Animal Business Brasil 05

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Ano 02 - Nº 05 - 2012 R$ 12,00

Especial CAVALOS DO BRASIL Special

BRAZILIAN HORSES uma publicação da:

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Raças de cavalos criadas no Brasil Horses breed raised in Brazil Por/Text Prof.André Galvão Cintra,MV

Sumário

Existem hoje no Brasil cerca de 26 raças de cavalos de sela e tração, mais 6 raças de pôneis, cada uma delas selecionada para atender às necessidades esportivas, de trabalho e gostos pessoais do ser humano. Algumas delas se sobrepõem em função, quer seja esportiva, trabalho ou lazer, ou simplesmente pela beleza plástica e estética enquanto outras se destacam pela sua rusticidade e grande adaptação às condições adversas. Todas elas têm seu lugar ao sol, sua utilidade e devem ser preservadas e respeitadas por todo aquele que realmente gosta e respeita esse belo e nobre animal. Summary In Brazil there are today about 26 breeds of saddle and traction horses plus 6 breeds of ponies each one selected to meet the necessities of sports, work and personal preferences of mankind. Some of them overlap in function, be it for sports, work or pleasure or simply through the plastic and esthetic beauty, while others stand out through their hardiness and great adaptation to adverse conditions. They all have their place under the sun, their usefulness and must be preserved and respected by everyone that really likes and respects this handsome and noble animal.

Uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas, de forma imparcial e isenta, é: qual a melhor raça de cavalos? Cada raça, selecionada pela mão do homem para suprir necessidades específicas e necessárias em determinado momento, tem sua função e utilidade específicas. Grande discussão ainda cerca o meio equestre de todo o mundo sobre o que é raça de cavalo. Alguns, puristas ao extremo, caracterizam uma raça apenas após 25 gerações, pois alegam que é somente após esse período que as características morfológicas e funcionais estão totalmente fixadas pela genética. Sendo assim, segundo esses, somente o Lusitano e o Árabe é que seriam raças formadas, sendo as demais ainda em formação. Acho isso incorreto, pois muitas outras denominadas raças de cavalos conseguem transmitir um padrão morfofuncional muito bem caracterizado a seus descendentes com menos gerações. Outros ainda afirmam que raça mesmo não é uma denominação que deva ser amplamente utilizada,

pois geneticamente, no DNA, todos os cavalos são semelhantes, sendo assim impossível qualificar uma raça deste ponto de vista. Estes reconhecem diferenças entre os animais, mas preferem chamar de tipos de cavalos que se diferenciam morfofuncionalmente e cuja genealogia é controlada por uma entidade, as Associações de Criadores. Independente da denominação mais ou menos purista, o termo raça é amplamente aceito e divulgado para uma caracterização de aspectos morfológicos e/ou funcionais de animais com utilidades semelhantes, que transmitam essas características a seus descendentes, com origem conhecida e que sejam controlados pelos respectivos serviços de registro genealógico (stud book) de cada entidade. A seguir, descrevemos, em ordem alfabética, as raças de cavalos conhecidas e criadas no Brasil, com breve origem, características principais como andamento, peso, altura e pelagens, além de tópicos referentes aos animais do Brasil. Animal Business-Brasil_7

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Andaluz A raça Andaluz possui as mesmas origens da raça Lusitana, datada desde a antiguidade, quando Homero cita os animais selecionados na Península Ibérica, nas Ilíadas. Os cavalos selvagens ibéricos foram cruzados com cavalos berberes durante os oito séculos em que os mouros dominaram a região, e dessa cruza resultou o Andaluz. Esses cavalos de sangue quente receberam a denominação da região geográfica de sua origem, Andaluz, sendo então criados na Espanha e em Portugal. Posteriormente, os cavalos selecionados na Espanha receberam o nome de Pura Raça Espanhola (PRE), enquanto os selecionados em Portugal receberam o nome de Puro Sangue Lusitano (PSL). A raça Andaluz foi introduzida no Brasil pelos espanhóis à época da colonização, mas quase desapareceu no século XVIII, vindo a ser reintroduzida por um toureiro espanhol em 1966 quando se reiniciou a criação da raça no Brasil, mas sem controle de registro genealógico oficial. A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz foi fundada em 1975, sendo à época responsável pelo controle de registro genealógico de animais de origem da Espanha e Portugal. Em um acordo feito com a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Lusitano (APSL), em 1991, criouse a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Lusitano (ABPSL) que tem a reciprocidade de registros nas duas associações, ficando o Andaluz com uma pequena parcela do criatório original registrando apenas os animais de origem espanhola. A sede atual está baseada em Belo Horizonte, contando o Stud Book com 40 animais registrados, com excelente linhagem genética, tendo alguns exemplares exportados para a Espanha. É um cavalo utilizado para touradas na Espanha, devido à sua extrema inteligência, sendo um ótimo animal também para sela, adestramento e equitação de trabalho, além de ser utilizado para salto, atrelagem, enduro e volteio. As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho e alazão. Os animais possuem altura média de 1,57 m e peso médio de 500 kg, com andamento tipo trote. Anglo-Árabe Através de uma criteriosa seleção entre cruzamentos de cavalos Puro Sangue Árabe (PSA) e Puro Sangue Inglês (PSI) surge, na primeira metade sé-

culo XIX, na França, mais precisamente no Haras Pompadour, a raça Anglo-Árabe. A intenção era aliar a resistência e coragem à velocidade e porte atlético, criando-se um cavalo com excelente aptidão esportiva. Foi introduzida no Brasil no final da década de 40 pela Coudelaria de Colina, interior de São Paulo, hoje APTA Regional (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – Polo Regional), mas o controle oficial da raça deu-se somente a partir do início da década de 70, pela Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe. Hoje a raça conta com mais de 4.000 cavalos registrados no Stud Book. Os cavalos da raça anglo-árabe são utilizados principalmente em provas de conformação, CCE (Concurso Completo de Equitação), enduro, salto e hipismo rural. CRUZAMENTO PRODUTO X REGISTRO São permitidos ainda hoje cruzamentos diretos de cavalos da raça Árabe e Puro Sangue Inglês ou descendentes diretos de Anglo-árabe para registros, conforme a tabela abaixo, sendo que o percentual de sangue árabe não pode ser superior a 75% nem inferior a 25%. As pelagens aceitas na raça, são: tordilho, castanho, alazão e suas variedades. Os animais possuem altura média de 1,58 m e peso médio de 500 kg, com andamento tipo trote. PSA x PSI

=

RAA

50% PSA Aprovado

PSA x RAA

=

RAA

75% PSA Aprovado

PSI x RAA

=

RAA

25% PSA Aprovado

RAA

Aprovado em qualquer porcentagem.

RAA x RAA

=

Appaloosa A raça Appaloosa, também conhecida como cavalo dos índios, tem sua origem na América do Norte, no século XIX, selecionada pela tribo dos Nez Perce, às margens do Rio Paloose, daí a origem do nome. Nesses primórdios, os cavalos foram selecionados pela sua pintura característica, onde ocorre a incidência de uma manta branca na garupa do animal, podendo se estender por todo o corpo, dando características peculiares à raça. Primeiramente selecionada pelos colonizadores americanos para lida com gado, baseada principalmente em sua pelagem, hoje o cavalo Appaloosa é muito utilizado com destaque em provas de

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Pintas ou Manchas: pontos claros ou escuros sobre uma parte do corpo, geralmente sobre a garupa. Além das características peculiares da pelagem, outras particularidades são encontradas na raça Appaloosa, como despigmentação ao redor dos olhos, além da esclerótica branca evidente (área ao redor da córnea), despigmentação ao redor do focinho, cascos rajados e despigmentação na genitália, observadas em machos e fêmeas.

Exemplar da Raça Puro Sangue Árabe (Nome do Animal: Khadija. Prop.: Camilla Cintra) (Foto: Paula da Silva).

trabalho, como apartação, baliza, laço de bezerro, laço em dupla, maneabilidade e velocidade, rédeas, tambor e team penning, entre outras. Foi introduzida no Brasil na década de 70 possuindo hoje mais de 25.000 animais registrados e 2.000 criadores por todo o país. As pelagens aceitas na raça são preta, zaina, tordilho, castanho, alazão, baia, palomina e rosilha. Os animais possuem altura média de 1,50 m e peso médio de 500 kg, com andamento tipo trote. Peculiaridades da pelagem do Appaloosa Aqui se evidenciam as características particulares dos animais da raça,que podem ser: Manta: área branca sólida, geralmente sobre a região dos quartos, mas sem se limitar sobre a mesma. Na manta normalmente encontram-se pintas ou manchas de pelagem básica. Leopardo: refere-se ao animal branco com manchas ou pintas escuras em todo o corpo, inclusive nos membros, pescoço e cabeça. Nevado: refere-se ao animal que apresenta uma mistura de pelos brancos e pelos da cor básica, geralmente sobre a área dos quartos. Assemelhase a flocos de neve caídos sobre a pelagem básica.

Árabe Muitas são as lendas a respeito da Raça Puro Sangue Árabe, por inúmeros historiadores considerada a mais antiga do mundo. Seus relatos mais antigos datam do ano 1.600 AC, ou seja, há mais de 3.500 anos em afrescos do antigo Egito. Em uma delas conta-se que Maomé depois de uma longa caminhada mandou que soltassem os animais para beber água. A seguir chamou-os de volta e apenas cinco éguas o atenderam. Então Maomé abençoou estas éguas e delas descendem as cinco linhagens famosas que compõem os criatórios da raça. Outra lenda mais poética, reforçando a ascendência divina do cavalo árabe, conta que Alah pegou o vento sul e disse: “Vou fazer de ti uma nova criatura. Terás o olhar da águia, a coragem do leão e a velocidade da pantera. Da gazela terás a elegância, do tigre a força e do elefante a memória. Teus cascos terão a dureza do sílex e teu pelo a maciez da plumagem da pomba. Terás o faro do lobo e saltarás como o gamo. À noite serão teus os olhos do leopardo e se orientará como o falcão que sempre retorna à origem. Serás incansável como o camelo e terás o amor do cão pelo seu dono. E por fim, como presente para fazer-te cavalo e chamar-te Árabe, terás a beleza da Rainha e a majestade do Rei.” A raça árabe foi introduzida no Brasil na década de 20, em criatórios no Rio Grande do Sul, porém a história registra diversas importações desde o século XIX. Também foi grande importador o Departamento Animal de São Carlos, interior de São Paulo. Inicialmente foi muito utilizada como melhoradora do plantel de equinos de fazendeiros da região. A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe foi fundada em 1964, por Aluysio Faria, que reuniu no Stud Book do Cavalo Árabe todos os registros do RS e de São Carlos, dando grande impulso ao criatório nacional. Animal Business-Brasil_9

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Hoje o Stud Book conta com mais de 35.000 cavalos registrados e mais de 3.200 haras inscritos e distribuídos por todo o país. Lendas à parte, devido às suas características obtidas pela seleção como cavalo do deserto, o cavalo árabe possui excelente resistência e rusticidade. Muito utilizado para guerras, é um cavalo de coragem e inteligência acima da média. Além disso, o cavalo árabe, devido à sua preponderância genética (alta capacidade de transmitir características a seus filhos) é muito utilizado para mestiçagem, transmitindo e melhorando características para cavalos de trabalho e esporte. O Stud Book do cavalo Árabe registra os produtos mestiços, sempre oriundos de um pai PSA com uma égua de qualquer raça, ou mestiça árabe, cujo produto deverá conter, ao lado do nome, seu grau de sangue. Os mestiços da raça árabe têm grande destaque nos mais diversos esportes equestres, como CCE, hipismo rural, hipismo clássico, enduro, rédeas, etc. A raça árabe foi muito utilizada na história equestre mundial como formadora de outras raças, como por exemplo, Quarto de Milha, Puro Sangue Inglês, Hanoveriano, Trakehner, Orlof, Sela Francês, entre muitos outros. Dentre as principais utilizações do cavalo árabe no Brasil destacam-se as provas de Halter (Conformação), Performance (montarias em vários estilos, como Western Pleasure, English Pleasure, Prova de Tração, Traje Típico, Trail Horse e Hunter Pleasure), Corrida (realizadas principalmente no Jockey Club do Paraná), Enduro, Hipismo Clássico e Rural, CCE, Laço, Rédeas e Vaquejada (principalmente no estado do Ceará). As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho, alazão e suas variações. Pampa e Pintado permitidos para os Cruza Árabe, mas não para o Puro. Os animais possuem altura mínima 1,42 m e máxima de 1,58 m com peso médio entre 360 e 460 kg, com andamento tipo Trote. Brasileiro de Hipismo No início da década de 70, o criador Ênio Monte resolveu criar uma raça brasileira destinada ao hipismo. Para tanto, cruzou as raças Orlof, de origem russa, com Westfalen e Trakehner, alemãs, e pequenas doses de PSI, Hanoveriano, Holsteiner e Hackney, Oldenburg, Sela-argentina, Sela-francesa etc. Cavalos importados dessas raças são registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo

de Hipismo, fundada em 1975 e que conta com mais de 18.000 animais registrados no Stud Book e 230 associados. Hoje já existe um livro fechado, mas nada impede que a raça seja aprimorada através da renovação de sangue (pool genético) com indivíduos das raças formadoras. A raça é mais utilizada para salto, adestramento, CCE (concurso completo de equitação), equitação de trabalho e volteio. São permitidas todas as pelagens, em todos os seus matizes. Os animais possuem altura média de 1,68m para machos e 1,65 m para fêmeas, com peso médio de 600 kg para machos e 550 kg para fêmeas, com andamento tipo trote. Principais Raças Formadoras do Brasileiro de Hipismo Raça

Origem

Andaluz

Raça

Espanha

Origem

Puro Sangue Inglês

Inglaterra

Anglo-Árabe

França

Sela Argentina

Argentina

Árabe

Oriente Médio

Sela Belga

Bélgica

Budjony

Rússia

Sela Dinamarquesa

Dinamarca

Hackney

Inglaterra

Sela Francesa

França

Hanoveriano

Alemanha

Sela Holandesa

Holanda

Holsteiner

Alemanha

Sela Sueca

Suécia

Hunter Irlandesa Irlanda

Trakehner

Alemanha

Lusitano

Portugal

Westfalen

Alemanha

Oldenburger

Alemanha

Zangersheide

Bélgica

Orloff

Rússia

e outras raças de aptidão esportiva

Bretão A raça Bretão teve início em 1830 na França, mais precisamente na região da Bretanha (Noroeste da França). O livro genealógico iniciou-se em 1909 e hoje é controlado pelo Syndicat des Eleveurs du Cheval Breton. O Bretão teve como raças formadoras as Raças Suffolk (inglesa), Ardennes e Percheron (francesas) que foram sendo cruzadas com éguas nativas de médio e grande portes do Noroeste da França e que, após anos de seleção, conseguiram um padrão no qual se dividia em três tipos: Trait, Postier e o Petit Breton, sendo que hoje o tipo mais difundido é o tipo Trait. O Bretão foi trazido para o Brasil pelo Exército, que precisava do animal para puxar os equipamentos de artilharia. As primeiras importações ocorreram em 1927 pelo estado de São Paulo. Entre 1932 e 1956, o Exército Brasileiro importou perto de cem reprodutores para as Coudelarias de Tindiqüera-

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PR, de Rincão-RS, Pouso Alegre-MG e Campo Grande-MS. Através dos programas de expansão da raça, muitos governos estaduais e criadores particulares receberam, através de empréstimo, garanhões do Exército para cruzar com as éguas bretãs e éguas comuns (as éguas puras eram adquiridas em leilões realizados pelo Exército). Com a desativação da maioria das coudelarias do Exército na década de 70, devido à introdução da mecanização agrícola, o já reduzido rebanho centralizado em Tindiqüera-PR foi vendido em leilão e algumas dezenas de criadores paranaenses cuidaram de sua preservação. Novos produtos foram adquiridos ou emprestados para cruzamentos que ajudaram a aumentar o plantel paulista, que ganhou mais três fêmeas e um garanhão importados da França em 1976 e outros seis animais em 1983. Os produtos foram sendo comercializados em leilões anuais e comprados por criadores de todos estados, mas principalmente de São Paulo e Minas Gerais. Outras importações foram feitas ao longo dos anos melhorando muito a qualidade dos animais, tendo hoje o Brasil o segundo maior plantel desta raça, perdendo somente para a França, com exemplares dignos de constar em qualquer plantel mundial. A ABCCB foi fundada em 1982, em Curitiba, PR, onde funcionou até 1995, quando foi transferida para Jaguariúna, SP e posteriormente para Amparo, SP onde funciona até hoje. Hoje a ABCCB tem registrado em seus livros em torno de 2.000 animais, entre puros de origem e

Exemplar da Raça Bretão (Prop.: Haras von Gold)

mestiços e conta com cerca de 150 criadores e proprietários, concentrados nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais, já tendo alguns criadores no Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. É uma das raças preferidas dos pequenos e médios agricultores e é muito usado para puxar carroças e implementos agrícolas. Sua capacidade de tração é surpreendente, sendo capaz de tracionar, sob rodas, bem treinado e alimentado, até quatro vezes seu próprio peso, o que significa até 4.000 kg. Em provas de arrasto na França, tem-se o recorde de 1.940 kg de tração diretamente no chão. A criação destes cavalos é extremamente simples, já que são criados a campo, devido a sua rusticidade. Tanto nas baias como nos campos, se alimentam de capim e a complementação se faz com sal mineral, podendo ser acrescida pequena quantidade de ração granulada, proporcionalmente em menor quantidade que para as outras raças. Enquanto em outras raças normalmente se oferece 1 kg de ração para cada 100 kg de peso vivo do cavalo, a estes animais bastam 0,5 kg a 0,8 kg para cada 100 kg de peso vivo. Uma excelente característica da raça é que as fêmeas são excelentes produtoras de leite, podendo chegar a 32 litros diários, sendo então muito procuradas como amas de leite e receptoras de embriões. O cavalo bretão, no Brasil, é muito utilizado para atrelagem, volteio, sela, trabalho florestal, potência, ama de leite e receptora de embrião. O bretão é um cavalo de tração de porte médio, brevilíneo , com temperamento dócil e de fácil manejo. As pelagens aceitas na raça são alazão e castanho e suas variações, inclusive rosilha, não sendo admitidas a tordilha, pampa e albina. Os animais possuem altura mínima de 1,52m para machos e 1,47 m para fêmeas, podendo chegar a 1,70m, com peso médio de 850 kg para machos e 650 kg para fêmeas, podendo chegar a 1.100 kg. O andamento é tipo trote. Campeiro Raça originária em Santa Catarina que teve origem no século XVI, de cavalos de origem espanhola levados por Álvaro Nuñez Cabeza de Vaca em expedição ao interior do Brasil. No século XVIII foram observados rebanhos de cavalos selvagens originários desta expedição que se desenvolveram em liberdade formando um padrão fenotípico hoAnimal Business-Brasil_11

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Exemplar de Campeiro (Foto: Sérgio L. Beck)

Por 25 anos aquele potro, chamado Monarca, foi utilizado como reprodutor do plantel de éguas da fazenda de Cassiano Campolina, que ainda introduziu sangue Anglo-Normando, através do garanhão Menelicke. Após a morte de Cassiano Campolina, foram ainda introduzidos animais de sangue Marchador, Puro Sangue Inglês, Andaluz, Anglo-Normando para se obter um animal de porte grande e andamento cômodo. Em 1951 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Campolina para direcionar os rumos da criação, ainda aceitando éguas e cavalos no Stud Book em registro de livro aberto, até

mogêneo, com características morfológicas semelhantes ao Crioulo, e tão resistente e rústico quanto este, mas melhor adaptado para regiões acidentadas, típicas de região onde se desenvolveu. A raça desenvolveu-se muito bem nas regiões de Curitibanos, Campos Novos, Ponte e Lajes, sendo hoje seu habitat natural. Em 1976 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Campeiro, com sede em Curitibanos, SC, sendo a raça oficializada pelo Ministério da Agricultura em 1985. Estima-se hoje 2.000 animais registrados e próximo de 100 criadores. O cavalo campeiro é muito utilizado para lida com gado e em cavalgadas. As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho e baia, em suas variações. Os animais possuem altura média de 1,48 m e peso médio de 400 kg, com andamento tipo Marcha de 04 tempos. CAMPOLINA A raça Campolina foi criada pelo Coronel Cassiano Campolina, da cidade de Entre Rios, no Estado do Rio de Janeiro. Em 1857, Cassiano Campolina começou comprando as melhores éguas existentes no município de Entre Rios e cruzando-as com reprodutores também do mesmo município; esses, no entanto, eram escolhidos, altos e bons marchadores. Em poucos anos tinha em sua fazenda um plantel de éguas novas, altas e marchadeiras. Cassiano Campolina trouxa da cidade de Juiz de Fora uma égua preta, de nome Medeia, coberta por um Andaluz; poucos meses depois nascia um belo potro, sendo considerado o primeiro cavalo Campolina. 12_Animal Business-Brasil

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o ano de 1966, quando se fechou definitivamente o registro para animais não filhos de Campolinas controlados pelo Stud Book. O Cavalo Campolina é famoso pela sua marcha cômoda e andamento característico, sendo esta sua marca registrada, e é muito utilizado em cavalgadas e provas de marcha. São admitidas todas as pelagens e particularidades. Os animais possuem altura mínima de 1,54 para machos, com 1,62 sendo ideal nos adultos, mínimo de 1,45m para fêmeas, sendo ideal 1,56m para adultos, com peso médio de 500 kg, com andamento tipo marcha.

