Sogimig julho/agosto de 2009

Page 1

Informativo

Veículo Oficial da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais - SOGIMIG I Julho e Agosto de 2009

53º CBGO será o melhor dos últimos anos

Inscrições se encerram no dia 31 de outubro de 2009

ISABEL BALDONI

FALE CONOSCO

www.sogimig.org.br PARCEIROS

sogimig jul ago2 novo1.indd 1

XII WORKSHOP SOGIMIG É ESPAÇO FUNDAMENTAL PARA DISCUSSÕES SOBRE A PROFISSÃO | 8

SEMINÁRIO DEBATE PARTO SEGURO E POLÊMICA SOBRE CESÁREA | 9

QUESTÃO ÉTICA E MORAL DA PROFISSÃO NÃO DEPENDE APENAS DE NORMAS E CONDUTAS | 11

21/10/2009 11:53:03


2

Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

Palavra do Presidente

VICTOR HUGO DE MELO Av. João Pinheiro, 161. Sala 206 Centro. Belo Horizonte. MG. 30.130-180. Telefax: (31) 3222 6599 Telefone: 3247 1637 Site: www.sogimig.org.br E-mail: sogimig@sogimig.org.br Diretoria SOGIMIG - Gestão 2009-2010 PRESIDENTE Victor Hugo de Melo VICE- PRESIDENTE Renato Ajeje SECRETÁRIO GERAL Carlos Henrique Mascarenhas Silva 1ª SECRETÁRIO Frederico José Amedée Péret DIRETOR FINANCEIRO José Avilmar Lino Silva DIRETOR SÓCIO-CULTURAL Cláudia Lourdes Soares Laranjeira DIRETOR CIENTÍFICO Agnaldo Lopes da Silva Filho DIRETOR DE DEFESA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Maria Inês Miranda Lima DIRETOR DE ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Cláudia Lúcia Barbosa Salomão DIRETOR DE COMUNICAÇÃO Gui Tarcísio Mazzoni Junior DIRETOR DE INFORMÁTICA João Henrique Penna Reis COORDENADOR DAS DIRETORIAS REGIONAIS Marcelo Lopes Cançado CONSELHO CONSULTIVO: MEMBROS ELEITOS Antonio Eugenio Motta Ferrari, Aroldo Fernando Camargos, Eddie Fernando Candido Murta, Henrique Moraes Salvador Silva, Ivone Dirk de Souza Filogônio, Lucas Viana Machado, Manuel Maurício Gonçalves, Marcelo Maciel de Araújo Porto, Ricardo Mello Marinho, Sávio Costa Gonçalves MEMBROS NATOS Antonio Fernandes Lages, Cláudia Navarro Duarte Lemos, Garibalde Mortoza Junior, João Pedro Junqueira Caetano, Sergimar Padovezi INFORMATIVO SOGIMIG COORDENAÇÃO DO INFORMATIVO Gui Tarcísio Mazzoni Junior PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA Link Comunicação Empresarial - (31) 2126-8080 EDIÇÃO: Cristina Fonseca (MG 04557JP) REDAÇÃO: ALINE LUZ E LUCIANA ROCHA EDITORAÇÃO: Danielle Marcussi Revisão: Regina Palla PROJETO GRÁFICO: Helô Costa e Wagner Rocha GRÁFICA: RONA EDITORA TIRAGEM: 3 mil exemplares Envie sua contribuição para sogimig@sogimig.org.br O Informativo SOGIMIG autoriza a reprodução de seu conteúdo, desde que citada a fonte. Pede-se apenas a informação de tal uso. A Associação não se responsabiliza pelo conteúdo ou pela certificação dos eventos anunciados na forma de agenda.

Presidente da SOGIMIG sogimig@sogimig.org.br

Parto Seguro Para entender o parto seguro, devemos relembrar os preceitos do parto sem dor e o da humanização do nascimento, deflagrados pelo movimento feminista nas décadas de 70 e 80. O Ministério da Saúde apoiou este movimento e, de certa forma, responsabilizou os obstetras pela “desumanização” do parto, como se nós fôssemos os responsáveis pela não participação das mulheres nas decisões tomadas no processo da parturição. Ao mesmo tempo, incorporou um novo profissional no cenário do parto, o enfermeiro obstétrico, que seria menos intervencionista e conduziria mais partos pela via vaginal. O parto humanizado transmutou-se em parto seguro, agravando esse equívoco, na medida em que o associou ao parto vaginal. Se, por um lado, a humanização do parto não deve ser associada ao tipo de profissional que assiste a parturiente - obstetra ou enfermeiro -, o parto seguro não pode ser vinculado à via de parto - abdominal ou vaginal. Do ponto de vista fisiológico o parto vaginal é o ideal, pois esta é a via estabelecida pela natureza feminina. Entretanto, não podemos associar o parto vaginal ao parto seguro porque sabemos de situações nas quais a cesariana é a via mais segura para mãe e feto. O que fazer, por exemplo, no prolapso de cordão, no sofrimento fetal agudo ou no descolamento prematuro da placenta, com colo parcialmente dilatado? O que fazer na presença de desproporção céfalo-pélvica diagnosticada no trabalho de parto? O parto seguro envolve o planejamento da gravidez, o acompanhamento pré-natal, a assistência no trabalho de parto e parto, além do seguimento no puerpério. Somente esta cadeia de procedimentos pode permitir que o casal tenha um filho com todo seu potencial de crescimento e desenvolvimento preservados, tendo a seu lado a mãe hígida, apta a amamentá-lo e a prover os cuidados que ele demanda. Não há como prever, com absoluta

