A Lavoura 698

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Ano 116 Nº 698/2013 R$ 12,00

Fertilizantes Manejo 4C potencializa eficiência

Aviação Agrícola:

Setor terá certificação Defensivos • Os desafios da aplicação aérea • Cresce adesão ao “Sistema Campo Limpo”



Ano 116 . Nº 698/2013

A LAVOURA

• 18

Defensivos

Os desafios da aplicação aérea de defensivos agrícolas

24 •

Fertilizantes

Manejo 4 C: Quatro medidas corretas que potencializam eficiência

Nova cultivar

• 32

Tangerina BRS Rainha traz boa renda ao produtor

35 •

Meio Ambiente

Destino correto de embalagens deixa campo mais limpo

Aviação Agrícola

• 50

Programa inovador irá certificar setor

39 •

Banana

44 •

Inseminação Artificial

56 •

Cana-de-açúcar Bactérias do bem

SRB - Sociedade Rural Brasileira

54

59 •

Tecnologia

CI ORGANICOS

55

Drones: voando para novos horizontes

Organics Net

60

65 •

Alface

EMPRESAS 62

Genuinamente brasileira

A importância do manejo e da contenção para sucesso produtivo

SNA 116 ANOS

06

PANORAMA 12 animais de estimação

43

SOBRAPA 46

Mescla de crespa e americana

OPINIÃO 66


Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Almirante Ibsen de Gusmão Câmara Osaná Sócrates de Araújo Almeida Joel Naegele Tito Bruno Bandeira Ryff Francisco José Vilela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Sérgio Gomes Malta

Academia Nacional de Agricultura Presidente 1º vice-presidente 2º vice-presidente 3º vice-presidente 4º vice-presidente Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor

comissão fiscal Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas Claudio Caiado John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Katia Aguiar Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado

Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA • Fundada em 16 de Janeiro de 1897 • Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 • 7º andar • Tel: (21) 3231-6350 • Fax: (21) 2240-4189 Caixa Postal 1245 • CEP 20021-130 • Rio de Janeiro • Brasil www.sna.agr.br • e-mail: sna@sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO • Av. Brasil, 9727 • Penha • CEP: 21030-000 Rio de Janeiro • Brasil • Tel: (21) 3977-9979 • e-mail: ewb@sna.agr.br

Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga

CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41

TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Joel Naegele Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Antônio Ermírio de Moraes Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Senadora Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto Ibsen de Gusmão Câmara John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen

ISSN 0023-9135 Diretor Responsável Antonio Mello Alvarenga Editora Cristina Baran editoria@sna.agr.br Reportagem e redação Paula Guatimosim redacao.alavoura@sna.agr.br

Foto: Castor Becker Júnior - C5 NewsPress É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos sem prévia autorização do editor. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura.

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Colaboradores desta edição Bruna Tavares

Caio Albuquerque Edna Santos Gabriel Chiappini Giovani Antonio Capra Guilherme Viana Ibsen de Gusmão Câmara João Eugênio Luís Alexandre Louzada Renato dos Santos Renato Ponzio Scardoelli Roberto Pedroso de Oliveira Rubens Neiva Samantha Mapa Silvia Regina Stipp Sylvia Wachsner Ulisses R. Antuniassi Valter Casarin Walkyria Bueno Scivittaro

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CARTA DA SNA

A farra nas demarcações de terras indígenas e áreas de conservação Em 1988, antes de ser promulgada a atual Constituição, o Brasil possuía 58 territórios indígenas, com uma área total de 15,9 milhões de hectares. Hoje temos 55 territórios indígenas, totalizando uma área de 120,9 milhões de hectares.

Vamos dar um basta às persistentes invasões de terras produtivas, promovidas por grupos indígenas estimulados por pessoas e ONGs que representam o atraso e causam sérios problemas de instabilidade jurídica e social no campo.

Naquela época, possuíamos 248 Unidades de Conservação Ambiental. Hoje são 1074, totalizando 119,5 milhões de hectares.

Há muita demagogia e, em alguns casos, má fé no trato das questões indígenas e ambientais no Brasil. São temas que sensibilizam uma significativa parcela da população urbana desinformada ou ingênua, que anda desencantada com as mazelas políticas e econômicas do país.

As áreas indígenas e de conservação já somam 240,5 milhões de hectares, ou seja, aproximadamente 28,2% do território nacional. Para se ter uma ideia da dimensão das terras indígenas e de conservação, toda nossa agricultura ocupa pouco mais de 39% do território nacional. Sim, essa é a área ocupada pelo setor que está exportando 100 bilhões de dólares por ano, que alimenta os 200 milhões de brasileiros e responde por cerca de 25% do PIB e 30% dos empregos. Insatisfeitos com o tamanho de seu latifúndio, os indígenas reivindicam mais 184 novos territórios, que estão em fase de estudo na Funai. Há também uma demanda de 292 milhões de hectares em análise como áreas prioritárias para conservação de biodiversidade. Esses dados são incontestáveis. Foram levantados a partir de informações oficiais da Funai, MAPA e MMA, pelo pesquisador Evaristo Miranda, da Embrapa.

Nesse contexto, estimulados por uma guerrilha de informações distorcidas, com forte viés ideológico, os índios e o meio ambiente são utilizados como instrumentos de protesto. Temos 500 mil indígenas que dispõem de 14,2% do território nacional. Ao mesmo tempo, vemos milhares de brasileiros sem teto, vivendo em condições de extrema pobreza nas periferias das grandes cidades. Isso é justo? Os 200 milhões de cidadãos brasileiros necessitam de uma nação em desenvolvimento acelerado, que lhes proporcione melhores perspectivas de vida. Queremos ser um país ocupado por territórios improdutivos de índios e áreas de conservação? Ou pretendemos ser uma nação desenvolvida, que proporciona aos seus milhões de cidadãos um futuro promissor, com qualidade de vida compatível com os países mais desenvolvidos do planeta?

São números que falam por si. O que pretendem e até onde querem chegar os que defendem a continuidade dessa verdadeira farra de demarcação de terras indígenas e Unidades de Conservação? O mundo tem fome e o Brasil possui terras, clima, água e tecnologia apropriada para atender à crescente demanda mundial por alimentos. O país está destinado a desempenhar um importante papel na segurança alimentar do planeta, ameaçada pelo persistente crescimento populacional e a urbanização das nações em desenvolvimento. Por outro lado, o Brasil precisa de crescimento econômico para proporcionar educação, saúde e melhor qualidade de vida para seu povo. Não podemos permitir o estrangulamento de um setor que sempre foi a nossa galinha de ovos de ouro, e que vem garantindo nossas divisas e o equilíbrio de nossa frágil economia.

* * * Nesta edição de A Lavoura, o leitor encontrará excelentes reportagens sobre fertilizantes e defensivos agrícolas, abordando sua aplicação aérea. Há também uma interessante matéria sobre o sistema Campo Limpo, que trata do destino adequado para as embalagens de agroquímicos. Além disso, duas frutas são contempladas neste número: a banana e a tangerina. Outro destaque é a utilização de bactérias diazotróficas na produção de cana-de-açúcar. E como fazemos há muitos anos, publicamos a seção da Sobrapa, sob a responsabilidade do almirante Ibsen Câmara, que trata com seriedade e bom senso das questões ambientais. Boa leitura !

Antonio Alvarenga Antonio Mello Alvarenga Neto

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Roberto Rodrigues assume presidência da Academia Nacional de Agricultura

Roberto Rodrigues, presidente da Academia Nacional de Agricultura; ex-ministro e acadêmico Alysson Paolinelli, e o novo membro Luís Carlos Guedes Pinto (Grupo Segurador do Banco do Brasil), que acredita no potencial da instituição para aperfeiçoar as políticas do setor agrícola

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Sebastião Marinho

Sebastião Marinho

SNA 116 anos

Christino Áureo da Silva, secretário de Agricultura do Rio de Janeiro, e Luis Carlos Guedes Pinto, diretor de seguros do Banco do Brasil

“É preciso estruturar mecanismos para agir de fato. Não dá mais para viver de diagnósticos, precisamos de propostas concretas e tópicas”, ressaltou ele, que também é diretor do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e embaixador especial da FAO para o cooperativismo internacional.

Na mesma noite, assumiram suas cadeiras na entidade a diretora-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, o diretor da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU), José Milton Dallari, o diretor de seguros do Grupo Segurador do Banco do Brasil e Mapfre, Luís Carlos Guedes Pinto, e o vice-presidente da FGV, Sergio Franklin Quintella.

Sebastião Marinho

Acadêmicos reunidos: Jaime Rotstein, Antonio Alvarenga, Sergio Quintella, Luís Carlos Guedes Pinto, Roberto Rodrigues, Elizabeth Farina, José Milton Dallari, Roberto Paulo Cezar de Andrade, Alysson Paolinelli, Lindolpho de Carvalho Dias, Sylvia Wachsner, Flavio Perri, Joel Naegele e Tito Ryff

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Sebastião Marinho

ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues tomou posse como presidente da Academia Nacional de Agricultura em cerimônia realizada 15 de agosto, na sede da Sociedade Nacional de Agricultura. Em seu discurso, Rodrigues garantiu que pretende levar as discussões da entidade a um patamar mais prático.

A diretora-presidente da Unica, Elizabeth Farina, recebeu de Roberto Rodrigues a medalha da Academia e selou seu compromisso em colaborar, nos debates, com informações sobre o setor de energia


Sebastião Marinho

Sebastião Marinho

Amaury Temporal, diretor da Firjan; o economista Roberto Paulo Cezar de Andrade e o ex-embaixador Flávio Perri

Sebastião Marinho

Durante a cerimônia de posse, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, explicou a plataforma de atuação da entidade e destacou a importância da atividade para o desenvolvimento do país. “Os produtores rurais são heróis de nossa economia. Trabalham duro e enfrentam dificuldades de toda ordem para fornecer alimentação para 200 milhões de brasileiros e ainda gerar excedentes exportáveis de US$ 100 bilhões por ano”, destacou Alvarenga.

Antonio Alvarenga e o vice-presidente da FGV, Sergio Franklin Quintella, que também tomou posse na Academia, após receber sua medalha, entregue pelo secretário de Agricultura do RJ, Christino Áureo da Silva

De acordo com Alvarenga, o novo modelo da Academia expressa os anseios do setor produtivo, sobretudo em um ano em que o Brasil se prepara para colher a maior safra de sua história.

Fórum

O novo membro José Milton Dallari, diretor da SNA — ao lado da editora da revista A Lavoura, Cristina Baran, e de Maurílio Biaggi, presidente da Agrishow — acredita que a área pensante da agricultura brasileira pode contribuir para que haja condições de alimentar o mundo

Sebastião Marinho

Sebastião Marinho

A Academia Nacional de Agricultura é um fórum de discussões que, desde 2001, reúne personalidades do universo agrícola. Foi criada a partir do Conselho Superior da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), buscando congregar as filosofias de desenvolvimento do setor. Os 41 acadêmicos são produtores, autoridades políticas, pesquisadores e

Maria Cecília Ladeira de Almeida, procuradora do Incra, e Tirso de Salles Meirelles, presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte prestigiaram o evento da SNA

Paulo Protásio, diretor da SNA; Cezar Kirszenblatt, gerente do Sebrae-RJ; Sylvia Wachsner, coordenadora do CI Orgânicos; Evandro Peçanha, diretor do Sebrae-RJ, e Maria Helena Furtado, diretora da SNA

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Newton Bastos

SNA 116 anos

Sebastião Marinho

Em sentido horário, a partir da esquerda: Antonio Alvarenga e o conselheiro da FGV, Lindolpho de Carvalho Dias; Ruy Barreto Filho e José Milton Dallari, diretores da SNA, e Antonio Barros Leal, presidente da ACRJ; Américo Utumi, membro do conselho consultivo da OCESP, Roberto Rodrigues (FGV Agro) e o presidente da ABIC, Américo Takamitsu; Inês Lopes (FGV) e os diretores da SNA, Francisco Vilela Santos e Antonio Freitas; Acadêmicos, autoridades, diretores da SNA e representantes do setor agrícola prestigiam a cerimônia de posse da Academia.

Em razão de sua pluralidade, a Academia tem o status de órgão de consulta para o estabelecimento de políticas de fomento ao agronegócio. Seu novo presidente ressaltou que o objetivo é oferecer uma visão mais ampla e pró-ativa, que permita estruturar estratégias de ação a partir de uma série de parcerias.

Segurança alimentar

Colaborações

“A ideia de apresentar propostas para resolver obstáculos é muito positiva. Como representante da Unica, quero contribuir com informações sobre energia, tanto a humana, quanto a do combustível que produzimos”, garantiu Elizabeth Farina.

da infraestrutura, área em que vem atuando há alguns anos. “Precisamos de uma logística de transportes eficiente para que as altas produtividades que registramos nas fazendas se reflitam no produto final”, observou.

Já Sergio Franklin Quintella adiantou que pretende abraçar a causa

Sebastião Marinho

Sebastião Marinho

“Muitas vezes, as discussões do setor não levam a lugar nenhum, os discursos não fecham e nada acontece. O que está em jogo, quando falamos em segurança alimentar, é algo muito maior que encher pratos de comida. É colaborar para que o mundo conquiste a paz”, declarou Roberto Rodrigues.

A visão foi endossada pelo novo membro José Milton Dallari, que recebeu a medalha das mãos do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. “A área pensante da agricultura brasileira pode contribuir para que tenhamos condições de alimentar o mundo. Não tenho dúvida de que, no futuro, a principal moeda de troca do Brasil no cenário internacional será o alimento”, salientou.

Newton Bastos

representantes de classe com sólida atuação na área.

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Enaex debate agricultura no cenário internacional

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mundo hoje coloca nas costas do Brasil a responsabilidade de garantir a segurança alimentar. Com essa afirmação, o presidente da Academia Nacional de Agricultura, Roberto Rodrigues, abriu o painel ”Agronegócio – Desafios para o crescimento”, em 22 de agosto, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), realizado no centro do Rio de Janeiro. O painel, coordenado pelo presidente da SNA, Antonio Alvarenga, contou ainda a participação do chefe-geral da Embrapa Estudos e Capacitação (CACAT), Elísio Contini.

Durante o evento, o ex-ministro e coordenador de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas apresentou um panorama da importância da produção rural nas relações internacionais do Brasil. Ao citar o desafio de diversificar a matriz energética mundial, Rodrigues declarou que, ao contrário dos alimentos, que com tecnologia adequada podem ser produzidos em qualquer lugar, a produção de agroenergia depende de condições específicas. Segundo o especialista, os países tropicais emergentes saem na frente nesse processo, assumindo posição estratégica. Ao mesmo tempo em que apontam a necessidade de produzir cada vez mais e melhor, os organismos internacionais - disse Rodrigues - pressionam pela preservação dos biomas nativos e dos recursos naturais. Segundo ele, os investimentos em tecnologia garantiram avanços expressivos nesse sentido. “Se tivéssemos hoje a mesma produtividade de 20 anos atrás, mais 68 milhões de hectares teriam que ser utilizados para alcançarmos os mesmos resultados. O Brasil fez uma revolução silenciosa no campo, que nenhum outro país fez”, enfatizou.

Agro na balança

O tema ”Agronegócio – Desafios para o crescimento” entra em debate em um ano em que, com previsão de safra histórica, a agricultura nacional sustentará, de forma ainda mais significativa, os números da balança comercial brasileira.

Na última década, o setor quadriplicou seu faturamento em exportações, saltando de US$ 24,8 bilhões em 2002 para US$ 95,18 bilhões em 2012. Em 2013, as projeções são ainda mais animadoras. “O agronegócio brasileiro está exportando US$ 100 bilhões este ano”, comemorou Alvarenga.

Participantes do painel que debateu os desafios para o crescimento do agronegócio: Elísio Contini, chefe-geral da Embrapa Estudos e Capacitação; Antonio Alvarenga, presidente da SNA (moderador), e o coordenador da FGV Agro, Roberto Rodrigues

Estratégias

Roberto Rodrigues chamou a atenção para o fato de muitas das discussões feitas em conferências do setor agrícola não surtirem efeito prático. Para ele, é preciso articular estratégias a fim de proporcionar o desenvolvimento efetivo da atividade. “Até 2020, a oferta mundial de alimentos tem que crescer 20%. E, para que o mundo aumente a oferta em 20%, o Brasil terá que crescer 40%”, afirmou.

Tecnologias

O chefe-geral da Embrapa Estudos e Capacitação (CACAT), Elísio Contini, encerrou o painel destacando tecnologias que foram capazes de expandir a produtividade de diversas culturas no Brasil. “Algumas tecnologias importantes foram trabalhadas, como o controle biológico e o plantio direto, mas a agricultura nos cerrados foi uma grande sacada brasileira. Nas décadas de 1960 e 1970, havia um boi para cada 5 a 10 hectares, essa era a média nos cerrados brasileiros, de 207 milhões de hectares. Hoje, a produtividade da soja no cerrado é superior à do líder, os Estados Unidos. Eu me lembro que, na década de 1970, quando entrei para a Embrapa, várias pessoas diziam ‘nessa terra não dá nada’, ‘não plante milho’, ‘aqui soja nem pensar’. Pesquisadores, agricultores e governo acreditaram e hoje temos essa maravilha de expansão nos cerrados. Outro ponto foi a tropicalização da soja, o que devemos fazer também com outros produtos”, sugeriu Contini. Ao falar de futuro, Contini acrescentou que, para aumentar a competitividade da agricultura brasileira, é necessário adquirir também conhecimentos que estão sendo desenvolvidos internacionalmente e incorporá-los à produção nacional. Ele lembra que, para isso, em 1998, a Embrapa começou a criar laboratórios no exterior. “Estados Unidos, Europa e Ásia são os três grandes polos de conhecimento no mundo. E sem esse conhecimento não vamos dar o salto que precisamos”, avaliou. A Lavoura - Nº 698/2013

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SNA 116 anos

Vice-presidente da SNA discute criação de companhias de desenvolvimento

vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Joel Naegele, vai iniciar uma série de debates nas Câmaras de Vereadores nos municípios da região serrana de Nova Friburgo a fim de obter o apoio para a criação das Companhias Municipais de Desenvolvimento Econômico. Uma primeira reunião acontecerá em Macuco (RJ).

O projeto, com ênfase na agricultura, tem por objetivo o desenvolvimento do setor, inclusive em relação à concessão de incentivos para o plantio de eucalipto — atividade em que o retorno em termos de renda é mais rápido em comparação ao cultivo de outras espécies de madeira. “O eucalipto, cujo corte pode ser efetuado a partir de cinco anos de idade, oferece real possibilidade de renda, e em muitos casos funciona como poupança verde. Enquanto não é cortado, se transforma em uma pequena floresta com os ganhos expressivos na qualidade do meio ambiente”, explica Joel Naegele. A ideia básica do projeto é alavancar a economia em pequenos municípios fluminenses, atualmente presos à monocultura da exploração leiteira, com produção inexpressiva e áreas consideráveis sem nenhum cultivo.

