Animal Business Brasil 22

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INSTITUTO BUTANTAN Servindo à saúde pública há 114 anos

FEBRE AFTOSA América Latina pode ficar livre sem vacinação

PORCO MONTEIRO

Carne da melhor qualidade


I Graficci

Agora tem qualidade com identidade

Em todo o mundo, determinados produtos de qualidade são reconhecidos por sua procedência e originalidade, garantidas por uma certificação de Indicação Geográfica (IG) que, no Brasil, pode ser Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO), registradas pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Cabe a você, consumidor exigente, identificar e buscar produtos com essa marca.

A SNA (Sociedade Nacional de Agricultura) apoia e incentiva esse conceito. Nosso objetivo é promover o valor do agronegócio brasileiro com suas características e origens exclusivas. Prefira produtos com essa marca. Existe uma (IG) de qualidade esperando por você!

(IG) Qualidade com identidade.


uma publicação da:

P

rovavelmente introduzido por portugueses e espanhóis, há mais de 200 anos, o Porco Monteiro produz carne da melhor qualidade. Trata-se de um suíno asselvajado que vive no Pantanal de Mato Grosso do Sul onde adquiriu características especiais consequentes de um desenvolvimento livre, sem interferência humana, como se lê na matéria de capa desta 22ª edição assinada pelo Coronel Médico Veterinário RR-1, Edino Camoleze. Uma matéria que julgamos muito oportuna é a “Crédito Rural- o mapa da mina”. Os veterinários especialistas, Eduardo Batista Borges e Michaelle Aballo, escrevem sobre a importância decisiva da inspeção sanitária na exportação dos produtos de origem animal e na saúde pública. Sebastião Costa Guedes, membro titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e um dos mais reconhecidos especialistas no assunto, com atuação internacional, defende a tese de que as Américas podem ser o primeiro continente no mundo livre de Febre Aftosa sem vacinação.

O Instituto Butantan completou 114 anos a serviço da saúde pública brasileira. Ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, seu trabalho de produção de soros e vacinas, que salvam milhares de vidas todos os anos, tem reconhecimento internacional também como um centro avançado no campo da pesquisa biomédica. Segundo defende o economista agrícola, Professor Fernando Roberto de Freitas Almeida na sua matéria, “Um país não vende carne e sim sanidade e qualidade”. É fato notório, divulgado inclusive na imprensa leiga, que os animais de estimação e companhia vêm crescendo de importância nas famílias brasileiras, movimentando cifras muito expressivas, o que justifica o também crescente interesse dos médicos veterinários na clínica de pequenos animais. Neste número publicamos conselhos úteis para os profissionais interessados nesse campo profissional. O leitor também encontrará informações úteis no trabalho que está sendo realizado no km 47 pela Pesagro-Rio, na criação de bezerras para a futura produção de leite.

Luiz Octavio Pires Leal Editor

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Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:

Presidente:

Octavio Mello Alvarenga

Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Osaná Sócrates de Araújo Almeida Tito Bruno Bandeira Ryff Maurílio Biagi Filho Helio Guedes Sirimarco Francisco José Villela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Harfers Ronaldo de Albuquerque Sergio Gomes Malta

Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio de Araújo Freitas Júnior Antonio Salazar Pessôa Brandão Claudio Caiado Fernando Lobo Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Soares Kátia Aguiar Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida

CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41

Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo

Maria Cecília Ladeira de Almeida Maria Helena Martins Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio Roberto Ferreira da Silva Pinto Rony Rodrigues de Oliveira Ruy Barreto Filho Tulio Arvelo Duran

Comissão Fiscal Claudine Bichara de Oliveira Frederico Price Grechi Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otávio Andrade

Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br

Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso

Luíz Carlos Corrêa Carvalho TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt

Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Ministra Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen

Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Shutterstock Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial

É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Ediouro Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000


Sumário

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Porco Monteiro um animal mal explorado Mercado Internacional de animais e seus produtos

História do Gado Pinzgauer

Crédito Rural: o mapa da mina

Ciência e Tecnologia As Américas podem ser o primeiro continente no mundo, livre de aftosa sem vacinação Cotação da arroba do boi gordo, a melhor dos últimos 20 anos

40 44 52 55 56 60 66

Sistema de criação de bezerras desenvolvido pela Pesagro-Rio garante mais lucro Instituto Butantan: 114 anos a serviço da saúde pública brasileira

Reforma Agrária no Brasil

Síntese Conselhos para quem deseja ser um médico veterinário clínico de pequenos animais bem-sucedido Top News

Opinião

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Porco Monteiro um animal mal explorado Por:

Edino Camoleze. Cel Veterinรกrio. RR

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Richard Bartz

C

om mais de 200 anos de existência no Pantanal, o Porco Monteiro teria sido introduzido pelos espanhóis e portugueses na procura de pedras preciosas, ouro e prata, por volta do sec. XVI, quando o interior do Brasil passou a ser visitado e construídos os primeiros núcleos coloniais, e com eles a criação de animais domésticos, como: galinhas, cavalos, bois e porcos. Outros pesquisadores e historiadores afirmam que o Porco Monteiro foi introduzido pelos fazendeiros e proprietários de “sesmarias”, grandes extensões de terras doadas pelo governo português aos moradores da região na tentativa de explorar e colonizar o País, sendo então, estabelecidos criatórios de animais domésticos para sustento das famílias e empregados. Com a guerra da Tríplice Aliança que envolveu o Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, no ano de 1864, o rio Paraguai e o continente mato-grossense foram invadidos pelas tropas paraguaias amotinadas que, em busca de víveres e forragens para sobreviver, destruíram e saquearam os núcleos coloniais e fazendas primitivas. Amedrontados e sem defesa os moradores fugiram abandonando seus bens e criações à própria sorte, entre as quais o Porco Monteiro que deserdado e abandonado tornou-se semisselvagem, habitando e reproduzindo-se no Pantanal.

Características

Denomina-se Porco Monteiro (Sus scrofa, Linnaeus) um suíno asselvajado que vive no pantanal mato-grossense, principalmente na região do pantanal sul, sub-regiões de Corumbá, Nhecolândia e Paiaguás, bacia hidrográfica do alto Paraguai. Registram os livros históricos que esse animal é, provavelmente, oriundo das raças ibéricas Duroc Tamworth ou Caruncho.

Entregue à própria sorte no imenso pantanal mato-grossense, livre e sem nenhuma intervenção que pudesse mudar ou modificar seus hábitos e costumes de formação original europeia apurada, esse suíno foi se modificando, adquirindo costumes selvagens impostos pelo meio ambiente e condições geográficas do solo pantaneiro. A princípio, ele e sua prole de domínio matriarcal tiveram que resistir às condições de sobrevivência na procura de alimento e abrigo para se defenderem dos predadores naturais, sendo os mais temíveis o homem e a onça pintada, além das cheias e vazantes do Pantanal que modificavam seus nichos ecológicos, e às doenças adquiridas do meio ambiente e de outros animais de convivência nos vários ambientes que ali viviam. Animal Business-Brasil_7


Alimentação A alimentação incluía vegetais, raízes, bulbos, frutas, sementes, castanhas, vermes terrestres e as vezes carcaças de animais em decomposição, diferente das que recebiam na ceva. Assim, diante de tantas vicissitudes de sobreviver num ambiente inóspito e hostil, o Porco Monteiro se modificou, sobreviveu e conseguiu adaptar-se ao Pantanal, desenvolvendo suas aptidões naturais e confirmando a tese do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, (1712), que afirmou: “o indivíduo é produto do meio em que vive”.

Porco Monteiro: Sus scrofa Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Arctiodatyla Família: Suidae Gênero: Sus Espécie: scrofa Nome científico: Sus scrofa

Perfil atual Atualmente, as varas de Porco Monteiro encontradas no Pantanal caracterizam-se fenotipicamente com o seguinte perfil: membros anteriores levemente maiores que os anteriores na cernelha; corpo coberto de cerda grossa na cor preta, castanha ou avermelhada, sendo maior, em forma de crina, no dorso e lombo; membros posteriores mais volumosos que os anteriores; orelhas curtas, largas e eretas; linha do lombo retilínea; cabeça em forma de cunha sem papada proeminente; focinho longo com a extremidade “ disco “ volumoso e narinas largas; cauda peluda com 30 cm de comprimento. Os machos apresentam dimorfismo sexual sendo mais corpulentos e maiores que as fêmeas, com os caninos superiores e inferiores grandes, curvos e voltados para fora da boca. Esses dentes diferenciados funcionalmente são usados como arma de defesa e ataque desses porcos contra seus predadores, como faz o javali. Atualmente, o Porco Monteiro tem um perfil corpóreo disforme resultante de cruzamentos aleatórios, sem harmonia entre as partes e assemelhado às demais subespécies Sus da África e da Europa.

Dados zootécnicos Compreendem informações técnicas observadas e apuradas por estudiosos e pesquisadores da espécie, compreendendo: filhotes, jovens e adultos, machos e fêmeas, com objetivo de investigar suas potencialidades físicas, genéticas e biológicas para determinar seu biotipo e incrementar sua criação como fonte de produção de alimento e outras finalidades zootécnicas. Pesquisas realizadas pela Embrapa - Gado de Corte, Campo Grande-MS, descrevem as seguintes 8_Animal Business-Brasil

características: Hábito: diurno e noturno, sendo observado mais durante a noite que de dia. O hábitat é a planície pantaneira e as florestas montanhosas do Pantanal que lhes servem de abrigo e refúgio. Em cativeiro, ele se alimenta de mandioca, abóbora, inhame, batata doce, milho verde, cana-de-açúcar, resto de alimentos e ração comercial. O porte varia de médio a pequeno, sendo os machos maiores do que as fêmeas. O peso oscila entre 75 e 80 kg, quando capturados na natureza. Quando castrados e confinados em cativeiro, podem chegar a 200kg com facilidade.

Maturidade sexual Os machos atingem a maturidade sexual aos 7 ou 8 meses de idade; as mães são boas criadeiras podendo reproduzir aos 8 meses, e dar duas crias ao ano. As leitegadas, de 5 a 8 leitões, pesam ao nascer, em média 600g. A gestação dura cerca de 120 dias. observadas, no seu hábitat, varas constituídas de fêmeas e suas crias. Os núcleos de 8 a 10 animais são liderados pelas fêmeas.

Ecologia e comportamento O Porco Monteiro e os demais porcos selvagens têm rusticidade elevada, características ecológicas desenvolvidas, adquiridas por mais de dois séculos de vida no ambiente pantaneiro, vencendo e adaptando-se às condições climáticas e edafológicas daquela região do Brasil. De berço ibérico e naturalizado semisselvagem brasileiro, mais herbívoro do que onívoro, o Porco Monteiro é uma das espécies de mamíferos


Dispersores de sementes Os porcos Monteiro são considerados dispersores potenciais de sementes em áreas de floresta. Eles desenterram plântulas e sementes, podendo afetar a germinação de certas espécies. Predam ovos de aves que nidificam no chão e também ovos de répteis, tais como Caimam crocodilus yacare. Assim, por diversas razões, as populações de porcos Monteiro devem ser suficientemente abundantes para garantir a continuidade

da caça e, devido ao seu alto potencial de crescimento devem também se manter sob controle a fim de se evitar impactos negativos. No Pantanal, estima-se que a população de porcos Monteiro chegue a quase 300 mil indivíduos, dispersados em mais de 38 mil grupos em 139. 111 km² da superfície pantaneira, sendo mais vistos e concentrados nas regiões montanhosas e florestadas de Aquidauna, Nhecolândia, Rio Negro, e pantanal do Paiaguás. As observações, feitas pelo biólogo Ubiratan Piovezan da Embrapa, relatam que a vara é encontrada mais durante a noite que de dia. Quando perseguidos, para se protegerem procuram as matas fechadas ou caraguatás, plantas cheias de espinhos que impedem a ação dos cães e caçadores. Ao contrário dos catetos e queixadas, o macho adulto vive mais isolado juntando-se com as fêmeas só no período de

Wikimedia Commons

invasoras mais bem-sucedidas no mundo. Muitos estudos relatam as consequências negativas, tanto ecológicas quanto socioeconômicas, das invasões descontroladas de suínos nos vários biomas mundiais. Porcos são responsáveis por causar a diminuição na biodiversidade, extinções locais de outras espécies e normalmente competição com os animais silvestres.

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reprodução. O macho é bem mais agressivo e apresenta presas que crescem fora da mandíbula. As fêmeas lideram as varas e constroem seus ninhos para parição em pequenas depressões no solo cercadas por acúmulo de vegetação. Nas estações quentes, gostam de se banhar nos “corixos”, lagoas e “barreiros” das áreas inundadas.

Legislação A legislação brasileira define como animal exótico aquele cuja distribuição geográfica não inclui o território nacional. Outras espécies consideradas exóticas são aquelas que tenham sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e suas águas jurisdicionais e que tenham entrado espontaneamente em território brasileiro.

Tipos de porcos selvagens

Melhoramento Com características fenotípicas que lembram os porcos domésticos e selvagens, o asselvajado Monteiro, pode se acasalar com porcos comuns e com o javali, transmitindo qualidades genéticas importantes para o melhoramento animal e conservação gênica da espécie. A variação genômica das espécies Sus scrofa scrofa, Javali (2n = 36); Sus scrofa domesticus, porco comum e Monteiro (2n= 38) e seus híbridos javaporco, javamonteiro (2n= 37), em cruzamentos diretos e retrocruzamentos são realizados em quase todo o Brasil, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O Decreto nº 6.099, de 26 abril de 2007, e a Instrução Normativa 169, de 20 fevereiro de 2008, do Ibama, dão oportunidade de se tentar novos experimentos para obter novos híbridos. Como os híbridos e o próprio Porco Monteiro não têm ainda um padrão racial definido, apesar do processo natural de seleção e esforços dos pantaneiros em manejo e seleção ao longo dos anos, é necessário que haja um programa oficial governamental de conservação, registro e controle dos cruzamentos, para Richard Bartz

No Brasil, ocorrem cinco tipos de porcos selvagens ou asselvajados. Os considerados nativos: queixada (Tayassu pecari), caititu (Tayassu tajacu), o caititu mundéo (Pecari maximus) e os considerados exóticos: javali (Sus scrofa scrofa) e o Porco Monteiro (Sus scrofa). Lei nº 5.197/1967. Todos esses suínos selvagens são cogitados hoje para exploração econômica industrial de suas carnes tendo em vista o alto valor comercial e nutritivo, textura, maciez, baixo

teor de gordura, sabor e palatabilidade, características intrínsecas dos asselvajados quando comparadas às do porco doméstico comum.

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Wikimedia Commons

O Porco Monteiro não tem ainda um padrão racial definido apesar do processo natural de seleção.

proteção das espécies e o aproveitamento racional e zootécnico desses suínos asselvajados, na economia brasileira.

Aptidão econômica Estudos realizados pelo biólogo Rodiney Mauro e colaboradores: “Perspectivas da Criação de Porcos Monteiro no Brasil“, da Embrapa - Gado de Corte, MS, revelam que em manejo empírico, os animais machos são capturados no Pantanal pelos empregados das fazendas, castrados e soltos para engorda, podendo chegar facilmente a 100/150 kg em manejo extensivo e facilmente a 200 kg, quando confinados. Segundo o pesquisador francês Arnaud Desbiez, os animais castrados (capão, na linguagem local) tendem a engordar mais e produzir a banha, utilizada como óleo e conservante das carnes nas propriedades onde não há energia elétrica. A linguiça, a carne frita e o churrasco também são muito apreciados pelo homem pantaneiro. Porém, isso tudo ocorre de forma extra-oficial ao longo dos anos, já que a caça, de um modo geral, é proibida no Brasil. Há no governo estadual do Mato Grosso do Sul, em estudo, um programa de manejo para conservação e uso econômico e turístico do Porco Monteiro na região. Uma das ideias é comercializar a carne do animal com o selo “ Porco Monteiro do Par-

que Regional do Pantanal “ e agregar valores ao produto de forma que os turistas que visitam as fazendas de turismo rural e ecológico acompanhem o processo de busca, captura e abate dos animais, para depois saborearem os pratos feitos com a sua carne. Além disso, foi constatado nos estudos de Desbiez, que os subprodutos do porco, inclusive o couro, não são aproveitados ou comercializados totalmente, sendo consumidos parcialmente nas fazendas.