Exemplar da Raça Campolina (Prop.: Haras Mandala)

CLYDESDALE Origem: 1837 na Escócia. Ganhou este nome por ter sido criado primeiramente próximo ao Rio Clydes, num vale em Lanarkshire, e depois sua criação se espalhou por toda Escócia e Nordeste da Inglaterra. A principal raça formadora foi o Shire, de origem inglesa, que, cruzado com éguas da região do Rio Clydes, formou o Clydesdale (que significa Vale do Clydes). A Clydesdale Horse Society foi fundada em 1877 na Inglaterra. Hoje após grande promoção, está amplamente difundida no mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, sendo representada pelas associações de cada país. No Brasil, em 1999 foram importados dois exemplares para São Paulo, mas eram machos castrados. Em 2008 e 2010 foram importados para o RJ e SP outros exemplares que constituem um plantel de cerca 20 animais. As principais características deste célebre cavalo são uma combinação do peso, tamanho e vivacidade, sendo que sua característica peculiar, admirada pelos entusiastas, é a qualidade excepcional do conjunto casco e membro. Não há associação de criadores oficialmente constituída no Brasil. As pelagens admitidas são zaina, castanha, negra e raramente a alazã e a tordilha. O branco é visto nas faces e pernas e frequentemente no corpo. A altura média situa-se entre 1,60m e 1,80m, com peso variando de 750 a 900 kg, sendo que garanhões formados ou castrados podem chegar a peso acima dos 1000 kg. O andamento é trote. CRIOULO Os conquistadores espanhóis são responsáveis pela introdução dos cavalos no continente americano, no século XVI. O Cavalo Crioulo predomina na região Sul, sendo a maioria descendente de Berbere e cavalos oriundos da Península Ibérica. Boa parte se pôs em fuga durante as batalhas, passando a viver livremente por muitas décadas, e a natureza encarregou-se de selecionar os mais adaptados às planícies dos pampas e ao clima. A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos fundada em 1932, conta hoje com mais de 180.000 animais registrados no Stud Book e mais de 2.100 associados por todo o Brasil, com maior incidência nos estados do Sul e São Paulo. Animal Business-Brasil_13

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O crioulo é adequado às necessidades dos criadores de gado do Sul, que precisam de animais que cubram grandes distâncias, muitas vezes em condições difíceis, enfrentando os rigores do frio, por exemplo. Características: é um cavalo extremamente forte e saudável; vive em condições climáticas extremas: calor ou frio, com um mínimo de alimentação. É um ótimo cavalo para lida no campo, devido à sua incrível resistência e longevidade. Uma particularidade desta raça é o limite máximo de estatura, que não deve ultrapassar 1,50m, apesar dos animais terem aptidão genética para estatura maior. É um animal muito versátil sendo utilizado para provas do tipo Campereada (prova semelhante ao Team Penning), Chasque (prova para avaliar a recuperação do animal em percursos de 300m em diversos andamentos), Paleteadas (condução de uma rês por dois cavaleiros que devem passar por diversas porteiras em percurso pré-determinado), Enduro (30 a 80 km), Marcha de Resistência (750 km) e a principal delas o Freio de Ouro, que consiste em avaliação morfológica e funcional dos animais. São admitidas todas as pelagens e particularidades. Somente não serão aceitas as pelagens pintada e albina total. A altura para machos mínima é de 1,40 m e máxima de 1,50 m e para fêmeas e machos castrados, a mínima é de 1,38 m e a máxima de 1,50 m, com peso médio de 400 kg. O andamento é a marcha trotada. FRIESIAN Cavalo originário da Holanda. A primeira citação por escrito da existência do cavalo friesian data de 1544. Sendo uma das raças mais antigas da Europa esteve próximo da extinção em várias ocasiões. Graças à devoção de um grupo de apaixonados foi sendo desenvolvida e difundida, e goza hoje de grande popularidade em todo o mundo. Em 1879, em Roodahuizum, se constitui o Registro Genealógico do Cavalo Friesian, nascendo assim a FPS e dando-se o primeiro passo para a salvação da raça. No final do século XIX e início de XX, o Friesian que era utilizado para trabalhos agrícolas e tração de artilharia, sofre uma dura concorrência com duas raças de tração pesada e que os agricultores começaram a preferir, chamadas Bovenlanders, pois eram mais fortes e próprios. O Friesian chegou próximo do fim em 1913, onde restaram somente três

garanhões em atividade reprodutiva: Prins 109, Alva 113 e Friso 117. Foi nessa época que os agricultores, com a fundação da FPS, mudaram o foco de utilização dos Friesians visto que não eram a melhor opção para tração pesada, mas, na tração leve e na sela, começavam a se destacar. Em 1965 já se destacava e se fixava como um cavalo ideal para a equitação de prazer e começava a mostrar seu potencial em algumas disciplinas esportivas. Os primeiros exemplares importados para o Brasil foram em 2008 para o Paraná, onde se estabeleceu um criatório. Hoje existem outros exemplares em São Paulo, todos oriundos de importação independente, pois não há associação de criadores oficialmente constituída no Brasil. A pelagem típica é a negra, e esse é um dos grandes diferenciais da raça. A altura média varia de 1,50m a 1,70m, com peso médio de 600 kg. O andamento é o trote. LAVRADEIRO A origem do cavalo Lavradeiro data do inicio do século XVIII, quando os portugueses chegaram ao hoje estado de Roraima, levando cavalos provavelmente de origem Andaluz, onde os animais se reproduziram em estado selvagem devido às extensas áreas de pastagem disponível. Encontrando condições geo-climáticas adversas e de pastagens de baixa qualidade nutritiva, o Lavradeiro adquiriu através dos séculos características peculiares como porte pequeno, altíssima fertilidade (segundo dados da Embrapa, chegam a 100%), conseguindo alcançar grandes velocidades por longo período (mantém 60 km/hora por 30 minutos, em liberdade), sendo muito resistentes ao trabalho e às enfermidades, inclusive à Anemia Infecciosa Equina. Estima-se que existam 2.000 animais em Roraima, sendo 1.500 criados em grandes propriedades de maneira extensiva. A caça indiscriminada quase levou a raça à extinção, mas projetos de pesquisa e preservação da espécie em Roraima, realizados pela Embrapa, buscam manter essa raça selecionada pela natureza em seu habitat natural. Apesar de serem animais selvagens, quando domesticados tornam-se muito dóceis, de fácil lida e manejo, sendo ótimos para montaria e lida com o gado. As pelagens encontradas são castanha, tordilha, rosilha, alazã e baia.

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A altura média dos animais é de 1,40m e o peso médio é de 280 kg. O andamento é o trote, LUSITANO Os cavalos selvagens ibéricos foram cruzados com cavalos berberes durante os oito séculos em que os mouros dominaram a região, e dessa cruza resultou o Andaluz. Com a formação de Espanha e Portugal, a raça é chamada de Puro Sangue Lusitano, enquanto na Espanha é registrada como Pura Raça Espanhola. Como foram os espanhóis e portugueses que colonizaram a América, o Andaluz tornou-se responsável pela formação de boa parte das raças nacionais, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, como a Campolina, Campeiro e os dois tipos de Mangalarga. Apesar dos primeiros animais terem chegado ao Brasil por volta de 1540, a criação nacional melhorou muito com a vinda da corte real para o Brasil, no início do século XIX, quando D.João VI trouxe diversos animais da Coudelaria de Alter, que eram Lusitanos criados pelo rei, então chamados Alter Real. Após a independência do Brasil, a raça foi praticamente extinta entre nós, sobrevivendo apenas seu sangue nas raças nacionais a que deu origem. Em meados do século XX, diversas tentativas de reintroduzir animais desta raça foram feitas sem o devido sucesso, até o ano de 1966, quando um toureiro espanhol se estabeleceu em Teresópolis, RJ, dando origem ao primeiro criatório oficial da raça, que, no entanto, somente teve impulso na década de 70, quando novas importações foram feitas por diversos criadores que fundaram a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz, em 1975. A Revolução dos Cravos em Portugal deu o impulso final para o patrimônio genético do criatório nacional. Com medo de perder seus animais, importantes criadores portugueses venderam a maioria de seus cavalos, reserva genética, a alguns criadores brasileiros que trouxeram para cá o que foi possível em um navio cargueiro, em 1976. Em um acordo feito com a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Lusitano (APSL), em 1991, a associação brasileira mudou seu nome para Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Lusitano (ABPSL) e tem a reciprocidade de registros nas duas associações. Hoje a ABPSL possui mais de 6.000 animais registrados no Stud Book e conta com mais de 140 criadores por todo o Brasil. É um cavalo utilizado para touradas na Espanha e

Portugal, devido à sua extrema inteligência, sendo um ótimo animal também para sela, adestramento e equitação de trabalho, além de ser utilizado para salto, atrelagem, enduro e volteio As pelagens aceitas para registro são tordilha, castanha, alazã, preta, baia e todas as suas variações. A altura média dos machos é de 1,60m e das fêmeas, 1,55m, com peso médio de 500 kg. O andamento é o trote. MANGALARGA O cavalo Mangalarga teve sua origem no cavalo da Península Ibérica. Os cavalos trazidos pelos colonizadores do Brasil eram nativos da Península Ibérica e Berbere. Com a vinda da Família Real Portuguesa, foram também trazidos os melhores espécimes lusitanos da Coudelaria Real de Alter, fato que desempenhou papel decisivo na formação da raça, pois os reprodutores trazidos nesta viagem, assim como seus descendentes foram muito utilizados pelos criadores da época para o melhoramento de seus rebanhos. Os primeiros animais vieram de criatórios da família Junqueira do sul de Minas Gerais, que trouxeram exemplares e se estabeleceram na região de Orlândia e Colina, SP, onde definiram as bases de sua seleção e é erroneamente chamado de Mangalarga Paulista, pelos primórdios de sua criação e base no estado de São Paulo. Como esses criadores procuravam animais para o trabalho nas fazendas (lida com o gado) e para o esporte (na época, a caçada do veado), desenvolveu-se uma raça dotada de qualidades imprescindíveis a tais finalidades, com bons andamentos, resistência, docilidade e nobreza de caráter.

Exemplar da Raça Mangalarga (Prop.: Irmãos Pupo) Animal Business-Brasil_15

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Assim sendo, desde a sua origem, o cavalo mangalarga foi selecionado como animal de trabalho e esporte. Uma grande característica da raça é sua marcha cômoda, intermediária entre a marcha batida e o trote, denominada de marcha trotada. Caracterizase por um andamento diagonal, bipedal de dois tempos. Diferencia-se do trote porque tem um tempo ínfimo de suspensão entre os apoios, o mínimo necessário para que se processe a troca dos mesmos. Vem desta particularidade o pouco atrito. A fundação da Associação de Criadores de Cavalos da raça Mangalarga, que posteriormente passou a chamar-se Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga ocorreu em 1934. Hoje a Associação possui 193.000 animais registrados em seu Stud Book, sendo considerados vivos 60.000 animais e 1.400 criadores espalhados por todo o Brasil, com forte predominância nos estados de São Paulo, Bahia e Distrito Federal. São admitidas todas as pelagens, a exceção da albina (despigmentada) e a pintada (tipo Appaloosa e Persa). A altura mínima para machos é de 1,50m e para fêmeas 1,45m, com peso médio de 500 kg. O andamento é a marcha trotada. MANGALARGA MARCHADOR O início da criação do cavalo Mangalarga Marchador, também erroneamente conhecido como Mangalarga Mineiro, pelos primórdios de sua criação no Estado de Minas Gerais, mais precisamente no Sul de Minas Gerais, se confunde com a do Mangalarga. Descende de animais Lusitanos e Berberes trazidos para o Brasil pela comitiva Real de D. João VI, no século XIX. Consta que os primeiros animais foram selecionados na Fazenda Campo Alegre, pertencente a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. Outro grande incentivador da raça em seus primórdios foi seu sobrinho José Fausino Junqueira, grande adepto e incentivador de caçadas de veado e selecionador de cavalos de marcha cômoda e resistência para esta atividade. As bases da seleção do cavalo Mangalarga Marchador priorizaram a marcha, denominada de marcha batida ou então a marcha picada, que se caracterizam pelo apoio tripedal, ou tríplice apoio, isto é, em determinado momento da marcha, três membros do animal se apóiam no solo, dando característica mais cômoda ao andamento. Hoje o cavalo Mangalarga Marchador é muito utilizado em provas de conformação, provas de mar-

cha, enduro, cavalgadas, e até mesmo para salto, como vem sendo selecionado pela Coudelaria Desempenho, no interior do Rio de Janeiro, com resultados bastante expressivos. Fundada em 1949 em Belo Horizonte, MG, a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador tem registrado em seu Stud Book mais de 300.000 animais e conta com mais de 8.000 associados espalhados por todo o Brasil, com predominância nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo. São admitidas todas as pelagens, a exceção da pelagem albina. A altura para machos mínima é de 1,47m e máxima de 1,57m, sendo ideal 1,52m. Para fêmeas, a altura mínima é de 1,40m e máxima 1,54m, sendo ideal 1,46m, com peso médio de 400 kg. O andamento é a marcha batida, picada e de centro. MARAJOARA Raça desenvolvida na Ilha de Marajó, no estado do Pará, oriunda de uma seleção natural que ocorreu na ilha de cavalos de nativos da Peninsula Ibérica e Bérbere que ali chegaram no século XVII. O cavalo da raça Marajoara adaptou-se muito bem às condições adversas da ilha, com excesso de umidade o ano todo e clima muito quente e úmido, procriando-se aos milhares, estimando-se em mais de 1.000.000 de cabeças no final do século XIX, além das necessidades locais da Ilha, a tal ponto que teve seu abate estimulado pelo governo local por trazer prejuizos às outras atividades agropecuárias. Em 1979 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Marajoara, com sede em Belém, PA, com instalação de um posto de fomento para preservação e divulgação desta raça, muito rústica e util ao serviço nas condições adversas do ambiente local. Estima-se em mais de 150.000 exemplares do cavalo marajoara que povoam algumas regiões do norte do Brasil, a maioria mestiçados com Mangalarga, Puro Sangue Inglês e Árabe. É muito utilizada como animal de serviço na lida com búfalos e gado bovino na Ilha de Marajó, além de hoje ser utilizada como cavalo de esporte, em festas tradicionais de Ilha como competições de resistência, provas de argola e provas de velocidade, que ocorrem em diversas cidades no Festival do Cavalo Marajoara. São aceitas todas as pelagens, exceto pampa e albina. A altura para machos mínima é de 1,35m e máxima de 1,56 m; para fêmeas a mínima é de 1,30m

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e máxima 1,50 m, com peso médio de 350 kg. O andamento é o trote em todas as modalidades, andamento com apoio, bipedal diagonalizado. MorgAn A raça Morgan surgiu nos Estados Unidos no final do século XVIII originária do cruzamento de Puro Sangue Inglês com uma égua mestiça de raça selvagem e provavelmente Hackney (raça de atrelagem leve). Aparentemente foi um cruzamento acidental realizado por Justin Morgan que deu o nome de Figure ao potro nascido deste cruzamento. Este animal mostrou-se excelente trotador, tendo destaque em competições de corrida, salto, tiro leve, desfile, etc. e transmitindo suas excelentes qualidades a seus descendentes, surgindo assim a raça. É considerado um cavalo de tiro leve, apto à sela e atrelagem de competição e lazer. O inicio da raça no Brasil se deu em 1934, com a importação de dois casais dos EUA para o estado do Rio Grande do Sul. O livro de controle de registro foi aberto nesse ano e contabilizou seis animais, quatro machos e duas fêmeas, mais duas fêmeas

em 1935, ficando desativado até 1984, quando ocorreram novas importações dos EUA, e desde então se tem mantido regular. O controle de registro genealógico é feito pela Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares”, com sede em Pelotas, RS , e que até 2005 contabilizou 102 animais puros registrados. A partir de 1988 abriu-se um livro para controle de animais Puros por Cruza Absorvente, que contabiliza 292 animais registrados, um livro para controle de animais mestiços, que contabiliza 107 animais registrados e um livro para controle de éguas-base para obtenção de meio sangue, que contabiliza 73 animais. As pelagens aceitas são alazão, castanho e negro. A altura média situa-se entre 1,50m e 1,60m, com peso entre 400 e 600 kg. O andamento é o trote. nordeSTIno A origem do cavalo Nordestino data dos séculos XVI e XVII, com os primeiros animais que aqui desembaracaram para desbravar o continente. Acreditase que esses animais seriam das raças Sorraya e

Exemplares de Nordestino (fonte: Luis Cleber Soares Machado) Animal Business-Brasil_17

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Garrano, ambos de origem portuguesa, muito utilizados na lida diária, de porte pequeno e grande resistencia para o trabalho e condições adversas, e que possuem em sua formação um ancestral mais antigo, o Bérbere, e que muito deixou de caractreristicas para o cavalo Nordestino. É um cavalo pequeno, mas muito resistente, bem adaptado às condições do semi-árido nordestino, que teve uma grande disseminação por essa região por alguns séculos, miscigenando o sangue Sorraya e Garrano com cavalos de outras raças aqui presentes, principalmente lusitanos e até árabes. Com a entrada e seleção de outras raças de cavalos de maior porte e o advento da modernidade no trabalho de campo, muito se perdeu desta raça, ficando quase desaparecida no século XX, encontrada apenas em alguns pontos do interior nordestino. Segundo Sérgio Beck, a primeira vez que se buscou padronizar o cavalo Nordestino foi na década de 30, do século XX, por órgãos oficiais que buscaram um padrão racial que, por ser amplo demais, não logrou êxito. Desta época até 1975, quando foi fundada, em Recife-PE a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Nordestino, a raça desenvolveu-se sem nenhum padrão morfológico, sendo orientada apenas pelas pressões ambientais, isto é, animais mais bem adaptados às condições do semi-árido é que se reproduziam com mais eficiencia. Por diversos motivos politicos, a Associação deixou de fazer o controle de registro e fomento da raça no final dos anos 90. Entretanto, a partir desta primeira década do século XXI, um grupo de abnegados amantes do cavalo e da cultura nordestina, em especial do cavalo Nordestino, buscam resgatar, fomentar e incentivar a criação controlada desta raça, fundando a Associação Equestre e de Preservação do Cavalo Nordestino (AEPCN), que conta com regulamentos e congrega todos os interessados em preservar esse animal especialmente adaptado à região. São aceitos todos os tipos de pelagens, exceto a albina. A altura mínima para machos é de 1,35m e de 1,30m para fêmeas, e a altura máxima é de 1,50m. O andamento é o trote em todas as suas modalidades.