Recursos

Segundo o vice-presidente da SNA, as Companhias de Desenvolvimento deverão funcionar com recursos dos orçamentos municipais. “Os valores alocados seriam revertidos em financiamento aos micros e pequenos proprietários, por meio de empréstimos posteriormente resgatados na ocasião da venda da madeira. Dessa forma, os municípios obteriam melhoria no ICMS Verde e poderiam transferir essa receita para incentivar o aumento do plantio, criando-se um círculo virtuoso permanente, bem como a permanência do homem do campo em suas propriedades”.

Para Joel Naegele, é importante que o incentivo oferecido seja extensivo à melhoria do gado leiteiro, ao cultivo de hortaliças e a outras atividades compatíveis com a área rural. “É inadmissível a permanência da pobreza em uma vasta região que tem tudo para ser rica e vive miseravelmente, perdendo a sua juventude por falta de perspectivas de futuro”.

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“É importante que o incentivo oferecido seja extensivo à melhoria do gado leiteiro, ao cultivo de hortaliças e a outras atividades compatíveis com a área rural”

Experiência

O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura lembra que a iniciativa surgiu a partir de uma experiência bem sucedida em sua propriedade em Cantagalo (RJ). Hoje, o produtor conta com mais de dez mil árvores de várias idades. Para alcançar esse resultado, ele utilizou, na prática, o plantio escalonado de duas mil plantas por ano, iniciado em 2005. “Esse programa se revelou interessante, tendo em vista a dificuldade de mão de obra e a necessidade do trato cultural efetivo, principalmente no combate à formiga, que demanda atenção especial”, observa o vice -presidente da SNA. No momento, Joel ministra palestras em colégios do Rio, com o objetivo de levar ao conhecimento dos estudantes os mais diversos aspectos do agronegócio brasileiro. Joel Naegele, vicepresidente da SNA, quer desenvolver projeto, com ênfase na agricultura, que tem por objetivo o desenvolvimento do setor, inclusive em relação à concessão de incentivos para o plantio de eucalipto

Luis Alexandre Louzada

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Entrevista

Segurança alimentar é a promoção da paz

Sebastião Marinho

A Lavoura: Qual o diagnóstico a que o senhor se refere?

Roberto Rodrigues: O que vem sendo repetido exaustivamente, mas sem a apresentação concreta de soluções. Hoje, sete entre 10 conferências mundiais enfocam o tema segurança alimentar e repetem os mesmos diagnósticos tão divulgados na Rio+20. É a previsão de a população mundial chegar a nove bilhões de pessoas em 2050, a importância de produção e consumo sustentáveis, a emissão de gases de efeito estufa, as consequências do desmatamento etc. Tudo isso nós já sabemos. A Lavoura: Como a mudar a situação à frente da Academia?

Roberto Rodrigues: Creio que minha única qualidade é uma capacidade de juntar gente, pois quem não tem time, equipe, não ganha campeonato. Na Academia, estou rodeado de antigos e bons companheiros de percurso e vou tentar unir esforços para elaborar propostas concretas. É necessário apresentar objetivamente os pontos prioritários de discussão para o Governo, para o poder legislativo, judiciário. E também para a sociedade civil, pois o setor privado precisar estar envolvido, já que o Governo não pode resolver tudo. A Lavoura: Quais seriam as prioridades, em sua opinião? Ao tomar posse na Academia Nacional de Agricultura, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues falou à revista A Lavoura que pretende levar as discussões da entidade a um patamar mais prático. A Lavoura: Qual será o principal desafio à frente da presidência da Academia?

Roberto Rodrigues: Temos pela frente o desafio de estruturar mecanismos para agir de fato. Não dá mais para viver de diagnósticos, é hora de propostas concretas e tópicas. Precisamos da tomada de ações “acabativas” e não mais iniciativas. A fase do diagnóstico está mais que consolidada. Não há mais nenhuma novidade quanto aos problemas do agronegócio brasileiro. Todos sabem o que precisa ser feito. Falta colocar os pingos nos “is” e partir para as soluções práticas.

Roberto Rodrigues: Vou dar o exemplo do setor de logística, que a cada supersafra demonstra mais sinais de colapso. A Empresa de Planejamento e Logística do Brasil, vinculada ao Ministério dos Transportes e presidida por Bernardo Figueiredo de Oliveira, tem um levantamento completo da situação, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias, portos. Falta é estabelecer prioridades e dar início aos trabalhos. No caso das rodovias, por exemplo, vamos identificar qual a estrada mais importante no transporte de insumos e produtos agrícolas e dar início às soluções por ela. A Lavoura: Na política comercial, o que falta para o Brasil conquistar mais mercado?

Roberto Rodrigues: Atualmente, 40% da cooperação mundial agrícola se dão em áreas de livre comércio, entre países ou blocos de países, mas esse novo mercado não está ao alcance do Brasil. O acordo bilateral entre Estados Unidos e União Europeia, que representa hoje 1/3 do mercado, pode reduzir o espaço dos produtos brasileiros. Por isso é também fundamental que o Brasil faça acordos bilaterais com países que tenham mercado, pessoas, renda. A Lavoura: Como o senhor vê a questão da segurança alimentar?

Segurança alimentar é muito mais que encher pratos de comida. É a promoção da paz. Vimos recentemente as manifestações populares que tomaram as ruas no País inteiro. Elas são uma revolta da população contra o estado geral das coisas, uma reação ao modelo exaurido de representação. Por isso eu acredito que é preciso levar a mensagem da segurança alimentar como instrumento de defesa da paz universal. A Lavoura - Nº 698/2013

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Panorama

Estudos comprovaram que a redução do prazo de maturação não compromete a qualidade e a inocuidade do produto

“Essa instrução normativa pode ser interpretada como uma verdadeira alforria para esse produto tão tradicional, tão mineiro. Com ela, o queijo Minas recebeu um forte impulso para atravessar as fronteiras do estado e, quem sabe, até do país. Agora temos uma norma adequada, que nos permite avançar para uma nova etapa na produção dos queijos Minas artesanais.”

Arquivo Ima

Controle de qualidade

Queijo Minas sem fronteiras

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atrimônio imaterial nacional, o queijo artesanal mineiro finalmente deixará de ser exclusividade para consumidores do estado. Ministério da Agricultura e Governo de Minas assinaram, na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Instrução Normativa nº 30/2013, que estabelece critérios para viabilizar a venda do produto em outros estados. Iniciado ainda no século 18, o processo de fabricação artesanal do queijo a partir de leite cru, não pasteurizado, permaneceu praticamente intocado até os dias de hoje. E é exatamente este o segredo de seu sucesso e, ao mesmo tempo, sua sentença de clandestinidade. O desacordo entre as legislações federal e a mineira fazia com que o legítimo queijo mineiro sofresse restrições sanitárias do Ministério da Agricultura, proibindo-o de ser vendido fora de Minas Gerais. Sonho antigo de queijeiros de todo o estado, a assinatura da Instrução Normativa estabelecerá as normas nacionais que precisarão ser seguidas para que o queijo ganhe o país.

Essa instrução normativa supre as lacunas da norma que regulamentava a produção de queijos artesanais, publicada em dezembro 2011, no Diário Oficial da União (IN 57). Além de expandir os requisitos de certificação de queijarias, a norma flexibiliza a análise de estudos técnico-científicos que comprovem que a redução do período de maturação não compromete a qualidade e a inocuidade do produto. O ministro Antônio Andrade explicou, na solenidade de assinatura da IN 30/2013, que “o período de maturação é importante para eliminar risco de tuberculose e brucelose, mas o controle sanitário ao longo do processo pode dispensar a maturação.” A IN 57 já previa a possibilidade de maturação de queijos por período inferior a 60 dias e definia requisitos para sua produção. A regra estabelecia que a produção de queijos artesanais com maturação inferior a 60 dias ficasse restrita às queijarias situadas em regiões certificadas ou tradicionalmente reconhecidas e em propriedade produtora de leite cru com status livre de tuberculose, brucelose e controle de mastite. Segundo a IN 57, o leite cru utilizado na produção do queijo deve ser analisado mensalmente pelos laboratórios da Rede Brasileira de Qualidade do Leite. As propriedades produtoras precisam estar em dia com as normas do Programa de Boas Práticas de Ordenha e de Fabricação, incluindo o controle dos operadores, controle de pragas e transporte adequado do produto até o entreposto. As propriedades também precisam realizar o controle da água utilizada nas atividades. Rubens Neiva

Nova norma O presidente da FAEMG, Roberto Simões, destaca a importância da nova norma para produtores de todo o estado:

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Embrapa Gado de Leite

Processo de produção em queijarias artesanais de Araxá, Canastra e Cerrado


Soro: do descarte à produção de renda Tradição valorizada

Projeto internacional pesquisa aproveitamento de soro de leite de pequenas queijarias

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projeto de pesquisa internacional reúne instituições do Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai e Austrália para dar maior competitividade e sustentabilidade a pequenas queijarias por meio do aproveitamento do soro de leite oriundo da produção de queijos. O soro de leite tem alto potencial de agregação de valor na elaboração de coprodutos entre os quais o whey protein, isolado e hidrolisado proteico, queijo tipo ricota, bebidas lácteas, e até para a agroenergia. Entretanto, tem servido para alimentação animal ou descartado, com grandes danos ao meio ambiente, por ser altamente poluente.

O queijo artesanal mineiro possui características de sabor, de aroma e de textura típicas de cada região onde é produzido, motivo pelo qual é tão apreciado pelos consumidores. Também valoriza as tradições e as raízes da cultura mineira e tem sido objeto de pesquisa, por sua importância econômica e social. Em Minas Gerais, existem cerca de 30 mil produtores. Destes, aproximadamente 10 mil encontram-se nas regiões caracterizadas como tradicionais: Serra da Canastra, Serro, Cerrado, Araxá e Campo das Vertentes, as quais produzem, anualmente, em torno de 29 mil toneladas de queijo, gerando mais de 26 mil empregos diretos.

O pesquisador Amauri Rosenthal, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ), lidera o projeto no Brasil com uma equipe integrada por pesquisadores e analistas da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele pretende agregar parceiros da iniciativa privada, associações de produtores de queijo e órgãos governamentais.

A proteção desta tradição como Patrimônio Imaterial do Estado de Minas Gerais e a legislação para estabelecimento dos critérios para produção do Queijo Minas Artesanal, têm motivado pesquisas para melhoria das condições das queijarias, da segurança dos consumidores, além de dar subsídios para modernizar a legislação.

Viabilidade

Samantha Mapa

Denise Sobral

EPAMIG

No Brasil, a atuação será nas regiões Sul e Sudeste, onde está concentrada a maior parte da produção nacional de queijo. Será iniciada pelo mapeamento da produção de soro, para avaliar a melhor localização e a viabilidade de implantar unidades captadoras e processadoras de soro nas regiões produtoras. Também será promovida a capacitação de pequenas queijarias para a melhoria de processo e produtos, com a elaboração de manuais e a realização de treinamentos.

Financiamento O projeto, financiado pela AUSAID, agência australiana de desenvolvimento, consolida uma parceria com a CSIRO, The Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation, o órgão nacional australiano para a ciência, e com os países sul-americanos, uma das mais importantes frentes da ação internacional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. João Eugênio

Embrapa Agroindústria de Alimentos

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Divulgação

Panorama

Irrigação mais barata Desoneração incentiva irrigação e aumenta rentabilidade do agronegócio

V

isando atenuar as oscilações climáticas e incentivar a rentabilidade do agronegócio, o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento (Reidi) determinou desconto de 9,25% na aquisição de equipamentos, serviços e materiais de irrigação. “Com esse benefício o produtor poderá ampliar a área irrigada em praticamente 10%, sem ter que fazer nenhum outro investimento; apenas com a desoneração”, explica Cristiano Zinato, analista de Infraestrutura da Secretaria Nacional de Irrigação do Ministério da Integração Nacional. O desconto é possível graças à suspensão do recolhimento do PIS/Pasep e Cofins, que correspondem, respectivamente, a 1,65% e 7,6% de contribuição. Sendo assim, apenas a desoneração garante o desconto, que permitirá ao produtor investir mais na irrigação, otimizando assim sua produção agrícola ou pecuária, contribuindo para o principal desafio do setor: aumentar a produtividade sem expandir a área cultivada. Tabela: Rentabilidade em R$ 1 mil/por hectare Cultura no sequeiro

Sem irrigação

Com irrigação

Banana

R$ 15,66

R$ 35,79

Abóbora

R$ 2,54

R$ 2,86

Arroz em casca

R$0,94

R$ 2,50

Feijão

R$ 0,95

R$ 1,59

Alho

R$ 3,68

R$ 10,77

Batata

R$ 4,23

R$ 6,45

Fonte: IBGE

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Irrigação eleva potencial produtivo A diferença de rentabilidade entre culturas não irrigadas e irrigadas chega a ser de 100%, e esse aumento vai além da agricultura. A produção de leite, por exemplo, chega a dobrar em propriedades que contam com irrigação. Isso porque pastagens irrigadas conseguem manter uma alta de 30%, mesmo em períodos de seca, o que significa um ganho também na pecuária de corte, que não sofre nem perde peso na escassez de chuva. Com a intensificação de pastagens é possível, ainda, aumentar o potencial de um animal por hectare para até 10 animais. Para o Presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Thiago Soares Fonseca, o desconto é um incentivo importante na adoção da irrigação artificial e, consequentemente, no aumento da renda do produtor rural. “Um incentivo como esse é importante não apenas para o produtor, mas para todo o setor que fica aquecido com mais produção, renda e fabricação de equipamentos e materiais de irrigação”, avalia Fonseca. O benefício vale tanto para produtores que desejam iniciar o sistema de irrigação em sua propriedade como para os que já possuem e pretendem ampliá-lo ou modernizá-lo. O desconto vale para projetos de irrigação em áreas a partir de cinco hectares. Os interessados deverão encaminhar solicitação de adesão à Secretaria Nacional de Irrigação.

Você sabia? Estimativas da Agência Nacional das Águas (ANA) indicam que aproximadamente 5,6 milhões de hectares do Brasil sejam irrigados — menos de 10% da área total cultivada pela agricultura no país. O potencial do Brasil é de ter até 30 milhões de hectares irrigados, somando todas as culturas. Em Minas Gerais, a área irrigada corresponde a mais de 526 mil hectares. No caso das hortaliças, quase 100% da cultura é beneficiada pela irrigação. A pecuária de leite ganha com a pastagem irrigada: o aumento na produção chega a 30%. O potencial de pastagem intensificada aumenta de 1 para 10 animais por hectare. Bruna Tavares

Sindicato Rural de Uberlândia


C

om alta capacidade de rebrota, tolerante à seca e com alto teor de proteína, a nova cultivar de milheto BRS 1503, desenvolvida pela Embrapa, é indicada para forragem. Adaptada à região Sul, a cultivar apresenta como um dos diferenciais a resistência a diversos nematoides, como os da espécie Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita, além do Pratylenchus brachyurus. Possui ainda bons números de produção de massa verde e de massa seca, com produtividades médias de 42.180 kg/ha e 7.091 kg/ha respectivamente. No Rio Grande do Sul, durante o ano agrícola 2009/2010, a cultivar apresentou os melhores índices: 71.938,3 kg/ha de massa verde e 10.580 kg/ha de massa seca.

Excelente opção Segundo os pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento da cultivar, o milheto BRS 1503 é uma excelente opção para cobertura do solo. As indicações de manejo são as seguintes: profundidade de semeadura entre 0,25 e 1 cm; espaçamento entre linhas de 30 cm; densidade de plantio de até 200 mil plantas por hectare; plantio no verão e pastejo iniciado quando a planta estiver com 50 a 60 cm. Para mais informações e sobre onde encontrar sementes da nova cultivar de milheto, desenvolvida pela Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS) em parceria com a

Jane Rodrigues de Assis Machado

Milheto para forragem

Com boa produção de massa verde e massa seca, a BRS 1503 é excelente opção para cobertura do solo

Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas -MG), entre em contato com o Escritório de Passo Fundo-RS da Embrapa Produtos e Mercado: (54) 3311-3666 ou spm.epfb@embrapa.br . Guilherme Viana

Embrapa Milho e Sorgo

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Panorama

Novas cultivares de

aplicações de herbicidas”, acrescenta. Morello orienta que o produtor não deve utilizar exclusivamente o princípio ativo glifosato no controle de plantas daninhas, a fim de evitar o aparecimento de plantas daninhas resistentes.

Q

Primeira safra

algodão com tolerância a herbicidas uatro cultivares de algodão com tolerância ao herbicida glifosato (Roundup Ready Flex — RRFlex) foram lançadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Fun­ dação Bahia e Fundação Goiás. As cultivares BRS 368RF, BRS 369RF, BRS 370RF e BRS 371RF estarão dis­ po­níveis para os produtores na sa­ fra 2013/2014. A comercialização será feita por licenciados, sob a coordenação da Embrapa Produtos e Mercado (Brasília, DF).

“O manejo de plantas daninhas em lavouras de algodoeiro é bastante complexo e oneroso. Com o uso dessas cultivares, tem-se a possibilidade de controle mais eficiente, de forma mais simples e econômica”, afirma. “Com o uso do glifosato em duas ou três aplicações em pósemergência do algodoeiro e mais algum outro princípio ativo, deve haver uma redução de duas a três

Camilo Morello

As novas cultivares permitirão o uso do herbicida glifosato em qualquer fase do desenvolvimento do algodoeiro, sem gerar danos às plantas. Segundo o pesquisador da

Embrapa Algodão (Campina Grande, PB) e especialista em melhoramento genético do algodoeiro, Camilo Morello, a expectativa é reduzir o número de aplicações de herbicidas para manejo de ervas invasoras e, consequentemente, reduzir os custos de controle.

Para os cultivos em primeira safra, as produtividades médias esperadas são acima de 4.500 kg/ha de algodão com caroço, com percentual de pluma em torno de 40%. Para o cultivo em segunda safra, as produtividades médias esperadas são acima de 3.300 kg/ha de algodão com caroço, com percentual de pluma em torno de 38%. As cultivares produzem fibras de padrão de comprimento médio, entre 29 a 31 mm; com resistência em torno de 30 gf/tex e micronaire entre 3,8 a 4,3. “Esses valores, bem como os valores para outras características, como uniformidade de comprimento, elongação, reflectância, grau de amarelo, índice de fiabilidade, avaliadas em HVI (High Volume Instrument), são indicativos de fibras nos padrões de exigência das indústrias”, afirma o pesquisador.