Espécie promissora A criação racional do Porco Monteiro e seus híbridos em cativeiro, em regime de pastoreio semiextensivo e extensivo, é uma estratégia nacional importante para a conservação e controle das espécies e produção de proteína animal, pela qualidade da sua carne, baixo custo de produção, rusticidade e manejo fácil, quando comparado ao do porco doméstico comum. Acredita-se que normatizando e legalizando os sistemas de criação e toda a cadeia produtiva desse animal, no território nacional, como está sendo cogitado pela Associação de Criadores de Suínos de Mato Groso - ACRISMAT, brevemente o Brasil poderá contar oficialmente com mais essa oferta de carne nobre especial para suprir a demanda da gastronomia requintada e o comércio nacional e internacional.

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O agronegócio possui um grande parceiro capaz de contribuir para seu desenvolvimento sustentável em todo o estado. Por meio de cursos, consultorias e um atendimento especializado, o Sebrae/RJ incentiva e participa de toda a cadeia, desde a criação até a comercialização, sem esquecer da responsabilidade ambiental. Venha conversar com quem sabe que no agronegócio não existe bicho de sete cabeças.

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Mercado Internacional de animais e seus produtos Por:

Eduardo Batista Borges e Michaelle Aballo, Médicos Veterinários

A cada ano, a participação brasileira no comércio internacional vem crescendo, com destaque para a produção de carne bovina, suína e de frango. Segundo o Ministério da Agricultura, até 2020, a expectativa é que a produção nacional de carnes suprirá cerca de 45% do mercado mundial.

E

ssa estimativa indica que o Brasil pode manter a posição de primeiro exportador mundial de carnes nos próximos anos e cabe ao Ministério da Agricultura, por intermédio da Secretaria de Defesa Agropecuária, regulamentar e controlar mercadorias de origem animal a serem exportadas e importadas, atestando sua qualidade e segurança.

Novo conceito de inspeção Encontra-se em fase de implantação no país, o Sistema Brasileiro de Inspeção, o SISBI, que reconhecerá por equivalência de procedimentos técnicos, higiênicos e sanitários, com as secretarias de agricultura estaduais e muni-

Appa

O Porto de Paranaguá é um importante escoador de produtos do agronegócio

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Toda e qualquer exportação e importação de animais vivos ou seus produtos é submetida ao cumprimento de requisitos regulamentados pelo Ministério da Agricultura.

cipais, esse novo conceito da inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal, que ampliará as áreas de comercialização, com exceção à exportação internacional que caberá somente ao MAPA. Toda e qualquer exportação e importação de animais vivos ou seus produtos é submetida ao cumprimento de requisitos regulamentados pelo Ministério da Agricultura.

Registro Uma empresa interessada no mercado de exportação deve, primeiramente, obter registro do estabelecimento no Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, que atesta a regularidade sanitária, técnica e legal das instalações e etapas do processo de produção. Após a concessão do registro, deve requerer habilitação para exportar junto ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura. A empresa habilitada ao comércio internacional será incluída em lista geral ou em lista específica de estabelecimentos exportadores, de acordo com o nível de exigências dos países. Nas importações, as empresas necessitam de autorização do MAPA através de visitação de suas plantas nos países interessados e aprovação de rotulagens.

CZI - Certificado Zoossanitário Internacional Emitido pelo Departamento de Saúde Animal, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, atesta a sanidade animal após inspeção sanitária ou exames para diagnóstico de doenças. São verificadas as condições de saúde do animal, por meio do acompanhamento médico veterinário periódico e de provas de vacinação

e exames laboratoriais legalmente exigidos, condições de instalações para o desenvolvimento da atividade, utilização de insumos apropriados (tais como alimentação livre de produtos de origem animal e de hormônios e anabolizantes proibidos) e registro documental da atividade. A comprovação da sanidade animal varia de acordo com o país importador. Informações, sobre documentação e procedimentos necessários para exportar produtos de origem animal, são fornecidas pelo Ministério da Agricultura.

Áreas de interesse De modo simplificado, as exportações em geral se dividem por áreas de interesse, a saber: animais vivos domésticos de companhia (caninos e felinos); outros animais; animais vivos para cria, recria, abate, engorda, reprodução, zoológicos, esporte, exposição e espetáculos (silvestres e exóticos); materiais de multiplicação animal; materiais de pesquisa; produtos de origem animal comestíveis. Produtos de origem animal (embarque carga solta ou carga convencional); produtos de origem animal comestíveis (carga transportada em contêiner ou caminhão lacrado na origem) e produtos de origem animal não comestíveis ou para fins opoterápicos e industriais. Para cada tipo de exportação, adota-se um procedimento.

Animais de companhia Sempre que se desejar transportar um animal de companhia para outro país, o proprietário deverá consultar o país de destino, pois é preciso atender aos requisitos sanitários exigidos para que seja emitido o Certificado Zoossanitário Internacional (CZI), que é o documento que viabiliza a entrada no país desejado. Os requisitos sanitários do país de destino, para os quais já exista modelo de CZI acordado Animal Business-Brasil_15


Cães e gatos Em se tratando de cães e gatos, a unidade do Serviço de Vigilância Agropecuária na origem do trânsito do animal (por exemplo nos aeroportos internacionais) será responsável pela conferência documental e procedimentos de fiscalização, devendo o interessado procurar diretamente este setor. O Passaporte para Cães e Gatos é o documento oficial emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), gratuitamente, utilizado para o trânsito nacional e internacional de cães e gatos. Pode ser obtido nas Unidades do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO), nos portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais nas Superintendências Federais de Agricultura nos Estados. O passaporte não é obrigatório para o trânsito internacional e pode ser usado em substituição ao Certificado Veterinário Internacional (CVI) e para viagens nacionais em substituição ao atestado de saúde. Os animais obrigatoriamente devem receber identificação eletrônica por microchip, que tem a vantagem da agilização e segurança zoossanitária no embarque e desembarque dos animais, tem validade por toda a vida do animal e o Brasil aceitará passaportes emitidos ou endossados pela Autoridade Veterinária de outros países de origem, desde que neles constem todos os requisitos sanitários exigidos para a entrada de cães e gatos.

Outros animais No caso de outros animais de companhia (exceto cães e gatos), o proprietário, com a antecedência que a tramitação requer, deverá apresentar os requisitos sanitários do país de destino ao Serviço de Saúde Animal na Unidade Federativa de origem, onde também fará o requerimento para autorização para emissão de CZI. Uma vez concedida a autorização, a unidade do Serviço 16_Animal Business-Brasil

de Vigilância Agropecuária do ponto de egresso emitirá o CZI propriamente dito. Observe que diferentemente de cães e gatos, para outros animais o procedimento não inicia diretamente no Serviço de Vigilância. Antes é preciso uma autorização prévia do Serviço de Saúde Animal. É importante lembrar que os requisitos sanitários poderão ser consultados junto às Embaixadas e representações consulares, ou ainda, no próprio Serviço Sanitário Oficial dos países de destino. O Departamento de Saúde Animal (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento avaliará a viabilidade de garantir as exigências sanitárias impostas pelo país importador, bem como elaborará e divulgará o modelo de CZI específico.

Animais vivos para abate, cria, recria, engorda, reprodução, zoológicos, esporte, exposições e espetáculos Para estes casos, o procedimento também se inicia no Serviço de Saúde Animal da Unidade

Daniel Basil / produção Faquini

poderão ser consultados na página do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (www. agricultura.gov.br). Quando não houver modelo acordado, o proprietário deverá apresentar documento oficial do país destino informando os requisitos sanitários exigidos. Este documento será encaminhado ao Departamento de Saúde Animal, que avaliará a possibilidade de garantir as exigências sanitárias impostas, elaborará e divulgará o Modelo de CZI específico.


Federativa de Origem, que solicitará a documentação pertinente e emitirá a Autorização para Emissão de CZI encaminhada ao Serviço de Vigilância Agropecuária, que emitirá o CZI.

Materiais de multiplicação animal Para estes casos, dependendo do tipo de material a ser exportado, o Serviço de Saúde Animal e/ou o Serviço de Fiscalização de Produtos Agropecuários da Unidade Federativa de origem respaldará a emissão de Certificado Sanitário Internacional, portanto o requerimento deve ser feito na Superintendência Federal de Agricultura, onde serão exigidos os demais documentos necessários (nota fiscal, atestados e/ou exames laboratoriais, etc.).

Materiais de pesquisa O Serviço de Saúde Animal da Superintendência Federal de Agricultura, na Unidade Federativa de origem, emitirá a Autorização para Emissão do

Certificado Sanitário Internacional, após a análise do requerimento e dos documentos apresentados. A Unidade de Vigilância Agropecuária do local de egresso emitirá o CZI. Para este tipo de material é importante verificar as exigências do país de destino e a documentação referente ao Ministério da Ciência e Tecnologia e IBAMA, para os casos em que houver necessidade.

Produtos de origem animal, comestíveis, envoltórios naturais e pratos prontos que contenham como ingrediente produto de origem animal (Transbordo da mercadoria para o porão do navio, aeronave, transporte rodoviário ou ferroviário, em zona primária). A unidade de Vigilância Agropecuária emitirá o CZI. O procedimento de transbordo da mercadoria será acompanhado e será realizada a reinspeção, verificando as condições de em-

Vista aérea do aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim, Galeão, no Rio de Janeiro, porta de entrada e de saída de muitos produtos de origem animal

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Appa

Appa

Manejo higiênico dentro do frigorífico

balagem, rotulagem e temperatura, que devem estar de acordo com a legislação e exigência do país importador.

Produtos de origem animal comestíveis, envoltórios naturais e pratos prontos que contenham como ingrediente produto de origem animal. Carga exportada em contêiner ou em caminhão lacrado na origem Nestes casos, quando o Serviço de Inspeção Federal responsável pela indústria emite o Certificado Sanitário Internacional, seus anexos e declarações adicionais, quando exigidos pelo país importador; não é necessária reinspeção pela Vigilância Agropecuária no ponto de egresso, exceto quando a pedido do país importador. A mercadoria é lacrada na origem, e será verificada a integridade dos lacres. A habilitação da indústria para exportação fica a cargo do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal.

Produtos e subprodutos de origem animal não comestíveis ou para fins opoterápicos e industriais. Embarque como carga solta ou convencional (Transbordo da mercadoria para o porão do navio, aeronave, transporte rodoviário ou ferroviário, em zona primária) 18_Animal Business-Brasil

O produto procede de indústria habilitada pelo MAPA para exportação, pelo departamento e setores, dependendo do tipo de mercadoria. A Unidade de Vigilância Agropecuária acompanha o procedimento de transbordo da mercadoria e realiza reinspeção. O interessado, sempre que necessitar, deve buscar informações no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ou nas Superintendências Federais de Agricultura presentes em todos os estados do país. Todos os contatos e responsáveis pelos Departamentos e Superintendências estão disponíveis no sítio eletrônico: www.agricultura.gov.br.

Informações complementares No site do Ministério da Agricultura encontram-se todas as informações sobre a documentação necessária e os procedimentos exigidos para a autorização da exportação de animais vivos e produtos de origem animal. www.agricultura.gov.br http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sisrec/ma nterDocumento!abrirFormConsultarDocumen to.action?sgJAASAplicacaoPrincipal=sisrec SISREC (Sistema de informação de requisitos e certificados da área animal) – Sistema para consulta dos requisitos de importação e exigências sanitárias para exportação


História do Gado Pinzgauer Por:

Antonio Edson Bernardes- criador

Por volta do ano 500 a.C pastores europeus criavam gado em pequenos pastos rochosos amplamente espalhados. Foi assim que começaram a desenvolver uma raça de gado vermelho e branco do tipo Bavarian vermelha nativa. Esses pastores selecionavam animais capazes de suportar as duras condições da região e ainda

produzir carne e leite. O nome Pinzgauer deriva do distrito de Pinzgau na Áustria, perto de Salzburgo e do Vale do Pinz no mesmo país. A designação “Pinzgauer” aparece pela primeira vez em documentos de 1600 e livros genealógicos da região, datados de 1700, mostram que a criação seletiva vinha acontecendo há algum tempo.

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A

região que originou a raça Pinzgauer tem topografia irregular, muito rochosa e imprevisível em termos de tempo. As temperaturas podem cair de repente. Por isso esses ancestrais precisavam ter constituição resistente para poder lidar com tais extremos.

tem a esses animais caminhar em busca de alimentos em terrenos rochosos em aclives, onde outras raças não conseguem se locomover. Além disso, esses animais são naturalmente dóceis o que ajuda em todos os aspectos do manejo.

Origem difícil

Precocidade e fertilidade

Esta origem difícil fez com que a raça se adaptasse a uma variedade de condições rígidas em todo o mundo. Até o final do século XVIII, a reprodução seletiva resultou em características bastante fixas da raça e os animais começaram a chamar a atenção de pecuaristas de outras partes do Planeta, onde mesmo em pastagens pobres, conseguem uma grande conversão alimentar, tornando-os muito rústicos.

Dupla finalidade As peles muito grossas oferecem resistência aos insetos e a pigmentação escura do olho aumenta a resistência às doenças oculares. A natureza tranquila da raça é uma vantagem em cada nível de produção, desde o nascimento até o abate. Essa raça de dupla finalidade possui uma combinação de alta produção de leite e excelente qualidade de engorda. Sua constituição forte está presente em rebanhos tanto no Brasil, como no Canadá.

Padrão de cor e longevidade O Pinzgauer é conhecido por seu padrão de cor distinta. Os animais têm casacos castanhomarrom escuro, que os protegem dos raios UV, com uma parte traseira branca, flancos e baixo ventre brancos. Esta raça tem uma capacidade imensa de produzir carne. Também são famosos por sua longevidade. Há touros que continuam a servir até 12 anos de idade. As vacas têm vida útil entre 16 e 18 anos, mas algumas chegam a viver até os 21 anos.

Pernas fortes Suas pernas têm força considerável. Como em outras raças de origem nos Alpes, as pernas dos animais da raça Pinzgauer são fortes e bem formadas. Os cascos escuros e rígidos permi20_Animal Business-Brasil

As novilhas Pinzgauer são de maturação precoce e altamente férteis, o que são características econômicas muito importantes em qualquer programa de melhoramento. Com doze meses de idade, muitas novilhas Pinzgauer podem estar prontas para conceber. Na verdade, novilhas que parem aos dois anos de idade são muito comuns. Esta fertilidade acima da média gera uma tendência para a ocorrência de gêmeos - mais do que em qualquer outra raça. Há informações da África do Sul que mostram, mesmo sob duras condições, porcentagens de parto acima dos oitenta por cento.

Fertilidade masculina Em relação à fertilidade masculina, os touros Pinzgauer possuem as duas qualidades mais importantes de um touro reprodutor: alta contagem de esperma e forte libido. O touro Pinzgauer expõe características masculinas no início da vida. O desenvolvimento escrotal dos tourinhos, um indício de potencial de fertilidade, chega a medir 35-38 cm. Apesar de seus instintos agressivos, os touros Pinzgauer adultos geralmente permanecem dóceis e fáceis de manusear durante toda a sua vida útil.

Vacas têm bom desempenho O peso de vacas varia de 600 a 700 kg e altura em média de 137 cm. Nos touros, o peso varia entre 1.000 e 1.100 kg e a altura é de 147 cm em média. As vacas têm um bom desempenho na indústria de laticínios com grande produção de leite com alto teor de proteína e de gordura.Também têm qualidades maternais excepcionais e sua produção de leite de alta qualidade garante um bezerro saudável e mais pesado. Uma única


Essa raça de dupla finalidade possui uma combinação de alta produção de leite e excelente qualidade de engorda.

vaca pode cuidar de vários bezerros órfãos em uma temporada. Em média, uma vaca Pinzgauer produz de 4.000 / 5.000 kg de leite/ano. Esta abundância de produção de leite garante pesos elevados de desmame – entre 250 e 300 kg – e crescimento rápido dos bezerros.

Engorda intensiva Com uma engorda intensiva, o aumento médio de peso diário é de cerca de 1.400 g com um rendimento de abate de 56-58%. A boa qualidade da carne, com a primeira taxa de marmoreio, fibra fina e cor vermelho claro satisfaz às exigências dos consumidores com uma quantidade mínima de gordura externa. Estudos realizados no centro USDA MEAT pesquisa animal, Clay Nebraska, mostram que os animais da raça Pinzgauer produzem uma carne mais terna do que qualquer raça especializada e comumente supera outras em suculência e sabor. Além disso, novilhos em confinamento apresentaram ganhos de peso acima da média.

