Ano 06 - Número 25 - 2016 - R$ 12,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br
SEBRAE
promove o agronegócio no RJ
ONÇAPINTADA é importante preservar
MATO GROSSO
sucesso no agronegócio
Agora tem qualidade com identidade
Em todo o mundo, determinados produtos de qualidade são reconhecidos por sua procedência e originalidade, garantidas por uma certificação de Indicação Geográfica (IG) que, no Brasil, pode ser Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO), registradas pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Cabe a você, consumidor exigente, identificar e buscar produtos com essa marca.
A SNA (Sociedade Nacional de Agricultura) apoia e incentiva esse conceito. Nosso objetivo é promover o valor do agronegócio brasileiro com suas características e origens exclusivas. Prefira produtos com essa marca. Existe uma (IG) de qualidade esperando por você!
(IG) Qualidade com identidade.
uma publicação da:
V
alquíria Ferrarin – Criadora de gado Nelore no norte de Mato Grosso, matéria de capa desta 25ª edição, seguindo a tradição do seu pai, que migrou do Rio Grande do Sul, tornou-se uma das maiores e mais eficientes pecuaristas da região, através do uso de tecnologia avançada, que vem possibilitando altos índices de produtividade. É exemplo a ser seguido por essa unidade da Federação que conta com o maior rebanho bovino do Brasil. Ronaldo de Albuquerque – Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura (fundada em 1897) escreve sobre um assunto de grande atualidade e relevância que é a segurança alimentar no combate à fome. Antonio Bernardes – Pesquisador e divulgador da pecuária nacional, nos fala da origem e da produção do famoso queijo Roquefort, com leite das ovelhas da raça francesa Lacaune. Equipe do Sebrae – Nos dá conta de que o estado do Rio de Janeiro tem grande potencial para o agronegócio e como a região vem se beneficiando da colaboração da Entidade. Edino Camoleze – Coronel Veterinário RR.1 – especialista na região Amazônica e ex-instrutor de Guerra na Selva – escreve bem fundamentado artigo sobre os grandes carnívoros predadores, com destaque para a Onça-Pintada (Panthera onca). Carlos Leal – Psiquiatra e psicanalista, assina interessante matéria para explicar as razões psicológicas da verdadeira “petmania” que nos anos recentes tomou conta do Brasil.
Béth Mélo – Nossa correspondente em São Paulo, escreve excelente matéria – produto de entrevistas com líderes do agronegócio brasileiro, explicando como eles estão conseguindo aumentar a produção e a produtividade e, em consequência, gerar mais lucros. Roberto Arruda de Souza Lima – Engenheiro-agrônomo, professor, PhD da Esalq/Universidade de S.Paulo, nos mostra que apesar do avançado progresso da mecanização agrícola e dos transportes, em geral, os muares ainda têm vez no mundo rural. André Vasconcellos e Alexandre Moretti Jornalistas da Pesagro-Rio – apresentam matéria de muita utilidade sobre uma técnica rápida de diagnosticar a mastite bovina. — Esta é a primeira edição de 2016, o que significa que estamos iniciando o sexto ano de publicação da ANIMAL BUSINESS-BRASIL, produzida pela SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, e que, ao que tudo indica, vem sendo bem-sucedida no propósito de ser uma revista de referência, de consulta, de divulgação de matérias de utilidade para os atuais e futuros empreendedores do agronegócio, bem como para estudantes e seus mestres. E se estamos, realmente, conseguindo alcançar esse objetivo, sem dúvida devemos agradecer aos nossos colaboradores aos quais aproveitamos a oportunidade para desejar tudo de bom em 2016.
Luiz Octavio Pires Leal Editor
Animal Business-Brasil_3
Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:
Octavio Mello Alvarenga
Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Osaná Sócrates de Araújo Almeida Tito Bruno Bandeira Ryff Maurílio Biagi Filho Helio Guedes Sirimarco Francisco José Villela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Luiz Marcus Suplicy Harfers Ronaldo de Albuquerque Sergio Gomes Malta
Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio de Araújo Freitas Júnior Antonio Salazar Pessôa Brandão Fernando Lobo Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Soares Kátia Aguiar Marcio Sette Fortes
CADEIRA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo
Maria Cecília Ladeira de Almeida Maria Helena Martins Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio Roberto Ferreira da Silva Pinto Rony Rodrigues de Oliveira Ruy Barreto Filho Tulio Arvelo Duran
Comissão Fiscal Claudine Bichara de Oliveira Frederico Price Grechi Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otávio Andrade
Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br
Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso
Presidente:
Luíz Carlos Corrêa Carvalho
TITULAR Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Luiz Marcus Suplicy Hafers Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Paulo Manoel Protásio Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Luíz CARLOS CORRÊA CARVALHO Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella MINISTRA Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto Arnaldo Jardim John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen Gustavo Diniz Junqueira Gustavo Diniz Junqueira Eliseu Alves Walter Yukio Horita
Izabella Mônica Vieira Teixeira João Guilherme Ometto
Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Valquíria Ferrarin Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial
É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Edigráfica Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000
Sumário
12 06
15 18
33 28
24
36
26 40
54 52
45
59
48 06 12 15 18 24 26 28 33 36 40 45
64
Inteligentes, disciplinados e rústicos, os muares enfrentam trabalhos duros e de longa duração
65
A ovelha do Roquefort
Gramíneas do gênero Panicum na alimentação de equinos
66
Inovações no processamento melhoram a qualidade dos produtos de origem animal Fertilização In Vitro (FIV) em larga escala
Diagnóstico Rápido da Mastite Bovina
Pecuarista inova na seleção de gado Nelore com ultrassonografia
Parasitismo por Monogenea e seu impacto na piscicultura
Um novo Brasil em Mato Grosso
Pet Business
Ciência e Tecnologia
48 52 54 59 64 65 66
Sebrae-RJ promove agronegócio do Estado
Segurança alimentar em políticas de combate à fome
A Onça-Pintada nas Américas
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Números
Opinião
Animal Business-Brasil_5
Inteligentes, disciplinados e rústicos, os muares enfrentam trabalhos duros e de longa duração Por:
Ana Carolina Vettorazzi –Graduanda e Roberto Arruda de Souza Lima, PhD, Esalq/Usp
Do cruzamento de éguas com asininos (jumentos, jegues ou asnos, dependendo da conotação regional), resultam os muares, híbridos denominados de mulas quando fêmeas ou burros, quando machos.
E
m função de terem suas origens no deserto, ambiente com escassez de alimentos e de água, os jumentos são, por natureza, animais extremamente rústicos, com maior resistência às condições adversas e à fadiga do que os equinos. Os muares, por sua vez, herdam características tanto dos equinos (Equus caballus), quanto dos asininos (Equus asinus), apresentando como principais qualidades a inteligência, a disciplina e a rusticidade. Deste modo, muares e asininos se destacam pela sua alta adaptabilidade a trabalhos rotineiros e de longa duração. Na história do Brasil, desde antes de serem criadas as ferrovias, eram esses dois grupos de animais os responsáveis pelo transporte de cargas e mercadorias, sobretudo na explosão da exploração do ouro em Minas Gerais, no século XIII, quando foi aumentada a necessidade de abastecimento dos povos no interior do país, fazendo surgir, então, o denominado “tropeirismo”.
6_Animal Business-Brasil
A melhor opção Através de estradas, até então precárias, ou por meio de novas rotas, a mula era a melhor opção para aguentar tais viagens, devido a sua rusticidade e maior capacidade de carga no dorso do que o cavalo. No entanto, apesar do seu amplo uso, o único lugar do Brasil onde havia criação desses animais era na região Sul, sendo necessárias longas e cansativas viagens para levar novas tropas ao Sudeste do país.
Valor de quarenta vacas Naquela época, uma mula chegava a valer o preço de quarenta vacas, o que era devido, também, à dificuldade do cruzamento entre éguas e jumentos, sendo estes últimos, normalmente, cobertos pela pele de um potro, a fim de que a monta pudesse ser realizada com êxito. O comércio desses animais, portanto, apresentava alta rentabilidade e era um dos responsáveis por movimentar a economia dessas regiões envolvidas. Com o surgimento das linhas ferroviárias na segunda metade do século XIX, o uso efetivo desses animais como transporte sofreu uma diminuição. Apesar disso, sua importância econômica e social ainda persiste nos dias atuais, seja com trabalhos rurais ou com passeios e esportes.
A maior quantidade está na Bahia Apesar do decréscimo da tropa ao longo dos anos (Figura 1), segundo o IBGE, em 2010, a população efetiva de asininos foi contabilizada em 1,0 milhão de cabeças e a de muares, em
Figura 1. Brasil: Evolução do efetivo de asininos e muares, de 1970 a 2006 Efetivo de animais (cabeças)
1,3 milhão de cabeças, sendo o estado da Bahia o responsável pelo maior efetivo dessas duas espécies animais. Vale destacar também o aumento de 6,2% do efetivo de muares na região Centro-Oeste, também em 2010. A agricultura familiar, a qual representa 84,4% do total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros (IBGE, 2006), majoritariamente se utiliza ou somente da força manual ou também da animal para realização de seus trabalhos, uma vez que a mão de obra pode ser, muitas vezes, limitada, nessa situação.
1.800.000 1.600.000 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 -
1970
1975
1980 Asininos
1985 1995 Muares
2006
Fonte: IBGE (2015)
Solução econômica O uso da tração animal em pequenas propriedades é uma das soluções mais econômicas, devido ao baixo investimento inicial, em comparação com a obtenção de tratores como fontes de potência, e também à maior eficiência de trabalho, em relação ao uso exclusivo da força manual. Além disso, há possibilidade do seu uso independentemente do relevo, seja ele plano ou não. Desta forma, os muares e asininos podem ser utilizados tanto para tração de implementos, quanto para transporte de produtos e montaria. Um exemplo em que há amplo uso desses animais na agricultura é nas propriedades produtoras de cacau (vide Box 1), sobretudo naquelas que utilizam o sistema agroflorestal cacau-cabruca, em que as plantas de cacaueiro são introduzidas no sub-bosque da Mata Atlântica nativa, no estado da Bahia. Assim, torna-se impossível a realização do manejo desta cultura com o uso de maquinários, os quais dificilmente passariam nesses terrenos cheios de empecilhos, e muitas vezes, com subidas e descidas íngremes. A melhor solução para tal situação, então, é a utilização de mulas, burros ou jumentos, animais com características favoráveis a esse ambiente de trabalho.
Em Minas Gerais Em plantios adensados, como o de café em Minas Gerais, ocorre aumento da produtividade, devido à maior quantidade de plantas por hectare. Para tanto, há também a necessidade do uso desses animais como fonte de potência para as atividades rotineiras de manejo do plantio, em função do espaçamento mais estreito entre as plantas, onde tratores não conseguiriam passar. Aliando-se Animal Business-Brasil_7
Uso de muares em propriedade produtora de cacau Um exemplo da importância do uso de muares ocorre na Fazenda Leão de Ouro, em Ilhéus (BA). A propriedade possui 189 ha ocupados com a cultura de cacau e para conduzir a produção conta com 14 muares. Cada animal trabalha 10 horas por dia, intercalando um dia de trabalho com um dia de descanso. Os animais são utilizados em diversas atividades, incluindo buscar cacau quebrado na roça, levar água para adubação foliar, transporte de lenha (para o secador) e de adubo. A vida útil dos muares nessa atividade é de 15 anos.
O valor médio dos animais é de R$ 1.200,00 e apresentam baixos gastos de manutenção. Anualmente, são dispendidos R$ 120,00 com medicamentos (como vacinas, vermífugos e carrapaticidas) por animal e R$ 200,00 com selas e tralhas. São animais alimentados exclusivamente a pasto, com lotação de três animais por hectare, ao custo de R$ 150,000 por lote. O uso de muares deve-se a sua rusticidade e facilidade em caminhar em terreno acidentado. Além do transporte de carga, os animais também são utilizados para montaria, respeitando o bem-estar animal.
o menor gasto de combustíveis às outras tantas vantagens da utilização da tração animal, altos rendimentos de trabalho podem ser obtidos.
sas espécies, embora haja estimativas para os equinos. Um cavalo utilizado em atividades de esporte e lazer gera anualmente 5,3 mil reais de movimentação financeira (Tabela 1).
Passeios turísticos Além dos usos na agricultura, atualmente é crescente a demanda de tais animais para passeios, sobretudo turísticos, e também para a prática de esportes, como as provas de laço e de marcha, competições que movimentam muito dinheiro com a compra e venda de animais e de seus acessórios, as tralhas, e também nas provas de hipismo clássico. Com o aprimoramento genético, hoje em dia podem ser criados muares denominados “de patrão” ou “de elite”, os quais apresentam maior porte e novas qualidades em comparação aos muares comuns, podendo ter seu preço entre trinta a setenta mil reais ou até mais, dependendo do resultado genético. Deste modo, é notável a ampla utilização desses animais, seja como força de trabalho, ou como em modalidades esportivas e lazer, sendo um setor que continua a mover a economia de várias cidades do Brasil. Por tudo que foi exposto nos parágrafos anteriores, presume-se que o valor econômico relacionado à criação e atividades envolvendo asininos e muares seja expressivo. Entretanto, ainda não há levantamento específico para es8_Animal Business-Brasil
Tabela 1. Brasil: Estimativa da movimentação financeira gerada pelos equinos de esporte e lazer Item
Reais por Animal
Gastos administrativos, impostos e taxas
241
Despesas em Eventos
106
Energia e combustível
98
Manutenção - Benfeitorias
59
Alimentação (forragem + concentrado 872 + Supl.) Mão de Obra (própria + terceirizada) c/ encargos
2.068
Medicamentos
213
Limpeza e Higiene
11
CUSTO OPERACIONAL EFETIVO COE
3.669
Manutenção Capital Físico
510
CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT
4.178
Remuneração de Capital
943
Custo de Oportunidade da Terra
189
CUSTO TOTAL - CT
5.309
Fonte: LIMA & CINTRA (2015)
Conservadoramente, pode-se estimar que os asininos e muares representam uma movimentação anual equivalente a R$ 2.000,00 por animal, bem inferior ao valor apresentado referente aos equinos. Isto significa que os 2,3 milhões de asininos e muares representam uma geração de renda (o que equivale ao PIB) de 4,6 bilhões de reais. Isto, repetindo, estimado conservadoramente.
Importância econômica Esta importância econômica é pouco reconhecida no Brasil. O IBGE, por exemplo, que apresenta estatísticas anuais de diversos produtos de origem animal através de sua Pesquisa Pecuária Municipal (Tabela 2), deixou de realizar levantamentos referentes aos asininos e muares desde 2013, alegando, conforme consta em seu site1, “reduzida importância econômica de tais rebanhos no conjunto da pecuária”. Tabela 2. Brasil: Produção de origem animal, por tipo de produto, em 2013. Tipo de produto de origem animal
Mil Reais
Total
41.387.797
Leite
32.417.960
Ovos de galinha
8.302.291
Ovos de codorna
281.411
Mel de abelha
263.195
Casulos do bicho-da-seda
34.818
Lã
88.122
Fonte: IBGE (2015)
Observa-se que há uma crescente e importante atividade econômica no Brasil, representada pelos asininos e muares, ainda pouco explorada do ponto de vista econômico. Trata-se de um mercado que potencialmente pode permanecer gerando bons negócios nos próximos anos, com ou sem crise macroeconômica, no Brasil ou no mundo.
1
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ppm/2013/ default.shtm (acesso em 15/09/2015). Animal Business-Brasil_9
Antonio Edson Bernardes
A ovelha do Roquefort Por:
Antonio Edson Bernardes, produtor
Embora, provavelmente, você não esteja familiarizado com as ovelhas Lacaune, aposto que conhece o produto mais famoso feito com o leite produzido 12_Animal Business-Brasil
pela nobre raça: trata-se do Roquefort ,o queijo azul francês com pedigree, que seduziu governantes desde o tempo dos antigos romanos.
P
línio, Júlio César e o Imperador Carlos Magno estão entre os mais famosos devotos históricos do sabor rico do Roquefort. Em 1411,o rei Carlos VI deu direito sobre o envelhecimento do Roquefort apenas para uma aldeia, denominada Roquefort-sur-Soulzon, situada numa pequena cidade no centro-sul da França cerca de 100 milhas a oeste de Avignon, na Provence.
A raça A raça Lacaune é especializada, tanto na produção de leite, como na de carne e o padrão é o mesmo, apenas a conformação e os critérios de qualidade diferem. Seu perfil é ligeiramente adunco e as orelhas são longas e horizontais. Machos e fêmeas não possuem chifres e sua pele é branca. É uma raça de tamanho médio, porém pesada, sendo que as fêmeas pesam de 70 a 80 kg e os machos de 95 a 110 kg, com altura de cernelha de 70 a 80 cm.
Manejo O Lacaune é adaptado para manejo em pastagens, mas dada à intensificação dos sistemas de produção leiteira, passa parte do ano no aprisco. Seus borregos são amamentados durante cinco semanas, sendo em seguida desmamados, para que o período de ordenha possa começar. O Lacaune é lucrativo principalmente pela produção de leite e seus derivados, mas a produção de cordeiros é também uma importante fonte de renda para os criadores, pois são os primeiros a chegar no mercado, a cada ano, para o abate.