pois o Paint é derivado deste, que também tem origem norte–americana, sendo o resultado do cruzamento do Puro Sangue Inglês com o nativo e selvagem Mustang Americano. O Quarto-de-Milha passou a discriminar o cavalo com manchas, classificado como “Artigo 53”. Essa regra desprezava animais que tivessem qualquer

Exemplar de Pampa (Prop.: Hs Lagoinha) (Foto: Marisa Iório)

PAINT HORSE Falar sobre a origem do Paint Horse é obrigatoriamente passar pela história do Quarto-de-Milha, 18_Animal Business-Brasil

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mancha branca acima de cinco centímetros quadrados no corpo, acima do joelho do animal ou entre o canto da orelha até o canto da boca. Eles então não podiam ser usados na reprodução e eram eliminados da raça. No início da década de 60, os norte-americanos perceberam no Paint Horse um cavalo extrema-

mente versátil, dócil e, com a vantagem da pelagem, ou seja, um Quarto-de-Milha exótico. Em 1962, nos Estados Unidos, foi fundada a American Paint Horse Association, que reúne aproximadamente 48 mil criadores. Por sua semelhança morfológica com as raças Quarto de Milha e Appaloosa, o cavalo Paint possui as mesmas funções e provas que estas raças: Conformação, Apartação, Rédeas, Team Penning, Bulldogging, Laço em Dupla, Corrida, Baliza, Tambor, etc. Com características morfológicas semelhantes ao Quarto de Milha, o grande diferencial é a pelagem. Cada Paint tem uma combinação particular de branco. As manchas podem ser de qualquer forma ou tamanho e localizadas virtualmente em qualquer lugar do corpo do animal. As variedades de pelagem característica do Paint Horse podem ser de 03 tipos: 1) Overo: o branco não ultrapassa as costas do cavalo entre a cernelha e a cauda. Pelo menos, uma pata ou todas as patas são escuras e o branco é irregular e um tanto espalhado. 2) Tobiano: a cor escura geralmente cobre um ou ambos os flancos, e a cor branca passa o lombo entre a cernelha e a cauda. Geralmente as quatro patas são brancas. 3) Tovero: mistura de características Overo e Tobiano. A altura média é de 1,50m, com peso médio de 500 kg. O andamento é o trote. PAMPA O cavalo pampa não é propriamente considerado uma raça, pois abrange animais oriundos de outras raças que tenham como característica principal sua pelagem. O principal objetivo da Associação é a formação de um cavalo pampa com aptidão esportiva e de lazer, sendo aceitos cavalos com origem em diversas raças. A base de formação é de um cavalo de padrão morfológico internacional para sela, preservando as modalidades de andamento. Para não descaracterizar o padrão morfológico pampa nacional, são vetados os registros de animais de origem no Quarto de Milha e no Puro Sangue Árabe, dentre outras raças consideradas exóticas. São aceitos registros de cavalos pampa com origem nas seguintes raças: Anglo-Árabe, Campeiro, Campolina, Crioulo, Mangalarga, Mangalarga Marchador e Puro Sangue Inglês. Animal Business-Brasil_19

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Devido a essa diversidade racial, tendo como principal ponto comum a pelagem conjugada, há grandes diferenças de andamento e morfologia dentro do cavalo pampa. Nos julgamentos em exposições, os animais são previamente divididos em 05 categorias pelos juízes, conforme o tipo de andamento, e avaliados em morfologia e andamento em suas respectivas categorias, que são: Marcha batida: andamento dissociado a quatro tempos bem definidos e quatro batidas que se aproximam duas a duas na sonoridade. Há predominância dos avanços dos bípedes em diagonal e momentos de tríplice apoio. Marcha picada: andamento dissociado a quatro tempos bem definidos e quatro batidas que se aproximam duas a duas na sonoridade. Há predominância dos avanços dos bípedes em lateral e momentos de tríplice apoio. Marcha de centro: andamento dissociado a quatro tempos com quatro batidas, com espaçamentos aproximadamente iguais, com momentos de tríplice apoio e em que não se evidencia predominância do deslocamento dos bípedes diagonais ou laterais. Marcha trotada: andamento de avanços diagonais sincronizados, em dois tempos, em que não se observa nitidamente o momento de suspensão para a troca dos apoios. Trote: andamento de avanços diagonais sincronizados, em dois tempos, em que se observa nitidamente o momento de suspensão para a troca dos apoios. A ABCCPampa foi fundada em 1993 e conta com 12.000 animais registrados em seu Stud Book e 1.500 associados, sendo 800 considerados ativos e regulares. A pelagem pampa é conjugada com as pelagens sólidas contidas no regulamento, sendo que o animal deverá ter no mínimo uma área de pelos brancos sobre pele despigmentada medindo em torno de 100 cm2, podendo ser composta de, no máximo, duas manchas formando a área total. As despigmentações de crina e cauda podem ser de qualquer forma e tamanho. Na composição da pelagem pampa, são permitidas as seguintes pelagens: alazã; baia; branca; castanha; lobuna; preta; rosilha; tordilha. A altura mínima para machos é de 1,45m e 1,40m para fêmeas, com peso médio de 500 kg. São aceitas todas as modalidades de andamento natural, exceção da andadura, nos machos.

PANTANEIRO O cavalo Pantaneiro tem origem de cavalos oriundos de expedições de exploração do interior do Brasil que se organizaram desde o século XVI, levando cavalos de nativos da Península Ibérica e Bérbere ou Barbo, além do Crioulo Argentino. Também recebem outras denominações, conforme a região do Mato Grosso onde vivem, onde são chamados de Mimoseano (oriundos dos campos de capim mimoso, no município Barão de Melgaço), Poconeano (oriundos do município de Poconé) ou Bahiano ou da Bahia (oriundos da campina Bahia). Esses animais das expedições encontraram na liberdade do Pantanal mato-grossense condições inóspitas de excesso de umidade, mas com pastagem em abundância para sua proliferação e seleção natural, alternância de clima seco para úmido, o que lhe confere características peculiares como alta resistência dos cascos à umidade e uma grande capacidade de capturar alimentos oriundos de pastagens submersas, condição comum na maior parte do ano no Pantanal. No final do século XIX e inicio do século XX ocorreram infusões de sangue árabe, anglo-árabe e puro sangue inglês para a formação do cavalo atual, buscando elevar o porte e melhorar sua conformação. Porém essa mistura nem sempre deu certo, pois ao mesmo tempo em que elevava o porte do cavalo, piorava sua rusticidade, conseguida através dos séculos de seleção natural. Os primeiros criadores foram os índios cavaleiros Guaicurus que chegaram a ter mais de 20.000 animais domesticados em seu rebanho e foram os responsáveis pela sua proliferação por toda a região do Pantanal Mato-grossense. A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Pantaneiro foi fundada em 1972, em Poconé, MT e busca a preservação desta raça cuja seleção natural deve ser muito bem respeitada. Existem hoje 3.000 animais registrados na Associação que conta ainda com 120 criadores e 80 proprietários do cavalo, espalhados pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além da Bolívia. É um cavalo muito utilizado na lida diária com o gado e em provas de resistência, maneabilidade e velocidade, além de cavalgadas pelo Pantanal. São aceitas todas as pelagens, exceto a albina. A altura mínima para machos é de 1,40m e para fêmeas de 1,35m, com peso médio de 350 kg. O andamento é o trote.

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PERCHERON Os cavalos da raça Percheron, são oriundos da França, e conhecidos por sua grande força associada a uma surpreendente elegância. Muito difundida nos Estados Unidos, a raça ganhou notoriedade por volta do século XIX, quando era responsável por quase todo o trabalho de tração em fazendas e na cidade. Com a modernização e mecanização mundial, a raça foi quase totalmente esquecida, voltando a ter prestígio por volta do ano de 1960. Desde então é utilizada em pequenas fazendas, como cavalo de tração, e para animar eventos e jogos, puxando charretes. Originário da região do nordeste da França, em Le Perche (províncias de Sarthe, Eure-et-Loir, Loir-etCher, L’Orne), o Percheron em sua formação recebeu misturas das raças Shire, Belga e Árabe. Ele deriva de cavalos orientais e normandos, misturados há muitos séculos e posteriormente cruzados com raças pesadas de tração, aparentemente cruzados novamente com poucos árabes. O cavalo Percheron chegou ao Brasil no início do século XX, mais precisamente na década de 20, trazido pelo Exército Brasileiro, pela Cia. Matarazzo e a Companhia Cervejaria Antarctica. Esses cavalos eram usados para puxar as carroças de entrega dessas companhias na cidade de São Paulo. Somente em 1936 foram registrados os primeiros animais no Stud Book Brasileiro da raça, que funciona até hoje em Pelotas – RS na Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares” – e está aberto aos registros de animais Puros de Origem (P.O. e P.O.I.), Puros por Cruzamento Absorvente (P.A.), Mestiços (M.M.) e Éguas Bases (E.B.). O Stud Book conta com 711 animais Puros de Origem, 122 Puros por Cruza Absorvente, 531 Mestiços e 920 éguas base para obtenção de meio sangue, inscritos desde sua abertura. Atualmente, existem poucos criadores de Percheron no Brasil. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e, principalmente Rio Grande do Sul são os que possuem maior concentração de cavalos dessa raça. Ele divide com o Bretão a preferência dos pequenos e médios agricultores e é muito usado para puxar carroças e implementos agrícolas. Assim como a do Bretão, a criação destes cavalos é extremamente simples, já que são criados a campo, devido à sua rusticidade. Tanto nas baias como nos campos, os Percheron se alimentam de capim e a complementação se faz com sal mineral, podendo

ser acrescida pequena quantidade de ração granulada, proporcionalmente em menor quantidade que para as outras raças. Enquanto em outras raças normalmente se oferece 1 kg de ração para cada 100 kg de peso vivo do cavalo, a estes animais bastam 0,5 kg a 0,8 kg para cada 100 kg de peso vivo. Uma excelente característica da raça, assim como o Bretão, é que as fêmeas são excelentes produtoras de leite, podendo chegar a 35 litros diários, sendo então muito procuradas como amas de leite e receptoras de embriões. É um cavalo que pode ser utilizado também para atrelagem (principal função), potência, sela e trabalho florestal. Apesar de ser um animal pesado, sua aparência não é tão atarracada como a do Bretão, pois sua estatura média é superior. Suas pernas são pouco mais curtas que a dos cavalos comuns e bem mais fortes. Com relação à pelagem, predomina a tordilha, em suas nuances, de tordilho negro tordilho claro, mas também é permitida a negra. A altura está entre 1,60m e 1,70m e o peso situase entre 800 e 1.000 kg. O andamento é o trote. PÔNEI Pôneis são equinos de baixa estatura, com as mesmas origens dos equinos em geral. Na Europa são designados quaisquer equinos com estatura inferior a 1,50m e podem ser de várias raças dependendo do país de origem. Os primeiros pôneis foram selecionados em função da necessidade das minas de minérios em animais de baixa estatura e fortes para retirar as cargas pelos corredores estreitos e íngremes. No Brasil, a Associação Brasileira de Criadores de Pônei, fundada em 1965, controla o registro genealógico de algumas raças como Pônei Brasileiro, Piquira, Fjord, Haflinger, Shetland e Welsh Pony, Pônei de Hipismo e Reit Poney, estes dois últimos com apenas 15 e 08 animais registrados na associação, respectivamente. A associação conta atualmente com 1963 associados, sendo 300 bastante atuantes, espalhados por todo o Brasil, tendo próximo de 38.000 animais registrados de todas as raças. Pônei brasileiro O Pônei Brasileiro é um animal descendente dos pôneis de Shetland da Escócia e Falabella da ArAnimal Business-Brasil_21

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gentina. O criatório nacional conta com quase 22.000 animais registrados, na Associação. É destinado à iniciação de crianças na equitação e também utilizado em tração leve. São aceitas todas as pelagens, exceto albinoide. A altura ideal é 0,90m, sendo o máximo permitido para machos é de 1,00m e 1,10, para fêmeas. O peso situa-se entre 100 e 150 kg. O andamento é o trote, mas são aceitos animais de marcha. PIQUIRA O Piquira é um animal oriundo de Minas Gerais, que se espalhou por todo o Brasil, formado pela mistura de diversas raças através da seleção com éguas de pequeno porte. Pode ser utilizado com tranquilidade em iniciação de crianças no hipismo, possuindo estatura superior ao pônei brasileiro, podendo chegar a 1,30m. O criatório nacional conta com mais de 15.000 animais registrados na Associação. É muito utilizado na sela e atrelagem. Na sela pode ser utilizado em diversas modalidades hípicas como salto, cavalgadas e provas de marcha, devido a seu andamento cômodo. É o menor dos marchadores. São aceitas todas as pelagens, exceto a albinóide. A altura ideal para machos é de 1,22m, sendo o máximo permitido de 1,30m. Para fêmeas a altura ideal é de 1,20, sendo o máximo permitido de 1,28m. A altura mínima é de 1,15m.. O peso situase entre 120 e 200 kg. O andamento é a marcha batida ou picada.

resistente, forte e de boa índole, tendo sido muito utilizado pelo exército alemão nas duas grandes guerras. O criatório nacional conta 500 animais registrados na associação. Uma de suas principais marcas é a pelagem, sempre alazã, com variações, de crina e cauda clara. A pelagem característica é a alazã uniforme, indo do bege claro (café com leite claro), até o avermelhado, com crinas e caudas cheias compridas e de coloração quase branca. A altura para machos ideal é de 1,42m a 1,50 m e para fêmeas de 1,38m a 1,48 m, com peso entre 350 e 450 kg. O andamento é o trote. SHETLAND Originários das Ilhas Shetland na Escócia, o pônei de Shetland é a menor das raças equinas do Reino Unido. Suas origens datam de 2.500 aC, sendo muito resistentes e ágeis. São animais de ótima índole, dóceis, inteligentes e de fácil treinamento, e por isso são muito utilizados como animais de carga em minas de grande profundidade. O criatório nacional conta com 90 animais registrados na associação. São permitidas todas as pelagens, sendo mais comuns a castanha, a negra e tordilha. A altura está entre 0,65m e 1,21m, com peso médio de 150 a 200 kg. O andamento é o trote.

FJORD O Fjord é originário da Noruega, sendo uma das raças mais antigas do mundo, selecionada há 2.000 anos. São rústicos de fácil adaptação climática e geográfica. O criatório nacional conta com 48 animais registrados na Associação. São muito utilizados para equitação, tração e adestramento. A pelagem mais comum é a baia, sendo característica desta raça, podendo-se encontrar, também, lobuno e amarilho. A altura varia entre 1,37m e 1,47m, com peso médio de 400 a 500 kg. O andamento é o trote.

WELSH PONY Originário da Escócia, o Welsh Pony assemelha-se ao Puro Sangue Árabe em sua morfologia, provavelmente pela miscigenação ocorrida com esta raça há 300 anos nas montanhas de Gales, sendo, é claro, de porte muito menor. O criatório nacional conta com 25 animais registrados na associação. Pode ser utilizado para atrelagem leve, adestramento, salto, sela, enduro e cavalgadas. São permitidas todas as pelagens, exceto albinoide, Appaloosa e Pampa. A altura máxima é de 1,22m, com peso entre 150 e 250 kg. O andamento é o trote.

HAFLINGER De origem austríaca, o Haflinger possui cascos duros e resistentes, que lhe permitem andar com facilidade em terrenos acidentados. É um animal ágil,

PURO SANGUE INGLÊS – PSI A raça Puro-Sangue Inglês (Puro Sangue de Corrida) foi formada na Inglaterra, no inicio do século XVIII, durante o reinado de Charles II.

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Teve como base alguns garanhões árabes, destacando-se entre eles Darley Arabian, Bierley Turk e Godolphin Barb, que foram cruzados com éguas nativas das ilhas britânicas, sendo fundamentais 30 éguas selecionadas e pertencentes ao Haras Real, denominadas Royal Blood Mares. Os primeiros produtos registrados no Stud Book Inglês (General Stud Book) datam de 1704. A seleção da raça foi feita objetivando-se a disputa de corridas de longa distância. Sendo oriunda de uma rigorosa seleção atlética para competições, o PSI é um animal muito bem desenvolvido, com grande agilidade e ótima estrutura óssea e muscular. Devido às suas características raciais bem definidas pelo rigoroso processo de seleção dos últimos 300 anos, o Puro-Sangue Inglês é muito utilizado como melhorador de outras raças, produzindo excelentes exemplares aptos para tração leve e para o esporte, como salto e adestramento, tendo entrado na formação de diversas raças, como Quarto-de-Milha, Mangalarga, Anglo-Árabe, etc. Para ser aceito como puro, o Puro-Sangue Inglês deve apresentar oito gerações de animais puros registrados em Stud Book Oficial. É considerado o cavalo mais veloz do mundo em média distância, entre 800 m e 3.000 m, sendo esta, portanto, sua principal função, mas também tem aptidão para o salto e adestramento. As pelagens aceitas são alazão, castanho, preto e tordilho e suas variedades. A altura média é de 1,60m, com peso médio de 450 kg. O andamento é o trote. PURUCA O Puruca é um pônei selecionado na região norte do país, mais precisamente na Ilha de Marajó, no Pará. É oriundo do cruzamento de Marajoara com pôneis Shetland. São animais selecionados pela sua altura e temperamento dócil e enérgico, muito utilizado na lida de fazendas, tendo grande resistência, velocidade em galopes curtos e adaptação a locais pantanosos e ao clima quente e úmido. É aceita qualquer pelagem, exceto a albina e a pampa. A altura mínima para macho é 1,10m e máxima, 1,18m,e para fêmeas a mínima é de 1,00m e a

máxima é de 1,16m, com peso entre 150 e 200 kg. O andamento é o trote em todas as suas modalidades, com apoio bipedal diagonalizado. QUARTO-DE-MILHA O Cavalo Quarto de Milha surgiu nos Estados Unidos entre o século XVII e XVIII, originário de cavalos trazidos pelos espanhóis. Estes animais foram cruzados com éguas oriundas da Inglaterra, produzindo cavalos fortes, compactos, musculosos, capazes de cobrir curtas distâncias, mais rapidamente do que qualquer outra raça. Muito utilizado pelos cowboys na lida diária com o gado, também foram selecionados para corridas de curta distância em 402 m (um quarto de milha, daí o seu nome), sendo imbatível neste intento. Em 1940 foi fundada a American Quarter Horse Association (AQHA), sendo a maior associação de criadores de cavalos do mundo, com mais de 340 mil associados e 4.200.000 animais registrados. A introdução da raça no Brasil deu-se pelo King Ranch que, em 1955, importou seis animais dos Estados Unidos. Em 1969, foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), tendo em seu Stud Book mais de 300.000 animais registrados, 8.000 criadores e mais de 35.000 proprietários espalhados por todo o Brasil. O cavalo Quarto de Milha é muito utilizado hoje como animal de esporte em competições de diversas modalidades, atraindo centenas de cavaleiros em provas organizadas em inúmeras cidades do Brasil, contando com diversas modalidades, como Apartação, Bulldogging, Três e Cinco Tambores, Conformação, Corrida, Laço em suas diversas modalidades, Maneabilidade e Velocidade, Rédeas, Seis Balizas, Team Penning, Trail, Vaquejada entre outras. As pelagens aceitas são Alazão, Castanho, Tordilho, Preto e suas variedades, além de Cremelo (pelo pode ser branco ou creme bem claro, crina e cauda brancas, pele cor-de-rosa ou rosada por todo o corpo e olhos azuis), Lobuno, Perlino (Pelagem creme bem clara ou branca, pele rosa ou roseada, crina, cauda e extremidades normalmente tem uma tonalidade mais escura cobre ou laranja e olhos azuis) A altura média é de 1,50m e o peso médio é de 500 kg. O andamento é o trote. Animal Business-Brasil_23

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Viagem a cavalo 茅 neg贸cio incipiente no Brasil Horseback riding is an incipient business in Brazil

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Sumário

Um nicho de mercado que só no Reino Unido conta com 20 mil clientes realizando pelo menos uma viagem internacional a cavalo por ano tinha o Brasil até bem pouco tempo fora de seu mapa ! ( mapa este que conta com mais de 40 paises). Summary A market niche that in the United Kingdom alone, counts with 20 thousand clients taking, at least, one international horseback riding (cavalcade) a year and that until recently had Brazil out of the map! (this map counts with over 40 countries).