Menos aplicações Além de reduzir o número de aplicações de herbicidas, outra indicação para as novas cultivares são as áreas de refúgio. “Em função da necessidade por parte do produtor no cultivo de algodoeiro geneticamente modificado com resistência a insetos, principalmente após os danos causados pela Helicoverpa na última safra, as cultivares geneticamente modificadas tolerantes a herbicidas, são opções interessantes para as áreas As novas cultivares permitirão o uso do herbicida glifosato em qualquer fase do desenvolvimento do algodoeiro, sem gerar danos às plantas

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Produtos mais acessíveis

de refúgio, que devem ser em torno de 20% da área total”, pontua. Em lavouras com cultivares transgênicas resistentes a insetos (cultivares Bt), são necessárias as áreas de refúgio, que consistem num percentual da lavoura com cultivares convencionais (não Bt). O objetivo de possibilitar o acasalamento entre eventuais indivíduos (mariposas) resistentes ao evento, com indivíduos (mariposas) susceptíveis ao evento (cultivar geneticamente modificada), permitindo uma maior lon­gevidade da tecnologia de resistência a insetos. As quatro novas cultivares geneticamente modificadas são tolerantes ao herbicida glifosato, porém, são convencionais quanto a resistência a insetos. E a cultivar BRS 371RF tem, ainda, a vantagem de ser resistente à principal doença da cultura, a mancha de ramulária.

Embrapa Uva e Vinho terá rótulos em braile

O

conceito de inclusão é a base de uma novidade da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS): o novo design dos rótulos dos produtos experimentais (vinhos, sucos e brandy) por ela desenvolvidos, que passarão a conter inscrições em braile. “Há uma crescente preocupação das empresas e instituições em relação à acessibilidade, por portadores de necessidades especiais, tanto às suas instalações quanto aos seus produtos”, observa, a respeito da ação de inclusão de deficientes visuais, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann. “Com os novos rótulos, a Embrapa também pretende inspirar no setor vitivinícola mais iniciativas no sentido de tornar seus produtos mais acessíveis a esse importante grupo de consumidores que, como cidadãos, têm direito a uma informação adequada à sua condição”.

Biotecnologia adaptada ao ambiente tropical As novas cultivares da Embrapa, juntamente com lançamentos de outras empresas, são as primeiras com a tecnologia RRFlex (segunda geração de eventos com tolerância ao herbicida glifosato). A Monsanto já havia lançado cultivares portadoras da tecnologia RR (Roundup Ready), que pertence à primeira geração de eventos de tolerância a esse herbicida, porém, só permitia aplicações em fases iniciais do desenvolvimento do algodoeiro. O desenvolvimento das cultivares BRS 368RF, BRS 369RF, BRS 370RF e BRS 371RF teve início com o licenciamento da tecnologia Roundup Ready Flex, pertencente a Monsanto. A partir desse licenciamento, a Embrapa incorporou o gene que confere a tolerância ao herbicida glifosato no seu germoplasma de algodoeiro, culminando no desenvolvimento das quatro cultivares.

Giovani Antonio Capra

Embrapa Uva e Vinho

Vinhos e sucos agora contêm rótulos também em braile

Para saber onde encontrar sementes das novas cultivares, acesse a página www.embrapa.br/cultivares. Edna Santos

Embrapa Algodão

Embrapa Uva e Vinho

“Com essas cultivares, a Embrapa está dando uma importante contribuição para a cotonicultura, pois está unindo a genética — que confere adaptação ao ambiente tropical, em termos de produtividade, resistência a doenças e qualidade de fibra — com a biotecnologia, que confere a tolerância a um herbicida de amplo espectro, resultando em maior praticidade e economia no controle de plantas daninhas. O resultado final é a disponibilização de uma tecnologia que contribui para melhorar a competitividade na produção de algodão no Brasil”, avalia o pesquisador da Embrapa Algodão.

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DEFENSIVOS

Os desafios

da aplicação aérea de defensivos agrícolas Ulisses R. Antuniassi Engenheiro Agrônomo, professor titular do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias da UNESP-Botucatu

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Ulisses R. Antuniassi

“As restrições ao uso da pulverização aérea de defensivos agrícolas partem de uma visão errônea de que esta técnica apresenta maior risco do que as demais, quando tecnicamente todas as formas de aplicação de defensivos apresentam um potencial de risco”

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DEFENSIVOS

A

Além disso, muitos países também estão desenvolvendo sistemas de classificação e certificação de métodos de aplicação (com atenção especial ao seu potencial de deriva), assim como de modelos para estudar a dinâmica de defensivos agrícolas no ambiente. Este é o maior desafio da agricultura moderna, produtiva e segura.

É por conta desse processo de deriva que diversos países possuem legislação e normas quanto às faixas de proteção (sem aplicação) para cursos d’água, zonas habitadas, áreas de proteção ambiental, entre outras.

Restrições O cenário atual do agronegócio brasileiro tem se mostrado favorável à discussão de eventuais restrições ao uso de técnicas de aplicações específicas, com especial atenção à pulverização aérea. Parte desse processo vem de uma visão errônea de que esta técnica apresenta maior risco. Do ponto de vista puramente técnico, todas as formas de aplicação de defensivos apresentam um potencial de risco, mas o nível atual de desenvolvimento tecnológico do setor permite que estes riscos sejam contidos e administrados.

Ulisses R. Antuniassi

Detalhes da barra da aplicação, com atomizadores, para aplicação de líquidos (foto ao lado), e sistema para aplicação de sólidos (abaixo do avião), como adubos e defensivos em área de reflorestamento e pastagem

Ulisses R. Antuniassi

Ulisses R. Antuniassi

pesar de fundamentais na produção agrícola de larga escala, os defensivos agrícolas podem oferecer riscos, sendo necessário o emprego das boas práticas e de toda a tecnologia disponível para se evitar os possíveis danos que estes produtos possam causar à saúde humana e aos recursos naturais. Parte dos produtos aplicados pode ser perdida para o ambiente pela deriva, que é a fração dos ingredientes ativos que não atinge o alvo, devido ao carregamento das gotas pelo vento, evaporação e outros processos.

Acima: Detalhe do painel da aeronave Ipanema, com destaque para o sistema de navegação por GPS, que auxilia no controle e precisão da aplicação

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Ulisses R. Antuniassi

O desenvolvimento tecnológico permite que riscos sejam contidos e administrados

Ulisses R. Antuniassi

Acidentes devem ser encarados como eventos que fogem à regra

(ou incidentes) envolvendo aeronaves, crianças, escolas e defensivos chamam especial atenção da mídia. Mas são acidentes. Acidentes que devem ser encarados como eventos que fogem à regra. Como qualquer acidente, precisam ser investigados e eventuais culpas, apuradas. Numa sociedade madura, eventos isolados não deveriam ser usados como argumento para ações políticas que extrapolem a própria investigação e a ocasional punição de culpados (se cabível).

Por esta razão, o tratamento fitossanitário com defensivos continua a ser uma das etapas mais importantes do processo produtivo das lavouras. O Brasil segue liderando o grupo de nações que mais produzem alimentos no mundo e o agronegócio brasileiro continua firme em sua importante colaboração para que tenhamos o crescimento econômico e social do país.

Acidentes acontecem Mas, como em qualquer atividade cotidiana de nossa sociedade, acidentes acontecem. E, de fato, acidentes

O uso de EPI é fundamental para a segurança no manejo com os defensivos.

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Ulisses R. Antuniassi

DEFENSIVOS

Pulverizadores terrestres e aéreos são utilizados de maneira complementar no tratamento das lavouras

Redução de deriva Por outro lado, como em qualquer acidente, devemos observar os erros cometidos e aprender com eles. Simplesmente para evitar acidentes futuros de mesma natureza. Casos clássicos de deriva e erros de abertura e fecha-

Curiosidade Aplicação com tecnologia de mapeamento georreferenciado permitem demarcar as faixas de segurança e as áreas a serem protegidas

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mento das barras numa aplicação podem ser evitados com treinamento e tecnologia. A aviação agrícola brasileira vem se preparando nos últimos anos para a adoção em larga escala de técnicas de redução de deriva e de sistemas eletrônicos de mapeamento e controle, os quais auxiliarão os pilotos na tarefa de evitar esse tipo de acidente. As técnicas de redução de deriva minimizam o risco da ocorrência de deslocamento das gotas para fora dos limites da área de aplicação. E os sistemas de navegação e controle da aplicação com tecnologia de mapeamento georreferenciado permitem demarcar as faixas de segurança e as áreas a serem protegidas, evitando a aplicação acidental sobre essas áreas. Este tipo de equipamento, já em avaliação no país, permite o bloqueio da aplicação à revelia do piloto, no caso de um voo equivocado sobre uma área que deve ser protegida. Com a popularização destas tecnologias, os riscos serão cada vez menores. E a agricultura de nosso país poderá continuar a se beneficiar da aplicação segura por via aérea, uma técnica eficaz e indispensável para alguns segmentos fundamentais do agronegócio brasileiro.


Auditório da CNC Av. General Justo, 307 9º andar Rio de Janeiro • RJ

Informações e inscrições

Av. General Justo, 171 7º andar • Rio de Janeiro 21 2544-5045 21 3231-6350 r. 1 21 2240-4189 (fax) eventos@sna.agr.br www.sna.agr.br

Realização e Organização:

dias 7 e 8 de novembro 2013

2º dia

9:00 horas – 3º Painel: Infraestrutura, logística e tecnologia da informação – Transporte e armazenagem

1º dia

9:00 horas – Abertura Pronunciamentos de Autoridades Palestras de Abertura 14:00 horas – 1º Painel: Viabilidade econômica, social e ambiental do sistema agro alimentar (insumos estratégicos, produção e produtividade, sustentabilidade econômica, agroindústria) 16:00 horas – 2º Painel: Ciência, tecnologia e inovação – Educação e capacitação – Política e legislação Patrocínio:

10:30 horas – 4º Painel: Distribuição de produtos do agronegócio – Comércio internacional 14:00 horas – 5º Painel: Consumo, saúde e bem estar – Tendências no consumo de alimentos 15:30 horas – 6º Painel: Promoção do empreendedorismo – Riscos e incerteza – A pequena produção 17:00 horas – Encerramento Solenidade de premiação dos Destaques SNA e Destaques A Lavoura 18:00 – Coquetel de confraternização Apoio:


Fertilizantes

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โ ข

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IPNI

MANEJO 4C:

Quatro medidas corretas que potencializam a eficiência Valter Casarin Diretor Adjunto, Dr., IPNI Programa Brasil

Silvia Regina Stipp Engenheira Agrônoma, MSc, IPNI Programa Brasil

Carregamento de ureia para adubação de cobertura na cultura do milho.

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Diante dos avanços na demanda mundial por alimentos, dos impactos ambientais e das necessidades energéticas crescentes, surgem discussões sobre as novas tendências sustentáveis de produção agrícola. São propostas desafiadoras, já que preconizam a produção de alimentos em harmonia com o homem e o ambiente

A

atividade agrícola é essencialmente dependente das condições edafoclimáticas e socioeconômicas e, pela sua própria natureza, perturba o ambiente. Porém, frente à imperativa necessidade de se produzir alimentos e combustíveis, visando garantir a segurança alimentar e a produção de energia limpa, a ciência aplicada à agricultura, por meio de técnicas agrícolas modernas, tem conseguido não somente aumentar a produtividade das culturas, como também reduzir os danos ao ambiente. O desafio de incrementar a produção de alimentos de forma economicamente viável, mantendo a integridade ecológica dos sistemas, dos quais depende a agricultura, é a base fundamental da agricultura sustentável. Futuros aumentos na produção de alimentos terão que ocorrer concomitante com a expansão limitada de terra. Esta meta só poderá ser alcançada por meio da intensificação da produção sustentável de culturas. Isto significa aumentar a produção total agrícola em uma mesma unidade de área ou, então, manter a produção com uso racional de insumos.

O manejo de fertizantes 4C Os fertilizantes são responsáveis, em média, por 50% da produção mun26

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IPNI

Fertilizantes

A adubação e a semeadura podem ser feitas numa mesma operação

dial de alimentos. Com o reconhecimento público de que os fertilizantes são parte da solução para a segurança alimentar mundial, compete ao setor agrícola garantir que práticas de adubação sejam realizadas de forma responsável e eficiente. Aplicar a fonte certa, na dose certa, na época certa, e no lugar certo (4C) é o fundamento das Boas Práticas para Uso dos Fertilizantes (BPUFs), necessárias para o manejo sustentável da nutrição das plantas e para o aumento da produtividade das culturas. As BPUFs têm o propósito de adequar a oferta de nutrientes às necessidades da cultura e minimizar as perdas de nutrientes provenientes das lavouras. A abordagem é simples: aplicar o nutriente certo, na quantidade necessária, em tempo e local adequados para atender à demandada cultura. O diagrama descreve a prática dos 4C e como ele é aplicável no manejo dos fertilizantes em todo o mundo. Para otimizar a nutrição das plantas foi desenvolvida uma estrutura geral para direcionamento do manejo adequado dos nutrientes. No seu núcleo tem-se os 4C, centralizados em um sistema de cultivo circular, integrando-se aos outros fatores agronômicos relacionados ao manejo da cultura, sendo que o conjunto de práticas agronômicas, por sua vez, contribui decisivamente para os resultados em termos econômicos, sociais e ambientais.

Diagrama geral para o manejo adequado de nutrientes


Na camada externa, estão exemplos de indicadores de desempenho, os quais podem e devem ser quantificados. O equilíbrio complementar na composição desses indicadores pode refletir a influência das BPUFs na realização das metas de desenvolvimento sustentável. É possível verificar claramente que a sustentabilidade do sistema envolve mais que simplesmente a produtividade e o uso eficiente do nutriente.

Práticas associadas à aplicação das medidas corretas do manejo 4C:

1. Fonte certa: Consiste em combinar fontes de fertilizantes com a necessidade da cultura e as propriedades do solo. Deve-se estar atento para as interações dos nutrientes e o equilíbrio entre nitrogênio, fósforo, potássio e outros nutrientes, de acordo com a análise do solo e as exigências das culturas. A adubação equilibrada é uma das chaves para aumentar a eficiência de utilização do nutriente. Todas as plantas necessitam de, pelo menos, 17 elementos essenciais para completar o seu ciclo de vida. Estes incluem 14 nutrientes minerais, os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) e os micronutrientes (Cl, Fe, B, Mn, Zn, Cu, Mo e Ni),

IPNI

As BPUFs são utilizadas, principalmente, para assegurar o crescimento ótimo da planta, o que contribui para a rentabilidade da agricultura e a minimização de efeitos adversos ao ambiente. Algumas BPUFs podem ser aplicadas a uma vasta gama de situações e sistemas de cultivo no país, em uma região ou em todo o mundo, enquanto outras são projetadas para circunstâncias específicas, como, por exemplo, a redução do aporte de nutrientes em solos férteis, protegendo águas subterrâneas, ou a construção da fertilidade em solos pobres ou muito deficientes. Assim, não existe um conjunto de boas práticas de manejo que seja aplicável a todas as situações. Determinar quais práti-

cas são corretas para uma dada situação depende do tipo de solo, das condições climáticas, da cultura, das condições de manejo e de outros fatores específicos do local.

A adubação em cobertura é prática comum no Sistema Plantio Direto

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Fertilizantes

além de três elementos não-minerais: carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O). Os macronutrientes são exigidos em quantidades relativamente elevadas pelas plantas, enquanto os micronutrientes são exigidos em quantidades menores. A seleção da fonte certa de fertilizante começa com a determinação de quais nutrientes são realmente necessários para cumprir as metas de produção. Nutrientes que estão limitando a produção podem ser determinados por meio de: análise de solo e da planta, análise de tecidos, parcelas com omissão de nutrientes, sensores de cor da folha ou sintomas visuais de deficiência. Todos estes testes devem ser realizados antes da tomada de decisão para aplicação de fertilizantes. As fontes de fertilizantes podem ser de vários tipos. A utilização de fontes que apresentam liberação lenta ou controlada dos nutrientes pode garantir um sincronismo entre a liberação de nutrientes ao longo do tempo e as necessidades nutricionais da planta, favorecendo o crescimento e desenvolvimento, além de reduzir gastos com mão de obra e energia. Também é útil na redução das perdas de nutrientes por erosão e da contaminação dos recursos hídricos. Fatores como disponibilidade do produto, reações dos nutrientes no solo, disponibilidade de equipamento para aplicação e retorno econômico precisam ser considerados. Estas decisões complexas devem ser continuamente reavaliadas a fim de fazer a seleção do fertilizante correto.

Os princípios científicos fundamentais que definem a fonte certa para um conjunto específico de condições são os seguintes: •

Considere dose, época e local da aplicação.

Forneça nutrientes em formas disponíveis para as plantas.

Considere as propriedades físicas e químicas do solo. Por exemplo, evite a aplicação de nitrato em solos inundados, aplicação superficial de ureia em solos de pH elevado, etc.

Identifique as interações entre os elementos nutrientes e as fontes. Por exemplo, a interação fósforo-zinco, o nitrogênio aumentando a disponibilidade de fósforo etc.

Verifique a compatibilidade da mistura. Determinadas combinações de fontes atraem umidade quando misturadas, o que limita a uniformidade da aplicação do material misturado; o tamanho dos grânulos deve ser semelhante para evitar a segregação de produtos.

Considere as interações dos elementos associados. A maioria dos nutrientes possui um íon acompanhante que pode ser benéfico, neutro ou prejudicial para a cultura. Por exemplo, o cloreto (Cl–) que acompanha o K, no cloreto de potássio, é benéfico para o milho, mas pode ser prejudicial para a qualidade do fumo, do abacaxi e da batata destinada à produção de batata “chips”. Algumas fontes de fertilizante fosfatado podem conter Ca e S disponíveis para as plantas e pequenas quantidades de Mg e micronutrientes.

