Veículo Oficial da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais - SOGIMIG
Julho a Novembro de 2010
RR PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS
CRIAÇÃO DA ICOOP É PRIMEIRO PASSO PARA ORGANIZAÇÃO DA CATEGORIA | 2
PROGRAME-SE PARA OS EVENTOS DE 2011: CONGRESSO MINEIRO, SUMMIT E CIM | 7
WORKSHOP DEBATE ATIVIDADES DA ENTIDADE E DEFINE AÇÕES PARA 2011|8
PRESIDENTE DO CRM-MG FALA SOBRE A LUTA POR MELHOR REMUNERAÇÃO| 10 FALE CONOSCO
www.sogimig.org.br PARCEIROS
Carta reúne recomendações do II Fórum de Defesa Profissional
RAFAEL TAVARES
FOTOS GUI MAZZONI JR.
Informativo
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Editorial
Av. João Pinheiro, 161. Sala 206 Centro. Belo Horizonte. MG. 30.130-180. Telefax: (31) 3222 6599 Telefone: 3247 1637 Site: www.sogimig.org.br E-mail: sogimig@sogimig.org.br Diretoria SOGIMIG - Gestão 2009-2010 PRESIDENTE Victor Hugo de Melo VICE- PRESIDENTE Renato Ajeje SECRETÁRIO GERAL Carlos Henrique Mascarenhas Silva 1º SECRETÁRIO Frederico José Amedée Péret DIRETOR FINANCEIRO José Avilmar Lino Silva DIRETOR SÓCIO-CULTURAL Cláudia Lourdes Soares Laranjeira DIRETOR CIENTÍFICO Agnaldo Lopes da Silva Filho DIRETOR DE DEFESA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Maria Inês Miranda Lima DIRETOR DE ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Cláudia Lúcia Barbosa Salomão DIRETOR DE COMUNICAÇÃO Gui Tarcísio Mazzoni Junior DIRETOR DE INFORMÁTICA João Henrique Penna Reis COORDENADOR DAS DIRETORIAS REGIONAIS Marcelo Lopes Cançado CONSELHO CONSULTIVO: MEMBROS ELEITOS Antonio Eugenio Motta Ferrari, Aroldo Fernando Camargos, Eddie Fernando Candido Murta, Henrique Moraes Salvador Silva, Ivone Dirk de Souza Filogônio, Lucas Viana Machado, Manuel Maurício Gonçalves, Marcelo Maciel de Araújo Porto, Ricardo Mello Marinho, Sávio Costa Gonçalves MEMBROS NATOS Antonio Fernandes Lages, Cláudia Navarro Duarte Lemos, Garibalde Mortoza Junior, João Pedro Junqueira Caetano, Sergimar Padovezi INFORMATIVO SOGIMIG COORDENAÇÃO DO INFORMATIVO Gui Tarcísio Mazzoni Junior PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA Link Comunicação Empresarial - (31) 2126-8080 EDIÇÃO: Sílvia Caldeira Costa (MG 09135 JP) REDAÇÃO: ALINE LUZ EDITORAÇÃO: Danielle Marcussi Revisão: Regina Palla PROJETO GRÁFICO: Helô Costa e Wagner Rocha GRÁFICA: PAULINELLI TIRAGEM: 1.500 exemplares Envie sua contribuição para sogimig@sogimig.org.br O Informativo SOGIMIG autoriza a reprodução de seu conteúdo, desde que citada a fonte. Pede-se apenas a informação de tal uso. A Associação não se responsabiliza pelo conteúdo ou pela certificação dos eventos anunciados na forma de agenda.
FOTOS CLÓVIS CAMPOS
GUI MAZZONI Diretor de Comunicação da SOGIMIG
VICTOR HUGO DE MELO Presidente da SOGIMIG
Icoop: o primeiro passo “A organização do trabalho vem se modificando através dos tempos e, segundo tais mudanças, o tipo de relacionamento que o homem tem com seu semelhante dentro do trabalho também se modifica.” Até os tempos feudais o processo de trabalho pertenceu a quem executava as tarefas. A partir daí, surgiram os “planejadores”, que introduziram a fragmentação do processo de trabalho, a fim de aumentar a velocidade e o volume da produção, retirando do “prestador de serviço” o controle desse processo. O número cada vez maior de médicos constitui um “exército de reserva”, que garante a rápida reposição dos prestadores insatisfeitos com a remuneração e as condições de trabalho. Isso é bom para os “planejadores” e péssimo para nós, médicos. O trabalho médico perpassa toda a história da humanidade, e não é inerte às suas influências. Estamos nos especializando cada vez mais - pela própria contingência dos avanços técnicos e tecnológicos - e, com isto, tendo dificuldades de compreender o todo, o que nos torna míopes crescentes, impossibilitados de enxergar o processo de mudanças. Dialoga-se cada vez menos com os colegas e, inversamente, busca-se uma competitividade pelo mercado, gerando enfraquecimento do papel do grupo. Cresce a incapacidade de precificar o nosso próprio trabalho, cada vez mais a cargo dos intermediários, que, por sua vez, numa necessidade crescente de lucratividade e isquemia, aviltam a remuneração médica. Alguns colegas vislumbram chegar ao cargo de “compradores do trabalho médico”, como resultado da bem-sucedida escalada ao cume da pirâmide social. É a chamada “autofagia da Medicina”, que tem como base o “exército de reserva de médicos” criado pelas incontáveis e trágico-cômicas ”faculdades de Medicina” - que seriam melhor denominadas “colégios”.
