Animal Business Brasil 18

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Ano 04 - Nテコmero 18 - 2014 - R$ 12,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br

EXTENSテグ RURAL

Precisa voltar a ter a forテァa antiga

FEBRE AFTOSA

Onde estamos e para onde vamos

WAGYU

A raテァa do bife de ouro


O curso de Medicina Veterinária da Universidade Castelo Branco é resultado de uma cursoa de MedicinaNacional Veterinária Universidade Castelo resultado uma parceriaO com Sociedade de da Agricultura (SNA) e umaBranco opção énatural paradequem parceria com ana Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) aos e uma opção parafatores quem quer ingressar área de medicina animal, pois oferece alunos os natural principais quer uma ingressar na área de medicina animal, pois ofereceextensão aos alunos os principais para formação de excelência: estrutura, pesquisa, e ensino de alto fatores nível. para uma formação de excelência: estrutura, pesquisa, extensão e ensino de alto nível. Com uma área de 150.000 m², o campus Penha destaca-se por sua imensa área verde Comem uma área deregiões 150.000 m²,movimentadas o campus Penha por espaço sua imensa área verde preservada uma das mais da destaca-se cidade. Nesse privilegiado, os preservada em uma Veterinária das regiõestêm maisuma movimentadas da cidade. espaço privilegiado, os alunos de Medicina estrutura projetada paraNesse oferecer a melhor qualidade alunos de Medicina Veterináriaminizoológico, têm uma estrutura projetada para oferecer qualidade de ensino, com clínica-escola, unidade animal, horta orgânica ae melhor um projeto otimide ensino, com de clínica-escola, minizoológico, unidade Além animal, orgânica e um projeto otimizado de cultivo plantas medicinais e ornamentais. dehorta segurança, estacionamento prózadoede cultivo de pela plantas medicinais prio fácil acesso Linha Amarela ee ornamentais. pela Avenida Além Brasil.de segurança, estacionamento próprio e fácil acesso pela Linha Amarela e pela Avenida Brasil. CAMPUS PENHA - Av. Brasil, 9.727 - Penha CAMPUS PENHA - Av. Brasil, 9.727 - Penha 3216 7700 | www.castelobranco.br 3216 7700 | www.castelobranco.br Curta /universidadecastelobranco Curta

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uma publicação da:

A

raça Wagyu – matéria de capa desta 18ª. Edição – é originária do Japão, mas desde 1992 esses animais, com características peculiares, chegaram ao Brasil importados pela Yakult. É uma raça muito antiga que existe naquele país desde o século II quando era usada para tração. À custa de um tratamento especial, que inclui massagens e cerveja, ela produz o chamado Kobe Beef, para os consumidores da linha Super Premium, e são produtos muito caros – verdadeiros “bifes de ouro”. A Extensão Rural – um sistema de comunicação e ensino que leva para o campo o resultado das pesquisas, geralmente realizadas nos centros maiores e traz do campo informações sobre os seus problemas e necessidades – teve importância decisiva no desenvolvimento da agropecuária dos Estados Unidos. Aqui no Brasil, durante vários anos, também cumpriu um importante papel. Ela é fundamental no aumento da produtividade das pequenas propriedades rurais que são responsáveis pela maior parte dos alimentos consumidos nas grandes cidades. Os técnicos extensionistas, como os veterinários, agrônomos, assistentes sociais, médicos e técnicos agrícolas, através de uma metodologia própria, levam para o campo instruções capazes não apenas de aumentar a produtividade e o lucro, mas também promover a saúde e o bem–estar dos pequenos produtores e de suas famílias. Trata-se de uma atividade que, por razões indefensáveis, foi praticamente abandonada e que como defende o engenheiro agrônomo e ex-secretário de agricultura do RJ Alberto Figueiredo, diretor da SNA, precisa vol-

tar a funcionar como nos seus melhores dias. Trata-se de matéria importante da qual os homens e mulheres de responsabilidade política precisam tomar conhecimento. Outra matéria que merece destaque nesta edição está assinada pelo Doutor Sebastião Costa Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (GIEFA). Ele nos dá uma posição precisa da situação dessa doença que tem repercussão decisiva sobre as exportações brasileiras de carne. Há bastante tempo o assunto pet = animais de estimação e companhia transcendeu o papel de simples atividade amadorística para transformar-se num negócio de expressão econômica. A jornalista especializada Béth Mélo, nos dá conta de que o Brasil é o segundo maior mercado do mundo nesse setor, com a expectativa de faturar, em 2014, mais de R$16 bilhões, um crescimento de 8,2% em relação a 2013 e perdendo apenas para os Estados Unidos. O Professor Milton Thiago de Mello, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, com a sua grande experiência nacional e internacional no seu artigo em estilo peculiar, defende a tese de que o veterinário precisa conhecer-se melhor, e fornece uma relação das áreas mais carentes de médicos veterinários e que, portanto, representam boas oportunidades de trabalho para esses profissionais. Nesta edição, como em todas as outras, pretendemos divulgar matérias de referência, matérias para ler e guardar, matérias úteis para o setor do agronegócio, o setor que garante a viabilidade econômica do Brasil.

Luiz Octavio Pires Leal Editor Animal Business-Brasil_3


Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga

Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Osaná Sócrates de Araújo Almeida Joel Naegele Tito Bruno Bandeira Ryff Francisco José Vilela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Sérgio Gomes Malta

CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41

Presidente 1º vice-presidente 2º vice-presidente 3º vice-presidente 4º vice-presidente Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor

comissão fiscal Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas Claudio Caiado John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Katia Aguiar Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado

Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade

Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br

Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso

Presidente:

Roberto Rodrigues

TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Joel Naegele Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Antônio Ermírio de Moraes Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Senadora Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen

Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Eliel Marcos Palamim Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial

É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Ediouro Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000


Sumário

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A inserção da raça Wagyu no mercado brasileiro de carnes

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Febre aftosa: de onde viemos, onde estamos e para onde vamos

Ovinocultura sem fronteiras

Ciência e Tecnologia Está na hora de reinventar a Extensão Rural, ferramenta indispensável para aumentar a produtividade do campo Medidas práticas para controle da mastite e melhora da qualidade do leite Demarcação das terras indígenas

O papel dos alimentos processados

Piscicultura e pesca riquezas mal exploradas

45 52 54 56 60 63 66

Brasil tem o segundo maior mercado pet do mundo

Veterinário: Conhece-te a ti mesmo

Gestão das equipes de trabalho nos centros equestres

Sustentabilidade e competitividade na pecuária de corte na Amazônia O que o setor do agronegócio espera do governo para os próximos 4 anos Top News

Opinião

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A inserção da raça Wagyu

no mercado brasileiro de carnes Por:

Isadora Vercesi Bethlem - Graduanda da ESALQ/USP, Lucas Palamim - Graduando da ESALQ/USP, e Roberto Arruda de Souza Lima - Prof. Dr da ESALQ/USP.

Eliel Marcos Palamim

Dois dos principais fatores que determinam o sabor da carne vermelha são: o teor e a qualidade da gordura entremeada na musculatura, conhecida como marmoreio. É esta gordura que confere características como a maciez, aroma e suculência. Carnes com excelência nesses atributos são denominadas Super Premium e formam um segmento de mercado de preços significativamente mais elevados e que se encontra em expansão nacional e internacionalmente.

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P

ara criação de bovinos visando ao mercado Super Premium, nos últimos anos tem se destacado, no Brasil, a criação do gado Wagyu, cuja carne apresenta elevado grau de marmoreio. A criação desta raça exige cuidados diferenciados desde o nascimento. Em animais destinados à produção de carne é necessário uma alimentação balanceada e um fornecimento controlado ao longo das fases da vida, para evitar acúmulos de gorduras indesejáveis e, assim, maximizar a produção de células de adipócitos precursoras do marmoreio, segundo o médico veterinário e vistoriador técnico de Registro da Associação Brasileira de Criadores Bovinos da Raça Wagyu (ABCBRW), Eliel Marcos Palamim.


A preocupação na criação é tanta, que há criadores que aplicam massagem para relaxar o gado e há quem forneça cerveja ao animal, buscando alterar a microbiota ruminal e assim aumentar o apetite e melhorar o aproveitamento de nutrientes na digestão.

Figura 1. Marmoreio presente na carne do Gado Wagyu.

Eliel Marcos Palamim

Raça japonesa O gado Wagyu é uma raça japonesa, com origem datada no século II, época em que os primeiros bovinos chegaram ao arquipélago para exercer a função de tração animal. A raça permaneceu desconhecida do resto do mundo até o século XIX. Somente com a abertura do Porto de Kobe ao comércio internacional, ocorrida em janeiro de 1886, é que sua carne ganhou repercussão, resultando também na sua denominação mais conhecida: Kobe Beef.

No Brasil Os primeiros exemplares de gado Wagyu chegaram ao Brasil em 1992, importados pela empresa Yakult. Desde então vem conquistando tanto consumidores da linha Super Premium (mercado Gourmet) quanto novos criadores. Hoje, os 50 criadores da raça no território nacional permitiram que o Brasil alcançasse a atual quarta posição no ranking de produtores mundiais. Estima-se que há mais de 35.000 animais cruzados da raça e 5.000 animais puros no país.

Marmoreio A gordura que proporciona o marmoreio (Figura 1) é comparável à gordura insaturada, rica em ômega 3, responsável pelo colesterol bom (HDL). A raça Wagyu é dividida entre espécies de pelagem preta (Black Kobe) e pelagem avermelhada (Red Kobe). As características únicas do Wagyu e os cuidados exigidos em sua criação permitem que a carne seja comercializada a preços bem superiores à média. Em Nova Iorque, o bife é vendido por valores acima de US$ 800 e o hambúrguer por mais de US$ 80 no Japão. No Brasil, há uma crescente preocupação com a origem e com a qualidade da carne consumida e, simultaneamente, com a busca por alimentos de alto valor agregado.

Valor da carne A produção brasileira é muito competitiva, com custos bem inferiores aos dos demais países produtores, sendo que tanto machos quanto fêmeas podem ser destinados ao abate com a mesma valorização. No país, o quilo da carne de um animal puro chega a custar R$ 300,00 e o criador consegue obter um faturamento médio de R$10.500,00. Os negócios são realizados diretamente entre criadores e clientes finais, sem a intermediação de frigoríficos, que atuam como prestadores de serviços terceirizados. O peso médio de abate do gado Wagyu é de 750 kg aos 30 meses de vida e possui um rendimento médio de carcaça de 57%, e de cortes comerciais desossados de 250 kg. Os cortes do dianteiro possuem extrema qualidade e maciez, o que possibilita maiores aproveitamentos em cardápios Gourmet.

Selo de garantia Um passo importante para consolidação da produção de carne de Wagyu no Brasil é a criação de um selo de certificação de qualidade. Esse trabalho é realizado pela ABCBRW, em conjunto com os criadores membros da Associação, para garantir a origem e até mesmo diferenciar a carne de animais puros dos cruzados. Junto a isso, realizam a classificação de

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Figura 2. Classificação do marmoreio BMS (Beef Marbling Marmoreio Standard) BMS 1

Qualidade

Tipo 1 – Ruim

marmoreio e coloração da carne e da gordura, com base em uma tabela de classificação, como a ilustrada na Figura 2. Importante notar que estes critérios de classificação levam maior transparência e informação para os consumidores.

Priorização da qualidade BMS 2

Tipo 2 - Regular

BMS 3 Tipo 2 – Bom BMS 4

BMS 5

BMS 6

Tipo 4 – Muito Bom

BMS 7

BMS 8

BMS 9

BMS 10

BMS 11

BMS 12

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Tipo 5 – Excelente

Pelo exposto, observa-se que o aumento do número de produtores ocorre justamente em um período de mudança dos padrões de consumo do brasileiro, onde a qualidade é priorizada e quesitos como o marmoreio são vistos e valorizados. Essa escolha mais requintada do consumidor, que busca até conhecer o local de origem e a procedência de sua compra, fornece o cenário ideal para o desenvolvimento da raça no país. Assim, o boi Wagyu tem muito a contribuir ao mercado de carnes do Brasil, seja em sua forma pura ou a partir de cruzamentos. A raça agrega valor ao rebanho do produtor, que consegue comercializar uma carne de maior qualidade por um preço mais elevado.


FEBRE AFTOSA: de onde viemos, onde estamos e para onde vamos Por:

Dr. Sebastião Costa Guedes - diretor de sanidade animal do Conselho Nacional da Pecuária de Corte – CNPC e presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa – GIEFA.

O diretor de sanidade animal do Conselho Nacional da Pecuária de Corte – CNPC e presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa – GIEFA, Dr. Sebastião Costa Guedes, faz uma retrospectiva sobre a história da febre aftosa no Brasil e aponta para qual caminho estamos seguindo em relação a esta enfermidade animal de extraordinária importância econômica.

como assunto prioritário em matéria de saúde animal por países que são grandes produtores e exportadores de carne bovina.

Tema que preocupa No Brasil não é diferente. Segundo dados do IBGE, o Brasil conta hoje com um efetivo bovino de 208 milhões de cabeças, sendo o maior exportador de carne bovina e o segundo maior produtor, portanto Febre Aftosa é um tema que preocupa muito os elos da cadeia da pecuária. EXPORTAÇÕES X FOCOS DE AFTOSA 7000 6000 5000 4000 3000 2000

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ocumentada pela primeira vez na história ainda no século 16, na Itália, por Fracastorius, um monge e médico do Papa no famoso Concílio de Trento, a Febre Aftosa é sem dúvida a doença animal com maior impacto econômico, seja pelas perdas diretas em virtude dos sintomas clínicos, levando à diminuição da produção, mas principalmente por perdas em decorrência da impossibilidade de atuar no mercado internacional por conta dos embargos dos países importadores de nossa carne. Por esse motivo a febre aftosa é considerada uma enfermidade de altíssima importância e é tratada

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

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Número de focos de febre aftosa Exportação em US$ milhões

Fonte: ABIEC & OIE

O Brasil iniciou efetivamente o combate à febre aftosa na década de 1950, com a criação do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa – PANAFTOSA (um órgão da Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS) pelo então presidente Getúlio Vargas, neste mesmo período iniciava-se a produção de vacina no Instituto de Biologia

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Animal - IBA (UFRB – Rio de Janeiro), também no Instituto Biológico em São Paulo, pelo setor privado as pioneiras foram Leivas Leite e Noli, ambas no Rio Grande do Sul.

Início da campanha Na década de 1960, o governo inicia ações para organizar o controle. Em 1963 inicia a Campanha de Combate à Febre Aftosa e em 1964 institui-se o Grupo Executivo de Combate à Febre Aftosa iniciando as atividades no Rio Grande do Sul. Nesta mesma década, aumentou a participação do setor privado, principalmente de empresas internacionais na produção de vacinas, onde podemos destacar a participação de firmas como Rhodia, Coopers, Blemco e Pfizer. A década de 1970 foi de incentivo e expansão, com melhor organização dos programas existentes e início do pensamento voltado à erradicação da doença, também de trabalho em sincronia coordenada com a América do Sul. Na mesma década houve a criação da Comissão Sul-Americana para Erradicação da Febre Aftosa – COSALFA, um fórum de discussão e troca de experiências entre os países da região para melhor compreensão dos programas de erradicação e discussão de estratégias. Da COSALFA sempre participaram delegados dos setores público e privado de cada país. Foi criado também o projeto Bacia do Prata, importante ferramenta no Conesul para diminuição dos focos e intensificação de estudos sorológicos para analisar a circulação viral. Foi nesta mesma década que houve um grande avanço na tecnologia de vacinas, com a descoberta da vacina oleosa pelo PANAFTOSA, que

alongou a imunidade dos animais e o intervalo entre as vacinações, o que reapresentou também diminuição nos custos para os produtores.

Grandes avanços As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas por grandes avanços e a expressiva redução dos focos. Alavancado pelo importante trabalho do CNPC e com forte participação do setor privado, muitas ações foram tomadas para melhoria da situação de combate à aftosa no Brasil, como a criação dos circuitos pecuários. Na década de 1990 destaca-se a implantação da política de erradicação com regionalização das ações e meta de país livre. Em 1992, iniciou-se no Brasil o processo de erradicação da Febre Aftosa, com a criação do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, um importantíssimo marco e principal ferramenta de orientação para os estados avançarem em seus programas de controle e erradicação. Iniciava também a luta para ter o reconhecimento da OIE para a regionalização das áreas nos grandes países, onde podemos destacar o trabalho de Santa Catarina – pioneiro em “livre com vacinação” e depois em “livre sem vacinação”. Nesta mesma década, o Chile erradicou a doença e o Uruguai foi o segundo a erradicar, retirando a vacinação na metade da década. O Uruguai, entretanto, cometeu um erro ao encerrar toda a atividade de manipulação do vírus e proibir radicalmente a produção da vacina naquele país, tornando-o dependente de países vizinhos quando a doença foi reintroduzida. Do ano 2000 em diante, o pensamento de erradicação se consolida, com incremento nos traFernando Dias/ Secom SC

O Brasil produz vacinas contra a Febre Aftosa, da melhor qualidade.

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balhos de levantamento dados e ações de campo para inquéritos sorológicos, com objetivo de evolução de status, não só no Brasil, mas também nos outros países da América do Sul. Nesta mesma década, o Rio Grande do Sul acompanhou o Uruguai e retirou a vacinação em 2001, também a Argentina retirou a vacinação na mesma época, porém na Argentina surgiram focos ignorados por longos meses em 2001, fazendo com que a aftosa se expandisse com milhares de focos neste país e também no Uruguai. Este último país teve prejuízos de US$ 720 milhões devido a esta epidemia que encontrou seu rebanho totalmente suscetível, pois há cinco anos não vacinava. Pouco tempo depois, a mesma situação de reaparecimento de focos no RS, que rapidamente retomou a vacinação. Na ocasião o Brasil, através do SINDAN, doou um milhão de doses ao governo uruguaio.

A criação do GIEFA Em 2004, na Conferência de Ministros da Agricultura e Saúde, organizada pela OPAS e pelo USDA, em Houston (Texas/USA) foi criado o GIEFA – Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa, importante ferramenta na evolução dos trabalhos voltados para a erradicação e fórum importante na discussão e seleção de prioridades para a erradicação continental, sempre envolvendo representantes de setores público e privado das seis regiões das Américas a saber: NAFTA, Caribe, América Central, Região Amazônica, Região Andina e Cone Sul. O GIEFA valorizou muito o conceito de solidariedade continental propiciando a aplicação de recursos públicos e privados nos países e regiões mais carentes da América do Sul. Custeou estudos epidemiológicos e atividades de treinamento e extensão rural para proprietários e mão de obra no campo. O GIEFA, durante esses anos, realizou importantes trabalhos de atualização soro-epidemiológica, principalmente na Bolívia, Equador, Paraguai, Argentina e Brasil. Promoveu planos cooperativos entre Equador e Peru, Equador e Colômbia e Colômbia e Venezuela. Coordenou visita de empresários do agronegócio americano ao Brasil, Paraguai e Bolívia. Viabilizou empréstimos do BID para a Bolívia adquirir veículos para seus veterinários e conseguiu recursos americanos do PL 4.80 para o laboratório de diagnóstico veterinário boliviano.

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA FEBRE AFTOSA E ZONA LIVRE DA DOENÇA - 2014

Zona livre de febre aftosa com vacinação reconhecimento OIE Zona livre de febre aftosa sem vacinação reconhecimento OIE Risco Médio (BR-3) Alto Risco (BR-4)

Fonte: MAPA

A evolução no Brasil É inegável a evolução do Brasil na luta para erradicar a febre aftosa, um trabalho muito bem coordenado, que prosperou principalmente após engajamento do setor privado. Hoje a atual situação do Brasil: 77,2% do território nacional é reconhecido como livre de febre aftosa e envolve 25 estados brasileiros, 99% do rebanho doméstico susceptível esta vivendo em zonas livres da doença. A última ocorrência de febre aftosa no país foi registrada em 2006. O estado de Santa Catarina está reconhecido pela OIE como zona livre de febre aftosa sem vacinação desde 2007. No ano de 2014, 8 estados da região nordeste e parte do Pará receberam status de livre com vacinação pela OIE. Faltam apenas incluir os estados do Amapá, Roraima e parte do Amazonas nas zonas livres e teremos todo o país sem a doença. Para permitir a eventual evolução do programa de erradicação, ainda torna-se necessário encarar nossa realidade continental, com extensas fronteiras secas de difícil controle.

