Ano 05 - Número 21 - 2015 - R$ 12,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br
HOLANDA
alta tecnologia na produção de leite
EXÉRCITO
Produz plasma para a fabricação de soros contra animais venenosos
PECUÁRIA
Aumentar a produtividade é o grande desafio
Melhor curso de Medicina Veterinária do município do Rio (Folha de São Paulo)
CASTELO PENHA • Biomedicina • Ciências Biológicas • Medicina Veterinária
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uma publicação da:
C
om população e território praticamente iguais ao do estado do Rio de Janeiro e com 60% dos habitantes vivendo abaixo do nível do mar, a Holanda é um dos maiores e melhores produtores de leite e derivados do Planeta. Na nossa matéria de capa, o professor da USP, Roberto Arruda de Souza Lima, fornece informações relevantes sobre a participação desse país no mercado internacional. Atuando em mais de três mil estabelecimentos, respeitado no mundo todo e um dos responsáveis pelo sucesso das exportações brasileiras de produtos de origem animal, o SIF-Serviço de Inspeção Federal, vinculado ao DIPOA- Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura, está completando 100 anos. O carimbo SIF é sinônimo de garantia de qualidade. O território brasileiro é rico em animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpiões e para defender as pessoas picadas por eles, existem os soros que são fabricados a partir de plasmas hiperimunes, preparados em animais de grande porte, geralmente cavalos. O IBEX-Instituto de Biologia do Exército, no Rio de Janeiro, é um importante produtor desses
plasmas que ajudam a salvar milhares de vidas todos os anos. A Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, abriga uma das mais importantes faculdades de medicina veterinária do mundo, com inúmeras oportunidades de formação e especialização,como nos conta o professor Márcio Costa na sua matéria, de interesse tanto dos estudantes como também dos já formados na profissão. Se o leitor está interessado em montar um pet shop, a matéria da jornalista Béth Mello é imperdível. A água é o alimento mais importante para homens e animais. É o recurso – juntamente com o ar – de maior relevância para a sobrevivência das espécies e manutenção da saúde. A matéria do médico veterinário Edino Camoleze aborda em detalhes esse assunto. O engenheiro-agrônomo Alberto Figueiredo, ex-Secretário de Agricultura do RJ e diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, ressalta na sua matéria: - Considerando a importância que tem para a sociedade as pessoas que produzem alimentos, parece óbvia a responsabilidade de todos no sentido de, pelo menos, reduzir as muitas dificuldades pelas quais passam.
Luiz Octavio Pires Leal Editor
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Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:
Presidente:
Octavio Mello Alvarenga
Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Maurílio Biagi Filho Osaná Sócrates de Araújo Almeida Joel Naegele Tito Bruno Bandeira Ryff Francisco José Vilela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Sérgio Gomes Malta
CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
Presidente 1º vice-presidente 2º vice-presidente 3º vice-presidente 4º vice-presidente Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor Diretor
comissão fiscal Claudine Bichara de Oliveira Maria Cecília Ladeira de Almeida Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otavio Andrade
Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio Freitas Claudio Caiado John Richard Lewis Thompson Fernando Pimentel Jaime Rotstein Hélio Sirimarco José Milton Dallari
Katia Aguiar Marcio E. Sette Fortes de Almeida Maria Helena Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo M. Protásio Roberto Ferreira S. Pinto Rony Rodrigues Oliveira Ruy Barreto Filho
Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br
Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso
Luíz Carlos Corrêa Carvalho TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Joel Naegele Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt
Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Ministra Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen
Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Shutterstock Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial
É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Ediouro Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000
Sumário
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15 18
30 28
20
37
22 38
55 49
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58
46 06 12 15 18 20 22 28 30 37 38
60
Holanda: High-tech na produção de leite e derivados
66
Aproveitamento de resíduos lácteos em alimentos destinados à manutenção da saúde (Cooperação Brasil – EUA) Ciência e Tecnologia
Uma análise da produção de peixe no Brasil Atividade pecuária de pequenos produtores pode render mais no balde e na balança O passo-a-passo para montar um pet shop
Direito Agrário
A água na produção animal
Síntese
Aumentar a produtividade da pecuária é o grande desafio
40 46 49 55 58 60 66
Cornell, excelência no ensino da veterinária nos Estados Unidos
Aumento da renda do produtor rural Exército produz plasmas hiperimunes para a fabricação de soros contra venenos de serpentes, aranhas e escorpiões Inspeção de Alimentos do Ministério da Agricultura Completa 100 anos de Bons Serviços A pecuária e a emissão de gases de efeito estufa
Top News
Opinião
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Holanda: High-tech na produção de leite e derivados Por:
Roberto Arruda de Souza Lima, Prof.Dr.da Esalq/USP
Lely
Na maioria dos estábulos da Holanda, a ração é despejada diretamente no chão, sem comedouro.
Luiz Octavio Pires Leal
A Holanda produz, consome e exporta queijos da melhor qualidade.
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Tanto o crescimento da população global quanto o aumento da prosperidade (elevação da renda per capita) têm sido responsáveis por elevação da demanda mundial de leite e seus derivados, com incremento médio superior a 2% ao ano. Esta evolução mostra as boas oportunidades e responsabilidade para os países produtores. Neste segmento, historicamente a Holanda tem ocupado papel de protagonista com forte destaque. Enquanto isso, o Brasil, a despeito do crescimento verificado no número de cabeças do rebanho nacional, ainda ocupa posição secundária.
E
mbora os dados mais recentes disponíveis na FAO sejam somente aqueles referentes a 2011, é possível observar a diferença na corrente de comércio (exportações + importações) entre Brasil e Holanda. Ao que tudo indica, os dados referentes ao período mais recente apresentarão diferença ainda maior, pois as exportações holandesas têm crescido ao expressivo ritmo de 7% ao ano. Na Figura 1 é possível observar a evolução do volume exportado tanto da Holanda quanto do Brasil. Para adequada comparação dos valores no período, os dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) foram deflacionados pelo Consumer Price Index,
Figura 1 – Brasil e Holanda: Exportação de leite e derivados, em bilhões de dólares de 2014, deflacionado pelo CPI $7,00 $6,00 $5,00 $4,00 $3,00 $2,00 $1,00 $-
Exportação & importação
Alta produtividade É interessante observar que o destacado crescimento da Holanda no comércio internacional ocorreu sem que o tamanho do rebanho bovino sofresse grandes alterações, permanecendo em torno de 1,5 milhão de animais, ao contrário do efetivo brasileiro, em que houve crescimento do número de cabeças, conforme ilustrado pela Figura 3. Cabe a observação que a queda apresentada no ano de 1996, no Brasil, deve-se à revisão nas estimativas provocada após a realização do Censo Agropecuário 1995/96.
Holanda
Fonte: FAO (2015)
Figura 2 – Brasil e Holanda: Importação de leite e derivados, em bilhões de dólares de 2014, deflacionado pelo CPI $4,00 $3,50 $3,00 $2,50 $2,00 $1,50 $1,00 $0,50 $-
Holanda
Brasil
Fonte: FAO (2015)
Figura 3 – Brasil e Holanda: Evolução do efetivo de gado de leite, em milhões de cabeças 25
Os três pilares
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A origem das diferenças dos números apresentados referente ao comércio internacional de Brasil e Holanda está, em grande parte, nos índices de produtividade. Conforme bem destacado na recente publicação Engine of the Economy1, a competividade
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Co-produção de Roland Berger Strategy Consultants e a Dutch Dairy Association.
Fonte: FAO (2015)
10 5
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013
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Holanda 1
Brasil
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011
Após observar o grande volume exportado pela Holanda poder-se-ia imaginar que as importações não seriam significativas. Entretanto, ao contrário dessa suposição, a Holanda também é uma grande importadora, superando a marca de dois bilhões de dólares anuais. O Brasil, com cerca de 500 milhões de dólares de importação anual, tem presença bem mais tímida no mercado internacional. A Figura 2 ilustra a evolução das importações dos mesmos produtos discutidos nas exportações e também em valores deflacionados.
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011
elaborado pelo Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos. Foram considerados os seguintes produtos: leite (fresco, desnatado, condensado, em pó e evaporado) e queijos de leite de vaca. Não foram considerados leite e derivados de ovelha. Enquanto a Holanda apresenta forte crescimento, ultrapassando seis bilhões de dólares, o Brasil, com exceção de 2008, não consegue apresentar significativo crescimento ao longo dos 40 anos analisados, com exportação anual de poucas dezenas de milhões de dólares.
Brasil
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Lely
Equipamento robotizado de ordenha, Lely A vaca entra livremente no robô, é identificada eletronicamente e recebe ração concentrada, associando esse momento de prazer à entrada no equipamento. Em seguida, os tetos são limpos e desinfetados e as teteiras acopladas. Finalizada a ordenha, a porteira se abre e o animal é liberado para comer ração volumosa no cocho. Tudo sem nenhuma interferência humana.
holandesa apoia-se em três pilares: localização, empreendedorismo e cooperação.
Localização privilegiada Quanto à localização, o território holandês ocupa região com características edafo-climáticas extremamente adequadas para criação de bovinos e com uma infraestrutura logística invejável, de alcance global. Adicionalmente, situa-se no mercado europeu, consolidado e de grande porte.
Inovação O empreendedorismo inovador é outro importante pilar. A tradição holandesa no comércio mundial, com qualidade e segurança reconhecidas internacionalmente, confere disponibilidade 8_Animal Business-Brasil
para realização tanto de investimento quanto de inovações. E, importante, conta com bom acesso ao capital com custos favoráveis.
Cooperação A cooperação é outra característica histórica e pilar da competividade holandesa. O cooperativismo e a forte capacidade de auto-organização estão presentes na rotina do país. Os agentes possuem forte disponibilidade para cooperar, assegurando sinergia nas diferentes atividades do setor. O conjunto dessas características tem permitido o constante aumento da produtividade holandesa, que hoje atinge cerca de 8 mil kg/ animal/ano, enquanto a produtividade brasileira pouco evolui, estando hoje em torno de 1,5 mil kg/animal/ano (Figura 4).
Figura 4 – Brasil e Holanda: Produtividade da indústria leiteira, em kg/animal/ano
Figura 5 – Holanda: Destino e origem das transações internacionais do setor lácteo
9.000
a) Destino das Exportações
8.000 7.000
1,3%
0,4%
6.000
1,7%
5.000 9,2%
4.000
16,8%
3.000 2.000 1.000
América do Norte
1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013
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Holanda
América latina e Caribe
Brasil
Fonte: FAO (2015)
África Europa
Características do setor
Além do gado de leite de prestígio mundial, a Holanda cria ovelhas da raça Texel, especializada na produção de carne, originária da ilha do mesmo nome daquele país e que também faz sucesso no Brasil.
Ásia Oceania
70,6%
b) Origem das Importações 0,2%
2,4%
0,8%
96,6%
Luiz Octavio Pires Leal
Luiz Octavio Pires Leal
Os dados mais recentes apontam que o rebanho holandês, de 1,6 milhões de cabeças, está distribuído em 18 mil estabelecimentos, produzindo 12,7 bilhões de litros de leite. Mais da metade (55%) desse volume destina-se à produção de queijos. Considerando tanto as atividades dentro da porteira quanto fora da porteira, isto é, fazendas e indústrias, o setor gera 12 bilhões de Euros em renda, empregando pouco menos de 45 mil trabalhadores. A Holanda relaciona-se comercialmente com todos continentes, conforme mostrado na Figura 5. Entre os destinos das exportações holandesas, destacam-se a Alemanha, Bélgica e França. Estes mesmos três países são, também, os principais parceiros comerciais no que se refere às origens das importações da Holanda.
A Holanda tem condições de solo e clima excelentes para a produção de leite e derivados, mas a presença dos drenos é uma constante porque cerca de um terço do país fica abaixo do nível do mar. Animal Business-Brasil_9
Aproveitamento de resíduos lácteos em alimentos destinados à manutenção da saúde (Cooperação Brasil – EUA) Por:
Prof. Carlos Adam Conte Jr, PhD e M.Sc. Leticia Fraga Matos Campos de Aquino, Doutoranda Fac. Veterinária da UFF
Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação aos alimentos que adquirem. Aliado a este fato, a atenção e participação em campanhas relacionadas aos cuidados com o meio ambiente e o aproveitamento racional de alimentos têm ganhado destaque. Consequentemente, o valor nutritivo dos alimentos deixou de ser o único foco de interesse, abrindo espaço para a busca por produtos com atividades funcionais e oriundos de produção sustentável. Alimentos funcionais (AF) são aqueles adicionados de ingredientes que trazem benefícios específicos para a saúde, devendo ser salientado que esse efeito restringe-se à promoção da saúde e não à cura de doenças.
O
projeto, realizado em cooperação entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade da Califórnia - Davis (UCDavis), foi idealizado com a finalidade de solucionar aspectos ambientais, sociais,
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econômicos e mercadológicos, tendo em vista a expressiva quantidade de resíduos oriundos do processamento de queijo e a funcionalidade dos oligossacarídeos presentes neste resíduo.
Resíduo lácteo Resíduo lácteo é toda matéria orgânica originada da fabricação de diferentes produtos lácteos, que tem como destino final o descarte. O principal resíduo lácteo produzido mundialmente é o soro de queijo, oriundo da fabricação desse produto (a partir de leites de diferentes espécies). Aproximadamente 90% do volume inicial de leite destinado à produção de queijos se transforma em resíduo ao final da produção. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram produzidos em 2014, só no Brasil, cerca de 710 mil toneladas de queijo, dando origem a, aproximadamente, 639 mil toneladas de resíduo. De acordo com FEAM, o soro é um dos poluentes líquidos que mais contribuem para a alta carga poluidora das indústrias de laticínios. A demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) do soro varia de 25 a 120 g.L-1. A (DBO5) de uma água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável.
do à obtenção de quantidades suficientes para realizar estudos clínicos e examinar o seu potencial para utilização na alimentação humana. Recentes desenvolvimentos, em glicobiotecnologia, abriram a oportunidade de se produzir oligossacarídeos idênticos aos presentes no leite humano, usando métodos microbianos, enzimáticos ou químicos. Contudo, se trata de uma técnica extremamente complexa e de elevado custo. Alguns autores relatam que oligossacarídeos detectados no leite de animais domésticos, apesar de serem encontrados em menor quantidade, apresentam algumas características estruturais em comum com oligossacarídeos do leite humano.
Soro bovino e caprino O soro bovino e caprino tem sido estudado por diversos pesquisadores como fonte de oligossacarídeos por apresentarem perfil semelhante ao leite humano. Os avanços na tecnologia de processamento, incluindo a ultrafiltração, microfiltração, osmose reversa ou de permuta de íons, resultaram na presença de um grande número de produtos de soro de queijo no mercado. Tanque de fermentação Letícia Aquino
Os maiores aumentos em termos de DBO, num corpo d’água, são provocados por despejos de origem predominantemente orgânica, como é o caso do soro de queijo e do esgoto doméstico. A presença de um alto teor de matéria orgânica pode induzir ao completo esgotamento do oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática. Para efeito de comparação, para o esgoto doméstico do estado de São Paulo ser liberado diretamente nos copos d’água, é exigida uma DBO5 máxima de 60 g.L-1. As indústrias produtoras de derivados de leite têm enfrentado grandes problemas com os resíduos gerados em sua produção. A visão tradicional do soro de queijo como um subproduto da indústria de laticínios com pouco valor vem desaparecendo. Atualmente, o soro de queijo é visto como uma fonte potencial de peptídeos bioativos e oligossacarídeos que são liberados por enzimas, hidrólise, e/ou processos de fermentação, podendo ser utilizados na formulação de múltiplos AF. Dentre as múltiplas bioatividades descritas, destaca-se a anti-hipertensiva, antioxidante, antimicrobiana e hipocolesterolêmica. Apesar do valor nutricional deste resíduo, fatores como: o elevado volume produzido pelas indústrias, a carência de produtos com ampla aceitação elaborados à base de soro de queijo, e a falta de tecnologias que permitam o aproveitamento do mesmo, fazem com que esta matéria-prima seja comumente lançada nos rios e córregos sem o tratamento adequado . Apenas uma pequena parte do soro é empregada na fabricação de ricota e na produção de bebidas lácteas, sendo mais comum a utilização do soro na alimentação de suínos ou seu lançamento em rios.
Oligossacarídeos
Os oligossacarídeos são moléculas constituídas por um pequeno número de açúcares simples (normalmente de 2 a 9) ligados entre si. O interesse em oligossacarídeos começou com a observação de que estes compostos, presentes no leite humano, podem ser fatores de desenvolvimento da flora intestinal benéfica de crianças em amamentação. O leite humano não está disponível para que seja feito o isolamento destes oligossacarídeos em grande escala. Por este motivo, existe a necessidade de encontrar fontes alternativas visanAnimal Business-Brasil_13
Obtenção dos oligossacarídeos Para que estes oligossacarídeos possam ser adicionados a diferentes produtos alimentícios, os mesmos devem ser concentrados e isolados. As abordagens atuais mostram que a filtração com membranas de diferente composição química, diferentes tamanhos de poro, e conjugadas com a diafiltração, têm se mostrado eficaz na recuperação de oligossacarídeos do soro. Entretanto, juntamente com estes oligossacarídeos, é recuperada ainda uma pequena porcentagem de lactose que pode prejudicar a funcionalidade dos mesmos. Desta forma, além da filtração por membranas, deve ser realizada a fermentação do concentrado para que a lactose remanescente seja consumida, aumentando a pureza do isolado.
• filtração por membranas de polietersulfona (10 KDa) para a retirada das proteínas residuais; • fermentação para consumo dos monossacarídeos oriundos da hidrólise da lactose; • filtração por membranas de polietersulfona (700 Da) para isolamento e concentração dos oligossacarídeos de interesse no estudo.
Oportunidades de negócio
Laboratório UCDavis
Desnatadeira Letícia Aquino
O projeto
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Letícia Aquino
No projeto foram utilizados 80 litros de leite caprino, no qual foram realizadas as seguintes etapas: • coagulação das proteínas majoritárias (caseínas) para separação do soro de queijo; • separação e desnate (retirada da gordura) do soro de queijo; • hidrólise (quebra) da lactose (dissacarídeo) em glucose e galactose (monossacarídeos);
O soro de queijo, até então um resíduo altamente poluente, pode ser utilizado como uma matéria-prima de alto valor biológico, do qual são extraídos oligossacarídeos com propriedades funcionais específicas. Os oligossacarídeos, como ingredientes elaborados, podem ser inseridos em diferentes matrizes, favorecendo, não somente a indústria láctea, como muitos outros setores alimentícios. O lançamento de novos produtos com adição de ingredientes com propriedades funcionais no mercado tem oferecido benefícios potenciais para a dieta dos consumidores e novas oportunidades de negócios para os produtores e industriais. Esses alimentos possuem potencial para promover a saúde por meio de mecanismos não previstos pela nutrição convencional.
