Animal Business Brasil 30

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Ano 06 - Número 30 - 2016 - R$ 16,00 www.animalbusinessbrasil.agr.br

FÁBIO MEIRELLES

é homenageado pela Academia Brasileira de Medicina Veterinária

AMBIENTE

é importante para lucrar mais

AVICULTURA

é destaque no agronegócio



uma publicação da:

F

ÁBIO MEIRELLES - presidente da FAESP-Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, que, desde 1993, incluiu o SENAR-Serviço Nacional de Aprendizado Rural, foi homenageado na sede da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, no Rio, em almoço comemorativo do quinto aniversário da revista Animal Business-Brasil. Na ocasião, ele que é considerado um dos mais destacados e atuantes líderes do agronegócio brasileiro, recebeu uma placa de reconhecimento da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. Béth Mélo – nossa colaboradora, jornalista com larga experiência em assuntos do agronegócio, assina uma detalhada matéria sobre a avicultura brasileira, atividade altamente tecnificada, produtora de proteínas de alto valor biológico e da qual somos um dos maiores produtores e exportadores do mundo. Cecília de Fátima Souza e colaboradores – destacam a importância do acondicionamento térmico artificial para a boa produtividade dos animais criados em confinamento. Paula Schiavo – médica-veterinária microbiologista da Superintendência do Ministério da Agricultura no Rio de Janeiro, inaugura a seção Zoonoses, para descrever as doenças dos animais transmissíveis ao homem (e vice-versa), assunto de interesse tanto dos médicos-veteri-

nários como dos médicos. É matéria do maior interesse no campo da saúde pública. Bento de Abreu Mineiro – discorre, em artigo bem fundamentado, sobre a evolução do agronegócio brasileiro nos últimos quarenta anos, com destaque para o papel desempenhado pelo progresso da seleção genética. Josélio Moura – membro-titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, na sua matéria, defende a importância da segurança alimentar como condição determinante para que o Brasil mantenha e aumente a sua posição de grande produtor e exportador de produtos de origem animal. Antonio Edson Bernardes – produtor, lembra que o agricultor familiar que possui Declaração de Aptidão do Pronaf (DAP) está habilitado a vender seus produtos para as prefeituras municipais, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). É o que se lê no seu artigo Avicultura caipira. Diana Valadares Pessoa – zootecnista da UAG/UFRPE e colaboradores discorrem sobre o emprego da palma forrageira na alimentação do gado na região do Semiárido que se caracteriza pela irregularidade na distribuição das chuvas. Sérgio Lobato – médico-veterinário especializado em marketing e consultor, na sua coluna sobre Pets, ensina como valorizar o serviço veterinário (de animais de estimação e companhia) em tempos de crise.

Luiz Octavio Pires Leal Editor

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Academia Nacional de Agricultura Fundador e Patrono:

Octavio Mello Alvarenga

Diretoria Executiva Antonio Mello Alvarenga Neto Osaná Sócrates de Araújo Almeida Tito Bruno Bandeira Ryff Maurílio Biagi Filho Helio Guedes Sirimarco Francisco José Villela Santos Hélio Meirelles Cardoso José Carlos Azevedo de Menezes Ronaldo de Albuquerque Sergio Gomes Malta

Diretoria Técnica Alberto Werneck de Figueiredo Antonio de Araújo Freitas Júnior Antonio Salazar Pessôa Brandão Fernando Lobo Pimentel Jaime Rotstein José Milton Dallari Soares Kátia Aguiar Marcio Sette Fortes

Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo Diretor Executivo

Maria Cecília Ladeira de Almeida Maria Helena Martins Furtado Mauro Rezende Lopes Paulo Manoel Lenz Cesar Protasio Roberto Ferreira da Silva Pinto Rony Rodrigues de Oliveira Ruy Barreto Filho Tulio Arvelo Duran

Comissão Fiscal Claudine Bichara de Oliveira Frederico Price Grechi Plácido Marchon Leão Roberto Paraíso Rocha Rui Otávio Andrade

Diretor responsável Antonio Mello Alvarenga Neto diretoria@sna.agr.br Editor Luiz Octavio Pires Leal piresleal@globo.com Relações Internacionais Marcio Sette Fortes Consultores Albino Belotto albino.belotto@gmail.com Alfredo Navarro de Andrade alfredonavarro@terra.com.br

Cadeira 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52

Alexandre Moretti cdt@pesagro.rj.gov.br Fernando Roberto de Freitas Almeida freitasalmeida03@yahoo.com.br Roberto Arruda de Souza Lima raslima@usp.br Secretaria Maria Helena Elguesabal adm.diretoria@sna.agr.br Valéria Manhães valeria@sna.agr.br Revisão Andréa Cardoso andreascardosojm@gmail.com

Presidente:

Luíz Carlos Corrêa Carvalho Titular Roberto Ferreira da Silva Pinto Jaime Rotstein Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Francelino Pereira Ronaldo de Albuquerque Tito Bruno Bandeira Ryff Lindolpho de Carvalho Dias Flávio Miragaia Perri Paulo Manoel Lenz Cesar Protásio Marcus Vinícius Pratini de Moraes Roberto Paulo Cezar de Andrade Rubens Ricúpero Pierre Landolt Luíz Carlos Corrêa Carvalho Israel Klabin José Milton Dallari Soares João de Almeida Sampaio Filho Sylvia Wachsner Antônio Delfim Netto Roberto Paraíso Rocha João Carlos Faveret Porto Sérgio Franklin Quintella Kátia Abreu Antônio Cabrera Mano Filho Jório Dauster Elizabeth Maria Mercier Querido Farina Antonio Melo Alvarenga Neto Arnaldo Jardim John Richard Lewis Thompson José Carlos Azevedo de Menezes Afonso Arinos de Mello Franco Roberto Rodrigues João Carlos de Souza Meirelles Fábio de Salles Meirelles Leopoldo Garcia Brandão Alysson Paolinelli Osaná Sócrates de Araújo Almeida Denise Frossard Luís Carlos Guedes Pinto Erling Lorentzen Gustavo Diniz Junqueira Eliseu Alves Walter Yukio Horita Ronald Levinsohn Francisco Turra Cesário Ramalho da Silva Izabella Mônica Vieira Teixeira João Guilherme Ometto Alberto Werneck de Figueiredo Maurício Antonio Lopes Maurílio Biagi Filho

Diagramação e Arte I Graficci Comunicação e Design igraficci@igraficci.com.br CAPA Jairo Backes / Embrapa Suinos e Aves Produção Gráfica Juvenil Siqueira Circulação DPA Consultores Editoriais Ltda. dpacon@uol.com.br Fone: (11) 3935-5524 Distribuição Nacional FC Comercial

É proibida a reprodução parcial ou total, de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor. O conteúdo das matérias assinadas não reflete, obrigatoriamente, a opinião da Sociedade Nacional de Agricultura. Esta revista foi impressa na Edigráfica Gráfica e Editora Ltda. – End.: Rua Nova Jerusalém, 345 – Parte – Maré – CEP: 21042-235 – Rio de Janeiro, RJ – CNPJ (MF) 04.218.430/0001-35 Código ISSN 2237-132X – Tiragem: 15.000


Sumário

10 06

14 19

32 30

22

40

26 45

58 57

48

61

51 06 10 14 19 22 26 30 32 40 45

62

Avicultura caipira

66

Alternativas Tecnológicas para Substituição de Ingredientes em Produtos Cárneos Queda nos preços dos lácteos no mercado internacional e aumento da importação Ciência e Tecnologia

Animais Silvestres

Palma forrageira na alimentação de ruminantes

Genética: o importante insumo multiplicador da pecuária

Avicultura brasileira, uma indústria que produz proteína e divisas Acondicionamento térmico artificial de instalações para produção animal no Brasil Zoonoses

48 51 57 58 61 62 66

A segurança zoossanitária é fundamental para o Brasil manter e aumentar sua posição de grande produtor e exportador de produtos de origem animal Top News

Síntese

Pet Business

Números Academia Brasileira de Medicina Veterinária prestou homenagem a Fábio Meirelles no almoço comemorativo do quinto aniversário da revista Animal Business-Brasil Opinião

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Avicultura

caipira Por:

Antonio Edson Bernardes, produtor.

A criação de galinha caipira aumenta a renda dos agricultores familiares em todas as regiões no Brasil, pois há um mercado crescente para

o consumo de carne e ovos de galinhas do tipo caipira ou colonial. Incentivar esse tipo de criação, de forma planejada, é, portanto, importante. As galinhas caipira têm oportunidade de caminhar ao ar livre

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A

estrutura básica inclui um local para construção de um galinheiro para as aves e um sistema de piquetes para pastagem. Ao adquirir os pintinhos, devemos ter cuidado com vacinação, alimentação e higienização, entre outras técnicas de manejo. Esses cuidados manterão a sanidade, a fertilidade, a produtividade e o bem-estar das aves, minimizando eventuais prejuízos e gerando lucro.

Sistema simples O sistema de criação de galinha caipira é simples e não exige um alto investimento. Para a instalação do aviário é possível utilizar recursos disponíveis, em muitos casos, na própria propriedade, como bambu, madeira e palhagem. Outro item importante e de fácil preparação é a ração oferecida às aves, que pode ser feita com restos de frutas, verduras, algumas raízes e folhagens, também encontradas na unidade familiar. Com a produção de grãos na propriedade é possível desenvolver uma fabricação própria de ração, o que reduz muito o custo de produção.

Os criadores costumam alternar a criação à solta com o confinamento

Pronaf Pronaf é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. O agricultor familiar que possui Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) está habilitado a vender os produtos para as prefeituras municipais, através do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), cuja finalidade é inserir 30% de alimentos da agricultura familiar na merenda escolar. Na grande maioria das secretarias estaduais de agricultura, há suporte técnico para os interessados na criação de aves caipiras com orientação técnica e também sobre administração.

Importância das matrizes Uma vez definido o sistema de criação e seus objetivos, a origem genética das matrizes é de suma importância, ao lado da sanidade, do manejo e da nutrição. Há inúmeras empresas que ofertam material genético para postura ou abate, como a francesa Avifran, uma das referências na avicultura alternativa de alto desempenho. Essas empresas oferecem uma boa variedade de raças, como variáveis interessantes dentro das próprias raças.

Embora não haja comprovação científica de que tenham melhor qualidade, os ovos de casca escura são os preferidos

Além da oferta de aves convencionais, essas empresas de melhoramento genético também priorizam matrizes de Galinha d’Angola e codornas, duas aves exóticas. Apenas a Avifran pretende investir US$ 8 milhões até julho de 2017 e com isso duplicar suas vendas. Ela – que afirma ter 60% das vendas de pintinhos caipiras no Brasil – já é a líder no setor e pretende atingir o fornecimento de três milhões de unidades, por mês, no próximo ano, com a operação de uma rede de 130 distribuidores, segundo o diretor Luciano Maia. Animal Business-Brasil_7



O agronegócio possui um grande parceiro capaz de contribuir para seu desenvolvimento sustentável em todo o estado. Por meio de cursos, consultorias e um atendimento especializado, o Sebrae/RJ incentiva e participa de toda a cadeia, desde a criação até a comercialização, sem esquecer da responsabilidade ambiental. Venha conversar com quem sabe que no agronegócio não existe bicho de sete cabeças.

www.sebraerj.com.br | 0800 570 0800


Alternativas Tecnológicas para Substituição de Ingredientes em Produtos Cárneos M.Sc. Juliana Maria Guedes de Oliveira, Doutoranda e Prof. Carlos Adam Conte Junior, PhD,do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Fluminense; Profª Raquel Lima Salgado, PhD, do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal da Paraíba.

Nas últimas décadas, a facilidade de acesso à informação vem alertando a população sobre os perigos que uma má alimentação pode provocar na saúde. Dentre os tópicos mais comentados estão o alto consumo de gordura e a ingestão de aditivos sintéticos, ambos estão presentes em produtos cárneos processados. Como exemplos temos os antioxidantes e a gordura vegetal hidrogenada. Em consequência, os consumidores vêm buscando alimentos com teor reduzido de gordura e diminuindo o consumo daqueles que apresentam algum tipo de aditivo. Para acompanhar as mudanças nos hábitos dos consumidores, estudos estão sendo realizados, buscando a substituição desses ingredientes por outros considerados naturais, e que dê ao alimento a característica de funcional. Alimentos funcionais (AF) são aqueles adicionados de ingredientes que trazem benefícios específicos para a saúde, devendo ser salientado que esse efeito se restringe à promoção da saúde e não à cura de doenças. 10_Animal Business-Brasil

O

s projetos realizados na Universidade Federal Fluminense (UFF) com parceria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – tiveram a finalidade de buscar alternativas para substituir ingredientes considerados vilões da saúde, tendo em vista o objetivo de oferecer ao consumidor produtos caracterizados pela qualidade e segurança.

Gordura As gorduras envolvem uma série de substâncias que possuem a característica de não serem solúveis em água. Podem ser de origem animal ou vegetal, formadas predominantemente pela condensação entre glicerol e ácidos graxos, formando triacilgliceróis. Os alimentos, sejam Camu-camu Juliana Maria Guedes de Oliveira

Por:


Juliana Maria Guedes de Oliveira

Fluxograma de Obtenção da Fibra

naturais ou processados, podem oferecer vários tipos de gorduras. Alguns tipos apresentam efeito benéfico à saúde, enquanto outros podem ser prejudiciais. As principais fontes de gordura boa para saúde são os peixes e os alimentos de origem vegetal, pois a gordura desses alimentos é formada por ácidos graxos insaturados. Por outro lado, as gorduras saturadas, formadas por ácidos graxos saturados, e que estão presentes nas carnes e produtos cárneos parecem prejudicar a saúde, pois estão relacionadas com o aumento do risco de problemas cardiovasculares. Um tipo de gordura saturada muito utilizada na indústria de alimentos é a gordura vegetal hidrogenada, obtida pelo processo de hidrogenação de óleos vegetais. A gordura vegetal hidrogenada é também a fonte para a presença de gorduras trans nos alimentos processados. Em um produto cárneo, como o hambúrguer por exemplo, é feita a adição de gordura animal ou vegetal hidrogenada ou ambas. Isso porque a gordura desempenha importante papel tecnológico na formulação desse produto. A gordura junto a outros componentes como água e proteínas formam o que chamamos de emulsão cárnea. A ausência ou a quantidade insuficiente de gordura desestabiliza essa emulsão, conferindo perdas na qualidade sensorial e no rendimento. A gordura confere sabor e maior suculência, resul-

tando no melhoramento da textura do produto. Devido ao importante papel da gordura nos alimentos, o grande desafio é encontrar ingredientes que possam desempenhá-lo com eficiência.

Processos oxidativos Dentre os principais mecanismos de deterioração da qualidade da carne e de produtos cárneos, os processos oxidativos propiciam a alteração de lipídios e proteínas (incluindo pigmentos), causando perda de sabor, cor e valor nutritivo, limitando a validade comercial das carnes e seus derivados. A oxidação lipídica ocorre devido à presença de fosfolipídios, ácidos graxos poli-insaturados, íons metálicos, pressão de oxigênio e pigmentos heme. Acelerada por processos mecânicos e adição de sal durante o processamento, a reação é iniciada quando um ácido graxo poli-insaturado reage com o oxigênio molecular via mecanismo de cadeia de radicais livres formando peróxidos. Outra forma de oxidação está relacionada com a formação de carbonilas a partir da oxidação de proteínas. Compostos carbonilas são formados através da oxidação direta de cadeias laterais de aminoácidos, fragmentação do esqueleto peptídico, reação com açúcares redutores ou ligação de compostos carbonilas não proteicos. Animal Business-Brasil_11


Uma das principais estratégias para prevenção da oxidação é o uso de antioxidantes, que têm a propriedade de inibir ou controlar a formação e propagação de radicais livres. Antioxidantes sintéticos como o butil-hidroxitolueno (BHT) e butil-hidroxianisol (BHA) podem reduzir os processos de oxidação, no entanto, estes ingredientes têm sua utilização limitada, entanto, devido a propriedades tóxicas ao organismo humano, além de baixa solubilidade em água e baixa capacidade para penetrar nos músculos intactos.

Fibra Alimentar No Brasil, segundo a ANVISA, na Resolução RDC nº 360, de 23/12/2003 (Brasil 2003), a fibra alimentar é definida como qualquer material comestível, consumido normalmente como componente de um alimento, que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo humano, a qual recomenda-se o consumo de 25g de fibra alimentar, sendo este o seu valor diário de referência (VDR) e de declaração obrigatória na rotulagem dos alimentos. Anteriormente, a fibra dietética foi dividida em fibra solúvel e insolúvel, numa tentativa de atribuir os efeitos fisiológicos a tipos químicos de fibras. As fibras solúveis foram relacionadas com a diminuição do colesterol e as fibras insolúveis com a motilidade intestinal. O Institute of Medicine, Food and Nutrition Board publicou um novo conjunto de definições para fibra alimentar, para abranger atuais e futuros carboidratos não digeríveis fornecidos pelos alimentos. Essas definições são consideradas subdivisões significativas de substâncias potenciais que poderiam ser incluídas como fibra. Dessa forma, a fibra dietética ou alimentar consiste de carboidratos não digeríveis e lignina que estão intrínsecos e intactos nas plantas; fibra funcional consiste de carboidratos não digeríveis isolados ou extraídos, que têm efeitos fisiológicos benéficos em humanos, e fibra total que é a soma da fibra dietética mais a fibra funcional. De forma geral, a fibra dietética solúvel apresenta alta capacidade de hidratação e incha para formar soluções viscosas. Fibras insolúveis podem reter água dentro da sua matriz fibrosa e também outros componentes, tais como a fibra dietética solúvel, mas sem formar soluções viscosas. Tecnologicamente, isso resulta no uso

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de componentes de fibra solúvel (pectinas, gomas, alginatos e carragenas) como agentes de gelificação, espessantes, espumantes e estabilizadores de emulsão. Em contraste, as fibras insolúveis estabilizam sistemas alimentares, melhoram a densidade do produto e minimizam o encolhimento, e podem também ser utilizadas como agentes que melhoram a textura dos alimentos. Devido às suas propriedades de hidratação, as fibras são utilizadas para retardar o endurecimento, controlar a umidade e a formação de cristais de gelo, reduzir a sinérese e aumentar a estabilidade dos alimentos. Na indústria da carne, a fibra alimentar tem uma importância grande devido às suas propriedades tecnológicas, como melhorar as propriedades de textura, reduzir a perda no cozimento e custo da formulação, desempenhando papel semelhante ao da gordura. Atualmente, pesquisas vêm sendo desenvolvidas para sugerir novas tecnologias para o processamento do bagaço do caju, com objetivo de contribuir para o seu aproveitamento como fonte de fibras na alimentação humana, através da obtenção da farinha e adição em alimentos como hambúrgueres, barras de cereais e biscoitos. Com base na importância da presença de fibras na dieta, e em trabalhos que mostram que as fibras de frutas podem ser usadas como ingrediente funcional e principalmente com o objetivo de reduzir o desperdício desses resíduos, é importante a realização desses estudos.

