Animal Business Brasil 08

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Ano 03 - Nº 08 - 2013 - R$ 12,00

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a dupla Brasil/Qatar pode trazer benefícios mútuos na comercialização de cavalos

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uma publicação da:

O Qatar, riquíssimo país, com o segundo maior PIB do mundo, representa um mercado potencial importante para os criadores de cavalos da raça Árabe no Brasil, como afirma o médico veterinário Thiago Reis Ribeiro da Luiz, radicado naquele país, na matéria de capa desta oitava edição. Segundo ele, uma dupla Brasil/Qatar trará benefícios para os dois países no que se refere à exportação e importação de cavalos. Considerada a raça de cavalos de sela mais antiga do mundo, formada na agrura dos desertos daquela região, a raça caracteriza-se pela resistência, velocidade, beleza e refinamento e é símbolo de riqueza e poder dos sheiks. Essa matéria apresenta uma lista de importadores potencias de cavalos árabes brasileiros. Segundo o administrador de empresas Ricardo Arantes, de Rondônia, Estima-se que cerca de 50% de nossa pecuária ainda é “pré-histórica”, ou seja, sem controle ou aporte tecnológico ao tripé sanidade/genética/nutrição. Apesar disso, entre janeiro e outubro de 2012, as exportações de carne bovina renderam US$ 4,7 bilhões. Marcos Diaz, presidente do Sistema OCB/RJ afirma que o cooperativismo vem demonstrando ser uma eficiente ferramenta para promover o desenvolvimento econômico e humano da sociedade, principalmente pela sua forma equitativa de distribuição de resultados, e no seu artigo cita os sete princípios fundamentais do cooperativismo e sua relação com a produção sustentável.

O professor Marco Antônio Lemos Miguel, biólogo MSc e PhD, pesquisador do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, publica uma tecnologia avançada sobre probióticos em pescado, em fase adiantada de pesquisa, no campo da nutrição humana. Os probióticos – “a favor da vida” – em contraste com os antibióticos – “contra a vida” – quando administrados em quantidades adequadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro, como aumento à tolerância e digestão da lactose, influência positiva na microbiota intestinal, efeito anticarcinogênico e antihipertensivo, entre outros. Na sua matéria sobre a evolução da medicina veterinária, o professor Milton Thiago de Mello, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e membro honorário da Associação Mundial de Veterinária, conta como desde a regulamentação da profissão, em 1933, o veterinário brasileiro evoluiu muito e atualmente,a interação com a sociedade vai desde o atendimento médico e bem estar dos animais de companhia, trabalho e produção, até a garantia da qualidade dos alimentos: a segurança alimentar. Nos dias atuais,destaca do professor, a saúde é constituída por um tripé: saúde humana, saúde animal e saúde ambiental. Esperamos que o leitor encontre aqui matérias úteis. Matérias para ler e guardar.

Luiz Octavio Pires Leal Editor

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Diretoria executiva

Diretoria técnica

Antonio Mello Alvarenga neto presidente

Francisco José Vilela Santos

Almirante Ibsen de Gusmão Câmara 1º Vice-presidente

Hélio Meirelles Cardoso

Osaná Sócrates de Araújo Almeida 2º Vice-presidente

José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Hafers

Joel Naegele 3º Vice-presidente

Ronaldo de Albuquerque

Tito Bruno Bandeira Ryff 4º Vice-presidente

sérgio gomes malta

Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas Claudio Caiado John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Katia Aguiar Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto

Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho

COMISSÃO FISCAL Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade

Sociedade Nacional de Agricultura – Fundada em 16 de Janeiro de 1897 – Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 End.: Av. General Justo, 171 – 7º andar – Tel.: (21) 3231-6350 – Fax (21) 2240-4189 – Caixa Postal 1245 – CEP 20021-130 – Rio de Janeiro – Brasil E-mail: sna@sna.agr.br – www.sna.agr.br Escola Wenceslão Bello / FAGRAM – Av. Brasil, 9727 – Penha – CEP: 21030-000 – Rio de Janeiro / RJ – Tel.: (21) 3977-9979

Academia Nacional de Agricultura

Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga

Cadeira 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41

Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br

Patrono Ennes de Souza Moura Brasil Campos da Paz Barão de Capanema Antonino Fialho Wencesláo Bello Sylvio Rangel Pacheco Leão Lauro Muller Miguel Calmon Lyra Castro Augusto Ramos Simões Lopes Eduardo Cotrim Pedro Osório Trajano de Medeiros Paulino Fernandes Fernando Costa Sérgio de Carvalho Gustavo Dutra José Augusto Trindade Ignácio Tosta José Saturnino Brito José Bonifácio Luiz de Queiroz Carlos Moreira Alberto Sampaio Epaminondas de Souza Alberto Torres Carlos Pereira de Sá Fortes Theodoro Peckolt Ricardo de Carvalho Barbosa Rodrigues Gonzaga de Campos Américo Braga Navarro de Andrade Mello Leitão Aristides Caire Vital Brasil Getúlio Vargas Edgard Teixeira Leite

Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso

Titular Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Flávio Miragaia Perri Joel Naegele Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cézar de Andrades Rubens Ricupero Pierre Landolt Antonio Ermírio de Moraes Israel Klabin Sylvia Wachsner Antonio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Antonio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Antonio Carreira Antonio Mello Alvarenga Neto Ibsen de Gusmão Câmara John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Erling S. Lorentzen

Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial

É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Ediouro Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 FOTO de capa: QREC, Juhaim – Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 16.000

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Qatar é importador potencial de cavalos brasileiros da raça Árabe

Top News

O papel da Câmara Setorial de Equideocultura do Ministério da Agricultura

Alta tecnologia na produção de pescado enriquecido com probióticos

Compensa investir em melhoramento

Brasil é o quarto maior produtor de suínos do mundo e um dos principais exportadores

Economia Agrícola A evolução da Medicina Veterinária Sustentabilidade é novo campo para a medicina veterinária

A implosão da antiga sede da CCPL e os novos tempos Leite: produção versus importação

Ciência & Tecnologia Clydesdale, o cavalo da Budweiser SEBRAE Informa O cooperativismo é uma importante ferramenta para promover o desenvolvimento social

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Qatar Ê importador potencial de cavalos brasileiros da raça à rabe Por: Vet.

Thiago Reis Ribeiro da Luz diretamente do Qatar

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O Brasil, celeiro de bons cavalos e craques da bola, possui talentos de sobra em seus campos. A formação da dupla Brasil/Qatar pode trazer benefícios mútuos na comercialização de cavalos. No futebol a ousadia, a astúcia e a habilidade foram os diferencias que tornaram os brasileiros craques desse esporte bretão. Uma pitada dessas mesmas virtudes poderá fazer nossos habilidosos cavalos brilharem mais intensamente em campos internacionais.

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Governado por Emir, H.H. Sheik Hamad bin Khalifa Al Thani, e agraciado por generosas reservas de petróleo e gás natural (3ª maior do mundo) o Qatar possui um dos maiores PIB’s, a maior renda per capita do mundo e se caracteriza por ter uma economia dinâmica. Geograficamente o Qatar é uma península árida localizada no hemisfério norte, com 11.437 km², que equivale à metade de Sergipe, o menor estado brasileiro. Este Emirado está localizado na península Arábica do continente Asiático e tem quase todo seu entorno banhado pelo Golfo Pérsico; a exceção é a fronteira com a Arábia Saudita. Há provas arqueológicas de habitações no Qatar de 50 mil anos atrás. Evidências recentes mencionam que há 7500 anos o Qatar era habitado por nômades e pescadores mercantes. Evidências mais antigas sobre cavalos domesticados encontram-se no Cazaquistão e datam de 3500 anos a.C. De alguma forma ainda não esclarecida, esses cavalos chegaram ao Egito e de lá se espalharam, essencialmente através das tribos nômades, pelos desertos da península arábica há 1450 anos. A partir disso, a história equestre do Qatar caminhou juntamente com as demais áreas do Golfo Pérsico e se disseminou com a difusão do islamismo. Vale lembrar que o profeta Mohammed insuflou no homem, segundo o islamismo, os princípios de respeito e admiração pelo cavalo, e associou aos princípios de cavalheirismo os valores islâmicos da honra, generosidade e bravura. O cavalo árabe, de tão imprescindível, é indissociável da história da cultura árabe. Diz a tradição oral que os cavalos eram mais valiosos do que os camelos e tinham prioridade na hora da alimentação. Os suplementos da dieta como leite dos camelos fêmeas e as tâmaras eram servidos primeiramente aos cavalos e depois aos filhos e demais integrantes da família tribal. A raça Árabe é considerada a mais antiga de cavalo de sela do mundo. Nas escaldantes areias dos desertos arábicos, por séculos, forjou-se nesses cavalos a resistência, a velocidade, a beleza e o refinamento que são marcas dessa raça. Na edição especial Cavalos do Brasil da revista Animal Business Brasil pode-se encontrar mais informações sobre o cavalo árabe. Os cavalos influenciaram a independência do Qatar. Em 1983 o Sheik Jassim Bin Mohammed

Al Thani, o segundo Emir do Qatar, na batalha de Al Wajba, montado em um cavalo árabe, com a ajuda da sua cavalaria, expulsou da península qatari o império Turco-Otomano. Este fato é revivido nas tradicionais danças qataris em locais populares como o Souk Waqif (mercado municipal) e corniche. O título de Xeque (em inglês Sheikh) refere-se no Qatar de forma honorífica àquelas pessoas relacionadas à família real ou de famílias de grande importância deste emirado, e advém da cultura nômade tribal árabe. A Messila, carreira de curta distância (500m), disputada no QREC por ocasião da comemoração do Qatar National Day (18 de dezembro) é uma expressão cultural qatari que reafirma a tradição das corridas de cavalo no deserto. Hoje se conservam as típicas indumentárias árabes tanto do cavalo, quanto do cavaleiro. Somente cavalos da raça Árabe e cavaleiros qataris podem participar. Mas não é unicamente de história e tradição que se sustenta a atual conjuntura equestre deste país. O Qatar possui um dos maiores e mais modernos centros equestres do mundo, o Al Shaqab. É o mais novo grande investimento do turfe europeu e vem obtendo significativo prestígio com promessas de grandes resultados. Possui grandiosos projetos equestres de ponta como o futuro haras na região de Al Zubara, o novo centro de enduro e tem colecionado medalhas no hipismo e prêmios com seus cavalos árabes de show. Todos os eventos equestres no Qatar possibilitam que competidores estrangeiros venham concorrer e mostrar suas qualidades como criadores, condicionadores e treinadores. No Qatar há cerca de quatro mil cavalos, sendo dois mil puros-sangues árabe. A taxa nacional anual de nascimento desta raça é de cerca de 250. Para a temporada de corridas de cavalo de 2012/2013 há cerca de 400 cavalos Puro Sangue de Corrida. Existem 26 estabelecimentos equestres no Qatar. Vale ressaltar que muitos qataris criam cavalos de corrida e de halter fora do país, sobretudo na Europa, EUA e na Arábia Saudita.

Turfe Desde 1975, as corridas de cavalo são oficialmente realizadas pelo Racing and Equestrian Club do Qatar (QREC). A missão do QREC é desenvolver as corridas além de estimular os proprietários para a criação. O QREC é finan-

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“A raça Árabe é considerada a mais antiga de cavalo de sela do mundo”

No hipódromo de Doha

ciado pelo governo, tendo como presidente, Sheikh Mohamed Bin Faleh Al Thani e como Diretor Geral, Sami Jassim Al Boenain. O Sr. Sami é também o atual presidente e membro do conselho executivo da IFAHR. O QREC é também chamado de Al Rayyan Park, mas nunca chamado de Jockey Clube como é costume da maioria dos hipódromos do mundo. A organização qatari do QREC conta com profissionais estrangeiros como o experiente australiano Ian Patterson, chefe da comissão de corridas, e o sul-africano Ryan Skelton, handicapper. Na clínica veterinária, trabalha o veterinário brasileiro Endrigo Pompermayer.

O QREC conta com uma moderna infraestrutura de estilo islâmico-arábico. Há cerca de 800 cavalos alojados em dois diferentes grupos de estábulos com cerca de 400 baias cada, uma raia de areia para treinamento e corrida e outra de turfe exclusiva para as corridas e galopes de apronte. A temporada de corridas vai de outubro a maio (outono/inverno) aproveitando o clima ameno desta época do ano. Para 2012 há um total de 404 páreos, sendo as provas mais importantes corridas nas distâncias clássicas de 2000 e 2400m. A semana de trabalho no Qatar vai de domingo a quinta-feira e apostas não são praticadas por questões religiosas. Animal Business-Brasil_9

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Foto: Julian

O elegante galope do cavalo Árabe

O QREC organiza corridas para cavalos puro sangue árabe (PSA) e puro sangue árabe local (PSAL), ou seja, nascidos no Qatar. Os potros dessas raças estreiam com no mínimo de três anos de idade. Também são preparados páreos para cavalos puros-sangues de corrida (PSC) criados no exterior e naturais do Qatar (PSCL). Geralmente os cavalos PSC são mais rápidos que os PSA em qualquer distância. Apesar da conhecida história dos PSA, os PSC tiveram maior pressão de seleção para a velocidade enquanto os cavalos árabes são superiores nas distâncias aplicadas ao enduro. Devido a questões pluviométricas, a raia de areia é leve e a de grama, macia. O tempo re-

corde para a distância de 2400m para cavalos PSC é de 02:25:04 obtido por Lancelot (FR).

O Árabe de corrida O Qatar possui os melhores cavalos árabes de corrida do mundo. Este fato confirma-se nos resultados de corridas internacionais realizadas no Qatar e nas de mais alta categoria realizadas na França, na Inglaterra e nos EUA. Atualmente o Qatar domina o ranking da IFHAR (International Federation of Arabian Horse Racing Authorities) em todos os critérios de premiação, incluindo cavalo, proprietário, treinador e jóquei. A maioria dos cavalos PSA de corrida comprados no exterior vem da França (leilões da Arqana),

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Foto: Julian

“O Qatar possui um dos maiores e mais modernos centros equestres do mundo” que lidera o ranking de qualidade e quantidade seguido dos cavalos criados no Reino Unido e nos Estados Unidos. De acordo com a regulamentação da raça PSA, é autorizada utilização da técnica reprodutiva de inseminação artificial, o que não é possível em cavalos PSC. No purebred arabian sales de 2012 da Arqana foi movimentada a quantia aproximada de 800 mil euros, a um preço médio de 17mil euros por cavalo com quase 60% dos cavalos vendidos.

Cavalos Puro Sangue de corrida A grande maioria dos cavalos Puro Sangue de Corrida (PSC) pertencentes a qataris são comprados em leilões na Europa. Os mais visados são os da Tattersall na Inglaterra e os da Arqana na França. O mais comum são as compras feitas por treinadores ou proprietários do Qatar de cavalos de três anos ou mais já corridos. Os estreados geralmente obtêm melhores resultados e são preferidos por não precisarem ser domados no Qatar, o que implicaria na contratação de mão de obra qualificada. Os PSC do Qatar procedem de linhagens europeias, seguida em menor volume de linhagens norte-americanas estabelecidas no mercado do cavalo europeu. No leilão da Tattersalls (Autum sales) foi comercializado um filho de Sadler’s Wells, Hydrogen, pela quantia recorde de 2,5 milhões de libras. Ele é irmão materno de Authorized (Montjeu e Funsie (FR)), vencedor do G1 Epsom Derby de 2007 e defenderá as sedas do Sh. Fahad Bin Abdullah Al Thani (Pearl Bloodstock). O melhor potro europeu de dois anos de idade de 2012, Olympic Glory (IRE) (Choisir (AUS) e Acidanthera (GB)(Alzao (USA)), pertence ao Sh.Joaan Bin Hamad Al Thani. Esse potro irlandês, xará de outro

cavalo brasileiro com campanha na Europa, venceu três provas de grupo incluindo o G1 Prix Jean-Luc Lagardère conquistado em outubro de 2012 na reunião do Arco do Triunfo em Paris. O cavalo What A Name (Mr Greeley (USA) e Bonnie Byerly (USA) por Dayjur (USA)), segundo colocado nessa mesma prova, é de propriedade do Sh. Mohammed Bin Khalifa Al Thani, titular do Al Shahania Stud. Também defende a farda deste Stud, o cavalo Flotilla (FR), dois anos, filho de Mizzen Mast (USA) e Louvain (IRE). Esta última uma filha de Sinndar (IRE), excepcional garanhão de linhagem Europeia levado ao Brasil em 2009, pela Associação Paulista de Fomento ao Turfe (APFT), que nesta temporada arrendou da Coolmore Ireland o garanhão Holy Roman Emperor (Danehill e L´On Vite) em regime de shuttle.