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Preocupação sul-americana A Febre Aftosa deve continuar sendo uma preocupação sul-americana em todo o continente. O Brasil já sentiu fortemente os efeitos devastadores que essa enfermidade pode causar. Na última década o Brasil teve alguns focos com destaque. Em 2004, ocorreram focos em Monte Alegre (PA) e no município de Careiro da Várzea (AM), próximo a Manaus. O surto acarretou o embargo de carnes suína, bovina e de frango pela Rússia gerando grandes perdas econômicas. Já em 2005 com os focos do Mato Grosso do Sul e do Paraná, 52 países limitaram as compras de carne do Brasil. Alguns países restringiram as importações apenas do Estado do Mato Grosso do Sul, como a Rússia, o Chile e a Inglaterra. No entanto, a União Europeia, Israel e África do Sul embargaram a carne importada tanto do Mato Grosso do Sul como dos seus Estados vizinhos: São Paulo e Paraná. Com isso, a restrição atingiu cerca de 80% do volume exportado de carne bovina “in natura” e 20% da carne suína. Para atingir o atual nível de evolução foi necessário muito trabalho dos serviços veterinários oficiais, apoiados grandemente pelo setor privado, onde o protagonismo de entidades como o GIEFA, CNPC e SINDAN fizeram a diferença. Entidades estas que trabalharam pelo fortalecimento das instituições envolvidas em todas as atividades, lutaram pelo levantamento de recursos para execução das ações de vigilância ativa e

Para atingir o atual (alto) nível de evolução (no controle da Febre Aftosa) foi necessário muito trabalho dos serviços veterinários oficiais, apoiados grandemente pelo setor privado

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passiva junto aos estados brasileiros e também nos países vizinhos com menos infraestrutura.

Ator importante O CNPC foi importante ator, tendo voz ativa nas discussões sobre as ações para erradicação e controle da febre aftosa nos fóruns da Câmara Setorial da Carne Bovina do MAPA, no Fórum Permanente da Pecuária de Corte da CNA – FNPPC e na Comissão Sul-Americana para a luta contra a Febre Aftosa – COSALFA. Financiou uma atualização da situação epidemiológica e da infraestrutura da defesa sanitária animal nos estados das regiões Nordeste e Norte do Brasil. Realizou diversos eventos e reuniões com a participação dos mais importantes líderes em sanidade animal dos setores público e privado nacional e internacional. Promoveu fóruns internacionais junto com a ABCZ em duas EXPOZEBU em Uberaba, onde o BID/IADB também se fez presente oferecendo linhas de crédito e efetuando doações aos carentes. Participou de inúmeras atividades de campo para avaliação dos trabalhos de combate, controle e vigilância. Importante ressaltar ainda a respeitável parceria entre o CNPC e a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS (entidade da Organização Mundial de Saúde – OMS) através do PANAFTOSA, por meio de acordos de cooperação técnica. Nos últimos 5 anos, foram transferidos recursos da ordem de mais de um milhão de dólares, doados principalmente pelo SINDAN, para execução de trabalhos com objetivo de erradicar a aftosa na América do Sul, onde tem merecido destaque os trabalhos efetuados no Equador, este país que conseguiu reduzir de 49 focos oficiais/ano para nenhuma ocorrência em 4 anos. Com esses mesmos recursos são produzidos também os kits e sets (3ABC, EITB, CFL) que atestam a qualidade das vacinas contra aftosa, proporcionando tranquilidade à cadeia da pecuária de corte com relação a este importante tema. Também são essenciais para levantamentos da circulação viral e do nível imunitário dos rebanhos. Conhecendo bem os efeitos negativos da ocorrência de um foco, a dimensão das tarefas realizadas, o Brasil tem continuado um intenso trabalho para manutenção do status e também para evolução do seu programa de erradicação.


SEAPEC

A vacinação sistemática é a arma principal contra a Febre Aftosa.

Atualmente com 99% do rebanho estando dentro dos limites geográficos com reconhecimento da OIE como zona livre com vacinação, o Brasil passa a pensar nos próximos passos. O Brasil tem hoje capacidade instalada para 640 milhões de doses de 5ml de vacina trivalente/ano. Possui 5 fábricas distribuídas por dois estados e uma na Argentina. Uma recente missão da OIE passou pelo Brasil e alertou que só teremos tranquilidade quando toda a América do Sul for certificada como livre com ou sem vacinação. Para tal deve haver em nível nacional e continental um programa detalhado das ações essenciais para estabelecer banco de antígenos, banco de reserva de vacinas, exportação de vacinas a outros continentes, infraestrutura para vigilância ativa e passiva entre outras prioridades. Este programa deve ser discutido entre governos e setores privados para que se assegure o êxito esperado. Importante fator é aderir e fornecer recursos ao Fundo Mundial de Combate a doenças que a OIE e a FAO coordenam para assegurar que países e regiões carentes tenham recursos para

desempenharem suas atividades e não causarem problemas a si próprios e aos seus vizinhos. Com isto vamos reforçar o apoio a regiões mais carentes do nosso continente. A ABIEC já está contribuindo para este fundo. O SINDAN vem alocando recursos ao PANAFTOSA e discute participação neste fundo. O CNPC está buscando envolver federações de produtores com o mesmo objetivo.

Bill Gates O Fundo Mundial tem obtido grandes doações da Fundação Bill Gates e dos governos e entidades da Austrália, Espanha, EUA, Itália e Japão. Pela sua importância como grande produtor de proteína animal, o Brasil deve ter presença mais marcante neste fundo e com isso priorizar a aplicação dos recursos em áreas carentes da América do Sul. O Brasil e os países vizinhos precisam desenvolver programas transparentes e confiáveis para conseguir fazer das Américas o primeiro continente livre desta enfermidade de grande repercussão econômica.

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O agronegócio possui um grande parceiro capaz de contribuir para seu desenvolvimento sustentável em todo o estado. Por meio de cursos, consultorias e um atendimento especializado, o Sebrae/RJ incentiva e participa de toda a cadeia, desde a criação até a comercialização, sem esquecer da responsabilidade ambiental. Venha conversar com quem sabe que no agronegócio não existe bicho de sete cabeças.

www.sebraerj.com.br | 0800 570 0800


Ovinocultura sem fronteiras Por:

Paulo Augusto Franzine: presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Dorper (ABCDorper). Informações: secretaria@abcdorper.org.br ou www.abcdorper.org.br

Desde maio de 2014, quando da assembleia anual da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal), comemoramos uma grande conquista da pecuária brasileira: a derrocada das barreiras contra febre aftosa em toda a Região Nordeste. Em outras palavras, criadores antes impedidos por corredores sanitários poderão transitar livremente pelo País sem enfrentar processos burocráticos e onerosos, como a quarentena. Iniciamos um projeto audacioso para estimular a organização da cadeia produtiva ovina, apresentando peculiaridades e cases. Já passamos por Pernambuco, Ceará, Alagoas, Piauí e Bahia.

E

ntendo que essa deve ser nossa responsabilidade, afinal é inconteste a participação das raças Dorper e White Dorper no desenvolvimento de um padrão de qualidade para a carne de cordeiro nacional. Tanto é verdade que o produto resultante do cruzamento com essas raças de origem sul-africana foi o primeiro a receber certificação de padrão internacional. De modo geral, não podemos esquecer jamais que foi por causa dessa preocupação que criamos demandas maiores para o produto carne e nossa genética. Agora, temos de combater a clandestinidade e produzi-la em escala comercial. E acreditem, valerá muito a pena. Nunca antes na história da ovinocultura, a remuneração foi tão boa. Temos a faca e o queijo nas mãos.

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Nordeste E quando falamos nesse assunto, é preciso entender que o Nordeste será crucial no desenvolvimento da ovinocultura. Cerca de 56% do rebanho nacional de ovinos, ou 10 milhões de cabeças, estão nessa região. Deste total, quase um terço está na Bahia. Soube de produtores de gado que preferiram migrar para nossa atividade ao ver seus rebanhos, aos poucos, definharem em virtude das constantes secas. A queda dessas barreiras por si só não é santo milagroso. Darei um exemplo. A Bahia, assim como Sergipe, recebeu classificação de zona livre de aftosa com vacinação em 2003, só que de lá pra cá pouca coisa mudou. O produto de origem, dentro dos padrões sanitários, continua enfrentando concorrência desleal do abate “não oficial”. Lá, um estabelecimento credenciado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) opera com menos de 50% da capacidade. Enfrentam extrema dificuldade, mesmo firmando parcerias com produtores. Esse, aliás, é um hábito quase arraigado na cultura regional. Os nordestinos, assim como os sulistas, sabem produzir essa carne como poucos, mas, por incrível que pareça, até lá existem restaurantes importando para atender suas clientelas. Não se sintam desanimados, caros leitores, este é um cenário que certamente mudará. Pense num mercado sem concorrência, pronto para ser explorado.

Qualidade A qualidade será essencial no processo, sem a qual não vamos para lugar nenhum. O que o consumidor deseja é a carne de cordeiro, de ani-


Os carneiros das raças Dorper e White Dorper têm alta produtividade.

Nunca na história da ovinocultura a remuneração foi tão boa. Temos a faca e o queijo nas mãos, mas a qualidade será essencial no processo

mais abatidos ainda jovens. Lembre-se que por um lado faltam ovinos, mas do outro tem gente disposta a produzi-los, mesmo enfrentando burocracias que desaceleram nossa economia. Em Xique-Xique, na Bahia, por exemplo, um projeto gigantesco dá seus primeiros passos, com a inseminação de 600 matrizes comerciais. Ele só deve se estabilizar quando atingir a marca de 15 mil matrizes. Parcerias podem fazê-lo crescer ainda mais. Isso virá com o tempo, certamente. E existem outros exemplos, como no Ceará, onde uma companhia de alimentos processa mais de 200 toneladas de carne por ano. A partir de tecnologias simples, ainda pouco exploradas, como a inseminação artificial convencional,

conseguem índices de fertilidade acima de 75%. Já em Alagoas, iniciativas público-privadas tentam expandir o rebanho e o número de criadores na tentativa de abastecer as demandas da capital Maceió e das grandes cidades do interior. A grande promessa virá mesmo com o lançamento de um frigorífico credenciado que só se pronunciará oficialmente após o início das atividades.

Genética Para sustentar o desejo de consumo que despertamos, se faz necessário investir em genética. E os criadores que a levam em conta, de certa forma, vão muito bem. Os nordestinos ainda resistem em usar carneiros selecionados, mas quando o fazem, logo se rendem aos ganhos da heterose, fazendo girar um mercado que ainda tem muito a crescer. Com essa nova realidade, conseguirão divulgar seu trabalho de maneira ágil e valorizar seus plantéis. Todos têm a chance de se beneficiar dessa conquista, basta apenas vontade, investimento e tino empreendedor. A ovinocultura só vai prosperar quando houver matéria-prima suficiente para atender ao consumidor. E para alcançar tais objetivos, a boa e velha genética se faz mais necessária do que nunca. Animal Business-Brasil_17


Por: Adeildo

Lopes Cavalcante

Medicamento para combate das principais doenças dos bovinos

Marcelo Brito Filho

Empresa que atua na fabricação e comercialização de medicamentos para a pecuária, a Zoetis desenvolveu, através do setor de pesquisas, a Terramicina Mais, indicada para o combate das principais doenças dos bovinos, entre elas pneumonia, podridão dos cascos, mastite, cerato-conjuntivite e diarreia. “Já no mercado, o novo produto permite rápido retorno dos animais à produção, pois o efeito do anti-inflamatório proporciona bem-estar, enquanto o antibiótico presente na fórmula combate a causa da infecção”, explica o gerente de produtos da Zoetis, André Fernandes.

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Nova técnica permite rastrear bovino pelo focinho Pesquisadores testaram, com sucesso, na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, em Pirassununga (SP), uma técnica que permite a identificação biométrica em bovinos pelo focinho. Segundo a zootecnista Carolina Melleiro Gimenez, esta parte da cabeça do animal possui linhas únicas que permitem distingui-los. “Conseguimos obter um padrão genérico do focinho por meio do processamento de imagens”, diz, esclarecendo “que os padrões distinguem cada animal, assim como uma impressão digital pode distinguir cada ser humano”. A técnica proporciona maior segurança ao sistema de rastreamento de bovinos, seja de corte ou de produção de leite. Atualmente, a maioria das propriedades utiliza técnicas de identificação por brincos, fixados na orelha dos animais.


Com o emprego da técnica, desenvolvida pela Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba, em Minas Gerais, é possível reduzir em até 50% os gastos com água e energia na irrigação de pastagens. Essa economia é obtida por meio do monitoramento do volume de água. Uma estação meteorológica automatizada controla a quantidade de água de que as plantas necessitam. Com o novo sistema são aplicados cinco ml por m2. Com técnicas convencionais seriam aplicados 12 ml por m2.

Divulgação

Irrigação de pastagem: técnica garante economia de água e energia

A pastagem é a fonte principal de alimentação de animais de produção, entre ele os bovinos, e é irrigada geralmente nos períodos secos do ano.

Casale: distribuidor de ração econômico e de fácil manejo

Casale

Especializada na fabricação de equipamentos para a pecuária bovina de carne e de leite, a Casale projetou, através do seu setor de tecnologia, um distribuidor de ração para suplementação alimentar de gado criado a pasto ou em sistema de confinamento. Trata-se do Feeder SC 45, o qual facilita o manejo do criador e evita desperdício de alimentos, gerando economia para o pecuarista. “O equipamento, que transporta e distribui até três toneladas de ração, dispõe de diversos diferenciais, como: sistema de pesagem com GPS e um software desenvolvido para monitorar o abastecimento e o consumo em todos os locais de distribuição.

Laser é usado para avaliar a qualidade de sêmen bovino Foi desenvolvida, na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais, uma técnica que permite, por meio do emprego de raios laser, avaliar a qualidade do sêmen de reprodutores bovinos com maior precisão e menor custo. Através de uma luz laser chega-se a um percentual de movimentação e velocidade dos espermatozoides, o qual é analisado comparativamente com os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que a partida de sêmen possa ser comercializada pelas centrais de inseminação artificial.

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Liany Cavalaro

FZEA desenvolve mortadela mais saudável com óleo de soja

Embrapa

O produto, que contém óleo de soja em substituição à gordura suína, foi desenvolvido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo, em Pirassununga. “Verificamos que essa substituição não prejudicou aspectos tecnológicos importantes, como o rendimento, a textura, a oxidação lipídica e a estabilidade microbiológica (vida de prateleira) do produto”, diz o coordenador do estudo, o professor Marco Antônio Trindade, da FZEA. Geralmente as mortadelas são dotadas de pedaços de gordura aparente (algumas marcas já oferecem o produto com essa característica). “O produto desenvolvido na FZEA não tem essa gordura aparente, mas apresenta o mesmo teor de gordura e proteínas das mortadelas comerciais, que gira entre 12% e 15%”, diz o professor.

Embrapa desenvolve galinha caipira de alta produção de ovos Denominada Galinha Embrapa 051, a ave foi desenvolvida no núcleo Suínos e Aves da Embrapa, empresa que cuida da pesquisa agropecuária no país. O animal resulta do cruzamento entre aves das raças Rhode Island Red e Plymouth Rock Branca e pode ser criada em qualquer parte do país, solta ou em piquete (cercado). A grande vantagem da poedeira 051 é que ela produz de 280 a 300 ovos a cada período de produção, enquanto uma galinha caipira comum atinge 80. Outra vantagem: após o período de postura, as aves podem ser abatidas, servindo para consumo doméstico ou industrial.

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Está na hora de reinventar a Extensão Rural, ferramenta indispensável para aumentar a produtividade do campo Engº Agrº Alberto Figueiredo

Em seu antológico artigo “Receio de Tecnologia”, publicado na revista Balde Branco nº 598 de agosto de 2014, o eminente professor Vidal Pedroso de Faria, resumiu o que certamente representa o maior entrave ao aumento de produtividade das atividades agropecuárias desenvolvidas no Brasil, em especial, a pecuária leiteira: “Existem indicações claras de que ainda persistem no País restrições de diferentes naturezas para a adoção de conceitos técnicos, fundamentados em conhecimento científico, destinados à melhoria da produção de leite sob o ponto de vista de quantidade, produtividade e, sobretudo, da transformação da pecuária leiteira (e todas as outras) em atividade levando em conta o aspecto econômico”.

M

ais adiante, continua o professor sua reflexão realista: “A concepção generalizada de que tecnologia está associada a dificuldades econômicas é antagônica à encontrada em regiões desenvolvidas, onde se aplica tecnologia visando melhorar e aprimorar

Juliana Caldas - Embrapa Cerrados

Por:

Os chamados "Dias de Campo" são um recurso fundamental da Extensão Rural.

o uso dos fatores produtivos e incrementar o resultado econômico das fazendas produtoras de leite.” (E de outros produtos).

Desconhecimento do que é tecnologia Pedroso de Faria finaliza com um desafio que precisa ser encarado de frente por todos, quer pelo papel de liderança que exercem, ou pela responsabilidade de condução de órgãos públicos ligados ao setor, deveria ser transcrito e colocado à vista na mesa de trabalho de cada um: “O desconhecimento do significado real e correto do que é tecnologia, dificulta uma mudança radical na concepção de como produzir leite no Brasil, de modo a colocar o País num patamar de produtor eficiente.”

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Talvez nessas sábias palavras do professor, em tom até de desabafo, esteja contido o mais coerente conceito de Extensão Rural.

Início da Extensão Rural Certamente, na década de 40, quando os primeiros brasileiros tomaram conhecimento da iniciativa da Fundação Rockfeler americana e criaram o embrião da extensão rural brasileira, através da Associação de Crédito e Assistência Rural no estado de Minas Gerais, a preocupação deveria ser a de encontrar maneiras de transferir conhecimentos úteis aos produtores rurais, objetivando a melhoria das condições de vida dos mesmos e suas respectivas famílias. A concepção original do serviço se baseava em uma equipe composta por um técnico de nível superior com formação na área agropecuária, uma assistente social, também com currículo adequado à realidade do campo, que era complementada por um profissional de nível médio, também do ramo. Essa célula mineira foi sendo difundida e implantada nos diversos estados da Federação, até que se organizaram nacionalmente, sob a coordenação da Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural, a ABCAR. Não bastava, no entanto o técnico e sua equipe, a bordo de um jipe, saírem pela roça “vomitando” conhecimentos adquiridos nas respectivas faculdades. Havia necessidade de entendimento prévio da realidade do local em que iriam trabalhar e, para tanto foram feitos muitos e importantes diagnósticos nos diversos rincões do interior brasileiro. Além disso, os técnicos sentiam necessidade de apoio em relação às tecnologias mais adequadas a cada realidade encontrada.

Comunicação entre Pesquisa e Extensão Rural E foram criadas linhas de comunicação entre a pesquisa e a extensão rural, objetivando a transferência de tecnologia. Originalmente com projetos de pesquisas nas próprias universidades, ou em alguns institutos de pesquisa, na atualidade, mais representada pela Embrapa, que é motivo de orgulho nacional e internacional. 22_Animal Business-Brasil

Mas não bastava possuir o conhecimento. Era necessário saber como transferi-lo aos interessados. No processo de desenvolvimento e estruturação do sistema nacional de extensão rural, milhares de cursos foram realizados, de modo a permitirem ao profissional de campo conhecer, desde técnicas de comunicação, como, por exemplo, o tamanho adequado de letra que deveria ser utilizada para a apresentação de uma informação através de álbum seriado, passando por detalhes de comportamento pessoal e chegando ao requinte de conhecimento de pedagogia, no que diz respeito às fases que necessariamente deveriam ser obedecidas desde o primeiro contato do produtor com uma nova informação, passando pela fase de atenção, interesse, motivação e, finalmente, adoção.

