Ano 05 - Número 24 - 2015 - R$ 12,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br
COOPERATIVISMO fundamental na defesa do produtor
BIODIVERSIDADE AMAZÔNICA um terço da riqueza genética do mundo
ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO
conservação-pesquisa-educação e interação com a natureza
Agora tem qualidade com identidade
Em todo o mundo, determinados produtos de qualidade são reconhecidos por sua procedência e originalidade, garantidas por uma certificação de Indicação Geográfica (IG) que, no Brasil, pode ser Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO), registradas pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Cabe a você, consumidor exigente, identificar e buscar produtos com essa marca.
A SNA (Sociedade Nacional de Agricultura) apoia e incentiva esse conceito. Nosso objetivo é promover o valor do agronegócio brasileiro com suas características e origens exclusivas. Prefira produtos com essa marca. Existe uma (IG) de qualidade esperando por você!
(IG) Qualidade com identidade.
uma publicação da:
O
ZOO de São Paulo - matéria de capa desta 24ª edição - é muito mais do que um simples parque de exposição, para visitação pública de animais de inúmeras espécies e origens. É uma instituição dinâmica, que funciona segundo o conceito dos modernos zoológicos, que realizam inúmeras atividades com base em conhecimentos zoológicos técnico-científicos. Dentre as suas diversificadas linhas de atuação, estão os trabalhos que visam à conservação de espécies ameaçadas de extinção, à educação ambiental, à conservação da biodiversidade e à interação do público com a natureza. Roberto Rodrigues, ex-Ministro da Agricultura, Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas, escreve demonstrando que “O cooperativismo é ferramenta fundamental na defesa do produtor” destacando que os horizontes para 2016 são preocupantes, e defende que “neste cenário de incertezas, mais uma vez surgem as cooperativas e o cooperativismo como fortes aliados dos produtores”. Ronaldo de Albuquerque, diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, no seu artigo sobre biodiversidade amazônica, citando o biólogo e ecologista Thomas Lovejoy, informa que está no Amazonas quase um terço de todo o estoque genético do mundo e que essa é a verdadeira riqueza da floresta. É o que os cientistas chamam de biodiversidade, medida pela extensão entre as espécies. “Os cientistas sabem” – destaca o autor – “que nas selvas estão
escondidas espécies que vão aumentar a produtividade das plantas (e dos animais)”. José Ferreira Nunes, da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, nos apresenta uma inovação tecnológica da maior importância, desenvolvida por ele e sua equipe, no Ceará: o uso da água de coco em pó em processos biotecnológicos. “O produto” – garante o cientista – “mais do que uma bebida saborosa e nutritiva, oferece variada possibilidade de utilização nas áreas de medicina, medicina veterinária e de biologia, entre outras”. Maria Cecília Ladeira de Almeida – Mestre em Direito/USP - nos dá uma proveitosa aula de Direito Agrário, assunto em que o professor Octavio Mello Alvarenga, ex-presidente da SNA, foi o pioneiro no Brasil. Trata-se de matéria que tanto os proprietários rurais quanto os homens de decisão política e econômica devem conhecer. Carlos Vivacqua Carneiro Luz - presidente da ASBIA, nos conta a história da inseminação artificial e o progresso dessa técnica, que revolucionou a reprodução artificial e o melhoramento animal, através dos tempos. Segundo o autor, “Somente a utilização de genética de qualidade superior, através da inseminação artificial, deixa benefícios que se perpetuam entre gerações”. Continuamos perseguindo a meta de produzir uma revista que seja útil para os diversos setores interessados na produção animal e na ecologia e preservação do meio ambiente, assuntos muito interligados, mas, sempre repetimos: estaremos permanentemente receptivos às críticas e sugestões.
Luiz Octavio Pires Leal Editor
Animal Business-Brasil_3
Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:
Octavio Mello Alvarenga
Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Osaná Sócrates de Araújo Almeida Tito Bruno Bandeira Ryff Maurílio Biagi Filho Helio Guedes Sirimarco Francisco José Villela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Harfers Ronaldo de Albuquerque Sergio Gomes Malta
Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio de Araújo Freitas Júnior Antonio Salazar Pessôa Brandão Fernando Lobo Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Soares Kátia Aguiar Marcio Sette Fortes
CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo
Maria Cecília Ladeira de Almeida Maria Helena Martins Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio Roberto Ferreira da Silva Pinto Rony Rodrigues de Oliveira Ruy Barreto Filho Tulio Arvelo Duran
Comissão Fiscal Claudine Bichara de Oliveira Frederico Price Grechi Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otávio Andrade
Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br
Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso
Presidente:
Luíz Carlos Corrêa Carvalho TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri
Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Luíz Carlos Corrêa Carvalho Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Ministra Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen
Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Panthera onca Foto: Colin M.L. Burnett Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial
É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Edigráfica Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000
Sumário 10 06
13 18
32 28
22
39
24 43
54
46
58
51 06 10 13 18 22 24 28 32 39
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Uso da água de coco em pó em processos biotecnológicos
66
O cooperativismo é ferramenta fundamental na defesa do produtor
Ciência e Tecnologia
Gir Leiteiro: seleção da raça é responsável pela alta qualidade do leite
Biodiversidade amazônica
História da Inseminação Artificial e seus desafios
Higiene de alimentos Zoo de São Paulo: conservação, pesquisa educação e interação com a natureza Nanotecnologia: o admirável mundo do infinitamente pequeno
43 46 51 54 58 62 66
A importância da China no mercado do leite Direito agrário: o nascimento de uma legislação; princípios informadores do direito agrário consagrados na legislação brasileira Os piores erros de quem pretende montar um petshop
Dicas de comunicação social Criar passarinhos pode ser um bom negócio, mas é preciso obedecer à legislação Top News
Opinião
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Uso da água de coco em pó em processos biotecnológicos Por:
José Ferreira Nunes – Membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária
Rafael Valentim
Inovação tecnológica desenvolvida no Ceará transforma o líquido endospérmico do coco, popularmente conhecido como água de coco, em um produto em pó – a ACP (água de coco em pó).
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O produto, muito mais do que uma bebida saborosa e nutritiva, oferece variada possibilidade de utilização nas áreas da medicina, da veterinária, da biologia, dentre outras.
D
evido aos excelentes resultados obtidos com os primeiros estudos com a água de coco “in natura”, na conservação principalmente de células espermáticas, realizados nas décadas de 80 e 90, buscou-se a obtenção da água de coco em pó (ACP), padronizada e estabilizada através do processo de liofilização, fato logrado no início de 2002. Como insumo básico, pode ser utilizada na elaboração de produtos nas seguintes áreas:
Reprodução Animal Na conservação e multiplicação de material genético (espermatozoides, ovócitos e embriões), já tendo sido realizados estudos na conservação de sêmen das seguintes espécies: caprinos, ovinos, suínos, peixes, equinos, cães, aves, coelhos, bovinos, bubalinos, cervídeos, asininos, catetos, felídeos, macaco-prego, tatu-peba, serpentes e pepino do mar. Com a utilização do produto, com até 24 horas de conservação, se obtém o nascimento de mais de 70% de crias do sexo feminino, ou seja, o produto promove a pré-seleção sexual de forma natural.
Primeiros cordeiros nascidos de inseminação artificial com o uso de sêmen conservado por até 48h a 4ºC em meio à base de água de coco em pó.
Outro avanço foi a elaboração de um meio de criopreservação para sêmen de mamíferos sem o uso de gema de ovo. Além dos meios de capacitação espermática e de fecundação in vitro de embriões.
Programas de inseminação artificial em caprinos
Sêmen diluído em água de coco em pó
Inseminação artificial em cabra
Diagnóstico de gestação (gemelar)
Fêmea gestante
Grupo de fêmeas inseminadas
Crias nascidas através do programa de inseminação artificial Animal Business-Brasil_7
Reprodução de peixes de água doce
Coleta de sêmen e conservação em meio à base de água de coco em pó
Repositor hidroeletrolítico e energético Devido a sua composição tão rica e completa, pode ser utilizado como repositor hidroeletrolítico e energético para animais debilitados, animais de alta performance (como cavalos de corrida), e animais durante o transporte (como por exemplo, o transporte de pintos de um dia). Quadro 1 - Composição da água de coco em pó, por 100g, estabelecidos mediante análises em laboratórios de referência certificados pela ANVISA e INMETRO (ITAL e CQA, Campinas-SP, 2010) Carboidrato, por diferença (g)
Coleta de óvulos (ova) das fêmeas, seguida de fecundação à seco.
Observação das primeiras divisões embrionárias
76,00
Frutose (g)
7,80
Glicose (g)
6,20
Sacarose (g)
0,00
Proteína (g)
12,00
Umidade (g)
1,00
LIPÍDIOS Gorduras totais (g)
4,00
Gorduras saturadas (g)
2,46
8:0 ácido caprílico (g)
0,02
10:0 ácido cáprico (g)
0,02
12:0 ácido láurico (g)
1,41
14:0 ácido mirístico (g)
0,60
16:0 ácido palmítico (g)
0,42
Gorduras monoinsaturadas (g) 18:1 ácido oleico (g)
0,12
Gorduras polissaturadas (g)
0,47
18:2 ácido linoleico (g)
0,54
Gorduras trans (g)
0,00
Colesterol (mg)
0,00
MINERAIS Contagem dos alevinos produzidos
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Sódio, Na (mg)
2.240,00
Cálcio, Ca (mg)
492,00
Ferro, Fe (mg)
8,00
Cobre, Cu (mg)
0,38
Fósforo, P (mg)
430,00
Magnésio, Mg (mg)
510,00
Manganês, Mn (mg)
2,60
Potássio, K (mg)
5.170,00
Selênio, Se (mg)
0,03
Zinco, Zn (mg)
3,30
Na forma de gel o produto pode ser usado como adjuvante no tratamento das dores musculares.
VITAMINAS Vitamina B1 (mg), tiamina
4,55
Vitamina B2 (mg), riboflavina
0,07
Vitamina B3 (mg), niacina (ácido nicotínico e vitamina PP
3,56
Vitamina B6 (mg), piridoxina
0,13
Vitamina C (mg), ácido ascórbico
16,51
AMINOÁCIDOS
Cicatrizante na forma de gel
Ácido Aspártico (mg)
4,73
Ácido Glutâmico (mg)
12,41
Alanina (mg)
7,63
Arginina (mg)
1,88
Cistina (mg)
Traços
Fenilalanina (mg)
4,93
Glicina (mg)
3,98
Histidina (mg)
2,36
Isoleucina (mg)
2,65
Leucina (mg)
5,15
Lisina (mg)
2,61
Metionina (mg)
1,58
Prolina (mg)
5,34
Serina (mg)
2,54
Tirosina (mg)
0,82
Treonina (mg)
1,84
Triptofano (mg)
Traços
Valina (mg)
5,23
Elaborado na forma de gel, usado como substituto do PVP (gel de ultrassonografia), pode ser utilizado como adjuvante do tratamento de mialgias (dores musculares) associado ao ultrassom de baixa frequência.
Ômega 3 (g)
0,02
Medicina regenerativa
Ômega 6 (g)
0,02
OUTROS
Cicatrizante na forma de filme
Cicatrizante Na forma de gel, nanoemulsão, filme ou membrana pode ser utilizada na prevenção e tratamento de feridas.
Tratamento da dor
Pode ser utilizada como meio de conservação e cultivo de linhagens de células-tronco. Animal Business-Brasil_9
O cooperativismo é ferramenta fundamental na defesa do produtor Por:
Roberto Rodrigues - Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas e Presidente do LIDE Agronegócio
A soma das crises econômica e política acabou chegando ao agronegócio, e não podia mesmo ser diferente: este vigoroso setor não é uma ilha.
O
s horizontes para 2016 são mais preocupantes do que foi nas últimas safras agrícolas, por razões conhecidas. A primeira delas é o aumento dos custos de produção. Os insumos importados ficaram bem mais caros por causa da valorização do dólar; a energia - incluído o diesel - também encareceu; o mix das taxas de juros do crédito rural subiu muito em função da menor participação dos recursos controlados dependentes dos depósitos à vista, que caíram; a mão de obra cresceu com a inflação; e ainda tem o problema não dimensionado do atraso da liberação dos financiamentos de custeio que inibe as compras de fertilizantes, o que acabará levando a uma explosão no custo dos fretes pelo acúmulo de demanda desse serviço.
Queda dos preços das commodities A segunda é a queda dos preços das principais commodities em dólar: a oferta aumentou e
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a demanda é uma incógnita, seja pela redução do crescimento da China (embora os analistas acreditem que essa redução não afetará a demanda por alimentos do grande país asiático), seja por problemas ainda não completamente resolvidos na economia europeia. Estamos, portanto, diante de uma safra de verão com sinais de redução de margens. Dois fatores ainda podem mitigar essa ameaça: o primeiro é a liberação imediata do crédito de custeio para quem quer plantar. Só assim os agricultores poderão usar a melhor tecnologia, fator indispensável para boa produtividade e, por conseguinte, competitividade, na dura economia globalizada. E o segundo é a maior das dúvidas: qual será o câmbio na hora da colheita? A safra de 2014/15 foi plantada a um dólar valendo 2,70 reais em média, e colhida a um dólar de 3,20 reais, de modo que a queda dos preços internacionais foi compensada e os produtores foram bem remunerados. E agora? Vamos plantar a um dólar de 3,60 reais ou mais e a quanto colheremos? A mais que isso? Tudo bem se chegar a 3,90 ou até 4 reais por dólar, porque a compensação se repetiria . Mas e se o dólar for a 4,50 reais ou mais? Nesse caso haveria inflação, as empresas do agronegócio endividadas na moeda americana quebrariam e a agropecuária seria levada de arrasto numa crise ainda mais complexa, sem a compensação esperada. E se uma segunda agência de rating baixar o grau de
Danielle Medeiros
investimento do País? E se os americanos aumentarem mesmo a taxa de juros? São todas questões sem resposta no momento, mas que sem dúvida interferirão nos resultados da safra que estamos plantando, e ainda mais: sem saber como El Niño nos afetará.
Crises semelhantes Já vivemos crises semelhantes no agro-brasileiro. Não está tão longe o desastre de 2004/2005, quando os custos subiram, os preços caíram, a seca foi tenebrosa, aftosa apareceu no Mato Grosso do Sul e no Paraná, a gripe aviária reduziu o comércio mundial de carne de frango derrubando os preços de milho e soja, o governo queria trazer arroz do Mercosul quando tínhamos grande colheita no Rio Grande, sem falar na célebre soja vermelha encontrada em partidas vendidas à China. E nas novas doenças que surgiram em diversas culturas. Tudo aquilo gerou a maior crise dos últimos 50 anos, com grande endividamento e quebradeira no campo.
Produtores mais capitalizados Claro que hoje a situação é diferente: os produtores em geral estão mais capitalizados depois de boas colheitas nos anos anteriores, mas é tempo de colocar mesmo as barbas de molho, cortar todas as despesas possíveis e fazer apenas investimentos indispensáveis.