certeza, o prognóstico de uma parturiente, mesmo as de “baixo risco”. Na assistência ao parto fazemos diagnósticos sucessivos, e o parto somente pode ser diagnosticado como eutócico retrospectivamente, ou seja, após o nascimento. Sabe-se que 10% dos partos de “baixo risco” apresentam complicações, demandando intervenções imediatas e recursos humanos e materiais somente encontrados no hospital. Assim, o único local no qual se pode garantir segurança para mãe e filho, no momento do parto, é a MATERNIDADE. Existem vários fatores que devem ser considerados para explicar as altas taxas de cesariana no Brasil: a má remuneração pela assistência ao parto; a forma de organização dos serviços; os processos judiciais pela não realização de cesariana; a inexperiência em realizar o parto vaginal operatório. Sabemos que estas causas não explicam a totalidade das cesarianas realizadas no Brasil e que muitos obstetras têm banalizado esta cirurgia. Não defendemos estas altas taxas e, tampouco, somos favoráveis ao parto vaginal de forma irrestrita. Distocias de todo tipo podem ocorrer, e o profissional que acompanha a parturiente deve estar habilitado a resolver TODA E QUALQUER INTERCORRÊNCIA que surgir. Assim, a atenção ao parto não pode ser exercida por outro profissional ou fora do hospital, sob o argumento de que, no hospital, as parturientes são submetidas a mais intervenções cirúrgicas. Devemos nos esforçar para reduzir as cesarianas e outras intervenções no parto, mas isto não pode ficar sob a responsabilidade única dos obstetras. Vamos discutir formas alternativas que atendam às atuais demandas das gestantes, MAS QUE SEJAM SEGURAS, para não colocá-las, e a seus filhos, sob riscos desnecessários. Vamos criar condições nas maternidades para que as famílias possam ter maior participação no parto e para que possamos realizar mais partos vaginais, mas continuando a garantir total segurança neste processo.

Em caso de dúvidas, questionamentos e sugestões, enviar e-mail para: sogimig@sogimig.org.br

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 2

21/10/2009 11:53:26


Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

3

Defesa Profissional

Conheça a Terminologia Única em Saúde Suplementar (TUSS) leira é uma tentativa de agrupar todos os procedimentos médicos para que se possa usar uma tabela única. Já vigora a 5ª edição da CBHPM e a maioria das operadoras não a adota. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por sua vez tem o rol de cobertura mínima e obrigatória. A AMB entregou à ANS no dia 30 de agosto a lista de códigos e procedimentos que irão compor a parte médica da Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS). Foram dois anos de trabalho pela equipe técnica da AMB para compatibilizar e adequar procedimentos das diferentes tabelas, com a CBHPM e o rol de procedimentos da ANS. Este importante passo teve dois grandes resultados: a publicação da 5ª edição da CBHPM com o rol da ANS contido nela e a publicação normativa ANS nº 34, de 13 de fevereiro de 2009 que determina que as operadoras de serviços de saúde devem obrigatoriamente adotar a TUSS na codificação dos procedimentos médicos.

terão três meses para efetuar a transição. Espera-se que no final de janeiro de 2010 a TUSS esteja completamente implantada, informa a dra. Cristiana Beaumord, diretora da Defesa Profissional da AMMG. É importante estar atento a isto e estudar a tabela, conhecer os procedimentos. Vocês sabem, por exemplo, que a coleta de citologia cérvico-vaginal está prevista na CBHPM e que o valor cobre custos do exame ginecológico como uso do espéculo, pinça e Schiller e pode ser acrescido ao valor da consulta? ANDRÉ SHIRM

A diretora de Defesa Profissional da SOGIMIG, dra. Maria Inês de Miranda Lima, revela que os médicos têm alguns problemas de identidade que se tornam inimigos no exercício da profissão. Durante a faculdade não se recebe orientação sobre honorários, formas de cobrança, tabelas e tudo mais. Não se sabe do mercado que nos aguarda, só há a consciência focada numa medicina sacerdócio, focada no diagnóstico, tratamento e boa relação médico-paciente. Obviamente estes são valores que não podem ser retirados da prática clínica que diferenciam e valorizam os profissionais. Isto faz parte de uma época em que o médico era referência de uma família, exercendo uma medicina baseada em exame clínico, de menor custo e sem intermediadores. Os tempos mudaram, o modelo médico de família e servidor público perdurou durante décadas e tinha regras claras e o médico lidava bem com esta situação. Há duas décadas surgiram as operadoras de saúde, os intermediadores e a partir daí as coisas ficaram mais confusas. Surgiram as tabelas médicas que os profissionais da saúde relutam em conhecer. Para complicar, cada convênio usa uma tabela, os códigos são diferentes e também os valores. Hoje existem em torno de 15 tabelas vigentes. A criação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) pela Associação Médica Brasi-

Prazo de adaptação As operadoras de plano de saúde terão agora dois meses para se adaptar às novas codificações e nomenclaturas dos procedimentos. Terminado o prazo, cada empresa deverá encaminhar aos médicos prestadores de serviços a relação já adequada e, a partir daí, os profissionais

Dra. Maria Inês ressalta o valor do conhecimento administrativo para a profissão

Acontece

Curso de Atualização em Ginecologia e Obstetrícia Data: 09/11/2009 a 11/11/2009 - Belo Horizonte - MG Local: Associação Médica de Minas Gerais Informações e inscrições: (31) 3222-6599 ou sogimig@sogimig.org.br