Extratos Antioxidantes A utilização de resíduos da indústria de processamento de produtos vegetais oriundos da fabricação de sucos, polpas, doces, geleias e vinhos, possuem potencial industrial uma vez que são excelentes fontes de compostos antioxidantes naturais. A capacidade antioxidante desses produtos naturais se dá principalmente pela presença de compostos fenólicos que no caso das frutas, estão presentes principalmente na casca e nas sementes. O Brasil está entre os maiores produtores mundiais de frutas, oferecendo uma grande variedade de opções para a investigação de fontes de antioxidantes a serem empregados em produtos alimentícios.


Juliana Maria Guedes de Oliveira

O Camu-camu (Myrciaria dubia) é uma pequena baga, nativa da Amazônia. Atualmente é considerada a mais alta fonte natural de vitamina C. Estudos conduzidos para avaliar os componentes antioxidantes e a capacidade antioxidante de frutas tropicais concluíram que o camu-camu é uma excelente fonte de compostos bioativos com potencial antioxidante. Este potencial antioxidante do camu-camu não está relacionado apenas ao alto teor de vitamina C, mas também ao seu conteúdo de compostos fenólicos.

Projetos em desenvolvimento

Juliana Maria Guedes de Oliveira

Modelo Biológico de Carne Ovina

Juliana Maria Guedes de Oliveira

Carne Ovina com extrato de semente de camu-camu

Carne Ovina com extrato de Casca de camu-camu

Em um dos projetos de pesquisa foram utilizados dois extratos antioxidantes, um da casca e outro da semente de camu-camu (Myrciaria dubia). No outro projeto, a fibra foi obtida a partir do bagaço do pedúnculo do caju. • Obtenção da fibra do caju; • Obtenção dos extratos antioxidantes; • Quantificação de compostos fenólicos nos extratos; • Aplicação da fibra de caju em hambúrguer de frango como substituto de gordura; • Aplicação dos extratos antioxidantes em matriz cárnea ovina.

Oportunidades de negócios Enquanto a castanha é um produto de alto valor agregado, o pedúnculo do caju muitas vezes é considerado um subproduto, sendo parte da sua produção desperdiçada. Uma das razões para a exploração tão baixa está associada à rápida deterioração do pedúnculo, causando grandes perdas no campo e na indústria. A utilização da fibra de caju como substituto de gordura em alimentos contribuirá para o aproveitamento de um resíduo e para a valorização do pedúnculo, aumentando o interesse dos produtores em processá-lo, em busca de uma nova fonte de renda. Durante o processamento de frutas para obtenção de sucos e polpas há a produção substancial de resíduos como cascas e sementes. Esses resíduos industriais são geralmente descartados ou apenas usados como subprodutos de baixo valor, porém apresentam alto teor de antioxidantes que podem ser extraídos a partir dessas fontes residuais.

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Queda nos preços dos lácteos no mercado internacional e aumento da importação Por:

Juliana Pila, zootecnista da Scot Consultoria

Pasto de boa qualidade reduz o custo de produção

14_Animal Business-Brasil


N

Os preços dos lácteos estão pressionados negativamente no mercado internacional.

a comparação com igual período do ano passado, o preço médio caiu 15,3%. Desde o início das quedas, em outubro de 2015, os produtos acumulam desvalorização de 14,6%. No caso do leite em pó, cotado em US$2,09 mil na média do período analisado, a desvalorização foi de 17,2%, em relação a 2015.

De acordo com os leilões realizados pela plataforma Global Dairy Trade (GDT), referência no mercado internacional, considerando todos os produtos lácteos comercializados, a cotação média até julho, último dado disponível até o fechamento deste artigo, ficou em US$2,29 mil por tonelada.

Figura 1. Preço médio do leite em pó integral e preço médio dos produtos lácteos desde 2015 dos leilões da Fonterra, em US$/tonelada. 3.600 3.300 3.000 2.700 2.400 2.100 1.500

6/1/15 20/1/15 3/2/15 17/2/15 5/3/15 17/3/15 1/4/15 15/4/15 5/5/15 19/5/15 2/6/15 16/6/15 1/7/15 15/7/15 4/8/15 18/8/15 1/9/15 15/9/15 6/10/15 20/10/15 3/11/15 17/11/15 1/12/15 15/12/15 5/1/16 19/1/16 2/2/16 16/2/16 1/3/16 15/3/16 5/4/16 19/4/16 3/5/16 17/5/16 1/6/16 15/6/16 5/7/16 19/7/16

1.800

Leite em pó integral

Total do lácteos

Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Bela Magrela

Cenário de pressão de baixa Esse cenário de pressão de baixa no mercado internacional está relacionado à queda da demanda mundial e ao aumento da produção de leite e derivados, que geraram estoques. A situação econômica de alguns grandes importadores de lácteos, como a Rússia e a Venezuela, agravaram este quadro. Diante deste cenário, os contratos futuros de leite em pó integral continuam sem apontar para grandes mudanças até o início de 2017. Até janeiro, as projeções são de preços entre US$2.105 e US$2.180 por tonelada, ou seja, sem alteração significativa no atual patamar de preços. Em 2015, a captação de leite totalizou 24,74 bilhões de litros, uma queda de 2,7% em relação ao ano anterior. Desde o início da série histórica da Pesquisa Trimestral do Leite, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou em 1997, não havia sido registrado queda na produção. Animal Business-Brasil_15


Tabela 1. Produção de leite, em bilhões de litros. 2014

2015

2016*

Variação 2016/2015

Variação 2016/2014

Austrália

9,70

10,00

10,01

0,1%

3,2%

Argentina

11,33

11,50

11,65

1,3%

2,9%

Nova Zelândia

21,89

21,39

20,75

-3,0%

-5,2%

Brasil

23,55

24,74

24,06

-2,7%

2,2%

Estados Unidos

93,46

94,48

96,35

2,0%

3,1%

União Europeia

150,85

152,45

153,35

0,6%

1,7%

*Estimativa para 2016. Fonte: USDA / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Tabela 2. Preços futuros do leite em pó integral.

ago/16

set/16

out/16

nov/16

dez/16

jan/17

Preço médio (US$/tonelada)

2.120

2.105

2.130

2.140

2.180

2.175

Variação (%)

-14,0

0,4

2,5

2,5

3,2

3,5

Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br *cotações do dia 21/7

Se analisarmos a produção divulgada na Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) também realizada pelo IBGE, que possui uma série histórica maior (desde 1974), a última queda na produção brasileira ocorreu em 1993. Em 2016, a produção continua em decréscimo. Segundo estimativas da Scot Consultoria, a produção deverá ser 3,0% menor no primeiro semestre. Esse resultado ocorreu em função do menor investimento na atividade por causa dos altos custos de produção e quedas nos preços do leite a partir de meados de 2015. Problemas climáticos em algumas regiões também colaboraram com este cenário.

Importação crescente A escassez de leite, no mercado doméstico, por conta da redução da produção, tem elevado os preços no mercado interno, o que torna a importação competitiva. De janeiro a junho, o Brasil exportou 19,96 mil toneladas de produtos lácteos. Na compara16_Animal Business-Brasil

ção com igual período de 2015, houve queda de 23,0% no volume embarcado. No caso das importações, houve aumento de 60,8% em volume nos primeiros seis meses deste ano, comparado com igual período de 2015, totalizando 104,91 mil toneladas de lácteos. Os preços mais baixos no mercado internacional aumentaram a competitividade do produto importado, mesmo com o dólar valorizado frente ao real. Junto a isso, a menor disponibilidade interna, incentivaram as compras fora do país. De janeiro a junho, a balança comercial brasileira de lácteos ficou negativa, com déficit de US$204,05 milhões. O déficit aumentou 77,2%, frente ao mesmo período do ano anterior.

Preocupação No Brasil, as importações em alta geram uma preocupação com relação aos preços no mercado interno. Caso as compras no exterior persistam em grandes volumes no segundo se-


Bela Magrela

A uniformidade é uma das características almejadas na seleção das vacas

Animal Business-Brasil_17


De janeiro a junho de 2016 o Brasil exportou 19,96 mil toneladas de produtos lácteos, 23,0% menos do que em igual período de 2015. As importações aumentaram 60,8% nos primeiros seis meses de 2016. mestre, quando a produção interna retoma com mais força, a pressão de baixa sobre os preços no mercado interno pode ser mais forte. No primeiro semestre, a queda na produção de leite no país fortaleceu os preços pagos ao produtor e também no atacado e no varejo, mesmo com a demanda patinando em função do cenário econômico vivido pelo país. Espera-se recuperação na produção a partir de agosto/setembro na região Sul e em Minas Gerais, mas os incrementos deverão ser comedidos este ano, em função dos menores investi-

mentos e gastos por parte do produtor na atividade, além de questões climáticas.

Situação desfavorável Para o produtor de leite, a situação não está favorável. Apesar das altas nos preços recebidos pelo leite, de 16,6% na comparação anual, os custos de produção subiram mais, 24,3%, estreitando a margem da atividade.

Escassez no mercado doméstico A escassez de leite no mercado doméstico, junto aos menores preços dos lácteos no mercado internacional, aumentou a importação do produto pelo Brasil. Esse cenário de pressão de baixa no mercado internacional está relacionado à queda da demanda mundial e ao aumento da produção de leite e derivados, que geraram estoques. A situação econômica de alguns grandes importadores de lácteos como a Rússia e a Venezuela, agravaram este quadro. No caso das importações, houve aumento de 60,8% em volume nos primeiros seis meses deste ano, comparado com 2015, totalizando 104,91 mil toneladas de lácteos.

Tabela 1. Brasil: balança comercial de lácteos (acumulado de janeiro a junho). Valor (milhões de US$)

Volume (mil toneladas)

Ano

Exportação

Importação

Saldo

Exportação

Importação

Saldo

2007

80,57

68,75

11,81

37,99

34,54

3,45

2008

226,78

97,83

128,95

64,82

37,34

27,48

2009

87,40

122,83

-35,43

37,03

64,35

-27,32

2010

64,69

144,73

-80,04

26,19

53,90

-27,70

2011

44,86

271,26

-226,40

17,29

73,42

-56,13

2012

44,86

314,22

-269,36

17,94

88,48

-70,54

2013

48,13

237,87

-189,74

20,22

68,51

-48,29

2014

161,13

202,15

-41,02

41,87

47,04

-5,17

2015

98,90

214,08

-115,18

25,93

65,23

-39,30

2016

56,48

260,53

-204,05

19,96

104,91

-84,95

Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços / Compilados pela Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br 18_Animal Business-Brasil


Lopes Cavalcante

Geradores movidos a biogás permitem obter energia com custo quase zero Desenvolvidos pela CHP Brasil, localizada no Rio de Janeiro, os equipamentos são movidos a biogás para geração de energia elétrica e térmica. O biogás, produzido com dejetos animais e resíduos vegetais, é transformado em energia elétrica, através de um gerador, com tecnologia daquela empresa carioca. Comercializando geradores para diversos segmentos, no meio rural e urbano, a CHP conta entre seus clientes com a Fazenda Trevisan, no Rio Grande do Sul, destinada à criação de gado leiteiro. Na propriedade faz-se uso de um gerador para, entre outros fins, obter água quente para limpeza e desinfecção de equipamentos de ordenha e energia elétrica para uso em todas as atividades da propriedade. Com os geradores, segundo a CHP, é possível obter energia elétrica a custo quase zero. Para contato: Clovis Ferreira – tel.: (21) 974757599; e-mail: rbrural@gmail.com.

Instituto de Pesca de São Paulo desenvolve tecnologia para criação e reprodução de robalo em cativeiro A novidade sobre o robalo – peixe de água salgada que corre risco de extinção por causa da pesca predatória (sem controle) – resulta de estudos dos pesquisadores Idili da Rocha Oliveira e Pedro Carlos da Silva Serralheiro do Instituto de Pesca de São Paulo. Segundo eles, dois pacotes tecnológicos podem ser repassados aos interessados: a engorda de alevinos (filhotes) de robalo aos piscicultores e a produção de alevinos em laboratório. Nesse caso, a tecnologia de reprodução destina-se a empresas do setor ou instituições de pesquisa. “O robalo tem como principal atrativo o alto valor comercial e a demanda desse peixe é maior do que a oferta”, afirmam os pesquisadores explicando que “com a tecnologia de reprodução do robalo é possível produzir a espécie o ano inteiro. Na natureza, ao contrário, o período de reprodução do robalo limita-se a três a quatro meses, no verão”. Reprodução

CHP Brasil

Por: Adeildo

Animal Business-Brasil_19


Presuntos crus defumados e não defumados, copas, presuntos cozidos, mortadelas, hambúrgueres e bacon. Esses são alguns dos produtos desenvolvidos com carne ovina pelo núcleo Pecuária Sul da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) dentro do projeto Aproveitamento Integral de Carne Ovina, que busca alternativas para levar ao mercado novas opções de consumo deste tipo de carne. De acordo com a coordenadora do projeto, a pesquisadora da EMBRAPA Élen Nalério, to-

Primeiro clone de raça bovina em extinção no Brasil

Vani Boza / Agencia RBS

Trata-se de um clone (bezerra) da raça Flamenga (francesa), desenvolvido por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária

Paulo Lanzetta

EMBRAPA desenvolve bacon, presunto e copa de carne ovina

dos esses produtos são feitos com categorias animais com pouco valor comercial hoje, como ovelhas mais velhas e de descarte, mas ainda com bastante qualidade nutricional. A ideia para o desenvolvimento dos produtos, segundo ela, veio de derivados de carne suína, que são muito apreciados pelo consumidor.

e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (EDESC). “É o primeiro caso mundial de clonagem de célula de uma fêmea estéril que resulta num clone fértil”, explica o médico veterinário da EPAGRI, Fabiano Zago, responsável pela pesquisa juntamente com o professor Alceu Mezzalira, doutor em reprodução animal e professor da UDESCU (na foto alimentado o clone, que recebeu o nome de Brisa). Segundo Zago, “a vaca da qual foram retiradas as células para clonagem é estéril e Brisa provavelmente será fértil, o que fará dela uma reprodutora da raça”. O objetivo da pesquisa é preservar a raça Flamenga, que chegou à Serra Catarinense em 1912 e conta atualmente com apenas 50 animais puros.

Lançado inicialmente para combater parasitas em bovinos, entre eles o carrapato (causador de grandes perdas na produção de leite e de carne), o produto ganha versão exclusiva para a avicultura (ele é indicado para controle do cascudinho, um dos principais insetos que causam prejuízos às criações de galinhas de corte e de postura). Dotado de princípios ativos de alta segurança e baixa toxicidade (cipermetrina, clorpirifós e butóxido de piperonila), o produto é aplicado através de pulverização de solução aquosa. Essa prática, aplicada repetidas vezes no galpão de criação, permite que o controle do cascudinho seja feito antes de se completar o ciclo de vida do inseto (de larva à fase adulta). O Colosso também pode ser aplicado no controle do piolho, outro parasita que prejudica as criações de galinhas. 20_Animal Business-Brasil

Ouro Fino Saúde Animal

Marca Colosso da Ouro Fino Saúde Animal ganha versão exclusiva para a avicultura


Viveiros fertilizados fazem pirarucu aumentar peso em até 20% Esse resultado foi alcançado em pesquisa realizada dentro do Projeto Pirarucu da Amazônia, uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), através do núcleo Pesca e Aquicultura, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para se chegar ao resultado fez-se uso da fertilização dos viveiros de criação de daquele peixe, a qual consistiu em disponibilizar nutrientes na água para o rápido desenvolvimento do plâncton (planta aquática), fonte de alimento importante na fase inicial de desenvolvimento do pirarucu. Além do aumento de peso, obteve-se uma melhor conversão alimentar, isto é, em média, os peixes consumiram menos alimento para ganhar cada quilo de peso. Na fase da recria, a fertilização possibilitou obter animais com peso médio de 0,90 kg, enquanto que, em viveiros em que não houve fertilização, esse peso ficou em 0,75 kg.

Um grupo de 46 bovinos da raça Sindi, pertencente ao rebanho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), foi registrado como Puro de Origem (PO) pela Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (ABCZ). Os animais são descendentes diretos da segunda importação de bovinos da raça, oriundos do Paquistão, realizada em 1952. Desde 1996, passaram para o domínio do núcleo Semiárido da EMBRAPA, onde vêm sendo mantidos como um rebanho fechado (sem cruzamento) com outras linhagens. “Por isso pode ser considerado o gado Sindi mais puro do Brasil”, afirma a pesquisadora da empresa Rosângela Barbosa. O registro foi bem recebido pela Associação Brasileira dos Criadores de Sindi. Segundo ela, existia uma grande demanda de gado importado para refrescar o sangue dos rebanhos nacionais (o refrescamento é importante para evitar os defeitos no acasalamento provocados pela endogamia (cruzamento entre parentes). Com o registro, não é mais preciso buscar animais na Índia ou no Paquistão para refrescar o sangue dos rebanhos. Exemplares Sindi

Fernanda Birolo

Jefferson Christofoletti

Gado Sindi da EMBRAPA é registrado como Puro de Origem na ABCZ

Animal Business-Brasil_21


animais silvestres

Lobo-guará Por:

MSc. Marcio Barizon Cepeda - Doutorando em Ciências Veterinárias pela UFRRJ e MSc. Aline Braga Moreno - Mestre em Ciências Veterinárias pela UFRRJ. Fotos:Sávio Freire Bruno – Doutor em Medicina Veterinária Hannover

Fotos:

D.Sc. Sávio Freire Bruno – Doutor em Medicina Veterinária - Tierärztliche Hochschule Hannover, TIHO HANNOVER, Alemanha.

O andar solitário pela imensidão do Cerrado é uma característica marcante do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), considerado um animal símbolo deste bioma. É integrante de uma ampla biodiversidade que vive em nosso país e possui grande importância ecológica por ser considerado um predador de topo de cadeia alimentar, controlando populações de vertebrados e invertebrados. Além disso, o lobo-guará também exerce a importante função de dispersor de sementes, participando desta maneira, da preservação das regiões em que habita.