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Controle os efeitos dos elementos não-nutritivos. Por exemplo, alguns depósitos naturais de rocha fosfática contêm elementos-traços não-nutritivos. O nível de adição destes elementos deve ser mantido dentro de limites aceitáveis. •

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2. Dose certa: Consiste em ajustar a quantidade de fertilizante a ser aplicada com a necessidade da cultura. O excesso de fertilizante resulta em perda por lixiviação e outros prejuízos ao ambiente. Já a deficiência do fertilizante resulta em menor rendimento e qualidade das culturas, além de menor quantidade de resíduos para proteger e melhorar o solo. Avaliar o fornecimento de nutrientes disponíveis no solo é o primeiro passo para determinar a dose certa de fertilizante a ser aplicada. A análise do solo apresenta um índice relativo dos nutrientes presentes. Em alguns casos, a análise da planta oferece informação adicional para determinação da dose de fertilizante a ser fornecida de acordo com as exigências da cultura. Se as deficiências são notadas a tempo, é possível, às vezes, fazer a correção durante a estação de crescimento e reduzir a perda de rendimento. O balanço de nutrientes é um dos indicadores de desempenho no sistema 4C e é altamente relevante na avaliação do componente “dose”. Nesse contexto, o balanço de nutrientes se refere à diferença entre a remoção de nutrientes pela colheita e a entrada de nutrientes no sistema. Saldos negativos, nos quais a remoção excede o uso, levam à diminuição da fertilidade do solo e, eventualmente, à redução da produtividade, uma vez que o suprimento de nutrientes cai abaixo dos níveis críticos. Saldos positivos geralmente estão associados ao aumento da fertilidade do solo e podem, eventualmente, representar elevado risco de perda de nutrientes para o ambiente. Todos os 17 elementos essenciais devem estar presentes em quantidades suficientes para satisfazer às exigências da cultura em crescimento. A dose certa está condicionada à fonte, à epoca e ao local de aplicação. A fonte de nutrientes precisa liberar a quantidade certa de formas disponí-


IPNI

A dose de calcário a ser aplicada é obtida pela análise química do solo

cado). Alguma perda de fertilizante é inevitável no sistema de cultivo por meio de fatores específicos do local, incluindo tipo de solo, clima, micro-organismos e sistema de cultivo.

veis, no momento certo e no lugar certo para atender às necessidades das plantas em crescimento. Metas realistas de produção, análise de solo, ensaios com omissão de nutrientes, balanço de nutrientes, análise de tecidos, análise de plantas, aplicadores regulados de forma adequada, aplicação de fertilizantes em taxa variável, acompanhamento das áreas de produção, histórico da área e planejamento do manejo de nutrientes são BPUFs que ajudam a determinar a melhor dose de fertilizante a ser aplicada.

Os princípios fundamentais científicos que definem a dose certa para um conjunto específico de condições são os seguintes: •

Considere a fonte, a época e o local da aplicação.

Avalie a demanda de nutrientes pelas plantas. O rendimento está diretamente relacionado à quantidade de nutrientes absorvidos pela cultura até a maturidade.

Utilize métodos adequados para avaliar o fornecimento de nutrientes pelo solo, como análise de solo, análise de metas de produção, balanço da remoção pela cultura, análise de tecido, manejo específico de nutrientes, tecnologia de aplicação de doses variáveis, inspeção da cultura, etc.

Avalie todas as fontes disponíveis de nutrientes. Para a maior parte das fazendas, a avaliação inclui a quantidade e a disponibilidade de nutrientes em fertilizantes, estercos, compostos, biossólidos, resíduos de colheitas, além da deposição atmosférica e da água de irrigação.

Considere a eficiência de uso dos fertilizantes (aumento de produção por unidade de fertilizante apli-

Considere o impacto dos nutrientes nos recursos do solo. Se a saída de nutrientes de um sistema de cultivo for superior à entrada, haverá diminuição da fertilidade do solo a longo prazo. A análise de solo ajuda a determinar quando as doses de nutrientes aplicadas excedem, se igualam ou estão menores que as quantidades de nutrientes removidas por meio da colheita da cultura.

Considere a dose de máxima eficiência econômica da adubação. Para efetuar o cálculo dessa dose é necessário obter, para cada safra e cultura, a função do lucro, incluindo os custos variáveis e fixos nas funções de produção.

3. Época certa: Consiste em disponibilizar os nutrientes para as culturas nos períodos de necessidade. Os nutrientes são utilizados de forma mais eficiente quando sua disponibilidade é sincronizada com a demanda da cultura. A dinâmica da absorção de nutrientes pela cultura varia de acordo com o nutriente e com as condições ambientais. Desta forma, a taxa de absorção de nutrientes pelas plantas muda durante todo o período de crescimento. Aplicações programadas e orientadas de acordo com as fases das plantas podem ser benéficas à produtividade e/ou qualidade do produto, em alguns sistemas de produção e para alguns nutrientes, principalmente nitrogênio.

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Fertilizantes

O monitoramento do conteúdo de nutrientes por meio da análise de plantas provavelmente é a melhor forma de determinar se a planta está recebendo um fornecimento adequado de nutrientes.

Os princípios fundamentais científicos que definem a época certa para um conjunto específico de condições são as seguintes: • Considere a fonte, a dose e o local de aplicação. • Avalie a marcha de absorção de nutrientes pelas plantas. Os nutrientes devem ser aplicados concomitantemente com a demanda sazonal de nutrientes da cultura, a qual depende da data de plantio, das características de crescimento das plantas, da sensibilidade às deficiências nas fases particulares de crescimento, etc. • Avalie a dinâmica de fornecimento de nutrientes do solo. Solos ácidos, por exemplo, bastante comuns em regiões tropicais, têm capacidade muito alta de fixação de fósforo. O adubo fosfatado aplicado nestes solos podem ser facilmente convertidos em formas pouco solúveis e indisponíveis de P. Assim, nestes ambientes, é comum aplicar anualmente fertilizantes fosfatados localizados em faixas específicas na plantação para aumentar a produção das culturas. A mineralização da matéria orgânica do solo fornece grande quantidade de alguns nutrientes, porém, se a absorção pela cultura precede a liberação pela matéria orgânica, as deficiências podem limitar a produtividade.

4. Local certo: Consiste em colocar e manter os nutrientes onde as culturas podem utilizá-los. O método de aplicação é decisivo no uso eficiente do fertilizante. Cultura, sistema de cultivo e propriedades do solo determinam o método mais adequado de aplicação, mas a incorporação do fertilizante normalmente é a melhor opção para manter os nutrientes no local e aumentar sua eficiência. Manejo conservacionista, curvas de nível, culturas de cobertura e manejo da irrigação são outras boas práticas que ajudarão a manter os nutrientes bem localizados e acessíveis às culturas em desenvolvimento. Os princípios fundamentais científicos que definem o local certo para a aplicação específica de nutrientes são os seguintes: • Verifique fonte, dose e época de aplicação. • Considere o local de crescimento das raízes das plantas. Os nutrientes devem de ser colocados em locais onde podem ser absorvidos pelas raízes em crescimento, quando necessário. • Considere as reações químicas do solo. Concentrar os nutrientes que podem sofrer fixação, como o fósforo, em faixas ou em volumes menores de solo pode melhorar a disponibilidade do elemento. • Atenda aos objetivos do sistema de plantio direto. Técnicas de aplicação do fertilizante em subsuperfície, mantendo a camada de palha sobre o solo, podem ajudar a preservar os nutrientes e a água. • Gerencie a variabilidade espacial. Avalie as diferenças de solo, dentro e entre os campos, em relação à produtividade das culturas, capacidade de fornecimento de nutrientes do solo e vulnerabilidade à perda de nutrientes.

IPNI

• Avalie a dinâmica da perda de nutrientes do solo. Por exemplo, em regiões tropicais, as perdas por lixiviação tendem a ser mais frequentes no verão.

• Avalie a logística das operações no campo. Por exemplo: várias aplicações de nutrientes podem ser combinadas com aplicações de produtos defensivos. As aplicações de nutrientes não devem atrasar as operações sensíveis ao tempo, como o plantio.

IPNI

Aplicações temporizadas, uso de fertilizantes de disponibilidade controlada e uso de inibidores da urease e da nitrificação são boas práticas de manejo de fertilizantes que ajudam a reduzir os impactos ambientais da perda de nutrientes do solo.

Aplicação em faixa: segurança e eficiência

Fertilizante granulado NPK

30

A Lavoura - Nº 698/2013

Localização da semente e do fertilizante na adubação em faixa


IPNI

Tendências gerais para aumento da eficiência de uso de nutrientes Uso de fertilizantes de liberação controlada e o uso de inibidores da nitrificação e da urease Há certa tendência no Brasil de aumento da adoção de fertilizantes de liberação controlada e o uso de inibidores da nitrificação e da urease. Estes fertilizantes permitem a redução de perdas de nitrogênio para o ambiente, promovendo uma adubação mais eficiente e reduzindo a poluição ambiental por este nutriente. A eficiência de uso de nitrogênio, por exemplo, pode ser aumentada com o uso de fertilizantes nitrogenados aditivados com inibidores, que visam manter o nutriente em formas menos sujeitas a perdas.

Aplicação de adubo fluido em taxa variável

Plantio direto e rotação/sucessão de culturas Quando se deseja integrar o desenvolvimento de novas tecnologias com a viabilidade econômica e a minimização do impacto ambiental, o plantio direto se consolida como manejo adequado. O sucesso do plantio direto está alicerçado na rotação de culturas, devido aos inúmeros benefícios que proporciona na qualidade do solo e na produtividade dos cultivos comerciais. O aumento da matéria orgânica e a melhoria da fertilidade do solo destacam-se como os principais componentes para a manutenção e a longevidade desse sistema de manejo. Por proporcionar maior retenção de água e menores variações deste teor no solo, o sistema plantio direto evita a ocorrência de curtos períodos de deficiência hídrica, melhorando a eficiência do uso da água e dos nutrientes. Os resultados obtidos com feijoeiro irrigado mostram que a produtividade e a eficiência de uso de nutrientes foram superiores no sistema plantio direto recém-implantado em relação ao preparo convencional. Uso de cultivares melhoradas O uso de cultivares melhoradas para eficiência de utilização e de resposta à aplicação de nutrientes constituirá estratégia importante para uso eficiente de nutrientes na agricultura brasileira. No enfoque agroecológico da produção agrícola, a identificação de populações de plantas que possuem capacidade de absorver e utilizar o nutriente de forma eficiente é extremamente importante, pois possibilita a redução dos custos de produção, a utilização de menor quantidade de nutrientes e a conservação do agroecossistema.

Diversas estratégias de manejo devem ser adotadas, uma vez que os nutrientes entram em contato com as raízes de diferentes maneiras. Cerca de 80% do nitrogênio são absorvidos pelas raízes quase exclusivamente por fluxo de massa; no caso do fósforo, o contato acontece principalmente por difusão (92%). Para o K, o contato ocorre em maior proporção por difusão (80%), em parte por fluxo de massa (18%) e 2% por intercepção radicular. A adubação necessita satisfazer a exigência da planta para a formação da colheita, complementando a contribuição do solo. Para manter a fertilidade química, a adubação deve, pelo menos, compensar as quantidades de macro e micronutrientes exportadas após o produto colhido e mais aquelas irremediavelmente perdidas do solo (erosão, lixiviação e volatilização).

Viabilidade Sistemas de produção devem ser viáveis sob os pontos de vista econômico, ambiental e social. Neste contexto, a aplicação de fertilizantes de forma correta é vital na agricultura moderna. Programas de nutrição de plantas não apenas aumentam a produtividade, como são importantes para a sustentabilidade do sistema e a manutenção da saúde humana. Além disto, o uso eficiente dos fertilizantes conduz à diminuição da degradação do solo. A prática do manejo 4C leva ao aumento da eficiência de uso dos fertilizantes, sendo a mesma específica segundo o solo e o sistema de produção.

Práticas de manejo para aumentar a eficiência de uso de nutrientes

Curiosidade

Para aumentar a eficiência de uso dos nutrientes fornecidos pelo solo ou adicionados por meio de fertilizantes/corretivos faz-se necessário adotar práticas de manejo considerando o tipo de solo, a cultura, o clima e o sistema de rotação.

80% do nitrogênio chegam às raízes por fluxo de massa, já 92% do fósforo fazem contato por difusão

A Lavoura - Nº 698/2013

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nova cultivar

Tangerina BRS Rainha traz boa renda ao produtor Roberto Pedroso de Oliveira e Walkyria Bueno Scivittaro Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado

A nova cultivar de tangerina tem alta produtividade, ciclo de produção tardio, é fácil de descascar e vem para ajudar na diversificação de opções de cultivares comerciais na propriedade 32

A Lavoura - Nº 698/2013


O Roberto Pedroso de Oliveira

s citros, sobretudo as laranjas, as tangerinas e os limões, são as frutas mais produzidas e consumidas no mundo, sendo importantes fontes de vitaminas (principalmente vitamina C), minerais (potássio, cálcio, fósforo, magnésio, ferro e zinco), fibras, flavonoides e de substâncias antioxidantes. No Brasil, as frutas cítricas são importantes na dieta alimentar de famílias de todas as faixas etárias e de renda.

Embora o Estado de São Paulo seja o maior produtor nacional, a produção de citros também ocorre do Amazonas ao Rio Grande do Sul. No entanto, mesmo o Brasil sendo o maior exportador mundial de suco de laranja, o país importa quantidade significativa de laranjas e de tangerinas, para consumo in natura, da Espanha, Uruguai e Argentina. As frutas são comercializadas nas principais redes de supermercados a valores que variam de R$ 2,50 a R$ 8,00 por quilo. Isso ocorre em função da existência de consumidores com maior poder aquisitivo e cada vez mais exigentes em qualidade, o que sugere viabilidade econômica para a produção de citros de mesa no país.

Demanda

A BRS Rainha é muito produtiva, podendo atingir 23t./ha/ano em plena produção

Apesar de o mercado de citros in natura estar disposto a pagar mais pela fruta, também exige qualidade e sabor diferenciado. Por isso, a demanda existente é para frutas de cultivares específicas, que sejam prioritariamente fáceis de descascar, tenham coloração intensa e uniforme da casca e da polpa, sejam sucosas, contenham poucas — ou mesmo nenhuma — semente, e possuam balanço equilibrado entre a acidez e o teor de açúcares. A Embrapa Clima Temperado vem realizando pesquisas na introdução e avaliação de citros em diferentes agroecossistemas para recomendação de cultivo no país de cultivares importadas. Além dessas pesquisas,

também trabalha no melhoramento genético por meio de seleção de cultivares decorrentes de mutação espontânea. Assim, consegue disponibilizar aos produtores cultivares de citros com as características citadas. Estes trabalhos vêm sendo conduzidos sempre em parceria com os produtores e com os consumidores, pois ambos formam o mercado. Um dos resultados do melhoramento genético foi a obtenção da cultivar BRS Rainha.

História da cultivar A BRS Rainha é uma tangerineira do grupo das bergamoteiras (Citrus deliciosa Tenore). Foi selecionada a partir de populações de plantas deA Lavoura - Nº 698/2013

33


Roberto Pedroso de Oliveira

nova cultivar nominadas pelos agricultores de Bergamota São José, Bergamota Folha Larga, Bergamota Bicuda, Bergamota Sem Raleio e Bergamota Rainha, derivadas, provavelmente, de mutações espontâneas de gema da cultivar Montenegrina.

Recomendações de cultivo O Trifoliata e os citrangeiros Troyer e Carrizo são os porta-enxertos recomendados para a produção de frutos de alta qualidade em regiões de clima temperado. Em regiões sem risco elevado de geadas, podem ser utilizados outros porta-enxertos.

Recomenda-se o raleio dos frutos para a obtenção de tangerinas de qualidade, com peso de 130g, em média

Características da nova cultivar •

Planta: medianamente vigorosa, com copa de porte médio e formato elíptico.

Ramos: quebradiços.

Folhas: pequenas, mais largas que as da Montenegrina e com coloração verde-escura.

Flores: completas, com grãos de pólen e sacos embrionários férteis.

Frutos: tamanho médio, com peso em torno de 130g; protuberância (coroazinha) no talo facilitando o descasque; casca lisa, com espessura média de 3,2 mm contendo bastante óleo; casca e endocarpo de coloração laranja intensa bem atrativa; fáceis de descascar, de sabor agradável, com balanço acidez (0,90%) e teor de açúcares (12ºBrix) diferenciado; sucosos (52%); muito aromáticos, com média de seis sementes por fruto.

Em função do porte médio das árvores, é recomendado o espaçamento de 6 m x 3 m, com pequenas variações, a depender do porta-enxerto, tipo de solo, disponibilidade de máquinas e sistema de manejo. Embora menos sujeita à alternância de produção do que a tangerineira Montenegrina, a BRS Rainha requer raleio de frutos e poda das árvores para a produção anual de frutos de alta qualidade. As plantas necessitam de condições ideais de nutrição, irrigação e manejo de pragas, doenças e plantas daninhas para alta produção. A cultivar é suscetível à rubelose e apresenta maior suscetibilidade à pinta-preta quando comparada à Montenegrina. A BRS Rainha é muito produtiva, podendo atingir 23 toneladas anuais por hectare no período de plena produção. A Embrapa recomenda o uso de sistemas de produção orgânica ou integrada, que podem perfeitamente ser desenvolvidos tanto por produtores de base empresarial, quanto familiares.

Os frutos verdes podem ser utilizados para a extração de óleos essenciais e os maduros para consumo in natura e produção de sucos. Em função do tamanho, sabor e época de maturação, apresentam potencial aceitação nos principais mercados do país. •

34

Época de produção: a maturação dos frutos é tardia. A colheita é realizada no período de agosto a novembro, podendo ser antecipada ou retardada em função das temperaturas médias da região de cultivo. Quando colhidos, os frutos podem ser conservados por mais de um mês, sob condições controladas de refrigeração. •

A Lavoura - Nº 698/2013

Informações Embrapa Clima Temperado cpact.sac@embrapa.br Tel.: (53) 3275-8100


meio ambiente

Destino correto de embalagens deixa campo mais limpo

INPEV

Brasil destina mais de 21 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas no primeiro semestre de 2013, um aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2012. Estudo encomendado pelo inpEV revela os benefícios do “Sistema Campo Limpo” ao meio ambiente

AALavoura Lavoura- -Nº Nº698/2013 698/2013 • • 35 35


Meio Ambiente

N

o primeiro semestre de 2013, o Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas), formado por agricultores, fabricantes — representados pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) —, canais de distribuição e com apoio do poder público, encaminhou para destino ambientalmente correto 21.382 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos, em todo o País. A quantidade representa um crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2012 (Veja os números no Quadro 1).

De acordo com o Instituto, que reúne 96 empresas e dez entidades associadas, os estados que mais encaminharam para a destinação final foram: Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, que, juntos, correspondem a 70% do total retirado do campo no Brasil. Já Alagoas, Rio Grande do Norte, Tocantins e Rondônia, obtiveram os maiores crescimentos percentuais no período analisado. A expectativa para o ano é destinar, de forma ambientalmente adequada, 40 mil toneladas de embalagens, contra 37.390 mil toneladas em 2012. Atualmente, 94% das embalagens plásticas primárias (aquelas que entram em contato direto com o produto) são devolvidas pelos agri­ cultores brasileiros nas mais de 400 unidades de recebimento, presentes em 25 estados e no Distrito Federal. Índices como esses colocam o Brasil na posição de referência mundial no assunto, ao destinar, percentualmente, mais embalagens plásticas do que os países que possuem sistemas semelhantes (Índice Comparativo no Quadro 2).