Introdução no Brasil A introdução da raça Pinzgauer no Brasil se deu pelo criador Carlos Francisco Alves, de São José do Rio Preto, em São Paulo, em 1968. Após as primeiras observações favoráveis obtidas, o

consulado austríaco no Paraná executou uma segunda importação em 1974, quando foram importados 35 animais. No Paraná, os três pioneiros foram: Ivo Carlos Arnt, de Guarapuava, que comprou um touro e seis vacas prenhas, Erwin Von Rainer Harbach, de Tijucas do Sul, que comprou duas vacas prenhas, e Dionísio Dal Prá, de Paranavaí, que também comprou uma vaca prenha. O primeiro registro brasileiro foi dado à vaca Iracema, HBB 11, nascida em 10 de outubro de 1974, em Tibagi, Paraná, na Santa Lídia Fazenda Cercadinho, cujo proprietário era Dr. Ivo Carlos Arnt.

Expansão da raça Houve uma expansão do rebanho no Brasil, quando touros foram vendidos para outros estados, como Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em sua fazenda São Lourenço, em Minas Gerais, o engenheiro Emil Ritz dedicou-se ao aperfeiçoamento e desenvolvimento de técnicas de reprodução através de transplante de embriões e outras técnicas de reprodução assistida. Outros criadores cruzaram Pinzgauer PO com vacas holandesas Girolandas. Os novilhos, descendentes desses cruzamentos, apresentaram um excelente ganho de peso diário e um bom rendimento médio de leite. Animal Business-Brasil_21


Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016

MAIS CRÉDITO E APOIO PARA VOCÊ QUE É PARCEIRO DO BRASIL

O Governo Federal está ajustando gastos e investindo mais de R$ 180 bilhões em crédito para você que é produtor rural. A hora é de avançar e fortalecer o nosso País. Para saber mais, acesse agricultura.gov.br.


Mais de R$ 180 bilhões para o produtor rural.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


Crédito Rural: o mapa da mina Por:

Felipe Prince Silva, Ms. Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente UNICAMP. Economista Agrosecurity Gestão de Agro-Ativos LTDA e Agrometrika Informática e Serviços de Gestão de Crédito LTDA

O agronegócio é uma atividade de alta sazonalidade e que, portanto, necessita de intenso volume de recursos financeiros para a realização do seu ciclo. Assim, o crédito para a atividade rural – que é essencial para qualquer nação, por motivos óbvios – deve ser abordado com atenção especial pelas instituições financeiras e formuladores de políticas.

O

setor agropecuário ainda é visto no Brasil como um setor de alto grau de risco para o credor, em função de fatores como: risco climático, assimetria de informações, volatilidade dos preços agropecuários, falta de governança no mercado de terras, problemas logísticos e baixa utilização do seguro rural.

Como obter melhores condições no crédito Da mesma forma que ocorre no âmbito empresarial, a decisão de tomada de crédito pelo produtor rural está intimamente ligada à necessidade de capital, estratégias e planejamento de curto e longo prazos em relação à sua atividade. Segundo o Manual do Crédito Rural do Banco Central do Brasil, o crédito rural possui 3 modalidades, de acordo com a finalidade, sendo os dois primeiros com vencimentos no curto prazo e o terceiro com o prazo mais alongado: a) Custeio: para aquisição de insumos e demais itens operacionais (combustível, mão de obra etc); b) Comercialização: para financiamento de estocagem de produtos; c) Investimento: máquinas, equipamentos e estruturas, a fim de aperfeiçoar e modernizar o processo produtivo na fazenda. Antes de tomar a decisão da obtenção do crédito rural, alguns passos devem ser seguidos pelo produtor rural, a fim de que essa decisão possa contribuir para melhoria da rentabilidade da atividade. Abaixo, estão descritos 3 passos que podem auxiliar o produtor nessa importante decisão.

Figura 1 – Passos para decisão de tomada de crédito Passo 1

Passo 2

Passo 3

Finalidade e dimensionamento do crédito

Escolha da instituição e linha de crédito

Documentação e garantias

Quanto necessito de crédito e para quê?

Quais as melhores taxas e prazos?

Que garantias podem ser oferecidas?

24_Animal Business-Brasil


Felipe Prince Silva

Passo 1: Finalidade e dimensionamento do crédito A primeira pergunta que deve ser feita pelo produtor nesse momento é: “Quanto necessito de crédito e para quê?” Para o crédito de custeio (curto prazo) junto às instituições financeiras, nossa primeira dica é a de tentar maximizar a utilização de recursos próprios, pois mesmo que você possua acesso às linhas de crédito bancárias com taxas subsidiadas, os produtos financeiros adicionais oferecidos pelos bancos e demais taxas diminuem a atratividade da operação. Na aquisição de insumos junto aos fornecedores, a compra à vista pode trazer redução de custos de 5% até 15% em relação à compra a prazo. Outra dica é que, em geral, os 1º e 4º trimestres do ano são os melhores momentos para aquisição de insumos, em que há menor demanda por esses produtos. No entanto, esse período não coincide com o momento de pico de liberação das instituições financeiras no Brasil, que ocorre nos 2º e 3º trimestres.

Capital próprio É importante a possibilidade de utilização de capital próprio, para aquisição de insumos quando

esses estão mais baratos. Ainda nas aquisições de insumos, caso tenha comprado a prazo a safra e consiga recursos para fazer pagamento antecipado - antes do período de vencimento -, bons descontos poderão ser oferecidos pelos fornecedores. Para o crédito de investimento (longo prazo), é mais difícil a utilização de capital próprio integral, visto que os valores são mais elevados. Assim, como os créditos são de vencimento de maior maturação e as taxas são mais atraentes, a contratação de empréstimos é mais atrativa para o produtor rural. Nesse caso, o cálculo da capacidade de pagamento no longo prazo é fundamental para uma decisão correta. Sugerimos que o produtor não tome como base de cálculo apenas a lucratividade do ano vigente, pois como existe alta volatilidade (mudança de cenário) dos preços agropecuários, o planejamento baseado em apenas um ano pode facilmente se frustrar. Tente efetuar um cálculo de sobras dos últimos três anos para um planejamento adequado da capacidade de pagamento da parcela anual. Uma regra de ouro é que o pagamento anual da parcela de investimento não seja superior à média da lucratividade anual dos últimos anos. A seguir, temos um exemplo de cultivo de milho verão em Uberlândia-MG, em que a média Animal Business-Brasil_25


de lucro das últimas três safras foi de R$ 315 por hectare cultivado; assim, com base nesse cálculo, um produtor de 100 hectares na região deve assumir uma dívida com compromisso anual de até R$ 31,5 mil para fins de investimento. A mesma regra vale para atividades da pecuária. Figura 2 - Rentabilidade do milho verão em Uberlândia/MG 3.570,1

3.200,4 3.247,9 2.873,2

3.197,6 3.002,5

Programa ABC

696,9 197,9

Receita (R$/ha) 2012/13

Custo (R$/ha) 2013/14

50,3

Lucro (R$/ha) 2014/15

Fonte: Agrometrika

Para a tomada de decisões de investimento, uma dica simples e importante é que nem sempre a expansão em área ou em volume produzido (a chamada “expansão horizontal”) é a melhor estratégia a ser adotada para aumento da lucratividade. A expansão em gestão e produtividade (chamada de “expansão vertical”), acompanhada de agregação de valor ao produto, muitas vezes é a melhor estratégia para melhoria da lucratividade da atividade e do fluxo de caixa do produtor. Passo 2: Escolha da instituição e linha de crédito A segunda pergunta a ser feita pelo produtor é: “Quais as melhores taxas e prazos, em função da minha necessidade?” Basicamente, no Brasil, o crédito rural pode ser obtido através de instituições financeiras (bancos ou cooperativas de crédito) ou através de empresas comerciais (fornecedores de insumos, agroindústrias e comercializadoras), conforme demonstra a Figura 3.

As melhores taxas As linhas de crédito bancário com taxas reguladas possuem as menores taxas, com um valor máximo de captação por CPF de R$ 1,1milhão na Safra 2014/15 para custeio. Apesar de serem as mais baratas, podem não ser as melhores, 26_Animal Business-Brasil

tendo em vista alguns fatores: a) O cronograma de liberação dos bancos não coincide com o momento de baixa dos preços dos insumos; b) É prática comum a oferta de produtos financeiros adicionais aos produtores pelos bancos, o que eleva a taxa efetiva paga no crédito; c) Obrigatoriedade da contratação do seguro rural, que nem sempre é vista como vantajosa pelos produtores e onera os custos de produção e d) As instituições financeiras são mais exigentes em termos de documentação e garantia para a liberação de recursos controlados, em função de regulação do Banco Central, o que pode burocratizar e atrasar a liberação do recurso.

Uma possibilidade vantajosa é a obtenção de linha de crédito do programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), para produtores que possuem práticas agrícolas consideradas sustentáveis, com redução da emissão de gases de efeito estufa. São linhas que apresentam juros mais baixos em relação às linhas de crédito convencionais. Alguns requisitos para obter esse recurso são: plantio direto na palha, recuperação de pastos degradados, integração lavoura-pecuária-floresta e plantio de florestas comerciais.

PRONAF Nas linhas de crédito bancário, os produtores rurais que fazem parte do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), com faturamento anual até R$ 360 mil possuem também algumas vantagens nas taxas de juros. Os produtores de médio porte (PRONAMP), com faturamento anual até R$ 720 mil, também possuem vantagens. Destaca-se que o limite de crédito pode ser elevado em até 15% para os créditos de custeio em algumas situações específicas adotadas pelo produtor, como conjugação da contratação do crédito com o seguro agrícola ou mecanismo de proteção de preços em contratos futuros, a termo ou de opções agropecuários, inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR), participação no Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI) e certificação da produção concedida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). Para maiores detalhes, consulte Capítulo 3, Seção 2, Parágrafo 6 do Ma-


nual de Crédito Rural do Banco Central. O mesmo pode ser obtido na Internet.

Crédito comercial O crédito comercial é mais utilizado por produtores que possuem uma demanda de capital mais elevada, para aquisição de insumos ou venda antecipada da produção. De forma geral, é um crédito mais caro e ocorre no mercado dito informal. Porém, possuem algumas vantagens como menor burocracia na liberação e menor exigência de garantias e documentação, a depender da empresa ofertante do crédito. Outra vantagem é que, através de algumas operações oferecidas por agentes comerciais, como o “barter” ou o “pré-pagamento com fixação do preço“, através da CPR (Cédula de Produtor Rural), o produtor já possui o preço fixado pela safra, o que minimiza riscos de queda de preço da produção no momento da comercialização. Passo 3: Garantias oferecidas e documentação

Garantias Finalmente, a terceira pergunta a ser feita é: “Que garantias podem ser oferecidas ao credor?” As garantias e documentação oferecidas em uma operação de crédito são fatores muito relevantes para o avaliador da operação, no sentido de diminuírem os riscos e assegurarem o cumprimento de uma obrigação em caso de

inadimplência. As garantias podem ser do tipo “reais”, que recaem sobre ativos, como o penhor, hipoteca e a alienação fiduciária e do tipo “pessoais”, como o aval e a fiança. De forma geral, as instituições financeiras são mais exigentes em relação à solicitação de garantias em comparação às empresas comerciais, em função daqueles estarem sob controle e supervisão do Banco Central do Brasil, que exige a existência de governança no crédito bancário para segurança do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e atendimento das Regras de Basiléia. Nas operações dessas instituições, mais comumente são exigidas garantias do tipo “reais”, com valor do ativo até 200% do valor financiado. Já as empresas comerciais, em função de sua natureza mais orientada para vendas, por não serem submetidas à regulação institucional e estarem em um maior ambiente concorrencial - especialmente no setor de defensivos agrícolas -, são menos exigentes em relação às concessões de garantias do tipo “real” e trabalham em mais proporção com garantias pessoais.

Dica A nossa dica para os produtores é que a apresentação de garantias reais se traduz em uma diminuição do risco de crédito para o credor, o que possibilita a oferta de juros menores. Segundo estudos com base em dados do Banco Central, a apresentação de garantias reais pode reduzir

Figura 3 - Financiadores da agropecuária no Brasil CRÉDITO OFICIAL

CRÉDITO COMERCIAL

Bancos Comerciais

Tradings, Agroindústrias e Exportadores

Crédito Bancário

Cooperativas de Crédito Crédito financeiro

$

$

$

Insumos

Adiantamento de recursos (Comercialização antecipada)

Fornecedores e Distribuidores de insumos Concessão de prazos e operações de troca

Fonte: Agrosecurity Animal Business-Brasil_27


O crédito, assim como um remédio, deve ser tomado na dosagem certa para não prejudicar o paciente.

Bons fundamentos Por outro lado, uma decisão de crédito com base em bons fundamentos e estratégias bem definidas auxiliarão o produtor a modernizar e incrementar a sua atividade de forma positiva, o que pode se traduzir não apenas em aumento do volume produzido, mas também da redução do custo unitário e aumento da rentabilidade da atividade. Esse é o verdadeiro mapa da mina do crédito rural.

Plano Agrícola e Pecuário os juros de 16 a 22% . Além da apresentação da garantia, também é importante a apresentação das demais documentações, quando solicitado, como Imposto de Renda, escrituras das propriedades e contratos de arrendamento, como forma de melhorar a análise do avaliador de crédito. 1

Dosagem correta O crédito, assim como um remédio, deve ser tomado na dosagem correta para não prejudicar o paciente. Por isso, é muito importante que o produtor rural tenha uma gestão adequada, aliada a uma avaliação da sua atividade e das suas necessidades antes de recorrer ao crédito. Pois mesmo com os juros subsidiados do crédito rural oficial, o Brasil ainda possui uma das taxas de juros mais elevadas do mundo. Em um contexto de aumento da competitividade em âmbito global, o custo de despesas financeiras é um item relevante nas planilhas de custos de produção dos produtores. Além disso, a alavancagem excessiva do crédito é um fator nocivo não apenas no âmbito microeconômico ou empresarial, mas também para a economia de um país como um todo. Em momentos de queda da liquidez e políticas de ajuste fiscal, como tem ocorrido em 2015 no Brasil, são reveladas as fragilidades sistêmicas e as empresas e produtores que estão mais endividados podem apresentar sérias dificuldades para manutenção da sua atividade. Por isso é muito importante a adoção dos três passos sugeridos nesse artigo, para que decisões equivocadas não sejam tomadas. 1 Vide referência no artigo ”Taxas de juros, garantias e tempo de relacionamento nos contratos de crédito: evidências para o Brasil.” “. Disponível em: http://www.fea.usp.br/feaecon//media/fck/File/Garantias1.pdf

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No início de junho/15, foi divulgado o Plano Agrícola Pecuário 2015/2016 pelo Ministério da Agricultura. O volume de recursos disponibilizados para crédito rural passou de R$ 156,1 bilhões para R$ 187,7 bilhões, o que representa aumento de 20%. O maior incremento será no crédito para custeio e comercialização, que terá volume de R$ 149,5 bilhões, 33,5 % a mais que o disponibilizado na safra anterior. No caso de recursos para investimentos, houve redução de 13,4%, conforme demonstra a Tabela 1. Tabela 1 – Crédito rural do Plano Agrícola e Pecuário – R$ bilhões Finalidade/Safra

2014/15

2015/16

Variação (%)

Custeio e Comercialização

112,0

149,5

33,5%

Investimento

44,1

38,2

-13,4%

156,1

187,7

20,2%

Total

Fonte: Agrosecurity, a partir de dados do Ministério da Agricultura

Chama a atenção o aumento da taxa de juros controlada para as linhas de custeio, que passou de 6,5% a.a. na Safra 2014/15 para 8,75% a.a. na Safra 2015/16. Também houve aumento dos juros para as linhas de investimento, como o Moderfrota, em que os juros passaram para a faixa de 7,0% a 9,5% a.a. Apesar do aumento dos juros, destaca-se que foi um ótimo resultado o aumento do volume de recursos de custeio em um contexto de ajuste fiscal, em que diversos segmentos da economia estão com cortes de subsídios governamentais. Isso demonstra a importância e a posição estratégica que o setor agropecuário possui para o crescimento do Brasil.


