixo, Maurício Antonio Lopes, presidente da Embrapa, recebe premiação de Antenor de Barros Leal, presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro
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O diretor da SNA, Paulo Protásio, coordenou uma parceria entre a Associação Comercial do Rio de Janeiro e a Sociedade Nacional de Agricultura para premiar cinco instituições que se destacaram durante a realização da Rio + 20. São elas a Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG; Banco Mundial; Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação; Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; e Sebrae – Serviço de Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas. A entrega dos prêmios foi realizada durante a abertura do 13º Congresso de Agribusiness da SNA.
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PREMIAÇÃO RIO+20
Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente (acima), entrega prêmio à Luiz Barretto, presidente do Sebrae Nacional; o diretor da SNA, Paulo Protásio (à esq.), presta homenagem à ABAG, na figura de seu presidente, Luiz Carlos Corrrea; e à direita, Carlos Augusto Caldas de Moraes, assessor do premiado Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, recebe a medalha de Maurício Antonio Lopes, presidente da Embrapa
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Medalha especialmente produzida pela Casa da Moeda para premiação das instituições que se destacaram durante a Rio + 20
PANORAMA DO PA SSOS
Nova cultivar de LIMA ÁCIDA
Uma nova alternativa de lima ácida para o Centro-Oeste brasileiro, durante a entressafra, a ‘BRS Passos’ acaba de ser lançada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, visando atender ao mercado de fruta in natura. Umas das principais vantagens competitivas da nova cultivar é sua alta produtividade — 60 t por hectare —, três vezes a mais que a média nacional e sua menor taxa de abortamento floral. Outros diferenciais da cultivar são sua resposta à indução de florescimento, via manejo da adubação, permitindo a produção na entressafra (segundo semestre) e seu maior tempo de prateleira.
Clone recuperado A limeira ácida ‘BRS Passos’, Citrus latifólia (Yu. Tanaka) Tanaka, é uma seleção do clone de lima ácida da Embrapa Mandioca e Fruticultura denominada “Clone1”, obtido na década de 1970, por meio de sementes e recuperado pelo pesquisador Nilton Junqueira. Seu nome é uma homenagem ao melhorista Orlando Passos, que há mais de 40 anos se dedica à citricultura. Quando cultivada no Distrito Federal e seu entorno, a culti-
BANANEIRA resistente
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esistente à Sigatoka-amarela e ao mal-do-Panamá, a cultivar de bananeira tipo Prata ‘BRS Platina’ já está à disposição dos produtores. Lançada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), no final de 2012, é resistente às duas principais doenças da cultura. Segundo Edson Perito Amorim, responsável pelo programa de melhoramento genético de bananeira da Embrapa, essa foi a maior preocupação da equipe durante a pesquisa. “A ‘BRS Platina’ vem atender à demanda por frutos do tipo Prata, em especial onde há a presença do mal-do-Panamá, doença que tem limitado a produção da cultivar ‘Prata Anã’ nos perímetros de irrigação”, afirma o pesquisador. A nova variedade, desenvolvida em parceria com a Unidade Regional Norte de Minas da Epamig (Nova Porteirinha/ MG) e com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (Guanambi/BA), apresenta bom perfilhamento, porte médio e características, tanto de desenvolvimento quanto de rendimento, idênticas às da ‘Prata Anã’. Os frutos também parecem com os dessa cultivar em forma, tamanho e sabor, porém, devem ser consumidos com a casca um pouco mais verde, à semelhança das variedades do subgrupo Cavendish. Além disso, deve ser colhida de acordo com o mesmo manejo adotado para Cavendish.
Análises sensoriais A análise sensorial da variedade foi realizada paralelamente a eventos do setor de fruticultura junto a consumidores. Os resultados obtidos foram muito positivos e indicam elevada aceitação dos consumidores pelos frutos da ‘BRS Platina’. “A análise sensorial é uma etapa fundamental na finalização de uma cultivar, uma vez que os frutos são con-
var responde muito bem à indução floral, com fertilização à base de sulfato de amônio e cloreto de potássio. “Nessas regiões, as induções de floradas devem ser feitas na primeira semana de fevereiro ou março, segunda semana de abril ou primeira quinzena de maio, sempre nos períodos de estiagem”, recomenda Orlando Passos.
Mercado A lima ácida ‘Tahiti’ representou, nos últimos anos, mais de 90% do total de limas e limões comercializado pela Ceagesp, em São Paulo. O principal destino da produção nacional de lima ácida é o mercado interno (89%), seguido do processamento pelas indústrias (75%) e da exportação de frutas in natura (4%). Na região Centro-Oeste, o principal destino da lima ácida é o comércio da fruta in natura. Em 2012, os preços pagos ao produtor foram de R$ 4,24 a caixa na safra (janeiro a maio) a R$ 30,00 a caixa na entressafra (julho a novembro). A ‘BRS Passos’ é uma cultivar de domínio público. Viveiristas podem obter material propagativo (borbulheiras) na Embrapa Produtos e Mercados (61) 3448-4248 ou pelo e-mail enbsb.snt@embrapa.br.
sumidos e avaliados quanto a uma série de parâmetros de qualidade, como sabor e aspecto v isual”, explica Amorim.
Marketing promocional Para Herminio Rocha, líder do plano de ação “Elaboração de plano de negócios e plano de marketing visando ao lançamento de variedades melhoradas de bananeira” do programa de melhoramento genético, após a apresentação da nova cultivar à comunidade científica, foi a vez dos Banana BRS Platina resiste à Sigatoka-amarela e ao mal-do-Panamá agricultores de outras regiões, também consideradas polos de produção da cultura da bananeira, conhecerem a BRS Platina. O próximo passo é fazer com que os consumidores possam se beneficiar do produto. O Sistema de Produção Online (SPO) para a bananeira ‘BRS Platina’ está disponível no endereço www.embrapa.br/ sistemasdeproducao, numa parceria técnica com a Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF) e a Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP). Nesse documento, encontram-se todas as especificidades de manejo da nova variedade, desde as etapas de pré-plantio até a fase de póscolheita, que devem ser rigorosamente seguidas para se obter o máximo rendimento e aceitação para a nova cultivar no mercado consumidor nacional. EDSON P AMORIM / EMBRAPA
ORLAN
LÉA CUNHA - EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA
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PANORAMA
Cafés especiais brasileiros ampliam horizontes Os 24 lotes vencedores do 13º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil “Cup of Excellence Early Harvest” — edição 2012, leiloados em janeiro passado, via internet, pela Associação Brasileira de Cafés Especiais, em parceria com Apex-Brasil e com a Alliance for Coffee Excellence (ACE), gerou uma receita total na ordem de US$ 395.096,52, uma média de US$ 5,54 por libra peso, o equivalente a US$ 732,83 por saca de 60 kg. Todos os cafés foram negociados e o preço médio alcançado representou alta de 270% sobre o fechamento da Bolsa de Nova York no mesmo dia. O maior lance registrado foi de US$ 12,10 por libra peso, pagos à Fazenda do Moinho, em Olímpio Noronha (MG), pelo consórcio formado pelas empresas japonesas Maruyama Coffee, Saza Coffee, Uchida Coffee e Coffee-a-gogo, além da empresa Orsir Coffee, de Taiwan. O lote rendeu um total de US$ 27.209,45 ao produtor Vinícius José Carneiro Pereira, vencedor do concurso destinado exclusivamente aos cafés brasileiros produzidos por via úmida (cerejas descascados ou despolpados) na safra 2012.
parceiros, colheu frutos ao conquistar, pela IO ENC primeira vez, uma LOR DI F ERO empresa francesa — a importadora Belco —, que adquiriu lotes vencedores. Segundo Vanusia Nogueira, diretora-executiva da associação, o café especial brasileiro, além de ampliar seus horizontes em mercados emergentes como China e Taiwan, consolida sua presença também em mercados tradicionais como o francês. “Isso é fruto do excelente trabalho de promoção e divulgação da qualidade excepcional dos Cafés do Brasil mundo afora”, comenta.
Produtores de Minas vencem concurso nacional de qualidade Produtores de Minas Gerais conquistaram o primeiro lugar e as três categorias (Cereja Descascado, Natural e Microlote) do 9º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. O cafeicultor José Alexandre de Lacerda, da Fazenda Forquilha do Rio, situada em Espera Feliz, foi o vencedor do concurso, com seu café recebeu a nota de 84,63 pontos de qualidade global na xícara. Além de campeão do certame, esse café
Ampliando mercado O trabalho de promoção dos cafés especiais brasileiros, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais e seus
Água de MANDIOCA: de poluente à APROVEITÁVEL O
LÉA CUNHA
grande volume de água de mandioca, resíduo líquido produzido em decorrência da prensagem da mandioca para a produção de farinha, conhecida como manipueira, vem estimulando diversas pesquisas na Embrapa Mandioca e Fruticultura. Em geral, ela é eliminada a céu aberto pela casa de farinha, em grande quantidade e de forma concentrada e, por isso, tóxica e poluente. Mas os estudos já identificaram que esse subproduto pode ser aproveitado de diversas formas na agricultura. Sua composição de nutrientes, principalmente o potássio, a tornam adubo natural, tanto de solo, como foliar, podendo ser usada ainda na alimentação de ruminantes. A manipueira impura, quando adicionada à água, é mais tóxica ainda e pode ser eficiente no controle de pragas e doenças. Por isso, deve ser utilizada no mes-
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mo dia da coleta, sob pena de o ácido contido na raiz se perder. Na alimentação animal, precisa passar por um processo de desintoxicação prévia, alerta o pesquisador Mauto Diniz. Segundo ele, são necessários pelo menos dois dias para que a manipueira possa ser usada na alimentação de ruminantes como o boi, o carneiro e o bode. Segundo ele, esse resíduo tem elevada carga de matéria orgânica e de ácido cianídrico. De forte odor, atrai moscas e outros insetos, além de colocar em risco de intoxicação animais e a população, já que pode contaminar a água de cisternas num raio de 100 metros, explica Diniz. Experiências mostram que a manipueira pode ser utilizada como adubo de cobertura, em plantas adultas. Como inseticida, combate o moleque-da-bananeira, e é eficiente fungicida no controle do mal-do-Panamá. A água da mandioca pode ainda ser utilizada como adubo de cinco diferentes maneiras: aplicada diretamente no solo, na adubação de cobertura, como adubo foliar, no preparo de compostagem e na fertirrigação. Mauto Diniz explica que manipueira pode substituir adubos químicos, como a ureia, superfosfato simples e o cloreto de potássio, pois contém naturalmente esses nutrientes, podendo ainda ser utilizada em qualquer cultura. A única variável é a dosagem, que muda de cultura para cultura. “Esse adubo é capaz também de aumentar, até dobrar, a produtividade em relação à adubação química”, garante o pesquisador. A manipueira precisa ser desintoxicada para ser usada na alimentação animal
PANORAMA também conquistou o 1º lugar na categoria Microlote (duas sacas), na qual concorrem apenas pequenos produtores, com propriedades de no máximo 15 hectares. Na categoria Cereja Descascado, o café vencedor foi o do produtor José Roberto Canato, da Fazenda Monte Verde, de Carmo de Minas, que recebeu a nota 82,15. E na categoria Natural, a maior nota foi dada ao café produzido por Amélia F. Delarisse na Fazenda Apucarana, situada em Patrocínio: 81,75 pontos. A avaliação sensorial foi feita no laboratório do Sindica-
fé-São Paulo, por um júri integrado por provadores e árbitros da mais alta qualificação, coordenado por Ensei Neto, da Specialty Coffee Bureau. Todos os procedimentos seguiram a metodologia do PQC–Programa de Qualidade do Café, da ABIC, para grãos torrados, combinada com a metodologia da SCAA– Specialty Coffee Association of America, para grãos verdes. A avaliação das amostras foi feita “às cegas”, sem identificação da origem. Os juízes avaliaram a qualidade global do café na xícara, pontuando notas de 0 a 100 para propriedades como: aroma, sabor, corpo e retrogosto.
Conab prevê safra de 46,98 milhões a 50,16 milhões de sacas em 2013 ção nacional de café levou o mercado a se precificar em relação ao tamanho da safra 2013 no Brasil. Em janeiro, os contratos futuros do grão voltaram a registrar fortes oscilações na bolsa de Nova York. O CNC lembra que, com as medidas governamentais que serão tomadas, o produtor não terá a necessidade de ir ao mercado vender de imediato, a menos que ocorra uma reação nas cotações, pois os débitos serão prorrogados e, havendo necessidade, serão implantados programas para a sustentação dos preços. Dessa maneira, recomenda que o cafeicultor comercialize seu produto somente quando o mercado oferecer valores remunerativos. PAULO A. C. KAWASAKI, MARÍLIA MOREIRA
FRANCISCO DUARTE
S egundo o Conselho Nacional do Café (CNC), a projeção deverá acabar com as especulações de que o Brasil produzirá, este ano, uma safra maior que a 2012. Para o presidente Executivo do CNC, Silas Brasileiro, a divulgação da primeira estimativa de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o café em 2013 — entre 46,98 milhões e 50,16 milhões de sacas — deve frear as especulações em torno de uma safra maior que a anterior. Segundo ele, com base nas apurações junto às regiões produtoras, os números iniciais da Conab condizem com a realidade, especialmente pelo fato de muitas lavouras terem sido renovadas nos últimos três a quatro anos. O anúncio da primeira estimativa oficial para a produ-
Novas cultivares de CAPIM-ELEFANTE As novas forrageiras de capim-elefante têm indicações diferenciadas
Já estão disponíveis aos produtores que buscam intensificar seus sistemas de produção animal duas novas cultivares de capim-elefante: BRS Canará e BRS Kurumi. A primeira é indicada para alimentação animal sob forma de capineira e a segunda serve para o pastejo direto por bovinos. O desenvolvimento dessas duas cultivares forrageiras de capim-elefante contou com a participação da Embrapa Cerrados, lo-
calizada em Planaltina (DF), a partir de genótipos obtidos pelo programa de melhoramento genético da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora/MG), por meio da Rede Nacional de Avaliação de Capim Elefante (Renace). A rede integra instituições de pesquisa em 16 estados brasileiros. Características A BRS Canará apresenta porte alto, touceiras de formato semiaberto, folha
de cor verde, bainha verde-amarelada e colmo de diâmetro médio. Possui propagação vegetativa por meio de estacas e é indicada para uso como capineira nos biomas Amazônia e Cerrado. Apresenta alta produtividade de forragem e é um importante recurso de baixo custo para intensificação da produção animal durante a época chuvosa. Também pode ser utilizada na produção de silagem para fornecimento de alimento durante a época seca do ano. A BRS Kurumi apresenta touceiras de formato semiaberto, folha e colmo de cor verde e internódio curto. Tem crescimento vegetativo vigoroso, com rápida expansão foliar, intenso perfilhamento e porte baixo. Também possui propagação vegetativa por meio de estacas e é indicada para uso forrageiro nos biomas Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado. Possui alto potencial de produção de forragem com excelentes características nutricionais e facilidade de manejo devido ao seu porte baixo. Mais informações: negocios@cnpgl.embrapa.br BRENO LOBATO E JULIANA CALDAS - EMBRAPA CERRADOS
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GIRASSOL
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Cuidados comeรงam na SEMEADURA
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GIRASSOL
CESAR
CASTRO, M ARCELO HIROSHI HIRAKURI, ADILSON DE OLIVEIRA JUNIOR E REGINA MARIA VILLAS BÔAS DE CAMPOS LEITE DE
EMBRAPA SOJA
Com o uso de tecnologia correta de cultivo, o agricultor pode agregar renda e diversificar a propriedade
PESQUISADORES DA EMBRAPA SOJA
O
cultivo do girassol vem despertando grande interesse como opção de diversificação nos sistemas de rotação em algumas regiões produtoras de grãos, mais especificamente, o Cerrado brasileiro e, em especial, o Mato Grosso. Levantamentos realizados na região de Campo Novo do Parecis (MT), principal produtora de girassol, apontaram lucro de mais de R$ 220,00 por hectare. Esta ocupação rentável do espaço agrícola, propiciada pela cultura do girassol, tem diversos impactos positivos, tais como o fortalecimento da mão de obra permanente, capitalização do produtor, ampliação do portfólio de renda agropecuária e pulverização dos riscos inerentes ao setor produtivo.
Sustentabilidade A sustentabilidade econômica depende não só do manejo adequado da cultura, mas da existência de mercado que garanta a compra da produção. Nesse sentido, tem sido vital o crescente mercado de óleos comestíveis nobres, em especial o óleo de girassol alto oleico e de farelo e torta para alimentação animal. Isso, entre outros fatores, tem criado diversas perspectivas em relação ao aumento da área cultivada do girassol no Cerrado brasileiro. Uma questão estratégica é a necessidade, cada vez maior, de aumentar a oferta global de óleos, permitindo que o mercado de alimentação seja reservado para os óleos com valor nutricional ou industrial mais elevado, como o de girassol, buscando atender às políticas anti-junk food, que preconizam hábitos alimentares saudáveis. Um bom exemplo é o girassol alto oleico, muito valorizado não apenas na indústria alimentícia, como diretamente na culinária. Neste sentido, a PepsiCo ganha destaque, já que diminuiu em 50% a quantidade de gordura saturada na fritura de sua linha de produtos com o uso de óleo de giras22 A Lavoura NO 694/2013
sol. Outro exemplo vem da França, cuja culinária é patrimônio nacional, onde mais de 50% do óleo de girassol produzido é alto oleico.
Pontos do manejo da cultura que merecem maior destaque
1. Semeadura A semeadura é um dos passos mais importantes no cultivo do girassol. É uma operação delicada, com a distribuição de uma pequena quantidade de sementes, que, em função da densidade, utiliza entre 3 e 4 kg/ha. Assim, a operação de semeadura é fundamental para se obter uma lavoura uniforme e com a densidade de plantas desejada. Atualmente, muitos agricultores utilizam semeadoras especiais, mas, independentemente do modelo, os cuidados com esta operação poderá determinar todo o sucesso da lavoura. Se a distribuição e a profundidade de semeadura são importantes para a soja e o milho, que possuem sementes maiores e mais pesadas, muito maior deve ser o cuidado com as de girassol. De modo geral, produtividades mais elevadas são obtidas com população alternando entre 40 e 45 mil plantas por hectare. Entretanto, essa população pode variar em função da cultivar e/ou das condições edafoclimáticas. Do mesmo modo, o espaçamento entrelinhas pode alterar de 0,5 m a 0,9 m, por causa da semeadora e da colhedora disponível. No entanto, as maiores produtividades são obtidas com espaçamento entre 0,5 e 0,7 m.
como a janela de semeadura do girassol não competir com outras culturas — principalmente o milho safrinha — e sua maior tolerância ao deficit hídrico. Em parte, isto pode ser constatado na região central do Brasil, onde o cultivo do girassol normalmente ocorre após a soja, do final de fevereiro ao início de março, em função da maior capacidade de desenvolvimento radicular e outros mecanismos de tolerância ao estresse hídrico. Isto tem permitido que o produtor tenha mais uma opção de cultivo na safrinha, agregando renda e melhorando a eficiência de uso da terra.
3. Cultivares Outro passo importante para o sucesso da lavoura é a escolha das cultivares de girassol, já que existem no mercado sementes de diversas variedades e híbridos disponíveis aos agricultores. A Embrapa Soja lançou recentemente híbridos e variedades de girassol, com objetivo de aumentar o leque de opções de genótipos com elevado potencial produtivo. Entretanto, existem outras empresas que comercializam sementes de girassol com elevado potencial de rendimento de grão e com teor de óleo variando de 40 a 50%. No site da Embrapa Soja, encontramse as empresas que comercializam sementes de girassol (www.cnpso.embrapa.br).