Cavalo Puro Sangue de corrida local O cavalo PSCL é, dentre as diferentes categorias de cavalos de corrida do Qatar, a que apresenta o menor número de animais, cerca de 70. Uns dos melhores exemplares PSCL eh Qadir (QA), 7 anos, (Fraam (GB) e Carina Clare (GB)). Esse cavalo detém o recorde da temporada 2011/12 para a distância de 1700m na areia com o tempo de 01:46:83, três segundos atrás do recorde para a distância para cavalos PSC (01:43:83, Vetvey (IRE)).

Show & beleza O Qatar possui excelente reputação no que tange a cavalos árabes de show. Os haras de PSA do Qatar se dedicam à criação de linhagens do PSA e puro sangue árabe egípcio (PSAE). Na criação de cavalos árabes de halter, destacam-se o Al Shaqab (Membro do Qatar Foundation), o tradicional Al Nasser Stud, com seus cavalos de corrida e halter, o Al Naif Stud e recentemente o promissor Al Shahania Stud. O Al Shaqab é o maior expoente de cavalos de show do Qatar e um dos maiores do mundo.

Exportação brasileira Como exemplo de exportação da criação brasileira, existe a égua Marwan Cristal RCA, de Rodrigo Lorenzi, campeã brasileira égua jovem em 2009, integrada ao plantel de cavalos do Al Shahania Stud. Animal Business-Brasil_11

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O preço da cobertura (sêmen) de um dos melhores e mais influentes garanhões da atualidade, Marwan Al Shaqab, é de aproximadamente 30 mil dólares. Pertencente ao Al Shaqab, esse cavalo está alojado em um centro de reprodução dos EUA com possibilidade de despacho de sêmen para o Brasil. Os acordos de cobertura dos cavalos PSA de halter podem incluir garantia de prenhes e de vida do potro até alguns dias de vida.

Cavalos de enduro As provas de enduro são realizadas no Qatar pelo Endurance Committee. Atualmente são realizadas no Qatar Endurance Village, em Mesiaeed, cerca de 60 quilômetros de Doha. Existem também provas de incentivo para mulheres e crianças. Os principais centros equestres para cavalos de enduro são o Al Shaqab e o Qatar Equestrian Federation. A grande maioria dos cavalos de enduro de alta classe é comprada pronta para competir no exterior. A maioria dos melhores cavalos vem da França, Brasil, Argentina e Uruguai, com preços que variam de 100 mil a alguns milhões de dólares.

Comércio O comércio desses cavalos (geralmente de raça árabe ou mestiço árabe) é caracterizado pela compra direta pelo proprietário junto ao criador ou treinador. A maioria das provas de enduro garante acesso a cavalos mesmo sem raça definida.

Cavalos de hipismo O cavaleiro brasileiro Álvaro de Miranda, medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta em 1996, esteve no Qatar em 2011 e 2012, ano em que ficou em primeiro lugar no Global Champions Tour de Doha e em terceiro no ranking geral desta competição. Além do Al Shaqab é possível praticar e aprender modalidades de esportes equestres como hipismo, dressage e enduro na Al Samariyah Farm. A fazenda conta com cerca de 350 alunos e alguns dos animais utilizados são ex-cavalos de corrida.

Investidores Um importante ponto na evolução equestre do Qatar é o interesse do governo em investir na equinocultura do país. Em nota oficial o Emir de-

monstrou o desejo que todo qatari fosse proprietário de cavalos. O objetivo é divulgar o país por meio da qualidade de seus cavalos. Aumentando a estrutura para criar e treinar cavalos, o natural é que se aumente o número de proprietários e de cavalos. A intenção é que o Qatar intensifique o comércio internacional de cavalos.

Mercado a ser explorado pelo Brasil O agronegócio equestre é responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil. A criação de cavalos movimenta 7 bilhões de reais e as exportações de cavalos vivos mais de 4 milhões de dólares. O Brasil possui o 3º maior rebanho de cavalos e é o segundo maior criador de cavalos da raça árabe do mundo. Possui destaque na criação de cavalos PSC, enduro, árabes de show e cavalos de hipismo. No Brasil existem 4 mil éguas e 3 mil nascimentos de cavalos PSC por ano, porém o potencial brasileiro é de ao menos seis mil éguas na cria. Na Associação dos Criadores de Cavalos Brasileiros de Hipismo há cerca de 20 mil cavalos e 1000 nascimentos de potros registrados por ano. As medalhas de bronze conquistadas pela equipe brasileira nas Olimpíadas (1996 e 2000) e as três medalhas de ouro conquistadas no Pan-americano credenciam esta raça nacional a ser mais divulgada ao mundo, entretanto não há registro atual de cavalos BH no Qatar. Cavalos PSC criados no Brasil estão bem representados principalmente no turfe da Argentina, Uruguai e USA. Potros de sobreano são comercializados com estes países e a África do Sul, mas o Brasil não possui representatividade na Europa e Ásia, um mercado em potencial a ser explorado. Um fator importante para o comércio internacional de cavalos é o estabelecimento de relação comercial bilateral entre países. Entre o Brasil e o Qatar, por exemplo, não existe nenhuma relação até o presente momento. Uma vez estabelecida, ela irá facilitar enormemente o comércio de cavalos entre esses dois países eliminando a necessidade de quarentena na Europa, que implica no custo de cerca de 10 mil dólares. Isso só será possível se as medidas sanitárias instituídas pelo Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos – PNSE forem seguidas.

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“O Qatar é parceiro comercial atraente para os negócios de cavalos de corrida brasileiros”

O primeiro passo para um acordo bilateral entre o governo dos dois países foi dado recentemente. Isto foi possível graças ao incentivo de turfistas, criadores e associações como a APFT, Câmera de Equideocultura do Brasil e Haras Bagé do Sul. Uma maior participação brasileira em eventos equestres internacionais, incluindo os realizados no Qatar, promoveria a qualidade do excelente cavalo nacional. Para exportar é preciso provar em âmbito internacional a qualidade dos cavalos brasileiros como fez Leroidesanimaux (BRZ) nos EUA, considerado o melhor corredor na grama daquele turfe no ano de 2005 e Glória de Campeão (BRZ), em 2010, na mais rica corrida de cavalos do mundo, Dubai World Cup. O Qatar pode servir como ponte para exportações de cavalos para países onde atualmente o Brasil não é significativo. Cavalos de show, enduro e hipismo são também de importância econômica em outros países do Oriente Médio. Somando-se ao Golfo Pérsico os demais países asiáticos que proporcionam corridas de cavalos PSC, há hipódromos que necessitam comprar cavalos de corrida. A entrada da China no turfe, que planeja no futuro correr cavalos em seu país, também é impactante. O Qatar é parceiro comercial atraente para os negócios de cavalo de corrida brasileiro. As maiores corridas de cavalo em Dubai ocorrem logo após as da temporada qatari, e durante o recesso da temporada europeia, permitindo que turfistas venham ao Golfo para conhecer de perto essas competições. Na área dos cavalos árabes de show, a quantidade e qualidade da genética brasileira unida aos bons resultados em competições nos EUA explicam o grande interesse árabe nesses cavalos. Nos eventos de enduro e hipismo, conta a favor o fato deste país ser criador de cavalos para esses esportes, o que não ocorre com o Qatar de forma significativa atualmente.

Lista de contato de criadores e entidades equestres do Qatar Al Shaqab (Membro da Qatar Foundation) www.alshaqab.com Umm Qarn www.ummqarn.com Al Shahania Stud www.alshahaniastud.com Al Zobara Stud http://www.alzobairstud.com Al Samariyah farm e Museo www.sheikhfaisalmuseum.com Qatar Racing and Equestrian Club www.qrec.gov.qa Qatar Endurance Committee www.qatarendurance.com.qa Qatar Equestrian Federation www.qatarequestrian.blogspot.com Qatar Breeding and Owners association e Al Asail Equestrian Center dhafim@qatar.net.qa Pearl Bloodstock www.pearlbloodstock.com

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O papel da Câmara Setorial de Equideocultura do Ministério da Agricultura Por: Flávio

Obino Filho Presidente da Câmara de Equideocultura

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Em que pese termos o terceiro maior rebanho de cavalos do mundo e movimentarmos mais de R$ 8 bilhões por ano, a equideocultura sempre recebeu tratamento marginal pelos gestores do agronegócio brasileiro. Neste cenário, em 1998, quando da criação das câmaras setoriais o cavalo não foi contemplado. O primeiro impulso de organização foi dado pelo produtor Pio Guerra, que na condição de Vice-Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, criou a Comissão Nacional do Cavalo, composta por 23 (vinte e três) diferentes associações de produtores de cavalo no Brasil. Dado este primeiro passo e tendo como justificativa adicional a desativação da antiga Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional – CCCCN, foi possível reivindicar a constituição de uma câmara setorial na estrutura do Ministério da Agricultura para tratar da equideocultura. As Câmaras Setoriais, dentro da estrutura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, constituem um foro de caráter consultivo, sendo compostas por representantes de produtores, consumidores, trabalhadores, entidades empresariais e organizações não governamentais, bem como de órgãos públicos relacionados aos arranjos produtivos aos quais se referem. Este foro atua na identificação de oportunidades ao desenvolvimento das cadeias produtivas, articulando agentes públicos e privados, definindo ações prioritárias de interesse comum, visando à atuação sistêmica e integrada dos diferentes segmentos produtivos. A Câmara foi constituída em 2003 e o criador de cavalos da raça mangalarga marchador Pio Guerra, que iniciou a estruturação da cadeia produtiva em âmbito da CNA, foi o seu primeiro presidente, coordenando os trabalhos até 2011.

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Integram a Câmara de Equideocultura as associações de criadores das raças árabe, crioulo, mangalarga marchador, cavalo de corrida (PSI) e quarto de milha; a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, Confederação Brasileira de Hipismo, Associação Brasileira dos Médicos Veterinários de Equídeos, a Associação Nacional de Equoterapia, a Embrapa, e os Jockeys Club Brasileiro, de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Atualmente estou presidente da Câmara Setorial de Equideocultura do MAPA. Como advogado de formação e profissão poderia estar me sentindo fora do meu ambiente, coordenando o mais importante órgão de interlocução da indústria do cavalo com o Governo Federal. Confesso que entre os cavalos e os profissionais da equideocultura estarei sempre mais a vontade do que em uma sala de audiência ou seção de julgamento. As corridas, a criação do PSI e o fomento da atividade são um caso de paixão. Não tenho os cavalos como negócio, mas acredito no potencial da atividade como geradora de renda e postos de trabalhos e há mais de uma década, como dirigente do turfe (Presidente do JCRGS, vice-presidente da ABCPCC, coordenador do GT do Turfe e Presidente da Câmara de Equideocultura do MAPA), tenho me empenhado no sentido da revitalização da atividade. Os meus investimentos pessoais em cavalos de corrida têm como objetivo render vitórias, lágrimas, momentos de prazer e emoção. Os negócios que envolvem a criação e a utilização do cavalo ocupam uma posição de destaque em países desenvolvidos e no Brasil não é diferente. O que é diferente é a nossa incapacidade de publicizar e popularizar informações sobre a nossa cadeia produtiva. Vendemos muito mal a nossa atividade. Para muitos, a indústria do cavalo está relacionada ao interesse restrito de uma elite e distante do grande público e do brasileiro médio. Poucos sabem que a indústria do cavalo é responsável pela movimentação anual de cerca de 8 bilhões de reais, ocupando diretamente mais de 700 mil postos de trabalho e 3 milhões e meio de ocupações indiretas. Movimentamos valores superiores ao da indústria automobilística no país, mas continuamos marginalizados pelo Poder Público e taxados como agentes de uma atividade mantida pela elite e para a elite.

Essa classificação como supérfluo nos equipara aos cachorros e gatos para efeito de tributação dos medicamentos, o que importa em preços mais elevados do que os de bovinos e outros animais de produção. O mesmo medicamento produzido para o bovino custa metade do que o produzido para equinos, que são taxados. Abro parênteses para registrar que na interlocução com o Governo vivemos um momento diferente. A Câmara da Equideocultura sempre foi tratada como o patinho feio dentro do Ministério da Agricultura. Quando se falava em reduzir o número de câmaras, a primeira lembrada era a nossa. Na atual gestão do ministro Mendes Ribeiro, o cavalo tem sido respeitado e todos os setores têm sido céleres e proativos no sentido da construção de uma agenda positiva de trabalho. Fecho parênteses. Estamos lutando para reescrever esta história. A agenda estratégica da Câmara tem nove vértices principais: estatísticas, PD&I, capacitação, questões sanitárias e de trânsito, marketing e promoção, governança, legislação, crédito e seguro, e revitalização do turfe. Com o apoio da CNA foi elaborado em 2006 o primeiro estudo do complexo do agronegócio cavalo pela ESALQ. Estamos viabilizando condições para atualização e aprimoramento daquele primeiro estudo que nos permitiu conhecer o tamanho do nosso rebanho e o que movimentamos antes, dentro e fora da porteira. Trata-se de uma ferramenta essencial de apoio na interlocução com o executivo, legislativo e cadeia produtiva. Em 2013 pretendemos concluir este novo estudo. Também estamos fomentando a criação de uma rede e de um programa nacional de PD&I de equídeos, além de um plano integrado de capacitação e extensão da equideocultura. No que concerne às questões sanitárias, o nosso desafio é sensibilizar os órgãos estaduais e municipais de controle e as associações de criadores de cavalo quanto à necessidade de rigorosa fiscalização do trânsito de cavalos. O mormo está batendo nas portas dos cavalos de raça em razão deste descontrole. Focos recentes nos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais fizeram soar o sinal vermelho. Este mês de janeiro, realizaremos um seminário específico para tratar do assunto e neste mês estamos concluindo a nova normativa sobre o tema. Também es-

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Uma das conquistas da Câmara foi a inclusão da equideocultura no Plano Agrícola e Pecuário do MAPA

tamos discutindo a criação de compartimentos que permitam tratamento sanitário diferenciado para cavalos de alta performance e raçadores e incentivando a chipagem dos cavalos. Nossos esforços na área de marketing e promoção são ainda tímidos, mas a Câmara, em parceria com a APEX, viabilizará a promoção do cavalo brasileiro durante a Equitana 2013 (Essen/Renânia do Norte – março) e também se discute a realização da semana do cavalo brasileiro no Kentucky. A Câmara, em termos de governança da cadeia, pleiteia a criação no MAPA de uma estrutura técnica operacional com atribuições específicas para equídeos e discute a oportunidade de reativação da CCCCN ou criação de outro órgão com atribuição deliberativa para tratar das questões atinentes ao fomento da criação do cavalo no Brasil. As ações na esfera legislativa atualmente estão voltadas para a apresentação de projetos contendo alterações normativas que permitam tratamento isonômico no que respeita a taxação dos medicamentos específicos para equídeos, bem como a racionalização da carga tributária sobre insumos e rações. Uma das recentes conquistas da Câmara foi a inclusão da equideocultura no Plano Agrícola e Pecuário do MAPA, o que permite o acesso dos criadores de cavalos a linhas especiais de financiamento. No custeio o limite é de R$ 800.000,00 e a taxa de juros de 5,5% ao ano, aplicando-se a custos de trato de animais com medicamentos e ração, por exemplo. As linhas de investimento são as gerais não tendo programa específico para a equideocultura. O limite é de R$ 300.000,00 e a taxa de juros de 5,5% ao ano, com até 6 anos para pagamento. Compra de reprodutores e ma-

trizes, construção de armazéns, cocheiras, cercas e pastagens entram na linha de investimentos. A ressalva (não contemplados) é a compra de animais para lazer (ex: cavalo de corrida, equitação, passeio). A verba para o setor este ano é de 66 milhões de reais para custeio e 77 milhões de reais para investimentos. Finalmente, com relação ao turfe, a Câmara obteve, no final do ano passado, a alteração (mudança legislativa) da base de cálculo da contribuição feita pelas entidades turfísticas incidente sobre as apostas. Com o novo critério, os Jockeys, historicamente inadimplentes, passaram à condição de adimplentes, permitindo a criação de uma agenda positiva com o Ministério da Agricultura. As entidades aguardam pequenas modificações na Instrução Normativa nº 48 para que possam alterar seus planos de apostas e recadastrar os agentes credenciados, e examinam a adoção de novas modalidades de apostas, inclusive lotéricas, de apelo popular e grande premiação. Também existem discussões para implementação da totalização única, de alterações no sistema de simulcasting internacional (condicionado à captação de apostas no exterior nas corridas locais), e se examina a oportunidade da exploração de apostas em máquinas simuladores de corridas nos hipódromos de categoria “A” e “B”. A Câmara está estruturada para cumprir o seu papel de agente de articulação entre os atores públicos e privados e, na prática, tem efetivamente funcionado como definidora das ações prioritárias do setor da equideocultura. A agenda estratégica tem caráter dinâmico, assim estamos abertos para discutir mudanças de rumos e toda e qualquer contribuição de empreendedores integrantes da nossa cadeia produtiva sempre será considerada. Animal Business-Brasil_17

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Compensa investir em melhoramento Por: Ricardo

Arantes Administrador de empresas Agropecuária Nova Vida – Rondônia

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Estima-se que cerca de 50% de nossa pecuária ainda é “pré-histórica”, ou seja, sem controle ou aporte tecnológico ao tripé sanidade/genética/ nutrição. Entretanto, é um cenário que está mudando aos poucos. Não há mais espaço para touros de produção duvidosa, escolhidos a olho. Para desempenhar o papel de reprodutor, o animal deve passar por uma malha fina que comprove sua produtividade. Falamos aqui das Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs), uma avaliação das características genéticas economicamente mais importantes à produção. Antes, eram animais restritos ao meio científico ou a uma parcela mais elitizada de pecuaristas. Hoje, já é mais comum vê-los nos pequenos rebanhos.

investimento em genética produz retorno rápido E para quem duvida, o retorno do investimento em genética avaliada acontece logo na primeira safra de bezerros, gerando um gado mais homogêneo, precoce, com melhor rendimento de carcaça e qualidade de carne. Eis aí um grande mercado ainda inexplorado. A carne brasileira ganha espaço no exterior, mas é porque forçamos um produto barato e não por ser mais macio e saboroso.

cota Hilton remunera mais Veja por exemplo a famosa Cota Hilton, do mercado europeu, que remunera até três vezes mais por cortes nobres do quarto traseiro do novilho precoce. A fatia do Brasil é quase insignificante em volume e mesmo assim não somos capazes de atender a demanda. A tão sonhada remuneração superior só virá a partir do momento que produzirmos animais com a qualidade necessária e em maior escala. Independentemente de qualquer crise econômica, a população mundial vem crescendo desenfreadamente e é fato que toda ela precisará se alimentar.