Por/Text Paulo Junqueira Arantes Empresário/Entrepreneur

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O mercado de viagens a cavalo é uma atividade ainda nova e pouco conhecida no Brasil. Na Europa e América do Norte já esta bem estruturada e tem mais de 25 anos. A maior agencia especializada em viagens a cavalo no mundo, In The Saddle, esta baseada na Inglaterra, tem escritório nos Estados Unidos e representantes em 7 paises. (Austrália, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Holanda, Itália e Noruega) Fundada em 1995, só começou a trabalhar com o Brasil em 2009. O fato surpreende quando se constata que a agência começou a vender destinos da Argentina e do Chile em 1997, do Peru em 2006, do Equador em 2007 e do Uruguai em 2008. Ou seja, o Brasil apesar de ter mais cavalos que todos esses países juntos, não ter as limitações climáticas que eles têm e contar com grande diversidade de belezas naturais para oferecer, não havia conseguido entrar neste interessante mercado. A falta de profissionalismo, traduzido em qualidade e segurança, é o motivo apontado pelas mais de 10 agências no mundo que hoje vendem alguns dos 6 destinos brasileiros estruturados para viagens a cavalo. (Aparados da Serra – RS; Fazendas Históricas de Café – SP; Estrada Real – MG; Serra Fluminense- RJ; Pantanal Sul – MS e Costa do Descobrimento – BA). Considerando que o Brasil tem o terceiro plantel de cavalos do mundo e que o agronegócio cavalo movimenta toda uma cadeia da economia 26_Animal Business-Brasil

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e é grande empregador de mão de obra, esta atividade de turismo equestre, deve ser observada com mais atenção por todos aqueles envolvidos com a Indústria de cavalos. Observando- se as estatísticas dos clientes ingleses desta atividade pode-se observar que os números não surpreendem somente pela quantidade mas também pelo gênero. Do total de clientes da In The Saddle, 74% são mulheres e 26% são homens; clientes individuais /singles 25% ; duas pessoas 39% e grupos de 3 ou mais, 36%. Quanto à idade: Crianças até 9 anos: 2%; 10 – 19: 6%; 20 – 29: 9%; 30 – 39: 21%; 40 – 49: 29%; 50 – 59: 22%; 60 – 69: 9% e 70 ou mais: 2%.

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O dinamismo dos haras de São Paulo The dynamism of the studs of the State of São Paulo Por/Text Roberto Arruda de Souza Lima/Leonardo de Aro Galera Adriana Reali Saler/Mateus Manara Picoli

Sumário

O Estado de São Paulo historicamente tem se destacado no cenário da equinocultura. Já no século XIX as feiras que ocorriam no Estado, principalmente na região de Sorocaba, eram responsáveis por importante parcela da comercialização de animais. Esta importância permanece até hoje. O Estado de São Paulo abriga as sedes de maioria (52%) das associações de criadores (ver Tabela 1), indústrias de medicamentos veterinários, concentra leilões e eventos equestres, entre outros indicadores positivos. Summary The State of Sao Paulo has, historically, being standing out in the equine scenario . Back in the 19th century the fairs that took place in that State, mainly in the Sorocaba region, were responsible for an important share of the commercialization of the animals. This importance remains until today. The State of Sao Paulo houses the majority (52%) of the headquarters of the breeders associations (see table 1), veterinary drugs industries, concentrates auctions and equine events among other positive indicators.

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Tabela 1: Localização da sede das associações brasileiras de criadores de cavalos. ASSOCIAÇÃO

SEDE

Mangalarga Marchador (ABCCMM)

MG

Campolina (ABCCC)

MG

Pampa (ABCPAMPA)

MG

Pura Raça Espanhola (ABPRE)

MG

Pônei (ABCCPONEI)

MG

Pantaneiro (ABCCP)

MT

Marajoara

PA

Puruca (ARPP)

PA

“Herd Book Collares”

RS

Crioulo (ABCCC)

RS

Campeiro

SC

Bretão

SP

Paint (ABCPAINT)

SP

Rédeas (ANCR)

SP

Trotador (ABCCT)

SP

Árabe (ABCCA)

SP

Anglo-Árabe

SP

Quarto de Milha (ABQM)

SP

Mangalarga (ABCCRM)

SP

Appaloosa (ABCCAppaloosa)

SP

Puro Sangue Lusitano (ABPSL)

SP

Hipismo (ABCCH)

SP

Cavalo de Corrida (ABCPCC)

SP

Fonte: Comissão Nacional do Cavalo da CNA (2012)

A criação de cavalos distribui-se por todo Estado (Figura 1), totalizando cerca de 380 mil animais, o que corresponde a pouco menos de 7% da tropa brasileira (Figura 2). Segundo dados do LUPA (Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária), esses animais encontram-se em mais de 100 mil UPAs (Unidade de Produção Agropecuária, que é o conjunto de propriedades rurais contíguas do mesmo proprietário). Parte dessas propriedades é representada por haras que abrigam animais das mais diversas raças. Este artigo apresenta, de forma não exaustiva, alguns que tem se destacado no denominado equibusiness. CoudelArIA roCAS do VougA Localizada em Itu/SP, propriedade de Manuel Tavares de Almeida Filho, a Coudelaria Rocas do Vouga foi fundada em 1996, e desde então dedicase a produzir Puro Sangue Lusitanos típicos e com aptidão para os esportes equestres, sobretudo o Adestramento Clássico. Com produção por meio de cruzamentos com base nas linhas mais puras de Portugal, entre elas Veiga e Coimbra, o haras já coleciona 4 títulos de Melhor Criador da Raça, conquistados em Exposições Nacionais, sendo os últimos no triênio 2010, 2011 e 2012. Neste ano de 2012 fez-se o primeiro Campeão dos Campeões (Campeão Nacional) de ferro próprio, isto é, criado lá. Para o administrador do haras, Raul Antonio de Maura Silva, o mercado de cavalos no Brasil é promissor, mas sensível às flutuações macroeconômicas. Situação é acentuada nos casos de produtos de luxo, dedicado às classes A e B, como são os animais do haras. Os custos de produção e criação de cavalos de alta qualidade e performance têm permanecido elevados, agravados pelos custos de treinamento, implicando em alto investimento para animais de boa origem e bons resultados nas competições. A importação de cavalos, segundo informado por Raul Silva, não é interessante nos casos de animais medianos, utilizados imediatamen-

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te nas competições e que, geralmente, não geram descendentes. Entretanto, a importação de cavalos de alto valor zootécnico, que possam ser utilizados na reprodução no Brasil, é vista pelo haras como válida e importante. O administrador destaca que não há necessidade de importação de cavalos para o abastecimento do mercado interno, já que o Brasil é grande produtor e exportador de cavalos. Já a exportação de cavalos, na visão do administrador, representa um dos caminhos mais eficazes para o equilíbrio entre despesas e receitas, ou mesmo para lucro na criação de cavalos. Esta alternativa, nos últimos anos, tem sido prejudicada pela crise econômica mundial, sendo que os dois principais mercados estrangeiros para o PSL, os EUA e a Europa, reduziram drasticamente suas importações. Entretanto, apesar do panorama internacional de negócios do setor não ser tão animador, os valores atingidos têm sido mais vantajosos do que nos negócios nacionais. Adicionalmente, observa-se que os tempos de crise têm oferecido resultados positivos, induzindo à limitação da produção e aumento da qualidade média da criação. Haras Mineral Propriedade de Wilson Ricciluca Junior, o Haras Mineral dedica-se, desde sua fundação, em 1972, à criação de linhas tradicionais e esportivas de cavalos da raça Puro Sangue Lusitano. Posteriormente, iniciou-se, também, a criação de animais das raças Brasileiro de Hipismo, Crioulo e Andaluz Brasileiro. Com sede em Itapira/SP, é pioneiro na criação do Lusitano no Brasil e fundador da Associação do Andaluz Brasileiro. Nestes 40 anos de criação equestre, consolidou uma imagem de destaque pela qualidade dos andamentos, funcionalidade e temperamento de seus animais. Para o proprietário, o mercado nacional de cavalos é bastante satisfatório, ressaltando que o Brasil, além de possuir clima excelente para a produção de equinos, sempre esteve entre os cinco maiores produtores do mundo. Todavia, ainda possui muita possibilidade de crescimento qualitativo e quantitativo, de modo que, atualmente, faz-se necessário o investimento no desenvolvimento da equitação como esporte, no manejo e na genética em âmbito nacional. Dessa forma, rapidamente seria possível o alcance do nível da Europa, continente onde a criação de equinos é mais difundida e tradicional. Ricciluca Junior ressalta que o cerne do desnível entre Brasil e Europa está no conhecimento da

Figura 1 – São Paulo: distribuição do plantel de equinos. Fonte: Projeto Lupa – IEA

Figura 2 – São Paulo: Evolução do plantel período de 1974 a 2010. Fonte: IBGE (2012)

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“Cultura Equestre”, ainda pouco difundido no Brasil. Portanto, faz-se essencial e urgente um maior investimento em cursos, os quais compõe um diferencial que o Haras Mineral vem oferecendo há muitos anos. Entre estes podem-se citar cursos sobre importação e exportação de equinos ou “como comprar o cavalo ideal”. Com propriedade de quem oferece um curso sobre o assunto, Ricciluca Junior credita grande importância à importação de cavalos. Porém, para o fortalecimento do mercado interno, a importação de sêmen faz-se ainda mais importante, já que a tecnologia permite a produção de cavalos inclusive com o processo de transferência de embriões, tornando possível o aperfeiçoamento das raças em território nacional. A confirmação do trabalho corretamente realizado se daria por conta do sucesso da exportação, tornando esta completamente desejável por trazer divisas para o país e prestígio da equinocultura brasileira mundo afora. HArAS PolAnA O Haras Polana foi fundado no ano de 2004 nas montanhas da Serra da Mantiqueira, próximo a Campos do Jordão – SP, por Leszek Bilyk e seu filho Paulo André Porto Bilyk. O haras comporta um centro esportivo que visa a criação de cavalos de alta performance para salto e animais da raça árabe para enduro, que competem nas principais provas do país, além de acolher eventos culturais. A infra-estrutura do haras é um dos pontos que o diferencia positivamente. Por exemplo, foi o escri-

tório responsável pela pista dos Jogos Olímpicos em Sidney quem construiu a pista principal, que conta com tecnologia francesa para melhor isolar a superfície de areia. Também destaca-se a arquitetura de suas cocheiras, que proporcionam visão de 360º aos animais alojados no Polana. As características particulares de Campos do Jordão (natureza, relevo e clima) permitem que o haras promova atividades sociais, culturais e gastronômicas em conjunto com as provas esportivas, como o Concurso Hípico Polana/AMECampos. As provas de hipismo contam com a participação dos principais profissionais em atividade no país e também de amadores de alto nível. A gerente operacional do Haras Claudia Sulzbeck, vê o mercado de cavalos no Brasil focado principalmente em animais para esportes olímpicos e para passeio. Quanto a importação de cavalos, a vantagem, segundo ela, é o aumento da qualidade genética do plantel nacional, mas o custo das importações é uma importante restrição. Para Claudia Sulzbeck, as exportações de cavalos possuem potencial crescimento, embora sejam, atualmente, pouco significativas. HArAS AgAe Localizado no Município de Avaí, próximo a Bauru, o Haras Agae é de propriedade de Henrique Herweg. O Haras tem como finalidade a criação da raça Quarto de Milha para as diversas modalidades esportivas (3 Tambores, 6 Balizas, Team Penning, Ranch Sorting, Laço, entre outras), mas parte da tropa também é utilizada para serviços com o gado na lida diária.

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Embora já existisse uma tropa com animais mestiços, apenas para o uso no campo, o marco para o início do criatório da raça Quarto de Milha no haras é o ano de 1982, quando ocorreu a importação de vários animais puros e mestiços de ótima procedência (King Ranch e outros). Em 1995, passou-se a criar apenas animais puros, com vendas focadas principalmente para a vaquejada na Região Nordeste. Foram vendidos mais de 300 cavalos para os estados nordestinos. Em 2001, o Haras começou a participar das provas da ABQM (Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha) nas modalidades Tambor, Baliza, Team Penning e, posteriormente, Ranch Sorting. Em 10 anos de participação, o Haras Agae figura entre os sete melhores criadores pontuados da raça no ranking da ABQM. O representante do Haras, Guido Herweg, credita o significativo aumento da qualidade, quantidade, valores e liquidez do Quarto de Milha nos últimos 10 anos ao verificado aumento do poder aquisitivo no Brasil e consequente aumento da demanda. Porém, as potenciais crises econômicas e o aumento expressivo de novas crias, muitas vezes geradas pela transferência de embriões, que está sendo muito utilizada hoje em dia, segundo Herweg, se mostram ameaças ao atual dinamismo do mercado. Entretanto, o criador mostra-se otimista com a raça, acreditando que ainda há muito espaço para crescimento e que isso depende da qualidade e seriedade dos criadores. Quanto à importação de cavalos, para o representante do Agae, no caso do Quarto de Milha sempre

haverá importação de animais, pois a raça é de origem norte-americana e tende-se a melhorar a genética da tropa nacional. No atual cenário econômico mundial, com crise dos Estados Unidos e a boa fase do Brasil, muitos criadores têm importando cavalos visando lucro no curto prazo, pois o cavalo nos EUA está mais barato que no Brasil e muitas vezes possui maior qualidade genética. Nos últimos anos houve um grande volume de cavalos dos EUA vindo ao Brasil, o que tem mudado radicalmente as linhagens preferidas do criador nacional. Segundo Guido Herweg, essa mudança é benéfica para o criatório nacional e quem souber trabalhar bem essa situação com certeza terá sucesso. Quanto à exportação de cavalos, Guido consideraa apenas como mais uma alternativa de mercado para a venda de cavalos, atualmente menos atrativa que o mercado doméstico. No momento atual, a demanda interna está alta e os valores do mercado interno estão mais elevados. Adicionalmente, há problemas sanitários como limitante à exportação. Por exemplo, a China tem comprado muitos produtos Quarto de Milha, mas quase que exclusivamente dos Estados Unidos. Pelo exposto, ilustrado com uma pequena amostra de haras paulistas, observa-se que a equinocultura encontra-se diversificada nas diversas raças dentro do Estado de São Paulo. A busca pela qualidade tem mostrado, além de bons resultados, oportunidades para transações tanto de exportações quanto de importação, que deverão acrescentar maior dinamismo econômico à atividade.

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Brasil apresenta vantagens insuperáveis para investidores no agronegócio Brazil presents insurmountable advantages for investors in agribusiness Por/Text Luiz Octavio Pires Leal Foto/ Photo Danielle Furtado Medeiros

Sumário

O ex-ministro da Agricultura, Embaixador da FAO para o Cooperativismo e Coordenador de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, aponta as vantagens que o Brasil oferece para os investidores do agronegócio, como:tecnologia tropical avançada, disponibilidade de terras e produtores rurais modernos. Summary Former Minister of Agriculture, Ambassador of FAO for the Cooperativism and Coordinator of Agribusiness at Fundação Getúlio Vargas, Agronomist Roberto Rodrigues, points out the advantages offered by Brazil to investors in agribusiness such as advanced tropical technology, availability of land and modern rural producers.

Temos três vantagens competitivas que nenhum outro país ou continente tem 34_Animal Business-Brasil

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Roberto Rodrigues, é Coordenador de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e Embaixador da ONU para o Cooperativismo. Formado em agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em 1965, é Doutor Honoris Causa pela UNESP da qual é professor do Departamento de Economia Rural. Foi ministro da Agricultura entre janeiro de 2003 e julho de 2006. Indagado sobre as vantagens que o Brasil oferece para o investidor estrangeiro interessado na produção de proteína de origem animal e no agronegócio, em geral, com vistas a abastecer populações de nível de vida crescente, de paises emergentes, como a China, a Rússia e a Índia, ele respondeu: Nós temos três vantagens comparativas que praticamente nenhum outro país do mundo e nem mesmo um continente tem. A primeira delas é uma tecnologia tropical avançada, a partir de estudos feitos pelos nossos cientistas, que podem ser multiplicadas em outros países. Em segundo lugar, temos terras disponíveis para a produção agropecuária em quantidade que nenhum outro país tem. O Brasil cultiva hoje cerca de 72 milhões de hectares com diversas culturas e mais 172 milhões de hectares de pastagens. Tudo somado, não chega a 30% do território brasileiro. Podemos, portanto, ampliar muito a área para a produção de carne e de grãos que serão transformados em carnes. A terceira vantagem é que temos um produtor rural moderníssimo em consequência do violento ajuste feito no mundo rural, decorrente da estabilização na economia brasileira feita nos anos recenAnimal Business-Brasil_35

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tes. Milhares de produtores que não foram capazes de incorporar gestão e tecnologia modernas foram eliminados. Os que ficaram são competitivos e oferecem condições excepcionais de crescimento.

O Congresso Nacional e a Casa Civil da Presidência da República estão estudando nova legislação sobre a compra de terra por estrangeiros

Compra de terras por estrangeiros Sobre esse assunto polêmico e ainda não resolvido, o Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas esclareceu que até agosto de 2010 a legislação relativa ao assunto dizia que as empresas nacionais de capital estrangeiro estabelecidas no Brasil tinham os mesmos direitos das empresas de capital brasileiro. A partir daquela data, a AGU deu uma nova interpretação, proibindo mesmo às empresas brasileiras de capital estrangeiro comprar terras em território brasileiro. Empresas estrangeiras de capital estrangeiro ainda mais. O complicado é que a AGU interpreta a lei. E uma lei que comporta duas interpretações é uma lei falha. A lei tem que ser clara! Atualmente, o Congresso está empenhado em formular uma nova lei, ouvidas todas as discussões ideológicas que permeiam aquele cenário. A Casa Civil da Presidência da República também tem um grupo de trabalho debruçado sobre o tema. A perspectiva, portanto, é que de uma forma ou de outra, o assunto esteja definitivamente resolvido e empresas ou pessoas físicas possam investir livremente no nosso território com o objetivo de produzir alimentos para exportar para seus próprios países, para outros países ou vender internamente. O certo é que não podemos ficar de costas para o mundo, que considera o Brasil uma importante potência agrícola atual e não uma promessa de

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172.000.000 ha de pastagens + 72.000.000 ha cultivados = 30% do território nacional.

futuro, em que pesem alguns gargalos nas áreas de infraestrutura mas cuja solução está em andamento. O que na minha opinião deverá ser evitado é que fundos soberanos comprem terra no Brasil. CoMModITIeS X ProduToS InduSTrIAlIzAdoS O Brasil é um dos mais importantes produtores e exportadores de produtos agropecuários do mundo, com destaque para as carnes e os grãos. Mas ainda é fraco como exportador de produtos industrializados, acabados, produtos, com agregação de valor. Sobre isso o professor Roberto Rodrigues disse o seguinte: Esse é um assunto extremamente complexo e dois temas devem ser considerados. O primeiro é que os países importadores querem, eles próprios, agregar valor às matérias primas que importam, no que têm razão, como razão também temos nós de querer agregar valor ao nossos produtos, aqui. É matéria a ser negociada entre governos com a participação da iniciativa privada. O segundo é a conveniência do estabelecimento de acordos com as redes de distribuição no exterior, como alguns frigoríficos já fizeram com sucesso. Animal Business-Brasil_37

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Academia Brasileira de Medicina Veterinária em nova fase com apoio da SNA. Fundada em setembro de 1983, a Academia Brasileira de Medicina Veterinária até a presente data só teve um presidente, o Professor Jadyr Vogel,que renunciou no dia 06/07. Médico veterinário e médico pediatra, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em quatro de agosto de 1914. Diplomou-se na primeira profissão, pela Escola Nacional de Veterinária, em 1936 e na segunda, em 1939, pela Escola de Medicina e Cirurgia. Conquistou o título de Doutor em Veterinária, pela Escola Nacional de Veterinária, em 1949. Participou de mais de 40 cursos de aperfeiçoamento e extensão universitária. Desenvolveu intensa atividade didática e administrativa. obJeTIVoS A Academia Brasileira de Medicina VeterináriaABRAMVET – é uma entidade civil, de direito priva-

do, sem fins lucrativos, destinanda a executar atividades sociais, culturais, científicas e tecnológicas, preservar a memória histórica da medicina veterinária brasileira, promovendo intercâmbio com entidades congêneres e contribuindo para o progresso da profissão. À ABRAMVET cabe assessorar o Governo Federal nos assuntos relacionados à medicina veterinária. Também é papel da Academia premiar iniciativas culturais “de valor incontestável”, assim como realizar eventos nacionais e internacionais. Modelo FrAnCÊS Assim como a ABL – Academia Brasileira de Letras – a ABRAMVET segue o modelo francês, com 40 membros titulares que ocupam cadeiras criadas para homenagear grandes vultos da profissão. O Estatuto prevê, também, mais três categorias: Eméritos, Honorários e Correspondentes.