2. Época de Semeadura
4. Manejo do solo e da
A época de semeadura varia de acordo com a região. No Centro-Oeste, por exemplo, o girassol adapta-se ao cultivo em condições de safrinha, no sistema de produção com a sucessão soja–girassol, com a vantagem de ser reconhecido por beneficiar a cultura seguinte. É interessante observar que os agricultores citam outras vantagens,
Conforme já citado e propalado por muitos, uma das principais características do girassol é a maior tolerância à seca. Essa característica se deve, principalmente, às raízes profundas que exploram grande volume de solo e, assim, conseguem absorver maior quantidade de água e de nutrientes. Entretanto, o cultivo de girassol
adubação
GIRASSOL Entre os micronutrientes, o boro (B) é o que merece maior atenção. Contudo, assim como os demais nutrientes, a necessidade de B será definida a partir dos teores existentes no solo. Um bom indicativo é o teor de matéria orgânica e a textura do terreno.
Como aplicar
deve ser preferencialmente destinado às áreas que adotem práticas de manejo melhoradoras das peculiaridades físicas do solo, pois o girassol é sensível à compactação da terra. A quantidade de adubos necessária para o cultivo do girassol está relacionada aos teores de nutrientes existentes no terrreno e quantificados com a análise de solo. De modo geral, em função do potencial de produção e da fertilidade natural do solo, as quantidades de nitrogênio, fósforo e de potássio variam de 40 a 60 kg/ha de N, 40 a 80 kg/ha de P2O5 e 40 a 80 kg/ ha de K2O. Portanto, em áreas com boas produtividades de soja ou de milho, que são bons indicadores da fertilidade do solo, as quantidades de fertilizantes aplicadas são as menores.
Absorção dos nutrientes Em função da capacidade de explorar grande volume de solo, o girassol consegue absorver muitos nutrientes, que podem estar fora do alcance das raízes de outras culturas. Levantamento efetuado em algumas lavouras no Mato Grosso reforça a grande absorção de nutrientes pelo girassol, em especial o potássio. Avaliações feitas em plantas inteiras, no enchimento de grãos e com peso seco de 200 g, demonstraram teores médios de 46 g/kg de potássio (K). Fazendo um cálculo simples pela população de plantas, é fácil constatar, de forma bastante clara, o poder de extração de nutrientes do solo. Como somente os grãos são retirados das lavouras e a palhada irá se mineralizar e liberar os nutrientes contidos nas mesmas, fica evidente o poder dessa planta na ciclagem de nutrientes.
Doenças Quanto às doenças, as mais importantes são a mancha de alternaria (Alternaria helianthi) e a podridão bran-
O girassol (Helianthus annuus L.) explica não só o nome comum como o nome botânico da planta, tendo em vista que o gênero deriva do grego helios, que significa sol, e de anthus, cujo significado é flor, ou seja, “flor do sol”. É, portanto, uma referência à característica da planta de girar sua inflorescência, seguindo o movimento do sol.
DULCE MAZER
A tolerância à seca é uma das principais características do girassol
Quanto à forma de aplicação, a mais adequada é a realizada via solo, juntamente com a adubação de base. Este manejo é recomendável porque, além dos mecanismos de absorção dos nutrientes pelas raízes, a aplicação no solo resolve o problema das culturas que compõem o sistema de produção e não somente o do girassol. Outro modo de suprir a necessidade de B é a aplicação juntamente com herbicidas dessecantes, principalmente na forma de ácido bórico. Por fim, é importante destacar que em solos arenosos, as quantidades devem ser menores que as aplicadas em solos argilosos, para evitar possíveis efeitos tóxicos de B às plântulas recém-emergidas.
ção de plantas, já existem alguns produtos registrados que possibilitam melhorar o manejo de pragas.
5. Controle de pragas e doenças
As principais pragas que atacam o girassol, em diferentes épocas, são a vaquinha (Diabrotica speciosa), a lagarta-preta (Chlosyne lacinia saundersii) e os percevejos (Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros). Outros insetos, embora possuam potencial de dano à cultura, geralmente ocorrem em populações baixas e, ocasionalmente, chegam a causar danos maiores. O tratamento químico para o controle de insetos-pragas de girassol tem sido prática usual em diversos países. Até bem pouco tempo, no Brasil, por falta de registro de princípios ativos, o agricultor não dispunha oficialmente desta tecnologia. No entanto, por iniciativa de empresas que desenvolvem produtos para a proteGirassol: escolha das cultivares é importante para o sucesso da lavoura
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ca ou mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum). A mancha de alternaria, que afeta principalmente as folhas, mas também a haste e o capítulo, torna-se mais severa em condições de altas temperatura e umidade acentuada. Assim como muitas culturas, o girassol é hospedeiro suscetível do mofo branco e, portanto, não deve ser cultivado em áreas com histórico da doença. Além isso, a escolha da época de semeadura é fundamental. Cabe salientar que a indicação da época de semeadura define o período que se permita satisfazer as exigências da planta, nas diferentes fases de desenvolvimento, e que não favoreça a ocorrência de doenças. Como esse fungo é transmitido por sementes, é imperativo utilizar sementes sadias e de procedência conhecida.
6. Colheita Assim como a semeadura, a colheita de girassol é uma operação delicada, em que grandes perdas podem ocorrer se pequenos detalhes não forem seguidos, como a umidade dos grãos, a ventilação, a velocidade de operação e a época de colheita, entre outras. A colheita pode ser efetuada com a plataforma de milho ou de soja modificada ou, até mesmo, utilizando plataformas especiais de girassol. Estas plataformas são eficientes e possibilitam reduzir as perdas de grãos e colher com menor quantidade de impurezas. De forma resumida, estes são os principais cuidados que o produtor deve ter com o cultivo do girassol que, se realizado adequadamente dentro de critérios técnicos, pode ser uma boa opção de diversificação da atividade agrícola. É uma cultura que produz óleo de alta qualidade nutricional e com grande demanda e valor no mercado. Além disso, após o esmagamento, como coproduto, obtém-se uma torta com excelente opção para alimentação animal em sistemas de produção integrados. Por fim, destaca-se mais uma possibilidade de uso da terra em um período onde normalmente diminuem as opções comerciais de cultivo, especialmente em se tratando do Cerrado brasileiro. Isto tudo faz com que o agricultor agregue renda, diversifique a propriedade e faça o uso mais eficiente de seu maior patrimônio, a terra.
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MKT
GIRASSOL
Semente de girassol é aliada da SAÚDE Semente de girassol: várias formas de consumo
CARDIOVASCULAR
Altos teores de ácidos graxos são responsáveis pelo controle dos níveis de colesterol
A
alimentação representa 20% do nível de colesterol, cuja alteração se relaciona a problemas cardiovasculares. Alguns alimentos, como a semente de girassol, podem ajudar a controlá-los. “A semente de girassol contém elevado teor do ácido graxo poli-insaturado linoléico (ômega 6) e do ácido graxo monoinsaturado oléico (ômega 9), nutrientes essenciais ao organismo, e que não são produzidos pelo corpo. Por isso, precisamos extraí-los da alimentação”, afirma Bruna Murta, nutricionista da rede Mundo Verde.
Fonte de vitamina E O alimento é, também, excelente fonte de vitamina E — com ação antioxidante. É outra substância importante na prevenção de doenças do coração, além de proteger a pele da radiação ultravioleta, evitando o envelhecimento precoce. Reduz, ainda, o risco de câncer de pele, de cólon, bexiga e de próstata e protege a membrana celular e os neurônios, evitando a oxidação da molécula do colesterol, ajudando no seu controle e na prevenção de aterosclerose. A vitamina E tem um significativo efeito anti-inflamatório, sendo benéfica em casos de osteoartrite e artrite reumatoide.
Selênio A semente é rica em fitoesteróis, compostos encontrados em plantas com estrutura química semelhante a do colesterol, que, se
ingeridos em quantidades suficientes, podem reduzir os níveis sanguíneos de LDL e diminuir o risco de câncer. É também fonte de selênio, mineral de ação antioxidante que inibe a proliferação de células cancerosas e induz à morte de células cancerígenas.
Fibras Rica em fibras, a semente auxilia na prevenção da constipação intestinal e causa saciedade. Por isso, pode ajudar no emagrecimento, já que auxilia na redução do apetite. Também é fonte de magnésio — mineral que mantém os nervos relaxados e é importante para a formação óssea. Contém cobre, que é fundamental para a função das enzimas envolvidas na ligação do colágeno com elastina, proporcionando resistência e flexibilidade nos ossos e articulações.
Como consumir Sementes de Girassol: podem ser consumidas como aperitivo ou adicionadas a receitas de pães, bolos, cookies, farofas. Também podem ser adicionadas às saladas ou aos ovos mexidos. Polvilhe as sementes em cereais quentes ou frios. Também acompanham muito bem as frutas picadas (banana, mamão, maçã etc.), como sobremesa ou lanche. Óleo de Girassol: de sabor suave, pode ser utilizado no preparo dos alimentos e adicionado em saladas, cozidos, conservas.
PAULO LANZETTA - EMBRAPA
GIRASSOL
O ponto ideal de corte é quando a flor está madura
Girassol e milho: boa dupla para produção de silagem no Sul C
Mais proteína
om o objetivo de ampliar a capacidade de produção de alimento para o gado, a Embrapa Clima Temperado vem recomendando o cultivo de girassol e de milho no mesmo ciclo de produção para produzir silagem. Segundo o pesquisador Jorge Schafhauser, a recomendação é que o girassol seja semeado em julho para colheita em dezembro, e o milho seja plantado na sequência, para ser colhido em maio. O pesquisador observa que o sistema radicular do girassol é mais profundo que o do milho, permitindo que ele busque a água em níveis mais profundos do solo. “A resistência à estiagem não é tão grande, mas o girassol procura água com mais eficiência, o que permite que seja cultivado em épocas de estresse hídrico”, diz Schafhauser.
A silagem feita a partir do girassol apresenta teor mais elevado de proteína do que a feita com o milho. Possui de 10% a 14% de Proteína Bruta, enquanto a de milho gira entre 7% e 8%. O pesquisador explica que a silagem de girassol é realizada com a trituração da planta inteira (assim como a de milho), após a maturação fisiológica, sendo que o capítulo (flor) responde por cerca de 50% do peso total da planta. O ponto ideal de corte é quando o capítulo está bem maduro, pois, antes disso, o teor de matéria seca ainda é muito baixo, devido à umidade do caule e do próprio capítulo, o que leva à perda de efluentes e redução do valor nutritivo da silagem.
A vantagem proteica em relação ao milho faz com que o girassol seja uma boa opção para a reduzir a quantidade do concentrado, principalmente para vacas leiteiras, que têm uma demanda elevada de proteína, permitindo uma grande economia no custo de produção do leite. Jorge Schafhauser lembra ainda que o custo de produção/tonelada de silagem de girassol é semelhante ao do milho, podendo ser até menor. “Obviamente, depende de muitas variáveis, entre elas a vantagem de um baixo investimento em sementes e, por outro lado, uma menor produção de biomassa por área.
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A vantagem proteica em relação ao milho faz do girassol boa opção para vacas leiteiras
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ESPECIAL: INDICAÇÃO ESPECIAL: INDICAÇÃO GEOGRÁFICA GEOGRÁFICA
PRODUTOS de VALOR Diferencial que valoriza as produções locais, as Indicações Geográficas (IGs), que se subdividem entre Indicação de Procedência e Denominação de Origem, deverão se multiplicar nos próximos anos. Conceito relativamente novo no Brasil, as IGs valorizam e protegem as características — do território ou da maneira de fazer — e agrega valor aos produtos tradicionais de diversas regiões. Certa do potencial desse mercado, a revista A Lavoura inicia, nesta edição, uma série de reportagens sobre o assunto. Na estreia, fala sobre o conceito e destaca as regiões pioneiras como o Vale dos Vinhedos (RS) e o Litoral Norte Gaúcho.
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INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
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radição e herança histórico-cultural, ambiente e biodiversidade, notoriedade e saber fazer dos territórios, são informações relevantes para a concessão da Indicação Geográfica (IG) aos produtos de determinadas regiões. Esse tipo de certificação é uma ferramenta coletiva de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios; por isso, levam sempre o nome da região. Além disso, a IG agrega valor ao produto verdadeiro e autêntico e protege as regiões originais, onde a disciplina no método de produção confere notoriedade exclusiva ao produto. A Indicação Geográfica dá o amparo legal que protege e garante a exclusividade de uso da marca dos produtos de determinada região sob controle da IG.
Conceito O conceito de Indicação Geográfica nasceu na Europa e representa produtos que têm uma origem geográfica definida, que apresentam uma reputação vinculada a esse local, devido ao histórico, ao saber fazer, à reputação e às boas práticas tradicionais. Pode também se originar da relação entre o meio ambiente e a qualidade do produto, seja pela altitude, pela insolação, tipo de solo, ou um microclima que afeta a qualidade do produto de forma benéfica, distinguindo-o de outros que não têm origem específica. Geralmente, a IG reúne esses dois aspectos: geográfico e humano.
Jorge de Paula da Costa Ávila, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), explica que como órgão responsável pelo registro e reconhecimento das Indicações Geográficas, o INPI não se limita a conceder o registro, mas também se dedica à identificação de potenciais objetos de proteção e na definição das condições para esse reconhecimento. “A IG é uma oportunidade de negócio, uma maneira de agregar valor aos produtos de determinadas regiões, por meio da organização dos produtores envolvidos na cadeia produtiva, e de levar ao mercado produtos tradicionais, que congregam o conhecimento adquirido ao longo do tempo”, explicou Ávila. Segundo o presidente do INPI, um produto comercializado apenas regionalmente poderia ser distribuído no mundo inteiro, como acontece com o champagne, exemplifica. Para Ávila, há muitas oportunidades no Brasil no campo da inovação. Ele lembrou que atualmente o Brasil é um grande consumidor de inovações tecnológicas, mas que poderia ser um produtor de muitas soluções que hoje importa. “Nada contra as importações, mas seria muito bom que pudéssemos trocar, ter pesquisa brasileira em mais
SEBRAE
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Há dois tipos de Indicação Geográfica no Brasil. A Indicação de Procedência (IP) indica a origem do produto, baseada na reputação da região, geralmente conhecida por fabricar determinado produto, ou prestar determinado serviço, a partir do histórico e da tradição locais. É o reconhecimento público de que o produto de determinada região possui qualidade diferenciada. Já a Denominação de Origem (DO) é concedida quando as qualidades do produto sofrem influência exclusiva ou essencial das características daquele lugar, sejam fatores naturais ou humanos. Ou seja, os fatores ambientais — como clima e altitude — e as peculiaridades da região, influenciam no resultado final, na qualidade do produto, de forma identificável e mensurável.
Agregando valor ao produto
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Indicação de Procedência e Denominação de Origem
Ao contrário da Europa, onde as IGs e as DOs são apenas para produtos agropecuários e alimentícios, no Brasil se inclui minério, pedras e artesanato. O país será pioneiro na certificação de serviço, registrando os softwares do Porto Digital de Recife, abrindo um enorme campo para as empresas de Tecnologia da Informação (TI).
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A primeira Denominação de Origem brasileira foi concedida apenas em 2010, para o arroz produzido no litoral do norte gaúcho
INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
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Plantação de arroz do litoral norte gaúcho, próximo à Lagoa dos Patos
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INDICAÇÃO GEOGRÁFICA volume e incorporada às soluções tecnológicas para o agronegócio do mundo inteiro”, disse.
Champagne: pioneirismo No continente europeu, Indicação Geográfica é concedida a qualquer produto de origem específica onde alguma etapa de produção foi feita no local. Já a Denominação de Origem (DO) é reconhecida quando todas as etapas de produção acontecem no mesmo local. O conceito moderno de IG teve início nos primórdios do século XX, quando, principalmente os produtores de vinho, quiseram evitar a contrafação, ou seja, que produtores ‘pegassem carona’ na reputação dos vinhos de determinadas regiões, como Champagne e Bordeaux, na França. Foi a pressão desses produtores que levaram a uma delimitação clara das áreas de produção, o que equivaleria a uma Indicação de Procedência (IP). Mas só isso não bastava. Era preciso agregar as qualidades do produto, o “saber fazer” e a relação com o meio geográfico. Assim, a Europa passou a valorizar, também, as boas práticas de produção, ou seja, a origem específica e o nome do local. Um exemplo emblemático é o Champagne, nome da região que produz um tipo de vinho desde o século 12, e que passou a designar o nome de um produto.
Fama e cópia Após o movimento iniciado pelos produtores de vinho, outros segmentos de produtos alimentícios como queijos, embutidos etc. também requisitaram certificação. Esses produtos ganharam fama por sua qualidade e passaram a ser copiados no mundo inteiro, com denominações que incluíam como prefixo a palavra “tipo”. Um dos exemplos é o presunto “tipo Parma”. O fato levou os países que já detinham essas IGs muito conhecidas a pressionarem a Organização Mundial do Comércio (OMC) a criar regras para proteger tais produtos. Assim, em 1996, através do acordo da OMC, foi criado o Registro da IG e os países passaram a internalizá-lo nas suas leis.
HENRY YU
Novidade no Brasil
Em Minas Gerais, há seis áreas potenciais para IGs de queijos artesanais
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Apesar de as Indicações Geográficas terem sido oficialmente reconhecidas após a Lei da Propriedade Industrial nº 9.279 de 1996, o Brasil não tinha qualquer tradição nesta área. Os primeiros registros foram concedidos a produtos estrangeiros, atendendo à demanda externa. Esses produtores estrangeiros não são obrigados a fazer o registro nos países onde eles comercializam o produto, mas é uma prática recomendável para garantir a proteção, como fez Portugal como seus vinhos Verdes e do Porto, em 1999 e 2012, respectivamente, e a França, com o Conhaque, em 2000. Só muito mais tarde a IG pas-
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sou a ser uma forma de valorizar os produtos. Segundo Luiz Cláudio Dupim, coordenador de Fomento e Registro de Indicação Geográfica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, foi a partir do início do ano 2000 que o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), o INPI e o Sebrae começaram a intensificar o trabalho de divulgação desse conceito. No Brasil, as IGs — daí a nomenclatura — devem estar necessariamente vinculadas ao nome de uma região geográfica.
O Vale dos Vinhedos teve seus vinhos reconhecidos com Indicação Geográfica em 2002. Dez anos mais tarde, obteve também a Denominação de Origem
de vinhos em decadência. Com a ajuda das pesquisas da Embrapa Uva e Vinho, sobre agregação de valor dos vinhos europeus, os produtores conseguiram o registro de Indicação de Procedência. Dupim conta que o pedido de IP do Vale dos Vinhedos era tão completo que já continha todos os elementos para a obtenção da DO, mas os produtores preferiram “dar o primeiro passo” como teste. A primeira Denominação de Origem brasileira foi concedida apenas em 2010, para o arroz produzido no litoral norte gaúcho, próximo à Lagoa dos Patos. “Por ter água e estabilidade climática, a região parece que foi ‘projetada’ para o cultivo de arroz”, explica o coordenador de Fomento e Registro de IG do INPI. Naquela região alagadiça, o clima é favorável à rizicultura devido a uma constância de temperatura ao longo do ano e o reduzido índice pluviométrico.
Cachaça de Paraty
Pioneirismo do Sul A primeira Indicação Geográfica brasileira foi concedida ao Vale dos Vinhedos (em 2002), que, dez anos depois (2012), obteve também o registro adicional de Denominação de Origem (DO). Na opinião de Luiz Cláudio Dupim, este é o exemplo mais exitoso do país. O movimento na região teve início visando recuperar a produção
Paraty (RJ), segundo Dupim, é outro exemplo de IG que recuperou uma atividade. A produção de cachaça na região estava em declínio em decorrência da fixação de regras fitossanitárias muito rigorosas pelo Ministério da Agricultura. E foi o próprio MAPA que desempenhou um papel fundamental junto aos produtores na divulgação do conceito de IP e na adaptação da produção às novas exigências, resgatando a tradição da produção de cachaça na região. Entre todos os registros de IG no INPI, o de Paraty foi concedido em mais curto espaço de tempo: menos de um ano. Hoje, toda a cachaça produzida em A Lavoura NO 694/2013
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DIVULGAÇÃO
Com a Indicação Geográfica, a cidade histórica e turística de ParatyRJ teve sua produção de cachaça revigorada e os rótulos são vendidos localmente nos alambiques da região
Paraty — cidade histórica cuja principal atividade é o turismo — é vendida localmente, nos alambiques, que passaram a fazer parte do roteiro turístico da região.