Por outro lado, não podemos deixar de ser os agentes do nosso próprio sucesso. A cada dia que permanecemos adormecidos, fica mais difícil a recuperação da visão sistêmica. Precisamos despertar desse profundo pesadelo, lembrando que somos integrantes de um mesmo corpo e que o fato de termos funções diversas não significa que somos diferentes. Trabalhemos para que a visão sistêmica nos permita enxergar quem de fato prejudica a remuneração, para sermos capazes de nos organizar para redefinir nossa trajetória. “Para caminhar mil quilômetros deve ser dado o primeiro passo”. E isto aconteceu: criamos a Icoop - Cooperativa dos Médicos de Diagnóstico por Imagem de Minas Gerais, no dia 20/09/2010, no auditório do Conselho Regional de Medicina. O intuito é resgatar e corrigir o erro histórico de vivermos em colmeia, tão próximos, mas solitários. Podemos, agora, negociar a remuneração justa, retomando a tão propalada “humanização”, voltada agora para o médico que, ao vender seu trabalho a preço vil, precisa urgentemente buscar a metamorfose para sair dessa “coisificação” que o petrificou e esculpir uma vida com mais dignidade. Convidamos todos os ginecologistas e obstetras que atuam na área de diagnóstico por imagem a se integrarem à Icoop! Para os que não trabalham na área de imagem, que esta nova cooperativa sirva de exemplo de organização do processo de trabalho médico. Quem sabe está na hora de pensarmos na criação da Cooperativa de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais? O cooperativismo é uma forma concreta, e juridicamente legal, de nos organizarmos para pressionar os administradores do sistema de saúde, de forma a implementarem políticas de remuneração à altura das nossas aspirações e diante da responsabilidade que assumimos para com nossas pacientes.
Em caso de dúvidas, questionamentos e sugestões, enviar e-mail para: sogimig@sogimig.org.br
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Ação Comunitária
Coração adolescente da SOGIMIG “Mas renova-se a esperança, nova aurora a cada dia, e há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor,flor ô ô e fruto...” “Pode estar aqui do lado, bem mais perto que pensamos...” Milton Nascimento/Wagner Tiso Dra. Cláudia Lúcia Barbosa Salomão Diretora de Assuntos Comunitários da SOGIMIG
“Menina dos meus olhos”. Esta foi a frase que ouvi de nosso próximo presidente da SOGIMIG, Dr. Marcelo Cançado. O respeito da diretoria a qual tenho o prazer de ministrar nessa atual gestão e a grande alegria de dar continuidade na próxima gestão que se aproxima. “Menina dos nossos olhos”, olhos da SOGIMIG, atentos à importância da educação continuada e atendimento aos nossos jovens, de nossa Capital e Estado. Várias ações foram direcionadas aos adolescentes nessa gestão 2008-2010, sempre apoiadas por toda Diretoria SOGIMIG. Fóruns educativos, direcionados aos estudantes e professorado, ações em praças públicas e, com muito carinho, a consolidação de um lindo trabalho de atendimento clínico no Ambulatório da Igreja Nossa Senhora do Carmo, instituição mantida pela boa vontade e dedicação de vários profissionais, nas áreas médica, odontológica e administrativa. O Ambulatório, consagradamente não voltado a fins lucrativos, conta com atendi-
mento voluntário diário em várias especialidades médicas. O atendimento é feito por médicos da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais e também pelo nosso grupo de ginecologistas que compõem o Comitê de Ginecologia da Infância e Adolescência da SOGIMIG, responsável pela assistência às adolescentes. Aproveito a oportunidade para agradecer à Dra. Virgínia Werneck, idealizadora deste nosso projeto, Dr. João Tadeu Leite dos Reis e Dra. Ana Cristina Costa de Carvalho que, juntamente comigo, realizam o atendimento clínico destinado às adolescentes, às terças-feiras pela manhã. O trabalho voluntário ajuda às pessoas que dele necessitam e engrandece imensamente o dia a dia de quem o pratica. Falo por mim e por todo o nosso grupo. Caminhar cedinho, todas às terças, em direção ao Ambulatório, para realizar o atendimento àquelas jovens, que talvez não fossem ter esta oportunidade, esclarecendo suas dúvidas e promovendo uma vida mais saudável, já faz parte de nossa vida e constitui momento de grande alegria para todos nós. Aproveito também para agradecer às
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pessoas que trabalham conosco no Ambulatório, contribuindo e viabilizando este nosso projeto, proporcionando as condições que necessitamos para a realização do trabalho. Profissionais da Enfermagem, da higienização, Dona Beatriz e Sra. Angélica, sempre tão entusiasmadas no esclarecimento das rotinas às adolescentes e distribuição dos medicamentos prescritos, e a Sra. Flávia, coordenadora do Serviço. Que possamos ampliar nossos horizontes, alçar voos mais altos, contribuindo, de alguma forma, com a saúde dos adolescentes e jovens de vários redutos deste nosso grande e maravilhoso Estado.