A importância fundamental da confiança Para que tudo isso pudesse acontecer, um fator sempre se destacou como fundamental e imprescindível: a confiança. Mesmo conquistada, podia ser perdida, por conta de qualquer vacilo por parte do técnico, quer no ponto de vista da veracidade da informação, quer do comportamento ou cumprimento de compromisso. Por imposição do poder público nacional, na década de 70, o sistema ABCAR foi transformado em empresa pública, surgindo, no cenário, a EMBRATER e nos estados as EMATER (Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural).

A influência nociva da política Como na maioria das entidades vinculadas ao poder público, tanto a entidade nacional, quanto as estaduais, passaram a sofrer forte influência política, desde conteúdo ideológico, até na fragilidade imposta nos estados aos seus dirigentes, ao ponto de inibirem a uma simples transferência de profissional de um município para outro, para não “desagradar” o deputado, prefeito, vereador ou amigo de algum deles. A reciclagem técnica e pedagógica dos profissionais foi sendo relegada a segundo plano, ao mesmo tempo em que a montagem do quebra-cabeça, relativa à disponibilidade de infraestrutura física (escritórios, veículos, combustível, etc.) foi se tornando cada vez mais difícil.


A ausência de planejamentos bem fundamentados, com objetivos e metas definidos, combinada com a insegurança profissional de muitos técnicos e a precariedade de infraestrutura necessária, tem provocado um distanciamento entre os profissionais da extensão rural em relação ao público alvo prioritário de suas ações, ao ponto de se transformar na principal reivindicação de produtores, a efetiva assistência técnica para a tomada das muitas decisões a que são obrigados no dia a dia de sua difícil e importante missão.

A deterioração do sistema Em alguns estados, o sistema de extensão rural foi fundido à pesquisa, em outros padece por falta de apoio do respectivo estado, em outros, se limita a desempenhar papel aglutinador

para programas grupais, cada vez mais difícil, em função da perda da liderança, por conta do distanciamento com o público alvo.

Um sonho, uma expectativa Se é verdade que o sonho permite a ampliação da expectativa de vida, ponhamo-nos a sonhar que, o nascimento de Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), traga de volta os fundamentos da antiga ABCAR e que, profissionais covardemente expulsos prematuramente de suas atribuições, possam encontrar razões adequadas para o esforço que empreenderam na implantação de um sistema que tem todos os predicados para promover uma verdadeira “mudança radical” no sistema de produção rural do Brasil, como desafia o professor Vidal.

Vanessa Almeida de Moraes

Apicultores aprendem na prática as modernas técnicas de produção de mel e de derivados.

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Björn Qvarfordt

Técnico habilitado realizando manutenção preventiva no equipamento de ordenha

Medidas práticas

para controle da mastite e melhora da qualidade do leite Por:

Renata Travaglini Gonçalves – especialista em qualidade do leite (De Laval)

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Produzir leite de qualidade é desejo tanto dos produtores quanto dos laticínios pois resulta em maior rendimento dos derivados lácteos e mais lucro por litro de leite produzido.

A

origem do leite deve ser de animais saudáveis e a qualidade deve ser preservada da ordenha na fazenda ao beneficiamento no laticínio. Obtendo um leite de qualidade e garantindo sua manutenção na ordenha e armazenamento na fazenda, preservamos boa parte da qualidade da matéria-prima que chegará à mesa do consumidor.

Os três pilares A qualidade do leite produzido é avaliada por três pilares: a Contagem de Células Somáticas - CCS; a Contagem Bacteriana Total - CBT; e o teor de sólidos do leite. É considerado de qualidade alta um leite com baixos índices de CCS e CBT, com alto teor de sólidos. Desta forma, para obter baixos os índices de CCS e CBT devemos manter animais saudáveis no rebanho, garantir a retirada do leite de forma higiênica e a manutenção da sua qualidade pelo resfriamento imediato após ordenha. Inclusive temos em vigor a Instrução Normativa IN-62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA, que determina os limites máximos aceitáveis desses índices de qualidade para cada região do Brasil.

Controle na fazenda Para garantir a qualidade do leite, é necessário estabelecer alguns pontos de controle na fazenda, tais como: controle efetivo da mastite no rebanho; implementar boas práticas de ordenha; assegurar a manutenção preventiva e a limpeza correta dos equipamentos e tanque; e garantir o resfriamento adequado do leite.

Mastite A mastite é uma doença multifatorial que causa os maiores prejuízos à produção de leite.

Seu controle tem como objetivo a eliminação de infecções do rebanho, devendo ser feito de diferentes formas: por tratamento da vaca seca; descarte de animais crônicos; identificação e tratamento imediato de casos clínicos; e redução de novas infecções. A prevenção de novos casos de mastite é fundamental para a qualidade do leite e através da adoção de manejo de ordenha adequado e manutenção dos equipamentos já é possível evitar novas infecções da glândula mamária das vacas. Além destas medidas, deve-se atentar também para a redução da entrada de vacas com mastite contagiosa na fazenda, adotando medidas de biossegurança, para evitar que os novos animais sejam fontes de infecção para o restante do rebanho.

Biossegurança A adoção de medidas de biossegurança irá reduzir o risco de entrada de agentes causadores de mastite em rebanhos livres do problema ou reduzir sua disseminação entre as vacas. Assim, a introdução de novos animais para aumento ou reposição do plantel exige alguns cuidados, como avaliação quanto à ocorrência de doenças infecciosas mais comuns na região, solicitação ao vendedor de comprovação de vacinações, registros de ocorrência de doenças e tratamentos, ou a colocação dos novos animais em quarentena, a fim de evitar a introdução destes novos agentes que poderão causar surtos de mastite no rebanho. Para implementar as boas práticas de ordenha e ter sucesso é preciso antes de tudo orientar os ordenhadores, explicando seu papel chave na manutenção da qualidade do leite. O principio básico de uma ordenha eficiente é ordenhar tetos limpos e secos. Além disso, a adoção de uma rotina eficiente possibilita a identificação de infecções existentes e prevenção de novos casos de mastite. Durante a ordenha, é preciso seguir alguns passos: teste da caneca; pré-dip; secagem dos tetos; colocação e retirada correta dos conjuntos de ordenha e pós-dip. O teste da caneca possibilita a identificação de casos de mastite clínica, alertando para a anotação e controle destes casos e tratamento destes animais com orientação do médico veterinário.

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para a ordenha. O tempo e o estímulo são fundamentais para a ordenha completa do leite aproveitando o pico de oxitocina. A oxitocina, hormônio que estimula a liberação do leite, só age em animais livres de estresse e por um período de tempo, em torno de seis a oito minutos. Assim, os animais devem ser conduzidos de forma tranquila para a ordenha e bem estimulados através da realização do teste da caneca, do pré-dip, e da secagem dos tetos, que são pontos que auxiliam na estimulação dos animais.

Björn Qvarfordt

Filtração

Realização de teste da caneca durante rotina de ordenha

A realização do pré-dip permite ordenhar tetos limpos e desinfetados, eliminando as bactérias presentes nos tetos e prevenindo novos casos de mastite ambiental. Além disto, auxilia na redução da contagem bacteriana do tanque de resfriamento e auxilia na estimulação dos animais para a ordenha. A secagem dos tetos e a colocação dos conjuntos de ordenha de forma apropriada evita deslizamentos de teteiras, entrada de ar, perda de vácuo, diminuição da eficiência de ordenha e lesões aos tetos das vacas. A correta retirada dos conjuntos evita sobreordenha e lesões ao teto. O pós-dip é apontado como a medida isolada mais importante no controle da mastite contagiosa.

Tempo & estímulo Além de seguir os passos da rotina de ordenha, é preciso atentar para o tempo que estes animais esperam para serem ordenhados e se estão bem estimulados e tranquilos 26_Animal Business-Brasil

Como parte da rotina é de extrema importância o uso de filtros de leite de qualidade e a troca ao final de cada ordenha. Os filtros de leite devem ser específicos para o equipamento e certificados para uso em contato com o leite. A filtragem do leite maximiza sua qualidade e valor, além de proteger o equipamento de ordenha e o tanque de resfriamento contra partículas estranhas. Refletindo em mais qualidade do leite e maior rentabilidade ao produtor. Além disso, o filtro pode ser um ótimo termômetro de como está a rotina pré-ordenha. Se estiver muito sujo ou com grumos, pus ou filete de sangue, indica que o teste da caneca, para detecção de casos clínicos de mastite, e que o pré-dip, para higienização dos tetos, não estão sendo realizados de maneira apropriada.

Manutenção do equipamento Para ordenha completa e eficiente, e ainda para manutenção da saúde dos tetos dos animais, é fundamental que o equipamento esteja funcionando adequadamente. Além da manutenção preventiva e periódica, devemos atentar para a higienização completa dos equipamentos e tanques de ordenha. Por isso, é muito importante a realização das revisões preventivas conforme recomendação do fabricante. Algumas partes do equipamento, tais como as teteiras, estão em contato direto com a vaca, por isso devem ser trocadas a cada 2.500 ordenhas ou seis meses, o que vier primeiro, para prevenir mastite e prejuízos à saúde dos tetos dos animais. Para uma manutenção preventiva eficiente, é necessária tanto a substituição das peças sobre-


-usadas por peças novas e originais, como também a aferição do desempenho do equipamento, com ferramentas específicas que seguem parâmetros internacionais, lembrando que somente um técnico habilitado e treinado pela empresa fabricante terá capacidade de regular o equipamento de ordenha adequadamente.

Higienização Além das revisões periódicas, o equipamento e tanque precisam ser higienizados corretamente. A higienização deve ser feita imediatamente após a ordenha ou retirada de leite do tanque, e compreende uma série de etapas para remoção completa dos resíduos de leite e o controle da multiplicação bacteriana. Para a limpeza adequada aconselha-se o uso de detergentes apropriados e de qualidade. Eles irão garantir a higienização sem agredir as partes e peças do equipamento. Importante ressaltar que não só o detergente é responsável pela eficiência de limpeza. Outros fatores são igualmente importantes, como a água em quantidade suficiente e qualidade - a água para limpeza deve ser potável; o tempo de circulação e a temperatura das soluções de limpeza; a ação mecânica seja pela turbulência na limpeza de equipamentos canalizados ou por meio da escovação na limpeza manual; a ação química dos detergentes; e a realização

A limpeza e a higienização precisam ser feitas por pessoal treinado e com equipamento e produtos adequados. DeLaval

É muito importante a realização das revisões preventivas do equipamento, conforme as recomendações do fabricante

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Björn Qvarfordt

Após cada etapa da limpeza o equipamento deve ser bem drenado para a remoção de toda a solução (produtos) da tubulação.

Os recursos da informática são cada vez mais usados para produzir leite de qualidade.

das etapas completas para remoção de todos os resíduos do leite. Para iniciar a limpeza é preciso enxaguar com água morna, em torno dos 45°C, sem circular, até que esta água residual saia com aspecto límpido do equipamento. Em seguida é preciso preparar uma solução com detergente alcalino clorado, em temperatura em torno dos 75°C, e circular por dez minutos, sendo que a temperatura de saída da solução deve estar acima dos 40°C. Esta etapa irá remover os resíduos de gordura e proteína do leite que ficaram aderidos na superfície do equipamento. A temperatura de entrada e saída da solução é muito importante, pois garante a solubilização da gordura e assim a eficiência da limpeza. O terceiro passo é um enxágue, sem circular, com água em temperatura ambiente, capaz de remover qualquer resíduo de detergente da etapa anterior. Na sequência deve-se realizar a etapa de limpeza ácida, com solução preparada com detergente ácido e água em temperatura ambiente. Circular esta solução por 10 minutos antes de descartá-la. Após a circulação da solução de detergente ácido não é preciso enxaguar. Assim o pH da tubulação fica mais ácido, o que inibe a multiplicação bacteriana. A etapa ácida deve ser feita em toda limpeza para remoção pontual

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dos resíduos de mineral do leite que ficaram aderidos na tubulação, evitando a formação de pedra no leite. Antes da próxima ordenha recomenda-se a realização da sanitização com sanitizante específico para ordenha. Esta medida auxilia na redução da contagem bacteriana total do leite do tanque. Lembrando que após cada etapa de limpeza o equipamento deve ser bem drenado para remoção de toda a solução da tubulação e partes do equipamento. Além disso, o equipamento deve estar bem regulado para garantir a eficiência da limpeza. Melhorar a qualidade do leite é sempre um desafio, é preciso mapear os problemas, identificar os pontos de melhoria, encontrar as soluções que melhor se adéquam à realidade da fazenda e conscientizar produtores, ordenhadores e todos envolvidos na produção de leite para colocá-las em prática. Desta forma, todos na cadeia leiteira se beneficiam desde o produtor ao consumidor. Adotando medidas de biossegurança, ordenhando animais saudáveis através de uma rotina eficaz, com equipamento bem mantido e higienizado, garantimos a manutenção da qualidade do leite, a produtividade e a rentabilidade ao produtor, o alto rendimento de derivados lácteos ao laticínio e o padrão de qualidade para o consumidor.


Demarcação das

terras indígenas Por:

Ronaldo de Albuquerque

A Lei nº 6.001/73, que dispõe sobre o Estatuto do Índio, define o índio ou silvícola: “é todo indivíduo de origem ou ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características o distinguem da sociedade nacional”. Considera as comunidades indígenas ( ou grupo tribais), sob três aspectos: a) isolados; b) em vias de integração; c) integrados. O Estatuto prevê que a Funai é o órgão público encarregado de assegurar a proteção das terras ocupadas pelos índios e pelas comunidades indígenas, podendo, para tanto, solicitar a colaboração das Forças Armadas e Auxiliares da Polícia Federal.

A

demarcação das Reservas Indígenas é regida pelo art. 19 do Estatuto do Índio: “As terras indígenas, por iniciativa e sob orientação do órgão federal de assistência do índio serão administrativamente demarcadas, de acordo com o processo estabelecido em decreto do Poder Executivo”. A demarcação promovida nos termos do citado artigo, homologada pelo Presidente da República, será registrada em livro próprio do SPU e do registro imobiliário da comarca da situação das terras. Não caberá a concessão de interdito proibitório, facultado aos interessados contra ela recorrer à ação petitória ou à demarcatória. O prazo para a demarcação, constante do Ato das Disposições Transitórias da Constituição, não foi obedecido. Segundo o art. 67, in verbi: “A União concluirá a demarca-

ção das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição”. Salienta José Geraldo Bezerra de Menezes em carta de 27 de junho de 1927, dirigida ao escritor Alarico Silveira: “Morrerei sonhando com um Etymologicon Indígena”. Deixou páginas soltas sob a epígrafe escrita Auatá, assim elucidada: “O nehengatu ou tupi-guaraní, a língua geral de nossos índios, entre o sem número de palavras e locuções com que tem mimoseado a língua luso-brasileira. No vocabulário y tesoro dela lengua tupy-guarany, Antonio Rodrigues de Montoya, o virtuoso missionário da Companhia de Jesus e o maior dos indigenistas, escreve indiferentemente: atá, aatá, guatá, aguatá. Couto de Magalhães diz auatá. Ambos são de acordo na significação do vocábulo indígena: andar, cami-

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nhar, vagabundear, errar, vagar, passear, espairecer”. Entre outro passo adverte: “Não queremos a língua indígena falada por selvagens meio civilizados e já, portanto, alterada ou modificada com a influência dos nossos termos; queremos a língua pura”. Desde muito cedo, José Geraldo Bezerra de Menezes revelara particular interesse pelos costumes indígenas – caça, pesca, dança, armas, instrumentos festivos, alimentação. Era- no dizer do Acadêmico Teles Barbosa seu sucessor na Academia Fluminense de Letras, “infatigável pesquisador dos hábitos e das coisas dos índios do Brasil, que ele investigava e estudava com singular carinho”. Eis o que disse Alceu Lelis em O Planalto Meridional do Brasil: “Que prodígio a farmacopeia indígena! É preciso acabar com a infâmia dos emboabas contra os índios, de serem estes uns pobres idiotas, uma raça inferior qualquer”.

Política de gestão territorial O Decreto nº 7.747/2012 instituiu a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas- PNGATI., com o objetivo de garantir e

O conceito de propriedade não existe na cultura indígena. Nessa cultura a terra é um bem que pertence à coletividade, mas existem proprietários com titulação legítima que não podem ser atingidos pelas demarcações de terras indígenas

promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, das terras e territórios indígenas, assegurando a integridade do patrimônio indígena, a melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações dos povos indígenas, respeitando sua autonomia sociocultural, nos termos da legislação vigente.

Mayke Toscano/ GEMT

Para os índios a terra é muito mais do que simples meio de produção, é a base da sua vida social

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Mayke Toscano/ Secom-MT

Cabe ao governo criar condições para que produtores e índios vivam em paz

Propriedade privada não existe Para os índios, discorre a professora italiana Paola Porru in. Proprittà Indígena, Ambiente e Utilizazione dele Techiniche di Trlerivelamento da satélite, Napoli, 1991: “É preciso antes de tudo insistir que o conceito de propriedade privada não existe na cultura indígena. Nessa cultura a terra é um bem que pertence à coletividade e que tem um valor particular. Afirmam os antropólogos que para os índios a terra é muito mais que simples meio de produção e sustento, pois representa a base da vida social deles, estando intimamente ligada ao seu sistema de conhecimento e tradições”. Creio no Direito como princípio eterno. Jamais poderia compreender uma organização social e jurídica em que o índio fosse, há um tempo, escravo e coisa, aviltando-se a pessoa humana. Acode-me o depoimento de Euclides da Cunha sobre a obra empreendida na América pelos jesuítas: “A nossa história diz: depois do combate incruento à idolatria, depois da catequese das tribos, através de esforços que lembram os primeiros séculos da igreja, animou-os a preocupação de salvá-los da escravidão”( Contrastes e Confrontos, pág. 51). Octavio Mello Alvarenga, in Política e Direito Agroambiental, Editora Forense, diz: ‘Segundo a lei civil, ele é relativamente incapaz, como os

menores de idade ou os pródigos. Necessita, em todos os atos de sua vida civil, de um tutor. Em própria Constituição, que inscreve entre os bens da união “ as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios” (art. 20, § XI).

Proprietários legítimos Tem que se levar em conta que existem proprietários com titulação legítima que não podem ser atingidos pelas demarcações de terras indígenas. Falsos índios, sem tradição, sem crença, sem costumes, ocupam áreas exigindo do Governo a regularização dessas áreas. A sucumbência dos indígenas é referida por Carlos Drummond de Andrade: a nênia (lamentação fúnebre) Pranto Geral dos Índios, cujos versos cantam em Rondon, o militar pacifista, menos o civilizador que o caboclo fundamentalmente simpático aos índios: “Ó Rondon trazias contigo o sentimento da terra Uma terra sempre furtada pelos que vêm longe e não sabem possuí-la terra cada vez menor onde o céu se esvazia de caça e o rio é memória de peixes espavoridos pela dinamite terra molhada de sangue e de cinza estercada de lágrima e lues em que o seringueiro o castanheiro o garimpeiro o bugreiro (colonial e moderno) celebram festins de extermínio” (Apud, Octavio Mello Alvarenga in Política e Direito Agroambiental, pp. 230 usque 231).

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Antônio Carriero

Máquina de envase de copos de requeijão cremoso durante produção do produto no Centro de Tecnologia de Laticínios (Tecnolat) do ITAL.