Novos desafios Atualmente o INPI tem registro de 35 IGs, das quais 29 são nacionais, sendo sete por Denominação de Origem. A Europa possui mais de 2.200, das quais Portugal detém 291. Os produtos com mais potencial para obtenção de IGs são os vinhos e os queijos. Segundo Dupim, em Minas Gerais há seis áreas potenciais para IGs de queijos artesanais. “Com essa biodiversidade enorme, o Brasil possui um potencial — alimentar, farmacêutico e cosmético — de pelo menos duas dezenas de novas IGs. Uma das metas do INPI é incluir na certificação as Marcas Coletivas, como os morangos de Petrópolis. A região Norte é a que tem mais potencial para IG no País Em 2010 o INPI criou a Coordenação de Fomento e Registro de IG. Com isso, a concessão de registros de IG, que demorava 2,5 anos, em média, caiu para dois anos e agora já
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chega a 1,2 ano. Para se ter uma ideia, até meados de 2011 só existiam oito registros e, em 2012, já totalizaram 30 registros. A meta é chegar a 18 meses. A comprovação de IP é mais fácil. Mesmo assim é preciso consultar a bibliografia disponível sobre o local para provar que ali há aquela tradição. Já a DO precisa ser provada por meio de testes, análises. Um dos trabalhos do INPI é fomentar as IGs, repassando para as regiões o que deve ser feito. O INPI quer que a IG passe a ser objeto de política pública, como uma ferramenta para manter o homem no campo e melhorar sua renda, valorizar os produtos e oferecer opções diferenciadas para o consumidor. O Brasil tem um potencial enorme — cerca de duas centenas — para proteger produtos de origem determinada. Outra meta do INPI é estabelecer uma taxa única de registros (que englobe o pedido de entrada e a concessão) e a agregação de mecanismos de financiamento, como acontece com os projetos do Sebrae. Outro objetivo do instituto é criar uma rede de órgãos públicos que se empenhe na fiscalização da produção, pois assim será possível, com a responsabilidade compartilhada do produtor e uma certificação terceirizada, classificar alguns produtos como orgânicos.
ESPECIAL:
INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
Consultoria tecnológica e CAPACITAÇÃO para as IGs
O SEBRAE é parceiro do INPI na maioria das Indicações Geográficas concedidas? Sim, o Sebrae é parceiro do Instituto Nacional de Propriedade Industrial em todas as 32 indicações geográficas reconhecidas pelo instituto, mas de maneira e intensidade diferentes. Em alguns casos, o apoio se deu por meio de recursos formais, com a abertura de seleção por edital, mas também houve casos em que a instituição auxiliou na identificação do potencial de regiões para a indicação geográfica ou na certificação de produtos. Qual o papel do SEBRAE nesse processo? O Sebrae apoia produtores rurais e empresas no acesso a serviços tecnológicos para estruturação e manutenção da Indicação Geográfica (IG). A atuação da instituição vai desde o levantamento histórico, demarcação da área da IG e elaboração do regulamento de uso (norma de produção), à definição e operacionalização dos mecanismos de controle e serviços de design gráfico e de embalagem dos produtos. O Sebrae também desenvolve ações para sensibilizar e esclarecer dúvidas dos produtores, além de orientar quanto à elaboração do dossiê para depósito do pedido de Indicação Geográfica ao INPI, divulgação da indicação e estruturação da entidade gestora da IG. O SEBRAE contribui para identificar possíveis grupos/ associações com potencial para obter IG? Sim, o Sebrae desenvolveu uma solução de diagnóstico de potenciais Indicações Geográficas. Esse diagnóstico foi aplicado na Bahia, Santa Catarina e Pernambuco, e na Ilha do Marajó. O objetivo é levantar, de forma técnica e precisa, o potencial de regiões vinculadas a produtos com real possibilidade de registro junto ao INPI, como Indicação de Procedência ou Denominação de Origem. O diagnóstico permite o levantamento de informações de campo acerca do produto, forma de produção, história, vínculo com o meio, território e organização da produção e capital social envolvido. Essas informações resultam em ranking que indica do maior ao menor potencial de êxito dos projetos. Na prática, quais as ações do SEBRAE no processo? Capacitação, organização, consultoria? O Sebrae apoia os projetos de IG com soluções próprias ou de parceiros em ações de capacitação e consultoria tecnológica, nos temas de gestão empresarial, propriedade industrial, inovação, sustentabilidade, qualidade e design. O apoio do Sebrae é viabilizado por meio de programas como Agentes Locais de Inovação (ALI) — orientação gratuita de profissionais especializados para a promoção da inovação nos pequenos negócios; Sebrae Mais — soluções para micro e pe-
BERNARDO REBELLO
Em entrevista à revista A Lavoura, o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos fala da parceria com o INPI, da identificação de regiões potenciais e do apoio aos produtores no acesso a serviços para a estruturação e manutenção da IG
Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae
quenas empresas avançadas expandirem seus negócios; e Sebraetec — instrumento de acesso a conhecimentos tecnológicos e inovação com subsídio de até 90% para implementação das soluções identificadas. Quais as principais dificuldades dos grupos/associações e em quais áreas (organização, gestão, divulgação etc.) ao longo do processo? A principal dificuldade é implementação dos mecanismos de controle para garantir a qualidade dos produtos que receberão o selo da IG. Outro obstáculo é o fato de que as indicações Geográficas ainda não são tão conhecidas pela sociedade brasileira. O Sebrae, por sua vez, promove eventos, palestras e publicações para disseminar a importância do tema e oferece consultoria tecnológica para que os produtores possam implementar mecanismos de controle para testar produtos que irão receber o selo. Depois de criadas, as IGs têm condições de seguir com o projeto com autonomia e longevidade? Há algum caso de IG que tenha estagnado e qual o motivo? Algumas IG se desenvolvem mais rápido do que outras. Trata-se de um processo natural dentro de uma iniciativa coletiva. As decisões da entidade que representa as empresas e os produtores detentores da IG dependem da participação de todos e da busca do consenso para avançar. É possível seguir com autonomia e longevidade, porém, é importante buscar o apoio de entidades parceiras, públicas e privadas, além da participação dos consumidores e da sociedade. Os bons resultados têm sido conquistados por empresas e produtores a partir da geração de aprendizado e do compartilhamento de experiências, inclusive com outros países.
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TECNOLOGIA
Estábulo sem moscas A “mosca dos estábulos” pode ser vetor de hemoparasitas responsáveis por anemia e outras doenças
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“mosca dos estábulos” (Stamoxys calcitrans) preocupa os pecuaristas pelas perdas que impõe. Segundo o professor Fabiano Antonio Cadioli, da Faculdade de Medicina Veterinária, Campus de Araçatuba, a infestação dos currais, áreas de pastagem ou de confinamento do rebanho é um problema sanitário. “Há uma mudança no ambiente que favorece a reprodução do inseto”, esclarece. A “mosca dos estábulos” coloca seus ovos, preferencialmente, em locais onde há estoque de matéria orgânica vegetal. O acúmulo de fezes de herbívoros é um foco de proliferação dessas e de outras espécies de moscas, agravado pela temperatura elevada. Cadioli recomenda que o pecuarista mantenha limpos os espaços de manejo dos animais. Para ele, essa ação é fundamental para eliminar os criadouros, pois apenas a pulverização é pouco efetiva para combater a infestação.
Proliferação Outros focos de proliferação do inseto são, por exemplo, os canaviais onde palha e demais restos vegetais de canade-açúcar são utilizados para a fertilização, muito comuns no Estado de São Paulo, por exemplo. De acordo com o especialista, a aplicação excessiva de vinhaça, um sub-produto da cana, empregada para enriquecer o solo, também favorece a propagação das moscas. “Nesse
caso, é preciso entendimento entre pecuaristas e agricultores”, adverte.
Vetor de outras doenças Quando o ovo depositado na matéria orgânica eclode e as larvas tornam-se adultas, as moscas vão buscar seu alimento nos pastos próximos aos criadouros. A “mosca dos estábulos” é hematófaga, ou seja, pica os animais para sugar o sangue. Surtos desse inseto causam anemia nos bichos, além do incômodo e do estresse. “Por isso eles perdem peso e diminuem a produção de leite em até 60%, causando perdas financeiras”, informa o Cadioli. O pesquisador alerta também para outras doenças disseminadas pela “mosca dos estábulos”. Esse inseto pode ser vetor de bactérias causadoras de mastite e de muitos hemiparasitas, como Anaplasma sp e Trypanosoma sp. Nos animais em cujo sangue esses hemiparasitas se hospedam, há febre, icterícia, diminuição da produção de leite, perda de peso, diarreia, abortos e anemia. “Esses parasitas consomem as reservas energéticas do animal”, explica. “O desequilíbrio ambiental favorece o aumento da população dessas moscas hematófagas, que, em grande número, podem facilmente difundir patógenos antes inexistentes em determinada região”, alerta do pesquisdor. FABIANO CADIOLI - UNESP
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O acúmulo de fezes de herbíveros é um foco de proliferação de moscas
Carta da S O B R A P A
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Menosprezo pelas mudanças climáticas
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erminou em dezembro mais uma Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Doha, no Qatar, e, após dias de discussões inconclusivas, uma vez mais a nada se chegou de concreto, exceto adiar para 2015 o término da vigência do Protocolo de Kioto, que expiraria em 31-12-2012. Novamente os países participantes não chegaram a consenso, preferindo adiar para 2015 a elaboração de um novo acordo, a entrar em vigência no ano de 2020. O Protocolo de Kioto, como já explicado em edição anterior deste informativo, entrou em vigor em 2005, estabelecendo como meta a redução global dos gases do efeito estufa (GEE) em 5,2%, tendo com referência as emissões efetuadas em 1990, mas excluindo dessa obrigação os países em desenvolvimento, dentre os quais grandes poluidores, como a China, a Índia e o Brasil. Os EUA, então o maior poluidor do planeta, não acatou o Protocolo, juntamente com alguns outros países. Embora o Protocolo tenha sido extremamente modesto na meta estabelecida, e apesar de alguns países terem desenvolvido desde então significativos esforços para reduzir as emissões, a exemplo da Alemanha e da Dinamarca, e também China e Brasil, a redução global não foi alcançada e, sim, amplamente excedida. Segundo noticiado, avalia-se que, só em 2012, elas devem ter crescido 2,3% e atingido um nível total 50% maior do que o de 1990. A ONU já alertou que, se medidas urgentes não forem tomadas, a temperatura da Terra poderá aumentar de 3ºC a 5ºC, ainda neste século, com efeitos catastróficos. Apesar desse evidente fracasso, o término da vigência do Protocolo deixaria a sociedade humana totalmente desprovida de um acordo formal que pudesse, pelo menos, reconhecer a gravidade do problema. Considerando o lamentável registro histórico da não adoção de medidas internacionais capazes de contraporem-se à terrível ameaça representada pelas mudanças climáticas, afigura-se ser duvidoso que, em 2015, seja alcançado um consenso sobre algo efetivamente eficaz nesse sentido. Seja como for, mesmo no caso de ser obtido esse acordo, postergar para 2020 as iniciativas necessárias para sua aplicação será uma grave imprudência. O planeta Terra, em sua longuíssima história, já passou por eventos geológicos naturais que causaram emissão intensa de CO2, gerando períodos de acentuado aquecimento global deletério para os seres vivos. O último deles aconteceu há aproximadamente 56 milhões de anos
e é conhecido como “Máximo Térmico PaleocenoEoceno”, geralmente mencionado pela sua sigla em inglês PETM. Esse acontecimento vem sendo agora intensamente estudado por suas óbvias semelhanças com o que poderá ocorrer em futuro não distante, em decorrência da imprevidência humana e cegueira das lideranças das nações. Ao que parece, o aumento relativamente abrupto do nível de GEE no início do PETM foi devido à colossal liberação de CO2, consequente do derretimento maciço de uma substância com aspecto de gelo, denominada “hidrato de metano”, muito abundante então – como hoje também o é – no fundo frígido dos oceanos. Um gradativo aquecimento do mar, tal como hoje vem acontecendo, atingiu um nível crítico e provocou liberação maciça de gigantescas quantidades de GEE nos oceanos e na atmosfera, com efeitos catastróficos sobre os seres vivos. Um fato relevante a acentuar é que o PETM, depois de seu início relativamente rápido, durou cerca de 200.000 anos, mantendo a temperatura do planeta anormalmente alta durante todo esse tempo. Não sabemos se a nossa atual irresponsabilidade em relação às mudanças de clima virá a acarretar na repetição do problema, mas algum risco existe e é muito sério. Poderemos contra-argumentar citando que, se as proporções de CO2 na atmosfera tornarem-se muito altas, novas tecnologias a serem desenvolvidas no futuro poderão minorar o problema. Mas, se elas não surgirem, o que acontecerá? As ocorrências mais frequentes de eventos climáticos extremos, tal como o que aconteceu recentemente em New York, ou como se constatou com as secas anormalmente repetidas na Amazônia e as enchentes catastróficas em várias partes do mundo, nos alertam para os desastres que, com toda a probabilidade, decorrerão do aquecimento global. Muitos milhares de vidas estão em jogo e prejuízos econômicos gigantescos podem ser previstos. Mesmo quando prevalece incerteza sobre o grau de probabilidade de ocorrer um evento maligno, caso seus efeitos previstos sejam gravíssimos, ele deve ser considerado cuidadosamente. Nos debates sobre as consequências das alterações do clima, um mínimo de prudência seria absolutamente indispensável ao procrastinarse a adoção de medidas para prevenir os efeitos desastrosos previsíveis. Se continuar a inação, dentro de uns poucos anos poderá ser tarde demais para aplicá-las.
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Citações “Em nossa escalada para o poder, iniciada há dez mil anos com a invenção da agricultura, carregamos uma pesada bagagem de antigos instintos primatas. Hoje, como resultado, vivemos uma civilização do tipo “Guerra nas Estrelas” dominada por emoções da Idade da Pedra, instituições medievais e tecnologias que nos dão o poder de brincar de Deus.” Esse pensamento atribuído a Edward O. Wilson, biólogo da Universidade de Harvard e arguto pensador – já citado aqui outras vezes–, retrata bem uma perigosa combinação de miraculosos avanços tecnológicos e consequente poder de interferência no meio ambiente e no mundo natural, com a permanência de sentimentos e atitudes primitivas e retrógadas, plenas de preconceitos nefastos e violência, em larga proporção da humanidade.
Natureza em perigo Desta vez focalizamos um pequeno animal, raro e quase completamente desconhecido, exceto pelos estudiosos de Zoologia. Trata-se de um onicóforo, representante de um pequeno grupo de seres com apenas algumas dezenas de espécies espalhadas descontinuamente entre algumas partes da Ásia ao sul do Himalaia, Nova Zelândia, África, América do Sul e Central, e México. A principal importância científica desse grupo se deve à sua anatomia, intermediária entre as dos vermes e artrópodes, bem como à sua extrema antiguidade, que remonta a mais de 540 milhões de anos, quando eram muito mais diversificados. Esses animais constituem o que se denomina “fósseis vivos”. A distribuição amplamente descontínua do grupo é decorrente justamente dessa enorme antiguidade. Na sua aparente insignificância, eles assistiram à evolução de quase todos os outros animais multicelulares, e sobreviveram às enormes alterações havidas nas faunas mundiais, ao aparecimento e desaparecimento de inúmeras espécies e às convulsões geológicas por que passou o planeta. Apesar de tudo isto, continuaram existindo. O grupo é representado no Brasil pela espécie Macroperipatus acacioi, sem nome popular disponível, presente apenas em localizações restritas de Minas Gerais. Seu aspecto é superficialmente comparável ao de uma lagarta com até cerca de seis centímetros, mas desprovido de segmentações. A pele é de coloração vermelho-escuro, com aspecto algo aveludado. Possuem algumas dezenas de patas curtas, terminadas por duas garras, e apresentam um par de antenas e dois olhos minúsculos. Vivem em fendas no solo ou abrigado sob troncos apodrecidos e raramente são avistados. A raridade e importância biológica desses seres intermediários entre vermes e artrópodes justificaram a criação de uma unidade de conservação especificamente destinada a protegêlos, a Estação Ecológica de Tripuí, perto de Ouro Preto. Mais tarde, felizmente, foram também localizados em outras duas áreas protegidas em Minas Gerais, a Estação de Preservação 36 A Lavoura NO 694/2013
de Peti e o Parque Estadual de Ibitipoca, este próximo a Juiz de Fora. A espécie é considerada “Ameaçada”, pelo Ministério do Meio Ambiente, mais por sua raridade do que por uma situação imediata de risco. Ignora-se sua existência fora das áreas protegidas.
Novas esperanças para a arara-azul-de-lear A arara-azul-de-lear (Anodorhyncus leari) tem uma história interessante. Descoberta e descrita por Bonaparte, em 1856, mas conhecida apenas por exemplares de procedência ignorada e citada apenas como “do Brasil”, foi desenhada a cores, com base em exemplares taxidermizados, por um artista talentoso, Edward Lear (1812-1888), da qual recebeu seu nome científico. A ave, totalmente azul, mas com uma pequena mancha amarela na mandíbula, assemelha-se à araraazul-grande (Anodorhyncus hyacinthinus), considerada a maior das araras e que habita três grandes áreas separadas, no Pantanal, no Centro-Oeste e no sul da Amazônia. Outra espécie de gênero, (A. glaucus), outrora existente no sul do Brasil, foi totalmente exterminada no limiar do Século XX, ou um pouco antes. A arara-azul-de-lear permaneceu um mistério para a ciência durante mais de um século, período no qual até sua validade como uma espécie distinta foi posta em dúvida. Em 1978, foi finalmente localizada pelo distinto ornitólogo Helmut Sick, já falecido, junto com os também ornitólogos Dante M. Teixeira e Luiz P. Gonzaga, no Raso da Catarina, uma área de caatinga ao nordeste da Bahia. Em 1985/86, estimava-se que sua população total fosse da ordem de apenas 60 indivíduos. Posteriormente, sua área de distribuição conhecida foi um pouco ampliada e, em 2008, acreditava-se que a população atingira 500 aves, aumento atribuído a um melhor conhecimento e, talvez, a um crescimento natural. De qualquer forma, o risco de extinção continuava muito grande. A situação precária da arara levou o IBAMA a criar, em 1999, o Comitê para Recuperação e Manejo da Arara azul-de-lear, e outras medidas de proteção se seguiram, inclusive com participação monetária significativa de uma senhora norte-americana, entusiasta da sua conservação. A Fundação Biodiversitas, organização privada situada em Minas Gerais, criou a Reserva Biológica de Canudos, de sua propriedade, na região de Canudos, Bahia, especialmente dedicada à conservação da espécie e que constitui um verdadeiro laboratório a céu aberto, onde são desenvolvidas pesquisas científicas sobre a arara. Uma dessas pesquisas foi recentemente concluída. Denominada Biologia Reprodutiva da Arara-azul-de-lear, foi desenvolvida pela bióloga Érica Pacífico, com financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A arara se reproduz em tocas situadas em paredões íngremes de arenito vermelho, característicos da paisagem local, onde os hábitos da ave foram estudados entre 2008 e 2011,
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usando, inclusive, práticas de alpinismo. Seus resultados trouxeram subsídios sumamente importantes para aprimorar a conservação da espécie na natureza, além de propiciar melhores condições de criação em cativeiro. Com as medidas de conservação que vêm sendo adotadas, a população total da arara-azul-de-lear hoje já ultrapassa 1.000 indivíduos, mas a ave ainda é considerada na categoria “Criticamente Ameaçada”. Este relato mostra como podem ser produtivas as instituições privadas, atuando em cooperação com os órgãos governamentais, na defesa da natureza.