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 3

21/10/2009 11:53:27


4

Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

Científico

Lesão Intraepitelial Escamosa de baixo grau (LSIL) DIVULGAÇÃO

G , -

É uma definição de alteração evidenciada na citologia. Tem baixo potencial de malignização e alto potencial de cura espontânea. As células, obtidas na superfície do epitélio com esta alteração, apresentarão características de células do tipo intermediário com núcleos hipertrofiados, porém ocupando menos de 50% do volume da célula e certo grau de hipercromasia. Nas lesões associadas à infecção ativa pelo papiloma vírus, associa-se grande halo perinuclear com bordas reforçadas, ao qual se dá o nome de coilócitos. A citologia e a colposcopia são métodos que alertam o clínico para a presença da LSIL. No entanto, para a orientação terapêutica, é necessária a confirmação histopatológica do grau de atipias. Na visão histológica o epitélio apresenta as células da camada basal com atipia (núcleos aumentados, sobrepostos, irregulares) e hiperplasia que no máximo ocupa o terço interno do epitélio. A grande maioria dessas lesões apresenta coilocitose. As características colposcópicas sugestivas de alterações de baixo grau são: Superfície lisa com borda regular, alteração acetobranca leve que aparece tardiamente e desaparece rapidamente, pontilhado fino e mosaico regular. Tanto a citologia convencional quanto a citologia em meio líquido apresentam até 25% de falso negativo e menos de 4% de falso positivo. As principais causas de limitação do exame colpocitológico são: Problemas na coleta, citólise, processos inflamatórios como tricomoníase, candidíase e gardnerose e uso de DIU, levando a reações celulares intensas. A tricomoníase é a maior produtora de “mímicos” de HPV, tanto em nível citológico, histológico e também colposcópico. São alterações celulares que podem ser confundidas com aquelas observadas nas atipias intra-epiteliais, sugerindo coilócitos. Na presença de coilócitos em esfregaços inflamatórios deve-se repetir o exame após o tratamento do agente.

Detectar o HPV (biologia molecular) em mulheres abaixo de 30 anos, com diagnóstico de LSIL, é limitado, em virtude da alta positividade para esse vírus. Isso pode causar um impacto psicossocial negativo na paciente e seus familiares. O estudo ALTS concluiu que o teste de captura híbrida apresenta um limitado potencial para direcionar decisão de acompanhamento de mulheres com LSIL. Do ponto de vista prático, a utilização da biologia molecular no manuseio de pacientes portadoras de lesão intraepitelial de baixo grau não oferece nenhuma vantagem adicional. A prevalência das LSIL varia entre 3 e 5% das mulheres sexualmente ativas e, segundo vários estudos, o percentual de regressão é alto, chegando a 90% em adolescentes na faixa dos 13 aos 21 anos de 50 a 80% em mulheres adultas. A grande maioria das mulheres vai adquirir o HPV nos primeiros anos de atividade sexual, ficando na forma latente. A minoria apresentará uma infecção persistente, que pode ficar anos sem manifestação, sendo desconhecido o tempo necessário para o surgimento das lesões. Cerca de 1% dos casos poderá evoluir para câncer. Até o presente momento, não existe método definitivo capaz de identificar as mulheres portadoras de lesão intraepitelial de baixo grau que irão regredir espontaneamente, quais irão persistir ou quais irão avançar para lesões mais graves. Alguns biomarcadores têm sido estudados para predizer tal evolução: Nas pacientes com lesão no colo uterino, quanto maior o grau de displasia maior a expressão da P16 (Jovi M. 2008). Foi feito um estudo in vivo para testar a expressão dos receptores androgênicos, nos casos de lesões escamosas do colo uterino. Os receptores androgênicos foram observados em 100% dos epitélios normais e nas LSIL, em 63% das HSIL (lesões de alto grau) e somente 23% dos carcinomas. É o primeiro estudo que mostra que a menor expressão do

receptor androgênico é um evento frequente e comum nas lesões de alto grau e carcinoma (Noel e cols. 2008). Estudos recentes, que incluíram mais de 1200 mulheres, confirmaram que a taxa de progressão das lesões de baixo grau para lesões mais graves foi menor que 9%, em dois anos de seguimento. Em virtude da alta probabilidade de regressão das LSIL, a maioria dos estudos recomenda seguimento, sem tratamento, das mulheres portadoras dessas lesões, se a colposcopia é satisfatória, desde que essas mulheres possam ser acompanhadas. O seguimento ideal deve ser realizado com citologia e colposcopia em intervalos de seis em seis meses por dois anos. Leitura complementar recomendada: Guido, R. ; Schiffman, M. ; Solomon, D.et al. ASCUS LSIL Triage Study (ALTS) Group. Postcolposcopy management strategies for women referred with lowgrade squamous intraepithelial lesions or human papillomavirus DNA-positive atypical squamous cells of undetermined significance: a two-year prospective study. Am J Obstet Gynecol, 188(6): 1401-1405.2003

Dr. André Ricardo Silva da Costa Presidente do Comitê de Patologia do Trato Genital inferior e Colposcopia da SOGIMIG