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Cruzamento industrial

A Cota Hilton do mercado europeu remunera até três vezes mais Ricardo Arantes

China é um grande mercado Imaginem a gigantesca população da China. Lá, o consumo per capita de carne bovina gira em torno de 5 quilos/habitante/ano, ao contrário do Brasil, onde essa média sobe para 28 quilos. Se eles apenas dobrassem o consumo, acabariam com a carne bovina do planeta inteiro. E mais: teríamos de vender arroba de bezerro ao invés de boi gordo.

É por esse e outros motivos que devemos apostar em uma pecuária cada vez mais produtiva e sustentável. Sou grande defensor do cruzamento industrial por permitir a produção de carne superior em menos tempo. A técnica exige um pouco mais de investimento no manejo, mas os ganhos são compensadores, especialmente, no que se refere ao relacionamento com a indústria, que passa a enxergar os fornecedores com maior confiabilidade. Erros cometidos pelos pecuaristas no passado foram corrigidos e, atualmente, a carcaça do gado cruzado é cobiçada pelos frigoríficos, que pagam prêmios para obtê-la. É também uma evolução que decorre das atuais biotecnologias reprodutivas. Em especial, a inseminação artificial convencional e em tempo fixo, com preços mais acessíveis. Um pecuarista com um rebanho de 100 fêmeas possui perfeitas condições financeiras para comprar um botijão de sêmen de touros provados por até R$ 3.000,00, os quais possibilitarão índices de fertilidade cada vez mais altos. Com apenas algumas semanas de treinamento, o próprio funcionário pode fazer a inseminação das vacas da propriedade.

Monta natural Para adeptos da monta natural, também existem várias opções de touros avaliados, como os taurinos adaptados, que desempenham bem em regiões de clima quente e estão agradando pecuaristas brasileiros. Eles respondem à criação extensiva e produzem uma carne com a qualidade desejada. A frase que intitula esse artigo era uma das preferidas de meu pai, um homem visionário e que levou o desenvolvimento à pecuária de Rondônia por meio do melhoramento genético. É por este motivo que enxergo para o futuro uma cadeia produtiva mais integrada e também uma participação mais atuante do Brasil em mercados de maior valor agregado. Algo possível se enxergarmos as tecnologias e o melhoramento genético com maior clareza.

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Por: Professor

Fernando Roberto de Freitas Almeida

Situação do confinamento de bovinos no Brasil Segundo informação do site Newsletter BeefPoint, a Associação Nacional dos Confinadores, Assocon, concluiu o primeiro Censo Nacional de Confinamento, elaborado a partir da coleta sistemática de dados nas cinco regiões brasileiras. Todos os portes de confinamentos totalizaram 1.348 cadastros, mostrando a ampliação deste subsetor da pecuária do país. No Censo, foram pesquisados 877 propriedades, verificando-se que a menor delas possuía 22 animais e a maior 100 mil, com produção média de 4.054 cabeças, totalizando 3,4 milhões de animais. A atividade apresenta concentração em poucos empreendimentos, pois 68 propriedades, que somam apenas 8% dos confinamentos, representam 52% do total confinado. Assim, a ampla maioria de 92% se traduz em 48% do desempenho total da atividade. Mais uma vez, a questão do alto custo dos insumos, um dos calcanhares de Aquiles da economia brasileira, apresenta-se como o maior problema, juntamente com a falta de uma política nacional definidora de bonificações para tipificação de carcaça. Também ocorre concentração regional, já que 92% dos confinamentos estão em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Goiás sozinho detém 29,9% do confinamento brasileiro. O setor tem-se expandido, apesar das dificuldades relatadas, pois em 2010, havia 2,05 milhões de cabeças confinadas, número que chegou a 3,36 milhões em 2011, podendo ter fechado 2012 Animal Business-Brasil_21

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com aproximadamente 3,86 milhões. No entanto, justamente o preço dos insumos poderá ter impedido a consecução deste quantitativo, o que será visto em novo Censo no futuro.

2012, um ano difícil No mesmo site, o analista Alberto Pessina arrolou e analisou informações preocupantes quanto à situação do confinamento bovino brasileiro, já que houve aumento acentuado nas despesas com rações, os abates aumentaram 8% e as economias brasileira e mundial não tiveram bom desempenho durante o ano. Considerando os efeitos do estresse climático, em 2012, bem como a redução dos estoques mundiais de grãos para arraçoamento, a tendência é de novo período difícil em 2013. Pelo menos têm sido divulgadas estimativas de órgãos internacionais, dando conta de crescimento de cerca de 4% da economia brasileira em 2013, embora a situação da União Europeia ainda esteja distante de ser considerada boa. Afinal, também se esperava algo assim para a economia brasileira em 2012.

O problema da tributação dos alimentos Apesar da evolução da desconcentração da renda no país, neste início de século, calcula-se que 72% das famílias brasileiras continuem tendo rendimento médio mensal inferior a dois salários mínimos, percentual que atinge 80% nas regiões Norte e Nordeste. Nesta estrutura, as famílias de renda mais baixa dispendem 30% de seus rendimentos em alimentos, enquanto aquelas que auferem mais do que 25 salários mínimos gastam apenas 13%. Considerando-se que o peso dos tributos no preço final dos produtos alimentícios é de 16,9%, vê-se que uma reforma nesta taxação beneficiaria sobremaneira os mais pobres. Nas dez maiores economias da União Europeia, a tributação sobre a comida está em média em 5,1% do preço, enquanto nos EUA fica em 0,7%. Há projetos para a desoneração do PIS, Cofins e IPI em artigos da cesta básica, o que afetaria produtos como açúcar, arroz, banana, batata, biscoitos e pães, as carnes bovina, de frango e suína, além da margarina, óleo de soja, pães, feijão, farinhas, leite e tomate. Nova revisão do

próprio conceito de cesta básica também se faz necessária, considerando necessidades nutricionais definidas pela área da Saúde, bem como a escolha de produtos que possam sustentar melhor a agricultura familiar do país.

Brasil entre as 50 economias mais competitivas Nas duas últimas décadas, uma série de indicadores vêm sendo produzidos e divulgados pelas mais diversas instituições para auxiliarem na tomada de decisões dos agentes econômicos. Nem sempre fica claro como foram definidos os parâmetros considerados. Recentemente, o Fórum Econômico Mundial divulgou um ranking de competitividade que abarca 144 países, cujos dados brasileiros foram coletados por respeitada instituição acadêmica, a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. Com base nos avanços brasileiros em itens como o quadro macroeconômico, o ambiente de negócios associado à expansão do mercado interno e o acesso ao crédito, o país, pela primeira vez, situou-se entre os cinquenta primeiros, ficando em 44º lugar. Poderia estar melhor, evidentemente, mas avançou cinco posições relativamente ao ano anterior, 2011, sendo que também já havia avançado outras cinco posições, em 2011, frente a 2010. Embora tenha obtido registros positivos em vários itens avaliados, como a questão da eficiência do mercado de trabalho, em que ultrapassou quatorze países, recuou cinco posições na área de inovação, em razão da pouca disponibilidade de engenheiros e cientistas no país, um indicador inquietante. Neste índice em especial, a queda foi de 23 posições, e também já tinha caído outras 23 no ano passado, o que é um resultado verdadeiramente desastroso. É importante ressaltar que no grupo dos Brics, apenas o Brasil evoluiu, pois a China caiu três posições, ficando em 29º lugar, a Rússia desceu uma posição, para 66º e a Índia desceu três, ficando em 59º lugar. O mais recente membro deste grupo, a África do Sul, perdeu duas posições, ficando em 52º lugar. O atual ranking mostra as seguintes primeiras posições: Suíça; 2) Cingapura; 3) Finlândia, 4) Suécia, 5) Holanda, 6) Alemanha, 7) EUA (era o 5º em 2011), 8) Reino Unido, 9) Hong Kong, 10) Japão.

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Prof. Dr. Márcio R. Costa dos Santos*

Sustentabilidade é novo campo para a medicina veterinária

O professor Márcio Ricardo Costa dos Santos – MSc, PhD e PósDoc – nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil, autor do livro “Desempenho Sustentável em Medicina Veterinária: como entender, medir e relatar”, e do capítulo Sustainable Performance and Environmental Health in Brazil, no livro Sustainable Development, editado pela Universidade de Zagreb, é um dos mais respeitados especialistas no assunto. Na sua opinião, o know how das técnicas de sustentabilidade abre um extenso campo de trabalho, principalmente para o comércio exterior, pois países desenvolvidos, cada vez mais, só irão transacionar com firmas e produtos certificados e sustentáveis, afirmação que ele faz e repete há mais de uma década.

P. Quando começaram a surgir os problemas de deterioração do meio ambiente? R. Desde o início da colonização do Brasil os nossos recursos naturais, inclusive os animais, têm sido explorados de forma predatória, e basta considerar, como exemplo, a Mata Atlântica, um dos mais valiosos ecossistemas brasileiros, o qual possui atualmente menos de 7,3% da sua cobertura original. Os nossos colonizadores-usuários desfrutavam da natureza com postura descuidada e a deixavam totalmente destruída. Assim se perpetuou pelos séculos passados. Através da revolução industrial, da expansão biotecnológica para a produção da agricultura, se consolidou em problemas ambientais diversificados e continua nos dias de hoje. O convívio do homem em harmonia com a natureza é fundamental tanto para o desenvolvimento social quanto para a melhoria da qualidade de vida e deve ser evidenciado, principalmente, pelos profissionais envolvidos nas ciências agrárias e da saúde. No entanto, a existência desses Animal Business-Brasil_23

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O desempenho sustentável em medicina veterinária compreende um processo participativo problemas, em todas as regiões produtoras do país, requer o desenvolvimento e a implantação de programas educacionais ambientais, importantes na tentativa de reverter ou minimizar este quadro, para tornar-se uma questão ímpar e impregnar a consciência do ecologicamente correto em todos os níveis da nossa sociedade. Algo foi rompido, sistemas complexos de produção, adaptação social, cultural e ambiental foram desestruturados antes de sabermos como revertê-los e ainda nem somos capazes de engendrar algo que os substituam. Esta é a verdadeira complexidade. Assistimos a uma sequência de acontecimentos que fogem à nossa capacidade cognitiva, sobre os quais nos devemos debruçar e entender o que já fizemos e o que ainda poderemos fazer para não agravarmos mais as distorções geradas pela nossa ignorância, imediatismo ou “descompromisso” com a natureza e o futuro de todos nós.

P. Qual é o papel reservado à Medicina Veterinária na luta contra a deterioração do meio ambiente? R. A medicina veterinária na década de 1980 foi classificada como uma das ciências agrárias, e, desde então, vinha sendo simplificada nos seus princípios mais elementares, que podiam expressar a atividade médica com a intervenção na clínica, na saúde dos animais e humana, através da saúde pública e inspeção. Da mesma forma, os estudos referentes à ecologia e ao meio ambiente, que em seu conjunto conformam uma biosfera única, indivisível e impossível de ser compreendida através de pedaços, também foram subestimados. Esta ausência de um olhar sistêmico e holístico levou à formação de profissionais mais direcionados à produção de

alimentos de origem animal e seus derivados, para atender ao acelerado processo de industrialização dos países ocidentais e aos ditames de um mercado consumidor desmedido, que prioriza o imediatismo, em detrimento dos ecossistemas que servem de base para as criações. Pensamos que o médico veterinário tem um papel fundamental na conscientização e regulação desse espaço e nesse setor que envolve, inclusive, o agronegócio. No novo século espera-se dos profissionais educadores, da saúde e das ciências agrárias um conhecimento pleno de todos os meandros que envolvem o trabalho realizado mundialmente com a Agenda 21, seja Global, Brasileira, seja Estadual ou Municipal, mas que caracterize a construção de um mundo mais saudável no presente e que se estenda no futuro, cada vez melhor para homens e animais. O desempenho sustentável em medicina veterinária compreende um processo participativo que pode: a) propiciar a conscientização dos veterinários envolvidos, com mudanças de atitudes na busca pela integração entre os diversos setores da sociedade, em sintonia com os preceitos da sustentabilidade, para a consolidação de uma cultura profissional de desenvolvimento e inovação biotecnológica; b) assegurar junto aos estudantes, clientes e demais membros da comunidade próxima o exercício pleno da responsabilidade social, de acordo com a sua competência profissional; c) contribuir para melhorar as relações humanas entre si, com os participantes da sociedade e com os animais, ao exercitar a ética, o bem-estar e seus hábitos em saúde, para a higiene pessoal e alimentar; d) promover práticas interativas e discutir valores, com colegas, estudantes, clientes e público participante, para ensinar as novas formas e oportunidades de inserção em um mercado de qualidade com

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Animais e vegetais convivendo de forma sustentável

a adoção de tecnologias apropriadas à gestão ambiental, seja no agronegócio como um todo, seja nas demais atividades rurais ou urbanas; e) gerar dinheiro novo em posições qualificadas e bem remuneradas, através das consultorias e dos serviços especializados executados por veterinários envolvidos com a gestão de negócios sustentáveis. Uma nova proposta metodológica com o desenvolvimento da percepção de saúde dependente do meio ambiente íntegro pode ser um instrumento fundamental para a conscientização e a mudança de valores e atitudes nos meios rurais e urbanos. Um trabalho efetivamente educacional voltado para o ser humano, mas que atinge os animais e o meio ambiente, e atende a demanda de processos para uma Veterinária do novo milênio, no qual o exercício da profissão e a produção de alimentos tornam-se uma premissa de sustentabilidade. Os médicos veterinários podem, desta forma, contribuir para a construção de uma sociedade sustentável, trabalhar na formação de agentes multiplicadores nos diversos setores das comunidades em que atuam e desenvolver a percepção do aprendizado coletivo e do conhecimento da realidade ambiental de cada um dos seus ecossistemas.