Lopes Cavalcante

Dalízia Aguiar/EMBRAPA

Por: Adeildo

ESALQ desenvolve produto lácteo para preparo de sorvetes

EMBRAPA desenvolve novo teste para combate à tuberculose bovina

Divulgação

Foi desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), órgão ligado à Universidade de São Paulo, um preparado lácteo em pó para elaboração de sorvetes, entre eles o de mangaba (foto), fruta encontrada em várias regiões do país, principalmente no Nordeste. Com menos gordura e sódio e mais vitaminas e cálcio, o produto se destaca por possuir o nutriente FOS, fonte de prebióticos (componentes que melhoram o funcionamento do intestino e reduzem os riscos de doenças, como raquitismo e osteoporose).

Um novo teste desenvolvido pela EMBRAPA, empresa do governo federal que cuida da pesquisa agropecuária no país, torna mais eficiente o combate à tuberculose bovina, doença que prejudica as criações de gado, pois causa a morte de animais e redução na produção de carne e leite. Batizado de Elisa (sigla em inglês para ensaio de imunoadsorção enzimática), o teste (sorológico) se diferencia dos métodos tradicionais por conseguir detectar a doença em diferentes estágios da infecção, ampliando a cobertura do diagnóstico. Sua eficácia, segundo a EMBRAPA, garante o isolamento e abate de bovinos doentes, poupando o restante do rebanho, já que a enfermidade é infectocontagiosa e ainda não tem cura.

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Desenvolvido na Universidade de Fortaleza (CE), o clone, batizado de Glusa, é dotado de uma modificação genética que faz com que produza em seu leite uma enzima humana (glucocerebrosidase), usada no controle da doença de Gauche, a qual afeta o baço e o fígado e pode levar o paciente à morte. O tratamento da enfermidade é caro, já que a enzima precisa ser importada. O clone resulta de uma parceria entre a Quatro G, empresa de pesquisa e desenvolvimento sediada no parque tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em

Jarbas Oliveira/Estadão

Brasil tem primeira cabra clonada e transgênica da América Latina

Porto Alegre, e a Esperança Agropecuária e Indústria Ltda., ligada à Universidade de Fortaleza.

Novidade: Abatedouro móvel para pequenos criadores de suínos

Engmaq/Divulgação

Já disponível para aquisição por parte de produtores, o abatedouro foi desenvolvido pela Embrapa Suínos Aves (unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em parceria com a Engmaq Máquinas e Equipamentos, com a participação da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina e apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica de Santa Catarina. O abatedouro, que se destina a pequenos produtores, associações e cooperativas que precisam do serviço de abate, foi construído na carroceria de um semirreboque. A estrutura pode ser transportada para um local fixo predeterminado para o abate de animais e tem os equipamentos necessários para refrigeração e processamento das carcaças, tratamento de afluentes, bem-estar animal e segurança dos trabalhadores.

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Divulgação

Um estudo das Faculdades Associadas de Uberaba, em Minas Gerais, mostra as vantagens de se utilizar bebedouros na criação de gado de corte e de leite, destacando que o volume consumido de água causa impacto direto no desempenho produtivo e no bem-estar de bovinos, uma vez que a água é o nutriente mais importante para o organismo animal. O uso dessas instalações para fornecimento de água aos animais, em vez de fonte natural (riacho, córrego e açude), resulta em maior ganho de peso dos animais. Tanto que os bovinos que utilizaram bebedouro apresentaram ganho de peso diário superior em 29% em relação aos animais que beberam em açude.

Divulgação

Uso de bebedouro faz bovino ganhar mais peso, mostra estudo

Primeiro sistema 100% brasileiro de pisos aquecidos para criação de suínos A HB Pig, empresa de engenharia e consultoria especializada em sistemas de aquecimento para suínos e energias renováveis, desenvolveu o primeiro sistema 100% brasileiro de pisos aquecidos para a criação de suínos. Segundo a empresa, o sistema é de baixo custo de operação e manutenção e permite atingir uma economia de até 40% nos custos de produção. Composto de módulos, a nova tecnologia cria condições para um maior ganho de peso dos animais, redução da taxa de mortalidade de leitões e controle mais eficiente de doenças infecciosas, como diarreia, um dos principais problemas da suinocultura. O sistema foi apresentado pela HB Pig na Feira Internacional de Produção e Processamento de Proteína Animal (edição 2015), realizada no Paraná.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina (SENAI) desenvolveu, na unidade de Chapecó, no Oeste daquele estado, um presunto defumado de tilápia (principal peixe de água doce criado em cativeiro no Brasil). O presunto, elaborado com filé do peixe depois de oito meses de testes, foi desenvolvido por solicitação de uma cooperativa de pescadores de Concórdia (SC), que ficou com encargo de produzi-lo e comercializá-lo. O novo produto foi apresentado pelo SENAI/SC no 17º Congresso Internacional de Ciência e Tecnologia de Alimentos, realizado em Mon-

Reprodução/RBS TV

SENAI de Chapecó (SC) desenvolve presunto defumado de carne de tilápia

treal, no Canadá. O SENAI/SC é um órgão da Federação das Indústrias de Santa Catarina.

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As Américas podem ser o primeiro continente no mundo, livre de aftosa sem vacinação Por:

Sebastião Costa Guedes - Vice-Presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte - CNPC . Presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa - GIEFA.

Esta foi a conclusão da recente reunião da COSALFA - Comissão Sul-Americana de Luta contra a Febre Aftosa, realizada em Quito, Equador. Nesta, setores oficiais e privados discutiram aspectos epidemiológicos dos diferentes países e as perspectivas para eliminar a vacinação.

A

participação das delegações foi muito intensa, sendo a Venezuela o único país sem representação de seu setor agropecuário privado. O Brasil foi representado no setor público por Guilherme Henrique Figueiredo Marques, diretor de sanidade animal do MAPA e no setor privado por Luis Alberto Pitta Pinheiro, indicado pela CNA. O CNPC foi representado pelos vice-presidentes Sebastião Costa Guedes (GIEFA/ABRAMVET) e Francisco Everton da Sil-

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va (UNICARNES), pelo conselheiro Josaphat Paranhos de Azevedo Filho (FAEP/SBMV). Ficou caracterizado que o continente fez notáveis progressos tanto na área andina como também no cone Sul e região amazônica na luta contra a aftosa.

Peru Nos países andinos, o Peru está com mais de 98% de seu território livre sem vacinação. Vacina apenas na área fronteiriça com o Equador. O Equador teve uma evolução excelente, com a eliminação total dos focos e com exitoso programa de erradicação da doença delineado com o PANAFTOSA.

Equador O Equador na última assembleia geral da OIE, Organização Mundial de Saúde Animal, foi certificado como país livre com vacinação. O Equador já tem o arquipélago Galápagos como área livre sem vacinação.

Colômbia A Colômbia continua com seu eficiente programa, embora tenha um ônus substancial


Sebastião Costa Guedes

Guiana Francesa A Guiana Francesa abriu-se para o diálogo continental, embora não tenha a doença há décadas. O Suriname também trabalha para ser certificado como país livre sem vacinação e tem estreita cooperação com o PANAFTOSA. Seu rebanho, da ordem de 80.000 cabeças, segundo o PANAFTOSA, já não tem a doença há décadas, mas estão confirmando os dados com provas sorológicas.

Guiana Inglesa A Guiana Inglesa, embora não presente na última COSALFA, já é livre e sempre teve como preocupação maior sua fronteira com a Venezuela, onde até hoje não tiveram problemas.

Bolívia para manter a vigilância na sua área fronteiriça com a Venezuela.

Venezuela A Venezuela é hoje o país mais atrasado na erradicação da doença em nosso continente. O setor privado venezuelano nem compareceu na COSALFA e o representante governamental apenas prometeu melhorias para o futuro. No ano passado, a Venezuela não aceitou missões internacionais para verificar a situação da enfermidade no país. Ao final da COSALFA, a Venezuela disse autorizar uma missão do PANAFTOSA para visitar o país e discutir o programa de erradicação. O presidente do GIEFA em uma de suas apresentações sugeriu que o país se desligasse do MERCOSUL se persistisse com a conduta de isolamento e falta de colaboração. Agora, durante a Assembleia Geral da OIE, foi confirmado que a missão do PANAFTOSA já ocorreu e segundo o Dr. José Arnaldo Ayala Pares, delegado do governo venezuelano, haverá prosseguimento do diálogo para dinamizar o programa. Enfim, uma boa notícia para o continente, pois a integração da Venezuela ao Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa-PHEFA permitirá a possível erradicação continental até 2020.

A Bolívia melhorou bastante sua transparência nos fóruns internacionais, mas sua situação exige um aprofundamento de auditoria principalmente nas províncias de Santa Cruz de la Sierra e no Beni, que fazem fronteira com o Brasil e são importantes para a prevenção de focos desde o Mato Grosso do Sul até o Acre.

Paraguai O Paraguai tem sido muito profissional com seu programa e apresenta ótima integração entre seus setores público e privado. Exporta carne para cerca de meia centena de países e tem sido junto com o Brasil um parceiro forte no apoio ao programa equatoriano.

Argentina A Argentina mostrou uma pequena evolução de sua área livre sem vacinação com a incorporação da chamada Patagônia Norte.

Uruguai O Uruguai continua com o total de seu rebanho livre com vacinação e não deseja retirar a mesma a não ser que esta medida seja tomada concomitantemente por todos os países do Cone Sul, consenso difícil no momento. O Uruguai, altamente dependente de sua exportação pecuária,

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não se esquece dos focos de 2000/2001, originários da Argentina, quando o país amargou prejuízos da ordem de US$ 720 milhões, conforme relatado pelo seu então ministro da agricultura na Conferência de Houston de 2004.

Brasil O Brasil mostra com orgulho o recente avanço de seu PNEFA englobando os estados nordestinos e parte do Pará como livres com vacinação e os trabalhos atuais de sorologia que estão ocorrendo no Amapá, Roraima e Amazonas para possivelmente serem considerados livres com vacinação até 2016. No Brasil, o estado do Paraná deseja retirar a vacinação ainda em 2015, medida pleiteada pela ADAPAR e Secretaria da Agricultura com forte apoio da Federação da Agricultura e Pecuária daquele estado. Este avanço permitirá que sua suinocultura desfrute dos mercados mais remuneradores em escala global, iniciando pelo Japão, a exemplo do que já ocorre com Santa Catarina. Este desejo paranaense já foi aceito pelo Governador Richa, que autorizou o contrato de 169 técnicos para a ADAPAR e pediu uma auditoria do governo federal para retirar a vacinação até novembro próximo, pois assim terá condições de ser certificado internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde Animal, OIE em francês até 2017. O Paraná deverá nesta auditoria comprovar que atende aos pré-requisitos da mesma OIE e aproveitará o esforço para também ser declarado livre da peste suína clássica, status já alcançado pelo RS e SC na recente assembleia da OIE. Como as barreiras para controle do trânsito de animais poderão ser aproveitadas tanto para aftosa como para peste suína clássica, o estado deseja usar estes recursos de maneira conjugada. O desejo paranaense tem total apoio de SC e começa a influenciar setores produtivos do RS e de SP, que iniciam debates sobre as vantagens e riscos de se retirar a vacinação. Eventual retirada em S.Paulo provocará discussão sobre idêntica medida em MG, GO, DF, TO, BA, SE, ES e RJ, podendo reduzir em 155 milhões de doses anuais a demanda da vacina contra aftosa. O quadro ao lado mostra a ocorrência dos últimos focos nos estados brasileiros 34_Animal Business-Brasil

e o tempo decorrido entre esta época até o mês de maio deste ano. Resumo das Últimas Ocorrências e Tempos decorridos até Maio de 2015 UF

TEMPO DECORRIDO

Distrito Federal

Maio 1993 - 21 anos e 11 meses

Santa Catarina

Dezembro 1993 - 21 anos e 4 meses

Acre

Junho 1995 - 19 anos e 10 meses

Goiás

Agosto 1995 - 19 anos e 8 meses

Sergipe

Setembro 1995 - 19 anos e 7 meses

Mato Grosso

Janeiro 1996 - 19 anos e 3 meses

São Paulo

Março 1996 - 19 anos e 1 mês

Espírito Santo

Abril 1996 - 19 anos

Minas Gerais

Maio 1996 - 18 anos e 11 meses

Piauí

Fevereiro 1997 - 18 anos e 3 meses

Rio de Janeiro

Março 1997 - 18 anos e 2 meses

Ceará

Abril 1997 - 18 anos e 1 mês

Bahia

Maio 1997 - 18 anos

Tocantins

Maio 1997 - 18 anos

Pernambuco

Fevereiro 1998 - 17 anos e 3 meses

Rondônia

Fevereiro 1999 - 16 anos e 3 meses

Alagoas

Setembro 1999 - 15 anos e 8 meses

Amapá

Outubro 1999 - 15 anos e 7 meses

Paraíba

Fevereiro 2000 - 15 anos e 3 meses

Rio Grande do Norte

Agosto 2000 - 14 anos e 9 meses

Rio Grande do Sul

Maio 2001 - 14 anos

Roraima

Junho 2001 - 13 anos e 11 meses

Maranhão

Agosto 2001 - 13 anos e 9 meses

Pará

Junho 2004 - 10 anos e 11 meses

Amazonas

Setembro 2004 - 10 anos e 8 meses

Paraná

Fevereiro 2006 - 9 anos e 3 meses

Mato Grosso do Sul

Abril 2006 - 9 anos e 1 mês

Fonte: PANAFTOSA


Mapa - Status de Aftosa

RR

Rebanho Total: 212.125,000 Bovinos e Bubalinos

AP

PA

AM

MA

CE

RN PB

PI

PE AL

AC

TO

SE

RO

BA MT

GO

Área sem vacinação

MG

De 10 a 15 anos com vacinação Acima de 18 anos com vacinação

ES

MS

De 15 a 18 anos com vacinação

RJ

SP

Mais de 9 anos com vacinação Percentual do Rebanho

PR

2% SC RS

21,4% 45,5% 17,3% 13,8%

Animal Business-Brasil_35


Estamos nos aproximando de 2020, prazo final para erradicar a Aftosa na América do Sul.

Defesa Animal No Encontro de Defesa Animal - ENDESAocorrido no fim de 2013 em Foz do Iguaçu, pela primeira vez um veterinário da SDA do MAPA externou a possibilidade de acelerar a retirada da vacinação nos estados nordestinos. Se tal vier a ocorrer, teremos uma redução da demanda de vacina da ordem de mais 75 milhões de doses anuais. Desta forma, o Brasil deverá consumir apenas 104 milhões de doses anuais na fase final do programa para serem usadas nas fronteiras centro-oeste e norte do país, ou seja, nos estados de MS, MT, RO, AC, AM, RR e AP, embora o Amazonas e o Amapá possam eliminar logo a vacinação em seus estados.

COSALFA Na COSALFA de Quito, ficou claro que líderes dos setores privados brasileiros, principalmente do Sul, desejam retirar a vacinação, mas representantes públicos estão em dúvida, o que demonstra insegurança. O Uruguai que não tem laboratório e depende de importação da vacina é contrário à retirada da vacina, desejando que esta medida deva envolver todos os estados e países do Cone Sul.

36_Animal Business-Brasil

Em Quito reestruturamos o GIEFA, que agora tem em sua nova composição especialistas em banco de reserva de vacina, de antígenos e também de Biosseguranca de laboratórios. As questões como banco de reserva de vacinas e a manipulação de cepas não prevalentes na região são temas que precisam ser melhor definidos nesta fase final da vacinação. São itens que exigem especialistas e não autodidatas. O Dr.Hernando Duque, diretor do Laboratório americano de Plum Island, já faz parte do novo GIEFA e será importante fonte de conhecimento para o grupo. Aliás, sobre banco de reserva, devemos levar em conta que já temos dois no continente e talvez possamos nos associar a eles principalmente para evitar a manipulação de cepas não prevalentes.