Por: Adeildo
Lopes Cavalcante
EMBRAPA desenvolve software para controle de verminose em ovinos
Danilo Moreira
O software (programa de computador), desenvolvido pelo núcleo Pecuária Sudeste da
EMBRAPA, empresa de pesquisa agropecuária do governo federal, ajuda o criador a controlar a verminose de forma mais eficiente (essa doença ainda é um dos grandes desafios da ovinocultura e um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores). De acordo com a pesquisadora, Simone Niciura, o software identifica os fatores na propriedade que podem aumentar a proliferação de vermes nos animais, orientando o criador quanto à melhor opção de manejo. Esse manejo envolve, entre outros fatores, orientações de controle dos parasitas e de utilização de vermífugos, visando retardar o desenvolvimento da resistência parasitária nos animais.
A Agroceres Multimix, fabricante de rações para animais, desenvolveu, em parceria com a Fazenda 3R, localizada em Mato Grosso do Sul, uma ração inédita para bezerros. A novidade, segundo a empresa, é que o alimento permite que os animais cheguem ao período de desmame, aos 10 meses, com mais de 300 quilos, possibilitando ao criador eliminar toda a fase de recria e abater os animais quase um ano mais cedo. No país, os bovinos têm sido abatidos, em média, aos 24 meses, com peso médio de 500 quilos. A ração foi desenvolvida com base na experiência de alimentação do rebanho de gado Nelore da Fazenda 3R.
Divulgação
Novidade: ração elimina fase de recria de bezerros e permite abater animais quase um ano mais cedo
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Divulgação
Desenvolvida por Nilo Deliberali, apicultor e técnico da Emater do Paraná, empresa estadual de assistência técnica ao produtor rural, a técnica compreende uma tábua de madeira com 20 orifícios para colocação dos vidros (nos quais as abelhas produzem os favos). Ao final do processo, os vidros com os favos são retirados, tampados, lacrados e rotulados, resultando em um produto higiênico e sem impurezas. Os favos de mel são muito procurados para uso, principalmente, como matéria-prima para fabricação de medicamentos e cosméticos.
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Novidade: técnica permite produção de favo com mel direto no vidro
Novas máquinas de enfardar feno econômicas e fáceis de operar
Jonh Deere
A John Deere, fabricante de máquinas e equipamentos para a agropecuária, desenvolveu e colocou à disposição dos criadores de gado uma série de máquinas de enfardar feno, produto utilizado na alimentação do gado, principalmente nos períodos em que há escassez de pastagens. Dentre os modelos da série está o C440R (foto), o qual produz mais de 3000 fardos cilíndricos por ano. Ele se destaca por possuir um pequeno monitor em cores e um sistema de lubrificação automático que reduz os seus custos operacionais.
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UNESP: Nova tecnologia para produção de queijos Desenvolvida na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), em São Paulo, a tecnologia possibilita a produção de queijos através do uso de uma enzima microbiana obtida por fermentação na produção de queijo prato, substituindo o coalho (enzima comercial mais utilizada na produção de queijos e extraída do estômago de bezerros em lactação). Para chegar à nova tecnologia, a qual permite a produção de vários tipos de queijos, entre eles o minas frescal e o mussarela, os pesquisadores levaram em conta principalmente o fato de o coalho apresentar alto custo e produção em quantidades limitadas.
Depois de mais de 10 anos de estudos, foi desenvolvida na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, uma nova forma de tratar lesões na córnea de cães e gatos, permitindo regeneração e recuperação da visão em 30 dias. O tratamento consiste na aplicação sobre a área afetada de membrana de bolsa amniótica (local onde o feto se desenvolve) extraída de cadelas, em substituição ao método convencional de sutura (costura das bordas de um corte ou ferimento). O método de sutura, segundo os pesquisadores, não se mostrou satisfatório, uma vez
UFV
Universidade de Viçosa: novo tratamento recupera visão de cães e gatos em 30 dias
que houve reação inflamatória com o material aplicado. Já o emprego de membrana amniótica demonstrou boa adaptação como revestimento da lesão.
Novo alimento: farelo de soja torna a produção de Pirarucu em cativeiro mais barata
Divulgação
Estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) mostra que a substituição da farinha de peixe por farelo de soja na alimentação do Pirarucu criado em cativeiro torna a produção deste peixe mais barata e mais competitiva. Uma das razões, segundo o órgão, é a diferença de preços entre os dois produtos: o preço do quilo da farinha de peixe varia de R$ 2,00 (se for nacional) a R$ 5,00 ou R$6,00 (se for importada), enquanto que o quilo do farelo de soja custa em média R$ 0,90 o quilo. O INPA cita outra vantagem: o Pirarucu é carnívoro e de grande porte e requer altas concentrações de proteína na dieta, o que aumenta o investimento na produção, restringindo o interesse, sobretudo, dos pequenos produtores. O farelo de soja atende plenamente a essas exigências nutricionais.
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Uma análise da produção de peixe no Brasil Entrevista:
Ministro da Pesca e Aquicultura Helder Barbalho, Graduado em Gestão Pública pela FGVFundação Getúlio Vargas
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u venho de um estado, o Pará, em que a pesca artesanal faz parte da vida de milhares de pessoas. Uma realidade que não me deixa dúvidas sobre a importância deste momento em que vivemos. Por exemplo, temos que fazer o benefício do óleo diesel chegue diretamente ao pescador. Talvez por meio de um cartão que ele possa usar diretamente para abastecer. A Controladoria Geral da União também está trabalhando conosco num sistema para que o pescador possa fazer a prestação de contas desse benefício. O que precisamos é saber se o pescador usou o combustível para pescar, porque o subsídio é mais uma política do ministério de ampliação da produção. Temos que também ampliar as ações de educação e saúde. Ministro Helder Barbalho
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Sua opinião sobre a pesca industrial, de alto mar no Brasil, em comparação com a do primeiro mundo O Brasil tem mais de 4,5 milhões de quilômetros quadrados de Zona Econômica Exclusiva. Mesmo com todo esse potencial, contribui com pouco mais de 8% da produção de pesca oceânica mundial. Para aumentar esse número, não basta apenas colocar mais barcos no mar. Ainda que o arrendamento de barcos de outras nacionalidades e a conquista de parceiros internacionais sejam muito importantes para buscarmos resultados mais imediatos, precisamos fortalecer a nossa participação em organismos que regulam a pesca oceânica, como a Comissão Internacional para a Conservação do Atum
Arquivo Aceaq
De um modo geral, o que precisamos é agir em duas frentes: uma é estimular o consumo do pescado no Brasil e a outra é aumentar a produção barateando os custos
A aquicultura de alta tecnologia é um dos principais recursos contra a fome mundial de proteínas de alto valor biológico
Atlântico, a ICCAT; a Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártica e a Comissão de Pesca do Atlântico Central e Ocidental - COPACO. A função desses organismos é, basicamente, garantir a sustentabilidade dos estoques pesqueiros. Por isso, cada país tem uma cota de exploração da pesca em alto mar. O primeiro passo do Brasil é utilizar a sua cota atual e a seguir aumentar a cota, o que é seu direito. Neste sentido, participei nesta semana da Conferência de Revisão do Acordo de Nova York para a aplicação das disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, relativa à conservação e gestão das populações de peixes transzonais e altamente migratórias.
Qual o atual e futuro papel da aquicultura de água doce e a de água salgada no fornecimento de proteínas de alto valor biológico? Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo, notadamente de alimentos de origem animal. A criação de peixes e a pesca, no seu entendimento, têm papel relevante na solução desse grave problema? O Brasil quer crescer a sua produção de pescado. E a aquicultura é o caminho para o crescimento exponencial da nossa produção. Para se ter uma ideia do nosso potencial nesta área, temos 8500 quilômetros de costa marítima, a maior reserva do mundo de água doce e, literalmente,
mais terra do que água. As áreas aquícolas solicitadas têm potencial para produzir cerca de 6 milhões toneladas por ano e os Parques Aquícolas Marinhos e Continentais já demarcados podem produzir 820 mil toneladas anualmente. Somando esses dois números, teremos uma produção projetada de cerca de 7 milhões de toneladas. Nossa aquicultura hoje produz algo em torno de 480 mil toneladas. Isso dá a dimensão do potencial e do nosso desafio. Mundialmente, as exportações de bovinos, suínos e frango, somadas, correspondem a 40% do total de proteína animal consumida no mundo. Os outros 60% são de pescado. Se trouxermos essa proporção para o Brasil, projetaremos exportações de pescado que chegariam a 36 milhões de toneladas. É por isso que, se fizermos bem o nosso dever de casa, poderemos estar seguramente entre cinco maiores produtores do mundo até 2030. E dando a nossa contribuição para diminuir a fome no planeta. Para chegarmos lá não nos falta nem trabalho, nem disposição.
Em linhas gerais, qual o projeto do seu ministério para aumentar e baratear o pescado no Brasil? De um modo geral, o que precisamos é agir em duas frentes. Uma é estimular o consumo do pescado no Brasil e a outra é aumentar a produção, barateando os custos. Na aquicultura, por exemplo, precisamos diminuir a carga tributária dos impostos federais que incidem sobre a ração dos peixes. Hoje, a ração representa cerca de 70% dos custos da aquicultura. Animal Business-Brasil_19
Atividade pecuária de pequenos produtores pode render mais no balde e na balança Por:
Samantha Mapa - EPAMIG
Sistema de produção de leite, desenvolvido em Minas Gerais, promove aumento da receita do pecuarista somando a venda do leite ao valor do bezerro de corte de qualidade. Modelo foi apresentado a técnicos de 14 estados brasileiros durante treinamento do Programa de Melhoria da Qualidade Genética Brasileiro (Pró-Genética), realizado nos dias 10 e 11 de março, em Felixlândia, na região Centro-Oeste de Minas Gerais.
e Pró-Genética, com a interação entre Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Epamig, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
Bezerros de qualidade Os estudos apontaram que vacas mestiças, além do aumento da produtividade, foram capazes de produzir bezerros de qualidade, quando considerados o ganho médio diário e o peso do desmame, podendo contribuir para a sustentabilidade da produção. “A venda desses Gado F1 possibilita pecuária de dupla aptidão para pequenos produtores rurais.
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Erasmo Reis /EPAMIG
O
s técnicos conheceram o modelo, que utiliza fêmeas F1 (meio sangue europeu e meio sangue zebuíno) para produção de leite e de bezerros de corte, estudado na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Felixlândia há mais de 15 anos. Estas tecnologias geradas são levadas até o pecuarista mineiro por meio de programas como Minas Leite
Erasmo Reis /EPAMIG
Bezerros de corte, filhos de vacas mestiças, têm apresentado boa qualidade e contribuem para a sustentabilidade do sistema.
bezerros pode complementar a receita da propriedade, desmistificando a teoria que vacas F1 não produzem animais para a cadeia da carne”, explica o pesquisador da EPAMIG, José Reinaldo Ruas, que coordena os estudos na Fazenda de Felixlândia. Ele explicou que a partir do melhoramento genético e adoção de técnicas de manejo na ordenha e alimentação, a média de produção passou de 2000 kg para 3000 kg de leite por lactação.
Temperamento das vacas O temperamento ameno das vacas mestiças adaptadas à ordenha mecânica, chamou a atenção do agrônomo de Campina Grande (PB) Luciano Bezerra, que acompanhou o manejo na Fazenda Experimental.”É possível perceber que as vacas são produtivas em ordenha mecânica, após o amansamento”, ressalta. Para o zootecnista da Emater-DF, Douglas Andrade, as demonstrações cumpriram a expectativa de viabilidade econômica do sistema. “É a parte que mais interessa ao produtor, além da possibilidade de este ter acesso à genética de qualidade”, conclui.
Melhora da qualidade de vida Para o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho, os avanços do Pró-Genética em Minas vão além do aspecto econômico. “A capacidade multiplicadora do Programa melhora a satisfa-
ção do produtor rural e a qualidade de vida de sua família”. Segundo o secretário, o Pró-Genética, implantado em 2007 no estado, terá como extensão o Pró-Fêmeas, iniciativa que visa melhorar o plantel, principalmente dos pequenos produtores rurais.
Maior produtor de leite Também foram apresentadas aos participantes, as perspectivas da bovinocultura e resultados positivos que tornaram Minas Gerais, maior produtor de leite do Brasil, pioneiro no incentivo a pequenos produtores rurais na utilização de animais geneticamente superiores no cruzamento, a partir de tecnologias de fácil aplicabilidade e de administração simples. De acordo com o presidente da EPAMIG, Rui Verneque, houve um avanço em tecnologias para o desenvolvimento da bovinocultura de dupla aptidão e que busca respostas para outros desafios. “A pesquisa visa também aperfeiçoar técnicas de automação para minimizar a questão da falta de mão de obra nas propriedades”, exemplifica.
Onde buscar orientação Os criadores interessados, na melhoria do seu rebanho, devem buscar orientação na Emater-MG e ABCZ para terem acesso a touros e fêmeas de alta qualidade genética de diversas raças bovinas, adaptadas para a produção de carne e leite. Animal Business-Brasil_21
O passo-a-passo para montar um pet shop Por:
Béth Melo, jornalista
O mercado de animais de estimação oferece várias oportunidades de negócios como lojas, serviços de banho e tosa, cursos, clínicas veterinárias, entre outras atividades. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), no País há mais de 100 mil pontos de venda de produtos direcionados aos bichos de estimação, dos quais, 40 mil são pet shops. “Na capital paulista, há 5 mil pet shops e em todo Estado de São Paulo, 8 mil”, calcula Ricardo Calil, consultor do Sebrae-SP.
O
Brasil é o segundo país com a maior população de pets do mundo, com o mais 106 milhões de animais (37 milhões de cães, 21,3 milhões de gatos, 26,5 milhões de peixes, 19,5 milhões de pássaros, além de animais silvestres). No ano passado, esse mercado movimentou mais de R$ 16 bilhões, impulsionado, principalmente, pelo investimento
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das indústrias de rações em publicidade, melhora dos canais de distribuição e ampliação da linha de produtos. Nos últimos anos, esse segmento tem crescido bastante em decorrência do melhor poder aquisitivo da classe média que pode comprar um animal de estimação e gastar com produtos e serviços para seus bichinhos. Para atender a essa demanda em expansão (principalmente, cães, gatos, aves e peixes), os pet shops oferecem um portfólio de itens que inclui alimentos, roupas, brinquedos, perfumes, acessórios, medicamentos, além da venda de animais de pequeno porte e serviços.
Pet shop “Pet shop é uma loja para a venda de produtos para animais de estimação e companhia, como acessórios em geral, alimentos completos, shampoos, brinquedos, entre outros itens. Já os consultórios, são locais para a realização de exames e aplicação de vacinas, enquanto as clínicas, são espaços onde os animais são submetidos a cirurgias”, define Nelo Marraccini Neto, vice-presidente da área de comércio e serviços do Instituto Pet Brasil (IPB). Marraccini Neto menciona a nova resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), nº 1069/2014, válida desde 15 de janeiro de 2015, que exige a supervisão de um médico veterinário responsável pelo estabelecimento para assegurar a saúde e bem-estar dos animais expostos. Ele lembra que os profissionais que oferecem serviços ou produtos peculiares à medicina veterinária, de acordo com a Lei 5.517/68, são obrigados a possuír registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) do estado em que atuam, bem como o médico veterinário responsável técnico que responda pela empresa.
De acordo com Calil, em alguns municípios exige-se a presença integral nas lojas pet shop, para atender a casos de emergência e garantir a saúde do animal, e em outros, apenas algumas horas diárias. “Qualquer coisa que aconteça, o veterinário é responsável.” Já a clínica, exige a presença integral de um veterinário.
Responsável técnico Segundo Paulo Braz, CEO da Petland (rede de franquias de pet shop e venda de animais), a legislação determina que cada pet shop, independente de clínica, consultório, banho e tosa, ou loja, necessita de um responsável técnico veterinário. “No caso de oferecer o serviço de banho e tosa, a regra mais recente exige o monitoramento das atividades o dia todo”, esclarece e acrescenta que, de acordo com a nova legislação, a clínica não pode funcionar junto. “Caso exista clínica veterinária, é necessário um acesso diferenciado com natureza de atividade também diferenciada.”
Oportunidades e riscos O segmento apresenta algumas oportunidades, como o aumento das pessoas que pos-
suem animais de estimação, crescimento da população de pets, além de melhores condições de consumo do povo brasileiro. No entanto, montar um pet shop não é uma tarefa fácil, em razão da legislação, da burocracia e da concorrência. Segundo o Sebrae, o risco de abrir as portas sem conhecimento do ambiente é grande e as principais ameaças, nesse caso, são o excesso de concorrência e a falta de experiência do dono do negócio. “Portanto, antes de escolher a localização da loja, é necessário realizar uma pesquisa simples, para saber se tem mercado local (quantidade de animais e de pessoas na região e no entorno), além de verificar a competição, o poder aquisitivo do público alvo, os gostos pessoais, e as expectativas em relação a um pet shop”, aconselha Calil. O segundo passo é definir o tamanho do estabelecimento, que pode ser grande (como a rede Cobasi e outras), ou pequeno, como a maioria, e bem numeroso. “É importante que o local tenha facilidade de acesso e estacionamento (local ou próximo)”, sugere o consultor do Sebrae. Outra recomendação é determinar o tipo de serviço a ser oferecido (se vai agregar banho e tosa e clínica veterinária, neste caso, com entrada independente), para escolher a área da loja.
Maurício Marconi
Limpeza impecável e espaço amplo são itens fundamentais para ter sucesso num pet shop
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Embora a decisão do tamanho do estabelecimento seja do empresário, o SEBRAE recomenda uma área mínima de 50m2 para estruturar um pet shop
Escolha do ponto Na opinião de Sérgio Lobato, que presta assistência na montagem de pet shops no Brasil e também em alguns países da América do Sul, a escolha do ponto é fundamental, pois o empresário deverá levar em conta, primeiramente, o formato do negócio que ele deseja nesse mercado, o tamanho do empreendimento, se terá apenas venda ou prestará serviços veterinários e/ou de estética. “Em função do mix de serviços e produtos oferecidos, o investidor deverá analisar, entre outras questões, a dimensão do imóvel, a localização e a acessibilidade”, faz coro às recomendações de Calil e prossegue: “Um estabelecimento com acesso difícil, pouca visibilidade, sem vagas de estacionamento, localizado em área de pouca segurança com certeza enfrentará sérios problemas para atrair e fidelizar clientes que não se sentirão à vontade para consumir nessas condições.” Outro ponto importante é o preço de aluguel do ponto, ou do imóvel, no caso de compra, valores que deverão fazer parte do custo inicial de investimento a ser feito. “Lojas em shopping centers podem ter custos extras como taxas de administração e de marketing que devem ser levadas em consideração”, informa Lobato.