O

lobo-guará possui populações que se distribuem por seis países: Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru e Uruguai. De acordo com dados de levantamentos feitos por pesquisadores da espécie, cerca de 90% dos indivíduos são encontrados em terras brasileiras, sendo assim nosso país é considera-

22_Animal Business-Brasil

do um importante local para realização de ações que visem à preservação da espécie. Apesar de apresentar uma ampla distribuição geográfica, dados da última avaliação nacional classificam a espécie como criticamente ameaçada no Estado do Rio Grande do Sul e como vulnerável (VU) nos Estados do Paraná, Minas Gerais e São Paulo. De acordo com a classificação da IUCN (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources) a espécie ocupa a categoria de quase ameaçada.

Distribuição A distribuição do lobo-guará no Brasil tem sofrido alterações nos últimos anos, sendo estas principalmente relacionadas à intensa degradação ambiental em algumas das regiões onde a espécie é encontrada. Pesquisas apontam que atualmente, a distribuição da espécie no Brasil se estende do sul do Estado do Rio Grande do Sul até o sul do Pará e Maranhão, contemplando também os Estados da Região Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. Acredita-se que esteja ocorrendo uma ampliação na sua distribuição em áreas cujas características originais tenham sido alteradas por consequência da atividade humana. Existem relatos da ocorrência do animal em locais que foram convertidos em áreas para pastagem e agricultura, como um provável resultado da modificação da paisagem local.

Características Seu comprimento corporal varia de 95 a 115 centímetros, pesando entre 20 e 30 Kg, sendo considerado o maior dentre os canídeos sul-americanos. As longas pernas e orelhas grandes são também atributos típicos do animal e sua co-


loração pardo-avermelhada gerou o nome popular pelo qual é conhecido, uma vez que o termo guará na língua indígena Tupi significa vermelho. Possui ainda outras características como pêlos longos na região lombar, focinho, pêlos da nuca e dorso de coloração negra e porção terminal da cauda branca.

Habitat O habitat preferencial do lobo-guará são áreas abertas com vegetação arbórea escassa, e no Brasil, ocupa principalmente áreas do Cerrado, mas também pode ser encontrado em outros biomas como Pantanal, Campos Sulinos, Caatinga e Mata Atlântica.

Hábitos Apesar de ser uma espécie de hábitos solitários, durante o período de reprodução, os in-

divíduos formam casais. O período reprodutivo ocorre entre os meses de março a junho, com o nascimento dos filhotes geralmente ocorrendo entre maio e setembro. Após um período gestacional de 65 dias são gerados de um a cinco filhotes e o macho auxilia a fêmea no cuidado destes. São animais territorialistas, que se utilizam da estratégia de demarcação de território através da deposição de fezes e urina. Seu período de atividade é crepuscular e noturno, no entanto, observações de pesquisadores revelam que este período pode variar de acordo com a temperatura e estação do ano.

Dieta É classificado como onívoro quanto ao hábito alimentar que possui, isto é, se alimenta de diversos tipos de alimentos de acordo com a disponibilidade dos recursos. Sua dieta inclui variados

Animal Business-Brasil_23


animais silvestres

frutos e ainda pequenos e médios vertebrados como roedores, tatus, pacas, gambás, aves e répteis. Um fruto típico da região semiárida, a fruta-do-lobo ou lobeira (Solanum lycocarpum), recebeu esse nome por ser muito apreciada pelo animal, e tal apreciação faz com que suas sementes sejam frequentemente visualizadas em suas fezes, demonstrando que atua como importante agente de disseminação da planta. A estratégia de caça utilizada pela espécie inclui a perseguição da presa, também se utilizando de saltos para capturar aves.

Ameaças As principais ameaças que afetam a sua sobrevivência são a perda de habitat, os atropelamentos, os conflitos com o homem, e o risco de transmissão de patógenos a partir do contato deste animal com animais domésticos, principalmente cães. A alteração de seu habitat natural, que ocorre devido à expansão da área agrícola e urbana, vem sendo muito prejudicial à espécie, uma vez que reduz a oferta de água, alimentos e abrigo para o lobo-guará. Por sua vez, os atropelamentos em estradas podem levam à redução 24_Animal Business-Brasil

de populações, principalmente aquelas que são pequenas e isoladas.

Saúde pública Atualmente, uma das principais preocupações em nível de saúde pública, é o contato mais íntimo entre o lobo-guará, a população humana e os animais domésticos. Este fato representa um enorme agravante na preservação da espécie, já que este contato pode potencializar a transmissão de patógenos que são potenciais causadores de doenças parasitárias e infecciosas, tais como a cinomose, a leishmaniose e a parvovirose. Existe ainda o aumento no risco de intoxicação por defensivos agrícolas. A proximidade do lobo-guará de áreas de pastagem e agrícolas, levam muitas vezes à ocorrência de conflitos com as populações humanas, que ocorrem muitas vezes pelo fato do animal se alimentar de animais de criação, como por exemplo galinhas. A falta de políticas públicas voltadas para a conservação da espécie e de seu bioma natural, assim como a ausência de fiscalização contra as caças predatórias, contribuem para a extinção do animal. Outras ameaças à espécie também


As perdas pela caça, comércio ilegal e tentativas de domesticação colaboram para a extinção da espécie. são relevantes como a falta de centros de triagem pelo país, os chamados CETAS, onde os animais teriam totais condições de se reabilitarem e serem novamente introduzidos na natureza. As perdas pela caça, comércio ilegal e a tentativa de domesticação de um animal selvagem, também colaboram para a extinção da espécie.

Proteção Muitos pesquisadores e organizações estão trabalhando para proteger esta espécie. Dentre as ações que estão sendo realizadas, podemos destacar a criação do Plano de Ação Nacional para a conservação do lobo-guará. O Plano de

Ação é um documento elaborado por especialistas e é composto por diversos atores tais como a sociedade civil organizada, universidades, órgãos do governo como o IBAMA e parques nacionais. Resumidamente, o Plano de Ação envolve o desenvolvimento de metas que visam à preservação e a manutenção do lobo-guará em seu habitat natural. Essas metas envolvem a promoção de atividades de pesquisa, agências de fomento e órgãos de financiamento que potencializam ações de conservação da espécie, reunindo esforços e recursos para essa finalidade. Também prioriza a avaliação do impacto que a ação humana pode causar sobre as populações deste animal, ampliando os estudos sobre a sanidade e a relação ecológica da espécie com seu ecossistema característico. O lobo-guará ainda existe e luta para sobreviver, sendo assim, é essencial a elaboração de projetos que estejam voltados para a preservação da área habitada por estes animais. Proteger o lobo-guará é uma importante estratégia, não só para garantir a conservação da espécie, mas também por beneficiar outras espécies que habitem a mesma área. Animal Business-Brasil_25


Palma forrageira na alimentação de ruminantes Por:

Diana Valadares Pessoa - Zootecnista, Mestranda em Ciência Animal e Pastagens, UAG/UFRPE, Albericio Pereira de Andrade – Agrônomo, Prof. UAG/UFRPE e André Luiz Rodrigues Magalhães - Zootecnista, Prof. UAG/UFRPE

O Semiárido brasileiro se caracteriza por apresentar irregularidade na distribuição espacial e temporal das chuvas, com períodos prolongados de estiagens. Por consequência, ocorre a estacionalidade na produção quantitativa e qualitativa de alimentos volumosos para os rebanhos de animais ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos). Dá-se então a busca por espécies forrageiras adaptadas a essas condições de produção e que possam atender às exigências de mantença e produção dos animais.

A

principal atividade desenvolvida nessas regiões é a pecuária com destaque para criação de bovinos, caprinos e ovinos, seja para produção de carne, leite ou seus derivados. Devido às oscilações na produção de forragens e à baixa disponibilidade de água principalmente na seca, a atividade pecuária sofre impactos negativos e oscilações de produção que podem resultar na inviabilidade econômica de alguns criatórios. 26_Animal Business-Brasil

Opção Assim a palma forrageira aparece como opção para o cultivo no Semiárido, por apresentar mecanismos fisiológicos vantajosos no que se refere a capacidade de absorção, uso e conservação de água. Por ser uma excelente fonte de reserva forrageira, sua importância na sustentabilidade regional da pecuária de ruminantes é significativa, seguimento este atingido pela irregularidade na oferta de alimentos para os rebanhos.

Principais espécies As principais espécies de palma forrageira que contribuem significativamente na alimentação dos rebanhos é a Opuntia ficus-indica Mill com as variedades gigante, redonda e clone IPA-20 e Napolea cochenillifera Salm-Dyck, cuja variedade é a palma miúda ou doce. A palma gigante apresenta porte bem desenvolvido, com caule com pouco ramificado, isso lhe confere um aspecto mais ereto. Em contrapartida, a palma miúda apresenta-se como uma planta de porte pequeno e com caule bastante ramificado (LOPES, 2012). A palma forrageira tem sido frequentemente utilizada como ingrediente alimentar dos rebanhos de ruminantes no Semiárido, principalmente, por apresentar alta produtividade, além de garantir o atendimento de parte significativa das exigências dietéticas de água pelos animais.

Composição química A palma forrageira apresenta composição química variável, o que está intrinsicamente relacionada com a espécie, época do ano, tratos culturais, dentre outros fatores. Independente da


Figura 1. Vacas leiteiras consumindo palma forrageira.

Animal Business-Brasil_27


Maneira de ofertar

espécie em questão, a palma forrageira apresenta baixo teor de matéria seca (11,69 ± 2,56%), proteína bruta (4,81 ± 1,16%), fibra em detergente neutro (26,79 ± 5,07%), fibra em detergente ácido (18,85 ± 3,17%), carboidratos totais (81,12 ± 5,9%), carboidratos não fibrosos (58,55 ± 8,13%), carboidratos não estruturais (49,9 ± 19%) e matéria mineral (12,04 ± 4,7%), (FEREIRA et al., 2012). Diversos estudos têm comprovado a variabilidade da composição da palma forrageira independente do gênero (Quadro 1). Devido aos baixos teores de matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína bruta, recomenda-se ofertar a palma forrageira associada a fontes de fibra de alta efetividade e fontes proteicas. Assim, previne-se a ocorrência de distúrbios metabólicos que possam comprometer a saúde e a produção dos rebanhos.

Uma boa maneira de ofertar a palma forrageira para os animais é na forma de mistura completa, em que a palma previamente picada é disponibilizada junto a fontes de alimentos com maiores conteúdos de fibra (silagens, fenos e capins picados) e ingredientes concentrados, quando for o caso. Em estudo realizado por Vanderley et al. (2002), avaliando o desempenho de vacas da raça Holandesa em lactação, alimentadas com rações contendo diferentes níveis (0, 12, 24 e 36%) de palma forrageira (Opuntia ficus indica Mill) em substituição à silagem de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench), foi possível manter a gordura do leite em níveis normais e melhorar a conversão alimentar e o consumo de nutrientes, associando a palma com a silagem de sorgo forrageiro.

Quadro 1. Composição química da palma forrageira Espécie

MS%

PB1

FDN1

FDA1

CHT1

CNF1

CNE1

MM1

EE1

Autor

Opuntia (gigante)

8,0

2,40

31,80

18,24

-

-

-

-

2,31

CAVALCANTE et al., 2008.

Opuntia (orelha de elefante)

7,50

2,55

30,05

15,72

-

-

-

-

1,73

CAVALCANTE et al., 2008.

Opuntia (gigante)

12,63

4,45

26,17

20,05

87,86

61,79

-

-

0,84

WANDERLEY et al.,2002.

Opuntia (gigante)

8,0

5,09

27,65

22,31

86,47

51,1

-

-

1,94

MELO et al., 2006.

Opuntia (gigante)

10,63

6,32

-

-

-

-

-

-

-

SANTOS et al., 2001.

Nopalea (miúda)

11,96

6,28

-

-

-

-

-

-

-

SANTOS et al., 2001.

Opuntia ficus indica, Mill (redonda)

11,0

5,93

-

-

-

-

-

-

-

SANTOS et al., 2001.

Nopalea (miúda)

12,0

6,2

26,9

16,5

71,1

-

44,4

18,6

-

BATISTA et al., 2003.

Opuntia (IPA20)

13,8

6,0

28,4

19,4

71,1

-

46,3

17,1

-

BATISTA et al., 2003.

1 % na matéria seca; Proteína bruta (PB); Matéria seca (MS); Fibra em detergente neutro (FDN); Fibra em detergente ácido (FDA); Carboidratos totais (CHT); Carboidratos não fibrosos (CNF); Carboidratos não estruturais (CNE); Matéria mineral (MM); Extrato etéreo (EE).

28_Animal Business-Brasil


O uso da palma forrageira na alimentação de ruminantes no Semiárido brasileiro deve ser mais difundido para uso durante a seca.

Em trabalho desenvolvido por Araújo et al. (2004), foi avaliada a substituição do milho por palma forrageira em dietas completas para vaca em lactação, onde não houve diferença no consumo de matéria seca das dietas preparadas com as diferentes cultivares de palma (gigante e miúda). No entanto, ocorreu maior consumo de matéria seca nas dietas contendo milho, as quais apresentaram maior teor de matéria seca, em relação às dietas sem milho. Em relação ao consumo de fibra em detergente neutro, houve diferença entre as cultivares de palma, em que os animais alimentados com palma gigante apresentaram maior consumo (5,80 kg/dia e 1,18% do peso corporal) em relação aos alimentados com palma miúda (5,19 kg/dia e 1,05% do peso corporal), o que foi associado ao maior teor de FDN da palma gigante (27,7%) em relação à palma miúda (16,6%). Os autores concluíram que é possível substituir o milho por palma forrageira em dietas que contenham pelo menos 36% de palma, sem alteração dos coeficientes de digestibilidade, mantendo-se níveis de produção de leite e de gordura satisfatórios e com baixa utilização de concentrado na dieta. Bispo et al. (2007) avaliaram os efeitos do uso da palma forrageira em substituição de feno de capim-elefante em dietas para ovinos sobre o consumo, digestibilidade e características de fermentação ruminal. Os autores verificaram que os consumos de matéria seca, matéria orgânica, carboidratos totais e nitrogênio digestíveis totais aumentaram linearmente com a substituição do feno de capim-elefante por palma forrageira na dieta. O consumo de água diminuiu linearmente e o de FDN apresentou efeito quadrático, com essa substituição. Os coeficientes de digestibilidade aparente de extrato etéreo, proteína bruta, carboidratos não fibrosos e fibra em detergente neutro não foram influenciados, enquanto os de matéria seca, matéria orgânica e carboidratos

totais aumentaram linearmente com a substituição do feno de capim-elefante. Concluiu-se que o uso de até 56,0% de palma forrageira em substituição ao feno de capim-elefante resultou em aumento do consumo e melhoria do aproveitamento dos nutrientes. Goveia et al. (2016) avaliaram a substituição parcial do milho (Zea mays L.) pela palma forrageira miúda (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) em dietas para cabras em lactação, sobre o consumo de nutrientes, a produção e a composição do leite. Foram utilizados cinco níveis (20, 25, 30, 35 e 40%) de palma forrageira em substituição ao milho associado ao feno de gliricídia (Gliricidia Sepium (Jacq) Walp). Os consumos de matéria seca, proteína, fibra em detergente neutro, e dos nutrientes digestíveis totais não foram influenciados, apresentando médias iguais a 1,64; 0,26; 0,82 e 1,17 kg/dia, respectivamente. Também não houve influência dos níveis na produção de leite (kg/dia) e nos teores (%) de gordura, proteína, lactose e sólidos totais do leite, com médias iguais a 1,18; 3,74; 3,34; 5,06 e 13,56, respectivamente. Concluiu-se que a substituição parcial do milho pela palma forrageira em rações para cabras leiteiras pode ser realizada, tendo sido recomendado o nível de 35% de palma em função do menor comprometimento da receita com alimentação dos animais.

Alimentação no Semiárido Assim, o uso da palma forrageira na alimentação de ruminantes no Semiárido brasileiro deve ser mais difundido, pela sua adaptação ao cultivo e pela possibilidade de uso enquanto reserva alimentar estratégica para os rebanhos, em especial nos períodos secos. Além disso, a palma apresenta ainda boa palatabilidade, alto valor energético e boa digestibilidade. Animal Business-Brasil_29


Genética: o importante insumo multiplicador da pecuária Por:

Bento de Abreu Sodré Carvalho Mineiro, há mais de 40 anos, o diretor de fazendas em São Paulo e Minas Gerais.

Nos últimos 40 anos, o agronegócio brasileiro passou por uma verdadeira revolução. Saímos de uma condição de importadores de alimentos para uma posição de destaque no fluxo mundial de exportações agrícolas. Tudo isso foi possível graças à inovação, tecnologia e muito trabalho que resultaram na constituição de uma verdadeira agropecuária tropical.

N

este período de 40 anos, aumentamos nosso rebanho e nossa taxa de lotação por hectare, o que, apesar de ter sido um grande avanço, quando observamos a demanda de alimentos, questões ambientais e a necessidade de melhor remunerar o pecuarista, constatamos que ainda existem grandes desafios a serem superados.

Avanços Para ilustrar os avanços do setor, hoje o agronegócio representa em torno de 21,4% do Produto Interno Bruto brasileiro e, dentro desta fatia, o setor da pecuária fica responsável por 30_Animal Business-Brasil

aproximadamente 32%, segundo dados de 2015 do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Porém, mesmo com resultados positivos, as demandas mundiais nos pressionam todos os dias para aumentarmos ainda mais nossa produtividade.

Celeiro do mundo Em suas mais recentes publicações, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) deixa clara a necessidade de o Brasil assumir o papel de celeiro do mundo, sendo um dos protagonistas na manutenção da segurança alimentar mundial. Segundo projeções da entidade, em 2050 o planeta terá 9 bilhões de pessoas, o que demandará um aumento de 70% na produção mundial de alimentos. Sob vigência deste novo contexto, não há mais como fugir dos novos desafios. Graças às novas tecnologias, produtos da revolução “agrotropical” realizada no Brasil, hoje é possível viabilizar a produção de mais quilos de carne por hectare.

Genética Quando falamos em aumento de produtividade no campo, pensamos sempre em técnicas e insumos agropecuários, ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), manejo rotativo, bem-estar e saúde animal, nutrição, etc. Mas, por vezes, deixamos fora deste conceito um dos insumos mais importantes para a produção pecuária e justamente aquele que é capaz de potencializar o uso de todos os demais: a genética.