Prazo final Estamos nos aproximando de 2020, prazo final para erradicar a aftosa na América do Sul, prazo estabelecido pelo Plano Hemisférico, portanto já está na hora de discutir e planejar a evolução do PNEFA dentro da realidade epidemiológica de cada estado ou região. Entre as prioridades para retirar a vacinação, a adequada estrutura de vigilância sanitária é a mais preocupante para que se tenha uma resposta rápida em caso de emergência com a recidiva da doença. E a necessidade de uma estrutura boa ou ótima pode ser o principal problema no momento, pois a realidade econômica com cortes de investimentos públicos que o governo terá que fazer, vai nos deixar mais vulneráveis. A vacina ajuda a encobrir outras carências de estrutura e, além disso, é paga pelo produtor. Com a retirada da vacina as despesas do governo aumentarão. Devemos colocar em discussão com lideranças privadas e autoridades de defesa as premissas de um plano para a criteriosa retirada da vacina, pois levantamentos mostram que a circulação viral não está ocorrendo, mas definir e planejar a evolução do status já está passando da hora.


Cotação da arroba do boi gordo, a melhor dos últimos 20 anos Por:

Alcides Torres- Consultor

FMVZ/ USP

O mercado do boi gordo atravessa por um momento muito positivo de preços. Em abril, o monitoramento feito pela Scot Consultoria captou a maior cotação corrigida dos últimos vinte anos.

A melhor das últimas duas décadas A melhor mesmo. Retirando–se a inflação do período, em abril o pecuarista pode vender a sua boiada pelo maior preço das últimas duas décadas. Superou a variação da inflação e isso é raro, muito raro. Veja, na figura 1, que nos últimos vinte anos, somente em seis vezes a cotação da arroba do boi gordo empatou com a inflação ou a suplantou tendo valorização real.

Engordar boi pode ser um bom negócio

Animal Business-Brasil_37


Tecnologia E é exatamente esse o desafio da pecuária moderna, do século XXI. Adotar a tecnologia minimamente essencial para ter uma produção viável economicamente e saber qual o ganho por hectare.

E se eu não tomar esse cuidado? Bem, continuará no escuro e dependendo da sorte e do azar. Susto atrás de susto! Observe a figura 1 um novamente. Veja que na maioria das vezes a cotação da arroba do boi variou abaixo

38_Animal Business-Brasil

ago/94 mar/95 out/95 mai/96 dez/96 jul/97 fev/98 set/98 abr/99 nov/99 jun/00 jan/01 ago/01 mar/02 out/02 mai/03 dez/03 jul/04 fev/05 set/05 abr/06 nov/06 jun/07 jan/08 ago/08 mar/09 out/09 mai/10 dez/10 jul/11 fev/12 set/12 abr/13 nov/13 jun/14 jan/15

Boi gordo

IGP-DI

Fonte: FGV / Cepea / Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br

Figura 2. Mercado físico e futuro1 do boi gordo em São Paulo, em R$/@, a prazo2 155,07 155,32 155,31 153,32 151,56

Mercado físico

dez-15

nov-15

out-15

set-15

ago-15

149,82

jul-15

jun-15

mai-15

abr-15

148,69 148,50 147,07

mar-15

158 156 154 152 150 148 146 144 142

fev-15

Quer dizer que preço elevado não é lucro elevado. Fizemos uma enquete com pecuaristas do Brasil inteiro e perguntamos nessa pesquisa, qual o custo de produção da arroba do boi, do bezerro, do garrote, etc. A resposta, na maioria dos casos, foi: - Não sei dizer. Sei apenas que o preço está bom e que isso é bom. É bom mesmo, seria ruim se os preços estivessem deprimidos, e não estão. Mas seria melhor se o custo de produção fosse conhecido, assim a resposta teria sido outra. Teria sido esta: - O preço da arroba do boi gordo está bom, a minha margem está em X e o meu lucro em Y.

700 600 500 400 300 200 100 0

jan-15

O que isso quer dizer

Figura 1. Evolução do preço do boi gordo em São Paulo e da inflação (IGP-DI), desde agosto de 1994 (base100)

dez-14

A primeira delas no início do Plano Real, a segunda em novembro de 1999, a terceira no final de 2010 e agora, nas duas outras vezes forçou, mas não rompeu a inflação. Desde janeiro de 1995, o boi gordo subiu 493,4%, ao passo que a inflação, medida pelo IGP-DI, subiu 423,8%. Figura 1. Essa alavancada, esse ganho aconteceu no segundo semestre de 2014 e no primeiro semestre de 2015, portanto considerando o período analisado, aconteceu de forma concentrada, nos últimos 12 meses. Esse é um fato importante pois caracteriza o mercado do boi gordo e, o mercado do boi gordo é um mercado de preço e não um mercado de custo.

Mercado futuro 2015

Fechamento do dia 22/5/15 Preços a prazo ajustados pelo CDI Fonte: BM&FBovespa / Scot Consultoria www.scotconsultoria.com.br 1 2

da inflação. Para manter a renda ou conquistar renda nova numa situação dessas, somente aumentando a produtividade por hectare, mais arrobas por área. Não é melhor decidir tendo números para analisar? Os preços estão bons porque matamos muitas vacas em 2012 e 2013, por exemplo. Esse abate de matrizes afetou a produção de bovinos para reposição, valorizando-os. Uma vez valorizados, ficou interessante reter a vacada para a produção de bovinos para a reposição. Essa retenção de fêmeas diminuiu a oferta de gado para


o abate. Essa restrição de oferta fez os preços subirem. Mas isso passa. Tudo passa.

O que esperar para o curto prazo Inegavelmente, houve uma correção dos preços do boi frente à inflação. Apesar da queda de preços no final do primeiro semestre, período do que normalmente aconteceria, não foi registrada pressão baixista significativa desde então. E por que não? Porque a oferta está restrita apesar da bolha de oferta provocada pela boca da seca e porque o consumo de carne vermelha, embora esteja patinando ainda está suficientemente forte para manter os preços ou provocar uma queda significativa. A oferta está tão ruim, que o pior poderá acontecer. E o que seria isso? Seria o descolamento do preço da carne no varejo, do consumo. E isso já aconteceu antes? Aconteceu sim, no governo Sarney, quando então a quantidade de boiadas estava tão pequena que os preços subiram em função da rarefação da oferta. Nem o confisco ou o tabelamento de preços conseguiu reverter a situação. Aliás, apenas agravou-a. Para o curto prazo, a expectativa do mercado é de que teremos uma pressão baixíssima, um pouco maior em maio e junho, seguida de um mercado firme ao longo do segundo semestre, o que vem a confirmar a tendência de normalidade do mercado do boi para este período. Veja, na figura 2, a projeção para o mercado do boi gordo na BM&FBovespa para o restante de 2015, no fechamento de 22/5. Desta forma, analisando a figura 2, há uma projeção de alta de 4,6% de maio até novembro, considerando a diferença entre a referência da Scot Consultoria em 25/5 e o valor do contrato de novembro na bolsa. Quer dizer então que a cotação da arroba do boi gordo subirá 4,65% até novembro? Certeza? Não, significa que os agentes de mercado que negociam na bolsa acreditam que a ten-

A boa notícia é que existem ferramentas na Bolsa de Mercadorias que propiciam diversas estratégias para a garantia de preços e administração dos riscos de mercado. dência é de alta. É um dos muitos indicadores da pecuária brasileira. Pode-se acreditar ou não nessa expectativa. Mas como funciona a Bolsa de Mercadorias? Para saber mais é só procurar no sítio que está tudo explicado ou procurar uma corretora, mas, fundamentalmente é assim: quem acredita que o preço da arroba vai subir, compra já e garante boiadas a preços que fazem sentido para o seu custo de produção e quem acha que vai cair vende já, garantindo sua margem. Naturalmente sempre alguém acerta e alguém erra. E o diferencial de preço até o último trimestre? O diferencial defende o produtor, pelo menos, da inflação do período. Para quem consegue acertar seu manejo e custos para vender nesta época, melhor ainda, pois conseguirá desfrutar de um melhor preço. A boa notícia é que existem ferramentas na bolsa que propiciam diversas estratégias para a garantia de preços e a minimização dos riscos de mercado, mas não é intuito entrar nos detalhes dessas operações neste texto.

Considerações finais A pecuária brasileira está vivendo um bom momento de preços e deve ser aproveitado até a última gota. Talvez esse quadro se estenda por este ano e no próximo, não importa. O que importa é que esse ciclo de preços é finito, tem tempo para acabar e aí fica mais difícil tomar decisões de impacto. Agora é a hora.

Animal Business-Brasil_39


Sistema de criação de bezerras desenvolvido pela Pesagro-Rio garante mais lucro Por:

Luiz Octavio Pires Leal

Segundo a zootecnista Rosane Fajardo, responsável pelo projeto, a criação de bezerras numa propriedade deve ser considerada como investimento e não como despesa porque essas bezerras serão as futuras vacas produtoras de leite. Quanto mais cedo elas entrarem em produção, menor será o tempo em que permanecerão improdutivas e, consequentemente, mais rápido será o retorno financeiro. Bezerras em fase de aleitamento

Desafio O estabelecimento de um sistema eficiente para a criação de fêmeas em rebanhos leiteiros ainda é um desafio para a maioria dos produtores. “Se de um lado elas devem receber alimentação e manejo adequados para que possam atingir o peso ideal na primeira cobertura e iniciarem a sua vida produtiva o mais cedo possível, de outro lado está o fato econômico” afirma a zootecnista Rosane.

Item que mais onera A alimentação é o item que mais onera o custo de manutenção desses animais, principalmente nos primeiros meses de vida, época em que o leite é o principal alimento. “Os sistemas inadequados de criação de bezerras” – lembra a zootecnista Rosane Fajardo – “causam prejuízo tanto pela perda de animais quanto pelas despesas com medicamentos, sempre bastante caros“.

Fase de recria

Luiz Octavio Pires Leal

A fase de recria – do desaleitamento até o período reprodutivo – sem retorno a curto prazo, pode também comprometer a produtividade do rebanho, dependendo da forma de criação dessas fêmeas. É necessário buscar um equilíbrio e para isso deve-se estabelecer um sistema de criação de fêmeas o mais simples e menos oneroso possível, sem contudo causar problemas de doenças ou mortes de animais.

Trabalho da Pesagro-Rio O trabalho desenvolvido pela pesquisadora zootecnista Rosane Fajardo, no Centro de Pes40_Animal Business-Brasil


Luiz Octavio Pires Leal

Zootecnista Rosane Fajardo As bezerras recebem volumoso e concentrado a partir da segunda semana de idade

Animal Business-Brasil_41


Luiz Octavio Pires Leal

Bezerras na baia As bezerras são identificadas para tornar o controle possível

quisa da empresa, em Seropédica, comprova que o investimento na criação adequado de bezerras permite maior produção de leite com custo de produção reduzido. Na prática, constata-se redução da mortalidade e manutenção dos animais em estado saudável.

Luiz Octavio Pires Leal

Cuidados com os bezerros

42_Animal Business-Brasil

Os cuidados com os bezerros começam com o manejo das vacas gestantes. “Nos últimos três meses de gestação” – ensina a zootecnista – “o feto tem o crescimento acentuado, fazendo com que as vacas necessitem ganhar peso”. “A vaca em gestação” – prossegue a pesquisadora – “fica carente de nutrientes, como os fornecedores de energia, proteína e fósforo, dentre outros. Nesse período, elas devem ter a lactação interrompida para descansar as glândulas mamárias e a formação de colostro de alta qualidade, garantindo maior produção na lactação seguinte. É importante isolar as gestantes em pasto-maternidade, no pré-parto, em terrenos planos, com boas condições de drenagem, limpos e próximos à residência”.


Após o nascimento

Formas de aleitamento

Após o nascimento, a bezerra deverá mamar o colostro o mais depressa possível, o que lhe fornecerá a proteção necessária para a sua sobrevivência. A cura do umbigo com solução de iododestaca a pesquisadora – é fundamental “pois o cordão umbilical é uma porta de entrada para bactérias”.

Segundo a pesquisadora da Pesagro-Rio, existem duas formas de aleitamento das bezerras: natural e artificial. A natural é feita diretamente com a vaca e dura entre sete e oito meses. A artificial é mais econômica, por utilizar concentrado (ração com milho e soja) em conjunto com leite, e dura cerca de dois meses. O concentrado é sempre mais barato do que o leite: um quilo de concentrado equivale, em reais, a quatro litros de leite. “Se o rebanho tender mais para uma raça zebuína, a vaca não desce o leite sem a presença da bezerra” – afirma a zootecnista Rosane.

Identificação O animal deve ser identificado com brincos numerados e/ou com nomes. Com esse procedimento, consegue-se o controle do bezerro, desde o dia do seu nascimento até o dia que deixar o rebanho.

Colaboraram:

jornalistas Alexandre Moretti e André Vasconcellos

Luiz Octavio Pires Leal

Bezerras no pasto

Animal Business-Brasil_43


Camilla Carvalho/ Acervo Instituto Butantan

Instituto Butantan: 114 anos a serviço da saúde pública brasileira Por:

Prof. Dr. Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, MSc em Imunogenética e Imunologia, PhD em Ciências em Biologia Humana, pela Universidade de Paris; Professor-Visitante da Stanford School of Medicine, e Presidente da IUIS – International Union of Immunological Societies, entre outros títulos e funções nacionais e internacionais.

44_Animal Business-Brasil


Extração de cerdas da lagarta da espécie Lonomia obliqua para produção de soro antilonômico.

L

igado à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, contando com aproximadamente 2 mil funcionários e mais de 30 laboratórios, o Butantan ocupa uma área de 80 hectares na zona oeste da cidade de São Paulo, que abriga edifícios históricos e um moderno complexo bioindustrial.

Produtor de vacinas Atualmente, o Butantan é um dos principais produtores públicos de vacinas, antivenenos e antitoxinas da América Latina, sendo responsável pela produção de seis diferentes tipos de vacinas e outros 12 tipos de imunoglobulinas (antivenenos, antitoxinas e antiviral). Também colabora nos programas de controle de doenças transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, do Ministério da Saúde e de órgãos internacionais como a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), além de parcerias para o desenvolvimento de novos produtos com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH - National Institutes of Health), dos EUA, e outros órgãos como a Fundação Bill & Melinda Gates e a Fundação PATH, uma organização sem fins lucrativos que promove a inovação na área da saúde.

Formação de cientistas

O Instituto Butantan, fundado em 1901, é uma das mais prestigiosas instituições científicas do Brasil. Reconhecido mundialmente por seu trabalho com animais peçonhentos, é hoje um destacado centro de pesquisa biomédica, que integra pesquisa científica e tecnológica, produção de imunobiológicos e divulgação técnico-científica, buscando sempre a inovação.

A formação de novos cientistas é feita pelos programas de pós-graduação, aprimoramento profissional e iniciação científica. Cursos de extensão universitária e de divulgação científica são oferecidos a diferentes públicos, complementados por publicações e diferentes materiais de divulgação, com a responsabilidade de oferecer para a sociedade o conhecimento científico gerado na instituição.

Pós-graduação O Instituto conta também com o Programa de Pós-Graduação em Toxinologia e o MBA Gestão da Inovação em Saúde, além de realizar ações de educação e difusão cultural por meio de seus museus e em seu extenso parque arborizado. A diversidade de pesquisas, o aparato tecnológico de ponta e a história centenária são pilares fundamentais que marcam a trajetória do Butantan. Além da produção de soros, de vacinas e do desenvolvimento de pesquisas, o desenvolvimenAnimal Business-Brasil_45


Camilla Carvalho/ Acervo Instituto Butantan

Área de purificação de soros, antes da reforma (em andamento).

to tecnológico e a divulgação ampla da ciência e da atuação do Instituto sempre estiveram presentes em seu cotidiano, conferindo-lhe reconhecimento internacional desde seus primeiros anos.

Pioneirismo O Brasil é um dos maiores produtores de soros hiperimunes na América Latina, sendo o Instituto Butantan a primeira instituição de pesquisa, desenvolvimento e produção criada com esta finalidade. Desenvolvidos há mais de um século, o alcance dos soros para a saúde pública torna esses produtos essenciais para o tratamento contra os envenenamentos por animais peçonhentos e certas doenças infecciosas, como a raiva, a difteria, o tétano e o botulismo.

