Informativo
Veículo Oficial da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais - SOGIMIG I Março a Maio de 2011
RAFAEL TAVARES
CMGO e Summit União dos eventos enriquece a programação científica e atrai especialistas do mundo inteiro na área de ginecologia e obstetrícia Páginas 8 a 13
FALE CONOSCO
www.sogimig.org.br PARCEIROS
HONORÁRIOS MÉDICOS NÃO COBREM DESPESAS DE CONSULTÓRIOS DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 6 E 7
SOGIMIG E PARCEIROS CONSEGUEM CANCELAR FESTA INADEQUADA PARA ADOLESCENTES | 14
CIM REFORÇA APROXIMAÇÃO ENTRE GINECOLOGIA E RADIOLOGIA DE MINAS GERAIS | 14
2
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
Homenagem
Av. João Pinheiro, 161. Sala 206 Centro. Belo Horizonte. MG. 30.130-180. Telefax: (31) 3222 6599 Telefone: 3247 1637 Site: www.sogimig.org.br E-mail: sogimig@sogimig.org.br Diretoria SOGIMIG - Gestão 2011-2012 PRESIDENTE Marcelo Lopes Cançado VICE- PRESIDENTE Marco Aurélio Martins de Souza SECRETÁRIA GERAL Cláudia Lourdes Soares Laranjeira 1º SECRETÁRIO Frederico José Amedée Péret DIRETOR FINANCEIRO José Avilmar Lino Silva DIRETORA SÓCIO-CULTURAL Cláudia Teixeira da Costa Lodi DIRETOR CIENTÍFICO Agnaldo Lopes da Silva Filho DIRETOR DE DEFESA PROFISSIONAL Carlos Henrique Mascarenhas Silva DIRETORA DE ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Cláudia Lúcia Barbosa Salomão DIRETORA DE ENSINO E RESIDÊNCIA MÉDICA Regina Amélia Lopes Pessoa Aguiar DIRETOR DE COMUNICAÇÃO Clécio Enio Murta de Lucena DIRETOR DE INFORMÁTICA Gui Tarcísio Mazzoni Junior COORDENADORA DAS VICE-PRESIDÊNCIA E DIRETORIAS REGIONAIS Maria Inês de Miranda Lima CONSELHO CONSULTIVO: MEMBROS ELEITOS Antonio Eugenio Motta Ferrari, Clóvis Antônio Bacha, Delzio Salgado Bicalho, Henrique Moraes Salvador Silva, Ivone Dirk de Souza Filogônio, Lucas Vianna Machado, Luiz Fernando Neves Ribeiro, Manuel Maurício Gonçalves, Tânia Mara Giarolla de Matos, Valéria Maria Moreno Jacintho
MEMBROS NATOS Antonio Fernandes Lages, Cláudia Navarro Duarte Lemos, João Pedro Junqueira Caetano, Sergimar Padovezi Miranda, Victor Hugo de Melo INFORMATIVO SOGIMIG COORDENAÇÃO DO INFORMATIVO Clécio Enio Murta de Lucena PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA Link Comunicação Empresarial - (31) 2126-8080 EDIÇÃO:Cristina Fonseca (MG 04557JP) REDAÇÃO: Aline Luz EDITORAÇÃO: Danielle Marcussi Revisão: Regina Palla Foto: Luiz Fernando PROJETO GRÁFICO: Helô Costa e Wagner Rocha GRÁFICA: Paulinelli / TIRAGEM: 3.000 exemplares Envie sua contribuição para sogimig@sogimig.org.br O Informativo SOGIMIG autoriza a reprodução de seu conteúdo, desde que citada a fonte. Pede-se apenas a informação de tal uso. A Associação não se responsabiliza pelo conteúdo ou pela certificação dos eventos anunciados na forma de agenda.
Dr. Lucas Vianna Machado: uma vida dedicada à Ginecologia Dr. Lucas Vianna Machado, de sempre participação imaculada na SOGIMIG, membro do Conselho Consultivo da gestão atual, coroa o Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia, logo na abertura, presenteando-nos com seu exemplo profissional.
Agradecimentos
Sucesso obtido graças ao esforço dos colaboradores Um Congresso, do porte do nosso, só se torna viável com a participação de várias pessoas, empresas e instituições. A todos, nosso sincero agradecimento. Há uma necessidade explícita de reconhecimento e nomeação das entidades que ofereceram algum aporte financeiro ao evento. Foram essenciais e imprescindíveis. Contamos com todos nas próximas atividades chanceladas pela SOGIMIG. :: Artmed
:: Ferring
:: Microem
:: Astra Zeneca
:: Fox Imobiliária
:: MSD
:: Bayer
:: FQM
:: Nikkho
:: Biolab
:: Ginecol
:: Promed livraria
:: Centro Pró-Criar/
:: GSK
:: Promedon
:: Herbarium
:: Rutillo
:: Cifarma/Mabra
:: Janssen
:: Secretaria Estadual
:: Clínica Dopsom
:: Kolplast
:: Clínica Vilara
:: LIBBS
:: Telediu
:: Conselho Regional de
:: Mania de branco
:: Ultra X
:: Marjan
:: Unimed-BH
Mater Dei
Medicina de Minas Gerais :: Criobanco
de Saúde
:: Medpej
Em caso de dúvidas, questionamentos e sugestões, enviar e-mail para: sogimig@sogimig.org.br
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
3
Palavra do Presidente
Os mineiros estavam com saudades do Mineiro Finalizamos mais um Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia, histórico, já que marcou o retorno deste evento após a pausa, decorrente da organização do também histórico Congresso Brasileiro em 2009. Ficou uma grande lição: o Congresso Mineiro não poderá deixar de ser realizado sob quaisquer circunstâncias. O crescente espírito associativo dos assíduos frequentadores deste evento e dos novos, que vamos angariando, evidenciou esta conclusão. Além do mais, estamos entre os três maiores congressos realizados neste país, em nossa especialidade. Quanto trabalho colaborativo, mas ao final, quanta recompensa. Fomos cerca de 1.300 inscritos! Nada mal para esta ressurreição. Isto se deveu, além do nosso, do trabalho virtuoso de todas as gestões que nos antecederam. Somos apenas uma consequência. A programação intra e extra grade visou cumprir, regularmente, os pilares expostos por ocasião da campanha desta gestão. Estamos