P. Tradicionalmente, a Medicina Veterinária ocupa-se dos animais de estimação, companhia, lazer e produção. Só recentemente, os problemas relacionados ao estudo das espécies selvagens, que têm uma relação estreita com a ecologia e a preservação do meio ambiente, passaram a ocupar posição de destaque nos meios acadêmicos interessados no assunto. E tem cabido aos biólogos, ao menos aparentemente, uma posição de maior destaque no estudo dessas espécies. É isso mesmo? As faculdades brasileiras de veterinária estão habilitadas a formar veterinários com um bom conhecimento da medicina dos animais da fauna brasileira? R. Não é isso não! Tudo depende do estágio de desenvolvimento do país e das necessidades econômicas, associadas à demanda e ao perfil ambiental da região, por exemplo, quando cursei a Residência Médica no New York Vet College em Cornell, nos idos de 1976/1977, o meu orientador, prof. K. McEntee, já possuía uma grande coleção de casos clínicos, projetos e atendimentos de animais selvagens, no próprio Hospital da Fac.Vet., em Ithaca, nos USA e, também, na Austrália e Europa. No Brasil, a clínica Animal Business-Brasil_25

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de animais selvagens sempre esteve mais concentrada em zoológicos, mas compromissos internacionais e nacionais assumidos desde 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco92), no Rio de Janeiro, já demonstravam que a conservação ambiental e a manutenção da saúde animal deveriam caminhar juntas ao modelo de desenvolvimento a ser exercitado, a partir de então, para gerar prosperidade. Ela representa a base para a continuidade da vida no planeta e a construção de um novo modelo de desenvolvimento, capaz de concretizar justiça social e promover condições dignas de vida para as gerações presentes e futuras, sem agressão ao meio ambiente ou esgotamento dos recursos disponíveis, como os animais selvagens, etc. Há de se priorizar a educação e a saúde, com a criação de políticas públicas de direitos humanos e bem-estar dos animais domésticos e selvagens, para o desenvolvimento sustentável. São desafios aplicáveis a uma sociedade que deve atuar em temas como manejo das águas e saneamento, avaliação das mudanças climáticas, geração de renda, erradicação da pobreza e justiça socioambiental. Quanto a ser biólogo ou não é uma simples questão de ter ou não talento, capacidade, estudo, conhecimento e competência, pois apenas a clínica médica e inspeção são prerrogativas da nossa profissão, mas em plena sociedade do conhecimento, na segunda década do século XXI, nenhuma profissão pode ser, impunemente, a única dona de saberes!!! Se todas as faculdades brasileiras de veterinária estão habilitadas a formar médicos veterinários, com um bom conhecimento de clínica dos animais da fauna brasileira, eu não saberia responder.

P. Os veterinários interessados e com possibilidade de especializar-se, no exterior, deverão procurar quais centros de ensino? R. Inicialmente sugiro uma residência médica ou estágios no Brasil, para conhecer primeiro a nossa realidade e depois sim, com bom conhecimento da língua estrangeira, seguir para o exterior. Os centros devem ser sempre de excelência e não apenas de ensino, pois Institutos de Pesquisa e grandes Empresas do ramo estão

“Desde o início da colonização do Brasil os nossos recursos naturais, inclusive os animais, têm sido explorados de forma predatória” entre os lugares mais procurados para o aprendizado especializado com a prática incluída. A escolha do local de estudo no exterior deve atender aos interesses linguístico-culturais e as demandas de cada profissional, para cada especialidade existe uma lista enorme na Internet, que pode ser acessada até por celular, o portal CAPES e do CNPq referenciam on-line alguns desses centros.

P. Sob o ponto de vista profissional, há campo de trabalho, no Brasil, para os médicos veterinários especializados em “negócios sustentáveis”? Pode citar exemplos? R. Novos temas que podem envolver o trabalho, bem remunerado, com negócios sustentáveis para o veterinário incluem, entre outros: a) assessoria na criação de indicadores e avaliação do desenvolvimento sustentável, para empresas que desejam elaborar Relatórios de Sustentabilidade; b) consultoria para empresas do agronegócio, que desejam fazer a rastreabilidade de produtos e insumos agropecuários; c) gestão de riscos com foco em resultados das cadeias produtivas do agronegócio; d) papel estratégico do profissional em auditorias frente aos desafios da governança corporativa; e) gestão estratégica do conhecimento em medicina veterinária e áreas afins; f) Brazilian Environment Commodites Exchange: Commodities ambientais, novo paradigma de pensamento ecológico; g) novas regras para tratamento e reciclagem de lixo na agropecuária; h) boas práticas de reprodução animal assistida para criações sustentáveis, etc.

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Foto: Mª Fernanda Cavalieri

Mortadela rica em fibras e pobre em gordura Graças a estudo realizado pela pesquisadora Andréa Carla da Silva Barreto para a tese de doutorado que defendeu junto à Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, foi desenvolvida, pela primeira vez no Brasil, uma mortadela com reduzido teor de gordura e enriquecida com fibras. “A nova mortadela é um alimento funcional com apelo prebiótico, pois, além de nutrir, proporciona benefícios adicionais à saúde”, diz a pesquisadora. Esse tipo de produto, segundo ela, vem despertando grande interesse por parte da indústria alimentícia e dos consumidores.

Por: Adeildo

Lopes Cavalcante

Suinocultura de Santa catarina busca o leitão ideal A Suinocultura de Santa Catarina, considerada a mais desenvolvida do Brasil, passou a contar com uma novidade: o Projeto Leitão Ideal, uma iniciativa da Embrapa Suínos e Aves e da Coopercentral Aurora e suas cooperativas filiadas. Baseado em conhecimentos gerados pela Embrapa Suínos e Aves nas áreas de alimentação, sanidade, padronização de cortes e controle de custos, o projeto tem por fim produzir leitões com alto padrão, garantindo um suíno ideal no abate.

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Ministério da Agricultura autoriza criação de nova raça bovina brasileira Por ter desenvolvido a raça bovina Purunã, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) foi credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a emitir o Certificado Especial de Identificação e Produção daquela raça. O certificado foi instituído no Brasil em 1995. Com sua emissão feita por delegação do MAPA, empresas que desenvolvem genética bovina asseguram a procedência e o desempenho dos animais e garantem que os touros, matrizes e sêmen comercializados tenham desempenho superior e estejam aptos a promover o melhoramento genético e gerarem ganhos reais de produtividade. Para efeitos legais, a autorização regulariza a criação e comercialização de animais da nova raça em todo o Brasil.

Nasce o primeiro clone equino do Brasil Trata-se do clone de um cavalo Mangalarga: Turbante JO, um dos garanhões mais importantes desta raça e inscrito no “Guiness”, livro dos recordes, como o cavalo que produziu o maior número de filhos (1.678) pelo mundo. O clone, que recebeu o nome de Turbantinho JO, foi desenvolvido pela empresa In Vitro Brasil, do município de Mogi Mirim (SP). Após a morte de Turbante JO, em 1998, seu material genético foi preservado e a intenção de clonagem foi anunciada pelo seu proprietário, José Oswaldo Junqueira. O garanhão chegou a ser avaliado em um milhão de dólares, mas Junqueira nunca quis vendê-lo.

Técnica reduz bactérias no leite com o uso de alta pressão Uma técnica que diminiu o teor de bactérias presentes no leite sem alterar a composição química do alimento foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo. A técnica é inédita no Brasil e pode substituir o processo de pasteurização do leite, que submete o alimento à alta temperatura para eliminar bactérias. A técnica consiste em colocar amostras de leite em câmaras de alta pressão, que eliminam as

bactérias que contaminam o alimento. Para os testes foram utilizadas bactérias Aeromonas hidrofila, frequentemente presentes no leite e que podem causar infecções gástricas e sintomas como febre alta e dores abdominais. Após alguns minutos dentro da câmara, submetidas a uma pressão quase 3,5 mil vezes mais alta do que a do nível do mar, as bactérias foram totalmente eliminadas e os nutrientes do leite permaneceram.

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Curraleiro e Pé-Duro são a mesma raça bovina

Técnica controla doença que causa a morte dos camarões

Pé-Duro e Curraleiro são a mesma raça de gado bovino. A dúvida dos criadores brasileiros agora acabou de vez. Um trabalho de genotipagem e análise feito nos Estados Unidos pelo pesquisador-doutor Geraldo Magela Carvalho, da Embrapa Meio-Norte, pôs fim à celeuma que dominava as discussões entre criadores. A sede da Associação Brasileira de Criadores de Gado Curraleiro Pé-Duro será em Teresina (PI). O resultado das análises, que saiu após um ano e meio de intenso trabalho, já está no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que seja homologado o registro genealógico da raça Curraleiro Pé-Duro. As análises foram feitas em parceria com o pesquisador Harvey D. Blackburn, do Serviço de Pesquisa Americano, órgão do Departamento de Agricultura, no estado do Colorado.

Testada pela primeira vez no Brasil, na Universidade Federal de Santa Catarina, a técnica pode ser a solução para o controle da “mancha branca”, doença que atinge os camarões marinhos criados em viveiros, deixando a carapaça esbranquiçada e levando-os à morte em poucos dias. A técnica baseou-se no processo do RNA de interferência (uma das defesas do sistema imunológico de plantas e animais) para “silenciar” o vírus da doença, inibindo a ação desse microrganismo. A descoberta do mecanismo que permite “silenciar” genes de vírus, como os do vírus da “mancha branca”, coube aos biólogos norte-americanos Andrew Fire e Craig Mello e, graças a ela, foram distinguidos com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2006.

Ostra nativa: seleção de linhagens para cultivo Depois de tornar a Região Sul referência na produção da chamada ostra do Pacífico – introduzida no Brasil nos anos 1970 – o Laboratório de Moluscos Marinhos, da Universidade Federal de Santa Catarina, passou a desenvolver pesquisas para ajudar o Brasil a cultivar a ostra nativa. Um dos objetivos é o melhoramento genético da espécie para a seleção de linhagens melhor adaptadas ao cultivo. As pesquisas levam em conta a relevância do desenvolvimento da ostreicultura na geração de empregos e renda para as comunidades tradicionais. Também buscam garantir às gerações futuras a possibilidade de explorar as ostras dos bancos naturais, hoje reduzidos pela exploração intensa.

Novo produto lácteo sem aditivos químicos Trata-se de uma bebida láctea fermentada com a maior concentração de soro de queijo possível, suplementada com Lactobacillus acidophilu, um microrganismo probiótico (que gera benefícios à saúde de quem o ingere). Desenvolvido na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, o produto conseguiu atingir uma vida de prateleira de 35 dias, tempo semelhante a do iogurte. Na elaboração da bebida não se fez uso de aditivos químicos, apenas um preparado de fruta que confere cor, aroma e sabor de morango. O produto é uma alternativa à indústria de laticínios, pois existem poucas bebidas lácteas probióticas hoje no mercado. Animal Business-Brasil_29

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Inovação e tecnologia contribuem para a competitividade dos pequenos negócios rurais Por: Lídia

Espíndola

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O Sebrae/RJ tem como missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas. No caso das empresas rurais, a incorporação de tecnologia aos seus processos produtivos é fundamental para o sucesso desses negócios. Para serem competitivos, esses pequenos produtores precisam buscar a diferenciação de seus produtos, pois não é possível competir por escala. E há dois caminhos para isso: organização e tecnologia. A busca de certificações, a implantação de boas práticas, a adoção de embalagens e designer diferenciados, de indicações geográficas (IG) e de selos de garantia de qualidade, além da implementação de inovações em geral, contribuem com esse processo. No entanto, o empreendedor rural de pequeno porte encontra alguns entraves que tornam difícil seu acesso à inovação e à tecnologia. Entre eles, a falta de informação, de conhecimento e de recursos para investir. Para fazer frente a essa realidade, o Sebrae/ RJ desenvolve uma série de ações para auxiliar os pequenos empresários rurais a encontrarem soluções para seus negócios. Uma dessas iniciativas é o Sebraetec, um amplo programa de consultoria em tecnologia, que oferece estratégias para que as pequenas empresas, incluindo os empreendimentos rurais, inovem em produtos, processos e se tornem mais competitivas no mercado. No âmbito do programa, há consultorias para aumento da eficiência; inovação em produtos, processos, marketing e gestão organi-

A partir da página ao lado: Maricultura, Apicultura, Ovinocaprinocultura e Pecuária Leiteira

zacional; implementação de boas práticas de produção; eliminação de desperdícios e redução de custos de produção; criação de design de embalagens e/ou produtos; e melhoria da qualidade. O Sebrae/RJ arca com até 80% dos custos das consultorias. Exemplos de empresas que mudaram de patamar depois de investirem em inovação e tecnologia não faltam no mercado. Certamente, esses são ingredientes fundamentais que possibilitam garantir maior eficiência e diferenciação em relação aos concorrentes – não apenas nos empreendimentos urbanos, mas também nos rurais. É necessário que os empreendedores se conscientizem e acreditem. O resultado vem logo depois. Os interessados em participar do programa devem procurar a unidade do Sebrae/RJ mais próxima de sua propriedade.

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O cooperativismo é uma importante ferramenta para promover o desenvolvimento social Por: Marcos

Diaz Presidente do Sistema OCB/RJ

O Cooperativismo regido pela Lei 5764/71, com a complementação da Lei 12690/2012, vem se demonstrando como uma importante grandiosa e eficiente ferramenta para promover o desenvolvimento econômico e humano da sociedade, devido seus valores e princípios. Refiro-me ao desenvolvimento social, econômico local /regional, do Estado e do País, baseado em inclusão, na geração de emprego e renda entre tantos outros benefícios proporcionados principalmente pela sua forma equitativa de distribuição de resultados. O Cooperativismo tem buscado fazer o seu papel principal, mas, vem tentando também ir mais além, de forma a visionar um presente próspero sem comprometer as gerações futuras, e sem comprometer os princípios cooperativistas. Estamos então falando de princípios, princípios cooperativistas e princípios de sustentabilidade.

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Vaca Holandesa Preta e Branca

Será que sabemos quais são esses princípios, será que estamos realizando a “intercooperação” entre eles? A nossa grande preocupação e atenção está especialmente direcionada a esclarecer a população sobre os princípios do Cooperativismo, suas interações com demais conceitos e temas de maneira correta, clara e concisa viabilizando promover o conhecimento, a divulgação, a propagação, multiplicação, internalização/ vivência e aplicação destes no dia-dia das cooperativas e de toda população brasileira. Talvez muitos doutores ainda não saibam o que é o Cooperativismo. Talvez nem saibam quais

são estes princípios. Ainda assim temos o direito e a obrigação de esclarecer, mesmo que seja para grande parcela da população. Da mesma forma ocorre com princípio / conceito da palavra sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, mas estas são encontradas em muitas explanações, parecem palavras mágicas, já ouvi diversos bons discursos e opiniões que mencionaram seus conceitos e alternativas para um crescimento e desenvolvimento equilibrado. No entanto, se observarmos identificaremos que um número bastante acanhado de pessoas realmente sabem o que propõe estas palavras, bem como conseguem

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“Desenvolvimento sustentável e cooperativismo estão interligados”

estabelecer uma associação plausível, entre o discurso e a prática. Vou ainda mais longe. Se tentarmos então respostas relacionadas sobre Cooperativismo, a sustentabilidade, o desenvolvimento sustentável e as interações entre ambos, talvez seja quase impossível encontrar alguém capaz de nos fornecer uma resposta plausível. Em algumas vivências notei que o conceito do Cooperativismo e sustentabilidade estavam afas­ tados, posicionados em situações opostas, como se estivessem de costas um para o outro, ou até mesmo inexistentes no imaginário e na vida das pessoas. Cooperativismo é a uma filosofia de vida, e modelo socioeconômico capaz de unir desen­ volvimento econômico e bem-estar social, sempre fundamentado na participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. Á um Sistema baseado estritamente na reunião de pessoas, visando as necessidades do grupo, em busca da prosperidade conjunta sendo assim uma alternativa socioeconômica que garante o sucesso através do equilíbrio e justiça entre seus sócios. É regido por 7 (sete) princípios capazes de dar-lhes orientação e de definir seus valores.(Sescoop 2008) - Primeiro Princípio: Adesão Voluntária e Livre: as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas. ƒ Segundo Princípio - Gestão Democrática e Livre: as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens

e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas cada membro tem direito a um voto (um membro, um voto), e o voto é importante para o futuro da cooperativa. ƒ Terceiro Princípio - Participação Econômica dos Membros: os membros contribuem com o mesmo valor entre eles para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes para o desenvolvimento das suas cooperativas, benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa ou apoio a outras atividades aprovadas pelos membros cooperados. ƒ Quarto Princípio - Autonomia e Independência: as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa. ƒ Quinto Princípio - Educação, Formação e Informação: as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das mesmas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. Animal Business-Brasil_35

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ƒ Sexto Princípio – Intercooperação: as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. ƒ Sétimo Princípio - Interesse pela Comunidade: as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros. Desta forma, é possível definir que uma cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem,

voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida. Voltando a Sustentabilidade, cito a definição: é uma expressão usada para conceituar/definir ações que visam atender as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das gerações vindouras, estando diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, utilizando os recursos naturais forma inteligente e eficiente