Estudos sérios mostraram que nas grandes crises as cooperativas são muito mais resilientes do que as empresas convencionais. Nesse cenário de incertezas, mais uma vez surgem o cooperativismo e as cooperativas como fortes aliados dos produtores. Em primeiro lugar, estudos sérios da ACI mostram que nas grandes crises, as cooperativas são muito mais resilientes que as empresas convencionais, especialmente no sistema financeiro: em todas as recentes convulsões econômicas mundiais, os bancos cooperativos resistiram muito mais que os privados e os estatais. Nenhum banco cooperativo quebrou no mundo desde a crise dos anos 80, e dezenas de bancos desapareceram. É claro: a tríplice função do cooperado numa cooperativa de crédito - ele é dono, investidor e mutuário - dá a essas instituições um caráter muito mais conservador. E esse conservadorismo também se repete em outros ramos do cooperativismo, como o agropecuário.
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A tecnologia é um tema fundamental para as cooperativas, que são grandes difusoras de inovações para seus associados.
Margens cada vez mais estreitas Em segundo lugar, na atual economia global, as margens por unidade de produto são cada vez mais estreitas, de modo que o produtor só faz sua renda na escala. Ora, o pequeno produtor rural não tem escala por definição, de modo que só pode construir a sua em conjunto com seus iguais através de uma cooperativa. E esta é a única alternativa para a renda de pequenos.
As boas cooperativas Em terceiro lugar, e ainda mais importante, as boas cooperativas são aquelas que entregam aos associados os insumos adequados às suas atividades a preços acessíveis, oferecem a melhor assistência técnica, financiam com repasses de bancos privados ou oficiais, armazenam a produção, eventualmente a industrializam agregando valor e vão ao mercado interno ou externo com muito maior poder de barganha que qualquer produtor, de qualquer tamanho, poderia ter individualmente. Em outras palavras, o cooperativismo vem se transformando em ferramenta fundamental em defesa do produtor rural, ainda mais quando seu organismo de representação - a OCB no caso brasileiro - tem marcante influência na formulação das políticas públicas por seu vigoroso poder de fogo centrado nas centenas de cooperativas espalhadas por todo o território nacional.
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A representatividade da OCB Atualmente, a OCB representa mil e seiscentas cooperativas do setor agropecuário, com mais de um milhão de cooperados, com um faturamento superior a cem bilhões de reais que correspondem a mais de 10% do PIB do agronegócio. E vem crescendo ano após ano, e o segmento agro de cooperativas já emprega 165 mil funcionários. Cerca de 64% dos produtores das principais culturas (soja, cana-de-açúcar, milho, café, algodão, arroz, trigo, laranja, leite e gado de corte) estão vinculados a cooperativas do ramo agro.
Tecnologia é fundamental A tecnologia é um tema fundamental para as cooperativas que são grandes difusoras de inovações aos seus associados. Como resultado, alguns segmentos produtivos têm alcançado resultados notáveis, como é o caso de aves e suínos. Mais de 150 países importam carne de frango do Brasil, que foi o maior exportador mundial em 2014 de novo, com mais de 4 milhões de toneladas exportadas. E entre as 10 maiores empresas exportadoras, 4 são cooperativas: Aurora, C.Vale, Copacol e Lar, empresas maravilhosas que investiram em gestão moderna e de altíssima qualidade. Em 2014, o Brasil foi o quarto maior exportador de carne suína, com meio milhão de toneladas, e três cooperativas estiveram entre as 10 maiores exportadoras: Aurora, Cotrijui e Cosuel. As cooperativas tiveram papel igualmente relevante nas exportações de café, soja, açúcar entre outros produtos, conferindo a esse movimento um caráter de grande agente exportador, com uma característica notável: o cooperativismo distribui renda e riquezas, de modo que mesmo nas mais agudas crises, como a que vivemos hoje, sua função é de reequilibrar as contas dos cooperados, permitindo-lhes superar as dificuldades com maior grau de segurança que seus colegas não associados a cooperativas.
Lopes Cavalcante
Divulgação
Por: Adeildo
Ração com erva-mate melhora qualidade da carne bovina
Divulgação
“Misturar uma pequena quantidade de extrato de erva-mate à ração do gado de corte pode ser suficiente para produzir uma carne com mais benefícios à saúde, mais agradável ao paladar e com maior prazo de validade”. A conclusão é de estudo realizado por pesquisadores brasileiros e dinamarqueses dentro de um projeto que durou três anos e desenvolveu estratégias inovadoras sobre vários temas na área do agronegócio, entre eles a produção de proteína animal. Além da Universidade de São Paulo e da Universidade de Copenhague, participaram do projeto a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e duas empresas, a Centroflora (fornecedora de extratos de erva-mate) e a Novozyme (que colaborou com as enzimas usadas em diversos experimentos), além de pesquisadores de outras instituições.
Apicultor desenvolve combustível de automóvel à base de mel Numa experiência inédita no Brasil, o apicultor Luiz Jordans Ramalho Alves, proprietário do entreposto de mel de abelhas APIS Jordans, em Vitória da Conquista, na Bahia, desenvolveu uma tecnologia que possibilita produzir álcool combustível (etanol) à base de mel de abelha (o qual, anteriormente, era descartado durante o processo de controle de qualidade do produto). Para aproveitar 100% de todo o descarte do mel, o apicultor descobriu, com auxílio de um laboratório de Salvador, que o produto tinha características semelhantes ao etanol utilizado no funcionamento de veículos. “Foi quando tive a ideia de usar o álcool no meu carro e funcionou”, diz Luiz Jordans, revelando que, para uso do combustível, não há necessidade de adaptações técnicas ou mecânicas nos automóveis. “Hoje, acrescenta, temos um carro da nossa empresa que está sendo abastecido com esse combustível, mas já realizamos testes em outros automóveis e constatamos que eles se mostraram aptos a receber o produto”. A pesquisa, que resultou no combustível, teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia no valor de R$ 185.052,40.
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A Cooperativa Central Aurora Alimentos, um dos maiores grupos do setor de alimentos do Brasil, criou e colocou à disposição dos seus associados um novo recurso de gestão e controle de sua atividade econômica: um documento (extrato eletrônico), o qual contém mapa demonstrativo da produção com todas as informações necessárias, como: dados do produtor, dados do alojamento de aves, informações sobre manejo sanitário dos animais e dados da entrega dos frangos para abate e industrialização (número de animais, peso e valor pago pelos lotes). A inovação, segundo o diretor de agropecuária da Aurora, Marcos Antônio Zordan, assegura rapidez, segurança e transparência na relação entre os produtores cooperados, as cooperativas filiadas e a cooperativa central.
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Inovação: avicultor controla pela internet produção, manejo e vendas de frangos de corte
Photl
Novidade: UNICAMP desenvolve equipamento para descristalização de mel de abelha
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Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em Campinas (SP), desenvolveram um equipamento para descristalização de mel de abelha capaz de realizar o processo (que atualmente leva de quatro a sete dias) em curto espaço de tempo (de uma a seis horas), dependendo do tipo de mel. O mel submetido ao novo processo apresenta menos perdas em características de qualidade, já que passa um período menor de tratamento térmico. Dentre as características destaca-se a quantidade de enzima diástase (substância sensível ao calor e muito importante na avaliação para determinação da qualidade do mel).
Divulgação
As coberturas de telhas de fibrocimento (fabricado com cimento e fibras) são as mais adequadas para a construção de abrigos, visando ao bem-estar térmico de novilhas em rebanhos leiteiros. A conclusão é de estudo realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), ligada à Universidade São Paulo, em Piracicaba (SP). A recomendação é que sejam utilizadas coberturas de fibrocimento sem amianto, que têm longa duração e retêm menos calor. Seu uso proporciona a diminuição da frequência respiratória nos animais, que assim deixam de ficar ofegantes, um sinal de estresse, diz a autora do estudo, agrônoma Maristela Neves da Conceição.
Rodrigo Argenton
Pesquisa mostra efeitos benéficos do sombreamento artificial em rebanhos leiteiros
Pesquisadora da ESALQ desenvolve iogurte com resíduos da indústria de suco de maracujá Fruto de estudo de Nataly Maria Viva de Toledo, pesquisadora da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (órgão da Universidade de São Paulo-USP), o produto tem em sua composição, além de leite de vaca, uma farinha feita de casca e sementes de maracujá, resíduos da indústria de suco daquela fruta. O estudo teve por fim gerar uma alternativa para agregar valor aos subprodutos de maracujá, evitando desperdício desses resíduos e aumentando o valor nutricional do iogurte. Conclusão do estudo: o novo produto apresenta características nutricionais superiores ao iogurte comercializado, destacando-se pelo seu elevado teor de fibra alimentar. Com o trabalho, Nataly obteve o título de mestre em Ciências (Química na Agricultura e no Ambiente) junto ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP.
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O agronegócio possui um grande parceiro capaz de contribuir para seu desenvolvimento sustentável em todo o estado. Por meio de cursos, consultorias e um atendimento especializado, o Sebrae/RJ incentiva e participa de toda a cadeia, desde a criação até a comercialização, sem esquecer da responsabilidade ambiental. Venha conversar com quem sabe que no agronegócio não existe bicho de sete cabeças.
www.sebraerj.com.br | 0800 570 0800
Reginério Faria/EPAMIG
Gir Leiteiro: seleção da raça é responsável pela alta qualidade do leite Por:
Isabela Avelar - jornalista EPAMIG
Desde que entrou oficialmente no Brasil, no ano de 1911, através de uma importação da Índia, o Gir Leiteiro, com toda sua rusticidade aliada à boa adaptação dos animais
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ao clima nacional e ao sistema de produção em pastagens, empregado na maior parte das propriedades do País, apresenta uma boa capacidade de produção leiteira.
A
partir da parceria da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro – ABCGIL com a Embrapa Gado de Leite, em 1985, iniciaram-se os trabalhos do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro – PNMGL com o objetivo de promover o melhoramento genético para a produção de leite. O fomento para a seleção da raça, por meio da utilização de métodos científicos, evoluiu e, hoje, o grande diferencial do Gir Leiteiro não está apenas na sua produtividade, mas também na qualidade do leite.
Sustentabilidade O PNMGL busca a sustentabilidade do Gir Leiteiro para a produção de leite em ambiente tropical. Ele vem sendo aprimorado com novas provas e um número cada vez maior de características avaliadas nas matrizes e reprodutores. As ações do Programa vão desde a pré-seleção dos futuros reprodutores, passando por todo o acompanhamento de suas progênies até chegar ao resultado final das provas. São nas provas de produção, os concursos leiteiros realizados nas exposições especializadas, que é possível constatar de forma mais significativa à evolução da raça. É quando os animais são submetidos a desafios nutricionais e de manejo para produção, exigindo a máxima expressão de sua genética.
Garantia de continuidade Com mais de 300 touros testados e outros touros em teste, com a garantia de continuidade com excelentes reprodutores em avaliação, o Programa gera importante repercussão técnica e econômica para a raça, os criadores e o mercado em geral. O Secretário de Estado da Agricultura de Minas Gerais, João Cruz, avalia que o PNMGL revolucionou a pecuária brasileira e mundial. Segundo ele, o trabalho incansável de pesquisadores e criadores é fundamental para o desenvolvimento do Programa. “Nosso ganho é incalculável. Mesmo com três décadas, estamos no começo e no caminho certo, amparados pela ABCZ, Embrapa, ABCGIL, EPAMIG e outros parceiros. Porém, ainda temos muito chão pela frente”, diz. O Secretário de Estado da Fazenda de Minas Gerais e presidente da ABCGIL, José Afonso Bicalho,
O PNMGL busca a sustentabilidade do Gir Leiteiro para a produção em ambientes tropicais.
acrescenta que o Programa é um exemplo de sucesso da parceria público-privada no país.
Teste de Progênie Em maio deste ano ocorreu a divulgação do Teste de Progênie do PNMGL e entrega do Sumário de touros 2015. O presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Rui Verneque, foi quem apresentou os resultados aos criadores da raça, representantes das centrais de inseminação, imprensa, empresários e produtores rurais. A divulgação foi feita durante a ExpoZebu, em Uberaba, MG. A EPAMIG, uma das principais colaboradoras do Teste de Progênie, participa com seu rebanho da Fazenda Experimental Getúlio Vargas e inclui touros em teste. O Governo do Estado está fazendo um grande esforço para aumentar o fomento ao melhoramento genético. “Estamos reestruturando os projetos de fomento à pecuária leiteira do Estado e vamos apoiar os testes de progênies e programas de melhoramento genético”, afirma João Cruz. José Afonso Bicalho acrescenta: “Sabemos que o resultado do Teste de Progênie é o guia de trabalho na fazenda”. O chefe adjunto de pesquisa da Embrapa Gado de Leite, Marcelo Otênio, também ressalta a sua importância. “O resultado desse trabalho inovador é a qualidade do leite e a qualidade de vida da população”. O Sumário Brasileiro de Touros 2015 - Resultado do Teste de Progênie está disponível no site da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) http://www.girleiteiro.org.br e no site da Embrapa Gado de Leite https://www. embrapa.br/gado-de-leite.
Vitrine mundial A 81ª ExpoZebu, realizada no início de maio deste ano, mostrou toda excelência e qualidade Animal Business-Brasil_19
O coordenador de Transferência e Difusão de Tecnologia, Reginério Soares Faria, ressalta que é uma grande inovação ter o gado Gir Leiteiro num sistema tecnificado. do Gir Leiteiro para o mundo. A sede da ABCGIL, no Parque Fernando Costa, recebeu muitos visitantes interessados na raça. Comitivas de todo Brasil e de vários países como Colômbia, México, Bolívia, Venezuela, EUA, Índia, Panamá, entre outros puderam confirmar o desempenho do rebanho brasileiro. Com a participação de cerca de 240 animais, a pista de julgamento contou com os melhores exemplares do Gir Leiteiro. O Grande Campeão foi AKEL FIV DP - DPJ 781, pertencente ao criador João Machado Prata Júnior. O Reservado Grande Campeão foi NITO PARINTINS DO JO - DIAS 441, do criador Steven Richard Jennifer de Melo. A Grande Campeã da pista foi também a Reservada Grande Campeã do Concurso Leiteiro, FECULA TE F. MUTUM - MUT 753, do criador Leo Machado Ferreira. A Reservada Grande Campeã da pista foi a Grande Campeã do Concurso Leiteiro e a nova Recordista Mundial, ALMA VIVA FCD - FZLM 2, da Fazenda Lumiar Agropecuária LTDA (Brasília/DF), pertencente ao criador Pedro Passos. Alma produziu 71,130 kg de leite quebrando o recorde que era da Fêmea Ampola FIV com 70,593 kg. A terceira da pista foi a Campeã Fêmea Jovem do Concurso Leiteiro, MANOLA DE BRAS. RRP 7351, do criador Winston Frederico A. Drummond. Para conferir os resultados do Concurso Leiteiro e da Pista de Julgamento, acesse: http:// girleiteiro.org.br/exposicoes_detalhes.php?id=9 18317b57931b6b7a7d29490fe5ec9f9
Fazenda modelo A Fazenda Experimental Getúlio Vargas da EPAMIG, modelo na criação de Gir Leiteiro do país, esteve na rota das “Visitas Técnicas” du20_Animal Business-Brasil
rante a ExpoZebu. Criadores, pesquisadores, estudantes, investidores do Acre, Rondônia, Amazonas, Rio Grande do Sul, Bahia e Minas Gerais conheceram o seu rebanho, que participa do processo de seleção desde 1948, e os resultados das pesquisas do Programa de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro. De acordo com o pesquisador Leonardo de Oliveira Fernandes, os visitantes tiveram acesso às tecnologias da EPAMIG e puderam identificar o sistema de manejo de gado da Fazenda. “Acessando esses conhecimentos eles têm condições de modificar ou adequar melhor os sistemas de produção nas suas propriedades”, comenta.