O leite Embora a produção do leite de ovelha seja de importância marginal, em comparação com o leite de vaca, em termos quantitativos (2% do suprimento total mundial), é do maior interesse
Etablissements Gabriel Coulet
Pastores do período neolítico, na condução de seus rebanhos desde as planícies, da costa do Mediterrâneo, trouxeram os ancestrais dos Lacaune para a região, o que ocorreu há cerca de 4.000 a 6.000 anos. Embora pobre de pastagens, assoladas por ventos fortes, a região provou ser adequada para a criação de ovelhas o que convenceu os pastores de que tinham encontrado o local ideal para se instalarem. Em meados do século XIX, os agricultores locais estavam começando a experimentar cruzamentos com os Lacaune e outras raças locais como a larzac, Camarés, Causses e Rodez. Os animais resultantes demonstraram ser os ideais para ocuparem o território acidentado, somando-se ao fato de que produziam um leite saborosíssimo e rico, além de carne com sabor suave e boa cor. O nome desta nobre raça vem da Cidade do Condado, situado no planalto Lacaune, no Tarn. Esta região natal da raça inclui os departamentos de Aveyron e Tarn, bem como as áreas vizinhas (região chamada de “setor Roquefort” ,em referência à área de coleta do leite). A Lacaune angariou prestígio internacional sendo exportada para diversos países, como: Portugal, Espanha, Grécia, Tunísia, Eslováquia, Suíça, Alemanha, Áustria, Hungria e Brasil.
Etablissements Gabriel Coulet
História
Animal Business-Brasil_13
o incremento do consumo deste tipo de leite e seus derivados, visto que são animais amplamente adaptáveis aos mais diversos climas, e encontrados em todos os sistemas de produção. As ovelhas necessitam de menores requisições alimentares em comparação com o gado bovino, devido ao seu tamanho pequeno. Isso permite fácil integração dos pequenos ruminantes aos diversos sistemas de produção pecuária. Tendo pequeno porte, requerem investimento inicial menor. De fato, a grande maioria da produção ovina é mais utilizada para outras finalidades, como fornecimento de carne e lã. Embora o leite de ovelha seja mais rico em nutrientes, em comparando-se com o leite de vaca, raramente é utilizado como bebida láctea, o que considero lamentável. Em geral , é utilizado essencialmente para produção de queijos, iogurtes, queijos frescos, se transformando numa excelente fonte de proteína, cálcio, fósforo e lipídios de alta qualidade, somado ao fato de produzirem um lucro considerável, se bem explorados e divulgados seus benefícios. Há um bom equilíbrio entre os componentes proteicos, de lipídios e de carboidratos.
Seleção genética
Antonio Edson Bernardes
Na raça Lacaune, a seleção genética vem aumentando o rendimento de leite e sua composição, que foi se tornando cada vez mais adequada para a produção de queijo e aumentando a resistência às doenças, com destaque para a mastite.
14_Animal Business-Brasil
A morfologia do úbere é um dos itens importantes levados em consideração no trabalho de seleção.
Bom exemplo No Brasil, especialmente na propriedade da família Basso, em São Miguel do Oeste, Estado de Santa Catarina, Angelo e Jean Pier Basso (pai e filho), zelam por um rebanho de grande valor genético. São detentores, senão do maior, creio que do melhor rebanho de ovelhas Lacaune.
Rusticidade Característica importante desse rebanho é a rusticidade, demonstrada pela facilidade com que se adaptam aos solos brasileiros. Eu mesmo tenho nove raças de ovinos, no sertão nordestino, sendo sete especializadas na produção de carne e duas na produção de leite, todas mantidas em condições iguais. Destaco que, entre as raças leiteiras, a Lacaune foi a que mais se adaptou às condições do semiárido, apresentando boa fertilidade. Para minha surpresa, chegou ao abate com peso acima até mesmo de raças especializadas na produção de carne, e as altas temperaturas não foram empecilho para seu sucesso em ganho de peso. Portanto, não tenho dúvida de que esse animal de duplo propósito, sendo excelente produtor de leite e de carne, pode e deve ser mais explorado por criadores de ovinos, em qualquer parte do nosso imenso País.
Arquivo pessoal de Paulo Moura
Gramíneas do gênero Panicum na alimentação de equinos Por:
Sandra Aparecida Santos e José Comastri Filho - Pesquisadores da Embrapa Pantanal, e Arnildo Pott - Professor visitante da UFMS
O cavalo é um animal herbívoro com estômago simples e capacidade muito reduzida (20%) em relação à capacidade do intestino delgado, onde ocorre a
absorção dos nutrientes nobres da alimentação. No intestino grosso, principalmente no ceco, ocorre a fermentação bacteriana, de modo similar à dos ruminantes. Animal Business-Brasil_15
O
pasto sempre foi o alimento natural dos cavalos. Portanto, a escolha de gramíneas para a formação de pastagens para a espécie é de primordial importância em um sistema de produção de equinos, haja vista que os equinos possuem hábito de pastejo seletivo. A preensão dos alimentos efetua-se com o auxílio dos lábios, língua e dentes incisivos superiores e inferiores. Devido à grande mobilidade dos lábios, eles podem selecionar os alimentos mais palatáveis. O pastejo é rente ao solo, sendo adequadas, preferencialmente, espécies de porte baixo. Portanto, a escolha de espécies forrageiras que apresentem arquitetura do dossel mais condizente com esse hábito de pastejo e que apresentem valor nutritivo adequado às necessidades desses animais contribui para o seu desenvolvimento sadio.
Escolha de forrageiras Idealmente, na implantação de uma pastagem para equinos, deve-se atentar para a escolha de forrageiras estoloníferas de porte baixo, palatáveis, adaptadas a cortes rentes ao solo e às condições locais. Na alimentação de equinos, independentemente da espécie forrageira escolhida para a formação de pastagem, é de suma importância associá-la com outras espécies, devido à sua dieta natural ser composta de espécies variadas.
Destaque Dentre as gramíneas existentes para cultivo, destacam-se as do gênero Panicum. Há cerca de 100 espécies tropicais, sendo que cerca de 30 delas ocorrem no Brasil. No entanto, essa grande disponibilidade de germoplasma restringe-se ao uso de uma única espécie, Panicum maximum Jacq., que vem sendo amplamente cultivada nas diferentes regiões do Brasil. As cultivares mais utilizadas têm sido o Colonião, o Massai, o Tanzânia e o Mombaça (em especial, para sistemas intensivos de criação de bovinos). P. maximum é uma espécie nativa da África e de algumas partes da Ásia, sendo também encontrada vegetando de forma vigorosa em
16_Animal Business-Brasil
todas as regiões tropicais, onde tem status de planta naturalizada. A espécie tem sido muito utilizada para a formação de pastagens para bovinos devido à grande produtividade e valor nutritivo, mas esta é uma espécie exigente em fertilidade do solo. De maneira geral, as espécies do gênero Panicum formam touceiras e muitas são de grande porte. Os cavalos manifestam alta palatabilidade por esta espécie – no entanto, o seu uso exclusivo como pasto para equinos não parece ser adequado, e deve ser feito tomando alguns cuidados e precauções, pois a espécie pode apresentar desbalanço mineral e/ou excesso de carboidratos não estruturais na rebrota. Vários casos de óbito já foram relatados em pastagens exclusivas de P. maximum cvs. Massai, Mombaça e Tanzânia, na região da Amazônia, durante a época chuvosa. Esta etiologia foi associada com altas concentrações de carboidratos não estruturais de fermentação rápida durante brotação na estação chuvosa. Uma das explicações para esta ocorrência altamente preocupante é um aumento desordenado da fermentação no intestino delgado, que induz a produção de gás, ácido lático e endotoxinas, que leva ao aparecimento da cólica.
Cultivares Quanto ao hábito de crescimento e porte, há vários tipos de cultivares como a Aruana, que foi selecionada para ovinos e também pode ser recomendada para equinos; a cultivar Centauro, que apresenta excelente perfilhamento e a cultivar Áries, de porte baixo. Estudos realizados com as cultivares Aruana e Centauro no Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, SP, mostraram que estas foram bem aceitas pelos equinos.
“Cara inchada” Outra situação que chama a atenção e se torna preocupante são os relatos de “cara inchada” quando os animais são apascentados em pastagens exclusivas desta espécie de Panicum, despertando nos criadores certa apreensão no seu uso. Este fato ocorre devido
Os cavalos manifestam alta palatabilidade por esta espécie - no entanto seu uso exclusivo como pasto para equinos não parece ser adequado (risco de desequilíbrio mineral).
ao teor de oxalato desta espécie e cultivares, que apresentam de maneira geral uma relação de cálcio/oxalato de cerca de 0.3/1. Se os cavalos são mantidos em pastejo exclusivo durante um período prolongado (acima de 2 meses), sem suplementação mineral adequada, podem apresentar risco de hiperparatireoidismo nutricional secundário, com redução da densidade óssea e substituição do tecido ósseo por tecido fibroso, caracterizando a osteodistrofia fibrosa – conhecida como “cara inchada”. Para espécies e cultivares de porte alto, também deve-se atentar para o modo de apreensão dos equinos, que puxam o capim pelos lados da boca e, dependendo da continuidade do processo, podem lesionar a comissura labial, o que é conhecido por “boca rasgada”, caracterizada pelo aumento da fenda bucal.
Invasoras Algumas espécies forrageiras de Panicum podem comportar-se como invasoras, como é o caso de Panicum repens L. e Panicum di-
chotomiflorum Michx. P.repens, conhecida no meio rural como grama Castela. É uma espécie perene e uliginosa, adaptada a terras úmidas, originária da Europa, mas já naturalizada no Brasil. Esta espécie, atualmente, vem se comportando como invasora em algumas áreas úmidas de cultura, canais de drenagem e em piquetes com certo grau de umidade. É também conhecida como grama ou capim-torpedo, por apresentar fortes rizomas subterrâneos que aumentam sua agressividade, tornando-a uma invasora de difícil erradicação.
Pantanal No Pantanal, ela foi introduzida e plantada por produtores na borda dos bebedouros e de baías para contenção da erosão provocada pelo pisoteio dos animais no momento da dessedentação. Devido à sua palatabilidade, esta espécie é muito procurada e consumida por bovinos e equinos, que ajudam na disseminação das sementes na região do Pantanal. Porém, deve-se ter cuidado com a alta disseminação desta espécie devido ao seu hábito de estabelecimento agressivo, que está favorecendo o domínio nas bordas dos corpos d’água e áreas de baixada, substituindo as espécies de gramíneas nativas de porte mais baixo e de melhor qualidade. A P. dichotomiflorum é nativa das Américas e adaptada às áreas úmidas como o Pantanal, onde geralmente é consumida junto com outras espécies forrageiras.
Precauções Enfim, o gênero Panicum pode ser usado como pastagem para equinos com devidas precauções, de preferência integrado com outras espécies, como grama-estrela (Cynodon nlemfuensis), coast-cross (Cynodon dactylon (L.) pers.), Pasto Negro (Paspalum plicatulum Michx.), Rhodes (Chloris gayana Kunth), entre outras. Em caso de problemas digestivos ou de “cara inchada” (e sempre que possível), coloque os cavalos em pastagens nativas de qualidade, respeitando a capacidade de suporte de cada piquete.
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Inovações no processamento melhoram a qualidade dos produtos de origem animal Por:
Béth Mélo, jornalista
Pesquisa de instituições e da indústria conseguem aumentar a produção e a produtividade, além de atender às expectativas do consumidor
C
arnes, peixes e leite processados fornecem proteínas de origem animal de alto valor biológico e agregam conveniência, aspecto muito importante para o consumidor moderno que tem pouco tempo disponível para o preparo dos alimentos. Em relação à facilidade de preparo, vale destacar produtos cárneos tradicionais, tais como linguiça, hambúrguer, salsicha, mortadela, presunto e queijos, entre outros.
rótulos limpos, sem aditivos com denominações de químicos que ele desconhece. “A percepção de que o alimento é seguro para consumo, tanto sob o aspecto microbiológico como toxicológico (resíduos de drogas veterinárias, entre outros contaminantes), é de grande importância.” O pesquisador científico José Ricardo Gonçavel, também do CTC, acrescenta que os consumidores atuais também buscam produtos saudáveis e de sabor agradável. “Os orgânicos, naturais, produtos locais e de rótulos limpos, elaborados com carnes provenientes de animais que não sofreram maus tratos, se destacam no segmento.”
Produtos diferenciados de pescado
Segundo Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, pesquisadora científica e diretora técnica do Centro de Tecnologia de Carnes (CTC), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), além da praticidade, os consumidores estão cada vez mais interessados na forma de produção do animal e no manejo pré-abate. “O bem-estar animal é um requisito. A alimentação recebida e as drogas veterinárias utilizadas também preocupam o consumidor”, afirma.
No processamento de pescado, a pesquisadora Thaís Moron Machado, da Unidade Laboratorial de Referência em Tecnologia do Pescado (ULRTP), do Instituto de Pesca – Santos (órgão de pesquisa vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA/SAA), destaca as tecnologias para manter a qualidade e agregar valor ao produto. “Temos no mercado produtos diferenciados à base de pescado, como filés com molhos, lasanhas e defumados”, comenta a pesquisadora. Entre as principais tendências no processamento de pescado, Thaís cita redução dos teores de gordura, açúcar e sódio, substituição de aditivos por ingredientes naturais, uso de embalagens inteligentes e recicláveis e produtos prontos para consumo.
Alimento seguro
Leite de qualidade
Em relação aos produtos, Ana Lúcia diz que o consumidor busca aqueles que apresentam
Cristiano Araújo, gerente de Tecnologia Industrial da Foss (empresa que produz fer-
Bem-estar animal
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André Casagrande
Técnica de embutidos sem tripa.
ramentas para detecção de adulterantes no leite e na carne), destaca a exigência dos consumidores de lácteos e cárneos em relação à qualidade. “Uma tendência mundial, também observada no Brasil, é o crescente interesse pelo conteúdo de rótulos e descritivos dos produtos, assim como marcas que pratiquem as boas práticas de fabricação e garantam a procedência de suas matérias-primas e a qualidade em todo o processo de industrialização”, observa. De acordo com Araújo, a exigência dos consumidores e o atual cenário de mercado, em virtude da acirrada concorrência frente ao poder de escolha do consumidor moderno, tem gerado um importante questionamento dentro das empresas: Como produzir mais e melhor, mantendo os custos de produção baixos, de forma a entregar produtos de qualidade e com preço competitivo? Entre os exemplos, ele cita os recentes escândalos de adulteração do leite. “No caso do leite, além das perdas financeiras, soma-se o prejuízo de valor da marca, uma vez que os consumidores tendem a não mais
consumir produtos de empresas ligadas de alguma forma aos casos de adulteração. Esse prejuízo pode demorar anos até ser superado e jogar fora todo o investimento em marketing e propaganda”, enfatiza.
Controle da qualidade das matérias-primas O executivo afirma que as empresas precisam ter capacidade analítica, de controle de processos e de matérias-primas, para atender as exigências dos consumidores e estar alinhada com as tendências, de forma precisa e lucrativa. “Investimentos em tecnologia e qualificação de mão de obra são as únicas formas de atender a essa demanda". Os equipamentos estão acompanhando a evolução do mercado e proporcionam eficiência na produção. Segundo Gonçavel, a indústria busca o aumento da produtividade e a competitividade. “As máquinas adequadas permitem a obtenção de produtos consistentes e otimizam a utilização das diferentes matérias-primas dispoAnimal Business-Brasil_19
Divulgação ULRTP
A indústria de equipamentos apresenta inúmeras inovações tecnológicas que ajudam a produzir mais, melhor e a um custo menor.
Defumados.
níveis para processamento. A automação reduz a mão de obra”, avalia. São muitas as novidades em novos equipamentos e processos produtivos. “A gama é imensa, pois as diferentes categorias de produtos cárneos têm requisitos específicos. Inclui injetoras, massageadores, misturadores, embutideiras, formadoras, emulsificadores, estufas de cocção, fornos e congeladores, disponíveis com grande evolução”, cita Ana Lúcia que também aponta a evolução dos equipamentos para embalagem e dos filmes.
Emprego de altas pressões “No processamento, a tendência é o cozimento e a pós-pasteurização a altas pressões, pois contribuem para a segurança e conferem qualidade sensorial diferenciada aos produtos cárneos”, acrescenta Gonçavel. De acordo com o pesquisador, as inovações em tecnologia, processamento e embalagens viabilizam a obtenção de produtos mais convenientes para consumo, com a qualidade sensorial preservada e realçada, bem como mais seguros. “Até mesmo perdas podem ser reduzidas e, como exemplo,
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podemos citar as embalagens individualizadas de produtos congelados". De acordo com Araújo, da Foss, a indústria de equipamentos apresenta inúmeras inovações tecnológicas que ajudam a produzir mais, melhor e a um custo menor. Hoje, diz, é possível ter processos totalmente automatizados, com controles de qualidade e controles analíticos que garantem a padronização da produção. Um exemplo é a própria indústria da carne. “Hoje é possível analisar, em tempo real, dentro das linhas de produção dos frigoríficos, se a produção está atendendo à formulação de determinado produto.” “Com equipamentos analisadores por infravermelho (NIRs), por exemplo, o operador pode saber, em 45 segundos, sobre características de umidade, teor de gordura, proteína, colágeno, sal, carboidratos, açúcares, água, entre outros parâmetros, do produto que está sendo preparado e corrigir problemas dentro do processo, de forma a garantir a qualidade, sem margens de erro, proporcionando maior produtividade e lucratividade para a indústria, mas, principalmente, garantindo que as demandas e exigências dos consumidores sejam atendidas continuamente”, cita Araújo.