Rubens Ferreira

Seleção genética, boa alimentação e manejo correto são essenciais para uma alta produtividade

Neste cenário competitivo, opções anteriormente comuns, como a utilização de touros sem registro e a ausência de preocupação com o melhoramento contínuo do rebanho, se mostram cada vez mais ineficientes na busca por resultados que atendam ao mercado. Portanto, temos convicção que a genética é o grande insumo multiplicador da pecuária. Além de possibilitar maior ganho durante o ciclo produtivo, esse é o único insumo com o potencial de ser transmitido por todos os demais ciclos produtivos de uma fazenda. Recentemente, foi publicada uma pesquisa que reforça essa visão. Os resultados obtidos pela inserção de animais melhoradores estão sendo continuamente comprovados pela academia. Um estudo conduzido por Sérgio De Zen, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP), e realizado com apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), trouxe dados muito interessantes sobre a utilização de touros registrados. Os pesquisadores compararam fazendas que utilizam genética zebuína registrada e provada pelo PMGZ com propriedades que utilizam touros sem registro. Como objeto de pesquisa, comparou-se uma fazenda de cria que tem o há-

bito de adquirir touros melhoradores no estado do Mato Grosso com outra propriedade tecnicamente próxima, mas que não faz esse investimento. Chegaram a uma diferença de 14,5% na margem de lucro líquido, representando, aproximadamente, R$ 230,00 por hectare. Outros resultados se mostraram ainda mais estimulantes, como quando comparamos as margens de lucro líquido de propriedades de cria em Goiás. Nesta comparação, a propriedade que apostou em genética teve um ganho líquido por arroba de R$ 250,76, enquanto aquele que não investiu obteve um ganho de apenas R$ 197,92, uma diferença de 26,7%.

Desafio O Brasil está de frente com um grande desafio, mas com o auxílio de técnicas e insumos adequados a pecuária brasileira segue com o potencial de levar o país a um patamar ainda maior em relação à sua relevância no cenário mundial. Está mais do que comprovado o papel determinante da genética nessa equação, por isso, é bom levarmos em consideração os números no momento de adquirir um touro avaliado. A chave para o melhor aproveitamento de todo seu investimento em insumos e manejo pode estar nele. Animal Business-Brasil_31


Lucas Scherer / Embrapa Suinos e Aves

Avicultura brasileira, uma indústria que produz proteína e divisas Por:

Béth Mélo, jornalista

32_Animal Business-Brasil


A

tualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de carne de frango e o primeiro do ranking mundial dos principais exportadores. Em 2016, o setor deve atingir um valor bruto da Produção de R$ 38,9 bilhões, segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 51 bilhões, a avicultura brasileira gera 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos, especialmente nos pequenos municípios. Somente na produção de frangos, são mais de 120 mil famílias de produtores integrados no processo. No ano passado, o país produziu 13,1 milhões de toneladas de carne de frango e 39,5 bilhões de ovos, segundo levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Segurança alimentar “A avicultura contribui de forma determinante para a segurança alimentar do país, com dois

Edi Pereira

A cadeia produtiva da avicultura é uma das mais importantes do agronegócio brasileiro e tem apresentado crescimento continuado na produção e nas exportações. É inegável o avanço desse setor, que evoluiu de uma atividade de subsistência e de simples fornecedora de esterco para os plantadores de café, nos anos 1930/1940, para uma indústria animal com alto grau de tecnologia, alicerçada em genética, nutrição e manejo, e que responde pela produção de proteína e pela geração de divisas.

Francisco Turra

produtos que são destaques na mesa do brasileiro, o frango e o ovo”, afirma o presidente executivo da ABPA, Francisco Turra, acrescentando que cada brasileiro consome 191 unidades de ovos por ano. Segundo ele, desde o início do Plano Real, o consumo de carne de frango tem aumentado de forma significativa. “Saímos de 19 quilos per capita/ano para os atuais 43 quilos per capita/ano, registrados em 2015”, informa. Turra acrescenta que carne de frango é hoje a proteína mais consumida pelo brasileiro, uma conquista alcançada não apenas pelos preços mais vantajosos, mas também pelo reconhecimento em relação à qualidade diferenciada dos produtos, que hoje são protagonistas na mesa do consumidor. “O crescimento da cadeia da avicultura brasileira se deu principalmente pelo aumento do consumo da carne de frango no mercado interno e pelo crescimento das exportações”, afirma Dirceu J D Talamini, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves (Concórdia, SC).

Cenário e perspectivas Nem por isso, a avicultura vive dias de tranquilidade. Em razão do cenário econômico da crise atual do país, a ABPA tem acompanhado uma expressiva redução dos níveis de alojamento de pintinhos. De acordo com Turra, o setor está em um momento de estabilização. “Houve uma retração nos níveis do consumo interno de alimentos, como resultado direto da retração econômica nacional. “Caso esse quadro seja Animal Business-Brasil_33


Jairo Backes / Embrapa Suinos e Aves

Um belo reprodutor (matriz) de crista serra

mantido, a expectativa é que os volumes de produção caiam para cerca de 13 milhões de toneladas (praticamente o mesmo desempenho de 2015), porém 4% a menos em relação à expectativa inicial do ano, que era de 13,5 milhões de toneladas de carne de frango". No entanto, equilibrando esse cenário, as projeções da ABPA indicam que os volumes embarcados de carne de frango podem crescer 8% em relação ao total exportado no ano passado. “Há grande expectativa com a manutenção das vendas para a China (consolidada como segundo maior mercado importador de carne de frango do Brasil), além do bom ritmo dos embarques para o Oriente Médio e outros países da Ásia, como o Japão e Coreia do Sul”, vislumbra Turra.

Momento de cautela Para Talamini, da Embrapa, no que se refere ao mercado interno e externo do frango, o momento é de cautela. “Apesar do potencial de expansão da produção da carne de frangos do 34_Animal Business-Brasil

país, de esta ser a proteína mais consumida no Brasil e de o Brasil ser o maior exportador, o ano de 2016 tem sido muito difícil, por causa da escassez e dos elevados preços do milho, principal ingrediente das rações”, explana. De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), no mercado atacadista de Chapecó, SC, em janeiro de 2016, a saca de milho valia R$ 27,20 e, em agosto, atingiu R$ 54,00, causando grande elevação nos custos de produção que não foram repassados aos preços do consumidor. Dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa Suínos e Aves dão conta de que o custo de produção da avicultura subiu mais de 25% nos últimos 12 meses. O gasto com a nutrição das aves representa 70% do custo total, de acordo com a mesma fonte. “Serão necessários esforços e ações conjuntas do governo, indústrias e produtores especialmente no que se refere ao abastecimento e aos preços do milho para superar essa difícil fase. É preciso criar estímulos econômicos, como está ocorrendo no Estado de Santa Catarina, para o produtor aumentar a produção, tanto de milho como de outros cereais, especialmente os de inverno, e no curto prazo, facilitar as importações do cereal e disponibilizar os estoques do governo”, sugere Talamini. Contudo, o problema maior a ser vencido, na opinião de Jonas I. Santos Filho, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, “é a atual crise política e econômica, que, quando superada, possibilitará um governo com contas públicas organizadas e controladas, com menor nível de inflação, maior confiança dos empreendedores, volta dos investimentos e, com isso, a criação de empregos, melhora na renda e expansão do consumo de alimentos por parte da população”. Ainda assim, na análise de Santos Filho, sobram as dificuldades logísticas históricas, como a precariedade das estradas, dos portos, do custo da energia elétrica, da pesada carga tributária e da adequação das leis trabalhistas. “Esperamos que as lideranças do país caminhem nessa direção, pois a cadeia produtiva de aves tem competência para continuar sua trajetória de sucesso como tem feito até aqui.” José Roberto Bottura, diretor executivo da Associação Paulista de Avicultura (APA), afirma


Reconhecimento internacional No mercado externo, o Brasil atende à demanda de mais de 150 países dos cinco continentes. Anualmente, são mais de US$ 7 bilhões em receita de exportações obtida com a comercialização de 4,3 milhões de toneladas em 2015. “Esses números mostram o reconhecimento do frango brasileiro como proteína de alta qualidade, diferenciada, com excelente valor nutricional, desenvolvida dentro de um sistema produtivo com total controle de qualidade e sanitário”, argumenta Turra. Para ilustrar, o presidente da ABPA lembra que para transformar um pintinho de um dia em um frango com peso ao redor de 2,5 kg, em 42 dias, há uma série de desafios. “Equilibrar custos de produção, investir em insumos de alta qualidade, em genética de ponta, e ambiência adequada e muita dedicação estão nesta receita que não aconteceu da noite para o dia”, pondera. “São décadas de investimentos, alicerçados em um modelo produtivo baseado na padronização e no controle, por meio da integração entre produtores e agroindústrias. Um sistema sólido, vantajoso para todas as partes envolvidas, que permitiram ao país alcançar um dos melhores padrões sanitários do mundo, traduzidos pela oferta de produtos de excelente qualidade ao mercado”, atesta o executivo.

Lucas Scherer / Embrapa Suinos e Aves

que São Paulo também enfrenta problemas em relação ao abastecimento de matéria-prima, especialmente soja e milho. “Além do Estado não ser um polo produtor dessas culturas, no Brasil não há uma política de abastecimento para a atividade”, salienta e acrescenta que, ao invés de matéria-prima, o país poderia exportar produtos com valor agregado. “Em decorrência do aumento dos custos de mão de obra e de alimentação e da redução do consumo, em São Paulo, as empresas estão sendo obrigadas a reajustar para baixo, para ajustar a oferta à procura e recuperar a margem da atividade”, relata, acrescentando que a medida também inclui a demissão de funcionários. Devido à redução do consumo e ao aumento dos custos da atividade, em junho, a Averama fechou a unidade de Umuarama (PR), e, em agosto, a GTFoods (Maringá, PR) e a Globoaves (Cascavel, PR) entraram com pedido de recuperação judicial. “A tendência, tanto em São Paulo como em todo país, para enfrentar a crise, é realizar ajustes, além de intensificar o uso de tecnologias que consolidaram a atividade como fornecedora de proteínas mais baratas para a alimentação (ovo e frango)”, comenta Bottura. No que tange ao mercado externo, o país mantém-se como maior exportador mundial da carne de frango, mas as mudanças na taxa de câmbio e no preço da tonelada do produto em dólares são motivo de preocupação, na visão de Santos Filho, da Embrapa. “O dólar valorizado, que chegou a valer 4 reais, favorece as vendas externas. Contudo, a situação está mudando e o dólar está caindo, aproximando-se dos 3 reais. Esta taxa de câmbio, somada à queda do preço da tonelada da carne de frango, que valia 1.672 dólares em julho de 2015, e caiu para 1.589 dólares no mesmo mês de 2016, compromete a remuneração do produto, especialmente com os atuais preços do milho”, analisa o pesquisador. Há quem prefira ovos de casca escura, embora o conteúdo seja igual aos de casca branca

Animal Business-Brasil_35


Obviamente, Turra diz que sempre há desafios maiores a serem superados. No momento, explica, os gargalos são os custos de produção, com alta superior a 100% nos preços do milho, além do aquecimento das cotações da soja. “O setor, entretanto, é sólido e, graças ao seu profissionalismo, investimentos e grande dedicação, conseguirá manter sua representatividade junto ao agronegócio e à economia nacional”, analisa. Talamini, da Embrapa, lembra que avicultura sempre investiu em tecnologias modernas e na profissionalização dos técnicos e dos produtores para manter sua competitividade internacional. “A cadeia é longa e envolve muitos atores, parte controlados pelas agroindústrias e parte como o setor de equipamentos, medicamentos, vitaminas, por exemplo, em empresas independentes. Todas as empresas atuam sinergicamente, buscando um alinhamento das partes envolvidas de forma a otimizar as ações e a manter o desempenho da atividade”, ressalta.

Produção brasileira

Lucas Scherer / Embrapa Suinos e Aves

Atualmente, o Estado do Paraná é o maior produtor brasileiro, superando Santa Catarina,

Em menos de 45 dias, eles chegam a 2.200 gramas

36_Animal Business-Brasil

que ocupa a segunda posição, ambos com produção concentrada na região oeste dos respectivos estados. “Estima-se que mais de 70% da produção ocorram em pequenas propriedades familiares, que trabalham no sistema de integração com as agroindústrias privadas e com as cooperativas”, afirma Santos Filho. Nesse arranjo, em geral, a agroindústria fornece os pintos, insumos e assistência técnica e o produtor é responsável pelos aviários, energia elétrica e mão de obra. A avicultura é a terceira colocada no PIB do agronegócio paulista, representando R$ 6,312 bilhões, o equivalente a 9,88% do total do PIB do Estado, e garantindo 50 mil empregos. Segundo o diretor executivo da APA, São Paulo se destaca como principal Estado com aves da alta genética, com mais 80% do plantel nacional. Também possui um grande polo produtor de ovos, localizado na região de Bastos, que responde por 50% do plantel de aves de postura do Estado. De acordo com levantamento da APA, em 2015, o alojamento de pintos de corte de um dia totalizou 593.486.520 unidades, o equivalente a 9,13% do total Brasil. No período, a produção de carne


53,32

54,00 51,19

55,0

Reais por saco de 60kg

50,0 45,0 39,15

40,0

33,08

35,0 30,0 27,20

Jairo Backes / Embrapa Suinos e Aves

Preço do milho no atacado em Chapecó, Santa Catarina, Jan 2015 a Ago 2016 (R$/saca).

25,0 20,0 15,0 10,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

5,0 0,0

2015

2016

* dia 8.08.16 Fonte: Epagri Os bebedouros modernos evitam a contaminação pela água

de frango do Estado alcançou 1.621.052 toneladas. Já o alojamento de pintos para produção de ovos somou 28.998.145 pintainhas, representando 31,72% do total do país. Por sua vez, a produção de ovos de consumo chegou a 1.033.055.000 dúzias ou 12.396.666.000 unidades.

Condomínios avícolas O setor está sempre se inovando. Em junho deste ano, a Dália Alimentos, de Encantado, RS, anunciou investimentos de R$ 95 milhões na criação dos Condomínios Avícolas, um novo modelo de parceria na avicultura. A iniciativa abrange os municípios gaúchos de Marques de Souza, Encantado, Relvado, Guaporé, Venâncio Aires, Vespasiano Corrêa, Mato Leitão e Anta Gorda, onde funcionarão núcleos responsáveis pela produção de frangos de corte para abastecer o Complexo Avícola que será construído no município de Arroio do Meio, em Palmas, próximo ao Complexo Lácteo da empresa. No local, será instalado o frigorífico de aves, a fábrica de rações e a fábrica de farinhas. O investimento em cada condomínio (núcleo de produção) será de R$ 5 milhões. Segundo o presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, a fase atual é de buscar áreas junto às administrações municipais para a construção dos

condomínios. “Faremos um modelo de parceria público-privada e cada área deverá ter em torno de 10 e 12 hectares”, conta. “O associativismo é a melhor alternativa para que os pequenos produtores possam produzir com escala viável e tecnologia de ponta, permitindo melhores condições na qualidade de vida e resultados mais eficientes.”

Genética estrangeira Segundo Bottura, o Brasil depende de genética estrangeira, tanto para ovos como para corte. Nesse sentido, ele afirma que a atividade tem o seu abastecimento garantido por multinacionais instaladas no país, como a Cobb-Vantress (fornecedora de matrizes para a produção de frangos controlada pela americana Tyson Foods); Hy-Line do Brasil (holding alemã do Grupo EW, fornecedora de genética de postura e uma das primeiras a comercializar aves híbridas no país); Aviagen (também do Grupo EW, produtora de avós e matrizes de frangos de corte); e a holandesa Hendrix Genetics, produtora de material genético primário de aves. Em 2001, a Embrapa Suínos e Aves lançou a Poedeira 051, proveniente de linhas genéticas da entidade. A ave inicia postura com 21 semanas e seu potencial produtivo é de 300 ovos (uma galinha colonial comum produz, em méAnimal Business-Brasil_37


Lucas Scherer / Embrapa Suinos e Aves

A criação em alta densidade exige técnica apurada e muita atenção

dia, 80 ovos) até 80 semanas de idade, quando encerra o ciclo produtivo, com peso ao redor de 2,820 kg o que permite o aproveitamento para o consumo da carne. O consumo médio de ração durante o período de produção da Poedeira 051 é de 114g/ave/dia em condições adequadas de alimentação, manejo, saúde animal e luz. Visando minimizar a dependência estrangeira em genética de aves, a Embrapa está focada na demanda de pesquisa para apoiar os programas nacionais de melhoramento genético de aves.

Ambiência e bem-estar Outros fatores que estão no radar da avicultura moderna são ambiência e bem-estar animal. Segundo Daniella Jorge de Moura, coordenadora de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade de Campinas (Unicamp), a principal tendência relacionada à ambiência na avicultura de corte é a climatização total dos galpões, assim como o isolamento dos mesmos ao ambiente externo, em razão do aumento na temperatura média na superfície da terra e da ocorrência de ondas de calor causadas pelas mudanças climáticas globais. Em sua opinião, a utilização de galpões do tipo Dark House, nos quais inclusive a iluminação é controlada, faz com que o bem-estar dos animais 38_Animal Business-Brasil

seja afetado negativamente pelo fato de as aves passarem a não ter acesso à luz natural. “Além disso, aves fora da zona de conforto térmico e/ ou submetidas a concentrações de gases acima do aceito apresentam queda no rendimento e pior conversão alimentar”, comenta e acrescenta que o excesso de calor (ambiência térmica) ou de gases, como amônia, por exemplo, pode levar à perda total do lote por mortalidade. Por essa razão, Daniella considera a ambiência extremamente importante na avicultura de corte, pois determina diretamente o sucesso da criação. Nesse sentido, ela afirma que as criações de frango em condições de conforto térmico e com iluminação reduzida melhoram a conversão alimentar pelo fato de a ave gastar menos energia em decorrência do menor índice de atividade apresentado. "Quanto melhor a conversão, maior ganho para o produtor”, explica Daniella, acrescentando que o ideal é encontrar um ponto ótimo no nível de atividade das aves relacionado à iluminação e à conversão alimentar para que o bem-estar e o ganho do produtor possam ser atingidos. “Afinal, quando os fatores nutricionais e de sanidade estão adequados, a ambiência definirá a maior ou menor produtividade”, acentua. Para Santos Filho, da Embrapa, embora todas as áreas sejam importantes para o desem-


A força das entidades Uma das primeiras entidades do setor, a Associação Paulista de Avicultura (APA) foi fundada em dezembro de 1945, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento da atividade avícola. Em 71 anos, a APA contribuiu para a modernização da avicultura, que passou de atividade de fundo de quintal para uma grande indústria fornecedora de proteína animal. Na década de 1960, a atividade iniciou o modelo atual de produção e, desde então, começou a fase de crescimento, graças à união dos produtores e ao surgimento de várias entidades voltadas para o setor. A extinta Comissão Nacional de Avicultura (CNA), formada por técnicos especializados (entre eles, Luiz Octavio Pires Leal, editor desta publicação, como chefe do Setor de Treinamento e Divulgação), teve um papel fundamental na divulgação de modernas técnicas trazidas dos Estados Unidos, onde vários técnicos brasileiros foram treinados, inclusive no Poultry Sciente Department da Universidade do Texas. Em 1963, foi criada a União Brasileira de Avicultura (UBA), e que, em 2010, após a fusão com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), criada em 1976, deu origem à nova União Brasileira de Avicultura, com a sigla Ubabef. Em 2014, nasceu a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a partir da junção da Ubabef com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

penho da cadeia, atualmente a prioridade foca em instalações e equipamentos que possibilitem melhorar a ambiência e o controle automatizados da temperatura, iluminação, umidade e fornecimento de água e ração. O pesquisador esclarece que os objetivos dessas novas instalações são melhorar o conforto ambiental e de bem-estar para que os animais consigam expressar todo o seu potencial genético e ter alto desempenho; reduzir a necessidade de mão de obra, pela automação, tanto nas granjas quanto no processamento e aumentar o número de aves alojadas por aviário. “Instalações com esse padrão podem alojar acima de 34 mil frangos e permitem que uma família cuide de mais de um aviário”, relata Santos Filho. De acordo com Daniella, a avicultura tem se adequado às normas relacionadas à densidade, às aves e à climatização ao longo do tempo. “Além disso, também tem direcionado esforços em produzir linhagens mais resistentes a problemas locomotores, assim como tem realizado treinamentos de equipes de apanha, transporte e abatedouros que eram pontos críticos na produção de frangos de corte no que se refere ao bem-estar”, observa. “Decisões e investimentos nesta área, além de modernizar e aumentar a produção, melhoram a renda e a qualidade de vida do avicultor, mas demandarão ajustes nos procedimentos de

assistência técnica, da logística de suprimento e da infraestrutura de estradas para o trânsito de veículos maiores e mais pesados em qualquer condição climática”, enfatiza Santos Filho.