Tentativa desesperada para salvar o rinoceronte-branco-do-norte O rinoceronte-branco-norte, uma das duas subespécies do rinoceronte-branco africano, já foi completamente exterminado em seu ambiente nativo, restando apenas alguns poucos exemplares nos jardins zoológicos. Numa última tentativa de salvar a subespécie da extinção, os últimos quatro indivíduos em condições de reprodução foram transferidos em 2009 de um estabelecimento na República Tcheca – o Jardim Zoológico de Dvür Králové – para uma organização conservacionista no Quênia, África, na esperança de que pudessem se reproduzir em condições mais próximas de seu antigo ambiente natural. Um macho jovem e uma fêmea mais velha, a última a produzir uma cria, no ano de 2000, acasalaram-se em 2012, permitindo esperar-se que o cruzamento possa ter êxito. Com tão poucos sobreviventes, há um longo caminho a percorrer antes que seja permitido pensar na viabilidade de se salvar a subespécie, mas a tentativa é válida e a única exequível no momento. Lembra-se que recentemente os últimos exemplares de duas outras subespécies de rinocerontes, uma na Ásia e outra na África, foram consideradas extintas por ação humana.
Limites planetários para o crescimento da humanidade Em 2009, uma equipe de cientistas estabeleceu o que denominou “limites planetários” e descreveu nove variáveis de suma importância para viabilizar a habitabilidade do planeta, incluindo mudanças climáticas, acidificação dos oceanos, uso do solo e biodiversidade. As nove variáveis imaginadas e conceituadas no trabalho são realmente cruciais, mas algumas são de medição difícil, e explicitar os limites que não devem ser ultrapassados é ainda mais desafiador. Outra maneira para avaliar os limites de crescimento da humanidade, mais abrangente e de mais fácil medição, foi então proposta S.W Running, na edição de 21-09-2012 da revista científica Science: quantificar a produção primária líquida total das plantas, ou seja, o total de matéria vegetal produzida em todo o planeta. Usando basicamente a energia solar, água e o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, as plan-
tas (incluindo o fitoplancto dos mares), por meio da fotossíntese, transformam estes insumos em matéria vegetal que, em última análise, sustenta a quase totalidade da vida na Terra e são fonte de alimentos, fibras vegetais e combustível para a humanidade. A produção primária líquida total (primary net production, ou NPP, em inglês) é dependente de cinco “limites planetários”: variação do uso do solo e do uso da água, perda de biodiversidade e os ciclos de nitrogênio e fósforo, sendo ainda fortemente influenciada por dois outros fatores, mudanças de clima e poluição. Em 1986, um trabalho científico realizado por equipe liderada por P. M. Vitousek, com base em grande número de dados, indicou que, surpreendentemente, a humanidade já consumia direta ou indiretamente 40% de toda a produção da biosfera, restando para uso de todos os demais seres vivos apenas 60% da NPP. Pesquisas mais recentes, com uso de informações mais precisas obtidas por satélites e usando dados estimados algo distintos, indicaram que os seres humanos agora se apropriam de aproximadamente um terço da NPP. Tais avaliações, mais corretas, baseiam-se em medidas da cobertura vegetal do planeta e de sua densidade, incluindo todos os plantios agrícolas, e também em dados climáticos e de intensidade da radiação solar, e permitiram chegar-se à conclusão que, durante mais de 30 anos, a NPP tem se mantido em torno de 53,6 bilhões de toneladas por ano, com baixíssima variação. Assim, se a NPP vem sendo mantida praticamente sem alterações através dos anos, isto significa que um aumento da produção vegetal total do mundo pode ser impossível. Os novos dados obtidos indicam que a humanidade usa direta ou indiretamente 38% da NPP, um número não muito diferente da estimativa de Vitousek acima mencionada, e que 53% do restante, por razões múltipas, jamais poderão ser utilizados pelo homem. Resta, portanto, apenas menos de 10% da NPP para possível ampliação do uso futuro da biosfera pela humanidade, sem perspectiva de poder aumentar. Considerando que a população humana poderá crescer cerca de 40% até o ano 2050, e que, muito justamente, são almejadas consideráveis melhorias no padrão de vida dos cinco bilhões de seres humanos mais pobres, os limites do crescimento do uso da NPP, absolutamente vital para atender a todas as necessidades humanas futuras, poderão ser atingidos dentro poucas décadas, sem qualquer possibilidade de aumento. É essencial que estudos desta natureza sejam aprimorados para que se conheçam, com mais precisão e certeza, quais os limites de uso dos recursos vivos de um planeta com possibilidades de uso inexoravelmente finitas. Fonte: Science, 21-09-2012
A Austrália aumenta suas reservas marinhas Em novembro de 2012, o governo australiano concretiA Lavoura NO 694/2013 37
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zou um aumento considerável de sua rede de reservas marinhas, declarando o estabelecimento de novas áreas protegidas que totalizam nada menos do que 2,3 milhões de quilômetros quadrados. Nelas são protegidas 45% das espécies de golfinhos e baleias existentes em todos os oceanos, cinco das sete espécies conhecidas de tartarugas marinhas e cerca de 4.000 espécies de peixes, dentre muitas outras formas diferentes de vida. Meio milhão de australianos deram seu apoio a essa iniciativa esclarecida do governo. As novas reservas protegem grande diversidade de ambientes marinhos, incluindo os ricos recifes de coral do Mar de Coral, montanhas submarinas com considerável riqueza de vida, algumas outras regiões contendo grande biodiversidade, e a fauna peculiar existente em áreas muito profundas. Essas reservas representam um grande passo na conservação da diversidade de vida existente nos oceanos em geral. Mesmo com a criação das reservas, grande parte da biodiversidade marinha australiana ainda se encontra desprotegida e muita coisa depende de pesquisas científicas, para um melhor conhecimento. O último Censo, realizado em 2010, indicou que 80% dela continua muito mal conhecida. A iniciativa australiana deveria servir de exemplo para o Brasil, que continua menosprezando a proteção de sua vida marinha, apesar dos repetidos apelos das organizações conservacionistas, ignorados pelo nosso governo.
de instrumento interposto por pessoa que objetivava obrigar um casal, de quem adquirira uma propriedade rural, a promover averbação da reserva legal à margem da respectiva matrícula no Cartório do Registro de Imóveis. Os vendedores haviam argumentado que a escritura pública não os atribuía essa responsabilidade. Em seu voto, o desembargador responsável pelo caso destacou que, efetivamente, a Lei Nº 4.777/1965 estabelecia tal obrigação, mas que o novo Código Florestal, instituído pela Lei Nº 12.651/2012, a revogara. Apesar de a nova lei ter definido a reserva legal como “área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural (...) com função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção da fauna silvestre e da flora nativa”, a nova legislação dispensou a sua averbação na matrícula do imóvel no Cartório de Imóveis, estipulando, porém, que a área de reserva legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR (Cadastro Ambiental Rural), providência que desobriga a averbação no Cartório do Registro de Imóveis com base no artigo 18 da nova lei, disposição essa que justificou provimento ao recurso. Fonte: Transcrição de notícia publicada em 05-10-2012 na página eletrônica do Poder Judiciário de Santa Catarina (http:/app.tjsc/SC.br) e reproduzida em Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Silvicultura.
Fonte: Boltim Informativo da IUCN
Emissões de dióxido de carbono devido ao desmatamento na Amazônia A conceituada ONG nacional Imazom informou que entre 2011 e 2012 o desmatamento na Amazônia Legal, embora passando por redução acentuada nos últimos anos, levou à emissão de 245,3 milhões de toneladas de CO2, mais do dobro das estimativas das emissões geradas pelos carros e veículos de passeio leves do País no mesmo período de tempo, estimadas em 121,6 milhões de toneladas. Com base em cálculos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), avaliou-se ter havido um desmatamento de 4.656 km2, área equivalente a mais de três vezes a da cidade de São Paulo. Pará e Mato Grosso foram os estados que mais destruíram florestas, totalizando uma área desmatada de, respectivamente, 1.699 e 777 quilômetros quadrados. Fonte: http:/g1.globo.com/natureza.
O novo Código Florestal dispensa a averbação da reserva legal em cartório A decisão da 4ª Câmara de Direito Civil, julgou agravo 38 A Lavoura NO 694/2013
SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond
INFORME OCB/SESCOOP-RJ
Qual o modelo ideal de produção de leite para os próximos 10 anos? Dia destes, em meio a um grupo de produtores de leite de uma cooperativa regulamentada no sistema, fui inquirido com esta pergunta. Foi uma situação difícil. Naquele momento, limiteime a dizer simplesmente: “Aquele que dá para pagar as contas da propriedade, fazer uma poupança com os bezerros, vender uns queijinhos e rezar para chover”. Já ouvi isto milhares de vezes, foi fácil repetir. Ora, não sou criador, nunca fiz uma ordenha, mas adoro leite. Nada melhor para evitar a osteoporose prematura, é certo que ela um dia chegará, e vou precisar estar com os ossos firmes para “aguentar este rojão”. Assim, sigo as recomendações do Ministério da Saúde, bebendo 200 litros de leite por ano. Na verdade, sou cooperativista, milito no setor há décadas e acompanhei os grandes momentos em nosso Estado. Agora estou à frente do sistema OCB RJ. Nestes últimos dois anos, viajei por todo interior, estive pessoalmente em todas as cooperativas de produtores de leite, conversei com os membros das associações, acompanhei a questão dos créditos tributários e me convenci que sou responsável por fazer alguma coisa para ajudar a impulsionar o setor. Acompanhamos a questão do Programa Balde Cheio, as campanhas de vacinação, as resoluções IN 62/2011 e IN 57/2001 do MAPA (queijos artesanais) e os entraves para utilização da rede de laboratórios de controle da qualidade do leite – RBQL. São muitas as propostas de ajuda, existe muita “gente boa” preocupada com o setor. O problema é que as ações estão ainda em formatos isolados, talvez porque não fizemos o dever de casa. Temos uma constituição municipalista e não estamos valorizando a força municipal para resolver os problemas perto de nossas casas e de nossas propriedades. Foram dois anos de trabalho, observação do contexto para, agora, transformarmos os dados em informação e conhecimento e partirmos para o planejamento estratégico. E esperamos das nossas cooperativas de produtores de leite o apoio para continuarmos este trabalho. Pretendemos continuar apoiando o programa Rio Genética, no qual os cooperados de uma cooperativa de trabalho veterinário -
Marcos Diaz – Presidente da OCB/RJ
UNIMEV RJ - desenvolvem ações junto ao Projeto de Inseminação Artificial por Tempo Fixo - IATF. Sabemos que existem problemas subliminares no processo de produção que causam toda diferença, sabemos do “mal de cuia”, dos entraves do manejo sanitário, bem como uma série de outros problemas relativos à infraestrutura de apoio, incluindo a eletrificação rural, rede de banda larga, telefonia rural, conservação de estradas, dentre tantos outros problemas que afetam o processo, até mesmo a qualificação da mão de obra e o êxodo rural. Foi através da observação destes elementos que pensamos: tem muita gente falando do pasto, da higiene da ordenha, das vacinas, da administração rural. Talvez o Programa Balde Cheio seja uma das ações mais simples e, ao mesmo tempo, da maior complexidade, pois avoca todos os princípios da extensão rural dando um “show”, na medida em que ensina o produtor a pensar seu problema e ingressar na gestão da propriedade leiteira. Mas faltava algo. Nosso Estado tem propriedades rurais que produzem cinco litros, outras produzem 10 ou 20 por dia, existem aquelas que produzem 40 ou 80, até 100 ou 200 - a grande maioria está nesta faixa de produção – porém, em comum, possuem um rebanho mal formado sob o ponto de vista genético e zootécnico. Meus pares já falavam, uma pequena melhoria no cocho muda isso, mas não dobra a produção. “Mas uma melhora no cocho e na genética dobra ou triplica a produção”, foi o que um produtor presente disse. Isto
significa dinheiro, três vezes mais. Foi pensando nisso que apoiamos o trabalho da Secretaria de Agricultura de nosso estado, o IATF do Rio Genética. Assim, estamos cumprindo nosso papel, contribuindo para mudar o estado das coisas, dobrar a produção das pequenas propriedades, em apoio ao Programa Balde Cheio. Assim, estaremos complementado nossas ações, aquilo que chamamos de sinergismo para busca do efeito desejado. Vale dizer que temos, neste primeiro momento, um olhar para este produtor, que produz até 200 ou mesmo 500 litros de leite, que havemos de ajudar, no mínimo, a dobrar a produção. Mas também precisamos daqueles que produzem muito mais, sejam médias ou as grandes propriedades - nacionais ou multinacionais. Pretendemos lançar um olhar para todos, tudo a seu tempo. Agora, estamos na segunda fase do processo. Conheci a realidade, já começamos a frequentar a propriedade e as cooperativas, e agora estamos fazendo o aprendizado com os demais envolvidos. Em breve estaremos desenvolvendo nossas próprias ações de apoio às cooperativas de nosso estado. Com este propósito, estivemos em novembro de 2012 na Conferência Nacional do Leite, um trabalho da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara Federal de Deputados. Uma pauta com 135 propostas deverão ser implementadas por diferentes ministérios, envolvendo assuntos de Defesa Sanitária, Defesa Comercial, Políticas de Crédito, Legislação e Tributação, Infraestrutura e Logística, Promoção Comercial de Produtos Lácteos, Pesquisa e Desenvolvimento, Organização do Setor e a Capacitação e Assistência Técnica aos Produtores. Ou seja, há assunto para atender ao anseio dos produtores de qualquer categoria ou faixa de produção. Mas nada conseguiremos se a municipalidade não fizer parte do processo. O prefeito tem que estar ao teu lado para mudar o estado das coisas. É com esta visão que vamos procurar sua representação na região, seja cooperativa ou associação. Todos haveremos de estar atentos por um cooperativismo pujante, este é o mesmo valor dado pela nossa Unidade Nacional que já se declarou apoiadora das ações no Estado do Rio de Janeiro, através de nosso presidente Márcio Lopes.
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APICULTURA
Salve a RAINHA APTA é a única instituição pública do País a produzir abelhas rainhas para apicultores de todo Brasil
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rainha é a principal abelha do enxame. É a única fêmea fértil e responsável pela postura dos ovos que originarão todos os indivíduos da colmeia, inclusive sua substituta. É dela que depende, também, a produtividade final dos apiários. Quanto mais jovens, mais produtivas. Sua substituição deve ser feita anualmente. A manutenção de rainhas jovens e de boa origem nas colônias pode aumentar a produtividade de mel em até 60%. Com toda essa relevância da rainha, o Polo Vale do Paraíba/APTA Regional, localizado em Pindamonhangaba-SP, é a única instituição pública do país que fornece abelha rainha para o apicultor. Os produtores de qualquer localidade brasileira podem encomendar abelhas rainhas virgens ou fecundadas e recebê-las pelos Correios. A embalagem para envio também foi desenvolvida pela pesquisa paulista e garante o sucesso da entrega. A possibilidade de morte é mínima, desde que seguidas as recomendações. Rainhas velhas e de baixa qualidade vão refletir na produtividade do apiário, com o aparecimento de colônias im-
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produtivas, que necessitam de mais trabalho para a correção de suas deficiências. Os custos de produção se elevam e, consequentemente, o preço final dos produtos apícolas sobem. De acordo com a pesquisadora da APTA, Maria Luisa Teles Marques Florêncio Alves, a simples substituição de uma rainha africanizada velha por uma nova aumenta a produção de mel em 20%. Quando essa substituição for por uma rainha selecionada, como é o caso das fornecidas pela APTA, a produtividade tem um salto de até 60%.
Material genético “Mais de 90% dos apicultores brasileiros têm por característica não investir na substituição periódica de rainhas velhas e de baixa produtividade por novas e produtivas. No Brasil, a despeito da tradição e extensão de sua apicultura, essa prática não é muito desenvolvida”, explica Alves, pesquisadora da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
APICULTURA nho, respectivamente. A melhor época de produção de rainhas é de setembro a abril. A explicação para a queda de produção em junho, segundo Alves, é que os períodos de variações ambientais interferem em maior proporção na fecundação. “Nos países de clima temperado, a estação de produção é definida e a fecundação é sempre alta — em torno de 50% — pois ocorre na melhor época”, explica.
Vantagem A vantagem do uso das rainhas fecundadas, de acordo com Alves, é que elas têm praticamente 100% de aceitação no enxame, desde que as orientações enviadas pela APTA sejam seguidas. “A rainha fecundada está pronta para atuar na colmeia e substituir uma outra que já não estava bem. A rainha virgem, ou princesa, ainda precisa ser fecundada e pode não retornar para a colmeia, ser morta por predadores e se perder. O risco é de 50% ou mais, dependendo da época do ano”, afirma a pesquisadora. Cerca de 50 pequenos apicultores brasileiros são atendidos anualmente pelo Polo e os preços das abelhas variam de R$ 6 a R$ 15 reais, para as virgens e fecundadas, respectivamente.
Embalagens
Substituir as rainhas anualmente pode aumentar a produtividade do mel em até 60%
Polinização O estudo desenvolvido pelo Polo Vale do Paraíba/APTA Regional caracteriza-se como um projeto de base tecnológica, que beneficia diretamente a apicultura pela disponibilidade de material genético aos produtores, assegurando maior disponibilidade de mel no mercado e maior densidade de abelhas para a polinização de culturas alimentares e industriais. Além de disponibilizar tecnologia, a pesquisa paulista atua há mais de 30 anos no treinamento, formação de mão de obra e demonstração de métodos aos apicultores. “Para a seleção de abelhas com características que interessem ao apicultor utilizamos a seleção massal, que é o método aplicado em populações de abelhas que ainda não sofreram nenhum melhoramento. É uma seleção feita com base no desempenho da colmeia e é o método mais simples de melhoramento genético. Sua utilização com abelhas resulta em bons ganhos iniciais, graças à grande variabilidade genética existente em nossas abelhas africanizadas”, explica Alves. O Polo produz, em média, 1.850 rainhas por ano, com taxa de fecundação de 54,4% e 39,51%, nos meses de março e ju-
Grande parte das abelhas rainhas produzidas pelo Polo Vale do Paraíba/APTA Regional são adquiridas não só por apicultores dos municípios do Estado de São Paulo como, também, de outros Estados do Brasil. Quando o apicultor não está próximo ao Vale do Paraíba, a abelha rainha chega até ele por meio dos Correios. Enviadas via Sedex, são acondicionadas em uma gaiola tipo Berton modificada, confeccionada no tamanho apropriado para compor uma embalagem aceita pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT). A embalagem foi desenvolvida em 1986 pela equipe de pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, quando foi iniciado o Projeto de Criação de Abelhas Rainhas. Durante a viagem, cada rainha é colocada na gaiola com seis operárias jovens da sua própria colmeia, que têm a função de sustentá-la durante o trajeto. “Essa embalagem tem três câmaras para acomodar também o alimento, à base de açúcar finíssimo e mel, chamado cândi. As operárias consomem o cândi e produzem geleia real, com a qual alimentam a rainha durante a viagem”, explica Alves. Segundo a pesquisadora, temperaturas entre 20ºC e 25ºC são ideais para assegurar a integridade das abelhas e rainhas dentro das embalagens e estas podem permanecer na gaiola por sete dias. Porém, dependendo de como transcorrer a viagem, com temperaturas muito baixas ou muito altas, esse tempo pode diminuir. “A embalagem é composta de duas tiras de aglomerado de madeira (tipo MDF 3 mm), tendo a tira o tamanho mínimo correspondente a um envelope pequeno (11 cm x 16 cm) e no máximo a um envelope padrão (25 x 30 cm), que unirá as gaiolas na parte superior e inferior, formando uma caixa”, explica a pesquisadora da APTA.