Inovação O coordenador de Transferência e Difusão de Tecnologia, Reginério Soares Faria, ressalta que é uma grande inovação ter o gado Gir Leiteiro num sistema tecnificado. “Este trabalho de pesquisa mostra a eficiência que a raça tem para produção de leite e, inclusive, dentro dos preceitos da sustentabilidade. É uma raça zebuína adaptada às condições dos trópicos para a produção leiteira. Nosso rebanho tem uma vantagem: é manejado num sistema mais rústico de produção em pastagem. Os animais são mais resistentes. Quando o produtor leva estes animais para suas propriedades a produtividade prevalece e se inclui uma alimentação especial e aumenta a produção no seu rebanho”, explica.
Pesquisa Um corpo técnico da EPAMIG, formado pelos pesquisadores Leonardo de Oliveira Fernandes, André Penido de Oliveira, Edilane Aparecida Silva, Marcos Brandão Dias Ferreira, Beatriz Codenonzi Lopes e Reginério Soares de Faria, é responsável pelos trabalhos de pesquisa e de melhoramento genético da raça Gir, iniciado em 1948, na Fazenda Experimental Getúlio Vargas, unidade de pesquisa da EPAMIG. A pesquisa busca o aprimoramento para a aptidão leiteira em condições de pastagem com a mínima utilização de suplementação concentrada, tornando a atividade leiteira atrativa do ponto de vista econômico. O rebanho da EPAMIG também tem sido selecionado para características como fertilidade e docilidade. Conjuntamente com o programa
Leilão Este ano, a EPAMIG realizou o seu 58º Leilão Gir Leiteiro, que chamou a atenção dos participantes pela alta qualidade genética dos animais
ofertados. Todas as 30 fêmeas apresentadas foram vendidas, inclusive uma das melhores doadoras do plantel, a Vanguarda alcançou o maior valor, R$19.200,00. O preço médio do leilão chegou a quase R$7.400,00 e atendeu aos objetivos da Empresa. Para o presidente Rui Verneque, o Leilão apresentou um plantel de altíssima qualidade com animais de diferentes linhagens genéticas, o que possibilita para todo o país o acesso à diversidade de níveis genéticos. Ele avalia que é preciso criar mecanismos para atrair um público cada vez maior para o Leilão, pelo alto valor genético apresentado. O presidente informa que para permitir uma maior capilaridade da Empresa nas diferentes regiões do Brasil e do mundo a EPAMIG será inserida no Pró-Genética On Line, programa que disponibiliza reprodutores zebuínos melhorados para todo mundo.
Reginério Faria/EPAMIG
de melhoramento, a Empresa desenvolve pesquisas (nutrição, pastagem, sanidade e reprodução) voltadas para o setor produtivo, disponibilizando material genético superior através de leilões realizados há 58 anos na Fazenda Experimental Getúlio Vargas. São comuns produções entre 3.600 e 6.100 kg/lactação no rebanho da Fazenda. Essas produções são consideradas excepcionais, principalmente quando são obtidas em condições de pastagem com baixa utilização de concentrado, viabilizando a pecuária leiteira para as regiões tropicais.
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Biodiversidade AMAZÔNICA Por:
Ronaldo de Albuquerque- Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura
Neil Palmer (CIAT)
O biólogo e ecologista americano Thomas Lovejoy, ex-Diretor do Fundo Mundial para a Vida Selvagem, afirmou que "está no Amazonas quase um terço de todo estoque genético do mundo, e essa é a verdadeira riqueza da floresta".
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A
região amazônica possui diversos ecossistemas únicos, cuja flora e fauna não têm similar em nenhuma outra parte do mundo. Não se pode desprezar esse potencial sem ao menos conhecê-lo. A riqueza genética da floresta amazônica é o que os cientistas chamam de biodiversidade, medida pela extensão das diferenças entre as espécies.
Espécies nativas As selvas tropicais são depositárias de inúmeras espécies nativas, capazes de dar força
nova a culturas já domesticadas, mas que estejam exauridas pelo uso extensivo. Os cientistas sabem que, nas selvas, estão escondidas espécies que vão aumentar a produtividade das plantas e, também, estão lá inseticidas naturais desconhecidos e outras respostas para o problemas do mundo atual.
Segundo o Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, em conferência pronunciada no Fórum da Agricultura, na Sociedade Nacional de Agricultura (outubro de 1993, pág. 91 dos Anais), o Brasil parece ser o país com a maior biodiversidade do planeta, ou seja, com maior número de espécies diferentes de plantas e animais. As estimativas feitas pela ciência sobre o número de organismos vivos que existem no planeta, variam muito. As mais conservadoras são de ordem de 5 milhões de seres diferentes, e as mais avançadas falam em 50 milhões. Em todo o tempo de desenvolvimento da biologia, a ciência não conseguiu sequer reconhecer e batizar mais do que um milhão e meio de espécies, ou seja, considerando as estimativas mais conservadoras, 70% dos seres vivos sequer a ciência sabe que existem, e se considerarmos as cifras mais elevadas, esse número passa para 97%. Ou seja, inúmeras espécies são simplesmente ignoradas pela ciência, o que significa que nós não sabemos absolutamente como aproveitá-las. As nossas florestas tropicais, em conjunto, abarcam cerca de 27%, quase um terço das florestas tropicais do mundo. Avalia-se que essa imensa diversidade biológica se concentra basicamente nas florestas tropicais”.
Potencial genético Os resultados obtidos pelo esforço dos pesquisadores do INPA, sobre o funcionamento dos diversos ecossistemas amazônicos fornecem alguns conhecimentos para o uso sustentável futuro e conservação dos recursos naturais renováveis e sobre o potencial genético da maior floresta tropical úmida do mundo. Sendo os principais: a) biologia e ecologia de várias espécies de animais e vegetais; b) a floresta é responsável pela reciclagem de 50% de chuva na bacia amazônica;
Luciana Macêdo
Maior diversidade biológica do Planeta
c) a maioria dos nutrientes minerais, 80 a 90%, está na parte aérea da biomassa; d) estudos fitoquímicos em 100 espécies vegetais têm revelado diversos produtos naturais com usos potenciais na medicina humana e veterinária e para controle de insetos e fungos; e) várias frutíferas nativas e plantas produtoras de óleos têm sido domesticadas nos últimos anos pelo Departamento de Ciências Agronômicas; f) espécies de peixes como tambaqui, matrinxã, jaraqui e curimatã foram comprovadas como potenciais para o cultivo em escala comercial; g) já foram identificadas várias espécies florestais para serem utilizadas na recuperação de áreas degradadas; h) o impacto ambiental de projetos de desenvolvimento pode ser minimizado desde que medidas corretas sejam tomadas antes, durante e depois de implementação dos mesmos; i) em floresta de terra-firme, as clareiras provocadas pela exploração florestal podem ser colonizadas de acordo com orientação preestabelecidas. Animal Business-Brasil_23
História da Inseminação Artificial e seus desafios Por:
Carlos Vivacqua Carneiro Luz, presidente da ASBIA
Conta a lenda, que a primeira inseminação artificial (IA) foi realizada pelos Árabes, em 1332. Duas tribos em guerra uma das quais possuía uma tropa de cavalos com qualidade superior, o que lhe dava grande vantagem nas batalhas. A tribo que estava perdendo enviou um guerreiro ao acampamento inimigo, coletou sêmen do melhor garanhão e o levou para emprenhar as fêmeas de seu plantel. Assim, melhoraram a qualidade de sua tropa e conseguiram vencer a guerra.
A
história registra a data de 1784 como sendo a da primeira inseminação artificial. O monge Lázaro Spallanzani fecundou uma cadela sem o contato direto do macho. Nascia uma técnica que iria revolucionar a reprodução artificial e o melhoramento animal. Em 1949 Polge, Smith e Parker conseguiram conservar o espermatozoide por longo tempo 24_Animal Business-Brasil
a baixas temperaturas, o que trouxe grande impacto socioeconômico à pecuária, permitindo a multiplicação de genética superior em grande escala, ao redor do mundo.
O progresso Ao longo dos anos, a indústria da inseminação artificial trouxe expressiva contribuição tecnológica para a pecuária. Desenvolveu a tecnologia de sêmen resfriado, do sêmen congelado e botijões criogênicos. Isto permitiu o melhoramento animal em larga escala e possibilitou os testes de progênies. Mais recentemente, viabilizou o acesso do produtor rural às novas tecnologias de reprodução artificial, como transferência de embriões (TE), fertilização in vitro (FIV) e a facilitação das práticas de manejo reprodutivo através da tecnologia de inseminação a tempo fixo (IATF). Nas últimas décadas, desenvolveu pesquisas para os marcadores genéticos dos bovinos, que evoluiu para as avaliações genômicas. A seleção genômica permite maior intensidade de seleção e um maior progresso genético entre gerações. Também disponibilizou a tecnologia do sêmen sexado, permitindo ao pecuarista a escolha antecipada do sexo para a progênie do touro.
Uso ainda é restrito Temos aproximadamente doze por cento (12%) das fêmeas bovinas em idade de reprodução sendo trabalhadas com a técnica da inseminação artificial (IA) no Brasil. Nossos concorrentes globais na oferta de proteína animal, de leite ou carne, possuem índices superiores
na utilização desta tecnologia, chegando alguns países europeus a noventa por cento (90%) dos rebanhos de leite sendo trabalhados com IA e os EUA a setenta por cento (70%).
O custo é baixo A inseminação artificial é o único insumo que deixa residual entre gerações. Todos os demais insumos utilizados na pecuária possuem um período determinado de benefício. Somente a utilização de genética de qualidade superior, através da IA, deixa benefícios que se perpetuam entre gerações. Além disto, o custo deste insumo é de somente dois por cento (2%) do custo de produção do leite ou da carne. Isto traz uma relação de custo x benefício extremamente positiva para utilização da inseminação artificial, pelo pecuarista. A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), que completou 40 anos de existência, representa noventa e dois por cento (92%) do mercado de sêmen utilizado em território nacional e trabalha em apoio ao desenvolvimento e difusão da tecnologia de inseminação artificial, alinhada aos objetivos do Ministério da Agricultura e com as associações de raça, para o melhoramento do rebanho bovino brasileiro.
ASBIA se moderniza No intuito de modernizar a ASBIA um novo estatuto foi aprovado. Mais aberto às necessidades atuais do setor, trará mais controle à gestão da associação e permitirá uma maior sinergia com outros players do mercado, alinhados a nossos valores e interesses. Abriu-se espaço para as associações de raça e outros setores da reprodução artificial. Não mais será permitida a reeleição imediata de seus presidentes, mantendo um processo regular de renovação e vigor nas respectivas gestões. Foram realinhadas as funções das diretorias para que possam estar mais coerentes às demandas do mercado: presidente, diretor operacional, diretor de marketing e diretor técnico e criado o conselho de administração; que será composto por ex-presidentes e membros das empresas ativas e o conselho fiscal. A ASBIA participa de maneira intensa na cadeia de geração de valor da pecuária bovina nacional, com impacto positivo no agronegócio e no PIB brasileiro. O setor do agronegócio, demanda a utilização de tecnologias eficientes, baratas e com boa relação custo benefício. A inseminação artificial é uma destas tecnologias e com enorme possibilidade de expansão. Temos
Gutche Alborgheti | Grupo Publique
Laboratorio Seleon
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Com o incremento na utilização da inseminação artificial, traremos maior competitividade à nossa pecuária.
Carlos Vivacqua Carneiro Luz, presidente da ASBIA
oitenta e oito por cento (88%) do mercado para ser trabalhado e isto faz com que o Brasil seja visto como o mais importante mercado global por todas as multinacionais do setor. Está disponível ao pecuarista brasileiro o que há de melhor em genética, de todas as raças.
Maior competitividade Com o incremento na utilização da Inseminação Artificial traremos maior competitividade à nossa pecuária em relação à produção/hectare, menor custo do produto, maior oferta de produtos com qualidade superior, desenvolvimento socioeconômico do homem do campo e melhor distribuição de renda.
Grandes transformações O setor passa por grandes transformações tecnológicas e consequentemente novos desafios. No mundo, a indústria de Inseminação Artificial é caracterizada pela oferta de material genético superior, com a utilização de touros provados para as características econômicas, permitindo o melhoramento animal dos rebanhos. No passado, a identificação destes indivíduos superiores era obtida através dos testes de progênies, onde se avaliavam os valores genéticos dos reprodutores pela produção de leite de suas filhas ou ganho de peso de seus filhos. 26_Animal Business-Brasil
No processo tradicional de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), as centrais de inseminação artificial nos EUA selecionavam 1,5 mil touros de leite para teste de progênie, em centenas de fazendas, indo à comercialização 150 touros provados por ano, dez por cento (10%). Os restantes noventa por cento (90%) eram descartados. O custo médio era de US$150 mil por touro testado e chegava-se ao custo final de US$1,5 milhão por touro em coleta para comercialização (10/1). Estes custos eram distribuídos entre o valor de compra do animal jovem, aproximadamente US$15 mil, coleta e distribuição do sêmen para o teste de progênie, manutenção do animal por cinco anos nas centrais de Inseminação Artificial, etc. Estes produtos tinham um ciclo de vida de até 10 anos e conseguiam chegar fisiologicamente a sua capacidade máxima de produção de sêmen. Ou seja, diluíam-se os custos em um grande volume de doses comercializadas durante a vida útil deste indivíduo. Neste modelo, todo o trabalho técnico de P&D estava concentrado nas empresas de inseminação e o fluxo de caixa desta operação era distribuído em longo prazo. Com o advento da genômica na pecuária bovina; pesquisa desenvolvida pelas centrais de inseminação artificial e USDA; onde se identifica através da avaliação do DNA os indivíduos
Carlos Vivacqua
superiores, este processo foi alterado trazendo mudanças na gestão da indústria. As avaliações genômicas são realizadas em indivíduos muito jovens e o acesso a esta técnica está disponível a todos os criadores, saindo das mãos das centrais o poder de gestão no processo de seleção e passando às mãos dos produtores. As centenas de fazendas nos Estados Unidos que ofertavam touros para os testes de progênies de leite se reduziram a menos de dez fazendas com genomas de alto nível, havendo alta concentração de poder nas mãos de poucos criadores.