A grande novidade
Interação com a indústria
A grande novidade, segundo o executivo, é a migração das análises laboratoriais para análises diretamente no processo, que permite reduzir significativamente a variação no processo, trazendo as metas internas de produção cada vez mais próximas das especificações. “A tendência de trazer as análises para dentro do processo industrial tem sido responsável pelo ganho de competitividade de grandes empresas e pela alta qualidade dos produtos”, ilustra Araújo.
O Ital atua muito próximo do setor produtivo, realizando pesquisas aplicadas. Esse relacionamento também propicia a interação com fornecedores de equipamentos e insumos em geral, que subsidiam o órgão com informações relevantes sobre o desempenho de seus produtos. “O Ital tem um papel relevante na difusão de tecnologias e inovações no processamento, pois interage com os fornecedores de insumos para a indústria frigorífica em seus projetos. Também possibilita a divulgação das inovações por meio de apresentações em seminários e demonstrações práticas em workshops específicos realizados em planta piloto, nos quais fornecedores e profissionais do setor frigorífico e pesquisadores interagem”, ilustra Ana Lúcia. Outra forma de multiplicação das tecnologias e inovações é a Plataforma de Inovação, um observatório de tendências, que elabora documentos em parceria com pesquisadores das diferentes áreas do Instituto, completa Gonçavel.
Os maiores desafios Na opinião da pesquisadora do Ital, os maiores desafios para o desenvolvimento de produtos inovadores no segmento de carnes no Brasil estão no âmbito regulatório. “Novos ingredientes e novos processos requerem a avaliação dos órgãos reguladores e isso exige, muitas vezes, a comprovação do desempenho mediante estudos específicos que mostrem os efeitos no produto e garantam a segurança do consumidor”, argumenta.
A legislação precisa ser revista Ana Lúcia acrescenta que a legislação brasileira é antiga e precisa ser urgentemente revista para que as inovações, especialmente em ingredientes, possam ser implementadas de maneira mais rápida, acompanhando as tendências mundiais, como redução de gordura e sódio, entre outras. “O desafio do processamento de pescado é desenvolver e utilizar tecnologias já existentes, que prolonguem o período de vida útil dos produtos, que agradem pela qualidade sensorial, que proporcionem facilidade de preparo e tenham preço acessível”, salienta Thaís do Instituto de Pesca. Para Araújo, da Foss, o desafio maior da indústria é conseguir desenvolver um produto que esteja alinhado ao gosto do consumidor e que contemple os traços da cultura gastronômica brasileira. “Com a disseminação de conhecimento sobre alimentação, nutrição e qualidade, o consumidor está cada vez mais exigente em relação aos produtos que sejam menos prejudiciais, com menos teor de gordura e sódio, principalmente. A origem da matéria-prima também é importante, além disso, hoje, a marca tem grande influência na decisão do consumidor”, analisa.
Desenvolvimento da cadeia produtiva do pescado A ULRTP, do Instituto de Pesca - Santos, atua no desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do pescado, dentro do contexto da segurança alimentar. “Entre as iniciativas, estão o melhor aproveitamento do pescado através de processos tecnológicos e o investimento no controle de qualidade para minimizar as perdas que ocorrem na cadeia produtiva desse agronegócio”, observa Thaís. O laboratório utiliza várias tecnologias tradicionais, ainda não totalmente sedimentadas na cadeia produtiva do pescado no Brasil, como congelamento; salga; secagem; defumação; conservas; fermentados; aproveitamento de resíduos para silagem, alimentação animal ou como fertilizante; além de ovas para a produção de sucedâneo de caviar, ovas de ouriço do mar e elaboração de Carne Mecanicamente Separada (CMS). De acordo com Thaís, a pesquisa com a CMS tem como objetivo estimular o consumo de pescado. Nesse sentido, são desenvolvidos, entre outros, produtos à base de CMS como blocos congelados, empanados, embutidos, além de
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algas marinhas na melhoria da textura de produtos, biscoitos e sopa desidratada. A pesquisadora do Instituto de Pesca afirma que a CMS é uma das alternativas tecnológicas para melhor aproveitamento do pescado. “Resulta em um produto cárneo obtido mecanicamente, de sabor suave, sem vísceras, escamas, ossos e pele, o que permitem o consumo de forma prática e segura, principalmente, por crianças e idosos”, explica.
Novidades em produtos e serviços O mercado de processamento de proteínas de origem animal tem várias novidades em produtos e serviços. São inovações como embutideira que dispensa o uso de tripas, máquina para raspagem da gordura e recuperação da carne de aves, suínos, bovinos e peixes, equipamentos para analisar parâmetros da carne e leite e testes de DNA que ajudam no combate à fraude em alimentos e garantem a autenticidade de produtos cárneos e lácteos. Lançamento recente, MilkoScan™ Mars (Foss), é uma ferramenta de detecção de adulterantes no leite para pequenos e médios laticínios e postos de recebimento. “Trata-se de uma alternativa em relação aos métodos analíticos tradicionais e analisa até seis parâmetros de qualidade, a partir de uma única amostra, e baseia-se na mesma tecnologia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), mas foi projetado de uma forma mais acessível, simples e econômica”, garante Cristiano Araújo, gerente de Tecnologia Industrial da empresa. Na Foss tem também o FoodScan™ Analyzer, que analisa em 45 segundos alguns parâmetros da carne, como proteína, umidade, gordura, colágeno e sal.
Lançamento mundial Lançamento mundial, apresentado este ano, durante a Tecnocarne, em São Paulo, a Trimmer Série III é a terceira geração da máquina raspadora de carne e gordura, da Bettcher do Brasil, nas versões elétrica e pneumática. Segundo Tarcísio Barbosa, gerente de Vendas da empresa, o equipamento aumenta o rendimento do corte com precisão e oferece melhor ergonomia. “Além de segurança, simplifica a tarefa e evita o retrabalho da peça”, completa. 22_Animal Business-Brasil
Com a disseminação do conhecimento sobre alimentação, nutrição e qualidade, o consumidor está cada vez mais exigente.
A máquina é destinada ao abate em grande escala e pode ser utilizada no processamento de bovinos, suínos, peixes e aves, na recuperação de carne da carcaça, raspagem e diminuição da gordura de vários cortes, retirada da medula e outras operações. “Nas aves, realiza desossa e recupera carne da carcaça e do dorso; nos suínos, faz o beneficiamento do pernil, paleta e barriga; nos bovinos, proporciona alto rendimento no abate e na desossa, melhorado os cortes; nos peixes grandes (salmão), elimina o sangue e realiza a filetagem”, especifica Barbosa. Outro produto, também apresentado durante a Tecnocarne, o Sistema ConPro, da Handtmann, destina ao embutimento de linguiças, salames pequenos e salsichas. “Trata-se de uma tecnologia inédita de embutidos, que dispensa o uso de tripas, o que também torna ideal para produtos kosher e halal”, explica Claudecir Bevilaqua, da área técnica da empresa. O sistema é uma novidade na linha FS 510, de formadores para produtos sem pele, com aplicação também para pet foods, sem a necessidade de tripa. “Na verdade, são duas embutideiras, uma com carne e outra com algenato (produto 100% natural, à base de algas marinhas), que se transforma em um invólucro rígido através da têmpera na solução de fixação”, explica. Ele acrescenta que a nova tecnologia fica mais em conta que uma tripa normal (à base de colágeno, celulose ou tripa suína e de carneiro).
Teste de DNA Outra inovação é o teste de DNA, para identificar se há substâncias adulterantes e genética de espécies diferentes das anunciadas na embalagem de pescados, produtos cárneos e lácteos. Segundo Mariana Bertelli, Diretora de Novos Negócios da startup mineira Myleus Biotecnologia, o teste é importante para toda a cadeia produtiva e pode ser realizado por quem compra, e quer ter a certeza de que o produto adquirido apresenta o conteúdo anunciado, e por quem vende, e quer oferecer garantia em relação à entrega. Ela explica que o consumidor pode, por exemplo, comprar uma peça de bacalhau e levar outra espécie de peixe menos nobre para casa. “O mesmo vale para os queijos de leite de búfala e de cabra, que são alvos de adulteração
e podem apresentar grande percentual de leite de vaca”, diz. Atendendo a uma demanda da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, a empresa realizou, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), testes para verificar se a muçarela de búfala comercializada no mercado era feita com 100% do leite da espécie. Com base no resultado das análises, foi criado o Selo de Pureza 100% búfalo para qualificar os fornecedores. A Myleus está finalizando um teste, também em parceria com a UFMG, com carne bovina processada (hambúrguer, nuggets, embutidos e congelados) para verificar se a carne utilizada é mesmo de boi. “A fase é de validação, junto com grandes indústrias, e, até o fim do ano, deverá estar disponível para o mercado”, antecipa.
André Casagrande
Tecnologia de embutidos sem tripa.
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Fertilização in vitro (FIV) em larga escala Por:
Médico Veterinário MSc. Rodolfo Bilachi Prado
A população brasileira e mundial cresce com rapidez e a necessidade de produção de proteína animal é cada vez mais verdadeira. O Brasil possui, com certeza, características favoráveis à produção de carne e leite. A pecuária moderna se torna cada vez mais dinâmica, fator esse que torna o mercado mais competitivo. Além de competitivo, os preços da arroba da carne e do litro de leite estão atraentes para os criatórios que procuram produzir um produto final de boa qualidade.
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osso país é um celeiro de biotecnologias da reprodução. Estamos acompanhando hoje o crescimento maciço da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) que alavancou o crescimento da Inseminação Artificial (IA) no Brasil. A IATF trouxe objetivos que facilitam a execução da IA, como eliminação da necessidade de observação de cios, grande número de fêmeas inseminadas no mesmo dia, escolha da época da estação de monta e nascimento dos bezerros, redução do intervalo entre partos, padronização de lotes, facilidade na comercialização de animais, prevenção de algumas doenças da reprodução, dentre outras facilidades e vantagens dentro de cada manejo de cada rebanho.
Inseminação Artificial em Tempo Fixo Devido a essas e outras vantagens, a IATF cresce de forma contínua, trazendo benefícios aos criadores na prática do melhoramento ge24_Animal Business-Brasil
nético. Porém, a IATF, como toda biotecnologia, se bem utilizada, permite a disseminação de genética superior através do sêmen congelado de reprodutores provados dentro de cada raça, sumário ou característica desejável. Assim, a carga genética disseminada, vem do lado do macho, melhorando a cada geração os animais presentes no rebanho.
Fertilização in vitro Desde 2000, a Fertilização in vitro (FIV) existe comercialmente no Brasil. Se iniciando de forma acanhada em vacas que não produziam mais embriões através da superovulação ovariana (SOV), ganhou de forma rápida seu espaço e cresce muito nos rebanhos brasileiros. Hoje, o Brasil é o maior produtor de embriões in vitro do mundo. Isso se deve a vários fatores como a presença dos melhores pesquisadores na área, empreendedorismo de profissionais capacitados em reprodução bovina, solo, clima tropical, pastagens e nutrição abundantes e um rebanho composto por grande parte de animais zebuínos ou mestiços de zebuínos que se adaptaram muito bem a técnica, devido a detalhes de fisiologia, adaptação e rusticidade que esse tipo de gado possui. Atualmente, o gado de elite é o maior usuário da FIV, sempre com o objetivo de melhorar e apurar os animais. Cada criador e fazenda têm seus próprios objetivos finais, como ganhar exposições, rankings, produzir touros, produzir matrizes para reposição, enfim, praticar o melhoramento genético utilizando não somente o sêmen congelado de reprodutores provados, como na IATF, mas também os oócitos (óvulos imaturos) de suas melhores vacas, disseminando assim ge-
nes tanto do macho quanto das principais fêmeas do rebanho. Isso permite uma aceleração do melhoramento genético, antecipando gerações e atingindo o objetivo ou a necessidade de cada rebanho de forma mais rápida do que a IATF. “A FIV tem outras vantagens com relação à IATF, como a utilização do sêmen sexado de macho ou fêmea (escolha do sexo do bezerro dentro do seu sistema de produção), que o resultado com esse produto na IATF ainda não é satisfatório, uso de sêmen de alto valor econômico ou agregado (é inviável utilizar sêmen de alto valor na IATF em larga escala) e economia de sêmen (dependendo da qualidade do sêmen, pode-se com uma dose produzir em média até 100 a 150 embriões)”, comenta o Diretor Proprietário do laboratório FertVitro, Dr. Halim Atique Netto. Com todas essas vantagens a FIV cresce e já atua em alguns sistemas de produção, tanto de gado de corte como de leite em larga escala comercial, em grandes volumes, é o que chamamos de Transferência de Embriões em Tempo Fixo (TETF). Com a melhoria da técnica, aumento de profissionais capacitados e ajustes de custos, a técnica se tornou acessível aos rebanhos comerciais.
substituídos por animais que obedeçam aos requisitos mínimos para se tornarem uma receptora de embrião, principalmente com relação à habilidade materna e facilidade ao parto.
Carne e leite de qualidade Com o sucesso da técnica, teremos de forma rápida carne e leite de melhor qualidade, que afinal é o que sustenta a pecuária. “O consumidor está cada vez mais exigente, quer comer carne e beber leite de qualidade”, ressalta Dr. Halim Atique Netto.
Bom manejo Agropecuárias que estão acostumadas com o manejo de início e finalização de protocolo hormonal das fêmeas, separação de lotes e manejo sanitário (vacinações e exames), ações essas já estipuladas para que se faça um bom manejo de IATF, pode muito bem começar a trabalhar com a FIV. A modificação mais observada é que ao invés de inseminar os animais logo após o término do cio, nove dias após o cio é transferido o embrião, esse produzido em laboratório. “Hoje é muito comum algum criador nos procurar para o desenvolvimento de grandes projetos de TETF”, comenta o Diretor Comercial da FertVitro, Rodolfo Bilachi Prado.
Embriões produzidos in vitro.
Seleção das fêmeas As fêmeas, agora chamadas de receptoras (barrigas de aluguel), nesse sistema em larga escala, devem passar por uma seleção rigorosa realizada pelos profissionais envolvidos com a técnica. Os animais que não servirem para receptoras, devem ser colocados com touros ou
Vacas Nelore utilizadas como receptoras de embriões. Fazenda Malanda – Brasnorte – MT. Animal Business-Brasil_25
Diagnóstico Rápido da Mastite Bovina Por:
André Vasconcellos e Alexandre Moretti, jornalistas da Pesagro-Rio
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A pecuária leiteira é, dentre os setores econômicos da produção animal, a atividade que mais fixa e mantém o homem na terra, contribuindo para a sobrevivência e o desenvolvimento social. A produção de leite é um empreendimento que gera renda, agrega tecnologia e desenvolve o meio rural.
o Estado do Rio de Janeiro, 62% das propriedades rurais pertencem a pequenos produtores, que produzem menos de 50 litros de leite/dia, mas têm poucas possibilidades de realizar investimentos em suas terras, uma vez que operam com retornos muito reduzidos para permitir a capitalização de suas unidades de produção.
Sanidade Em relação à sanidade animal, uma das principais doenças que acometem os bovinos leiteiros é a Mastite: inflamação da glândula mamária, geralmente causada pela infecção por diversos tipos de micro-organismos, sendo as bactérias os principais agentes. Os impactos econômicos surgem através da queda na produção leiteira, perda na qualidade do leite, descarte de leite, maior custo de produção, descarte prematuro de vacas por perda de um ou mais quartos mamários, e até morte do animal.
Coleta de leite para análise no laboratório do centro de pesquisa da PesagroRio, realizada em uma das propriedades visitadas.
Pesagro-Rio
Pesquisa
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Em projeto de pesquisa financiado pela FAPERJ, a área de Biotecnologia do Centro Estadual de Pesquisa em Sanidade Animal Geraldo Manhães Carneiro, da Pesagro-Rio, coordenada pela pesquisadora Maíra Halfen Teixeira Liberal, vem avaliando tecnologias disponíveis no mercado brasileiro, desenvolvidas para o rápido diagnóstico e controle da mastite de origem bacteriana. A introdução dessas tecnologias, pelo produtor rural nas práticas de manejo rotineiras poderá diminuir as perdas econômicas causadas pela Mastite, bem como contribuir para a saúde animal e a segurança dos alimentos.
O teste Somaticell permite a leitura quantitativa e rápida das células somáticas para diagnóstico de mastite.
Com a colaboração da médica-veterinária Clarissa Varajão Cardoso, pós-graduanda, e da bióloga Eunice Ventura Barbosa, bolsista do Projeto, foram analisadas vacas em lactação de propriedades rurais de base familiar, localizadas nas regiões Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Noroeste do estado. O diagnóstico rápido da mastite é realizado com o kit Somaticell, que é um teste para Contagem de Células Somáticas (CCS) no leite. A interpretação dos resultados é feita através da escala numérica no próprio tubo, de forma quantitativa: até 200.000 cs, o leite está em perfeitas condições para consumo; acima de 400.000 cs, fica constatada a mastite. Segundo a Instrução Normativa nº 62, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), prevê-se que, até 2016, os produtores se adaptem ao número máximo de 400 mil cs por mililitro. “Isso é um problema, porque detectamos, através dos testes, que o leite produzido na maioria das propriedades visitadas ultrapassa esse número de células somáticas”, alerta Clarissa Varajão. Através do kit, pode-se detectar rapidamente a quantidade de cs do leite, permitindo que o produtor se adapte, de maneira eficaz, à nova regulamentação.