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APICULTURA
Vivas e ativas
O transporte é feito via Correios, em embalagem desenvolvida pela pesquisa paulista (detalhe). A ocorrência de morte é mínima e geralmente acontece por inabilidade
Ao receber as abelhas, o produtor deve observar se todas, ou quase todas, estão vivas e ativas, o que significa que a viagem correu em condições favoráveis. “Neste caso, as rainhas poderão aguardar por dois ou três dias antes da introdução no enxame. O local adequado para deixá-las tem que ser arejado, livre de formigas, inseticidas e com temperatura ambiente em torno de 20º C. Se, ao contrário, a maioria das abelhas estiver debilitada, a introdução deverá ser feita com máxima urgência”, alerta Alves. Junto com encomenda, o produtor recebe instruções de como proceder para realizar a troca da rainha. Recomendase fazer a substituição imediata de uma rainha por outra, com a retirada da rainha da colmeia e, no ato, introduzir a gaiola com a substituta. É preciso ainda examinar cuidadosamente os favos e destruir todas as realeiras.
Morte mínima De acordo com a pesquisadora, a ocorrência de morte durante o transporte é mínima e, em geral, ocorre quando as embalagens são esquecidas no transporte ou em local muito quente ou frio. “Acontece também de o comprador esquecer de ficar em casa no dia em que as abelhas serão entregues e o carteiro não saber o que fazer com elas. As rainhas acabam tendo que passar o final de semana na Agência dos Correios e sofrerem ataques de formigas, por exemplo, que vão buscar o cândi na gaiola. Em geral, as perdas das abelhas rainhas acontecem por inabilidade”, afirma. Na Europa e nos Estados Unidos existem outros tipos de embalagens para o transporte. Segundo Alves, os resultados de eficiência entre as embalagens estrangeiras e as utilizadas na APTA se provaram equivalentes.
Mel no Brasil São Paulo é o 7O Estado em produção de mel no Brasil, segundo dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Estado produz 2.104 toneladas de mel, o que representa 5,4% do total. Rio Grande do Sul, Paraná e Ceará estão nas primeiras colocações, com 7.155, 4.831 e 4.735 toneladas, respectivamente. Nas regiões Sul e Sudeste, o mel provém principalmente da associação dos cultivos comerciais de laranja e de
eucalipto. “Se por um lado isso facilita a identificação unifloral, por outro reduz as possibilidades de certificação orgânica pelo uso de defensivos agrícolas em muitas dessas plantações”, explica a pesquisadora. O mel silvestre, muito comum no Brasil, é a denominação comercial atribuída ao mel composto por floradas nativas, em que não se identifica a florada predominante e é geralmente de composição multifloral.
Grande potencial De acordo com a pesquisadora, todas as regiões do Brasil apresentam grande potencial para a apicultura e os desafios a serem enfrentados no País são muitos. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de 2007, no Nordeste, a apicultura se caracteriza como atividade migratória e pode alcançar até 100 kg/colmeia/ano, enquanto a produtividade da apicultura fixa gira em torno de 50 kg/colmeia/ano. “A produtividade média no País, porém, é baixa e está em torno de 18 kg/colmeia/ano. Na Argentina, por exemplo, a produtividade é de 38 kg/colmeia”, diz a pesquisadora. Segundo Maria Luisa Alves, a qualidade do mel nacional, entretanto, supera a de seus concorrentes. Isso pode ser demonstrado, por exemplo, pela capacidade de exportar mel in natura, enquanto outros países exportam mel exclusivamente para blend, usado para misturar com melados de cereal ou açúcar e utilizado principalmente pela indústria de alimentos.
Ampliação da produção O potencial de ampliação da produção brasileira de mel está longe de ser considerado esgotado, mas o futuro da atividade, segundo Alves, depende, de forma crucial, de investimentos em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a competitividade da apicultura nacional. “Há necessidade de aprofundar a experiência atual e produzir novos conhecimentos específicos para cada região produtora, além da adoção generalizada de técnicas criatórias, controles sanitários e modelos de gestão”, diz. Para a pesquisadora, é preciso manter e ampliar o mercado externo recém conquistado, reduzir o custo de produção, elevar a produtividade média do apicultor, investir em infraestrutura e capacitação da mão de obra. FERNANDA DOMICIANO - APTA
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APICULTURA
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APICULTURA
Pólen revelador Experimento aponta fatores que contribuem na atividade apícola
A
cia do pólen sobre o desenvolvimento de colônias de abelhas africanizadas (Apis mellifera L.)’. O estudo revelou que o pólen retirado das anteras das flores pelas abelhas campeiras, é transportado para a colmeia por meio das corbículas ou cestos, localizadas no último par de pernas das operárias. Essas estruturas apresentam pelos que ajudam na aderência do pólen para formar a carga. O resultado da análise polínica realizada em cargas de pólen, retidas pelos coletores instalados na entrada das colmeias, ou armazenados em células dos favos (pão de abelhas) são indicativos seguros do período de produção, origem botânica e geográfica do produto.
“Pão de abelhas” No trabalho conduzido pelos pesquisadores do LEA, foi considerado “pão de abelhas” as cargas de pólen depositadas nos favos, em alvéolos (geralmente próximos aos de cria), que passam por um processo de fermentação, devido ao acréscimo de secreções salivares produzidas pelas abelhas. “Ao longo do ano foram encontrados 81 tipos polínicos nas cargas de pólen interceptadas, pertencentes a 34 famílias botânicas, sendo Fabaceae, Asteraceae e Malvaceae as famílias com maior frequência de tipos polínicos e, Myrtaceae, a família com alta fre-
SEBRAE ALAGOAS
A pesquisa vai contribuir na atividade apícola e no manejo de colmeias para diminuir atividade apícola migratória
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Outra pesquisa Outro resultado da pesquisa indica que as médias anuais da matéria seca (67,41%), proteína bruta (27,02%), extrato etéreo (3,66%), matéria mineral (3,34%) e carboidratos totais (65,41%) de cargas e, matéria seca (78,80%) e proteína bruta (25,89%) de pão de abelhas estão de acordo com o regulamento técnico para comercialização do pólen no Brasil. “A origem botânica do pólen apícola tem efeito sobre sua qualidade físico-química. Os valores de proteína bruta, extrato etéreo, quantidade de pólen coletado, riqueza e equitabilidade da composição polínica influenciam positivamente o desenvolvimento de colônias”, conclui o professor Luís Carlos Marchini, orientador da pesquisa. ALICIA NASCIMENTO AGUIAR — ESALQ/USP
BREYER E CIA
criação racional de abelhas representa uma importante atividade comercial que beneficia o homem com produtos diretos como o pólen, o mel, a própolis, a geleia real e a cera, os quais são utilizados, especialmente, para fins alimentícios, cosméticos e fármacos. Da mesma forma, a apicultura é uma atividade de grande intensidade para a produção agrícola, pois as abelhas realizam o processo de polinização necessário para a perpetuação e disseminação das espécies vegetais. No apiário do Departamento de Entomologia e Acarologia (LEA) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), em Piracicaba, foi realizado um experimento de campo para caracterizar o pólen quanto à sua origem botânica e alguns parâmetros físico-químicos. Tais características foram, em seguida, relacionadas com o desenvolvimento de abelhas africanizadas (Apis mellifera L.), medido pelo tamanho da área ocupada com pólen, mel e cria dentro da colmeia (cm²) e a assimetria flutuante das asas de abelhas operárias. As coletas foram realizadas nas quatro estações climáticas do ano. O local de instalação das cinco colmeias, apresenta domínio de vegetação de Floresta Estacional Semidecidual (Mata Atlântica), porém com amplas áreas antropizadas, onde existem cultivos agrícolas e canteiros ornamentais com árvores e ervas”, diz Anna Frida Hatsue Modro, autora da tese ‘Influên-
quência de grãos de pólen”, afirma a pesquisadora. A pesquisa comprova que a avaliação sazonal da influência da qualidade do pólen sobre o desenvolvimento das colônias africanizadas é importante. As características ambientais servem de parâmetro para a determinação da qualidade e quantidade do pólen coletado e armazenado, assim como para o desenvolvimento de colônias. A pesquisa permite o domínio de técnicas de avaliação do desenvolvimento de colônias e da qualidade do pólen, divulga a composição do pólen apícola e a riqueza da flora regional, promove maior conhecimento sobre o comportamento forrageiro e o desenvolvimento de colônias africanizadas em regiões brasileiras.
DIVULGAÇÃO
Rainhas jovens elevam produção de mel Empaer propõe substituição de abelhas rainhas geneticamente melhoradas nos apiários de MT
C
om a finalidade de aumentar a produção de mel e evitar a contaminação do produto por doenças em Mato Grosso, o biólogo da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), João Bosco Pereira, está executando um projeto de melhoramento genético para produção de abelhas rainhas africanizadas — Apis mellifera. O projeto visa a atender produtores rurais que estão na atividade, com a entrega de cinco a dez abelhas rainhas por apiário, a fim de aumentar a produtividade em 100%, chegando a uma produção de 60 quilos de mel por colmeia ao ano. Conforme Bosco, o segredo de uma boa produção é manter no apiário abelhas rainhas jovens, com idade máxima de dois anos, já que elas vivem até cinco anos, um bom pasto apícola para produzir em média de 3 mil ovos por dia, uma população de 80 mil abelhas operárias por colmeia para atingir uma produção de 50 a 60 quilos de mel/ano. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2008),
o Estado do Mato Grosso possui 1.200 apicultores, que produzem 500 toneladas de mel por ano. Conta com aproximadamente 280 apiários e 3.435 colmeias, cuja produção é de 20 quilos de mel por caixa.
Selo de qualidade Pereira comenta que uma colmeia produz, em média, 30 quilos de mel por ano. Ele destaca que mais importante do que produzir é organizar a cadeia da apicultura, garantindo o selo de qualidade para o mel produzido em Mato Grosso. “Hoje estamos vendendo na informalidade e o produto não está nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais. É necessário organizar o setor produtivo por meio de cooperativas e associações”, ressalta. A Empaer, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Rotary Internacional, está implantando um projeto para instalação de apiários e recuperação da mata ciliar nas comunidades de pescadores e indígenas na região sul do Pantanal, nos municípios de Santo Antônio de
Leverger e Barão de Melgaço. O projeto pretende atender cem famílias que vivem da pesca, dando oportunidade de outra fonte de renda.
Atividade apícola Técnicos do Senar e Empaer estão qualificando e treinando as famílias interessadas na atividade apícola com orientações teóricas e práticas sobre a criação de abelhas. Ao todo foram 300 colmeias em produção até o final de 2012. Paralelamente à instalação das colmeias, acontecerá o plantio de mudas nativas para recuperação da mata ciliar com plantas melíferas para enriquecer o pasto apícola. Com a apicultura, o biólogo calcula que uma produção de até 50 quilos de mel/ano, pode render para a família até R$ 3 mil. No mercado, o mel está sendo vendido a R$ 20,00 o quilo. O produtor com três colmeias poderá extrair 150 quilos de mel/ano e obter lucro e renda. “O projeto é abrangente, busca a viabilidade econômica, social e também a preservação da natureza”, conclui Bosco. ROSANA PERSONA
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HORA CERTA
JÚLIO CÉSAR ALBRECHT
PLANTIO do TRIGO IRRIGADO no Cerrado iniciado em ABRIL
O
período ideal para o plantio do trigo irrigado no Cerrado do Brasil Central (Minas Gerais, Goiás, oeste da Bahia, Distrito Federal e Mato Grosso) tem início em abril. Nos plantios realizados de 11 de abril a 31 de maio, a cultura atinge seus melhores resultados. A recomendação é fei-
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ta pelo pesquisador Julio Cesar Albrecht, da Embrapa Cerrados . As cultivares de trigo da Embrapa indicadas para o plantio irrigado no Cerrado são BRS 254, BRS 264, Embrapa 22 e Embrapa 42. Estas cultivares são plantadas em aproximadamente 90% da área cultivada com trigo irrigado no
Brasil Central. Devem ser plantadas em áreas com altitudes superiores a 500 metros, em função principalmente das temperaturas e da umidade no ar.
Trigo Pão A BRS 264 classificada como trigo Pão, de ciclo precoce , em torno de 110
TRIGO
deve ser
hectare. A cultivar BRS 254 classificada como trigo Melhorador tem potencial para produzir em torno de 115 sacos por hectare. A Embrapa 22 e Embrapa 42 classificadas como “Trigo Melhorador” têm potencial em torno de 105 sacos por hectare. Segundo o pesquisador, nas lavouras plantadas entre o primeiro dia a 20 de maio, tem-se observado os maiores rendimentos de grãos. Se o triticultor plantar nos primeiros dez dias da época indicada (do dia 11 até 20 de abril), é maior o risco da incidência de doenças causadas por fungos, principalmente a brusone. “O agricultor terá que monitorar a lavoura diariamente e antecipar as aplicações preventivas com fungicidas recomendados conforme as indicações da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale”, alerta Albrecht.
Prejuízo da qualidade industrial Deixar o plantio para o final da época indicada (do dia 20 até 31 de maio) corre-se o risco da ocorrência de chuvas no período de maturação final dos grãos e da colheita, o que prejudicaria a qualidade industrial dos grãos e a produtividade. Caso seja necessário fazer o plantio tardio, a sugestão é plantar cultivares com grãos mais duros, como a BRS 254, Embrapa 22 e Embrapa 42. A cultivar BRS 264 tem como característica um grão menos duro que as cultivares citadas anteriormente, por isso não tolera chuvas no período de maturação final dos grãos e da colheita. A BRS 264 deverá ser plantada até, no máximo, dia 15 de maio, o que diminui a possibilidade de chuvas na colheita O plantio do trigo irrigado precisa ter planejamento prévio
dias da emergência a colheita , enquanto as outras cultivares têm um ciclo em torno de 120 dias. A cultivar tem potencial para produzir em torno de 130 sacos por hectare. Em Minas Gerais e Goiás já se observou lavouras, irrigadas com pivô central, com produtividades de aproximadamente 127 sacos por
Manejo do trigo O plantio do trigo irrigado deverá ser antecedido por um planejamento prévio, que estruture a lavoura com todos os pré-requisitos básicos para que a cultura alcance alta produtividade e boa qualidade industrial dos grãos. A densidade de plantio indicada para o trigo irrigado é de 300 a 380 sementes aptas por metro quadrado. O espaçamento normalmente usado para
trigo é de 17 cm entre linhas. Outros espaçamentos são possíveis, mas, de preferência, não devem ultrapassar 20 cm. A adubação nitrogenada poderá ser feita em duas etapas: no plantio e até o início do período de perfilhamento, quando acontece o processo de diferenciação da espiga. Este período ocorre cerca de 15 dias após a emergência das plantas. A quantidade de fertilizante nitrogenado a aplicar varia em função do nível de matéria orgânica do solo, da cultura precedente e da expectativa de produtividade da cultura.
Comercialização O trigo do Cerrado é o primeiro a ser colhido no Brasil (entre agosto e setembro), o que favorece a sua comercialização. Pois é neste período de escassez do produto no mercado que os preços são mais remuneradores para o triticultor. O trigo produzido no Brasil Central geralmente é classificado como melhorador e possui alta força de glúten. De acordo com Albrecht, devido a esta qualidade, os moinhos da região demonstram interesse na compra do trigo produzido no Cerrado para ser misturado ao trigo mais fraco (baixa força de glúten) adquirido de outros estados brasileiros fora do Cerrado e, até mesmo, ao trigo importado de outros países, com objetivo de melhorar a qualidade industrial para panificação. Mesmo com retorno econômico do feijão superior ao do trigo, muitos produtores preferem plantar o trigo em função da necessidade de fazer rotação de culturas. Isso porque o trigo é uma planta supressora de doenças do solo em áreas irrigadas por pivô central. As pesquisas em desenvolvimento na Embrapa Cerrados estão avaliando e testando novos materiais. A previsão é de que sejam lançadas novas cultivares de trigo irrigado ainda em 2013 e 2014. Essas variedades, também classificadas indutrialmente como melhoradoras, terão como características principais a alta força de glúten e o rendimento de grãos superior a 110 sacos por hectare. LILIANE CASTELÕES - EMBRAPA CERRADOS
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Algodão melhorado resistente à
P
or ser muito suscetível ao ataque de pragas e doenças, o algodão é uma das culturas que mais demandam agrotóxicos, acarretando altos custos ambientais e financeiros para o produtor. A ramulária e a ramulose são as principais doenças que afetam o algodoeiro, mas o melhoramento genético e cultivares resistentes já são importantes aliados do produtor. Segundo o pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Paulo Hugo Aguiar, para a conquista das novas fronteiras agrícolas no Brasil Central e a implantação do plantio extensivo de algodão, no final dos anos de 1990, foi utilizado material genético
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procedente dos Estados Unidos e Austrália. Uma das cultivares que melhor se adaptaram às condições de cultivo nas áreas de Cerrado foi a Delta Pine Acala90/ITA90, que permitia a colheita mecanizada e era bastante produtiva. Entretanto, era muito sensível à Doença Azul, virose transmitida pelo pulgão, exigindo de 10 a 15 pulverizações de inseticidas, por ciclo, para o controle do inseto vetor.
Variedades resistentes Ao longo de dez anos, a Fundação MT se dedicou a pesquisas para o melhoramento genético do algodão, e hoje as quatro variedades indicadas são resistentes ao vírus transmitido
pelo pulgão. Entretanto, outras duas doenças fúngicas — a ramulose e a ramulária — continuaram exigindo de seis a até 10 aplicações de defensivos por safra, dependendo da região de plantio. O pesquisador explica que desse volume total de defensivos — aplicados a um custo de US$ 15/hectare/aplicação (somente do produto) —, 30% são para conter a ramulose e 70% para
FUNDAÇÃO MATO GROSSO
As variedades resistentes à ramulária já foram testadas com sucesso nas safras 2010/11 e 2011/12
ramulária
FUNDAÇÃO MATO GROSSO
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Casa de Vegetação da Fundação Matogrosso, onde foram realizadas pesquisas para o melhoramento genético do algodão
controlar a ramulária, doença mais agressiva, que afeta o algodoeiro causando a desfolha precoce e a redução da produtividade.
para controlar outras doenças do que para combater a ramulária. “O produtor deve saber que o primeiro sintoma visível da ramulária para dar início às aplicações de fungicida é a mancha azulada. Mas as cultivares resistentes com a tecnologia RX também apresentam esta mancha, mas ela não causa infecção no tecido foliar”, esclarece Aguiar.
Sucesso
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Perdas de 50%
Variedades indicadas para o Cerrado imunes à ramulária: FMT 705 (esq.) e FMT 707 (acima). À direita a variedade FMT 709, resistente ao vírus transmitido pelo pulgão
Já a ramulose afeta o ponto de crescimento da planta, causando um superbrotamento, e pode acarretar perdas de produtividade de mais de 50% se não for devidamente controlada. Como ainda não existem cultivares resistentes à doença, apenas materiais menos sensíveis ao ataque do fungo, as aplicações de fungicidas ainda são necessárias. O pesquisador recomenda o uso de boas cultivares, atenção à época ideal de plantio, destruição bem feita da soqueira e monitoramento da lavoura. Assim, é possível conviver melhor com a doença.
FUNDAÇÃO MATO GROSSO
FUNDAÇÃO MATO GROSSO
A boa notícia é que duas das quatro variedades indicadas para o Cerrado já estão imunes à ramulária: a FMT 705 e a FMT 707. A resistência à doença foi possível através da Tecnologia RX (resistência à ramulária), também obtida por meio de melhoramento genético. As variedades já foram testadas com sucesso nas safras 2010/11 e 2011/12, e o pesquisador garante que apenas duas aplicações podem ser feitas, muito mais
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AVICULTURA
BOAS PRÁTICAS de manejo de FRANGOS DE CORTE
M ARÍLIA L. Q UEIROZ
E
J OSÉ A. D ELFINO B ARBOSA F ILHO
NÚCLEO DE ESTUDOS EM AMBIÊNCIA AGRÍCOLA E BEM-ESTAR ANIMAL-NEAMBE - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Aparentemente, retirar as aves dos galpões de criação para o abate parece ser um trabalho simples, porém, exige muito treinamento e força física por parte dos prejuízos envolvidos neste processo
O
setor produtivo de frangos de corte sempre direcionou sua atenção para as áreas de nutrição, sanidade e genética. Pouco dedicou a devida importância para áreas diretamente ligadas à qualidade final do produto. Este é o caso da fase de “pega” ou captura das aves, etapa inicial das chamadas operações pré-abate. Atualmente, reduzir perdas durante este período é um dos grandes desafios dos produtores de frangos, já que
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o pré-abate pode gerar elevados índices de perdas. Porém, até então, nem todo o prejuízo e danos ocorridos com as aves durante a pega eram percebidos ou contabilizados pela cadeia avícola em geral. Talvez devido ao fato de que muitos dos danos ocorridos durante a atividade de pega ou apanha das aves, como hematomas e fraturas, só são realmente percebidos após a depenagem.