Avanço da ciência Conhecer a história da produção dos soros hiperimunes é também conhecer uma parte da história da saúde pública no país. O papel dos institutos de pesquisa, criados no início do século XX, faz parte dessa trajetória de sucesso que permitiu a erradicação de doenças epidêmicas. É interessante lembrar que a transição entre o século XIX e o início do século XX foi cenário de importante modernização da ciência, notadamente no campo da Microbiologia e da Imunologia, em um ambiente propício para as pesquisas sobre doenças que representavam importantes problemas de saúde pública. Merecem destaque os trabalhos dos cientistas Henry 46_Animal Business-Brasil

Sewall (1887), Emil von Behring & Shibasaburo Kitasato (1890), Césaire Phisalix & Gabriel Bertrand (1894) e Albert Calmette (1894), com cujas descobertas Vital Brazil Mineiro da Campanha dialogou em sua trajetória de expressiva contribuição para o conhecimento sobre o ofidismo, até então marcado pelo empirismo e pela cura baseada em ervas, rituais e manipulações.

A criação do Instituto Butantan A insuficiência no abastecimento à população do soro e da vacina contra a peste bubônica, até então importados da Europa, fez com que Vital Brazil fosse designado para coordenar os trabalhos de produção de soros e vacinas antipestosos em um laboratório criado na então Fazenda Butantan. Antes mesmo, em 1897, trabalhando com Adolfo Lutz no Instituto Bacteriológico, Vital Brazil já havia iniciado a coleta de jararacas e cascavéis para obtenção de venenos e imunização de cavalos. Em 1901, o que era uma seção do Instituto Bacteriológico, tornou-se uma instituição autônoma, oficialmente denominada Instituto Serumtherápico do Estado de São Paulo, tendo como primeiro diretor Vital Brazil, que deu início à produção de soros antipestosos e antiofídicos na instituição que viria a se denominar Instituto Butantan. Em pouco tempo, a produção e a distribuição dos soros para o interior do país reduziu drasticamente a mortalidade dos acidentes ofídicos e, desde então, tem-se demonstrado o valor indiscutível dos antivenenos na terapêutica dos aci-


dentes por animais peçonhentos. Desta forma, Vital Brazil inaugurou com prestígio político e científico a linha de estudo e produção de soros ligados ao ofidismo, que irá ser, ao longo de mais de um século de existência do Instituto Butantan, uma de suas características singulares.

tirrábico (quadro abaixo), totalizando em média 400.000 frascos-ampola anuais.

Diversificação

Obtenção de antígeno Antígenos derivados de venenos, toxinas bacterianas e vírus rábico são utilizados na imunização dos cavalos para obtenção de anticorpos específicos contra cada tipo de antígeno. Assim, um biotério de serpentes é mantido com serpentes peçonhentas, das quais são extraídos os venenos dos gêneros Bothrops (jararacas), Crotalus (cascavel), Lachesis (surucucu-pico-de-jaca) e Micrurus (coral verdadeira); outro biotério fornece venenos de artrópodes, especificamente de aranhas dos gêneros Loxosceles (aranha-marrom) e Phoneutria (aranha-armadeira) e escorpiões do gênero Tityus (escorpião-amarelo).

Não demorou para que o Brasil diversificasse a produção de imunobiológicos contra a difteria (1906), tétano (1915), raiva (1958) e botulismo (1978), doenças infecciosas de extrema gravidade e para as quais os soros se mostraram altamente eficazes.

Produção de soros Com 114 anos completados em fevereiro de 2015, o Instituto Butantan detém o registro de 13 tipos de soros, dos quais oito são antivenenos, quatro antitoxinas bacterianas e o soro an-

Processo de produção Simplificadamente, a produção de soros envolve quatro etapas distintas:

Quadro – Soros hiperimunes produzidos pelo Instituto Butantan Especificação

Indicação

Soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus)

Tratamento para envenenamento causado por escorpiões do gênero Tityus e aranhas dos gêneros Phoneutria (aranha-armadeira) e Loxoceles (aranha-marrom).

Soro antibotrópico (pentavalente)

Tratamento para envenenamento causado por serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu e outras).

Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico

Tratamento para envenenamento causado por serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu e outras) ou Crotalus (cascavéis).

Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético

Tratamento para envenenamento causado por serpentes do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu e outras) ou Lachesis (surucucu pico-de-jaca).

Soro anticrotálico

Tratamento para envenenamento causado por serpentes do gênero Crotalus (cascavel).

Soro antielapídico (bivalente)

Tratamento para envenenamento causado por serpentes do gênero Micrurus (coral).

Soro antiescorpiônico Tratamento para envenenamento causado por escorpiões do gênero Tityus. Soro antilonômico

Tratamento para envenenamento causado pelo contato com lagartas do gênero Lonomia.

Soro antibotulínico AB (bivalente)

Tratamento do botulismo causado pelas toxinas botulínicas sorotipos A ou B.

Soro antibotulínico E

Tratamento do botulismo causado pela toxina botulínica sorotipo E.

Soro antidiftérico

Tratamento de casos suspeitos ou confirmados de difteria.

Soro antitetânico

Prevenção ou tratamento do tétano.

Soro antirrábico

Prevenção da raiva em pacientes com mordedura de animais suspeitos. Animal Business-Brasil_47


Camilla Carvalho/ Acervo Instituto Butantan

Já as lagartas do gênero Lonomia são recebidas e processadas para a obtenção do extrato antilonômico. O vírus rábico e as toxinas diftérica, tetânica e botulínica são obtidos e convertidos em antígenos em laboratórios específicos.

Purificação e formulação do soro A etapa fabril na produção dos soros consiste na purificação do plasma hiperimune, por meio de uma série de processos físico-químico. Ocorre a precipitação do plasma por sulfato de amônio, que separa as imunoglobulinas de outros componentes do plasma. Posteriormente, é adicionada uma enzima (pepsina) que cliva a molécula de imunoglobulina em duas porções, sendo mantida apenas a que contém a atividade de anticorpo. Para aumentar o grau de purificação do soro, são empregados ainda os processos de ultrafiltração molecular e a cromatografia. O soro purificado é concentrado e submetido à filtração clarificante e esterilizante. Uma vez aprovado nos testes de controle de qualidade, o soro é diluído, adicionado a fenol como conservante, isotonizado e tem seu pH ajustado para nova filtração esterilizante. Envase e acondicionamento O soro a granel obtido na etapa anterior é submetido novamente a testes de controle de qualidade. Uma vez aprovado, é envasado, quando são mais uma vez testados quanto a parâmetros físico-químicos, pirogênio, esterilidade e potência. O produto final, na forma líquida, é acondicionado em frascos-ampola de 20, 10 ou 5 ml, dependendo do tipo de soro e armazenado a temperatura de +2 a 8° C. 48_Animal Business-Brasil

Extração de veneno de jararaca (gênero Bothrops) para produção de soro antibotrópico. Acervo Instituto Butantan

Obtenção de plasmas hiperimunes A obtenção de plasmas hiperimunes depende do processo de imunização com antígenos específicos em cavalos que, no Butantan, são dedicados exclusivamente à obtenção de cada tipo de plasma utilizado na produção de soros. São estabelecidos cronogramas com 3 a 4 ciclos de imunização ao ano. Mediante a produção de anticorpos específicos, é feita a sangria dos animais, que passam então a um período de descanso de 60 dias. Bolsas de sangue são separadas para obtenção do plasma hiperimune, enquanto as hemácias são devolvidas aos animais por processo de plasmaferese (separação do plasma dos outros elementos do sangue).

Vista aérea do Instituto Butantan.

Estatística dos acidentes As estatísticas dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil são provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde. Em 2014, foram notificados 141.953 casos, dos quais o escorpionismo representou mais de 50% dos acidentes, seguido pelo ofidismo, araneísmo, acidentes por abelhas e lagartas. Nesse mesmo período, ocorreram 254 óbitos, representando uma letalidade de 0,18%, sendo o ofidismo e o escorpionismo os maiores responsáveis pelas mortes no país.

Distribuição e aplicação Toda a produção do Instituto Butantan e de outros três laboratórios produtores (Fundação Ezequiel Dias, Instituto Vital Brazil e Centro de Pesquisa e Produção em Imunobiológicos) é destinada ao Ministério da Saúde, que centraliza a aquisição dos soros hiperimunes. A distribuição é feita as 27 Unidades Federativas do país que, por sua vez, procedem à distribuição dos antivenenos aos municípios, de acordo com o perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos e, no caso das antitoxinas e


do soro antirrábico, com as áreas de risco das doenças infecciosas para as quais os produtos são indicados. Com isso, garante-se o abastecimento integral às necessidades nacionais e, o mais importante, o acesso gratuito ao tratamento, não havendo a comercialização dos soros hiperimunes para uso humano.

Diagnóstico O diagnóstico e a indicação terapêutica dos soros hiperimunes dependem da presença e intensidade de sinais e sintomas característicos de cada tipo de envenenamento, no caso dos acidentes por animais peçonhentos. A terapia antiveneno deve ser feita em unidade de saúde, sob supervisão médica, e o paciente monitorado para avaliar a reversão da sintomatologia do envenenamento e a possibilidade de eventuais complicações.

O Butantan no século XXI Em 2011, o Instituto Butantan concluiu o primeiro lote de vacina influenza produzido no Brasil, fruto da parceria com a Sanofi-Pasteur. Atualmente, o Instituto Butantan é o único produtor público nacional a possuir uma linha completa de produção com certificação de Boas Práticas de Fabricação emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Recentemente, novos acordos foram firmados para o desenvolvimento e a produção de vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) e a hepatite A, bem como de vacina pertussis acelular (coqueluche) e a produção nacional de três monoclonais. Além disso, o Instituto produz de forma autônoma uma vacina tríplice contra difteria, tétano e pertussis e uma vacina

recombinante contra a hepatite B. Ao todo, são seis as vacinas produzidas: DTP (difteria, tétano e coqueluche), dT (difteria e tétano para adultos), DT (difteria e tétano para crianças), contra raiva, hepatite B e influenza. Dentre os produtos em desenvolvimento, destaca-se a vacina da dengue, em fase avançada de ensaios clínicos, com resultados bastante promissores para enfrentar os quatro tipos de vírus com uma única dose. Além da produção de soros e vacinas, o Butantan também investe no desenvolvimento de pesquisas que podem resultar em novos biofármacos, a partir de componentes bioativos presentes em animais peçonhentos que apresentam propriedades analgésica, anti-inflamatória, anticoagulante, antitumor, de ação no sistema nervoso e anti-hipertensiva. A fim de consolidar e alavancar suas experiências científicas, tecnológicas e industriais, o Instituto Butantan pretende criar o Instituto de Inovação em Biotecnologia do Butantan - IIBB. O projeto prevê o uso de um edifício já existente e o desenvolvimento de um modelo administrativo e operacional capaz de promover empreendimentos próprios e em parceria com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, incluindo empresas que atuem em todas as etapas do desenvolvimento de produtos biológicos por meio de modelos industriais, comerciais e societários adequados a cada tipo de projeto. Para tanto, torna-se necessária a execução de um modelo que coloque a produção do campo da saúde e, mais especificamente, do segmento da biotecnologia, na fronteira do conhecimento. Por seu acúmulo de competências e maturidade 2014

Tipo de acidente

Número acidentes

%

Óbitos

Letalidade (%)

Ofidismo

24.404

17,2

104

0,43

Araneísmo

23.285

16,4

18

0,08

Escorpionismo

78.315

55,2

97

0,12

Acidente por lagartas

3.243

2,3

1

0,03

Acidente por abelhas

12.706

9,0

34

0,27

Total

141.953

100,0

254

0,18

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net Animal Business-Brasil_49


Camilla Carvalho/ Acervo Instituto Butantan

Extração de veneno de aranha-armadeira (gênero Phoneutria) para produção de soro antiaracnídico.

científica e tecnológica, o Brasil pode se transformar em um protagonista relevante em termos mundiais. O Instituto Butantan, por intermédio do IIBB, pretende ser o protagonista deste segmento no país, atuando com ênfase nos seguintes eixos: • Execução de programas voltados para a intensificação da articulação com as empresas, de modo a gerar tecnologia e inovação. • Concentração de esforços materiais e humanos em áreas-chave, para oferecer ao mercado produtos úteis para a saúde pública mundial. • Aprofundamento da internacionalização da produção científica e tecnológica do Butantan. • Estímulo à formação de redes e à cooperação com base em laboratórios multiusuários e transdisciplinares, articulados por núcleos de competências sólidos e de classe mundial. • Superação da instabilidade de recursos para viabilizar programas de formação sis50_Animal Business-Brasil

têmica de pesquisadores e a ampliação do parque de equipamentos instalado. • Estabelecimento de parcerias com a Universidade de São Paulo [USP] e outras instituições, dando origem à criação de cadeias de conhecimento, transferências tecnológicas, licenciamentos de propriedade intelectual [patentes], apoio à ciência e tecnologia, além de consultorias e formação de recursos humanos altamente qualificados. As empresas parceiras serão responsáveis pelo desenvolvimento conjunto de projetos [do próprio Butantan ou delas próprias] e pela produção de conhecimento, por meio de contratos específicos estabelecidos para a produção científica, tecnológica e de produtos. O IIBB representa a concretização da trajetória centenária do Instituto Butantan a serviço da ciência e da saúde, com a visão de ser uma instituição de excelência mundial na pesquisa, desenvolvimento, divulgação, formação e produção de insumos e serviços para a saúde pública.


Encontro Nacional de Comércio Exterior

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Realização:


Reforma Agrária no Brasil Por:

Ronaldo de Albuquerque, Diretor da SNA - Sociedade Nacional de Agricultura

A reformulação da estrutura agrária do País, como instrumento de política de desenvolvimento do setor agrícola, tem como objetivos principais o incremento da produtividade, bem como a melhoria da situação do homem do campo.

dão conta os excelentes resultados obtidos em diversos países europeus. A dimensão da propriedade, qualquer que seja a sua denominação como unidade padrão, deixou de ser estática para atingir uma definição de dinamismo, adequando-se a particularidades regionais. Reforma Agrária tornou-se, assim, um complexo de medidas socioeconômicas e financeiras com a finalidade de melhorar as condições de vida do meio rural e, consequentemente, aumentar a produtividade nacional e carrear uma maior fonte de divisas através da exportação.

Solução cristã

O

Brasil não está insensível à necessidade de reformar sua base agrária, tão divorciada do estímulo que se deu ao setor industrial, a ponto de provocar o êxodo desorganizado das populações rurais para os grandes centros. O INCRA tem a finalidade de caracterizar as deficiências de nossas estruturas e prover as possíveis soluções, de maneira que possa alcançar a harmonia com os demais setores da economia nacional e, principalmente, colimar a valorização do homem do campo, como principal alvo das medidas projetadas.

Implantação Sua implantação deve ser precedida de planejamentos regionais para depois se chegar à grande planificação nacional, faceta de que nos

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Duas outras concepções, inerentes ao processo de Reforma Agrária em países democráticos, solidificaram-se de maneira também irreversível, isto é, sua solução cristã e o novo conceito de propriedade. É o despontar do novo conceito do direito de propriedade, a que o Brasil aderiu, logo que houve por bem reformular sua estrutura agrária. Existisse em nosso país uma Reforma Agrária produzindo frutos generosos, a questão favela e os conflitos sociais estariam muito minimizados. Daí, nosso redobrado interesse em ver a questão agrária ser atacada com mais agressividade e eficácia. Reconhecemos os notáveis esforços que vêm sendo empregados pelo INCRA e a sua Procuradoria Federal Especializada. Cremos, no entanto, que urge acelerar o processo e motivar mais densamente a opinião pública do país. Como o desenvolvimento econômico requer


Danielle Medeiros

Se existisse no nosso País uma Reforma Agrária produzindo frutos generosos, a questão favela e os conflitos sociais estariam muito minimizados.

Instituto de Direito Agrário

Ronaldo de Albuquerque

uma evolução de mentalidade é preciso que haja no Brasil um gigantesco esforço conjugado tendente a transformar em realidade tangível a Reforma Agrária.

Êxodo rural O êxodo rural, o esvaziamento do campo, não ocorre por desamor à terra ou por indolência. Ele é fruto das condições de baixa rentabilidade do trabalho do produtor, cujas relações de troca com os centros de consumo ou de industrialização continuam desfavoráveis ou em fase de deterioração. É preciso corrigir essa tendência nefasta ao desenvolvimento harmônico do País; tendência perniciosa, criadora de tensões sociais e de pressões indevidas sobre os setores básicos da vida urbana.