As etapas Calil afirma que a montagem de um pet shop deve seguir todas as etapas de abertura de uma empresa comum. Portanto, ele diz que antes de alugar o imóvel é necessário fazer uma consulta comercial na prefeitura municipal, para verificar se no local escolhido é permitido o funcionamento da atividade, e na Junta Comercial ou cartório (sociedade simples) e Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), para realizar a busca de nome e marca. “Além dos registros convencionais, como CNPJ, alvará de bombeiros, inscrições estaduais e municipais, junta comercial e INSS, é necessário o registro no CRMV, e o contrato com um responsável técnico veterinário”, resume O CEO da Petland e acrescenta que alguns municípios também solicitam licença da Vigilância Sanitária. Como atualmente muitas entidades fiscalizatórias estão regulando o mercado de pet shops (Ministério da Agricultura, Vigilância Sanitária, CFMV e seu Regionais, Secretaria de Meio Ambiente, Ministérios do Trabalho, da Agricultura e da Fazenda), 24_Animal Business-Brasil
o consultor Lobato considera importante entender que todas as esferas possuem leis, decretos e resoluções que regulam desde o procedimento de abertura, passando por normas de construção, de higienização e limpeza, de relacionamento com os funcionários, de procedimentos operacionais padrões de biossegurança, até taxas e tributos que incidem sobre a atividade. “É importante ainda salientar que cada município pode ter exigências específicas que devem ser pesquisadas, desde a busca prévia para verificar se o imóvel pode receber o tipo de atividade pretendida”, orienta. De acordo com Lobato, não existem decoradores especializados propriamente ditos na montagem de pet shops, pois depende da qualificação em legislação, que os profissionais não dispõem, e dos projetos, que são baseados nos desejos dos clientes e nos estilos mais comuns de decoração. “O maior desafio é estabelecer um equilíbrio entre o potencial criativo de nossos profissionais de decoração e as limitações impostas pela legislação que determina desde o tipo de piso, até dimensões e mobiliário específico para o segmento, por isso é importante o apoio de um consultor especializado para dar esse suporte no processo de criação de plantas e propostas de ambientação”, observa.
Tamanho Embora a decisão do tamanho do estabelecimento seja do empresário, o Sebrae recomenda uma área mínima de 50m² para estruturar um pet shop. Além de escritório e consultório veterinário (caso seja opção do empreendedor), o estabelecimento será dividido entre espaço para banho/ tosa, alojamento de animais, atendimento, loja de venda de produtos e depósito. Uma área de 4m x 2m é suficiente para montar uma estação
de trabalho de banho e tosa e para os animais aguardarem, antes e depois do serviço. Vale lembrar que essa área deve abrigar animais de menor e maior porte, sendo indicado separar o alojamento de cães e gatos para evitar estresse. O espaço para atendimento/loja deve ser bem planejado e abrangir a exposição dos produtos e recepção dos clientes, portanto, deve-se evitar poluição visual. O local deve ter boa iluminação e ventilação para o conforto dos funcionários e dos clientes.
que é responsável por grande parte dos lucros desses estabelecimentos. “Se optar por ter esse serviço no seu estabelecimento, tenha em mente que encontrar mão de obra qualificada e comprometida têm sido um grande desafio para os empreendedores do setor, e o treinamento constante tem de ser levado em consideração, pois um grande número de acidentes acontece nesse setor por negligência e imprudência dos profissionais contratados”, alerta Lobato.
Entregas
Em sua opinião, o controle de custos também será um grande desafio para o gestor de um estabelecimento que ofereça o serviço de estética animal. “O desperdício de material, o custo elevado de manutenção e o gasto de água e energia são realmente uma realidade impactante”, ressalta. Para trabalhar nessa área, o mercado oferece cursos e especializações e tem como focos principais bem-estar animal e como evitar acidentes que são bastante comuns. Para se ter uma ideia, o secador é o grande responsável pela maioria das ocorrências, pois pode causar queimaduras sérias e machucar os olhos dos animais. Máquinas, alicates de unha e tesouras também devem ser manuseados corretamente e com cuidado.
É muito comum os pet shops fazerem entregas de mercadorias e buscar animais nas residências. Se o empresário optar por oferecer este tipo de serviço, o ideal é utilizar veículo próprio, com espaço interno para as gaiolas que abrigarão os animais. Bancos e financeiras oferecem financiamentos exclusivos com taxas diferenciadas para pessoa jurídica. É importante realizar uma pesquisa para se informar sobre as melhores taxas praticadas no mercado e verificar o custo/benefício de aquisição de um veículo zero quilômetro ou seminovo. Calil lembra que não existem linhas de créditos específicas para a montagem de um pet shop. “São as mesmas disponíveis para abrir qualquer negócio.”
Serviços mais lucrativos Dentre algumas opções de mercadorias e serviços disponíveis em um pet shop estão rações e alimentos industrializados para animais, acessórios, brinquedos, roupas, camas, casinhas, caixas de transportes, produtos para higiene e estética e medicamentos veterinários. Na opinião de Calil, os serviços (banho e tosa), vacinas e atendimento na clínica veterinária são mais lucrativos. “Os produtos são uma espécie de commodities”, diz ele, lembrando que 65% do faturamento do setor de pet shops no Brasil é de pet food. “A margem é pequena, mas o consumo é grande. Essa receita vai compor boa parte do capital de giro”, resume. “Desde que haja um controle de estoque eficiente e um bom planejamento de seu mix de produtos, os acessórios, brinquedos, petiscos e produtos de higiene e estética se destacam entre os mais lucrativos”, analisa Lobato. Um serviço importante prestado pelo pet shops é o banho e tosa, ou higiene e estética
Controle dos custos
Clínica O estabelecimento poderá ter uma clínica veterinária desde que atender às normas vigentes do setor, como, por exemplo, entrada independente do resto da loja. “Os investimentos são mais elevados, mas desde que o controle de insumos, dos custos operacionais e da equipe de trabalho aconteçam de forma regular, o setor pode vir a se tornar um dos mais lucrativos do empreendimento”, comenta Lobato.
A escolha do imóvel Uma das decisões que vai impactar os recursos para a abertura de um pet shop é o imóvel, que depende da região escolhida, do tipo (aluguel ou compra), condições do prédio, tamanho da reforma e quantidade de itens comercializados. Lobato afirma que os investimentos variam de acordo com a dimensão do imóvel, se é alugado ou próprio, dos serviços oferecidos, custo de estoque inicial, mobiliário, mão de obra e capital de giro. “Costumo dizer que o céu é o limite, mas que o início de Animal Business-Brasil_25
estabelecimentos de porte pequeno pode ser pensado em algo na casa de R$ 180 mil a R$ 220 mil, mas deixo claro que não existe uma regra absoluta, pois já ouvi pessoas afirmarem que abrem com menos, mas, por exemplo, esquecem de agregar o valor do capital de giro nesse investimento”, argumenta e aconselha o empreendedor a fazer o levantamento de custos detalhadamente e organizar suas planilhas de forma a não ser surpreendido. Os softwares ajudam nessa tarefa. Segundo Calil, é possível comprar uma loja pronta, de empresários que estão passando o ponto, a partir de R$ 70 mil, ou montar um estabelecimento novo. Para uma loja nova de 50 m², ele calcula investimento ao redor de R$ 100 mil e, de 100 m², mais de R$ 150.000,00. No portal do Sebrae, um projeto básico de um pet shop, com uma área de 50m², estima investimentos totais de R$ 88.550,00, distribuídos da seguinte forma: reforma do local, R$ 30.000,00; aluguel, R$ 2.500,00; divulgação, R$ 2.000,00; estoque inicial, 20.000,00; móveis e equipamentos, R$ 25.000,00; taxas e impostos, R$ 1.000,00; capital de giro mensal, R$ 8.050,00. Esses valores são referências e podem variar conforme o porte, a cidade e serviços prestados. Ainda no portal, o Sebrae calcula que os custos mensais de um pet shop equivalem a R$ 30 mil, sendo salários e encargos, R$15.470,00; tributos, impostos, contribuições e taxas, R$ 1.000,00; aluguel, taxa de condomínio e segurança, R$ 2.900,00; água, energia elétrica, telefone e acesso à internet, R$ 1.000,00; produtos para higiene e limpeza, R$ 100,00; recursos para manutenções e correções, R$ 300,00; assessoria contábil, R$ 724,00; propaganda e publicidade da empresa, R$ 1.500,00; aquisição de mercadorias, R$ 5.000,00.
O difícil início “Os seis primeiros meses são os mais difíceis em qualquer negócio, portanto, é importante ter um capital de giro para esse período”, orienta Calil. O capital de giro corresponde aos recursos financeiros que a empresa precisa reservar para garantir fluidez dos ciclos de caixa. Manter estoques mínimos regulados, negociar o melhor prazo de pagamento com os fornecedores e estabelecer critérios para conceder prazo aos clientes, pode melhorar muito a necessidade de armazenar dinheiro em caixa, de acordo com o Sebrae. 26_Animal Business-Brasil
Já os custos, podem ser fixos (aluguel, salários fixos, gastos com contador e internet) ou variáveis (impostos e aquisição de mercadorias, comissão de vendedores). A carga tributária que incide sobre o setor totaliza 49,9%, segundo a Abinpet, e corresponde, principalmente a ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que varia por produto e Estado; ISSQN (Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza); Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social); PIS (Programa de Integração Social); IR (Imposto de Renda); Contribuição Social; CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Os fornecedores A escolha dos fornecedores é importante, por isso é fundamental que se faça uma boa pesquisa para selecionar os melhores preços e a melhor qualidade. De acordo com Calil, para conhecer empresas e comprar produtos, a internet é uma das opções. “Atualmente, existem consultores especialistas que orientam as montagens de pet shops e ajudam na seleção dos produtos e nos contatos com fornecedores, porém, as melhores alternativas seriam visitar as exposições especializadas ou até mesmo fornecedores específicos que o empresário achar interessante”. São vários os caminhos para achar os fornecedores de produtos pet, segundo Lobato, e inclui, além da busca na internet, a solicitação de visitas de representantes e vendedores técnicos, até compras online. “Como consultor, eu recomendo que todo interessado em investir nesse segmento participe de feiras de negócios setoriais que acontecem em todo o Brasil, visite os stands, veja os produtos, converse com as equipes de venda e comece a conhecer o seu mercado, afinal, o segmento pet precisa de empresários conscientes e qualificados.”
A equipe Um pet shop precisa de médico veterinário responsável técnico, administrador, balconista e tosador. Mas uma estrutura enxuta pode ser feita por apenas três pessoas que reúnam as características necessárias ao funcionamento do negócio. O piso salarial dos empregados é regulado pelos Sindicato do Comércio e Sindicato dos Médicos Veterinários. “O médico veterinário responsável técnico é uma figura imprescindível nos estabelecimentos
que se pretendam profissionais, mas é importante citar que esse profissional não é um clínico de balcão, ou apaga-incêndios, ele é qualificado a certificar todos os procedimentos bem como a eficácia e qualidade dos mesmos dentro do estabelecimento”, define o consultor Lobato. “Costuma-se dizer que é o olho da sociedade dentro do estabelecimento.”
Franquia Outra forma de investir nesse segmento é por meio de uma rede de franquias, como a 100% Pet (voltada para a venda de produtos e serviços para animais de estimação); Animal Place (centro de cuidados com animais de estimação, que envolve hospital veterinário, centro estético, hotel para cães e gatos e pet shop); Petland (rede internacional criada nos Estados Unidos, atualmente em 11 países); e Seu Pet com Sobrenome (serviços para animais como certidão de nascimento e de casamento para o pet). O investimento em uma loja de franquia depende do estado de conservação do imóvel. No caso da Petland, por exemplo, varia de R$ 290 mil a R$ 500 mil, segundo Paulo Braz, CEO da empresa. Ele afirma que existem alguns formatos de crédito disponíveis para o setor, porém, necessitam de histórico bancário ou garantia firme, como imóveis. No caso de opção por franquia, Braz afirma que a escolha do local gira em torno da conveniência do consumidor. O foco da ação na captação de pontos da Petland segue a lógica de bairros densos, verticalizados, com público que faz
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Banho e tosa são serviços lucrativos
parte de suas atividades a pé. “Um atrativo como vaga de garagem é sempre bem-vindo”, afirma e acrescenta: “Utilizamos uma ferramenta de geomarketing para auxiliar os nossos franqueados a procurarem o melhor local e desenvolvemos o layout do estabelecimento com o auxílio de uma empresa de arquitetura de varejo e o apoio da matriz, que fica nos Estados Unidos.” O CEO da Petland afirma que existem mais de 100 fornecedores nesse mercado. “Com o auxílio da matriz, homologamos aproximadamente 40 fornecedores que oferecem o mix que entendemos ser o mais interessante”, diz ele, que considera os acessórios, como coleiras e brinquedos, os itens mais lucrativos. “No caso da linha de serviço, o custo equivale a 10% de cada serviço prestado.”
Automação No mercado há softwares que fazem a automação. Os mais indicados são os específicos para pet shop, que abrangem detalhes específicos do negócio e realizam a gestão mais eficiente. Dentre os benefícios oferecidos pelos softwares de automação comercial estão o controle de farmácias e medicamentos; cálculo de comissão dos vendedores; agenda eletrônica, que permite incluir a data para retorno do animal para o dono do animal ser avisado previamente; controles de prontuário, histórico de visitas, relatório de produtos, datas das tosas, banhos, vacinações; relação de despesas veterinárias e medicações feitas para cada animal; reservas para banho e tosa; monitoramento dos serviços utilizados, produtos consumidos e histórico de cada animal. Basta digitar o nome do animal, ou o código, ou o nome do dono e o sistema fornece exatamente o que aquele cliente consumiu de produtos e/ou serviços, horário de entrada, banho, tosa, corte de unhas, se o dono do animal comprou uma caixa transportadora ou um talco importado. Os softwares também mostram os itens de maior sucesso de vendas; margem de contribuição de cada produto e/ou serviço; possibilita a comunicação loja/escritório; controle de caixa e estoque; mostra fluxo de caixa diário e previsto; a média estatística de consumo (quantidade média de custo de hora do vendedor para a venda de cada produto, custo médio de tempo do veterinário ou enfermeiro para cada animal atendido, se houver atendimento veterinário, etc.). Animal Business-Brasil_27
DIREITO AGRÁRIO Por:
Ronaldo de Albuquerque, Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)
O Direito Agrário patrocina a personalidade da exploração agrária em sua realidade econômico-jurídica, em sua continuidade técnicoadministrativa e em seu valor social e humano. Corrige os desajustamentos criados durante os processos de desenvolvimento econômico, tendo sempre em conta o bem-estar e a dignidade humana das classes que intervém na produção.
O
Direito Agrário, conceituado como “um conjunto de princípios e normas de Direito Público e Direito Privado, que visa a disciplinar as relações emergentes da atividade rural, com base na função social da terra”, segundo definição do professor Fernando Pereira Sodero, destaca-se como um ramo autônomo do direito, já consagrado pela norma constitucional do Artigo 22, inciso I, da Constituição Federal de 1988. No Brasil, se estabelece-
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ram dispositivos agrários norteados pelo Estatuto da Terra e a regulamentação que se seguiu, procurando emprestar à matéria rumo novo em seu direito substantivo.
Necessidade de regular melhor Temos de nos preocupar com o que está acontecendo agora. Como consequência, há necessidade, dentro da realidade brasileira, de se criar uma estrutura jurídica destinada a regular melhor a repartição do produto social. A indústria e os serviços já desfrutam, em sua plenitude, de um consagrado direito do trabalho. O campo fica sempre em nítida desvantagem. É primordial dar a cada um o que é seu, no tempo e na medida certa. Somente conseguiremos isso criando a Justiça Agrária autônoma, dotada de fisionomia própria, jurisdicional, para melhor distribuir justiça eficiente e rápida, com juízes que venham munidos de saber jurídico agrário. A Justiça Agrária contribuirá, é lícito presumir, para a preservação de um clima de ordem e paz em benefício do Brasil. Com ela teremos a jurisprudência agrária, que é uma das forças propulsoras e criadoras do Direito. O agrarista deve participar da tramitação de projetos referentes ao Direito e Justiça Agrários em curso no Congresso Nacional, pois, como estudioso dos problemas agrários, sente a necessidade do Direito Agrário Positivo fazer parte da realidade jurídica brasileira e a de ter uma aplicação condizente com sua alta peculiaridade. Na tarefa de renovação da nossa agricultura, cabe ao agrarista procurar soluções justas e
Raul Moreira
Dr. Ronaldo de Albuquerque, Diretor da SNA
convenientes para esse fim. Através do Direito Agrário e da Justiça Agrária, pode-se encontrar novos horizontes e ansiadas possibilidades da paz reinar nos campos. Para isso, a Comissão de Direito Agrário do IAB-RJ apresentou moção à presidência desse Instituto, considerando ser do mais alto interesse e da maior oportunidade o fomento, nas faculdades de Direito, de uma cadeira de Direito Agrário.
Órgãos especializados Merece referência a opinião de Caio Mario Pereira da Silva, ao afirmar em seu consagra-
Há mais de quatro décadas, Octavio Mello Alvarenga destacou-se como lutador na criação da Justiça Agrária autônoma no Brasil
do livro “Condomínio e Incorporações” (Ed. Forense,1967), a necessidade de serem criados órgãos jurisdicionais especializados na aplicação da matéria jurídica agrária, no estudo e na divulgação do Direito Agrário e da Justiça Agrária. Há mais de quatro décadas, destacou-se Octavio Mello Alvarenga como lutador, na criação da Justiça Agrária autônoma no Brasil. Com sua cultura sempre renovada, com o senso profundo e vivo, traçou-nos em seus livros e na imprensa, o quadro real do Brasil, com teses atuais sobre política agrária, fundiária e ambiental. Sua obra, “Política e Direito Agroambiental” (Ed. Forense), exerce forte influência entre os estudiosos do Direito Agrário. Reflete também, a reação das classes dominantes, ainda não sensíveis à situação do homem do campo, e os fatores econômicos contra a criação da Justiça Agrária.
Realidade social Chegamos à conclusão de que o processo da Reforma Agrária jamais pode estar desvinculado da ação do jurista, com sensibilidade necessária, para compreender que o Direito tem de acompanhar forçosamente a realidade social, sob pena de não se concretizar a Justiça. Confirmam-se as palavras judiosas de Del Vecchio, que se seguem, ao abordarem o feliz enlace que deve ter o binômio agricultores e legisladores, quando diz: “A lendária paz nos campos deve ser uma paz operosa, e a obra dos agricultores iluminada pela técnica, deve corresponder a dos legisladores, iluminada pela Justiça”.
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A água na produção animal Edino Camoleze. Cel Veterinário,RR 1
Desde o inicio da civilização, na antiguidade, 4 000 a.C, o homem passou a conviver e depender dos quatro elementos fundamentais da natureza: a terra, o fogo, o ar e a água. Os dois primeiros controláveis e manipuláveis e os últimos incontroláveis, fenômenos da natureza de origem cósmica formados sob a influência dos astros e planetas na atmosfera terrestre. Apesar de sua importância em todas as eras das civilizações: períodos paleolítico ou da pedra, o neolítico pedra polida e dos metais, e fundamental para a sobrevivência e evolução do homem, animais terrestres e vegetação, a composição química da água só foi conhecida com os trabalhos laboratoriais do filósofo natural britânico Joseph Priestley, no ano de 1783, quando com uma máquina eletrostática fez explodir o ar comum com o ar inflamável (hidrogênio) na devida proporção; os gases perdiam suas elasticidades, condensando em orvalho. O orvalho parecia idêntico à água natural existente.