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 4

21/10/2009 11:53:29


Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

5

Científico

Ultrassom Obstrétrico Tridimensional DIVULGAÇÃO

Com os avanços da imagem tridimensional na Obstetrícia, um espectro de anomalias fetais pode ser mais facilmente demonstrado no período pré-natal. Algumas anomalias fetais podem ser diagnosticadas durante o primeiro trimestre com o uso dessa técnica, propiciando às pacientes a opção de um aconselhamento e diagnóstico precoces. O ultrassom 3D (US 3D) permite avaliação da anatomia fetal de maneira estática, enquanto o US 4D avalia em tempo real, portanto, observando o seu movimento. A quantidade adequada de líquido amniótico ao redor da área de interesse ajudará na obtenção de uma imagem adequada. Os volumes podem ser avaliados no momento da sua aquisição ou, posteriormente, por médicos que não estejam presentes no momento do exame. Isto propicia uma grande vantagem nas áreas geográficas onde o acesso a médicos especialistas é restrito. O uso do US 3D e 4D são coadjuvantes do US 2D no correto diagnóstico de diversas patologias tanto no primeiro como a partir do segundo trimestre de gestação. No primeiro trimestre a aplicação do US 3D pode auxiliar na medida da translucência nucal. Outro uso é no diagnóstico e avaliação das anomalias do SNC, pois como nesta fase da gravidez não há ossificação do crânio, o cérebro pode ser visibilizado em qualquer plano. Acrania e a exencefalia têm sido descritas precocemente já com sete semanas assim como a espinha bífida. A avaliação das extremidades fetais, incluindo a avaliação dos dígitos, movimentos dos membros e estudo dos ossos, tem sido descrita em gestações iniciais pelo US 3D. Isto tem permitido diagnósticos precoces nos casos complicados como displasia esquelética, síndrome da banda amniótica e defeito isolado de membro. A partir do segundo trimestre, o uso do US 3D está emergindo como uma ferramenta para melhorar a avaliação de diversas estruturas como o cérebro, a face e o coração fetais. O modo multiplanar é usado freqüentemente para a avaliação do SNC. Estudos recentes, utilizando o US 3D na avaliação do

SNC fetal, têm demonstrado melhora na visibilização de estruturas da linha média, como o corpo caloso e o vêrmix cerebelar. O uso do US 3D na avaliação e diagnóstico de anomalias do SNC é promissor, particularmente como complementação ao US 2D. O uso do US 3D na avaliação da face fetal está bem estudado. A reprodução de imagens que se assemelham de perto à superfície da face fetal explica a atração desse método pelas empresas comerciais, pois pode levar a um efeito positivo no vínculo entre os pais e o feto. Uma das anomalias fetais mais estudadas usando do US 3D é a identificação e extensão da fenda labial e/ou fenda palatina. A imagem do lábio leporino e da fenda palatina melhorou muito nos últimos dois anos devido a novas técnicas que foram introduzidas. Contudo, na prática clinica, nós estamos apenas começando a entender as limitações e benefícios do US 3D na avaliação dos lábios e do palato. Dada a complexidade do coração fetal, o diagnóstico pré-natal das malformações cardíacas é um desafio. O diagnóstico dos defeitos cardíacos fornece aos pais um melhor aconselhamento, incluindo a antecipação dos cuidados pós-natais e o parto em um centro terciário. Tradicionalmente o diagnóstico dos defeitos cardíacos pelo US 2D se restringe na visão de quatro câmaras e dos tratos de saída dos ventrículos direito e esquerdo, com uma taxa de detecção acima dos 78%, o que está diretamente ligada à qualidade do aparelho de US e da experiência do operador. A acurácia diagnóstica dos defeitos cardíacos tem a possibilidade de melhorar utilizando o US 3D. Especificamente, as imagens “STIC”, que é uma ferramenta do US 4D para a avaliação do coração fetal, permitem a aquisição de imagens por operadores inexperientes para posterior interpretação pelos ecocardiografistas. A aquisição do volume pelo “STIC” é automática e consiste em milhares de imagens obtidas por meio de uma única varredura. Apesar do US 3D ter permitido uma melhora na acurácia diagnóstica, ele tam-

bém tem limitações. Algumas delas podem ser modificadas pelo operador, enquanto outras não. Fatores como a posição e os movimentos fetais, idade gestacional avançada e oligohidramnia podem interferir na aquisição das imagens. Outra limitação inclui a criação de um resultado falso positivo, por exemplo, quando a sombra provocada sobre o maxilar cria a aparência de uma fenda. Mesmo com o aumento, nos últimos dois anos, das publicações relacionadas às novas técnicas do US 3D em Obstetrícia, o US 2D continua sendo o método padrão para avaliação da anatomia fetal enquanto o US 3D é, paulatinamente, usado como um adjuvante para maior avaliação e diagnóstico fetal. Não há dúvida, porém, que o US 3D se tornará parte integrante da pesquisa fetal, não só por expandir suas aplicações no primeiro trimestre como também na avaliação da anatomia fetal. Seu impacto no pré-natal continuará a ser sentido por muitos anos. Referência: Veronique Tache, MD, Maryam Tarsa, MD, Lorene Romine, MD e Dolores H. Pretorius, MD Three Dimensional Obstetric Ultrasound. Semin Ultrasound CT MRI 29:147-155, 2008.