O papel dos

alimentos processados Por:

Luis Madi - Diretor Geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL)

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Antônio Carriero

O agronegócio nacional tem sido motivo de orgulho para os brasileiros, pois há muitos anos é responsável pelo saldo positivo da balança comercial e por constantes ganhos de produtividade. Com relação ao setor de alimentos, poderá ter no futuro papel ainda mais relevante visto que a população mundial deverá atingir os 9 bilhões em 2050, gerando um grande aumento na demanda. O Brasil é um dos poucos países com potencial para suprir parte importante deste aumento na demanda. Entretanto, a pauta de exportação brasileira de alimentos ainda está baseada em commodities.

E

mbora ter papel de destaque na exportação de commodities não seja tarefa fácil, pois exigiu e exige muito trabalho e investimento, é necessário dar um passo adiante e investir fortemente para desenvolver o processamento de alimentos e bebidas. A exemplo do que fazem outros países, precisamos de um plano nacional de desenvolvimento para esta área, o que implica em ampliar os recursos para CT&I. Ao exportarmos produtos industrializados, agregamos valor e geramos mais empregos aqui.

Urbanização A sociedade humana está cada vez mais urbana, sendo que boa parte dela vive em grandes cidades. Este fato torna o fornecimento de alimentos in natura a toda população tarefa cada vez mais difícil e cria oportunidades para os alimentos processados suprirem esta lacuna, contribuindo para facilitar o acesso das pessoas a uma alimentação diversificada, condição básica para alcançar uma dieta equilibrada. A escolha de uma dieta equilibrada, que proporcione adequada ingestão de nutrientes, mantendo o consumo de energia em equilíbrio com o metabolismo de base e atividade física, continua a ser a pedra angular da boa nutrição. Assim, é necessário assegurar a disponibilidade de alimentos e dietas com quantidades de nutrientes adequadamente proporcionais à quantidade

de energia. Esta necessidade pode ser atendida pela seleção de produtos in natura, mas a urbanização, o estilo de vida e as expectativas da vida moderna não tornam isso fácil e, consequentemente, oportunidades têm surgido para alimentos processados que atendem a esses requisitos. Produtos que além de atender a esses requisitos ainda propiciem benefícios à saúde, também chamados de funcionais, têm sido cada vez mais demandados. Um bom exemplo são os iogurtes contendo bactérias probióticas, que auxiliam no bom funcionamento intestinal, e prebióticos, fibras alimentares que favorecem o crescimento dos probióticos.

Tendências do mercado A indústria está sempre atenta às tendências do mercado e aos anseios dos consumidores e vai adequando seus lançamentos a eles. Produtos de conveniência são exemplos claros disso. Da mesma forma, a indústria acompanha as novas descobertas científicas e tecnológicas e disponibiliza para os consumidores produtos que estejam em consonância com as mesmas, como, por exemplo, light, diet, sem gorduras trans e com teor reduzido de sódio. Animal Business-Brasil_33


Antônio Carriero

Antônio Carriero

No ITAL são pesquisados e desenvolvidos os mais diversos sistemas de embalagem

A importância dos alimentos processados é tratada no artigo “Feeding the world today and tomorrow: The importance of food science and technology”, de autoria de Floros et al. (2010). Em síntese, o artigo destaca que a ciência e tecnologia de alimentos cumprem funções essenciais para a alimentação humana e a inovação tecnológica tem sido orientada no sentido de viabilizar a oferta de alimentos de forma eficiente e sustentável e que sejam seguros, saudáveis e de qualidade.

Benefícios do processamento Vários são os benefícios que o processamento de alimentos e bebidas propicia. Um deles é estender a vida de prateleira dos produtos, ampliando seu alcance geográfico, reduzindo perdas pós-colheita e aumentando a sustentabilidade da produção. Outros são ampliar a diversidade de alimentos e bebidas ofertadas à população, torná-los mais seguros e manter seu padrão de qualidade. Um dos atributos de qualidade perseguidos pela indústria é a padronização, pois o consumidor tem um padrão sensorial para cada produto, que tem que ser mantido ao longo do tempo. Entretanto, no bojo da forte tendência ao natural observada atualmente, determinados setores e alguns profissionais têm equivocadamente recomendado às pessoas reduzir o consumo de alimentos e bebidas industrializados por serem menos nutritivos que os não processados e por conterem aditivos, que fazem mal à saúde. 34_Animal Business-Brasil

O estudo conduzido pelo National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) entre 2003 e 2008, com mais de 25 mil participantes, concluiu o seguinte: os alimentos processados contribuem com ampla gama de nutrientes nos seus variados graus de processamento; o processamento dos alimentos não tem uma associação clara com a “saúde” dos alimentos; os tipos de alimentos consumidos são os determinantes mais importantes da qualidade da dieta e não o grau de processamento; e os consumidores não devem permitir que o grau de processamento defina sua percepção da saudabilidade do alimento. A humanidade investiu muito esforço para desenvolver uma indústria de alimentos e bebidas eficiente e segura, que permite disponibilizar aos consumidores produtos saborosos, seguros, de qualidade e com vida de prateleira estendida. Não é sensato, portanto, prescindir desta conquista. É importante salientar que não existe uma definição técnica aceita mundialmente do que vem a ser natural e nem comprovação científica de sua superioridade. Mesmo assim, essa ideia vem se propagando. A impressão que se tem é que este termo tem suas raízes apoiadas principalmente no emocional e na propaganda.

O papel dos aditivos Com relação ao emprego dos aditivos, uma das principais críticas dos defensores dos pro-


Embora haja uma forte preferência por aditivos naturais, eles não são mais seguros do que os artificiais, que somente são liberados para o consumo depois de aprovados em vários testes

Antônio Carriero

dutos naturais, a indústria os utiliza porque eles são necessários para alcançar os atributos sensoriais, de segurança e de qualidade exigidos pela legislação e pelos consumidores. Há produtos nos quais os aditivos não são necessários, como no leite pasteurizado, que depois de processado e envasado é mantido sob refrigeração por alguns dias, ou nas peças de carne embaladas à vácuo, cuja vida de prateleira é de três a quatro meses, também sob refrigeração. Há outros produtos que exigem poucos ou nenhum aditivo, como produtos UHT com envase asséptico, que têm data de validade de vários meses em temperatura ambiente. No leite UHT, por exemplo, utiliza-se fosfato ou citrato apenas para estabilizar o produto e evitar que ele se deposite nas paredes dos tubos dos equipamentos. Por outro lado, há produtos que têm vários atributos a serem ajustados ou destacados como aroma, cor, sabor, textura aparência, etc., e exigem vários aditivos. É o caso dos panificados e dos embutidos, entre outros. Os aditivos alimentares são definidos pela ANVISA como o conjunto de substâncias adicionadas aos alimentos sem o propósito de nutrir, mas com o objetivo de modificar ou manter suas características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais. Os aditivos são, portanto, adicionados aos alimentos com objetivos bastante específicos e são mencionados nos rótulos com seus nomes originais ou com códigos ou números específicos, como o sistema INS (Sistema de Numeração Internacional). Os aditivos somente são liberados para uso depois de passarem por vários testes que garantam sua eficácia e segurança, não oferecendo, portanto, risco à saúde. Os aditivos podem ser de origem natural ou sintética. Embora haja atualmente uma forte preferência por aditivos naturais, eles não são mais seguros que os artificiais. O que precisamos realmente é de um entendimento e deixar de lado esta discussão que em nada ajudará a resolver o problema da fome e da desnutrição no mundo. Temos que ter claro em nossa mente que tanto alimentos in natura quanto processados são fundamentais. O importante é que ambos sejam seguros e saborosos, que tenham qualidade e que possam chegar a todos os lares.

Frutas cristalizadas

Motivações para buscarmos este entendimento não faltam: a população mundial está aumentando, sem o proporcional aumento de terras agriculturáveis; a pressão para aumento de produtividade e diminuição de perdas está cada vez maior; o processo de urbanização continua forte; a população está envelhecendo e a demanda por produtos funcionais está aumentando; a necessidade de elevar ou manter a biodisponibilidade de micronutrientes de determinados alimentos, de inativar patógenos e remover toxinas e de manter a sensorialidade. Animal Business-Brasil_35


Piscicultura e pesca

riquezas mal exploradas Por:

Edino Camoleze. Cel.Médico Veterinário. RR-1

A piscicultura como atividade zootécnica para exploração racional, comercial e econômica do pescado de água doce e salgada, conforme consta dos arquivos históricos, técnicos e acadêmicos, começou na África com os egípcios, no Rio Nilo, há mais de 4 000 anos, com a criação da tilapia (Oreochromis niloticus). No Egito antigo, esse peixe era considerado iguaria sendo servido nos banquetes dos reis e faraós.

E

mbora muitos pesquisadores considerem a tilapia como sendo os primeiros peixes criados em cativeiro e usados fartamente na alimentação humana; outros admitem que foi a carpa ( Ciprinus sp. ) cultivada pelo homem, na Ásia, em 500 a.C. Originária do leste do continente asiático foi introduzida, na Europa, a partir do século XIV, através dos monges que criavam esses peixes nos mosteiros a fim de consumi-los nos momentos de abstinência de carnes vermelhas.

Tomaz Silva (Agência Brasil)

Pesca artesanal de água doce, com rede de nylon, uma das opções na Região Norte

36_Animal Business-Brasil


O pioneirismo da Argentina A Argentina foi o país iniciador da piscicultura na América do Sul, importando, em 1870, os primeiros reprodutores de carpa comum (Cyprinus carpio) e carpa espelho (Cyprinus carpio var. especularis. No Brasil, a piscicultura científica, propriamente dita, iniciou-se por volta de 1929. Nessa época, o cientista Rodolfo Von Lhering estudou os peixes do Rio Mogi-Guaçu em Piracicaba São Paulo, utilizando pela primeira vez o hormônio da glândula hipófise para provocar desova do Dourado (Salminus maxillorus). Em 1939, surgiu a primeira estação experimental de piscicultura do país em Pirassununga – São Paulo.

O potencial do Brasil Apesar de na América do Sul o Chile ser o maior produtor de pescado com 793.000 mil t. (2010) e um território sete vezes menor que o Brasil, o território brasileiro com 8,5 mil quilômetros de costa, além de uma bacia hídrica de 5 500 000 ha, formada de rios e lagos, correspondente a 13,7% da água doce do mundo; a massa aquática concentra uma gigantesca biodiversidade, confere ao país um grande potencial pesqueiro. Entretanto, além das condições ecológicas favoráveis e abundante coleção aquática, 60% dos peixes que os brasileiros consomem são importados de outros países, da América do Sul, Ásia e Europa. Os mais especializados profissionais do assunto acreditam que o atraso no desenvolvimento da piscicultura no Brasil deveu-se, ao longo dos tempos, a má gestão pública do setor pesqueiro, profissionalização dos pescadores e interesse empresarial. A descontinuidade governamental dos executivos da união e estados, substituídos de quatro em quatro anos, o abandono de programas e projetos de médio e longo prazos e trocas de gestores públicos têm sido outro problema, na federação.

O grande salto O grande salto de qualidade para impulsionar a exploração racional da pesca e aumentar sua produtividade econômica no país foi dado no ano de 1953 com a criação das Escolas de Pesca da Marambaia, Rio de Janeiro e Ta-

mandaré, em Pernambuco, ambas vinculadas ao Ministério da Agricultura- Divisão de Caça e Pesca, com a finalidade de fomentar o ensino profissionalizante da pesca, até então inexistente. Por sua localização em Pernambuco, a EPT atendia também a todo o nordeste e impressionava os governantes e visitantes pela grandeza de suas instalações, até ser transformada no Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira do Nordeste-CEPENE, em 1982, a escola tinha formado mais de 300 piscicultores de todo o norte e nordeste brasileiro. A EPM, também denominada Darcy Vargas, com menor expressão arquitetônica e grandeza, situada na ilha de Marambaia, município de Mangaratiba, tinha a mesma finalidade, porém, com apoio da Marinha, dedicava-se mais ao ensino da pesca oceânica, navegação, fiscalização náutica e apoio às Colônias de pescadores, situadas no litoral brasileiro.

A criação da SUDEPE A criação da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE, em 1962, no Rio de Janeiro, extinguindo a Divisão de Caça e Pesca, Caixa de Créditos e o Conselho de Divisão da Pesca, ligados ao Ministério da Agricultura, tinha o objetivo de centralizar no Ministério as ações de gestão pública e execução do primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento da Pesca. Até 1989, quando foi criado o Instituto do Meio Ambiente-IBAMA, o modelo de desenvolvimento do setor pesqueiro esteve, durante toda a existência da SUDEPE, atrelado a uma concepção voltada ao crescimento da produção a “qualquer custo”. O IBAMA recebe, então, da extinta SUDEPE, a incumbência da gestão da pesca e da aquicultura. A administração da pesca vinculada ao IBAMA sofreu uma mudança significativa, à medida que a sustentabilidade ganhou um peso considerável na gestão do uso dos recursos pesqueiros. Essa nova fase, propiciando outra visão ao ordenamento dos recursos pesqueiros, se por um lado nega a política de exploração levada em período anterior, por outro, vincula a atividade pesqueira quase que exclusivamente à dimensão ambiental. Em maio de 1998, com a nova reestruturação organizacional da Presidência da República e dos Ministérios, foi transferida a competênAnimal Business-Brasil_37


Miguel Saavedra

O Brasil ainda é carente em navios de grande porte para pesca industrial oceânica

cia relacionada com o apoio da produção e o fomento da atividade pesqueira para o MAPA, através do Departamento de Pesca e Aquicultura (DPA), permanecendo no MMA e IBAMA as responsabilidades relacionadas com a política de preservação, conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Essa dicotomia e ambiguidade de responsabilidades e gestão causou graves problemas na cadeia produtiva da atividade, principalmente, no licenciamento burocrático ambiental, prejudicando sensivelmente os empreendimentos planejados e existentes. A mudança de mão e responsabilidades governamentais estruturantes trocavam novamente em 2003, quando o governo editou a Medida Provisória 103, hoje Lei, 10.683, na qual criou a Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca - SEAP, ligada à Presidência da República. A SEAP/PR tinha o status de Ministério e atribuições para formular a política de fomento e desenvolvimento da aquicultura e pesca no Brasil, permanecendo a gestão compartilhada do uso dos recursos pesqueiros com o Ministério do Meio Ambiente. A SEAP foi criada para atender a uma necessidade do setor pesqueiro, na perspectiva de fomentar e desenvolver a atividade, no seu conjunto, nos marcos regulatório de uma nova política de gestão e ordenamento do setor, mantendo o compromisso com a sustentabilidade ambiental. A SEAP/PR não modificava em muito o que preconizava o DPA, a não ser sua subordinação direta à Presidência da República.

O Ministério da Pesca A criação do Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA, em 2009, com autonomia gerencial e 38_Animal Business-Brasil

legislação própria, definida e abrangente, parece por fim à instabilidade da Instituição que mal definida, dividia recursos e responsabilidades funcionais com outros Ministérios. Com representatividade através das Delegacias Federais em todos os Estados da Federação e orçamento próprio, pode, enfim, estabelecer uma plataforma política sólida para planejar e gerenciar os destinos da piscicultura no país.

O panorama atual O Brasil dispõe de condições naturais muito favoráveis à produção de pescados. O país tem domínio sobre uma Zona Econômica ExclusivaZEE de 3,5 milhões de km². Além disso, no que se refere às águas continentais, há no país mais de cinco milhões de hectares de lâmina d’água, parte em reservatórios de 437 usinas hidrelétricas, açudes e propriedades privadas, o que representa aproximadamente 13% do total da reserva de água doce disponível no mundo. Outros aspectos favoráveis são os climas, tropical e subtropical, na maior parte do território, propícios para o crescimento de organismos cultivados e a diversidade de espécies.

Sem destaque Mesmo dispondo de condições favoráveis, de empresas globalmente competitivas no setor de carnes e de um expressivo mercado consumidor potencial, o Brasil não ocupa posição de destaque no mercado mundial de pescados. O setor ainda não está plenamente estruturado e desenvolvido, os métodos utilizados tanto na captura quanto no cultivo ainda são muito artesanais, havendo espaço para modernização e desenvolvimento tecnológico.


O Brasil está muito aquém de seu potencial produtivo, que, segundo estimativas do MPA e da FAO, pode atingir até vinte milhões de toneladas anuais, atendendo não apenas ao consumo interno, mas também, a uma demanda externa crescente. Projeções da FAO apontam que, até 2030, a demanda por pescados no mundo deva crescer em quarenta milhões de toneladas.

A aquicultura Atualmente,verifica-se no território brasileiro, de forma semelhante a outros países, um crescimento mais acelerado da aquicultura do que da extração pesqueira. Transferindo a análise para a ótica do consumo, os dados da pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) permitem comparar o consumo de pescados entre os diversos estados brasileiros. Há uma grande disparidade regional no consumo de peixe no país: enquanto no estado do Amazonas o consumo domiciliar per capita é de 30 kg/ano, em Goiás se consome apenas 1,2 kg/ano. (Panorama da aquicultura no Brasil: desafios e oportunidades, BNDES,2010)

Regiões produtoras Considerando a piscicultura nos ambientes marinho e continental e as modalidades de produção, pesca extrativa e aquicultura, assim se situam as Regiões brasileiras. (Boletim da Pesca, MPA, 2011)

Nordeste é o maior produtor Anualmente o Brasil vem crescendo na produção de pescado, com a média de cerca de 2% ao ano, com tendência para o crescimento da aquicultura. A maior Região produtora é a Nordeste, sobressaindo-se na pesca extrativa marinha de lagosta, camarão e mexilhões. A carcinicultura continental empresarial mostra-se em crescimento e bastante favorável. Na região Norte com destaque para os Estados do Pará e Amazonas, a pesca continental apresenta os melhores desempenhos, principalmente, com a captura dos peixes nativos, pirarucu e os grandes bagres: Piraíba, Pirarara, Piramutaba, Surubim, Jaú e outros. Nas análises regionais, verifica-se uma grande tendência de crescimento na Região Centro-Oeste do país, para a aquicultura continental com a criação da carpa, tilapia e híbridos do tambaqui, pacu e pintado.

Pesca marinha e continental É a mais antiga atividade relacionada à obtenção de peixes no Brasil. O primeiro passo para organizar os pescadores e ordenar a pesca no litoral brasileiro foi dado em 19 de maio de 1846 com a promulgação da Lei 447, que dividia os pescadores em Distritos de Pesca, atuais Colônias de Pescadores e atribuía à Marinha a responsabilidade administrativa pela pesca, determinando a obrigatoriedade da matrícula para os pescadores profissionais. Os Distritos de Pes-

Tabela 1. Produção de pescado (t) no Brasil por modalidade no ano de 2011, discriminada por Região 2011 Regiões da Federação

Pesca extrativa

Aquicultura

Total (t)

Marinha

Continental

Marinha

Continental

Produção

BRASIL

553.670,0

249.600,2

84.214,3

544.490,0

1.431.974,4

NORTE

94.265,3

137.144,5

140,5

94.578,0

326.128,3

NORDESTE

186.012,0

68.700,9

65.211,4

134.292,6

454.216,9

SUDESTE

114.877,3

24.446,0

72,9

86.837,0

226.233,2

SUL

158.515,4

5.472,2

18.789,5

153.674,5

336.451,5

0,0

13.836,6

0,0

75.107,9

88.944,5

CENTRO-OESTE

Animal Business-Brasil_39


Sofia Henriques

ca foram considerados os embriões do ordenamento pesqueiro nacional que tinham também, junto com a Armada, o objetivo de defender a Costa Brasileira das invasões estrangeiras. Em 1912, a responsabilidade administrativa da pesca foi transferida para o Ministério da Agricultura com a criação da Inspetoria da Pesca. A de se registrar também que, em 1851, com a volta da Administração da Pesca à Marinha, o Capitão de Corveta Frederico Villar, a bordo do cruzador José Bonifácio, partindo do Rio de Janeiro em direção ao Pará, teve a tríplice missão de nacionalizar a pesca, organizar os serviços de pesquisa oceanográfica e saneamento do litoral. A missão durou quatro anos e Villar, em pouco tempo, implantou e organizou cerca de oitocentas colônias cooperativas, fundou cerca de mil escolas, com, aproximadamente, cem mil pescadores. O objetivo dessas colônias, segundo a estratégia de seus idealizadores, era criar pontos de fiscalização da pesca, vigilância da costa e defesa nacional de fácil mobilização.