mantendo nosso foco na atualização científica e formação profissional, na valorização da especialidade, na defesa profissional, na responsabilidade social desta Entidade e na atenção especial ao interior do Estado. Nada do que ocorreu foi por acaso. Trata-se de um compromisso. O sentimento que ficou foi o de que OS MINEIROS ESTAVAM COM SAUDADES DO MINEIRO, visto o clima de alegria e satisfação reinante no Expominas. Erros? Claro que houve, e muitos. Foram involuntários. Já construímos a memória deste evento, procedimento necessário para um processo contínuo de aprimoramento. Sempre abertos às possíveis críticas e elogios, contamos com todos na reparação dos erros mas também na vangloriação dos acertos. Estamos certos de que esta mensuração é necessária para um adequado gerenciamento dos processos da SOGIMIG. A força do interior, mais uma vez, ficou marcada. Obrigado a todos. Sem dúvida, o mapa geopolítico-econômico de Minas Gerais coloca nosso Estado num patamar completamente diverso e adverso e permanece o grande desafio de sempre: unir Minas. Sem ilusões, esta luta é e deverá permanecer constante. Aos co-
MARCELO LOPES CANÇADO Presidente da SOGIMIG sogimig@sogimig.org.br
legas de borda, asseguramos: aqui nunca serão “estrangeiros” e sempre terão direito a voz. Desafios são salutares e consolidadores. Como em uma escola de samba, organizada, a preparação para o próximo CMGO já se iniciou e logo estaremos fazendo as primeiras comunicações. Nosso desejo é fixar nosso Congresso nos meses de maio em todos os anos vindouros. Embora as reservas já tenham sido realizadas há mais de dois anos, não havia datas disponíveis para o período requisitado, mas insistiremos neste modelo. Em 2012, o Expominas está reservado para abril e em 2013 em março. Para 2014, ainda não foram abertas as reservas. Estamos atentos. Vamos caminhando com esta decisão em mente. A condução desta engrenagem e seus vieses cabe a nós. Mudando de assunto, em 07/04/2011, foram realizados protestos médicos pacíficos e ordenados, se comparados a quaisquer outras marchas e por quaisquer causas. Não houve marchas em favor de causas absurdas... Houve sim, sensatas e pacatas manifestações por melhores condições de trabalho e remuneração digna, principalmente pela saúde suplementar. Em 09/05/2011 foi publicada no Diário Oficial da União a medida que proibia a Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina e a Federação Nacional dos Médicos de fomentar qualquer movimento naquele sentido. A mordaça aos médicos foi imposta pela Secretaria de Direito Econômico (SDE/CADE). Esta medida claramente corroía as garantias de liberdade e, mais, sabotava e abortava nosso direito ao pensamento, o que é muito grave. Estranhamente, este “AI-5 da Saúde”, como foi chamada a decisão daquele órgão, ocorreu nas barbas de quem lutou vorazmente contra o famoso e histórico AI-5 político anterior - quanta hipocrisia! Não há mais como travestir a insustentável condição da precariedade da saúde - o governo se desocupou deste quesito que reza na Constituição e repassou aos médicos o ônus de sua resolução, via saúde suplementar, desobrigando o SUS (modelo vanguardista) desta atenção. Afinal, como ouvimos recentemente - “os médi-
cos são a parte compressível do processo”!... Obviamente, o SDE/CADE, sob suposta batuta, jamais imaginaria que havia posto as mãos num vespeiro, ou seja, nosso algoz transformou-se em figura significativa. Foi capaz de unir os médicos - movimento difícil! Coincidentemente, exatamente na noite anterior ao Fórum de Defesa Profissional, ocorrido no nosso evento, foi conseguida a suspensão da medida preventiva imposta. Embora caibam recursos, o recado foi dado pelos médicos. No Fórum ficou claro: não queremos e não vamos mais aceitar a situação imposta. A Medicina e os médicos estão doentes, vítimas de uma engrenagem perversa e de um desamparo. A consciência do adestramento do médico e de que, por enquanto, somos a parte fraca do processo faz-se necessária. Na ponta final está o consumidor, que é jogado intencionalmente contra os médicos. Este caos advém do não suprimento do básico: educação e saúde num país emergente mas, na verdade, mais com cara de novo rico, visto a solidez das finanças e a superficialidade, a ineficiência e irresponsabilidade com as quais conduz seus reais problemas. Nós, médicos, por nossa permissividade e desorganização, somos uma das classes eleitas para pagar os rombos criados. O caos é nacional! É necessário resgatar verdades inteiras para um completo entendimento sobre a gravidade do estado de saúde da Saúde neste país. A indignação dos médicos só faz aumentar e há várias caixas-pretas a serem abertas. A SOGIMIG continua enfronhada nesta luta e todos nossos sócios, na capital ou interior, serão informados sobre todas nossas atitudes e ações, que estão tomando vulto, e sobre nossas vitórias, as grandes e as pequenas. Havemos de entender que após o tempo e a magnitude da destruição de nossa classe, os ganhos iniciais serão modestos, mas todos deverão ser comemorados. Grande recado: nossa união é nossa maior força e nossa indignação e coragem, grandes armas nossas!