Dr. Aristóteles dos Santos Chaves Presidente do Comitê de Imaginologia da SOGIMIG

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 5

21/10/2009 11:53:30


6

Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

Congresso

Belo Horizonte está pronta para r Glenio Campregher

Praça Sete - Centro de Belo Horizonte

Casa do Baile

Estamos a menos de 30 dias do 53º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia. O entusiasmo e a expectativa são cada dia maiores. Muito se caminhou na organização geral e nos detalhes do evento. Para quem está na organização é muito bom ver hoje todo um trabalho sendo plasmado e concretizado na medida em que novembro se aproxima. A programação científica inclui dezenas de mesas-redondas, 12 sessões interativas com participação ativa dos congressistas, videoconferência Inglaterra/ Brasil (tempo real) e mais de 20 conferências internacionais. Todas as manhãs as atividades serão iniciadas com a "Conversa com especialistas", em que todos poderão tirar suas dúvidas do dia a dia. Contamos com aproximadamente 500 professores convidados. Além desta extensa grade científica, o evento vai contar com atividades paralelas abertas a todos os congressistas (veja o quadro ao lado). O presidente da SOGIMIG, Victor Hugo de Melo, destaca as discussões interativas como uma das inovações do congresso. “Nesta atividade, serão apresentados casos clínicos, com perguntas sobre a condução (diagnóstico e tratamento) e os

participantes terão a oportunidade de responder as perguntas no keyboard (aparelho manual) e discutirão a resposta certa e as erradas, para cada pergunta. É uma boa forma de aprendizagem e de testar os conhecimentos sobre o assunto”, explica. Outro destaque apontado por ele é o Ponto e Contraponto - dois palestrantes abordarão o mesmo assunto, sob dois enfoques: um a favor de determinada conduta ou tratamento e o outro, contra. Ambos deverão apresentar suas justificativas, embasadas em evidências científicas. O presidente da SOGIMIG ressalta a importância de o Estado sediar o Congresso. “É o primeiro brasileiro em Minas, no

cinquentenário da Febrasgo, fundada em Belo Horizonte. Demonstra a capacidade de liderança e organização de Minas para receber os 6 mil congressistas e convidados nacionais, além da participação de palestrantes internacionais”, completa. De acordo com um dos membros da comissão organizadora do evento João Henrique Reis, é uma satisfação semelhante a uma construção na qual existe um projeto no campo das ideias, que vai tomando forma e gradualmente passando para o plano tridimensional, concreto e pode ser visto, sentido, palpado. “O entusiasmo e o ímpeto de trabalho de se buscar o melhor vão crescendo. Isso nos auxilia a lidar com as dificuldades, obstáculos e

:: ll Congresso do Núcleo Brasileiro de Uroginecologia

:: Curso de Assessoria Jurídica e Contábil

:: Simpósio Internacional de Endometriose

Fóruns:

:: Simpósio de Imagem da Mulher :: Curso Teórico prático de Ultrassonografia do Assoalho pélvico :: Curso de Assistência pré-natal para estratégia de Saúde da Família

:: O que o ginecologista precisa saber :: Residência Médica :: Mortalidade materna :: Defesa Profissional :: DST e AIDS :: Violência sexual :: Saúde do Adolescente

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 6

21/10/2009 11:53:32


Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

7

Congresso

a receber congressistas de todo o país Divino Advincula

Arquivo BELOTUR

Lagoa da Pampulha

imprevistos de última hora”, avalia. Segundo ele, as inscrições estão em ritmo acelerado. O Congresso foi bem divulgado e está sendo comentado por todo país e espera-se que toda a Ginecologia brasileira esteja representada. “Os colegas de outras regiões estão se programando para aproveitar o Congresso e desfrutar a cidade e seus atrativos. Grande interesse é demonstrado pelos parques, museus, restaurantes e bares da cidade, além das cidades históricas, circuito Estrada Real etc”, exemplifica. Reis acredita que todo esse interesse e expectativa se justificam pelo que se tem procurado organizar para o 53º Congresso Brasileiro. “Primeiro o programa científico forte, compreensivo, inteligente e voltado para uma verdadeira atualização”, pondera. Serão 15 palestrantes internacionais, todos líderes mundiais nas suas respectivas áreas. Os convidados nacionais foram definidos baseados em critérios de competência e qualificação nos temas específicos. Dr. João Henrique Reis destaca a presença do professor Leon Sperof, um médico e cientista de grande relevância para a Endocrinologia feminina. Um nome que está imortalizado na história da Medicina.

para receber de 6 a 7 mil congressistas. Serão 15 auditórios, duas lanchonetes e um restaurante, oito áreas de convivência, cyber points e ainda uma área de exposição com aproximadamente 3 mil metros quadrados, com expositores do Brasil e do exterior. De acordo com a organizadora da parte social do evento, dra. Maria Inês de Miranda Lima, a abertura terá um coquetel com delícias da culinária mineira. “Teremos ainda música regional, que mostrará o que temos de melhor em Minas. Queremos encantar com nossa hospitalidade, criando programas para acompanhantes, restaurantes, lanchonetes, internet e lounges confortáveis para relax no Expominas”, antecipa. Dra. Maria Inês informa que a festa de encerramento será no clube Labareda, estruturado para receber os convidados. “Queremos muita alegria para festejar o sucesso do Congresso brasileiro”, revela. Em síntese, a hora é agora, a vez é de Minas e todos nós ginecologistas mineiros devemos nos perguntar o que podemos fazer pelo sucesso do Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia em Belo Horizonte. As inscrições pelo site encerramse no dia 31 de outubro. Após p s esta data, inscrições apenas no local.