Os tipos de pesca - A pesca amadora é praticada ao longo de todo o litoral brasileiro, com a finalidade de turismo, lazer ou desporto e o produto da atividade não pode ser comercializado ou industrializado. Esta categoria está diretamente relacionada à atividade turística. - A pesca de subsistência é exercida com o objetivo de obtenção de alimento, não tendo finalidade comercial e é praticada com técnicas rudimentares. - A pesca artesanal contempla tanto as capturas com objetivo comercial associado à obtenção de alimento para as famílias dos participantes, como o da pesca com objetivo essencialmente comercial. Pode, inclusive, ser alternativa sazonal ao praticante, que se dedica durante parte do ano à agricultura – pescador/ agricultor ou a outras atividades econômicas. Existem no mundo cerca de dez milhões de pescadores artesanais responsáveis por quase metade da produção pesqueira, seja em águas costeiras, litorâneas ou interiores. No Brasil, os pescadores artesanais são responsáveis por grande parcela da captura do pescado, destinada tanto à exportação quanto ao consumo interno (DIEGUES. 1993). 40_Animal Business-Brasil

A pesca costeira de arrastão puxado da praia ainda é comum em diversas cidades

A pesca artesanal é importante também na manutenção da grande diversidade cultural que está vinculada às atividades desenvolvidas pelos pequenos pescadores, coletores de caranguejos e extrativistas espalhados pelo litoral brasileiro. Comunidades humanas como os caiçaras – do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, os açorianos – de Santa Catarina, os jangadeiros – do Nordeste, e as comunidades ribeirinhas – da amazônia, constituem um patrimônio cultural inestimável (DIEGUES & A ­ RRUDA. 2001); DIEGUES. 1995 ). A pesca empresarial/industrial pode ser subdividida em duas categorias: a desenvolvida por armadores de pesca e a empresarial/industrial. A pesca desenvolvida por armadores caracteriza-se pelo fato dos proprietários da embarcação e dos petrechos de pesca – os armadores – não participarem de modo direto do processo produtivo, função delegada do mestre da embarcação. Estas são de maior porte e raio de ação que aquelas utilizadas pela pesca artesanal, exigem uma certa divisão de trabalho entre os tripulantes – mestre, cozinheiro, gelador, maquinista, pescador, etc. Além de motores propulsores, dispõe ainda de certos equipamentos auxiliares de pesca, exigindo algum treinamento formal para determinadas funções


que, no entanto, não substituem completamente o saber-fazer dos pescadores e, sobretudo, do mestre, que emprega da mesma forma que os pescadores artesanais, grupo social do qual, em geral, provém. A mão de obra, de forma semelhante à pesca artesanal, costuma ser remunerada por sistemas de partes, ainda que para algumas funções possam existir formas de assalariamento complementar. Na pesca industrial, a empresa é proprietária tanto das embarcações, quanto dos apetrechos de pesca. É organizada em diversos setores e, em alguns casos, integra, verticalmente, a captura, o beneficiamento e a comercialização do pescado. As embarcações dispõem de mecanização não só para deslocamento, mas também para o desenvolvimento das fainas de pesca, com o lançamento e recolhimento de redes e, em alguns casos, beneficiamento do pescado a bordo, o que não acontece nas pescarias artesanais. A mão de obra, embora recrutada, em sua maioria, entre pescadores artesanais ou em barcos de armadores, necessita de treinamento específico para operação da maquinaria que vem substituir mais profundamente o saber-fazer adquirido pela tradição.

A pesca extrativa marinha No Brasil essa pesca está localizada em maior parte na Zona Econômica Exclusiva ZEE, ou seja, 12 milhas náuticas da costa, mais ou menos 22 km compreendendo: estuários, baias, lagunas e enseadas que oferecem condições ecológicas ideais para a existência em abundância do pescado e a prática da pesca artesanal e amadora. Nessa faixa de mar tem se desenvolvido desde o descobrimento do Brasil a chamada pesca costeira ou estuarina que, nos dias atuais,

já dá indícios de esgotamento em função da sobrepesca e explotação. Acrescenta-se ainda a esse esgotamento, as pesquisas intensivas nas águas continentais e oceânicas, no mar territorial brasileiro, plataforma continental, a exploração do petróleo, incrementada a partir da década de 1970, com as plataformas de petróleo, prospecção, perfuração e extração, que têm provocado danos, desequilíbrios e prejuízos ao meio ambiente marinho e ao pescado. Contextualizando toda essa problemática, o livro “ Pescadores de Petróleo”, da pesquisadora Deborah Bronz, UFRJ, 2009, mostra toda essa questão e as complexas interações entre as atividades da pesca e extração de petróleo, que disputam a apropriação dos territórios marítimos na bacia de Campos dos Goytacazes, litoral norte do Estado do Rio de Janeiro e que tem tendência a se expandir por todo o litoral brasileiro. Com relação à pesca extrativa marinha e continental, o Boletim da Pesca, do Ministério da Pesca e Aquicultura mostra o seguinte quadro: A análise dos dados apontados no triênio 2009-2011 e anos subsequentes mostram, apesar das oscilações nas produções, um crescimento considerável na aquicultura em relação à pesca extrativa tradicional, principalmente a carcinicultura, que a sardinha brasileira (sardinella brasiliensis), o atum e o camarão, continuam sendo os peixes mais pescados e industrializados. Pelo seu grande valor comercial, a lagosta, no nordeste, é o pescado que ainda faz diferença na carteira brasileira de exportação e balança comercial. Que a malacocultura, criação de ostras e mexilhões, vem crescendo anualmente, principalmente em Santa Catarina, Paraná e São Paulo, mostrando-se um mercado promissor futuro, com suas grandes fazendas marinhas.

Tabela 2. Produção de pescado (t) nacional da pesca extrativa marinha e continental dos anos de 2009, 2010 e 2011. Pesca Extrativa

2009

2010

2011

Produção

%

Produção

%

Produção

%

Marinha

585. 671

71

536.455

68.3

553.670

68.9

Continental

239. 493

29

248. 911

31.7

249.600

31.1

Total

825.164

-

785.366

-

803.270

-

Animal Business-Brasil_41


A pesca extrativa continental A produção da pesca extrativa continental em 2011 foi de 249.600,2 t . A região Norte se manteve como a maior produtora desta modalidade, com 137.144,5 t, sendo responsável por 55% da captura total. A segunda região com maior participação na produção foi o Nordeste, com 68.700,9 t. Como nos anos anteriores, as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul apresentaram produções pouco expressivas em comparação com as demais, sendo responsáveis por 24.446,0 t, 13.836,6 e 5.472,2 t, respectivamente. O Estado do Amazonas, embora tenha apresentado uma redução de cerca de 10% em relação a 2010, se manteve como o mais expressivo, com 63.743,3 t, representando 40,3% do total capturado. Em seguida, aparecem os estados do Pará e do Maranhão, com 55.402,7t e 25.743,5 t, respectivamente. Entre as espécies que apresentaram os maiores volumes pescados estão o curimatã com 28.643,0 t, a piramutaba com 24.789,3 t, o jaraqui com 16.556,8 t, a dourada com 14.486,1 t, a pescada com 13.150,3 t e o pacu com 11.123,0 t. Essas seis espécies juntas representaram 44,6% da produção pesqueira continental do país. A produção de camarão foi de 5.779,5 t, o que representou aproximadamente 2,3% da produção total da pesca extrativa continental, observando que há uma tendência de queda na produção do camarão rosa (Penaeus brasiliensis), pela sobrepesca. (MPA. Boletim da Pesca, 2011). Os peixes pirarucu (Arapaima gigas) e o tambaqui (Colossoma macropomum), espécies

mais cobiçadas e apreciadas no norte brasileiro, de grande interesse comercial e industrial, apresentaram uma produção de 112.2 t, em 2011, sendo atualmente pesquisadas nos estados da região norte, “Projeto Pirarucu”, em parceria público privada, que visa ao estudo da biologia dos animais e encontrar soluções viáveis e sustentáveis para, num salto tecnológico, encontrar maior eficiência tanto na reprodução, criação e engorda destes peixes, que reúnem uma série de qualidades zootécnicas favoráveis ao melhoramento genético, produção e conservação, natural e em cativeiro.

Aquicultura marinha e continental Em 2011, a produção aquícola nacional foi de 628.704,3 t representando um incremento de 31,1% em relação à produção de 2010. Comparando-se a produção atual com o montante produzido em 2009 (415.649,0 t), fica evidente o crescimento do setor no país, com um incremento de 51,2% na produção durante o triênio 2009-2011. Seguindo o padrão observado nos anos anteriores, a maior parcela da produção aquícola é oriunda da aquicultura continental, na qual se destaca a piscicultura continental representando 86,6% da produção total nacional. A produção aquícola de origem marinha, por sua vez, apesar de ter sofrido uma redução na participação da produção aquícola nacional, em relação aos anos anteriores (9.20% em 2010 contra - 1.0 % em 2011), vem se recuperando após uma queda da produção verificada na primeira metade da década de 2000.

Marcos Losekann

Produção de peixes em tanques-rede

42_Animal Business-Brasil


Aquicultura

2009

2010

2011

Produção

%

Produção

%

Produção

%

Marinha

78.296.0

9.20

85.058.6

- 1.0

84.214.3

13.4

Continental

337.353,0

8.55

394.340,0

72.4

544.490.0

86.6

Total

415 649.0

1.15

479 398.6

13.1

628.704,3

51.2

Fonte: MPA. Boletim da Pesca, 2011

A aquicultura marinha é um segmento da pesca incipiente e promissor no Brasil, pouco explorado, em diversidades e espécies aquáticas, cujo maior volume de produção concentra-se na criação de camarão, Região Nordeste: Ceará e Rio Grande do Norte; 77.4% e moluscos: ostras, mexilhão e vieira, nas Regiões Norte, Sul, Sudeste, com 22.6%, sendo Santa Catarina, um dos maiores produtores da macrorregião, com 18.621,5 t do total da aquicultura marinha, produzida no período de 20092011: 84.214,3 t. (Bol de Pesca, MPA). Os peixes marinhos que há séculos vêm sendo pesquisados e explorados no continente asiático, com produção expressiva em volume e espécie, tendo como referência o Vietnã, com o domínio zootécnico e cadeia produtiva de mais de uma dezena de peixes, entre eles: beijupirá, garoupa, pargo, pampo e robalo, mostra que o Brasil, com excelentes biomas marinhos, pode na América do Sul, crescer e se destacar nessa nova atividade econômica. Nessa perspectiva conjuntural promissora a que se destacar, entre outros desenvolvidos no Brasil, os trabalhos técnicos que estão sendo realizados pelo Instituto de Pesca da Agência Paulista de Tecnologia e Agronegócios - APTA, desde 2005; “Projeto Serranídeos do Brasil”, que visa ao cultivo de peixes marinhos: garoupas, badejos, meros e chernes, destinado à conservação e exploração comercial desses peixes de alto valor econômico e ecológico. Os estudos avançados em parceria com a Embrapa e a Universidade do Espírito Santo - UFES, têm permitido avanços científicos inéditos no Brasil e obtenção de resultados efetivos para a exploração desses pescados em cativeiro e conservação das espécies, algumas já ameaçadas de extinção.

Sardinha brasileira Outra notícia alvissareira para a aquicultura marinha brasileira é a criação da sardinha brasileira (Sardinella brasiliensis), em cativeiro. Projeto

desenvolvido pelo Laboratório de Piscicultura Marinha - LapMar, da Universidade de Santa Catarina-UFSC, permitirá desenvolver o peixe em laboratório, controlando a espécie e produzir juvenis o ano inteiro; enquanto no mar, com as restrições da legislação ambiental e condições climáticas, apenas em determinadas épocas, a sardinha pode ser pescada (defeso). Sem as capturas no meio ambiente, os estoques naturais poderão ser renovados. Com a criação da sardinha em tanquesrede poupa-se os cardumes naturais, sendo uma forma de buscar o uso sustentável do recurso e a manutenção de uma das maiores cadeias de processamento industrial de pescados no Brasil.

A que mais cresce A aquicultura continental é a modalidade que mais cresce e produz pescado no Brasil, tanto em espécie, quanto em volume. A implantação dos parques aquícolas aproveitando os grandes reservatórios públicos da União, em 2013, pelo Ministério da Pesca, só vem aumentar e estimular a produção quer no mar ou nas grandes represas hidroelétricas e rios tornando esses espaços cedidos e controlados pelo Ministério, antes ociosos, em grandes “ fazendas” marinhas e fluviais produtivas. Em 2011, conforme o Boletim da Pesca e Aquicultura do MPA, a aquicultura continental produziu 544.490,00 t, com um crescimento de 38.1% em relação a 2010. Os fatores de gestão que mais contribuíram para essa expressiva produção foram: o Plano Mais Pesca e Aquicultura, os subsídios ao óleo diesel e gelo, assim como ao material de pesca, especialmente os tanques-rede. A Região Sul foi sucessivamente a que assinalou a maior produção de pescado do país, com 153.674,5 t, respondendo por 28,2% da produção nacional. Em função de ajustes na metodologia utilizada e atualização de informações estruturais do setor, houve um aumento substancial dos números de produção para a região Nordeste que Animal Business-Brasil_43


Arquivo Aceaq

hoje representam 24,7%, com 134.292,6 t. As regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste vieram logo em seguida com, respectivamente, 17,4%, 15,9%, 13,8% de participação na produção total do país. A análise da produção nacional de pescado por Unidade da Federação para o ano de 2011 demonstrou que o Estado do Paraná é o maior produtor de pescado continental do Brasil, com 73.831,1 t, seguido pelos estados de Santa Catarina com 53.641,8 t e Mato Grosso com 48.748,3 t. Os peixes mais pescados foram a tilapia e o tambaqui cultivados com 67% da produção, seguidos da carpa, pacu e tambacu, que juntos somaram 20.1% da pesca.

O Brasil não é autossuficiente Apesar dos esforços governamentais, empresários e pescadores, o Brasil ainda não é autossuficiente na produção de pescado que consome. Em 2011, a balança comercial apresentou uma importação de 349.529.158 t, entre peixes, crustáceos e moluscos; óleos e sucos; conservas e ovas, de países asiáticos, europeus e da América do Sul, o que demonstra o quanto o Brasil tem espaço para crescer nesses tipos de exploração pesqueira. O Plano de Safra e a Reforma Aquária em vigência são mecanismos governamentais federal e estadual de planejamento para o enfrentamento dos gargalos que enfrentam os governos na cadeia produtiva da pesca. O brasileiro não tem o costume de consumir peixe, sendo o consumo anual de 9.0kg/ano, face o preço na produção e os entraves existentes entre a produção e a comercialização. A aquicultura continental é o grande filão de riqueza a ser explorado para não só equilibrar a balança comercial brasileira, mas para competir com as outras carnes produzidas e consumidas no Brasil.

Perspectivas As perspectivas para o desenvolvimento e progresso da piscicultura no Brasil estão delineadas na Lei 11.959, de 29 jun 2009, Art 1º, que determina: “ O desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura como fonte de alimentação, emprego, renda e lazer, garantindo-se o uso sustentável dos recursos pesqueiros, bem como a otimização dos benefícios econômicos 44_Animal Business-Brasil

A aquicultura exige equipamento e manejo especializados.

decorrentes, em harmonia com a preservação e a conservação do meio ambiente e da biodiversidade”. Para o cumprimento da Lei, é preciso que se faça o ordenamento, o fomento e a fiscalização da atividade pesqueira; a preservação, a conservação e a recuperação dos recursos pesqueiros e dos ecossistemas aquáticos e o desenvolvimento socioeconômico, cultural e profissional dos que exercem a atividade pesqueira, bem como de suas comunidades. O Brasil, como nenhum país do mundo, tem todas as condições geográficas, climáticas, ecológicas, recursos hídricos marinhos e fluviais, para se tornar um dos maiores líderes da produção mundial de pescado. A pesca oceânica ou marinha, na plataforma continental, em toda a sua extensão, ainda mal conhecida e explorada e as bacias hidrográficas dos grandes rios, irrigando e drenando todo o território nacional, de norte a sul, leste a oeste, constituem uma plataforma gigantesca de recursos bióticos marinhos e fluviais a serem explorados. Na esteira desses grandes potenciais bióticos naturais renováveis estão se desenvolvendo nas últimas décadas nas Universidades e Institutos brasileiros, ciência e tecnologia aplicadas aos recursos pesqueiros. O melhoramento genético e a hibridação de algumas espécies de peixes tropicais da Amazônia: tambaqui, pacu, pintado, cachara, piauaçu etc, conduzidos por geneticistas, biólogos, veterinários e profissionais afins, fazem surgir novas linhagens e espécies, diversificando e aumentando o estoque pesqueiro e criando novas oportunidades para o desfrute de novos projetos. Além disso, a formação de um banco genético, possivelmente o mais diversificado e rico do mundo, dá-nos a certeza da nossa grande biodiversidade para garantir soberania e hegemonia na América Latina nessa nova ciência que surge em benefício da produção de alimentos para o Brasil e o mundo.


Brasil tem o segundo maior

mercado pet do mundo Por:

Béth Mélo, jornalista

Tomando por base a população brasileira de 199 milhões de habitantes (dados de 2013 do IBGE), atualmente, pouco superior a 200 milhões, podemos dizer que existe um animal de estimação para cada dois habitantes. De acordo com José Edson Galvão de França, presidente de Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o Brasil é o segundo maior mercado do mundo em faturamento do setor (atrás dos Estados Unidos), com US$ 15,22 bilhões, no ano passado, e a expectativa de movimentar R$ 16,47 bilhões, em 2014, um avanço de 8,2%.

parceria com a Desenvolve SP, a agência de desenvolvimento do governo paulista, que coloca à disposição dos pequenos e médios empresários associados à entidade (de) linhas de crédito a partir de R$ 360 mil para implantação, expansão e modernização do seu negócio. Como os juros a partir de 0,41% ao mês (+IPC/Fipe), prazos para pagamento (serão) de até 10 anos, e período de carência máxima de 24 meses, a expectativa da associação é incentivar o empreendedorismo e abrir canais de acesso aos pequenos e médios para alavancar o crescimento das empresas. No ano passado, o mercado pet mundial faturou mais de US$ 95 bilhões, 7% desse total

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Lionel Falcon

Abinpet estima que o Brasil possui 106,2 milhões de animais de estimação, 37,1 milhões de cães e 21,3 milhões de gatos, além de 26,5 milhões de peixes, 19,1 milhões de aves e 2,17 milhões de outros animais (répteis e pequenos mamíferos). Com o objetivo de expandir ainda mais o setor, recentemente, a associação firmou uma

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Lionel Falcon

corresponde ao mercado brasileiro, que possui mais de 30 milhões de cães, mais de 20 milhões de gatos. “Portanto, enxergamos grandes oportunidades de crescimento e estamos investindo em novas tecnologias para nosso parque industrial, a fim de atender às demandas nacional e internacional e oferecer alimentos nutritivos e de excelente qualidade”, afirma Luiz Claudio Azevedo, CEO da Total Alimentos S/A, lembrando que o segmento pet food, no Brasil, representa mais de 65% do mercado de produtos destinados aos animais de estimação. Segundo Paulo Silva, da Ice Pet, o mercado brasileiro preza muito pela estética dos animais, quando comparado com o americano ou europeu que focam mais no bem-estar e em uma alimentação saudável. “O segmento que mais expande no Brasil é o banho/tosa (estética), que no último ano cresceu mais que o de alimentos. Este, porém, ainda é maior em faturamento, e quem puxa todo esse resultado é a indústria de rações”, afirma e acrescenta que as regiões Norte e Nordeste estão crescendo em uma velocidade muito grande. Francisco Mecchi, sócio-proprietário da Amicus Inovações, afirma que o mercado pet está em franco crescimento. “Porém, o fato que mais impressiona não é o crescimento, mas a profissionalização do setor que a cada dia deixa de ter perfil de ‘Pet Garagem’ para abrir espaço para Pet Shops estruturados, com planejamento estratégico e produtos inovadores e de alto valor agregado”, pondera.