Tecnologias disponíveis Daniela afirma que atualmente há várias tecnologias para a climatização de galpões, dentre as quais as mais procuradas são as relacionadas ao sistema de ventilação por pressão negativa. O mercado nacional fornece exaustores, placas e sistemas de resfriamento evaporativo, utilizados mundialmente. “Destacam-se os controladores que realizam automaticamente o controle ambiental dos galpões. Esses sistemas inteligentes são comercializados por várias empresas nacionais e internacionais e seus preços variam conforme o grau tecnológico de cada controlador”, informa. Na opinião de Daniella, a escolha correta dos equipamentos, o manejo e especialmente a manutenção dos mesmos são práticas essenciais para o bom desempenho da climatização de um aviário. “Exaustores com correias mal reguladas, por exemplo, podem ter sua eficiência reduzida em 30% a 40%”, alerta. “Além disso, exaustores de diferentes fabricações podem ter variações de mais de 40% em eficiência quando comparados com outros, portanto deve-se obter as informações necessárias sobre a eficiência nominal”, orienta. Animal Business-Brasil_39


Acondicionamento térmico artificial de instalações para produção animal no Brasil Por:

Profª Cecília de Fátima Souza, Prof. Fernando da Costa Baêta e Profª Ilda de Fátima Ferreira Tinôco (Professores do Depto. de Eng. Agrícola/Universidade Federal de Viçosa e pesquisadores do AMBIAGRO), Carlos Gutemberg de Souza Telles, Monique de Oliveira Vilela e Kelle Pardim de Oliveira, (Pós-graduandos e/ou pesquisadores do AMBIAGRO).

Considerando-se as características climáticas do Brasil, para que o desempenho produtivo dos animais de produção seja maximizado, fazse necessário grande atenção ao manejo das variáveis do ambiente térmico no qual os mesmos estão inseridos, principalmente da temperatura e da umidade relativa do ar. Tal controle resultará em maior grau de conforto e bem-estar dos indivíduos que ocupam o espaço construído para o processo produtivo.

U

ma das alternativas para o controle dos efeitos das variáveis do ambiente térmico sobre os animais consiste no acondicionamento térmico da instalação, que pode ser natural ou artificial. O processo de acondicionamento térmico natural, tendo-se em vista atingir os objetivos mencionados acima, passa pela consideração acerca do clima, pela concepção arquitetônica da instalação, que envolve a escolha adequada de

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materiais de construção para os envoltórios, coberturas e pisos, adequação de inclinações das coberturas, correto dimensionamento de beirais e lanternins, bem como pela decisão acerca do uso ou não do forro, localização correta das aberturas de entrada e saída de ar na construção visando favorecer a ventilação natural, orientação e disposição das construções, adoção de paisagismo circundante e de sombreamentos naturais e artificiais, além de proteções específicas para as faces mais solicitadas da instalação, no que diz respeito à incidência de radiação.

Acondicionamento térmico artificial O acondicionamento térmico artificial consiste na utilização de operações mais complexas, envolvendo um grau de sofisticação mais elevado, e está relacionado a processos artificiais de purificação, aquecimento, umidificação, refrigeração e extração de umidade do ar presente no interior de uma construção. Além disso, abrange a distribuição e a movimentação apropriada desse ar dentro do espaço construído. Em alguns casos, são adotadas operações conjuntas, como por exemplo, a circulação do ar previamente umedecido ou purificado.

A) Aquecimento do ar O aquecimento sensível do ar consiste em adicionar calor ao ar sem mudar sua razão de umidade, sendo esta uma operação comum em instalações para animais, no período de inverno. O aquecimento do ar é utilizado com maior frequência para o acondicionamento térmico de instalações para animais na fase inicial do ciclo


Jadson Rocha Simões

Acondicionamento térmico artificial em instalações para bovinos.

de produção. Isso é devido ao fato de que esses animais não apresentam seu sistema termorregulador totalmente desenvolvido, os tornando mais vulneráveis aos problemas decorrentes das baixas temperaturas. Para o aquecimento da instalação podem ser utilizados os sistemas globais e os localizados. No primeiro caso, o espaço total destinado aos animais é mantido em temperatura uniforme e no segundo, é no microambiente imediato ao animal que se faz a manutenção da temperatura desejada. No aquecimento global, o ar é aquecido e depois distribuído no volume construído, por meio de dutos, que podem ser pressurizados, podendo essa distribuição se dar com o auxílio de ventiladores insufladores, que empurram o ar quente para as saídas, estrategicamente posicionadas na instalação. O aquecimento localizado pode ser promovido por meio de dutos posicionados estrategicamente na instalação, os quais conduzirão fluidos aquecidos, aquecidos a partir dos quais o calor será distribuído para o espaço imediato. Esse tipo de aquecimento pode ser promovido ainda por aquecedores radiantes que utilizam a lenha ou o carvão como combustíveis. O gás ou a eletricidade podem ser utilizados também nesses processos radiantes. Os aquecedores à lenha a utilizam como fonte de calor, sendo considerados pouco eficientes, pois necessitam de maior interferência de mão de

obra quando comparado a outros. Além disso, o controle da temperatura é mais difícil. Outra desvantagem desse tipo de aquecedor é a geração, no interior da instalação, de gases tóxicos como o Monóxido e Dióxido de carbono (CO e CO2), que são produzidos devido à queima da lenha. Os aquecedores à gás podem utilizar como fonte de geração de calor, tanto o gás natural quanto o GLP. Outra tendência atual que tem sido muito constante é o uso do biogás nesse tipo de processo.Os aquecedores desse grupo podem ser do tipo campânula, que possui um queimador de gás e transfere o calor aos animais através de mecanismos de condução e convecção; do tipo placa de cerâmica, que funciona de forma semelhante ao de campânula, porém com a adição de uma placa cerâmica refratária como componente, a qual gera a transferência de calor para os animais por meio de processos de radiação; ou do tipo infravermelho que são constituídos de queimadores metálicos com alta capacidade de suportar calor, os quais ao serem aquecidos tornam-se totalmente incandescentes e transmitem o calor ao ambiente por meio de radiação. Esses aquecedores apresentam algumas vantagens quando comparados àqueles à lenha, como por exemplo, menor gasto com mão de obra, menos riscos ambientais e melhor controle da variação desejada de temperatura. Animal Business-Brasil_41


Jadson Rocha Simões

Os aquecedores elétricos são utilizados em campânulas e são constituídos por resistências elétricas ou lâmpadas infravermelhas, que são instalados debaixo da campânula e atuam como um refletor transferindo o calor aos animais, de cima para baixo por meio de mecanismos de condução e radiação. Resistências elétricas podem também ser embutidas sob o piso das instalações para, assim, promoverem a transferência do calor aos animais, via mecanismos de condução e radiação, que ocorrem da parte inferior para a superior das superfícies onde as mesmas estão instaladas, ou seja, de baixo para cima. Esse tipo de aquecedor apresenta como vantagens a produção mais constante de calor, quando comparado aos aquecedores à lenha, e a não geração de gases tóxicos. Porém a grande desvantagem desse sistema está no aumento do custo de produção associado à sua utilização, em virtude dos elevados preços da energia elétrica. É importante frisar que, quando há necessidade de que as temperaturas sejam diferenciadas no interior da instalação, como é o caso das porcas e dos leitões, em maternidades, o aquecimento localizado figura como o processo mais eficiente e mais econômico.

B) Resfriamento do ar O resfriamento do ar no interior de uma instalação é de grande importância para o bem-estar de animais criados em condições de clima quente como no Brasil. O resfriamento sensível do ar consiste em se reduzir a temperatura de bulbo seco do mesmo, sem que se faça alteração na sua razão de umidade. Ou seja, calor é retirado do volume construído e a quantidade de água em suspensão no ar é mantida constante. Os processos de resfriamento do ar que resultam em variação do conteúdo de umidade são denominados latentes e apresentam grande eficiência no acondicionamento do ambiente interno de instalações localizadas em regiões de clima quente e seco. Um exemplo considerado dos mais eficazes para o resfriamento do ar em instalações para criação animal é o Resfriamento Adiabático Evaporativo, que promove a mudança do estado psicrométrico do ar, aumentando sua umidade e reduzindo sua temperatura, porém, o volume de controle não perde

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Ventiladores axiais utilizados para o sistema de ventilação mecânica.

e nem ganha calor. Esse sistema funciona da seguinte forma: o ar que será resfriado e conduzido ao espaço interno da construção entra em contato com uma superfície umedecida ou com água pulverizada ou aspergida, trocando calor com a mesma, que está à temperatura mais baixa, resultando no decréscimo da temperatura do ar e consequentemente resfriando o ambiente (Figura 1). Os principais sistemas utilizados para o resfriamento evaporativo são: • Material poroso umedecido – Nesse tipo de sistema o ar atravessa o material poroso umedecido, trocando calor com esse material, sendo resfriado antes de ser conduzido para o interior da instalação. Podem ser utilizados os seguintes materiais porosos como constituintes dos painéis de resfriamento: raspas de madeira, fibras de poliéster, placas de celulose, argila expandida, etc. • Nebulização – Consiste no bombeamento de água para o interior do galpão com auxílio de bicos nebulizadores que atomizam as partículas da água, aumentando sua superfície específica, formando uma espécie de névoa. Essas partículas de água, ao evaporarem, absorvem o calor do ambiente, resfriando o ar. O resfriamento adiabático evaporativo, com aplicação dos painéis de celulose, tem sido muito empregado no resfriamento do ar em galpões para produção de frangos de corte, de galinhas poedeiras e de suínos.


C) Ventilação Figura 1. Representação esquemática do Sistema de Resfriamento Adiabático Evaporativo. Ar resfriado

Ar quente

Superfície Umedecida

Desenho: Carlos Gutemberg de Souza Telles

Figura 2. Representação esquemática do processo de ventilação por pressão positiva do tipo lateral.

Saída de ar

Ventiladores

Entrada de ar

Desenho: Carlos Gutemberg de Souza Telles

Figura 3. Representação esquemática do processo de ventilação por pressão positiva do tipo túnel. Saída de ar

Entrada de ar Ventiladores

A ventilação é aplicada às instalações de criação de animais com o intuito primeiro de remover o excesso de calor, ou seja, reduzir a temperatura e resfriar a instalação, e assim, facilitar as trocas térmicas entre os animais e o ambiente. Outros objetivos da ventilação correspondem à redução da concentração de gases tóxicos, principalmente representados pela amônia (NH3), Monóxido (CO) e Dióxido de Carbono (CO2), aceleração da retirada de massas indesejáveis de vapor d’água presentes no ambiente, além de eliminação de poeiras e odores. No caso do acondicionamento térmico artificial, a ventilação, ou seja, a movimentação das massas de ar, é um processo realizado com o auxílio de ventiladores e exaustores, que mecanicamente, geram diferenças de pressão. A ventilação mecânica pode ser do tipo exaustora, correspondendo a um sistema por pressão negativa, ou do tipo diluidora, por pressão positiva. No sistema de ventilação por pressão positiva, o ar externo é mecanicamente forçado, via ventiladores, para dentro da instalação passando por aberturas de entrada nas suas faces, aumentando a pressão do ar no interior do galpão, o que o faz movimentar-se da parte interna para o exterior da construção, através de aberturas de saída. Recebe o nome de ventilação diluidora devido ao fato do ar insuflado no interior da instalação se misturar com o ar viciado do ambiente, promovendo a renovação desse ar. A ventilação por pressão positiva pode ser do tipo lateral, na qual o fluxo de ar se dá no sentido transversal (Figura 2) ou do tipo túnel, com fluxo de ar no sentido longitudinal da instalação (Figura 3), sendo que nesse caso, as laterais da instalação são fechadas. É de suma importância posicionar adequadamente o conjunto de ventiladores, o que se faz com base em conhecimentos de ambiência. Um procedimento inicial é aproveitar o sentido do vento dominante, quando for o caso. Dessa forma, a eficiência do sistema será otimizada, o que acarretará em redução de custos, no que se refere ao uso de energia. Em adição, devem estar à altura correspondente à metade do pé-direito do galpão, ligeiramente direcionados para baixo, sem entretanto, incidirem diretamente sobre os animais. Porém, a localização dos ventiladores é menos importante do que um bom projeto

Desenho: Carlos Gutemberg de Souza Telles

Animal Business-Brasil_43


Kelle Pardim

Sistema de aquecimento à lenha - Avicultura de Corte - Granja de Integração da Empresa São Salvador Alimentos SSA/ Itaberaí- Goiás - Brasil.

e localização adequada das entradas e saídas de ar na instalação. No sistema de ventilação por pressão negativa, o ar é puxado para fora da instalação, por ação de exaustores, o que gera vácuo parcial no interior da instalação, fazendo com que, devido à diferença de pressão entre o ambiente interno e o externo, o ar exterior seja "succionado" para o interior da construção. Nesse sistema, os exaustores são posicionados em uma das extremidades do galpão e, na outra, são dispostas as aberturas para entrada do ar (Figura 5). Figura 5. Representação esquemática do sistema de ventilação por pressão negativa. Entrada de ar

Saída de ar Exaustores

Entrada de ar

Desenho: Carlos Gutemberg de Souza Telles

Nesse tipo de ventilação, uma das maiores preocupações refere-se à vedação do galpão que deve ser total, ou seja, o ar deve entrar pelas aberturas de entrada ou pelo painel evaporativo e ser retirado, com constância de pressão, na 44_Animal Business-Brasil

extremidade oposta. Frestas ou outros pontos de fuga no galpão causam perda de diferencial de pressão e o vácuo deixa de ser formado, ou seja, deixa de funcionar o princípio da ventilação por pressão negativa. O planejamento e o dimensionamento do sistema de ventilação abrangem escolhas adequadas de ventiladores e exaustores, com base em suas rotações, potências, vazões e rendimento, além da velocidade do ar requerida no ambiente. Ademais, envolve o posicionamento e cálculo das áreas de entrada e saída de ar no volume de controle. É importante ainda considerar, no planejamento, a automação envolvida no controle de acionamento dos componentes específicos, podendo-se inclusive adotar o manejo automatizado integrado em painéis.

Redução do custo Faz-se necessário enfatizar que mesmo que os meios artificiais de acondicionamento tenham que ser aplicados com o objetivo de se manter os padrões ambientais desejados, seu custo poderá ser minimizado com base em condutas que resultam em maior eficiência global do sistema e portanto, menor custo. A própria escolha adequada dos materiais que compõem a construção, principalmente a cobertura, que influi sobremaneira na sua carga total de calor, reduz as solicitações sobre os componentes.


Por: Paula Schiavo

RAIVA — Sinonímia, Hidrofobia Etiologia

Distribuição geográfica O vírus da raiva está presente em todos os continentes, com exceção da Antártica e da maior parte da Oceania. Alguns países, como a Irlanda, Japão, Bélgica e Noruega conseguiram erradicar a raiva em seus territórios; outros têm enfrentado problemas de reintrodução ou manutenção do vírus através das espécies silvestres. No Brasil, está presente em todos os estados, sendo considerada endêmica. A notificação tanto de casos humanos quanto de casos animais é exigida, e acredita-se que ainda há subnotificação e confusão com outras enfermidades.

Ocorrência no homem O ser humano é considerado um hospedeiro terminal, sendo a transmissão deste a ou-

Adina Voicu / Pixabay

Vírus RNA do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae, cuja forma característica do vírion é a de projétil, medindo 70 X 180 ηm. Esta família contempla seis gêneros: Vesiculovirus, Lyssavirus, Ephemerovirus, Cytorhabdovirus, Nucleorhabdovirus e Novirhabdovirus, infectando vertebrados (incluindo peixes), invertebrados, amebas e plantas. Devido à ampla distribuição, provavelmente há rabdovírus ainda não descobertos e outros cuja patogenicidade é desconhecida. Apresentam genoma composto por um único filamento de RNA, não-segmentado, de polaridade negativa e este, com o complexo ribonucleoproteíco RNP, formam o nucleocapsídeo viral, de simetria

helicoidal, que por sua vez está envolvido pelo envelope lipoproteico originário da célula hospedeira, com projeções de glicoproteínas com propriedades hemaglutinantes.