Ganho ambiental João Cesar Rando, diretor presidente do inpEV, afirma que o envolvimento dos quatro elos da cadeia agrícola e o funcionamento eficaz do Sistema Campo Limpo traz benefícios ambientais crescentes. De acordo com o quinto estudo de socioecoeficiência realizado pela Fundação Espaço ECO, por encomenda do instituto, entre 2002 e 2012, o sistema permitiu, por exemplo, que o país deixasse de gastar energia elétrica equivalente ao abastecimento de 1,4 milhão de casas e evitou o consumo de um volume de água equivalente a 36 milhões de caixas de água. “Esses dados mostram para a sociedade o compromisso do setor agrícola com a produção de alimentos, fibras e energia, de forma sustentável”, completa Rando.

Modelo de experiência Com base em sua experiência no Sistema Campo Limpo, o inpEV foi um dos colaboradores na elaboração da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tendo participado ativamente da discussão e elaboração da legislação. Entre os princípios nos quais o sistema se apoia, estão as responsabilidades compartilhadas, a logística reversa, a gestão integrada de resíduos sólidos e a ecoeficiência.

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A Lavoura - Nº 698/2013


INPEV

Em uma década o sistema evitou a geração de resíduos equivalentes ao gerado por uma cidade de 500 mil habitantes em três anos

As embalagens são compactadas conforme o tipo de material para posterior reciclagem ou incineração

A Lavoura - Nº 698/2013

37


INPEV

Meio Ambiente

O sistema reúne 400 unidades de recebimento e classificação das embalagens

Quadro 2 • Comparativo do volume de destinação entre países

Quadro 1 • Comparativo de embalagens destinadas Jan a Jun de 2012 x 2013 Estado

2012

2013

%

Mato Grosso

5.183

5.364

4

São Paulo

2.335

2.596

11

Paraná

2.382

2.563

8

Goiás

2.112

2.366

12

Rio Grande do Sul

1.783

1.840

3

Minas Gerais

1.754

1.829

4

Bahia

1.487

1.642

10

Mato Grosso do Sul

1.262

1.463

16

Maranhão

418

510

22

Santa Catarina

204

260

28

Piauí

180

232

30

Espírito Santo

93

141

51

Tocantins

76

136

80

Rondônia

85

136

60

9

49

418

17

48

183

173

127

(46,8)

19.552

21.382

9

Alagoas Rio Grande do Norte Outros Brasil

Fonte: inpEV

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A Lavoura - Nº 698/2013

SISTEMA CAMPO LIMPO: REFERÊNCIA COMPARATIVO DO VOLUME DE DESTINAÇÃO AMBIENTALMENTE CORRETADAS EMBALAGENS PLÁSTICAS COMERCIALIZADAS


banana

Genuinamente

brasileira

Banana certificada

AALavoura Lavoura- -Nº Nº698/2013 698/2013 • • 39 39

Divulgação SEBRAE

Grande produtora de frutas do País, a região do Jaíba-MG, ganha novo impulso com a certificação internacional inédita das fazendas que cultivam banana prata


banana

A

constante incidência de raios solares, somada às condições particulares do solo e à presença de grandes projetos de irrigação, faz da região do Jaíba, no Norte de Minas, um verdadeiro oásis da fruticultura nacional. Englobando os municípios de Jaíba, Janaúba, Matias Cardoso, Verdelândia, Porteirinha, Nova Porteirinha e Itacarambi, a localidade, considerada um Arranjo Produtivo Local (APL), gerou, em 2011, R$ 194 milhões com a atividade frutícola. Além de abastecer o mercado interno, as frutas de sabores variados são exportadas, como no caso do limão Tahiti e da manga Palmer.

A novidade é que, agora, um dos produtos mais expressivos da cultura local — a banana prata — também poderá cruzar as fronteiras e chegar às gôndolas do Velho Continente. O projeto, que conta com a participação do Sebrae Minas, possibilitou a certificação de 14 fazendas com o selo Global Gap, que estabelece normas voluntárias a produtos agrícolas em todo o mundo e permite a exportação para a União Europeia. A certificação Global Gap para a banana prata é inédita no mundo e promete potencializar, ainda mais, a profissionalização da bananicultura em Minas Gerais.

Terra Santa Com 40 anos de atividades, a fazenda Terra Santa é uma das empresas certificadas. A história da agricultura na família Lage, que hoje está à frente da propriedade, começou na década de 1970, quando o pai de Gabriel Gustavo Lage mudou-se da região do Vale do Aço para trabalhar nas obras do projeto Jaíba. “Meu pai foi criado em fazenda e já tinha conhecimento na agricultura. Ele começou no ramo de sementes e depois passou para a banana”, lembra o empresário. Em 1995, o jovem cursou agronomia para participar dos negócios. Hoje, junto à família, ele administra o grupo Banarica, que conta com 330 hectares plantados em seis fazendas. Ao todo, a Terra Santa possui 80 hectares cultivados, responsáveis pela produção anual de mais de duas mil toneladas de banana. A maior parte desse montante é vendida para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, mas, até o final do ano, a expectativa é que as frutas também sejam comercializadas em Portugal. “Exportar já era um sonho antigo”, revela Gabriel Lage. Por isso, ao ser convidado a participar do projeto que levou à certificação do Global Gap, ele não pensou duas vezes. “Muita gente não acreditou na proposta. Agora, já saímos à frente dos demais, inclusive de grandes empresas do ramo.” A certificação foi obtida em fevereiro, após o trabalho de consultoria realizado durante seis meses por técnicos do Sebrae Minas. Para receber o selo, as propriedades devem atender a diversos requisitos, como instalação de depósitos de adubo, construção de banheiros, implantação da coleta seletiva de lixo e destinação em local adaptado, sinalização do uso de defensivo agrícola, análise da água tanto para 40

A Lavoura - Nº 698/2013

Com o Selo “Global Gap” deve ser potencializada a profissionalização da bananicultura


consumo humano quanto para a irrigação, além de avaliação de resíduos e treinamentos em segurança no trabalho. “Nós já dávamos atenção à grande parte dos requisitos, mas não imaginávamos que pequenas mudanças, como a organização do almoxarifado, por exemplo, pudessem interferir na qualidade do produto. Para se ter uma ideia, nosso percentual de perda reduziu de 7% para 4%. É um número significativo quando se fala em frutas”, comenta Gabriel Lage.

Frutos consolidados Gaúcho de Pelotas (RS), o engenheiro agrícola Paulo Fernando de Gusmão também apostou na promissora combinação de fatores naturais da região do Jaíba para ingressar na fruticultura. “As frutas daqui têm uma digital sensorial. Elas são únicas no sabor, principalmente na doçura, devido às características locais”, explica. Nos 30 hectares da fazenda Curupira, que também recebeu a certificação Global Gap, além da banana prata, são cultivados coco e tangerina. O grande diferencial da propriedade é que os produtos são orgânicos, o que confere ainda mais qualidade. “Aqui reina a Lei de Lavoisier, ou seja, nada se perde, tudo se transforma. Reaproveitamos tudo”, brinca a esposa de Paulo Gusmão, Maria José Hosana de Souza. O casal acredita que esse fator será bastante valorizado quando as frutas começarem a ser exportadas. “O mercado internacional vê com bons olhos a questão dos orgânicos, e, por lá, a oferta é menor que a demanda”, ressalta o produtor.

Qualificação Para ele, a certificação, mais que abrir portas para novos mercados, está gerando uma mudança de cultura na região, principalmente no que diz respeito às relações trabalhistas. “Com os treinamentos que temos feito, os empregados passam a se ver como parte importante da cadeia produtiva. Os empresários também valorizam mais o trabalhador. É um caminho sem volta que, com certeza, vai nos ajudar a fortalecer o setor.”

Divulgação SEBRAE

Divulgação SEBRAE

Produtor de banana e mamão e tesoureiro da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Saulo Bresinski Lage reforça o discurso de Paulo Gusmão. “A consultoria para conseguirmos a certificação compreende mais

A Fazenda Terra Santa do produtor Gabriel Lage produz mais de 2 mil ton/ano

A Lavoura - Nº 698/2013

41


banana questões como higiene, segurança do trabalho e cuidados ao lidar com os frutos. É uma mudança de mentalidade.” Ele também destaca que o conhecimento adquirido no projeto pode ser aplicado no cultivo de outras frutas, o que representa um importante ganho para a qualificação da atividade na região.

Nos 90 hectares da fazenda de Saulo Bresinski, a Uirapuru, são produzidas anualmente 2.700 toneladas de banana prata e nanica, que chegam ao mercado com a marca Frutsi. Para ele, a abertura do mercado externo vai ser uma resposta para um dos principais gargalos da bananicultura. “O diferencial da nossa região é que conseguimos produzir durante o ano todo. Porém, no período da safra, a concorrência com outros estados produtores aumenta e o preço da fruta cai em mais de 50%. Com a exportação, teremos mais opções para escoar as frutas.”

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Com 2.500 produtores cadastrados, a Abanorte é a associação que representa e defende os interesses do grupo junto aos governos estadual e federal. Segundo o empresário, a parceria com o Sebrae para o projeto da bananicultura é fundamental para o fortalecimento da entidade. “As pessoas ainda são céticas e não acreditam nessas iniciativas. Creio que, a partir do momento em o primeiro grupo começar a exportar, novos produtores vão nos procurar.”

Paulo Fernando Gusmão explica que devido às características locais, as bananas são mais doces.

Do Jaíba para o mundo

Após as certificações das fazendas, o próximo passo do projeto da bananicultura do Jaíba, que ainda está em desenvolvimento, é o teste para definir a tecnologia mais adequada para ser usada na pós-colheita dos frutos destinados à exportação. “A Global Gap é o passaporte para a fruta entrar no exterior. As fazendas já estão aptas, mas como a fruta é muito perecível, devem ser feitos testes rigorosos para se garantir que ela chegue ao mercado em boas condições”, explica Cláudio Wagner de Castro, analista do Sebrae Minas. Para isso, uma amostra das frutas, doadas por produtores, foi colocada em câmaras frias para atestar seu estado de conservação. Em seguida, em parceria com a Unimontes, Universidade Federal de Viçosa e entidades que apóiam o desenvolvimento da região do Jaíba, serão feitos testes laboratoriais para verificar o impacto da tecnologia na qualidade dos produtos. Na sequência, as bananas serão armazenadas em um contêiner, ainda sem formatação definida, para que se observe a maturação ao longo de 28 dias, que seria o prazo para sua chegada à Europa após a colheita. Só na conclusão desse ciclo, que deve ocorrer até o final do segundo semestre deste ano, é que um contêiner com a banana prata será enviado para o exterior.

Bananicultura na região do Jaíba São 2.500 produtores de diversas frutas cadastrados na Abanorte. Uma média de 250 mil toneladas de bananas produzidas anualmente. Mais de 11 mil hectares plantados somente com banana prata. A região do Jaíba abrange sete municípios, o que corresponde a uma área de 10.829 quilômetros quadrados. 42

A Lavoura - Nº 698/2013

Divulgação SEBRAE

As expectativas para os novos mercados são grandes. Em janeiro, os produtores certificados participaram da Fruit Logistic, principal feira de frutas do mercado, realizada anualmente na Alemanha. Foi uma oportunidade para apresentar o produto e fazer contato com potenciais compradores. “Lá eles só conhecem a banana caturra. Levamos a prata para degustação e os visitantes acharam muito bom. Queremos colocar nosso produto nesse mercado como algo diferenciado, voltado para um público de maior poder aquisitivo”, afirma Saulo Bresinski. Já foram acertadas parcerias com mercados de Portugal que irão arcar com as taxas portuárias da primeira exportação.

Para o produtor Saulo Bresiski, com a exportação, haverá mais opção para escoar as bananas

Curiosidade A região do Jaíba, no Norte de Minas Gerais, é um verdadeiro oásis da fruticultura brasileira por causa da constante incidência do sol, das condições peculiares do solo e da irrigação.


animais de estimação

Cresce a procura

por gatos para companhia

O mercado pet possui diversos brinquedos para entreter os bichanos

A

procura por gatos como animais de estimação está cada vez maior, apesar de terem fama de ser mais distantes dos donos o que, na verdade, é mito. Isso acontece porque as pessoas costumam compará-los aos cães, que são mais agitados e insistem mais nas brincadeiras com os donos. Porém, os gatos têm seu jeito diferente de mostrar afinidade com os donos, deitando-se ao lado deles, passando a cauda cuidadosamente entre as pernas dos donos etc. Outro motivo dessa busca se deve ao fato de quem mora em apartamento procurar um animal mais silencioso e mais independente — e os gatos se enquadram neste item. Pensando na diversão desses companheiros, a Petshop. com.br, maior loja virtual de produtos para pets do país, dispõe de uma série de brinquedos divertidos para essas fofuras: Os gatinhos adoram brincadeiras com pequenas molinhas e afiar as garras. A cama gato em formato de chinelo, além de ser extremamente personalizada e quentinha, vem com um brinquedo de mola e bolinha para a diversão ficar completa. O Ratinho veloz com controle remoto é ótimo para quem gosta de interagir com seu companheiro de estimação. O ratinho é movido à pilha e ajuda na coordenação motora do animal, que quer persegui-lo. Uma das principais características dos gatos é a curiosidade. O brinquedo para gatos “Toy Box” é ótimo para eles porque, quando eles descobrem que os brinquedos e snacks estão inseridos no produto, irá estimular o instinto de procura e captura, exercitando-se e desenvolvendo a inteligência. Gostou? Então conheça mais sobre esses e outros produtos no www.petshop.com.br A Lavoura - Nº 698/2013

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INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

A importância do

manejo e da contenção para sucesso produtivo É essencial o treinamento para conhecer bem o comportamento dos bovinos, evitando, assim, situações de estresse, que prejudicam a inseminação Renato dos Santos Médico Veterinário

N

a busca por resultados reprodutivos no rebanho, é muito importante ter atenção com o manejo dos animais e encarar a inseminação com uma etapa de um processo mais abrangente, que é a fertilização. Fertilizar é diferente de inseminar. Para que o projeto tenha sucesso, é preciso planejamento desde o início — escolha do sêmen — até a inseminação em si, ato mecânico que exige apenas treinamento.

Treinamento O inseminador precisa de treinamento que o integre ao projeto, de forma que ele tenha consciência da responsabilidade de fertilizar, chamando para si todo o manejo com os animais. No caso de grandes fazendas, nas quais o inseminador fica, por necessidade, no curral, cabe a ele treinar seus terceiros no manejo do reconhecimento da vaca em cio e no manejo de conduzi-la ao curral sem agressão. É importante providenciar água e alimento de acordo com a necessidade do animal para que na chegada ao curral ele fique por um período de descanso de, no mínimo, 20 minutos, com espaço suficiente para evitar competição e 44

A Lavoura - Nº 698/2013

brigas. É preciso que a fêmea esteja tranquila na hora de ser conduzida em direção ao tronco para ser inseminada.

Hormônios O cuidado com o manejo é fundamental, pois o desempenho normal da função reprodutiva depende totalmente da ação dos hormônios, e a produção desses hormônios sofre influência direta do estresse. Quando um animal é mantido em ambiente inadequado, seu organismo desencadeia uma série de reações hormonais na tentativa de restabelecer o equilíbrio orgânico, chamado de homeostase. Em situações agudas, o HHA (hipotálamo) libera adrenalina, noradrenalina e catecolaminas, as quais desencadeiam reações adrenérgicas imediatas, verificadas em situações emergenciais (fight-orflightsyndrome), causando mudanças em quase todo o sistema endócrino.

Reação rápida A adrenalina é secretada para promover o fornecimento rápido de energia (aumento da glicemia), com aumento dos batimentos cardíacos, da taxa respiratória e circulação. Seus efeitos são bastante drásticos, por isso os níveis séricos precisam diminuir rapidamente. Neste instante, a fêmea para de produzir os hormônios da reprodução que possibilitam a fertilização e ou a implantação do ovo no útero. Ou seja, seus efeitos são bastante drásticos e todo esse processo prejudica o resultado da inseminação. Por isso, a condução dos animais para a seringa, brete e tronco deve ser feita por peão que conheça comportamento e temperamento dos bovinos, e evite situações que causem estresse.

Tronco de contenção O uso correto do tronco de contenção para inseminação é outro fator de grande importância para o sucesso da fertilização. De acordo com o veterinário, a contenção em tronco deve ser feita com calma para que o equipamento não


Beckhauser Troncos e Balanças

O peão que irá conduzir os animais para a seringa, brete e tronco precisa conhecer o comportamento dos bovinos para evitar situações de estresse

Beckhauser Troncos e Balanças

fique marcado na memória da fêmea bovina como local a ser evitado por lembrar ansiedade, medo, dor ou agressão. Se houver a necessidade de acionar as peças de contenção (pescoço e vazio), isso deve ser feito com o animal parado para não lesionar ou causar dor. Nesse tipo de trabalho, a pressa será, certamente, um fator causador de estresse. Vacas que, mesmo no Programa Intensivo de Inseminação em Tempo Fixo (IATF), não aceitem a condução tranquila, deverão ser destinadas à cobertura natural, diminuindo a perda de sêmen e aumentando a possibilidade da fertilização.

Retorno econômico À primeira vista, essas recomendações podem parecer aos produtores e técnicos uma preocupação excessiva e dispendiosa, mas, certamente, eles se surpreenderão com os benefícios que essa mudança de atitude trará à rotina de trabalho, às pessoas envolvidas no manejo dos animais e, principalmente, com o retorno financeiro que será agregado em termos de percentual na fertilização com sêmen. Economicamente, o mérito reprodutivo é considerado cinco vezes mais importante que o desempenho de crescimento, e dez vezes mais relevante que a qualidade final

A contenção no tronco para inseminação deve ser feita com calma para que a fêmea não tenha medo do equipamento nos próximos procedimentos

do produto. No Brasil, essa relação é maior do que 300 vezes para os sistemas de produção de bovinos de corte em regime exclusivo de pastagens. Diante disto, a melhoria do sistema de produção de carne bovina brasileira passa, necessariamente, pela melhoria no manejo reprodutivo e nos processos de seleção para características reprodutivas. A Lavoura - Nº 698/2013

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Um patrimônio desprezado

Q

uem percorre hoje o País, com suas enormes áreas cultivadas e vastas regiões degradadas e ainda subutilizadas, dificilmente poderá visualizar como ele era desde o Descobrimento e até meados do Século 19. Um dos mais significativos testemunhos dessas paisagens perdidas nos é dado pelo naturalista francês Augustin François de Saint-Hilaire quando, em 1818, percorreu o rio Doce: “O rio corre mansamente entre as florestas escuras em ambas as margens. Completa calma reina em toda a natureza e o silêncio só é perturbado pelo cantar dos grilos e o ranger dos remos. Tamanha área selvática é algo imponderável: sinto-me humilhado em face de tão poderosa natureza. Minha imaginação se assusta quando penso que a floresta à nossa volta, de tão imensa dimensão, se estende para o norte, além do rio Belmonte; ocupa todo o leste da província de Minas Gerais e cobre, sem interrupção, as províncias do Espírito Santo, Rio de Janeiro e a maior parte de São Paulo.”