Redução de perdas Assim, é de fundamental importância uma abordagem acerca deste tema, levando-se em consideração principalmente os princípios do bem-estar animal e a redução de perdas. Aparentemente, retirar as aves dos galpões de criação para o abate parece ser um trabalho simples, porém, exige muito treinamento e força física por parte dos envolvi-
durante a pega
MARÍLIA L. QUEIROZ
AVICULTURA
maior grau de estresse a que as aves estarão submetidas, o que poderá aumentar, ainda mais, as perdas.
3.
Devem ser feitos “círculos de captura”. Esta é uma prática que facilita a pega pelo fato de se trabalhar com pequenos grupos de aves e evitar grandes movimentações e aglomeração das mesmas;
4. Antes de serem feitos os círculos de captura, os comedouros e bebedouros devem ser suspensos, para evitar golpes no peito e nas pernas das aves e acidentes com o pessoal responsável pela apanha.
5.
O ambiente do galpão, se possível, deverá ter iluminação reduzida durante a pega. As aves apresentam menor nível de atividade com a diminuição da luz e ambientes mais escuros minimizam as reações de medo entre as aves, diminuindo, assim, o estresse.
6.
É preciso que os ventiladores sejam mantidos ligados durante toda a pega das aves. Deve haver ventilação adequada na altura das mesmas, para minimizar os efeitos do estresse térmico. Ventiladores ligados também reduzem o nível de pó e poeira dentro do ambiente.
7.
Os ventiladores devem ser mantidos funcionando durante toda a etapa de “pega” das aves
dos neste processo. Este é um momento bastante dinâmico, pois, constantemente, pessoas entram e saem dos galpões carregando os frangos até o caminhão de transporte, sendo necessário bastante esforço e agilidade por parte dos trabalhadores.
Menos lesões e traumas Sabendo destes aspectos, durante a pega, alguns cuidados devem ser tomados a fim de minimizar lesões e traumas nas aves. São mudanças simples no manejo que podem gerar grandes benefícios. São elas:
1.
O primeiro e mais importante passo, é treinar, de forma adequada, os funcionários que trabalham na apanha. Cada pessoa envolvida neste processo deverá saber exatamente a função que vai desempenhar e conhecer bem suas responsabilidades. Se possível, todos deverão seguir instruções detalhadas passadas previamente.
2.
Antes que ocorra a pega, deve ser feita uma avaliação da ambiência interna do galpão. Caso os valores de temperatura e umidade relativa do ar estejam elevados, fora do nível de conforto das aves, a operação de pega deverá ser interrompida, devido ao
Os trabalhos devem ser feitos de forma silenciosa. É necessário evitar-se procedimentos que possam gerar reações de medo e pânico nas aves. Elas deverão ser manejadas de forma calma, propiciando o mínimo de agitação entre elas. Muitas vezes a rapidez com que a pega é executada gera traumas nas aves e, dependendo da gravidade das lesões, pode ocorrer condenação parcial ou até mesmo total da carcaça dos animais afetados.
8.
As aves devem ser pegas pelo dorso (método japonês), usando as duas mãos e pressionando as asas contra o corpo. Os animais devem ser contidos de maneira confortável, evitando que elas se debatam. A pega pelo dorso oferece maior proteção, causa menos estresse e reduz os riscos de fraturas nas aves, resultando em uma menor condenação de carcaça. A Lavoura NO 694/2013 51
AVICULTURA
9. Enquanto as aves estão sendo carregadas é bom evitar que as mesmas se debatam ou levem pancadas (visando minimizar os arranhões, hematomas e outros machucados), por isso, a distância que as aves serão carregadas até o caminhão deverá ser a menor possível. Para isto, o caminhão de transporte deverá ser posicionado bem próximo de onde as aves sairão do galpão.
10.
As portas e passagens dos galpões devem ser suficientemente largas para permitir a remoção segura das aves.
11.
As aves devem ser colocadas dentro das caixas de transporte da forma mais cuidadosa possível. Se jogadas de forma brusca, podem sofrer danos e fraturas.
12.
Para que as aves cheguem da maneira correta até o final do processo de pré-abate, serão necessários, ainda, diversos cuidados nas fases que seguem a operação da pega. Porém, a atenção durante a apanha das aves é de extrema importância, pois é onde tudo se inicia, e, caso este começo ocorra de forma inadequada, sérios problemas envolvendo o bem-estar dos animais poderão ocorrer e perdurar até que as aves sejam abatidas. A preocupação é tamanha que, atualmente, muitos estudos têm sido conduzidos com enfoque voltado ao préabate dos animais. O NEAMBE — Núcleo de Estudos em Ambiência Agrícola e Bem-estar Animal — vem pesquisando maneiras de otimizar o manejo das aves durante a etapa de pega ou apanha, visando promover melhores condições de bem-estar para os animais e geração de benefícios para toda a cadeia avícola brasileira, através da redução das perdas nos processos produtivos.
MARÍLIA L. QUEIROZ
As caixas carregadas com as aves precisam ser manejadas de forma cuidadosa, para evitar solavancos demasiados, ou que as mesmas escapem no momento da formação da carga na carroceria do caminhão.
DOENÇA RARA
Pré-abate
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MARÍLIA L. QUEIROZ
Os “círculos de captura” facilitam a pega e evitam danos às aves até o carregamento do caminhão
A
morte súbita de vários perus na zona rural de MossoróRN, originou a descoberta de uma rara doença em aves, durante pesquisa realizada pelo Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). A Histomoníase foi diagnosticada nos animais após exames realizados para compreender a causa e os mecanismos da doença, que também apontaram o tratamento específico a ser seguido. Provocada pelo protozoário Histomonas meleagridis, a histomosíase possui poucos relatos na literatura da medicina veterinária brasileira, também sendo desconhecida pelos criadores que, usualmente, a confundem com outras enfermidades que possuem sintomas semelhantes, como a perda de peso, fezes amareladas, ausência de apetite e apatia do animal. “A histomoníase é uma doença que praticamente não tem relatos na literatura brasileira. Encontramos alguns casos na literatura norte-americana. Normalmente, quando alguma ave morre, os criadores costumam dizer que o animal morreu de “gogo”, um termo que eles usam para determinar as doenças que são comuns às aves”, explica o coordenador da pesquisa, o professor Jael Soares Batista, do Departamento de Ciências Animais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O diagnóstico preciso foi realizado após o reconhecimento dos sinais clínicos e da necropsia de um peru contaminado, durante a qual foi constatada uma série de lesões macroscópicas e histológicas no fígado e no ceco do animal. Para Canindé Lopes, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFERSA e bolsista do laboratório, o contato entre a universidade e os criadores dos animais é essencial para suprir a carência de diagnósticos existentes nessa área. “Conversamos com o
AVICULTURA
A Histomoníase — que tem sintomas parecidos com os de outras doenças mais comuns — foi diagnosticada por pesquisadores do Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), que também indicaram o tratamento para a doença
EDUARDO MENDONÇA - UFERSA
em PERUS é DESCONHECIDA dos criadores
criador das aves para saber os sintomas, ele nos cedeu um dos perus contaminados e, em seguida, fizemos a necropsia no animal”, comenta Canindé.
Tratamento A partir do diagnóstico, os pesquisadores do laboratório revisaram os casos existentes na literatura para investigar os tratamentos já realizados. “Como essa doença também é pouco conhecida pelos médicos veterinários, pesquisamos na literatura e encontramos trabalhos experimentais americanos, nos quais foram testados vários medicamentos. Os melhores resultados encontrados foram com o uso da substância Metronidazol”, afirmou o bolsista do laboratório e aluno do curso de Medicina Veterinária da UFERSA, Roberio Gomes Olinda. O tratamento com o Metronidazol logo surtiu efeito nos perus contaminados. As aves diagnosticadas com a doença e tratadas com a medicação entraram normalmente na fase adulta. “Os perus cresceram saudáveis e conseguiram entrar na fase de reprodução sem problemas”, relata o professor Jael Batista. Embora reconheçam os benefícios do tratamento com Metronidazol, os pesquisadores alertam que a substância deve ser empregada com restrições para evitar a resistência do parasita. Além disso, o tratamento deve ser prescrito por um médico veterinário, profissional que detém o conhecimento técnico para prescrever a dosagem e o período de administração do medicamento. “Ainda há uma grande carência na pesquisa de doenças de aves e a divulgação de descobertas como essas vão alertar as pessoas para a importância de procurar um médico veterinário”, alerta o professor.
Os casos da doença ocorrem na agricultura familiar
Contaminação Na agricultura industrial, a histomoníase é considerada uma doença erradicada devido ao controle sanitário. Os casos da doença ocorrem na agricultura familiar, onde as aves são criadas livremente. Entre as aves, o peru é considerado uma das espécies mais sensíveis à doença, principalmente, nos primeiros meses de vida. “Não existe uma explicação para os perus serem mais suscetíveis à histomoníase. É algo específico da espécie”, assegura Roberio Olinda. Segundo ele, a transmissão da doença em perus ocorre, principalmente, por meio de hospedeiros intermediários, como o nematódeo cecal Heterakis gallinarum e minhocas que hospedam os ovos do protozoário Histomonas meleagridis.
Criação concomitante Outro fator que estimula a propagação da doença é a criação de perus e galinhas de forma concomitante. “A transmissão também pode acontecer pelo contato direto com aves infectadas. Um dos fatores de riscos para doença, pode ser a criação concomitante de perus, galinhas e guinés no mesmo ambiente”, explica Roberio Olinda. Nestes casos, os animais são trata-
dos com o Metronidazol, mas a doença ainda fica alojada no ambiente. “Não tem como ter um controle da histomoníase, pois ainda não existe vacina e depois que ela se instala no local fica difícil tirar, pois o agente que a provoca permanece muito tempo no solo”, explica o professor Jael Batista.
Benefícios O diagnóstico e o tratamento dão esperança e motivação aos criadores para continuarem investindo na criação das aves. “A descoberta do diagnóstico é muito importante, pois ajuda os criadores que normalmente não possuem nenhuma assistência técnica, e que, muitas vezes, até deixam de criar as aves, que são uma fonte de alimento e renda para eles”, comenta Jael Batista. A pesquisa desenvolvida pela UFERSA também deverá contribuir para enriquecer a literatura da área por meio dos artigos científicos, que serão submetidos a períodos. “Os próximos passos são divulgar a pesquisa nacionalmente em períodos indexados da área. Agora, como já temos todo um protocolo de diagnóstico e atendimento, ficaremos atentos para a ocorrência de novos casos”, vislumbra o professor. RENATA JAGUARIBE - UFERSA
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P OR J ACIRA S. C OLLAÇO
Antes e depois da crise, a persistência Localizada em uma importante região produtora de alimentos do Estado do Rio de Janeiro, a cidade de Nova Friburgo foi atingida duramente pelas chuvas de janeiro de 2011. Ainda hoje, a população enfrenta as consequências desse desastre natural e as perdas materiais ainda são visíveis na região. Mas o trabalho dos empreendedores locais não parou. O engenheiro agrônomo Marc Ferrez Weinber é um deles, continuando a produzir orgânicos em sua propriedade, o Sítio Quaresmeiras Por que a opção pelo sistema orgânico de produção? Mantinham algum empreendimento agrícola anterior? Não, e desde o início a opção foi pela produção orgânica. Começamos em 1995, mas transformar as intenções em realidade não foi fácil. A técnica teve que ser desenvolvida totalmente na prática. Os riscos inicialmente eram grandes, os volumes muito pequenos, longas distâncias para a entrega e o lucro mínimo. Porém, a qualidade do ambiente de trabalho e de vida e a satisfação de realizar algo significante foram os fatores que deram persistência à iniciativa.
A conservação da Mata Atlântica no Sítio trouxe que benefícios? Muitas vezes vista como um empecilho, a mata nos dá água potável e em quantidade para irrigar toda a produção sem utilização de bombas. A vegetação também serve como barreira contra fontes de contaminação que poderiam ser causadas pelos vizinhos. Ela também nos fornece o equilíbrio ambiental necessário para evitar que insetos em níveis normais se tornem pragas, como é o caso das formigas saúvas, cortadeiras extremamente comuns nas propriedades vizinhas, mas não no Sítio Quaresmeiras. Das flores da mata as abelhas produzem um mel silSYLVIA WACHSNER
SYLVIA WACHSNER
Onde se localiza a propriedade? Como integram a preservação da mata com as áreas de produção? O Sítio Quaresmeiras está no município de Duas Barras, na região de Nova Friburgo (RJ). O nome se refere a uma árvore de flores roxas, característica na mata do local. Eu e Nicole Weinber, que é cientista ambiental, buscávamos uma vida integrada com a natureza, e o sítio surgiu desta vontade. Decidimos encon-
trar um lugar de natureza bem preservada, que ao mesmo tempo fosse minimamente próximo a um mercado que valorizasse a produção baseada nos princípios da ecologia. São 145 hectares, dos quais 95% preservados, cercados por montanhas de pedras altíssimas, que isolam um vale preservado de Mata Atlântica, com uma área agrícola baixa e mais plana encaixada no seu centro.
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A linha de produtos do Sítio Quaresmeiras inclui doces de corte, como goiabada e bananada, e doces de frutas como pêssego, laranja da terra e figo e em calda
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vestre muito apreciado pelos clientes. A mata é o ambiente que nos cerca, a nossa casa. Somos orgulhosos de compartilhar este lugar com uma rica fauna. Os sapos são a nossa “dedetização” natural e a prova de que o nosso ambiente é limpo, já que esses anfíbios são muito suscetíveis à poluição. Foi necessário recuperar alguma área degradada para implantar o sistema ou fazer análise do solo? Os solos do Sítio Quaresmeiras são monitorados por análises químicas. Ao longo de mais de uma década sob o manejo orgânico conseguimos constatar um aumento do teor de matéria orgânica de 2% para 3%, pH de 5,5 para 6,5; a CTC de 11 para 13 e a saturação de bases de 40 para 70% ou seja, tornamos um solo infértil e ácido em solo fértil e de acidez ideal. No Sítio Quaresmeiras, as áreas de erosão, a beira de córregos e nascentes nas pastagens foram isoladas com cercas de mourões vivos das espécie Gliricidea. À vegetação nativa foi dada a chance de se restabelecer. Em outras áreas fora de pastagens, foram
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implantadas agroflorestas. É possível reparar a melhoria na turbidez do córrego, que hoje apresenta um valor de um décimo do permitido para água potável. Já os sólidos totais dissolvidos na água são 100 vezes inferiores aos valores permitidos para água potável. Já observaram surtos de pragas nas culturas? Em linhas gerais, como combatê-las no sistema orgânico? Mesmo com o ambiente preservado, o cultivo orgânico esbarra em desafios no manejo de insetos e doenças. Para obter um produto de qualidade como o do Sítio Quaresmeiras, é necessário esmero e rigor no atendimento das necessidades da cultura. Fazer a poda das frutíferas na época ideal, por exemplo, é essencial para evitar doenças. A irrigação localizada também evita a dispersão de doenças na parte aérea da planta. Os pomares roçados não muito baixos, em vez de capinados, aumentam a população de insetos predadores dos que se alimentam das frutíferas. O solo com muita vida, consequência da adubação orgânica, além de inoculações com microrganismos benéficos, evitam doenças das raízes e aumentam o equilíbrio nutricional das plantas, dificultando ataques. Contudo, mesmo com todos esses cuidados, alguns problemas surgem, como a mancha parda nos pêssegos, os pulgões nas goiabas e a ferrugem no figo. Essas pragas exigem um plano de pulverizações com caldas fertiprotetoras e repelentes que, em muitos casos, ajudam, mas não resolvem totalmente os problemas. Creio que a tecnologia para a produção orgânica no Brasil ainda esteja em seus estágios iniciais. Mesmo assim, acreditamos que é melhor trabalhar “com” a natureza, em vez de “contra” ela. Quais produtos estão sendo fabricados atualmente? Existem épocas de menor oferta? Como contornar tal situação? Nossa linha de produtos é baseada nas matérias-primas produzidas na pro-
Os pêssegos são ensacados um a um e esta proteção contra pragas garante frutos frescos sadios e de qualidade superior (detalhe)
priedade, como os doces de goiaba, pêssego, figo, laranja da terra, banana, além de biscoitos. Estes produtos são oferecidos durante o ano inteiro e, em determinadas safras, temos frutas frescas e outros produtos, oferecidos no mercado local. Que meios o Sítio utiliza para divulgar seus produtos? Em sua opinião, quais vantagens/benefícios o Sítio Quaresmeiras adquire ao participar de eventos como feiras e exposições de negócios? A participação em feiras e eventos nos permitiu uma expansão para fora do estado do Rio e firmar a nossa marca. Também nos fez conhecer outros produtos e soluções que existem no mercado, como novos métodos de processar alimentos, representantes, compradores. Como é o relacionamento com o consumidor que frequenta as feiras orgânicas? É interessante a interação direta com consumidores finais nas feiras do circuito orgânico do Rio de Janeiro e em outras eventuais. É uma belíssima oportunidade de valorização de nosso produto e dos orgânicos em geral. O olho a olho vale muito. É a frente de conscientização, que cria vínculos muito próximos dos produtores com os consumidores. Além de criar mais confiança no produto e no orgânico, o freguês sente como sua participação individual faz diferença para a preservação do meio ambiente. Gostamos de explicar que a compra deles ajuda a viabilizar a nossa perma-
nência no Sítio, e portanto, a proteção do mesmo. A não utilização de produtos químicos nas compotas orgânicas influi no tempo de conservação? Em caso positivo, como contornar isso para manter o produto estável? O processamento sem aditivos químicos exige um grande rigor nas boas práticas de produção, principalmente no envase de conservas e geleias. Já as frutas em calda não apresentam diferença de validade de outros convencionais semelhantes, mas os doces de corte apresentam uma validade relativamente menor do que os que contêm conservantes químicos. Interessante é que, para o consumidor, isto é como uma prova da autenticidade do produto. Porém, para facilitar negócios com lojas, o Sítio Quaresmeiras está trabalhando em parceria com a Embrapa Agroindústria para aumentar a validade de nossos doces de corte e biscoitos. Podem fazer uma pequena análise do mercado orgânico no Estado do Rio ou mesmo no Brasil, em termos de volume comercializado, conhecimento do público etc.? O principal entrave à disseminação dos orgânicos no Brasil é o tamanho do mercado. Devido aos pequenos volumes produzidos, hoje temos que trabalhar com mais diversidade de produtos do que seria desejável em termos de gerenciamento. Uma escala pequena tende a aumentar os custos da produção, o que é sempre um entrave a mais para venda. A Lavoura NO 694/2013 55
CITRICULTURA
Tecnologias integradas AUMENTAM PRODUÇÃO na ENTRESSAFRA Pesquisa verificou influência significativa do clone (copa) na tolerância da planta à deficiência hídrica, resultado inédito na citricultura mundial
A
valorização da lima ácida ‘Tahiti’ no mercado interno e a expansão do mercado internacional da fruta, observado nos últimos 15 anos, promoveu condições favoráveis para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva composta por pequenos e médios citricultores e indústrias de beneficiamento nas regiões Sudeste e Nordeste do Estado de São Paulo. Porém, a cultura apresenta desafios relacionados à rentabilidade, fato que tem levado produtores a abandonar a atividade, provocando impactos sociais e econômicos importantes nas regiões produtoras.