Custo
Touro saindo da área de coleta para o galpão de baias
Centro de Coleta Gutche Alborgheti | Grupo Publique
O custo de compra pelas centrais, por touro jovem com alto valor genético, passou para valores que oscilam entre US$200 mil e US$300 mil. Anualmente são avaliados mais de 70 mil touros de leite nos EUA, mantendo os mesmos 150 touros colocados no mercado. Com a área de P&D tão intensificada, o ciclo de vida dos produtos caiu para intervalos entre três e quatro anos, havendo rápida substituição de touros no mercado. Outro impacto nos custos é causado pela fisiologia dos animais jovens, imaturos sexualmente, que têm sua capacidade de produção de sêmen limitada. Um touro adulto produz até 10 mil doses de sêmen/mês e um jovem até 4 mil doses/mês. A indústria de inseminação artificial passou a ter um aumento no custo de entrada de seu produto (touro), menor ciclo de vida de seus produtos, maior rotatividade de produtos no mix de oferta, menor número de doses produzidas e comercializadas por touro, alteração no perfil de investimentos deslocado para curto prazo e perda de seu poder na área de P&D. Outro desafio em termos de tecnologia, produtos e custos, é o sêmen sexado. Esta tecnologia é monopólio mundial de uma empresa e, como setor monopolizado, não há concorrência e os custos são estabelecidos de maneira singular. O pagamento deste produto é contraentrega e mediante contratação dos serviços em grande escala. Entretanto, as vendas são realizadas ao consumidor final com prazos alongados de pagamento. Assim, esta diferença traz impacto negativo nos fluxos de caixa das empresas, para um produto de baixa rentabilidade.
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Higiene de alimentos Por:
Luiz Octavio Pires Leal, editor
Qualidade do leite obtido por ordenha manual
Conclusão Tempo assim como temperatura são fatores determinantes para a qualidade do leite e também que a adoção das boas práticas de ordenha e aplicação da Instrução Normativa 51 (ver Normativa atualizada), quanto ao armazenamento, são imprescindíveis na busca da melhora da qualidade do leite.
Alina Souza/Especial Palácio Piratini
Com o objetivo de analisar a qualidade do leite cru obtido através de ordenha manual e sob refrigeração em freezer, contrário do preconizado pela Instrução Normativa 51, do Ministério da Agricultura, foram coletadas amostras de leite de uma propriedade no interior do estado de São Paulo durante a ordenha e refrigeração em latões plásticos e metálicos para contagem bacteriana total. As análises foram realizadas no Laboratório de Fisiologia da Lactação/Departamento de Produção Animal da Escola Superior de Agronomia
Luiz de Queiroz (ESALQ /USP), em Piracicaba/ SP. Os resultados apontaram CBT ( Contagem Bacteriana Total) maior no latão de plástico em comparação com o latão metálico, assim como um tempo maior para que o leite atingisse 7º C no latão plástico.
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Csaba Tomcsak/Freeimages
Absorção de água em carcaça de frango congelado A qualidade da carne de frango está condicionada, entre outros critérios, à quantidade de água retida durante seu processamento. O trabalho de pesquisa realizado em São Luís (MA) foi do tipo transversal, experimental e observacional e objetivou estimar o índice de absorção de água em carcaças de frangos congeladas, sem tempero e com miúdos, comercializadas em supermercados daquela Cidade. Avaliaram-se 47 carcaças das sete principais marcas comercializadas. Utilizou-se o Teste de Gotejamento para estimar a quantidade de água absorvida pelas carcaças e adotou-se como referência de índice adequado de absorção de água valores de até 6% do peso líquido das carcaças.
Qualidade da carne de coelho
Das sete marcas avaliadas, 71,4% estavam com porcentagem de água acima do preconizado. Esta elevada prevalência de carcaças de frango com índices de absorção de água (acima de 6%) evidencia a ocorrência de fraude. Fonte: Revista Higiene Alimentar
MaJaKDS/Freeimages
A cunicultura vem crescendo no Brasil em virtude das oportunidades de lucro que essa atividade pode proporcionar. Por meio da análise microbiológica de carne de coelho comercializada em cinco açougues de Curitiba (PR), avaliou-se a qualidade sanitária do alimento oferecido ao consumidor, conforme a legislação pertinente do Ministério da Agricultura e do Ministério da Saúde. Todas as amostras de carne compradas para avaliação estavam dentro do prazo de validade e ostentavam o carimbo SIF (Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura). O abatedouro fornecedor para os cinco açougues era o mesmo e as cinco amostras de carne de coelho examinadas apresentaram-se microbiologicamente aceitáveis.
Conclusão
Curiosidade O curioso é que apesar disso os estabelecimentos vendedores no varejo apresentaram falhas no armazenamento inaceitáveis pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
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Banco do Brasil. O maior parceiro do agronegócio brasileiro.
Com o Plano Safra, o Governo Federal está investindo R$ 216,6 bilhões na agricultura familiar e empresarial. O Banco do Brasil é o maior financiador desses recursos. Porque apoiar o agronegócio gera desenvolvimento para todos.
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Central de Atendimento BB SAC 4004 0001 ou 0800 729 0001 0800 729 0722
ciente Auditivo ou de Fala Ouvidoria BB ou acesse | Defi | 0800 729 5678 | bb.com.br/agronegocio 0800 729 0088
@bancodobrasil /bancodobrasil
Zoo de São Paulo: conservação, pesquisa educação e interação com a natureza Por:
Luiz Octavio Pires Leal, editor
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Paulo Gil
Sob a presidência de Paulo Magalhães Bressan, membro da Academia Paulista de Medicina Veterinária, e a direção técnica-científica de João Batista da Cruz, especialista de renome internacional, membro titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo tem como missão "manter um espaço em área de Mata Atlântica com uma população de espécies de animais silvestres nativos e exóticos para promover a educação ambiental e pesquisas científicas em conservação da biodiversidade e a interação do público com a natureza".
Onça-pintada Animal Business-Brasil_33
Paulo Gil
O Zoo de São Paulo desenvolve importantes programas para a conservação de espécies ameaçadas de extinção, incluindo projetos a campo em medicina veterinária, biologia e ecologia de hábitat, reprodução em cativeiro para a reintrodução na natureza, programas de educação ambiental em escolas, no campo e aos visitantes do Zoo, e divulgação de conhecimentos obtidos em pesquisas científicas sobre fauna silvestre e meio ambiente em publicações científicas em congressos e revistas nacionais e internacionais. Este portfólio é o sustentáculo ao treinamento de profissionais no Curso de Mestrado em Conservação de Fauna em convênio com a UFSCar, ao Programa de Aperfeiçoamento Profissional e ao Centro de Conservação de Fauna Silvestre - CECFAU.
Paulo Gil
Arara-azul-de-lear
O
Zoo de São Paulo é uma instituição extremamente dinâmica, e suas ações têm como base os conhecimentos técnico-científicos e os conceitos de zoológicos contemporâneos que investem recursos gerados e experiência em conservação da vida selvagem, em educação e no bem-estar animal, e transforma a visão do lazer e entretenimento em interação harmônica entre o homem e a natureza. A consolidação prática dos conceitos e princípios atuais para zoológicos pode ser apreciada com os empreendimentos descritos adiante.
Educação ambiental, uma ferramenta importante:
Área interna de um dos recintos da Araraazul-de-lear, com um casal formado para reprodução, frente ao paredão cenográfico. 34_Animal Business-Brasil
O Zoológico de São Paulo utiliza a educação ambiental como uma das mais importantes ferramentas para a construção de uma sociedade justa e ambientalmente sustentável. O seu programa de educação ambiental estabelecido há mais de 15 anos, é aplicado aos visitantes do zoo, às escolas urbanas e rurais, e junto a organizações dedicadas ao conhecimento e proteção de espécies selvagens ameaçadas e à natureza.
Programa de Aprimoramento Profissional (PAP): Desde 2002, o PAP contribui na formação de profissionais que têm interesse em cuidados, manejo e conservação da fauna silvestre e na gestão de recursos naturais. O ingresso ao programa é por meio de exame seletivo anual, e aos aprovados são outorgadas quinze Bolsas de Aprimoramento com recursos da receita obtida com a visitação de 1,6 milhões de pessoas que vêm o Zoo anualmente. Os pré-requisitos do programa são: (1) ser formado em Medicina Veterinária, Biologia, Zootecnia, Agronomia, Gestão Ambiental ou outra área de nível superior compatível com as atividades do Programa; (2) estar formado há não mais de dois anos; (3) possuir registro no respectivo Conselho de Classe e (3) desenvolver, sem vínculo empregatício, atividades supervisionadas de Aprimoramento Profissional em uma das modalidades oferecidas pela Fundação:
• Nutrição e Manejo Alimentar de Animais Silvestres. • Educação para Conservação; • Sistema de Gestão Ambiental e de Qualidade em Zoológicos; • Operação, Controle e Monitoramento Ambiental em Zoos; • Educação Ambiental e Gestão Integrada Aplicadas à Produção Rural (Divisão de Produção Rural).
Mestrado Profissional em Conservação da Fauna Silvestre: Nos seus objetivos de promover a formação de profissionais dedicados à conservação da natureza, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo estabeleceu um convênio com a Universidade Federal de São Carlos e criou um Programa de Mestrado Profissional em Conservação de Fauna Silvestre, que obteve a aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e conta com o suporDr. João Cruz, diretor técnico do Zoo de São Paulo, membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária Paulo Gil
O objetivo é a educação para a conservação e sustentabilidade da vida selvagem e do meio ambiente, trazendo a conscientização dos cidadãos das áreas urbanas, e incentivando a infância e o homem do campo na proteção das florestas e seus animais, a prevenir a presença de cães e gatos nas matas, a abolir a caça e a apanha de animais, demonstrando o benefício que todos temos na manutenção do equilíbrio da natureza e da nossa própria vida. O programa desenvolve ações no meio rural conscientizando os estudantes sobre a importância dos animais silvestres no equilíbrio da natureza, considerando que as atividades produtivas das quais dependemos para nossa sobrevivência, devem estar alinhadas com a proteção da vida selvagem desde os insetos até os animais grandes, como as antas e as onças. Todos os animais silvestres existem e trabalham pela beleza da natureza em que vivemos.
• Medicina Veterinária de Animais Silvestres; • Biologia de Animais Silvestres; • Genética, Biologia Molecular e Microbiologia Aplicada; • Reprodução Assistida e Biotecnologia; • Enriquecimento Comportamental e Ambiental de Animais Silvestres; Animal Business-Brasil_35
Carlos Nader
Procedimento cirúrgico em animal selvagem pela equipe de médicos veterinários na Divisão de Veterinária do Zoológico de São Paulo
te de dez Bolsas de Mestrado Profissional com recursos da receita obtida com a visitação de 1,6 milhões de pessoas que vêm o Zoo anualmente, como ação pela conservação da fauna silvestre. O Mestrado Profissional inclui aulas teóricas na Universidade nos campi de São Carlos e Sorocaba, e aulas teóricas e práticas nas dependências do Zoo, com a colaboração da sua equipe técnica. O programa é multidisciplinar incluindo conceitos e métodos de diferentes áreas como: biologia, medicina veterinária, manejo de animais, ecologia, educação ambiental, gestão, comportamento, genética e saúde ambiental, e objetiva o desenvolvimento do conhecimento e tecnologias para a conservação da biodiversidade animal e a formação de recursos humanos qualificados. As linhas de pesquisa abrangem: (1) Biologia e Genética da Conservação: integra os estudos de biologia, fisiologia, saúde, nutrição, ecologia, comportamento e genética e (2) Gestão e Manejo in situ e ex situ: integra os estudos e ações de educação ambiental, planejamento ambiental e manejo da fauna. 36_Animal Business-Brasil
Podem participar do processo seletivo pessoas que possuam diploma registrado de cursos de graduação reconhecidos pelo Ministério da Educação nas áreas de Medicina Veterinária, Ciências Biológicas, Zootecnia, Engenharia Florestal e outras áreas afins.
Centro de Conservação da Fauna do Estado de São Paulo: O Centro de Conservação da Fauna do Estado de São Paulo – (CECFAU), instalado na Fazenda da Zoo (Araçoiaba da Serra-SP), em 80.000 m2, tem o objetivo de produzir conhecimentos, desenvolver tecnologias e procedimentos para a conservação da fauna silvestre brasileira por meio de programas integrados ex situ e in situ de conservação, e reproduzir espécies ameaçadas para repovoamento ou reforço de populações na natureza. O Programa do CECFAU inclui as seguintes áreas: Medicina da Conservação; Banco Genético; Biologia das Espécies de Fauna; e Educação e Ecologia Aplicadas, e sua infraestrutura atual,
Complexo de recintos: • Arara-azul-de-lear: oito recintos (oito casais) e cabeamentos, paredões cenográficos e complexo de ninhos; • Xenarthras: três recintos grandes para abrigar até três casais de tamanduás-bandeira ou de tamanduás-mirim, e três recintos pequenos para manter apenas um indivíduo, além de área de pesagem; • Pequenos Primatas: 16 recintos com cabeamentos e solários.
Fabrício Rassy
Procedimento cirúrgico em animal selvagem pela equipe de médicos veterinários do Zoológico de São Paulo em projeto de conservação a campo. Paulo Gil
dedicada às primeiras espécies silvestres no Centro, inclui: • Área de apoio técnico: integra medicina veterinária e biologia com escritório de técnicos, sala de manejo, ambulatório, sala de cirurgia, de internação, área de esterilização e lavagem de instrumentos, laboratório, berçário e incubadora. • Área de treinamento: para realização de reuniões, treinamentos, palestras, aulas e pequenos eventos. • Área de alimentação animal: para o preparo, manipulação e distribuição de dietas, limpeza e desinfecção de bandejas, além de estoque de produtos. • Área de apoio: estrutura para auxiliar no trabalho dos tratadores com escritório, depósito e vestiários.
Interação: Jovens aprendendo no campo a respeitar a natureza Paulo Gil
O CECFAU está integrado às ações dos laboratórios de Análises Clínicas, Biologia Molecular, Microbiologia Aplicada e Reprodução Assistida do Zoológico de São Paulo para o desenvolvimento de projetos de pesquisa associados às instituições nacionais e do exterior, consolidando efetivamente os aspectos científicos e de pesquisas da sua missão: “proteger a fauna silvestre por meio de programas e ações integradas de conservação ex-situ e in-situ, para manter a diversidade genética e a existência harmônica das espécies nos ambientes naturais”; “instalar em suas terras um centro de estudos e pesquisa ex-situ e in-situ dedicado à conservação da fauna silvestre”; e “prover meios e apoio ao trabalho de pesquisadores e treinamento de profissionais nacionais e estrangeiros, no domínio da zoologia e
Área interna durante procedimentos no laboratório de Reprodução Assistida e Biotecnologia. Animal Business-Brasil_37
Paulo Gil
Mico-leão-dourado
É preciso compreender que o tempo para repensarmos nossa relação com a natureza torna-se cada vez mais curto. meio ambiente em seu sentido mais amplo por meio de acordos, contratos e bolsas de estudo. Esta interação com os três laboratórios facilita o intercâmbio da Fundação com importantes instituições de ensino e pesquisa do País, como a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade Federal de Goiás e a Universidade de São Paulo (USP)”, e instituições internacionais como o Zoológico de Antuérpia na Bélgica, o “Durrel Wildlife Conservation Trust”, o “The Royal Zoological Society of Scotland”. Os projetos oriundos destas ações cooperativas resultam em pesquisas em benefício da conservação de diversas espécies silvestres ameaçadas no Brasil, e consolidam na prática os conceitos e avanços 38_Animal Business-Brasil
técnico-científicos, que o Zoológico de São Paulo tem como visão de futuro. Assim, a FPZSP enfrenta os diversos desafios a serem vencidos em prol da vida selvagem, aliando o desenvolvimento de projetos de conservação às atitudes pela preservação do meio ambiente. Por fim, a promoção do equilíbrio ecológico como instrumento da conservação e sustentabilidade da fauna silvestre precisa do apoio solidário da área de produção agropecuária no combate às ações de caça e tráfico, e no uso consciente do solo, como mecanismo de proteção dos animais silvestres e seus hábitats. E com a união dos programas de educação, de formação profissional com o programa de aperfeiçoamento e do mestrado profissional, dos trabalhos de pesquisa e diagnóstico de seus laboratórios e do centro de conservação de fauna silvestre, unindo e compartilhando a experiência de seu quadro técnico-científico com o meio acadêmico e profissional, o Zoológico de São Paulo, continuando sua atuação pela conservação da natureza, se une aos esforços de todos pela proteção da natureza que nos abriga e da qual fazemos parte. É preciso compreender que o tempo para repensarmos nossa relação com a natureza torna-se cada vez mais curto.