Pesagro-Rio
Kit Somaticell
O método rápido de diagnóstico da mastite permite o descarte do leite contaminado antes de ser colocado no latão e enviado para a mistura no tanque de expansão, evitando a distribuição para a cooperativa.
“A implantação de métodos rápidos e acessíveis ao produtor para uso ao pé da vaca, visando ao diagnóstico de mastite subclínica, contribui para a melhora da qualidade do leite, pela possibilidade de ser feito o descarte do produto contaminado antes dele ser colocado no latão e enviado para a mistura no tanque de expansão, evitando-se, assim, que seja distribuído para a cooperativa. Com isso, as vacas com mastite subclínica podem ser separadas preventivamente do restante do rebanho para tratamento específico, diminuindo-se a infecção cruzada entre animais, muitas vezes provocada pelo próprio ordenhador e pelos utensílios de uso comum contaminados”, explicou a pesquisadora Maíra Liberal.
Pesagro-Rio
Melhora da qualidade
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Pecuarista inova na
seleção de gado Nelore com ultrassonografia Por:
Danyella Ferreira – Comunicação, Associação dos Criadores de Nelore do Brasil - (ACNB)
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Nelore do Brasil - ACNB
Lote de animais Nelore durante avaliação in vivo no frigorifico
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Lote com trinta e seis animais Nelore mostra o potencial da raça em abate técnico no Frigoestrela, localizado na cidade de Estrela D’ Oeste (SP) Com foco em carne de qualidade, o pecuarista Nelson João Bertipaglia Junior e seu pai, Nelson João Bertipaglia, iniciaram um projeto pioneiro há três anos, para mostrar o potencial da raça Nelore no Brasil. O projeto teve início na Fazenda Taperi, localizada na cidade de Brasilândia (MS), com 36 animais selecionados para a produção de carne de qualidade, com seleção por ultrassonografia e criação a pasto.
Objetivo O objetivo do projeto é buscar na raça Nelore a produtividade, precocidade e qualidade de carne, com um produto diferenciado, para um mercado mais selecionado, produzindo carne marmorizada. Para isso, todas as matrizes da fazenda passaram por seleção com ultrassonografia, visando o marmoreio como característica desejada. Essas matrizes foram acasaladas com touros, que também passaram pelo mesmo critério de seleção.
Avaliações por ultrassonografia As avaliações por ultrassom tiveram início desde a desmama dos trinta e seis animais, todos em condições de pastagem e terminação de oitenta dias em confinamento. Após este
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Equipe técnica durante o abate
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processo todos mostraram, novamente por ultrassom, potencial para marmoreio, e assim o projeto teve andamento. Para o Presidente da ACNB, Pedro Gustavo de Britto Novis, "esta é mais uma mostra da versatilidade da raça Nelore e sua capacidade de atender à demanda de diferentes mercados”.
Primeiro abate técnico O primeiro abate técnico do projeto, que utiliza ultrassonografia como critério de seleção, foi realizado no final do mês de abril, no Frigoestrela, em Estrela D’ Oeste (SP). No total, foram abatidos 36 animais, sendo 10 fêmeas e 26 machos da raça Nelore, todos com idade entre 24 e 25 meses, média de peso entre 17 e 20@, todos com acabamento de carcaça mediano ou uniforme apresentaram carne marmorizada, após a desossa. O projeto inaugura a seleção por ultrassonografia. O pecuarista Nelson João Bertipaglia Ju-
Nelore do Brasil - ACNB
O abate mostrou que o Nelore é capaz de ser rentável, produtivo, de alto rendimento de carcaça e com bom acabamento num bom equilíbrio de marmoreio.
Carne com marmoreio após a desossa
nior já tem mais dois lotes selecionados para serem abatidos nos próximos anos. De acordo com ele: “o abate nos mostrou que o Nelore é capaz de ser rentável, produtivo, de alto rendimento de carcaça, com bom acabamento, num bom equilíbrio de marmoreio, criado dentro das condições prevalentes no território nacional.Este é um projeto piloto e estamos preparando mais lotes de animais para os próximos testes, buscando a evolução do trabalho e também da raça”.
Colaboradores O trabalho do pecuarista contou com a colaboração da DGT Brasil (empresa responsável pela ultrassonografia da carcaça dos animais) e Beef&Veal (empresa que busca o aperfeiçoamento da qualidade da carne). O abate técnico contou com o envolvimento de toda a cadeia produtiva com a presença do produtor, técnicos, indústria, Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) e do varejo.
Dados do abate Sexo
Animais
Média Peso (@)
Castrados
Média de Acabamento
Média de Idade
Machos
26
19,83 @
56.30%
Mediano
24 meses
Fêmeas
10
17,28 @
54.20%
Uniforme
24 meses
Total
36
-
-
-
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Nelson João Bertipaglia e Nelson João Bertipaglia Junior, proprietários da Fazenda
Bastou definir um critério de seleção de algumas características desejadas pelos consumidoresneste caso o marmoreio da carne - que o resultado apareceu. Seleção da carcaça funciona Segundo Liliane Suguisawa, diretora técnica da DGT Brasil: “Todos os animais foram escolhidos pelo equilíbrio em musculosidade, acabamento e marmoreio no ultrassom DGT, em 2012. O melhor resultado da Fazenda Taperi não é a bonificação que todos sonham. É poder ter cem por cento dos animais de vinte e quatro a vinte e cinco meses terminados com alto rendimento em um manejo tradicional do Mato Grosso do Sul. É simplesmente deixar de ‘seguir a boiada’, provando ao mundo que a seleção de carcaça também funciona”.
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Para Roberto Barcellos, consultor e diretor da Beef&Veal: “o que mais me chamou a atenção foi o peso final dos animais e o excelente rendimento de carcaça. Fiquei muito impressionado com a musculosidade e acabamento dos animais. Ao longo dos anos a nossa empresa identificou algumas carências na cadeia produtiva e iniciou diversas ações com objetivo de aproximar o produtor do consumidor final, e é isso que buscamos hoje com o Nelore”.
Trabalho sério “Hoje estamos diante de uma quebra de paradigma, pois vimos o resultado na primeira geração de seleção. Bastou definir um critério de seleção de algumas características desejadas pelos consumidores, neste caso o marmoreio da carne, que o resultado apareceu. Trabalho sério que merece ter seu resultado comemorado”, completa Barcellos.
Parasitismo por Monogenea e seu impacto na piscicultura Por:
MSc. Aline Braga Moreno - Mestre em Ciências Veterinárias pela UFRRJ - LAPSA IOC/ FIOCRUZ e Dra. Patricia Barizon Cepeda - Doutora em Ciências Veterinárias pela UFRRJ.
C
aracterísticas ambientais e econômicas, como a presença de ampla área cultivável marinha e continental, clima favorável e grande mercado interno, tornam o Brasil um país de importância para o desenvolvimento da aquicultura e pesca. A aquicultura é um dos segmentos que mais cresce no mundo e esta tendência tem sido observada no Brasil. É considerada uma atividade de grande importância, pois colabora para a redução da pressão de pesca sobre estoques naturais, além de contribuir para o aumento do fornecimento de pescado no mercado nacional. De acordo com dados do Boletim Estatístico da
Claudiane Brainher
Nas últimas décadas, temos acompanhado um constante crescimento na produção mundial de pescado, sendo este representado tanto pela aquicultura quanto pela pesca extrativista marinha. Tanto no Brasil como em outros países, o aumento na procura pelo pescado se deve, dentre outros fatores, ao reconhecimento dos benefícios para saúde relacionados ao seu consumo e, mais recentemente, ao crescente interesse na culinária oriental.
Msc. Aline Braga Moreno (Observação dos parasitos no microscópio estereoscópico)
Pesca e Aquicultura, publicado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura em 2011, a produção aquícola brasileira cresceu 15% entre 2009 e 2010, sendo a piscicultura a atividade que mais contribuiu para este crescimento, representando 87% da produção aquícola brasileira, gerando lucros e empregos diretos e indiretos. Animal Business-Brasil_33
Kuhnia scombri (Monogenea parasito de peixes marinhos)
Sucesso O sucesso na produção de peixes em cultivo está diretamente relacionada à aplicação correta de técnicas de manejo dos animais e do ambiente de cultivo. Como observado em qualquer atividade de produção animal, o confinamento dos peixes gera estresse e predispõe ao aparecimento de doenças, que em ambiente natural teriam pouca expressão e, dentre estas doenças, podemos observar a ocorrência das parasitoses.
Parasitos Os peixes podem ser parasitados por diversos grupos de parasitos, incluindo protozoários, myxozoários, crustáceos e helmintos. Dentre as espécies de helmintos que comumente parasitam peixes, encontram-se espécies de ecto e endoparasitos, pertencentes aos grupos taxonômicos Monogenea, Digenea, Cestoda, Nematoda e Acanthocephala. Quando em desequilíbrio, a ocorrência destes parasitos pode causar prejuízos relevantes à piscicultura, afetando a saúde dos animais, reduzindo a eficiência de assimilação de nutrientes, ganho de peso e crescimento e tornando-os mais susceptíveis às infecções por agentes oportunistas, como fungos e bactérias. A presença dos parasitos pode ainda, em alguns casos, causar mau aspecto aos peixes parasitados, reduzindo seu valor de mercado e levando a condenações por meio da inspeção sanitária. 34_Animal Business-Brasil
Parasitismo por helmintos da Classe Monogenea Monogenea representa uma Classe do Filo Platyhelminthes, que também inclui representantes das Classes Cestoda e Trematoda. Não são nocivos ao homem, mas causam doenças relevantes em peixes de cultivo. São parasitos de corpo alongado e achatado, apresentando na extremidade posterior do corpo estruturas de fixação que podem ser ganchos, âncoras, discos com septos, ventosas ou ainda estruturas denominadas clamps (estruturas semelhantes a grampos). São hermafroditas (possuindo orgãos reprodutores de ambos os sexos no mesmo indivíduo), medindo aproximadamente 400 a 800 µm de comprimento. Localizam-se, preferencialmente, nas brânquias e superfície corporal, porém podem ainda ser encontrados na bexiga urinária e natatória, esôfago, estômago e cavidade visceral de peixes e outros animais como anfíbios, invertebrados marinhos, tartarugas e mamíferos, como hipopótamos. O parasitismo por Monogenea representa um importante problema em peixes cultivados no Brasil, também sendo relatado em países como o Japão, Austrália, México, África do Sul, Peru, dentre outros.
Ciclo de vida O ciclo de vida destes parasitos é simples e direto, envolvendo somente um hospedeiro (ciclo monoxeno). Em sua maioria, monogeneas são ovíparos, com alguns grupos como gyro-
dactilídeos sendo vivíparos. Os adultos, fixos no hospedeiro, produzem ovos e quando estes eclodem, é liberada uma larva denominada oncomiracídio. Esta larva representa a forma infectante, dando origem aos parasitos adultos e assim completando o ciclo. O número de ovos produzidos é variável, sendo estes liberados diretamente na água ou ainda no hospedeiro. Vários fatores ambientais e biológicos influenciam a eclosão de ovos de Monogenea, tais como temperatura, fotoperíodo e produtos de excreção do hospedeiro. Por possuírem em sua estrutura filamentos terminando em ganchos, os ovos destes parasitos facilitam a formação de uma massa de ovos, que ao flutuar sobre a coluna de água, aumentam a possibilidade de contato com o hospedeiro. A reprodução direta, com ausência de hospedeiros intermediários, faz com que as populações de Monogenea possam se multiplicar rapidamente, atingindo assim números elevados por hospedeiro.
Patogenia da infecção A patogenia está relacionada ao modo como o parasito utiliza as estruturas de fixação no corpo ou brânquias do hospedeiro, gerando lesões. O quadro clínico da infecção se mostra variável, estando diretamente relacionada à espécie do parasito e sua localização no hospedeiro, sendo nos peixes a localização preferencial nas brânquias, narinas, olhos e superfície corporal. No caso de intenso parasitismo, observa-se a ocorrência de anorexia (interrupção da alimentação), anemia, aumento na secreção de muco, hemorragias cutâneas e branquiais, alteração dos filamentos branquiais e emagrecimento do animal. Em alguns casos, pode ainda ocorrer escurecimento do animal, lesões oculares, exoftalmia e cegueira. Observa-se que a presença dos monogeneas além de dificultar as trocas gasosas pelo hospedeiro, pode causar alterações comportamentais, nas quais os animais passam a ter locomoção errática. Este comportamento leva ao surgimento de lesões, com ocorrência de infecções secundárias por fungos e bactérias, podendo levar o animal à morte. Quando os parasitos estão fixos no tegumento dos peixes, geralmente não há lesões de gravidade acentuada.
Diagnóstico O diagnóstico do parasitismo por Monogenea pode ser efetuado através da visualização direta dos parasitos coletados nas brânquias, através da raspagem e observação em microscópios estereoscópicos e ópticos. A identificação e classificação taxonômica da espécie do parasito é feita principalmente com base na observação do tipo de órgão de adesão que possui.
Prevenção e tratamento Há na literatura o relato de diversas substâncias que vêm sendo testadas em laboratório e algumas utilizadas no tratamento de monogeneas de peixes de cultivo, tais como a formalina, o cloreto de sódio, o permanganato de potássio, produtos alternativos como extrato de alho, plantas medicinais, controle biológico, entre outras. A decisão sobre qual substância ou método será mais adequado ao tratamento deve levar em consideração diversos fatores como a espécie de peixe cultivada, o tipo de cultivo empregado e sua finalidade, a viabilidade econômica do tratamento, a via de administração a ser utilizada, além da avaliação dos danos aos animais tratados, ao meio ambiente e à saúde humana. Portanto, somente um profissional habilitado poderá prescrever qual o tratamento mais indicado e a forma como será realizado. Como existem dificuldades para o tratamento das enfermidades parasitárias, recomenda-se a adoção de medidas profiláticas a fim de se previnir problemas maiores. Dentre as medidas profiláticas, que previnem não só o parasitismo por monogeneas, mas também outras parasitoses, podemos citar os cuidados na introdução de peixes novos na criação, uma vez que podem contribuir com a transferência e manutenção do parasitismo, trocas periódicas de redes de cultivo e limpeza de tanques, retirada de animais doentes, utilização de técnicas corretas de manejo, boas instalações, manutenção adequada, controle da qualidade da água e cuidados veterinários.
"Cavalinha" (Scomber colias)
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Um novo Brasil em Mato Grosso
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A região Norte do Estado do Mato Grosso tem tido destaque na mídia nos últimos anos em razão do sucesso do Agronegócio, estando entre as poucas que
registrarão crescimento no PIB para o ano de 2015. É um “Novo Brasil”, que prospera à custa de muito trabalho e perseverança de seus habitantes. Animal Business-Brasil_37
O
estado conta hoje com o maior rebanho bovino do Brasil e é o maior produtor de grãos do país. O fenômeno de produtividade se deve, além do trabalho árduo, ao uso intensivo de novas tecnologias. Desenvolveram-se com o passar dos anos, cultivares no caso das lavouras, e raças no caso da pecuária, que pudessem expressar o máximo em produtividade nas condições mato-grossenses e, dentre estas raças, destaca-se o Nelore.
Raça preferida A raça Nelore é a preferida pelos criadores no Brasil. Perfeitamente adaptada ao nosso clima e sistema de manejo de cria, recria e engorda a pasto e assim produzindo carne natural, um segmento importante da nossa economia que chamou a atenção e provocou interesse na agropecuarista Valquíria Ferrarin, filha de produtor rural, cuja família sempre teve ligação com o agronegócio. O pai Darcy Getúlio Ferrarin é um visionário, tem uma bela história no campo. Filho de pequeno produtor rural, e oriundo de Liberato Salzano no Rio Grande do Sul, sempre teve vocação para o agronegócio. Deslocou-se para o estado de Mato Grosso, buscando expandir seus negócios, em uma região próspera, onde o clima e a topografia são propícios para a atividade agrícola e a produção de alimentos, associado à maior extensão territorial das fazendas.
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Aprimoramento genético Valquíria esteve à frente da pecuária da DGF no setor de aprimoramento genético por cinco anos, onde adquiriu experiência e paixão pela raça Nelore. Hoje como agropecuarista, tem um projeto de carreira-solo, a VF Agro, na Fazenda São Jorge, localizada no município de Feliz Natal – MT, onde está transferindo e implementando o seu projeto, voltado diretamente para a integração de lavoura-pecuária, com animais PO e Elite. Até esta implementação terminar, irá manter o vínculo com os negócios do pai, na propriedade Santa Maria da Amazônia, situada no município de Sorriso – MT, onde ficam os animais PO e Elite da DGF e os exemplares da VF Agro, bem como o projeto de pecuária extensiva.