Capacitação profissional Para Fernando Vilardi Martini, gerente de negócios da Pet Society, apesar da incerteza que grandes eventos causaram no Brasil neste ano (Copa do Mundo), o mercado pet continua aquecido e mantém seu ritmo de crescimento, principalmente puxado pelo aumento da renda, maior expectativa de vida dos brasileiros e dos animais e a inclusão dos animais como integrantes das famílias (fazendo companhia principalmente aos mais velhos). “O investimento constante em capacitação mudou o cenário da estética animal, valorizando cada vez mais o profissional deste setor”, afirma Martini, segundo o qual mais de 6 mil pessoas passaram por algum tipo de treinamento oferecido pela empresa e seus distribuidores pelo Brasil no ano passado. Nesse sentido, ele ressalta o papel do Centro de Especialização Técnica em Grooming, além do Mega Grooming Show 2014 (evento internacional que recebeu mais de 600 participantes) e do 1° Congresso Brasileiro de Estética Animal durante a Pet South America (outubro) em São Paulo. Renato Leiva, diretor técnico e groomer (especialista em higiene e beleza de animais) da Belas Patas (empresa especializada na formação e especialização de profissionais para o pet), também concorda que o mercado está vivendo um período de ascensão como nunca antes e, ao mesmo tempo, os clientes têm ficado mais exigentes. “Os proprietários de pet sabem que, sem as devidas melhorias, é impossível se manter estável e crescente no mercado, e os profissionais têm buscado cada vez mais conhecimento e aperfeiçoamento de suas técnicas”, comenta. O que também contribui para a situação do setor, explica, é a atuação das empresas de cosméticos, rações, medicamentos, etc. “Todos têm apostado no alto potencial de inovação e o mercado, de modo geral, tem visto que é saudável atuar com competitividade”.

Ferramentas de gestão Renato Brescia Miracca, diretor da Q-soft Brasil, afirma que o mercado Pet está passando por grandes transformações. “Devido à concorrência, pressões fiscais e aumento das exigências dos clientes, daqui para a frente, o setor terá que investir na profissionalização e na gestão, caso contrário muitas empresas estarão sujeitas ao fracasso”, alerta. 46_Animal Business-Brasil


Divulgação Abinpet

Renato Miracca: Devido à concorrência, às pressões fiscais e ao aumento das exigências dos clientes, daqui para a frente o setor terá que investir na profissionalização e na gestão

Presidente da Abinpet José Edson Galvão de França

Na avaliação de Elisama Rosa, gestora comercial da Siematec, o setor está em evidência, crescendo muito rápido. “O Brasil possui mais de cem indústrias em atividade no segmento, nas áreas de alimentos, equipamentos, acessórios, itens para higiene e beleza, produtos veterinários, além de serviços, tudo isso com o objetivo de atender ao consumidor final da melhor forma”, observa. “O mercado está em desenvolvimento e precisa de ferramentas de planejamento, foco em resultado, gerenciamento e monitoramento das ações”, afirma. Nesse sentido, o setor conta com ferramentas que atendem desde o pet shop, clínicas e hospitais veterinários, até grandes universidades. Há softwares específicos para gestão de clínicas e hospitais veterinários, que fornecem dados gerenciais e financeiros e geram também relatórios operacionais, gerenciais, estratégicos e de CRM, que é o de fidelização de clientes. Há, ainda, módulos fiscais (NFSe e NFCe), ferramentas de business inteligence.

Oportunidades Para Ana Paula Quintela, diretora comercial da empresa gaúcha Empório Pet, o setor está cheio de oportunidades para produtos e serviços destinados aos pets de estimação. “O setor de Pet Care cresceu 5,2% em faturamento em relação ao ano de 2012 e corresponde apenas a 8,1% do total (Abinpet), o que representa uma evolução bem significativa”, cita. “Há espaço para todo mundo.”

Nilza Reple, diretora da Focinho Dourado, considera um largo campo para os setores de clínica animal, rações e medicamentos. Na linha de acessórios e complementos, ela aponta boa demanda para produtos de baixo custo e de pouca durabilidade. “Há grande oferta de itens feitos artesanalmente, por produtores caseiros, que competem diretamente com as empresas, com um valor agregado baixíssimo”, informa, e acrescenta que “itens para Pet Boutiques têm uma pequena representatividade no mercado pet global”. De acordo com Alex do Vale, consultor de vendas DMC Veterinária, os consumidores e proprietários dos animais buscam cada vez mais novos produtos, novas tecnologias e serviços diferenciados para os seus animais de estimação.

Membro da família Flávio Pontual, diretor da I-9 Implantes, considera o setor em franca expansão no Brasil e no mundo, onde os pets estão cada vez mais ganhando importância junto às famílias. “Hoje, os animais de estimação estão se tornando membros da família”, comenta. Fabiana Leoni Cruz, sócia-proprietária da Griffe dos Bichos, concorda com Pontual. “Alguns casais hoje optam por um cachorrinho ou gato ao invés de ter filhos (sou um exemplo real disso), e, com isso, os bichinhos acabam bastante mimados e o segmento pet oferece inúmeras opções, de tratamento de beleza à massagem e acupuntura, roupas, camas, brinquedos e mais um montão de mimos”, ilustra. “Por isso, buscaAnimal Business-Brasil_47


mos sempre as tendências humanas e adaptamos aos nossos melhores amigos como estampas, tecidos leves e principalmente conforto.” Os donos de animais de estimação são entes da família e criados como filhos, tanto que algumas pessoas têm optado por não terem filhos, preferindo animais de estimação. Outras, já na velhice, adotam animaizinhos”, endossa as opiniões Hugo Fernando Martins, sócio-diretor da Furacão Pet, de São Carlos (SP).

Para todos os gostos e bolsos Segundo Hugo Fernando Martins, sócio-diretor da Furacão Pet, de São Carlos (SP), tudo se oferece aos animaizinhos em alimentos, produtos e serviços, uma lista que inclui rações light, petiscos diversos, banhos de rosas, escovas de chocolate, brinquedos em geral, carrinhos iguais aos de bebê, shampoos e condicionadores com fragrâncias exóticas, cemitérios para pets, hospitais com equipamentos de última geração, medicamentos para todos os tipos de doenças, serviços de leva e traz no banho e tosa, babás e hotéis, programas de passeio na natureza, namoradinhas (os) de aluguel, serviços para levar o pet para passear, piercings, brincos, perfumes, caminhas e casinhas com designs modernos, roupas e coleiras de grife. “São mimos que não acabam mais, portanto, este é um mercado inflacionado onde os donos fazem de tudo pelos seus pets”, resume Martins. Coleiras e peitorais em couro ou couro ecológico, com muito brilho, pedrarias e sofisticação, arranhadores para gatos, almofadões com tecido aveludado (Focinho Dourado) são alguns desses itens. Aumenta a lista de produtos e acessórios, feitos exclusivamente para os pets, como colares, caminhas, comedouros, bebedouros, uma variedade enorme de brinquedos para cães e gatos, linha higiênica, sanitários para cães, containers para armazenamento de ração e casinhas plásticas injetadas, com sistema de engate rápido e ventilação de ar e com proteção UV, desmontáveis, cujo teto serve como caminha no verão. Ainda na linha de acessórios, os donos de pet podem encontrar, além de camas, colchonetes, tocas, iglus, bolsas e roupas, de acordo com a

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estação do ano. A coleção primavera/verão, por exemplo, traz como tendência roupas bem fresquinhas e coloridas.

Nutrição, um grande filão De acordo com a Abinpet, em 2013, a indústria pet food produziu 2,3 milhões de toneladas, sendo 90,7% de alimentos para cães e 8,7% para gatos. Os alimentos secos responderam por 93,1% de participação, seguidos de alimentos úmidos (3,9%), semiúmidos (0,8%), snacks (0,3%) e alimentos gerais / não classificados (1,9%). Para os gatos, foram produzidas mais de 200 mil toneladas, das quais os alimentos secos responderam por 87,1%, os úmidos por 4,6%, os semiúmidos por 7%; os snacks por 0,7% e alimentos gerais / não classificados por 0,6%. A sofisticação chegou à alimentação dos pets que agora contam com petiscos, bebidas e alimentos especiais. O chocolate branco é uma das novidades. Feitos com amido, gordura vegetal estabilizada, lecitina de soja, aroma de leite, leite desnatado e frutose, não possui cacau e açúcar, substâncias tóxicas para o animal. A linha Chocossinhos dispõe de uma versão de chocolate branco para os animais de estimação e outra para os donos. “Imaginamos que quem prefere o chocolate branco gostaria de ter a mesma opção para o seu animal de estimação”, explica o diretor industrial da Chocolates V.I.P., Julius Erwin Kaeser. Em 2014, empresas de nutrição lançaram vários produtos do segmento pet food, com foco diferenciado, como a linha Equilíbrio, para cães, composta por Snack Saúde Oral (que reduz o acúmulo de placa bacteriana nos dentes dos pets) e Freeze Dried Nutrition (um alimento funcional, nas versões Dermato, Vitality e Calm). Há os Cat Nuggets, e também uma versão específica para os animais castrados. Há também uma linha que foi reposicionada na categoria premium especial, com proteínas de alta qualidade, ômegas 3 e 6, mais de 20 vitaminas e, minerais e pré-bióticos.

Cerveja para cães A primeira cerveja exclusiva para cães (Dog Beer), sem adição de álcool e gás carbônico foi


Sorvete Sucesso nos Estados Unidos, Bélgica, Japão, Taiwan e outros países, os sorvetes (Ice Pet) para cães e gatos (sem a adição de açúcar, gordura trans e lactose) chegam ao Brasil. Há uma versão picolé (nos sabores banana, carne, creme e morango), em sachê, pronto para servir após ser colocado no freezer/congelador. Há uma opção em pote (nos sabores bacon, banana, chocolate, creme, iogurte, goiaba, maçã, manga, melancia, morango), para ser servido para cães e gatos em temperatura ambiente ou gelado, tipo um iogurte. “Trata-se de um petisco diferente, saudável e refrescante, agradável ao paladar animal e inofensivo à saúde dos bichos”, define Paulo Silva, executivo da empresa.

Higiene e beleza No mercado, há uma infinidade de marcas e combinações para higiene e beleza dos pequenos animais, com produtos de alta tecnologia e ingredientes exclusivos, que proporcionam limpeza eficaz no pelo do animal, mas que, ao mesmo tempo, protegem e hidratam a pele do animal e do esteticista durante a aplicação. Os produtos vão desde shampoos, condicionadores, sabonetes e perfumes, além de hidratações como a ouro marroquino (shampoo,

Lionel Falcon

desenvolvida no Centro de Tecnologia e Alimentos do Senai do Rio de Janeiro. A bebida tem uma edição Premium, com imagens de cães, feitas pelo fotógrafo especializado em animais de estimação, Lionel Falcon, além de uma linha cujos rótulos são estampados com imagens de esportes que podem ser praticados com o pet, como o stand up paddle, ciclismo, skate e caminhada. “O produto é feito à base de malte e carne, que dá mais palatabilidade ao petisco líquido”, afirma Marco Melo, idealizador da novidade. “Trata-se de uma bebida rica em nutrientes como vitaminas do complexo B, sais minerais e aminoácido”, informa o engenheiro químico responsável por chefiar a equipe que desenvolveu a bebida, José Gonçalves. Ele acrescenta que a novidade demandou dois anos de estudos por um grupo formado por veterinários e especialistas em cerveja.

Evite convívio muito íntimo com estas aves. Elas podem transmitir uma pneumonia grave (Psitacose ou Ornitose).

A sofisticação chegou à alimentação dos pets, que contam com petiscos, bebidas e alimentos especiais. O chocolate branco (especial para cães, que podem até morrer comendo chocolate de uso humano) é uma das novidades

condicionador, spray pré-secagem com óleo de argan orgânico), que fortalece a pelagem, protege contra raios UV e dão efeito liso e sem frizz na pelagem; a linha vinhapet, com os benefícios da uva, composta por shampoo higienizador, máscara revitalizante e perfume, com ação rejuvenescedora e antioxidante, retardando o envelhecimento dos tecidos. Outras opções são: fluido hidratante desembaraçador (com extratos de proteína de trigo e queratina vegetal), que também pode ser utilizado como banho a seco; fluido de limpeza (à base de copaíba, andiroba e bardana), para higienização dos ouvidos dos pets, removendo a oleosidade, resíduos de cerume e mau cheiro;

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Focinho Dourado

“ sabonete vegetal (andiroba e copaíba); hidratante (com extratos de castanha-do-pará e buriti), e tantas outras combinações de ingredientes. Muitos itens são criados dentro do conceito de cosmetologia, para que haja um equilíbrio em todas as etapas do processo de limpeza, manutenção e proteção da pele e da pelagem (Propovets). Um exemplo é a linha Hydra (produto concentrado, de fácil enxague e secagem rápida); a máscara hidratante termoativa (com colágeno, óleo de argan, de coco e de gergelim), os campos cirúrgicos descartáveis e linha dermatológica com ingredientes naturais, entre outros. Outro é a linha de shampoo, condicionador e gel à base de própolis verde, com ação antimicrobiana e para o tratamento de feridas pós-cirúrgicas e infecções de pele de cães, gatos e cavalos, sendo uma alternativa no combate às dermatites, lesões e machucados em geral. Para os gatos, um dos destaques é a tecnologia BB Cream, com ingredientes de origem orgânica certificada, promete limpeza profunda, neutralização de odores e controle da oleosidade natural, além de deixar a pelagem dos gatos macia, sedosa e hidratada. Para dar o toque final, os donos de animais de estimação contam com perfumes com aromas variados (chá verde, ervas raras, flor de lótus, lavanda do mar, mandarin, orvalho do campo, linha jardins pet, freesia, girassol, hibiscus, lis, verbena, zínia), muitos dos quais produzidos com ingredientes naturais, ecologicamente corretos. Há, até fragrâncias francesas exclusivas para pets sofisticados, na versão fêmea, com notas florais de flor de laranjeira, rosas, baunilha e almíscar, e 50_Animal Business-Brasil

Muitos itens (de higiene e beleza) são criados dentro do conceito de cosmetologia, para que haja um equilíbrio em todas as etapas do processo de limpeza, manutenção e proteção da pele e do pelo

machos, com notas frescas e suaves de magnólia, pêssego, menta, lavanda e almíscar branco.

Para melhorar a convivência O mercado conta com uma série de itens para melhorarem a convivência entre o cão (Amicus), como Coleiras antilatido, cerca virtual, adestradores remotos, repelentes eletrônicos, fontes eletrônicas (com filtro de carvão ativado para fornecer água filtrada e corrente), alimentadores automáticos e eletrônicos, guias retráteis, brinquedos inteligentes. “O Alimentador Eletrônico possibilita programar até duas refeições com até 48 horas de antecedência, sejam no mesmo dia ou em dias consecutivos”, informa Francisco Mecchi. No mundo dos pequenos animais não faltam itens para diversão, entre eles bolhinhas de sabão com aroma de melão (antiestresse e aguçador do instinto de caça); arranhador em algodão rústico, que retém odores e produz sons ao arranhar, o que estimula ainda mais os instintos naturais dos felinos; brinquedo damas, que tem como objetivo remover o copo, empurrar as cartolas até destravá-las e retirá-las com a boca, o focinho e as patas a fim de descobrir e comer os grãos de ração ou petiscos. O mercado pet conta também com guias retráteis high tech, adaptadas para receber acessórios como compartimentos de petisco ou saquinho coletor com faixa refletora. Completam as novidades, um novo modelo de carro com sistema amortecedor, multiconector adaptável, sistema de iluminação led e faixa refletora. O multiconector pode ser acoplado com sistema


amortecedor à prova de puxões; com faixa refletora de led piscante, para iluminar o caminho nos passeios noturnos; e com uma faixa dupla para dois cães de pequeno porte. A linha está disponível em seis cores, nas versões em fita e cordão, em quatro tamanhos.

Foco na limpeza Na linha de limpeza, há sanitário, desenvolvido especialmente para reter e coletar as fezes e o xixi de cães de porte médio; seca xixi, que transforma a substância líquida em pó, facilitando a limpeza e a conservação do ambiente, ideal para filhotes que ainda não têm o local certo para fazer xixi; tapetes higiênicos absorventes, visando a maior absorção, para não vazar e eliminar o mau cheiro; kit GPS, educador e sanitário que elimina 100% da amônia nas versões marca, desmarca e bloqueia, indicador do local correto para que os pets façam as necessidades. A caixa de área autolimpante, que faz a limpeza automática das fezes e urina de gatos tendo que substituir o refil de sílica a cada 30 dias para um gato, sem contato com as fezes e urina, pois basta jogar a caixa fora e colocar uma nova na parte de baixo do produto. Outro destaque é o limpa patas, uma escova que pode ser utilizada a seco ou com produtos antissépticos ou mesmo shampoo, para higienização das patinhas quando os animais retornam de seus passeios.

e pequenas cirurgias ortopédicas. Outra novidade é a caneta portátil de criogenia para retirada de verrugas, papiloma, adenomas anal ou sebáceo, tumores da pele, nas pálpebras dos olhos e cistos. Há laser cirúrgico para remoção, dissecção ou ablação de tumores, tecido mole ou até mesmo castração de animais, equipamento de profilaxia para remoção de tártaro dentário, vídeo para diagnóstico e laser terapêutico para a reparação tecidual, analgesia ou desinflamação de tecidos, que promove a eliminação de fungos e bactérias de áreas contaminadas, com eficiência no tratamento de otites, dermatites e lambedura.

Descanso final Na Grande São Paulo, um espaço inédito no País, de 12 mil m², oferece cremação (inclusive personalizadas), salas de velório, capela e remoção 24 horas. No local são cremados por mês, cerca de 600 animais, entre eles cachorros, gatos, cavalos, aves, roedores e animais exóticos. No local, há ainda uma área coberta com grama sintética, arquibancada, deck e lanchonete, onde são realizadas as aulas de obediência e agility com os cães, e eventos particulares. Pet Care - Unidade Morumbi

Cuidados com a saúde Na área de saúde, os pets contam com clínicas veterinárias e hospitais. Uma das maiores redes do Brasil tem um ambiente que exala feromônios que acalmam o animal. Conta com consultórios exclusivos para gatos e, além de unidade de terapia intensiva reúne atendimento, diagnóstico, cirurgia e exames auxiliares, e oferece plano de saúde próprio, com direito a vacinas, tratamento periodontal e exames essenciais. Os aparelhos de diagnóstico por imagem realizam ecocardiograma e ecocardiograma com doppler, eletrocardiograma, endoscopia, broncoscopia e rinoscopia, holter, pressão arterial, radiologia veterinária, tomografia e ultrassonografia para cães e gatos. Uma das novidades para os pets é um material de síntese importado, composto de placas e parafusos feitos em titânio, iguais aos utilizados nos seres humanos, para cirurgias crâniomaxilofaciais Animal Business-Brasil_51


VETERINÁRIO:

Conhece-te a ti mesmo Por:

Milton Thiago de Mello - Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária

N

uma tarde ensolarada, ao pé do Monte Parnaso, perto de Atenas, um viajante aproximou-se do poço da pitonisa no Templo de Apolo para consultar o Oráculo de Delfos.