Nanotecnologia: o admirável mundo do infinitamente pequeno Por:
Luiz Octavio Pires Leal, editor
Os não iniciados, como este autor, precisam apelar para um grande recurso de imaginação na tentativa de compreender uma dimensão um bilhão de vezes menor do que um
metro. É essa a medida de um nanômetro. É nessa dimensão de manipulação da matéria que trabalham os especialistas nas inúmeras áreas da nanotecnologia. Microscopia de Força Atômica
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U
ma revolução de grande abrangência e raramente percebida pelo comum dos mortais vem acontecendo, já há alguns anos, em praticamente todas as atividades humanas: a produção de materiais a partir da manipulação da matéria em dimensões moleculares e atômicas. São novos materiais, novas estruturas, criadas a partir dos átomos, com as mais diversas aplicações em medicina, medicina veterinária, biologia, eletrônica, ciência da computação, física, química, aviação, agricultura e defesa, por exemplo.
Propriedades diferentes Em nanoescala materiais podem apresentar propriedades diferentes do que apresentam quando em escala maior. Conhecidas as propriedades do material, pode-se produzir materiais com funções desejadas e múltiplas aplicações.
Exemplos de áreas de aplicação • Novos pesticidas e fertilizantes. • Tratamento de câncer. • Aviões e outros equipamentos não detectáveis por radar. • Antibióticos. • Tratamento tópico de herpes e fungos. • Cateteres, válvulas cardíacas, marca-passos, implantes ortopédicos. • Nanocola, capaz de unir quase qualquer material a outro. • Proteção contra raios ultravioleta. • Produtos para limpar materiais tóxicos. • Cosméticos. • Sistemas de filtração do ar. • Sistemas para filtração da água. • Polimento de superfícies sem a formação de microrriscos. • Energia solar e eólica. Nanopartícula
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O Brasil tem participado das iniciativas em nanotecnologia. É um player de destaque na produção acadêmica, estando entre os 15 países mais produtivos.
Pesquisador da Fiocruz, Dr.William Waissmann
Dicas de um especialista O médico, doutor em Saúde Pública, pesquisador da Fiocruz e membro do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes de Proteção a Trabalhadores contra Riscos Potenciais de Nanotecnologias, William Waissmann, nos dá as seguintes dicas: • Nanofármacos podem ser utilizados para melhora no reconhecimento específico de alvos orgânicos. Pela própria dimensão, podem alcançar locais de acesso difícil no organismo. Incorporando moléculas de reconhecimento de órgãos alvo, substâncias que dificultam a retirada da circulação por células de “limpeza”, ou compostos magnéticos que possam ser atraídos por campos, viabilizam a redução de doses e efeitos colaterais. • Ainda no campo médico-veterinário, muito se pode ganhar em termos de diagnóstico, terapêutica e seguimento de pacientes. Contrastes em nanoescala não são novidade, nem a importante contribuição que nanossensores vêm dando ao diagnóstico de doenças. O potencial de identificação com maior precocidade,
maior sensibilidade e maior especificidade (conhecer com maior precocidade, menor concentração de marcadores e maior precisão) de doenças carreia promessas importantes. O conceito de teragnose ou teradiagnose: uso de uma mesma solução produtiva em que, a depender do composto incluso, a utilização pode ser feita para diagnosticar lesões, tratá-las e acompanhar sua evolução. • O Brasil tem participado das iniciativas em nanotecnologia. É um player de destaque na produção acadêmica, estando entre os 15 países mais produtivos. Tais valores, porém, não se refletem, necessariamente, em produtos e patentes. Há distância, ainda considerável, entre a capacidade de nossos pesquisadores e pensadores e a realização das pesquisas em produtos. • Cabe ressaltar ainda que alguns dos novos nanomateriais parecem traduzir risco ambiental, ocupacional e a consumidores e merecem estudos adicionais. Devem, portanto, desde a produção até o manuseio, ser devidamente estudados e regulados.
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Gaston Laborde
A importância da China no mercado do leite Por:
Alcides Torres e Rafael Ribeiro Lima Filho, Scot Consultoria
A China passou a ter um papel de destaque no mercado internacional de lácteos a partir de 2008, quando problemas de contaminação de leite em pó de empresas locais prejudicaram a imagem do setor no país e provocaram o aumento das importações.
D
e 2000 a 2008 a China importou, em média, 66,1 mil toneladas de leite em pó integral por ano, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Este era o padrão de importação do país até então, com volumes variando de 40,0 mil a 90,0 mil toneladas de leite em pó integral por ano, somados a 45,0 mil toneladas, em média, de leite em pó desnatado por ano. Contudo, de 2009 até 2015 (estimativa), o volume médio importado (leite em pó integral) aumentou para 417 mil toneladas por ano, uma expressiva alta de 530,8%. Veja a figura 1.
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Figura 1. Importações chinesas de leite em pó integral e desnatado, em mil toneladas. 700 600 500 400 300 200
2014
2015*
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2000
0
2001
100
* estimativa Fonte: USDA / Compilado pela Scot Consultoria
Figura 2. Preço médio do leite em pó na Nova Zelândia (GDT), em US$ por tonelada, e importações chinesas de leite em pó integral, em mil toneladas. 5.000
800
4.500
700
4.000
600 500
3.500
400
3.000
300
2.500
200
2014
2013
2012
2011
Importações China
2015*
Preço do leite GDT
2010
2009
2008
2007
2006
0
2005
100
1.500
2004
2.000
Fonte: GDT / USDA / Elaboração Scot Consultoria
Figura 3. Preço médio do leite em pó nos leilões da Global Dairy Trade (GDT), em US$ por tonelada. 5.500
Com a economia da China crescendo menos nos últimos anos, as importações chinesas de leite em pó diminuíram desde meados de 2014. A maior demanda chinesa puxou para cima as cotações do produto no mercado internacional. Considerando os preços da plataforma Global Dairy Trade (GDT), referência no mercado internacional, o leite em pó saiu de um patamar de US$1.500,00 a US$2.000,00 por tonelada vigentes até 2006, chegando a um preço médio de US$4.667,00 por tonelada em 2013. O pico de preço e recorde foi US$5.245,00 por tonelada, em abril daquele ano. Importante destacar na figura 2, que o aumento de preço em 2007, se deu em função da forte seca que afetou a Nova Zelândia, maior exportador mundial de lácteos, e que provocou uma queda da produção de leite naquele país e, consequentemente, menor oferta no mercado internacional. Em 2008, os preços caíram em função da crise mundial, voltando a subir em 2009, aí sim, com a demanda estimulada pela China.
5.000
Cenário atual
4.500 4.000 3.500 3.000 2.500
Fonte: GDT / Compilado pela Scot Consultoria 44_Animal Business-Brasil
15/set/15
09/jul/15
15/abr/15
03/jan/15
10/out/14
17/jul/14
06/abr/14
11/jan/14
01/out/13
08/jul/13
02/jan/13
1.500
14/abr/13
2.000
Com a economia da China crescendo menos nos últimos anos e estoques maiores de produtos lácteos, as importações chinesas de leite em pó diminuíram desde meados de 2014. A queda prevista é de 40,4% nas compras de leite em pó integral em 2015, em relação a 2014. No caso das importações de leite em pó desnatado, a queda está estimada em 20,9% na comparação anual.
Produtos
2014
2015*
Variação
Leite em pó integral
671
400
-40,4%
Leite em pó desnatado 253
200
-20,9%
* estimativa Fonte: USDA / Compilado pela Scot Consultoria
A China foi a responsável pelo aumento dos preços dos lácteos no mercado internacional, em função do crescimento astronômico da demanda em um curto espaço de tempo, e agora é a protagonista das quedas de preços no mercado mundial. De abril a agosto deste ano, o preço do leite em pó caiu 69,7% nos leilões da GDT, chegando à menor cotação histórica, cujo valor foi de US$1.560,00 por tonelada. Esse cenário exigiu da indústria exportadora um ajuste na produção e oferta no mercado mundial. As empresas que participam dos leilões da GDT, entre elas a Fonterra, a maior cooperativa de leite do mundo, reduziu a quantidade de lácteos ofertado para conter novas baixas e este fato surtiu efeito. Em setembro deste ano, o volume comercializado nos leilões foi 13,8% menor, frente a agosto último. Em relação ao mesmo período de 2014, as vendas diminuíram 29,0%. Com isso, os preços reagiram, com o leite em pó sendo negociado, em média, por US$2.495,00 por tonelada no final de setembro. Houve alta de 56,9% desde o menor preço em agosto, mas ainda assim o leite em pó está valendo 7,0% menos em relação ao mesmo período de 2014.
Para o Brasil, pode ser uma oportunidade para exportar. Foi aprovado em setembro deste ano o comércio de produtos lácteos entre o Brasil e a China. As negociações vinham desde 1996. Embora a demanda chinesa esteja patinando, em função da desaceleração da economia, o país asiático é um mercado de peso neste segmento.
Maiores consumidores mundiais Vale lembrar que a China e a Rússia são os maiores consumidores mundiais de produtos lácteos, com participação respectivamente de 14,0% e 7,0% do total mundial em 2014. As exportações brasileiras de lácteos para a Rússia começaram em 2014, resultado das barreiras impostas pelos russos aos Estados Unidos e países europeus. A abertura destes dois mercados para os produtos brasileiros é de extrema importância para o segmento do leite no país, como alternativa de escoamento da produção.
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Tabela 1. Importações chinesas de leite em pó, em mil toneladas.
Oportunidade para o Brasil Em curto e médio prazos a menor oferta deverá continuar dando sustentação as cotações dos lácteos no mercado internacional. Porém, do lado da demanda não é esperada reação, o que deve limitar as altas. A expectativa é de que a China retorne de forma mais ativa às compras no mercado internacional em meados de 2016, quando espera-se que os estoques estejam enxutos. Animal Business-Brasil_45
Direito agrário: o nascimento de uma legislação; princípios informadores do direito agrário consagrados na legislação brasileira Por:
Maria Cecilia Ladeira de Almeida. Mestre em Direito/USP. Advogada. Professora de Direito Civil, Agrário e Ambiental/Univ Mackenzie/SP. Associada da Unione Mondiale degli Agraristi Universitari/ UMAU, Pisa, (Itália) e Conselheira da Sociedade Nacional da Agricultura/SNA, Rio de Janeiro.
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A legislação agrária tem como embrião o programa Alliance for Progress, inaugurado por John Kennedy em discurso na Organização dos Estados Americanos, OEA, em 13 de março de 1961. O programa, aqui conhecido como Aliança para o Progresso, foi criado para fomentar o desenvolvimento integrado das condições sociais e econômicas da América Latina e foi pormenorizada na reunião ocorrida em Punta del’ Este, Uruguai, de 05 a 17 de Agosto, no Conselho Interamericano Econômico e Social (CIES) da OEA.
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T
odos os países da América Latina foram signatários desse tratado internacional, que recebeu o nome da Carta de Punta del’Este. No Brasil, gerou, entre outros diplomas legais, o Estatuto da Terra, o Código Tributário Nacional e a reforma do Estado, com a criação da Empresa Pública e a Sociedade de Economia Mista. Com a adesão à Carta de Punta del’Este, foram distribuídos 20 bilhões de dólares, em programa de desenvolvimento social e econômico da América Latina, em 1960. Inaugurada em 17 de agosto de 1961, entre os Estados Unidos e 19 países latino-americanos. Com a renúncia de Jânio Quadros em 16 de agosto de 1961, o programa e a distribuição dos recursos foram suspensos, somente sendo reiniciado já no governo de Castello Branco. A vigência inicial do Tratado era de 10 anos, mas foi prorrogado por tempo indefinido, em 1965, muito embora os governantes que sucederam Kennedy foram limitando a ajuda financeira. Em 1970, a operação foi cessada, já no governo de Richard Nixon.
“Aperfeiçoar e fortalecer as instituições democráticas em aplicação do princípio de autodeterminação dos povos. Acelerar o desenvolvimento econômico e social, executar programas de casas, impulsionar, a reforma agrária, assegurar aos trabalhadores uma justa remuneração, promover programas de saneamento básico e higiene, reformular as leis tributárias, estimulando a poupança e o reinvestimento de capitais, eliminar o analfabetismo: estendendo no menor prazo os benefícios a todos os países latino-americanos e estimular a atividade privada.” Eis os objetivos do Tratado.
Reformas das estruturas agrárias O inciso 6 do Tratado determina que os países signatários devem promover, onde se fizer necessário, as reformas das estruturas agrárias. Assim o Tratado determina a proposta para o meio rural: Las condiciones de vida de los trabajadores rurales y de los agricultores de América Latina serán transformadas para asegurar su plena participación en el progreso económico y social. A proposta para o meio rural é assim definida: Modernizaremos las condiciones de vida de nuestra población rural, elevaremos la productividad agropecuaria en general y aumentaremos la producción de alimentos, tanto para beneficio de América Latina como del resto del mundo. Las condiciones de vida de los trabajadores rurales y de los agricultores de América Latina serán transformadas para asegurar su plena participación en el progreso económico y social. Con tal fin, se ejecutarán programas integrales de modernización, de colonización y de reforma agraria, cuando los países lo requieran. Asimismo, se mejorará la productividad y se diversificara la producción agropecuaria. Además, reconociendo que la capacidad de producción de alimentos del Continente requiere una doble responsabilidad, se hará un especial esfuerzo a fin de producir los alimentos requeridos por las crecientes necesidades de nuestros pueblos y contribuir a la alimentación de otras regiones.
Lei de desenvolvimento rural Nesse sentido, em 26/10/1964, foi encaminhada pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional a Mensagem nº 33, propondo uma lei de desenvolvimento rural que visa, em síntese, pro-
mover o desenvolvimento do País, tirando-o do atraso em que se encontrava. É interessante observar que muitas das razões da proposta de lei bem como os objetivos a serem atingidos são atuais até hoje e ainda não foram atingidos, enquanto que outros o foram. Aprovado o referido projeto de lei, foi o mesmo consagrado como Estatuto da Terra, Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, após ter havido alteração da Constituição de 1946, então em vigor, que por meio da Emenda Constitucional nº 10, de 09 de novembro de 1964, é considerado a “certidão de batismo” do Direito Agrário.
Ramo próprio do Direito Por meio da referida emenda o Direito Agrário passou a ter autonomia, tornando-se um ramo próprio do direito. A Emenda ainda determinou que a competência para legislar sobre direito agrário é da União. E o conteúdo do direito agrário vai muito além de reforma agrária. O Estatuto da Terra cuidou, então, da vida das pessoas na zona rural, como contratos, seguros, política agrícola, acesso à terra, regularização fundiária, cooperativas etc. É nessa esteira que se dá continuidade a este artigo. Para continuar a falar do Direito Agrário é preciso falar de seus princípios informadores.