Ele fará sua última participação internacional no Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia. “Muitos colegas terão o privilégio de testemunhar um momento histórico, além de grande qualidade científica. O professor Sperof é um ícone da Endocrinologia ginecológica e também uma personalidade admirável e acessível, que desfila sua simpatia e cordialidade pelos corredores dos eventos que ele brinda com sua presença”, a”, analisa. Este é o momento de os ginecologisnecologistas de Minas mostrarem sua força. ça. Segundo Reis, o sucesso está ligado a diversos fatores. Ao programa científico, à prograPontu mação social, à logística e organização, nização, ação do CN à rede hoteleira, transporte, entre tre oua Gin A e colog tros. Mas, acima de tudo, o elemento mento ia a Me e Obs dicina tetrícia essencial para o sucesso será a prede Fam : 20,0 a íl U ia ponto r o sença do ginecologista mineiro, que e Com logia: s u 1 n 0 id , a a 0 d p e: 5,0 Endos tem qualidade e contribui para as ontos ponto copia s a Ma Ginec er discussões científicas, além de ser ológic mogra a f ia: 10 : 10,0 a Ult solícito, gentil e acolhedor com oss ,0 po ponto rasson ntos s o g colegas de outros estados. rafia e a Me m G& dicina O: 10 A dra. Cláudia Laranjeira, fetal: a Sex ,0 po 10,0 p ologia ntos o membro da comissão organ tos : 10,0 p o ntos nizadora do evento, lembra que a SOGIMIG e a Febrasgo construíram uma megaestrutura www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 7

21/10/2009 11:53:48


8

Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

XII Workshop da SOGIMIG

Avaliação de um trajeto de sucesso discutidos nossos erros, nossos acertos, nossas mazelas e o mais importante, nosso planejamento com fim único de integrar o Estado de Minas Gerais em diretrizes comuns sob pilares preestabelecidos por cada uma das gestões, fortalecendo esta associação, além de fomentar as inquietações profissionais do momento. Trata-se, desta forma, de uma larga arena democrática com participação e voz ativa da Diretoria, Conselho Consultivo, Vice-presidentes, Diretores Regionais e representantes dos Comitês. Vamos evoluindo e como é emocionante ver diferentes gerações de nossa especialidade bem representadas nestas ocasiões. A história da SOGIMIG fica explícita nestes encontros e nosso respeito à Associação fica exacerbado também. Convém, mais uma vez, reforçar que os modelos de gestão da SOGIMIG são balizadores para outras associações de nossa especialidade por todo o país. Os formatos destes encontros vão sendo esculpidos a cada nova

Clóvis Campos

Embora de origem inglesa, a definição da palavra workshop retrata de forma singular o que realmente acontece em nossos encontros. Essa palavra, ou melhor, conjunção de palavras, significa uma ocasião onde um grupo de pessoas se encontra e trabalha junto com objetivo de lançar e desenvolver ideias sobre determinados objetivos e atividades comuns. Mesmo que necessitemos de uma palavra em nossa língua que abranja toda esta amplitude, a ferramenta usada pela SOGIMIG mostra seu êxito crescente a cada nova versão. Na última versão, realizada em 18 e 19 de setembro de 2009, em Belo Horizonte, a pauta incluiu uma avaliação do andamento do Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO) em Minas e no Brasil; análise dos eventos ocorridos no interior em 2009; definição da logística dos eventos futuros da SOGIMIG e a discussão de temas ligados à defesa profissional. Sob o título de Workshop da Sogimig já foram e serão decididas grades de congressos,

edição de acordo com as demandas. Entendam que nossa sociedade, a SOGIMIG, trata-se hoje de um dos últimos rincões e reduto de uma postura ética e combativa contra uma engrenagem perversa na qual está inserida a grande maioria dos médicos. Marcelo Lopes Cançado Coordenador das Vice-presidências e Diretorias Regionais da SOGIMIG

Defesa à assistência obstétrica de qualidade Buscar a assistência obstétrica de qualidade. O tema foi mais uma vez discutido durante o XII Workshop da SOGIMIG, realizado em setembro. O presidente da entidade, dr. Victor Hugo de Melo, explica que a associação defende o parto seguro, independentemente da via. “Queremos oferecer uma assistência obstétrica de qualidade. Sabemos que a cesariana é pior para a mãe e para a criança e a alta taxa de cesarianas é inexplicável”. A diretora da Defesa Profissional da SOGIMIG, dra. Maria Inês de Miranda Lima, apresentou, durante o workshop a síntese do seminário “Assistência ao Parto Seguro – Posicionamento e Propostas da SOGIMIG”. De acordo com ela, há uma “epidemia de cesáreas” no Brasil. Na Europa é o contrário, pois existe a cultura do “orgulho de parir”. Nos Estados Unidos, a taxa de cesarianas chega a 30%. “No Brasil, houve um aumento na taxa de cesarianas, a partir da década de 80. Em 2006, 45% dos partos realizados no nosso

país eram cesarianas." Segundo a médica, cerca de 92% das cesarianas são realizadas antes do trabalho de parto. E os números não param por aí: no Brasil, há aproximadamente 75 mortes de mulheres a cada cem mil que realizam cesarianas. Em Belo Horizonte, no ano de 2007, esse comparativo chegou a 43 mortes por cem mil mulheres. “Dos partos realizados nos hospitais privados, 84% são cesáreas e nos hospitais públicos esse mesmo número cai para 39%. Esses dados incomodam. Há evidências científicas que mostram que o parto normal é mais seguro, pois há reduções das mortalidades materna e neonatal", disse Maria Inês.

Mortalidade Materna Durante o workshop, a dra. Regina Amélia Lopes Aguiar Pessoa apresentou a palestra “Mortalidade materna: situação em Minas e no Brasil”. Segundo dados apresentados, nos

últimos 40 anos, Minas Gerais e o Brasil quadruplicaram o número de cesarianas. Em 2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que, por minuto, há uma morte materna no mundo. Por ano, são 500 mil óbitos e 495 mil ocorrem em países em desenvolvimento, como o Brasil. De acordo com Regina, a morte materna é evitável, pois “levando em consideração a ciência e a tecnologia existentes, essas mortes poderiam ser evitadas ou até mesmo anuladas. As principais causas são hipertensão, hemorragia e infecção”. Para a palestrante, a mortalidade materna é um fato de responsabilidade social. E, para prevenir, “é preciso melhorar as condições socioeconômicas do povo, adotar políticas de saúde adequadas, melhorar o ensino e o preparo para cuidar da saúde da mulher, aumentar a cobertura pré-natal, melhorar a assistência pré-natal e assegurar o acesso do atendimento em nível secundário e terciário”, destacou Regina Aguiar.

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 8

21/10/2009 11:54:03


Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

9

Seminário

Seminário de Assistência ao Parto

Parto Seguro cia pré-natal, Adequada assistên rpério. no parto e no pue el, com todo o RN saudáv crescimento e seu potencial de preservados. desenvolvimento ável, apta a cuidar Mãe saud do RN. tuato: adequada à si Via de par dominal). ção (vaginal ou ab : indispensável! OBSTETR A

Local: hospital.

Distribuição da Proporção de Parto Cesário em diferentes países

modelo de atuação multiprofissional em ambiente hospitalar, não focando a discussão na via de parto e sim em melhores resultados maternos e fetais”, avaliou. t A representante da Maternidade Odete Valadares e Santa Casa de Belo O Horizonte, dra. Ana Maria Cardoso, falou sobre a morbidade neonatal no f Brasil, por prematuridade e por outras causas e relacionou a prematuridade tardia ao aumento de cesáreas com t menos de 39 semanas. Dr. Frederico Péret, da Maternidade Odete ValadaP res, r mostrou altos índices de mortalidade materna no Brasil e também l da d morbidade, comparando a países como EUA e Canadá. Relacionou c diversos trabalhos referentes à mord talidade e via de parto. t Na mesa-redonda que discutiu a assistência obstétrica, dr. Henrique Vitor Leite mostrou a experiência com a equipe multiprofissional da Maternidade t Risoleta Neves, onde médiR cos c e enfermagem trabalham conjuntamente com doulas e c outros profissionais. o

FONTE: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

A defesa do parto seguro pela SOGIMIG e as recentes polêmicas sobre a assistência ao parto motivaram a realização do I Seminário de Assistência ao Parto da SOGIMIG, realizado nos dias 28 e 29 de agosto. O presidente da SOGIMIG, Victor Hugo de Melo, fez a abertura, abordando a situação da Obstetrícia e dos obstetras, dos altos índices de cesariana, que são o principal motivo de discussão e interferências das entidades. “O objetivo do seminário foi proporcionar reflexão, abrindo espaço para discussão com obstetras da rede pública e suplementar”, explicou. A diretora de Defesa Profissional da SOGIMIG, dra. Maria Inês de Miranda Lima, abordou o panorama da Obstetrícia na atualidade, falando dos diversos tipos de parto, assim como dos diferentes modelos de atendimento na Europa, EUA e Brasil. Ela mostrou os índices de cesárea no Brasil, em especial na rede suplementar e das ações implementadas pelo Ministério da Saúde, pela ANS e comissão de parto normal (Febrasgo, ANS, SBPediatria e CFM). Discutiu o problema das casas de parto, a permissão da Enfermagem para o parto eutócico e as dificuldades que isso traz. “A Febrasgo defende o parto seguro como o

Dra. Rosângela Nascimento e Silva informou sobre o modelo multiprofissional de Juiz de Fora, da antiga casa de parto. Ela falou das dificuldades das maternidades onde não existe médico de plantão e do fato de a paciente ser fidelizada ao obstetra, que é acionado junto com auxiliar e pediatra. Dra. Gisele Cordeiro Maciel, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, falou das ações do "BH parto normal", das parcerias e dos resultados. As maternidades particulares Mater Dei, Vila da Serra, Santa Fé, Maternidade Otaviano Neves e Maternidade da Unimed mandaram representantes que mostraram desde os índices de cesárea até ações para mudar suas estatísticas. Realçaram as diferenças nos percentuais de cesariana quando o parto é realizado por plantonistas ou por médico externo. A dra. Vera Lúcia Fonseca falou dos objetivos da Comissão de parto normal (Febrasgo e CFM junto com ANS) para diminuir a incidência de cesárea no Brasil como estímulo à equipe multidisciplinar e presença de médicos de plantão em todas as maternidades. Também estão sendo realizadas ações para que os planos de saúde paguem aos médicos as horas de acompanhamento do trabalho de parto, conforme previsto na CBHPM.

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 9

21/10/2009 11:54:05


10

Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

Atividades da SOGIMIG

Curso de assistência ao parto Vivemos em um mundo globalizado e temos de estar preparados para enfrentar desafios com bons argumentos e assegurar melhores resultados para nossas pacientes. O curso de Assistência ao Parto, ministrado no dia 15 de agosto, é um bom exemplo. De acordo com o responsável pelo curso e presidente do Comitê de Gestação de Alto Risco da SOGIMIG, dr. Clóvis Antônio Bacha, a ideia é que seja um curso itinerante para promover a capacitação das equipes. Seriam cursos mensais itinerantes dentro das maternidades públicas e privadas. Inicialmente seria feito em Belo Horizonte, com o objetivo de interiorizar o programa. Segundo Bacha, a expectativa é recapacitar o médico obstetra para fazer do parto normal um parto seguro. Ele informou que nas maternidades privadas de Belo Horizonte, 75% dos partos realizados no primeiro semestre deste ano foram cesarianas. “Temos de fazer da cesariana uma exceção e não uma indicação rotineira”, avalia.

Eventos previstos para 2010 Março - 19 e 20 - II Colpominas 25 a 27 - Congresso Mineiro de Imaginologia da Mulher Abril - 10 - III Jornada SOGIMIG do Triângulo de Ginecologia - Obstetrícia 24 - Evento Conjunto Em Viçosa (Muriaé, Viçosa, Ponte Nova, Ubá) Maio - 20 a 22 - V Jornada Sogimig-Unimontes de Ginecologia e Obstetrícia do Norte de Minas 1ª quinzena - Evento Macrorregião Oeste (Divinópolis, Bom Despacho, Pará de Minas) Junho - 23 a 26 - XXXIV Encontro Mineiro de Ginecologistas e Obstetras - Estalagem Das Minas Gerais - Ouro Preto/MG Agosto - Data a definir - III Jornada Materno Infantil de Passos Noroeste em Paracatu Setembro - 6 a 19 - IV Congresso da Região Sudeste da SOGIMIG Última Semana - X Congresso Sul Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia - Lavras Novembro - 1ª Semana - Evento em Teófilo Otoni Dezembro - 04 a 07 - IV Congresso Mineiro de Ginecologistas e Obstetras - Expominas/BH

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 10

21/10/2009 11:54:06


Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

11

Ética

Moral e ética além do código Abordar a questão ética e moral na profissão não deve ficar restrita apenas a normas e condutas escritas em manuais, sobretudo em um tipo de atividade que lida com a vida, como é o caso da medicina. Permeada por uma série de questões, que incluem aspectos econômicos, a prática profissional deve sempre estar vinculada aos princípios éticos e morais. Na opinião do padre João Batista Libânio, quem lida diretamente com a vida, como os médicos, os, obriga obriga-se se a protegê protegê-la la ao extremo. “E a vida vai além da biologia. Abarca a dimensão ão psíquica, afetiva, anímica e espiritual. Tais aspectos não podem ser descuidados. Tato to psicológico e respeito aos sentimentoss religiosos do paciente fazem parte da ética tica da vida para um médico. Cuidado e respeito constituem o binômio ético fun-damental para quem trata com a vida”,, avalia. Padre Libânio ânio acredita que o pensamento kantiano ntiano deve nortear os princípios profissionais. sionais. Ele lembra que Kant formulou muito bem um princípio ético que vale no exercício de toda profissão: “Age de tal maneira que a máxima de tua vontade ontade possa ao mesmo tempo sempre valer como um princípio de uma legislação ão universal” (da Crítica da Razão Prática). ca). Assim cada médico, ao atuar profissionalmente, ssionalmente, na visão de padre Libânio, io, deve se perguntar: se todos os médicos cos agissem assim, como eu o faço agora, a, a humanidade no seu conjunto se tornaria naria melhor? Viveria mais feliz? A convivência ncia humana melhoraria? De acordo o com Padre Libânio, a ética é aguilhão lhão que nos desperta para fazer o bem como exigência fundamental dee todo ser humano e dele resultam benefícios para todos os seres humanos. anos. “A ética gira em torno do bem, da convivência humana,

da justiça, do respeito e do cuidado, especialmente para com os mais necessitados”, completa. Ainda conforme Padre Libânio, no centro de toda relação econômica, eticamente falando, não está o lucro, mas a justiça. “Assim, os planos de saúde visam diretamente a que as pessoas disponham de cuidados nos momentos de doença. E por justiça eles devem serlhes administrados. Esse é o primeiro princípio básico. Todo o resto vem depois”,, analisa. pois

O escritor Frei Betto também compartilha desse posicionamento. Segundo ele, o profissional da saúde, assim como os profissionais em geral, devem ser pessoas rigorosamente éticas. “Não se pode abusar da confiança do paciente, mentir para ele, tratá-lo bem ou mal conforme sua condição social, exigir dispensa de recibo para evitar o fisco etc. A essência da atividade médica é a preservação da vida e de sua dignidade”, afirma. “Sabemos Sabemos que muitos muit casos clínicos dependem também do aspecto como o profissional psicológico, o modo com paciente. Portanto, se relaciona com o pacie tratasse haveria mais curas se o médico m sua mãe, cada paciente como se fosse f ou irmã, seu pai, seu irmão irm conclui Frei Betto. O s aspectos da moral mo médica no cotidiano e a rresponsabilidade indivíduo e a sodo médico ante o ind estruturam-se de acordo ciedade estruturamcom uma necessidade que está em Longe de se diluir constante evolução. Lo ou atenuar a significação da Ética, faz-se ela mais mister do que nunca. nun inerente à vida huSendo a ética ineren mana, sua importância é bastante eviprofissional, porque denciada na vida profiss responsabilidades cada profissional tem res responsabilidades sociais, individuais e responsabil pois envolvem pessoas que dela se beneficiam. indispensável ao A ética é ainda ind profissional, porque na ação humana "o fazer" e "o agir" estão estã interligados. O fazer diz respeito à ccompetência, à deve eficiência que todo profissional pro bem a sua propossuir para exercer be fissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto conjunt de atitudes de que deve assumir no desempenho de sua profissão.

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 11

21/10/2009 11:54:09


12

Informativo SOGIMIG | jul e ago | 2009

www.sogimig.org.br | Belo Horizonte | MG

sogimig jul ago2 novo1.indd 12

21/10/2009 11:54:12


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.