Ainda até meados do século passado, colossais extensões de ecossistemas naturais existiam em todo o território nacional. A região da Mata Atlântica, acima descrita por Saint-Hilaire, onde fora efetuada a introdução da civilização europeia e na qual mais se desenvolvera o País, já mostrava grandes porções de terras totalmente antropizadas, mas enormes áreas de florestas ainda eram vistas no interior dos estados sulinos e nos da região Sudeste. Mesmo da Bahia, para o norte, onde se iniciara o processo de colonização das terras brasileiras, também havia remanescentes consideráveis de pujantes matas litorâneas. No restante do País, o Cerrado, a Amazônia e o Pantanal conservavam-se quase intocados, com atividades humanas meramente pontuais. A precária rede de ferrovias e de estradas limitava a penetração do homem e impedia as pressões sobre a natureza. A grandiosidade dessas paisagens desaparecidas é quase inimaginável na atualidade, mas sua imagem perdura vívida na memória daqueles poucos sobreviventes atuais que tiveram a ventura de contemplá-las. Tal riqueza, aparentemente então quase infinita e eterna, não estimulava a criação de áreas naturais protegidas. Para quê criá-las, se tudo havia em tanta abundância? Este sentimento, lógico segundo a realidade da época, fez com que até 1950 somente três parques nacionais houvessem sido decretados, os de Itatiaia, Iguaçu e Serra dos Órgãos, todos criados mais por razões paisagísticas do que para proteção da biodiversidade, palavra que então sequer havia sido inventada. O desenvolvimento rápido do País havido posteriormente, somado a um aumento explosivo da população humana após aquela data, em larga medida destruiu a natureza e tornou crítica a necessidade da existência de áreas naturais protegidas, para que amostras da pujança primitiva e dos ecossistemas nela contidos fossem preservadas. Tal realidade, que não demonstra indício de arrefecimento, faz com que as unidades já existentes, particularmente as denominadas “de proteção integral”, tenham se tornado preciosas ilhas de biodiversidade engastadas em ambientes cada vez mais alterados e biologicamente empobrecidos. As regiões hoje mais degradadas, principalmente a Mata Atlântica e o Cerrado, vivem os últimos anos em que será possível salvar para a posteridade fragmentos ainda realmente significativos de seus riquíssimos biomas, mas as iniciativas neste sentido ainda enfrentam as resistências dos interesses econômicos contrariados e os desconhecimentos de uma sociedade mal esclarecida. Os relativamente recentes acontecimentos durante a criação de áreas protegidas em Santa Catarina e no Paraná, nos exíguos remanescentes da outrora 46

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imensa floresta de araucária, exemplificam essa incompreensão generalizada da importância de preservarem-se permanentemente amostras expressivas da riqueza biológica da Nação. As áreas sob proteção integral são bancos genéticos nos quais repousam as esperanças de viabilizar a continuidade de uma rica evolução futura da vida. Fora delas, o patrimônio genético existente, ainda que econômica e socialmente de indiscutível importância, é imensamente empobrecido em relação ao dos ecossistemas naturais que substituem. Se outras razões não houvesse para proteger tais áreas cuidadosamente, isto seria bastante para justificar quaisquer esforços da sociedade para estabelecê-las e defendê-las. Infelizmente, as sucessivas administrações do País, em nível federal, estadual e municipal, no que pesem episódios espasmódicos de criação de novas áreas protegidas, não demonstram bom entendimento desse fato básico. Embora novas áreas estejam sendo lentamente criadas, algumas com vasta extensão e muitas delas na Amazônia, faltam cronicamente recursos materiais e humanos para fiscalizá-las, pesquisá-las e administrá -las adequadamente. O tempo passa, os ecossistemas naturais vão sendo gradativamente eliminados, as oportunidades se esvaem. É urgente mudar-se esse quadro, no qual ressalta o pouco apreço da sociedade, como um todo, pelo tesouro biológico, científico e estético que ela possui. Há que se fazê-la consciente do imenso valor desse extraordinário patrimônio insubstituível que, com o passar dos anos e com a crescente degradação ambiental do planeta, tornar-se-á cada vez mais precioso. Ibsen de Gusmão Câmara

Presidente


Citações “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que diz respeito ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.” Este comentário irônico de Albert Einsten encerra uma realidade. O ser humano, que orgulhosamente se autointitula Homo sapiens, no que pese seu poder extraordinário de desvendar os segredos do mundo à sua volta e de gerar inventos de extrema complexidade, na verdade, como espécie, está destruindo cegamente as condições de sua própria sobrevivência no único lar que pode abrigá-lo, o planeta Terra. Nenhum outro ser vivo já fez ou faz semelhante coisa por longo tempo. Não há nenhuma possibilidade física de que o homem possa algum dia colonizar permanentemente outro planeta, neste ou em qualquer outro sistema solar. Se algum dia puder estabelecer-se na Lua, em Marte ou em algum asteroide maior, únicos astros nos quais poderá permanecer vivo por algum tempo, o será apenas temporariamente, em face de suas próprias necessidades biológicas. E se, numa hipótese absurda, lograsse colonizá-los, é provável que passasse imediatamente a poluí-los e degradá-los, como, aliás, já vem fazendo com o lixo de seus artefatos interplanetários.

Natureza em perigo Um dos psitacídeos mais vistosos endêmicos do Brasil é a ararajuba, ou guaruba (Guarouba guarouba), que habita exclusivamente a Região Amazônica, desde as margens do Tapajós até o oeste do Maranhão, e partes de Mato Grosso e Rondônia. Hoje só é encontrada nos remanescentes florestais bem conservados dessas regiões. Há relatos de sua presença no Nordeste, mas eles nunca foram realmente confirmados. É um papagaio de porte médio com uma coloração única, verde e amarela, que lhe valeu ter sido proposto pelo saudoso ornitólogo Helmut Sick para ser a ave nacional do Brasil, infelizmente perdendo tal denominação para o sabiá, que não é tão vistoso, nem caracteristicamente brasileiro. A ararajuba está protegida em pelo menos seis unidades de conservação amazônicas, mas as populações situadas no “arco do desmatamento” no oeste do Maranhão e leste do Pará foram dizimadas pela perda de seu hábitat e pela captura para o comércio ilegal de espécies selvagens, embora aparentemente inexista ainda comércio internacional dessa ave. A ararajuba se reproduz bem em cativeiro, o que é um fator favorável para a sua sobrevivência e eventual repovoamento futuro nas áreas de seu hábitat natural nas quais já desapareceu. Ela consta da lista internacional das espé-

cies ameaçadas (IUCN) na categoria de “Em Perigo” e na do Ministério do Meio Ambiente como “Ameaçada”.

Aumenta o número de espécies ameaçadas A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) revisou a sua lista de espécies ameaçadas em todo o mundo e concluiu por acrescentar a ela mais 700, agora totalizando 20.934 espécies. Este número, já bastante elevado, não representa de fato uma avaliação de todas as espécies existentes, mas apenas daquelas cujos conhecimentos atuais permitem efetuá-la. Verificou-se na revisão que as condições das coníferas – pinheiros, ciprestes, sequoias, abetos etc. – agravaram-se seriamente e que 34% delas estão ameaçadas de extinção. Dentre elas, o nosso pinheiro-do-paraná (Araucária angustifolia), considerado “Criticamente Ameaçada”, cuja área de distribuição natural foi reduzida drasticamente nos últimos anos. O botânico Carlos Joly, da Universidade Federal de Campinas, acredita que até o fim deste século a espécie poderá estar extinta na natureza. Outras duas coníferas brasileiras também foram incluídas, ambas denominadas de pinhão-bravo (Podocarpus sellowii e Podocarpus transiens). As coníferas englobam certas árvores colossais, como as sequoias, e também algumas das mais longevas; uma espécie de pinheiro (Pinus longaeva) tem exemplares vivos com a idade de aproximadamente 5.000 anos. Outra espécie constante da nova lista, também ameaçada e pertencente à fauna brasileira, é o porco-do-mato queixada (Tayassu pecari), habitante das Américas do Sul e Central, cujas populações reduziram-se mais de 80% no México, Costa Rica e Guatemala, e que está desaparecido de muitas áreas onde antes existia, inclusive no Brasil. Fonte: IUCN Red List

O esforço de pesca aumenta no mundo, mas as capturas diminuem Um estudo levando em conta o esforço de pesca e o resultado das capturas indicou que em todos os oceanos os estoques estão decrescentes. Desde 1950, a capacidade de captura das frotas pesqueiras aumentou dez vezes, sendo que na Ásia ela foi multiplicada por 25. Não obstante, as capturas por unidade de capacidade de pesca reduziu-se à metade no mesmo período. Tais dados indicam alterações significativas nas populações da fauna e no ambiente marinho durante esse tempo. Fonte: Fish and Ficheries (2012)

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Debate-se a criação de um novo Parque Nacional Marinho O Arquipélago de Alcatrazes, no litoral de São Paulo, composto por 13 ilhas, é motivo de proposta para constituir um novo Parque Nacional Marinho. A sugestão foi debatida, em Brasília, numa audiência publica na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara de Deputados. O Ministério do Meio Ambiente é favorável à criação do parque, devido à sua importância biológica e, ainda, por sua beleza, por conter espécies endêmicas - como a jararaca-de-alcatrazes e a perereca-de-alcatrazes - e por constituir um importantíssimo berçário de aves marinhas. A proteção rígida das águas circundantes, além de preservar um elevado número de espécies marinhas locais, contribuirá para repovoar os estoques pesqueiros em toda a região, beneficiando a pesca. Na área já existem outras unidades de conservação menos restritivas, como a Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte, gerida pelo Estado de São Paulo, com a qual o parque proposto fará limite, possibilitando assim a criação de um mosaico de unidades e, consequentemente, melhor proteção de toda a área. Um costão rochoso de uma das ilhas do arquipélago tem servido há longo tempo para exercícios de artilharia da Marinha, que já se dispôs a transferir a raia de tiro para outra região. A proposta de criação do parque se coaduna com o compromisso internacional do País de proteger 10% de suas águas jurisdicionais. Fonte: Boletim da Soc. Bras. Silvicultura, 19-06-2013

Aquecimento global e aumento de chuvas Baseando-se em observações feitas em 8.326 estações meteorológicas de todo o mundo, cientistas australianos realizaram estudo que confirma a probabilidade de intensificarem-se as chuvas catastróficas, com o aumento da temperatura no mundo. Mesmo com um aquecimento inferior a 1°C, as chuvas intensas já aumentaram 15% nas regiões tropicais, e avalia-se que poderão incrementar entre 30% a 60% nas próximas décadas. Se a temperatura crescer 2° a 3° C, como se espera, as regiões tropicais da América Latina experimentarão com

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frequência chuvas catastróficas, segundo o cientista Seth Westra, da Universidade de Adelaide, na Austrália, afirmando em artigo publicado em junho na publicação Journal of Climate que o vínculo entre as mudanças climáticas e as chuvas extremas “está claramente estabelecido”. Se não houver uma redução acentuada das emissões de dióxido de carbono (CO2) e de outros gases do efeito estufa, calcula-se que o aumento de 2° C ocorrerá entre 2030 e 2040. Acredita-se que nas zonas tropicais a natureza poderá constituir a melhor solução para atenuar as consequências do aumento de pluviosidade, mediante o uso de florestas e pântanos para absorver as chuvas fortes e reduzir o rápido escorrimento das águas. Fonte: Boletim da Soc. Bras. Silvicultura, 01-07-2013

Informação online sobre as espécies existentes O projeto de organizar-se uma base de dados online com informações sobre cerca de um milhão e novecentas mil espécies já identificadas pela Ciência alcançou a marca de um milhão, com a inclusão de milhares de imagens e informações fornecidas pelo Museu de História Natural da Instituição Smithsonian. Mais de 200 colaboradores já contribuíram para a chamada Enciclopédia da Vida, iniciada há cinco anos com 30.000 páginas. Logo após essa marca ter sido atingida, outra ampla base de dados foi lançada, como uma ferramenta interativa para permitir analisar-se a biodiversidade mundial. O denominado Mapa da Vida inclui um web system de mapas que integra diferentes tipos de dados sobre os vertebrados, e que permite aos usuários visualizar a distribuição geográfica conhecida de todas as espécies. Fonte: Encyclopedia of Life Press Release (2012)

A natureza pode ensinar ao homem como melhor absorver o dióxido de carbono A capacidade de os ouriços marinhos absorverem dióxido de carbono para formação de suas carapaças poderá servir de modelo para dar melhor destino às enormes emissões de CO2 pelas usinas térmicas de geração de energia. Nos tempos presentes, as mais frequentes propostas para


eliminação deste gás da atmosfera são: retirá-lo das emissões e bombeá-lo para armazenamento subterrâneo permanente em poços de produção de petróleo abandonados ou em formações geológicas adequadas; ou então solidificá-lo mediante conversão em carbonato de cálcio ou carbonato de magnésio, com o uso de uma enzina cara, denominada anidrase de carbono. Uma descoberta fortuita mostrou que os ouriços usam o metal níquel para a formação de suas carapaças calcárias. À vista desse fato, espera-se que possa ser desenvolvida uma tecnologia para usar esse metal no lugar da enzina, o que seria uma opção muito mais barata para a fixação do carbono. Fonte: BBC News

Agrava-se a devastação dos elefantes Em um dos parques do Gabão, que há tempos mantinha a maior população de elefantes da-floresta (uma das duas espécies de elefantes africanos), mais de 11.000 elefantes foram ilegalmente abatidos para comercialização do marfim, na sua maioria nos últimos cinco anos. Durante os últimos quatro anos, no Quênia, mais de 1.000 elefantes–da-savana, a outra espécie africana, foram sacrificados somente em uma das suas populações isoladas, justamente a maior do país. A República Central Africana, nas ultimas três década, perdeu 95% de seus 35.000 elefantes e, desde 2005, 85% dos 4.000 do Chad foram abatidos. Avaliase que somente em 2011 tenham sido sacrificados na África, pela caça ilegal, 25.000 elefantes. E o morticínio absurdo, motivado pelo alto valor do marfim, continua, apesar do aumento de fiscalização.

e que contaram com alguns recursos desviados daqueles destinados às reconstruções decorrentes de danos por terremotos. A publicação afirma que são falsas as alegações do governo japonês de que a “pesca científica de baleias” está gerando “importantes informações” para seu melhor conhecimento. A Comissão Internacional para a Pesca da Baleia confirmou, em 2006, que tais pesquisas deixaram de atender a qualquer de seus objetivos científicos declarados. Em contraste com a moribunda indústria baleeira, a modalidade de turismo voltado para a observação de baleias, conhecida como whale watching, está se tornando um importante negócio no Japão, como também ocorre em muitos outros países, e cresce no ritmo de 6,4% ao ano. Fonte: Oryx, 04-2013

Desde 2006, a matança ilegal desses soberbos animais intensificou-se na África, aparentemente devido ao aumento do poder aquisitivo dos chineses e tailandeses, que muito apreciam objetos de marfim e estão com crescente demanda. Outros países da Ásia também consomem grandes quantidades do precioso material. Em Cingapura, recentemente foram apreendidos, de uma só vez, 1.800 quilos, correspondentes a 1.099 defesas, significando pelo menos 550 elefantes. Em 1979, a população total de elefantes na África era de 1.300.000. Em 2007, estava reduzida a um número entre 472.000 e 690.000. Há poucos séculos antes, avalia-se que ela atingia vários milhões. Várias fontes.

A indústria da pesca de baleias do Japão encontra-se em declínio Um relatório sobre a indústria japonesa de pesca de baleias mostra que ela só subsiste devido ao forte subsídio governamental e ao declínio no consumo de carne de cetáceos pela população do país. Esse relatório, preparado pelo Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, juntamente com agências japonesas, avalia que esses subsídios, por parte do Ministério da Agricultura ao longo de 25 anos, custaram aos contribuintes mais de 30 bilhões de yens,

CONSELHO DIRETOR Presidente Ibsen de Gusmão Câmara Diretores Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho Conselho Fiscal Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin Suplentes Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond A Lavoura - Nº 698/2013

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Aviação agrícola

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Programa inovador irá

certificar setor

Stockxpert

Melhorar a qualidade das aplicações aéreas de defensivos, reduzindo os riscos de danos ao meio ambiente, é o objetivo do programa de certificação da aviação agrícola

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aviação agrícola

O

programa de certificação da aviação agrícola, que estará disponível ao mercado neste segundo semestre do ano, abrange tanto empresas de aviação agrícola como os chamados operadores aeroagrícolas privados (proprietários de terras ou cooperativas de produtores que têm seus próprios aviões). Tanto as entidades quanto os responsáveis pelo desenvolvimento do programa apostam em uma ampla adesão do setor. Desenvolvido em parceria por pesquisadores Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU), conta com apoio do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e da Associação Nacional de Defesa do Vegetal (Andef ). Sua gestão ficará a cargo da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf ), entidade sem fins lucrativos ligada à FCA/Unesp, com sede em Botucatu/SP.

Níveis de avaliação O sistema de certificação foi concebido para ser aplicado em três níveis. O primeiro avalia toda a documentação e os aspectos legais da operação. Será preciso comprovar que a empresa ou o operador atua em conformidade com a legislação e a regularidade de sua situação junto a órgãos competentes como Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entre outros.

A conformidade de equipamentos e instalações é o terceiro e último nível de certificação. Para obtê-la, a empresa ou operador deverá comprovar a conformidade, a funcionalidade e a qualidade dos equipamentos de pulverização e das instalações utilizadas, a partir de uma inspeção realizada a campo.

Ganhos de qualidade “Trata-se de uma demanda antiga da área. Por se tratar de um programa privado de certificação, esta ação aponta para o caminho da autorregulamentação do mercado de pulverizações aéreas, como já ocorre em diversos segmentos da sociedade. E o fato de ser operacionalizado por universidades públicas, confere a necessária credibilidade e imparcialidade ao processo”, explica o professor Ulisses Rocha Antuniassi, da FCA/Unesp, coordenador geral do programa. “O processo de certificação aeroagrícola seguramente levará a um aumento da qualidade nas aplicações aéreas de produtos fitossanitários e isso resultará na manutenção da qualidade dos alimentos e, principalmente, na redução dos impactos ambientais. Desta forma, a sociedade em geral terá um grande ganho”, avalia o professor João Paulo Rodrigues da Cunha, da UFU, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do programa. “A proteção das lavouras mediante o uso de produtos fitossanitários é muito importante por razões técnicas e sociais. No entanto, a sociedade demanda maior qualidade nas aplicações desses produtos. E a Universidade precisa atender a isso, por meio de projetos de pesquisa ou de extensão”, complementa Cunha. 52

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Castor Becker Júnior

O segundo nível permite a certificação da qualificação tecnológica do participante. Ela será alcançada através da aprovação, com frequência mínima e desempenho satisfatório, no curso de capacitação denominado Qualidade técnica e responsabilidade ambiental na aplicação aérea. Está previsto que o curso seja oferecido em dois módulos — Qualidade da tecnologia de aplicação e Planejamento e responsabilidade ambiental, com uma carga total de 16horas/aula.