Princípios fundamentais O direito agrário contém uma série de princípios e para estudá-los é necessário, primeiramente, definir o que seja princípio. Na definição de Juan José Sanz Jarque, em sua obra Derecho Agrario, princípios são “aqueles critérios de categoria universal que informam o conteúdo e caráter de sua normatização, de modo que resultam como inerentes ao objetivo e à natureza da mesma, nos ordenamentos jurídicos, instituições ou direito positivo dos diversos países”. É a razão fundamental de ser das normas jurídicas, permitindo a visualização global do sistema jurídico, para a melhor aplicação concreta de suas normas. Direito Agrário é fenômeno que ultrapassa fronteiras, em que pese suas características peculiares a cada nação. Conforme o estágio socioeconômico de cada país, há conteúdos diversos que são enunciados Animal Business-Brasil_47
pelos estudiosos. Os princípios não são idênticos nos países onde se sistematizou o direito agrário. Todas as legislações, entretanto, consideram como princípio basilar a função social, que será apresentado ao final. Dentre os princípios mais enunciados, podem ser destacados: 1. Proteção máxima da empresa familiar: a estabilidade da propriedade familiar deve ser alcançada, garantindo sua subsistência. No Brasil, há política pública de fomento à propriedade familiar, o PRONAF. 2. Dimensão mínima das explorações agrárias: o imóvel rural deve ter uma dimensão mínima por razões de viabilidade agroeconômica. Assim, o minifúndio é combatido pelo Estatuto da Terra, em seu artigo 65 combinado com os artigos 13 e 21, que determinam a gradual extinção do minifúndio. O artigo 8º da Lei nº 5.868, de 12/12/72, ainda cria a fração mínima de parcelamento, como área mínima passível de parcelamento na zona rural. 3. Fomentar a agricultura de grupo: as associações e cooperativas são entidades que visam otimizar as pequenas propriedades rurais, permitindo viabilizá-las economicamente. A Constituição Federal, determina o seu fomento nos termos do artigo 5º, XVIII combinado com o artigo 174, parágrafo 2º ; artigos 45 da Lei nº 8.171, 17/01/91, que dispõe sobre Política Agrícola. A Lei nº 5.764, de 16/12/71, regulamenta as sociedades cooperativas no Brasil. 4. Asseguramento da justiça social: pressupõe o nivelamento das pessoas, visando ao bem-estar da coletividade. Torna-se objetivo do direito agrário mediante a funcionalidade do imóvel rural. A adoção desse princípio implica em integrar o homem do campo no processo produtivo nacional, conferindo ao rurícola a dignidade de pessoa humana, princípio fundamental insculpido no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal. Os instrumentos para essa justiça distributiva são encontrados ainda nos programas de colonização e reforma agrária, políticas públicas de infraestrutura e conservação dos recursos naturais etc. 5. Privatização das terras públicas: o poder público não pode deter para si patrimônio imobiliário rural, devendo transferir a particulares por processos legítimos, nos termos do artigo 10, parágrafo 1º, do Estatuto da Terra combinado com o artigo 13 da Lei nº 8.629/93. Os remanes48_Animal Business-Brasil
centes de terras devolutas também precisam ser arrecadados para que integrando o domínio público, sejam também transferidos ao setor privado, nos termos da Lei nº 6.383, 07/12/76. 6. Fortalecimento da empresa agrária: as necessidades de consumo, a garantia da segurança alimentar faz com que seja incrementada o fomento à empresa agrária para que a mesma tenha viabilidade econômica capaz de atender à demanda do mercado consumidor dos produtos agrícolas quer para a alimentação, prioritariamente, quer para outras utilizações. O Estatuto da Terra define empresa rural no artigo 4º, inciso VI combinado com o artigo 25 do Decreto nº 55.891 de 31/03/65. 7. Proteção à “propriedade consorcial indígena” e de outras populações tradicionais. As terras ocupadas pelos indígenas são da União, tendo os indígenas direito à posse qualificada sobre elas, nos termos do 20, inciso XI da Constituição Federal e do Estatuto do Índio, Lei nº 6.001 de 19/12/73. O artigo 67 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), da Constituição Federal manda concluir a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos após a promulgação da Constituição, fato este ainda não efetivado, em razão da complexidade da demarcação e dos interesses dos diversos atores envolvidos na questão. Hoje, este princípio deve ser estendido às populações tradicionais, que têm a garantia das terras que tradicionalmente ocupam, mediante titulação, nos termos das Resoluções 107, de 1956 e da Convenção 169, de 2004, ambas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das quais o Brasil foi signatário. O artigo 68 da ADCT da Constituição Federal reconheceu a titularidade das propriedades dos remanescentes dos quilombos, mais tarde regulamentado pelo Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Esse Decreto ainda está sendo alvo de questionamento no Supremo Tribunal Federal, desde 2012. A ministra Rosa Weber defendeu, dia 25 de março passado, a constitucionalidade do procedimento para a titulação das terras tradicionalmente ocupadas pelos quilombolas determinada pelo Decreto, que fora questionado pelo Partido Democratas (DEM) por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239/04. Em posição divergente ao voto do relator da ação, o então Ministro Cesar Peluso, hoje aposentado, a Ministra Weber apontou jurídica, histórica
Uma política agrícola eficaz só se faz na certeza do bem de produção, que é a terra, o imóvel. Sem definições precisas não haverá paz, e sem ela não há desenvolvimento. e antropologicamente a importância das comunidades tradicionais de quilombos à construção da sociedade e da identidade nacional brasileira. De acordo com a Ministra Rosa Weber, o Artigo 68 do ADCT, é autoaplicável por se tratar de um direito fundamental, disse: “O objetivo do decreto presidencial é direcionar com regras administrativas a atuação do Estado, em assegurar um direito já previsto pela Constituição de 1988, não necessitando de lei que o regulamente”, esclareceu a Ministra. Citando a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que dispõe que nenhum Estado tem o direito de negar a identidade de um povo indígena ou tribal que se reconheça como tal, a Ministra chama a atenção para o que chamou de “nativização da população quilombola”, comparando e destacando as semelhanças entre a cultura tradicional negra às das comunidades indígenas brasileiras. Cabe, portanto, conclui a Ministra Weber, ao Estado reconhecer tais populações, promovendo, então, a emissão dos títulos dessas áreas. O julgamento está empatado. Na relatoria do caso, o Ministro Cesar Peluso votou pela procedência da ação e, portanto, pela inconstitucionalidade do Decreto nº 4.887/03. Apesar disso, declarou que “os títulos emitidos até então devem ser considerados bons, firmes e válidos”. Agora, com o pedido de vista do processo pelo ministro Dias Toffoli, não há previsão para que o julgamento da ADI 3239 volte à pauta do STF. O respeito à diversidade da forma de viver, à integração das populações tradicionais nas políticas agrárias, e às políticas públicas vocacionadas a essa população é uma realidade que deve ser atingida. Para os indígenas e quilombolas já existe um arcabouço legal que só precisa ser aplicado eficazmente.
Mas, acima de todo o debate da forma da titulação, que é inquestionável, pela própria disposição constitucional, pois integram o feixe de direitos humanos, é necessário olhar para o outro lado da moeda e verificar a insegurança, a incerteza de que isso traz à zona rural, enquanto não encerrada a fase de demarcação das terras indígenas, do reconhecimento dos povos tradicionais, entre outras questões que assolam a indefinição fundiária do Brasil. Uma política agrícola eficaz, investimentos seguros para a produção voltada à segurança alimentar só se faz na certeza do bem de produção que é a terra, o imóvel. Sem definições precisas, ou melhor, enquanto se mantiver essa indefinição, não haverá paz, e sem ela, não há desenvolvimento. 8. Planificação da atividade econômica agrícola. Os planos governamentais de desenvolvimento regional, organizando a atividade agrária, são fundamentais para o desenvolvimento do setor. Desenvolvimento que deve ser integrado com os demais setores econômicos, atendendo ao artigo 3º, incisos II e III da Constituição Federal, erradicando a pobreza e a marginalização e reduzindo as desigualdades sociais e regionais. Tal planejamento deve ser feito e executado, ainda, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como os setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, nos termos do artigo 187 e seus incisos da Constituição Federal. 9. Caráter de hipossuficiência do rurícola em suas relações obrigacionais. De fato, o direito contratual agrário, considera o rurícola como hipossuficiente nas suas relações obrigacionais, haja visto que extremou os contratos agrários da legislação civil. O legislador agrário entendeu que as partes nessa contratação não estavam em mesmo pé de igualdade para contratar livremente. Assim, em 1964, no Estatuto da Terra disciplinou os contratos de arrendamento e parceria e contratos agrários inominados, que mais tarde ainda foram regulamentados pelo Decreto nº 59.566, de 14/11/1966. Na vigência do Código Civil/16, revogado pelo Código Civil, de 2002, a autonomia da vontade privada era total, de forma que foi necessário tal proteção em legislação especial. Legislação essa que é permeada por normas de ordem pública que são inarredáveis ao contrato e irrenunciáveis pelas partes. Animal Business-Brasil_49
A legislação infraconstitucional consagrou a função social da propriedade imobiliária. 10. Função social da propriedade imobiliária rural. Para entender o que seja função social da propriedade e como ela se embrenhou no conceito de propriedade é necessário fazer uma breve digressão histórica sobre a evolução do próprio conceito de propriedade. Da doutrina liberal que vê a propriedade imobiliária como um direito absoluto, sem nenhum limite em seu exercício, que foi consagrada no direito francês, para a doutrina da funcionalidade, pela qual a propriedade imobiliária é um direito que por sua vez comporta uma obrigação, ou seja, cumprir a função social que lhe é inerante, com pensadores negando completamente a existência da propriedade privada, como Marx ou Proudhom, por mais de um século. Na evolução do direito de propriedade, ainda teve grande importância a Doutrina Social da Igreja, inaugurada pela Enciclica Rerum Novarum, em 1891, editada pelo Papa Leão XIII. Mas o grande marco da transformação do próprio conteúdo do direito de propriedade é o pensamento de Leon Düguit, início do século XX, que em sua obra Les transformations genérales du droit privé depuis le Code Napoléon, pontificou que “…A propriedade não é mais o direito subjetivo do proprietário; ela é função social do detentor da riqueza.” O germe da doutrina da funcionalidade, entretanto, já se encontrava, em meados do século XIX, em Sistema de Politica Positiva, de Auguste Comte. A Constituição de Queretaro (México), em 1917, bem como a Constituição de Weimar (Alemanha), em 1919, consagraram a função social da propriedade. Esta última, em seu artigo 153, determinou que “...A Propriedade obriga. Seu uso deve ser igualmente feito no interesse geral.” Mais tarde a Constituição portuguesa, em 1933, a Constituição italiana, em 1947, entre outras, também foram mitigando o direito de propriedade imobiliária da doutrina liberal, consagrando a função social da propriedade imobiliária. 50_Animal Business-Brasil
No Brasil, todas as constituições consagraram o direito à propriedade privada. Em 1934, todavia condiciona o uso ao interesse social. Em 1946, além de condicionar o uso ao interesse social, possibilita a desapropriação. Em 1967, e também na Emenda constitucional nº 01/69, a função social é um dos princípios em que se baseia a ordem econômica e social. Finalmente, em 1988, em seu artigo 5º, incisos XXII e XXIII, a propriedade é privada desde que atenda à função social. A legislação infraconstitucional consagrou a função social da propriedade imobiliária. O Código Civil, de 2002, no artigo 1228, parágrafo 1º, consagrou a função social da propriedade para o imóvel, quer rural quer urbano. Mas é no artigo 2º da Lei 4.504, de 30/11/1964, o Estatuto da Terra, e no artigo 39 da Lei nº 10.257, de 10/07/2001, o Estatuto da Cidade, que estão os parâmetros da função social. A função social do imóvel rural é cumprida quando se atende, simultaneamente, ao bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela trabalham, assim como de suas famílias; mantém níveis satisfatórios de produtividade; assegura a conservação dos recursos naturais e observa as disposições legais que regulam as relações de trabalho, a que título for. Tais parâmetros deverão ser alvo de comentários, em outra matéria, oportunamente. O imóvel urbano, por sua vez, cumpre a função social quando atende ao plano diretor municipal. Paulo Guilherme de Almeida, em sua obra Direito Agrário, a propriedade imobiliária rural, ensina que “...existe necessidade se observar determinadas condições ao exercício do direito de propriedade, no sentido de que este exercício considere os interesses da coletividade que não podem ser prejudicados pelo titular do domínio”. Os juristas, de uma maneira geral, concordam que hoje o direito à propriedade está impregnado não mais de um direito subjetivo, mas de função social pertencente ao detentor da riqueza (a propriedade). Cumprir a função social implica não só não ir contra o interesse da coletividade, o que poderia resultar em estar em paralelo a tal interesse, mas não integrado a ele. Cumprir a função social é exatamente estar em consonância com os interesses da sociedade: o interesse do indivíduo está integrado no interesse da sociedade.
Os piores erros de quem pretende montar um petshop SĂŠrgio Lobato, MV - consultor
Estamos em 2015, o ano se aproximando de sua etapa final e o Mercado Pet continua sendo foco de estudos, de investimentos, de anĂĄlises e de
um novo olhar que se constrĂłi a cada momento, mostrando que o setor cresce e busca desesperadamente a sua maturidade empresarial.
Photl
Por:
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ovos investidores e profissionais de áreas afins decidem que vão abrir seus negócios e investir no “eldorado” chamado Mercado Pet. Muitos são os formatos de negócios disponíveis mas sem dúvida nenhuma, o mais conhecido e que gera o interesse de todos se chama PetShop! O bom e velho estabelecimento de vendas e produtos para animais de estimação
que é o cartão de visitas do Mercado Pet. Mas como montar um petshop? Será que é fácil? Será que existe uma receita pronta? Bem, que tal apressarmos as coisas e listar alguns dos erros que mais acontecem quando se trata de "abrir um petshop”. Assim aprendendo com o erro de outros, economizamos todos os nossos recursos, como dinheiro, tempo e por que não dizer, nossos sonhos?
Erros Básicos
Descrição
Escolha do Ponto
Será que antes de escolher o local de seu petshop, você fez uma pesquisa na região, analisando a lei de zoneamento de seu município? Será que o imóvel que você se apaixonou está com a documentação em dia? Assinar contrato de locação sem fazer busca prévia de local na prefeitura não parece ser muito inteligente...faça! Como é a região em termos de acessibilidade? O imóvel atende às suas demandas de crescimento? Como é a região em termos de Índice de Desenvolvimento Humano? Será que o imóvel precisará de muitas reformas estruturais?
Mão de Obra
Um dos maiores problemas do setor é de não existirem profissionais qualificados no segmento disponíveis como gostaríamos, pelo fato de não haver uma formação profissionalizante para o setor de atendimento e prestação de serviços em estabelecimentos pet. Você sabe onde irá procurar a mão de obra de cada setor? Pesquisou o impacto da folha de pagamento no seu estudo de viabilidade financeira? Você já está treinando sua equipe antes da loja abrir? Preparou os memoriais descritivos de tarefas de cada funcionário? Está preparado para ser um líder em seu estabelecimento?