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
4
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
Febrasgo
Eleições da Febrasgo: vitória em Minas! Dr. Victor Hugo de Melo e Dr. João Pedro Junqueira Caetano Membros do Conselho Consultivo da SOGIMIG
Encerrada a apuração extraoficial das eleições para a nova diretoria da Febrasgo, a vitória ficou com a chapa da situação, por uma margem relativamente pequena de votos, considerando o universo de eleitores. Entendemos que cumprimos bem o nosso papel e que a disputa eleitoral foi importante para demonstrar nosso interesse em participar ativamente das decisões dos rumos da federação. O processo eleitoral também foi relevante porque trouxe à tona a necessidade de a Febrasgo assumir de forma mais enérgica e comprometida o debate e o encaminhamento dos pleitos do(a)s associado(a)s, em especial a defesa profissional dos ginecologistas e obstetras do Brasil. O pleito em Minas se deu de forma tranquila, sem atropelos, com algumas dificuldades logísticas - associados que não receberam votos; demora de entrega dos votos já postados nos Correios etc -, mas que não inviabilizaram o processo. A apuração ocorreu, em maio, na noite de sexta-feira 13 (foi somente uma coincidência!). Em Minas, a Junta Apuradora foi composta pela colega Ivone Dirk de Souza Filogônio, que a presidiu; e pelos colegas Carlos Nunes Senra e Délzio Sal-
gado Bicalho. Os fiscais das chapas concorrentes foram Victor Hugo de Melo (Integração Nacional) e Selmo Geber (GOBrasil). Foram apurados 836 votos, com 19 votos nulos e nove brancos. Resultado final da apuração em Minas Gerais: 748 votos para a chapa Integração Nacional e 60 votos para a chapa GOBrasil. Independentemente do resultado no plano nacional, que também não foi ruim - considerando todas as dificuldades de articulação nacional de uma chapa de oposição e levando em conta que a nossa chapa foi vitoriosa em grande parte das outras federadas -, a vitória em Minas foi bastante expressiva. Nós dissemos NÃO, de forma contundente, à maneira como vem sendo conduzida a nossa federação, e enviamos nossa mensagem: queremos MUDANÇAS! Por outro lado, demonstramos coesão, firmeza e, sobretudo, concordância com os rumos que vêm sendo definidos pelas sucessivas diretorias eleitas da SOGIMIG. Caminhamos juntos no plano estadual, consolidando cada vez mais parceria capital e interior: associados estiveram todo o tempo coesos e irmanados nessa grande empreitada que se tornou a movimentada e histórica eleição. Ressaltamos que é importante continuarmos mantendo esta harmonia interna. Evidentemente, queremos continuar discutindo ideias e propostas, para que
possamos construir uma SOGIMIG cada vez mais forte e atuante na defesa dos interesses do(a)s associado(a)s, seja na atualização científica, na defesa ética e profissional do(a) ginecologista e obstetra ou na participação ativa da melhoria da saúde pública das mulheres mineiras. A SOGIMIG é, hoje, um exemplo nacional de como deve ser a atuação de uma federada: promove e estimula a integração interior/capital; mantém comportamento rigorosamente ético e profissional de seus dirigentes; é atuante na defesa do(a)s associado(a)s; busca a integração com outras entidades médicas e/ ou públicas para estender suas ações; desenvolve atividades comunitárias... Poderíamos listar muito mais. É por tudo isso que nossa associação vem crescendo e se fortalecendo cada vez mais, contando sempre com a efetiva participação do(a)s associado(a)s no nosso dia a dia, mas, principalmente, nos momentos decisivos, como foi, por exemplo, em 2009, no 53º. CBGO e, agora, no processo eleitoral da Febrasgo. Agradecemos, MUITO EMOCIONADOS e satisfeitos, a confiança de vocês, nos dando não apenas seu voto como, também, participando ativamente da nossa campanha, discutindo com colegas e sugerindo futuras ações que, inclusive, poderão servir para próxima diretoria da Febrasgo.
Agenda de eventos do interior neiro em Itajubá 05/08 e 06/08 - Congresso Sul-Mi s Claros 25/08 e 26/08 - EMGO em Monte Leste G de Ginecologia e Obstetrícia do 21/09 a 23/09 - Congresso SOGIMI Mineiro (Governador Valadares) al em Belo Horizonte 01/10 - Fórum de Defesa Profission
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
5
Científico
Citomegalovírus e gestação Vice-presidente do comitê de Medicina fetal da SOGIMIG
Nos países desenvolvidos, cerca de 3% dos recém-nascidos apresentam retardo mental e aproximadamente 10% desses casos são atribuídos às doenças infecciosas. Entre elas, a infecção congênita pelo citomegalovírus (CMV) ocupa lugar de destaque. Trata-se da infecção congênita mais frequente, acometendo entre 0,2% e 2,2% dos recém-nascidos. Entre os infectados, de 5% a 20% são sintomáticos ao nascimento (pequenos para a idade gestacional; portadores de hepatomegalia, microcefalia, icterícia neonatal, pneumonia). Entre os assintomáticos, de 10% a 15% apresentarão sequelas durante a infância que incluem déficits neurossensoriais, epilepsia, paralisia cerebral, atrofia do nervo óptico, microcefalia, atraso no desenvolvimento psicomotor e retardo mental. No Brasil, não existem dados a respeito da infecção congênita pelo CMV. Projetando-se uma incidência média de 0,5% e uma taxa de nascimentos de 3 milhões de crianças/ano, estima-se que cerca de 15 mil crianças nascem anualmente com sintomas da infecção, das quais 1.800 (12%) morrem no primeiro ano de vida e as sobreviventes apresentarão sequelas a médio e longo prazo. Outras 2.100 crianças que apresentam infecção subclínica ao nascimento desenvolverão significativos déficits mentais e auditivos em um período de até sete anos. Nos Estados Unidos, onde nascem aproximadamente 40 mil crianças infectadas/ano, estima-se que o gasto público para custear o tratamento dessas crianças chegue a U$ 1,86 bilhão/ano. A incidência de soroconversão na gestação é de cerca de 1%. Gestantes com maior risco de infecção pelo CMV incluem enfermeiras, trabalhadoras de creches, unidades de diálise e de saúde mental e que cuidam de pacientes imunodeprimidos. Seria importante a determinação do status sorológico para o CMV como parte da avaliação pré-concepcional. A fonte mais comum de infecção primária em mulheres em idade reprodutiva é a transmissão intrafamiliar. O vírus contamina através de uma criança infectada que se contamina durante a fase pré-escolar ou nos primeiros anos