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tro mamífero muito rara, embora possa ocorrer através da saliva e haja relatos de transmissão após transplante de córneas de pacientes com doença nervosa não diagnosticada. De 2009 a 2013 a média de atendimentos por ano no Brasil em humanos foi de 592 mil, sendo cada vez mais frequente a exposição por mordeduras de morcegos, inclusive frugívoros, embora nem sempre aparentes, de modo que após 2003 as infecções transmitidas por morcegos suplantaram os casos humanos associados ao cão. A profilaxia pós-exposição costuma ser eficiente e portanto este custo, embora alto, é bastante valorizado, e deficiências na distribuição dos soros e vacinas em alguns municípios brasileiros, no ano de 2016, chegaram a causar pânico, já que a incidência de mordeduras de animais (por motivos diversos) é relativamente alta, principalmente entre crianças. Em 2014 não foi reportado nenhum caso humano no Brasil, mas em 2015 foram observados um caso de transmissão por cão, em Corumbá/ MS (variante 1), e um caso de transmissão por gato, em Jacaraú/PB (variante 3).

Ocorrência nos animais A raiva em herbívoros é frequente e infelizmente muitos casos não são levados até o diagnóstico final em laboratório, sendo impossível determinar as perdas relacionadas a esta doença. No ciclo silvestre, várias espécies podem ser infectadas, variando com a fauna da região e podendo inclusive circular sem causar sintomas nestes animais, tanto pelos longos períodos de incubação quanto por registros ainda não completamente esclarecidos de isolamento viral em animais assintomáticos.

A doença no homem Apesar de características clínicas similares entre as espécies, porém grandemente variada entre indivíduos, sinais exibidos e período de incubação são altamente variáveis, segundo resposta individual, tipo e gravidade da lesão, tipo de inóculo e distância que o vírus percorre da porta de entrada até o cérebro. Quadros clínicos em humanos foram relatados entre dez dias até sete anos após a exposição, embora a grande maioria adoeça nos primeiros 90 dias após a exposição. A fase prodrômica tem sintomas bastante inespecíficos como indisposição, cefaleia, 46_Animal Business-Brasil

náusea, vômito, amigdalite, dores musculares e febre, podendo apresentar irritabilidade e insônia e parestesia ou hiperestesia no local da lesão. A doença será fatalmente percebida com a instalação do quadro neurológico progressivo, de evolução rápida: excitação, desorientação, alucinação, paralisia, rigidez nucal, aerofobia, disfagia, espasmos e apoplexia focal ou generalizada. Arritmias cardíaca e respiratória e hipertensão sucedem, progredindo para coma e morte. A deglutição é dolorosa, produzindo espasmos, salivação e daí o sinal de “hidrofobia”. Se o paciente sobreviver a esta fase, sucederá a fase paralítica; evolução mais rápida pode passar diretamente a esta fase, onde se observa apatia, paralisia progressiva, coma e morte em poucas horas.

A doença nos animais A apresentação clínica também varia grandemente entre indivíduos, embora a “forma furiosa” seja mais frequente em caninos, com excitação, agressividade, fotofobia, salivação e febre. Mortes súbitas, sem outros sintomas, também são relatadas. Em bovinos, a “forma paralítica” é a apresentação mais frequente, com paralisia flácida aguda e progressiva, iniciando-se nos membros posteriores (o animal “pedala”), ocorrendo também constipação, tenesmo e parafimose, que são sinais de comprometimento de nervos lombares e sacrais. Em equinos também foi relatada hiperexcitabilidade, além de paralisia da faringe, esôfago e membros posteriores.

Fonte de infecção e modo de transmissão A saliva de animais doentes, inoculada diretamente por mordeduras ou lambedura em pele arranhada, esfolada, ou ainda em mucosas intactas, é a fonte de infecção. Tecidos, principalmente muscular e nervoso, mas também outros, inclusive córneas, de animais e humanos com sintomas nervosos devem ser considerados fonte de infecção.

Papel dos animais na epidemiologia Quirópteros e carnívoros – silvestres ou domésticos, já que há relatos de isolamento de vírus infeccioso de cães assintomáticos – são


considerados reservatórios do vírus, e o homem e os herbívoros são considerados hospedeiros terminais. Animais soropositivos sem sinais clínicos de várias espécies têm sido identificados, como morcegos (hematófagos ou não), guaxinins, gambás, raposas, hienas, chacais e cães.

Diagnóstico

Imagens microscópicas do vírus.

Como não há sinais clínicos constantes e específicos nem lesões macroscópicas patognomônicas, o diagnóstico definitivo só pode ser feito em laboratório. Corno de Ammon, tálamo, córtex cerebral, medula oblonga e principalmente tronco cerebral são os espécimes preferidos. A identificação do agente é feita através de imunoglobulina conjugada ao isotiocianato de fluoresceína. Inoculação em camundongos ou em monocamadas celulares suscetíveis (neuroblastomas ou BHK-21) é utilizada em casos de dúvidas. Imunoperoxidase pode ser usada como alternativa à imunofluorescência.

Controle O controle baseia-se na vacinação preventiva dos hospedeiros e controle de reservatórios. Profilaxia pós-exposição está disponível para humanos, baseada na administração de vacinas e/ ou soro hiperimune, segundo a natureza do acidente e sua gravidade (protocolo estabelecido pela OMS), sendo que em grande parte dos casos a lavagem imediata do ferimento com água e sabão abundantes com posterior aplicação de tintura ou solução de iodo é suficiente. O controle das populações de morcegos hematófagos geralmente se baseia na captura, aplicação de pasta anticoagulante e posterior liberação para retorno à colônia. No último 28 de setembro, Dia Mundial da Raiva, a campanha “EDUCATE, VACCINATE, ELIMINATE: Achieving zero human deaths from dog- transmitted rabies by 2030” foi lançada em ação conjunta da OMS, OIE e FAO, encorajando: 1) educação para aumento de conscientização das populações em maior risco; 2) vacinação em larga escala de cães e oferecimento de tratamento pós-exposição a humanos em áreas de risco; 3) eliminação de casos de morte por raiva humana transmitida por cães como objetivo final. Animal Business-Brasil_47


A segurança zoossanitária é fundamental para o Brasil manter e aumentar sua posição de grande produtor e exportador de produtos de origem animal Entrevista exclusiva para a Animal Business-Brasil com o Professor Josélio Andrade Moura, MSc, PhD, Membro titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária.

P - O Brasil tem todos os estados e Distrito Federal livres de Febre Aftosa, mas apenas Santa Catarina atingiu o estágio avançado de “Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação”. Qual a importância para o Brasil de ter os estados livres de Febre Aftosa? R - O único Estado reconhecido pela OIE – Organização Mundial de Saúde Animal, com o status de “Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação” é Santa Catarina, há mais de 10 anos. O objetivo final do Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa é que todo o País fique livre dessa enfermidade e que não haja necessidade de praticar a vacinação, e isto está previsto para o ano de 2020. Entretanto, é necessário que não haja a circulação viral, não somente no estado postulante a esse status, mas também nos vizinhos e nos países limítrofes que possam influenciar os circuitos pecuários. Ademais, é necessário que os estados disponham de um serviço veterinário oficial muito bem estruturado, com equipes aprestadas para atuação rápida em caso do reaparecimento da enfermidade, disponha de um cadastro dinâmico e atualizado, controle de trânsito de animais e produtos eficiente e que em todos os municípios tenha um conselho de sanidade animal atuante, entre outras estruturas importantes para a efetivação do status desejado. Por outra parte, o Brasil só terá maior segurança na suspensão da vacinação quando 48_Animal Business-Brasil

todo o Continente alcançar esse status. A vacina oleosa, cuja tecnologia é brasileira, desenvolvida pelo Ministério da Agricultura com apoio do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa, tem sido uma importante arma para a manutenção do status de livre de febre aftosa, cuja retirada deve ser efetivada mediante um eficiente estudo soro-epidemiológico. O Dr. Alex Thierman, presidente da Comissão do Código Zoossanitário Internacional da OIE, afirmou que só haverá segurança sanitária quando em todos os países do Continente Americano não houver circulação viral e uma estrutura veterinária adequada. Aproveito a oportunidade, a bem da história, para homenagear dois grandes cientistas: Doutor Paulo Augé de Melo e Doutor Ivo Gomes, que desenvolveram a vacina oleosa, e que foram reconhecidos pela Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária com a outorga da Medalha do Mérito da Medicina Veterinária Brasileira.

P - De que forma o produtor pode contribuir com ações de controle das doenças em geral e não apenas da Febre Aftosa? R - O produtor é o primeiro beneficiário do programa de controle de enfermidades. Também é o primeiro maior prejudicado no caso do aparecimento das enfermidades de notificação obrigatória e outras, como é o caso da Febre Aftosa. No estado do Pará, como também em Rondônia,


antes de obter o status de livre da Febre Aftosa, uma arroba de carne bovina era cotada por míseros R$ 28,00, porque a população bovina é em muito superior ao número de habitantes do Estado, e estes não tinham acesso ao mercado nacional e internacional. Por essa razão o produtor deve estar engajado no Programa Nacional de Sanidade Animal, que é a sua garantia ou o seguro de sua atividade pecuária. O produtor é o primeiro observador de qualquer mudança nosológica em seu rebanho, e por isso deve haver um entendimento intenso com o veterinário que dá assistência à sua propriedade, como também com o serviço veterinário oficial.

P - A luta contra as zoonoses em bovinos é constante. Qual o panorama do Brasil? É possível erradicar essas doenças? R - O Brasil ainda luta contra enfermidades zoonóticas que poderiam estar sob controle efetivo. A Tuberculose, a Brucelose, os ectoparasitos que também atingem os humanos (zoonoses), poderiam estar sob severo controle. A OIE, a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a FAO (Órgão

das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), consideram o termo “Uma só medicina: a humana, animal e ambiental” a definição correta. Vemos, recentemente, a mosca do estábulo disseminada pela prática ambiental indevida na lavoura da cana-de-açúcar afetar os bovinos, principalmente leiteiros, suínos e seus tratadores serem igualmente acometidos. Os danos econômicos causados à criação estão avaliados numa cifra superior a um bilhão de reais. A Dengue, a Zika, a Chikungunya, as leishmanioses e outras enfermidades zoonóticas ambientais devem ser tratadas, evitando assim o tratamento ambulatorial e hospitalar, com elevados custos para a saúde do povo e com altos reflexos econômicos e sociais ao País.

P - Além da Febre Aftosa, o Brasil pretende erradicar a Brucelose e a Tuberculose. Existem programas de controle eficazes? R - Como falei anteriormente, os recursos orçamentários tanto no nível federal quanto dos estados estão minguando nesse quesito, carecendo reforço para a estrutura veterinária e laboratorial. Para tanto, é preciso uma ação dos pro-

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Josélio Moura discursando para empresários do estado de Mato Grosso do Sul sobre desenvolvimento regional.

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O fim do embargo norte-americano para a carne brasileira in natura foi uma grande conquista para o nosso País.

dutores, representados por suas associações, cooperativas e sindicatos, federações e confederação, e a classe política ligada ao agronegócio no sentido de pressionarem o Governo a colocar na Lei Orçamentária Anual e Plurianual os recursos necessários para a execução desses programas que limitam a expansão da atividade pecuária. O controle dessas e de outras zoonoses, como a Raiva, com segurança, irá aliviar os hospitais (humanos) já tão deficientes.

P - Dê que maneira o pecuarista pode auxiliar e participar dos programas disponíveis de erradicação dessas doenças? R - O pecuarista pode contribuir muito, para seu próprio benefício, participando ativamente do Conselho Municipal e Estadual de Sanidade Animal, das Associações de Produtores, das Cooperativas e dos Sindicatos e Federação, levando suas experiências e apresentando as dificuldades da sua lide. Cumprindo o calendário de vacinação e ajudando os seus vizinhos nos cuidados sanitários do rebanho estará contribuído bastante. P - Com o fim do embargo para os EUA da carne In natura do Brasil, a fiscalização e o controle devem ficar mais rígidos? R - O fim do embargo norte-americano para a carne in natura brasileira foi uma grande conquista para o nosso país e o reconhecimento, pelos Estados Unidos da América, da similaridade do status de livre de Febre Aftosa com e sem vacinação (neste último caso limitado a Santa Catarina) uma importante vitória. Entretanto, é preciso ter controle rigoroso dos programas de sanidade animal, com vigilância permanente do 50_Animal Business-Brasil

trânsito interestadual e de fronteiras e o aperfeiçoamento e treinamento permanente da estrutura de Defesa Sanitária Animal e Inspeção de Produtos de Origem Animal, em todos os níveis.

P - Quais são as principais exigências que os pecuaristas terão que adotar para se enquadrarem nos requisitos para exportação? R - A qualidade higiênico-sanitária e tecnológica dos produtos deve estar em primeiro lugar, e esse é o corolário para os demais requisitos. P - O Brasil tem um eficiente controle de imunização contra as doenças reprodutivas? Quais os tipos de controle? E quais as doenças mais comuns? R - Há uma forte conscientização dos pecuaristas sobre o controle das doenças reprodutivas. Faz parte do protocolo o controle rigoroso do rebanho do ponto de vista das enfermidades que afetam a vida reprodutiva e o descarte dos animais que não apresentam a higidez adequada para permanecerem no sistema. O médico-veterinário que presta assistência técnica à propriedade tem programa de computador que facilita o seu poder decisório e indica os animais que não acompanham adequadamente os índices estabelecidos. P - Na sua opinião, quais são os principais desafios do médico-veterinário no mundo moderno? R - O médico-veterinário necessita incorporar na sua formação profissional aspectos antropológicos, gerenciais, econômicos, noções de empreendedorismo e mercado, para melhor entender os valores e objetivos do seu mister profissional e assim prestar um serviço de maior qualidade ao cliente, cada vez mais exigente. A tecnologia tem avançado de forma célere, e a atualização profissional permanente torna-se um dos principais desafios. A educação continuada, com a participação nos congressos brasileiros de medicina veterinária, nos simpósios e cursos de atualização torna-se obrigatória para os profissionais que desejam continuar no topo da carreira profissional. Os congressos são uma forma importante para intercambiar ideias, trocar experiências, apresentar suas observações de inovações tecnológicas e conhecer os avanços profissionais.


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Por: André Casagrande, jornalista

Há 20 anos, a agricultura e a pecuária geram comprovados e sucessivos superávits na balança comercial dando estabilidade econômica ao País.

Agronegócio puxa o crescimento econômico brasileiro Há 20 anos, a agricultura e a pecuária geram comprovados e sucessivos superávits na balança comercial dando estabilidade econômica ao País. Os Estados com maior participação no esforço de exportação são Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Minas Gerais, depois, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Os principais destinos são Rússia, Hong Kong, Angola, Singapura e Uruguai, além de outros mercados. Nesse cenário, o Estado de Santa Catarina, detentor de uma das mais avançadas indústrias de processamento de carnes do mundo, responde por constantes superávits que somam cerca de 100 bilhões de dólares ao ano. Os recursos naturais, disponibilidade de grãos, sistema de produção integrada indústria/criador, o reconhecido status sanitário, a flexibilidade e a variedade de mercados e permanente investimento em tecnologia são os seis fatores essenciais de destaque para atingir esses resultados. O setor primário da economia vem tendo um ano relativamente bom para as cadeias produtivas de suínos, aves e leite, registrando crescimento nas exportações desses produtos.

SP autoriza queima controlada da palha de cana-deaçúcar contra mosca-dos-estábulos As secretarias de Agricultura e Abastecimento e Meio Ambiente de São Paulo, através de publicação no Diário Oficial, autorizaram a queima da palha da cana-de-açúcar em áreas atingidas pela mosca-dos-estábulos, em caráter emergencial e excepcional. Esse inseto causa estresse entre os animais, perda de apetite, emagrecimento e até aborto entre as matrizes. Sua proliferação tem causado prejuízo para pecuaristas de São Paulo, Mato Grosso do Sul e outros estados. Para se beneficiar desse recurso, o responsável pela área, que apresente condições favoráveis para proliferação da mosca-dos-estábulos, deve solicitar à Secretaria de Agricultura laudo técnico sobre a viabilidade da queima controlada com essa finalidade. A autorização para a realização da queima controlada como medida fitossanitária será emitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), com base no laudo técnico emitido pela Secretaria de Agricultura. O procedimento realizado pelos técnicos da Secretaria leva até 10 dias úteis. Eles emitirão um laudo atestando a necessidade de se fazer o uso da queima ou não. Animal Business-Brasil_51


Processamento de animais na produção de farinhas e gorduras é inviável, diz CBNA Para o Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), o projeto que visa permitir o processamento de cadáveres de animais na produção de farinhas e gorduras para alimentação animal não é uma ação válida. De acordo com a entidade, existem soluções mais viáveis do que essa proposta que tramita pela Câmara dos Deputados. De acordo com o CBNA, existem soluções técnicas mais sustentáveis do que a proposta, dentre as quais a compostagem, com o posterior uso como fertilizante, e a produção de biogás/biodiesel. “Existe a preocupação com as condições organolépticas do inusitado insumo, com a indiscutível preservação da sanidade do rebanho nacional e com a imagem nacional/internacional de um Brasil fornecedor confiável de carnes”, afirmou em comunicado. A CBNA, juntamente com a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ratificou sua opinião contrária ao procedimento, baseada no “Workshop CBNA sobre Ingredientes de Origem Animal: Nutrição, Qualidade e Normas”, realizado em 2013, segundo o qual carcaças e produtos oriundos de animais mortos, além do lodo de flotação, não deveriam ser aproveitados na elaboração de farinhas e gorduras para alimentação de animais de produção e de companhia/pet food.

Cadeia produtiva da pecuária movimenta R$ 483,5 bi O Perfil da Pecuária no Brasil – Relatório Anual, iniciativa da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex – Brasil), revela que a cadeia produtiva da pecuária bovina movimentou R$ 483,5 bilhões em 2015. Segundo a Agroconsult, que realizou os cálculos dos dados, a partir de uma metodologia desenvolvida em 2010 pela Pensa USP – Centro de Conhecimento em Agronegócios, os números evoluíram 27% em relação ao ano anterior. Desde 2010, quando foi realizado o primeiro cálculo, o movimento do setor cresceu 44,7%, segundo o relatório. De acordo com o terceiro estudo encomendado pela Abiec, deste total, R$ 147,03 bilhões se referem às operações antes e dentro da porteira. As indústrias responderam por R$ 145,88 bilhões e o varejo, R$ 176,36 bilhões. Os insumos voltados para a atividade dentro da porteira (nutrição, reprodução, sanidade animal, serviços, entre outros) movimentaram cerca de R$ 49 bilhões. Já a venda de gado para abate, reposição e exportação de animais vivos renderam R$ 98 bilhões. Nas indústrias frigoríficas, insumos como embalagens, energia elétrica, peças, óleos para caldeiras, produtos de limpeza, entre outros, representaram R$ 6,9 bilhões. Por sua vez, a venda de carnes no mercado interno totalizou R$ 93,98 bilhões, enquanto as exportações renderam R$ 19,49 bilhões. As exportações de couro totalizaram R$ 10,19 bilhões, enquanto os demais derivados renderam R$ 15,29 bilhões.