Ainda em transe respondeu em murmúrios, voz enrolada, palavras pouco inteligíveis como deve ser o falar de uma pitonisa, cartomante ou mãe-de-santo (neste caso, em linguagem iorubá).

“Sou veterinário do Brasil, país mais belo não há, nele canta o sabiá. Sou um de 150 mil mas não sou valorizado como quero ser julgado. Que conselho me dás? Quid facere?”

“Veterinário oximório que vem de longe em busca de gnoseo. Coarctada pelo tempo exíguo, sem prolegômenos ou prolóquios, aconselho-te que deves fazer um escólio gnoseológico da seguinte parêmia”:

A pitonisa, sentada em seu tripé, ouviu inebriada pelo efeito da fumaça que saía do poço da serpente (píton) e da bebida de uma taça que trazia nas mãos. Semelhante às mães-de-santo “manifestadas” nos candomblés, intoxicadas pela fumaça de charutos ordinários e sob efeito de marafa (cachaça).

Ruínas do Templo de Apolo, ao lado do Monte Parnaso, em Delfos, Grécia. Na foto: Esposa e filha do então Presidente da Associação Mundial de Veterinária, General Veterinário do Exército Grego Dr. Apostolos Rantsios; Prof. Manoel Pereira Leite de Almeida, então Reitor da Universidade Federal Fluminense; Milton Thiago de Mello, Membro Honorário da Associação Mundial de Veterinária.

E tirou das dobras de sua túnica um pergaminho com a inscrição: Γνώϑι σεαυτόν Em seguida entrou em convulsões e nada mais falou, exatamente como as mães-de-santo. Aturdido, sem nada compreender o veterinário pediu auxílio às sacerdotisas do Templo e elas interpretaram: “Veterinário paradoxalmente jovem (idade) e velho (conhecimentos). Limitada pelo tempo disponível, sem introdução ou provérbio, aconselho-te que deves fazer interpretação ou estudo da seguinte alegoria”: Conhece-te a ti mesmo

O conselho da pitonisa poderia fazer parte da autoestima, para usar terminologia da moda, de qualquer pessoa. O veterinário precisa saber quem ele é realmente, conhecer seu papel e suas funções na sociedade e estar capacitado para isso. Não basta ser médico veterinário. Sua profissão é muito mais abrangente, além da sanidade animal. Também não basta que diga ter as qualificações inerentes à profissão como no antigo ditado: “Si queres ter valor, proclama teu valor” ou que a profissão seja valorizada artificialmente por outras pessoas si, na ocasião em que a so52_Animal Business-Brasil


ciedade necessitar da sua ajuda, não encontrar os profissionais capacitados quantitativamente ou mesmo qualitativamente. Há 10 anos, no Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, em Uberlândia* enumerei dezenas de ramificações da profissão. Desde então a lista aumentou com mais algumas dezenas (anexos). Às vezes tangenciais a outras profissões como zootecnia, agronomia, biologia, medicina, biomedicina, química de alimentos, engenharia de pesca e outras. Quando a sociedade não encontra veterinários para satisfazer suas exigências em tópicos relacionados com essas profissões fronteiriças, é natural que recorra aos serviços de outros profissionais, muitas vezes ao arrepio de lei, para natural indignação dos veterinários. Entretanto, para proclamar seu valor e conhecer-se a si mesma, a profissão veterinária deverá estar atenta para a reorientação da qualificação de seus componentes. Esse é um dos objetivos da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, por força de seus Estatutos. Agradeço ao ilustre intelectual, escritor e humanista Dr. Francisco Assis Câmara, Membro da Academia de Letras do Rio Grande do Norte a detalhada informação bibliográfica sobre a origem de expressão milenar “Conhece-te a ti mesmo” * Mello, M. T. de – Insuficiência de Médicos Veterinários em Áreas Críticas – Anais do XXXII Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária / 32º CONBRAVET. Uberlândia, 2005:25-26. In A Profissão Veterinária no Limiar do Futuro, M. T. de Mello, 2º edição,2011, Rio de Janeiro, páginas 30 e 32.

Pesquisas no Limiar, em 2010 Animais transgênicos Células-tronco obtidas de células adultas reprogramadas (multipotentes induzidas) Células-tronco e medicina regenerativa Papel do RNA e do microRNA como agentes terapêuticos Doenças negligenciadas Vida artificial ou biologia sintética Robótica molecular Peptídeos como novos agentes terapêuticos Nanobio - robótica Plantas transgênicas Prions Medicina personalizada com base em genoma Novos métodos diagnósticos Novas vacinas Manipulação genética para melhores resultados em animais Desastrologia Bioterrorismo Bem-estar animal Medicina da conservação Aplicação de resultados de pesquisas (“translation“) Bioengenharia molecular Medicamentos baseados em produtos naturais Biologia estrutural e computacional Farmacogenômica Participação feminina nas pesquisas Mello, 2011

Áreas em que existe insuficiência de Médicos Veterinários especializados Rastreabilidade | Análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC/HACCP) | Diagnóstico por imagens | Bem-estar animal | Etologia Relação homem-animal | Direitos dos animais | Bioética | Animais silvestres: manejo, criação em cativeiro | Zoológicos | Enfermeiros Veterinários: paravets | Responsabilidade técnica | Mercadeo (marketing) | Zoologia | Informática aplicada | Aquicultura: maricultura, psicultura, carcinocultura, ranicultura, malacocultura | Educação ambiental | Conservação da biodiversidade | Produção e avaliação de agentes terapêuticos | Medicina Veterinária legal | Julgamento de animais: grandes e pequenos | Laticínios | Epidemiologia | Animais de experimentação | Codex alimentarius | Codex zoossanitário | Medicina alternativa: acupuntura, homeopatia, plantas medicinais, etc. | Oftalmologia | Cardiologia | Odontologia | Controle de populações animais (pragas): esterilização química e cirúrgica, eutanásia | Tráfico de animais silvestres | Identificação de animais: tatuagens, brincos, “chips“ | Contenção de animais | Casqueamento e ferrageamento | Desastrologia | Captura e transporte de animais | Biotecnologia aplicada | Clonagem | Abate e inspeção de animais silvestres para consumo | Medicina de conservação. Mello, 2005 Animal Business-Brasil_53


Gestão das equipes de trabalho

nos centros equestres Por:

Aluísio Marins - MV; da Universidade do Cavalo

Centros equestres são conglomerados de cavalos e de pessoas que trabalham nessa atividade. Cavalos são animais que requerem cuidados e atenção especiais no tocante às rotinas do dia a dia, cuidados gerais básicos, e obviamente habilidades em situações emergenciais e inesperadas. Todo o “conteúdo técnico” que um profissional adquire ou já possuía é de grande valia para o trabalho com cavalos.

T

odos nós conhecemos excelentes profissionais que compõem o organograma de um centro equestre. Pessoas que tecnicamente trabalham com primor, são impecáveis no conteúdo de conhecimento. Um centro equestre precisa de pessoas assim, e estas qualificações técnicas serão cada vez mais requisitadas por quem contrata. No entanto, existem fatores que devem ser considerados neste escopo e que às vezes não são levados a sério como deveriam. São as questões relacionadas ao envolvimento das pessoas que trabalham em uma equipe, assim como a qualidade do relacionamento entre os membros do time.

Só técnica não basta Ao olhar exclusivamente para o quesito técnico, algumas questões importantes ficam negligenciadas. São habilidades fundamentais para trabalhar, em qualquer mercado, como capacidade de se atuar em equipe, liderança, ser liderado, pensar em bloco, comprometer-se com o resultado geral, relacionar-se com diferentes tipos de pessoas, entre outros. Hoje em dia come-

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çamos a encontrar centros equestres preferindo isto a qualquer outro quesito técnico. Por quê? Porque cada vez mais o acesso ao conhecimento técnico está mais facilitado. Internet, cursos presenciais, cursos de curta ou longa duração, cursos de formação universitária, e tantas outras oportunidades visando a esta qualificação estão cada vez mais sendo oferecidas. Já humildade, liderança, comprometimento, responsabilidade com o todo e bom relacionamento com pessoas, são características que podem ser aprendidas, estudadas, mas não são tão fáceis de serem aferidas, talvez por serem mais sentidas, percebidas do que comprovadas visualmente. Além disto, dependem de uma liderança coesa e de um nível de percepção alto. Portanto, de nada adianta um supercurrículo técnico se estas e outras características citadas acima não forem levadas em consideração, praticadas por quem quer trabalhar, e percebidas por quem emprega.

Fases importantes Entendemos que existem 3 fases importantes para o sucesso da manutenção de uma equipe de trabalho em um centro equestre: a contratação, a ambientação e o treinamento. Quando uma empresa vai contratar uma pessoa, ela (a empresa) tem um olhar diferente de quem vai ser contratado. Isto porque a chamada cultura da empresa, ou seja, a característica geral da empresa em termos de ambiente, liderança, equipe existente, ritmo, etc., fazem com que já se tenha um perfil de pessoa definido, antes mesmo do perfil técnico desse candidato. Assim, as entrevistas são necessárias basicamente para que dois fatores sejam analisados: o conteúdo e conhecimento técnico do cargo a ser ocupado e o conjunto de características que possam se encaixar ou não na cultura da empresa.


Período crítico Depois de contratado, existe um período crítico e muito importante para todos: o da ambientação do novo membro do time às rotinas do dia a dia, ao próprio time existente e do time à pessoa nova. Isto leva tempo e tem que ser acompanhado de perto pela liderança, pelo proprietário, e por todos os que participam da vida do lugar. É função do contratado se esforçar para aprender, mas também é função de todos os outros membros do time dar condições para que este aprenda. Isto leva tempo e requer acompanhamento. Acompanhar não significa fazer pela pessoa, mas sim orientar, fazer junto no começo e ir soltando as responsabilidades aos poucos.

Rotina Imagine agora que genericamente um cavalo tem que comer todos os dias, duas a três vezes, a mesma comida, o mesmo feno, no mesmo local. Sua cocheira tem que ser limpa uma a duas vezes por dia, da mesma forma, com as mesmas

ferramentas. O esterco e serragem vão para o mesmo local, levados no mesmo carrinho pelas mesmas pessoas. Todo o material deve ser limpo com o mesmo produto, pela mesma pessoa, na periodicidade semanal estabelecida. O trabalho montado deve ser feito passo a passo, analisando a evolução do cavalo, que é lenta. Os banhos devem ser dados no mesmo local, com os mesmos produtos, da mesma forma. Ou seja, estamos falando de rotina. Fazer as mesmas coisas quase diariamente, nos mesmos locais, com as mesmas pessoas e equipamentos faz com que as chances de falhas nos pequenos detalhes aumentem muito. Tudo isto é o treinamento, que deve ser contínuo e sempre estimulado pela liderança. Por fim, o tema é longo e até complexo para um artigo. Mas, é fato que estas mudanças estão acontecendo e que temos que pensar nestes pontos ao contratarmos, ao liderarmos e mesmo ao fazermos parte de um time de colaboradores de um centro equestre. Tudo isso é estranho para alguns, mas sem dúvida é sinônimo de evolução para todo um mercado.

Universidade do Cavalo

O trabalho com cavalos exige habilidade especial

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Sustentabilidade e competitividade

na pecuária de corte na Amazônia Por:

Elisa Köhler Osmari - Analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, com atuação em Rondônia, e coordenadora do Programa BPA no estado. Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Federal de Santa Maria (2004) e mestrado em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (2007).

Quem resolver entrar para o Programa de Boas Práticas Agropecuárias - Bovinos de Corte (BPA), liderado pela Embrapa, na verdade irá ao encontro de uma pecuária sustentável e competitiva, migrando do lugar comum da “commodity” para um conceito de produção de carne e couro com qualidade.

O

BPA nada mais é do que um programa de gestão, que compreende todas as áreas de uma fazenda de pecuária de corte de maneira organizada e sistêmica, apoiadas no seguinte tripé: rentabilidade, sustentabilidade ambiental e socialmente justo. Pode até parecer contraditório à primeira vista, mas quando se procura tornar os sistemas produtivos mais eficientes, sobra espaço para as questões ambientais serem bem trabalhadas dentro da legislação vigente, enquanto se pode melhorar os lucros, pois se compra e desperdiça menos insumos para uma mesma produção. Afinal, uma

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agricultura com maior precisão evita gastos desnecessários. E precisão aqui não é necessariamente pensar em aparatos modernos e complexos, mas, antes de tudo, gerir com eficiência os recursos locais, sejam financeiros, ambientais, humanos, produtivos, entre outros.

Conjunto de normas O BPA-Bovinos de Corte pode ser definido como um conjunto de normas e procedimentos, a serem adotados pelos produtores para tornar os sistemas de produção mais rentáveis e competitivos, assegurando a oferta de alimentos seguros provenientes de sistemas de produção sustentáveis. Trata-se de programa liderado pela Embrapa, com base no programa Global Gap da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), adaptado às diversas cadeias pecuárias brasileiras, instituído pela portaria interministerial MAPA/MMA/MTE n.36/2011, o PRÓ-BPA. O principal objetivo do Programa é melhorar a competitividade do setor produtivo da pecuária de corte e reduzir o custo de produção com a incorporação de tecnologias que tornem viáveis a utilização de boas práticas no sistema de produção.

Níveis de adequação Existem três níveis de adequação dentro do programa: ouro, prata e bronze, onde a propriedade que consegue atender 100% dos itens


obrigatórios e 80% dos recomendáveis atinge o nível ouro. Contudo, a propriedade que conseguir atender o nível bronze em um ano, já recebe um laudo de implantação emitido pela Embrapa e entidades parceiras. Como o foco não é somente o produto final, mas o “como fazer”, isto é, os procedimentos adotados para garantir o padrão mínimo de qualidade, a propriedade que pretende entrar no programa não precisa se preocupar em estar já 100% em conformidade, pois um técnico credenciado pelo Programa faz o levantamento inicial, identifica os pontos que necessitam de melhorias, e auxilia na correção das não-conformidades observadas, de modo a atender os requisitos do BPA. Esta verificação é realizada uma vez por ano e, por ser de adesão voluntária, cabe ao proprietário renovar ou não sua participação anualmente junto ao Programa.

Pontos de controle A fim de auxiliar na organização da propriedade, o programa se baseia nos principais pontos de controle presentes em uma lista de verificação inicial, onde são abordados os seguintes itens: gerenciamento da propriedade, função social do imóvel rural, gestão de recur-

sos humanos, gestão ambiental, instalações rurais, bem-estar animal, manejo pré-abate, manejo de pastagens, suplementação alimentar, identificação animal, controle sanitário e manejo reprodutivo.

Desafios em Rondônia No caso de Rondônia, existe um grande espaço para crescimento do BPA, pois o estado participa com uma fatia que varia de 7 a 9% de toda a carne bovina anual exportada pelo Brasil, além de exportar carne para 31 países, com destaque das exportações para Hong Kong (89 toneladas), Egito (76 toneladas) e Venezuela (19 toneladas). Contudo, o estado não exporta ainda quantidades tão expressivas para mercados mais exigentes e que oferecem melhor preço por arroba, como a Alemanha, Holanda e Japão, apesar de possuir mais de vinte frigoríficos com inspeção Federal, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa (2013). Logo, o BPA se mostra uma importante janela para agregar valor ao produto, inclusive por causa das bandeiras da sustentabilidade e responsabilidade social, tão cobradas internacionalmente.

Frederico Botelho

Graças à qualidade do seu plantel, Rondônia exporta carne bovina para mais de 30 países.

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Com 12 milhões de cabeças, e quase 40% do seu PIB ligado à pecuária, a carne de Rondônia ainda é “commodity”, mas, a tendência é que no futuro não haja mais espaço para quem não tiver um produto de qualidade e adequado ao que se exige mundialmente. Cada vez mais será necessário justificar perante a sociedade as emissões de gases de efeito estufa em áreas utilizadas para pecuária, ainda mais na região da Amazônia legal. E, em um estado com oito cabeças de boi por habitante, nada melhor do que uma produção eficiente que permita aliar o cuidado ambiental e a recuperação de pastagens com a produção de carne, algo raro na maioria dos países desenvolvidos. Com a declaração de zona livre de aftosa com vacinação pela AIE desde 2003, condições climáticas favoráveis à criação como chuvas acima de 2100 mm anuais e altas temperaturas, terra mais acessível que em outras regiões, Rondônia está numa ótima fase em relação ao preço do boi gordo, pois a antiga defasagem em relação ao Sudeste, por exemplo, deu lugar a um aumento de cerca de 59% no preço da arroba, muito mais próxima dos preços de São Paulo, ao compararmos os preços de 2009 com 2014, conforme Scott Consultoria e Valor Econômico.

Laudo da Embrapa O laudo de conformidade do programa BPA emitido pela Embrapa, quando de interesse da cadeia produtiva, poderá auxiliar na obtenção de certificados de qualidade, por organismos independentes e certificados pelo Inmetro, como já ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, onde participam do programa a Associação Sul-Matogrossense dos Produtores de Novilho Precoce-ASPNP (MS), Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional (Apropampa) e Associação dos Produtores Rurais dos Campos de Cima da Serra (Aproccima - RS). No caso da Novilho Precoce, as propriedades com BPA já conseguem um diferencial no valor pago junto ao frigorífico, enquanto que em levantamento feito por Ries (2010) a APROCCIMA já atinge preço 14% superior ao preço pago no Estado do Rio Grande do Sul.

O pioneiro de Rondônia Em Rondônia, o pioneirismo ficou por conta da Fazenda Don Aro, em Machadinho d’Oeste, 58_Animal Business-Brasil

Uma das premissas do BPA é garantir que o consumidor final estará comendo carne de um sistema livre de trabalho infantil ou escravo

onde o produtor Giocondo Vale abriu a porteira para o BPA, confiando na orientação do técnico Eanes Freire, da Secretaria da Agricultura da Prefeitura do município, capacitado através do Programa coordenado regionalmente pela Embrapa Rondônia, com apoio da Embrapa Agrossilvipastoril e Embrapa Gado de Corte. Giocondo tem desenvolvido uma política de gestão que é fundamental para que qualquer empreendimento rural obtenha sucesso hoje em dia, como frisa o gerente geral do Banco da Amazônia, que financia parte da adequação ao BPA da propriedade: a postura colaborativa dos seis funcionários residentes na propriedade, que recebem até o chamado “16º salário”, graças à participação dos lucros que recebem e ao treinamento oferecido. O produtor ficou tão empolgado com o Programa, que além de respeitar os direitos trabalhistas básicos exigidos, resolveu ir além: realizar encontros semanais com os empregados, além de fornecer pequenos treinamentos e palestras com convidados, tanto ligados às boas práticas na propriedade, como também com questões de higiene, nutrição, educação, agronegócio, entre outros, todos registrados em ata. Além de já auxiliar no custeio de aulas particulares para os filhos dos funcionários.