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Professor Thiago de Mello, Luiz Octavio Pires Leal, Professor Jadyr Vogel e Antonio Alvarenga

Biblioteca O Artigo 3º prevê que “A ABRAMVET manterá Biblioteca e Museu...” Muito embora haja alentadas coleções de livros disponíveis, fruto de doações, até agora ainda não foi possível organizá-las sob a forma de uma biblioteca, por falta de espaço, mas a SNA está estudando a possibilidade de ceder um local em seu Parque Educacional e Ambiental localizado na Penha, de frente para a Avenida Brasil, onde funciona uma faculdade de veterinária e a tradicional Escola de Horticultura Wenceslao Bello. Informações Quem estiver interessado em obter informações sobre a Academia, deverá entrar em contato com a Secretaria, que funciona na sede. A sede da ABRAMVET está localizada na Avenida Presidente Vargas, 446 – grupo 1004 – Edifício Delamare.

Tels.: 2233-2780 e 2516-0706. e-mail: abramvet@abramvet.org.br Espaço nesta Revista e na Internet A SNA também cede espaço nesta Revista, para a divulgação de notas de interesse da ABRAMVET. A Animal Business-Brasil também é veiculada através do portal http://www.animalbusinessbrasil. agr.br e http://www.sna.agr.br Reuniões mensais Os colegas acadêmicos e convidados estão convocados para as reuniões da ABRAMVET, na SNA, em toda primeira sexta-feira de cada mês, com início às 15:00 horas e término às 17:00 horas. Edifício SNA – Avenida General Justo, 171 – ao lado do Aeroporto Santos Dumont. Animal Business-Brasil_39

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Criação brasileira de avestruz Estrutiocultura The Brazilian raising of ostriches Ostrich Farming Por MV. Roberto de Arruda Silva Text Veterinarian Roberto de Arruda Silva

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Sumário

A criação no Brasil começou em 1996 com apenas 200 aves, mas em 2003 já eram 100.000. Há cerca de 1.500 criadores e a maior concentração está no estado de São Paulo. O crescimento dessa atividade é grande. Esse mercado movimenta cerca de US$5 milhões/ano. 70% da renda correspondem à venda de reprodutores. O investimento para iniciar uma criação está estimado em R$ 50 mil.. Uma ave com 90 dias de idade vale entre R$1.200,00 R$1.500,00 e as matrizes certificadas, entre R$8 e R$9 mil O tempo médio de expectativa do retorno do investimento é de quatro a cinco anos. O avestruz vive, em média, 70 anos. As aves são abatidas com 12 a 15 meses de idade. Summary

Ostrich raising in Brazil started in 1996 with only 200 birds but in 2003 there were already 100,000. There are close to 1,500 growers and the higher concentration is in the state of Sao Paulo. The growth of this activity is large. This market moves approximately US$ 5 million/year. 70% of the revenue comes from the sale of breeders. The investment to start a breeding farm is estimated at R$ 50 thousand. A 90 day bird is worth between R$ 1,200.00 and R$ 1,500.00 and certified matrices between R$ 8,000.00 and R$ 9,000.00. The average expected time for investment return is from 4 to 5 years. The ostrich lives in average 70 years. The birds are slaughtered at the age of 12 to 15 months.

Origem A avestruz, pertence à classe das aves e ao grupo das Ratitas. Segundo a organização sistemática, estas aves agrupam-se em quatro grandes ordens: - a ordem dos Estrutioniformes (Strutioniformes) abrange uma única família, os Estrutionídeos, e uma só espécie, a avestruz; - a ordem dos Reiformes (Rheiformes) possui uma única família, os Reídeos, ou Nandus, que inclui duas espécies; - a ordem dos Cauariformes (Casuariiformes) agrupa duas famílias, os Casuarídeos ou Casuares, com três espécies, os Dromaídeos, como a Ema, a única espécie recente; - a ordem dos Apterigiformes (Apterygiformes), da qual fazem parte os Apterigídeos, que reúnem os Kivis, com duas espécies. Existe uma única espécie de Avestruz (Struthio camellus) e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em três tipos: African Black (a doméstica), Red Neck e Blue Neck. - Blue Neck (pescoço azul) habita o Nordeste africano, é a subespécie mais corpulenta, apresentando pele de um tom cinzento azulado. - Red Neck (pescoço vermelho) habita o Quênia e parte da Tanzânia, é uma ave de corpulenta e apresenta a pele de tom vermelho.

- African Black – é um híbrido resultante do cruzamento entre a subespécie da África do Sul e as subespécies do Norte da África , sendo normalmente a mais baixa de todas as subespécies. Considerações gerais - A criação de avestruzes no Brasil é muito recente, iniciou-se no ano de 1996, com cerca de 200 aves. - Em 1996, foi fundada a ACAB – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil (www.acab.org. br), por 8 pioneiros da estrutiocultura, sendo sua sede estabelecida em Bragança Paulista – SP. Em 1999, a ACAB ingressou no rol de associados da UBA – União Brasileira de Avicultura. - Segundo a UBA/ACAB, em 2002 o rebanho brasileiro de avestruzes era de 80.000 cabeças, distribuídos nas 5 regiões do país: 44 % (Sudeste – 35.000 aves), 25 % (Nordeste – 20.000), 19 % (Centro-oeste – 15.000), 6 % (Norte -5.000) e 6% (Sul – 5.000). - Segundo a ACAB em todo o país há cerca de 1.500 criadores distribuídos em todo território nacional, com destaque para o Estado de São Paulo, onde concentra-se o maior número. - Estima-se, em 2003, que existam no país cerca de 100 mil animais. O crescimento anual é estimado em 50 %. - Pela Portaria nº 36, publicada em 15/03/02 no Diário Oficial da União (DOU), o IBAMA – Instituto Animal Business-Brasil_41

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Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis alterou a classificação da Avestruz (Struthio camellus) de ave exótica para ave de produção zootécnica. Assim, os controles existentes na atividade deixam a área ambiental (IBAMA) e passam a ser realizados apenas no âmbito do MAPA – Ministério da Agricultura e do Abastecimento e Pecuária). - O mercado da estrutiocultura movimenta algo em torno de US$ 5 milhões por ano. Hoje, 70 % da renda da estrutiocultura provém da venda de animais reprodutores, 25 % vêm de insumos e 5 % da venda de carne. - Estima-se que, para iniciar um criatório de avestruzes, o investimento inicial é de R$ 50.000,00, canalizados para a compra de 5 casais de filhotes (R$ 1,2 mil cada), instalação dos piquetes e ração para os animais (o consumo anual de cada ave é equivalente a R$ 400,00). Segundo cálculo da ACAB, o tempo médio de expectativa de retorno de investimento se dá normalmente entre o quarto e o quinto anos do empreendimento. - A Avestruz vive cerca de 70 anos e reproduz até os 30 - 35 anos. Seus filhotes levam 42 dias para nascer e os ovos pesam entre 1 e 2 kg. Os pintos

nascem com peso que varia de 1 a 1,5 kg e crescem cerca de 30 centímetros por mês durante os primeiros seis meses. - A época de reprodução acontece entre os meses de julho e dezembro, quando as fêmeas botam, em média. 60 ovos por ano. - O avestruz é um animal que vive e se reproduz em áreas semi-áridas, podendo vir a ser criado nos campos, cerrados e caatinga, sem necessitar de desmatamento. O meio ambiente natural das avestruzes varia de terrenos áridos ou semi-desertos a pastagens. AbATe - Os animais estão prontos para o abate com 12 a 15 meses de idade, pesando entre 100 e 110 kg e gerando de 30 a 35 kg de carne limpa, 1,4 m² de couro, além das plumas. Sua conversão alimentar entre o nascimento e o abate é de 4,8 : 1. VIdA ProduTIVA - A vida produtiva de uma fêmea chega a 35 anos e o início da postura acontece aos 2 anos de idade.

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- Estima-se que, no Brasil, o custo de produção (manutenção) de uma ave está em torno de US$ 120 a US$ 150 por ano. Uma ave de 90 dias vale entre R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil. Já as matrizes de 4 a 5 anos, certificadas e na segunda ou terceira postura, são comercializadas de R$ 8 mil a R$ 9 mil. ProduToS - Entre os principais produtos da estrutiocultura estão a carne (vermelha, saborosa e magra), o couro e as plumas. A carne, no mercado brasileiro, é cotada entre US$ 60 a US$ 70 por kg, sendo hoje importada da Europa, Estados Unidos e África do Sul. Nos Estados Unidos e nos países europeus a carne custa US$ 17 por kg. O couro, um pedaço de até 1,4 m2 extraído de cada ave, custa aproximadamente US$ 250, sendo utilizado na confecção de roupas, sapatos, bolsas, carteiras, cintos e peças de vestuário (coletes, almofadas para os ombros) que podem chegar a custar US$ 1.000 a peça. - O Brasil destaca-se como o maior consumidor mundial de plumas/penas (15 t por ano), utilizadas nas festas populares, em especial o carnaval. As plumas são comercializadas ao preço de US$ 230 por kg. - No mercado internacional, o preço do couro de avestruz varia entre US$ 110 e US$ 320 por metro quadrado (cerca de US$ 200 por pele). O valor da pele curtida é de US$ 400 a US$ 800, enquanto o valor do couro processado é de US$ 500 a US$ 6.000. - Na Europa, os preços da carne de avestruz variam de US$ 13 a US$ 27 por quilo. Na África do Sul, os produtos da carne de avestruz são mais baratos, o preço da carne in natura situa-se entre US$ 3 a US$ 4 por quilo e o charque, varia de US$ 10 a US$ 12. Nos EUA, variam de US$ 17 a US$ 29 o quilo. - A estrutiocultura, além da pele, carne e plumas, gera outros subprodutos: cascas vazias dos ovos (usadas em decoração – porta moedas, abajur, ovos pintados, porta jóias, etc), a gordura (cosméticos – cremes e pomadas), os cílios (cílios postiços), a carcaça (composição de rações), bico e a unha (bijuterias) e o ovo (equivalente a 24 ovos de galinha, pode ser utilizado na alimentação). SAnIdAde - A avestruz pode desenvolver doenças infecciosas semelhantes àquelas encontradas em aves

domésticas: rinites, aspergilose, candidíase (sapinho,monilíase), doenças bacterianas (Escherichia coli, Salmonella sp, Klebsiella sp, Clostridium sp e outros agentes que levam a quadro de enterite), doenças virais (Bouba aviária, doença de Newcastle e outros vírus – Myxovirus e Aerovírus), Doenças parasitárias (protozoários, nematóides, trematóides,cestóides e ectoparasitos). Podem ser acometidas por doenças não infecciosas (diástese úrica – gota), corpos estranhos , fraquezas nas pernas (síndrome do entortamento das pernas) e fraturas. AbATe - Segundo a ACAB, o abate em grande escala no Brasil deve começar num prazo de aproximadamente 3 anos. Partindo de um plantel atual de 80.000 aves (fala-se também em 100 mil aves), seriam necessários 300.000 para o abate. CondIçõeS bÁSICAS PArA o IngreSSo nA eSTruTIoCulTurA - Comprar aves de quem possua uma criação própria. - Certificar-se pessoalmente da produtividade dos reprodutores; do tamanho da ave, visando carne; da experiência na criação;disponibilidade de honrar os compromissos; imagem da empresa no mercado. Animal Business-Brasil_43

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Aquicultura como promotora de desenvolvimento local Aquaculture as promoter of local development Por/Text Professora Silvia Conceição Reis Pereira Mello MSc,PhD, UNISUAM; 44_Animal Business-Brasil

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Sumário

A aquicultura, criação e cultivo de organismos aquáticos, forneceu em 2009, 55% do pescado destinado à alimentação da população mundial ultrapassando a pesca extrativista. De acordo com os últimos levantamentos relativos ao ano de 2009, publicados pela “Food and Agriculture Organization of the United Nations” (FAO), a produção de pescado oriundo da aquicultura foi de 55 milhões de toneladas e da pesca foi de 90 milhões de toneladas, mas vale lembrar que um montante significativo obtido na pesca não foi destinado à alimentação humana. A produção de peixes, algas, moluscos, crustáceos, tartarugas, rãs, entre outras espécies, cresce a cada ano. A produção de peixes de água doce se destaca na aquicultura mundial, seguida pela produção de moluscos e crustáceos. A China destaca-se mundialmente na aquicultura como o maior produtor: 63% da produção mundial. Mais da metade dos aquicultores do mundo encontra-se na China, 1.741.000 sendo que, 70,4 % da produção em 2008 foram oriundos do sistema de policultivo em viveiros (tanques escavados no solo), o rendimento alcançado foi de 6,8 toneladas de peixe por hectare e a carpa destacou-se como a espécie mais criada. A produção familiar nos arrozais alcançou 0,79 tonelada por hectare e contribuiu com 1,2 milhões de toneladas. Summary

Aquaculture, breeding and cultivation of aquatic organisms provided, in 2009, 55% of fish for feeding the world’s population surpassing extractive fishing. According to the latest surveys for 2009, published by “Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO)”, the production of fish from aquaculture was 55 million tons and that of fishing was of 90 million tons, but it is worth remembering that a significant amount obtained by fishing was not intended for human consumption. The production of fish, algae, mollusks, crustaceans, turtles, frogs, among other species, is growing yearly. The production of freshwater fish stands out in the world’s aquaculture, followed by the production of mollusks and crustaceans. China stands out worldwide in aquaculture as the largest producer: 63% of the world’s production. More than half of the world’s fish farmers are in China: 1,741,000, of which 70.4% of the production in 2008 came from the polyculture system in tanks (ponds dug into the ground); the yield achieved was of 6.8 tons of fish per hectare and carp stood out as the main bred species. Family production in rice paddies reached 0.79 ton per hectare and contributed with 1.2 million tons.

A produção de tilápia cresceu em praticamente todas as regiões do mundo, Filipinas se destacou na produção e, em 2008, foi responsável por 34,7%, seguida da Indonésia 19,54% e a Tailândia 14,3%. Por muitos anos, a tilápia foi a promessa do peixe de excelente qualidade e custo baixo e que poderia se transformar no frango da água, porém a crise econômica e a desvalorização do dólar contribuíram para o aumento do preço dos insumos e do custo de produção da tilápia. Nos últimos anos, a produção do peixe Pangasius spp. cresceu aceleradamente no Vietnam e este vem sendo oferecido no mercado mundial com preços bastante reduzidos, preocupando aquicultores de outros países, que colocam em dúvida a qualidade desse produto. Por outro lado, dados divulgados pela Revista Panorama da Aquicultura informaram que em 2012 a “Vietnam Association of Seafood Exporters and Producers” (VASEP) irá incentivar a exportação do Pangasius vietnamita que deverá alcançar o montante de dois bilhões Animal Business-Brasil_45

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“A produção aquícola marinha nacional (em 2010), foi de 85.058 toneladas. O Nordeste ocupa o topo nessa modalidade por meio da criação do camarão” de dólares e, que a União Européia, um tradicional mercado do Vietnã, está às voltas com dificuldades econômicas, o que permitirá que o pescado com boa qualidade e preço bastante razoável seja mais competitivo frente aos alimentos populares, como o frango, e ainda que a World Wildlife Fund (WWF) tenha confirmado que o Pangasius produzido no Vietnã é seguro para consumo humano. Dados da FAO divulgaram que o Brasil encontrase no 16º lugar no ranking mundial. A produção aquícola nacional em 2008 foi de 416.000 toneladas. O Chile lidera a produção na América do Sul ocupando a 10ª posição. A produção de salmões em tanques-rede (Figura1) e de moluscos em espinheis, com destaque para as vieiras (Figura 2) contribuem de maneira significativa no volume de produção chileno. No Brasil, segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), a produção de organismos aquáticos continentais passou de 81,2% em 2009 para 82,3% em 2010 e o montante total da produção brasileira foi de 479.399 toneladas. A região Sul lidera a produção de espécies de água doce, com destaque para a tilápia e a carpa criada em condições de policultivo, ou seja, a criação em conjunto no mesmo viveiro de peixes de espécies diferentes, além da adoção do consórcio com outras espécies de animais. A produção nacional de tilápia em 2010 foi de 155.500 toneladas e de carpa de 94.600 toneladas. A produção aquícola marinha nacional foi de 85.058 toneladas. O Nordeste ocupa o topo nessa modalidade por meio da criação e comercialização do camarão Litopneaus Vannamei, que concentra a maior parte da produção nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. A malacocultura, criação de moluscos, com produção concentrada no estado de Santa Catarina contribuiu com a segunda maior produção, incluindo três espécies: mexilhão, ostra e vieira. Vale ressaltar que no Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na Baia da Ilha Grande, encontra-se o maior pólo produtor de sementes da espécie Nodipecten nodosus (Figura 4

Figura 1. Produção de salmão em tanques-rede no Chile

Figura 2. Balsas de manejo das fazendas marinhas de vieiras no Chile

Figura 3: Viveiros de piscicultura no Sul fluminense - RJ

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fizeram com que a comercialização do produto se voltasse para o mercado interno. Maricultura Fluminense e Desenvolvimento Local Dados levantados pelo SEBRAE/RJ em 2002 apontaram o grande potencial da região da Costa Verde para a maricultura, destacando-se os municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba e Paraty. Este poFigura 4 – sementes de vieira (Nodipecten nodosus) Figura 5- vieiras (Nodipecten nodosus) em tamanho comercial tencial se deve em grande parte às características ambientais da região, com destaque para a Baía da Ilha Grande. Outro aspecto relevante que reforça esta posição consiste nas ações de fomento, capacitação e transferência de tecnologias conduzidas por instituições de governo e não governamentais. Um projeto piloto está em desenvolvimento com os produtores de moluscos de Angra dos Reis, como uma das ações do projeto Maricultura na Costa Verde, coordenado pelo SEBRAE/RJ e, executado em parceria com a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, Associação dos Maricultores da Baia da Ilha Grande (AMBIG), Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), Instituto de Desenvolvimento da Baia da Ilha Grande (IED-BIG), além de universidades que atuam na Figura 6 – Fazenda marinha na Ilha Grande em Angra dos Reis região e organizações locais. O foco do projeto é e 5), assim como de vieiras em tamanho comercial tornar as fazendas marinhas empreendimentos sustentáveis do ponto de vista social, econômico para atender o mercado. e ambiental. Com o apoio e orientação do Instituto O MPA em parceria com a FAO e IBGE iniciaram Estadual do Ambiente (INEA) doze fazendas mariem 2008 o censo aquícola nacional, e informações nhas integradas ao projeto piloto foram licenciadas preliminares indicam que apenas 29% dos entre- e por meio da assistência e orientação das entivistados têm a aquicultura com atividade principal, dades parceiras, também obtiveram o registro de por outro lado, 80% dos entrevistados têm como aquicultor no Ministério da Pesca e Aquicultura e atividade principal o agronegócio inferindo que encontram-se com processo em andamento para o setor começa a vislumbrar de forma efetiva, a obtenção da autorização para uso das águas da aquicultura como uma atividade geradora de ren- união para aquicultura. Os maricultores também da. Quanto ao tipo de empreendimento aquícola estão sendo orientados para legalização de seus 55,4 % estão vinculados à pessoa física e 44,6% negócios, como produtores rurais, para possibilitar à pessoa jurídica. Foi ainda identificado, o destino a emissão de notas fiscais de venda. O projeto preda produção: 70,8% dos entrevistados praticam a tende fazer com que cada fazenda marinha realize venda direta no varejo, 23,8% entregam a interme- um povoamento anual com 50.000 sementes de diário e apenas 0,2% fornecem seu produto para o vieiras. O SEBRAE/RJ acompanha a gestão do nemercado externo, o que aponta a queda das expor- gócio. Órgãos voltados à assistência técnica irão tações de pescado pelo Brasil. O camarão produzi- acompanhar o manejo da produção. Atualmente, do no Nordeste, por muito tempo teve como maior os maricultores integrantes do projeto piloto, estão comprador os Estados Unidos. O ápice ocorreu en- com um total de 200.000 vieiras na água. Esperatre os anos de 2003 a 2008, porém, barreiras im- se que após a obtenção das primeiras safras, os postas pelo comprador, destacando-se a investiga- mesmos tenham capacidade financeira para invesção antidumping sobre as exportações brasileiras tir nas safras subsequentes e gerenciem seu negóocorridas entre 2004 e 2005 e a queda do dólar cio de forma profissional. Animal Business-Brasil_47