de vida escolar. Quando uma criança introduz o vírus em sua casa, 50% de todos os membros da família susceptíveis apresentarão soroconversão em um prazo médio de seis meses. A necessidade do rastreamento sorológico universal na gestação ainda é controversa. Na verdade, essa discussão reflete uma dicotomia da sociedade científica: por que estudar e diagnosticar uma doença que não pode ser tratada? Diferentes propostas de monitorização do CMV na gestação têm sido desenvolvidas, mas nenhuma tem sido oficialmente adotada por qualquer sistema público de saúde. Atualmente, o rastreamento sistemático não é recomendado em nenhum país da Europa ou nos Estados Unidos. Apesar disso, a maioria dos obstetras de países como Itália, Bélgica e França solicitam a sorologia para o CMV durante a gestação. Enquanto isso, em outros países como Áustria, Suíça, Alemanha, Reino Unido e Japão, a dosagem de anticorpos é solicitada apenas sob demanda materna ou diante de sintomas clínicos sugestivos de infecção aguda ou na presença de atividades profissionais de risco. Nos Estados Unidos, o National Centers for Infectious Diseases (CDC) recomenda apenas que “testes de laboratório para pesquisa de anticorpos anti-CMV podem ser realizados para determinar o status sorológico da mulher” e que “gestantes trabalhando com crianças deveriam ser informadas do risco de adquirir a infecção pelo CMV e dos possíveis efeitos sobre o recém-nascido”. O CDC recomenda que testes específicos devem ser restritos a “gestantes que apresentem sintomas semelhantes àqueles observados na mononucleose”. Os principais motivos para não se realizar o rastreamento sistemático são: 1. Os exames laboratoriais são onerosos. 2. Os mecanismos de transmissão viral não estão totalmente esclarecidos. Nenhum agente antiviral ou imunoprofilaxia se mostrou eficaz para proteger o feto ou recém-nascido. 4. Não há vacina disponível contra o CMV. 5. A imunidade materna prévia à concepção produz uma proteção substancial, mas não total, contra a infecção grave pelo CMV. Dessa forma, as gestantes estariam suscetíveis a apresentarem recorrência da infecção, com risco de transmissão ao feto.
Arquivo Pessoal
Dr. Júlio César de Faria Couto
6. Ainda há dificuldade em se predizer o prognóstico fetal. 7. A única decisão clínica que pode ser tomada após o diagnóstico pré-natal é se a gestação deve ou não ser interrompida. Pode-se afirmar que infecção congênita pelo CMV é um grande problema de saúde pública que não parece ser solucionado por outros meios que não a profilaxia. O foco da prevenção consiste no esclarecimento das gestantes sobre medidas de prevenção primária. Uma das intervenções mais importantes é levar as pacientes a compreender que a infecção pelo CMV é uma doença sexualmente transmissível e que a promiscuidade sexual aumenta o risco individual de adquirir a infecção. Outra medida importante é a orientação sobre higiene às professoras, babás, mulheres que trabalham em berçários, enfermeiras e pediatras, com risco de adquirir a infecção. Referência bibliográfica: 1) Yamamoto M, Jacquemard F, Picone O, Costa JM, Ville T. Antenatal assessment of fetal infection with cytomegalovirus. Ultrasound Obstet Gynecol 2004; 24: 240. 2) Jacquemard F, Dejean A, Daffos F, Ville Y. Correlations between ultrasound and fetal haematological parameters in 67 fetuses infected with cytomegalovirus (CMV). Ultrasound Obstet Gynecol 2005; 26: 429. 3) COUTO, J. C. F.Citomegalovirus e Gestação In: Infecções Perinatais.1ª ed.Rio de Janeiro : MEDSI Guanabara Koogan, 2006, p. 169-186. 4) McCarthy FP, Giles ML, Rowlands S, Purcell KJ, Jones CA. Antenatal interventions for preventing the transmission of cytomegalovirus (CMV) from the mother to fetus during pregnancy and adverse outcomes in the congenitally infected infant. Cochrane Database Syst Rev. 2011; 16;3.
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
6
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
Defesa profissional
Valor justo de uma consulta no cons Dr. José Avilmar Lino da Silva Diretor Financeiro da SOGIMIG
Para conseguirmos encontrar o valor justo de nossa consulta, precisamos entender que este é o nosso produto que devemos produzir e vender para termos uma renda adequada para nossa subsistência. De acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), em 2011, o salário bruto do médico, que trabalha 40 horas por semana, deveria ser de R$18.376,44. Para calcular o montante que deveríamos receber por um ano de trabalho, precisamos lembrar que somos merecedores do 13º salário, como todos os trabalhadores brasileiros. Assim, deveremos multiplicar o salário mensal por 13 (R$18.376,44 x 13 = R$238.893,72). Este é o valor do salário
