DIAGNÓSTICO DA FASE LATENTE DO
TRABALHO DE PARTO - COMO ORIENTAR GESTANTES E ACOMPANHANTES
Dilemas na assistência ao TP
Inessa Beraldo de A. Bonomi
“The latent phase of labor continues to be a clinical enigma 50 years after it was identified and defined by Friedman�
J Midwifery Womens Health, 2007
Diagnóstico Fase Latente • Compreende o início das contrações regulares
até o início da fase ativa. • A contratilidade miometrial vai adquirindo: Orientação - Polarização - Coordenação latente
dilatação
expulsivo
Friedman
Funções Fase Latente • Amolecimento, apagamento, início da dilatação do
colo uterino • Prepara o colo para a fase ativa de dilatação
Friedman
Duração Fase Latente • Primípara: 16 a 20 horas (média 8,6 horas) • Multípara: 12 a 16 horas (média 5,3 horas)
Friedman
A curva tende a ser quase horizontal, com pouca variação da dilatação
Pré TP: qual o problema? • Um dos principais desafios contemporâneo são as
mulheres que NÃO estão em trabalho de parto estabelecido • NÃO precisam de cuidados hospitalares • dúvidas • ansiedade • insegurança
Birth, 2009
Pré TP: qual o problema? Preâmbulo suave e relativamente simples?
X
Repetidas visitas à maternidade
X
Admissão precoce
Potencial risco para uma cascata de intervenções • International Early Labor Research Group: • complexidades do trabalho de parto inicial • importância para mulheres grávidas, seus cuidadores e
acompanhantes Birth, 2009
Resultados Obstétricos • > Nulíparas
(Obstet Gynecol, 2005; Sex Reprod Healthc, 2013) • Aumento da duração da fase latente do trabalho de
parto nas admissões precoces (dilatação < 3cm) • nulíparas = multíparas
(Obstet Gynecol, 1985, 1986; Sex Reprod Healthc, 2013; BMC Pregnancy Childbirth, 2014)
Resultados Obstétricos • Uso de ocitocina
(Obstet Gynecol, 2005; BMC Pregnancy Childbirth, 2014) • Ruptura artificial de membranas (BMC Pregnancy Childbirth, 2014)
• Anestesia peridural
(BMC Pregnancy Childbirth, 2014)
Resultados Obstétricos
• Monitorização fetal eletrônica
(BMC Pregnancy Childbirth, 2014) • Apgar < 7 no 5o min
(Sex Reprod Healthc, 2013; BMC Pregnancy Childbirth, 2014)
Resultados Obstétricos • Partos cesáreos
(Obstet Gynecol, 2005; Int J Gynaecol Obst, 2006; Sex Reprod Healthc, 2013; BMC Pregnancy Childbirth, 2014) • Justificativas para cesariana: distócias
(Int J Gynaecol Obst, 2006)
Resultados na fase latente prolongada • 10.979 gestações normais • 150 casos x 100 controles • 730 (6,5%)
• > nulíparas (73 x 39%)
• Cesarianas
• Ocitocina (62 x 17%)
RR 1,65; IC 1,32-2,06 • Apgar < 7 no 5o min RR 1,37; IC 1,15-1,64 • Ressuscitação neonatal
• Cesarianas (29 x 6%)
• Apgar < 7 no 5o min (17 x
3%) • Admissão UTIN (22 x 1%)
RR 1,97; IC 1,23-3,16 Obstet Gynecol, 1993
J Obst Gynaecol, 2002
O que fazer na fase latente do TP?
Adiar a admiss達o hospitalar
Manejo ambulatorial
â&#x20AC;&#x153;Maximal patience and minimal interference should be the corner-stone of managementâ&#x20AC;?
J Midwifery Womens Health, 2007
Como fazer?
• Deambulação / Atividades • atividades relaxantes =
a percepção de dor • andar não melhora ou influencia o progresso do TP, mas propicia maior capacidade de tolerá-lo
J ObstetGynaecol Can, 2003; J Midwifery Womens Health, 2007
Como fazer?
• Banho • controverso • banho de banheira alivia contrações pré TP • banho quente = estimula contrações postura ereta algum grau de estimulação do mamilo
J Midwifery Womens Health, 2007
Como fazer?