Mix de Produtos
Você fez uma pesquisa sobre quais produtos estão disponíveis no mercado? Sabe quem são os seus distribuidores regionais? Sabe como é feito o cadastro das empresas novas nas distribuidoras? Sabe as exigências que cada empresa faz para a primeira compra (lembrando que em sua grande maioria a primeira compra é à vista)? Tem conhecimento dos produtos ou apenas "ouviu falar sobre”? Sabe qual o estoque mínimo necessário para cada item? Sabe o que é “ o mais procurado”? Conhece tecnicamente os benefícios de cada produto?
Mix de Serviços
Você está qualificado para prestar o serviço que escolheu disponibilizar na sua loja? Tem profissionais habilitados para executar o serviço? Treina constantemente sua equipe em padrões High Standard de atendimento aos clientes?
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Estrutura Física
Seu imóvel está dentro das especificações técnicas previstas em legislação afim? Você tem entrada independente entre o serviço veterinário e o resto da sua loja? Você dimensionou as prateleiras de acordo com o mix de produtos? Você escolheu as cores de forma harmoniosa e profissional? Você garante segurança a todos os animais que frequentam sua loja? Você garante segurança a todas as pessoas (funcionários e clientes) que entram em sua loja? Você se preocupa com a instalação elétrica? Você se preocupa com a instalação hidráulica?
Legislação
Sua loja está inscrita corretamente na esfera fazendária? Sua loja está inscrita no Ministério da Agricultura? Sua loja está inscrita na Vigilância Sanitária? Sua loja segue as NRs do Ministério do Trabalho? Seu contador está pagando os tributos regularmente? Sua loja está inscrita no CRMV de seu estado? Sua loja está com o Responsável Técnico trabalhando mesmo ou ele está te iludindo que trabalha colocando sua loja em risco perante às esferas anteriores?
Photl
Se você pesquisar esses itens antes de abrir seu petshop, suas chances de sucesso aumentarão.
É importante pesquisar Se você começar a pesquisar esses itens antes de abrir seu petshop, ou mesmo qualquer estabelecimento veterinário, suas chances de sucesso aumentam progressivamente pois o mercado pet precisa de empreendedores que não vivam apenas dessa balela de sonho e sim do sonho sustentável, baseado em conhecimento e técnica! Para maiores informações sergiorslvet@hotmail.com Animal Business-Brasil_53
Dicas de
comunicação social Boa comunicação é fundamental para bons negócios. Por:
Luiz Octavio Pires Leal – editor
Todo mundo sabe que não é suficiente saber, ter ideias, opiniões, mas é preciso saber transmitir, interagir, comunicar. E isso é um pouco mais complicado do que parece.
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á uma máxima que diz: Não importa o que você diz mas sim o que o outro entende. E muito comumente o que você diz é diferente do que o outro entende, mesmo na comunicação escrita. Muito mal-entendido, muito prejuízo, muitas relações interpessoais e entre pessoas jurídicas ou grupos ocorrem em decorrência de “defeitos” de comunicação. São os chamados “ruídos da comunicação”. A Comunicação Social não é uma ciência exata o que justifica a variação da sua definição segundo os diversos teóricos.
Definição A definição geralmente aceita é a que diz que “Comunicação Social é o conjunto de técnicas, recursos e estratégias que têm por objetivo a interação de determinadas fontes organizadas de informação com a comunidade”. A comunicação interpessoal, portanto, estaria excluída desta definição.
O começo O termo “Comunicação Social” nasceu na Igreja Católica com o objetivo de difundir a fé e 54_Animal Business-Brasil
conquistar almas, e durante séculos ela foi eficiente nisso. Criou como símbolo a cruz – fácil de desenhar, de construir, de entender e de gravar na memória – espalhou igrejas no mundo todo, quase sempre localizadas no centro das cidades ou no local mais alto. Criou um meio de comunicação à prova de enguiços e capaz de funcionar durante séculos (ou milênios!), sem nenhuma manutenção especial, usando unicamente a força muscular humana: o sino. Criou um sistema de pesquisa altamente eficiente: a confissão. As igrejas protestantes modernas revolucionaram seus sistemas de comunicação social com destaque para o emprego da televisão.
Pesquisa O processo da Comunicação Social parte da concepção de uma estratégia baseada na pesquisa e no emprego de táticas (recursos práticos) para atingir o público-alvo. A estratégia – termo de origem militar –é a arte de conceber o plano geral. As táticas são os meios práticos com vistas à obtenção dos melhores resultados com o menor custo e maior eficiência.
Recursos básicos Antes de tudo é necessário que se defina, com clareza e objetividade, aquilo que se pretende difundir e também o público a ser atingido: o público-alvo. • Publicidade e Propaganda – para uns são sinônimos e para outros a publicidade existe para transmitir ideias e a propaganda serve para difundir produtos e serviços.
• Relações Públicas –“é a atividade e o esforço deliberado, planificado e contínuo para estabelecer e manter compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos de pessoas a que esteja diretamente ligada”. Confunde-se com o termo “Comunicação Social”.
Mídia É o nome do especialista de uma agência de publicidade encarregado de distribuir a verba do anunciante pelos diversos veículos de comunicação. E é também o nome dado ao conjunto de meios de comunicação que levam a mensagem para o seu público-alvo. Esses meios são inúmeros, variados, e cada um deles têm suas características próprias, indicações e limitações.
Alguns exemplos: • Jornais • Revistas de público geral • Revistas especializadas • Rádio • TV • Cartazes e cartazetes • Painéis rodoviários • Faixas • Internet e aplicativos digitais • CDs • Volantes • Folders • Encartes • Mala-direta • Artes plásticas • Brindes • Livros • Filmes
Viktor Hanacek/Picjumbo
• Assessoria de Imprensa – para divulgar informações, notícias, notas e ideias através da imprensa escrita e eletrônica.
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O trabalho dos mídia das agências de publicidade é extremamente técnico, muito complicado e para ser eficiente precisa basear-se não apenas na pesquisa como na sua experiência pessoal, intuição e estudo de casos.
Dois “papas” da moderna comunicação Marshall McLuhan Foi um filósofo e educador canadense, morto em 1980. Formou-se em engenharia e em literatura inglesa. Foi professor de diversas universidades e publicou 15 livros. Sua obra mais famosa é “O Meio é a Mensagem”. Em resumo, o prestígio do meio de comunicação onde a mensagem, a ideia, a informação é divulgada, tem importância decisiva para a sua credibilidade. Ele criou o termo “Aldeia Global” antevendo o futuro das comunicações via Internet, TV via satélite, telefone celular, tablet, etc.. Afirmou que o mundo passaria a funcionar como uma aldeia indígena, com a possibilidade de intercomunicação imediata entre seus habitantes. Ele estava certo! Foi o precursor dos estudos sobre mídia. Considerava os meios de comunicação como ”extensão do homem”. David Ogilvy Nasceu na Inglaterra e viveu entre os Estados Unidos, a França e a Suíça. Foi cozinheiro no Hotel Majestic, de Paris, vendedor de fogões na Escócia, dirigiu o Instituto Gallup (pesquisa), foi fazendeiro na Pensilvânia e trabalhou no Serviço Britânico de Informações, durante a Segunda Guerra Mundial, entre outras atividades. Em 1949 foi para Nova Iorque onde fundou, com o capital de US$500.00 empestados, a agência de publicidade Ogilvy&Mather, conquistando renome internacional com as contas da Rolls Royce; Scheweppes; camisas Hathaway, e de Porto Rico, entre outras. Aposentado, milionário, com agências em mais de 150 países, morou num imenso castelo na França até os fins dos seus dias, aos 88 anos. Foi chamado de “O Pai da Moderna Publicidade”. 56_Animal Business-Brasil
Suas ideias, conceitos e recomendações (úteis para quem deseja se comunicar e empreender melhor) • Admiro as pessoas que trabalham com gosto. Se você não aprecia o que está fazendo, eu lhe peço, procure outra colocação. Lembre-se do provérbio escocês: “Seja feliz enquanto está vivo, porque vai passar muito tempo morto”. • A maioria dos homens de negócio é incapaz de pensamento original, por serem incapazes de escapar da tirania da razão. A imaginação deles está bloqueada. • Enquanto estou assim ocupado em fazer nada, recebo um fluxo de telegramas vindos do meu inconsciente, que se tornam matéria-prima para meus anúncios. Mas é preciso mais: trabalho duro, abertura mental e curiosidade incontrolável. • Connan Doyle escreveu: “A mediocridade não reconhece nada melhor do que ela mesma”. Tenho observado que homens medíocres reconhecem talento, se ressentem com ele e se sentem compelidos a destruí-lo. • Em média, o título (de um anúncio, de uma matéria, de um artigo) é lido cinco vezes mais do que o texto. Quando acabar de escrever seu título, você terá gasto oitenta centavos do seu dólar. Se não conseguir vender o produto (a ideia ou a informação) já desperdiçou 80% da verba (ou do tempo). O mais pernicioso de todos os pecados é redigir um anúncio (ou um comunicado) sem título. • É mais provável que o leitor venha a ler o texto se o título lhe despertar curiosidade. • Todo tipo de anúncio (ou texto) tem o mesmo problema: a credibilidade. • Um subtítulo em letras grandes de duas ou três linhas, publicado entre o título e o texto principal, aumentará o apetite do leitor para o banquete que virá em seguida. • Se você começar o texto principal com uma letra inicial grande (chamada de “capitular”) o índice de leitura aumentará em cerca de 13%. • Se você tem uma porção de fatos a relatar, não tente uni-los em parágrafos lon-
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Não se preocupe em demonstrar cultura, usando palavras complicadas. Escreva de forma parecida como você fala.
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gos. É melhor dividi-los em números ou em blocos separados. Você poderá fazer “lições de casa” até o dia do Juízo Final, mas jamais alcançará fama e fortuna se não inventar grandes ideias. Certa vez perguntaram a um grande publicitário – Albert Lasker – qual a melhor qualidade possível numa pessoa. Ele respondeu: “Humildade diante de uma boa ideia”. A maioria das campanhas (e textos, em geral) é complicada demais. Elas se propõem alcançar uma longa lista de objetivos e tentam conciliar pontos de vista divergentes. Na tentativa de conseguir coisas demais (os textos) acabam não conseguindo nada. “Com a opinião pública a seu lado, nada pode fracassar” – Abraham Lincoln.
Dicas úteis para escrever com clareza (o que todo jornalista sabe) 1. Antes de começar a escrever, pense bem no que você quer transmitir e para quem. 2. Capriche no título (se possível curto e que resuma todo o assunto). 3. Abaixo do título faça um resumo (lide) de todo o assunto.
4. Comece o texto com uma primeira letra grande (capitular). 5. Não abuse dos adjetivos porque se fizer isso eles acabam perdendo o valor. 6. Divida o texto em blocos precedidos de um subtítulo destacado em negrito ou sublinhado. Isso facilita a leitura. 7. Não se preocupe em demonstrar cultura, usando palavras complicadas. Escreva da forma parecida como você fala. Se for para demonstrar cultura e impressionar esqueça tudo que leu nesta matéria e inspire-se nos Sertões do Euclides da Cunha ou em James Joyce, por exemplo. 8. Resista à tentação de usar letras maiúsculas quando elas não se justificarem sob o ponto de vista da ortografia. 9. Instale um dicionário eletrônico no seu computador e o consulte, sem cerimônia sempre que tiver dúvida. É rápido, fácil e indolor. 10. Releia seu texto assim que terminar ou – melhor ainda – se possível alguma horas depois e corte as palavras que estão “sobrando” para torná-lo leve, “enxuto”. 11. Evite escrever em ordem indireta. Isso só fica bem em latim. Animal Business-Brasil_57
Criar passarinhos pode ser um bom NEGÓCIO, mas é preciso obedecer à legislação Por:
Octavio Lisboa, Médico-Veterinário
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Quem nunca apreciou o canto de um passarinho como curió, trinca-ferro ou de um bicudo? Mas quando ouvimos estes cantos no quintal de uma casa ou na porta de um comércio não temos ideia da grandiosidade deste mercado e os valores exorbitantes que chega a custar um pássaro campeão de torneio.
egundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação – ABINPET, o Brasil é o segundo maior do mundo em população de aves canoras e ornamentais. Esta grandiosidade é percebida pelo número de criadores e participantes de torneios de canto e exposições espalhados por todo o país, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os criadores especializados em passeriformes da fauna brasileira são registrados pelo IBAMA através do Sispass (sistema de gestão de criadores de passeriformes silvestres) que é um sistema informatizado do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), gerenciado atualmente pelas Secretarias Estaduais do Meio Ambiente, para controle do cidadão que mantém legalmente pássaros silvestres.
Preceitos legais A finalidade do Sispass é instruir os criadores amadoristas a manter os pássaros dentro dos preceitos legais. A categoria de criador é dividida em duas categorias pelo IBAMA: criadores amadores e criadores comerciais. O criador amador de passeriformes da fauna brasileira é uma pessoa física que mantém em cativeiro, espécies de pássaros listados nos Anexos I e II da Instrução Normativa 10/2011, de 20 de setembro de 2011, com o objetivo de manutenção e reprodução sem finalidade comercial. O criador comercial se adequa aos mesmos objetivos, como pessoa jurídica, porém com a finalidade comercial, e não possui as limitações impostas aos criadores amadores para a quantidade de aves reproduzidas e ou comercializadas. Em números reais, a quantidade de criadores é bastante expressiva. São 600.000 criadores amadores registrados, 3.500 criadores comerciais, 1.900 criadores conservacionistas e 3,5 milhões de criadores amadores não registrados, totalizando 4,1 milhões de criadores no País.
Octavio Lisboa
Mercado O mercado da criação de pássaros canoros silvestres possui um total de 43.279.400 aves mantidas em cativeiro. O setor fatura 2,68 bilhoes (equivale a 14,97% do faturamento anual do mercado nacional de animais de companhia), através da produção de aves, alimentos espeAnimal Business-Brasil_59
cíficos, gaiolas, acessórios plásticos e mãos de obra ligadas direta e indiretamente ao setor.
Tráfico Porém nem tudo são flores, o setor possui diversos desafios que dificultam aumentar ainda mais estes números positivos. O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior tráfico no mundo, fatura anualmente uma quantia de U$14 bilhões. O tráfico no Brasil abocanha 14% desta quantia, onde 82% são aves e na sua grande maioria, pássaros canoros como: trinca-ferro, coleiros, azulões, sabiás, pixoxó, entre outros. Portanto, a quantidade de pássaros ilegais disponíveis para a venda a preços irrisórios é imensa. Em contrapartida os criadores comerciais, apesar de serem uma arma contra o tráfico ilegal, possuem um custo extremamente elevado para enfrentar a concorrência desleal. Não há incentivos fiscais, a legislação ambiental é precária e gera diversos impedimentos para o crescimento do setor.
Evitando a extinção Mas cabe ressaltar a importância da criação de passeriformes em cativeiro. Para muitas espécies, a única forma de evitarmos a extinção, será através da criação amadora e comercial. É necessário aprimorar as políticas de desenvolvimento para este setor, pois o que está em discussão não é apenas um ramo do mercado pet ou um hobby nacional e sim o futuro de diversas espécies de pássaros.