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Defesa profissional
Carta de Belo Horizonte aos Gine Considerando o atual panorama da Medicina brasileira, no qual encontramos grande quantidade de problemas e conflitos tanto no sistema privado quanto público -, sem que as autoridades sanitárias ofereçam soluções, - e considerando ainda: >> que a saúde suplementar atende, atualmente, 25% da população brasileira e a Agência Nacional de Saúde (ANS) não regula relação entre os prestadores de serviços (nós, médicos) e as operadoras; >> que o número de escolas médicas no Brasil cresceu de forma desordenada e exibe um universo de recém-formados sem a devida qualificação e capacidade técnica para prestar cuidados de saúde à população; >> que a residência médica, nos moldes atuais, também apresenta uma série de deficiências e não tem conseguido formar adequadamente os especialistas, além de oferecer proporcionalmente reduzido número de vagas para os 17 mil médicos que se formam atualmente no Brasil; >> que as entidades médicas no plano nacional têm se esforçado para defender os interesses dos médicos em todos os aspectos, sejam eles financeiros, técnicos, administrativos ou éticos, mas têm encontrado inúmeras dificuldades diante da melhor organização das operadoras de saúde e da inoperância do Legislativo e do próprio Governo; >> que o cenário atual da nossa especialidade, além de vivenciar todos os problemas nacionais, possui ainda questões específicas, tais como: alta incidência de processos éticos e jurídicos; baixa remuneração nos planos de saúde; não-valorização da especialidade; falta de plantonistas nas maternidades; conflitos com outros profissionais de saúde na assistência obstétrica; >> que, na cadeia de valores do setor saúde, os médicos estão em situação desfavorável na correlação de forças para a precificação de seus honorários que, em decorrência disso, estão completamente aviltados, pois as operadoras (e o SUS) terminam por definir unilateralmente o preço dos nossos procedimentos; >>
que as entidades que regulamentam a
Saúde Suplementar (ANS, CADE, ANVISA, SDE e outras) não têm manifestado interesse algum em nos ajudar ou mesmo mediar as relações entre nós, prestadores de serviços de saúde, e as operadoras, transmitindo-nos a sensação de que estão dominadas por ressentimento contra médicos; que a ANS, atualmente, tem diversos representantes de planos de saúde na sua diretoria e nenhum representante das entidades médicas; >>
que em vários cenários, como no movimento pela implantação da CBHPM, ou movimentos isolados de médicos de diferentes especialidades - tentando negociar em grupo com os planos de saúde -, fomos denunciados por diversas entidades ao CADE como membros de cartel; ficamos impedidos de negociar, enquanto as operadoras se organizaram em grupos, sem nenhum impedimento; >>
muito rico do ponto de vista dos debates dos diversos temas selecionados para discussão. Houve representativa presença de profissionais de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais, assim como representantes de federadas de vários estados do Brasil, entre eles: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram aprovadas várias recomendações nesse II Fórum de Defesa Profissional e de Honorários Médicos. Os participantes solicitaram que fosse realizada a divulgação em âmbito nacional, para que possamos avançar na busca de melhores honorários e condições de trabalho e de valorização da nossa especialidade, com o objetivo principal de resgatarmos nossa dignidade como profissionais que prestam cuidados de saúde às mulheres brasileiras. Foram aprovadas as seguintes recomendações: 1 - Divulgar o Fórum de Defesa Profissional em todas as federadas e estimular a Febrasgo a realizar um grande fórum de defesa profissional e de honorários médicos.
que, hoje, temos plena consciência de que ninguém, ou nenhuma entidade, fará alguma coisa por nós, a não ser nós mesmos, os médicos, e por mais justas que sejam nossas reivindicações, temos de sair do papel de vítima e nos tornar protagonistas da nossa própria história;
2 - Cobrar das entidades médicas ações mais eficientes para implementação da CBHPM por todas as operadoras de saúde.
A SOGIMIG decidiu realizar o II Fórum de Defesa Profissional e de Honorários Médicos, que ocorreu no dia 6 de novembro de 2010. O evento foi sucesso de público e
3 - Tendo em vista que as operadoras se profissionalizaram nas negociações com os prestadores de serviços, devemos também nos profissionalizar, criando setores/departamen-
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ecologistas e Obstetras do Brasil GUI MAZZONI JR.
O II Fórum gerou discussões e recomendações descritas na Carta
tos/grupos de trabalho nas entidades médicas, com profissionais de diferentes formações (advogados, estrategistas, administradores, atuários negociadores, lobistas e outros) para discutirmos com as operadoras a correção dos valores dos procedimentos médicos. 4 - O "Termo de Consentimento Livre e Esclarecido" não impede que exista "processo" contra médicos, mas devemos aplicá-lo, sobretudo, nas intervenções cirúrgicas, de modo individual e não geral, como os que existem nos hospitais. Se a paciente e sua(s) testemunha(s) assinarem o Termo de Consentimento, não poderão alegar que desconheciam os riscos. Assim, em caso de processo judicial, a defesa do médico se torna mais embasada. Deve ser destacado que o Termo de Consentimento não pode se sobrepor à expertise profissional, jamais negligenciando a boa relação médico/paciente. O Termo de Consentimento, quando utilizado, deve estar pautado nos pilares da atenção, conhecimento, cuidado, lealdade e paciência para com as necessidades da paciente. 5 - Faz-se necessária, com urgência, a organização do atendimento obstétrico na saúde suplementar, com normas claras para a organização de plantões nas maternidades privadas, incentivando equipes e serviços que melhorem os resultados obstétricos e neonatais. 6 - Tendo em vista que a aposentadoria espe-