• Hidratação • correção da desidratação ajuda a diminuir ou parar as
contrações pré TP • aumenta o fluxo sanguíneo uterino • diminui a secreção do hormônio antidiurético e da ocitocina
J Midwifery Womens Health, 2007
Como fazer? • Alimentação • controverso • 2 maternidades da Suécia, 2072 nuliparas ingestão normal de alimentos durante as 24 horas anteriores à admissão = duração menor do TP • Austrália, 176 nulíparas comer (normal x líquidos claros) durante a fase latente = aumenta a duração TP
J Midwifery Womens Health, 2006; ActaObstGynecol Scand, 2010
Como fazer? • Suporte • a capacidade de enfrentamento da mulher* • envolvimento das pessoas de apoio** em medidas de
conforto a ansiedade evita tranferência de responsabilidade
• desligar o telefone / celular
J Midwifery Womens Health, 2007; Birth, 2011
* Empoderar a mulher • “Maintainig power” • Suécia: permanecer em casa • sensação de poder físico e mental, expressa como uma
‘força motriz’ para o nascimento • direito de decidir sobre o seu próprio organismo • capacidade de fazer escolhas durante o processo de nascimento Os profissionais precisam ser sensíveis, solidários e respeitosos com as próprias preferências das mulheres Midwifery, 2012
** Papel do pai • Reino Unido • os pais geralmente se veêm como co-responsáveis
pelas decisões principais • futuros pais = participar das consultas e assistir aulas de pré-natal com os suas parceiras para compreender: fase latente do trabalho de parto X os sinais de trabalho de parto estabelecido Pract Midwife, 2011
Como fazer?
• Informação / Comunicação • discutir no pré-natal • informar sobre riscos • tranquilizar a mulher informação sobre o estado do bebê individualização de cuidados
J Midwifery Womens Health, 2007; Birth, 2011
Como fazer?
• Estimulação mama (mamilo) • os níveis de ocitocina = estimula as contrações • é mais eficaz se o colo do útero estiver ‘maduro’ • contraindicado em mulheres alto risco
J Midwifery Womens Health, 2007
Como fazer? • Relação sexual • sémen contém prostaglandinas = ajudam a amadurecer o
colo do útero e induzir o parto • não há evidências suficientes para determinar se a relação sexual é eficaz no estímulo de trabalho
Entrar em conexão com o companheiro, se sentir amada, querida, sentir prazer = libera ocitocina
J Midwifery Womens Health, 2007
Como fazer? • Pequena taça de vinho • inibe a secreção de ocitocina (contrações) pela hipófise
posterior • proporciona o descanso necessário • para ou diminui as contrações pré TP
J Midwifery Womens Health, 2007
Condutas • Analgésicos • alivia o desconforto e permite a progressão do trabalho de
parto • opióides = ambulatorial NÃO • Analgesia epidural • controverso • 1cm x 4cm = não prolonga a progressão do trabalho de parto e não aumenta taxa de parto cesáreo
Am J Obst Gynecol, 2002; J Midwifery Womens Health, 2007; Anesthesiology, 2009
Condutas • CTG • rotineiramente como teste rastreio? • resultados não reativos = maiores complicações fetais
(bradicardia, mecônio, Apgar baixo) Maior vigilância nas gestantes com traçado anormal
J Reprod Med, 1990; Glob J Health Sci, 2015
Exemplo canadense: gestão ambulatorial • Atendimento domiciliar X Triagem telefônica • Canadá • avaliação e apoio pela enfermagem obstétrica • atendimento domiciliar menos internação na fase latente TP (RR 0,37; IC 0,19-0,72) menos uso analgésicos (RR, 0,55; IC 0,32-0,96) RN menos propensos a CTI Neonatal (RR 0,13; IC 0,03-0,60) mais mulheres recomendam este tipo de cuidados a um amigo (p = 0,001) JObstetGynecol Can, 2003
Conclusão • Admissão precoce • Intervenções desnecessárias • Diminuiu taxa de partos vaginais • Desfechos neonatais desfavoráveis
• Orientações /Condutas • Apoio • Encorajamento • Informações • Programa institucionalizado de triagem na fase
latente do TP
OBRIGADA...