Padrões de qualidade A adoção de padrões de qualidade para as atividades aeroagrícolas é ressaltada pelo professor Wellington Pereira Alencar de Carvalho, da UFLA, também responsável pelo desenvolvimento do programa. “A certificação possibilitará melhorias desde o controle das gotas geradas e dos volumes aplicados até a identificação e verificação das condições ideais de aplicação, com uma análise técnica das interferências das condições ambientais nas


O processo de certificação aeroagrícola aumentará a qualidade das aplicações aéreas de produtos fitossanitários

aplicações. Além de um incremento na segurança, a certificação vai resultar também no aumento da credibilidade da atividade aeroagrícola”. Carvalho ressalta ainda que “a transferência de conhecimentos gerados nas universidades e instituições de pesquisa vai gerar ganhos adicionais, pela troca de experiências entre os segmentos envolvidos”. “Queremos que tanto aplicadores como produtores utilizem os produtos de forma certa e quando necessários. Tudo isso pode ser feito com as melhores técnicas e tecnologias disponíveis. Nossa expectativa é que o programa atinja todos os aplicadores aeroagrícolas do país, pois ajudará a todos, pessoas, produtores, técnicos, meio ambiente, campo e governo”, afirma José Annes Marinho, gerente de Educação

da Andef. “Acreditamos que a certificação dos operadores vai melhorar a qualidade dos serviços prestados e a segurança ambiental, gerando maior credibilidade na sociedade em relação à pulverização aérea”, diz Nelson Paim, do Sindag. “Vamos trabalhar para o convencimento de todos os operadores. Esperamos que o programa tenha uma grande adesão”, complementa.

Curiosidade Trata-se de um programa privado de certificação, que caminha para a autorregulamentação do setor A Lavoura - Nº 698/2013

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Sociedade Rural Brasileira defende fortalecimento do Ministério da Agricultura

SRB defende maior participação privada no seguro agrícola

André Oliveira

Presidente Cesario Ramalho da Silva defendeu a proposta de um seguro rural com custos partilhados entre produtores, governo, agroindústrias e seguradoras.

Cesario Ramalho: maior envolvimento do setor privado na universalização do seguro rural

Em audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária — CRA do Senado Federal —, Cesario Ramalho da Silva apontou a necessidade de maior envolvimento do setor privado no processo de universalização do seguro rural no Brasil. Para Ramalho, a solução passa por um seguro com custos partilhados entre produtores, governo, agroindústrias e seguradoras. Conforme observou, a reformulação do seguro está entre as prioridades da agricultura brasileira, especialmente diante dos impactos das mudanças climáticas sobre a produção rural. Para o ex-ministro da Agricultura Allyson Paolinelli, que preside a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), a situação atual de falta de proteção à produção agrícola mostra que o governo não tem competência para cuidar do seguro rural. Segundo ele, o agronegócio sofre com a falta de uma política pública permanente, restando como saída o maior envolvimento da iniciativa privada. Um dos idealizadores da gestão partilhada do seguro rural, Paolinelli garante que a proposta não acarretará novos custos para os produtores. Segundo explicou, segue modelo adotado na Espanha, onde, no fim de cada ano, as seguradoras publicam o balanço do seguro rural e depositam 15% do lucro líquido no fundo de catástrofe e, em contrapartida, o governo deposita o equivalente. No Brasil, há lei criando fundo semelhante, mas ainda não está operando. “Queremos sair de um programa oficial para um regulado pela lei de mercado. Sem o fundo de catástrofe, o custo do seguro rural para o produtor vai continuar em torno de 11% (do valor do prêmio),” frisou Paolinelli. Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367 - 19º andar - Anhangabaú - Centro CEP: 01409-000 - São Paulo - SP Tel: (11) 3123-0666 . Fax: (11) 3223-1780 . www.srb.org.br Jornalista responsável: Renato Ponzio Scardoelli

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Para presidente Cesario Ramalho da Silva, o Ministério da Agricultura precisa retomar sua representatividade no governo federal para que o agronegócio cresça e solucione rapidamente seus entraves O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesario Ramalho da Silva, afirmou, durante o Fórum Nacional de Agronegócios, que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento precisa retomar sua representatividade no governo federal para que o agronegócio cresça mais e solucione rapidamente seus entraves. “O Ministério da Agricultura está completamente desestruturado. Tem perdido importância política, autonomia e precisa com urgência retomar poder”, declarou. Ele disse que não há nada contra o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, mas ressaltou que a pasta “perdeu interlocução no Palácio do Planalto e na Casa Civil”. Ramalho também citou que o Ministério “perdeu” dois dos principais nomes técnicos do agronegócio: Célio Porto (secretário de Relações Internacionais) e Ênio Marques (secretário de Defesa Agropecuária). “Eles foram trocados por pessoas não inseridas no contexto da agricultura e por causa de questões políticas”, falou. Ramalho ainda informou que, além das pessoas, o Ministério vem perdendo recursos. “No seguro rural, cerca de R$ 4 milhões da subvenção governamental que cabe às seguradoras — valores relativos, ainda — ao Plano Safra do ciclo passado não foram liberados. Neste ano, o volume represado chega a aproximadamente R$ 138 milhões”, esclareceu.


Pesagro-Rio

Sementes: rumo à independência

C

om um punho bem fechado sobre as propriedades rurais, do qual nada cai, o oligopólio das indústrias de sementes, concentradas e consolidadas num punhado — vale a redundância — se converteu num dos maiores riscos para o desenvolvimento das sementes orgânicas. Com seu poder de mercado, esse punhado de multinacionais melhoram, produzem, processam e comercializam sementes de alta qualidade, em sua maioria atreladas a um pacote que agrega o respectivo insumo a ser utilizado. As pesquisas são protegidas pelo registro da propriedade intelectual e o investimento financeiro recompensado pelo pagamento de royalties. Por sua vez, a agricultura orgânica utiliza métodos convencionais de melhoramento genético, respeitando a integridade das plantas, os princípios da agroecologia e do cultivo orgânico, trabalhando germoplasma adaptado às condições locais. Os métodos de melhoramento de populações evitam variedades híbridas e sintéticas. Na produção orgânica, o melhoramento no nível celular é rejeitado.

Sylvia Wachsner

A partir de dezembro de 2013, para que um alimento possa ser certificado como “orgânico” no Brasil, torna-se

Crescente demanda por orgânicos exige maior variedade de sementes

Sementes crioulas ainda são insuficientes

obrigatório o uso de sementes, exclusivamente orgânicas, que não produzimos. Temos sim, sementes crioulas, que ficam nas mãos dos pequenos produtores rurais, e contêm características genéticas diferenciadas. “É um material com uma riqueza nutricional e funcional, pois ajuda a preservar a biodiversidade”, constata Irajá Ferreira Antunes, da Embrapa Clima Temperado. As sementes crioulas, trocadas entre os agricultores familiares e comercializadas, ainda são insuficientes para atender a demanda da produção orgânica brasileira, que continua a depender das sementes convencionais. Não é só uma resposta rápida do governo — que acalme a angústia dos agricultores e permita o planejamento da produção orgânica — que é solicitada, mas investimentos em toda a cadeia de produção dos materiais de multiplicação vegetal. Da pesquisa ao melhoramento genético em entidades públicas, universidades, viveiros, passando pela participação dos governos estaduais e municipais, que incrementem as variedades de sementes orgânicas e com boas características de produtividade, abre-se um extenso leque de oportunidades. Os agricultores requerem mais opções que permitam atender à crescente demanda por alimentos orgânicos, acesso a um sistema mais diverso de variedades de sementes, aumento no número de empresas e entidades participantes. Precisamos desenvolver tecnologia brasileira na produção de material de multiplicação vegetal, assim como alternativas de insumos. No podemos depender de um oligopólio que reduz a genética disponível aos agricultores e se protege com patentes e poderosos advogados. Necessitamos incrementar a liberdade de escola. Sylvia Wachsner

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Cana-de-açúcar

Bactérias

CDN Comunicação Corporativa

do bem

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Unica

Os melhores resultados dos experimentos foram obtidos em solos de baixa fertilidade

A utilização de bactérias diazotróficas na redução do uso de adubos nitrogenados, uma tecnologia estudada há mais de 50 anos e amplamente aplicada em lavouras de grãos, voltou a ser pesquisada para ser aplicada em lavouras de cana-de-açúcar.

O

s resultados de campo demonstram que nas diferentes regiões do Brasil é possivel melhorar a utilização — ou mesmo reduzir — a adubação nitrogenada em canaviais que receberam as bactérias diazotróficas, sem perda de produtividade.

sentar uma economia bastante significativa para o país, maior produtor mundial de cana.

Em alguns locais, especialmente com a utilização em variedades selecionadas para solos restritivos, o aumento é de 10%, em média, de produtividade da cana-de-açúcar, já que as bactérias ajudam no desenvolvimento da cultura, produzindo reguladores de crescimento e outros compostos que ajudam no estabelecimento do estande e na produção de raízes.

Autorização

A pesquisa visa à redução de até 50% na utilização de adubos nitrogenados, mas não a substituição total. De qualquer forma, poderá repre-

Atualmente, a pesquisa aguarda a autorização do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a produção do inoculante pela indústria. Depois disso, o produtor terá à sua disposição um produto que A Lavoura - Nº 698/2013

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O inoculante promove a fixação de nitrogênio e raízes maiores

Verônica Reis

Banco de imagens da Petrobras

Cana-de-açúcar

A propagação por gemas exigiu novas pesquisas

Aplicação Verônica Massena Reis, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, responsável pela pesquisa, explica que as bactérias que fixam nitrogênio foram selecionadas para a aplicação em soja, feijão, amendoim, entre outras, e que, a partir de 2010, o País começou a comercializar um inoculante também para cereais, como o milho. “No Brasil, não há produto selecionado para a cana-de -açúcar, cuja propagação é por gemas”, ensina. Segundo ela, a pesquisa precisou ser iniciada do zero, pois “não existia memória ou outras experiências. Além disso, os experimentos a campo consideraram o ciclo de, pelo menos, quatro anos de cultivo”, relata a pesquisadora. 58

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Segundo Verônica Reis, a Embrapa conta com um banco de mais de 8.000 isolados depositados ao longo de 40 anos de história. O estudo realizado na Embrapa Agrobiologia foi justamente selecionar as melhores bactérias para a aplicação na cultura da cana-de-açúcar em testes feitos com diversas espécies, ao longo dos últimos 25 anos.

Bactérias do bem O produto resultante é uma mistura de cinco espécies diferentes denominadas de “bac­­térias do bem”, isto é, bactérias que promovem o crescimento sem causar doença ao vegetal — como são chamadas por Verônica Massena. E todas são brasileiras. As bactérias não são modificadas geneticamente e vivem nas raízes, folhas ou colmos da própria cana. Criadas separadamente, elas atingem pleno desenvolvimento entre 24 a 48 horas, quando são coletadas e misturadas a um produto inoculante, que as mantém vivas e ativas. Misturadas com água, estão prontas para a aplicação, esclarece a pesquisadora da Embrapa.

William Pereira

favorece não só a fixação biológica de nitrogênio, mas o crescimento das raízes da planta, proporcionando uma maior exploração e melhor aproveitamento de nutrientes pela cultura. É uma dupla troca: a planta fornece proteção e carbono e a bactéria a fixação biológica de nitrogênio e de reguladores de crescimento.

O inoculante é resultado de mistura de cinco “bactérias do bem”

Diferença do desenvolvimento de raízes, com e sem inoculante

Informações Embrapa Agrobiologia www.cnpab.embrapa.br Tel.: (21) 3441-1500 A agrônoma alerta, no entanto, que o produtor deve tomar cuidado na aplicação do inoculante, que deve ser mantido em locais frescos e aplicado uma dose contendo as cinco bactérias, misturada em cerca de 200 litros de água por hectare. “Os melhores resultados foram obtidos em solos de baixa fertilidade e utilizando cultivares adaptados a estas condições”, finaliza.


Acervo Leb

TECNOLOGIA

Drones: voando para novos horizontes Veículo aéreo não tripulado será empregado em estudos de agricultura de precisão

As imagens captadas revelam detalhes importantes para a tomada de decisão dos agricultores

O

s veículos aéreos não tripulados (VANTs), ou drones (zangão, em inglês), como ficaram popularmente conhecidos, foram criados para fins militares, sendo empregados em ações de espionagem, patrulhamento e apoio em artilharia. Na última década, no entanto, registrou-se o aumento do uso civil dessa ferramenta. Na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), pesquisadores do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) mostram que os drones também podem ser aliados da ciência. Rubens Duarte Coelho, docente do LEB, coordena um projeto de pesquisa que contempla a introdução desta nova tecnologia. “Com os drones abrem-se novos horizontes para a Agricultura de Precisão nas áreas de produção agrícola no Brasil”. A utilização de veículos aéreos não tripulados tem despertado atenção em diversos segmentos da sociedade. No caso do setor agrícola especificamente, a grande vantagem é a precisão com que se pode detectar e monitorar grandes áreas quase em tempo real. “É uma realidade de sensoriamento remoto nunca antes imaginada, com alta definição e alta frequência de captura das imagens aéreas”, explica Duarte Coelho.

Paralelo Para se ter uma ideia do que isso significa, Coelho faz um paralelo com o novo satélite Landsat 8, lançado pelo governo norte-americano em fevereiro de 2013. Segundo o docente, a frequência de aquisição de imagens em uma mesma área deste satélite é de 16 dias quando as condições climáticas permitem, sendo que o horário de captura das imagens é fixo, às 10h. Cada pixel da imagem do Landsat 8 nas bandas espectrais vermelho, azul e verde representa uma área de aproximadamente 900 m2, sendo que na imagem termal (infravermelho) cada pixel representa cerca de 10 mil m2. Com a utilização do drone voando a uma altitude 300 m — limite máximo de altura autorizado para voo não tripulado — com câmeras especiais multiespectral/térmica acopladas, tem-se, para uma foto de 60 mil m2 de área nas bandas espectrais da radiação visível, cada pixel representando uma área equivalente à tela de um smartphone (49 cm2). “Nas imagens térmicas, cada pixel representa a área equivalente à tela de um tablet, cerca de 197 cm2, sendo que as imagens podem ser captadas a qualquer hora do dia e inúmeras vezes em um mesmo dia. Diminuindo-se a altitude, aumentase ainda mais essa resolução”, explica Coelho.

O drone voa a uma altitude de até 300m

Acervo LEB

Prioridades De acordo com o docente do LEB, a princípio, estas aplicações serão priorizadas em áreas de pesquisa e cultivos tecnificados como cana-de-açúcar, café, citros, uva e hortaliças. “Esperamos desenvolver nos próximos anos aplicações desta nova tecnologia visando à detecção da variabilidade espacial do estresse hídrico no campo, de deficiências nutricionais, falta de uniformidade de aplicação de água em sistemas de irrigação, danos foliares causados por pragas e doenças”, acrescenta o professor. Caio Albuquerque

ESALQ/USP

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A força que vem do Sul Cooperativas do Rio Grande do Sul se destacam pela produção orgânica. Produtores que apostaram na profissionalização, hoje colhem os frutos: a conquista de novos mercados

“C

ada ano que passa, o mercado aumenta e novos consumidores buscam uma vida mais saudável”, afirma Ivandro Remus, presidente da Agrofamília (Associação das Agroindústrias Familiares do RS). A cooperativa reúne 27 agroindústrias que têm suas bases fincadas na agricultura familiar. Ele também é proprietário da marca Velho Alambique, produtora de cachaça orgânica. “Desde a lavoura, passando pela produção, até a comercialização, somos cinco pessoas envolvidas em todo o processo”.

Conversão orgânica

Sylvia Wachsner

A história de Ivandro com os orgânicos começou por acaso. “Tínhamos uma produção convencional de cana-de-açúcar, porém, uma parte dela nós adubá-

Produtor de uvas da Coopernatural, cooperativa gaúcha que reúne 35 associados

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vamos com compostagem orgânica. Houve, então, uma seca muito severa, que durou cerca de um ano. Percebemos que a cana que recebia adubo orgânico teve uma resistência muito maior do que a que recebia adubação química”. Desde então, Ivandro e sua família decidiram converter toda a produção em orgânica. E o crescimento da empresa é de 20% ao ano, com forte presença no Rio de Janeiro, São Paulo


Sylvia Wachsner

e Brasília. E até mesmo em lojas de aeroportos. “É um ótimo ponto para ganhar visibilidade. O turista já conhece a boa cachaça brasileira.”, brinca Ivandro.

Espumantes e vinhos Ainda no ramo das bebidas, outra empresa tem destaque. Sediada em Garibaldi, capital nacional dos espumantes, a Coopeg envolve 42 famílias no cultivo de uvas orgânicas e no envasamento de vinhos e espumantes. Enquanto serve uma prova do seu espumante brut, que não deve em nada em sabor e leveza aos importados, Ari Baroto explica um pouco do processo de fabricação. “Cada unidade leva dois anos para ficar pronta. A fermentação é feita na própria garrafa, o que garante a qualidade do produto, além, é claro, da qualidade das uvas”. Ele também revela que já foi sondado por estrangeiros para exportar o seu produto.

A Coopernatural produz frutas, sucos, doces, geleias e vinhos, e seu segredo é a constante inovação

Oportunidade de mercado No município de Picada Café (RS), 35 associados fazem movimentar a Coopernatural, parceira da rede OrganicsNet — projeto da SNA, com apoio do Sebrae. Ivete Karling, uma das responsáveis da cooperativa, revela o segredo do sucesso da empresa que, desde 2001, produz frutas, geleias, sucos, doces e vinhos orgânicos. “Procuramos sempre inovar, lançando novos produtos”. Um dos lançamentos desse ano foi o vinho seco Moscato, meia garrafa. “Nosso objetivo é crescer, conseguir novos associados, mas sem perder a qualidade”.

A Coopeg, de Garibaldi, produz uvas orgânicas para vinhos e espumantes

Sylvia Wachsner

Se o Rio Grande do Sul é destaque na produção de orgânicos, o mesmo não se pode dizer no consumo. Segundo Ivete, 95% da produção vai para fora do estado, principalmente para o Sudeste. Parece que os gaúchos ainda não descobriram as vantagens de se consumir produtos orgânicos.