cial já não mais existe para todos os médicos, foi sugerido que façamos nossas contribuições sempre no teto máximo e pelo máximo tempo possível, para que possamos ter melhor remuneração no futuro. 7 - Para aposentarem recebendo o teto máximo do INSS, que hoje é de R$ 3.467,40, as mulheres necessitam contribuir por 30 anos, ou mais, e ter pelo menos 60 anos de idade; e os homens devem contribuir por 35 anos, ou mais, e ter pelo menos 65 anos de idade. Além disso, é necessário que tenham recolhido pelo menos durante 156 meses (13 anos) para o INSS com o teto máximo mensal (veja com seu contador qual o valor correto). A aposentadoria especial (aos 20 anos de contribuição para as mulheres e aos 25 para os homens) somente existe para médicos que trabalham em ambientes de risco durante todo o tempo de contribuição. 8 - Foram enumeradas várias ações que devemos implementar junto às operadoras e aos planos de saúde com o intuito de melhorar nossos honorários, tais como: a) manter vigilância contínua; b) promover fóruns constantes para discussões sobre saúde pública e suplementar; c) procurar decidir conjuntamente, médicos, hospitais, cooperativas e entidades médicas; d) defender a negociação conjunta, não permitindo desvincular reajuste de consultas e procedimentos; e) lutar pela implantação e precificação da CBHPM em toda a saúde suplementar e também no SUS; f) acompanhar constantemente a política da ANS; g) sensibilizar a população em favor do médico; h) trabalhar na tentativa de diminuir custos; i) não assinar novos contratos com operadoras de saúde que se recusem a atender nossas reivindicações. 9 - Criar o “lobby do bem”, o que significa estabelecer relações políticas nos planos municipal, estadual e federal, no sentido de fortalecer contatos com políticos favoráveis às nossas reivindicações. Ao mesmo tempo, foi também aprovado que as relações que já tenham porventura sido estabelecidas entre médicos
e personalidades públicas em cargos estratégicos e de poder no país sejam mapeadas e também utilizadas para essa finalidade. 10 - Criar grupo técnico para produção, organização e divulgação de indicadores/ índices nacionais de desempenho do setor saúde, ligado a honorários médicos, em âmbito regional e nacional. 11 - Para o médico ter salário mensal de R$ 7.503,00, defendido pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM) como o mínimo para a categoria, por 20 horas de trabalho por semana, a consulta em ambulatório, no qual o médico não tem custo algum, atendendo consulta de 40 em 40 minutos, incluindo os retornos, não remunerados, deverá ser de R$ 67,50. No consultório do médico, este valor depende de suas despesas (secretária, telefone, energia elétrica, material de consumo, impostos, taxas etc.) e do imobilizado (imóvel, móveis, equipamentos etc.). Para um consultório de nível médio, na região hospitalar de Belo Horizonte, deveria ser de pelo menos R$ 95,00. Quanto você está recebendo? Sabe qual é o resultado de seu trabalho? Veja os cálculos no Portal da SOGIMIG (www.sogimig@ sogimig.org.br). 12 - A respeito da disponibilidade e exclusividade do atendimento obstétrico na assistência ao parto, concluiu-se que é uma relação autônoma entre o médico e a cliente que o escolheu, o que permite a livre contratação do seu trabalho sem a interferência dos planos de saúde. Ficou claro nas discussões que o obstetra tem relação de trabalho que difere das outras especialidades e os planos de saúde devem deixar muito claro para as pacientes que eles GARANTEM O PARTO COM O MÉDICO DE PLANTÃO e que nenhum médico conveniado tem obrigação de prestar atendimento fora do seu horário de trabalho no consultório. 13 - Definir orçamento nas Federadas e Febrasgo para a Defesa Profissional. 14 - Cobrar regulamentação da profissão do médico em âmbito nacional, para a aprovação da Lei do Ato Médico. Belo Horizonte, 6 de novembro de 2010.
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Científico
Uso racional de telas sintéticas ARQUIVO PESSOAL
Dra. Andrea Moura R. Maciel da Fonseca Membro do Comitê de Uroginecologia da SOGIMIG
O uso de telas nas operações reconstrutivas pélvicas vem se tornando cada vez mais comum, com intuito de se diminuir taxas de recorrências. Técnicas tradicionais, nas quais o reparo é realizado com uso da fáscia e ligamentos da paciente, vêm sendo substituídas pelo emprego de telas sintéticas. Parece ser lógico que usar um material mais forte em vez do tecido frágil da paciente trará reforço mais adequado ao reparo. Porém, faltam estudos prospectivos de boa qualidade que documentem os benefícios do uso desses materiais. Além disso, são frequentes os relatos de complicações como erosão da tela, infecções, dispareunia e outras síndromes dolorosas que requerem tratamento cirúrgico para retirada do material. A técnica tradicional de reparo do compartimento anterior é a colporrafia, descrita por Kelly. As recorrências são mais comuns nesse compartimento, sendo relatadas em 40% a 70% dos casos. Nas recidivas, uma alternativa parece ser o uso das telas, já que a colporrafia tradicional não demonstrou bons resultados. Em recente publicação, Peterson et al. avaliaram os resultados da colporrafia anterior no tratamento do prolapso primário e recorrente. No seguimento de dois anos, a recidiva ocorreu em 28,6% das pacientes submetidas à cirurgia primária e em 57,2% das recorrências (p=0.031). As vantagens do uso de telas no compartimento posterior são menos convincentes. Meta-análise publicada em 2010 relata que não há dados disponíveis sobre a eficácia da tela de polipropileno nesse compartimento. Estudo randomizado comparando três técnicas distintas, colporrafia posterior, correção sítio-específica e operação com emprego de tela biológica demonstrou que as pacientes que usaram tela biológica apresentaram mais falhas e menor tempo até a recorrência do que as demais. Não houve diferença no que diz respeito à morbidade intra e pós-operatória, resultados funcionais, qualidade de vida e função sexual e intestinal. Para o tratamento do prolapso apical, vários kits com tela sintética foram introduzidos