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permitindo a existência destes no futuro, garantindo assim o desenvolvimento sustentável á humanidade. (Coelho 2007; Simão & Bandeira, 2011). Ainda percebo a necessidade da população cooperativista em aprimorar seus conhecimentos quanto aos 4º, 5º e 7º princípios; e de aprofundamento nos 2º e 6º princípios. Conhecer mais do sistema cooperativista é entender como um grupo de pessoas com os mesmos interesses e objetivos podem se unir, constituindo e mantendo relações que gerarão valores através da rede de relação sociais e do alcance de metas que permitirão o crescimento justo, sustentável e equilibrado do grupo, capaz de promover o equilíbrio necessário para as práticas do desenvolvimento sustentável. Saber mais sobre os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade é compreender o grau de envolvimento que demandam a favor da melhoria de vida das gerações presentes e da preservação das oportunidades para as gerações futuras. Podemos então perceber que o desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e Cooperativismo estão interligados, se interagem, por meio de objetivos e interações onde identificamos elementos que demonstram uma preocupação com o estabelecimento de relações de equilíbrio entre agentes que interagem economicamente e socialmente em um mesmo ambiente, e precisam estar arraigados nas nossas vidas; pois todos somos responsáveis pela promoção da mudança que queremos em nosso País. Há também uma forte preocupação comum em fazer com que objetivos coletivos sejam de maior importância que os objetivos individuais. Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, o pensamento da nossa sociedade precisa evoluir e sair de uma zona de conforto, momentâneo, individualista de visão estritamente econômica e se mover em direção a um modelo de preocupações coletivas, no entanto, sustentado, que priorize de maneira equilibrada o desenvolvimento social e o respeito ambiental. Mas para que isso ocorra devemos mostrar e demonstrar

“Cooperativismo é uma filosofia de vida e modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento com bem-estar social”

que o cooperativismo é essa forma de promoção do desenvolvimento geradora do sentimento de ajuda mútua, coletiva, baseada no trabalho e envolvimento de todos. Desta forma por meio de articulações junto à sociedade e aos órgãos governamentais, estamos trabalhando a fim de informar a população, formar gestores e associados incentivando as políticas específicas de sustentabilidade, a transferência de tecnologias, de inovações, a aplicação e soluções tecnológicas e a capacitação dos cooperados e seus familiares; pois acreditamos que assim estaremos contribuindo para as mudanças e melhorias nas práticas desenvolvidas no dia-dia das cooperativas, oportunizando que nossas cooperativas lancem mão de ações, decisões e práticas sustentáveis, menos impactantes. Animal Business-Brasil_37

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Por: Paulo

Roque

Cooperativa gerencia a manutenção de frotas

Foto: Mercedes-Benz

A CALU (Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia), que atua na industrialização de lácteos, além de fabricação de rações e suplementos minerais, fechou contrato com a Sofit, empresa desenvolvedora de softwares como serviço e especializada em gestão da manutenção de frotas, com intuito de obter maior controle sobre os gastos com as manutenções de cada veículo de sua frota. Celívio Freitas, gerente de operações da CALU, conta que o software irá gerenciar a manutenção de vinte veículos, incluindo caminhões com baús refrigerados para entregas de produtos do laticínio, carretas utilizadas para distribuição de rações da unidade produtiva para as seis filiais, além de veículos utilitários e administrativos. Com o novo contrato a CALU também participará do projeto ambiental da Sofit, em parceria com o Projeto Curupira, cujo objetivo é plantar uma árvore para cada veículo gerenciado pelo seu software em uma área devastada pela ação humana.

Leite muda a realidade na região norte do RS Os investimentos das indústrias de laticínios na região norte do Rio Grande do Sul estão refletindo diretamente e de forma positiva dentro das propriedades rurais em municípios com base econômica agrícola, mas que encontram na bacia leiteira uma alternativa para frear o êxodo rural, segundo matéria publicada no Diário da Manhã de Passo Fundo. Exemplos de que a atividade é rentável podem ser comprovados nos municípios de Chapada, Almirante Tamandaré do Sul e Coqueiros do Sul, que juntos já produzem mais de 67 milhões de litros de leite por ano, em aproximadamente 1,7 mil propriedades rurais. “Produzir leite se transformou em uma excelente fonte alternativa de ganhos no meio rural, principalmente, nas pequenas propriedades”, disse o agrônomo da Emater-RS de Almirante Tamandaré do Sul, Glênio Barros Kissmann.

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Qualidade de Vida do Trabalhador Durante encontro com representantes das áreas de recursos humanos, saúde e segurança no trabalho de frigoríficos de aves, bovinos e suínos, na sede da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), em São Paulo, representantes do Serviço Social da Indústria (Sesi) apresentaram uma proposta de trabalho para implantação de programas-piloto em agroindústrias produtoras de cárneos, com o objetivo de aprimorar a qualidade de vida do trabalhador das linhas de produção. A proposta resulta de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde agosto de 2012, a partir de reuniões e visitas realizadas em frigoríficos dos estados de Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul. O programa terá sua primeira fase implementada já no início de 2013, e contempla, ainda, a elaboração de materiais para treinamento, vídeos educativos e outras ferramentas que auxiliarão no trabalho de orientação. Segundo o presidente da Ubabef, Francisco Turra, “o resultado desses investimentos pode ser constatado pelo Fator Acidentário de Prevenção (FAP), feito pelo Instituto Nacional do Seguro Social, no qual o setor avícola figurava em 48º lugar no ranking por frequência, em 44º lugar por gravidade e em 105º lugar por custo. Hoje está, respectivamente, em 190º, 159º e 232º”. O FAP é um dado apresentado no Anuário Estatístico da Previdência Social. É apurado de acordo com a gravidade, a frequência e o custo dos benefícios previdenciários decorrentes de afastamentos por doença e/ ou acidentes de trabalho. Quanto mais alta a colocação no ranking, pior a situação do setor.

Cresce taxa de emprego nas indústrias de laticínios paulistas Segundo levantamento da Leite Brasil, as indústrias de laticínios paulistas registraram aumento de 5,8% na taxa de criação de empregos, de janeiro a outubro de 2012 e manteve-se à frente de outros setores relevantes da economia, como o de serviços, de comércio e da indústria de transformação que, no mesmo período, cresceram 4,2%, 3% e 2,9%, respectivamente. O crescimento na geração de empregos manteve a boa média registrada no mesmo período em 2011, quando as indústrias de laticínios paulistas cresceram 11,5% se comparadas com outros segmentos mais amplos, como o de serviços (6%), comércio (5,3%) e indústria de transformação (1,5%). Segundo o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, o sucesso das indústrias paulistas se dá por conta da tecnologia empregada na produção. “As indústrias de laticínios paulistas se tornaram as mais modernas do país e são assim, competitivas e ativas na economia, a partir de incentivos que recebem do Governo do Estado”, afirma.

Governo autoriza recursos para seguro rural Os recursos extras de R$ 100 milhões previstos no orçamento do ano passado para a subvenção ao prêmio do seguro rural foram autorizados pelo Governo Federal. Com esse valor, foi cumprida a meta governamental dos R$ 274 milhões previstos para 2012. Para 2013, o Plano Trienal do Seguro Rural (PTSR) do Mapa prevê R$ 400 milhões em recursos, com valores maiores nos anos seguintes (R$ 459 milhões em 2014 e R$ 505 milhões em 2015). Animal Business-Brasil_39

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Grupos gestores vão difundir o Plano ABC O Grupo Gestor Estadual (GGE) do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) está presente em 23 regiões do país. A meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o apoio dos governos estaduais, é instituir o GGE em mais dois estados: Alagoas e Sergipe. Para 2013, a previsão é de instalação do espaço no Acre e no Amapá. Esses grupos têm a função de orientar os produtores rurais, por meio de seminários, sobre as boas práticas sustentáveis, bem como os meios de acesso ao crédito oferecido pelo Programa ABC. Hoje, a elaboração de projetos para a captação de recursos está entre as maiores dificuldades do meio rural, especialmente devido à falta de assistência técnica. Para isso, o Mapa trabalha em parceira com estados e municípios na capacitação dos técnicos para levar as informações ao produtor. O ministério, especificamente, coordena a criação dos Grupos Gestores Estaduais para auxiliar na divulgação e implementação do ABC nas Unidades da Federação. Cabe aos grupos também definir quanto cada estado pode contribuir para reduzir a emissão de gases de efeito estufa na agricultura e pecuária. O Governo Federal espera, inclusive, ter resultados ainda mais expressivos que a meta de reduzir, até 2020, entre 125 e 133 milhões de toneladas de CO2. A linha de crédito oferecida aos produtores rurais para a adoção de técnicas agrícolas sustentáveis, conhecida como Programa ABC, tem R$ 3,4 bilhões disponíveis em linhas de crédito. Entre as práticas financiadas, estão integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema de plantio direto, tratamento de resíduos animais, fixação biológica de nitrogênio, plantio de florestas e recuperação de áreas degradadas. Entre as operações mais contratadas estão aquelas para financiar o plantio direto e a recuperação de pastagens. Chama atenção que o recurso pode ser captado com juros de 5% ao ano, a menor taxa fixada para o crédito rural destinada à agricultura empresarial praticada pelo Banco do Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O prazo para pagamento é de 5 a 15 anos, e o limite de financiamento é de R$ 1 milhão.

ABIPECS avalia mercado interno de carne suína Segundo avaliação da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), o ano de 2012 foi marcado, internamente, por uma crise de pressão de custos no setor de carne suína. Os preços mais altos do milho e da soja levaram a uma rápida elevação dos custos de produção, reduzindo a rentabilidade dos produtores e dos frigoríficos. A situação desfavorável do primeiro semestre foi mais grave para as empresas que só vendem produtos in natura no mercado interno e para as dependentes dos mercados russo e argentino, nos quais ocorreram embargos. O mesmo não aconteceu com as empresas com alto grau de industrialização, uma vez que as vendas de produtos industrializados no mercado doméstico não sofreram interrupção. As companhias focadas no mercado de cortes (in natura) foram as mais afetadas pela pressão dos custos: houve queda nas exportações e dificuldades de colocação dos seus produtos no mercado

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interno. Além disso, persistiram as restrições do mercado russo e dificuldades de acesso à Argentina. Esses fatores provocaram sobra de carne in natura no mercado interno, levando à queda de preços. Tal situação marcou, sobretudo, o primeiro semestre no mercado interno, pois os estoques se elevaram rapidamente. Já no segundo semestre, houve uma gradual recuperação dos preços, com baixa de estoques e melhora nas vendas internas. A ABIPECS destaca que os custos de produção e logística, no Brasil, tiraram boa parte da competitividade do produto brasileiro frente ao americano e europeu, principalmente no mercado russo e, em parte, no mercado asiático.

Perspectivas 2013 De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), em 2013, a produção deve crescer 1%, bem abaixo do seu potencial, devido principalmente à crise que afetou os produtores que operam sem contrato de produção e as indústrias com baixo nível de diversificação de produtos e mercados e que têm foco somente no mercado interno. Apesar da diminuição dos plantéis dos suinocultores sem contrato, o alojamento de matrizes cresceu moderadamente, em torno de 1,5%, devido à ampliação do rebanho de algumas integradoras e principalmente nas cooperativas. Para a entidade, em 2013, deverá continuar a pressão sobre os custos de produção, uma vez que os estoques de grãos permanecerão baixos e o mercado mundial seguirá demandante de matéria-prima das rações. As margens de comercialização continuarão pressionadas.

Regularização da produção de leite artesanal Técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e representantes do setor produtivo da cadeia do leite e derivados participaram da primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados/MAPA para debater o estabelecimento de um plano de ação e um cronograma de trabalho para revisar a Instrução Normativa nº 57 e estabelecer o marco regulatório para a produção e comercialização de produtos artesanais. O secretário de Defesa Agropecuária (SDA), Enio Marques, destacou a importância de buscar entendimentos e clareza sobre a produção de queijos artesanais. Disse que o Mapa está empenhado a alcançar uma situação desejável, considerando as limitações das regras existentes. Ele acredita que é necessário ajustar a legislação para reconhecer o queijo artesanal como patrimônio público e com regras bem definidas. Segundo ele, no momento se trabalhará numa proposta de transição, atendendo emergencialmente a necessidade de comercialização dos queijos que já são tradicionalmente produzidos e que atenda as garantias mínimas para a segurança do produto e seja viável para os produtores. O Ministério esclarece que o GT discute apenas a produção do queijo artesanal, tendo como base a utilização de leite cru. Considerando as garantias e controles que esse tipo de produto demanda, tal produção se justifica pela importância da proteção e preservação do patrimônio cultural associado à referida produção (preservação do saber-fazer). Soma-se a isso, a proteção dos consumidores e dos próprios produtores contra a usurpação do nome geográfico, muitas vezes indiscriminadamente utilizado.

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Rondônia será sede do Congresso Internacional do Leite/2013

Parceria beneficiará produtores do Minas Leite Produtores de leite participantes do Programa Minas Leite, em Extrema (MG), farão parte de projeto piloto para melhorar a qualidade do rebanho leiteiro e a rentabilidade da atividade, no município. A iniciativa vai envolver parceria entre o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e a prefeitura municipal. Representantes dessas três instituições fecharam acordo para o fornecimento gratuito de doses de sêmen de touros da raça Girolando aos atendidos pelo Minas Leite. As doses de sêmen serão doadas pelos criadores de Girolando para os denominados “Rebanhos Colaboradores”, como parte de um programa de melhoramento genético, cujo principal objetivo é identificar os animais que irão transmitir as melhores características aos seus descendentes. “O material, portanto, será utilizado para inseminar fêmeas das propriedades cadastradas como Rebanho Colaborador. É uma troca que beneficia os dois lados: o produtor que cede a vaca tem a oportunidade de gerar uma boa matriz leiteira, e a Associação dos Criadores de Girolando de validar o método que usa para melhorar o rebando”, explica o extensionista local e engenheiro agrônomo da Emater-MG, Hélio Farias Neto.

O estado de Rondônia será a sede da décima terceira edição do Congresso Internacional do Leite. O anúncio foi feito durante a abertura do XI Congresso, que ocorreu em Goiânia-GO, pelo chefe-geral da Embrapa, Duarte Vilela. Ainda sem data definida, o evento deverá ocorrer em Porto Velho, em julho de 2013. Esta será a primeira vez que um estado da Região Norte sedia o Congresso. Segundo o secretário de Turismo de Rondônia, Basílio Oliveira, a pecuária de leite no estado cresce a 8% ao ano, quase o dobro da média nacional e a cadeia produtiva do leite rondoniense já possui capacidade de articulação para sediar um evento deste porte. Rondônia possui 60 laticínios e 37 mil produtores, sendo o maior produtor da Região Norte. O rebanho bovino do estado é de 11,7 milhões de cabeças de gado, sendo 3,6 milhões voltados para a atividade leiteira.

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Foto: Raul Moreira

CNA analisa crescimento da agropecuária em 2013 De acordo com a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, o consumo interno e o mercado externo vão garantir o crescimento do setor agropecuário em 2013. Segundo ela, o consumo interno deve crescer 3% em 2013. As previsões são positivas também para o mercado externo. “Apesar da crise, nós ainda estamos otimistas com relação à Ásia, em especial pelo crescimento da renda”, avaliou a senadora Kátia Abreu ao apresentar as perspectivas para a agropecuária em 2013 e o balanço de 2012. A expectativa é que a economia mundial cresça 2,9% este ano, resultado superior ao verificado em 2012, quando o crescimento estimado foi de 2,2%. Ela lembrou que o governo da China tem como metas incluir 500 milhões de pessoas na classe média até 2020 e urbanizar 300 milhões de pessoas até 2016. Além disso, a perspectiva é dobrar a renda per capita no país até 2020. Essas metas foram traçadas considerando que o foco será o de ampliar o consumo da população em detrimento dos investimentos em infraestrutura. “Quando as pessoas têm mais renda, elas se alimentam melhor”, afirmou a presidente da CNA.

Setor avícola comemora publicação da IN 56 As entidades representativas da cadeia avícola brasileira comemoraram a publicação da Instrução Normativa (IN) n° 36, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que reduziu burocracias e tornou viável o registro de granjas, sem perder o nível de qualidade das exigências propostas na Instrução Normativa anterior.

Para a Ubabef, a nova normativa trouxe ganhos sanitários para o país, sem impactar na viabilidade da atividade. Em termos práticos, reduziu-se a quantidade de papéis, mas manteve-se a preocupação com a sanidade da produção, um dos mais valiosos bens da avicultura brasileira. A nova legislação também alterou a obrigatoriedade do registro de granjas nos Conselhos de Medicina Veterinária. Pela nova legislação existe apenas a obrigatoriedade de que a empresa ou o produtor informe o nome do responsável técnico.