Garantias para o consumidor Uma das premissas do BPA é justamente garantir que o consumidor final estará consumindo carne de um sistema livre de trabalho infantil e/ou escravo. E o produtor se previne, ao evitar multas quanto às questões ambientais, problemas com a legislação trabalhista, dificuldades de financiamentos por não adequação e desperdício de insumos (vacinas, concentrados, fertilizantes, carrapaticidas, agrotóxicos) pela falta de organização do estoque. A


não adequação dos produtores de Rondônia pode implicar em um impacto negativo para a exportação de carne pelo estado e é preciso estar atento, olhar para frente e estar preparado. Neste aspecto, a Don Aro mais uma vez tomou a frente, não se contentou em fazer a identificação dos locais apropriados para lixo comum, embalagens de agrotóxicos e defensivos vencidos, (estes últimos são bastante raros lá, devido à organização das compras e engenharia reversa com devolução ao fabricante das embalagens usadas), o que já seria o suficiente para o BPA, a propriedade também se tornou pioneira no estado em relação ao Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), bem como ao Plano “Lixo Zero”, com a filosofia de reaproveitar e separar pneus, borracha, plástico, papelão, etc, que em parte foram impulsionados pela pós-graduação em gestão ambiental do farmacêutico-proprietário. Quando da inscrição da propriedade no Programa, era possível encontrar ossadas de animais pelo campo, agora já existe um local para aterro identificado e longe das fontes de água, abundantes na propriedade. Além da tríplice lavagem de agrotóxicos que já existia na propriedade, a fazenda agora realiza a coleta seletiva com o devido destino de cada grupo (em sintonia com a Lei 12305/2010), pois contratou uma empresa de outra cidade que recolhe uma vez por mês boa parte dos resíduos. A propriedade tem quase 1.600 hectares (ha), sendo 249 ha de áreas de preservação permanente, 163 ha de reserva legal e 58 ha de reposição florestal e encaminhou o cadastro rural ambiental (CAR) junto ao órgão competente. Com a devida orientação do programa BPA, Giocondo verificou que não só era necessário recuperar a maior parte dos mais de 600 ha de pastagem, em boa parte degradadas, que já havia iniciado através da estratégia sucessão arroz-pastagem, como também optou por desenvolver um programa de recuperação de APPs, pois o gado ia e voltava das fontes de água livremente. Atualmente, já cercou/isolou cerca de 60% das regiões de APPs, mantendo apenas um corredor de acesso para o gado beber sem provocar erosão, com 8-10 m de largura, sendo que já foram utilizados pelo menos 15.800 metros de cerca para esta finalidade. Embora fosse preciso apenas restringir o acesso a

Os pioneiros Elisa e Giocondo Vale, da Fazenda Don Aro.

corredores cascalhados ou gramados para os animais para recuperar as APPs, o produtor optou pelo plantio de duas mil espécies florestais como: Caroba (Jacarandá macrantha Cham.), Maracatiara (Astronium graveolens), Bolão (Macrolobium acaciofolim), Cumaru Ferro (Dipteryx ferrea Ducke), Sumaúma (Ceiba pentandra (L) Gaert.), Garapeira (Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr), Ingaí (Ingá laurina), Ipê Amarelo (Tabebuia vellosi), dentre outras árvores nativas, e a fazenda já está adiantada em relação à meta de 25% de APPs cercadas a cada dois anos, para atingir os 40% restantes até 2020. A propriedade, além de não usar o fogo na pastagem, produz e (re)aproveita sua própria madeira, pois além do cultivo da teca e castanheira já existentes, investiu recentemente no plantio de mais nove mil mudas de Castanha-do-Pará. Apesar de ter recebido o primeiro ouro do BPA em Rondônia, e décimo do Brasil, Giocondo não para: agora com a recuperação das pastagens em andamento, as próximas metas serão o aumento da capacidade de suporte e o término da adequação das instalações do curral dentro do programa boas práticas. Como diz o próprio Giocondo, é possível ter uma empresa agrícola e atuar de forma sustentável, sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo. Fica o convite para as propriedades e técnicos interessados em aderir ao BPA procurarem a Embrapa Rondônia, para tornar o Brasil sustentável e competitivo. Animal Business-Brasil_59


O que o setor do agronegócio espera do governo para os próximos 4 anos Por:

Juliana Gomes, Assistente Técnica da ASSOCON

Com as eleições de outubro de 2014, o Brasil teve definido seus governantes estaduais e o regente de toda a nação. Frente aos representantes eleitos, o setor de agropecuária sente os rumos que o segmento tomará e faz a eles suas reivindicações.

Apoio da base política: Espera-se um maior apoio da classe política, com o objetivo de criar estratégias que forneçam subsídios e orientação de projetos indispensáveis visando atender às demandas por alimento, agroenergia, capacitação da mão de obra, além de dar continuidade ao crescimento, que por sua vez contribui para a riqueza do País e geração de empregos. Logística, escoamento e comercialização da produção:

ASSOCON

Programa de capacitação de mão de obra de confinamento – Escola de Confinamento Assocon

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Investimento em rodovias nas principais vias de escoamento seria fundamental, além de ampliar transportes intermodal, ligando rodovias, ferrovias e hidrovias. Essa atenção às vias de escoamento da produção garantem produtividade, competitividade e continuidade da atividade. Os problemas com armazenagem dos produtos também são constantes preocupações dos produtores. Trata-se de um problema crônico em todo o país intensificado pela deficiência nas vias de escoamento. É preciso investimento imediato nas malhas ferroviárias e hidroviárias, a fim de aliviar a sobrecarga sofrida pelas rodovias, o que garantiria o escoamento da produção.

A educação do meio rural não recebeu a mesma atenção que a do meio urbano. É preciso que haja uma maior participação do governo com o setor privado

Os custos de produção estiveram em alta em 2014, apresentando variações que superaram o aumento da inflação. De janeiro a setembro, o COE (custo operacional efetivo) avançou 14,13% e o COT (custo operacional total) 11,84% na média Brasil, no mesmo período, o IPCA apresentou alta de 4,61%. (Fonte CNA Brasil) Segundo o Banco Central, a economia nacional crescerá pouco esse ano, 0,26% frente ao 2,5 % de 2013, a agropecuária possui a melhor perspectiva, 2,27% para esse ano, mas ainda pequeno comparado a 7,3% do ano passado. (Fonte CNA Brasil). Em 2015, a agropecuária apresentará o maior crescimento 2,87% frente os 1,06% de média dos outros setores da economia. (Fonte CNA Brasil) A agropecuária dá um retorno significativo à União, baixando os custos de produção em 2015 o produtor tem a chance de investir mais e ainda aumentar sua lucratividade.

A educação do meio rural não recebeu a mesma atenção e investimento que a do meio urbano, com a industrialização a partir de 1920, o Brasil investiu em educação nesse meio gerando um vazio social com consequências visíveis na alfabetização do morador do campo. Os estados buscam sanar essa deficiência, o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) oferece uma série de programas e políticas para atender a esses desafios junto à população rural. É preciso que haja uma maior participação efetiva do governo em parceria com o setor, para solucionar definitivamente essa questão. A sucessão familiar tem sido uma preocupação constante para os produtores. Construir uma educação de base continuada com uma educação profissional, passando aos jovens o valor da terra e dos produtos que derivam dela, é fundamental para continuidade da atividade. Espera-se uma ampliação do número de escolas técnicas no Brasil, visando à formação de filhos de produtores a fim de garantir a sucessão familiar no campo, manutenção da atividade e o futuro da agropecuária do país.

Educação e capacitação profissional:

Saúde

A educação é o principal fator de desenvolvimento dos países, a partir dela constroem-se sociedades com alto valor de Capital Humano e Capital Social. Sabe-se que a escola complementa a educação das famílias agregando além de conhecimento, habilidades, manifestação de talentos e auxílio na formação do caráter dos cidadãos quando ainda crianças.

Acesso a serviços de saúde de qualidade é um desafio em todo o país. Quando se trata do campo, a dificuldade é ainda maior. As políticas de saúde precisam ir além do asfalto para atender às necessidades do cidadão do campo. Investir em unidades móveis que atendam emergências além de postos fixos para consultas de rotina. Além de investir em programas de saúde

Custos de produção:

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ASSOCON

Gado confinado e bem alimentado produz carne melhor, em menor prazo e com mais qualidade.

e nutrição, é preciso atentar para a questão do uso das drogas, treinando professores e profissionais de saúde para lidarem com esses desafios a fim de melhorar a qualidade de vida.

Licenciamento e fiscalização ambiental Todas as atividades de produção no setor agropecuário necessitam de algum tipo de licença ambiental ou outorga pelo uso da água. Uma reestruturação da área ambiental se faz extremamente necessária para atender à manutenção da atividade, criando condições para que o setor rural possa produzir de forma sustentável. O produtor anseia por procedimentos burocráticos de licenciamento ambiental e outorga aperfeiçoados, a fim de agilizar e facilitar a regularização ambiental das atividades produtivas, bem como todos os procedimentos executados pelos órgãos ambientais.

Segurança alimentar A população mundial passará dos atuais 7,3 bilhões para 9,3 bilhões de pessoas em 2050 e a expectativa de vida também aumentará. Diante deste cenário, estima-se que os produtores rurais precisarão aumentar a produção de alimentos, em pelo menos 70%. (Fonte FAEG)

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O consumidor está mais exigente e preocupado com o que come, qual a origem e como o alimento foi produzido. Busca produtos que sigam normas e regulamentos: sanitários, fitossanitários, ambientais, trabalhistas e éticos. Programas como: processos de certificações e rastreabilidade; de boas práticas de manejo, produção e fabricação; melhoria dos serviços de defesa sanitária animal e vegetal; inspeção animal, são exemplos de garantias ao consumidor da produção de alimentos seguros. É imprescindível a construção de novas políticas públicas e parcerias com o setor privado que garantam a viabilidade da produção de alimentos, uma vez que é a base para os demais segmentos do agronegócio e juntos, produzem 40% do PIB mundial. (Fonte FAEG). Cabe ao governo incrementar as ações de implementação das políticas que visam ao uso de tecnologias e práticas sustentáveis, adotar política de estímulo aos produtores que atendam às normas de segurança alimentar, como disponibilidade de crédito para melhoria e ou ampliação da produção que atenda todas as referidas normas e também promover políticas voltadas à educação sanitária para os produtores rurais, objetivando garantir a continuidade das ações de prevenção de doenças animais e pragas.


Por: Paulo

Roque

Touro Braford bate recorde de preço da raça

A sede da ABS Pecplan virou sala de aula para técnicos e criadores que estudam reprodução

Grupo do Curso de Acasalamento dirigido visita central de inseminação Um grupo formado por cerca de 40 técnicos, pecuaristas e estudantes da região de Ribeirão Preto, que participa do 3º Curso Boi com Bula -Acasalamentos Dirigidos (Nelore) visitou a central da ABS Pecplan, em Uberaba (MG), para uma aula sobre os critérios de seleção, avaliações morfológicas e estudo de touros. O curso é promovido pela empresa de consultoria agropecuária Brazil com Z e ministrado pelo zootecnista Willian Koury Filho. Além de aulas teóricas, o grupo pôde acompanhar um desfile de touros destaque da bateria Corte Zebu ABS. “A ABS é uma das principais centrais de inseminação artificial do país e sempre foi parceira pela afinidade técnica. Tem uma bateria de touros cada vez com maior sintonia do que a gente pensa, em termos de avaliação genética forte, que nos agrada também em termos de morfologia, ou seja, que soma com uma pecuária cada vez mais produtiva, que é o mote principal do nosso curso”, destacou Koury.

O touro Gran Hermano, da raça 50º Remate Bela Vista, o animal foi comercializado por R$123.000,00, valor recorde da raça Braford da temporada 2014. A venda foi realizada durante o 50º Remate Bela Vista, no Rio Grande do Sul. Foi disponibilizado lote com 50% do animal e a compra foi dividida em cotas. O empresário rural Agripino Azambuja de Oliveira, de São Gabriel (RS), adquiriu 30%, Carmem Valentina Albornoz, 10% e Mauro Simões Pires, 10%. “Acredito que esse tipo de venda seja uma inovação no mercado da raça”, comenta Celina Albornoz Maciel, da Estância Bela Vista (Santana do Livramento - RS), que manteve a propriedade da metade de Grand Hermano. O animal é considerado o melhor macho geração 2012 produzido pela Bela Vista e foi eleito melhor terneiro nacional na Expointer 2013 e o melhor touro (2 anos) na Expointer 2014. Gran Hermano é TOP 0,1% PampaPlus (programa de avaliação e melhoramento genético disponibilizado da Associação Brasileira de Hereford e Braford). É filho de Big Brother, um dos mais importantes representantes da raça Braford do país e possui todas as características positivas da raça, pelagem, comprimento, musculatura, costela e osso. Gran Hermano, contratado pela ABS Pecplan, e recordista da temporada

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Proteína Animal do Brasil faz sucesso na França

Brazilian Angus Beef Day também foi sucesso no SIAL Uma das grandes atrações da SIAL 2014- Salon International de l’Alimentation, em Paris, foi o Brazilian Angus Beef Day, do estande da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne),quando os visitantes puderam participar das sessões de degustação da carne Angus Certificada brasileira, além de exibição de vídeo e distribuição de material promocional sobre o produto. A iniciativa,que tem como objetivo promover a carne gourmet nacional, é uma parceria entre ABIEC, Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e Associação Brasileira de Angus. O Programa Carne Angus Certificada, que completou 11 anos de atividade em 2014, é considerado o maior pro-

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Divulgação

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) comemorou os resultados da grande ação promovida pela entidade, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), durante o Salão Internacional de Alimentos (SIAL- Salon International de l’Agroalimentaire, em francês), em Paris (França). Em uma área de mais de 400 metros quadrados, 16 agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de aves e suínos negociaram novos contratos e prospectaram clientes dos vários continentes, que estiveram no evento. Para estes visitantes, foram servidas diariamente mais de 250 refeições à base de carne de frango made in Brazil. Os pratos foram os mais variados, entre eles, o brasileiríssimo Galeto com Polenta, e outros da culinária asiática, sob o comando do Chef Marcelo Bortolon. Cerca de 800 pessoas, em média, estiveram diariamente no espaço da avicultura e da suinocultura do Brasil nos cinco dias do evento, num total de 4 mil pessoas.

grama de certificação da pecuária de corte brasileira, com sete frigoríficos parceiros e atuação em sete dos principais estados produtores (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás).


O Sial além das degustações Além de fomentar negócios, o SIAL também foi ponto de importantes encontros com autoridades. O presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, e o presidente da Apex-Brasil, Mauricio Borges, trataram de negociações junto à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para a construção de um convênio de estímulo à agregação de valor na avicultura e na suinocultura do Brasil, por meio da pesquisa e inovação. Na mesma ocasião, Borges confirmou a continuidade do projeto setorial das marcas Brazilian Chicken, Brazilian Egg e Braziliank Pork, mantido pela parceria entre ABPA e Apex-Brasil. Também no SIAL, Turra e Santin se reuniram com a comissária da DG Sanco (Diretoria Geral para a Saúde e Consumidores da União Europeia),

PorkExpo 2014: 5 mil visitantes e 1.480 congressistas no primeiro dia Cerca de 1.500 profissionais do setor participaram do VII Congresso Internacional de Suinocultura, que aconteceu paralelamente à PorkExpo 2014, no Mabu Resort Hotel, em Foz do Iguaçu. Nos

Berta Carol. No encontro, os representantes da ABPA pediram apoio ao órgão do bloco europeu para a abertura do mercado às exportações brasileiras de carne suína. Representantes da ABPA e Apex em reunião

últimos dez anos, a PorkExpo já realizou mais de 500 palestras, recebendo cerca de 20 mil congressistas e 300 mil visitantes. E desde 1978 a carne suína vem se destacando como a mais importante fonte de proteína animal. Nos últimos 46 anos, a produção mundial cresceu a cada ano, 3,1% e a nacional, 2,2%. Alguns elementos como sanidade, nutrição, bom manejo da granja, produção integrada e aprimoramento gerencial dos produtores contribuíram para aumentar a oferta interna e colocar o Brasil em quarto lugar no ranking de produção e exportação mundial de carne suína. Um dos grandes momentos do evento foi a entrega do “Prêmio PorkWorld da Suinocultura” aos melhores representantes da suinocultura brasileira em 2014. O objetivo da homenagem, apresentada pela Safeway, é prestigiar o trabalho das pessoas envolvidas com a atividadee que contribuem para seu desenvolvimento. Os premiados foram: Jovem Empreendedor, Diego Schoeler, Schoeler Suínos; Dirigente de Associação, Valdomiro Ferreira, presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS); Frigorífico, Loreni D. Foscarini, Cooperativa Majestade; Empresa, Flauri Migliavacca, Mig Plus; Pesquisador, Janice Zanella, Embrapa; Professor Universitário, Roberto Guedes, UFMG; Cooperativa, Carlos Alberto Freitas, Cosuel; Meio Ambiente, Lucio Marsal Rosa, Copercampos; Produtores, Olinto Arruda – Fazenda Água Branca; Sucessão Familiar, Mário Faccin Júnior, Master Agroindustrial; Técnico Autônomo, Osler Desouzart; Técnico de Cooperativa, Dirceu Zotti – LAR e Técnico de Empresa, Mario Pires, DB Genética Suína.

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Raul Moreira

Os desafios do “novo” governo Antonio Alvarenga (*)

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eeleita para um novo mandato, a presidente Dilma Rousseff dá claros sinais de que o governo que se inicia em 1º de janeiro de 2015 será muito diferente do atual. As nomeações de Joaquim Levy e Nelson Barbosa para os Ministérios da Fazenda e do Planejamento demonstram um flagrante reconhecimento dos equívocos praticados na condução de nossa política econômica nos últimos anos. Admitir e corrigir seus próprios erros constitui atitude altruísta e corajosa. Deve ser aplaudida e não criticada. A boa economia não é exclusividade de ninguém. O descontrole no crescimento dos gastos públicos e a deterioração de praticamente todos os demais indicadores macroeconômicos impõem alterações significativas no rumo de nossa política econômica. Não será tarefa fácil implementar os ajustes necessários, mas Levy e Barbosa têm condições de fazê-lo. São profissionais com sólidos conhecimentos e grande experiência no trato das finanças públicas. É preciso, no entanto, que tenham autonomia dentro do governo e o apoio de toda a sociedade. Em breve, o país poderá voltar a crescer em bases mais consistentes. No caso do agronegócio, os produtores rurais irão ganhar um verdadeiro presente de Natal, caso a senadora Katia Abreu seja confirmada ministra da agricultura. Ela possui conhecimento e competência, é corajosa e articulada. Nos últimos anos, a senadora e presidente da CNA teve uma efetiva atuação na elaboração dos programas governamentais para o setor, suprindo a instabilidade decorrente da sucessiva troca de ministros. Foi, em grande parte, graças a seu trabalho, que os planos governamentais para o agro foram positivos ao longo do primeiro mandato do governo Dilma Rousseff. O volume de recursos disponibilizados para o crédito rural cresceu significativamente. Algumas linhas de financiamento foram criadas e outras aprimoradas. As taxas de juros foram justas.

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Alguns avanços lograram êxito, como é o caso da ampliação dos recursos e a redução dos juros do Pronamp – linha de crédito voltada para o médio produtor. Um programa de armazenagem ganhou forte incentivo com taxas de juros bastante reduzidas. A pecuária também foi contemplada. Os criadores podem financiar a aquisição de animais para engorda em regime de confinamento, a retenção de matrizes e a aquisição de reprodutores e matrizes. Para incentivar a inovação tecnológica, foram aperfeiçoadas as condições de financiamento à avicultura, suinocultura e pecuária de leite por meio do programa InovAgro. Para 2015, esperamos que a burocracia seja reduzida e que os planos governamentais sejam plurianuais, proporcionando ao homem do campo a possibilidade de planejar suas atividades no médio e longo prazos. O agro espera que, nesse novo período governamental, o seguro agrícola seja ampliado e aprimorado, tornando-se compatível com a dimensão e a importância do setor. Também queremos maior empenho e agressividade do governo na política comercial externa. Em resumo: conquistar novos mercados e aumentar a exportação de produtos com valor agregado. Além disso, é necessário dar foco e prioridade para minimizar o problema de nossa infraestrutura – um dos mais importantes gargalos do agronegócio. Nesse caso, a solução é lenta e os investimentos vultosos. Precisamos recuperar o tempo perdido e dar um “choque” de infraestrutura no país. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura


Foto: Eduardo Carvalho

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Foto: Cristina Baran

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