Organização e diversificação Propriedade organizada, bem diversificada, com gestão profissionalizada e equipe competente, a empresa possui todas as condições de prover um bom manejo nutricional, sanitário e reprodutivo, contando com nutricionista, zootecnistas, engenheiros agrônomos, veterinários especialistas em reprodução assistida, baseada na técnica de fertilização in vitro, produzindo em média 300 animais por ano. A DGF e a VF Agro entendem que, hoje, os grupos têm o papel fundamental de prover boa genética para uma região acostumada com tecnologia de ponta, por isso, o desafio é grande.
Tecnologia moderna Focadas nessa realidade, as empresas se utilizam das ferramentas mais modernas de avaliação genética como o PMGZ da ABCZ e genômica como o Clarifide da Zoetis, aliadas ao rigoroso processo de seleção feito pelo seu corpo técnico para os mais diversos critérios raciais e produtivos.
Bicampeonato Todos esses esforços levaram a DGF no ano de 2015 à conquista do bicampeonato nas categorias Melhor Criador e Melhor Expositor do Estado do MT. Dessa forma, a VF Agro irá se espelhar em sua nova caminhada, e com seus animais terá a oferecer o que há de mais moderno em termos de genética.
Veterinário Dr . Benedito, fazendo inseminação
Integração lavoura-pecuária Outra importante vertente da VF Agro e um de seus grandes diferenciais será a integração lavoura-pecuária, onde irá consorciar as atividades de agricultura e pecuária de forma planejada, trazendo benefícios para ambas, possibilitando que o solo seja explorado economicamente e praticamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de fibras e de carne. A DGF já é um modelo em integração lavoura-pecuária com 900 hectares implantados e pro-
vendo dias de campo, para trazer mais adeptos a esta prática na região. O município de Sorriso conta com quase 800.000 hectares de plantio, chegando a quase 1.500.000 hectares. Se considerada a safrinha, é o município de maior produção de grãos do mundo. A maior parte destas áreas permanece improdutiva no período póscolheita, se pelo menos 10% desta área praticasse a integração, seriam 80.000 hectares de pastagem a mais só no município de Sorriso.
Um grande desafio Para Valquíria o agronegócio é um grande desafio e os produtores e criadores precisam trabalhar com organização e profissionalismo para enfrentarem as dificuldades e se manterem na atividade. Destaca ainda ter como meta, produzir alimentos de forma sustentável e carne macia e de qualidade, com animais precoces. Na próxima década, a demanda mundial de carnes crescerá mais de 23% e espera-se que este aumento seja atendido principalmente pelo Brasil. “A nossa oportunidade será grande e teremos que trilhar o caminho da profissionalização para aproveitá-la”, observa a criadora. Animal Business-Brasil_39
A psicanálise da petmania Movimentando bilhões de reais por ano, e em franco crescimento, a atividade econômica que envolve os animais de companhia e estimação no Brasil, ocupa o segundo lugar no mundo, só perdendo para os Estados Unidos e equiparando-se à do Reino Unido. A cada dia mais clínicas veterinárias e pet-shops são inaugurados em todo o País. E também novos produtos de beleza e farmacêuticos são lançados no mercado pelos grandes laboratórios multinacionais e nacionais. O artigo a seguir é uma contribuição para explicar as razões psicológicas dessa “petmania”. - Durmam bem! Se precisarem durante a noite, é só chamar a mamãe. Deu um beijo em cada um, fechou a porta do canil e foi para a sua casa ao lado. 40_Animal Business-Brasil
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Carlos Pires Leal, psicanalista e psiquiatra.
Freud, o pai da psicanálise, amava os cães
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Homens e cães, amigos constantes e fiéis há séculos, vêm estreitando os vínculos. Ao lado de outros animais como gatos, aves, serpentes, iguanas, roedores, peixes, dissemina-se pelo mundo a convivência íntima e cotidiana com animais num fenômeno por vezes denominado petmania. O crescimento vertiginoso do consumo de serviços e produtos relacionados aos pets atesta a explosão do interesse em ter a companhia de um pequeno animal na intimidade do lar. Vende-se de tudo para os donos dos pequenos animais: de alimentos dos mais simples aos mais sofisticados, joias desenhadas especialmente para os pets, brinquedos, etc. Promovem-se festas suntuosas, oferecem-se vagas em hotéis especializados, fabricam-se roupas de grife para os animais além de disponibilizar-se uma incalculável gama de serviços, dos mais conhecidos como banho, tosa, hidratação, embelezamento, exames laboratoriais e de imagens, cirurgias cada vez mais especializadas, adestramento, passeio, aos mais insólitos como sites para a formação de casais, a partir de perfil físico e psicológico do animal.
Necessidade? Como podemos compreender este interesse - seria mais correto chamar de necessidade? – Inflado pela companhia dos animais? Que motivações conscientes e inconscientes o movem? Haveria uma fronteira entre o interesse sensato e o descomedimento em relação à convivência com os animais? Que contribuição a Psicanálise pode oferecer para ajudar a esclarecer a questão? Antes, vejamos a origem e os significados da palavra pet e um pouco da história da presença dos animais na vida das pessoas ao longo do tempo.
Origem No inglês britânico, a palavra 'pet' pode ser usada para se referir de modo carinhoso a um amigo ou amiga. Ao que tudo indica, a palavra surgiu por volta do final do século 14 na Escócia e norte da Inglaterra com o sentido de 'animal domado'. Há registros de que em 1530 a palavra já era usada no sentido de 'animal favorito' [animal de estimação]. Acredita-se que 'pet' tem sua origem ligada à palavra 'petty', que era usada em 1393 com o sentido de 'small' [pequeno].
'Petty' vem do francês 'petit', que se originou do latim vulgar 'pittinus'. E 'pittinus' se juntou com o radical 'pikk' e deu a nós, falantes de português, a palavra 'pequeno'. Podemos nos referir ao animal de estimação dizendo: 'pet dog', 'pet cat', 'pet rabbit', 'pet hamster', etc. 'Donos de animais de estimação' são chamados de 'pet owners'. E tem o 'pet shop' onde você pode comprar 'pet food'. Outros usos no inglês britânico: você pode ouvir alguém dizendo “what’s wrong, pet?” [qual o problema, meu amigo?]. Dependendo da situação 'pet' terá o sentido de 'protegido': "teacher’s pet" significaria o queridinho do professor. Pet pode ser verbo. Um dos sentidos é o de 'afagar', 'acariciar'. Por exemplo, quando você passa a mão em um gatinho ou em um cachorrinho você pode então estar 'pet the dog' [acariciar o cachorro]. E o outro sentido, mais comum no inglês americano, é o de 'dar uns pegas', 'dar uns malhos', 'dar uns amassos'; por exemplo, 'I saw them petting in the bedroom' [eu os vi se pegando no quarto].
Homens & pets Pode parecer exagero, mas os pets foram importantes protagonistas de diversos momentos na história da humanidade: Péritas, um cão, salvou Alexandre O Grande de ser esmagado por um elefante. Biche foi uma cadela que deflagrou uma guerra entre a França e a Rússia. Urian, o querido cão de Ana Bolena, foi decapitado junto com ela. Richard Wagner inspirou-se nos seus cães Peps e Fips para compor algumas de suas óperas. Estas e outras histórias incríveis podem ser encontradas no livro 100 Cães que Mudaram a Civilização (Ed. Prumo, 2009). O cinema, o teatro e a literatura estão repletos de exemplos de pessoas que não dispensavam uma relação próxima e cheia de carinho com seus animais de estimação. Por vezes são eles as personagens principais no cinema. Quem não se lembra da Lassie (além dos filmes, ganhou um seriado que durou 20 anos!), do bagunceiro Marley (Marley e Eu), do São Bernardo Beethoven, dos Dalmatas (101 Dálmatas), do Pastor Alemão Rin-Tin-Tin (protagonizou vários filmes e séries a partir da década de 20) e do inesquecível vira lata Scraps que comoveu a todos ao lado de Charles Chaplin (Vida de Cachorro, 1918)? Animal Business-Brasil_41
Freud O criador da Psicanálise Sigmund Freud comprou em 1920 um pastor da Alsácia ao qual deu o nome de Lobo. Sua intenção era que ele protegesse sua filha Anna nos passeios pelas ruas de Viena. Só tardiamente (com mais de 70 anos), ele se deixou encantar pelo Chow Chow vermelho que ganhou de presente. Chamou-o Jofi (quando este morreu, Freud comprou um segundo exemplar da mesma raça, que recebeu o nome Lun). O cão se tornou seu companheiro no final da vida, como se pode testemunhar através dos documentários exibidos no Museu Freud da Inglaterra. Muitas vezes os animais frequentavam a sala do consultório - o que fez com que uma de suas pacientes (a famosa poeta Margareth Doolittle) comentasse que por vezes Freud parecia mais interessado no seu Jofi do que em suas histórias.
Elizabeth II A Rainha Elizabeth II já apareceu em fotografias acompanhada de seus corgis (Pembroke Welsh Corgi, praticamente os cães oficiais da monarquia inglesa desde 1930); Ticiano pintou o imperador Carlos V com um Mastife, tido como um símbolo de poder; Velasquez invariavelmente pintava os habsburgos espanhóis rodeados por seus cães. Como vemos, a petmania não é inaugurada pela cultura contemporânea. Mas com ela tomou feições peculiares. É o que veremos a seguir.
Encantamento O que faz com que os pets encantem de forma tão intensa tantas pessoas? O que as faz ficar tão intimamente ligadas – por vezes dependentes – dos seus animais de estimação? A cultura atual, impessoalizada e desumanizante, favoreceria a busca pela companhia dos pets? A Psicanálise pode nos ajudar a compreender melhor as razões e sentidos atribuídos à interação com os animais de estimação. Freud acreditava que nesta interação haveria algo como um amor purificado (“pure love relationship”). Sendo incondicional, ele atende a necessidades vitais e primitivas do homem. Tudo o que o animal espera do seu dono é ser bem tratado, o que se traduz pela oferta de alimentação, proteção e carinho. Não faço aqui distinções mais elaboradas entre amor 42_Animal Business-Brasil
e afeto - para alguns autores ou escolas, o primeiro só seria possível entre os seres humanos. O vínculo afetivo com os pets oferece ao homem a oportunidade de exercer a atividade de cuidar - o que reedita experiências humanas remotas. Na aurora da nossa vida, dependemos radicalmente de alguém que cuidasse de nós e dele dependemos de forma absoluta. Esta experiência – com suas qualidades e tropeços - fica registrada indelevelmente na nossa “história emocional”. A possibilidade de reeditá-la, atribuindo a ela novos significados (inclusive aos desencontros dolorosos com aqueles que um dia cuidaram de nós), pode ser ensejada através da relação com os animais de estimação. O sentimento de solidão tão comum nos dias de hoje é mitigado pela presença de um pequeno animal por perto. A garantia de que ele estará sempre com você – e aguardará pelo seu retorno quando você se afastar - contrasta com as incertezas inescapáveis, inerentes às relações entre humanos. Uma iguana (ou às vezes um gato) evidentemente não reagirá da mesma forma que um cachorro a um reencontro, mas aqui o que vale é a certeza de que a expectativa de encontrar um ente vivo na sua sala nunca será frustrada.
Dependência Seu pet jamais se tornará um adulto! Pelo menos no sentido de que ele sempre dependerá de você. E sempre se comportará reativamente, regido pelo afeto (que não é necessariamente sinônimo de carinho, mas de descarga afetiva tanto de carinho quanto de raiva). Isto poderá atender às necessidades infantis do seu proprietário, mesmo quando ele ocupa oficialmente o lugar daquele que cuida. O que é importante é que uma relação assimétrica e verticalizada sempre prevalecerá. E isto é reassegurador para muitas pessoas. Como ocorre com a história de qualquer vínculo, as relações entre os pets e os humanos são vividas de insondáveis – por vezes enigmáticas - maneiras. Neste artigo, priorizei uma forma específica de relacionamento – a petmania – produto da cultura contemporânea. Convém, no entanto, tomar um certo cuidado com as simplificações e generalizações quando está em jogo o comportamento. Seja humano ou animal.
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Charles Chaplin comumente incluía cães nos seus filmes
Seu pet e você A epígrafe desta matéria ilustra um certo tipo de expectativa e necessidade humana a respeito da relação com o animal de estimação. Em outras palavras, exemplifica o lugar onde a pessoa precisa situar o pet na sua vida emocional. Ali, a pessoa trata seus animais como se fossem filhos. Ao que parece o “como se” não existe. A pessoa trata efetivamente seus animais como crianças. Não estamos aqui no campo das analogias, mas das equiparações: o pet é colocado no lugar de um filho humano. O que significa isto? Sem fazermos juízos de valor (o que é melhor ou pior, certo ou errado, saudável ou patológico), há diferenças essenciais entre a relação entre humanos e entre estes e os animais. Assim como as relações entre os animais têm características singulares. Nas fábulas infantis, os animais têm características humanas: falam, pensam, dialogam entre si e com as pessoas. Assim funciona o psiquismo infantil: não há diferenças entre gente e bicho: sonho e imaginação situam-se a uma estreita distância da realidade. Por vezes se confundem. Nas fobias infantis, os animais encarnam os mais terrificantes perigos produzidos pelas fantasias no alvorecer da existência. É a forma – não tendo adquirido os recursos de um psiquismo adulto - como lidam com fantasias inconscientes e ameaçadoras das quais não podem se afastar fisicamente (dos animais que temem, podem tentar evitar o contato).
Interação O pet tanto pode ser colocado no lugar de uma pessoa, substituindo-a maciçamente, quanto pode estabelecer com ela interações
sensíveis e enriquecedoras. Exemplos deste último caso são encontrados em projetos que inserem animais em ambientes hospitalares, melhorando a recuperação e o bem-estar dos pacientes, até modalidades terapêuticas que usam os animais na recuperação de dificuldades emocionais - como ocorre com certos tratamentos de crianças autistas ou com graus diversos de deficiência mental. No caso do pet substituir maciçamente a interação com outra pessoa, entramos em outro território. A mídia noticia com alguma frequência situações de pessoas que vivem isoladas (mas não necessariamente), na companhia de dezenas de animais, gerando por vezes problemas de higiene e mal-estar entre os vizinhos. Estas situações extremas indicam dificuldades emocionais razoavelmente intensas. Não há uma fronteira nítida entre os polos extremos de uma interação carinhosa com o animal, reconhecido como tal, e o uso do pet (nem sempre reconhecido como tal) para o alívio e salvamento de um sofrimento emocional intenso e potencialmente disruptivo. Vale assinalar que em certas relações pais-filho, este último é tratado vida afora como se fosse um pet. Se ele vai ser capaz de se insubordinar a esta expectativa, dependerá de cada um.
Impacto O impacto que algumas características da cultura contemporânea geram sobre o bem-estar e a subjetividade das pessoas pode nos ajudar a compreender a relação dos pets com alguns dos seus proprietários. Os profissionais de Saúde Mental vêm detectando há anos o fenômeno, por vezes atribuindo a ele a emergência das assim denominadas “novas patologias da Animal Business-Brasil_43
atualidade, novos sofrimentos da alma ou novos mal-estares da contemporaneidade”. Entre outras, algumas das características da cultura contemporânea que induzem ou facilitam o surgimento de sofrimento emocional são: a derrocada do lugar de autoridade, o esmorecimento de ideais coletivos, o culto ao corpo e à imagem (vide a disseminação das selfies), a sensação de fracasso e culpa diante da falha em corresponder a ideais de saúde e beleza inalcançáveis, a sofreguidão por realizar de forma imediata os desejos (a perspectiva da espera é intolerável) e o culto ao hedonismo desbragado. Estas peculiaridades vêm produzindo sujeitos vazios, solitários, angustiados, deprimidos, com gravíssimas dificuldades na sua identidade.
Vínculo
Martine Savard
O vínculo entre pessoas e animais pode, nestas circunstâncias culturais, transformar-se em uma tábua de salvação para a subjetividade dos indivíduos sofrentes, ajudando-os a ali-
viar a angústia que pode tornar-se enormemente ameaçadora. Como vimos, a proximidade com os animais reedita experiências emocionais primitivas semelhantes àquelas vividas no início da vida: ser cuidado/cuidar, devoção incondicional ao outro, não retaliação, contenção da angústia que brota de dentro do psiquismo e ameaça o indivíduo de desintegração emocional. Quem não tem cão, caça com gato...ou com aves, ou serpentes, ou iguanas, ou roedores ou peixes. Mas convém pensar que bicho é bicho, e gente é gente. É verdade que atitudes de certas pessoas não vale o terno lambido de um cachorro, ou a fofura do enroscar de um gato nas pernas. Mas cuidado com as generalizações. Descobrir uma pessoa encantadora depende também das virtudes daquele que a busca. E da esperança de encontrá-la. Se as relações humanas são mais complexas (e incertas), é verdade também que é somente delas que brotará a arte, o amor em sua plena extensão, o diálogo, o bom sexo e....a fertilidade da qual emergirão as gerações futuras.