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Embrapa lança livro sobre reprodução de ovinos de corte

Exportações de couros e peles em 2012 superam 2011 Os diversos esforços da cadeia coureira do Brasil em 2012 trouxeram um resultado positivo com a chegada do balanço das exportações no mês de novembro. Desde janeiro até novembro de 2012, o país exportou US$ 1,885 milhão, ou seja, um aumento de 0,16% face ao mesmo período do ano anterior. Trata-se de um trabalho de superação dos empresários – representados em nível nacional pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) –, considerando o ano de grande crise vivenciado por alguns dos principais países (em especial nações da Europa) que tradicionalmente compram couro brasileiro. Por meio das ações individuais da cadeia coureira e através do projeto Brazilian Leather (uma iniciativa de CICB e Apex-Brasil para o fomento das exportações) foi possível recuperar, mês a mês, o saldo negativo (4%) do primeiro semestre de 2012 e prever um balanço geral estável para o final do ano em relação a 2011. Os altos custos trabalhistas e os problemas de infraestrutura no Brasil também apareceram como entraves para um ano de 2012 melhor para a cadeia do couro. Em novembro de 2012, as exportações de couros e peles atingiram o valor de US$ 175 milhões, o que representa um aumento de 10,76% em relação a novembro de 2011. No acumulado do ano, os couros representam 0,8% de todos os produtos brasileiros exportados – o mesmo índice do ano anterior, alcançando a 26ª posição no ranking nacional de produtos mais vendidos ao mercado externo.

Já está à disposição do mercado técnico-científico o livro Reprodução assistida e manejo de ovinos de corte, de autoria dos cientistas Carmen Iara Mazzoni Gonzalez e José Alexandre Agiova da Costa e editado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A ovinocultura é uma fatia do setor agropecuário em expansão e independente do foco - genética ou abate - é uma alternativa para o produtor com rendimentos que valem o investimento. A publicação lançada pela Embrapa vem ao encontro desse crescimento e agrega informações para quem deseja investir. Em 160 páginas, Alexandre Agiova e Carmen Gonzalez dispõem para professores, técnicos, especialistas e interessados em atuar na área, conteúdo inédito, reunindo técnicas consolidadas, testadas a campo e patenteadas para reprodução de ovinos de corte, com um olhar na região Centro-Oeste e nas peculiaridades do animal produzido na mesma. Os capítulos passam pelos índices de produtividade do rebanho, princípios de manipulação farmacológica do ciclo estral, inseminação artificial, congelação de sêmen, nutrição de doadoras e receptoras e chegam ao manejo das receptoras inovuladas e diagnóstico de gestação por ultrassonografia via trans-retal. Os interessados em adquirir a obra devem enviar e-mail para cnpgc.ovinocultura@embrapa.br e boa leitura!

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Ministério atualiza processo de registro de estabelecimentos avícolas Para simplificar procedimentos, diminuir entraves e esclarecer definições, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atualizou a Instrução Normativa (IN) 56/2007, dando celeridade ao processo de registro de estabelecimentos avícolas de reprodução e comerciais. Dentre as mudanças está a exclusão da obrigatoriedade do uso de telas de proteção nos galpões do tipo californiano clássico ou modificado utilizados em granjas de postura comercial de ovos para consumo. A alteração baseou-se em estudo realizado pela Embrapa, que demonstrou a inviabilidade técnica de colocação da tela nesses tipos de galpões. Esses estabelecimentos, entretanto, deverão seguir um padrão de manejo de biossegurança e realizar vigilância com colheita de amostras, visando à detecção precoce da entrada de doenças avícolas em seus plantéis. Isso porque, juntamente com os que não se adequaram aos procedimentos de registro, representam um maior risco para a entrada e disseminação de doenças avícolas, por não terem implementado procedimentos mínimos de biossegurança. Além disso, o Mapa reduziu a quantidade de documentos necessários para o registro. Conforme previsto pela IN 56/2007, granjas de re-

produção devem apresentar a documentação para a Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da sua unidade federativa e as comerciais para os órgãos estaduais de defesa sanitária animal. A normativa de registro surgiu da necessidade de prevenir a entrada e a disseminação de doenças no plantel avícola nacional, sendo implantadas medidas de biossegurança nos estabelecimentos avícolas para que riscos para sanidade avícola ou para a saúde pública sejam mitigados. Consequentemente, busca-se diminuir prejuízos econômicos e sociais acarretados pela ocorrência de um foco de doença. A IN, ainda, atende a uma necessidade de aprimorar os controles sanitários oficiais, uma vez que é crescente a demanda por alimentos de origem animal, seguros para abastecer os mercados interno e externo.

Abiec 1 - Exportações A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) divulgou as perspectivas para 2013. Segundo a entidade, o ano de 2012 será um recorde histórico das exportações de carne bovina brasileira. Até a segunda semana de dezembro, os números mostraram que a exportação já atingiu US$ 5,53 bilhões, marca superior ao ano de 2008, que havia registrado até então a maior exportação com US$ 5,4 bilhões. A expectativa era a de que as exportações até o final de 2012 atingissem US$ 5,8 bilhões.

Mesmo com uma conjuntura macroeconômica desfavorável, o Brasil conseguiu aumentar o volume exportado de janeiro a novembro em 12,25%, comparado ao mesmo período de 2011. Com os dados disponíveis atualmente, a Abiec considera que o Brasil vai retomar o posto de maior exportador mundial de carne bovina em 2012. Em 2011, os Estados Unidos ultrapassaram o Brasil nas exportações por questões de câmbio e um excesso de matéria-prima ocasionado pela seca nos estados produtores. Animal Business-Brasil_45

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Alta tecnologia na produção de pescado enriquecido com probióticos Por: Prof.Marco

Antônio Lemos Miguel Biólogo, MSc.PhD Centro de Ciências da Saúde, UFRJ

Ovas de peixe, enriquecidas com probióticos

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O interesse da indústria alimentícia pelo desenvolvimento de novos produtos com características especiais cresce impulsionado pela tomada de consciência dos consumidores em busca de produtos nutritivos, de alta aceitação sensorial e com alegação de propriedade funcional e de saúde, como os alimentos funcionais. Estes são alimentos ou ingredientes que, além das funções nutritivas básicas, quando consumidos como parte da dieta usual, produzem efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica. Para estes, o efeito promotor da saúde está diretamente relacionado à substância bioativa presente. Diante deste cenário estão os alimentos probióticos, que contêm microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. No entanto, são os produtos probióticos lácteos que dominam o mercado, assim como a maioria dos estudos. Alguns produtos vêm sendo estudados quanto ao seu potencial como veículo de microrganismos probióticos, incluindo maionese, carnes, alimentos à base de soja, produtos de confeitaria, patês, extratos de sementes vegetais, bebidas não lácteas como suco de vegetais, embutidos, produtos de cereais e de produtos de peixe, entre outros. Entretanto, raros estudos têm abordado pescado com propriedades probióticas. O peixe é uma matéria-prima versátil. Contudo, o processamento se limita a produtos frescos ou congelados, enlatados, defumados, patês e empanados, em geral com baixo aproveitamento da matéria-prima. Associado a isto, a alta perecibilidade do pescado tem estimulado a aplicação de tecnologias alternativas que podem aumentar a conservação e a oferta e a diversificação de

produtos derivados de pescado e, consequentemente, aumentar o consumo dessa importante matéria-prima com proteína de alto valor biológico e de elevada digestibilidade, como é a produção do surimi, que é uma base proteica miofibrilar, obtida do pescado, com alta funcionalidade e valor nutricional. A prática de incorporação de cepas probióticas a produtos à base de pescado pode ser um estímulo ao consumo de proteína de pescado, bem como uma oportunidade de consumo destes microrganismos por indivíduos com restrição a lacticínios. Estima-se que a intolerância à lactose acometa 75% da população mundial e 25% dos brasileiros, enquanto a alergia ao leite ocorre em 1,9 a 7,5% da população brasileira, principalmente em crianças. Neste cenário fica clara a necessidade de introdução de alimentos probióticos alternativos, que estimulem e proporcionem seu consumo a indivíduos com restrição alimentar.

Probióticos Probiótico é um termo de origem grega que significa “a favor da vida” e foi originalmente utilizado em 1965 por Lilly e Stillwell para descrever substâncias secretadas por microrganismos que estimulam o crescimento de outros. A partir da década de 60, uma série de definições foi publicada na literatura científica. No entanto, a reconhecida internacionalmente foi descrita pela FAO/WHO em 2001, onde introduziram o conceito “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro”. A maioria dos microrganismos considerados como probióticos faz parte de um grupo denominado bactérias ácido-lácticas (BAL), que são Animal Business-Brasil_47

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Técnica no laboratório da UFRJ

Prevenção de problemas intestinais, alívio da intolerância à lactose, prevenção das alergias e inibição do Helicobacter pylori, são exemplos dos efeitos benéficos dos cocos, cocobacilos ou bacilos Gram-positivos, probióticos

imóveis, catalase negativos, não esporogênicos, preferem condições anaeróbias, mas são aerotolerantes, fermentadores obrigatórios e produzem ácido láctico como o principal produto final durante a fermentação de carboidratos. Os principais gêneros representantes probióticos das BAL são: Aerococcus, Carnobacterium, Enterococcus, Lactobacillus, Lactococcus, Leuconostoc, Oenococcus, Pediococcus, Streptococcus, Tetragenococcus, Vagococcus e Weissella. Também utilizada como probiótico, a classificação de Bifidobacterium spp. como BAL é controversa, sendo mais considerada como uma BAL tecnológica que fisiológica. Existem probióticos que não são BAL como os gêneros Bacillus e Escherichia, assim como leveduras, onde Saccharomyces spp. é a mais utilizada. Entretanto, os principais organismos utilizados como probióticos em alimentos são Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp..

Um microrganismo para ser considerado como probiótico deve atender a diferentes critérios predefinidos de segurança, tecnológicos, funcionais e fisiológicos desejáveis, a saber: origem humana; status GRAS; história do uso seguro em alimentos; benefícios para a saúde documentados; propriedades antimutagênica e anticarcinogênica; histórico de não patogenicidade; tolerância às substâncias antimicrobianas; adesão à mucosa intestinal; colonização, ao menos temporariamente, do trato gastrointestinal humano; capacidade de reduzir a adesão das superfícies de patógenos; atividade antimicrobiana contra bactérias potencialmente patogênicas através da produção de compostos como bacteriocinas, ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio; ausência de genes determinantes da resistência aos antibióticos; imunoestimulação sem efeito pró-inflamatório; tolerância ao ácido, suco gástrico humano e à bile; resistência aos fagos; tolerância ao oxigênio e calor; atividade metabólica desejada; capacidade de crescer em leite; boas propriedades sensoriais; estar viável e estável durante o processamento e estocagem de alimentos, bem como até o consumo. Os principais benefícios atribuídos aos probióticos são aumento da tolerância e digestão da lactose; influência positiva na microbiota intestinal; redução do pH intestinal; melhora do peristaltismo contribuindo para a prevenção da constipação intestinal; efeitos hipocolesterolêmico, anticarcinogênico e anti-hipertensivo; redução de compostos tóxicos; síntese de vitaminas do complexo B como ácido fólico, cianocobalamina, biotina e ácido pantotênico; restauração da microbiota normal após antibioticoterapia; tratamento e prevenção de diarreia aguda por rotavírus e gastroenterite; redução da atividade ulcerativa de Helicobacter pylori; controle da colite induzida por rotavírus e por Clostridium difficile; imunoestimulação; diminuição do risco de doenças cardiovasculares e prevenção da obesidade, do diabetes mellitus não insulino-dependentes e da osteoporose, em função do aumento da biodisponibilidade de minerais como o cálcio. Os benefícios dos probióticos atingem também o trato urogenital. Segundo Saad (2006), tanto as bactérias patogênicas quanto as probióticas podem entrar no trato urogenital através de diversas vias. Entretanto, elas entram predomi-

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nantemente através do cólon e reto via períneo. Após entrarem no cólon, os microrganismos probióticos podem alterar a sua microbiota favoravelmente e determinadas cepas podem atingir a vagina e o trato urinário como células viáveis. Os efeitos dos probióticos podem ser classificados em três modos de ação: • Capacidade de modular as defesas do hospedeiro, incluindo o inato, bem como o sistema imune adquirido, estando relacionado à prevenção e terapia de doenças infecciosas, mas também ao tratamento de inflamação crônica do trato digestório e à erradicação de células neoplásicas; • Estabelecimento de um balanço microbiano intestinal, ou seja, modificam o ecossistema de microrganismos que habitam o intestino humano, gerando um equilíbrio que se mani-

festa por um estado de saúde devido à competição pelos sítios de aderência, impedindo a colonização de patógenos e estimulando o sistema imune de forma a agir na prevenção e terapia de infecções e na restauração do equilíbrio microbiano no intestino; • Inativação de toxinas e de desintoxicação de componentes alimentares no intestino. A maioria dos mecanismos de ação destes efeitos protetores das culturas probióticas à saúde ainda não foi completamente esclarecida. No entanto, alguns já foram comprovados cientificamente como a prevenção da diarreia e alívio da intolerância à lactose, mas outros têm sido sugeridos e classificados como potenciais mecanismos. No Quadro 1, estão listados alguns possíveis mecanismos de ação para determinados benefícios.

Quadro 1 – Efeitos benefícios à saúde atribuídos pelos probióticos e seus respectivos mecanismos de ação Efeitos protetores

Mecanismos de ação

Alívio da intolerância à lactose

Síntese da enzima ß- galactosidase

Prevenção e redução dos sintomas de diarreia associada a antibióticos e por Rotavírus

Exclusão competitiva Melhora do sistema imune

Tratamento e prevenção de alergia (eczema atópico e alergia alimentar)

Regulação do sistema imunológico

Redução do risco associado à mutagenicidade e carcinogenicidade

Metabolismo de agentes mutagênicos Alteração da microbiota e da atividade metabólica intestinal Imunidade intestinal aumentada

Efeito hipocolesterolêmico

Desconjugação de sais biliares

Inibição da Helicobacter pylori e de outros patógenos intestinais

Exclusão competitiva Produção de compostos antimicrobianos

Prevenção de doenças inflamatórias do intestino

Exclusão competitiva Modulação da resposta imune Produção de compostos antimicrobianos Decomposição de antígenos patogênicos

Estimulação do sistema imune

Indução da imunidade inata e adquirida

Fonte: Vasiljevic; Shah (2008)

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Para se estabelecer potenciais benefícios dos probióticos à saúde, é necessário que sejam realizados estudos in vitro antes dos ensaios in vivo. Além disso, as estirpes têm de ser testadas individualmente para cada propriedade, visto que as características atribuídas a um probiótico são espécie específica. Independentemente da forma de introdução dos probióticos, a quantidade final de células deve ir de encontro à legislação vigente do país. Segundo a legislação brasileira, a manutenção da viabilidade e estabilidade do microrganismo probiótico durante o uso e a estocagem do produto em uma quantidade que varia entre 108 e 109 UFC na recomendação diária, além da capacidade de sobrevivência no ecossistema intestinal, é uma condição necessária à promoção das alegações de saúde e propriedades funcionais de um probiótico. Contudo, culturas não viáveis podem exercer certos efeitos benéficos como a imunomodulação. No Brasil, a Comissão Tecnocientífica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos, instituída junto à Câmara Técnica de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, tem avaliado os produtos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde aprovados no país, como os alimentos probióticos. Para a comercialização, deve haver um registro prévio mediante a comprovação científica da sua

eficácia, a qual deve ser avaliada caso a caso, tendo em vista que podem ocorrer variações na ação do composto bioativo em função da matriz ou formulação do produto. Estas alegações podem fazer referências à manutenção geral da saúde, ao papel fisiológico dos nutrientes e não nutrientes, bem como à redução de risco de doenças, não sendo permitidas aquelas que façam menção à cura ou prevenção de doenças. Entre as características que devem ser levadas em conta na incorporação de probióticos em alimentos estão: a seleção de probióticos compatíveis com o tipo de alimento; tecnologia de processamento compatível que garanta a sobrevivência do microrganismo; assegurar que as características nutricionais do probiótico sejam fornecidas pelo alimento, quando houver fermentação; a matriz, a embalagem, as condições de estocagem e o transporte do alimento devem garantir a viabilidade do microrganismo durante a vida de prateleira do produto e, por último, o probiótico não deve interferir nas características sensoriais do produto. A maioria dos produtos probióticos disponíveis no mercado no Brasil, assim como os estudos nesta área são voltados para alimentos lácteos, e apenas um pequeno número é destinado a produtos de origem vegetal e cárneos. Muito poucos estudos abordam pescado com características probióticas.

Alguns alimentos probióticos disponíveis no mercado no Brasil

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Embora os produtos lácteos ainda sejam os mais utilizados para a introdução de bactérias probióticas, é importante o estudo de outras matrizes alimentícias que possam ser adequadas a este fim, e que apresentem vantagens competitivas no mercado.