anual. Devemos lembrar que, para “produzir” consulta, temos despesas que se somam a este montante, que nada mais é do que o custo de produção, que na CBHPM é chamado de Unidade de Custo Operacional (UCO). Para chegar ao valor justo de uma consulta médica, precisamos saber quanto custa para o médico a “produção” desta e quantas conseguimos atender em um ano. Após obtermos a soma do salário e do custo de produção, basta dividir este valor pelo número de consultas atendidas que teremos o valor justo de uma consulta. Simples, não é? Nem tanto para nós, médicos, que não estamos acostumados, nem temos tempo para fazer cálculos. Para a Associação Médica Brasileira (AMB) uma consulta médica (Anamnese + Exame Físico + Formulação da Hipótese Diagnóstica
+ Solicitação de Exames Complementares e/ou Prescrição + Orientações) deve durar em média 40 minutos. Assim, se trabalharmos oito horas por dia (480 minutos), conseguiremos “produzir” 12 por dia. No mês, trabalhamos em média 22 dias, totalizando 264 consultas por mês. Trabalhamos 11 meses, com um mês de férias (justo?), e conseguimos “produzir” 2.904 consultas. O custo de nosso consultório é o resultado da soma do CUSTO DIRETO (o que gastamos para manter nosso consultório) mais as TAXAS ANUAIS acrescido da DEPRECIAÇÃO DO IMOBILIZADO e do CUSTO DE OPORTUNIDADE (remuneração do capital imobilizado) menos a devolução do Imposto de Renda (IR). A devolução do IR é calculada sobre o va-
IMOBILIZADO
DEPRECIAÇÃO
Imóvel
R$ 240.000,00
240 meses
R$ 1.000,00
Mobiliário
R$ 18.000,00
120 meses
R$ 150,00
Autoclave
R$ 3.500,00
120 meses
R$ 29,17
Computador
R$ 2.076,00
60 meses
R$ 34,60
Balança
R$ 1.950,00
120 meses
R$ 16,25
Colposcópio
R$ 1.789,00
120 meses
R$ 14,90
Pinça Biópsia (3 unidades)
R$ 1.450,00
120 meses
R$ 12,08
Espéculo 1 (15 unidades)
R$ 1.120,35
120 meses
R$ 9,34
Espéculo 2 (15 unidades)
R$ 1.174,80
120 meses
R$ 9,79
Pinça Sheron (15 unidades)
R$ 1.280,40
120 meses
R$ 10,07
Eletro cautério
R$ 935,00
120 meses
R$ 7,79
Sonar
R$ 491,00
120 meses
R$ 4,09
Pinça Reparo (5 unidades)
R$ 453,50
120 meses
R$ 3,78
Esteto/Esfigno
R$ 385,00
120 meses
R$ 3,20
Impressora
R$ 295,00
60 meses
R$ 4,02
Cuba (3 unidades)
R$ 156,90
120 meses
R$ 1,31
Tesoura (3 unidades)
R$ 146,50
120 meses
R$ 1,22
Total
R$ 275.203,45
R$ 1.311,61 mês
Remuneração do Imobilizado (custo de oportunidade) R$ 275.203,45 X 0,8% = R$ 2.201,63 / mês R$ 2.201,63 X 12 = R$ 26.419,53 / ano www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
7
sultório de Ginecologia e Obstetrícia lor do CUSTO DIRETO e das TAXAS ANUAIS se fizermos o livro-caixa. Para simplificar, geralmente a devolução do IR é em torno de 27,5% do valor total do livro-caixa. Portanto, o VALOR JUSTO de uma consulta em nosso consultório deveria ser de pelo menos R$ 110,34, tomando por base os custos apresentados neste exemplo. Por que aceitamos receber R$ 30, R$ 40, R$ 50, por este produto (Consulta Médica)? Precisamos fazer os cálculos com os valores por nós recebidos e
o custo de nossos consultórios para descobrirmos que não temos sido valorizados? Basta analisarmos nossas condições de vida, que têm piorado, para concluirmos que estamos cada dia mais empobrecidos e os planos de saúde, cada dia mais ricos. Até quando vamos aceitar esta situação? Precisamos nos organizar em uma entidade única, que nos represente de verdade e que esteja dirigida por verdadeiros colegas, e não como temos hoje (dirigentes de algumas entidades médicas re-
munerados por planos de saúde; dirigentes de cooperativas médicas que só pensam no plano de saúde que vendem, e não na satisfação de seus cooperados; dirigentes da ANS, que são vinculados a planos de saúde e ao governo, defendendo interesses destes, e até integrantes do Ministério da Saúde que só pensam em seus ideais políticos e partidários). Precisamos lutar contra todos esses ALGOZES. Caso contrário, conseguirão produzir uma massa de médicos pés descalços em um país capitalista.
Produção de consultas/ano
Despesas mensais (Custo direto)
Consultas a cada 40 minutos
Secretária
R$ 1.105,00
Leis Sociais +VT+VR
R$ 1.020,00
>>
8 horas de trabalho por dia = 480 minutos
Telefone
R$ 230,00
>>
480/40 = 12 consultas por dia
Energia Elétrica
R$ 179,00
>>
Em média 22 dias/mês (22x12= 264 consultas/mês)
Material de limpeza
R$ 149,00
>>
11 meses por ano (264x11=2904 consultas/ano)
Material de trabalho
R$ 152,00
Contador
R$ 255,00
Internet
R$ 95,00
Condomínio
R$ 255,00
INSS
R$ 760
Total Mensal
R$ 4.200,00
Total no ano
R$ 50.400,00
Restituição do IR Livro de Caixa Despesas mensais
R$ 50.400,00
Taxas Anuais
R$ 3.902,00
Total R$ 54.302,00 R$ 54.302,00 X 27,5% = R$ 14.933,05
Taxas anuais IPTU
Síntese do custo anual
R$ 1.540,00
ISSQN
R$ 545,00
Despesas mensais
R$ 50.400,00
CRM
R$ 470,00
Remuneração Imobilizado
R$ 26.419,53
AMMG/AMB
R$ 410,00
Depreciação
R$ 15.739,32
Febrasgo/SOGIMIG
R$ 350,00
Taxas anuais
R$ 3.902,00
Fiscalização da prefeitura
R$ 372,00
Sub-total
R$ 96.460,85
Sindicato
R$ 215,00
Devolução IR
(R$ 14.933,05)
Total
R$ 81.527,80
Total
R$ 3.902,00
Resumo Salário/ano = R$ 238.893,72 Despesas/ano = R$ 81.527,80 Total = R$ 320.421,52 Valor da consulta = R$ 320.421, 52:2.904 consultas por ano = R$110,34 cada consulta Todas as tabelas foram baseadas nos custos do meu consultório
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
8
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
Mosaico
Programação social do 4º CMGO Além da atualização científica, momentos de troca de experiência e reciclagem marcaram o 4º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia. Visita aos estandes, café com prosa e o congraçamento entre os participantes foram algumas das atividades do evento. Confira alguns desses momentos.