no mercado. Revisão sistemática da literatura demonstrou elevados índices de sucesso, 87% a 95% em curto prazo. As taxas de complicações variam de 7% a 18% e as mais comuns foram erosão e dispareunia. Outras possíveis complicações são as relacionadas à passagem das agulhas que fazem parte destes kits como perfuração intestinal, vesical e de vasos sanguíneos. Entretanto, os resultados funcionais e a longo prazo ainda são desconhecidos. Nos grandes prolapsos, há opção de se reconstruir o assoalho pélvico mantendo-se o útero e fixando-o nos ligamentos uterossacro ou sacroespinhoso com auxílio de telas sintéticas. A histerectomia modifica as relações anatômicas normais, altera os sistemas de suspensão e a função urinária. Foi demonstrado ainda ser fator de risco para erosão devido à maior dissecção e a desvascularização. Neuman e Lavy fixaram o útero no ligamento uterossacro utilizando tela de polipropileno e compararam com pacientes submetidas à histerectomia vaginal. Nas pacientes submetidas à histerectomia, o tempo de hospitalização foi maior. Não houve diferença entre os grupos no que diz respeito à erosão de tela, recorrência de prolapsos e satisfação das pacientes. Os autores concluíram que a técnica em que se preserva o útero é de fácil realização, segura e efetiva. Há inúmeros estudos com emprego de telas sintéticas em pacientes com prolapso. Porém, é extremamente difícil chegar à conclusão de quando as telas devem ser indicadas. As pesquisas são realizadas com diversas metodologias, diferentes materiais e em diferentes compartimentos vaginais, dificultando a comparação entre as mesmas. O uso da tela sintética está bem estabelecido apenas para o tratamento da incontinência urinária de esforço e para sacrocolpofixação abdominal. Até o momento, recomenda-se cautela no tratamento dos prolapsos com emprego de telas. Importantes sociedades internacionais enfatizam que não há evidências científicas para se utilizar telas em todas as operações de prolapsos, particularmente nas primárias. Referências Weber AM, Walters MD, Piedmonte MR, Ballard LA (2001) Anterior colporrhaphy: a randomized trial of three surgical techniques. Am J Obstet Gy-
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necol 185: 1299–1306. Peterson TV, Karp DR, Aguilar VC, Davila W (2010) Primary versus recurrent prolapse surgery: differences in outcomes. Int Urogynecol J 21:483–488. Maher C, Feiner B, Baessler K, Adams EJ, Hagen S, Glazener CM (2010) Surgical management of pelvic organ prolapse in women. Cochrane Database Syst Rev 14 (4):CD004014. Paraiso MF, Barber MD, Muir TW, Walters MD (2006) Rectocele repair: a randomized trial of three surgical techniques including graft augmentation. Am J Obstet Gynecol 195:1762–71. Feiner B, Jelovsek JE, Maher C (2009) Efficacy and safety of transvaginal mesh kits in the treatment of prolapse of the vaginal apex: a systematic review. Brit J Obstet Gynecol 116:15–24. Belot F, Collinet P, Debodinance P, et al (2005) Risk factors for prosthesis exposure in treatment of genital prolapse via the vaginal approach. Gynecol Obstet Fertil 33(12):970-4. Neuman M, Lavy Y (2007) Conservation of the prolapsed uterus is a valid option: medium term results of a prospective comparative study with the posterior intravaginal slingoplasty operation. Int Urogynecol J 18:889–93. Baessler K, Maher C (2006) Mesh augmentation during pelvic-floor reconstructive surgery: risks and benefits. Cur Opin Obstet Gynecol 18:560–6. Davila W, Drutz H, Deprest J (2006) Clinical implications of the biology of grafts: conclusions of the
2005 IUGA grafts roundtable. Int Urogynecol J 17:S51–S55.
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CIM será anual
Eventos SOGIMIG
Dr. Carlos Henrique Mascarenhas Silva
4º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia O 4º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia, inicialmente programado para dezembro deste ano, foi adiado para 18 a 21 de maio de 2011, para poder abrigar o 4th SGI International Summit. Esta união com o SGI International Summit dará ao Congresso, promovido pela SOGIMIG, uma nova dimensão. O International Summit Meeting é como a SGI denomina um simpósio de dois dias, realizado fora da América do Norte, monotemático ou bem focado em poucos tópicos, para difusão de resultados de pesquisa de ponta. Os temas principais do Summit de 2011, que terá a participação de dez convidados internacionais, serão “Síndrome dos Ovários Policísticos”, “Climatério” e “Endometriose”. A SGI - Society of Gynecologic Investigation - é uma entidade científica, com representação em mais de 30 países, que promove anualmente uma série de eventos. A SGI abrange todas as áreas de pesquisa em Ginecologia, Obstetrícia e Fisiologia da reprodução. Atualmente, conta com 1379 membros, sendo 1/3 de cientistas de base e 2/3 de clínicos. Em sua quarta edição, o evento acontecerá em Belo Horizonte, nos dias 17 e 18 de maio de 2011, e será copromovido pela Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), com o apoio do Instituto Nacional de Hormônios e Saúde da Mulher (INCT-HSM) e da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE). As três primeiras edições do Summit aconteceram em Siena, Itália (2005), Valencia, Espanha (2007) e Sendai, Japão (2009). Os inscritos no Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia terão 50% de desconto na inscrição para o Summit.