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Lopes Cavalcante
Extratos vegetais melhoram a qualidade e vida de produtos cárneos, revela estudo Em estudo de mestrado realizado por Camila de Souza Paglarini na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em Campinas (SP), ficou comprovado que extratos de uva, chá verde, mate e alecrim mostraram um importante desempenho antioxidante em alimentos cárneos, como hambúrguer bovino (foto), suíno e de frango: conseguiram inibir (até 60 dias) mais de 80% da oxidação lipídica, reação química que diminui o tempo de vida e o valor nutritivo dos produtos. A pesquisadora estudou esses quatro extratos comerciais por ser uma tendência atual a reformulação de produtos cárneos com a adição de compostos naturais, pela sua capacidade antioxidante. Com o estudo, Camila, que é engenheira de alimentos, obteve o título de mestre em Tecnologia de Alimentos na Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP.
Criador de Minas Gerais desenvolve raça bovina leiteira Denominada Simgir, a nova raça é uma conquista do criador Sérgio Vieira Attie, proprietário da Fazenda Vertente Grande, localizada em Uberlândia, em Minas Gerais, e resulta de cruzamento entre animais das raças Simental e Gir, originárias, respectivamente, da Suíça e da Índia. Os primeiros animais obtidos (15 em julho de 2015) nasceram saudáveis e padronizadas na cor vermelha e mancha branca na cara. Segundo o criador, o cruzamento de matrizes e reprodutores das duas raças permite obter animais rústicos, econômicos e de alta produção leiteira e faz parte de um projeto da Fazenda Vertente Grande que visa desenvolver um rebanho de animais Simgir que produza até 25% a mais de leite por dia. Outro objetivo do projeto é obter do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o reconhecimento oficial da marca Simgir como raça para que possa ser criada em todo o país.
Fazenda Vertente Grande
Divulgação
Por: Adeildo
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Thomas May
Apicultura: UNIFESO inaugura Meliponário-Escola
www.cnpdia.embrapa.br
Ao analizarem pequenas partes de proteína (peptídeos) do soro de leite, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificaram um componente com potencial de minimizar os efeitos adversos da hipertensão, uma das doenças que mais afetam a população brasileira. Testes in vitro indicaram vasodilatação nas artérias das cobaias entre 80% a 100%. “Esse resultado é um indício bastante promissor da capacidade anti-hipertensiva de peptídeos do soro de leite (subproduto da fabricação de queijos e derivados), com efeito bastante similar ao obtido com medicamentos”, afirma o professor José Eduardo da Silva Santos, do Laboratório de Farmacologia Cardiovascular da UFSC, responsável pela realização das análises de atividade biológica.
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UNIFESO
Pesquisa: componente de soro de leite pode contribuir para controle da hipertensão
O Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO), em Teresópolis, inaugurou em junho, no Campus Quinta do Paraíso, o Meliponário-Escola. O espaço conta com pasto propício às abelhas nativas sem ferrão e uma pequena reserva florestal que oferece sombra e abrigo, além de uma administração comprometida com o sucesso. A idealizadora do projeto, professora Denise de Mello Bobány, explica que o Meliponário-Escola tem finalidades de ensino, pesquisa e extensão, contemplando o programa de Integração Ensino-Trabalho-Cidadania. E descreve as utilidades do estabelecimento: “No ensino é útil tanto na área da produção de produtos apícolas (mel, cera, própolis, entre outros) como na de melhoramento de legumes, verduras e frutas para consumo humano; na área da Saúde em geral pelo uso medicamentoso desses produtos; e na Biologia e na Ecologia pelos serviços prestados pelas abelhas, como a polinização de plantas diversas”.
EMBRAPA desenvolve aparelho que detecta prenhez em equinos e bovinos com rapidez e precisão A EMBRAPA, empresa oficial encarregada da pesquisa agropecuária no país, desenvolveu, através dos núcleos Instrumentação e Pecuária Sudeste, um aparelho de ultrassom que, pelo toque transretal, detecta a prenhez com 100% de acerto em éguas e vacas, respectivamente, com 22 e 35 dias após a cobertura. No método tradicional, o resultado só é possível após 60 dias, por meio de apalpação manual. O aparelho é semelhante ao detector de prenhez para caprinos e ovinos, também desenvolvido pela EMBRAPA. Os dois estão sendo comercializados pela Microem, empresa localizada no município de Ribeirão Preto, em São Paulo.
Empresa desenvolve e constrói aviário modelo para frangos de corte
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Especializada na concepção e instalação de unidades de criação (aviários) de frangos de corte, a empresa AveGroup, localizada em Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná, desenvolveu e construiu, naquele município, uma dessas instalações para servir como modelo tecnológico, comercial e de estudos técnicos a profissionais do ramo de avicultura dos 25 municípios da região de Campo Mourão (composta de 25 municípios). A grande vantagem do modelo, de acordo com a empresa, é que ele apresenta um custo de produção e manutenção inferior entre 30 a 40% ao do aviário tradicional. Essa economia, segundo ela, resulta das inovações introduzidas na instalação, destacando-se: sistema de aquecimento a gás GLP, o qual dispensa o uso de motores elétricos (reduzindo o custo de energia do aviário); comedouro automático de regulagem coletiva com acesso dos pintos à ração (gerando maior ganho de peso nos primeiros dias dos animais); e sistema de energia a diesel com minigerador emergencial à gasolina, evitando qualquer risco do aviário ficar sem energia.
A grande novidade em apicultura é uma caixa de criação de abelhas feita de EPS (mais conhecido como isopor), desenvolvida pela empresa Termotécnica com a orientação da Confederação Brasileira de Apicultura e apoio de pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (Paraná). Batizada de MaisMel, ela apresenta diferenças em comparação à caixa tradicional (feita de madeira), destacando-se: design, isolamento térmico e peso (que facilita o transporte da caixa). A instalação mantém uma melhor estabilidade térmica em seu interior; isso gera conforto e reduz o stress das abelhas, que não precisam se movimentar em excesso ou consumir parte do mel estocado. Assim, elas ficam mais saudáveis e ampliam a produção do mel. No estudo, a caixa de EPS chegou a produzir duas vezes mais mel do que a caixa de madeira com fibroamianto e três vezes do que a com cobertura de telha PET.
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Termotécnica inova e fabrica caixa de abelhas com isopor
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Sebrae-RJ promove agronegรณcio do Estado 48_Animal Business-Brasil
Sebrae-RJ
Com grande potencial para o agronegócio, o estado do Rio de Janeiro se beneficia de projetos desenvolvidos pelo Sebrae/RJ para aumentar a competitividade e a sustentabilidade técnica e econômica dos empreendimentos.
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linhado com a missão de promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas fluminenses, o Sebrae/RJ apoia o agronegócio por meio de projetos coletivos e atendimentos individuais aos empresários/produtores rurais das cadeias produtivas das atividades pecuárias, como por exemplo: bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, ovinocultura, aquicultura e apicultura. As iniciativas são direcionadas para melhoria dos processos produtivos e qualificação tecnológica e gerencial dos produtores rurais, de forma a agregar valor aos produtos, visando aumentar a competitividade empresarial. Para isso, o Sebrae firma parcerias com Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Federação da Agricultura e Pesca do Estado do Rio de Janeiro, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária e Secretaria de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca do Estado do Rio de Janeiro, entre outras.
Áreas de atuação O Sebrae/RJ oferece soluções para fortalecimento do associativismo, acesso a crédito e ao mercado, inovação tecnológica e implantação de boas práticas. A gestão profissional da propriedade permite reduzir custos, aumentar a produtividade, melhorar as vendas e identificar novas oportunidades de negócio. Animal Business-Brasil_49
Associativismo
Acesso a crédito e ao mercado O Sebrae/RJ atua como interlocutor, estabelece parcerias com instituições financeiras e auxilia o empreendedor na tomada de decisão, avaliando por meio de consultoria especializada se o momento é propício para a tomada do crédito. Além disso, ajuda na elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira, necessários para avaliar a capacidade de pagamento das empresas que buscam essas linhas de crédito. No entanto, é função dos bancos decidirem ou não pela aprovação da solicitação de empréstimo, bem como liberar os recursos financeiros para as microempresas e empresas de pequeno porte. O acesso ao mercado é propiciado por estudos e boletins disponíveis no site: http://www. sebraemercados.com.br/agronegocio/
Sebrae-RJ
A cooperação entre as empresas é uma forma de torná-las mais competitivas em um mercado muito disputado. O sucesso no campo pode ser conquistado com iniciativas de associativismo e cooperativismo. Administrar a fazenda ou o sítio sozinho e, ao mesmo tempo, executar o trabalho pesado é meio caminho para o fracasso. O Sebrae/RJ recomenda a criação de associações e cooperativas para que as pequenas empresas busquem meios de valorizar e escoar seus produtos de modo a aumentar a geração de emprego e renda para a comunidade e garantir a sua sustentabilidade. Por meio de parcerias, é possível fortalecer o poder de compras, combinar competências, dividir despesas com pesquisas tecnológicas, compartilhar recursos, riscos e custos para explorar novas oportunidades e oferecer produtos com qualidade superior e diversificados. A solução do Sebrae/RJ tem duração de até 12 meses e prevê as seguintes atividades: • Estudo de atividade empresarial do setor a ser trabalhado; • Oficinas quinzenais ou semanais de 4h, divididas em etapas: preparação e formação dos grupos, implantação das ações conjuntas e monitoramento dos trabalhos.
• Treinamentos gerenciais: ◦◦ Técnicas para negociações ◦◦ Como vender mais e melhor I ◦◦ Como vender mais e melhor II Podem participar empresas/empreendedores que tenham fornecedores e/ou clientes em comum; estejam atuando no mesmo segmento de mercado ou complementar; possuam objetivos comuns e demonstrem interesse e disponibilidade para participar das atividades em grupo.
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A ferramenta SEBRAETEC oferece uma consultoria individualizada que permite inovar em produtos, processos, marketing e gestão organizacional.
Maricultura baixada litorânea
Sebrae-RJ
A ferramenta Sebraetec oferece uma consultoria individualizada que permite inovar em produtos, processos, marketing e gestão organizacional; implementar boas práticas de produção; aumentar a eficiência; eliminar desperdícios e reduzir custos de produção; criar o design de embalagens e/ou produtos e melhorar a qualidade de produtos e processos. Para ter acesso ao Sebraetec, o produtor deve ir ao ponto de atendimento do Sebrae/RJ na sua cidade com documento de identidade e o CNPJ. Outra iniciativa importante que faz a diferença para o agronegócio é a obtenção de selos de qualidade e certificações. Por meio de auditorias, visitas de verificação de conformidade e inspeções nos processos produtivos, baseadas em procedimentos estabelecidos por normas internacionais, as empresas certificadoras emitem os selos e as certificações. O Sebrae/RJ auxilia o produtor rural na habilitação.
Sebrae-RJ
Inovação, tecnologia e boas práticas
Os municípios de Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana, no noroeste do estado, participam do programa de Gerenciamento de Propriedades Leiteiras desenvolvido pela Faerj em parceria com o Senar-AR/RJ, Sebrae/RJ e Embrapa – Pecuária Sudeste. Na prática, um técnico acompanha em média 10 propriedades, sendo uma a unidade demonstrativa, e as demais, unidades assistidas. No imóvel que serve como unidade demonstrativa o produtor aprende uma série de procedimentos que influenciam direta e indiretamente na produção do leite.
Sebrae-RJ
Atividade leiteira no noroeste fluminense
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Segurança alimentar em políticas de combate à fome Por:
Ronaldo de Albuquerque, Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura
O homem deve respeitar os limites dos ecossistemas regionais, que podem sustentar a população local e manter os serviços ambientais.
A
agenda do planeta, definido e chamado pela ONU como “sistemas planetários”, são assim designados: segurança climática, alimentar, energética, hídrica, a biodiversidade, a justiça e a paz. O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), segundo Jean Ziegler, relator da ONU para o Direito à Alimentação: "É um Direito Humano inerente a todas as pessoas a ter acesso
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regular, permanente e irrestrito, a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidades adequadas e suficientes, correspondentes às tradições culturais do seu povo e que garanta uma vida livre do medo, digna e plena nas dimensões física e mental, individual e coletiva”.
Segurança alimentar O art. 3º da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) – Lei nº 11.346, de 15/09/06, diz: “A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam: ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”.
Economia verde, ou seja, segurança alimentar, energética e preservação dos recursos naturais, são componentes indispensáveis para que o Brasil, futuramente, possa alimentar o mundo. Desafio monumental A Ministra Izabella Mônica Teixeira fez o seguinte pronunciamento no 12º Congresso de Agribusiness, organizado pela SNA: “Numa agenda ambiental de um país como o Brasil, que tem um desafio monumental na segurança alimentar, é um desafio saber usar os seus ativos ambientais e traduzi-los em riqueza e sustentabilidade”. Economia verde, ou seja, segurança alimentar, energética e preservação dos recursos naturais, são componentes indispensáveis para que o Brasil, futuramente, possa alimentar o mundo. Já dispõe de água, solo, terra, tecnologia e capacidade empresarial.
Fome crônica Foi divulgado pela imprensa um relatório da ONU para a alimentação e agricultura (FAO). Estima-se que uma em cada oito pessoas no planeta sofra de fome crônica. O problema atinge 842,3 milhões de pessoas. Concentra-se nos países em desenvolvimento, onde vivem 826,6 milhões de pessoas nessa situação. Em termos proporcionais, a África tem 23,6% da população em situação de fome crônica, quase uma em cada quatro pessoas. O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, afirma que, além da produtividade mundial não crescer na mesma proporção da demanda de alimentos, a elevação da renda tem puxado o consumo e os problemas climáticos estão aumentando os custos de energia. Diz que, neste contexto, o Brasil se destaca como fornecedor de alimentos e conhecimento e que até 2050 o Brasil deverá responder por 40% do crescimento da produção mundial. Defende a criação de um grupo estratégico de pensadores sobre o papel do Brasil nesse futuro. No Brasil, o CONSEA- Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, criado em 2003, auxilia a formulação de políticas do governo para garantir o direito dos cidadãos à alimentação.
O homem considera que a responsabilidade pela fome aguda ou crônica e a origem da sua privação, não é o fatalismo e sim a sociedade. Reage contra a estrutura e organizações sociais que o marginalizariam.
Estratégia de nação Roberto Rodrigues afirma que para o Brasil assumir a liderança mundial de um projeto planetário de economia verde, é preciso fazer a lição de casa que implica numa estratégia de nação e lidar com alguns assuntos, como o Código Florestal, a questão ambiental, a logística, a infraestrutura, a política de renda, a lei do seguro rural e a lei do preço mínimo (anais do 12º Congresso de Agribusiness, pág.24).
Expansão do sistema elétrico Com o objetivo de aperfeiçoar a Política Agrícola no país e estruturar o agronegócio, visando aumentar a produtividade, é necessário expandir o sistema elétrico nacional. Ele é fundamental para a segurança alimentar e suas infraestruturas de suporte.
Miséria é consequência A ONU deve dar ênfase na recuperação das chamadas populações subnormais. Partimos do ponto de vista de que a miséria é uma consequência socioeconômica de solução distorcida dada a um problema. Existisse no mundo uma agricultura produzindo frutos generosos à questão, a pobreza estaria minimizada. Daí, nosso redobrado interesse em ver o aumento da produtividade agrícola ser atacada com mais agressividade e eficiência. Devemos levar em consideração que os estímulos são tão importantes para a saúde como são os alimentos. Animal Business-Brasil_53
A ONÇA-PINTADA NAS AMÉRICAS A preservação da fauna brasileira é condição indispensável para um desenvolvimento sustentável e preservação da diversidade genética das nossas florestas. E para poder conservar é preciso conhecer. Por:
Cel.Veterinário RR-1- Edino Camoleze
Fotos: Arquivo do EB
A existência dos grandes superpredadores carnívoros selvagens no mundo, considerando, nesse artigo, a onça-pintada - Panthera onca -, (Linnaeus, 1758), também denominada jaguar, no Continente Americano, data, pelos estudos ancestrais filogenéticos e DNA mitocondrial recentes, (Pocock, 1939), de 280 a 510 mil anos atrás, descendente de felinos do Velho Mundo, tendo também como ancestrais comuns, o tigre, o leão e o leopardo.
N
o início do Pleistoceno, seus precursores atravessaram a Beringia, ponte terrestre entre os hemisférios asiático e americano, alcançando a América do Norte, e daí as Américas Central e Sul. Há 2 milhões de anos, apro-
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ximadamente, a linhagem do jaguar se separou geograficamente da linhagem do leão, espécie mais próxima, filogeneticamente, adaptando-se e dominando as Américas e constituindo-se no maior predador carnívoro representante da família Felidae, e espécie Panthera onca, no Novo Mundo. Assim, separados geograficamente e modificando-se biologicamente através de milhares de sucessivas gerações, hábitos e costumes, a onça-pintada e suas subespécies são consideradas soberanas na cadeia trófica alimentar de animais selvagens carnívoros nas Américas, assim como o leão na África e o tigre na Ásia.
Características Dos quatro grandes carnívoros superpredadores existentes no planeta, a onça é a terceira classificada na ordem de grandeza corporal - tamanho, volume e peso-, ficando atrás apenas do tigre e do leão. Habitando um imenso território que vai do Sul dos Estados Unidos até a Argentina, seu espaço de caça pode variar até 80 km, dependendo da escassez de suas presas, normalmente médios e pequenos herbívaros e mamíferos, podendo ser incluídos também na dieta alimentar peixes e anfíbios, especialmente o jacaré. Encontrada mais nas florestas tropicais do que nas savanas e estepes, sendo um animal nômade, errático e solitário, não tem território definido e fixo, constituindo um casal social durante o acasalamento e as fêmeas quando possuem os filhotes até o desmame. O
Portal do Comando Militar da Amazônia - CMA
dimorfismo sexual é bastante pronunciado entre o macho e a fêmea, principalmente na anatomia corporal, sobressaindo no aspecto fenotípico, o comprimento do corpo, a altura, cabeça e os membros, geralmente maiores e mais volumosos nos machos que nas fêmeas.