O
experimento de Priestley foi descrito também em 1784 por Henry Cavendish, químico e físico inglês que o apresentou para a Royal Society, Londres, Reino Unido. Estudos e experimentos semelhantes do químico francês Antoine Lavoisier, em 1783, na mesma época de Priestley, demonstraram que a água era formada de dois elementos simples: oxigênio e hidrogênio e que a mesma poderia ser encontra-
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da nos estados liquido, sólido e gasoso, dependendo das condições de temperatura e pressão. Graças a experimentos desses renomados cientistas, a água, desde então, quimicamente conhecida, pela fórmula molecular ( H20 ) passou a ser empregada universalmente para os mais diversos fins na sociedade, inclusive o terapêutico.
A água no mundo A água no planeta se divide em água doce e salgada, representando a água salgada 97,5 % dos estoques naturais e a doce, somente 2,5%. O Brasil, no mundo, é o país que possui maior quantidade de água doce, cerca de 13,7%, das reservas mundiais, seguido da Rússia, Canadá e EEUU. Esses recursos hídricos são representados por águas de superfície: rios, lagos e lagoas e subterrâneas, lençóis aquíferos, sendo o maior deles o Alter do Chão situado nos estados do Amazonas, Pará e Amapá, com 86.4 mil km³ cúbicos de volume de água, seguido do Guarani com 1.200 000 km² , de extensão; cerca de 37 mil km³. Localizado no Centro-Oeste do país e que se estende para o sul, Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo considerado o maior manancial de água doce transfronteiriço do mundo. De acordo com a pesquisadora canadense Maude Barlow, autora do livro ¨ Água o Água de boa qualidade é um recurso precioso Pixabay
Por:
Pacto Azul “ ( M Books, ) “ a água vem escasseando e faltando em muitos países do mundo. Como recurso natural finito e vulnerável, é essencial para a conservação da vida, a manutenção do desenvolvimento e do meio ambiente; o desenvolvimento e a gestão da água devem ser baseados na participação de todos os usuários, dos planejadores e dos responsáveis políticos em todos os níveis e o recurso deve ser considerado um bem comum estratégico da humanidade “. Outro documentário importante sobre a água no mundo é o filme “ Ouro azul: A guerra mundial pela Água “, realizado por Sam Bozzo e produzido pela Purple Turtle Films., 2009, que aponta cenários assustadores e apocalípticos sobre a falta de água no planeta: “ Cerca de 700 milhões de pessoas, de 43 países, vivem abaixo do limiar mínimo, ou seja, vivem em situação de carência de água. Estima-se que em 2025, mais de 3 mil milhões de pessoas viverão em países sujeitos à pressão sobre os recursos hídricos, dos quais, 14 países se encontrarão numa situação de escassez efetiva. As áreas mais afetadas do globo são o Médio Oriente e a África Subsariana. Ao longo dos tempos, temos assitido a conflitos principalmente nestas duas regiões. Enquanto que no Médio Oriente, região mais atingida pela pressão da falta, dispõe apenas de 1.200 metros cúbicos por pessoa, abaixo do mínimo estipulado, 1 700 m³/ano; na África Subsariana deparamo-nos com o maior número de países pressionados pela carência de água, um quarto da população depara-se com a escassez desse bem.
Qualidade da água Enfatiza-se nesse particular a água doce natural, no estado líquido, a mais consumida e utilizada pela sociedade, isenta de contaminação e poluição e fiel às suas propriedades físico-químicas, que deve ter 100% de pureza, ser transparente, inodora, incolor e insípida. Atualmente, cada vez mais rara nos grandes centros urbanos, encontrada sob a forma de água mineral, envasada e comercializada em copo, garrafa ou galão, é opção para a garantia de qualidade do produto e segurança biológica na dessedentação humana. No Brasil, a certificação da qualidade da água é feita pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, do Ministério do Meio Ambiente, através da Resolução Nº 357/2005, alterada pelas Resoluções 410/2009 e pela 430/2011, que considerando os padrões físico-
-químicos, organolépticos, microbiológicos e minerais, classifica a água em 05 classes de qualidade, estando nesse artigo, citadas as Classes Especial, Classes 1, 2 e 3, às destinadas ao consumo humano e animais, após tratamentos convencionais e atendimento aos padrões tecnológicos estabelecidos. Conforme o Art. 14, da Seção II, Das Águas Doce, Resolução CONAMA, 357/2005, as águas doces Classe I, devem obedecer às seguintes condições e padrões: I - Condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos aos padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) DBO 5 dias a 20°C ate 3 mg/L O2; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 a 9,0. Animal Business-Brasil_31
II - Padrões para a água Classe I. TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES PADRÕES PADRÕES Clorofila a Densidade de cianobactérias Sólidos dissolvidos totais PARÂMETROS INORGÂNICOS Alumínio dissolvido Antimônio Arsênio total Bário total Berílio total Boro total Cádmio total Chumbo total Cianeto livre Cloreto total Cloro residual total (combinado + livre) Cobalto total Cobre dissolvido Cromo total Ferro dissolvido Fluoreto total Fósforo total (ambiente lêntico) Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico) Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários) Lítio total Manganês total Mercúrio total Níquel total Nitrato Nitrito Nitrogênio amoniacal total Prata total Selênio total Sulfato total Sulfeto (H2S não dissociado) Urânio total Vanádio total Zinco total PARÂMETROS ORGÂNICOS Acrilamida Alacloro Aldrin + Dieldrin Atrazina 32_Animal Business-Brasil
VALOR MÁXIMO 10 μg/L 20.000 cel/mL ou 2 mm3/L 500 mg/L VALOR MÁXIMO 0,1 mg/L Al 0,005mg/L Sb 0,01 mg/L As 0,7 mg/L Ba 0,04 mg/L Be 0,5 mg/L B 0,001 mg/L Cd 0,01mg/L Pb 0,005 mg/L CN 250 mg/L Cl 0,01 mg/L Cl 0,05 mg/L Co 0,009 mg/L Cu 0,05 mg/L Cr 0,3 mg/L Fe 1,4 mg/L F 0,020 mg/L P 0,020 mg/L P 0,1 mg/L P 2,5 mg/L Li 0,1 mg/L Mn 0,0002 mg/L Hg 0,025 mg/L Ni 10,0 mg/L N 10,0 mg/L N 3,7mg/L N, para pH ≤ 7,5 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH ≤ 8,50, 5 mg/L N, para pH > 8,5 0,01 mg/L Ag 0,01 mg/L Se 250 mg/L SO4 250 mg/L SO4 0,02 mg/L U 0,1 mg/L V 0,18 mg/L Zn VALOR MÁXIMO 0,5 μg/L 20 μg/L 0,005 μg/L 2 μg/L
Benzeno Benzidina Benzo(a)antraceno Benzo(a)pireno Benzo(b)fluoranteno Benzo(k)fluoranteno Carbaril Clordano (cis + trans) 2-Cloro fenol Criseno 2,4–D Demeton (Demeton-O + Demeton-S) Dibenzo(a,h)antraceno 1,2-Dicloroetano 1,1-Dicloroeteno 2,4-Diclorofenol Diclorometano DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) Dodecacloro pentaciclodecano Endossulfan (a + b + sulfato) Endrin Estireno Etilbenzeno Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) Glifosato Gution Heptacloro epoxido + Heptacloro Hexaclorobenzeno Indeno(1,2,3-cd)pireno Lindano (g-HCH) Malation Metolacloro Metoxicloro Paration PCBs - Bifenilas policloradas Pentaclorofenol Simazina Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 2,4,5–T Tetracloreto de carbono Tetracloroeteno Tolueno Toxafeno 2,4,5-TP Tributilestanho Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) Tricloroeteno 2,4,6-Triclorofenol Trifluralina Xileno
0,005 mg/L 0,001 μg/L 0,05 μg/L 0,05 μg/L 0,05 μg/L 0,05 μg/L 0,02 μg/L 0,04 μg/L 0,1 μg/L 0,05 μg/L 4,0 μg/L 0,1 μg/L 0,05 μg/L 0,01 mg/L 0,003 mg/L 0,3 μg/L 0,02 mg/L 0,002 μg/L 0,001 μg/L 0,056 μg/L 0,004 μg/L 0,02 mg/L 90,0 μg/L 0,003 mg/L C6H5OH 65 μg/L 0,005 μg/L 0,01 μg/L 0,0065 μg/L 0,05 μg/L 0,02 μg/L 0,1 μg/L 10 μg/L 0,03 μg/L 0,04 μg/L 0,001 μg/L 0,009 mg/L 2,0 μg/L 0,5 mg/L LAS 2,0 μg/L 0,002 mg/L 0,01 mg/L 2,0 μg/L 0,01 μg/L 10,0 μg/L 0,063 μg/L TBT 0,02 mg/L 0,03 mg/L 0,01 mg/L 0,2 μg/L 300 μg/L Animal Business-Brasil_33
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Julian Truvel
Segundo a FAO (Nações Unidas), o uso da água tem crescido a uma taxa duas vezes maior do que o crescimento da população, ao longo do último século
Conforme determina a Resolução do CONAMA, Art. 9, que atribui ao poder público a responsabilidade sobre a certificação e monitoramento da qualidade e potabilidade das águas, segundo os parâmetros orgânicos e inorgânicos estabelecidos, não é fácil para a maioria dos municípios brasileiros monitorar a qualidade da água, segundo os indicadores apresentados e exigidos. Além de custoso operacionalmente, exige laboratórios sofisticados, equipamento caros e sensíveis e recursos humanos especializados. Os maiores riscos para a contaminação e poluição da água advêm dos compostos orgânicos, agricultura irrigada, principalmente radicais livres e substâncias inseticidas, herbicidas e adubos que não só conta34_Animal Business-Brasil
minam as águas de superfícies, como também os lençóis freáticos e não detectados nos tratamentos convencionais.
Uso da água Pelas análises dos últimos relatórios divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura FAO, 2013, o uso da água tem crescido a uma taxa duas vezes maior do que o crescimento da população ao longo do último século. A tendência é que o gasto seja elevado em 50% até 2025 nos países em desenvolvimento e em 18% nos países desenvolvidos. Segundo os mesmos dados da ONU, a utilização da água no mun-
do se faz da seguinte maneira: irrigação para a produção de alimentos 70%, indústria 22% e uso doméstico 8%. No Brasil, esse uso é mais diversificado com as seguintes percentagens: 72% na agricultura irrigada, 11% na produção animal, 9% uso urbano, 7% na indústria e 1% nas atividades rurais. Considerando os números da Organização das Nações Unidas, as variações climáticas que têm afetado o regime de chuvas e as visões futuras da escassez de água no mundo; ainda, o crescimento da população e a demanda cada vez maior de alimentos, o Brasil criou e instituiu, pela Lei nº 9.433/97, o Plano Nacional de Recursos hídricos PNRH, o primeiro da América Latina, que estabelece legalmente o uso dos recursos hídricos em todo o território nacional e revisado em 2014, com o seguinte objetivo principal: “ A água é essencial ao ser humano e a toda atividade antrópica quer seja comercial, industrial, agrícola, recreativa e esportiva. Em decorrência, um dos pilares da PNRH é a gestão dos recursos hídricos visando aos usos múltiplos, ou seja, uso urbano, industrial, geração de energia elétrica, navegação, lazer e irrigação. Cabe ao poder público o gerenciamento e a economicidade da água tendo por fundamento a sustentabilidade, para assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade desse recurso. O Brasil, na gestão da água, seguiu a tendência mundial, adotando a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e implantação do PNRH. Assim sendo, a gestão terá como âmbito territorial a bacia hidrográfica e não as fronteiras administrativas e políticas dos entes federados. Entende-se por bacia hidrográfica “uma área com um único exutório comum para o escoamento de suas águas. Hodiernamente, a maioria das políticas públicas ambientais adota a bacia hidrográfica como unidade territorial de planejamento e implantação.
O uso da água na produção animal De acordo com o artigo 15, V, da Lei 9.433/97: em caso de escassez, o consumo humano e a dessedentação de animais devem ser priorizados.
Entende-se por consumo humano a satisfação das primeiras necessidades da vida, tais como: água para beber (dessedentação), preparo de alimentos e higienização. Presente a escassez ou colapso hídrico, cumpre ao órgão público responsável pela outorga dos direitos de uso da água, suspender parcial ou totalmente as outorgas que prejudiquem o consumo humano e a dessedentação de animais. Considerando a fisiologia e o aparelho digestório dos animais domésticos produtores de alimentos, especialmente os bovinos, suínos e aves e os regimes de produção a que são submetidos, atualmente; a mudança do regime extensivo e semiextensivo para o confinamento, bem como, o pasto natural para a ração comercial constituída na maior parte de matéria seca, volumoso, que demanda dos animais maior ingesta de água de boa qualidade, a escassez tem preocupado os empresários, pecuaristas e produtores rurais em algumas regiões do Brasil. Segundo o pesquisador da Embrapa, Julio Cesar Palhares, que tem se dedicado ao assunto, com vários trabalhos científicos publicados, conhecer o consumo de água dos animais e oferecer a eles água com qualidade; saber escolher e monitorar as fontes de água mais aptas ao uso pecuário; identificar e solucionar as perdas de água em um sistema de produção; considerar no custo de produção o custo da água; capacitar a mão de obra em práticas relacionadas ao manejo hídrico da atividade, todos são aspectos que devem estar presentes no sistema de produção para tomada de decisão sobre os aspectos produtivos, econômicos, sociais e ambientais. Ainda são escassas as informações sobre o consumo de água na produção animal no ambiente tropical. A compilação de dezenas de recomendações técnicas, estudos científicos e legislações ambientais, e ainda diferenças genéticas, idade do animal, de manejos nutricionais e sanitários, de condições ambientais específicas de cada local, de sistemas de produção e de nível tecnológico, sugere a seguinte Tabela, para a dessedentação dos animais por espécie, em L/ dia: Animal Business-Brasil_35
Consumo de água de dessedentação por espécie em L dia-1 animal-1 CONSUMO/ L dia-1 animal-1.
Até 250 kg1
22-27
Até 370 kg1
30-50
Até 455 kg1
41-78 CONSUMO
Vaca em Lactação
64
Vaca e Novilha no final da gestação
51
Vaca Seca e Novilha gestante Bezerro Lactante (a pasto)
41
AVES DE CORTE
CONSUMO
Frangos e Frangas
0,190-0,270
Poedeiras SUÍNOS Até 55 dias de idade
0,250 CONSUMO 2,5
De 56 a 95 dias de idade
5-10
De 96 a 156 dias de idade
5-12
Fêmeas em gestação
5-20
Fêmeas em lactação
15-30
Machos
10-20
-1 Considerando intervalos de temperatura de 21° C a 32° C. Fonte: Comunicado Técnico ISSN 1981-206X São Carlos, SP, Novembro, 2013
Segurança hídrica O Brasil tem hoje o maior rebanho comercial de bovinos do mundo 228.8 milhões de cabeças; o terceiro plantel de aves e o quarto de suínos, mais de 40 milhões de cabeças. A produção animal brasileira tem grande importância econômica e social no país e no Mundo. Isso representa renda e inserção social para milhares de pessoas, além do equilíbrio da balança comercial do agronegócio. Mas as sociedades mudam, bem como seus valores. Nos últimos anos, o meio ambiente e conservação dos recursos naturais são valores que têm sido adicionados às atividades pecuárias, devendo ser conciliados com os valores sociais e econômi36_Animal Business-Brasil
Sem água de boa qualidade a saúde fica comprometida
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BOVINOS DE LEITE
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BOVINOS DE CORTE
cos. Houve significativas evoluções nos sistemas de produção e em seus manejos reprodutivos, nutricionais e sanitários. O momento é de um novo salto, internalizando o manejo hídrico. Educação e internalização de uma cultura hídrica são indispensáveis para que a água não seja uma ameaça ao desempenho, à sustentabilidade e à sanidade da agropecuária. A mudança da cultura é um processo de médio e longo prazo e que, após sua internalização, exigirá dedicação constante para sua manutenção. As vantagens desse processo são enormes, sendo a maior delas, o permanente estado de segurança hídrica da criação.
O bom senso econômico indica que os ajustes da economia devem garantir continuidade ao desenvolvimento de nossa agropecuária, mantendo e ampliando os programas governamentais de apoio ao setor, inclusive quanto ao financiamento rural. Antonio Alvarenga Presidente da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura •••
O SIF – Serviço de Inspeção Federal, do Ministério da Agricultura, está completando 100 anos de bons serviços prestados, garantindo a qualidade dos produtos de origem animal destinados ao consumo interno e à exportação. Editor e colaboradores •••
Embora, com grande produção e alta produtividade no setor de leite e derivados, a Holanda também é uma grande importadora superando a marca dos dois bilhões de dólares anuais. O Brasil, com cerca de 500 milhões de dólares de importação anual, tem presença bem mais tímida no mercado internacional. E é importante levar em conta que a população daquele país, assim como seu território são praticamente iguais aos do estado do Rio de Janeiro. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da USP/ESALQ •••
Os institutos brasileiros que produzem soros contra picadas de cobras, aranhas e escorpiões venenosos utilizam plasmas hiperimunes geralmente preparados em cavalos. O IBEX-Instituto de Biologia do Exército, localizado no Rio de Janeiro, produz esses plasmas. Quase 130 mil pessoas são picadas, anualmente, por um desses animais e a maioria teria morrido sem o soro. Tenente Coronel Veterinário Marcelo Henriques e colaboradores
•••
Situada em Ithaca, no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos e fundada em 1865, “com o objetivo de ensinar e contribuir em todos os campos de conhecimento, dos clássicos às ciências, a Universidade de Cornell abriga sete faculdades dentre as quais uma das mais importantes faculdades de veterinária do mundo com muitas opções de formação e de especialização. Márcio Costa ex-Professor Residente da Universidade de Cornell •••
O Brasil é o segundo país com a maior população de pets do mundo, com mais de 100 milhões de animais (37 milhões de cães; 21,3 milhões de gatos; 26,5 milhões de peixes;19,5 milhões de pássaros, além de animais silvestres). Só no estado de São Paulo, há cerca de oito mil pet shops. Todos eles precisam, por lei, ter um médico veterinário como responsável técnico. Béth Mello Jornalista •••
Há mais de quatro décadas, Octavio Mello Alvarenga destacou-se como lutador na criação da Justiça Agrária autônoma no Brasil. Sua obra “Política e Direito Fundamental (Ed.Forense) exerce forte influência entre os estudiosos do Direito Agrário. Ronaldo de Albuquerque Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura •••
Temos que fazer com que o benefício do óleo diesel chegue ao pescador. A aquicultura é o caminho para o crescimento exponencial da nossa produção. Helder Barbalho Ministro da Pesca e Aquicultura
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Aumentar a produtividade da pecuária é o grande desafio Por:
Luiz Cláudio Paranhos, presidente da ABCZ
Aumentar a produtividade da pecuária tem sido um dos principais desafios dos produtores rurais brasileiros. Para auxiliar os criadores no aumento da produtividade, a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) disponibiliza aos produtores em todo o Brasil, o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos).