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
Confira a relação completa de r fotos no site www.sogimig.org.b
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
9
10
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
CMGO
4º CMGO: quatro dias de atualização
Abertura marcada por elogios ao evento e à grade científica
Prêmios CMGO
Dois trabalhos de Ginecologia e dois de
Obstetrícia foram premiados
Em Ginecologia: :: Melhor trabalho - Incidência de recid iva de neoplasia intraepitelial cervical em pacientes infectadas pelo HIV. Autores: Maria Inês de Miranda Lima, Claudia Teixeira da Costa Lodi, Adriana Alm eida de Souza Lucena, Mirian Viviane Maciel Barros Guimarães, Helena Rab elo de Castro Meira, Saulo Augusto de Lima, Victor Hugo Melo :: Menção Honrosa - Avaliação dos resu ltados da fisioterapia para bexiga hipe rativa. Autores: Luciana Aparecida Mesquita, Christiane Pereira Goulart, Mariana Ataydes Leite Seabra, Ana Paul a Cald eira Brant Campos, Sofia Fakher Fakhouri, Agnaldo Lopes da Silva Filho Em Obstetrícia: :: Melhor trabalho - Erro intraobservad or na medida ultrassonográfica do diâm etro ântero-posterior da pelve renal e o diagnóstico de hidronefrose em feto s suspeitos. Autores: Lage EM, Santana RS, Pacheco ACB, Miranda BA, Reis ZNS, Pereira AK, Cabral ACV :: Menção Honrosa - Estudo dos mar cadores ecográficos antenatais das aneu ploidias em gestações referenciados para serviço público universitário de med icina fetal. Autores: Dos Reis MAA, Ferr eira FAA, Martins ST, Reis ZSN, Lage EM, Osanan GC, Cabral ACV
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
11
Palestrantes de várias nacionalidades trazem experiências dos outros países para o Brasil
Summit
4th SGI Summit Meeting Dr. Fernando M. Reis Nos dias 17 e 18 de maio de 2011, a SOGIMIG sediou, em Belo Horizonte, a 4ª edição do International Summit Meeting da Society for Gynecologic Investigation (SGI). Fundada em 1953, a SGI reúne cientistas e médicos dedicados às pesquisas básicas, clínica e translacional em ginecologia e obstetrícia. Em Belo Horizonte, os temas do evento foram síndrome dos ovários policísticos, endometriose e climatério. Nas edições anteriores, os temas foram parto prétermo (Siena, 2005), medicina reprodutiva (Valencia, 2007) e pré- eclâmpsia (Sendai, 2009). Em 24 palestras e 29 temas livres,
pesquisadores de quatro continentes apresentaram e discutiram com o público os últimos avanços na fisiopatologia, diagnóstico e tratamento de doenças femininas complexas, reguladas por múltiplos genes, hormônios e fatores ambientais. Os palestrantes mostraram dados inéditos sobre os mecanismos genéticos, imunológicos e endócrinos associados à infertilidade e ao climatério, e apontaram os rumos da pesquisa de novos tratamentos farmacológicos para a endometriose. Dirigidas a uma plateia culta e experiente, as palestras versaram sobre a fronteira do conhecimento, com ênfase nas lacunas, controvérsias e dúvidas que permeiam os temas abordados. Os ex-
positores apresentaram dados preliminares de novos estudos, antecipando o que será publicado nos próximos anos. Reunir 17 convidados ilustres, dos quais dez estrangeiros, em um único auditório durante dois dias só se justifica pela possibilidade de diálogo e troca de ideias entre eles e o público. No SGI Summit Meeting em Belo Horizonte a interação foi constante e os convidados foram muito abertos ao debate e à troca de experiências. Para os participantes de Minas Gerais, foi um evento 100% internacional a dois passos de casa. Para os que vieram de outros estados do Brasil, uma oportunidade de conhecer Belo Horizonte em meio a um encontro profissional agradável e frutífero.
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
12
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
Fóruns
Fórum de Defesa Profissional
Dr. Carlos Henrique Mascarenhas Silva Diretor de Defesa Profissional
Mais de 500 Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais e de outros estados do Brasil discutiram durante o 4º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia o futuro que queremos para a nossa especialidade. Conscientes de que a remuneração médica é hoje o assunto que mais preocupa e aflige a classe médica, a Comissão Organizadora do CMGO decidiu, de forma inovadora, discutir exclusivamente o tema durante uma manhã do Congresso. Temos a certeza de que não haverá resultados clínicos adequados para nossos pacientes sem que o médico, responsável direto por movimentar toda a cadeia da área de saúde, seja remunerado de forma justa e digna. Isso vai ocorrer porque ele precisará ter carga horária de trabalho desumana e degradante para conseguir a remuneração que merece após tanto tempo de estudo e terá seu raciocínio clínico comprometido. Estudos das próprias Operadoras de Planos de Saúde (OPS) mostram que há dez anos o honorário médico correspondia a 30% de todo gasto que essas empresas tinham. Atualmente este percentual caiu para 12-15%! Precisamos urgentemente mudar esta situação. Diversos aspectos da realidade atual da remuneração médica, e do que devemos fazer efetivamente para conseguirmos resultados práticos neste assunto, foram debatidos entre os sete palestrantes daquela manhã e o público presente. Vimos diversos colegas expressarem de forma franca e ampla a indignação e revolta para os valores pagos atualmente. E apro-
veitamos para comemorar a vitória dos médicos no CADE/SDE, já que foi julgada improcedente pelo Tribunal Federal da 1ª Região a proibição de negociação coletiva dos médicos, que havia sido imposta por estes dois órgãos na semana anterior. Discutimos a legalidade de que o obstetra tenha o direito de estabelecer diretamente com a sua cliente o valor de seus honorários para realizar o seu parto. Ela tem o direito de escolher um médico que vai auxiliá-la no mais importante ato de nossa vida, que é o nascimento de nossos filhos. Em contrapartida, o obstetra tem o direito de estabelecer o seu honorário, visto que os contratos entre as operadoras e os Médicos não têm cláusula de exclusividade. Foi discutido e ficou claro entre os presentes que as OPS que vendem planos de assistência médico-hospitalar com valores insignificantes, como R$ 40 mensais, somente o fazem confiantes no fato de que o honorário do médico que vai atender a estes pacientes será muito pequeno e barato. Nós não podemos concordar com isso. Devemos combater esta prática vil! Vimos durante o Fórum que também temos tarefas a cumprir neste processo, para que os recursos investidos na saúde sejam gastos de forma eficiente e eficaz, como, por exemplo, adequando nossas práticas diárias a aquelas baseadas em evidências consistentes e incorporando tecnologias que comprovadamente levarão a benefícios clínicos. Devemos ter a coragem de dizer não, quando nossos clientes nos pedem exames sem justificativa ou mesmo a troca de códigos para que haja
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
cobertura para procedimentos. Precisamos mostrar a todos de nossa sociedade que o recebimento de comissões e agrados por uso de materiais e medicamentos é prática ilícita e eticamente condenável, além de insuflar absurdamente o valor desses insumos. Devemos ter nossos rendimentos baseados apenas na prática clínico-cirúrgica, na melhor relação com nossos clientes; levando-se em consideração a Saúde Suplementar. Mas talvez a principal conclusão do Fórum SOGIMIG de Defesa Profissional foi a de que devemos estabelecer imediatamente junto às Operadoras de Planos de Saúde a recomposição dos valores de nossos honorários, antes de qualquer negociação de contratos, índices de reajustes ou tabelas. Precisamos definir o valor-base do qual sairemos, tanto de consultas médicas quanto de procedimentos cirúrgicos e de SADT’s (lembremo-nos que inúmeros ginecologistas e obstetras atuam nas áreas de ultrassonografia, densitometria óssea, mamografia e RNM) para uma relação futura com estas empresas. Ficou definido também que daqui para frente, a SOGIMIG deverá participar cada vez mais destas discussões com as OPS. Para executarmos essas tarefas, precisaremos da participação e apoio de cada médico que trabalha na área de Ginecologia e Obstetrícia. Quanto mais médicos tivermos mobilizados e atuando junto à SOGIMIG, maior será nossa força para nos fazer ouvir. O nosso honorário no futuro será definido pelo SUCESSO que tivermos neste momento único da medicina pelo qual passamos hoje.