Summit Conferencistas confirmados: Sarah Berga (USA) Charles Chapron (França) Hernán Lara (Chile) Richard Legro (USA) Felice Petraglia (Itália) Gabriela Ropelato (Argentina) Hugh Taylor (USA) Robert N. Taylor (USA) Comissão Científica ileiMauricio S. Abrão - Associação Bras ra de Endometriose (SBE)
Luís G. Bahamondes - Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (Inct) Marcelo L. Cançado - SOGIMIG Rui A. Ferriani - Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (Inct) ice Kelle H. Moley - Science in the Serv of Women’s Health (Sgi) Fernando M. Reis (presidente) - Institutos ) e Nacionais de Ciência e Tecnologia (Inct (Sgi) lth Hea Science in the Service of Women’s is M. Felipe Silva de Sá - Institutos Naciona de Ciência e Tecnologia (Inct) Agnaldo L. Silva Filho - SOGIMIG Poli M. Spritzer - Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (Inct)
Secretário-Geral da SOGIMIG
Temos uma grande novidade para quem trabalha na área de Imaginologia. A partir de agora, o Congresso de Imaginologia da Mulher (CIM) será anual! Resultado de uma parceria de 12 anos entre a Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG) e a Sociedade de Radiologia e Diagnóstico por Imagem de Minas Gerais (SRMG), o CIM, a cada edição, vem servindo como importante fonte de atualização para os médicos que trabalham com imagem, especialmente na mulher. Em 2011, temos outra novidade: a Jornada Sudeste de Radiologia do Colégio Brasileiro de Diagnóstico por Imagem (CBR) ocorrerá simultaneamente ao CIM, aumentando ainda mais a participação de congressistas e de professores de todo o Brasil. Por isso, reserve desde já em sua agenda esta data - 17 a 19 de março de 2011, no Minascentro.
I Simpósio de Ginecologia e Obstetrícia No I Simpósio de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt), realizado nos dias 15 e 16 de outubro, no anfiteatro Dr. Albert Sabin, foram discutidos temas como antropologia da menstruação; uso estendido de contraceptivos orais; sexualidade secreta das mulheres; sexualidade feminina: amor real, irreal e virtual em busca da realização plena. Na cerimônia de abertura, o diretor da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt), Dr. Sérgio Visoni Vargas, enfattizou a importância do Simpósio, agradecendo a presença de todos e parabenizando os organizadores. “Estou certo de que este evento será muito profícuo e quero salientar a importância dos temas que aqui serão discutidos." O presidente da Associação de Integração Social de Itajubá (AISI), Dr. Kleber Lincoln Gomes, parabenizou o coordenador da Liga, Dr. Roger William Moraes Mendes, e equipe pela iniciativa e recordou que tem sido uma grande satisfação participar dos Simpósios realizados pelas Ligas da FMIt. “Estou me reciclando ao assistir Simpósios com ttemas tão interessantes e diversos”, revelou. Também estavam presentes na solenidade de aberttura do evento: o coordenador do Departamento de A Assuntos Científico-Culturais da FMIt (DACC), Prof. Nilo César do Vale Baracho; o presidente do Diretório Acadêmico “8 de Outubro”, Marcelo Andrade; a presidente da Liga, a acadêmica Daniela Knopp; professores, médicos e alunos da FMIt. www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
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Atividades da Diretoria
XV Workshop da SOGIMIG GUI MAZZONI JR.
Dr. Marcelo Lopes Cançado Coordenador das vice-presidências e diretorias regionais da SOGIMIG
Em novembro, ocorreu em Belo Horizonte o quinto e o último Workshop da SOGIMIG da gestão em curso. Os Workshops se transformaram em eventos capazes de criar e/ou mudar as rotas de nossa Associação. É o momento aberto a todos os participantes, quando as falas resumem a diversidade do Estado e nos remetem ao nosso grande desafio chamado Minas Gerais. Ao fim de cada evento, temos também a sensação exata do caminho certo e de que há necessidade da participação de todos, principalmente nesses momentos difíceis pelos quais passamos no exercício da especialidade. Nossa união é promissora, já que sempre encontramos grandes soluções ou, pelo menos, caminhos menos áridos, fruto de muitas e bem intencionadas mentes juntas, direcionadas em solucionar nossos desafios. Não temos quaisquer dúvidas de que,
do ponto de vista institucional, a presença de todos nesses eventos faz a diferença e pode mudar o curso de nossas ações. Seguindo as demandas, a pauta abordou: Avaliação da logística dos eventos científicos: reflexão e criação de novos modelos; Avaliação dos cursos de assistência ao parto; Redefinição e redimensionamento: vicepresidentes e diretores regionais; Congresso Mineiro de 2011 e apresentação do curso internacional Summit. Cada item da pauta foi desmembrado, dis
cutido e novamente as diferenças regionais ficaram evidentes, tanto na qualidade das demandas quanto na forma de condução das mesmas. Essas diferenças são o momento rico do evento, geradoras das mais interessantes soluções. A troca dessas experiências é o agente facilitador. A cada evento, fica evidente o aumento dos nossos problemas, assim como uma maior complexidade dos mesmos. Dessa forma, a SOGIMIG não pode e não deve prescindir-se da participação de todos os convocados. Até o próximo Workshop.
Eventos SOGIMIG de 2010 Dr. Marcelo Lopes Cançado Coordenador das vice-presidências e diretorias regionais da SOGIMIG
Cumprindo um dos pilares norteadores de suas ações, a SOGIMIG não poupou esforços em ser a promotora, copromotora, patrocinadora e forneceu todo o apoio necessário para a realização de eventos científicos que varreram o Estado. Foram 12 eventos maiores no total, além de um sem número de pequenos seminários, fóruns, reuniões científicas etc. A maioria de nossas macrorregiões realizou grandes eventos e é o momento de agradecer à organização local pelo esforço. Somos cientes de que cada pequeno detalhe custou ligações telefônicas, reuniões, recursos financeiros, gastos pessoais e uma série de atitudes comuns a poucas pessoas. A SOGIMIG conta hoje com colegas espalhados por todo Estado que possuem um claro espírito associativo e que entenderam as dimensões de nossa Associação. Obrigado a todos.