Justificativa O Brasil apresenta ampla costa litorânea. Contudo, possui um dos menores índices per capita de pescado do mundo por diferentes motivos, sendo um deles a baixa aceitação sensorial. A pesca de espécies de pescado de alta expressão econômica vem acompanhada de espécies de baixo valor comercial que muitas vezes são tratados como lixo, sendo fontes preocupantes de poluição ambiental, assim como os resíduos gerados pelas indústrias beneficiadoras. Esses descartes têm qualidade nutricional e podem ser transformados em matéria-prima de novos produtos com bom índice de aceitabilidade e grande potencial mercadológico, agregando valor. Uma possibilidade é a sua utilização para produzir o surimi, um extrato proteico de peixe com alta qualidade nutricional e excelente propriedade funcional devido à sua característica de gelificação, o que permite ser utilizado como matéria-prima para a elaboração de produtos com diferentes texturas e sabores. Associado a isto, atualmente, o consumidor, cada vez mais atento à relação dieta e saúde, busca produtos alimentícios nutricionais, sensorialmente adequados e com alegação de propriedade funcional e de saúde. Neste contexto, estão os alimentos probióticos. Entretanto, são os lácteos com culturas probióticas que têm destaque no mercado, mas não atendem a toda a população em função da restrição a lacticínios por muitos indivíduos. Logo, as pesquisas científicas com produtos probióticos não lácteos podem contribuir para a industrialização e o comércio, diversificando o mercado de produtos com características probióticas. Diante do exposto, a necessidade de desenvolver tecnologias para o aproveitamento de subprodutos industriais economicamente viáveis, associada ao crescente interesse do consumidor, da indústria e da comunidade científica por produtos alimentícios funcionais impulsiona o

desenvolvimento de produtos diferenciados. Adicionalmente, considerando os raros estudos com microrganismos probióticos em derivados de pescado, acreditamos que o desenvolvimento de produtos à base de surimi de espécie de peixe de baixo valor comercial com características probióticas possa ​​ ser uma estratégia bem-sucedida para aumentar o aproveitamento do pescado e de suas características de gel, aumentar o consumo de peixe pela população brasileira, aproveitando essas espécies de peixe pouco valorizadas, minimizando assim o impacto sobre o ambiente, além de ser uma alternativa aos produtos lácteos probióticos para a indústria alimentícia e uma oportunidade de consumo de probióticos por indivíduos com intolerância à lactose e alergia à proteína do leite. A tese de Doutorado de Renata Rangel Guimarães, orientada pelo Prof. Marco Antônio Lemos Miguel, do Laboratório de Microbiologia de Alimentos da UFRJ, desenvolveu uma ova de peixe probiótica, semelhante a do salmão. Esta “ova” é composta por um polissacarídeo e contém em seu interior bactérias probióticas como Lactobacillus rhamnosus GG ou Bifidobacterium animalis, que podem oferecer benefícios à saúde de quem as consome. Além disto, o trabalho também utilizou tecnologia de aproveitamento de peixe de baixo valor comercial para servir como complemento das ovas nos testes de análise sensorial.

Ovas probióticas desenvolvidas servidas em um kamaboko preparado com peixe de baixo valor comercial. Animal Business-Brasil_51

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Microscopia eletrônica da superfície externa das Ovas probióticas (a) e interior (b, c, d)

As notas atribuídas pelos provadores quanto à preferência sensorial do aspecto global do kamaboko com “ovas” probióticas estão apresentadas na figura abaixo. Nota ≥ 6 foi atribuída por 95% dos provadores. O índice de aceitação das características globais foi 82,2%. O índice de aceitação em relação aos atributos avaliados foi 76,1%, 80,5%, 73,3% e 85,9% para cor, aroma, textura e sabor, respectivamente. Quanto à intenção de compra, 63% dos provadores certamente comprariam o kamaboko com “ovas” probióticas. Os pesquisadores acreditam que as ovas desenvolvidas possam ser consumidas juntamen-

50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

Prof. Marco Antonio Lemos Miguel, do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ

te com as ovas naturais nos pratos preparados, ajudando a proteger o consumidor de doenças como a gastroenterite, que pode ser originada tanto da refeição que ele está fazendo no momento quanto de outras. Outros benefícios podem ser obtidos como a prevenção ou melhora da constipação intestinal e produção de vitaminas pelas bactérias probióticas. Além disto, representa uma oportunidade de consumo de microrganismos probióticos por pessoas com intolerância à lactose e alergia às proteínas do leite. A pesquisa entra agora em fase de adequação para uma possível produção industrial e comercialização.

Desgostei muitíssimo Desgostei muito Desgostei moderadamente Desgostei ligeiramente Indiferente Gostei ligeiramente Gostei moderadamente Gostei muito Gostei muitíssimo

Distribuição de acordo com a preferência dos painelistas quanto ao aspecto global do kamaboko com glóbulos probióticos

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Brasil é o quarto maior produtor de suínos do mundo e um dos principais exportadores Genética, nutrição e manejo tecnologicamente avançados vêm transformando o Brasil num dos mais importantes produtores de carne suína com baixo teor de gordura. E essa carne está conquistando mercados cada vez maiores no exterior. Diferentemente do que acontecia há anos, quando o porco era criado nas fazendas, como atividade secundária, sem nenhuma técnica especial de manejo, seleção, nutrição ou sanidade, aproveitando os restos de comida e das culturas e vivendo em cercados ou chiqueiros sem nenhuma preocupação maior com a higiene, os suínos modernos têm baixo teor de gordura e carne de ótima qualidade. Além disso, as matrizes são mais prolíficas e os leitões atingem a idade de abate mais cedo. A moderna técnica de produção, desenvolvida principalmente nas duas últimas décadas, vem fornecendo animais com 30% menos de gordura, 10% menos de colesterol e 14% menos de calorias. Os principais produtores estão localizados nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Exportações As exportações brasileiras de carne suína já representam 10% do total da exportação mundial dessa proteína de alto valor biológico, propiciando aos criadores cifras superiores a US$ 1 bilhão, por ano, de lucro, e as projeções indicam que a representatividade das nossas exportações saltará para 21% até o final de 2018 ou início de 2019. A China, embora seja o maior consumidor e maior produtor de carne suína, é também o maior importador, e essa tendência é de crescimento.

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A evolução da Medicina Veterinária Por: Prof.

Milton Thiago de Mello Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária Membro Honorário da Associação Mundial de Veterinária

Nestes 79 anos da primeira regulamentação da Profissão em 9 de setembro de 1933, o veterinário brasileiro evoluiu muito a partir de médico dos animais, origem da profissão há dois séculos e meio, na França. Entre outras muitas atividades atuais, ele é defensor da saúde humana e peça importante do agronegócio brasileiro. Sem prejuízo de dezenas de atividades exigidas pela Sociedade, em colaboração estreita com outras profissões como medicina, agronomia, biologia e economia, desempenhando-as na prática veterinária, na pesquisa, no magistério e na política. A interação com a sociedade vai desde o atendimento médico e bem-estar dos animais de companhia, trabalho e produção de alimentos, até a garantia da qualidade desses alimentos: a segurança alimentar. Nos dias de hoje, a saúde é constituída por um tripé: Saúde humana – Saúde animal – Saúde ambiental, ou seja, uma única saúde. O veterinário atua nelas três: na saúde humana combatendo ou prevenindo as doenças de origem animal (zoonoses) e responsável direto pela qualidade dos alimentos: a segurança alimentar; na saúde animal, com sua função inicial de médico dos animais e mais tarde responsável pelo bem-estar dos mesmos e na saúde ambiental cuidando dos animais silvestres em seu ambiente natural ou em cativeiro, evitando também os possíveis efeitos nocivos das práticas criatórias sobre o meio ambiente. O outro aspecto para o qual desejo chamar a atenção é a participação do veterinário no agronegócio e suas relações com a sociedade.

Sabemos todos que o ser vivo tem duas atividades fundamentais: alimentação (para manter o indivíduo) e reprodução (para manter a espécie). É obvio, mas desejo acentuar que dessas atividades, para o ser humano, resultam pelo menos as seguintes necessidades básicas: alimento-saúde – energia - matéria-prima –transporte – habitação. O veterinário é participante direto para a satisfação das duas primeiras. Ainda quanto às atividades do veterinário na alimentação e na reprodução, convém assinalar que a população humana acaba de alcançar 7 bilhões de habitantes. As projeções indicam que dentro de apenas 40 anos alcançará 9 bilhões, a maioria nos países em desenvolvimento, principalmente nos BRICS. Esses 2 bilhões em 40 anos, continuação da explosão demográfica, deverão ser alimentados e receber saúde adequada. Mas, é também para o futuro que devem estar voltadas as atenções. Vejo com otimismo o futuro da Profissão Veterinária no Brasil. O número de veterinários atuantes permite entrever que as ações quanto a uma única saúde e segurança alimentar serão ampliadas com a capacitação dos profissionais. Como empregar (no duplo sentido da palavra) adequadamente para satisfazer as exigências da sociedade, os mais de 100.000 veterinários atuais e os que se formarão anualmente em mais de 150 cursos de Veterinária? Mesmo ampliando sua participação no tripé da saúde, ainda sobrarão veterinários que deverão ter maior participação no agronegócio, principalmente no que se refere à produção e qualidade dos

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produtos de origem animal. A qualidade, assegurada pela presença do veterinário em todas as etapas, da produção ao consumo, o que é sintetizado na expressão “do pasto ao prato”. A palavra pasto, no caso, simbolizando a origem do produto porque nem todos veem do pasto. Para ilustrar o futuro papel do veterinário no agronegócio, a partir do limiar brilhante atual, é importante enfatizar que o Brasil encontra-se na situação confortável de maior produtor de alimentos de origem animal. Em 2010 foram 24 milhões de toneladas somente de carnes (frango – 55%, bovina – 31% e suína – 14%). A sobra do consumo interno e que foi exportada, alcançou 11 bilhões de dólares (frango – 5.9, bovina – 3.9 e suína – 1.2). Principalmente para o consumo interno devem ser acrescidos ovos, laticínios, pescados e outros produtos de origem animal. Em tudo isso está e estará presente o veterinário. É importante realçar que toda essa produção corresponde à parcela importante do PIB nacional além de gerar milhões de empregos diretos e indiretos. Por outro lado, a qualidade dos alimentos exportados é garantida pelo selo de qualidade do Ser-

viço de Inspeção Federal (SIF). Só com o aval do SIF os países importadores sabem que o produto tem garantia de qualidade. E o SIF deve ser mantido também para os produtos destinados ao consumo nacional: “O que é bom para chineses, russos, árabes e outros tem que ser bom também para os brasileiros”. O futuro da Profissão Veterinária no Brasil depende dos veterinários entusiastas que continuarão e ampliarão o cumprimento das exigências da sociedade. Para isso é indispensável o apoio de documentos legais resultantes de iniciativas dos nobres colegas parlamentares assessorados, quando necessário, pelas entidades de classe como a Academia Brasileira de Medicina Veterinária e outras. A Academia reúne profissionais com experiência nas principais vertentes da profissão saúde (animal, humana, ambiental) e agronegócio (produção e qualidade de alimentos). Por isso e por imposição de seu Estatuto, tem obrigação de “... assessorar o Governo nos assuntos relacionados à medicina veterinária”. A palavra Governo tomada no sentido “lato” incluindo Executivo, Legislativo e Judiciário.

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A implosão da antiga sede da CCPL e os novos tempos Por: Joel

Naegele Vice-presidente da SNA, produtor de leite

Para as incontáveis pessoas que tomaram conhecimento do fato acima mencionado, é possível que uma grande maioria não faça a menor ideia do que isso representou para muitos que viveram uma boa parte da sua existência intimamente ligados ao setor do qual ela cuidava: recepção, beneficiamento, industrialização e venda de leite e seus derivados. Do início da década de setenta do século passado até o final dos anos noventa, estivemos intimamente ligados a essa grande e importante Central, que tinha como filiadas cerca de cinquenta e duas Cooperativas espalhadas pelos Estados do Rio, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Nossa função na grande e importante Cooperativa Central dos Produtores de Leite nos primeiros anos foi a de Assessor de Assistência ao Interior que tinha por função visitar, colaborar e assistir todas as Associadas, orientando-as levando em consideração, sempre, o seu melhor desempenho e a certeza de que a Central estabelecida no prédio, agora implodido, estava atenta e comprometida com o sucesso do sistema, assim como com a garantia de que a produção recebida dos Cooperados teria sempre a remuneração adequada e possível, observando-se sempre o comportamento do mercado.

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“O número de fornecedores cooperados passava de 20 mil indivíduos e os cálculos da época indicavam que esse impressionante universo que movimentava milhões (dinheiro) representava um conjunto de milhões de pessoas”

Não foram poucos os meses que a CCPL recebeu no Rio de Janeiro, em Niterói e nas imponentes instalações industriais de Teófilo Otoni, Caratinga, Juiz de Fora, Nanuque (todas no Estado de Minas Gerais) e em Viana, município localizado na periferia de Vitória, capital do Espírito Santo, mais de dois milhões de litros de leite por dia. Vale anotar que nos municípios acima citados, muito distantes dos centros consumidores, o leite era transformado em pó para posterior reidratação, ou mesmo venda no mercado para produção de sorvetes, doces e toda gama de produtos que, obrigatoriamente, levam leite em sua composição. O número de fornecedores cooperados passava de vinte mil indivíduos, e os cálculos da época indicavam que esse impressionante universo que movimentava milhões de unidades monetárias representava, no conjunto, cem mil pessoas que dessa ou daquela maneira participavam do processo produtivo quer estivessem nas fazendas ocupadas na produção, no transporte primário, ou seja, das fazendas até as cooperativas ou postos de recepção e de seus funcionários e dependentes. Posso afirmar, sem receio de cometer erro, que diversos municípios, onde se localizavam essas cooperativas ou postos de recepção, tinham como única fonte de recursos o dinheiro que a CCPL todos os meses fazia chegar ao interior. As fábricas de leite em pó, localizadas nas cidades citadas, tinham capacidade de transformar cerca de um milhão de litros de leite em pó evitando-se, dessa forma, que se transportasse tal volume de leite por centenas de quilômetros, em dezenas de caminhões tanques com os

enormes custos de combustível, quando já se começava a sofrer o processo de aumento do preço do petróleo. Ainda tenho vivo na memória que a política governamental recomendava essa política: transformar o leite líquido em pó, barateando sensivelmente o custo do transporte já que dez litros de leite líquidos se transformavam em um quilo de pó. Tal medida significava que um caminhão com capacidade para transportar dez mil quilos, transportaria cem mil litros de leite. Tudo indicava que a decisão era acertada e todas as empresas do setor a partir de certo volume, estavam incentivadas pelo governo a agir daquela forma. Teoricamente a decisão era acertada: quando houvesse excesso de produção que tradicionalmente ocorria nas épocas de chuva ela seria transformada em pó e nas épocas de escassez seriam reidratados para a venda em pacotes plásticos de um litro para abastecer o mercado. Só que nas épocas quando o leite deveria ser reidratado e os preços deveriam compensar as indústrias, o mesmo governo que incentivara a construção das fábricas de leite em pó, importava leite barato de todo o mundo para competir com as empresas que acreditaram que a política de secagem e posterior reidratação era a mais recomendada economicamente. Os autores do incentivo à adoção dessa política não levaram em consideração que o custo da estocagem do leite em pó era alto demais para ser suportado pelas empresas que pagavam aos produtores todo mês, e o estocava por até seis meses, bancando os custos de estocagem e os juros que tinham de pagar aos bancos que negociavam as conhecidas Notas Promissórias Rurais.

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Para quem acompanhou todos os detalhes dessas e de outras estratégias recomendadas, fácil seria prever o fim das centrais que tinham de bancar custos cada vez mais altos para se manter no negócio, e assim uma a uma, todas elas foram sendo tragadas e hoje só temos uma central ainda em funcionamento, das seis que tínhamos até alguns anos atrás. No caso do Rio de Janeiro, infelizmente, muitas cooperativas regionais também não conseguiram suportar os altos e baixos de políticas públicas mal orientadas, ou mesmo inexistentes, e cessaram suas atividades.