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Por/Text Adeildo Lopes Cavalcante

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Primeiro clone zebuíno com registro no mundo é brasileiro A bezerra da raça Nelore registrada como “Divisa Mata Velha TN 1” inaugurou uma nova e importante fase na pecuária brasileira: trata-se do primeiro clone zebuíno com registro no mundo outorgado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). A bezerra, clone da vaca Divisa Mata Velha (BR 1000), animal de alto valor genético, cujas crias chegam a custar R$ 2 milhões. é fruto de mais uma parceria público-privada bem-sucedida entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa e a Brasif S/A Administração e Participações. O Ministério da Agricultura autorizou as associações de criadores a efetivarem o registro dos animais clonados. Esse registro oferece mais segurança aos criadores e parceiros comerciais do Brasil porque as exigências são rigorosas. “Por exemplo, um clone só recebe registro definitivo quando demonstra a viabilidade de seus espermatozóides e óvulos”, diz Rodolfo Rumpf, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Vários estudos demonstraram que a estabilidade genética dos descendentes de um clone é exatamente a mesma dos descendentes do animal que foi clonado. Animal Business-Brasil_57

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Carne de ovelha é usada para fazer de embutidos

Holandesa gera raça sueca

ITAL desenvolve linguiça e salsicha com carne de ovelha Dois tipos de linguiça e salsicha, produzidos com carne de ovelha descartada do rebanho por velhice e baixa produção, foram desenvolvidos por pesquisadores do Centro de Tecnologia de Carnes (CTC), uma das unidades do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Para preparo dos embutidos, foram utilizados cortes, como paleta, pescoço e costela de ovelha da raça Santa Inês. Esses produtos foram submetidos a avaliações físico-química, microbiológica e sensorial e, segundo os pesquisadores, alcançaram padrões de qualidade similares aos comercializados no mercado. Com a pesquisa, visou-se desenvolver tecnologia para aproveitar ovelhas de descarte na fabricação desses produtos, abrindo uma nova frente de negócios para os criadores, pois é crescente a procura de carne e derivados de ovelhas nos mercados interno e internacional Brasil passa a contar com nova raça leiteira Trata-se da raça Sueca Vermelha, desenvolvida na Suécia depois 30 anos de seleções continuadas. Ela foi trazida para o nosso país para cruzamentos com as raças criadas entre nós: Holandesa, Jersey, Pardo-suiço, Gir e Girolando, informa o representante da raça no Brasil, Antônio Nunes Ferreira. Cruzamentos realizados na Argentina e Uruguai pro-

porcionaram animais com melhores resultados em produtividade (com alto teor de gordura e proteína), fertilidade e resistência à mastite, doença infecciosa causadora de grandes prejuízos aos produtores. Segundo Nunes, na Suécia a produção da Sueca Vermelha é de 30 litros por dia. Na Argentina, chega a 25 litros, com animais criados a pasto. “No Brasil, os primeiros resultados ainda não foram apurados, mas acredito que os índices serão positivos“, diz ele. Para contatos: info@geneticasueca.com.br ou pelo telefone (22) 2542-1865 Ossos e cartilagem de rã viram salsicha e patê A Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com o Centro de Tecnologia de Alimentos e Bebidas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), desenvolveu tecnologia para o aproveitamento da carne de dorso de rã que resultou na produção de conserva de carne desfiada, salsicha e patê de carne de rã. A coxa de rã apresenta alto valor comercial. O mesmo não ocorre com o dorso que representa 50% do animal e recebe em média 10% do preço pago pela coxa. Por causa da grande quantidade de ossos e cartilagem presentes, é baixa a sua procura no mercado consumidor. A carne de rã é um produto apreciado pelos consumidores por apresentar baixo teor de gordura, em média 1,5%. Para os ranicultores, a utilização do dorso para a fabricação destes produtos poderá ser uma alternativa de renda no futuro. Para contatos: Tel. (21)3622-9733 ou pelo e-mail sac@ctaa.embrapa.br Kit Embrapa para ordenha manual higiênica Definida como uma tecnologia social ao alcance dos pequenos produtores, o kit, desenvolvido pela Embrapa Gado de Leite, é composto por utensílios simples, associados a uma cartilha contendo orientações técnicas a respeito dos procedimentos a serem adotados. No Brasil, um grande número de produtores ainda adota a ordenha manual. A contagem bacteriana, um dos fatores que determinam a qualidade do produto, costuma ser bastante alta neste tipo de ordenha. Isto ocorre devido a procedimentos incorretos que levam a uma higiene deficiente tanto das tetas da vaca e das mãos dos ordenhadores quanto dos utensílios utilizados.

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Com a adoção do kit, o pecuarista pode obter uma produção de leite com índices bacterianos tão baixos quanto os obtidos pela ordenha mecânica ou até inferiores. Com isso, garante a compra de sua produção, já que a implementação da Instrução Normativa 51 do Ministério da Agricultura exige padrões mínimos de contagem bacteriana na aquisição de leite por parte do segmento industrial Outras informações pelo telefone (32) 3249-4717 ou pelo e-mail sac@cnpgl.embrapa.br Nasce potro por técnica de recuperação de espermatozóides Nasceu nas instalações da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu, um potro gerado a partir de sêmen recuperado da cauda do epidídimo (órgão que armazena os espermatozóides produzidos pelo testículo). Fruto de pesquisas dos pós-graduandos Gabriel Augusto Monteiro e Priscila Nascimento Guasti da FMVZ, o feito, segundo os pesquisadores, pode ser a última chance de preservação do material genético de garanhões, em caso de morte ou lesão grave que impossibilite a cobertura ou colheita de sêmen. Processos obstrutivos ou distúrbios ejaculatórios podem terminar prematuramente a atividade reprodutiva de garanhões por impossibilitar a colheita. Teste de progênie da raça Gir mostra potencial de reprodutor Teste de progênie desenvolvido pela Embrapa Gado de Leite permite que se estime o mérito genético de um reprodutor para produção de leite e outras características de importância econômica que não se expressam no próprio indivíduo. Assim, através da produção de leite das filhas de um touro, é possível estimar o quanto este reprodutor está influenciando na produção de suas filhas. O teste de progênie aumenta a segurança no uso do sêmen e diminui as possibilidades de se ter filhas ruins. Qualquer criador que queira fazer o melhoramento de seu rebanho deve sempre procurar usar touros que sejam testados pela progênie e cuja estimativa de seu mérito genético seja a mais alta possível. Agindo assim, ele poderá se beneficiar deste conhecimento e promover a melhoria genética de seus animais.

Kit embrapa

Gir

Alta tecnologia na produção de potros Animal Business-Brasil_59

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Probióticos e Prebióticos Uma Nova Ferramenta a Serviço da Produção Animal

Probiotics and Prebiotics

A New Tool at the Service of Animal Production Por/Text Alfredo Navarro de Andrade MSc, PhD (Purdue University-Indiana-USA)

Sumário

A proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento levou à busca de uma alternativa e, então, iniciou-se a era dos probióticos. Se os antibióticos significavam, em grego, “contra a vida”, os probióticos significam “em favor da vida”. Segundo o médico da Clínica Cleveland, em Ohio (USA), os probióticos serão para a medicina do século XXI o que os antibióticos foram para o século XX. Summary The banning of the use of growth promoting antibiotics led to the search for an alternative and so the era of probiotics began. If antibiotics meant “against life” in Greek, probiotics mean “in favor of”. According to a medical doctor from the Cleveland Clinic in Ohio (USA), probiotics will be for 21st century medicine what antibiotics were for the 20th century.

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Nos últimos 50 anos a produção animal cresceu vertiginosamente, não somente em quantidade, mas principalmente em produtividade. Nos anos 60, um boi levava cerca de 4 a 5 anos para atingir 15 arrobas. Um porco, para alcançar 110 kg, precisava de quase 1 ano e os frangos cerca de 90 dias para atingir 1,5 kg. Da conversão alimentar, nem se precisa falar – era péssima. No gado não fazia muita diferença pois só via pasto e algumas vezes um salzinho no cocho. Hoje este boi leva apenas 18 meses para atingir este peso e com uma carcaça com qualidade infinitamente melhor. O porco virou suíno, emagreceu e agora leva apenas 150 dias para atingir mais 100 kg de peso. O frango é o recordista desta evolução técnica, dos 90 dias para atingir 1,5 kg, leva agora apenas metade do tempo para atingir quase o dobro. Estes ganhos foram possíveis através de três ferramentas básicas: Melhora na Nutrição, Seleção Genética dos animais mais aptos para as características desejáveis e Adequação das Instalações Criatórias para estes novos produtos do “Animal Business”. Neste artigo iremos cobrir parte da revolução que ocorreu na nutrição animal. Nos anos 50, a ração de suínos e aves era, basicamente, produzida por moinhos de trigo, visando o escoamento dos grandes volumes de subprodutos da moagem do trigo. As rações eram formuladas a base de tortas de algodão e amendoim, farelo de trigo, um pouco de milho, calcário, farinha de peixe e/ou carne e óleo de fígado de bacalhau. O primeiro grande desenvolvimento foi a descoberta das necessidades vitamínicas e sua produção em escala comercial. Posteriormente, a síntese de aminoácidos essenciais permitiu aos nutricionistas atender quase que a totalidade das exigências nutricionais para produtividade máxima. Juntamente com a melhora da nutrição veio a seleção genética e animais maiores e mais exigentes em termos de ambiência. A necessidade de melhores instalações resultou num aumento do custo das mesmas e, como consequência, maior densidade de animais por metro quadrado. A atividade de produção animal fosse de carne, leite ou ovos, evoluía rapidamente e pesquisas para a produção de nutrientes cada vez melhores e mais baratos, se tornaram o foco das pesquisas das grandes universidades e laboratórios farmacêuticos. Animal Business-Brasil_61

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De especial interesse para nosso artigo refere-se ao trabalho de aumento da eficiência na produção de vitamina B12. Diversos pesquisadores procuravam aumentar a eficiência dos processos fermentativos para produzirem mais vitamina B12 e também para sua purificação. Purificação da vitamina B-12 Foi durante os trabalhos de purificação da Vitamina B12, que um dos maiores responsáveis pela incrível evolução da produtividade, principalmente, de suínos e aves aconteceu. Pesquisadores da Texas A&M University (Couch e cols.), do Laboratório Cyanamid (Stokstad e cols.), University of Florida (Cunha e cols.), Washington State University (McGinnis e cols.) e University of Wisconsin (Moore e cols.) trabalhando, simultaneamente, observaram que na medida em que purificavam a Vitamina B12, removendo resíduos do meio de cultura, os resultados da adição da vitamina à ração, apresentavam uma diminuição no benefício inicial da suplementação com o produto original. Neste momento chegaram à conclusão que havia algo mais no meio de cultura que estava propiciando resultados melhores que a vitamina “per se”.

Não foi preciso muito para descobrir que no meio de cultura havia traços de antibióticos (no caso clortetraciclina), que nestas pequenas doses estavam resultando em ganhos de produtividade. Testando doses pequenas de diversos antibióticos, vários pesquisadores, na época, foram unânimes em observar ganhos tanto em crescimento como em eficiência alimentar. Para provar que estas doses subterapêuticas estavam provocando alterações benéficas na flora e fauna intestinal, fizeram uso destes fermentados em animais gnobióticos (animais produzidos em laboratório totalmente sem fauna e flora intestinal) e não observaram qualquer benefício. A grande virada Nascia, então, a grande virada da nutrição com o uso, não somente, de antibióticos como também de quimioterápicos, como Promotores de Crescimento. Tornou-se notório saber que a grande concentração de animais numa área reduzida provocava a contaminação, principalmente de bactérias nocivas, tais como E.coli, clostridium, salmonella, shiguella, campylobacter e etc que resultavam em alterações patogênicas na mucosa intestinal, diminuindo a absorção de nutrientes indispensáveis ao

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bom desempenho zootécnico e abrindo caminho para outros agentes infecciosos. Houve, nos últimos 50 anos, uma revolução na produção dos mais diversos antibióticos para uso como promotores de crescimento. Criaram-se alguns parâmetros para o uso destes “APC” (Antibiótico Promotor de Crescimento): não deveriam ser absorvidos e terem ação somente na luz intestinal, não terem utilização na terapia humana e teriam que obedecer a prazos de retirada, dependendo da espécie animal e do produto utilizado. Revolução Sem dúvida, o uso de APC`s revolucionou a produção de aves, suínos e, posteriormente, de ruminantes. Todavia, como sempre acontece com novas tecnologias, ocorreram abusos e o uso indiscriminado por alguns criadores, o que despertou a atenção de alguns cientistas com relação ao desenvolvimento de bactérias resistentes a alguns destes antibióticos e a transferência desta resistência a patógenos de incidência na saúde pública, bem como de resíduos na carne, o que poderia, também, resultar no desenvolvimento de resistência em germes mais comuns. A primeira manifestação contrária ao uso de antibióticos como promotores de crescimento foi decorrente da “Swann Commission” do parlamento Inglês (estabelecido em 1968), que reuniu provas do aparecimento de bactérias resistentes a antibióticos de uso humano e que poderiam estar relacionadas com o uso de antibióticos nas rações animais como promotores de crescimento (Veja box com Informações sobre o “Swann Report). O Relatório Swann aumentou a preocupação com o uso de antibióticos e diversos trabalhos posteriores vieram confirmar as conclusões do levantamento feito pelo Prof. Swann, sendo o seguinte um dos mais expressivos: trabalho realizado na Alemanha (Witte 1998) com E. coli resistente ao antibiótico nourseothricin. Em 1983 não havia qualquer resistência da E. coli a este antibiótico. De 1983 a 1990, usou-se extensivamente este antibiótico como promotor de crescimento. Já em 1985, E. coli resistente a droga começou a aparecer no TI (trato Intestinal) de suínos e na sua carne. Em 1987, a resistência transferiu-se da E. coli para o patógeno humano Shigella. Resistência Esta passagem de resistência de organismos não patogênicos para patógenos humanos despertou o

consumidor para a necessidade de buscar alternativas ao uso de antibióticos. Daí, para a proibição total do uso de antibióticos e outras drogas como promotores de crescimento, na Europa, foi um pulo. Necessário se faz lembrar que inúmeros grupos interessados em barrar a entrada de carnes de aves e suínos no mercado Europeu usaram estes argumentos como barreira comercial e apoiaram, com força, esta proibição. Ainda existem muitas dúvidas cientificas se este uso é realmente um risco comprovado para a saúde pública. Proibição Hoje, na União Européia, é totalmente proibido o uso de antibióticos e alguns quimioterápicos, como promotores de crescimento. Brasil, Estados Unidos, Argentina, Austrália, México e outros países importantes na produção de carnes estão, seletivamente, com base em evidencia realmente cientifica, proibindo alguns destes antibióticos e quimioterápicos, sem que, com isso, coloquem em risco a saúde pública. Esta proibição total do uso de antibióticos, na Europa, trouxe um custo muito grande para o consumidor europeu uma vez que os índices de produtividade caíram, significativamente, resultando em custo de produção mais alto e, consequentemente, em um aumento do preço para o consumidor. Solução Como sempre, a comunidade científica e alguns empreendedores estão atentos a estes problemas e soluções são pesquisadas. Hoje em dia, em função do poder do consumidor, não cabe muito a discussão se o uso de antibióticos, em pequenas doses, causa ou não resistência em bactérias que povoam o homem. O que mais importa é o desejo do consumidor – ele é Rei e não quer comer carne de animal que foi criado com antibióticos na ração. Se o seu mercado é este, você não tem outra solução – que não usar estes produtos. História antiga Há milhares de anos, já se sabia que leite fermentado tinha propriedades medicinais. Diversos autores da antiguidade relataram benefícios de produtos fermentados: Alimentos fermentados – primeira evidência é a domesticação da vaca, datada de 9.000 AC, onde hoje é a Líbia; Animal Business-Brasil_63

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Escritos Ayuvérdicos da Índia há 6.000 AC falam no consumo de leite fermentado; O valor terapêutico do leite fermentado foi descrito pela 1ª. vez por Plínio, em 76 DC. Trabalho importante O grande trabalho que veio trazer luz a este fato foi o de Metchnikoff (1908), que estudando a razão da longevidade de povos que viviam nas montanhas dos Bálcãs (Bulgária) descobriu que a causa era o consumo de coalhada e identificou como responsável por isso o Lactobacillus bulgaricus. Por estas pesquisas (Fagocitose) Metchnikoff recebeu o Premio Nobel da Medicina. Na França, Pasteur deu grande passo desvendando o segredo das fermentações e identificando o agente principal: o Saccharomyces cerevisiae. A proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento levou a busca de uma alternativa e, então, iniciou-se a era dos PROBIÓTICOS. Se os antibióticos significavam, em grego: contra a vida, os probióticos significam: em favor da vida. Seg. Dr. Michael L. McCann médico da Clínica Cleveland, em Ohio, EUA: “Os probióticos serão para a medicina no século 21, o que os antibióticos foram para o século 20”. Definição de probiótico A Organização Mundial de Saúde define probióticos como “organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro” (FAO/WHO, 2001). Atualmente, existem dois tipos principais de probióticos: os de origem bacteriana e as leveduras. Embora ambos os grupos possam, em parte substituir promotores de crescimento, eles têm algumas diferenças no modo de ação e desvantagens em relação ao animal alvo. Os probióticos bacterianos, normalmente, compreendem bactérias benéficas: Lactobacillus acidophillus, Bifidobacterium bifidum, Bacillus subtilis e etc. Estas bactérias agem de forma a permitir um equilíbrio na flora/fauna intestinal, através de ações de exclusão competitiva e outras atividades benéficas.

Produção de ácido láctico e a consequente redução no pH do intestino; Estímulo às funções do sistema imunológico; Eliminação de bactérias patogênicas por exclusão competitiva; Produção de algumas substâncias bactericidas; Redução do nível de colesterol – observada através da redução de LDL em indivíduos da Tribo Masai no Quênia. Todas estas funções resultam, principalmente, numa melhor absorção de nutrientes e consequentemente melhor desempenho zootécnico, influenciado também pela ação mediadora no sistema imunológico. Principal problema O principal problema do uso de probióticos bacterianos é que de uma maneira geral estes microrganismos são suscetíveis a antibióticos e a ação do baixo pH predominante no estômago de animais pós desmame. Esta susceptibilidade a antibióticos normalmente impede o uso concomitante com a antibioticoterapia.

Modo de ação Como principal modo de ação dos probióticos bacterianos podemos citar: 64_Animal Business-Brasil

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cervejarias – responsável pela remoção do amargo do lúpulo. Adsorção de bactérias patogênicas em sua superfície (Figura 1). Principalmente bactérias gram-negativas com fimbriae do tipo 1. Estimulação da resposta imunológica (Ig A). Produção de substâncias antibióticas – ex: Toxina K1 efetiva contra Candida albicans. S. cerevisiae pode impedir a ligação de toxinas a receptores nas células epiteliais do intestino, através da produção de uma protease, que corta esta ligação. Estimula a produção de dissacaridases (sucrase, maltase e lactase). Tem importante produção de vitaminas do complexo B, no TGI.