Viabilidade econômica Pesquisa realizada por Horst Bremer Neto, aluno de doutorado do Programa de Pós-graduação (PPG) em Fitotecnia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), revelou que, entre as variáveis horticulturais que influenciam a viabilidade econômica da cultura, destacam-se a produtividade, a precocidade de início de produção e a qualidade dos frutos. “A maximização desses fatores pode ser alcançada pela seleção criteriosa
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da combinação copa/porta-enxerto e com a aplicação de tecnologias de produção, como a irrigação, que tem gerado resultados favoráveis quanto ao aumento da produção de frutos na safra e na entressafra”, explica o pesquisador. O projeto é resultado de parceria entre a ESALQ e a Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro-SP. Foi realizado sob orientação do professor Francisco de Assis Alves Mourão Filho, do Departamento de Produção Vegetal (LPV) da ESALQ e contou com a participação de Eduardo Sanches Stuchi, da EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. Stuchi foi responsável pelo planejamento inicial e instalação do experimento. Assim, o estudo relata que as pesquisas realizadas nos últimos anos têm se dirigido à avalição de porta-enxertos e irrigação para lima ácida ‘Tahiti’. “São poucas aquelas que envolvem a avaliação de clones de lima ácida ‘Tahiti’ devido à constituição genética triplóide da espécie, que impõe A irrigação é uma técnica adequada para o cultivo da lima ácida “Tahiti” por induzir ao aumento significativfo da produção
ESALQ / USP
CITRICULTURA
limitações à aplicação de técnicas de melhoramento convencional. A diversidade genética da espécie é pequena e os cultivos comerciais são baseados, predominantemente, nos clones “IAC 5” e “Quebra-galho”. No entanto, esses clones apresentam limitações relacionadas ao porte elevado e à contaminação com viróides dos citros”, explica Horst.
Maior produtividade O pesquisador lembra, ainda, que além da baixa diversificação de copas, grande parte dos pomares utiliza o limão “Cravo” (Citrus limonia Osbeck) como porta-enxerto, por induzir maior produtividade e tolerância à deficiência hídrica. Por outro lado, a combinação dos clones “IAC 5” e “Quebra-galho” com o limoeiro “Cravo” tem levado à produção de plantas de porte elevado e baixa longevidade devido às altas taxas de mortalidade causadas por gomose Phytophthora (Phytophthora spp.) e a presença de estirpes severas do vírus da tristeza dos citros e do viróide da exocorte. O trabalho, conduzido em Bebedouro (SP), avaliou o desempenho horticultural de clones de limeira ácida ‘Tahiti’ enxertados em citrumelo ‘Swingle”. Levando-se em conta as restrições do uso comercial do citrumelo ‘Swingle’ em ambientes que apresentam deficiência hídrica prolongada, os clones foram avaliados em duas áreas distintas, diferenciadas pelo uso da irrigação. Foram avaliados os clones “IAC 5”, “IAC 5-1”, CNPMF/EECB”, “CNPMF 2000” e “CNPMF 2001”.
Bremer Neto da ESALQ assegura que, por meio desse estudo, foi possível fixar um clone altamente produtivo sob condições irrigada e não irrigada (“CNPMF/EECB”),
previamente selecionado pelo pesquisador da EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Eduardo Sanches, o qual apresenta potencial para futura disponibilização aos citricultores. “Além disso, a irrigação mostrou-se técnica adequada para o cultivo da lima ácida ‘Tahiti’ por induzir ao aumento significativo de produção, inclusive na entressafra, quando os preços praticados no mercado interno são elevados”, explicou. E, ainda, os clones estudados apresentaram desempenho distinto quando submetidos à deficiência hídrica, “resultado inédito na citricultura mundial, que concentra relatos envolvendo a influência do porta-enxerto sobre a tolerância da planta à deficiência hídrica”, ressaltou Bremer Neto. HORST BREMER NETO -ESALQ/USP
EMPAER MT
Clone
Uma das etapas de beneficiamento, cujo processo pode resultar em menor quantidade de frutos comercializados
Clone CNPMF/EECB de lima ácida submetida às condições irrigada e não irrigada
O pesquisador destacou, ainda, que estudos envolvendo tolerância de citros à deficiência hídrica são fundamentais e que, por essa razão, a obtenção de plantas tolerantes sempre esteve no escopo das pesquisas envolvendo melhoramento genético e fitotecnia. “Esse resultado poderá ser incorporado ao planejamento de sistemas produtivos e viabilizar a produção de lima ácida sem irrigação em regiões que apresentam déficit acentuado. Por outro lado, por meio da combinação de clones e porta-enxertos que apresentam menor tolerância à deficiência hídrica, possivelmente a obtenção de frutos na entressafra será favorecida em pomares irrigados”, conclui. ALICIA NASCIMENTO AGUIAR - ESALQ/USP
A Lavoura NO 694/2013 57
CITRICULTURA
Sistemas de colheita e beneficiamento pós-colheita de lima ácida Tahiti Embora o Brasil ocupe a primeira posição no ranking mundial de produção de lima ácida “Tahiti”, somente 6,6% da produção é exportada e isso deve-se, parcialmente, às perdas provocadas por danos pós-colheita
C
uidados durante a colheita são essenciais para que os tratamentos aplicados na pós-colheita sejam eficazes. Assim, para determinar os efeitos dos sistemas de colheita e das etapas de beneficiamento pós-colheita de lima ácida “Tahiti” na sua qualidade e conservação, foi realizada, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), a pesquisa “Qualidade e conservação de lima ácida “Tahiti” em função dos métodos de colheita e das etapas de beneficiamento pós-colheita”. O trabalho, da engenheira agrônoma Meire Menezes Bassan, desenvolvido no programa de pós-graduação em Fitotecnia, relata que, embora o Brasil ocupe a primeira posição no ranking mundial de produção de lima ácida “Tahiti”, somente 6,6% desta produção é exportada. Então, a proposta principal da pesquisa foi estudar a cadeia de produção da lima ácida, desde a colheita até a comercialização, para identificar suas limitações, com vistas à sua otimização. É fato que a qualidade pós-colheita das frutas permite ao produtor maior garantia de comercialização da sua produção, tanto no mercado interno quanto externo.
Pomares comerciais O projeto, desenvolvido na cidade de Itajobi (SP), com apoio de uma empresa agroindustrial, realizou a colheita de frutos em pomares comerci58 A Lavoura NO 694/2013
ais, fornecedores da Colheira de lima ácida empresa. O beneficia“Tahiti” com cesto mento dos frutos foi realizado no packinghouse da empresa colaor incidência de distúrbios fisiológicos boradora. e maior alteração do sabor do suco, comparado aos outros sistemas. A quanAs análises dos frutos foram tidade de frutos aptos para exportação conduzidas no laboratório de pós-cofoi reduzida em 23% para colheita com lheita de produtos hortícolas, do Deparo gancho quando comparada com a tamento de Produção Vegetal (LPV) da tesoura. Tais resultados estão diretaESALQ. mente relacionados com a quantidade Foram realizados três experimende injúrias mecânicas causadas nos frutos. No primeiro, avaliaram-se os sistos no método de sistema com gancho”, temas de colheita com tesoura, por explica a engenheira agrônoma da torção, com o cesto e com o gancho, ESALQ/USP. nos períodos de safra e entressafra. No segundo experimento, foram avaliados os mesmos sistemas de colheita para frutas de lima ácida “Tahiti” destinadas à exportação, as quais, após a colheita, passaram pelo processo de beneficiamento pós-colheita. No terceiro, avaliou-se o efeito das etapas do beneficiamento pós-colheita na qualidade e conservação da lima ácida “Tahiti”.
Colheita com gancho Nos experimentos envolvendo a avaliação dos sistemas de colheita constatou-se que a colheita com gancho foi a que mais prejudicou os atributos de qualidade da lima, independentemente de terem sido beneficiadas. “Este sistema causou maior redução da coloração verde da casca das frutas, maior degradação do ácido ascórbico, maior perda de massa, mai-
Beneficiamento No experimento com as etapas de beneficiamento pós-colheita foi observado que as limas ácidas ‘Tahiti’ que passaram pelo beneficiamento completo apresentaram maior redução do conteúdo de ácido ascórbico, maior perda de massa, maior incidência de oleocelose, menor quantidade de frutos comercializáveis e maior alteração do aroma e sabor do suco quando comparado aos frutos que não passaram por todas as etapas de beneficiamento. “Esses resultados podem ser relacionados ao fato de o processo de beneficiamento aplicado nas limas ácidas conter etapas consideradas agressivas aos frutos, impedindo que os demais procedimentos tenham resultado eficiente”, alerta Meire Bassan. Depois de avaliar os distintos siste-
MEIRE MENEZES BASSAN / ESALQ
CITRICULTURA
Laranjeiras para São Paulo Q
uatro variedades de laranjeira foram lançadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura. As laranjeiras são ‘BRS Precoz’, ‘Majorca’, ‘Kawatta’ e ‘Olivelands’ — recomendadas para o Estado de São Paulo. As três primeiras cultivares têm em comum a maturação precoce (são colhidas entre maio e julho) e a produtividade similar à ‘Hamlin’, variedade precoce de referência no mercado. “O diferencial está no sabor e na cor, superiores à cultivar ‘Hamlin’.
Qualidade superior Além disso, em testes sensoriais, apresentaram qualidade superior tanto para produção de suco pasteurizado, quanto de suco concentrado congelado. Ou seja, essas variedades são exatamente o que a indústria de suco procura. Além dis-
mas de colheita, a pesquisadora verificou que a realizada com tesoura é a mais eficiente para a conservação dos atributos da lima ácida “Tahiti”. Também é o sistema que apresenta maior rendimento de frutas com padrão de qualidade exigido para exportação. “O sistema de colheita com o gancho causa danos físicos aos frutos e prejudica seus atributos de qualidade de forma irreversível. Os procedimentos e beneficiamento pós-colheita das limas ácidas “Tahiti” têm sua eficiência reduzida quando aplicados em frutos que sofreram danos físicos”, concluiu a engenheira agrônoma.
so, a BRS Precoz tem aptidão para o mercado de fruta fresca”, afirma o pesquisador Eduardo Sanches Stuchi, responsável pela geração e avaliação das variedades. No caso da ‘Olivelands’, o que a diferencia é a alta produtividade.
14 safras A produção e a época de maturação das laranjeiras foram definidas com base na avaliação de 14 safras (de 1990 a 2004), na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, onde funciona um dos campos avançados da Embrapa Mandioca e Fruticultura no interior paulista. O escalonamento da colheita dessas variedades permite que essas seleções de laranja sejam distribuídas ao longo do tempo (três meses) com máxima qualidade e produtividade. LÉA CUNHA - EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA
Para o orientador da pesquisa, Francisco de Assis Alves Mourão Filho, o trabalho, que foi financiado pela Fapesp, pode fornecer informações sobre os sistemas de colheita utilizados para lima ácida “Tahiti” identificando aquele que melhor mantém a qualidade póscolheita da fruta. “Os resultados mostraram a necessidade da integração das tecnologias utilizadas — durante e após a colheita — para que produtos com alta qualidade possam estar disponíveis ao consumidor e gerar lucros para os envolvidos na cadeia de produção de lima ácida Tahiti”, finaliza.
EDUARDO SANCHES STUCHI
Integração
ALICIA NASCIMENTO AGUIAR - ESALQ/USP
Colheita da variedade “Olivelands”
A Lavoura NO 694/2013 59
CAPRINOS / OVINOS
Bem-estar no pré-abate é importante no manejo J OSÉ A NTONIO D. BARBOSA F ILHO
Y URI L OPES S ILVA
ENG. AGRÍCOLA E PROFESSOR DOUTOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
ESTUDANTE DO CURSO DE ZOOTECNIA NA UFC
M EIRELANE C HAGAS
DA
S ILVA
ZOOTECNISTA E ESTUDANTE DE MESTRADO NA UFC
O manejo que antecede o abate dos animais de produção tem sido atualmente muito questionado por pesquisadores da área de bem-estar. Porém, há muito pouca informação e discussão acerca deste assunto para pequenos ruminantes, o que leva muitos produtores a realizar manejo pré-abate inadequado
A
criação de ovinos e caprinos de corte tem grande importância para a população rural de vários países do mundo, pois o elevado valor nutritivo da carne e a grande adaptabilidade desses animais fazem desse produto uma alternativa muito viável para a alimentação humana.
Produção
YURI LOPES SILVA
No mundo, abate-se em média 8,6 milhões de toneladas de ovinos. O Brasil contribui com 1,6% da produção, abatendo em média 400 mil cabeças por ano. Em se tratando de caprinos, o efetivo mundial é de 715,3 milhões de cabeças, abatendo-se 3,7 milhões de toneladas. O Brasil possui o 10º maior rebanho do mundo, com cerca de 8 milhões de cabeças, estando o Nordeste com 94% dessa quantidade. A produção de carne ovina e caprina tem maior relevância nas regiões áridas e semiáridas, por conta da capacidade de adaptação dos animais, especialmente os caprinos. Por isso, esta produção ocupa um espaço no mercado não só no aspecto quantitativo e/ou qualitativo, mas também no aspecto social.
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Consumidor exigente O fato de os animais se adaptarem bem a ambientes de clima quente e seco faz com que alguns produtores negligenciem os aspectos de bem-estar, não levando em consideração as necessidades de conforto térmico, de ambiência e de estresse causado por manejo impróprio e condições precárias de condução destes animais até o abate. Porém, a variedade de cortes comerciais e de outros produtos oriundos da produção (embutidos, couro e pratos típicos) provoca, aos poucos, um aumento na produção e no consumo, tornando o consumidor cada vez mais exigente e atento ao modo de criação destes animais. Com esse panorama, os criadores se sentirão pressionados a serem mais criteriosos na seleção dos animais para o abate, na estocagem dos produtos e insumos utilizados na criação, na higiene das operações de abate, na comercialização e apresentação dos produtos e no abate propriamente dito.
Processo de produção O pré-abate e a insensibilização são momentos importan-
Apesar de os caprinos adaptarem-se bem ao clima quente e seco, não é bom negligenciar os aspectos de bem-estar
YURI LOPES SILVA
tes no processo de produção, tendo em vista que são as etapas mais estressantes aos animais. Tal estresse pode comprometer, de forma significativa, a qualidade da carne. A seguir, serão comentadas as etapas do pré-abate para pequenos ruminantes, bem como seus principias pontos críticos. • O manejo pré-abate Inicia-se com a escolha, separação e embarque dos animais na fazenda. É importante mencionar que um adequado treinamento dos manejadores é fundamental para que todo o processo ocorra tranquilamente, pois as consequências de um manejo agressivo podem ser vistos na carcaça em forma de hematomas e acabamento ruim, o que prejudica o aspecto visual da carne, levando a uma baixa aceitação por parte dos consumidores. Nesse momento deve-se evitar gritaria, correria, utilização de cachorros e instrumentos que possam feri-los, como paus e estimuladores elétricos. • Seleção dos Animais Deve-se escolher animais com bom Escore de Condição Corporal (o ideal é 3) e livres de enfermidades. Neste quesito, avalia-se a vivacidade, o aspecto do pelo (se brilhoso ou opaco), a mucosa ocular (indicativo de anemia) e indícios de diarreia. Assim, os produtores devem realizar um rígido controle sanitário do rebanho, fazendo-o por meio de calendários de vacinação, vermifugação, monitoramento, entre outros, orientados por um técnico. Animais criados extensivamente tendem a ser mais estressados ao serem manejados. Isto ocorre por não estarem acostumados com a presença humana, sendo necessários contatos prévios com os manejadores para que, no momento da seleção e nas outras etapas que precedem o abate, os manejos possam ocorrer sem provocar estresse desnecessário aos animais. É de grande importância mantê-los dentro de seus grupos sociais, para evitar competições por alimento, lesões por brigas (o que afeta a qualidade da carcaça) e outras injúrias. O produtor deverá, preferencialmente, separá-los por idade, categorias e raças. • Transporte O transporte até o abatedouro deve ocorrer, preferencialmente, no período da manhã ou no final da tarde, buscando melhores condições de conforto térmico para os animais. O transporte mais utilizado para esse fim é o rodoviário. Para garantir o bem-estar deve-se evitar superlotação, caminhos muito longos e estradas mal conservadas. O motorista deve ser treinado para dirigir com cuidado, evitando causar con-
AGROPRESS
Separação dos animais (esquerda) e a espera no abatedouro
Ovinos: carcaça de cordeiro nobre
tusões e lesões traumáticas aos animais. Ressalta-se que o veículo deve estar em boas condições, livre de estruturas pontiagudas e ásperas, o que poderá provocar arranhões e depreciar o couro. Transportes mal sucedidos, geralmente, causam estresse aos animais, fazendo-os perder peso e ficarem mais susceptíveis a doenças. Ressalta-se que o desembarque deve ser feito de forma rápida e calma. • Jejum pré-abate e descanso Recomenda-se o jejum hídrico e alimentar de 16h e 24h, respectivamente, em um local de descanso calmo e ventilado. Esta prática evita a contaminação da carcaça pelo conteúdo do trato gastrointestinal e facilita a evisceração. O descanso está relacionado à recuperação das condições de estresse as quais os animais são submetidos antes do abate, pois qualquer reação decorrente do estado de tensão pode comprometer a qualidade da carne, reduzindo seu valor. Em viagens com mais de 36h, para que o bem-estar não seja comprometido, o jejum deve ocorrer na sala de espera do abatedouro, que deve ser arejada e coberta. O aumento na busca por alimentos de origem animal de boa qualidade torna os consumidores cada vez mais exigentes na escolha dos produtos que consomem, fazendo com que pesquisadores e técnicos estudem meios para garantir a qualidade desejada. Assim, o bem-estar animal no pré-abate tem importância fundamental neste processo, sendo um tema diretamente relacionado às questões de redução de perdas e otimização de processos no meio rural. A Lavoura NO 694/2013 61
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Má higienização das orelhas pode causar otites nos pets As orelhas dos animais são tão sensíveis quanto as dos humanos e os cuidados durante o processo de higienização é um dos fatores importantes para manter a saúde e bemestar dos pets, especialmente evitando inflamações. A otite é um problema que tem diversas causas, podendo estar relacionado à limpeza das orelhas dos animais em casa e também em pet shops. A médica veterinária do laboratório Vetnil, Amanda Sonnewend, afirma que essa inflamação causa dores nos cães e gatos e, quando não é bem tratada, pode evoluir para a perda da audição dos animais. “Cães com orelhas caídas (pendular) ou com excesso de pelos estão mais propensos a terem a inflamação, o que pode causar muito desconforto”, explica Amanda. Durante o banho, é importante evitar que o jato de água atinja o canal auditivo “A higienização é sempre importante, mas deve ser feita da otite. Neste momento, a indicação é o Aurivet, suspensão oleoforma correta, sendo que deve-se evitar que o jato de água atinja sa otológica, antibiótica, antimicótica, anti-inflamatória e analo canal auditivo. A orelha também precisa ser muito bem seca gésica, que alivia os problemas e as dores causadas pela inflaapós o banho. Isto porque a umidade propicia o desenvolvimento mação. da otite e facilita a proliferação de microorganismos, como as “Vale lembrar que o diagnóstico preciso sobre a bactérias, os fungos e os parasitas”. inflamação deve ser dado apenas por um profissional veterináComportamento rio”, reitera a profissional. “O importante é estar atento aos sinais dos pets e cuidar dos animais sempre que observar mudança de A observação do comportamento dos pets pode ser um précomportamento. Isso gerará bem-estar, saúde e longevidade ao diagnóstico. A dica de Amanda é que os donos reparem os sinais bichinho de estimação. Apesar de serem mais comuns em cães, dos seus pets para que os animais de estimação recebam os trapela quantidade de banhos e formatos das orelhas, a otite tamtamentos adequados o quanto antes. “Quando há um início de bém atinge os gatos. otite, cães e gatos chacoalham muito a cabeça ou coçam exageradamente as orelhas. Alguns apresentam secreções, verA Vetnil está disponibilizando uma solução para limpeza de melhidão e desenvolvem um odor mais forte do que o normal”, ferimentos e fluidificação de secreções mucopurulentas. É o completa. Ela diz que em casos muito graves, o animal pode Tergenvet tem como propriedade principal, a capacidade de apresentar desorientação e desequilíbrio, caracterizados por reduzir a tensão superficial ou interfacial de um meio em relasinais neurológicos. ção ao outro, facilitando sua miscigenação. Por esta razão, fluidifica as secreções espessas removendo para o meio líquido, Quando a doença se instala, para que o tratamento seja as aderências ou tecidos necrosados, favorecendo sua eliminaeficiente, é necessário que seja feita a higienização correta. ção. Devido a sua capacidade tensoativa, favorece a penetraNessa etapa, Amanda Sonnewend indica o Tergenvet, medicação de outros compostos nos tecidos. mento ideal para a limpeza dos ouvidos, pois tem como propriedade principal a capacidade de remover as secreções. Após a A indicação do produto é fluiidificar e diminuir a viscosidade higienização, a profissional lembra a necessidade de aplicar um das secreções mucosas e exsudatos, muito comuns nos casos de medicamento que alivie as dores no local e combata a causa da dermatites, abscessos e flegmões. 62 A Lavoura NO 694/2013
CRISTINA BARAN
Além de preveni-las através de uma higienização adequada, é preciso observar o comportamento dos pets como forma de combater o problema o mais cedo possível, pois quando mal cuidadas, as otites podem provocar dores agudas e até perda de audição
EMPRESAS Casa Valduga lança Chardonnay com Denominação de Origem Vale dos Vinhedos O setor vitivinícola nacional comemora a aprovação da primeira Denominação de Origem do setor no Brasil: a D.O. Vale dos Vinhedos. Para brindar esta conquista, a vinícola gaúcha Casa Valduga lança o Gran Leopoldina Chardonnay D.O., um típico branco elaborado no terroir do Vale dos Vinhedos. O rótulo integra a nova linha Leopoldina, uma homenagem à região agora reconhecida como uma Denominação de Origem. Apresenta aroma envolvente com toques de abacaxi e pêssegos em calda aliados a notas de chocolate branco e baunilha conferidas pela combinação das barricas francesas e romenas. Elegante, o Gran Leopoldina Chardonnay D.O. é volumoso, potente e com fina acidez. Harmoniza com massas, carnes brancas e queijos médios e fortes.