Acasalamento O acasalamento pode durar até uma semana com cópula repetida e sucessiva várias vezes ao dia. A gestação dura de 95 a 105 dias e as ninhadas produzem normalmente dois a três filhotes, raramente quatro. O desmame ocorre aos 6 meses após o nascimento e o amadurecimento sexual das fêmeas acontece aos 2 anos; enquanto nos machos, estão aptos à reprodução após os 3 anos de idade. Ao desmamar, mãe e filhotes se separam procurando territórios diferentes, e iniciando um novo ciclo biológico de vida. A onça não é gregária como o leão, não formando família com numerosos membros.
Ecologia A onça-pintada é um animal de intensa atividade funcional locomotora que se faz principalmente à noite, mais que durante o dia. Na busca de suas presas e obtenção de alimentação percorre grandes distâncias no seu território. Na água, mergulha e nada muito bem, não sendo os cursos d'água obstáculos para suas longas
caminhadas e caça. Na captura de suas presas o faz sempre em emboscada e espreita, visto que não tem grande velocidade - sprint - de captura e perseguição, como o leopardo (Panthera pardus), da mesma família a que pertence. Como predador de topo da cadeia alimentar animal desempenha função biológica importante para a regulação do equilíbrio de ecossistemas onde ocorrem limitando as populações de herbívaros e diminuindo a pressão destes sobre as plantas. Seu principal inimigo nos variados ecossistemas onde habita é o homem, que se apresenta sob duas formas: 1. A caça clandestina e esportiva para obtenção do couro, valiosíssimo no mercado internacional de pele, e troféu de caça. 2. Na antropinização das áreas onde habita diminuindo seus espaços florestais e consequentemente a fauna da qual depende. Esse é um dos fatores mais importantes que se têm visto em toda a América, principalmente no Sul dos Estados Unidos e América Central, em que esse felídeo é considerado quase extinto. (Sanderson et al., 2002).
Maior população Na América do Sul, notadamente na Pan-Amazônia, é onde se encontra atualmente, a maior população dispersa desse animal. Nesse Animal Business-Brasil_55
Reprodução da Onça, fêmea com filhote, no Zoobotânico do CIGS
Mascote do CIGS na coleira
Ministro do STF, Antonio Dias Toffoli, e o general Marco Aurélio Costa Vieira, comandante da 12ª Região Militar, durante visita ao CIGS Centro de Instrução de Guerra na Selva.
particular, o Brasil representado pela Amazônia brasileira e o Pantanal, desempenha importante papel para a sua sobrevivência e conservação na natureza, pelas virtuosas condições ecológicas que ainda possui.
Subespécies Devido a imensa extensão geográfica onde habita, no hemisfério sul, com variações significativas de relevo, topografia, flora, fauna, temperatura, luz e umidade, etc., fatores bióticos e abióticos diferentes, constituindo biótopos e nichos ecológicos variados, a onça pintada modificou-se morfologicamente, encontrando-se subespécies diferenciadas. Baseado nessas mudanças ecológicas e origens geográficas, a última delineação taxonômica realizada por Reginald Innes Pocock , zoólogo britânico da Royal Society, 1939, examinando peças anatômicas, considera existir três subespécies: 1. Panthera onca onca Linnaeus, 1758: Venezuela através da bacia amazônica, incluindo: Panthera onca peruviana Blainville, 1843: Costa do Peru. 2. Panthera onca hernandesii Gray, 1857: Oeste do México, incluindo: Panthera 56_Animal Business-Brasil
onca centralis Mearns, 1901: El Salvador até a Colômbia; Panthera onca arizonensis Goldman, 1932: Sul do Arizona até Sonora, México; Panthera onca veraerucis Nelson & Goldman, 1933: Centro do Texas até Sudeste do México; Panthera onca goldmani Mearns, 1901: Península de Yucatan até a Guatemala. 3. Panthera onca palustris Ameghino, 1888: A maior das subespécies. Ocorre na Amazônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ao longo da Bacia do Paraguai e nordeste da Argentina. Observação! O Mammal Species of the World continua a reconhecer nove subespécies, adicionando a Panthera onca paraguensis Hollister, 1914: com ocorrência no Paraguai.
Extinção dos grandes predadores Relatórios Técnicos da World Wildlife Fund -WWF e da The Internacional Union for Conservation of Nature - IUCN, têm chamado a atenção da humanidade sobre a extinção dos grandes predadores no mundo. No relatório de 2010: "As dez espécies mais ameaçadas do mundo", relata que existem apenas 3.200 tigres no seu habitat
natural. O jornal britânico Daily Mail, em janeiro de 2013, publica que o leão está desaparecendo da África Ocidental e está à beira da extinção. De acordo com vários peritos que têm assinalado o seu marcado declínio nos últimos anos, estima-se que existam apenas cerca de 645 leões selvagens na África Ocidental e Central, e apenas 34 em toda a Nigéria. O leopardo nebuloso, (Neofelis nebulosa brachyura), de Taiwan, está provavelmente extinto. Nenhum desses animais é visto em mais de trinta anos, apesar de um esforço recente e intensivo de 13 anos de pesquisadores para documentar um, relata "O Globo Rural" em 12 de maio de 2013. No caso da onça-pintada, foco maior desse artigo, está na lista dos mais ameaçados de extinção. É difícil estimar a população na Amazônia e no Pantanal, mas na Mata Atlântica e na Caatinga a espécie está ameaçada. O desmatamento contínuo de grandes áreas florestadas reduz o seu habitat natural. A caça clandestina a animais selvagens de sua cadeia alimentar é uma ameaça para o animal que para sobreviver, acaba matando o gado doméstico de fazendeiros e sitiantes. O Plano de Ação Nacional para Conservação da Onça-Pintada, ICMBio/ CENAP, inclui 25 áreas de conservação em todo o território nacional, incluindo os biomas da Caatinga e da Mata Atlântica onde está ameaçada de extinção. Esse Plano é uma tentativa oficial do governo brasileiro para evitar a extinção da onça no Brasil.
A onça-pintada no Brasil No Brasil, a onça-pintada foi vista sempre enjaulada em cativeiro nos zoológicos e zoobotânicos como vitrines ou em peças embalsamadas nos institutos de pesquisa ou museus naturais para estudos faunísticos, sendo considerada uma fera selvagem, bravia e indomada. Apesar da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza- IUCN, em 1982, tendo como bases o Código Florestal Brasileiro, de 1965, e a Lei de Proteção da Fauna, de 1967, os animais selvagens, apesar de esforços de algumas universidades e institutos brasileiros, na formação profissional; as matérias acadêmicas, principalmente nas faculdades de veterinária e biologia não tinham cadeiras específicas básicas para o estudo científico da fauna brasileira, sendo alguns assuntos lecionados como opcionais na formação e complementação profissio-
É difícil estimar a população (da OnçaPintada) na Amazônia e no Pantanal, mas na Mata Atlântica e na Caatinga a espécie está ameaçada. O desmatamento contínuo de grandes áreas florestadas reduz o seu habitat natural. nal de graduação. Além disso, na estruturação da maioria dos parques nacionais, não existiam e ainda não existem, quadros e equipes especializadas permanentes suficientes para fazer estudos de campo e pesquisas laboratoriais com animais selvagens. Por não ter capacitação profissional e recursos tecnológicos suficientes, a maioria dos trabalhos científicos brasileiros, com a fauna selvagem, foi produzido com a cooperação de fundações e institutos internacionais, em convênios ou acordos firmados com o Brasil.
Centro de Instrução de Guerra na Selva A criação do Centro de Instrução de Guerra na Selva -CIGS, em Manaus, em 1964, pelo Exército Brasileiro, com a finalidade de formação de combatentes de selva para defender militarmente a Amazônia brasileira, ensejou a criação na estrutura física do Centro, de um Zoobotânico para se estudar o potencial faunístico e florístico dos biomas brasileiros e da Amazônia, e utilização dos recursos naturais renováveis pelos militares em ações e treinamentos na floresta tropical. Para os ensinamentos desses temas acadêmicos foi organizada uma Seção de Veterinária, hoje, Departamento, para ministrar instruções técnicas, científicas e pesquisas relativas à sobrevivência, animais peçonhentos e obtenção de alimentos de origem animal e vegetal, com segurança alimentar. Nasceu assim, a oportunidade de se estudar e conhecer com critérios técnicos o meio ambiente dos biomas brasileiros e a utilização dos recursos naturais renováveis na logística, sobrevivência e combate na selva, como doutrinas militares, antes desconhecidos ou empiricamente ensinados. Animal Business-Brasil_57
Portal do CIGS
Mascote Dentre os animais de grande e médio portes existentes na Amazônia e no Zoobotânico, a onça-pintada, por ser o símbolo do CIGS e da Guerra na Selva, sempre teve um destaque especial pelo que representa. Até 1975, sua criação e utilização como mascote não tinha sido explorada tecnicamente como um animal domesticado, apesar de conviver com os militares e tratadores. Sendo designado para servir na Seção de Veterinária do Zoobotânico e com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia-INPA, interessei-me pelo animal, do ponto de vista zootécnico, técnico e científico. O CIGS, anteriormente COSAC, com sua ampliação, estruturação e reorganização, dava condições para se realizarem pesquisas, ensaios e observações, cumprindo com os objetivos militares e inovações doutrinárias. Estudei profundamente o animal através de trabalhos bibliográficos levantados no INPA e observações dia a dia no Zoo.
Comportamento pacífico Mesmo antes de apresentar algum resultado; uma coisa me chamava à atenção: o comportamento pacífico da onça, animal selvagem, conduzido nas solenidades, festas, desfiles militares etc. por um militar, em cima de um veículo, como se fosse um cão domesticado, sem demonstrar estresse, agressividade e perturbações de comportamento diante do público, movimento de pessoas, veículos e ruídos diversos. Comportava-se melhor que um animal doméstico. Minha indagação!
Criação em cativeiro Pioneirismo do Exército Brasileiro Em 1978, depois de exaustivas observações e estudos realizados no CIGS com a onça-pintada, a convite da Comissão Organizadora do 58_Animal Business-Brasil
XVI Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, Salvador-BA, no tema: Animais Selvagens; apresentei o trabalho técnico: "A criação racional da Panthera onca, em cativeiro". Esse trabalho inédito no Exército Brasileiro chamou atenção do coordenador dos trabalhos científicos apresentados, Dr. Ausgusto Ruschi, diretor do Museu de Biologia Mello Leitão de Santa Thereza- ES, renomado cientista internacional, que o considerou o melhor trabalho apresentado e em carta oficial ao Sr.Ministro do Exército, na época, Gen Ex Rodrigo Belfort Bethlem, conferiu ao Exército Brasileiro, o título de Pioneirismo da Conservação da Fauna na Amazônia. No período de 1975 a 1982, foram produzidos no Zoo mais de 30 filhotes de onça-pintada, inclusive da variedade melânica, onde vários outros trabalhos foram publicados sobre: manejo, reprodução, biometria, alimentação, etologia, nosologia, genética etc. Esses trabalhos de conhecimento público foram deixados no Departamento de Veterinária do CIGS, constituindo um acervo técnico biológico.
Símbolo do Exército Brasileiro na Amazônia A onça-pintada é símbolo do Exército Brasileiro na Amazônia, sendo mascote do CIGS e presente, como animal de estimação, nas Unidades Militares do Comando Militar da Amazônia-CMA, ajudando guarnecer e defender a Amazônia. Apesar de selvagem, apresenta-se dócil e fácil de procriar. Neste momento de preocupação do Ministério do Meio Ambiente em salvar de extinção a onça-pintada no Brasil, com o lançamento do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-pintada, ICMBio, 2013, um Convênio ou Acordo com o Ministério da Defesa/Comando do Exército/CIGS, pode ser uma ferramenta útil e celere na conquista desse objetivo nacional.
Por: Paulo
Roque
Pecuaristas prestigiam última etapa do Circuito ExpoCorte 2015 Mais de 780 pessoas, vindas de nove estados brasileiros, sendo 70% pecuaristas, participaram da última etapa de 2015 do Circuito ExpoCorte, realizada no final de 2015 em Ji-Paraná (RO). Para debater a cadeia produtiva da carne, o evento, de âmbito nacional, reuniu durante um ano, importantes capitais pecuárias do Brasil. O Boi 7.7.7, tema apresentado e que, também, percorreu todas as etapas. Trata-se de um parâmetro de produção que preconiza a busca por animais com 7@ na desmama, 7@ na recria e 7@ na engorda/terminação, para abate com 21@ aos 24 meses. Um dos destaques das apresentações em Rondônia ficou a cargo de Rubinho Catenacci, da Fazenda 3R, que é considerado o melhor produtor de bezerros do
Brasil. Catenacci apresentou aos pecuaristas o modelo de gestão que utiliza em sua propriedade e como conseguiu tanto sucesso com seus bezerros. “Transmitir um pouco do meu conhecimento para as pessoas me enche de alegria”, afirma Catenacci. Outro destaque do evento foi a feira de negócios, que reuniu as últimas novidades tecnológicas do setor. Participaram da etapa de Ji-Paraná as empresas Minerva Foods, Zoetis, Phibro, DSM – Tortuga, Dow AgroScienses, Premix, Ouro Fino, Nutron, Beckhauser, CRI Genética, ABS Pecplan, Romancini, DeltaGen, Casale, Vitasal, Matsuda e Bellman. A edição de 2015 do Circuito ExpoCorte passou por Cuiabá (MT), em março, com a participação de 1.100 pessoas; Campo Grande (MS), em julho, com 1.420 participantes; Uberaba (MG), em setembro, com 600 participantes, Araguaína (TO), com 1.200 participantes e agora em Ji-Paraná (RO), com 780 participantes.
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Defesa agropecuária 2
Defesa agropecuária 1 A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, lançou três novos projetos que visam a oferecer maior proteção ao agronegócio nas fronteiras brasileiras. São eles: Programa de Vigilância em Defesa Agropecuária de Fronteira, Força Nacional do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (FN-SUASA) e Canal Azul. As três iniciativas fazem parte do Plano de Defesa Agropecuária 20152020 (PDA), lançado em maio deste ano. Para o Programa de Vigilância, que prevê solidificar a sanidade da atividade pecuária brasileira frente a eventuais problemas que possam ser registrados em países vizinhos, está prevista a aplicação de um aporte na ordem de R$ 125 milhões nos próximos cinco anos, com foco no fortalecimento de ações sanitárias e fitossanitárias nos 15,7 mil quilômetros de fronteira nacional. Segundo o Ministério da Agricultura, o Programa de Vigilância em Defesa Agropecuária na Faixa de Fronteira está estruturado em quatro componentes: fortalecimento institucional, comunicação e educação continuada, sistema de gestão territorial aplicado à faixa de fronteira, além de informação e inteligência.
A ministra Kátia Abreu também lançou a Força Nacional do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (FN-SUASA), que propõe medidas de assistência e controle sobre situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência aos rebanhos e às lavouras brasileiras. Suas atividades em campo serão convocadas sempre que for declarada emergência fitossanitária ou zoossanitária, ou em outros casos de comprovada necessidade técnica. A Força faz parte do eixo de Modernização do Plano de Defesa Agropecuária. A FN-SUASA será formada por um grupo de elite dos fiscais federais, estaduais e municipais.
Defesa agropecuária 3 O terceiro projeto é o Canal Azul (Sistema de Informações Gerenciais do Trânsito Internacional de Produtos e Insumos Agropecuários), um processo eletrônico de exportação e importação de mercadorias agropecuárias, que elimina documentos em papel, oferecendo mais agilidade na liberação de cargas. O sistema já foi testado em exportações de carnes nos portos de Paranaguá, Itajaí e Santos, apresentando queda de 72 horas no tempo médio entre o carregamento dos contêineres na indústria e o embarque nos navios. Isto representa um corte significativo nos custos de logística de transporte e armazenagem.
Livro Pensando o Leite é lançado na ESALQ Artigos publicados entre novembro de 1992 e abril de 2015, pelo professor aposentado da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Vidal Pedroso de Faria, na revista Balde Branco, foram compilados e publicados no livro “Pensando o Leite”. Durante esses 23 anos, Vidal debruçou-se nessa tarefa com o objetivo de transferir seu conhecimento para profissionais do setor leiteiro do Brasil. A edição do livro foi possível graças ao apoio da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FAERJ); do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Rio de Janeiro (SENAR-RIO); do Serviço Brasileiro de Apoio. A obra está editada em três volumes e somam mais de 620 páginas. O livro será disponibilizado para todas as federações de agricultura do país, além de unidades do Serviço Nacional de Aprendizagem. 60_Animal Business-Brasil
CNA exalta qualidade da carne brasileira Em evento realizado na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o presidente da instituição, João Martins, destacou a qualidade da carne bovina e a capacidade do País em competir no mercado externo. Segundo Martins, o produto brasileiro “é de excelente qualidade, não perdendo para nenhum outro país tradicional nesse segmento”. Durante o evento, denominado happy hour da carne bovina, que teve como objetivo mostrar o elevado padrão da carne nacional, o presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Antônio Pitangui de Salvo, disse que a participação da pecuária brasileira no processo de desenvolvimento da economia brasileira, a exemplo da agropecuária como um todo, tem sido estratégica nas duas últimas décadas, com forte participação no equilíbrio da balança comercial do país. Nos nove primeiros meses deste ano, os embarques brasileiros de carne bovina geraram receita de R$ 10,6 bilhões, incremento de 9,24% em comparação com igual período do ano passado, de acordo com os números da CNA. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que, em relação ao primeiro semestre de 2015, foram abatidos 15,4 milhões de bovinos, queda de 9,2% em comparação com igual período de 2014, números satisfatórios levando-se em consideração a desaceleração da economia brasileira no decorrer de 2015.