No caso das leveduras vivas, basicamente, cepas de Saccharomyces cerevisiae, o seu uso como probiótico oferece, em nossa opinião, algumas vantagens sobre os bacterianos que são: parede celular altamente resistente a digestão ácida, resultando em grande viabilidade pós gástrica (maior número de células vivas no intestino) e resistência aos antibióticos, permitindo o uso durante a antibioticoterapia. O uso de leveduras vivas, como probiótico não é recente mas o advento do uso de antibióticos, após a descoberta, em 1943, da penicilina, por Fleming, colocou-o no esquecimento. Com a preocupação do uso indiscriminado dos antibióticos como promotores de crescimento, sua utilidade voltou à tona. As leveduras vivas, como o Saccharomyces cerevisiae, por serem seres eucariotas, ou seja, podem viver tanto na presença como na ausência de oxigênio (O2), têm uma gama de utilização mais ampla que os probióticos bacterianos, tendo seus modos de ação de forma diferente entre monogástricos, ruminantes e herbívoros. Nos monogástricos (animais de estômagos simples), as leveduras vivas têm como principais ações: Ações Melhora da palatabilidade da ração – pela alta concentração de nucleotídeos e ácido glutâmico. Adsorção de elementos / compostos. Por ex. nas

No caso de ruminantes, as leveduras vivas, por sua característica eucariota, tem como principais funções: O consumo de oxigênio no rúmen, melhorando as condições de anaerobiose e favorecendo o crescimento e preponderância de bactérias celulolíticas; Aumentando a população bacteriana celulolítica, por consequência promove uma maior ingestão de matéria seca, através da melhoria da digestibilidade da fibra; O aumento da digestibilidade e maior disponibilidade de energia resultam num maior número de bactérias que consomem ácido láctico, controlando de forma eficiente o pH e os problemas de acidose ruminal; Adicionalmente, as leveduras vivas na sua atividade fisiológica produzem nutrientes e vitaminas do complexo B que estimulam o crescimento da fauna e flora ruminal; A estas principais ações das leveduras vivas no rúmen, quando estas passam para o intestino exercem naquela parte do trato gastrointestinal os mesmos benefícios que nos monogástricos. Benefícios Dentre os benefícios do uso de leveduras vivas como aditivos nutricionais, podemos mencionar os seguintes: Monogástricos: melhora o ganho de peso e a conversão alimentar; reduz a mortalidade causada por microrganismos oportunistas; aumenta a resposta imunológica, diminuindo os efeitos estressivos das infecções intestinais, além de possuir uma ação sinérgica com os tratamentos medicamentosos. Ruminantes: Melhora o ganho de peso e a converAnimal Business-Brasil_65

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são alimentar; aumenta a produção e o teor de sólidos do leite; redução significativa de problemas de acidose e como resposta reduzindo o número de células somáticas no leite (CCS) e prevenindo problemas de laminite de origem nutricional. Nos herbívoros, como o cavalo, onde a fermentação ocorre no ceco, os benefícios são semelhantes aos dos ruminantes, mas com efeitos sobre acidose de muito maior valia. Como as leveduras vivas têm que passar por todo trato digestivo antes de atingirem o ceco, faz-se necessário o uso de fornecimento maior de Unidades Formadoras de Colônias (UFC), para que se tenha o número ideal de células viáveis no ceco. Por último mas não de menor importância, faz-se necessário enfatizar, que o microrganismo, Saccharomyces cerevisiae, não coloniza os animais domésticos, portanto necessitando que seu fornecimento seja contínuo para se obter beneficio total. Outro ponto importante é que seus benefícios nos animais são, principalmente, através de equilíbrio da flora e fauna intestinal, sendo que esses benefícios não são observados imediatamente após a aplicação mas sim depois de alguns dias (14 a 21) quando as alterações em número e qualidade da flora/fauna já ocorreram. Outro fator muito importante é lembrar que os probióticos são células vivas e portanto é fundamental saber distinguir entre levedo ou levedura de cana ou cervejaria que são constituídos por células mortas, não sendo, portanto, Probióticos, mas muitas vezes, dependendo da qualidade, excelente fonte de nutrientes. Os probióticos são normalmente vendidos em termos de UFC/g (Unidades Formadoras de Colônias/g de produto).Comumente são encontrados concentrados de leveduras vivas com UFC/g na faixa de 10 a 15 bilhões por grama. As doses variam dependendo da espécie animal, no entanto podendo ser usada a regra geral de 1 a 2 g/100 kg de peso vivo. Prebióticos Outra ferramenta que se coloca à disposição dos criadores são os PREBIÓTICOS. O que são eles: O termo Prebiótico foi empregado originalmente por Gibson & Roberfroid em 1995 para designar “Ingredientes nutricionais não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro estimulando seletivamente o crescimento e atividade de uma ou mais

bactérias benéficas do trato gastrointestinal, melhorando a saúde do seu hospedeiro”. A principal ação dos Prebióticos é estimular o crescimento e/ou ativar o metabolismo de algum grupo de bactérias benéficas do trato intestinal. Desta maneira, os Prebióticos agem intimamente relacionados aos probióticos; constituindo o “alimento” de bactérias probióticas. O uso de produtos denominados prebióticos em associação com os probióticos apresenta ações benéficas superiores aos antibióticos promotores de crescimento, notadamente, não deixando resíduos nos produtos de origem animal e não induzindo o desenvolvimento de resistência às drogas, por serem produtos essencialmente naturais. Não devem ser metabolizados ou absorvidos durante a sua passagem pelo trato digestivo superior; Devem servir como substrato a uma ou mais bactérias intestinais benéficas (estas serão estimuladas a crescer e/ou tornarem-se metabolicamente ativas); Possuir a capacidade de alterar a microflora intestinal de maneira favorável à saúde do hospedeiro; Devem induzir efeitos benéficos sistêmicos ou na luz intestinal do hospedeiro. Alguns açúcares absorvíveis ou não, fibras, álcoois de açúcares e oligossacarídeos estão dentro deste conceito de prebióticos. Destes, os oligossacarídeos - cadeias curtas de polissacarídeos compostos de três a dez açúcares simples ligados entre si, têm recebido mais atenção pelas inúmeras propriedades prebióticas atribuídas a eles. Os Prebióticos podem ser obtidos na forma natural em sementes e raízes de alguns vegetais como a chicória, cebola, alho, alcachofra, aspargo, cevada, centeio, grãos de soja, grão-de-bico e tremoço. Todavia, atualmente a forma mais comum disponível no mercado, são as paredes celulares de Saccharomyces cerevisiae. A parede celular de levedura (PCL) é obtida pela autólise da célula completa da levedura e posterior separação do conteúdo intracelular ou extrato de levedura. A PCL é constituída por polissacarídeos e glicoproteínas que formam uma rede tridimensional de alto poder protetivo à levedura. De acordo com a cepa da levedura e/ou seu processo de produção, a PCL pode representar cerca de 10-25% da ma-

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téria seca da célula. Quanto a sua composição, a PCL pode ter de 85-90% de polissacarídeos e de 10 – 15 % de proteínas. Quanto a estrutura da PCL ela tem 150nm de espessura e é constituída de 3 camadas rigidamente interligadas (ver desenho anexo): Polímeros de manose ou mananoproteínas; Polímeros de β-glucanos (com ligações 1-3 e 1-6); Pequenas proporções de N-acetil-glucosamina ou quitina. Mecanismo de ação Exclusão de bactérias gram (-) com fimbriae do tipo 1: O processo de colonização do trato digestivo por microrganismos é intermediado por um grupo de proteínas e glicoproteínas bacterianas denominadas “lectinas”. As lectinas se caracterizam pela capacidade de se ligarem de forma específica e irreversível a radicais carboidratos livres. Por isso, microrganismos como Salmonella spp, E. coli, Vibrio cholerae, Salmonella typhimurium e etc, que têm fimbriae do tipo 1, se utilizam das lectinas para se fixarem a sítios específicos da mucosa digestiva. A PCL ocupa estes sítios na mucosa impedindo a colonização por bactérias patogênicas (Vide ilustração anexa); Exclusão/adsorção de Micotoxinas: A estrutura tridimensional da PCL pode adsorver, de forma irreversível, quantidades significantes de micotoxinas, tais como: aflatoxinas, zearelenona, fumonisinas, ocratoxinas e etc. Efeito Trófico sobre a Mucosa Intestinal: Estudos recentes demonstram que o fornecimento de PCL para animais resultou em maior comprimento das vilosidades e profundidade das criptas. Este aumento na área das vilosidades resulta em maior

atividade enzimática e consequente aumento na absorção de nutrientes. Estimulação do Sistema Imune: A administração de PCL, principalmente da fração de β-glucanos (1-3 / 1-6), em animais, resulta em efeitos notáveis no sistema imunológico, que incluem estimulação das células do sistema reticuloendotelial e incremento da resistência à infecções. O mecanismo de ação proposto é a estimulação da imunidade inata, especificamente a nível de monócitos e macrófagos, células que possuem receptores para β-glucanos e que quando estimulados induzem a produção TNF-α (Fator de necrose tumoral), IL–1 (Interleucina), fator ativador das plaquetas e metabolismo dos eicosanoides, conduzindo a um estado de alerta imunológico. Subprodutos Ainda que a utilização de leveduras vivas e/ou frações da levedura (paredes celulares de levedura) possam representar uma alternativa importante e viável para melhorar a saúde e produtividade dos animais, na atualidade a indústria de fermentação gera um grande volume de subprodutos, que trazem pouca informação quanto as cepas e/ou processo de produção, o que pode, significativamente, influir na sua eficácia como aditivo tecnológico nutricional. Por isto faz-se de importância capital que os criadores procurem produtores de probióticos e prebióticos que forneçam o máximo de informações quanto a origem das cepas utilizadas, a quantidade de Unidades Formadoras de Colônias por grama de produto (UFC/g), sua aprovação pelos principais órgãos internacionais e a metodologia usada em sua produção.

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Leil천es movimentam R$ 1 bilh찾o, por ano Auctions have a R$ 1 billion a year turnover Por/Text Nilson Genovesi Leiloeiro - Auctioneer 68_Animal Business-Brasil

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Sumário

São movimentados por ano em leilões de genética seletiva (reprodutores basicamente) mais de 1 bilhão de reais. Deste total, aproximadamente 600 milhões no gado de raças de corte, com predomínio da raça Nelore ( em torno de 80%); 200 milhões com o gado leiteiro, fundamentalmente entre as raças Gir e Girolando e mais 300 milhões estimados na comercialização de equinos, sendo mais da metade desse valor só com a raça Quarto de Milha. Summary The turnover of selective genetic auctions (basically breeders) is more than R$ 1 billion per year . Of this total, approximately 600 million for beef cattle, predominantly Nelore breed (around 80%); 200 million for dairy cattle, fundamentally between the Gir and Girolando breeds and a further estimated 300 million in the equine commercialization, more than half of this amount just in Quarter Horses.

Podemos considerar, dentro desses números, algo em torno de 10% do faturamento de cada categoria vindos das vendas de embriões/prenhezes. Quanto à comercialização de sêmen em leilões, ela é bem pouco significativa, servindo mais de promoção institucional para as vendas feitas pelas grandes centrais de coleta de sêmen. Há inclusive uma associação ASBIA Associação Brasileira de Inseminação Artificial que divulga a comercialização de 12 milhões de doses de sêmen por ano, algo em torno de 7 milhões para as raças bovinas de corte e 5 milhões para as leiteiras em números arredondados. Os valores monetários poderão ser obtidos junto à Associação. Acredito que fiquem em torno de 300 milhões de reais anuais. Considerando apenas os leilões de genética (excluem-se os de gado geral, destinados ao abate), devemos ter algo em torno de 1.800 leilões, sendo 1000 para as raças bovinas de corte, 500 para as de leite e 300 para os equinos em números estimados. Os leilões acontecem em todo o Brasil com predominância das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Houve um grande aumento na realização dos chamados leilões virtuais, transmitidos de estúdios de televisão, em que o comprador faz seu lance por telefone. Hoje eles já representam mais de 30% do total de eventos. Há vários canais de TV que oferecem essa opção como Canal Rural (do Grupo RBS), Canal Terra Viva (do Grupo Bandeirantes), e do Grupo SBA os canais Canal do Boi, Agrocanal e Novocanal. Além de transmissões exclusivas por internet. Atualmente há vários tipos de interessados nos leilões realizados no Brasil, como os tradicionais fazendeiros que vivem exclusivamente da atividade rural e buscam matrizes e reprodutores para a formação e/ou ampliação e melhoria de seus plantéis de genética seletiva, ou ainda aqueles que adquirem touros para obtenção de bezerros de corte. Temos os empresários urbanos, que muitas vezes até sem possuírem propriedades rurais, adquirem matrizes para a exploração comercial de seus embriões, e, principalmente no caso dos equinos, a figura do proprietário que cresceu bastante nos últimos anos, quando o animal é comprado já criado e pronto para iniciar o treinamento Animal Business-Brasil_69

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para uma modalidade específica. Assim, um proprietário/usuário de um cavalo de esporte como corrida, salto, tambor ou vaquejada, também não precisa ser um criador e pode manter seus animais em centros de treinamento. Nos leilões presenciais notamos a participação de criadores/fazendeiros, investidores e assessores/treinadores. Até shows musicais e outras atrações são programados para atrair, além dos principais interessados, um público leigo que acaba proporcionando um ambiente mais propício para a realização de negócios. De uns tempos para cá, cresceu o número de consórcios/parcerias para a aquisição de matrizes. Com o advento da transferência de embriões, especialmente após a entrada da técnica da fertilização in vitro (FIV), uma vaca Nelore, por exemplo, pode produzir cem embriões, ou mais, em um único ano. Com números tão generosos, pode servir a dois, três, quatro plantéis e ainda comercializar parte de sua produção para o mercado. Ficou comum vender “meia vaca”, “33% de outra”, ampliando a oferta de grandes animais, o que contribuiu para o aumento do preço médio dos melhores animais. Com os equinos, esse mesmo fenômeno também vem acontecendo, só que mais recentemente, pois a transferência de embriões, na maioria das raças, só foi regulamentada nos últimos anos. Hoje, até clones de bovinos já são comercializados. Também é natural a aquisição de touros e garanhões em condomínio, que pode chegar a uma centena de participantes, para a comercialização de doses de sêmen.

nosso país. A geração de empregos e a manutenção do homem no campo estariam garantidas também. Os leilões começaram na Europa, especialmente na Inglaterra do século XIX e chegaram à América do Sul pelos países com maior influência daquela civilização. Assim, naturalmente, o berço dos leilões em nosso Continente foi nos países do Prata: Argentina e Uruguai. Daí, já na metade do século passado, “subiram” para o Rio Grande do Sul, onde surgiram os primeiros leiloeiros rurais do Brasil. O grande “boom” dos leilões aconteceu no início dos anos 80, quando os empresários Sérgio Piza, com a Programa Leilões, e Gerson Prata e José Eduardo Carvalho, com a Remate Leilões, fundaram suas empresas e passaram a atuar em outras regiões do país. Rapidamente os leilões adquiriram o formato que hoje conhecemos, ganharam espaço na mídia, trouxeram para o meio rural o investidor urbano, criaram incentivo para a criação de várias raças que surgiam no país, especialmente os equinos. Praticamente, até essa data, no Sudeste brasileiro só existiam alguns eventos isolados para a venda de animais PSI, no Jockey Club de São Paulo. Com o aparecimento de raças equinas, como o

Ainda temos uma tímida participação de compradores estrangeiros em nossos leilões. Nos bovinos, as raças Nelore e Gir atraem alguns compradores dos países das Américas do Sul e Central. Já no caso dos equinos, há uma maior variedade de países interessados em nossa criação. De fato, já exportamos cavalos PSI (Puro Sangue Inglês), PSA (Puro Sangue Árabe), PSL (Puro Sangue Lusitano), Quarto de Milha, Brasileiro de Hipismo, etc para países de todo o mundo, além da América do Sul também para Estados Unidos, Emirados Árabes, Cingapura, Austrália e países europeus. Diga-se de passagem, com pouco ou nenhum estímulo do Governo Federal. Nossos criadores são abnegados que conquistaram esses mercados sozinhos e pela qualidade de nossa criação. Se incentivada, a atividade teria tudo para ser uma grande fonte de recursos para 70_Animal Business-Brasil

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Árabe e o Quarto de Milha, e o fortalecimento da comercialização do gado de elite, os leilões ganharam espaço em casas de espetáculos (O Palace, por exemplo, desde sua inauguração, dividiu seu palco entre vacas, cavalos e grandes nomes da música nacional e internacional), hotéis de luxo, centros de convenções, etc. A profissão do Leiloeiro Rural é regulamentada pela Lei 4.021 de 1961. Ela foi criada na ocasião para regular uma venda de partidas agrícolas de produtores rurais, devedores do Banco do Brasil. Ou seja, hoje desatualizada com a principal função do leiloeiro, que é vender animais, em todo país, estimulando a melhoria do plantel nacional. Em razão de algumas distorções dessa Lei, criouse em 1.984 a Associação Nacional dos Leiloeiros Rurais - ANLR. Em sucessão à ANLR, fundou-se o Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais, abrangendo todo o território nacional, contando hoje com cerca de cinquenta associados ativos. A Diretoria atual é presidida por Guilhermo Sanchez, tendo como vice João Antonio Gabriel. Sendo que grandes e tradicionais nomes, como Antonio Car-

los Pinheiro Machado, Djalma Barbosa de Lima, Daniel Bilk Costa, Trajano Silva e Nilson Genovesi, entre outros, já presidiram a entidade. O Sindicato agrega os principais profissionais em atuação no Brasil, uma vez que todos os leiloeiros mais conhecidos do mercado são filiados e muitos participam ou participaram de suas diretorias. Com isso, há um Código de Conduta que garante a confiabilidade do sistema. Sem esquecer, que é do leiloeiro, exclusivamente, a prerrogativa da oficialização dos negócios realizados em leilão, sendo sua palavra definitiva e sua Fé Pública inabalável. Hoje, com a evolução dos meios de comunicação, praticamente todos os leilões são transmitidos via TV mas, seja ele com a presença do público ou de modo virtual, não se dispensa a figura do leiloeiro, não só garantindo a oficialização do evento e dos negócios ali realizados, mas também transmitindo, com seu conhecimento, informações importantíssimas para a análise dos interessados. Por isso, é fundamental que o leiloeiro esteja cada vez melhor preparado, conhecendo as particularidades de cada raça, suas qualidades e características, mantendo-se atualizado sobre todos os eventos que acontecem.

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Aquariofilia de água salgada é negócio high-tech Saltwater fish keeping is high-tech business Texto e foto Luiz Octavio Pires Leal

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Sumário

A aquariofilia, com destaque para aquela feita em aquários de água salgada, é negócio que movimenta milhões e exige bastante conhecimento técnico para ser bem sucedido. Os detalhes para produzir peixes de alta qualidade são muitos, além de complexos. Criar, no aquário, um ambiente correto, não apenas para os peixes ornamentais mas também para os corais e os invertebrados aquáticos, não é coisa barata. Praticamente todo o material usado, até mesmo as pedras ornamentais, além dos peixes e dos corais, vêm do exterior, principalmente dos Estados Unidos e de países asiáticos. A compensação é a beleza relaxante de um aquário bem planejado e adequadamente mantido, que é capaz de tornar qualquer ambiente um lugar especial. Summary Fish keeping, with emphasis to salt water aquariums is a business that moves millions and demands high technical knowledge to be successful. The details to produce high quality fish are several and very complex. Creating a correct environment in an aquarium, not only for ornamental fish but also for corals and aquatic invertebrates is not inexpensive. Practically all the material utilized from ornamental rocks to fish and corals, come from abroad, mainly from the United States and Asian countries. The positive side is the relaxing beauty of a well planned aquarium with adequate maintenance, capable of turning any environment into a special place.