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
13
Fórum de médicos de família: um sucesso! Victor Hugo de Melo Coordenador do II Fórum
Cerca de cem pessoas, entre participantes e palestrantes, assistiram às apresentações e debateram ativamente os vários temas do II Forum de Atenção à Saúde da Mulher para Médicos de Família, no dia 17 de maio, no Expominas. A atividade antecedeu o início do 4º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia. O que marcou o evento foi a presença de grande número de médicos de família da Região Metropolitana, estando representados, além de BH, os municípios de Betim, Contagem, Ibirité e outros, além de vários ginecologistas e diretores-executivos e regionais da SOGIMIG. Foi uma intensa tarde de debates sobre a atenção à saúde da mulher. A primeira mesa-redonda trouxe para discussão os indicadores de saúde da mulher em Minas Gerais e, pode-se perceber que, apesar dos inúmeros avanços e melhorias nos cuidados, ainda temos de caminhar muito para conseguir indicadores semelhantes aos do Primeiro Mundo. Temos de estender mais a cobertura
no rastreamento do câncer do colo e diagnosticar mais precocemente o câncer de mama. A Medicina de Família e Comunidade é atualmente uma especialidade e deve ser reconhecida como tal. Cada encontro com o paciente é o momento para educação e prevenção e deve ser focado na atenção integral à saúde. Aqui, um destaque para o Programa de Educação Permanente (PEP), muito atuante em todo o estado de Minas Gerais e que tem permitido o aperfeiçoamento de centenas de médicos de família, com atenção centrada nos pacientes. O programa prevê a participação direta de especialistas. Acreditamos que esta pode ser uma excelente oportunidade para que nós, ginecologistas e obstetras, possamos colaborar para a melhoria da atenção primária à saúde da mulher, atuando diretamente na capacitação/treinamento dos médicos de família nas diversas regiões do estado. Foram apresentados resultados preliminares de uma pesquisa em andamento, mostrando as deficiências/dificuldades dos médicos de família para prestarem os cuidados de saúde às mulheres. Isso ficou bastante evidente em vários temas, principalmente nos aspectos da
reprodução humana, planejamento familiar e cuidados no climatério. É necessário discutir estas deficiências com as escolas médicas, como instâncias formadoras dos profissionais, e os serviços, para que os cuidados à atenção primária às mulheres possam ser aperfeiçoados. A última mesa priorizou o debate do papel do ginecologista e obstetra na atenção primária à saúde da mulher. Foi interessante observar que existem experiências de matriciamento na Região Metropolitana, com grande sucesso. O mais importante de tudo é que o ginecologista perceba que está inserido em uma equipe. Foi unânime a percepção da necessidade de integração de esforços para melhorar os indicadores de saúde das mulheres da região metropolitana, e do estado. O fórum cumpriu seus objetivos: congregou médicos de família, ginecologistas e obstetras, gerentes, gestores, observadores etc, para um debate profícuo e estimulante. Compete agora à SOGIMIG, à AMMFC e aos gestores municipais darem seguimento aos debates para implementar as propostas e sugestões que ocorreram com a finalidade de melhorarmos a saúde das mulheres mineiras.
Fóruns comunitários do CMGO Dra. Cláudia Lúcia Barbosa Salomão Diretora de Assuntos Comunitários SOGIMIG
Dando sequência à proposta e intenção da atual Diretoria de Assuntos Comunitários desta gestão, realizamos dois Fóruns vinculados ao IV Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia: Fórum de Atendimento a Mulheres Vítimas de Violência Sexual e Fórum de Saúde do Adolescente, o qual tive o grande prazer de coordenar. A respeito do Fórum de Violência Sexual, apresentaremos seus resultados em próxima edição do Informativo SOGIMIG. Nosso Fórum de Saúde do Adolescente contou com a presença de alunos da Rede Municipal de Ensino, professores, médicos que trabalham com Saúde do Adolescente, com o professor de teatro Renato Ziggy, ao qual fazemos um agradecimento especial , e com uma observadora, a senhora Giovana Perim, graduanda em Psicologia da Universidade FUMEC, que nos agraciou com o texto
abaixo: "O IV CMGO promoveu a reflexão de adolescentes de escolas municipais de Belo Horizonte a respeito da gravidez na adolescência. O método utilizado foi a encenação, pelo Teatro do Oprimido, criado por Augusto Boal, de um problema conhecido dos adolescentes: a gravidez. O estímulo à expressão dos adolescentes para representar o papel dos atores e criar alternativas melhores para o oprimido permitiu conhecer suas informações e percepções a respeito do tema. Foi possível constatar a convergência entre a natureza dos relatos de adolescentes do Fórum e daqueles presentes na literatura científica. O adolescente parece ser vulnerável ao desejo de seus pais, uma vez que se sentem desamparados socialmente, emocionalmente e financeiramente quando estes rejeitam a gravidez. A literatura e a observação do Fórum sugerem, também, uma vulnerabilidade afetivo-relacional da adolescente ao “atender” o pedido do namorado de não uso do preservativo como um pacto amoroso.