O
PMGZ auxilia os criadores no processo de seleção da fazenda, identificando os bovinos mais precoces, férteis, de melhores índices de ganho de peso
ou de produção leiteira. Além de agregar valor ao rebanho, tem a vantagem de diminuir o custo de produção por unidade de produto e melhorar a relação custo/benefício. O programa disponibiliza ao mercado informações genéticas consistentes que atestam as performances dos rebanhos inscritos em suas provas zootécnicas, como Controle de Desenvolvimento Ponderal, Provas de Ganho em Peso e Controle Leiteiro.
Ferramenta pouco utilizada Podemos dizer que menos de 10% dos pecuaristas brasileiros utilizam o melhoramento genético como ferramenta no seu dia a dia.
Rubio Marra
É importante pesar o leite de todas as vacas
38_Animal Business-Brasil
José Maria Matos
Rebanho Gir leiteiro
Rubio Marra
E, por isto, este é o grande desafio para a ABCZ nos próximos anos. Queremos entregar um programa capaz de ajudar na prática os produtores no seu dia a dia. Este é o sentido do melhoramento genético, identificar e selecionar os melhores animais, aqueles capazes de aumentar a produtividade e consequentemente aumentar o lucro da propriedade. A ABCZ está investindo muito no melhoramento, desde a contratação de consultorias especializadas e qualificação do seu corpo técnico, até a forte promoção do programa. Precisamos contar com o apoio dos produtores para alavancar o programa. Sabemos que quanto maior a base de dados melhor a qualidade do número, por isso, é muito importante que todos participem.
O maior banco de dados de zebuínos do mundo Completados 21 anos em 2014, o PMGZ conta com uma base de dados que começou a ser construída em 1968. Desde então, foram estudados 1,8 mil rebanhos. Hoje o programa é constituído por 200 mil matrizes ativas e tem a entrada de mais de 230 mil novos animais por ano. Em volume, já deixou para trás a marca dos nove milhões de indivíduos avaliados – o maior banco de dados de raças zebuínas do mundo. Para os criadores de raças zebuínas leiteiras, a ABCZ disponibiliza especificamente o PMGZ Leite. A base de dados do programa é do Controle Leiteiro da ABCZ, que foi iniciado em 1976 e tem atualmente 750 rebanhos inscritos. Os criadores que aderem ao PMGZ Leite podem consultar as tendências genéticas de evolução do rebanho próprio e comparar com a evolução da raça em nível nacional, conduzir os acasalamentos de forma que sejam privilegiadas determinadas características desejáveis para a seleção, pesquisar todo o seu plantel de touros, vacas e animais jovens, além dos touros de acesso público. Além disso, é possível monitorar o coeficiente de endogamia e estabelecer as melhores estratégias genéticas e econômicas para o futuro do plantel.
Pesagem do leite Uma das metas do PMGZ Leite é conscientizar o criador da importância de fazer a pesagem do
Menos de 10% dos pecuaristas praticam o melhoramento genético
leite de todas as vacas do rebanho que são trabalhadas na seleção do zebu leiteiro. “Temos uma preocupação forte com o controle leiteiro seletivo que é um fator de impacto negativo na precisão e na confiabilidade das avaliações genéticas. Nossa intenção com esse pacote de informações para a gestão e seleção do rebanho somado aos novos valores de investimento, é tornar o sistema atrativo de forma que os criadores passem a controlar todo o rebanho”, diz o superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian.
Descontos Como forma de estimular a adesão dos associados, a ABCZ oferece descontos escalonados nos valores do PMGZ Leite. A promoção prevê abatimento de 50% no valor do Relatório Individual de Lactação (RIL) que é de R$ 90,10 por animal. Esse desconto é para a faixa inicial, onde estão os criadores com até 51 fêmeas em lactação e a porcentagem sobe conforme aumenta o volume de animais controlados. Animal Business-Brasil_39
Cornell, excelência no ensino da veterinária nos Estados Unidos Por:
Prof. Márcio Costa. PhD, MBA, da Academia de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro, ex-Professor-Residente em Cornell.
A Universidade Cornell (Cornell University) é privada e situada em Ithaca, Nova Iorque, Estados Unidos. É membro da Ivy League. Fundada em 1865 por Ezra Cornell e Dickson Andrew White, com o objetivo de ensinar e contribuir em todos os campos de conhecimento, dos clássicos às ciências. A ideia, incomum para a época, foi implantada em 1865 por Ezra Cornell em NY, com a seguinte citação: “Estou fundando uma instituição onde qualquer pessoa pode encontrar instrução em qualquer área de conhecimento e estudo.” Desde a sua fundação, Cornell também tem sido instituição não-sectária, coeducativa, multidisciplinar, com admissão de discentes e docentes independentemente de religião ou etnia.
Sete faculdades A Universidade é organizada em sete faculdades de graduação e outros sete programas de pós-graduação em seu campus principal e rural em Ithaca, NY, com cada faculdade e divisão tendo autonomia para estabelecer suas normas de ingresso. A Universidade também opera diversos campus e programas em diferentes ci40_Animal Business-Brasil
dades e regiões: Manhattan (Nova Iorque), Ilha Roosevelt (Cornell Tech Campus, Nova Iorque), Genebra (Nova Iorque), Washington D.C., Doha (Qatar) e Roma (Itália).
Prêmios Nobel Cornell conta com mais de 245 mil ex-alunos vivos (Allumini), 31 Marshall Scholars, 28 Rhodes Scholars, e 41 prêmios Nobel. O corpo discente é composto por mais de 13.000 alunos de graduação e 6.000 alunos de pós-graduação provenientes de todos os 50 estados americanos e de 122 diferentes territórios e países. A Universidade Cornell é constantemente ranqueada entre as melhores não só nos EUA, mas também no mundo. Algumas graduações recebem destaque nos rankings americanos, como: Arquitetura (1º), Hotelaria (1º), Urbanismo (1º), Engenharia Física (2º), Medicina Veterinária (3º), Engenharia de Materiais (8º), Engenharia Civil, de Computação, do Meio Ambiente, Agrônomica (9º), Engenharia Elétrica e Mecânica (10º), Administração (10º). Nos programas de pós-graduação os destaques são: Hotelaria (1º), Medicina Veterinária (1º), Ecologia (2º), Literatura (3º), Arquitetura (5º), Ciências da Computação (6º), Física (7º), Química (10º), História (11º), Engenharia (13º), Direito (13º), Medicina (15º).
Grande concorrência A admissão para a Universidade Cornell é uma das mais concorridas dos EUA, com mais de 35 mil inscritos e apenas 3 mil alunos aprovados.
O custo anual fica em torno de US$63.604,00, porém, com um orçamento avaliado em mais de cinco bilhões de dólares, o que a torna uma universidade com um dos melhores programas de assistência financeira do país.
A Faculdade de Medicina Veterinária A Cornell University College of Veterinary Medicine inclui a Escola de Medicina Veterinária, situada em Ithaca, Nova Iorque, Estados Unidos. Endereço: 602 torre Road, Ithaca, NY 14853, Estados Unidos Telefone: + 1 607-253-3766 A Faculdade de Medicina Veterinária é parte integrante da Universidade Estadual de Nova York, situa-se no campus da Universidade Cornell em Ithaca, NY, no coração da região dos Finger Lakes (lagos em forma de dedos). Estabele-
cida por um ato da Assembleia Legislativa, em 1894, hoje a Faculdade de Medicina Veterinária em Cornell é uma das 28 faculdades de veterinária dos Estados Unidos e uma das três únicas no nordeste americano. O colégio manteve-se no seu local original, no canto sudeste do East Avenue e Tower Road até 1957, quando mudou-se para o local atual na extremidade leste da estrada da torre. Renovações e expansões tornaram a escola um excelente centro veterinário de estado-da-arte em educação. Seu campus de 15 hectares totaliza 650.000 pés quadrados de espaço (equivalente a 13,5 campos de futebol ou 138 quadras de basquete da NCAA).
O maior complexo de ensino médico Este conjunto de áreas, equipamentos e pessoal é o maior complexo de ensino médico veterinário do país. Para obter informações mais
sach1tb/Wikipedia
Vista geral da Universidade de Cornell
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Por causa dos padrões elevados, os estudantes de veterinária de Cornell tornam-se profissionais, educadores e pesquisadores altamente procurados nos Estados Unidos e em todo o mundo detalhadas, visite a Página de contactos: Cornell University College of Veterinary Medicine, Ithaca NY 14853-6401.
Liderança A Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cornell valoriza muito a sua posição de liderança no meio acadêmico americano de medicina veterinária. Incluída em uma Universidade de pesquisa internacional e mundialmente prestigiada, com reconhecidos pontos fortes nas áreas de Física e Ciências da Vida, o estudo da medicina veterinária tem contribuído para o prestígio de Cornell, desde a Fundação da Universidade. O primeiro grau de veterinário dos USA foi concedido por Cornell, em 1876, para Daniel Salmon, mais conhecido como o descobridor das Salmonelas. A Faculdade também concedeu o primeiro grau veterinário para uma mulher americana, a Dra. Florence Kimball graduada por Cornell em 1910.
Pesquisa de ponta Desde 1868, os docentes, estudantes, graduados e pós-graduados da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cornell devotam-se ao avanço da pesquisa da saúde dos animais e seres humanos, da educação médica e aos serviços e pesquisa de ponta na área médica. A Faculdade é reconhecida internacionalmente pela liderança em clínica, reprodução, agropecuária, saúde pública, investigação biomédica e educação médica veterinária. 42_Animal Business-Brasil
Atualmente já com um total de 5.011 graduados (4.909 DVM entre os licenciados e mais os não licenciados), a Faculdade é líder em educação médica veterinária, pesquisa biomédica avançada, reprodução assistida, medicina animal e saúde pública. Ela é a número um no ranking da nação pelo U.S. News & World Report, consistentemente desde 2000; a força da Faculdade é devida à sua amplitude e gestão estratégica nas áreas de foco, ao compromisso com a excelência e a profundidade dos conhecimentos em cada uma dessas áreas citadas.
Prestígio profissional É por causa desses padrões elevados que os estudantes de veterinária de Cornell tornamse médicos, educadores e pesquisadores altamente procurados após a formatura, nos USA e no mundo. Como outras faculdades de veterinárias atuais, a maioria dos alunos era, inicialmente, do sexo masculino. No entanto, de acordo com o compromisso original de Ezra Cornell para “fundar uma instituição onde qualquer pessoa pudesse encontrar instrução em qualquer estudo”, a Faculdade de Veterinária desempenhou um papel importante na educação dos médicos veterinários mulheres. Florence Kimball, a primeira mulher nos Estados Unidos a receber o grau DVM (Cornell em 1910) emcabeça a lista onde, na verdade, sete das primeiras 11 mulheres a se tornarem médicos veterinários licenciados nos USA foram graduadas por Cornell.
Missão A Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Cornell tem como missão promover a saúde e o bem-estar dos animais e das pessoas através da educação, pesquisa e serviço público ou de extensão. Desta forma, valoriza sua posição de liderança no meio acadêmico da medicina veterinária. Avançar na interface das descobertas e na aplicação em medicina veterinária é um compromisso conceitual e unificador para a Faculdade.
Cursos Aproximadamente 211 professores e membros da equipe CPC732 são empregados pela Faculdade. Há 382 alunos matriculados no quatro-ano, pós-bacharelado, no curso doutor em
medicina veterinária (DVM) e 129 alunos de pós-graduação, trabalhando em nível de mestrado (MSc) ou doutorado/médico do grau de filosofia (PhD) nos programas de pós-graduação*, nos campi supervisionados pela Cornell University Graduate School. Programas de internato e residência* também são oferecidos, para DVMs em busca de trabalho avançado nas clínicas com especialidades veterinárias ou em universidades.
Internato, Residência & Pós-Graduação *Algumas das áreas que integram os programas de internato, residência e pós-graduação: Reproductive Biology / Stem Cell Biology / Biochemistry & Cell Biology / Cancer Biology / Epidemiology / Infection & Immunity / Genetics & Genomics / Neuroscience / Wildlife Conservation.
Departamentos e unidades de ensino Os departamentos acadêmicos e as várias unidades na Faculdade de Medicina Veterinária, exemplificam o amplo escopo de pesquisa, educação e serviços que a faculdade oferece: O Departamento de Ciências Biomédicas é composto por professores envolvidos em pesquisas nas áreas de célula e biologia do desenvolvimento, genética, patologia e fisiologia.
O Departamento de Medicina Molecular concentra-se em três grandes áreas de pesquisa: sinal de transdução, biologia celular de câncer e mecanismos de canal receptor e íon.
O Departamento de Ciências Clínicas contribui para a sala de aula e laboratórios de ensino em toda grade curricular, fornece treinamento clínico de DVM profissionais e estudantes, estagiários e residentes através do seu serviço profissional no Hospital da Universidade de Cornell para animais e os valores de investigação clínica e básica.
O Departamento da População, Medicina e Ciências de Diagnóstico cuja missão é promover a saúde, produtividade e bem-estar dos animais e a produção de alimentos, animais de companhia e populações da fauna selvagem; garantir a segurança dos alimentos de origem animal e prevenir doenças de animais com os seus riscos associados à saúde humana.
O Departamento de Microbiologia e Imunologia está envolvido na pesquisa em doenças infecciosas e resposta imune do hospedeiro. Eles estudam uma variedade de agentes patogénicos, incluindo vírus, bactérias e parasitas e outros agressores como as toxinas; sua Imunologia, compreensão, proteção, e resposta imune para o desenvolvimento de vacinas.
O James A. Baker Institute for Animal Health é um dos centros de investigação mais antigos, dedicados ao estudo da genética, imunologia e doenças infecciosas veterinárias. Descobertas feitas no Instituto Baker têm implicações importantes para todos os animais, incluindo seres humanos.
Orçamento O orçamento anual da Faculdade de Medicina Veterinária de Cornell se aproxima dos US$ 130,5 milhões. As fontes de financiamento incluem: • programas patrocinados (21% do total) • dotações do estado (24% do total)* • vendas e serviço (27% do total) • taxa de matrícula (15% do total) • presentes e ganhos de renda (10% do total) • suporte de Universidade (3% do total) *A doação totalizou US$ 200,8 milhões a partir de 30 de junho de 2014 (último senso).
Instalações A Faculdade de Medicina Veterinária está localizada no campus da Cornell em Ithaca, NI. No coração da região dos lagos, numa área de grande beleza natural, Ithaca fornece um ambiente urbano e rural equilibrado. O campus central da Faculdade tem cinco edifícios principais em 15 hectares, com um total de 1,2 milhões de pés quadrados de espaço. As principais instalações complexas tem área bruta de 69.669,7549 metros quadrados, sem as instalações fora do Campus: não inclui instalações satélite em Stamford, CT, ou o Estábulo de ensino em gado leiteiro! São elas: Schurman Hall - Um prédio de três andares, é a base inicial da Faculdade de Medicina Veterinária de Cornell, o Schurman Hall abriga salas de aula, salas de tutorial, o centro de recursos moAnimal Business-Brasil_43
dulares, instalações de pesquisa e escritórios. O centro de recursos modulares de 3.500 metros quadrados é uma biblioteca visual das estações de aprendizagem self-contained que dispõem de recursos de aprendizagem interativa. Torre de Pesquisas Veterinária - Um edifício de nove andares inaugurado em 1974, o edifício abriga escritórios/ sala de professores e staff e instalações de pesquisa. Ele contém laboratórios para pesquisas, salas de aula, salas de reuniões e escritórios para pós-graduandos. James A. Baker Institute para a Saúde Animal - Um Instituto de pesquisa premier na faculdade que é dedicada a melhorar a saúde animal através de pesquisa básica e aplicada em imunologia, doenças infecciosas, genética / genômica e biologia do desenvolvimento. É mundialmente renomado como centro de pesquisa em equinos e caninos, o Instituto inclui o laboratório de pesquisa de Cornell para doenças do cão, o centro de genética e reprodução canina, o laboratório de Imunologia e o centro de genética de equinos Cornell. Centro de Educação Veterinária - Inaugurado em 1993, a instalação inclui laboratórios de ensino do estado-da-arte, salas de aula e a biblioteca de veterinária. O laboratório para aprendizagem prática Irving W. Wiswall é um laboratório seco de alta tecnologia que acomoda 92 alunos com recursos de mídia integrados, com microscópios e estações de trabalho em rede do computador. O laboratório Jerry e Darlene Bilinski para aprendizagem prática é um laboratório molhado de 5.000 metros quadrados para análises microbiológicas e ensino molecular biológico. A Flor-Sprecher biblioteca veterinária detém mais de 102.000 volumes, mantém 800 assinaturas de revistas científicas e jornais em ciências biomédicas e abriga mais de 1.600 títulos audiovisuais. Dispõe de um catálogo on-line, recursos de rede e bancos de dados. Centro Médico Veterinário/ Hospital para Animais - Inaugurado em 1996, o centro abriga os hospitais (http://www.vet.cornell.edu/hospital/), incluindo hospital para pequenos animais, para equinos e para grandes animais, o centro de saúde da vida selvagem e a clínica ambulatorial, no piso térreo, com as instalações para diagnóstico, pesquisa e escritórios em seus andares superiores. As principais especialidades de atendimento ao paciente no hospital 44_Animal Business-Brasil
incluem: comportamento e bem-estar animal, cardiologia, odontologia, dermatologia, medicina interna, neurologia, nutrição, oftalmologia, ortopedia e medicina esportiva, cirurgia geral e fisiopatologia da reprodução. Estado-da-arte em tecnologias incluem: anestesiologia, laboratórios clínicos, unidades de cuidados intensivos e cuidados neonatais, imagiologia médica e salas de cirurgias especializadas. Juntos, eles fornecem a liderança no atendimento ao paciente, educação, investigação clínica e inovação científica. A carga de trabalho para todos nos hospitais é em média de 61.500 animais por ano, sendo 17.500 pequenos animais, 3.000 equídeos e grandes animais (de fazenda) e 41.000 através da clínica ambulatorial. Isso envolve casos médicos complexos diagnosticados por veterinários nos Estados Unidos, principalmente do nordeste. Destaques para os serviços de medicina especializada incluem oncologia médica e radioterapia, testes de desempenho físico de equino e medicina esportiva, cirurgia ortopédica complexa e imagens médicas abrangentes, incluindo exames de MRI e CT. Centro de Diagnóstico da Saúde Animal Com uma parceria entre o Ministério da Agricultura do Estado de Nova York, mercados produtores e a Faculdade de Medicina Veterinária, o centro inclui o laboratório de diagnóstico veterinário do Estado de Nova York. Focado em melhorar a saúde de alimentos, dos produtores de fibra, para pequenos animais, sporting, jardim zoológico e animais da vida selvagem; o centro também pretende prevenir doenças transmissíveis ou condições que impactam a saúde humana e fornece treinamento para os cientistas, veterinários e estudantes. O centro conduz anualmente aproximadamente 1 milhão de testes de diagnóstico para animais de todas as espécies, incluindo seres humanos. É o laboratório oficial de referência do estado para diagnósticos e controle das doenças animal. Com apoio financeiro do estado de Nova Iorque para o trabalho realizado no centro, o colégio inaugurou um novo edifício em 2010, dedicado à vigilância, pesquisa, regulamentação e testes. O laboratório atende aos pacientes do Hospital da Universidade de Cornell para animais, bem como aqueles de veterinários praticantes no estado de Nova
A Faculdade de Medicina Veterinária está localizada no Campus de Cornell, em Ithaca, no coração da Região dos Lagos, numa área de grande beleza natural York e, também, nacionalmente. O laboratório é credenciado pela Associação Americana de laboratórios veterinários de diagnostico, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e pelo Animal-Plant Health Inspection Service (USDA/APHIS). O laboratório de diagnóstico também carrega a acreditação de saúde pública para endocrinologia e testes de água. Universidade Cornell para Veterinários Especialistas - Com sede em Stamford, CT, a Universidade Cornell para veterinários especialistas abriu suas portas em janeiro de 2011 como o maior e mais abrangente centro de referência da nação, afiliado da universidade, para emergências e especialidades veterinária. Seis especialistas em tempo integral, 2 especialistas em meio turno e 3 médicos de emergência atendem em média 24/7 serviços e cuidados de emergência em estado crítico, bem como prestam cuidados do estado-da-arte em cardiologia, medicina interna, cirurgia, oncologia, diagnósticos por imagem, minimamente invasiva, intervenção e cuidados de enfermagem. Cornell Ruffian Especialistas de Equinos Convenientemente localizado em frente à reta final do histórico Parque de Belmont, Cornell Ruffian especialistas de equinos estende o alcance do Equine Hospital Cornell, onde especialistas de renome internacional inspiram capitalizar a sinergia entre a ciência e a arte da medicina. Especialistas em equinos de Cornell Ruffian alavancam seus conhecimentos, experiência e parcerias profissionais — incluindo aqueles com colegas da faculdade de medicina veterinária de Cornell, que oferecem profundidade e abrangência em todo o espectro de especialidades —
a prestação de cuidados de excelente padrão no estado-da-arte, com instalações que promovem a saúde e o bem-estar dos cavalos. Centro de Saúde de Felinos - Um centro de especialidade médica veterinária dedicado a melhorar a saúde e o bem-estar dos gatos em todos os lugares; o centro de saúde de felinos encontra maneiras de prevenir e curar doenças de gatos, patrocinar estudos avançados de saúde felina, educar os médicos veterinários e proprietários de gatos sobre saúde felina e auxiliar os veterinários quando novas ou desconhecidas doenças ocorrem. Sprecher Instituto para Pesquisa Comparativa do Câncer: O Instituto procura controlar o câncer em todas as espécies, identificando e desenvolvendo novas descobertas para aplicação clínica, proporcionando tratamento para animais com câncer, produzindo materiais educativos sobre a doença e sua relação com o meio ambiente, para o público geral e profissionais da área. Estábulo Escola para Gado Leiteiro - é uma instalação de estado-da-arte que serve às necessidades de ensino em gado de produção da faculdade de medicina veterinária, faculdade de agronomia e Ciências da Vida Animal. Parte integrante da Universidade, no plano diretor do campus há 50 anos, o estábulo de ensino ocupa uma área com entorno de 20.234,3 m², que serve para criação do gado leiteiro de Cornell, mas parte do terreno será liberado para outras instalações acadêmicas. Convenientemente localizado a uma curta distância do campus, o local deverá ter uma pecuária com arena de ensino polivalente (para incluir um pavilhão de gado para aulas práticas, adicional ao estábulo e a área de pastagem), unidade de metabolismo dos equinos e um grande projeto de pesquisa animal na unidade de ensino (LARTU). Cornell Park Equino - com 165 hectares, o parque dispõe de embarque e outras instalações para 150 cavalos, uma pista de 800m, cocheiras de garanhão separada das éguas e potras, galpão com um laboratório para estudos reprodutivos. Anexo com quarentena para éguas receptoras, um estábulo e um laboratório de biotecnologia de embriões equinos. Além disso, existem instalações monitoradas por satélite em todo o Estado de Nova York, principalmente para cumprir a missão do Centro de Diagnóstico de Saúde Animal. Animal Business-Brasil_45
Aumento da renda do produtor rural Por:
Engº Agrº Alberto Figueiredo, ex-secretário de Agricultura do estado do Rio de Janeiro
Sempre que tomamos o primeiro gole de café, puro ou com leite, com pão, manteiga, queijo, frutas, ou mesmo o arroz com feijão nosso de cada dia, com frango ou carne de boi, mesmo que não conheçamos, estamos sendo beneficiados por pessoas que, com muito esforço e dedicação, conseguem transformar sementes em plantas e, através delas, colocarem à disposição de brasileiros e estrangeiros, o pão nosso de cada dia. Se, no entanto, nos debruçarmos sobre a realidade em que vivem essas pessoas, nos chamará a atenção uma característica: o isolamento.
Q
uer na questão geográfica, que pela característica do meio rural promove o distanciamento físico entre as casas, quer pela humildade, que é marca do povo da zona rural, a tendência é a de que, além das vaquinhas, os produtores rurais tenham, para dialogar, somente o núcleo familiar. Talvez por conta disso, nas últimas três décadas (1980 a 2010), seguindo a tendência mundial e brasileira, a população rural do Estado do Rio de Janeiro diminuiu 5,5 pontos percentuais (de 8,9% em 1980 para 3,4% da população em 2010), segundo dados estatísticos do IBGE. Se, por um lado esse é um fenômeno natural, e provocado por uma série de fatores, não podemos desconhecer que, consideradas as necessidades básicas das famílias, a começar
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pela educação e apoio à saúde, há uma nítida diferença entre o meio rural e o urbano, no que diz respeito a esses e outros serviços, sempre a favor do meio urbano, apesar da precariedade.
Responsabilidade Considerando a importância que tem para a sociedade essas pessoas que produzem alimentos, parece óbvia a responsabilidade de todos no sentido de, pelo menos, reduzir as muitas dificuldades pelas quais passam. As ações de responsabilidade da sociedade, são normalmente coordenadas e executadas por estruturas públicas que conhecemos como governos, nas três esferas de poder (municipal, estadual e federal). Pensando nisso, talvez muito mais visando o interesse de venda de sementes, fertilizantes e defensivos, provocado por iniciativas internacionais, o poder público montou, na década de 40, uma rede de escritórios, Brasil afora, para os quais foram designados técnicos (agrônomos, médicos-veterinários, técnicos agrícolas e assistentes sociais) com o objetivo de visitar os produtores rurais e suas famílias, oferecendo-lhes assistência técnica e social.
Ficção Foi um processo vitorioso nas duas ou três primeiras décadas, até que muitos fatores, principalmente o representado pela ausência de comprometimento das autoridades governamentais com o meio rural, fizeram o sistema nacional público de assistência técnica e extensão rural virar, com raríssimas exceções, pela responsabilidade de alguns profissionais abnegados, peça de ficção e gasto inútil de dinheiro público.
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A implementação de modernas tecnologias é fundamental para aumentar a produtividade da agropecuária do RJ
Já está atrasado o momento de uma retomada de consciência em relação ao homem do campo, pelo menos para permitir, que aqueles que quiserem permanecer na nobre missão de produzir alimentos, tenham o mínimo de apoio para tal. Embora sem qualquer encomenda específica, nem tão pouco fruto de caríssimas e inúteis consultorias, parece-nos oportuno enunciar alguns projetos que, implantados, poderão atingir o objetivo primordial que é o de promover a melhoria das condições de vida do homem do campo, através, principalmente, da melhoria da renda.
Assistência técnica Embora algumas exceções possam existir, a quase totalidade da força técnica de trabalho do sistema público de assistência técnica extensão rural está envolvida em projetos grupais, aumentando, entre os produtores rurais a sensação de isolamento. O objetivo é implantar nas propriedades selecionadas novas tecnologias de produção, visando aumentar a renda dos envolvidos. A partir do conhecimento da realidade local, identificar e selecionar produtores interessados, fornecendo-lhes assistência técnica individualizada e especializada, com metas a serem atingidas e compromissos de parte a parte. Para isso é necessário especializar parte do corpo técnico do sistema público de assistên-
cia técnica e extensão rural e permitir maior mobilidade regional e estadual dos profissionais envolvidos. A meta é atingir 5% (cinco por cento) das propriedades, dos municípios atendidos, com o objetivo previsto, no prazo de 2 (dois) anos.
Implantação de unidades demonstrativas A grande maioria dos produtores rurais resiste à implantação de tecnologias por temer que os investimentos necessários não lhes tragam o retorno financeiro suficiente, reduzindo seus rendimentos. O objetivo é implantar projetos de pastagem rotacionada em propriedades assistidas, ofertando insumos e serviços necessários à implantação. Para isso, é preciso destinar parcela de 10% (dez por cento) dos, aproximadamente, cinco milhões mensais de recursos da renúncia fiscal do programa de incentivo fiscal, para a produção de leite que, na atualidade, está sendo quase integralmente distribuído entre os varejistas, para a consecução do objetivo do projeto. A meta é atingir o objetivo em, no mínimo, 10 propriedades por município em, no mínimo, 20 municípios nas diversas regiões de produção de leite do Estado do Rio de Janeiro, embora válido para qualquer estado, em função da abrangência nacional da Revista. Animal Business-Brasil_47
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Pastagens de boa qualidade são indispensáveis para uma alta produtividade
Mecanização O Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Agricultura, estruturou patrulhas mecanizadas com o objetivo de melhorar as condições das estradas. A par da inquestionável utilidade do projeto, os proprietários, quer por deficiência de recursos ou mesmo por falta de assessoramento técnico adequado, acumulam demandas por pequenas intervenções no interior de suas propriedades, quer na construção de açudes, serviços de drenagem, acessos internos, pequenas pontes, etc. O objetivo é estruturar e implantar legislação que permita, mesmo que mediante pagamento, a utilização dos equipamentos existentes nas patrulhas mecanizadas, no interior das propriedades rurais. Será necessário oferecer serviços mecanizados especializados, acompanhados de assistência técnica para o planejamento e acompanhamento da execução das intervenções. A meta é atingir o objetivo no prazo de 6(seis) meses após a implantação do projeto.
Meio ambiente Mas não é só com projetos produtivos que o solo precisa ser coberto. Também devemos nos preocupar com as questões ambientais. Nesse aspecto, chama a atenção de todos, a escassez de recursos hídricos. Por conta disso, nos parece prioritário um projeto que se destine às nascentes:
Proteção e recuperação das nascentes A crise de abastecimento de água que se instalou em todo o país e tende a recrudescer, tem 48_Animal Business-Brasil
como uma das principais justificativas a falta de cuidado com as nascentes de recursos hídricos e com as matas ciliares dos cursos d’agua. O objetivo é identificar por georreferenciamento, através de trabalho em parceria entre poderes públicos e privados, as nascentes de recursos hídricos existentes no território do Estado do Rio de Janeiro, desenvolvendo estratégias de recuperação das mesmas e o consequente pagamento por serviços ambientais. Para tanto, será necessário, a partir de convênio entre os órgãos estaduais de agricultura e meio ambiente, envolvendo prefeituras e organizações de produtores, montar equipes técnicas devidamente instrumentalizadas, capazes de proceder à identificação georreferenciada de todas as nascentes de recursos hídricos existentes no território do Estado do Rio de Janeiro. A meta é identificar de forma georreferenciada e cadastrar todas as nascentes de recursos hídricos existentes no território do Estado do Rio de Janeiro no prazo de 1 (um) ano a partir da estruturação e início do projeto.
Apoio financeiro Estruturar, durante o período de cadastramento das nascentes, projeto de apoio financeiro aos produtores para a implantação das reservas florestais de proteção de nascentes, de acordo com a legislação ambiental. Consolidar, através de regulamentação, legislação já existente (lei estadual nº 5887/2011), de modo a possibilitar o efetivo pagamento por serviços ambientais aos produtores, pelas áreas protegidas, de modo a implantá-lo de forma concomitante ao processo de conclusão das recuperações.
Proteção e estímulo Consideramos que, sem prejuízo de outras ações, o desenvolvimento dessas propostas poderá atingir o urgente objetivo de fazer com que os produtores rurais se sintam mais acompanhados, protegidos e, certamente estimulados, através da perspectiva de melhoria de condições de vida, a produzirem cada vez mais e melhor, freando um pouco o processo de migração para as regiões urbanas, com sofrimento de todos os envolvidos.
Exército produz plasmas hiperimunes para a fabricação de soros contra venenos de serpentes, aranhas e escorpiões de Oliveira Henriques-TC. Vet.;Elaine Cristina de Freitas Oliveira, Cap.Vet.; Catherine Antunes Brasil Vianna, 2º.Te.Vet. oficiais do IBEX-Instituto de Veterinária do Exército
O uso de soro heterólogo antiveneno como tratamento de acidentes com animais peçonhentos ainda é o método mais eficaz e o único específico para casos moderados a graves com humanos.
Luiz Octavio Pires Leal
Por: Marcelo
A
complexidade da produção de antivenenos, seja na produção de plasma hiperimune, com a imunização de grandes animais, principalmente equinos, ou na sua produção industrial, tem causado um decréscimo no número de instituições produtoras no mundo. Aliado a isto, as regiões mais afetadas por acidentes com animais peçonhentos, principalmente serpentes, inclui países em desenvolvimento, localizados na África, Ásia, Oriente Médio e América do Sul, o que faz com que os sistemas de produção destes países sejam precários e não atendam às normas de qualidade e segurança estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde.
Boas práticas A produção de soros antivenenos sob boas práticas de fabricação deve ser o objetivo de todos os países envolvidos na fabricação destes produtos biológicos, mas outra questão que deve ser discutida é a sua correta utilização, com o objetivo de obter melhores resultados nos
Inoculação do antígeno
tratamentos. O treinamento de profissionais de saúde para permitir o correto uso e emprego dos soros antivenenos, a disponibilidade de produtos eficazes para as espécies locais e sua ampla distribuição são componentes vitais do tratamento de acidentes com animais peçonhentos. Animal Business-Brasil_49
diftérica de Von Behring para salvar crianças que sofriam de difteria grave. No mesmo ano, Phisalix e Bertrand e Calmette, simultaneamente, mas de forma independente, apresentaram suas observações sobre as propriedades antitóxicas do soro de coelhos e cobaios imunizadas contra os venenos de cobras e víboras, respectivamente. Em 1896, foi relatado o primeiro uso bem-sucedido da soroterapia antiveneno de serpentes em pacientes humanos.
Preparo do antígeno pelo auxiliar da Seção de Inoculação e Sangria, no dia da inoculação
Realização do teste de potência do plasma hiperimune equino
O Exército Brasileiro (EB) participa da produção nacional de soros antivenenos através do Instituto de Biologia do Exército (IBEx), que produz plasma hiperimune equino (PHE), que é a fonte de imunoglobulinas antivenenos, utilizadas na produção de soros específicos para acidentes ofídicos, aracnídicos e escorpiônicos. O EB encontra-se distribuído em todo o território nacional e através do seu Serviço de Saúde é, muitas vezes, o único representante do Estado, principalmente em localidades de fronteira, sendo o responsável pelo atendimento de militares e também da população carente local. Tem ainda como missão constitucional prestar apoio em situações de calamidade pública.
O início Em 1894 nascia a terapia com soro e antitoxina fabricada no Reino Unido, onde pela primeira vez foi administrada com sucesso a antitoxina 50_Animal Business-Brasil
Vital Brazil Vital Brazil, durante os anos de 1890, observou um grande número de acidentes por serpentes e baseado nos trabalhos de Albert Calmette em soroterapia, acaba por criar o soro anticrotálico. Em 1899, na Fazenda Butantan, instala os primeiros laboratórios onde produziria soros contra o veneno de todas as serpentes no Brasil. No início do século XX, a especificidade dos soros antiofídicos já estava sendo reconhecida mundialmente, graças aos esforços de Vital Brazil. A saúde pública brasileira contava com várias instituições que se estruturavam e eram fundamentais para as ações de imunizações: o Instituto Soroterápico de Manguinhos/RJ (mais tarde Instituto Oswaldo Cruz); o Laboratório de Produção de Soro Antipestoso (mais tarde Instituto Serumtherápico e depois Instituto Butantan/SP; o Laboratório Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (mais tarde Instituto Vital Brazil/RJ); a Fundação Ataulpho de Paiva/RJ; o Instituto Experimental do Norte (mais tarde Instituto Evandro Chagas/PA) e o Instituto de Tecnologia do Paraná (TecPar).
Auto-suficiência Na década de 1980, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Auto-Suficiência em Imunobiológicos (soros e vacinas), para investir na construção de novos laboratórios conforme as exigências das normas de boas práticas de fabricação e biossegurança. Atualmente os soros produzidos para uso humano são fabricados em quatro centros de pesquisas: Instituto Butantan (SP); Fundação Ezequiel Dias (MG); Instituto Vital Brazil (RJ) e Centro de Produção e Pesquisa em Imunobiológicos (PR). A produção desses soros é comprada pelo Ministério da Saúde e enviada às Secretarias Estaduais para ser distribuída nos polos de aplicação de soro.
IBEX
Principais acidentes
O Instituto de Biologia do Exército é originário do Laboratório de Microscopia Clínica e Bacteriologia, criado em 19 de dezembro de 1894. Na mesma data foi estabelecido o regulamento do recém-criado laboratório, do qual consta que seria destinado a pesquisas sobre a origem, natureza, patogenia, tratamento e profilaxia das moléstias endêmicas, epidêmicas, infectocontagiosas, observadas no país e especialmente nos meios militares (IBEX, 2015). A partir de 1924, o Laboratório teve intensa atividade na fabricação de soros e vacinas, e, em 12 de abril de 1943, recebeu a denominação atual de Instituto de Biologia do Exército. Em 1995, iniciou-se a parceria com o Ministério da Saúde para a produção de Plasma Hiperimune Equino antibotrópico, anticrotálico e antiaracnídico e escorpiônico no IBEx. Atualmente, a produção de PHE é industrializada pelo Instituto Butantan (IBEX, 2015).
No Brasil, quatro tipos de acidentes ofídicos são considerados de interesse em saúde pública: botrópico, crotálico, laquético e elapídico. Acidentes por serpentes não-peçonhentas são relativamente frequentes, porém não determinam acidentes graves e, por isso, são considerados de menor importância médica. O envenenamento causado pela inoculação de toxinas, através de aparelho inoculador (presas) de serpentes, pode determinar alterações locais (na região da picada) e sistêmicas (BRASIL, 2005).
Animais peçonhentos Animais peçonhentos são reconhecidos como aqueles que produzem ou modificam algum veneno e possuem algum aparato para injetá-lo na sua presa ou predador. Os principais animais peçonhentos que causam acidentes no Brasil são algumas espécies de serpentes, de escorpiões, de aranhas, de lepidópteros (mariposas e suas larvas), de himenópteros (abelhas, formigas e vespas), de coleópteros (besouros), de quilópodes (lacraias), de peixes, de cnidários (águas-vivas e caravelas), entre outros. Os animais peçonhentos de interesse em saúde pública podem ser definidos como aqueles que causam acidentes classificados pelos médicos como moderados ou graves.
Escorpiões Os envenenamentos por escorpiões de importância médica no Brasil são representados pelo gênero Tityus que são encontrados em todo o país, variando a espécie de região para região. O número de acidentes com escorpiões teve um aumento considerável, uma vez que esses animais têm sido observados em áreas urbanas. Eles encontram abrigo dentro ou próximo das casas onde dispõem de farta alimentação. As aranhas peçonhentas são representadas pelos gêneros Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva-negra), que apresentam aspectos biológicos e distribuição geográfica distintos (BRASIL, 2001). Foram notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre os anos de 2007 e 2013, 900.320 acidentes por animais peçonhentos, o que representa uma média de 128.617 casos/ano para o país. A maioria dos acidentes é causada por escorpiões, como mostra a tabela 1. Dos 900.320 casos notificados, houve registro de 1.764 óbitos, sendo a letalidade geral para o Brasil de 0,20%.O maior índice foi observado nos
Tabela 1 - Distribuição dos acidentes por animais peçonhentos, segundo o gênero do animal envolvido, Brasil, 2007-2013 Distribuição
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Total
Serpentes
26.573
27.685
29.638
29.663
30.092
29.305
28.350
201.306
Aranhas
22.772
21.559
24.459
24.719
26.187
25.581
29.906
175.183
Escorpiões
37.368
40.283
50.239
51.754
59.164
65.116
79.614
383.538
Outros
15.011
16.505
19.278
18.737
22.252
23.819
24.691
140.293
Total
101.724
106.032
123.614
124.873
137.695
143.821
162.561
900.320
Fonte: (SINAN/SVS/MS, 2015) Animal Business-Brasil_51
acidentes por serpentes, onde em 201.306 acidentes ocorreram 857 óbitos (0,43%) (Tabela 2). Tabela 2 - Letalidade dos acidentes ofídicos por gênero de serpente, Brasil, 2007-2013 GÊNERO
NO CASOS
NO ÓBITOS
LETALIDADE (%)
Serpentes
201.306
857
0,43
Aranhas
175.183
92
0,05
Escorpiões
383.538
552
0,14
Outros
140.293
263
0,19
Pesagem do plasma Luiz Octavio Pires Leal
O Instituto de Biologia do Exército (IBEx) faz parte do Programa de Autossuficiência em Imunobiológicos do Ministério da Saúde
Luiz Octavio Pires Leal
O novo laboratório
Fonte: (SINAN/SVS/MS, 2015)
O Instituto de Biologia do Exército (IBEx) faz parte do Programa de Autossuficiência em Imunobiológicos do Ministério da Saúde e através de convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) em 1993, foi viabilizada a construção da Fazenda Modelo Gericinó (FMG) para acomodação da tropa de equinos e a construção do biotério e do serpentário localizados no IBEx. Em 1998, foi iniciado o atual convênio com o Instituto Butantan (IB) no qual cabe à Divisão Veterinária/IBEx a missão de produção de plasma hiperimune equino, substrato dos soros heterólogos antivenenos, que é fornecido ao Instituto Butantan. No IBEx são produzidos plasmas hiperimunes equinos antibotrópico, anticrotálico e antiaracnídico/escorpiônico (IBEx, 2015). O processo de fabricação dos soros hiperimunes ainda mantém as características básicas 52_Animal Business-Brasil
Selagem de embalagem com o plasma Luiz Octavio Pires Leal
Produção de plasma hiperimune
descritas por Vital Brazil no final do século XIX e pode ser descrito, de forma simplificada, pela aplicação de microrganismos atenuados ou de venenos, em doses subletais, isto é, não mortais em coelhos, cabras, ovelhas ou equinos. O animal soroprodutor passa então a produzir anticorpos específicos contra o antígeno injetado. Para acompanhamento da produção de anticorpos, faz-se a sangria exploratória, na qual ocorre a avaliação da titulação específica de anticorpos no soro do animal produtor. Os equinos do IBEx são divididos em tropas de produção, de acordo com o antígeno a ser inoculado, sendo atualmente 90 animais em produção (45 botrópico, 28 crotálico e 17 aracnídico/escorpiônico). São realizados quatro ciclos de produção/ano e é necessário manejo sanitário que inclui exames veterinários periódicos, vacinações e vermifugações, de forma a garantir a qualidade do PHE produzido, assim como a saúde dos equinos submetidos a sangrias. O IBEx não realiza a extração de venenos dos animais peçonhentos, sendo atualmente recebidos do Instituto Butantan, que realiza a purificação dos venenos, minimizando a ocorrência de toxicidade para os equinos produtores, sem alterar suas propriedades imunogênicas, tão importantes na estimulação da produção de anticorpos no equino. O antígeno para o gênero Bothrops deve incluir: 50% de veneno de B. jararaca e 12,5% de cada um dos venenos de B. moojeni, B. jararacussu, B. alternatus e B. neuwiedi. O antígeno para o gênero Crotalus deve ser Crotalus durissus, crotamina positivo e os antígenos para o plasma antiaracnídico / escorpiônico devem incluir veneno de Loxosceles gaucho, Tityus serrulatus e Phoneutria sp (BRASIL, 1996).
Aplicação do antígeno A aplicação do antígeno é realizada através de três inoculações, em três pontos do dorso do animal, 2,0 mL por ponto, pela via subcutânea e para o controle da produção de anticorpos, é realizada uma sangria exploratória, cerca de 25 dias após o início do ciclo, com avaliação da titulação de anticorpos específicos no soro do animal produtor. Caso haja titulação desejada, ocorre a sangria em número variado, conforme
descrito na tabela 3. O sangue coletado é então mantido em refrigeração e após sedimentação de 48h, é separado em plasma e hemácias, podendo estas serem reintroduzidas no animal após serem reidratadas com NaCl 0,9% (2 L), procedimento que minimiza os efeitos da sangria nos animais produtores e que é conhecido como plasmaferese. Antes de cada sangria de produção são realizados exame clínico, laboratorial e pesagem dos animais e somente aqueles considerados aptos são submetidos às sangrias. Estas são realizadas por punção da veia jugular e são realizadas com intervalo de 2-3 dias entre elas, sendo 3 sangrias para as tropas botrópico e crotálico e 4 sangrias para a tropa aracnídico/escorpiônico. Tabela 3–Produção de Plasma Hiperimune Equino no IBEx Dia
Ciclo de Produção
1
1ª Inoculação
9 – 12
2ª Inoculação
17
3ª Inoculação (Aracnídico)
22 – 25
Sangria Exploratória
24 – 25
1ª Sangria de Produção
27 – 29
2ª Sangria de Produção e Plasmaferese
29 – 31
3ª Sangria de Produção e Plasmaferese
33
4ª Sangria de Produção e Plasmaferese (Aracnídico)
Fonte: Elaborado pelo autor
A principal matéria-prima O plasma sanguíneo é a principal matéria-prima para a produção do soro e, nos laboratórios, são processados para a produção dos soros antiveneno. O PHE produzido no IBEx é então remetido ao Instituto Butantan que realizará as demais etapas da produção, como o refinamento e a purificação do produto. O refinamento e a purificação visam minimizar a ocorrência de substâncias no soro, principalmente proteínas inespecíficas, de modo que este tenha apenas a fração do anticorpo específico para a neutralização do antígeno (NUNES, 2011). Animal Business-Brasil_53
Luiz Octavio Pires Leal
Figura 1 – Ciclo de Produção de Plasma Hiperimune Equino no IBEx (Fonte: IBEx, 2012)
A subnotificação de acidentes com animais peçonhentos pode esconder quadro mais grave, conforme dados da Organização Mundial de Saúde, em que os números de acidentes e óbitos no mundo podem ser aproximadamente cinco vezes maiores do que os descritos pelos serviços de saúde dos países atingidos.
A importância da participação do Exército Os cavalos são tratados com carinho
Produção complexa e cara A produção de soros antivenenos é complexa e dispendiosa, sendo muitas vezes inexistente na iniciativa privada. É portanto uma necessidade do país tornar-se autossuficiente pelo estímulo à produção em estabelecimentos públicos, como existente na parceria Exército Brasileiro/ IBEx e o Instituto Butantan. A especificidade dos soros antivenenos, conforme demonstrado por Vital Brazil no final do século XIX, dificulta a importação de produtos. A produção nacional, com padrão de qualidade e especificidade para as espécies existentes em nosso território, é uma necessidade. O envenenamento resultante de acidentes com animais peçonhentos é importante problema de saúde pública em países tropicais e o número de envenenamentos, sequelas e óbitos está crescendo no Brasil (tabela 1) e no mundo, com uma demanda de produtos antivenenos em regiões muitas vezes isoladas. 54_Animal Business-Brasil
A ocorrência de acidentes em população pobre e rural, com difícil acesso para o serviço público de saúde e muitas vezes para a existência de soros específicos nestas regiões, torna mais importante ainda a participação do Exército Brasileiro, através do seu Serviço de Saúde, no atendimento às populações carentes em rincões longínquos. A produção de soro antiveneno liofilizado é uma demanda e uma necessidade para o Exército Brasileiro e para o país, sendo necessários maiores estudos entre os diversos institutos produtores para viabilizar a produção e comercialização de um soro de fácil manuseio, transporte e estocagem, por não necessitar de refrigeração, assim como pelo maior prazo de validade. A participação do Exército Brasileiro, através do IBEx, na produção de plasma hiperimune equino e posterior industrialização pelo Instituto Butantan, tem atingido a finalidade de produzir soro antibotrópico, anticrotálico e antiaracnídico/escorpiônico dentro das normas de qualidade exigidas. Através da produção de PHE, o IBEx participa do esforço de autossuficiência na produção de soros antivenenos no Brasil, cuja demanda é crescente.
Inspeção de Alimentos do Ministério da Agricultura Completa 100 anos de Bons Serviços Por:
Luiz Octavio Pires Leal - editor
Sob os pontos de vista da garantia da qualidade, da saúde e da segurança alimentar a população deve muito ao SIF –Serviço de Inspeção Federal, vinculado ao DIPOA-Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura, que vem merecendo todo apoio da ministra Kátia Abreu. O selo SIF, que marca os produtos inspecionados, é mundialmente
respeitado e sem ele os produtos de origem animal não seriam aceitos pelos países importadores o que significaria um baque de grandes proporções no nosso PIB. O DIPOA é o responsável pela garantia da qualidade tanto dos produtos (de origem animal) comestíveis como também dos não comestíveis.
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Inspeção de carcaças no matadouro
Animal Business-Brasil_55
A
tualmente, o SIF atua em mais de quatro mil estabelecimentos brasileiros, sendo que 3.244 recebem o selo SIF e 1.705 são estabelecimentos relacionados, todos sob a supervisão do DIPOA. Estabelecimentos relacionados são aqueles que não desenvolvem atividade industrial não estando sujeitos à inspeção permanente. São estabelecimentos que fazem estocagem – seca, refrigerada ou congelada – de produtos.
A importância do DIPOA As atividades do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) do Ministério da Agricultura são decisivas no desenvolvimento da produção, industrialização e comercialização interna e exportação de produtos de origem animal, setor do agronegócio que alçou o Brasil à posição de um dos líderes mundiais, responsável por boa parte do nosso PIB. O Brasil é o maior exportador de carne bovina, situa-se entre os dois ou três maiores exportadores de carne de frango e é um importante exportador de carne suína, além de outros produtos. Segundo dados do Ministério da Agricultura, “a cada ano a participação brasileira no comércio internacional vem crescendo, com destaque para a produção de carne bovina, de frango e suína”. Até 2020 a expectativa é que a produção nacional de carne bovina suprirá 44,5% do mercado mundial. Já o de carne de frango terá 48,1% das exportações mundiais e a participação da carne suína será de 14,2%. Em relação à carne bovina, segundo o economista agrícola, PhD, Fernando Roberto de
A Inspeção de Produtos de Origem Animal é responsabilidade dos médicos veterinários especializados na matéria, que faz parte do currículo do curso de formação Freitas Almeida, “em 2015, o Brasil continuará a se destacar como o maior exportador pois o mercado mundial da carne bovina será o único do complexo a registrar menor produção”. A previsão é que os Estados Unidos, grande concorrente, terão uma redução na produção de 1,4% em comparação com 2014.
Modernização da Inspeção O Dr. Antonio Alvarenga, presidente da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, destaca o fato da ministra Kátia Abreu “conhecer como poucos a realidade da nossa pecuária”. Ela acaba de lançar o Plano de Defesa Agropecuária que, entre outros aspectos, modernizará a inspeção sanitária dos produtos de origem animal.
O começo O selo SIF foi inaugurado no ano de 1915, época em que o primeiro regulamento da Inspeção começou a ser aplicado nos estabelecimentos processadores de material de origem animal, como abatedouros, laticínios, pescados, fábricas de embutidos, embaladores de mel de abelha, etc...
Os inspetores
Este selo atesta a boa qualidade do produto 56_Animal Business-Brasil
A inspeção de produtos de origem animal é responsabilidade de médicos veterinários especializados na matéria, que faz parte do curso de formação. Na sua atuação nos estabelecimento sob inspeção federal eles são ajudados por pessoal de nível médio e por técnicos de laboratório que complementam os exames macroscópicos com os microscópicos, sempre que há suspei-
José Cruz/Agência Brasil
A ministra Kátia Abreu destaca a importância da inspeção de alimentos.
ta de contaminação por microrganismos, e por exames histopatológicos.
Exportação de leite O Brasil, além de ser um destacado produtor e exportador de produtos de origem animal, como de carne bovina, de frango e de suíno, também vem se destacando, de forma crescente, na produção e exportação de leite. São mais de 180 países importadores dos nossos produtos de origem animal (POA). Eles exigem o selo SIF, do DIPOA, que não são simples siglas burocráticas do Ministério da Agricultura, mas sinônimo de garantia de qualidade e segurança para o consumidor.
DIPOA O DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal - é o órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, responsável pela elaboração das diretrizes do governo para a inspeção e fiscalização dos produtos de origem animal – POA – o que tem importância tanto para o mercado interno como para o de exportação. E trata-se de um
assunto dinâmico que exige constante pesquisa e atenção com o que está acontecendo no setor, tanto aqui como no exterior. É que novas doenças dos animais, suscetíveis de serem transmitidas para o homem (as zoonoses),por exemplo, são identificadas no mundo todo, de tempos em tempos, obrigando a constantes atualizações das regras da inspeção e também dos médicos veterinários.
Novos mercados Como informa o Ministério da Agricultura, “o DIPOA também possui um importante papel na conquista de novos parceiros comerciais identificando pontos de interesse para abertura de mercado proporcionada por atos internacionais, acordos bilaterais regionais e birregionais sobre questões sanitárias de produtos de origem animal e seus derivados, junto aos órgãos da administração pública, entidades representativas do agronegócio brasileiro e as representações estrangeiras no Brasil”. Colaboraram:
médicos veterinários Eduardo Batista Borges e Ronaldo Gil Pereira Animal Business-Brasil_57
A pecuária e a emissão de gases de efeito estufa da Silva Gomes - Zootecnista
A agropecuária foi por anos considerada uma das grandes vilãs do aquecimento global, porém tem a chance de dar a volta por cima e mostrar-se como a mocinha da história. Apresenta-se como uma grande sequestradora de carbono da atmosfera e tem ajudado de forma significativa o Brasil a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, valores entre 36% e 39% até 2020, conforme compromisso firmado voluntariamente em 2009.
O
Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) foi instituído por lei federal em 29 de dezembro de 2009, objetivando a adoção de boas práticas agrícolas para diminuir a emissão de GEE. As ações de mitigação previstas na lei são o plantio direto sobre a palha; a recuperação de pastagens degradadas, a integração lavoura-pecuária (ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF); a substituição de fertilizantes nitrogenados pela fixação biológica do nitrogênio em culturas, como de soja, cana-de-açúcar, milho e feijão; e o reflorestamento.
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ASSOCON
Por: Juliane
A zootecnista Juliane Gomes
Metano O Brasil possui o segundo maior rebanho do mundo e este ocupa cerca de 22% da área continental. Em áreas de pastagem, temos uma média nacional de 0,4 unidades animal por hectare e quando recuperadas, estas pastagens têm absorvido uma taxa de lotação de 1,4 cabeças por hectare, fazendo uso da mesma área e sem causar danos ao meio ambiente. O setor de agricultura contribui com 27% da emissão de GEE, sendo a pecuária responsável por metade dela. A originação se dá através da fermentação entérica e os resíduos orgânicos das mais de 200 milhões de cabeças do rebanho brasileiro produzem metano, um dos gases do efeito estufa.
Desmatamento O governo federal promove iniciativas para redução do desmatamento, dentre elas: o Plano
O setor de agricultura contribui com 27% da emissão de GEE - Gases de Efeito Estufa, sendo a pecuária responsável pela metade desta porcentagem de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), que resulta hoje em mais de 60% de redução da área anualmente desmatada no período entre 2003 e 2014 e o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que objetiva reduzir gradualmente o desmatamento e eliminá-lo até 2040. O setor agropecuário já se manifesta afim de diminuir essa emissão, com a adoção de iniciativas ligadas ao setor florestal, onde o combate ao desmatamento diminui diretamente a maior fonte de emissão. Sabe-se que a pecuária emite muito, porém não se sabe exatamente sua exata contribui-
ção para o aquecimento global. Hoje as emissões de GEEs pela pecuária brasileira estão sendo avaliadas usando padrões internacionais afim de obtermos informações dos sistemas produtivos nacionais, indicando quais possuem maior e quais possuem menor potencial de emissão. A produção de carne no Brasil segue em crescimento nos últimos anos e isso se deve ao aumento da eficiência produtiva obtido através do manejo dos sistemas de produção. Houve aumento de produção sem que aumentasse as áreas de pastagem, o que contribuiu para a redução do desmatamento. É possível reduzir as imissões promovendo adoção de sistemas integrados de produção, a recuperação das pastagens e índices zootécnicos melhores, ou seja, promovendo sequestro de carbono. As florestas contribuem grandemente no processo de sequestro de carbono fixando-o no solo e na madeira produzida. Por estas razões, os produtores de carne têm adotado cada vez mais o uso da Interação Lavoura Pecuária Floresta no Brasil, objetivando alcançar uma pecuária sustentável, com produtividade obtida sem aumentar o uso de áreas e ainda conservar as florestas.