Reconhecimento “Essa conquista é o reconhecimento de um trabalho que desenvolvemos há mais de um século no Vale dos Vinhedos. A Casa Valduga foi fundada no Vale e vem aprimoGran Leopoldina Chardonnay D.O., da Casa Valduga (detalhe), é o primeiro do setor no Brasil rando técnicas e experimentando novos métodos para oferecer produtos de altíssima qualidade. Ao degustar o novo Gran Chardonnay D.O., o consumidor terá a certeexemplo, a preservação da identidade dos vinhos através do za de que está apreciando um patrimônio da região elaboracontrole na produção, no plantio e na comercialização dos vido sob normas que preservam sua identidade”, comemora nhos. O selo vale para vinhos e espumantes elaborados com João Valduga, enólogo da vinícola. Merlot e Chardonnay. O vinho já está disponível no mercado e pode ser encontraCasa Valduga do nos melhores empórios, lojas e restaurantes do Brasil. Fundada em 1875, a Casa Valduga sempre buscou desenD.O. Vale dos Vinhedos volver as mais modernas técnicas para a produção de vinhos Esta é a primeira D.O. brasileira de vinhos e espumantes aprofinos no Brasil. Uma das primeiras empresas a utilizar o método vada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O de fermentação tradicional no país, é responsável pelo reconheVale dos Vinhedos obteve, em 2002, a Indicação Geográfica (IG) cimento internacional do espumante brasileiro. Após mais de um na modalidade Indicação de Procedência (IP), que certificava a século cultivando os terroirs do Vale dos Vinhedos, ampliou suas qualidade dos vinhos elaborados na região. A Denominação de fronteiras para extrair a expressão máxima dos terroirs da CamOrigem é a modalidade mais complexa de uma IG e garante, por panha Gaúcha e Encruzilhada do Sul.
Bomba d’água à energia solar
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ma bomba d’água submersa vibratória movida exclusivamente à energia solar é o mais novo lançamento da Anauger. Inovador, o lançamento promete revolucionar os conceitos de captação de água em locais subterrâneos. O produto funciona exclusivamente com a energia do sol, bombeando água de lençóis freáticos com uma vazão maior do que a de bombas periféricas, movidas à energia elétrica. Em um dia de sol intenso, mais de 8.000 litros de água podem ser captados, e destinados aos mais diversos fins. O sistema utiliza células fotovoltaicas que, estimuladas pela radiação solar, se convertem em energia e fazem a bomba funcionar. Independente do nível de radiação, seu é funcionamento contínuo. A linha possui duas bombas, a P100, ideal para a captação de água em poços, e a R100, que pode armazenar água em cisternas e reservatórios maiores. Os dois modelos trabalham com potências de 100, 130 e 170Wp. O produto é uma promessa positiva à empresa, que trabalhou por anos com inúmeras pesquisas até a conclusão do projeto. “Estamos satisfeitos com os resultados obtidos até agora com o produto, que promete revolucionar o mercado, comprovando o avanço da Anauger nesse setor”, diz Marco Aurélio Gimenez, diretor comercial da empresa, que é referência no mercado de bombas submersas vibratórias.
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EMPRESAS Embalagens sustentáveis para sementes Dow AgroSciences prevê redução de 30% do consumo de água por tonelada de papel e total eliminação do cloro no processo de branqueamento
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DOW AGROSCIENCES
Dow AgroSciences Sementes e Biotecnologia já está utilizando em larga escala, papel Kraft Premium em suas embalagens de sementes, reduzindo o consumo de água e a carga orgânica enviada para Estações de Tratamento de Efluentes. A empresa decidiu pela substituição total das embalagens de sementes de milho visando à redução do impacto de suas atividades, confirmando assim seu compromisso com o meio ambiente e com a sustentabilidade. As novas embalagens, desenvolvidas pela Klabin em parceria com a Dow AgroSciences, são utilizadas pelas três marcas comerciais da empresa: Dow AgroSciences e da recém-lançada Morgan Sementes e Biotecnologia e Novas embalagens sustentáveis para sementes da Dow AgroSciences
Agromen Tecnologia. A sacaria foi concebida para armazenar com segurança produtos que agregam o que há de mais moderno em tecnologia e biotecnologia para sementes como o lançamento POWERCORETM e os traits tradicionais Herculex*I e Roundup Ready, além do Tratamento Indsutrila de Sementes Industrial.
Reciclável A inovação também contribui com a redução dos resíduos sólidos já que o papel kraft é 100% reciclável e seu período de decomposição na natureza, de apenas 3 a 6 meses, é considerado curto. De acordo com dados da Klabin, a cada 6,2 mil sacas substituídas serão economizados 22m³ de água e menos 5 kg de carga orgânica por tonelada deixarão de ser enviadas para Estações de Tratamento de Efluentes. Outra vantagem ambiental é a origem da matéria-prima utilizada para a produção do papel, proveniente de florestas plantadas de pinus, certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Council ou, em português, Conselho de Manejo Florestal), além da certificação industrial ambiental ISO 14001.
Tecnologia O papel Kraft Premium, utilizado nas novas embalagens da Dow AgroSciences, é mais sustentável pois é produzido com celulose deslignificada com oxigênio, processo que elimina o branqueamento com utilização de Cloro (TCF: Totally ChlorineFree ou Totalmente Livre de Cloro) e reduz a utilização de outros produtos químicos mais nocivos ao Meio Ambiente, como Sulfato de Magnésio e Soda Cáustica Líquida. www.dowagro.com.br e www.dowagro.com
Tecnologia ajuda a prevenir problemas típicos da indústria agropecuária Isolamento térmico em formato de tinta reduz a temperatura dos galpões de armazenagem e criadouros e previne problemas típicos do super aquecimento tecnologia resultou no aumento da produção e do tamanho das aves. Denominada Nanothermic1 e aplicada na superfície de galpões de armazenamento, a tecnologia em formato de tinta reduz em até 50% a temperatura interna desses ambientes que podem chegar a até 70°C. Uma empresa especializada em cereais, sediada em Goiás, testou o produto e comprovou a redução de fungos e bactérias.
Semente “blindada”
Gessi Ceccon, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste MS e uma autoridade nacional em agricultura-pecuária, avaliou a performance da Soesp Advanced com resultados “muitos positivos”, segundo definiu. Ele afirma que as sementes permitem ao agricultor estabelecer um consórcio com população uniforme de plantas e braquiárias. “No consórcio intercalar não há necessidade de se colocar mais de dois quilos por hectare e com a Soesp Advanced isso foi possível. Nos testes, encontrei pureza e densidade, de modo que o agricultor consegue usar pouca quantidade, num plantio de qualidade”, pontua Ceccon. Regulares, uniformes e antiaderentes, as sementes Soesp Advanced pos-
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ma tecnologia está revolucionando o segmento de sementes forrageiras tropicais – a Soesp Advanced da Soesp (Sementes Oeste Paulista). O alto desempenho desta nova tecnologia tem sido manifestado positivamente por produtores rurais que, entre outras vantagens, ressaltam a uniformidade, a resistência, a precisão na semeadura e o elevado grau de pureza das sementes, além de sua enorme tolerância ao estresse hídrico. A Soesp desenvolveu a tecnologia Advanced, em parceria com a Alcobering, com vistas a atingir o melhor desempenho na integração lavoura-pecuária.
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A tinta reduz a temperatura interna dos galpões
SEMENTES SOESP ADVANCED
O setor agropecuário enfrenta constantes problemas na otimização da produção e qualidade dos produtos. O calor excessivo dos ambientes de armazenamento é um dos vilões nesse processo. Para atender essa demanda, a Nanotech do Brasil desenvolveu uma tecnologia em forma de tinta que reduz a temperatura interna dos galpões, deixando os grãos mais secos e inibindo a ação de fungos e bactérias. Em criadouros de frangos, a
O Nanothermic1 também foi testado em criadouros de frangos no Rio Grande do Sul, resultando no aumento da produção das aves. O calor, que tentavam frear com ventiladores, causava indisposição e falta de apetite das aves. Após a aplicação da tecnologia houve aumento da produção e do tamanho dos frangos, que ficaram menos fadigados e mais saudáveis.
EMPRESAS ção do seu comportamento. Sensores controlam automaticamente os animais de forma individual e enviam a cada 15 minutos a medição da atividade via antenas e receptores para a unidade de processamento do Cow Scout S. A transmissão ocorre via alta frequência e, ao conectar a unidade de processamento à internet, o produtor pode visualizar os dados do rebanho onde quer que ele esteja, acessando o portal do sistema ou mesmo através de alertas em e-mail. O Cow Scout S pode ser instalado em qualquer tipo de sala independente do tamanho do rebanho. Cada antena tem alcance de 30 a 50 metros e os dados armazenados podem ser verifi-
cados através de diferentes gráficos. Na unidade de processamento há um alarme luminoso visível para aviso do cio.
Equipamentos podem analisar sêmen de animais para otimizar a fertilização de fêmeas tagem de esperma, morfologia e outros parâmetros adi-
sibilitam semeá-las utilizando qualquer semeadora já disponível na propriedade, com mais uma vantagem que a diferencia no mercado: o revestimento não quebra. De acordo com o engenheiro agrônomo e diretor-superintendente da empresa fabricante, Itamar Oliveira Júnior, foram cinco anos de pesquisas e testes para o desenvolvimento das sementes, que ainda recebem tratamento industrial com inseticida e fungicida na dose precisa, evitando a manipulação desses produtos no campo, com possíveis riscos ao trabalhador e ao meio ambiente. “A Soesp Advanced é uma semente de fácil manuseio, o que facilita muito o plantio”, finaliza. O revestimento das sementes “blindadas” não quebram
cionais. Em apenas dois minutos são capazes de executar análises de material fresco, lavado ou congelado, e também látex ou grânulos. Contam com funções de autoteste, auto-calibração e testes capilares descartáveis, além de possuírem opções diferentes de interface e leitura óptica até 500 vezes maior. A análise em sêmen animal é utilizada para padronizar e congelar amostras para futura inseminação e possui aplicação comercial para equinos, bovinos e suínos.
Nova semeadora Rizicultores e triticultores têm a disposição uma semeadora com alta tecnologia, garantindo melhor plantio, mais rendimento e menos trabalho A Kuhn do Brasil lançou a sua nova semeadora. A NEO, 13 e 17 linhas, é um avanço para o plantio de grãos finos, como o arroz e o trigo, por exemplo. Segundo o fabricante, o implemento ganha com produtividade de trabalho devido ao design inteligente do reservatório de metal para adubo e semente. Com a divisória móvel, é produtor quem decide quanto quer de semente e de adubo, não a máquina. Não sobra adubo na caixa, pois há fluxo contínuo. A Kuhn explica que é possível ajustar a capacidade da semente e adubo conforme a dosagem, reduzindo o número de paradas devido a sincronia no esvaziamento dos reservatórios. Mantém o fluxo contínuo na descida da semente e adubo, evitando o acúmulo no fundo do reservatório, garante o fabricante. A NEO não utiliza recâmbio de engrenagens manual. O ajuste é “Just in time”, ou seja, o operador apenar precisar regular a dosagem por meio de um manipulo na caixa variadora, sendo uma regulagem limpa. Essa tecnologia evita a perda de tempo na regulagem anterior ao início do plantio, além de permitir uma amplitude maior Semedora NEO, para o plantio de grãos finos
de dosagem: variando de 0,5 quilo a 1.000 quilos de semente e adubo por hectare. Segundo a Kuhn, com o exclusivo Distribuidor Flex é possível plantar com qualquer adubo e dosar sementes miúdas, como pastagem, tudo no mesmo distribuidor. Outra característica desta máquina é o exclusivo sistema de regulagem estática, gerando conforto e segurança para regular a máquina parada, diminuindo a perda de tempo e maximizando a tarefa do plantio. Finalmente, a Kuhn explica que a NEO pode ser configurada com linhas pantográfica e pneus estreitos para o cultivo do trigo e da canola, por exemplo, ou com linhas pivotadas e pneus largos para ser empregada na cultura do arroz. KUHN DO BRASIL
NANOTECH DO BRASIL
Como fertilizar as fêmeas com o sêmen apropriado? Já estão no Brasil os novos analisadores de sêmen SQA-Ve, SQA-Vp, QwikCheck e QwikCheck Gold, produzidos pela norte americana A-Tech America (http://www.a-tech-america.com) e distribuídos no Brasil pela Genese Produtos Diagnósticos Ltda, empresa distribuidora de equipamentos para IVD (diagnóstico in vitro). Os equipamentos contam com relatórios de con-
A-TECH AMERICA
A GEA Farm Technologies trouxe para o Brasil a sua nova solução para a detecção do cio: o Cow Scout S. Trata-se de um sistema eletrônico que mede a atividade das vacas automaticamente, 24 horas por dia e em tempo real. Ele assume o trabalho exaustivo de observação do rebanho para reconhecimento do melhor momento para a reprodução. O equipamento permite ao produtor ter acesso aos dados mais recentes do plantel via internet, celular ou tablet, racionalizando a gestão reprodutiva do rebanho. O Cow Scout S segue o princípio de medição da atividade do animal. De forma confiável ele detecta o cio através da altera-
GEA FARM TECHNOLOGIES
Sistema automático para detecção de cio
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Imbróglio indígena CESARIO R AMALHO
DA
S ILVA
PRODUTOR RURAL E PRESIDENTE DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA (SRB)
P
assada a discussão jurídica sobre o código, eis que recrudesce o debate legal acerca das demarcações de terras indígenas. Na visão da Sociedade Rural Brasileira trata-se de um imbróglio criado pelo próprio Estado ao longo dos anos, e tanto o governo atual, como produtores rurais proprietários de terras, índios, população e a sociedade em geral são vítimas.
Agronegócio X Índios Mais uma vez cabe o alerta de que é preciso evitar a polarização ideológica e equivocada de que há um conflito entre o agronegócio e os índios, assim como ocorreu no Código Florestal em que se buscou criar a falsa dicotomia entre agricultura e meio ambiente. Abordar a questão desta maneira é adotar uma postura leviana e distorcer os reais motivos da atual situação. O mais correto é pautar qualquer decisão de modo técnico e com respaldo da lei, mas infelizmente não é isso que está acontecendo. O fato é que governos passados concederam títulos de terras a não indígenas em áreas reivindicadas como pertencentes historicamente aos índios. Estas pessoas, detentoras legais das propriedades em que vivem e trabalham, não podem ser penalizadas. Não se discute aqui se historicamente áreas que hoje são alvos de disputa eram ou não indígenas. Isso é outra história, que passa por estudos antropológicos sérios, documentados e não enviesados, diferentemente do que a Fundação Nacional do Índio (Funai) vem fazendo. O que se discute é a manutenção do Estado de Direito e consequentemente soberania e futuro do Brasil. Retirar não indígenas, que têm o título de propriedade de suas áreas expe-
dido pelo Estado, de terras supostamente habitadas por índios seria apenas trocar o problema de pessoas, e não resolver verdadeiramente a questão. Seria uma medida absolutamente paliativa sem nexo algum com o sagrado Direito de Propriedade. É óbvio que se titularidades não forem comprovadas juridicamente, a lei – devolvendo a áreas aos índios – deve ser claramente cumprida, como, aliás, apregoa a Constituição Federal. Mas, se existe outro direito preconizado na Carta Magna, ele se refere à legitimidade do Direito de Propriedade.
STF na berlinda Além deste ponto de vista estrutural, vale ressaltar a necessidade de restabelecimento da Portaria 303, editada pela Advocacia Geral da União (AGU), que normatiza o regime jurídico da demarcação e da gestão de terras indígenas no Brasil. A norma estende a todas as terras indígenas do País as 19 condicionantes definidas pelo acórdão do STF no julgamento da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em 2009. Na prática, a portaria dispõe sobre as salvaguardas institucionais às terras indígenas e determina que todos os órgãos públicos federais obedeçam o que o STF decidiu. Ou seja, regulamenta a atuação de advogados e procuradores em processos judiciais que envolvem áreas indígenas em todo o País. Todavia, a suspensão desta norma coloca o Brasil sob a ameaça de insegurança jurídica. A verdade é que a autoridade do STF como instância máxima está sendo sumariamente ignorada por pressão de Organizações Não Governamentais (ONGs) e movimentos ditos sociais.
Estes grupos não agem em favor do direito dos índios, atuam em favor de quem os apoia e financia, em muitos casos, entidades estrangeiras. No fundo, vivem da perpetuação do problema, e não de um encaminhamento para uma solução serena, equilibrada e conforme a lei. Publicamente, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, já afirmou que a portaria é necessária para que exista segurança jurídica desses processos. Segundo ele, o posicionamento do STF estabeleceu uma jurisprudência geral. Por isso, cabe a sociedade questionar por que a AGU voltou atrás ao suspender a portaria, indo de encontro ao Supremo e, pasmem, à essência do Direito.
Índio quer bem-estar Para concluir, destaco recente pesquisa, conduzida pelo DataFolha/CNA, que sinaliza em qual direção devem ser guiadas as políticas públicas para os povos indígenas. O levantamento mostra que os índios estão integrados ao modo de vida urbano. Eletrodomésticos e eletroeletrônicos estão presentes nas aldeias, e o principal problema enfrentado pelos índios, segundo eles mesmos, é o acesso à saúde. Cerca de 64% recebem o Bolsa Família, e 67% gostariam de ter a oportunidade de cursar uma faculdade. O trabalho revela ainda que para os índios energia elétrica, água encanada, rede de esgoto e casa de alvenaria são muito importante. O que constatamos com estes resultados? Que o índio não quer o isolamento, e sim assumir seu papel como cidadão na sociedade brasileira, com todos os seus direitos e obrigações. A preservação das tradições indígenas pode perfeitamente caminhar de mãos dadas com este exercício de cidadania.
Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367, 19O andar – Anhangabaú - Centro CEP 01049-000- São Paulo – SP Tel: (11) 3123-0666 – Fax: (11) 3223-1780 — www.srb.org.br Jornalista Responsável: Renato Ponzio
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