As alternativas apresentadas pelas adolescentes sugerem, por um lado, uma atitude proativa em relação à luta por seus direitos - preservar a gravidez, exigência para que o namorado cumpra seus deveres enquanto pai - e, por outro, um estado de sujeição ao desejo dos pais. Este estado decorre da desorientação da adolescente que é, por sua vez, fundamentada na crença da ausência de alternativas. A literatura indica uma relação inversamente proporcional entre o nível socioeconômico e a incidência de gravidez na adolescência, fator que clama a atenção da Sociedade para uma intervenção urgente. Houve espaço para o confronto de ideias, gerando um ambiente de diálogo e reflexão entre a plateia e os facilitadores, como também para a transmissão de informação sobre os direitos da criança e do adolescente, sobre preservativos e DST. O diálogo pareceu otimizar a probabilidade de promover a conscientização dos adolescentes a respeito do tema encenado."
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
14
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
Curtas
CIM reforça aproximação entre Ginecologia e Radiologia
Com a participação de quase 600 congressistas de 106 diferentes cidades, foi realizado, entre os dias 17 e 19 de março, o VII Congresso de Imaginologia de Mulher (CIM). Idealizado para ser sempre o primeiro evento nesta área no Brasil, ficou definido que a partir deste ano o congresso será organizado anualmente. Fruto de uma histórica e inédita união entre a Ginecologia e Obstetrícia (SOGIMIG) com a Radiologia e Diagnóstico por Imagem (Sociedade de Radiologia e Diagnóstico de Minas Gerais - SRMG), podemos afirmar que o CIM é um evento que tem tudo para ser um sucesso de público ao longo do tempo, servindo como um espaço de alto nível para a atualização médica. Neste ano, contamos também com o
apoio do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) que inseriu a sua IX Jornada Sudeste de Radiologia no evento. Diversos assuntos ligados à aplicação dos diferentes métodos de Imagem à Saúde da Mulher foram discutidos e debatidos nos três dias do evento, com 122 palestrantes de 17 estados. Além das áreas tradicionais (GO e Medicina Interna), inovamos e acrescentamos uma maior participação para a Mastologia e Músculo Esquelético. Para 2012, a data já está reservada: 08 a 11 de março, quando poderemos comemorar ainda o Dia Internacional da Mulher. E podem contar com uma programação científico-cultural ainda melhor e com a introdução de outras áreas de atuação relacionadas à Saúde da Mulher.
Medi Lab ganha prêmio do Sebrae no setor saúde Fundada em 1995, na cidade de João Monlevade - MG, a Medi Lab - Laboratório Médico conta hoje com 27 funcionários capacitados em análises clínicas que atuam na matriz e nas três filiais do laboratório. Com uma clientela na cidade que ultrapassa 2600 clientes por mês, o laboratório atende também a pacientes das cidades vizinhas. Segundo a dra. Valéria Maria Moreno Jacintho, médica e membro do conselho gestor da Medi Lab, o Prêmio MPE Brasil foi fruto de muito trabalho, perseverança e realização. "Veio confirmar que estamos no caminho certo. Não há outra forma de conduzir uma empresa senão trabalhar todos seus critérios de gestão. Temos de exercer e praticar a liderança, planejar e buscar as melhores estratégias, preparar bem os nossos colaboradores, manter o foco no cliente, monitorar com afinco os processos e devolver à sociedade os benefícios que ela nos deu.” O alto número de empresas inscritas fez com que a conquista deste prêmio tornasse a vitória ainda mais importante e gratificante. “Uma forma de mostrar aos nossos clientes o que fazemos no dia a dia para melhor atendê-los é ter certificação de órgãos de renome, como Sebrae, Movimento Brasil Competitivo, Fundação Nacional da Qualidade e Gerdau”, afirma.
A tal Festa do Beijo Cláudia Lúcia Barbosa Salomão, Kaina Ferreira Santos, Geraldo Diniz Mendes e Ana Cristina Carvalho Membros do Comitê de Ginecologia Infanto Puberal da SOGIMIG
Ação conjunta do Comitê de Ginecologia Infanto Puberal, Diretoria de Assuntos Comunitários SOGIMIG e Comitê de Adolescência da Sociedade Mineira de Pediatria impediu a realização de uma festa em uma Casa de Festas no bairro Savassi, em Belo Horizonte, que ocorreria em 09 de abril. Mas, qual a finalidade de se inter-
romper ou impedir uma festa, momento de alegria, descontração e positivismo? A festa, a qual me refiro, sugeria o uso de vários colares pelos adolescentes do sexo masculino, os quais seriam trocados pelos “beijos na boca” das adolescentes do sexo feminino... O prêmio: um ingresso para uma tal festa de axé que ocorreria na cidade, na semana seguinte, para a adolescente que possuísse mais colares no final da festa. Público-alvo: adolescentes de 12 a 17 anos. Este seria o público “permitido”, o que se entende que os responsáveis por eles não deveriam estar presentes.
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
Em ação conjunta, rápida e objetiva, as instituições citadas anteriormente elaboraram carta ao Ministério Público e Juizado da Infância e Juventude, comunicando a gravidade da proposta da festa, que, no mínimo, fere o Estatuto da Criança e do Adolescente no que tange à proteção da saúde física e emocional desta população, já tão esquecida e subvalorizada em seus interesses e proteção. A Festa do Beijo foi cancelada pelas nossas autoridades após nossa denúncia. Fiquemos, portanto, atentos. Temos essa função e nossos adolescentes, o direito à nossa proteção.
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG
15
16
Informativo SOGIMIG | mar a mai | 2011
www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG