Sumário Jornal Super Notícia - Geral - p. 17 - 08/07/16 Polêmica na escolha
Jornal Super Notícia - Geral - p.17 - 08/07/16 Polêmica na escolha
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SUPER NOTÍCIA SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2016
GERAL 17
PARTO
POLÊMICA NA ESCOLHA M Busca de gestantes pelo nascimento natural e humanizado esbarra na alta incidência de cesarianas agendadas BRUNO SILVA/DIVULGAÇÃO
JOANA SUAREZ
Depoimento
falesuper@supernoticia.com.br
O parto da pedagoga Daniela Alves, de 34 anos, teve banheira, massagem, orientação, palavras de apoio e carinho. Por que duas mães, que se prepararam por noves meses e tinham o mesmo anseio para o nascimento do filho, tiveram experiências tão distintas no dia de dar à luz seus filhos (leia o relato de Luciene Câmara na página anterior; e o de Daniela no quadro ao lado)? A única resposta que especialistas encontram está no tipo de parto e no tratamento oferecido às gestantes. Em vez de um nascimento natural, mães recebem propostas para marcar data e hora para ver seus bebês pela primeira vez ou são submetidas a diversas formas de intervenções quando insistem em fazer o parto normal. Há pelo menos três décadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que apenas 15% das mães precisariam de uma cirurgia cesariana, mas os índices não baixaram, e o Brasil segue recordista em cesáreas. Na rede privada da capital, elas são mais de 70% dos partos, e, na pública, cerca de 30%. A Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas (Sogimig) não acredita nessa taxa preconizada pela OMS. “Se tiver 10% (de cesá-
DANIELA ALVES, DE 34 ANOS PEDAGOGA
¬ Pedagoga Daniela teve ao seu lado o marido em um parto humanizado; ela contou também com banheira, massagem e orientação rea) em um país, é resultado de uma má assistência obstétrica. Ter (somente) 15% de cesarianas é ilusão”, diz Carlos Henrique Mascarenhas Silva, diretor da Sogimig. “A OMS condena há mais de 40 anos parir em litotomia, posição ginecológica, que não é adequada. Foi inventada para dar conforto ao médico, quando ele entrou na sala de parto. Da mesma forma o corte na vagina. No entanto, muitos acham isso natural porque nunca tiveram contato com a humanização do nascimento”, defende Gabriella Sallit, advogadae socióloga defensora do parto humanizado. A Pesquisa Nacional da
Saúde (PNS) 2013, divulgada em agosto de 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 53% das cirurgias cesarianas realizadas no Brasil não são de emergência. E são essas que os defensores do parto natural combatem a partir de uma famosa metáfora: “A fruta só cai do pé quando está madura”. “Recebo relatos de mulheres que ficaram com incontinência urinária e fecal por causa da episotomia (corte da vagina), mulheres que não tinham indicação de cesariana e morreram”, relata a ativista da causa Raquel Marques, da ONG Artemis.
As cesarianas desnecessárias (induzidas) são consideradas violência obstétrica. Questionado sobre o tema, no entanto, o diretor da Sogimig corrige o termo. “Na verdade, o correto é ‘violência na assistência obstétrica’”. “É difícil acreditar que o médico vai causar uma violência. Se uma maternidade está lotada, tem apenas um médico lá, e a paciente não tem a assistência devida, a violência é praticada pelo sistema”, afirma. A Sogimig, diz ele, realiza treinamentos das melhores técnicas de parto. O diretor, ressalta, porém, que a mulher tem o direito de decidir o método de nascimento do filho.
Tipos mais comuns *Normal Nascimento por via vaginal. Obstetra conduz o parto e pode intervir, por exemplo, com incisão no períneo e analgesia *Natural O obstetra apenas acompanha, sem intervir (com anestesia, por exemplo) *Humanizado Quando existe o contato ou participação de um familiar da mãe *Cesárea É o parto cirúrgico, realizado em casos de emergência ou eletivamente
As pessoas se assustaram quando esperei o trabalho de parto até 41 semanas. Entramos na suíte de parto e fui tão bem recebida na Maternidade Sofia Feldman)! Todos me chamavam de forma carinhosa e respeitosa. Eu era consultada antes de ser realizado qualquer procedimento. Pedi para ir para a banheira. Lá fiquei e até dormi entre uma contração e outra, mas nada de o Bento nascer. Força, cansaço e as horas passando, me ofereceram uma banqueta, saí da água. Colocaram uma música. (Após 12 horas de trabalho de parto), se o Bento não nascesse, eu teria intervenção médica, coisa que eu não queria. Falaram para eu mesma colocar a mão e sentir a cabeça do bebê, foi realmente o detonador que eu precisava. Depois disso lembro das contrações vindo fortes e eu desejando mais e mais que elas trouxessem meu filho. O grito veio com força, era um urro. Bruno (pai) nos segurando por trás e enfim o choro do meu filho.
EDITORIA DE ARTE/O TEMPO
47,4%
PARTOS NORMAIS E CESARIANAS OCORRIDOS EM BELO HORIZONTE
2014
NÚMEROS ABSOLUTOS
52,6%
CESARIANAS POR MATERNIDADE (em %) Semper Villa da Serra Hospital Belo Horizonte NORMAL CESARIANAS Maternidade Otaviano Neves Mater Dei Maternidade Santa Fé Hospital Dia Maternidade Unimed IPSEMG Hospital das Clínicas da UFMG Santa Casa Hospital Odilon Behrens Hospital Júlia Kubitschek Maternidade Odete Valadares Hospital Sofia Feldman Hospital Risoleta Tolentino Neves
51.980
2015
54,7%
Não raramente, pais precisam aguardar nas salas de espera das maternidades o nascimento dos filhos. Recentemente, se propagou nas redes sociais o vídeo de um pai que precisou brigar e insistir para estar ao lado da mulher durante o parto, fazendo valer seu direito. A garantia do acompanhante na hora do parto está na Lei Federal 11.108/2005, que determina que os serviços de saúde públicos e privados são obrigados a permitir a presença de um acompanhante. A jornalista Luciene Câmara, de 34 anos, viveu essa situação no fim do último mês de dezembro, em uma maternidade particular. Após não permitirem a entrada do marido dela na sala de parto, as enfermeiras tentaram tranquilizá-la justificando que os pais “ficam nervosos vendo as mulheres sentirem dor” e que não havia espaço suficiente para acomodar todos. “O marido também está parindo. Temos que combater isso, é uma violação aos direitos humanos deixar uma mulher sozinha em trabalho de parto”, argumenta Sônia Lansky, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Ela garante que a lei é cumprida, na rede pública, onde há apenas quarto enfermaria. (JS)
RAIO X DA CAPITAL
45,3%
Regras de hospitais desrespeitam a lei
TAXAS NÚMEROS ABSOLUTOS
86,6 83,6
84,14 77,9 73,4
79,9 79
76,4 71,11
77,8 72,5 58,5 55,2 36,4 35,3
31,6 32,3
25,3
2014 2015
31,7
30,1
22,6
54,8 36
33,6 29,1
68,46 56,8
28,2 24,5 23,7
Na Rede SUS de BH, a taxa de cesarianas em 2011 era de 30,1%. Dados de 2014 indicam que esse índice caiu para 29%. A taxa nacional é de 40%. No setor privado, em 2011 a estatística era de 75,8%, enquanto em 2014 o valor foi reduzido para 72,1%
50.594 FONTE: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE
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