Principais problemas enfrentados pelo setor: • Precariedade da legislação ambiental, que tem onerado, os custos de criação, elevando os preços de venda e dificultando a comercialização. • Carga tributária pesada, burocracia exagerada para se tornar um criador comercial, desestimulando várias pessoas interessadas neste mercado. • Por não haver técnicos qualificados, são impostos impedimentos burocráticos que impedem o crescimento deste tipo de criação. • Falta de profissionais capacitados tecnicamente. • Escassa quantidade de estudos científicos voltados para criação de passeriformes em cativeiro. • Por ser um mercado onde as aves possuem um valor de venda altíssimo, aliado aos baixos índices reprodutivos e falta de
Baixa produtividade
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Octavio Lisboa
Octavio Lisboa
Grande parte das criações amadoras e comerciais possuem baixo índice de produtividade e níveis altíssimos de mortalidade se comparados com outros setores avícolas, isso porque ainda utilizam métodos rústicos de produção por questões culturais, falta de tecnologias desenvolvidas especificamente para a produção, manejo e medicina de passeriformes e a pouca oferta de profissionais (médicos-veterinários, biólogos e zootecnistas) especializados.
Octavio Lisboa
conhecimento técnico por parte das autoridades responsáveis por fiscalizar as criações, estas prerrogativas incentivam práticas ilegais por parte dos criadores, como a colocação de anilhas em filhotes e animais adultos retirados da natureza, tornando-os “registrados” com a comprovação de seu nascimento em um cativeiro legal e autorizado. • Utilização de mão de obra desqualificada, e o emprego de manejo inadequado, resultando em índices reprodutivos medíocres e índices altíssimos de óbitos de filhotes nascidos em cativeiro.
Dados importantes: O Sispass é um sistema informatizado do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), gerenciado pela Semas, para controle do cidadão que mantém legalmente pássaros silvestres. A finalidade do Sispass é instruir os criadores amadoristas a manter os pássaros dentro dos preceitos legais.
Para se tornar um criador registrado e legalizado de pássaros é necessário iniciar o cadastro no site da Semas e preencher o formulário. Os usuários que pretendem se cadastrar como Criador de Passeriformes devem cadastrar-se na categoria “Uso de Recursos naturais – Criação de passeriforme silvestre nativo”. Esse cadastro deve ser feito pelo interessado e homologado pela Semas. O criador não pode adquirir pássaros antes de finalizar o processo. A licença/autorização do Sispass não se aplica à regularização de pássaros sem anilhas e de origem ilegal, bem como a comercialização de aves por criadores amadores é considerada ilegal. O sistema passou para a Semas após a assinatura de um Acordo de Operação Técnica, firmado entre o Ibama e a secretaria, em 30 de abril de 2013, que prevê a gestão compartilhada de recursos faunísticos. Mais informações: medicinadeaves@gmail.com
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Por: Paulo
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Em plena atividade, um dos mais importantes veterinários do Brasil comemora 100 anos de idade No próximo mês de janeiro, o presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Professor Milton Thiago de Mello completará 100 anos de idade e será alvo de inúmeras homenagens em Brasília, onde lecionou na UNB e para as quais são esperadas autoridades de vários países. É considerado o veterinário mais antigo em atividade no Brasil, mundialmente famoso, e o mais premiado. Foi professor em diversos países, inclusive nos Estados Unidos e pertence às mais importantes entidades profissionais do mundo, muitas das quais ajudou a fundar. Na qualidade de presidente, deu vida nova à Academia Brasileira de Medicina Veterinária. Já foi recebido por personalidades internacionais, como a Rainha da Inglaterra e o Imperador Hiroito. Em toda sua vida profissional trabalhou ativamente em temas relacionados com bem-estar animal, meio ambiente e animais silvestres principalmente primatas, na Universidade de Brasília, onde foi Decano de Pesquisas e Pós-Graduação. Nos últimos anos sua atenção orientou-se para segurança alimentar com numerosos trabalhos e livros publicados, sendo consultor para algumas agências governamentais. Atualmente, na Presidência da Academia Brasileira de Medicina Veterinária em parceria com a Sociedade Nacional de Agricultura, o Prof. Milton continua em plena atividade fazendo palestras, escrevendo trabalhos e livros
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e participando de congressos nacionais e internacionais. Recentemente esteve na Turquia, onde apresentou trabalho no 32º Congresso Mundial de Veterinária. Entre as muitas distinções recebidas a mais recente foi o Prêmio John Gamgee, a mais alta honraria da Profissão Veterinária, concedido durante o 31º Congresso Mundial de Veterinária (Praga, República Tcheca, setembro de 2013).
Produção pecuária 2 Quinto produtor mundial de leite, o Brasil mostrou crescimento de 2,7% em 2014, atingindo 35,2 bilhões de litros. Deste total, aproximadamente 70,0% corresponde à produção fiscalizada (24,7 bilhões de litros), levantada pela Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE. A região Sul passou a ocupar, em 2014, a primeira posição no ranking das grandes regiões, com 34,7% da produção nacional. Apesar disso, Minas Gerais seguiu como o principal estado produtor, com 9,3 bilhões de litros, o que corresponde a 77,0% de toda a produção da região Sudeste e 26,6% do total nacional. Na segunda colocação aparece o Rio Grande do Sul (13,3% do total nacional e 4,7 bilhões de litros), seguido pelo Paraná (12,9% e 4,5 bilhões de litros). Já o Centro-Oeste participou com 14,5%, sendo Goiás o quarto maior produtor nacional. Em termos municipais, a primeira posição continuou com Castro (PR), com 239,0 milhões de litros.
Produção pecuária 1
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Segundo levantamentos da pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM) 2014, fonte IBGE, após a retração de 0,7% em 2012, o rebanho bovino tem crescimento modesto pelo segundo ano consecutivo (0,3%) em 2014. O efetivo chegou a 212,3 milhões de cabeças, um acréscimo de 569 mil animais em relação a 2013, quando o crescimento havia sido de 0,2%. Com isso, o Brasil manteve-se como segundo colocado no ranking mundial, atrás apenas da Índia. A região Centro-Oeste é a principal produtora, responsável por 33,5% do gado bovino nacional. Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará respondem, juntos, por mais da metade do efetivo nacional (54,0%). É o que mostra a pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM) 2014, fonte IBGE.
Produção pecuária 3 A PPM revela, ainda, que a produção de peixes no Brasil em 2014 cresceu 20,9% em relação ao ano anterior, alcançando 474,3 mil toneladas. A região Norte assumiu a liderança de participação entre as grandes regiões, com 139,1 mil toneladas. Esse crescimento foi impulsionado por Rondônia, que subiu para a primeira posição do ranking, com a despesca (recolhimento de peixes criados em cativeiro) de 75,0 mil toneladas de peixes. Mato Grosso caiu para a segunda posição, com a despesca de 60,9 mil toneladas. Em 2014, a aquicultura esteve presente em todas as 27 unidades da federação e em 2.871 municípios. O valor total da produção foi de 3,87 bilhões de reais, a maior parte (70,2%) oriunda da criação de peixes, seguida pela criação de camarões (20,5%). A criação de codornas também cresceu (11,9%), atingindo 20,3 milhões de cabeças. Com isso, a produção de ovos da espécie foi de 392,7 milhões de dúzias, 14,7% maior que em 2013. A PPM 2014 traz, ainda, informações sobre os rebanhos de bubalinos (búfalos), equinos, suínos, caprinos, ovinos e galináceos, além da aquicultura, para o Brasil, grandes regiões, estados e municípios. Estudo completo está à disposição dos leitores. Ricardo Bergamini ricardobergamini@ricardobergamini.com.br www.ricardobergamini.com.br Animal Business-Brasil_63
Frente Parlamentar debate a simplificação das regras para o Pis e Cofins Produção de mel aumenta 8,8% em 2014 De acordo com a pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM) 2014, fonte IBGE, a quantidade de mel produzido em 2014 foi de 38,47 mil toneladas, aumento de 8,8% em relação ao ano anterior. Após queda brusca da produção em 2012, esse é o segundo ano consecutivo com aumento da produção. A região Sul segue como a principal produtora, com 42,8% da produção nacional. O Rio Grande do Sul, apesar da queda de 17,8% no comparativo com 2013, continuou líder na produção de mel, com 5,99 mil toneladas produzidas.
UNIFESO inaugura Meliponário-Escola O Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO), em Teresópolis, RJ, inaugurou, no Campus Quinta do Paraíso, o Meliponário-Escola. O espaço conta com pasto propício às abelhas nativas sem ferrão e uma pequena reserva florestal que oferece sombra e abrigo, além de uma administração comprometida com o sucesso. A idealizadora do projeto, professora Denise de Mello Bobány, explica que o Meliponário-Escola tem finalidades de ensino, pesquisa e extensão, contemplando o programa de Integração Ensino-Trabalho-Cidadania (IETC). “No ensino é útil tanto na área da produção de produtos apícolas (mel, cera, própolis, entre outros) e melhoramento de legumes, verduras e frutas para consumo humano; na área da Saúde em geral pelo uso medicamentoso desses produtos, e na Biologia e na Ecologia pelos serviços prestados pelas abelhas, como a polinização de plantas diversas”, detalhou a professora Denise. 64_Animal Business-Brasil
A Frente Parlamentar da Bovinocultura do Leite se reuniu para debater a simplificação das regras para o Pis e Cofins com os representantes da Receita Federal do Brasil. A Lei n° 13.137/2015, que simplifica as regras atuais de procedimentos de pagamento e cobrança do PIS e COFINS, trouxe a possiblidade das indústrias e cooperativas de laticínios dedicadas à produção de leite compensarem até 50% do somatório dos créditos presumidos desses tributos. No entanto, essa porcentagem só será aplicada caso os estabelecimentos tenham aderido ao Programa Mais Leite Saudável, do MAPA, regulamentado pelo Decreto 8.533/15, que dispõe sobre crédito relativo à aquisição de leite in natura. Caso não façam parte do Programa, o desconto será de apenas 20%. Entretanto, a pessoa jurídica contemplada com a isenção deve cumprir alguns compromissos como investimentos em projeto de assistência técnica, voltada prioritariamente para a gestão da propriedade, além de atividades que promovam o melhoramento genético e a educação sanitária aos seus produtores no desenvolvimento da qualidade e da produtividade de sua atividade. A soma desses dois tributos (PIS/COFINS) totalizam 9,25% sobre a compra do leite in natura, para obter o máximo desse benefício, as agroindústrias devem destinar pelo menos 5% do recurso recuperado. A Frente Parlamentar ressalta ainda que somente por meio do fomento da atividade e da diminuição do mercado informal, será possível aumentar a produção e a competividade, que terá como consequência, o aumento da arrecadação de impostos por parte da União. O grupo é favorável à medida e acredita que isto vai melhorar a arrecadação tributária com o aumento da produção.
Mapa orienta sobre bem-estar de animais em competições equestres O manual é destinado a todos aqueles que estão envolvidos com cavalos de esporte, trabalho e lazer, pois muitas das orientações são básicas e inespecíficas e podem ser úteis a todos os profissionais, tutores, esportistas, organizadores de evento, transportadores, entre outros.
Ney Messi/Divulgação
O manejo e os cuidados com animais que participam de eventos merecem atenção especial, tanto que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou, recentemente, o Manual de Boas Práticas para o Bem-Estar Animal em Competições Equestres. O guia traz orientações sobre conduta dos esportistas, qualidade das instalações, uso de equipamentos adequados, utilização de substâncias melhoradoras de desempenho (antidoping), métodos de treinamento dos cavalos, regras de transporte e regulamento nas competições. O manual foi elaborado pela Câmara Setorial de Equideocultura, juntamente com a Comissão de Técnica Permanente de Bem-Estar Animal, e tem como objetivo disseminar as melhores práticas, conceitos e orientações a todos aqueles que participam e realizam provas equestres e sobre os cuidados que devem ser tomados com os animais envolvidos.
A melhor Girolando da Expo Alagoinha Gula Millenium Bon Belém, filha do touro Millenium da bateria Leite Tropical da ABS Pecplan, conquistou o título de Grande Campeã da raça Girolando da Expo Alagoinha, na Bahia. A feira acontece anualmente no Parque de Exposição Miguel Santos Fontes e é uma das mais tradicionais da região. Segundo Fernando Rosa, gerente de Produto Leite Tropical da ABS Pecplan, o título comprova a consistência de uma das genéticas mais importantes e populares da história da raça Girolando. "Millenium teve grande influência na raça a partir do momento que liderou o sumário de touros do girolando para capacidade de produção de leite. A qualidade de úbere e produção de leite ainda o colocam como um dos líderes de venda da raça”, destaca o gerente, acrescentando que poucas doses ainda estão disponíveis para venda.
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Antonio Alvarenga (*)
A
despeito do que afirmam alguns pseudo-ambientalistas, o Brasil possui uma das agriculturas mais sustentáveis do planeta. As áreas destinadas à produção agrícola e à pecuária representam menos de um terço do território nacional. No conceito de agricultura sustentável, destaca-se uma tecnologia que combina produção agrícola, florestas plantadas e criação animal, realizadas em uma mesma área. Trata-se da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que pode ser implantada em cultivo consorciado, rotação ou sucessão. Na verdade, não há um modelo único de ILPF. Sua aplicação depende das condições naturais da propriedade rural, em termos de solo, topografia e clima, bem como da infraestrutura de comercialização local, da experiência e do interesse de seu proprietário. Embora seja uma prática antiga, a adoção dos sistemas de integração no Brasil ainda é limitada. No entanto, com o aperfeiçoamento dessa tecnologia,há uma tendência de crescimento, sobretudo na recuperação de áreas de pastagens degradadas. Estima-se que temos cerca de 50 milhões de hectares nessas condições. O sistema tem sido adotado com maior frequência nas regiões Centro-Oeste e Sul. Hoje, aproximadamente dois milhões de hectares utilizam os diferentes formatos de ILPF. A previsão é que, até 2030, a integração seja praticada em pelo menos 20 milhões de hectares. 66_Animal Business-Brasil
Raul Moreira
Integração Lavoura-PecuáriaFloresta: uma opção para as áreas de pastagens degradadas
Atualmente, os sistemas de ILPF que contemplam as espécies agrícolas, pastagem e floresta, conjuntamente, ainda são pouco adotados. Grande parte dos pecuaristas prefere implantar apenas a ILP, deixando o florestamento para uma etapa posterior, tendo em vista as características de longo prazo das florestas plantadas. Além da recuperação das áreas degradadas, as vantagens da integração são as mais diversas, destacando-se o aumento da matéria orgânica no solo, a redução no uso de agroquímicos, a conservação dos recursos hídricos, a promoção da biodiversidade, a melhoria do bem-estar animal, a fixação de carbono, a redução da emissão de gases de efeito estufa, dentre outros. A ILPF constitui uma alternativa econômica e sustentável para diversificar a renda dos produtores, podendo ser adotada em grandes, médias e pequenas propriedades rurais. A ILPF também contribui para a manutenção e a recuperação das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal. A Embrapa desenvolveu tecnologias com diversas possibilidades de combinação entre os componentes pecuário, agrícola e florestal. O programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, incentiva a implantação dos sistemas de ILPF, com linhas de financiamento em condições favoráveis. Vale a pena conferir. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura
Fotos: Cristina Baran
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