Em Florença, na Itália, funciona o Instituto de Direito Agrário Internacional e Comparado, entidade de renome universal, do “jus agrarismo”, criado com a finalidade de estudar e analisar o desenvolvimento do Direito Agrário no mundo e onde pontificava a personalidade renomada do Professor Giangastone Bolla. Foi um dos maiores cultores e exegetas do Direito Agrário italiano. Fui recebido por ele, há muitos anos no Instituto. No nosso diálogo, que, na realidade, se transformou numa palestra sobre humanismo, sociologia, economia e direito, especialmente o agrário, três tônicas firmaram-se de modo especial: a) Em matéria de Reforma Agrária, não há padrões universais. As soluções socioeconômicas têm que ser de acordo com a tipicidade dos problemas de cada país e, neste mesmo, conforme cada região; b) A filosofia do trabalho deve ser cristã, tomando o indivíduo como pessoa humana e não como mero participante de uma coletividade; c) A matéria pertinente à Reforma Agrária é exclusivamente técnica; logo a política, mesmo no bom sentido, não deve intrometer-se, bem como é essencial que haja, no desenvolvimento do assunto, continuidade administrativa, mesmo em relação a governos que se sucedem.

Ideias novas Na exposição do Professor Bolla, surgiam ideias novas e, às vezes, era surpreendido com as seguintes afirmativas: quando assinalava que “o cultivador da terra já reclama uma participa-

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Antes de promover medidas judiciais necessárias à liberação de imóveis, o INCRA deve tentar sempre o acordo.

ção ativa na produtividade, em vez de fazer a exploração sozinho, desprotegido e sob o guante do dono da terra”. Depois, cotejando os diversos processos de Reforma Agrária no mundo, chegou às seguintes conclusões: a) A propriedade da terra é uma propriedade particular, que impõe deveres; b) As reformas e os códigos mostram a coisa (o fundo, a unidade produtiva), não já vinculada ao sujeito como pessoa abstrata, mas como titular de um direito dever; c) A propriedade privada da terra reconstrói-se, portanto, na medida do objeto determinado em relação à possibilidade de atividade útil. O contato, com jurista desse porte, pode servir de grande subsídio ao equacionamento e à dinâmica de nossa Reforma Agrária, a qual, como é óbvio, podem socorrer-se de conceitos e práticas estrangeiras, respeitadas, naturalmente às peculiaridades locais.

Importância mundial da agricultura A importância da agricultura no mundo atual é de extraordinário alcance, cabendo ao órgão público que dela trata a máxima atenção na melhoria da sua produtividade. Condição indispensável à reorganização da produção de alimentos no país, devendo ser apoiada por uma política de crédito e de assistência técnica.

Nova conceituação de imóvel Foi o despontar do novo conceito de direito de propriedade, a que o Brasil aderiu, quando houve por bem reformular sua estrutura agrária.

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Assim é que a nova conceituação de imóvel rural adotado pelo art. 4º, I, da Lei nº 4.504/64, do Estatuto da Terra, baseia-se especificamente na destinação econômica dada ao bem, compreendendo-o como fator de produção, pouco importando a sua localização, o que contrasta com o conceito civilista que distingue o imóvel urbano do rural, exclusivamente pela sua situação física e como um bem patrimonial. Deve o INCRA, antes de promover medidas judiciais necessárias à liberação de imóveis, tentar sempre o acordo em razão da economia do tempo, mais facilidade para os expropriados receberem a indenização devida e evitar o congestionamento da Justiça. A desapropriação amigável tem os mesmos efeitos da sentença desde que seja efetivada com o amparo do decreto de interesse social. O art. 10º do Decreto-Lei nº 3.365/41 (utilidade pública) admite a desapropriação mediante acordo. O art. 5º, da Lei nº 4.132/62, diz:”No que esta lei for omissa aplicam-se as normas legais que regulam a desapropriação por utilidade pública, inclusive no tocante ao processo e à justa indenização devida ao proprietário”.

Instituto de finalidade social Hoje, a propriedade é um instituto de finalidade altamente social, destinado a servir de peça fundamental no desenvolvimento da produtividade, capaz de proporcionar a melhoria tão desejada da sociedade, razão pela qual não podemos admitir invasões de propriedades, pois nunca terão, os invasores, condições de ter uma eficácia econômica e social.


O Programa de Investimento em Logística (PIL), no valor de R$198,4 milhões, prevê recursos a serem aplicados na infraestrutura e logística de aeroportos, ferrovias e hidrovias, por meio da iniciativa privada. Apesar da notícia ter sido comemorada por entidades representativas do agronegócio, o governo federal deixou de incluir as hidrovias no plano. Antonio Alvarenga Presidente da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura •••

O Brasil pode manter a posição de primeiro exportador mundial de carne nos próximos anos e cabe ao Ministério da Agricultura atestar sua qualidade e segurança. Eduardo Batista Borges e Michaelle Aballo médicos veterinários

cos de vacinas, antivenenos e antitoxinas da América Latina e um destacado centro de pesquisa biomédica. Jorge Kalil presidente do Instituto Butantan •••

O agronegócio é uma atividade de alta sazonalidade e que, portanto,necessita de intenso volume de recursos financeiros para a realização do seu ciclo. Felipe Prince Silva •••

O Porco Monteiro tem rusticidade elevada adquirida por mais de dois séculos de vida no ambiente pantaneiro, vencendo e adaptando-se às condições climáticas e edafológicas daquela região do Brasil.

•••

As Américas podem ser o primeiro continente no mundo livre da Febre Aftosa sem vacinação. Sebastião Costa Guedes da Academia Brasileira de Medicina Veterinária •••

Ligado à Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, com dois mil funcionários e mais de 30 laboratórios, o Instituto Butantan é um dos principais produtores públi-

Edino Camoleze médico veterinário •••

A Reforma Agrária tornou-se um complexo de medidas socioeconômicas e financeiras com a finalidade de melhorar as condições de vida do meio rural e, consequentemente, aumentar a produtividade nacional e carrear uma maior fonte de divisas através da exportação. Ronaldo de Albuquerque Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura

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Conselhos para quem deseja ser um médico veterinário clínico de pequenos animais bem-sucedido Por:

Luiz Octavio Pires Leal – editor

O Brasil é o segundo maior país do mundo (perde apenas para os Estados Unidos) no negócio dos animais de estimação (pets), com mais de 100 mil pontos de venda de produtos para pets, dos quais 40 mil são pet shops. São mais de 100 milhões de animais – verdadeiros membros das famílias. Esse mercado, no ano passado, movimentou R$16 bilhões e a expectativa é de que o faturamento do setor aumente ainda mais em 2015.

A

s oportunidades para os médicos veterinários formandos ou já formados são muito grandes nesse ramo da profissão, mas a concorrência é grande e só tende a aumentar. Com o objetivo de colaborar com os interessados no assunto, colhemos os conselhos de 56_Animal Business-Brasil

um grupo de profissionais de experiência e sucesso comprovados e também a de proprietários de pets. Esse levantamento, pela pequena dimensão da amostragem e ausência de análise estatística não tem valor absoluto, definitivo, mas, mesmo assim, estamos seguros, será de utilidade também para professores na sua importante missão de orientadores profissionais. Vejam os conselhos do médico veterinário Aristeu Pessanha Gonçalves, presidente da Academia de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro, proprietário de duas clínicas, no Rio de Janeiro, e com meio século de experiência bem-sucedida.

Aristeu Pessanha Gonçalves 1. Cursar uma boa faculdade. 2. Aptidão para o setor de saúde coletiva e os objetivos da Medicina Veterinária. 3. Dedicação total pela sua qualificação na faculdade e em todos os segmentos afins. 4. Desenvolver o “olho clínico” dando prioridade à semiologia, diagnóstico e prognóstico. 5. Aprender a examinar o doente e posteriormente a doença. 6. Aprimorar sua cultura para o confronto com o cliente. 7. Ter sensibilidade para atender às diferenças dos pacientes para alcançar a resposta desejada.


Sérgio Lobato O médico veterinário Sérgio Lobato com experiência em clínica e consultor dos que já possuem ou pretendem montar um pet shop, destaca os seguintes pontos necessários para o sucesso na especialidade: 1. Alta capacidade técnica. 2. Boa educação. 3. Organização. 4. Capacidade de colocar-se no lugar do próximo. 5. Estabilidade emocional. 6. Desempenhar o papel de educador. 7. Liderança. 8. Conceito de bem-estar animal.

9. Conhecer os direitos e deveres de um prestador de serviços. 10. Conhecer o cenário jurídico onde essa atividade está inserida.

Equipe do CTI Veterinário Liderada pelo experiente médico veterinário intensivista Paulo Daniel Leal, sua equipe lista os seguintes pontos que julgam importantes para o sucesso de um médico veterinário clínico de pequenos animais: 1. Disponibilidade para o estudo, atualização, treinamento. 2. Obediência a protocolos atualizados. 3. Contar com assessoria de profissionais experientes. 4. Conhecer o suficiente de administração, incluindo contabilidade. 5. Conhecimentos de marketing pessoal e empresarial. 6. Conhecer pelo menos mais um idioma, como o inglês. 7. Investir constantemente em infraestrutura. Dr. Jaime Serra, da Clínica Black-Tie, em Ipanema Luiz Octavio Pires Leal

8. Estagiar com profissionais qualificados. 9. Participar de eventos relacionados às profissões de ciências médicas. 10. Ser sanitarista, pois a responsabilidade do médico veterinário é promover o bem-estar e a saúde do homem, dos demais animais e do meio ambiente.

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Oftalmologista Jorge Pereira

Luiz Octavio Pires Leal

Diogo Alves da Conceição

Exame da arcada dentária

Médico veterinário, proprietário de duas grandes clínicas de pequenos animais que permanecem abertas há cerca de 50 anos, com grande sucesso. São as seguintes as recomendações que a sua experiência considera relevantes: 1. Capacidade de lidar com situações estressantes. 2. Tenacidade para conseguir alcançar os objetivos traçados. 3. Paciência infinita para conseguir lidar com situações difíceis. 4. Presença de espírito para lidar com situações embaraçosas. 5. Compostura na conduta e na aparência. 6. Saber ouvir – o que é importantíssimo para uma boa anamnese. 7. Respeitar os sentimentos dos proprietários. 8. Amar os animais e respeitar a ciência. 9. Humildade em reconhecer suas limitações técnicas. 10. Permanecer sempre se atualizando. 11. Crer em Deus porque sem a Sua presença nada é eficaz.

Veterinária do Instituto Jorge Vaitsman, no Rio, preparando o animal para o Raio X

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Luiz Octavio Pires Leal

Luiz Octavio Pires Leal

João Marcos Cabral de Menezes Engenheiro eletricista, é proprietário de animais. Como cliente, veja o que ele espera de um veterinário clínico de pequenos animais: 1. Gostar do que faz e ter amor pelos animais. 2. Conhecimento comprovado da especialidade. 3. Assepsia constante da clínica. 4. Pronto atendimento na recepção. 5. Ambiente agradável para os animais e seus donos. 6. Pessoal auxiliar bem treinado e atencioso. 7. Estar com a ficha do animal, em mão, na hora do atendimento. 8. Examinar todo o animal, detalhadamente, além das queixas do proprietário. 9. Fiscalizar o esquema de vacinação e alertar o proprietário sobre as datas das revacinações. 10. Ter estacionamento perto da clínica.


Luiz Octavio Pires Leal

O equipamento digital ajuda no diagnóstico

Luiz Moura Brasil Engenheiro e produtor independente de TV, é proprietário de cadela de estimação, verdadeiro membro da família. Segundo ele, o veterinário precisa ser: amoroso, carinhoso, responsável, atencioso, cuidadoso, gostar da profissão, dedicado, atualizado, estudioso, protetor, preocupado com o bem-estar dos animais e dar bastante atenção aos problemas observados e relatados pelo proprietário.

Paulino Pereira Del’Olio Bancário aposentado, jornalista e desde a infância proprietário das mais diferenças raças de cães. Ele destaca os itens que julga importantes para o veterinário que atende os seus animais: 1. Boa formação acadêmica. 2. Ter no mínimo uma especialização. 3. Manter-se atualizado com as regras e regulamentos da profissão. 4. Atendimento eficiente e simpático tanto com o animal quanto com o proprietário. 5. Manter atualizada a ficha do animal. 6. Ser paciente com o animal. 7. Indicar um veterinário especialista sempre que achar necessário.

8. Saber explicar ao proprietário a real situação clínica do animal. 9. Explicar ao proprietário o procedimento que receitou para o animal. 10. Ser impecavelmente ético.

Luiz Roberto da Rocha Maia Administrador de empresas e artista plástico, com trabalhos de pintura naïf premiados no Brasil e na Europa, ele expressa o que espera de um veterinário clínico de pequenos animais: 1. Visão empreendedora. 2. Capacidade de comunicação com o animal. 3. Capacidade de comunicação com o dono do animal. 4. Amar o que faz. 5. Receitar apenas aquilo de que o animal precisa. 6. Manter-se atualizado na profissão. 7. Boa educação. 8. Saber traduzir o jargão técnico para uma linguagem comum. 9. Escrever a receita com letra legível ou impressa no computador. Animal Business-Brasil_59


Por: Paulo

Roque

Influenza Aviária é tema de seminário em São Paulo A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realizou, em Registro-SP, o Seminário de Atualização sobre Influenza Aviária como parte dos trabalhos do Plano Paulista de Prevenção da Influenza Aviária. O objetivo foi a apresentação de protocolo de vigilância ativa e passiva em aves migratórias no sítio de Cananéia-Ilha Comprida-Iguape e reuniu profissionais de saúde dos três municípios, representantes de ONGs, da Associação de Médicos Veterinários do Vale do Ribeira e técnicos da Secretaria de Agricultura. Uma série de quatro seminários (Campinas, Bastos, Votuporanga e Boituva) já foi realizada no Estado para discussão do tema com os profissionais da área avícola, pesquisadores, produtores e representantes do setor devido às recentes ocorrências de influenza aviária no plantel avícola em países do continente americano e asiático. Nos Estados Unidos já são 222 focos, com mais de 47 milhões de aves atingidas pela doença, causando elevação no preço dos ovos (triplicou) e da carne de frango.

Padronização de informação contida nas bulas de medicamentos para mastite bovina

Divulgação Embrapa Gado de Leite

A total ausência de informações importantes, nas bulas de medicamentos destinados ao tratamento da mastite bovina, levou, há 10 anos,

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a A Embrapa Gado Leite desenvolver estudos sobre o tema. Agora, a empresa de pesquisa reúne esforços para a realização de workshops para debater o assunto. A ideia, segundo o pesquisador Guilherme Nunes (foto), é formar um fórum de discussões que reúna governo, através do Ministério Agricultura e órgãos reguladores, Conselhos de Medicina Veterinária, sindicatos e entidades representantes das indústrias farmacêuticas veterinárias e as próprias indústrias para, juntos, mudar esse quadro que, assim como a doença, também é um dos causadores de prejuízos para os pecuaristas. De acordo com Guilherme, os antibióticos deveriam ter o período de carência explícito na bula para poder orientar o produtor durante quanto tempo ele deve descartar o leite e não cometer o erro de colocá-lo à venda para a cooperativa ou para a indústria. São 181 medicamentos produzidos por 45 laboratórios existentes no Brasil e que têm descrito na bula indicação para a mastite bovina. Foi constatada a ausência desse dado em 69 bulas, ou seja, 38,3% dos casos.


A discussão sobre o elevado teor de ácidos graxos saturados, presentes na gordura dos produtos lácteos full fat – como leite integral, queijos e manteiga -, associando-o ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e da obesidade, levou a Embrapa Gado de Leite a se certificar se o debate gira em torno de mito ou verdade. Há dez anos, o estudo vem sendo realizado em parceria com universidades e outros centros do próprio órgão. De acordo com o pesquisador Marco Antônio Sundfeld Gama, evidências científicas têm demonstrado que o consumo de produtos lácteos ricos em gordura (full fat) não aumenta os riscos de doenças cardiovasculares e de obesidade. Pelo contrário, pode até reduzi-los. Ainda destaca que o elevado teor de ácidos graxos saturados ou gorduras saturadas está presente no leite dos ruminantes. O pesquisador esclarece que a gordura do leite é a principal fonte de ácido linoleico conjugado CLA e de ácido vacênico na dieta humana, além de contribuir significativamente para a ingestão de ácido oleico. “Os CLA’s são ácidos graxos que compõem a parte da gordura da carne ou do leite. Estudos sugerem que o ácido linoleico conjugado apresenta potentes atividades bioquímicas e fisiológicas, que podem beneficiar o organismo e proteger contra enfermidades crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e ainda alguns tipos de câncer.”