Década perdida Economistas brasileiros de todas as escolas e teorias econômicas sempre afirmaram que a década de oitenta do século passado foi a “década perdida”, quando o Brasil perdeu substância e queimou os resultados que havia obtido no passado. Segundo alguns, tal desempenho negativo deveria ser debitado à crise do petróleo pelos seguidos aumentos determinados pela OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo), cartel criado e mantido pelos grandes produtores e exportadores do precioso mineral que, até os dias atuais, é fonte de riqueza para quem o possui. Ainda hoje a nossa dependência desse combustível se constitui em um alto preço para as indústrias que dele necessitam para poder fazer chegar aos consumidores seus produtos. No caso da produção, do transporte, do beneficiamento e da distribuição do leite e seus derivados a presença do petróleo e os seus derivados sempre representaram um alto custo. Claro que as dificuldades que tornaram perdida a década de oitenta, também afetaram de maneira significativa a nossa Central. O aumento dos custos ocorridos em toda cadeia, desde o curral até o mercado, fragilizou a economia dos produtores que procurou jogar para as cooperativas a responsabilidade de suas dificuldades e essas passaram a jogar para as centrais o problema. Sem poder resolvê-los, tais dificuldades envenenaram as políticas de relacionamento administrativo, incentivando a muitos que se julgaram capazes de encontrar alternativas milagrosas, iniciassem um movimento de rebeldia na tentativa de mudar os dirigentes no proces-

so político que enfraqueceu o sistema até então forte e capaz de enfrentar as turbulências. Também as cooperativas chamadas singulares, sofreram esses problemas com a diminuição do preço pago aos seus associados, criando um caldo de cultura para a criação de focos de rebeldia também contra as suas administrações, num processo em “cadeia” onde todos culpavam a todos pelas dificuldades que se distribuíam de alto a baixo. Claro que esse caldo de “cultura” que incentivava a rebeldia foi tomando conta do corpo associativo que se agravou já que, endividada pelos grandes investimentos na construção de seu valioso e belíssimo parque industrial, a CCPL se viu obrigada a atrasar o pagamento do leite aos fornecedores das fábricas de leite em pó, tendo em vista suas dificuldades na colocação do produto no comércio em consequência da crise que o País vivia. Nessa ocasião, incentivados por lideranças da importante bacia leiteira que reunia os produtores de Teófilo Otoni, Governador Valadares, Caratinga e mais oito ou dez cooperativas menores, deliberaram invadir a fábrica de Teófilo Otoni e impedir a retirada de milhares de toneladas de leite em pó e manteiga lá estocados por falta de compradores. Esse movimento inusitado e até então desconhecido gerou, como não podia deixar de acontecer, uma séria fissura na estrutura do sistema. Os problemas financeiros não resolvidos avivaram a chama do desejo de renovação da administração da Central, cujo mandato do presidente já se estendia por quinze anos e que no último período havia provocado a substituição de dois dos antigos diretores. A greve dos produtores obrigou a que os dirigentes das grandes cooperativas citadas acima, e todas as de menor porte ao seu redor, se afastassem da central que sofreu um rude golpe em sua economia e no seu prestígio e que foi fator determinante da venda das importantes dependências e de todos os postos de recepção de leite de propriedade da CCPL. O volume de leite que deixou de ser entregue beirava seiscentos mil litros por dia na época das águas. Vale assinalar que boa parte dos valores apurados na alienação das fábricas de Caratinga e Teófilo Otoni serviu para quitar integralmente a dívida da CCPL junto Animal Business-Brasil_59

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ao Banco Central, titular das Notas Promissórias Rurais não quitadas e ainda sobrou dinheiro que o presidente Alfredo Lopes Martins Neto me confidenciou que pretendia fazer distribuição de parte do saldo entre as cooperativas que se mantiveram fiéis ao sistema. Essa distribuição não se consumou e sua trágica morte ocorrida em 1990 eliminou essa possibilidade.

Independência das cooperativas filiadas Como meu trabalho estava intimamente ligado às cooperativas filiadas, foi-me fácil observar que à medida que elas cresciam no volume de produção processada, que as obrigava a maiores investimentos, crescia na mesma proporção a intenção de se tornarem independentes da Central e o primeiro passo era o de empacotar e vender o leite nas cidades onde estavam localizadas e nos municípios vizinhos mandando para a Central o que sobrasse. Fácil imaginar que na safra sobrava algum para a Central e na estiagem, por vezes, a produção local não atendia à população e com isso a Central ficava sem esse leite. Claro que esse processo foi provocando uma forte e acirrada competição entre cooperativas vizinhas e não foram poucas as vezes que tive de me deslocar da sede da Central para tentar encontrar saídas possíveis para os conflitos. Pode-se dizer que a Central que havia dado o suporte ao crescimento e ao avanço de suas filiadas, ao final passou a ser vítima desse processo que culminou com o afastamento de filiadas importantes que se julgaram no direito de competir com a Central nos mercados onde ela prevalecia. A primeira e traumática defecção foi a da Cooperativa de Cachoeiras do Itapemirim, a maior e mais estruturada do Espírito Santo, que se julgou no direito de abastecer a capital do estado com o leite empacotado de sua marca “Selita”, causando um grande problema para a Central, que, por acordo com as demais cooperativas do Estado filiadas ao sistema, deveria abastecer Vitória e adjacências. A Cooperativa de Cachoeiras como aos poucos foi tomando conta daquele mercado e remunerando melhor seus

produtores causando problemas para as demais filiadas, foi pressionada a abandonar Vitória ou se desfiliar. A sua eliminação do quadro social, atendendo as postulações das demais filiadas do estado capixaba, criou sérios problemas adicionais: como não tinha onde colocar o leite que entregava para a CCPL, passou a vendê-lo empacotado no Rio e com isso disputar o mercado onde a CCPL tinha sua maior distribuição. O mercado do Rio de Janeiro era e ainda é muito atraente, e à época, estimuladas pelo desejo de crescerem e se tornarem independentes, outras Cooperativas também passaram a disputar fatias da clientela que se abastecia com o leite CCPL. Poderíamos dizer que o princípio do fim estava aí decretado. É possível que o sistema tenha sido atropelado com os avanços tecnológicos que mudou de maneira irremediável tantas expectativas, tenha também favorecido a liquidação do sistema Central das Cooperativas. Tal qual os filhos que crescem e buscam novos desafios e abandonam seus lares antigos, também algumas cooperativas cresceram e procuraram seus próprios caminhos. Da mesma forma que o fim dos tradicionais latões de leite foram substituídos pelos tanques de expansão, está a desafiar a competência das cooperativas por terem de lidar com as associações de produtores que estão provocando o esvaziamento de suas plataformas com a independência dos produtores que podem colocar seu produto onde bem entenderem.

Novos tempos Assim como as cooperativas no passado encontraram maneira de sobreviver sem as centrais, também agora os produtores criaram as condições para negociarem livremente seu produto com o melhor comprador. Se isso vai ser bom ou não, só o tempo dirá. De qualquer forma as cooperativas deverão se preparar para esses novos tempos. A implosão do prédio onde funcionava a sede da CCPL foi o ponto final de uma morte que o tempo e as mudanças anunciaram bem antes e não foi percebida por quem deveria.

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Foto: Tânia Rêgo/ABr

Leite: produção versus importação A produção de leite no Brasil, segundo o que a minha experiência e o meu conhecimento do assunto me permitem comentar, nunca chegou a se constituir em uma preocupação das autoridades públicas, a ponto de se mudar um quadro que persistiu durante um largo período de tempo. Somente com o Projeto Balde Cheio, criado pela Embrapa, baseado na experiência e no conhecimento do seu idealizador Arthur Chinellato, que com bom senso e sabedoria reconheceu que para a incorporação de setenta a oitenta por cento de produtores de pequeno volume de leite, seria necessário trabalhar na capacitação das pessoas para o melhor aproveitamento de suas propriedades, por menores que fossem. Além da Assistência Técnica efetiva, com presença periódica no campo visitando as propriedades, passou-se a exigir a fidelidade dos produtores e a assunção de compromissos claramente definidos para a garantia do funcionamento do projeto.

Como afirmei acima, as políticas de governo deixaram de se preocupar com a produção nacional pelas facilidades de se poder usar a importação de leite da Europa diretamente, ou através dos vizinhos Uruguai e Argentina que, mesmo não possuindo grandes produções, faziam a intermediação como eficientes atravessadores. Os dados estatísticos dos últimos treze anos apresentam uma sensível melhoria da produção nacional que passou de dezenove milhões e setecentos mil litros em 2000, para mais de trinta e dois milhões de litros em 2012, um notável crescimento ocorrido por força da melhor capacitação dos produtores, do incentivo de melhores preços provocados pelo crescimento das vendas com a incorporação de milhões de novos consumidores com a melhoria da renda ocorrida. Um dado que não pode e não deve ser omitido é a grande mudança ocorrida para melhor com a Portaria 51 do Ministério da Agricultura ocorrida à época de Roberto Rodrigues à frente do mesmo, que estabeleceu a obrigatoriedade da colocação de tanques de expansão nas propriedades leiteiras, determinando-se que o leite extraído fosse imediatamente colocado nos mesmos, sendo resfriados e captados pelas indústrias e

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“As políticas de governo deixaram de se preocupar com a produção nacional pelas facilidades de se poder usar a importação de leite da Europa”

cooperativas em carros tanques, abolindo-se os latões que se transformaram em pesadelos para a qualidade do produto. Essa medida, além de outros benefícios, agilizou o processo industrial pela rapidez da movimentação da produção com as mudanças provocadas pela eliminação dos latões acima referidos. A partir da adoção dessa determinação, após as reclamações de praxe com as alegações da impossibilidade de se atender a tais exigências, como sempre acontece quando há mudanças, rapidamente observou-se uma melhoria na qualidade e no aumento da produção, vencendo-se a primeira preocupação que era a possibilidade de que essa decisão decretasse o fim dos pequenos produtores, fato que não aconteceu, pela adoção dos tanques comunitários que os abrigaram. Certamente essas medidas trouxeram mais segurança na qualidade do leite que em decorrência provocaram melhoria no avanço qualitativo dos derivados e com isso preços melhores que se refletiram em toda cadeia. Mesmo assim o número de pequenos produtores continua muito elevado e ainda, pelo menos no Estado do Rio, a adesão ao Programa Balde Cheio é mínima, o que pesa desfavoravelmente no volume produzido com diminuição da renda no campo e o acentuado empobrecimento do nosso interior. Apesar das queixas e justas reclamações do setor com relação às importações, elas cresceram nos últimos três anos. O quadro a seguir produzido pela empresa Scot Consultoria, com dados do IBGE/MDIC comprovam tal afirmativa.

Produção local x importação (litros) ANO PROD. LOCAL

IMPORTAÇÃO

2006 25.398.219

454.753

2007 26.131.266

281.750

2008 27.585.346

352.860

2009 29.085.495

848.216

2010 30.715.460

717.546

2011 32.091.012

1.135.535

2012 32.572.377

1.013.507 até outubro

Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

A garantia do fornecimento à população com a possibilidade de importar, certamente, parece despreocupar os nossos governantes com relação aos problemas da produção nacional que, a nosso ver, só se resolverá com o passar dos anos, a não ser que as próximas autoridades do setor sejam sensíveis aos apelos pelo crescimento da produção com a desejável melhoria da renda na área rural. Os profissionais que trabalham no setor comprovam o aumento do número de pequenos e médios produtores que enxergam na produção de leite uma interessante possibilidade de aumento de ganhos além do prazer do trabalho do dia a dia no campo.

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Clydesdale o cavalo da Budweiser

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O Clydesdale é uma raça de cavalo de tração pesada, desenvolvida no início do século XIX pelos agricultores no Lanarkshire, condado escocês banhado pelo rio Clydesdale, daí o nome da raça. Ele foi criado para atender não só as necessidades agrícolas dos produtores locais, mas também as necessidades do comércio para as minas de carvão de Lanarkshire e para todos os tipos de transporte pesado nas ruas de Glasgow. Devido à sua boa reputação, o uso da raça logo se espalhou por toda a Escócia e norte da Inglaterra. Cavalos pesados foram originalmente desenvolvidos para uso na guerra, para levar cavaleiros com armaduras pesadas e armamentos pesados para a batalha. Eles finalmente produziram um poderoso cavalo com um longo passo e um casco de tamanho considerável, perfeito para trabalhar nos solos moles da Escócia. No final do século XIX, a popularidade da raça Clydesdale cresceu levando a um grande número de exportações para os países da comunidade britânica da Austrália, Nova Zelândia e Canadá, e, para os Estados Unidos.

Cavalos da raça pesada Clydesdale 64_Animal Business-Brasil

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Hoje, o Clydesdale é a única raça originária da Escócia e ainda é um dos favoritos em todas as nações mencionadas. A raça Clydesdale viu ressurgimento da popularidade na última parte do século XX. Embora substituídos pelo trator na maioria das fazendas, este cavalo amado ainda trabalha na agricultura e silvicultura, onde os tratores são incapazes ou não desejados.

Características Três palavras – “força, agilidade e docilidade” - definem as principais características da Clydesdale. Inteligência e vontade fazem do Clydesdale um parceiro bem-vindo ao trabalho ou lazer. Uma das maneiras de se distinguir este cavalo de tração dos demais está na pelagem: o Clydesdale possui manchas brancas pelo corpo, sobretudo na cara e nos membros inferiores. Em movimento, sua ação é larga e compassada: quem observar por trás verá a sola das patas, bem elevadas em ação. As características gerais são comuns aos animais de tiro: pescoço forte e arqueado, cernelha alta, conjunto dorso/anca curto, espádua quase vertical e membros anteriores diretamente sob os ombros. Os ossos são largos e poderosos, a musculatura compacta e potente. Distintamente possuem pelos grandes e sedosos que vão dos joelhos e jarretes até a coroa dos cascos, chamando a atenção para a elegante elevação das patas ao trote. Seu curvilhão é aberto, o que na raça não é considerado como defeito. As pelagens mais comuns na raça são: a zaina, a castanha, a negra e raramente a alazã e a tordilha. O branco é visto nas faces e pernas e frequentemente no corpo. O julgamento não discrimina a pelagem com traços de ruã ou rosilha, sendo considerados também dentro do padrão. A altura média varia de 1,70 a 1,85m. Peso médio entre 850 e 1000 kg. Garanhões formados ou castrados podem chegar ao peso acima dos 1000 kg. O Clydesdale é uma das principais raças que integraram a formação do Campolina.

Os cavalos Clydesdale também são os preferidos da Disney Os maiores criadores Atualmente estima-se que existam 5.000 animais da raça em todo o mundo, com cerca de 4.000 nos EUA e Canadá, 800 no Reino Unido e o restante em outros países, incluindo Brasil, Rússia, Japão, Alemanha e África do Sul. O Haras Bandeirantes, criador de raças de tração pesada, como o Bretão e o Percheron, foi o pioneiro na importação dos Clydesdales para fins de reprodução na América do Sul. No ano de 2009 foram adquiridos os primeiros 7 animais, sendo 2 garanhões e 5 matrizes. Foram trazidos animais dos melhores criatórios dos Estados Unidos e Canadá, de pelagens casta-

Baias do Haras Bandeirantes, produtor de cavalos Pesados da raça Clydesdale Animal Business-Brasil_65

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Foto: Budweiser

Acima: Antiga caneca da cerveja Budweiser

Foto: Budweiser

Ao lado: carroça da Budweiser tracionada por cavalos Clydesdale

Galope de um potro da raça Clydesdale

nha e negra, que após fazerem quarentena em Miami, embarcaram de avião com destino a São Paulo. De São Paulo ao Rio o trajeto foi feito de caminhão. Após um ano de adaptação dos primeiros animais, o esquema de reprodução foi iniciado, e mais 7 animais foram adquiridos, 2 machos e 5 fêmeas. Hoje, o Haras Bandeirantes conta em seu plantel com 20 animais da raça, utilizados nas carruagens, e nas apresentações de adestramento realizadas em feiras agropecuárias no Estado, além da reprodução.

Principais aplicações É um animal muito ativo, inteligente e estiloso. Serve para executar serviços pesados, como

arado, bem como para realizar apresentações, como desfiles de rua ou para montaria, adestramento e para a equitação terapêutica. Devido à solidez de seus cascos, ele é utilizado até hoje em tração pesada urbana. A raça é o símbolo da cervejaria Budweiser, aparece em vários comerciais da marca e desfila em vários parques de Orlando. Por lá são chamados de Budweiser Clydesdales.

Razões da Budweiser Os Clydesdales são os garotos-propaganda da cervejaria Budweiser. Os Budweiser Clydesdales como são conhecidos, são um grupo de cavalos Clydesdale usados para promoções e comerciais pela Anheuser-Busch Brewing Company. São seis equipes, cinco viajam ao redor dos Estados Unidos e uma que permanece em sua residência oficial na sede da empresa, na cervejaria Anheuser-Busch complexo, em St. Louis, Missouri, onde estão alojados em um estábulo construído em 1885. As equipes são compostas por oito cavalos conduzidos de uma só vez, mas 10 cavalos estão em cada equipe para fornecer suplentes para o engate, quando necessário. Clydesdales variados também são usados como atores em comerciais de televisão para a cerveja Budweiser, particularmente em anúncios do Super Bowl.

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