Fernando Sampaio assume cargo no MT O engenheiro agrônomo Fernando Sampaio, ex-coordenador de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), assumiu, no fim de setembro, o cargo de diretor executivo do Comitê Estadual da Estratégia PCI (Produzir, Conservar e Incluir) do Estado do Mato Grosso. De 2009 a 2010, o executivo foi coordenador de sustentabilidade da Abiec, sendo responsável por dialogar com a sociedade civil em grupos de discussão sobre a pecuária sustentável. Depois dessa data Sampaio passou a ocupar a função de diretor-executivo da entidade. Dia 30 de setembro, a engenheira agrônoma Liège Vergili Nogueira assumiu a diretoria executiva da entidade, substituindo Sampaio. Em 2012, Liège deixou a Abiec para integrar o time da Agroconsult. 52_Animal Business-Brasil


Fazenda Colorado bate recorde na produção de leite

Com o objetivo de fazer a inspeção sanitária em estabelecimentos registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para autorizar novas habilitações à exportação de produtos brasileiros de origem animal ou revalidar aquelas já concedidas, o País deverá receber 15 delegações veterinárias estrangeiras até o fim do ano. Quatro delas já estão confirmadas: duas do Chile (para carne bovina e farinha de carne e osso); uma de Cuba (para carnes de aves e suínas) e uma da Bolívia (para carnes de aves, bovina e suína). O primeiro grupo de técnicos, do Chile, visitou o país no período de 10 de outubro a 22 de novembro para fazer auditoria na produção de carne bovina in natura em estabelecimentos de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Outra missão do Chile enviou auditores para verificar unidades em Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul entre 28 de novembro e 9 de dezembro. Enquanto isso, uma delegação de Cuba realizou auditorias em estabelecimentos de aves e suínos entre 15 de outubro e 24 de novembro, enquanto uma missão da Bolívia inspecionou unidades de carnes de ave, suína e bovina de 21 de novembro a 2 de dezembro.

A tradicional Fazenda Colorado, localizada em Araras (SP), bateu mais um recorde de produção: 74 mil litros de leite por dia (em 2015, a média da fazenda foi de 60 mil litros/dia), com 1.798 vacas holandesas em lactação e média diária superior a 41 litros de leite por vaca/dia. Com esse resultado, a propriedade continua na primeira posição do ranking de maior produtor de leite A do Brasil (marca Xandô). “A Fazenda Colorado realiza o correto manejo dos animais e fornece alimentação saudável e balanceada, dentro de uma condição de conforto animal altamente favorável. Mas é de suma importância o foco na gestão das pessoas e processos. Pois sem uma boa equipe, não teríamos chegado nesse nível de produtividade”, justifica Sérgio Soriano, veterinário e Gerente de Pecuária da propriedade. “Os resultados vão aparecendo, pois, aliado a todo esse ambiente favorável, a propriedade também investiu em genética. E é de se esperar resultados positivos quando somamos o potencial genético da vaca às condições necessárias para que elas expressem a eficiência na produção de leite”, ressalta Fabio Fogaça, Gerente de Leite Importado da Alta.

GTPS tem novo presidente O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) tem um novo presidente. Trata-se de Francisco Beduschi, coordenador da Iniciativa de Pecuária Sustentável do Instituto Centro de Vida (ICV). Com a saída do então presidente, Fernando Sampaio, para assumir a diretoria Executiva do Comitê da Estratégia Produzir, Conservar e Incluir do governo do Estado do Mato Grosso, Beduschi foi o escolhido para presidir a entidade. “Participamos da construção da atual agenda de trabalho do GTPS. Temos muitos desafios, mas, com empenho e dedicação, trabalharemos para que a pecuária sustentável avance”, garante Beduschi. A Comissão Executiva conta ainda com Ruy Fachini Filho, diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), que assume a vice-presidência, e Karla Camargo, da Elanco, no cargo de tesoureiro. Animal Business-Brasil_53

Carlos Paes / FreeImages

Brasil deve receber 15 missões internacionais até o fim do ano


Faturamento agropecuário deve cair 1,26%, segundo a CNA

Carne in natura brasileira chega aos EUA

De acordo com o levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor agropecuário deve faturar menos em 2016. O Valor Bruto da Produção (VPB), que mede o faturamento de 25 produtos, agrícolas e pecuários, estimou que a queda deve ser de 1,26% com relação a 2015. O prejuízo deve chegar a R$ 541,15 bilhões. Segundo a avaliação, um dos principais causadores desta queda foi a redução de 10,3% na safra de grãos e fibras, causada por condições climáticas. Outro fator que contribuiu para a redução do faturamento foi a queda no preço da soja, que representa 23,5% de todo o VBP. Já a pecuária, se manterá estável e terá a mesma receita de 2015, algo em torno de R$ 201,7 bilhões. A CNA prevê estabilidade nos índices da pecuária. A exceção é para ovos e frangos, que tiveram a queda dos preços compensada pelo aumento de oferta, gerando um aumento de 4,6% e 1,7% respectivamente.

A Marfrig realizou o primeiro embarque de carne bovina in natura para os Estados Unidos. O produto chegou por via aérea, antes de os primeiros contêineres por navio aportarem no país norte-americano. O produto saiu da unidade do frigorífico em Bataguassu (MS), no dia 25/9, e embarcou no voo AA930 da American Airlines, no aeroporto de Guarulhos (SP), chegando em Miami, Flórida, no dia 27/9. Apenas 45 dias após a assinatura da abertura do mercado, no dia 18 de setembro, a empresa embarcou o primeiro contêiner de carne in natura por navio para os EUA. “A Marfrig comprava a sua capacidade de oferecer proteína animal de alto valor agregado em escala global e apoiar o potencial do Brasil em tornar-se novamente líder global na produção de bovinos”, disse o CEO da Divisão Beef da companhia, Andrew Murchie. No dia 19 de setembro, um contêiner de carne bovina in natura da fábrica da JBS em Campo Grande (MS) foi enviado ao porto de Itapoá (SC) com destino aos EUA. Também em setembro, outras quatro plantas da JBS foram habilitadas pelo United States Department of Agriculture para essas exportações: Naviraí (MS), Campo Grande II (MS), Andradina (SP) e Lins (SP).

Cresce a produção de aves e ovos

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Primeiros contêineres com carne brasileira in natura são embarcados para os EUA.

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Dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2015, do IBGE, indicam que o plantel de aves brasileiro totaliza 1,3 bilhão de cabeças, o que significa um aumento de 0,9% em relação ao ano anterior. O Sul concentra a maior parte do efetivo, com 45,4% do total em 2015. A região também responde por 59,6% do abate de frangos e por 74,8% das exportações de frango in natura. Por sua vez, no ano passado, a produção de ovos de galinha totalizou 3,8 bilhões de dúzias, crescimento de 1,0% em relação a 2014. Com o maior efetivo de galinhas, a região Sudeste é também a maior produtora de ovos em 2015, sendo responsável por 43,5% da produção nacional, estando à frente das regiões Sul (24,3%), Nordeste (16,8%), Centro-Oeste (11,8) e Norte (3,6%).


No ano passado, o rebanho brasileiro de bovinos alcançou o recorde de 215,2 milhões de cabeças, aumento de 1,3% em relação a 2014. De todas as regiões, a única a registrar queda no número de cabeças foi o Nordeste (-0,9%), segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com 33,8% da participação nacional, o Centro-Oeste respondeu pelo maior número de cabeças entre as grandes regiões. Entre 2015 e 2014, houve crescimento nas regiões Norte (2,9%), Centro-Oeste (2,1%) e Sudeste (1,4%). Na região Sul, o número de animais se manteve estável e na região Nordeste houve queda (-0,9%).

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Rebanho bovino brasileiro supera 215 milhões de cabeças

Em 2015, o rebanho brasileiro de bovinos alcançou o recorde de 215,2 milhões de cabeças, aumento de 1,3% em relação a 2014.

Já a produção de leite, ficou ao redor de 35,0 bilhões de litros, queda de 0,4% em relação ao ano anterior. O Sul ocupa a primeira posição no ranking das grandes regiões, com 35,2% da produção nacional em 2015. O rebanho de vacas ordenhadas foi de 21,8 milhões animais, redução de 5,5%, no mesmo comparativo. A produtividade média foi de 1.609 litros de leite por vaca ordenhada em 2015, evolução de 5,5%. A Região Sul registrou a maior produtividade, com 2.900 litros/vaca/ano, incremento de 3,9% em relação ao ano anterior.

Tabela 1. Efetivo dos rebanhos em 31.12 e variação anual, segundo as categorias - Brasil - 2014-2015 Categorias Grande porte Bovinos Bubalinos Equinos Médio porte Suínos1 Matrizes de suínos Caprinos Ovinos Pequeno porte Galináceos2 Galinhas Codornas

Quantidade (cabeças) 2014 2015 219 136 211 222 116 362 212 366 132 215 199 488 1 319 478 1 365 636 5 450 601 5 551 238 64 396 640 68 357 826 37 930 307 40 332 553 4 753 248 4 826 495 8 851 879 9 614 722 17 614 454 18 410 551 1 341 081 404 1 354 064 892 1 320 749 401 1 332 078 050 223 913 652 222 121 443 20 332 003 21 986 842

Variação anual 2015 / 2014 (%) 1,4 1,3 3,5 1,8 6,2 6,3 1,5 8,6 4,5 1,0 0,9 (-) 0,8 8,1

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal 2014-2015. (1) Inclui matrizes de suínos, (2) Inclui galinhas.

Plantel de codornas aumenta 8,1% No ano passado, a criação de codornas apresentou crescimento de 8,1% em relação à temporada anterior e alcançou 22,0 milhões de cabeças. A atividade se concentra na Região Sudeste, que responde por 75,7% do total nacional, destaque para o Estado de São Paulo com 54,7% do total do país e 72,3% do Sudeste. A produção de ovos de codorna acompanhou o crescimento do efetivo e chegou a 447,5 milhões de dúzias, maior registro da produção nos últimos anos. Em relação a 2014, o aumento da produção foi de 13,9%. A produção de ovos também está localizada principalmente na região Sudeste (79,8%). Animal Business-Brasil_55


Divulgação

Aquicultura em alta Criação de suínos evoluiu 6,3% Com um plantel de 40,3 milhões de cabeças, em 2015, a produção de suínos aumentou 6,3% comparada ao ano anterior. A Região Sul responde por 49,3% do total, seguida pelo Sudeste (17,3%), Centro-Oeste (15,7%), Nordeste (14,4%) e Norte (3,4%). O Estado do Paraná, com 17,7% do total nacional, é o maior produtor. Entre os municípios, Toledo (PR), Uberlândia (MG) e Rio Verde (GO) se destacam com o maior número de animais.

Caprinos e ovinos também apresentam incremento O rebanho brasileiro de caprinos somou 9,6 milhões de cabeças em 2015, aumento de 8,6% à frente do ano anterior. De acordo com a PPM, o Nordeste respondeu por 92,7% do total. Quanto aos ovinos, o plantel somou 18,41 milhões em 2015, uma evolução de 4,5% sobre o ano anterior. O destaque foi a Região Nordeste, com 60,5% do rebanho nacional, seguida do Sul (26,5%), Centro-Oeste (5,6%), Sudeste (3,8%) e Norte (3,6%). Conforme a PPM, no ano passado foram tosquiados 3,7 milhões de ovinos, queda de 7,7% comparada ao ano anterior. O rebanho de ovinos tosquiados se concentra na Região Sul (98,0%), em especial no Rio Grande do Sul, que responde por 88,7% do rebanho total e 90,6% da região. A produção de lã proveniente da tosquia de ovinos totalizou 10,9 mil toneladas em 2015, queda de 7,8% em relação ao ano anterior. A região Sul respondeu por 98,8% da produção de lã, sendo 91,9% do Rio Grande do Sul. 56_Animal Business-Brasil

No ano passado, o valor da produção da aquicultura brasileira alcançou R$ 4,4 bilhões, dois quais, 69,9% referentes à criação de peixes e 20,6% à criação de camarões. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período foram produzidas 483,2 mil toneladas de peixes (evolução de 1,5% em relação a 2014), com crescimento nas regiões Norte (6,2%), Sul (13,1%) e Sudeste (12,7%) e queda no Nordeste (-4,7%) e Centro-Oeste (-19,6%). Já a produção de camarão somou 69,9 mil toneladas em 2015, incremento de 7,4% em relação ao ano anterior. A região Nordeste responde por 99,3% da produção nacional, destaque para os Estados de Ceará (58,3%) e Rio Grande do Norte (25,5%) como maiores produtores nacionais. Tabela 1. Quantidade produzida e valor da produção dos principais produtos da aquicultura, em ordem decrescente de valor da produção - Brasil - 2015 Produtos, Valor da produção em ordem Quantidade decrescente Total Percentual produzida de valor da (1 000 R$) (%) produção Total .. 4 385 112 100,0 Peixes (kg) 483 241 273 3 064 693 69,9 Camarões 69 859 745 901 895 20,6 (kg) Alevinos 955 614 181 990 4,2 (milheiros) Larvas e pós-larvas 17 044 028 145 690 3,3 de camarões (milheiros) Ostras, vieiras e mexilhões 21 063 695 86 766 2,0 (kg) Outros .. 2 256 0,1 animais (1) Sementes de ostras, vieiras 66 504 1 822 0,0 e mexilhões (milheiros) Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Pesquisa da Pecuária Municipal 2015. (1) Foi pesquisado apenas o valor da produção por incluir diferentes espécies de animais, não sendo aplicável a unidade de medida de produção.


O Plano Agro+, lançado em agosto, contém 69 medidas voltadas para a redução da burocracia e a busca de maior eficiência na gestão pública. O objetivo é tornar o Brasil mais competitivo para aumentar nossas exportações. Antonio Alvarenga Presidente da SNA •••

No Brasil (a raiva) está presente em todos os estados, sendo considerada endêmica (enzoótica). A notificação tanto de casos humanos quanto de casos animais é exigida, e acredita-se que ainda há subnotificação e confusão com outras enfermidades. Paula Schiavo Microbiologista •••

A cadeia produtiva da avicultura é uma das mais importantes do agronegócio brasileiro e tem apresentado crescimento continuado na produção e nas exportações. Béth MÉLO Jornalista •••

Considerando-se as características climáticas do Brasil, para que o desempenho produtivo dos animais seja maximizado, faz-se

necessário grande atenção ao manejo das variáveis do ambiente térmico. Cecília de Fátima Souza Profª Universidade Federal de Viçosa e equipe •••

A OMS-Organização Mundial de Saúde e a FAO-Órgão das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, consideram o termo “Uma só medicina: humana, animal e ambiental”, a definição correta. Josélio Moura Academia Brasileira de Medicina Veterinária •••

Para ilustrar os avanços do setor, hoje o agronegócio representa em torno de 21,4% do Produto Interno Bruto Brasileiro e, dentro desta fatia, o setor da pecuária fica responsável por aproximadamente 32%, segundo dados de 2015 do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Bento de Abreu Sodré Carvalho Mineiro Diretor de fazendas •••

A palma forrageira aparece como opção para o cultivo no Semiárido, por apresentar mecanismos fisiológicos vantajosos no que se refere à capacidade de absorção, uso e conservação de água. Diana Valadares Pessoa Zootecnista (UAG/UFRPE) e colaboradores

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Como valorizar o seu serviço veterinário em tempos de crise Por:

Sergio Lobato–Consultor em Gestão da Inovação em Mercado Pet

Unsplash / Pixabay

É sabido que em tempos de crise de valores, sejam eles econômicos, e até mesmo de percepção, os prestadores de serviços podem encontrar grandes oportunidades de

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crescimento se encararem esses períodos de competição e de pressão como chances para uma completa transformação na forma como eles “fazem negócios” no seu mercado consumidor.


Com uma percepção positiva do serviço que lhe está sendo prestado, o cliente ultrapassa o estágio de valorização por preço passando a valorizar o atendimento diferenciado.

Como transformar o seu negócio O que são crises de valores? O importante é entender que o perfil do consumidor mudou radicalmente nos últimos anos, e não foi apenas pelo surgimento do Código de Defesa do Consumidor, mas também motivado pela grande oferta de prestadores de serviços pet e veterinários no mercado, dando a ele poder de barganha e de avaliação. E como eu costumo dizer, criou-se um gueto superpovoado de empresas disputando o mesmo segmento, e onde a qualidade dos serviços prestados acabou ficando relegada a segundo plano em detrimento de uma necessidade de conquista de clientes em estratégias pouco recomendadas, como a guerra de preços e um constante decréscimo na qualidade do atendimento prestado nesses estabelecimentos, que, focados nos controles de preços de produtos, além da escolha de marcas que “roubam” consumidores de marcas líderes; acabam canibalizando o seu próprio mercado. Os consumidores por sua vez se viram em uma posição privilegiada de poder estabelecer um vicioso círculo de análise e escolha de seus fornecedores de produtos e serviços destinados a animais de estimação baseados nas percepções imediatas de valor que podem obter nas suas relações de compra.

Como mudar esse cenário Será que todo consumidor é realmente um caça-níqueis ambulante? Existirá todo tipo de cliente para todo tipo de prestador de serviço, isso é uma realidade um pouco incômoda, mas necessária, para que entendamos que depende de nosso posicionamento todo resultado que possamos ter no nosso segmento profissional. A sua valorização, enquanto empresário do segmento de produtos e serviços para animais de estimação no Mercado Pet Brasil, passa por questões como conhecimento técnico constantemente atualizado, bom mix de produtos e serviços disponibilizados aos seus clientes, constante busca por novas tecnologias disponíveis para que a gestão do seu estabelecimento esteja sempre pronta para indicar os melhores caminhos e ações após análise correta de dados coletados.