Zoetis e Universidade Federal de Pelotas firmam parceria contra o carrapato
São Paulo autoriza captura de caranguejo-uçá A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Pesca, conseguiu a liberação de captura de caranguejo-uçá nos manguezais entre os municípios de Bertioga e Itanhaém. A permissão, emitida em caráter excepcional, beneficiará os produtores, que se utilizam da prática para tirar o sustento de suas famílias. A autorização para a captura baseia-se no parecer técnico conjunto elaborado pela Pasta, em parceria com a Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro (APAMLC); e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) Campus Litoral Paulista. O parecer, encaminhado em julho de 2015, foi aceito pela Secretaria do Meio Ambiente e em 30 de setembro deste ano foi publicada a Resolução SMA 64, autorizando a captura do caranguejo-uçá na região. A espécie ‘Ucides cordatus’ foi incluída na lista estadual de espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção, estabelecida pelo Decreto nº 60.133, de 7 de fevereiro de 2014, tendo a sua captura proibida em razão desse ‘status’ de conservação. Porém, a Resolução autoriza, excepcionalmente, a captura para a manutenção em cativeiro, o transporte, o beneficiamento, o armazenamento e a comercialização da espécie, desde que sejam realizados por pescadores locais, no limite máximo de 210 pescadores, registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Zoetis firmaram parceria e criaram um Programa de Controle de Carrapatos com o objetivo de oferecer ao produtor uma solução mais eficaz no combate ao parasita. Uma pesquisa iniciada em outubro de 2013 até o mesmo mês de 2014 na Fazenda Tapera da Esperança, no município de Piratini (RS), com histórico de infestação por carrapatos típicos da região, atestou a eficiência do programa. Animal Business-Brasil_61
ABS Pecplan contrata força genética da raça Braford A ABS Pecplan contratou o touro Braford Rambo da Bela Vista. Com dois anos de idade, o reprodutor chama atenção do mercado por ser filho de Taragui – um dos maiores vendedores de sêmen da raça no Brasil – e por refletir um excelente trabalho de seleção da raça pela Bela Vista, de Santana do Livramento (RS). De acordo com Marcelo Selistre, gerente de Produto Corte Europeu da empresa, a ABS trabalha com a genética da Bela Vista há muito tempo, com excelentes exemplos de sucesso e o Rambo da Bela Vista possui todos os predicados de seu pai com avaliação genética muito superior. Rambo da Bela Vista foi adquirido recentemente por R$48 mil pelo consórcio entre Estân-
Acordo possibilitará exportação de reprodutores para a Bolívia O Brasil poderá exportar reprodutores para a Bolívia com o objetivo de auxiliar o melhoramento genético dos rebanhos bovinos da nação vizinha. Isso será possível graças ao acordo entre os dois países que estabelece um novo modelo de certificado zoossanitário, firmado entre o Ministério da Agricultura e o Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Inocuidade Alimentar (Senasag) boliviano. O documento, segundo o Mapa, possibilita o comércio em larga escala de animais vivos, o que deve coibir o contrabando de reprodutores na região de fronteira entre os dois países, bem como contribuirá para o repovoamento de bovinos em regiões bolivianas afetadas no ano passado pela enchente dos Rios Beni e Mamoré, onde mais de 400 mil espécimes morreram. Os exportadores devem contatar as superintendências federais do ministério para conhecer os requisitos sanitários fixados entre as autoridades para o comércio.
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cia São Francisco, de Alegrette (RS), e Cabaña Roseta, de Quaraí (RS). Com dois anos, o reprodutor pesa praticamente 800 kg e conta com 46 cm de circunferência escrotal. O animal será encaminhado para a Central da ABS Pecplan, em Uberaba/MG e a expectativa é que a genética esteja disponível no mercado brasileiro em 2016.
Brasil livre da aftosa O Brasil pretende erradicar a aftosa até 2020. A Meta foi aprovada no “Forum 2020, o futuro do país sem a doença”, realizado na sede da Federação Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, que reuniu indústrias, pecuaristas e entidades. O evento foi organizado pelo Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) e o Grupo Interamericano para a Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), que buscam articular a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil e no exterior para eliminar a doença na América do Sul até 2020. Líderes das entidades defenderam que o Brasil tem condições de se tornar livre da enfermidade com vacinação já em 2016 e esboçam projetos para fim gradativo da campanha nacional de vacinação nos próximos cinco anos. Os participantes do fórum acreditam que isso será possível se toda a cadeia produtiva se unir. A “parceria” vale também para outros países da América do Sul, como Paraguai, Equador, Uruguai e Peru. No Brasil, apenas Santa Catarina possui o status de livre da doença sem vacinação. Estados como Paraná e Mato Grosso estudam deixar de vacinar o gado. Santa Catarina está sem vacinar desde o ano de 2000. Todo animal tem uma espécie de carteira de identidade local.
A ABS Pecplan lançou mais uma edição do Mini Catálogo Corte Zebu com mais de 10 novas opções de genéticas zebuínas. A versão de bolso, há seis anos, entra em circulação nesta época estratégica, durante a estação de corte, apresentando as contratações feitas pela empresa após o lançamento do Catálogo 2016. Entre as novidades apresentadas pelo Mini Catálogo (já com sêmen disponível), os touros Titan, Total, Rastã, Consórcio, Épico, Sherlock, Belgrado e Halux. Também foi liberada a genética de touros da recém-criada bateria CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção): Armero, Rogato, Guaçu, Apa e Rem-Álcool. Os animais possuem avaliação nos três principais sumários do país: PMGZ (ABCZ), Nelore Brasil (ANCP) e Geneplus (Embrapa). Os pecuaristas interessados podem pedir um exemplar para o representante da sua região. O Mini Catálogo está sendo distribuído em todas as regionais da ABS Pecplan e também à disposição para download (em pdf) no site da ABS ( http://www.abspecplan.com.br/catalogos/cz2016mini/ ).
agricultura.sp
ABS lança Mini Catálogo com novas opções de genéticas zebuínas
Governo paulista amplia laboratório avícola de Descalvado Graças à ampliação do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola (Captaa), do Instituto Biológico (IB) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), em Descalvado, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo aumentou em 36,2% o número de análises. O novo espaço tem como principal objetivo garantir a sanidade avícola no território paulista, principalmente com relação à influenza aviária e à salmonela. A ampliação do Captaa - primeiro laboratório público de aves do Brasil todo a obter o Certificado de Acreditação (CGCRE) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) - superou a expectativa de 15% de crescimento e elevou a média mensal de relatórios de 2.106 de abril a junho para 2.868 de julho a setembro. Isso significa que no primeiro período foram realizados 6.317 exames, número que subiu para 8.605 no segundo trimestre citado. É uma média de 763 diagnósticos a mais por mês para atestar as boas condições de sanidade do Estado de São Paulo, ponto decisivo para manutenção de mercados e abertura de novas rotas comerciais. Do total de 36,2% de aumento de análises, pelo menos 20% são de exames de rações de animais domésticos, principalmente de cães.
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A despeito do que afirmam alguns pseudoambientalistas, o Brasil possui uma das agriculturas mais sustentáveis do planeta. As áreas destinadas à produção agrícola e pecuária representam menos de um terço do território nacional. Antonio Alvarenga Presidente da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura
adaptadas ao corte rente ao solo e às condições locais. Sandra Santos, J.Comastri Filho e Arnildo Pott Embrapa •••
Segurança alimentar, energética e preservação dos recursos naturais, são componentes indispensáveis para que o Brasil, futuramente, possa alimentar o mundo.
Uma tendência mundial, também observada no Brasil, é o crescente interesse pelo conteúdo de rótulos descritivos dos produtos, assim como marcas que utilizem as boas práticas de fabricação e garantam a procedência de suas matérias-primas e a qualidade em todo o processo de fabricação.
Ronaldo de Albuquerque Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura
Cristiano Araújo Gerente de Tecnologia Industrial da Foss
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O Sebrae-RJ oferece soluções para fortalecimento do associativismo, acesso a crédito e ao mercado, inovação tecnológica e implantação de boas práticas.
Estudos sérios mostraram que, nas grandes crises, as cooperativas são muito mais resilientes do que as empresas convencionais.
Assessoria de Comunicação Social •••
A preservação da fauna brasileira é condição indispensável para um desenvolvimento sustentável e preservação da diversidade genética das nossas florestas. Edino Camoleze Coronel Veterinário RR-1 •••
No estado do Rio de Janeiro, 62% das propriedades rurais pertencem a pequenos produtores que produzem menos de 50 litros de leite/dia. André Vasconcellos e Alexandre Moretti Jornalistas da Pesagro-Rio •••
Na implantação de uma pastagem para equinos, deve-se atentar para a escolha de forrageiras estoloníferas de porte baixo, palatáveis,
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Roberto Rodrigues Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas – FGV/SP •••
A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), que completou 40 anos, representa 92% do mercado de sêmen utilizado no território nacional. Carlos Vivacqua C.Luz Presidente da ASBIA •••
A profissão veterinária é muito mais do que o exercício da Medicina Veterinária embora sua parte médica seja a mais conhecida. As faces “não médicas” são praticamente ignoradas pelo grande público. Certamente, até mesmo número considerável de veterinários as desconhecem ou não estão preparados para lidar com elas. Milton Thiago de Mello Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária
Por: Béth
Mélo
A receita com exportações brasileiras de carne bovina para a China deve ultrapassar US$ 1 bilhão, em 2016, com embarques mensais superiores a 20 mil toneladas. O Brasil encerra 2015 com 14 plantas frigoríficas autorizadas a enviar cortes para o mercado chinês.
A produtividade média brasileira gira em torno de 45 quilos de carne bovina por hectare, mas pode alcançar 120 kg por hectare, com sistemas recuperados e melhorados de cria, recria e engorda.
Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec)
Do total de 669.983 mil cabeças de gado confinado em Mato Grosso, em 2015, 12,8% utilizou hedge e travou preços com antecipação. Quem utilizou as vendas futuras no início do confinamento teve margem positiva de R$ 70,04 por animal e quem vendeu no balcão teve margem negativa de R$ 17,08/cabeça.
Em novembro, os governos chinês e mexicano anunciaram a abertura de 22 fábricas para comercialização de carnes do Brasil. O México habilitou 15 unidades (12 para frango e 3 para carne de peru) e a China autorizou 7 plantas (três de carne bovina, duas de aves e duas de suínos). Kátia Abreu, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Durante missão brasileira à China, em novembro, um investidor chinês manifestou interesse em importar do Brasil 1 milhão de jumentos por ano. Kátia Abreu, ministra da Agricultura
O mercado brasileiro de produtos veterinários movimenta R$ 5 bilhões, anualmente, sendo 55% da receita provenientes de herbívoros (bovinos, caprinos e ovinos), 15% de animais de companhia e 15% de suínos. O setor produz 1 bilhão das doses de vacinas, principalmente para febre aftosa, raiva, brucelose e clostridiose. Emilio Salani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Para Saúde Animal (Sindan)
O Programa de Vigilância em Defesa Agropecuária na Faixa de Fronteira, lançado em novembro, vai investir R$ 125 milhões, em 5 anos, para fortalecer as ações sanitárias e fitossanitárias nos 15.719 quilômetros de fronteira brasileira. A faixa com 10 países vizinhos abrange 588 municípios de 11 Estados. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
Embrapa
Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea)
A Minerva Foods (Barretos/SP) obteve recorde de receita líquida de R$ 2,38 bilhões, no terceiro trimestre de 2015, aumento de 32% em relação ao mesmo período de 2014. O fluxo de caixa livre atingiu R$ 404,3 milhões e as exportações de carne bovina in natura aumentaram 62% na mesma análise. Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods
A Agropecuária Jacarezinho foi adquirida pela Marfrig Foods, por valor não revelado. Com o negócio, o novo rebanho soma 30.000 matrizes Nelore, a meta anual é produzir de 3.000 a 4.000 touros com certificado especial de identificação e produção (Ceip). Marcos Molina, controlador da Marfrig Foods
A Emmi, um dos maiores grupos de lácteos da Suíça, com receita líquida de 3,404 bilhões de francos suíços no ano passado (US$ 3,538 bi), negocia a aquisição do laticínio paulista Shefa, que responde pela captação de 300 mil litros de leite por dia. Portal Milk Point
Dos 180 milhões de hectares ocupados com pastagem no Brasil, estima-se que metade está em algum estágio de degradação. Apenas 10% (18 milhões de ha) adotam sistemas pastoris menos impactantes, como pousio, rotação e integração lavoura/pecuária.
Com investimentos superiores a R$ 11 milhões, o Laticínios Bela Vista, dono da marca Piracanjuba, inaugurou, em novembro, uma estação de tratamento de efluentes, com reatores anaeróbicos de baixa taxa. O projeto durou dois anos e uma equipe que chegou a contar com 400 pessoas.
Embrapa
Laticínios Bela Vista Animal Business-Brasil_65
Antonio Alvarenga (*)
A
sociedade brasileira não aceita mais impostos. Nossa carga tributária - uma das maiores do planeta - já supera 36% do PIB. É hora de o governo fazer uma drástica redução de suas despesas, com o encolhimento da gigantesca máquina pública e dos inúmeros programas assistencialistas que foram criados, de forma quase irresponsável, ao longo dos últimos anos. Vamos dar um basta na verdadeira farra em que se transformaram o Bolsa Família, FIES, Minha Casa, Minha Vida, Pronatec e outros programas sociais e assistencialistas que foram criados de forma quase irresponsável nos últimos anos. Também está na hora de promover uma reforma radical em nosso sistema previdenciário. É preciso acabar com as desonerações tributárias casuísticas, os subsídios dos empréstimos concedidos pelo BNDES a grandes grupos econômicos e as regalias de determinadas categorias e feudos. São privilégios típicos de um estado patrimonialista, que estão destruindo o equilíbrio de nossas contas públicas. O que se espera do governo é austeridade e eficiência. A presidente Dilma Rousseff precisará adotar medidas impopulares e enfrentar o poderoso patrimonialismo reinante para reverter as expectativas negativas dos mercados financeiros e da sociedade brasileira. Uma vez equacionado o ajuste fiscal, o crescimento econômico virá naturalmente, impulsionado pelo mercado externo, com o retorno dos investimentos e o avanço das exportações. No caso do comércio exterior, o agronegócio tem sido protagonista exemplar. Em 2015 o setor exportou US$ 88 bilhões e manteve um saldo positivo de U$ 75 bilhões na balança comercial do agro. Um bom desempenho, ligeiramente inferior ao de 2014, impactado pela significativa queda nas cotações internacionais que foi parcialmente compensada pelo aumento do volume exportado. 66_Animal Business-Brasil
Paulo H. Carvalho
Basta de impostos, o que se quer é austeridade e eficiência
As expectativas para 2016 são otimistas, tendo em vista um programa, competente e estruturado, adotado pela ministra Kátia Abreu, para conquistar novos mercados e superar barreiras sanitárias, comerciais e tarifárias de alguns dos mais importantes países importadores de alimentos. É o caso da China, Rússia, Japão, Estados Unidos e países árabes, que abriram novas perspectivas para nossas exportações de carnes, leite e derivados. Em 2015 exportamos US$ 5,8 bilhões em carnes bovinas, e a previsão para 2016 é de US$ 7,5 bilhões. Em relação à carne de frango, as vendas atingiram 4,3 milhões de toneladas em 2015 – um recorde histórico. O Brasil manteve sua liderança e expandiu sua participação para 37% das exportações mundiais. Em valores, as vendas de carne de frango alcançaram US$ 7,1 bilhões - inferior ao do ano passado, em decorrência da queda nas cotações internacionais. No caso de carne suína, exportamos US$ 1,3 bilhão em 2015. As estimativas são animadoras para o ano que se inicia, tendo em vista um recente acordo com a Coreia do Sul e a habilitação pela China de duas novas plantas frigoríficas brasileiras. São indicadores positivos que recomendam investir no desenvolvimento do agronegócio. E graças às nossas evidentes vantagens comparativas, será possível incorporar maior valor agregado aos produtos nacionais, impulsionando o desenvolvimento de uma robusta agroindústria. Há muito o que fazer para ajustar nossa economia e colocar o País em uma trajetória de crescimento sustentável. O bom senso econômico sugere que se dê prioridade ao agronegócio, onde temos eficiência e competitividade comprovadas. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura
Fotos: Cristina Baran
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