Entendemos a posição da SOGIMIG como órgão fomentador e facilitador de todo evento científico e trata-se de função de uma entidade cuja origem, e até há pouco, tinha o foco científico praticamente como o único. No último Workshop foi exposta a necessidade de redimensionamento, acompanhando as evoluções e dificuldades atuais inerentes na organização desses eventos. Trata-se apenas de uma forma madura e democrática de conduzir uma unanimidade: a SOGIMIG deve permanecer no caminho de promover eventos científicos em todo Estado, mas há de se ter motivação e movimentação local nesta direção, já que a SOGIMIG não dispõe de recursos financeiros para financiar os eventos. Algumas sugestões e deliberações do Workshop, dentre outras: :: a presença da Associação em todo Estado passa pela promoção de eventos científicos; :: profissionalização da captação de recursos
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financeiros com a intervenção da SOGIMIG; :: estimular a participação de acadêmicos focando numa possível associação futura; :: captar as reais necessidades dos colegas das regiões em questão; :: envolver a comunidade no processo por meio de fóruns visando patrocínios; :: desfocar os laboratórios como únicos patrocinadores; :: redesenhar a relação com os laboratórios; :: utilizar cada evento como uma forma disseminadora da defesa profissional e de divulgação do trabalho da SOGIMIG; :: na medida do possível focar em lucros para que possam ser utilizados em outras ações; :: estabelecer a realização do Congresso Mineiro, do CIM e do Colpominas no primeiro semestre e dos eventos regionais no segundo semestre acoplando o EMGO, itinerante, sempre a uma grande região.
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Notícias
Médico tem autonomia para controlar sua agenda de atendimentos PARECER-CONSULTA n° 3769/2009 Conselheiro: Valenio Pérez França CRMMG 8282 Ementa: “Ao médico é dada inteira autonomia para controlar sua agenda de marcação de atendimentos, não sendo considerado ato discriminatório destinar horários diferenciados para as diversas categorias de pacientes.” I - Parte expositiva Consulente encaminhou os questionamentos: 1 - “Pode uma clínica de exames ou consultório médico destinar um percentual de seus atendimentos a pacientes particulares e reservar horários de acordo com este percentual, deixando o restante para convênios?” 2 - “Pode a cooperativa Unimed ou outro plano exigir que estes horários sejam preenchidos por seus usuários?” II - Fundamentação Acreditamos que não há conflito ético, já que a própria existência das categorias não pode ser questionada, por conseguinte seu modo de acesso também não. As regras para esse acesso são contratuais e legalmente elaboradas, de caráter administrativo, e não ético. O médico que atende aos pacientes da categoria convênio, desde que obedecidas as
regras contratuais e a legislação, pode, como membro de uma categoria liberal que é, determinar os dias e horários que disponibilizará para os convênios. Não é antiético essa divisão de disponibilidade. Antiético seria diferençar a qualidade do atendimento das categorias. No consultório, o cliente se torna paciente e perde sua categoria social, merecendo a mesma atenção, cuidados e competência, seja ele pagante ou não-pagante. Especificamente em relação ao convênio citado, por ser o plano que mais clientes tem, estes preenchem toda a agenda, não deixando espaço para que o profissional se dedique a outros clientes. Nesse caso, não estaria também o médico privilegiando os pacientes dessa cooperativa, em detrimento dos outros convênios, caracterizando uma prática ilegal? O artigo 18 da Lei 9.656/98 proíbe que o consumidor de certa operadora receba atenção diversa daquela dispensada aos das demais. Por isso, pensamos que não deve o médico permitir que uma só operadora preencha todos os seus horários, o que poderia ferir a lei e caracterizar discriminação. Os médicos, para driblar tal entendimento, estão abrindo mais consultórios para fazer esses atendimentos. Se ao médico é permitido ter vários locais de atendimento, porque o paciente da Unimed, ao não achar vaga
nos horários a ele destinados, não poderia procurar o profissional nos outros locais de atendimento e exigir que lá fosse atendido? Porque desse modo a liberdade e autonomia do médico seriam tolhidas. E também porque as regras contratuais não permitem isso. Lembremos que o médico é um profissional liberal e, portanto, não é regido pela CLT, e sim pelo Código Civil e normas jurídicas, que lhe garantem a liberdade de contratação, a livre iniciativa e a livre concorrência. Novamente a questão é administrativa, e não ética. Se o conveniado não está encontrando facilidade para ser atendido pelo seu convênio é porque faltam médicos e/ou horários, caracterizando um desacerto entre a oferta e a procura, sendo necessária a entrada de mais profissionais. Pela legislação que rege as cooperativas de trabalho, o médico, para se manter como cooperado ativo, teria de atender, no mínimo, um paciente cooperado por ano. II - Conclusão Resposta 1. Eticamente sim. Legalmente dependerá do que reza o contrato assinado, e desde que esses horários sejam previamente do conhecimento dos pacientes e acordados entre o médico e as operadoras de planos de saúde. Resposta 2. Não.