Atendimento Mas principalmente, jamais esquecer da principal razão pela qual os clientes abandonam literalmente uma empresa, trocando-a por outra, o atendimento. É fundamental que em se tratando de valori­ zação do seu serviço prestado aos seus clientes, você destine boa parte dos seus recursos e tempo na oferta de sessões de treinamento de sua linha de frente de serviço, seus funcionários. Sua equipe de trabalho deve estar ciente do importante papel que é estabelecer um link emocional com o cliente, desde o primeiro momento em que este entra em contato com a empresa, seja pessoalmente, seja por telefone ou mesmo através das mídias sociais. As palavras-chaves do atendimento no mercado veterinário, são: Cortesia Atenção Educação Empatia Compreensão Conhecimento Proatividade O somatório desses pontos de comportamento gera um diferencial de percepção por parte de todo e qualquer cliente que entre em contato com essa atmosfera diferenciada, o que nos leva ao título de nosso texto: a valorização do serviço veterinário. Com uma percepção positiva do serviço que lhe está sendo prestado, o cliente em questão ultrapassa rapidamente o estágio da valorização por preço, e começa a questionar seu próprio comportamento diante de um atendimento diferenciado. Animal Business-Brasil_59


É importante levar em conta:

E como agregar ainda mais valor ao meu trabalho iniciado com um bom atendimento por todos da minha equipe? Mais uma vez a chave está no posicionamento da empresa como um todo, e na sua postura profissional. Nunca prometa aquilo que não possa cumprir, mas cumpra mais do que seu concorrente promete. Busque ser claro nos seus contatos com seus clientes, explicando detalhadamente cada procedimento, cada ação e sempre questionando se houve um entendimento correto por parte do cliente. Ofereça sempre a melhor tecnologia e a inovação em produtos e serviços que possam realmente agregar valor ao conceito de bem-estar que deve ser inerente ao seu negócio e permear cada ação de venda dos mesmos. Seja capaz de construir um ambiente capaz de encantar, seduzir e tranquilizar seus clientes no momento em que eles cruzem a porta de seus estabelecimentos. Defina primeiro sua proposta de comunicação empresarial. De acordo com ela, se sua ideia for de um ambiente mais lúdico, que seja! Se for um ambiente que lembre mais um conceito de proposta hospitalar, que seja perfeito! Estimule sua equipe a sempre receber cada cliente com honras de um chefe de estado. O cliente sempre deve ser visto como a razão da existência do negócio e da carreira de todos que ali estão. Isso é fundamental para que todos possam exercer suas funções de forma uniforme e direcionadas ao sucesso da empresa. 60_Animal Business-Brasil

Unsplash / Pixabay

• O comportamento simpático e atencioso dos membros da equipe. • Os produtos de qualidade que prezam pelo bem-estar de seus animais de estimação garantindo segurança de uso. • As instalações confortáveis, seguras e higiênicas do estabelecimento que irá receber seus melhores amigos. • Todo a ambientação criada para recebê-los. • As estratégias criadas para que eles possam se sentir únicos e pertencentes “ao clube exclusivo” que é estar ali, naquele estabelecimento em especial.

Tem pet para todos os gostos

Existe uma forte pressão para que o serviço veterinário seja visto como algo que deve ser ofertado de graça, pressão essa feita por grupos organizados que buscam de alguma forma benefícios próprios, e por isso recomendo que toda e qualquer proposta de parceria com qualquer entidade que atue no segmento, seja muito bem estudada e que seja feito um completo levantamento do perfil e das reais posturas dessas entidades no mercado, visto que associar suas marcas e imagens a grupos assim, pode trazer sérios prejuízos à sua imagem. Essa tem sido, junto com a guerra de preços, um dos maiores problemas de posicionamento do mercado veterinário, a pressão pela desvalorização do serviço médico-veterinário. Preparados para enfrentar toda essa pressão? Preparados para valorizar a sua empresa veterinária? O caminho é posicionar-se sempre! Invista em você, invista em sua equipe e invista em seu negócio, tornando-o sempre a melhor opção em se tratando de estabelecimentos para animais de estimação no mercado pet.


Por: Béth

Em setembro, o Brasil vendeu 93 mil toneladas de carne bovina in natura, o equivalente a US$ 388 milhões, incremento de 11% na receita e de 13% no volume comparado ao mês anterior. No acumulado de janeiro a setembro de 2016, as exportações de carne bovina somaram 831.051 toneladas, ante 766.730 toneladas em igual período do ano passado (+8,39%). Já a receita, alcançou US$ 3,290 bilhões, ante US$ 3,345 bilhões na mesma comparação (-1,64%). SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SECEX) / ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE (ABIEC)

O Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa MT) vai enviar 500 mil euros (cerca de R$ 1,805 milhão) ao Fundo Mundial de Sanidade e Bem Estar Animal, que subsidia ações estabelecidas pela Organização Internacional para Saúde Animal (OIE). O recurso representa a metade da contribuição de 1 milhão de euros (R$ 3,620 milhões) que o Brasil encaminhará à OIE, e visa alavancar processo para que Mato Grosso esteja livre de aftosa sem vacinação. O FUNDO EMERGENCIAL DE SAÚDE ANIMAL DO ESTADO DE MATO GROSSO (FESA)

O faturamento nacional do setor pet (animais de estimação) totalizou cerca de R$ 18 bilhões em 2015. De olho nesse mercado, a multinacional norte-americana Mars Pet Care Brasil pretende investir mais de R$ 1 bilhão, até 2020, no Brasil. Em 2016, a empresa aplicará R$ 170 milhões na construção de uma fábrica de pet food em Ponta Grossa (PR). O Brasil já ultrapassa 132,4 milhões de pets, entre cães, gatos, aves, peixes e outros animais. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) / ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS PARA ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO (ABINPET)

Mélo

De janeiro a setembro de 2016, as exportações brasileiras de carne suína aumentaram 41,14%, totalizando 473,9 mil toneladas, superando as 472,7 mil toneladas embarcadas nos 12 meses de 2015. Em dólar, a receita foi US$ 965,3 bilhões, 11,4% acima dos US$ 866,5 obtidos na mesma comparação. Em reais, o faturamento alcançou 3,379 bilhões entre janeiro e setembro (+21,2%). ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (ABPA)

Em 1970, a exportação de carne de frango representava 7% e, em 2015, chegou a 50%, o que coloca o Brasil na liderança mundial, com embarques para mais de 150 países. A produção do setor está concentrada no Sul do País, destaque para Paraná (35,7%), Santa Catarina (23,3%) e Rio Grande do Sul (17,6%). A atividade gera 3,5% de milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (ABPA)

Em 2015, a cadeia produtiva da pecuária bovina movimentou R$ 483,5 bilhões, 27% acima do ano anterior. Deste total, R$ 147,03 bilhões referem-se às atividades anteriores e dentro da porteira; R$145,88 bilhões nas indústrias; e R$176,36 bilhões no varejo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE (ABIEC)

O saldo da balança comercial brasileira foi de US$ 19,69 bilhões, em 2015. No período, as exportações do agronegócio atingiram US$ 88,22 bilhões. Já as vendas externas de carne bovina, geraram receita de US$ 5,9 bilhões, o equivalente a 3% de tudo o que o Brasil exportou no ano passado. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA)

Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar a ingestão de 12 quilos de peixe por ano, o consumo brasileiro per capta anual é de apenas 9 quilos. A produção nacional alcança 1,2 milhões de toneladas ao ano e não é suficiente para atender o consumo da população, que é completado com importações de 400 mil toneladas anuais de peixe.

Dia 16 de setembro, Brasil e Vietnã assinaram acordo para exportações de lácteos para o país asiático. Em 2015, o Vietnã consumiu 110 mil toneladas de leite em pó, 17 mil toneladas de manteiga e quase 5 mil toneladas de queijos, todos importados.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA)

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LATICÍNIOS (VIVA LÁCTEOS)

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Academia Brasileira de Medicina Veterinária prestou homenagem a Fábio Meirelles

no almoço comemorativo do quinto aniversário da revista Animal Business-Brasil Por:

Luis Alexandre | Fotos: Luiz Octavio Pires Leal

E

m reunião realizada na Sociedade Nacional de Agricultura, no dia 23 de setembro, a Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet) homenageou o presidente da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Na ocasião, foram comemorados os cinco anos da revista Animal Business Brasil, editada pela SNA. No início do evento, o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, saudando a presença do atual presidente da Abramvet, Milton Thiago de Mello, falou sobre a importância da medicina veterinária na economia brasileira: “Cerca de 10% de todas as exportações brasileiras vem da cadeia animal. O agro exporta por ano algo em torno de US$ 90 bilhões, e desse total, cerca de US$ 18 bilhões correspondem às exportações da cadeia de origem animal”.

Cinco anos de Animal Business Brasil Durante o evento na SNA, Luiz Octavio Pires Leal, editor da Animal Business Brasil, declarou que a ideia de criar uma publicação com o apoio da SNA obedeceu a padrões específicos.

62_Animal Business-Brasil

“Optamos por fazer uma revista agradável, bonita, fácil de ler, de utilidade para alunos, professores e profissionais, tanto da iniciativa privada quanto do poder público, e além disso, isenta de politicagem, de oportunismo e do politicamente correto. Damos total preferência a artigos assinados por profissionais realmente qualificados. Acredito que estamos atingindo esses objetivos.”

Presenças Estiveram presentes à reunião, entre outros, Luiz Altamiro Garcia Nogueira, coordenador do programa Rio Genética da Secretaria de Estado de Agricultura do Rio de Janeiro; Leda Maria Kimura, coordenadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro); os diretores da SNA Alberto Figueiredo, Paulo Protásio, Márcio Sette Fortes e Maria Cecília Ladeira de Almeida; Cristina Baran, editora da revista A Lavoura; Andréa Cardoso, assessora de imprensa; Ana Cosenza, editora de arte da revista Animal Business Brasil ; Luiz Adilson Bon, conselheiro da ABCZ; Albino Veloso, acadêmico da Abramvet; José Carlos Durão, engenheiro agrônomo, e Eduardo Ramos, diretor do Canal Terra Viva (Band).


A criação da revista Animal BusinessBrasil, com o apoio da SNA, obedeceu a padrões específicos: um periódico agradável de ler, de utilidade para alunos, professores e profissionais, em linguagem simples e fiel à verdade científica.

O trabalho dos veterinários Antonio Alvarenga, que é membro honorário da Abramvet, destacou o trabalho desempenhado pelos profissionais de Veterinária e ressaltou que a atuação desses profissionais favorece a abertura de novos mercados. Para ilustrar, mencionou o recente acordo entre Brasil e Estados Unidos, pelo qual a sanidade animal brasileira foi reconhecida com status de equivalência a dos norte-americanos. “Ser reconhecido pelos EUA é abrir as portas para todos os países, é ter um valoroso certificado que mostra a qualidade de nosso serviço de sanidade animal”, afirmou. No âmbito educacional, Alvarenga destacou a parceria da Sociedade Nacional de Agricultura com a Universidade Castelo Branco (UCB), para a manutenção de um curso de Medicina Veterinária no campus da SNA, no bairro da Penha (Zona Norte do Rio de Janeiro). Recentemente,

Sebastião Costa Guedes, novo presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet); Antonio Alvarenga, presidente da SNA; Fábio Meirelles, presidente da FAESP;Milton Thiago de Mello, ex-presidente da Abramvet; Albino Belotto, ex-diretor do Panaftosa e Eduardo Ramos, diretor da TV Terra Verde.

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Sebastião Costa Guedes lembrou, no seu discurso, a trajetória e as realizações do presidente da FAESP e traçou pontos em comum com a carreira do jurista Octavio Mello Alvarenga: "Ambos sempre plantaram idéias e árvores".

o curso foi avaliado pelo MEC , alcançando o nível de um dos melhores do gênero no Brasil.

Destaques O ex-presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Milton Thiago de Mello, destacou a importância do trabalho de Fábio Meirelles à frente da Faesp, afirmando que ele representa “uma figura ímpar no Brasil”, e que, diante de suas realizações, “temos a responsabilidade de continuar o esforço feito, em grande parte pela Faesp, e também por outras entidades, para que o País continue sua trajetória de grande produtor e exportador de carne”. Ao elogiar a qualidade da revista Animal Business Brasil, o ex- presidente da Abramvet afirmou “que é a única publicação nacional dedicada ao setor, com abrangência completa da cadeia animal e com abordagem de temas relacionados à ciência e tecnologia”. Thiago de Mello reforçou o apoio da Academia à revista, que em sua última edição publica artigos especiais sobre a febre aftosa. “Reconhecemos que a febre aftosa é parte de um dos pilares da economia do Brasil. As carnes bovina e suína só podem ter qualidade se a febre aftosa estiver dominada”, salientou.

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Reconhecimento O recentemente eleito presidente da Abramvet, Sebastião da Costa Guedes, lembrou a trajetória e as realizações do presidente da Faesp, e traçou pontos em comum com a carreira do jurista Octavio Mello Alvarenga. “Octavio, assim como Fábio, é outro baluarte na luta pelos direitos e propriedades do produtor rural no Brasil. Ambos sempre plantaram ideias e árvores”, comentou Guedes. “Árvores que dão frutos e constroem berços para a economia nacional”, acrescentou. Ele também reconheceu o recente apoio de Meirelles, junto às autoridades do governo, a fim de liberar recursos para a defesa sanitária e para saldar dívidas brasileiras com organismos internacionais como a World Organization for Animal Health (OIE) e o Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa) da Organização Panamericana de Saúde (Opas). Em declaração anterior ao portal da SNA (leia em sna.agr.br/?p=37146), Guedes defendeu a erradicação da febre aftosa. “A doença pode ser eliminada em três anos no país, começando a primeira etapa em 2017. Isso vai mostrar ao mundo que temos uma defesa sanitária encorpada”.


A palavra do homenageado Fábio Meirelles, ao agradecer a homenagem recebida pela Abramvet, disse que as experiências vividas em outros países, como na Grã-Bretanha, por exemplo, deram a ele bases para defender os interesses da agropecuária brasileira. “O agro não nasceu de forma infantil , mas da análise substantiva de nossas atividades. Havia um poder de força e de equilíbrio, por parte do governo, na defesa legítima da agroindústria e do produtor, e isso foi consolidando o sistema agrícola”, pontuou. Para Meirelles, o agronegócio mostra cada vez mais qualidade e produtividade. “O governo deve entender que o Brasil é um país agrícola, que suas terras têm ótimas condições para implantar uma agricultura mais forte, mais produtiva e de melhor qualidade. O agronegócio consolida uma política de mercado que atende a todas as camadas sociais, não apenas visando ao lucro, mas também instituindo uma política para melhorar a condição salarial de quem desempenha essa atividade”.

O presidente da Faesp falou ainda sobre as contribuições da Abramvet e dos profissionais de Medicina Veterinária para o desenvolvimento rural brasileiro. “A Abramvet representa a essência do conhecimento desses profissionais. A Medicina Veterinária evoluiu, e com o progresso científico trouxe resultados fantásticos para a pecuária, principalmente nas áreas de sanidade e genética”, ressaltou. “O Brasil é hoje o principal ator no comércio mundial de carne bovina e de frango, e isso se deve em grande parte à Veterinária”. Meirelles disse que o desafio atual da profissão está em garantir a saúde dos produtos de origem animal. “A globalização e o comércio entre países exigem cada vez mais fiscalização e controle de forma rápida e eficiente. Novas doenças surgem, as demandas do consumidor se ampliaram, e os riscos aumentam. Daí a importância da atuação dinâmica e eficiente dos médicos veterinários. Temos de continuar a desenvolver uma Medicina Veterinária brasiliana, porque um país tropical tem outros tipos de dificuldades”, concluiu.

Sebastião Costa Guedes, Antonio Alvarenga, Fábio Meirelles e Milton Thiago de Mello.

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Raul Moreira

Do campo para a gôndola Antonio Alvarenga (*)

A

s exportações brasileiras representam menos de 2% do comércio mundial total de mercadorias - fatia ínfima diante de nosso potencial. Os embarques do agronegócio respondem pelo maior volume das exportações, sendo responsável pelo equilíbrio das contas externas. Nos últimos cinco anos, o saldo da balança comercial do agro atingiu US$ 400 bilhões, valor suficiente para cobrir o déficit de US$ 330 bilhões dos demais setores da economia. O agronegócio é o segmento que tem mais carimbos no passaporte, porém, podemos fazer muito melhor. Mesmo diante dos bons resultados, a constatação que prevalece é a de que “não vendemos, somos comprados”. Quebrar este modelo é imprescindível, e passa por uma mudança no perfil da pauta exportadora do agro, com o objetivo de aumentar nossas receitas por meio da venda de produtos com maior valor agregado. Vamos redirecionar nossos esforços de dimensão quantitativa com foco em uma meta mais qualitativa. O Brasil soube combinar recursos naturais, tecnologia e talento para viabilizar um poderoso agronegócio de larga escala. Somos um grande player das commodities – o que é um trunfo, inegavelmente. Agora é preciso investir na agroindustrialização para capturar fluxos de distribuição que possam chegar até a ponta final do consumo. Com raras exceções, sabemos pouco do que acontece com nossos produtos agrícolas após o desembarque nos portos dos importadores. Diante deste diagnóstico, integrar-se às cadeias globais de valor, verticalizando o alcance e a autonomia sobre o negócio - desde o campo até à mesa do consumidor - deve ser a próxima etapa da agenda de um agronegócio orientado ao mercado. A lição de casa que precisamos fazer será organizar a oferta e estabelecer uma estratégia inteligente de marketing internacional. Há demanda, e sempre haverá, em todas as categorias de 66_Animal Business-Brasil

produtos, dos mais básicos até os mais sofisticados, em todas as regiões do planeta. Para tanto, torna-se imprescindível o apoio e o pragmatismo de nossa estrutura diplomática oficial, que se mostrou inoperante nas mais recentes administrações federais. Também faz-se necessário um esforço contínuo e coletivo de autoridades e empresas para se conhecer as especificidades dos mercados importadores (dos emergentes até os mais maduros), a fim de compreender suas tendências para definir o perfil de produtos que melhor atendam às necessidades e exigências do consumidor final. O recente giro que o ministro Blairo Maggi fez pela Ásia é um exemplo. No entanto, o setor privado não pode ir a reboque do governo. Ele também tem a responsabilidade de abrir mercados e costurar acordos por conta própria. Investir em marketing e em construção de marcas – a de um agronegócio sustentável, por exemplo - é condição “sine qua non” de sobrevivência e competitividade. A eleição de Donald Trump, com sua retórica de aversão a acordos de livre comércio, pode abrir oportunidades para o Brasil. Por outro lado, gigantes consumidores como China e Índia ventilam posicionamentos protecionistas. Ou seja, os interesses globais são difusos, fato que exige de nós a construção de uma estratégia muito clara e objetiva de segurança alimentar, garantindo a oferta e a qualidade de nossos produtos. Podemos exportar mais e melhor, não só alimentos, mas também fibras e energia de origem agrícola, para que o Brasil avance cada vez mais como um fornecedor confiável e relevante no comércio agrícola internacional. (*) Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura



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