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A reportagem da Animal Business-Brasil, visitou um grande importador/atacadista de peixes, corais, equipamentos e insumos para a prática correta da aquariofilia de água salgada, num subúrbio do Rio e constatou que, realmente, o assunto não é para amadores. Todos os materiais usados são importados, até mesmo – por mais incrível que possa parecer – a mistura de sais para a “produção” da água salgada. É que, ao contrário do que possa parecer, para obter água salgada não basta acrescentar sal de cozinha (Cloreto de Sódio) à água da torneira. Primeiro porque a água da torneira, clorada, não serve e segundo porque a água do mar, além do cloreto de sódio tem outros sais dissolvidos, na sua composição. Os cuidados de higiene, desinfecção e muitos outros detalhes técnicos são imprescindíveis para uma empresa poder manter e distribuir às lojas, peixes ornamentais de água salgada, com qualidade garantida. Os corais, que compõem os aquários de água salgada, por exemplo, necessitam de um tipo especial de iluminação para que possam desenvolver-se como se estivessem no fundo do mar. - É preciso imitar a natureza em seus mínimos detalhes- ensina o oceanógrafo e engenheiro agrônomo Jacques Eric Thomas, consultor técnico da Cia do Aquário, dos empresários Luiz Augusto de Azeredo Filipe e Alex de Almeida Neves, localizada no subúrbio carioca do Engenho Novo. E-detalhe importante - há um biólogo com a missão específica de produzir pequenos peixes que são fornecidos a peixes maiores, carnívoros. A água dos aquários onde os peixes permanecem antes de serem embalados e enviados para as lojas de varejo, como os pet shops, precisa ser não apenas filtrada em filtros especiais mas também esterilizada com raios ultra violeta. No atacadista, os filtros, as bombas e as luzes especiais precisam manter-se funcionando as 24 horas do dia, sem interrupção, o que obriga a manutenção de conjuntos geradores. A luta contra o contrabando Um dos grandes e permanentes desafios de quem importa e distribui legalmente peixes ornamentais, além dos inúmeros de ordem técnica e fiscal, é vencer a competição desleal e altamente prejudicial para a fauna e a economia brasileiras que é o contrabando, que movimenta milhões de dólares por ano. Outro, de não menos importância, é o valor do frete e dos impostos cobrados no Brasil, que é recordista mundial na taxação. Isso faz com que um peixe seja vendido no Brasil por preços muitas vezes superior ao que o turista encontra, por exemplo, numa loja de NY. Coisa de 10 vezes mais. Pelas dificuldades e deficiências que são do conhecimento geral, além da imensidão do nosso território e das nossas bacias hidrográficas – e aqui nos referimos aos peixes ornamentais de água doce – o IBAMA, que exige muito dos atacadistas/importadores legalizados, não tem como fiscalizar eficientemente a atividade predatória dos contrabandistas que, há décadas, operam através de quadrilhas bem organizadas e com o complacência e o apoio dos contatos, di74_Animal Business-Brasil

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gamos, “certos”. Esses, não precisam investir praticamente dinheiro algum. Uma redinha de malha fina, uns saquinhos de plástico e lá vão os nossos peixinhos amazônicos embelezar os aquários do Primeiro Mundo com prejuízo para a nossa fauna, o erário e os comerciantes organizados. O Sr. Luiz Augusto esclarece que está nesse ramo há cerca de 26 anos, sempre trabalhando com material de ponta. – No início, me dediquei à exportação, através do contato com um conterrâneo, nos Estados Unidos, e chegamos a ser a maior exportadora brasileira de peixes ornamentais marinhos, principalmente para Hong Kong e também para os Estados Unidos e Europa, mas, atualmente, suspendemos as exportações e passamos a trabalhar exclusivamente com animais (peixes, corais e invertebrados marinhos) e produtos especializados, no mercado interno. Essa atividade dos peixes ornamentais de água salgada é muito ampla. Tem peixe de todas as formas, cores, hábitos e tamanhos, para todas as situações e preferências, sendo que só a carioca Cia. Do Aquário trabalha com cerca de 1.000 tipos diferentes. O movimento de vendas anual nesse tipo de negócio é muito alto e os maiores fornecedores são a Indonésia e os Estados Unidos, estes um grande distribuidor. Taxação absurda A taxação brasileira sobre esse tipo de produto é considerada absurda pelo pessoal do ramo e isso estimula muito o comércio ilegal tanto de importação como de exportação. Com seu reduzidíssimo tamanho, alto valor unitário e a colaboração das pessoas “certas”, é fácil imaginar as facilidades encontradas pelos contrabandistas de peixinhos de aquário. O empresário destaca ainda que somos o único país do mundo que paga imposto sobre frete. Animal Business-Brasil_75

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Projeto Balde Cheio, uma revolução na pecuária de leite Full Bucket Project, a revolution in dairy farming Por/Text Joel Naegele Pecuarista/Rancher Vive-presidente da SNA/ Vice President of SNA

Ao longo de mais de cinco décadas de ligação muito próxima com os produtores e as cooperativas de leite dos estados do Rio, Minas, Espírito Santo chegando até o sul da Bahia, presenciei e não conseguia entender porque, embora a produção recebida pelos laticínios sempre apontasse que cerca de oitenta por cento da produção tinha como origem produtores de menos de cem litros diários, e que desse enorme percentual de produtores, cinquenta por cento deles entregavam apenas até cinquenta litros diários. Pouco ou nada se fazia para incentivá-los a melhorar a produção, tanto quantitativa como qualitativamente. Vale notar que se podia verificar ao longo das estradas poeirentas e quase intransitáveis, que o que mais se via nos pontos de entrega, eram latas de capacidade para cinco, dez e vinte e cinco litros, que seriam, e ain-

da em muitos lugares são, transportadas em caminhões de carroceria aberta, com pessoas sentadas em cima, além de, em muitos casos, galinhas, bananas e outros produtos que eram trazidos para comercialização nos lugarejos à beira do caminho. Anos e anos se passaram sem que ao menos se visse políticas públicas dos municípios, menores ou maiores se incomodarem em mudar para melhor a situação de penúria e de abandono de um vasto contingente de pessoas que trabalhavam enfrentando dificuldades de toda natureza, sem vislumbrar qualquer perspectiva de mudança de suas péssimas condições de vida. O pesquisador da Embrapa Sudeste Arthur Chinelato viu, e mais do que isso, pode sentir nas suas andanças e inúmeras palestras proferidas para auditórios sempre repletos de produtores esperan-

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Sumário

Depois da adoção do Projeto Balde Cheio, Joel Naegele passou a conseguir em área inferior a dois hectares o que produzia em mais de noventa hectares. O autor, tradicional produtor de leite no estado do Rio de Janeiro, adotou as recomendações do Projeto Balde Cheio, do pesquisador da Embrapa Sudeste, Arthur Chinelato, e com isso aumentou drasticamente a produtividade do seu rebanho. Ele relata que sua Fazenda Vista Alegre, situada no município fluminense de Cordeiro é um exemplo vivo dos ganhos provocados pelas mudanças preconizadas pelo Projeto e a presença constante dos técnicos que acompanham o passo a passo das atividades. Summary

After adopting the Full Bucket Project, Joel Naegele was able to produce in a smaller area than two hectares what he used to produce in more than ninety hectares. The author, a traditional dairy farmer in the state of Rio de Janeiro, adopted the recommendations of the Full Bucket Project, by the Embrapa Sudeste researcher, Arthur Chinelato thus drastically increasing the productivity of his herd. He reports that his Fazenda Vista Alegre, located in Cordeiro, state of Rio de Janeiro, is a live example of the gains achieved through the changes recommended by the Project and the constant presence of technicians who follow the activities step by step.

çosos e mesmo ansiosos por notícias capazes de mantê-los na atividade que gostavam apaixonadamente e que previam, cada vez mais perto, o dia de serem dominados pelo desânimo, desistirem e venderem o pouco que possuíam, na maioria dos casos por herança. E foi nesses encontros que o pesquisador se sentiu desafiado a vencer as barreiras que teimavam em impedir que esses valorosos homens e mulheres encontrassem estradas que lhes facilitassem a caminhada. O Projeto Balde Cheio foi a base desse trabalho com a geração de recursos e tecnologias para todos os produtores, iniciado há cerca de doze anos, em propriedades familiares do Estado de São Paulo, exatamente em regiões julgadas pouco recomendadas para esse tipo de exploração. Segundo se sabe, elas são já de algum tempo, apontadas

como novas e promissoras bacias leiteiras, como afirma Nelson Rentero, editor da “Revista Balde Branco”, que prefaciou o livro Sitio da Esperança, de autoria de Arthur Chinelato que relata a história, com, todos os detalhes, de como vencer a resistência alicerçada no desânimo e na desesperança que por décadas maltratou um grande número de pequenos produtores. O Projeto Balde Cheio foi o farol que iluminou os caminhos desses heróis dedicados a árdua e cansativa tarefa de produzir leite sob condições o mais das vezes adversas. O livro acima citado é uma obra que sintetiza parte da experiência vivida pelo autor em sua atuação entre diferentes realidades e práticas no campo, tendo como referência uma propriedade (fictícia) de cinco hectares, de propriedade de “seu Antonio e dona Aurora”, e conta a longa Animal Business-Brasil_77

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jornada de convencimento do casal empobrecido e cansado de “conversa” para mudarem de comportamento e atitude e vencerem a inércia e a descrença. É no “Sitio Boa Esperança” que se dá início ao trabalho de convencimento e acima de tudo das experiências práticas hoje disseminadas para outros estados, com a adesão cada vez maior de produtores encantados com a mudança, para melhor, bem melhor, das condições de vida dos que adotaram há mais tempo as práticas recomendadas pela tecnologia do “Balde Cheio”. Exigências para aderir ao Projeto a) A adesão dos produtores não é apenas a manifestação da sua vontade e sim, a assunção de um forte compromisso de cumprir a risca toda uma série de obrigações e comprometimentos já que, como tudo na vida, a responsabilidade de cumprir o compromisso é fundamental para qualquer tipo de atividade. Assim sendo, o primeiro passo é a visita dos técnicos à propriedade para analisála e determinar após os estudos quais serão os trabalhos a serem realizados e que áreas serão prioritariamente trabalhadas para que o processo deslanche e que rapidamente demonstre a sua viabilidade; b) Que como propriedade selecionada, esteja sempre à disposição para receber visitantes, venham de onde vierem, já que a partir do instante de con-

cordância de participar no Projeto, a propriedade passa a ser considerada modelo; c) O compromisso a seguir é fazer sempre o que for combinado, ou seja, o que for acertado ou acordado entre o proprietário, o técnico extensionista e o profissional coordenador do Projeto. Se não concordarem com alguma proposta de serviço a ser realizado ou sugestão de compra de algum insumo, equipamento ou animal têm de se manifestar, já que o silêncio significa concordância e nesse caso terão de cumprir o que for determinado. d) O rebanho será avaliado quanto à presença de duas doenças perigosas, tanto para animais quanto para as pessoas, por poderem ser transmitidas aos seres humanos tais como tuberculose e brucelose. Caso seja constatada a existência de animais com qualquer dessas doenças, o animal será eliminado; e) O produtor se obriga a anotar as informações relativas aos animais e a parte econômica da propriedade. No caso dos animais, para garantia de sua qualidade e a credibilidade das informações, será preciso numerá-los, implantando brincos grandes com fundo amarelo e números em preto, já impressos, começando a partir do número 01 (a vaca mais erada) até a vaca mais nova. Na seqüência, são numeradas as novilhas começando pela mais velha até a mais nova, e, por fim, numerando também com brincos as bezerras (fêmeas até um ano de idade), iniciando da mais velha até a última

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bezerra nascida. Recomenda-se que os nomes dados aos animais sejam claros e não causem confusões quanto da pronúncia dos mesmos. A clareza é fundamental. Controle do rebanho A. Cobertura: dia, mês e ano da monta ou inseminação, incluindo dados relacionados ao touro e algum comentário importante sobre o evento, se houver. B. Parição: dia, mês e ano, número e nome da vaca que deu cria, sexo da cria, número e/ou nome da cria (apenas, no caso das fêmeas que vão continuar no rebanho após a desmama). C. Controle leiteiro: deve-se anotar a data do controle leiteiro, o número e o nome da vaca ordenhada, a produção de leite nas ordenhas (uma, duas ou três) e alguma ocorrência que possa ter interferido na produção da vaca, como mastite, problema no caso, cio no dia do controle, entre outros fatores. D. Secagem das vacas: anotar a data da secagem, o número e o nome da vaca que encerrou a lactação e se foi feito algum tratamento; E. Pesagem da fêmea em crescimento: caso a bezerra vá permanecer no rebanho até se tornar vaca, será preciso pesá-la mensalmente desde o nascimento até a parição, anotando a data da pesagem, o número ou o nome da bezerra ou novilha controlada e algum acontecimento relevante, se ocorrer. Se não houver balança na propriedade,

utilize uma fita que correlacione o perímetro torácico ao peso do animal. F. Entrada e saída de animais na propriedade: anotar a data, o número e/ou nome da vaca, novilha ou bezerra que for comprada, vendida ou que tenha morrido. G. O produtor deverá anotar os acontecimentos relativos à parte econômica. H. Despesas: todos os gastos efetuados, relativos à atividade leiteira e às respectivas datas em que foram realizadas. I. Receitas: todos os ganhos obtidos com a atividade leiteira, ou seja, com a venda do leite, de derivados ou de animais. J. As planilhas sugeridas para coleta de todas as informações serão fornecidas pelo Projeto. Alimentação O “Sitio Boa Esperança” como era o exemplo que possivelmente melhor se adaptaria às demais pequenas propriedades, foi o modelo escolhido. 1 -Aproveitamento inicial de 2 ha. com 20 (vinte) piquetes de 100 m² (10x10), com o plantio da Grama-Tifton em mudas, que devem ser molhadas diariamente até que elas tenham vingado. 2 – Consolidado o primeiro grupo de piquetes, sugere-se a criação de mais vinte piquetes a serem formados com o mesmo modelo e o mesmo capricho, no qual poderá ser usado outro tipo de capim, como o Mombaça, dobrando-se a capacidade de suporte de vacas;

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3 – Plantio de um canavial para tratar das vacas no inverno, considerando um consumo de 40 quilos da cana picados para cada animal. 4 – Os piquetes deverão estar próximos do local de ordenha, garantindo-se que as vacas não precisem gastar energia para chegar ao alimento, seguindo a lógica de “pasto perto, canavial longe”. 5- - A ocupação da área, no verão, deverá ser de 10 animais por hectare, e na época da seca, a taxa de ocupação será de 5 vacas por hectare. 6 - Os piquetes que serão utilizados por um dia pelas vacas mais aleitadas poderão ser aproveitados pelas demais no dia seguinte, e posteriormente roçados rente ao solo, adubados e irrigados, garantindo-se a renovação do piquete. 7 – Tendo em vista que a chegada do inverno dificulta a produção das gramíneas como Grama-Tifton ou Mombaça, aconselha-se o sobre semeio de Aveia e Azevém, irrigando-se a área plantada, garantindo-se assim, uma pastagem de alta qualidade; 8 - Recomenda-se o enriquecimento das áreas usadas para feitura dos piquetes com a utilização de esterco do curral como matéria orgânica de grande importancia, assim como a adubação química e irrigação. Tais medidas irão garantir que se possa colocar 10 vacas por hectare, com excelente aproveitamento. Vale assinalar que as recomendações acima que vi-

sam tornar possível produção lucrativa de leite em pequenas propriedades, podem ser utilizadas em grandes propriedades desde que sejam aplicadas. Minha propriedade é um exemplo vivo dos ganhos provocados pelas mudanças preconizadas nas linhas mestras do Projeto e pela presença constante dos competentes técnicos que acompanham o passo a passo do desempenho das propriedades assistidas. Nos dias de hoje nós produzimos em área inferior a dois hectares o que produzíamos em mais de noventa hectares, o que provoca maior proximidade do proprietário com os animais, diminui a distância que as vacas precisam andar para encontrar alimento e água limpa, além de nos obrigarmos a cumprir as recomendações sanitárias, assim como os controles de cobertura, parição, controle leiteiro e secagem de vacas, entrada e saída de animais na propriedade, pesagem de fêmeas em crescimento, no caso de bezerras criadas para permanecer no rebanho e controle de receita e despesas ligadas à produção do leite. Tais procedimentos que nunca haviam sido recomendados antes com a mesma ênfase, dá importância ao produtor que se sente cada vez mais ligado à sua atividade por acompanhá-la passo a passo no dia a dia. Realmente o Projeto Balde Cheio é uma revolução na pecuária de leite no Brasil.

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Brasil é campeão mundial de crescimento na industrialização de leite Resultado dos últimos cinco anos faz com que o País supere nações desenvolvidas

Brazil is world champion in the development of milk industrialization Results of the past five years put the country above developed nations

Por/Text Elaine Cruz

SUMÁRIO

As indústrias de laticínios brasileiras fizeram com que o país ocupasse o primeiro lugar no ranking de crescimento em industrialização entre os tradicionais países produtores de leite, de acordo com levantamento feito pela Associação Leite Brasil. No período de 2007 a 2011, o ritmo de avanço da industrialização no Brasil foi de 5,5% ao ano, superando os maiores produtores mundiais: EUA (1,5%), Índia (5,1%), Rússia (1,3%), China (0,9%), Alemanha (1,8%), França (1,6%) e Nova Zelândia (3,4%). O estudo foi realizado com base no volume de leite entregue para os laticínios nos últimos cinco anos nos países citados. Summary Brazilian dairy industry puts the country in the first place in the ranking of growth in industrialization among the traditional milk producing countries, according to a survey by Associação Leite Brasil. During the period of 2007 to 2011, the rhythm of advancement of industrialization in Brazil was 5.5% per year, surpassing the world’s largest producers: USA (1.5%), India (5.1%), Russia (1.3%), China (0.9%), Germany (1.8%), France (1.6%) and New Zealand (3.4%). The study was performed based on the milk volume delivered to dairies in the past five years in the above mentioned countries. Animal Business-Brasil_81

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“O país que mais se aproximou do Brasil foi a Índia, com crescimento médio anual de 5,1%. Porém, é preciso destacar que este país só industrializa 12% do total da produção de leite, enquanto no Brasil esse índice é de quase 70%”, explica Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil. De acordo com o executivo, é importante comemorar o crescimento da industrialização no Brasil, pois mostra que o país está no caminho certo para reduzir a informalidade, que hoje representa 30% do total de leite produzido. “No ano 2000, o leite informal respondia por 39%. Estamos evoluindo e a meta é chegar próximo dos níveis de países como EUA, Nova Zelândia, França e Alemanha”, detalha Rubez. O ritmo mais acelerado de crescimento da industrialização no Brasil pode ser explicado pelo nível de investimento em laticínios. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), em 2011 esse valor girou em torno de R$ 1,8 bilhão, representando 11% no total investido na indústria da alimentação, acima dos outros setores. O avanço da industrialização também refletiu no aumento do faturamento da indústria leiteira, que atingiu R$ 38 bilhões em 2011, 15% a mais que em 2010. Para Rubez, esse progresso impacta positivamente na qualidade do leite e beneficia não só o produtor, mas também o consumidor final. “Estamos oferecendo um produto melhor, mais seguro para o consumo e com os padrões mais próximos aos praticados em países desenvolvidos”, completa. Sobre a Leite Brasil A Associação Brasileira dos Produtores de Leite – Leite Brasil – é uma entidade de classe de representação nacional dos produtores de leite, fundada em 1997, em São Paulo. As três principais bandeiras da organização são a defesa da renda do produtor de leite, a extinção do leite informal e a modernização das normas de produção.

Ranking dos maiores países produtores e porcentagem de leite entregue para industrialização – 2011 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º

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EUA - 100% Índia - 12% Rússia - 48% China - 86% Brasil - 69% Alemanha - 96% França - 97% Nova Zelândia - 100%

Fonte: IFCN, USD e CLAL

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