AMMG disponibiliza artigos científicos Você não precisa mais assinar periódicos ou comprar artigos científicos que chegam a custar US$ 60,00 cada. O site do Centro de Documentação Científica (CDC) reúne trabalhos publicados nas melhores revistas médicas do mundo. O serviço, oferecido pela Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) a profissionais de todo o Brasil, está interligado à rede internacional de bibliotecas da Organização Mundial de Saúde (OMS). O acervo inclui periódicos indexados pelo Medline, Pubmed, Lilacs, entre outros. Mais de 7 mil títulos de revistas em todas as especialidades estão disponíveis. O médico associado à AMMG tem direito a um bônus mensal de R$ 50,00 para a compra de artigos no CDC. Além disso, milhares de trabalhos são totalmente gratuitos. O CDC-AMMG ainda monitora temas ou revistas à escolha do usuário, enviando “alertas” periódicos quando há novidade, e oferece aulas particulares de informática para quem deseja aprender a fazer pesquisas na internet. Basta se cadastrar no site www.cdc.inf.br. Outras informações: (31) 3247 1633 ou cdc@ammg.org.br. www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
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Entrevista
"Os médicos têm que se organizar"
O que vem sendo feito para conter essa ampliação? Há 20 anos as entidades médicas, Conselho, Associação Médica de Minas Gerais e Sindicato estão esperneando (antes era lutar e agora já é espernear), sem nenhum resultado. Nesse período de 1990 para cá, dobrou o número de escolas, mostrando a ineficiência das en-
Que soluções o senhor vislumbra para este cenário? O que aconteceu nos outros países que já fecharam metade das escolas. Se continuar como está, quem for ao médico vai correr risco de vida. São pessoas totalmente despreparadas. Para se ter uma ideia, temos feito provas após formar, o que não é obrigatório na Medicina, inclusive a prova do CFM. Ela tem sido feita voluntariamente. Só os melhores fazem as provas, que são realizadas em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Ainda assim, os resultados são alarmantes. Cerca de 50% desses candidatos não têm a menor condição de exercer a Medicina. Dos melhores alunos, que são os que fazem a prova voluntariamente, e de regiões melhores. Imagine os que não vão e que estão em outras regiões! Para ampliar a assistência às cidades do interior tem-se ministrado cursos itinerantes e se investido em educação continuada. Qual o retorno dessas práticas? Um retorno muito positivo. Coordenei, em 2008, 102 cursos no interior do Estado. Foram cursos teórico-práticos, levando um grande grupo de médicos, dando oportunidade aos médicos do interior de se reciclar. Essa é uma tentativa do Conselho de ajudar a educação continua-
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Que avaliação o senhor faz do aumento das faculdades de Medicina e da qualidade do ensino no Estado? O ensino está cada vez pior. Isso não é de agora, vem desde os anos 90. As escolas não têm hospitais para treinar. Algumas fazem convênio com hospitais e não têm professores à altura para ensinar. Existem algumas escolas que apresentam os mesmos nomes de professores, que estão em até cinco escolas. Eles emprestam o nome, mas não estão lá. Outra coisa séria é a que a quantidade de médicos formados não tem vaga para fazer residência. Hoje, só 40% dos médicos formados conseguem vagas em residência e nem todas são credenciadas pelo MEC, o que seria o ideal. É triste constatar que caiu muito o ensino devido ao aumento indiscriminado do número de faculdades. O Brasil tem hoje 180 escolas de Medicina, com menos de 300 milhões de habitantes. A China tem 1,3 bilhão de habitantes e 150 escolas. Minas Gerais tem 28 escolas, com mais seis querendo abrir, e passa a ser a área de maior concentração de escolas médicas no mundo.
tidades médicas contra a abertura de escolas. Agora invertemos a estratégia e estamos lutando pelo fechamento de escolas. Já tem quatro escolas de Medicina no Brasil que não podem mais abrir vestibular, estão em observação. Queremos que mais escolas passem por esse crivo. Se em 20 anos, lutando contra isso, dobrou o número de escolas, imagine! Hoje, a maioria dessas faculdades são pagas e têm no seu quadro pessoas que podem pagar, mas não conseguiram entrar em uma escola estadual ou federal. Há lugares em que quem está dando aula de Medicina é veterinário. Além disso, os professores são muito malremunerados.
DIVULGAÇÃO CRM-
Nesta edição, o informativo da SOGIMIG entrevistou o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), o Dr. Manuel Maurício Gonçalves. Ele falou sobre a proliferação das faculdades de Medicina no Estado e, consequentemente, sobre a qualidade da assistência médica. Gonçalves também fala da luta por melhor remuneração e da importância da realização de cursos de qualificação no interior de Minas.
da. A Associação Médica trabalha nisso e nós ajudamos. Junto com a SOGIMIG, estamos oferecendo o curso de assistência ao parto, que está programado para atingir todo o Estado. Há cursos na área do trauma, da Medicina intensiva, cardiologia, entre outras. Além disso, os congressos também são muito válidos. Uma outra bandeira do CRM é a remuneração do médico. Fale um pouco sobre esse pleito. Antes havia pacientes particulares e pacientes não-pagantes. Hoje, com os convênios, pela quantidade de pessoas que temos de atender, por mais que se queira atender bem, o atendimento é mais rápido. O usuário paga muito ao convênio e o médico não recebe quase nada. Tem alguma coisa errada aí. Alguém está recebendo. Extraídos imposto de renda, as taxas que o médico tem de pagar, além de considerar custos da secretária e contador, o que fica livre para o médico, segundo estudos, é R$ 6,00. Os convênios são os atravessadores da saúde. Os médicos têm que se organizar. Se os médicos fossem unidos, não estaria do jeito que está, ressalvam-se anestesistas, que são o grupo mais unido.
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