Fernando César/Embrapa

Pesquisa aponta que gordura do leite pode fazer bem

Marco Antônio destaca, no entanto, que, em relação a esse tema, a Embrapa Gado de Leite trabalha com muito cuidado, pois “precisamos passar para a população que a gordura do leite não é essa vilã como é vista durante os últimos 50 anos”.

Ovinocaprinocultura ganha representação no Congresso Foi lançada, em Brasília, a Frente Parlamentar Mista de Apoio à Ovinocaprinocultura. Presidida pelo deputado federal Giovani Cherini, conta com a participação de 241 parlamentares, sendo 218 deputados federais e 23 senadores. Dentre os objetivos da Frente estão criar uma política nacional de incentivo, estimulando a pesquisa, a criação e o abate de ovinos e caprinos; defender a criação de um programa nacional de capacitação contínua para técnicos, produtores e trabalhadores em ovinocaprinocultura; buscar a redução da carga tributária ao longo da cadeia; harmonizar as distorções do ICMS entre os estados e articular e integrar as iniciativas e atividades do governo e das entidades da sociedade civil.

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Queijos artesanais agregam valor com Indicação Geográfica

Divulgação Embrapa Gado de Leite

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está trabalhando para ampliar as regiões produtoras de queijos artesanais com registro de Indicação Geográfica (IG). O Mapa identificou 18 áreas de produção de queijos artesanais de leite cru no Brasil, com maturação menor que 60 dias, que podem receber a IG, desde que preencham os requisitos higiênico-sanitários. Duas delas – a do Serro e a da Canastra, ambas em Minas Gerais – já têm o IG. Outras áreas produtoras também já são reconhecidas pelo mercado consumidor pela qualidade e tipicidade de sua produção de queijos

artesanais. Entre elas, o Cerrado Mineiro, a Serra do Salitre e Araxá, também em Minas, o Arquipélago do Marajó (PA), o Agreste Pernambucano (PE), o Seridó (RN), a região Serrana (RS e SC) e a região do Jaguaribe (CE). As produções desses queijos envolvem grande quantidade de pequenos e médios produtores. Como grande parte da produção ainda é informal e não possui registro de Indicação Geográfica ou marca coletiva, o MAPA vem trabalhando para promover o desenvolvimento nessas regiões e o consequente reconhecimento dos produtos. Segundo a Coordenação de Incentivo à Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (CIG/SDC) do Mapa, o IG é um reconhecimento da notoriedade, reputação, valor intrínseco e identidade do produto, além de proteger seu nome geográfico e distingui-lo de similares disponíveis no mercado. É atribuído a produtos ou serviços que são característicos de um determinado local de origem, além de apresentarem uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e recursos humanos, como o conhecimento para produzi-lo (saber fazer ou know-how). O registro é concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O Ministério da Agricultura é uma das instituições de fomento das atividades e ações para Indicação Geográfica de produtos agropecuários.

Estudo da Tetra Pak Dairy mostra o que pensa o consumidor sobre o leite Segundo o 8º Tetra Pak Dairy Index, um estudo internacional que analisa as preferências dos consumidores, em todo o mundo as pessoas permanecem extremamente confiantes sobre os benefícios do leite, compreendem o seu valor nutritivo, mas sentem que as opções e variedades disponíveis não estão mais acompanhando suas expectativas e o estilo de vida moderno. O levantamento, realizado no início deste ano, destaca a necessidade das empresas de laticínios modernizarem a oferta de leite para consumidores de todas as idades, através da introdução de produtos inovadores e uma nova abordagem de marketing e comunicação. Durante vários anos, a indústria de alimentos registrou aumento da demanda por produtos nutritivos e convenientes, já que a nova geração de consumidores está preocupada com a saúde, levando uma vida cada vez mais ativa. As pessoas já consideram o leite como ‘nutritivo’, ‘saudável’, ‘uma boa fonte de cálcio’ e ‘gostoso’, mas para manter sua relevância no mundo moderno, os fabricantes precisam inovar e desenvolver bebidas que reflitam mudanças nos estilos de vida. Estas tendências incluem produtos que ofereçam “pequenos prazeres”; que facilitem a digestão do leite ou forneçam benefícios à saúde; bebidas feitas para consumo em movimento ou lanches rápidos, além de leite puro com apelos naturais. 62_Animal Business-Brasil


Rebanho de gado Angus no campo

Brasil apresenta pecuária sustentável na Expo Milão Durante a Expo Milão 2015 , através do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), o mundo passou a conhecer o que tem sido feito para fomentar a sustentabilidade no setor pecuário nacional. Durante mesa redonda, que integra o Seminário Produção Agrícola de Alimentos e Sustentabilidade no Brasil, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o GTPS apresentou o seu case. A apresentação foi feita por Fernando Sampaio, integrante da Comissão Executiva do GTPS e diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e ocorreu durante um painel, que teve como palestrantes o chefe da Secretaria de Inteligência e Macroestratégia da Embrapa, Elisio Contini, e o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, além de representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Sampaio ressaltou que o GTPS tem se tornado cada vez mais prestigiado no mundo, com o

fomento de disseminação de boas práticas pecuárias. “Hoje nosso País possui excelentes cases de produções sustentáveis, assim como toda a cadeia de valor da carne. Sete desses exemplos estão no Programa Pecuária Sustentável na Prática, que são desenvolvidos em 5 estados nacionais. São projetos que mostram que é possível praticar uma pecuária sustentável e, a partir dela, aumentar a produtividade e rentabilidade. Isso faz com que o Brasil conquiste ano a ano uma maior visibilidade internacional, por levar a sério a sustentabilidade e a qualidade no setor pecuário”, conclui. A Expo 2015 é a Exposição Universal que, neste ano, está sendo realizada em Milão, desde o dia 1º de maio até o dia 31 de outubro. O tema da Expo 2015 é “Nutrir o Planeta, Energia para Vida”. Mais de 140 países participam do evento, além de várias organizações internacionais, e são esperados vinte milhões de visitantes.

Brasil quer abrir mercado dos EUA à carne bovina brasileira Ao comentar as negociações comerciais para a abertura de mercados novos nos Estados Unidos, no Japão e na Arábia Saudita, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse que “vamos bater na porta dos Estados Unidos e de outros países para falarmos da qualidade da nossa carne”. Em visita oficial com a presidente Dilma Rousseff aos EUA, a ministra debateu com o presidente Barack Obama os principais pontos para preparar o fim do embargo à carne bovina brasileira. Em seguida, a ministra seguiu para o Japão com o objetivo de conseguir a suspensão do embargo total daquele país à carne bovina. “Esperamos abrir o mercado de carne processada e desembargar a carne ‘in natura’. A Arábia Saudita também está entre os países que o Brasil está concluindo as negociações. Os auditores de defesa sanitária daquele país já visitaram estabelecimentos brasileiros de produção de carne bovina e de aves. Até o final do mês de setembro, devem apresentar um relatório para o Ministério da Agricultura.

Resultatu lança aplicativo para incentivar relacionamento com clientes Esta Agência de Comunicação Resultatu, do Rio de Janeiro, especializada em gestão e consultoria em marketing, acaba de lançar uma série de aplicativos e ferramentas com o objetivo de estreitar o relacionamento entre as empresas do setor animal com seus clientes, aumentando a fidelização. São aplicativos de uso fácil que não exigem conhecimento avançado de informática. Informações: gilbertogarcia@resultatu.com Animal Business-Brasil_63


Produtores de Patos de Minas e região têm atendimento especial do PróGenética Progênies ABS se destacam na maior exposição de Jersey da América Latina As progênies dos touros da bateria Leite da ABS Pecplan, mais uma vez, foram destaque na maior exposição da raça Jersey da América Latina, a Feagro Vale. A edição 2015 da feira contou com a participação de mais de 350 animais em pista de 28 criadores do estado de Santa Catarina. O juiz Americano Jeff Brown foi o responsável pela escolha das grandes campeãs. Foram dois dias de julgamento onde as progênies ABS conquistaram os principais prêmios. “Ganharam todos os prêmios possíveis: Grande Campeã, Reservada Grande Campeã e Terceira Melhor Vaca da exposição, mostrando e comprovando a fortaleza genética dos touros ABS”, comemorou o gerente de Produto Leite Europeu da ABS, Marcello Mamedes. Monica Jamal Ciganinha, do criador e expositor Valdirio Heidemann, garantiu o bicampeonato este ano, além de ser eleita a Grande Campeã da feira, foi considerada a com o melhor úbere. Já o título de Reservada Grande Campeã ficou para a vaca Isadora 104 Vindication do S.A.B, do expositor Nelson Eduardo Ziehlsdorf. A genética ABS ainda fez a terceira melhor vaca da exposição, com Sacha FTD Ciganinha, que também foi a melhor Vaca Jovem. Várias outras progênies da ABS passaram pela pesada e disputada pista de julgamento, obtendo excelentes resultados. Entre elas, a que conquistou o campeonato 2 anos sênior: Alana Iatola do Loch, do criador e expositor Antenor Loch. A eleita campeã vaca 5 anos foi o animal Igma 077 Sinergy da Granja Princesa, expositor Mário Yantsch. A genética ABS também fez a Campeã Bezerra Intermediária com o animal Sueli Verbatin Ciganinha, de Valdirio Heidmann.

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A Unidade Regional da Emater-MG de Patos de Minas, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e o Sindicato dos Produtores Rurais do município inauguraram um escritório específico para o programa Pró-Genética, dentro das instalações da Emater-MG. O escritório vai atender pecuaristas de 23 municípios do Alto Paranaíba e, além do atendimento ao público, estão previstos treinamentos e encontros entre criadores interessados em comercializar touros e pequenos produtores dispostos a investir no melhoramento dos rebanhos. O Pró-Genética é o Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino do Estado de Minas Gerais, executado em parceria entre a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Emater-MG, IMA, Epamig, ABCZ e Girolando. Participaram da cerimônia o gerente regional da Emater-MG, Sérgio Glicério, o diretor do Pró-Genética pela ABCZ, Rivaldo Machado Borges Junior, o presidente do Sindicato de Patos de Minas, Elhon Cruvinel, funcionários das instituições e lideranças regionais. Descerramento da placa, com o gerente regional da Emater-MG, diretores da ABCZ e o presidente do Sindicato Rural de Patos de Minas.


Apicultura brasileira quer conquistar novos mercados MG busca certificação internacional como área livre de peste suína clássica O estado de Minas Gerais é certificado nacionalmente como livre de peste suína clássica pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desde 2001 e, agora, busca o reconhecimento internacional pela Organização Internacional de Epizotias (OIE) para poder ampliar as vendas no mercado externo, principalmente para a União Europeia. Para tanto, representantes do setor produtivo suinícola mineiro e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) participaram, em Brasília, de reunião do Departamento de Saúde Animal do MAPA quando discutiram estratégias que vão permitir ao estado solicitar o reconhecimento internacional de área livre da doença. Minas possui um plantel com 3,2 milhões de suínos em 1,2 mil granjas, sendo 32 delas, Granjas de Reprodutores de Suínos Certificadas (GRSC). Além disso, ocupa o primeiro lugar nacional em exportação de genética para o mercado doméstico. Em 2014, o estado exportou 42 mil toneladas, com receita bruta de U$ 156, 8 milhões. O Brasil exportou 490 mil toneladas com faturamento de US$ 1,6 bilhão. A Rússia é o principal destino do produto brasileiro, com 51% do consumo, seguido da China, 17,6% e de Singapura, 6%.

Com o objetivo de ampliar o mercado de mel e ganhar mais espaço nas exportações, a Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel) realizou rodada de negócios entre produtores e compradores brasileiros e estrangeiros, quando, de acordo com estimativa da entidade, foram fechados cerca de US$ 700 milhões. Entre os presentes, empresas de países que ainda não importam o produto brasileiro, Arábia Saudita, Marrocos e Líbano. Com 75% dos embarques destinados aos Estados Unidos, no ano passado o Brasil exportou 25 mil toneladas de mel, o equivalente a US$ 98,5 milhões. O valor foi 82% maior que o registrado em 2013. Em termos de volume, o crescimento chegou a 56%. Além do mercado norte-americano, os principais clientes do mel nacional são Alemanha (7%), Canadá (5%) e Reino Unido (5%).

Agropecuária brasileira deve ter receita de R$ 467,5 bilhões em 2015 De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o faturamento do setor agropecuário em 2015 deve crescer 3,4% em relação ao ano passado, atingindo um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 467,5 bilhões. A alta é impulsionada pela safra recorde de grãos e pelo bom desempenho da pecuária brasileira. O VBP da pecuária deve ser de R$ 175,3 bilhões em 2015, expansão de 3,1% na comparação com o ano passado. O carro-chefe no setor vai ser a carne bovina, com previsão de faturamento de R$ 87,4 bilhões, 11,2% a mais do que 2014, resultado da valorização do preço da arroba do boi gordo, diante da menor oferta de animais para abate. A suinocultura também deve aumentar o faturamento em 5,9%, totalizando R$ 14,6 bilhões. Animal Business-Brasil_65


Newton Bastos

Rompendo barreiras Antonio Alvarenga (*)

N

o início de julho, em meio aos solavancos das crises institucionais internas, a incansável ministra da Agricultura, Kátia Abreu, partiu para um périplo internacional com o objetivo de conquistar novos mercados. Obteve sucesso em sua investida, rompendo barreiras sanitárias, comerciais e tarifárias de alguns dos mais importantes países importadores de alimentos. O agronegócio brasileiro há muito se ressente de uma política de exportações mais estruturada, compatível com sua importância no comércio internacional de alimentos. Precisamos adotar uma postura mais agressiva na promoção comercial e no marketing internacional. Demonstrar nossa qualidade e o respeito que temos às boas práticas de sustentabilidade. Defender e valorizar nossos produtos. A recente ofensiva internacional da ministra rendeu bons resultados. Importantes compradores de alimentos, como a China, Rússia, Japão e Estados Unidos abriram novas perspectivas para os produtos brasileiros. Os Estados Unidos liberaram a importação de carne in natura de 14 estados do Brasil, encerrando uma restrição praticada há 15 anos. O Japão vai retomar a importação de carne bovina termoprocessada, que estava embargada desde dezembro de 2012. Além disso, analisa a possível compra de nossa carne bovina in natura, um produto que nunca teve acesso ao mercado japonês. A China habilitou novos frigoríficos brasileiros para a compra de carnes bovina, suína e de aves. No caso da Rússia, vamos iniciar a exportação de leite em pó. Espera-se que, em dois ou três anos, o Brasil forneça 50% das importações de lácteos daquele país. Onze empresas brasileiras já receberam autorização do Ministério da Agricultura da Rússia para exportar o produto. E há outras empresas aguardando liberação. Além do leite em pó, poderemos exportar queijos, manteiga, iogurtes e demais derivados de leite.

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A abertura de novos mercados é fundamental para sustentar a expansão do nosso agronegócio. Temos qualidade e preço para atender à crescente demanda global por alimentos, decorrente do aumento da população e do inevitável processo de urbanização das nações em desenvolvimento. No entanto, é necessário estabelecer uma estratégia consistente para a política de exportações, com autonomia para negociar acordos comerciais. O Brasil já é o maior exportador de carnes do mundo. Vamos manter essa liderança, ocupar novos mercados e ampliar nosso market share. A exportação de carnes processadas e de produtos lácteos melhora o perfil das vendas externas do agronegócio, com aumento no valor agregado dos produtos exportados. Isso significa o desenvolvimento consistente e sustentável da agroindústria, gerando mais empregos e riquezas para o país. Para tanto, temos de fazer nosso dever de casa, aperfeiçoando os instrumentos de controle sanitário e conquistando maior desempenho nas cadeias produtivas, sobretudo em relação ao leite e à carne bovina. Precisamos também estimular a expansão dos mecanismos de certificação de produtos com selos de sustentabilidade. Atualmente, o agronegócio tem garantido os tropeços dos demais setores de nossa combalida economia. Vamos investir no desenvolvimento desse setor, onde temos eficiência e competitividade comprovadas. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura


Foto: Eduardo Carvalho

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Foto: Cristina Baran

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