A Novo Citrus reúne 30 famílias, cuja produção é comercializada, principalmente, fora do RS

Quem também percebe este movimento é Maria Helena Rocha, gerente de produção da Novo Citrus, também parceira da rede OrganicsNet. A maior parte da produção das 30 famílias que trabalham para a empresa vai para fora do Rio Grande do Sul. “Participamos de cinco feiras ecológicas em Porto Alegre, mas nosso maior mercado são as redes de supermercados e lojas especializadas em outras regiões do país”, afirma Maria Helena. Gabriel Chiappini

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EMPRESAS Uso correto de defensivos

tivo do programa, segundo destaca a gerente de Registro da Arysta LifeScience, Líria Hosoe, é proporcionar, por meio da disseminação do conhecimento, maior proteção ambiental e humana. Além de também contribuir para a redução de custos de produção.

Programa Aplique Bem chega ao Nordeste e treina agricultores sobre correta utilização de defensivos agrícolas

O Programa viaja com laboratórios itinerantes visando conscientizar os produtores rurais sobre os benefícios da utilização correta e racional dos defensivos. Durante o treinamento, os agricultores têm acesso a informações sobre o uso adequado e seguro de defensivos agrícolas; a utilização correta de equipamentos de proteção individual (EPI) e a regulagem dos pulverizadores, reduzindo os riscos de impacto ambiental e à saúde humana.

O laboratório itinerante do Programa Aplique Bem, desenvolvido há seis anos pela Arysta LifeScience, em parceria com o Instituto Agronômico (IAC), percorreu seis municípios em seis estados diferentes na região Nordeste. A equipe de técnicos esteve nos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, orientando gratuitamente os agricultores sobre o uso correto de defensivos agrícolas.

“Nesses seis anos, o Programa tem representado uma prestação de serviços sem custo para o agricultor, levando conhecimento ao campo, melhor uso da tecnologia e utilização racional dos defensivos. Contribui, assim, para a produção do alimento seguro, otimizando a produção e diminuindo gastos. Além disso, é responsável pelo aumento da produtividade e proporcionar maior segurança para quem aplica e, também, reduzir impactos ao meio ambiente”, explica Líria Hosoe.

Sobre o Programa O Programa Aplique Bem consiste em treinamentos gratuitos para produtores de todas as regiões do Brasil a respeito da utilização adequada dos defensivos agrícolas. O obje-

Divulgação

Desde sua criação, o Programa Aplique Bem já passou por 20 estados diferentes, totalizando 550 mil km percorridos pelo Brasil. Ao todo, são mais de 32 mil produtores orientados gratuitamente.

O programa viaja com laboratórios itinerantes

“Percebemos que o objetivo do Programa vem sendo alcançado. Hoje, os produtores estão mais conscientes das falhas que podem ocorrer durante a aplicação. Nas revendas também já podemos constatar o aumento na procura por equipamentos de proteção, pontas de pulverização, manômetros e outros materiais utilizados para manutenção das máquinas”, comemora Líria.

Fertilizante exclusivo no Centro-Oeste

às áreas não tratadas. Somente nos Estados Unidos, são aplicados mais de 30 milhões de litros de CoRoN ao ano e, na Argentina, a quantidade chega a 1 milhão, no mesmo período.

Produto é importado diretamente dos EUA e permanece por mais tempo na planta, mantendo-a nutrida

De acordo com o gerente regional de Negócios da Agro Amazônia, Marcelo Cassiolato, com a inserção do produto no portfólio da empresa, é possível oferecer tecnologia suplementar para a alta produtividade dos agricultores mato-

Os resultados obtidos com a utilização do CoRoN em lavouras de algodão e milho têm sido considerados muito positivos pelos produtores, com grande diferencial em relação

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Bons resultados em lavouras de milho

Divulgação

Um fertilizante com tecnologia que permite que sua concentração de nitrogênio seja liberada de forma gradativa na planta, não causa injúria e gera maior aproveitamento nutricional pela mesma. Essa é a fórmula do CoRoN (Controlled Released Nitrogen), produto da marca americana Helena, comercializado exclusivamente pela Agro Amazônia em todo o Centro-Oeste.


APAGRI

Aplicação de Herbicidas em taxa variada é tendência no mercado agrícola Resultados da aplicação em usinas mostra que houve maior controle de ervas daninhas e redução do efeito da fitotoxicidade Com resultados concretos em mãos, a APagri está revolucionando o mercado de aplicação de herbicidas, com a proposta de uso da tecnologia HTV®. Segundo o diretor da APagri, Leonardo Menegatti, os resultados do HTV® têm se mostrado muito valiosos para quem trabalha com herbicidas em cana, chegando a uma eficácia média de 77,27% nas áreas acompanhadas. Ou seja, houve de fato maior controle de ervas daninhas e redução do efeito da fitotoxicidade. Foi realizado um acompanhamento da aplicação do HTV em usinas da Bunge, Noble, ETH e Usina São João de Araras, com auditoria da consultoria Ecolog. Em 2012, 42 mil ha de cana soca foram trabalhados, distribuídos em 18 usinas. Com base nos dados auditados pela Ecolog, a economia na dose de herbicidas pode chegar de 3,7% a 5% no médio prazo. Menegatti cita o caso da Fazenda São Cristóvão da Usina Moema, que tinha um histórico de alta infestação. “Nas áreas testemunha a infestação média de

grossenses. “Todas as instituições de pesquisa que testaram o produto, provaram seu valor nutricional e, com uma planta mais nutrida, consegue-se obter melhores resultados em produtividade e este é o maior benefício”, afirma. Segundo o especialista, a nutrição é o maior diferencial produtivo no mundo inteiro atualmente. Assim, muitos trabalhos estão sendo desenvolvidos para controle de doenças em associação aos defensivos químicos com a parte nutricional. Porém, no Brasil, esta tecnologia ainda está muito no começo. “Acredito que esta área será a próxima revolução produtiva, em conjunto com a biotecnologia, e esses conceitos nos levarão a recordes de produção”, observa Cassiolato.

Nitrogênio: essencial para a nutrição A Agronomia utiliza um conceito muito difundido em fertilidade e nutrição: o do barril. Com ele, é possível entender a importância do nitrogênio nas culturas e encontrar áreas ou manejos onde o nitrogênio é o limitador de pro-

Área onde foi aplicado herbicida em taxa variada, com um mapa de HTV em primeiro plano

ervas daninhas foi de 42%. Já na área onde o HTV® foi aplicado, a infestação média foi de 11%”, comentou. Outro resultado interessante ocorreu em uma das usinas da Noble. Foi realizada uma avaliação de campo por biometria. O resultado apontou para um aumento de produtividade de 63,27 ton/ha para 68,3 ton/ha, nas áreas onde o HTV® aplicou uma dose menor que em taxa fixa. Já nas áreas de alto volume de calda (HTV® aplicando mais que em taxa fixa) o aumento de produção foi ainda maior, passou de 58,09 ton/ha para 71,73 ton/ha.

dução. Assim, a planta poderá expressar sua produtividade máxima. “O nitrogênio é um macroelemento e sua suplementação pelas vias foliares não é suficiente para a nutrição. Porém, o trabalho conjunto entre solo e planta tem obtido excelentes resultados”, explica Marcelo Cassiolato. Segundo ele, existe uma forte discussão no meio acadêmico sobre o uso do nitrogênio na cultura da soja, devido à sua capacidade de fazer a fixação biológica deste elemento nutricional. “Também estamos obtendo grandes diferenciais produtivos nesta cultura, o que mostra que a soja tem espaço para crescimento, que podemos não ter conseguido ainda suprir sua necessidade de nitrogênio apenas com a nodulação, ou que ela não é eficiente como deveria. Por esses motivos, o produto, que está crescendo muito em número de aplicação ano a ano, vem se tornando o destaque da parceria entre Helena e Agro Amazônia”, pontua.

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Divulgação

Problemas de saúde

Fertilizante Green Factor, produto 100% brasileiro

Fertilizante 100% nacional Já está disponível no mercado brasileiro, um fertilizante com potencial para quebrar paradigmas na lavoura, desenvolvido pela empresa de biotecnologia LBE. Denominado Green Factor, o fertilizante foi registrado pelo Ministério da Agricultura como produto organomineral classe A, por ter nível zero de toxidade dermal e oral e não conter sódio. O novo produto revelou ser capaz de aumentar a produtividade na colheita, reduzir os custos de manejo, plantio e logística, além de tornar os vegetais mais saudáveis e resistentes a pragas e doenças, evitando o emprego excessivo de agrotóxicos, informa a LBE Biotecnologia. As pesquisas também apontam economia no uso de agrotóxicos, pois os vegetais tratados com Green Factor se mostraram mais saudáveis e resistentes.

Mais rendimento e longevidade para o canavial Novo produto controla principais espécies de nematoides na cultura da cana-de-açúcar O Pottente é a mais nova solução da IHARA para o manejo de nematoides que atacam a cana-de-açúcar. O estudo dessa tecnologia teve início em 2007 e nos últimos seis anos, a empresa destinou diversos investimentos em pesquisa e desenvolvimento para a criação do Pottente. Esta busca resultou, de acordo com o fabricante, em um produto altamente eficaz, flexível e que trará benefícios como maior longevidade, menor dose por hectare, redução do descarte de embalagens, baixo risco de lixiviação e maior estabilidade de controle em qualquer época do plantio, além de minimizar as perdas de produtividade.

Nematoides A cada ano, os nematoides tornam-se um problema grave em diversas culturas e, com a cana-de-açúcar, não é diferente. O ataque nas plantações causa diversos danos e sintomas como a perda de qualidade das raízes e redução de radicelas, fatores que incapacitam a planta de absorver água e nutrientes em quantidades adequadas, tornando-as raquíticas, cloróticas e incapazes de atingir níveis produti64

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O meio ambiente agradece. O nitrato proveniente dos fertilizantes nitrogenados é arrastado pela chuva e contamina mananciais e lençóis freáticos. Pode provocar sérios problemas de saúde em crianças, idosos e gestantes. Nos recémnascidos, causa alterações na hemoglobina e compromete o transporte de oxigênio pelos glóbulos vermelhos do sangue, esclarece o pesquisador da LBE. Ele explica, ainda, que o excesso de nitrogênio em lagos e baías causa a proliferação de algas e bactérias, o que leva à redução do oxigênio na água e, assim, à morte de peixes e crustáceos. “O uso excessivo de fertilizantes nitrogenados também pode provocar o aumento dos óxidos nítrico e nitroso na atmosfera. O primeiro provoca chuva ácida. O segundo atua na destruição da camada de ozônio”.

Despesas Em relação às despesas e ao manejo, um galão de 5 litros de Green Factor substitui de 300kg a 500kg de fertilizante nitrogenado. vos adequados. Além disso, todas as variedades de cana plantadas atualmente, com finalidade comercial, são susceptíveis ou hipersensíveis a nematoides. “O setor sucroalcooleiro confere ao Brasil uma posição de destaque no cenário internacional e um modelo bioenergético único. Por isso, a IHARA tem dedicado grandes esforços na solução de problemas fitossanitários deste setor. E, para atender este cenário, o Pottente é uma ferramenta fundamental que visa aumentar a eficiência dos canaviais”, comenta o gerente de inseticidas da IHARA, Michel Tomazella. É importante ressaltar ainda, que o maior custo do canavial é a sua implantação e não se espera repetir essa operação antes de cinco anos, sendo o desejável mais de sete anos para, só então, fazer o replantio. “Essa é outra grande contribuição quando se maneja o canavial com o Pottente”, explica Tomazella.


ALFACE

crespa e americana

Nova variedade de alface reúne características das alfaces lisa e crespa, além de ser adaptada às condições tropicais e permitir o dobro da densidade no plantio

U

m tipo inovador e diferenciado de alface, com aparência da alface crespa, acaba de ser desenvolvido pela UFSCar. A nova variedade Brunela tem aparência de uma planta aberta com formação de cabeça, mas as características da alface americana, com folhas grossas.

Elaborada pelos professores Fernando César Sala, do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal, do Centro de Ciências Agrárias (campus de Araras), e Cyro Paulino da Costa, voluntário da UFSCar, a pesquisa teve o objetivo de disponibilizar uma variedade adaptada à condição do clima brasileiro de plantio com a característica de crocância — folha mais espessa — que é atributo valorizado pelo mercado. A preferência pela alface tipo crespa no Brasil é uma particularidade em relação à preferência mundial. Atualmente, a procura pela alface americana também vem aumentando, devido à crocância. Isso acorre quando o consumidor procura na alface, além da qualidade nutricional, sabor e sensação de bem-estar ao consumi-la. Mas, apesar do crescimento no mercado, a alface americana possui limitações de cultivo durante o verão no Sudeste do País. Por ser uma planta com formação de cabeça, é suscetível a danos econômicos decorrentes de chuvas e outras adversidades.

Brunela A Brunela tem como característica principal a folha espessa, que confere maior crocância; sabor mais adocicado, além de ser adaptada às condições brasileiras de cultivo em temperaturas elevadas e alta pluviosidade. A ideia da nova

UFSCAR

Mescla de

A Brunela é uma alface de porte médio e seu plantio pode ser feito em espaçamento menor que o convencional

variedade surgiu quando o professor Cyro Paulino da Costa, em visita a um produtor, percebeu que as alfaces utilizadas para processamento tinham problemas de perdas, já que possuíam folhas finas. De acordo com o melhorista Fernando Sala, a pesquisa foi motivada pela própria tendência do mercado brasileiro, que busca trabalhar com plantas de folha grossa para melhorar o processo de higienização e deixá-las prontas para o consumo.

Higienização O processo de higienização pode provocar a quebra das folhas finas, estragando o alimento. “O consumidor quer chegar em casa, abrir a sacola com alface limpa e higienizada, pronta para ingerir. Por isso, o ideal é utilizar variedades que têm adaptabilidade a essas características: folha espessa, como é o caso da Brunela”, explicou. Em relação ao cultivo, o pesquisador destaca que, por ser uma alface de porte médio, a Brunela tem uma característica interessante de manejo: seu plantio pode ser feito em espaçamento menor que o convencional. “Isso é uma grande vantagem porque o produtor consegue colocar numa mesma área quase o dobro de planta que colocaria se utilizasse cultivares de porte grande”. A Lavoura - Nº 698/2013

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Opinião

Uma indústria chamada Agricultura Maurício Lopes* m 1960, a pauta de exportações agrícolas do Brasil reunia cerca de 40 produtos e rendia 8,6 bilhões de dólares, em valores de 2012. Café em grão (63% da renda), cacau, açúcar demerara, algodão, madeira de pinho serrada, sisal, fumo, castanha do Pará, manteiga de cacau e cera de carnaúba eram os itens mais importantes. Soja, milho e carne in natura eram exportações residuais. Não se exportava álcool, carne de frango ou suco de laranja.

Mesmo no café, apesar de já se usar insumos modernos, era, na maior parte do Brasil, uma agricultura extrativista, com mínimo processamento e baixíssimo aporte tecnológico. O Brasil ensaiava a industrialização, com suas etapas de transformação intensivas em agregação de valor, e já cultivava o sentimento, com algum preconceito, de que era mais nobre e moderno exportar bens industrializados do que produtos básicos. Mas, eram as exportações de produtos básicos que financiavam a modernização da economia. De 1960 a 2012, a pauta de exportações do agronegócio cresceu: mais de 350 itens, quase US$ 96 bilhões. Parte disso veio da venda de bens industrializados. Só farelo e óleo de soja, açúcar, etanol, celulose, papel e suco de laranja renderam US$ 32 bilhões. Parte veio de bens primários: soja, milho, café cru, algodão em pluma, fumo e carnes in natura renderam mais de US$ 46 bilhões.

Densidade tecnológica A multiplicação de itens e do valor tem a mesma explicação: densidade tecnológica. O desenvolvimento tecnológico da agricultura ampliou a oferta de produtos tradicionais como milho e café e adaptou, com sucesso, novos cultivos e criações como a soja, a maçã e o frango de granja. A modernização da agroindústria diversificou tanto o aproveitamento de matérias-primas, que hoje se exporta itens tão inacreditáveis como “resíduos de café” e “desperdícios de couro”, ou de algodão, ou de seda. A principal mudança foi no processo de produção agrícola, hoje tão diferente daquele de 1960, que perde sentido distinguir produto básico de produto industrializado. Um grão de café não é mais “extraído” da natureza. É construído, é industrializado. A planta e o animal são monitorados, pois são “usinas” processadoras. Sabe-se tanto sobre suas relações com o solo, água, insetos e microorganismos , que a quantidade e qualidade do grão e da carne são “contratadas” quando se decide que insumos usar. A agricultura de agora é uma “indústria”.

Insumos industrializados É o que mostram estudos da Embrapa: o que causa 68% desse crescimento na produção agrícola são os insumos industrializados, como fertilizantes, defensivos, catalisadores etc. Outros 22% resultam do trabalho realizado, boa parte por tratores, plantadeiras, colheitadeiras e ordenhadeiras. Ou seja, hoje mais de 80% de cada grão ou gota de leite se devem a bens industrializados, com todo o valor agregado que eles carregam. Ademais, cada tonelada de grão ou fibra vendida no país ou no exterior, sustenta um bom pedaço da indústria de insumos, de máquinas e equipamentos, de embalagens, dos serviços de logística de armazenagem e distribuição, e assim por diante. Cadeia produtiva é, pois, um conceito que explica melhor o valor de um produto, pois revela seu impacto na produção de outras riquezas. 66

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Jorge Duarte

E

O preço final nem sempre é boa métrica para aferir o valor agregado de um produto básico. Pois, o esforço de melhoria tecnológica busca, sobretudo em bens como soja ou petróleo, reduzir o preço por unidade, para se ter menor impacto no custo final de seus subprodutos e ampliar sua demanda, compensando as eventuais perdas.

Saldo de riquezas No fundo, que interessa é o saldo de riquezas que resulta da exportação de um bem. De pouco adianta exportar um bem industrializado, se sua produção consumiu insumos importados caros e o saldo comercial for deficitário. Por isso é lucrativo exportar produtos básicos. Sua densidade tecnológica gera saldos comerciais elevados. Desde 1990, as exportações industriais e de serviços brasileiras amargaram um déficit de US$ 397,66 bilhões, a preços de 2012. A agricultura acumulou um saldo positivo de US$ 828,8 bilhões. De novo, financiou a indústria. Não apenas por essa razão, países plenamente industrializados subsidiam sua produção e exportação agrícola. Os países sabem que sem a garantia de alimentos e energia, não há segurança nacional. Guerras de conquistas de territórios sempre foram feitas para garantir comida e energia. A produção e exportação agrícola nutrem a paz. É intangível. Mas as pessoas sabem o valor agregado que isso tem. * Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa


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