ASSOCON
As florestas contribuem para o sequestro de carbono
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Por: Paulo
Roque
Funções que extrapolam a conhecida produção de mel e são vitais para a produção de alimentos e biodiversidade são informações que estarão ao alcance dos seguidores da Syngenta no Facebook (www.facebook.com/syngenta) e no YouTube (www.youtube.com/user/SyngentaBrasil ) a partir de maio, por meio de uma
Governo lança Plano de Defesa Agropecuária 2015/2020 No último dia 6 de maio, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, entregou à presidenta Dilma Rousseff o Plano de Defesa Agropecuária 2015/2020 (PDA), que define estratégias e ações para evitar e combater a pragas nas lavouras e doenças nos rebanhos brasileiros. O plano é dividido em duas etapas, a primeira será executada até junho de 2016 e a segunda, até 2020. Segundo o MAPA, o governo promoverá o desenvolvimento sustentável do agronegócio, garantindo a preservação da vida e da saúde das pessoas e dos animais, a segurança alimentar e o acesso a mercados. O PDA está alicerçado em seis pontos principais: 1) Modernização e desburocratização: informatizar e simplificar processos a fim de agilizar a tomada de decisões e reduzir em 70% o tempo entre a solicitação de um registro e sua análise final. 2) Marco regulatório: atualizar a legislação vigente e padronizar diretrizes que atualmente 60_Animal Business-Brasil
Qiqing Chen
Syngenta lança web série sobre abelhas criativa web série de 12 episódios, produzida com animação 3D, que será divulgada nas redes sociais da empresa. O objetivo da iniciativa é envolver o grande público com o tema desses importantes polinizadores.
estão contrapostas nas diversas esferas federativas. Criar condições necessárias para a instituição de um Código de Defesa Agropecuário. 3 ) Suporte estratégico: com apoio das universidades, desenvolver a técnica de análise de risco para pragas e doenças. Assim, reduzir em 30% os custos da defesa agropecuária. 4) Sustentabilidade econômica: levantar o custo da defesa agropecuária a fim de projetar os valores reais necessários para a área. Disponibilizar recursos para convênios com as 27 unidades da federação e regulamentar o Fundo Federal Agropecuário. 5) Metas de qualidade: modernizar o parque de equipamentos tecnológicos e ampliar programas de controle e erradicação de pragas e doenças, como febre aftosa, influenza aviária, peste suína clássica, mosca das frutas, brucelose e tuberculose, entre outras. 6) Avaliação e monitoramento do PDA: secretarias estaduais e municipais, órgãos da agricultura e o Mapa acompanharão o cumprimento das cinco metas. Para isso, serão criados comitês regionais e canais de comunicação com Fiscais de Defesa Agropecuária.
Dia de Campo apresenta Teste de Desempenho de Touros Jovens no Cerrado Um público de 100 pessoas, formado principalmente de pecuaristas, participou do Dia de Campo sobre a primeira edição do Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ), realizado nos campos experimentais da Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF). O TDTJ é promovido pela Embrapa Cerrados, AGCZ (Associação Goiana de Criadores de Zebu) e ACZP (Associação dos Criadores de Zebu do Planalto), em parceria com a ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores). A realização do TDTJ na Embrapa Cerrados é uma forma de tornar o Distrito Federal referência e protagonista no cenário nacional de avaliação de touros jovens, como também contribuir para a disseminação de genética de qualidade aos pecuaristas brasileiros por meio de parcerias público-privadas. “Esse já é um programa de sucesso, que vai além da genética animal. A ênfase também é na transferência de tecnologias para sistemas de produção sustentáveis”, afirmou o chefe-geral da Embrapa Cerrados, José Roberto Peres.
Inscrições com desconto para a BeefExpo 2015 Começaram as inscrições com descontos para a BeefExpo 2015. Devem ser feitas através do site www.beefexpo.com.br/inscricao. Para inscrever mais de uma pessoa, selecione a categoria Inscrição de Grupo/Congressistas. As inscrições antecipadas serão encerradas no dia 2 de outubro. A secretaria do evento, que acontecerá em Foz do Iguaçu (PR), abrirá no dia 20 do mesmo mês, a partir das 14h, para novas inscrições. A BeefExpo 2015 – uma visão 360o da Pecuária de Corte – é um evento único e inovador, pois, irá reunir palestras de gestão e inovação tecnológica, conhecimento, relacionamento e festa no mesmo ambiente, além dos maiores pecuaristas do Brasil e da América Latina, para discutir a Pecuária do futuro.
Teste de Progênie do Gir Leiteiro foi destaque na Expozebu A divulgação do resultado do Teste de Progênie do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL) e entrega do Sumário Brasileiro de Touros, elaborado pela Embrapa e ABCGIL, atraíram grande número de criadores da raça Gir Leiteiro, representantes das centrais de inseminação, imprensa, empresários e produtores ao Salão Nobre da ABCZ, em Uberaba. A Epamig é uma das principais colaboradoras do Teste de Progênie e seu presidente, Rui Verneque, foi o responsável pela apresentação do resultado. O Programa, que completa 30 anos, promove o melhoramento genético da raça Gir por meio da identificação e seleção de touros geneticamente superiores para as características de produção (leite, gordura, proteína e sólidos totais), de conformação e de manejo. A solenidade foi marcada por homenagens a criadores que participam e incentivam o seu desenvolvimento. Até o momento, o Programa tem mais de 300 touros testados e outros touros em teste, com a garantia de continuidade com excelentes reprodutores em avaliação, gerando importante repercussão técnica e econômica para a raça, os criadores e o mercado em geral. O Sumário Brasileiro de Touros 2015 - Resultado do Teste de Progênie está disponível no site da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) http://www.girleiteiro.org.br e no site da Embrapa Gado de Leite https://www.embrapa.br/gado-de-leite.
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Suinocultura será uma das prioridades do Ministério no Plano ABC
ABIEC leva sete empresas à maior feira de alimentos da Ásia
A produção sustentável de suínos visando à baixa emissão de carbono na atmosfera será uma das prioridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2015, para o Plano ABC, desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC). Este ano, o Mapa firmou um acordo de cooperação com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para a contratação de consultores que irão colocar em prática o projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono. Um dos focos do Plano é o tratamento de dejetos animais. A Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono terá amplitude nacional e potencial impacto na economia de carbono, além de valorizar a questão da sustentabilidade de maneira mais limpa e, consequentemente, deixando menos resíduos na atmosfera e na natureza. O Plano ABC visa à redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na agricultura. Somente na safra 2014/2015 já foram contratados R$ 2,5 bilhões em crédito. Desde 2011, quando o Plano começou a ser colocado em prática, foram financiados pelo Programa ABC – linha de crédito do Plano ABC – 32 mil contratos, chegando ao valor de R$ 10 bilhões.
Com expectativa para reabertura definitiva do mercado chinês para a carne bovina, o Brasil marca presença na maior feira de alimentos da Ásia, a SIAL China – The Asian Food Marketplace, realizada em maio, em Xangai, de 6 a 8 deste mês. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) - parceira da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) no projeto BrazilianBeef - foram responsáveis pela presença do Brasil no evento. Junto com a ABIEC, sete empresas associadas – Minerva, Plena, Mercúrio/ Mafripar, Boi Brasil, Marfrig, Cooperfrigu e Iguatemi – participaram do evento para promoção e divulgação da carne bovina brasileira. A SIAL China 2015 contou com mais de 2,7 mil expositores e recebeu mais de 55 mil visitantes, atraindo compradores da China e outros países asiáticos, incluindo varejistas, atacadistas, supermercados, empresas de catering, importadores de bebidas, serviços de alimentação e outros.
Parceria APTA-Phibro é sucesso entre pecuaristas Chegou a 50ª edição o curso Pecuária do Conhecimento, uma parceria que teve início em novembro de 2011 entre a Phibro e a APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios). Nestes cinquenta encontros cerca de mil pessoas, entre produtores, técnicos e consultores participaram do curso, realizado em dois dias, que tem como proposta ensinar, passo-a-passo, como produzir animais de 21@ em dois anos, a pasto com suplementação, através de conceito conhecido como Boi 7-7-7, que preconiza a busca por animais com 7@ ao desmame, 7@ na recria, 7@ na terminação, que sejam abatidos com 21@ arrobas aos 24 meses. Para Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador da APTA – Alta Mogiana/Colina-SP), a parceria entre a iniciativa privada e órgão público é fundamental. Foi iniciada com a execução de pesquisas a campo até o treinamento de pessoas, como o curso Pecuária do Conhecimento. Hoje, diz o pesquisador, “conseguimos uma visibilidade mais ampla com este treinamento. Podemos realizar estudos, divulgar e apresentar para os parceiros os resultados no campo. Elaboramos o curso on-line do Pecuária do Conhecimento, realizado entre a APTA, Phibro e Beefpoint, um grande sucesso, a participação foi gratuita e tivemos mais de 11 mil inscritos nesse primeiro evento”. 62_Animal Business-Brasil
Caminho do Boi, grande novidade na Agrishow Uma das novidades que mais chamaram a atenção dos visitantes da Agrishow 2015, realizada em Ribeirão Preto (SP), foi o Caminho do Boi, que coloca o visitante no lugar do boi e o convida a percorrer o trajeto da fazenda até a mesa do consumidor, de forma interativa e didática. São apresentados os elos da cadeia produtiva da carne bovina para mostrar como a integração, o respeito ao bem-estar animal e a aplicação de tecnologias se refletem na qualidade da carne que chega ao consumidor final. O objetivo é chamar a atenção do pecuarista para os impactos da produção na qualidade do produto que entrega ao frigorífico e, consequentemente, ao consumidor, o que se reflete diretamente na rentabilidade do seu negócio. O projeto foi inspirado nos estudos da professora e pesquisadora Temple Grandin, da Universidade do Estado do Colorado (EUA), uma das maiores referências em bem-estar animal do mundo e tem a curadoria técnica de conteúdo
do Prof. Mateus Paranhos, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal – ETCO, da Unesp (Jaboticabal/SP). O “Caminho do Boi” é um projeto da Beckhauser, empresa que oferece soluções em contenção e controle para manejo racional e produtivo do gado, com realização da Verum Eventos, que promove o Circuito ExpoCorte, evento itinerante que percorre alguns dos principais plos de produção pecuária no Brasil para levar informação e tecnologia aos produtores. A primeira edição do Caminho do Boi foi montada na Feicorte 2011, em São Paulo.
Governo paulista assina resolução para implantação de parques aquícolas O vice-governador do Estado de São Paulo, Márcio França, e o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, assinaram resolução que institui Grupo de Trabalho para elaborar o Plano de Demarcação e Implantação dos Parques Aquícolas no Estado. O grupo contará com membros das Secretarias de Agricultura e Abastecimento, Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, da qual Márcio França é o titular, e de Meio Ambiente. Segundo Arnaldo Jardim, o Programa de Piscicultura e Aquicultura “era uma reivindicação antiga da cadeia produtiva. A região Noroeste paulista é a maior produtora de tilápia do Brasil e esperamos que essa resolução auxilie o setor.” O vice-governador Márcio França lembrou que o governo do Estado tem mais de 300 pedidos de licenciamentos e que espera que a resolução agilize o processo de licenciamento, tornando São Paulo uma referência na produção de pescado. “No mundo, o consumo de pescado em dólar é sete vezes maior do que o de carne bovina e nove vezes o de carne de frango. Esperamos que com essa resolução São Paulo se torne o maior produtor de peixe da América do Sul em dois anos”, afirmou. Animal Business-Brasil_63
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A Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) desenvolveu produtos como patês, salsichas e conservas de carne de rã. Mercado pouco explorado, a demanda por carne de rã é maior que a oferta no Brasil. Para integrar a pesquisa e a extensão rural e divulgar informações da área de criação de rã, foi criada a “Ranicultura em Rede”e além da Emrapa, mais de 300 consumidores, fornecedores, produtores, comerciantes, pesquisadores, técnicos de extensão rural interessados na criação participam ativamente das atividades do grupo. A rede realiza capacitação técnica para multiplicadores, extensionistas e membros da assistência técnica estadual. Também promove o compartilhamento de experiências e boas práticas de manejo e produção, realiza eventos como o Dia de Campo, mantém uma lista de e-mails e deve lançar em breve um hotsite para interação entre os membros. O mais recente produto dessa articulação é a publicação “Manual Técnico de Ranicultura” que visa capacitar técnicos extensionistas e apontar soluções para os problemas tecnológicos na cadeia ranícola brasileira. A publicação tem custo de 10 reais mais frete e pode ser solicitada pelo e-mail: ctaa.servico@embrapa.br.
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Pesquisa investe em rã, desenvolve produtos, manual e cria rede de cooperação
Interleite Sul acontecerá em junho em Foz do Iguaçu Um dos principais eventos do setor leiteiro do Brasil, o Simpósio Internacional sobre a Produção Competitiva do Leite (Interleite Sul 2015) acontecerá nos dias 18 e 19 de junho, no Recanto Cataratas, em Foz do Iguaçu/PR. Esta será a 6ª edição do evento que tem como foco trabalhar a questão da competitividade, envolvendo sistemas de produção, custos, gestão, mercado e tecnologia aplicada. A programação conta também com um workshop, no dia 17 de junho, com o tema “Compost Barn e instalações para vacas de alta produção”. Serão discutidos temas técnicos de sistemas de produção além de gestão de fazendas e casos de sucesso. Ao todo serão 13 palestras direcionadas para a produção de leite na região Sul do país, que envolverão temas como tecnificação e intensificação, gestão, custos, instalações, nutrição, qualidade do leite, genética e sistemas de produção eficientes. O Interleite Sul é também uma excelente oportunidade de negócios, trocas de experiências e de relacionamentos, pois reúne produtores, laticinistas, pesquisadores, estudantes, professores, técnicos, dirigentes de empresas, dentre outros profissionais envolvidos na pecuária leiteira. Para conhecer a programação completa do evento e fazer sua inscrição acesse www.interleite. com.br/sul. Já estamos no segundo lote de inscrições.
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Governo de São Paulo firma parceria com a ABCZ na área de pesquisa zootécnica Com a presença do governador Geraldo Alckmin, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), assinaram, na sede da entidade, em Uberaba, protocolo de intenção para aprimorar, fomentar e divulgar a pesquisa em pecuária que é desenvolvida pelo Instituto de Zootecnia do Estado de São Paulo. O protocolo prevê a elaboração de um Plano de Trabalho entre o Instituto de Zootecnia (IZ), órgão ligado à Secretaria de Agricultura, e a ABCZ para desenvolver ações conjuntas e divulgar as pesquisas atualmente produzidas pelo instituto paulista, ratificando-o como o maior Centro de Excelência em pesquisa de bovino de corte no país. Graças à parceria com a ABCZ será possível difundir todas as pesquisas feitas nessa área e estimar o impacto da linhagem IZ Nelore na pecuária nacional. Acredita-se que a contribuição do IZ na cadeia produtiva nacional de carne gere anualmente R$ 304,2 milhões. Depois do setor sucroalcooleiro, a exportação de carne é o segundo item no Agronegócio no Estado, totalizando U$ 2,64 bilhões em 2014.
CNA discute protocolo de exportação de carne para UE Durante a 81º Expozebu, que aconteceu no mês de maio em Uberaba (MG), a Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reuniu-se na sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, para discutir o Protocolo de Adesão à União Europeia, especialmente em relação à identificação dos animais por meio dos brincos, que ajudam no processo de rastreabilidade dos animais destinados ao abate para exportação para o bloco europeu. A formalização dos protocolos de adesão é uma das etapas previstas na Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA) banco de dados elaborado pela CNA, em parceria com o Ministério da Agricultura. O encontro contou com a participação de representantes de federações estaduais e entidades ligadas à pecuária bovina. Com os protocolos de adesão, o Brasil atende a algumas das exigências dos países que adquirem a carne brasileira, demonstrando maior credibilidade por meio da PGA. Outro trabalho a ser feito é fornecer suporte às federações e secretariais estaduais de agricultura e pecuária para unificar as informações sobre o trânsito de animais na base de dados única da PGA, sob a coordenação do MAPA, e a CNA ficando responsável pela gestão dos protocolos de adesão.
CNA agora faz parte do conselho Deliberativo da Apex-Brasil Reivindicada pela CNA há mais de cinco anos, a inclusão desta Confederação e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) junto ao Conselho foi defendida, de forma incisiva, pela Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e pelo presidente da CNA, João Martins. O decreto já foi publicado no Diário Oficial da União. O Conselho Deliberativo da Apex é presidido pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e integrado pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República; Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae); Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Confederação Nacional da Indústria (CNI); Ministério das Relações Exteriores; Câmara de Comércio Exterior(Camex); pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). E agora, também, pela CNA e pelo MAPA.
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Paulo H. Carvalho
Uma nova Defesa Agropecuária mais inteligente Antonio Alvarenga (*)
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ministra da agricultura, Kátia Abreu, lançou o novo Programa de Defesa Agropecuária para o período de 2015 a 2020. Trata-se de um conjunto de medidas de cunho essencialmente desburocratizante, que visa a tornar mais simples e eficazes os mecanismos de fiscalização sanitária no país. Dentre as principais medidas está a descentralização de determinadas atribuições do MAPA, com maior integração entre os trabalhos realizados pelos órgãos federais, estaduais e municipais que atuam na área, evitando a sobreposição de tarefas e permitindo maior agilidade nos processos. O programa faz parte de um amplo processo de modernização que está sendo implementado, de forma intensiva, no Ministério da Agricultura, sob a gestão de Kátia Abreu. Em seus primeiros meses de trabalho, as ações em curso mostram uma velocidade e disposição paramudança que há muito tempo não se via naquele órgão. O PDApretende atualizar toda a legislação pertinente à defesa sanitária, adequando-a à realidade atual do agronegócio brasileiro, com a instituição de um Código de Defesa Agropecuária. Os novos procedimentos serão acompanhados de ferramentas de controle e auditoria que permitirão uma gestão mais inteligente e transparente de todososprocessosde defesa sanitária do país. A agroindústria será um dos maiores beneficiários do programa,ganhando maior autonomia e simplificação das rotinas de aprovação e inspeção na área de sanidade. Isso facilitará sua operação e a comercialização de seus produtos em todo o território nacional. Estima-se uma redução de 70% no tempo de análise e aprovação de registro de um novo estabelecimento ou produto. O MAPA, por outro lado, reduzirá seus custos operacionais com a nova sistemática de 66_Animal Business-Brasil
inspeção sanitária, podendo dedicar-se mais ao monitoramento da qualidade e gestão de riscos, bem como ao controle e erradicação de doenças e pragas. O PDA terá importância fundamental na ampliação das exportações do agronegócio, tendo em vista que proporcionará melhores condições para superar determinadas barreiras sanitárias e comerciais e possibilitará a a bertura de nova s perspectivas para os produtos agropecuários brasileiros nos mercados internacionais. O programa prevê ainda a modernização de laboratórios, padronização das rotinas de vigilância nas fronteiras internacionais, melhorias nos procedimentos de classificação de produtos, capacitação de profissionais do Ministério da Agricultura e um oportuno plano de educação sanitária. No lançamento do PDA foi incluído um ato de regulamentação dos medicamentos genéricos veterinários, que poderá significar uma redução de até 70% nos custos em relação aos medicamentos de marca. Em resumo, o PDA é um plano bem estruturado, que atende às expectativas do agronegócio brasileiro. Vamos acompanhar sua evolução, na prática do dia a dia. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura
Foto: Eduardo Carvalho
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Foto: Cristina Baran
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Foto: Cristina Baran
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RONDÔNIA. UM CONVITE AO AGRONEGÓCIO. UM SHOW DE OPORTUNIDADES. Rondônia já é o maior produtor de carne e leite da Região Norte. E está a caminho de se tornar o maior produtor de peixe do Brasil. Tem localização estratégica, boas estradas e uma estrutura portuária moderna. A safra de grãos não para de crescer. Não é por acaso que a maior feira de agronegócio do norte do país é realizada no centro do estado. Em Rondônia o agronegócio virou o centro das atenções. Tem oferta de crédito e produtores ávidos por novidades. Rondônia Rural Show. De 27 a 30 de maio. O convite está feito. Venha fazer bons negócios.
De 27 a 30 de maio em Ji-Paraná.
Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária