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E D I TO R IAL
Jose Emilson Motta Barros de Oliveira Júnior Presidente ABO-CE
ABO, a Casa do Dentista
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mbora entenda que o Dentista deve ser parabenizado todos os meses pela sua luta diária, outubro é intitulado “o mês do Dentista” por ser nele o dia do dentista, ou melhor, os dias comemorativos do dentista, dias 3 e 25 do Dentista Brasileiro. Em nossa casa todos os anos recebemos os colegas para come moração desta data tão especial, 25 de outubro, Dia do Dentista Brasileiro. Este ano tivemos uma surpresa, reformamos e atualizamos nosso auditório. Novo reves timento do piso, reformas em portas e janelas, nova iluminação, toda em led, sonorização de última geração com caixas acústicas de excelência e equipamentos totalmente digitais. Ainda em outubro chegará o novo projetor de 7 mil lúmens com lift e a gigante tela automática, que receberá a imagem.
Isso tudo reflete a preocupação de nossa Diretoria em atender aos anseios de nossos associados e de toda a comunidade odontológica. Precisamos estar sempre antenados no feedback da classe. Contratamos recentemente uma empresa de comunicação especializada em redes sociais para estarmos cada vez mais alinhados com nossos associados. O programa de benefícios ABO MAIS será incrementado com pontos de fidelidade. Agora seus produtos e benefícios ABO poderão não ter mais custos para você. Imagine você fazer cursos na UNIABO e usufruir de vários benefícios, como plano de saúde bem mais barato, condição especial de seguros, escolas, academias, restaurantes e estes que irão pagar indiretamente a sua anuidade! Venha conhecer mais da sua ABO-CE! A sua casa...
O programa de benefícios ABO MAIS será incrementado com pontos de fidelidade, agora seus produtos e benefícios ABO poderão não ter mais custos para você. Imagine! Você fazer cursos na UNIABO e usufruir de vários benefícios.”
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N E STA E D IÇ ÃO
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ENTREVISTA A toxina botulínica na prática odontológica, com o cirurgião dentista prof. Altamiro Flávio Ribeiro Pacheco
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ARTIGO Atendimento: um diferencial no mercado odontológico
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ARTIGO CIENTÍFICO Relato de Experiência para um Padrão de Higienização Bucal e Protética em Idosos Dependentes
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ARTIGO CIENTÍFICO O exercício da Odontologia em ambiente hospitalar no Brasil: legislação e importância
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ARTIGO CIENTÍFICO Tratamento cirúrgico das fissuras palatinas
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NOTAS
OPINIÃO Desconstruindo a política: do gerador de repulsa o instrumento de fortalecimento e união, por Tarciso Sindeaux
ESPAÇO ACADÊMICO Serviço acadêmico de cirurgia e implantodontia do Centro Universitário Católica de Quixadá
Associação Brasileira de Odontologia - Seção Ceará Rua Gonçalves Lêdo, 1630 - Joaquim Távora CEP 60.110-261 - Fortaleza - Ceará Fone: (85) 3311 6666 | www.abo-ce.org.br | revistaodontonordeste@gmail.com Presidente: José Emilson Motta Barros de Oliveira Júnior Vice-Presidente: Perboyre Gomes Castelo Júnior Secretário Geral: Elis Regina Vasconcelos Farias Aragão 1º Secretário: Ivany Soares de Sousa Tesoureiro Geral: José Maria Sampaio Menezes Júnior 1º Tesoureiro: Benício Paiva Mesquita Diretor Científico: José Bonifácio de Sousa Neto Diretor Social: Rochelle Correa de Alencar Diretor de Assuntos Políticos e Assistência: Francisco José de Aguiar Ferreira Diretor de Sede de Patrimônio: Antônio César Josino Rodrigues Diretor de Esportes: Felipe Martins Leite Diretor de Biblioteca: Abrahão Cavalcante Gomes de Souza Carvalho Diretor de Informática: João Paulo Viana Braga Diretor de Clínica: Ana Valéria Onofre Cruz Diretor de Divulgação: Davi Oliveira Bizerril Diretor Acadêmico: José Tarciso Sindeaux Gurgel Neto
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Jornalista Responsável: Alessandra Silva (MTE CE0003146JP) Concepção Gráfica e Edição de Arte: GMS Studio - Glaymerson Moises Publicidade: NSF Publicações - (85) 3253 1211 - comercial@nsfpublicacoes.com.br Periodicidade: Bimestral | Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Pouchain Ramos Gráfica e Editora | Distribuição: Gratuita A Revista Odontonordeste.com não se responsabiliza pelos serviços e produtos de empresas que anunciam neste veículo de comunicação, as quais estão sujeitas às normas de mercado e do Código de Defesa do Consumidor. Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução dos artigos não científicos desde que citada a fonte. Os artigos científicos ficam sujeitos à autorização expressa dos autores.
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E N T R E V I S TA Por Alessandra Silva
A toxina botulínica na prática odontológica Há décadas a toxina botulínica era utilizada exclusivamente para fins estéticos, como amenizar rugas e marcas de expressão. Desde 2014, a neurotoxina, é autorizada para uso nos consultórios e clínicas odontológicas, ga nhando cada vez mais adeptos. Para compreendermos melhor sobre a utilização da toxina botulínica na odon tologia, a Revista Odonto Nordeste conversou com o cirurgião dentista prof. Altamiro Flávio Ribeiro Pacheco. Odonto - Quando as pessoas escutam a palavra toxina botulínica, logo pensam em tratamento estético. Mas, sabemos que a toxina já está sendo utilizada na odontologia. Gostaria que o senhor explicasse como a toxina botulínica começou a ser utilizada na odontologia. Altamiro Pacheco - A entrada da toxina botulínica na odontologia se deu por pura necessidade. Ou seja, algumas correções de problemas odontológicos são bem solucionadas com toxina botulínica. Um exemplo disso são as assimetrias de sorriso. Nestes casos, antes do planejamento de aumento de coroa clínica cirúrgico é necessário o nivelamento dos lábios com toxina. O mesmo acontece nos casos de prótese total, em que acertamos o plano de cera de acordo com a posição do lábio. Podemos corrigir lábios desnivelados previamente a este procedimento. Ao final de reabilitações complexas de pacientes com bruxismo, muitas vezes os dentistas conviviam com fraturas nas restaurações executadas, o que frustrava os dentistas e também os pacientes. Surgiu então a ideia de aplicar toxina botulínica nos músculos masseter e temporal. Isto deu sobrevida às reabilitações concluídas. Mais recentemente o uso deixou de ser apenas pósoperatório nas reabilitações e passou a ser também pré-operatório, ao perceber, antes da reabilitação, que o paciente possui musculatura mastigatória hi per cinética (força aumentada), evitando assim a perda de cimentação dos provisórios. Nos casos de recuperação de dimensão vertical de oclusão, entendendo
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que, segundo Dawson (2008), a DVO é determinada pelo comprimento dos músculos elevadores da mandíbula, passou-se a aplicar a toxina botulínica no préoperatório para que a musculatura mastigatória, antes encurtada, possibilitasse a recuperação da DVO, ao ter seu correto comprimento reestabelecido. Odonto - E o que é essa toxina? Altamiro Pacheco - É uma neurotoxina, produzida pelo Clostridium Botulinum (agente causador do botulismo). Odonto - Como age a toxina botulínica? Altamiro Pacheco - Esta neurotoxina é um potente relaxante muscular, capaz de moderar contrações musculares excessivas, como no caso dos pacientes que tem bruxismo (parafunção), em que se injeta nos músculos mastigadores. Odonto - Quanto tempo dura o efeito da toxina botulínica? Altamiro Pacheco - Existem diversas formulações de toxina botulínica no mercado. A que eu utilizo, o Botox (Allergan) tem um efeito perceptível por aproximadamente 6 meses. Odonto - Em quais procedimentos a toxina botulínica é utilizada? Altamiro Pacheco - Na odontologia ela pode ser utilizada para tratar casos de: sorriso gengival superior e/ ou inferior, aumento do ângulo nasolabial (empinar nariz), hipertrofia de masseter, sialorréia, assimetrias labiais, reeducação mastigatória (mastigação unilateral), tratamento da cefaleia tensional. Odonto - O uso da toxina botulínica apresenta alguma reação adversa após sua utilização? Ou alguma contraindicação? Altamiro Pacheco - Não. Não existe contraindicação específica para o uso na Odontologia, apenas as relatadas em bula. No entanto, vale lembrar que, após aplicação de toxina botulínica, a face do paciente deve
ficar em repouso, ou seja, está contraindicada a aplicação de toxina botulínica no início do atendimento e a posterior execução de qualquer procedimento odontológico na mesma sessão. O ideal é que a toxina botulínica seja aplicada ao final da sessão ou em uma sessão especifica para a sua aplicação. Odonto - Quais os benefícios da toxina botulínica para o paciente? E para o cirurgião dentista? Altamiro Pacheco - Um dos benefícios do uso da toxina é que o paciente pode contar com um tratamento que tem atuação local. Pois, com o uso da toxina torna-se desnecessário os antigos tratamentos sistêmicos, que produzem efeitos colaterais diversos. Ao utilizar a toxina botulínica em seus pacientes, o cirurgião dentista verá os impactos quanto á conservação dos trabalhos odontológicos realizados, nos casos em que o paciente apresenta parafunção. Ela também
é capaz corrigir aspectos estéticos desagradáveis como assimetrias, hipermobilidade labial e volumes excessivos dos músculos orbiculares do lábio e/ou masseteres.
(...) o uso deixou de ser apenas pós-operatório nas reabilitações e passou a ser também pré-operatório, ao perceber, antes da reabilitação, que o paciente possui musculatura mastigatória hipercinética (...)
Odonto - Quanto á regulamentação do uso da toxina botu línica no Brasil. Seu uso está aprovado? Quem o regulamento, acompanha e fiscaliza? Altamiro Pacheco - O uso da toxina botulínica está aprovado no Brasil. A instituição responsável por regulamentar à utilização na odontologia é o Conselho Federal de Odontologia. O qual, após três anos de proibição (2011-2014), liberou o uso da toxina botulínica, conforme resolução 146/CFO.
Odonto - O profissional que está interessado em se aprofundar sobre o uso da toxina botulínica, o que deve fazer? Onde pode encontrar informação e formação? Altamiro Pacheco - Existem cursos de capacitação, em diversos formatos, que abordam o tema. Um fator importante a ser observado é a carga horária. Prefiro aqueles com 3 dias de duração (8 horas diárias). Além disso, é fundamental que os cursos envolvam teoria, exercícios laboratoriais e aplicações clínicas. Outro fator importante que, após um período, entre 14 e 30 dias, haja a possibilidade do aluno rever os casos aplicados e compare os resultados mediante as fotografias de antes e depois do procedimento. Assim ele realmente poderá avaliar o efeito da aplicação que realizou durante o curso. Outra possibilidade, bem interessante, é o estudo dos efeitos da toxina por meio da contemplação da musculatura da mímica e mastigatória em cadáveres frescos dissecados, o que fazemos (duas vezes por ano) em nosso curso para brasileiros em Miami.
Prof. Altamiro Flávio Ribeiro Pacheco Especialista em Prótese pela UFU. Professor do curso de Especialização em Dentística da ABO-GO. Membro credenciado da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE). Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais (SBTI). ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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ARTIGO
Atendimento: um diferencial no mercado odontológico A globalização que surgiu em meados na década de 80 possibilitou uma rápida mudança no cenário econômico e uma profunda alteração no mercado, como também alavancou a criação e a expansão das empresas, em virtude do avanço da era informacional e tecnológica e com isso ampliando a comunicação entre os mercados. Com ajuda interina deste fator mercadológico, motivou o desenvolvimento das empresas, e consequen temente o surgimento da concorrência entre elas, força esta que impulsiona as empresas a serem cada vez mais competitivas. Por esta razão, entende-se que o mercado é sútil, sensível e rápido para mudar de direção e com isso amplia a responsabilidade dos consultórios odontológicos, pois eles representam uma parcela desse mercado maior e complexo, no qual estão inseridos outros mercados. O mercado odontológico sofreu inúmeras transformações, pois foi alvo de inovações tecnológicas e criação de mais faculdades de odontologia, tendo como consequência um aumento significativo no número de dentistas no país. É imprescindível notar que a cada ano, novas fa culdades conseguem autorizar junto ao Ministério da Educação, o funcionamento do curso de Odontologia, e com isso ampliando a oferta do ensino à essa área. Por esta razão, não é difícil perceber que a cada semestre que se encerra mais profissionais são inseridos nesse mercado, que nem sempre apresenta uma flexibilidade para receber esses novos formandos. Diante deste novo cenário, o dentista precisou intensificar sua atenção e aprimorar os seus conhe-
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cimentos, preocupando-se sempre em oferecer aos pacientes serviços de excelência e qualidade. Partindo-se do princípio que o mercado odontológico sofre muitas dificuldades quando nos referimos a concorrência, entra um novo aspecto em ques tão, que é um fator chave nesse processo, chamado atendimento. O atendimento possui uma enorme importância dentro desse mercado, quando nos referimos á concorrência que existe entre os consultórios odontológicos. As clínicas, hoje em dia, não podem mais oferecer o mesmo serviço que há 10 anos atrás se oferecia, porque o mercado é muito tendencioso, e oscila sempre para o lado que tem mais atrativos. Diante desse novo cenário, em que vivemos, o dentista precisa intensificar sua atuação, e entender que o mercado está cada vez mais competitivo e que é necessário um diferencial nesse processo, capaz de atrair os clientes de uma forma que ele possa ganhar cada vez mais espaço nesse mercado.
O perfil ideal do atendimento odontológico
O odontólogo deve aprimorar seus conhecimentos e focar a sua preocupação em oferecer aos pacientes serviços de excelência e qualidade. Partindo do entendimento que prestar um serviço, todo dentista presta, mas prestar um serviço com qualidade e excelência, é mais garantia de uma conquista maior nesse mercado odontológico. Portanto, existe uma forte necessidade em prestar um serviço de qualidade, pois já não basta ter apenas clientes satisfeitos, ou seja, aqueles que satisfazem as
suas necessidades, é necessário a existência de clientes encantados, ou seja, aqueles que superam as suas expectativas em relação ao serviço que receberam no consultório. Mialhe, Gonçalves e Carvalho (2008), afirmam que: “para que os serviços de saúde possam ser aprimorados, julga-se importante a avaliação da satisfação de seus usuários.” O mercado odontológico exige mais do que uma simples satisfação, isso tudo porque hoje temos muitos profissionais formados e treinados atuando na área, e a tendência é aumentar o número de odontólogos a cada semestre que se avança, porque o curso está se tornado cada vez mais acessível à população. É notório salientar que, o profissional que não se preocupa com os seus clientes, aquele que não pergunta a opinião, e até mesmo que não procura prestar um serviço de qualidade, acaba perdendo clientes, e isso a um longo prazo pode ocasionar sérios proble mas financeiros. Outro fator que ao invés de ajudar acaba dificultando é o avanço tecnológico, principalmente do advento das redes sociais. Um bom profissional se preocupa com a satisfação do cliente e até mesmo com o que ele está pensando do atendimento que recebeu, visto que mais vale um cliente satisfeito, do que dois não satisfeitos.
Um cliente insatisfeito tem um grande poder negativo, e principalmente quando utiliza as redes sociais como desabafo. Por isso a vigilância e a preocupação deve redobrar em cada atendimento realizado.
(...) é necessário a existência de clientes encantados, ou seja, aqueles que superam as suas expectativas em relação ao serviço que receberam no consultório.”
Uma dica muito boa seria a implantação de uma ouvidoria nos consultórios, para medir a satisfação dos seus clientes e até mesmo servir como estratégia para con quistar novos clientes, através de indicações e também reconquistar os pacientes que mudaram de dentista. É imprescindível ás clínicas por menores que sejam, ter esse tipo de acompa nhamento dos seus clientes, visto que eles são a causa principal do seu funcionamento, pois eles representam o financeiro que provê e sustenta os recursos humanos e operacionais dos consultórios odontológicos. Esta busca de novos modelos de atuação levou os profissionais da odontologia a preocupar-se com a gestão e o marketing do consultório, desenvolvendo ações que aprimorasse os serviços oferecidos, focando sempre na satisfação do paciente. Segundo Nana (2012),
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A qualidade do atendimento é uma responsabilidade de toda a equipe do consultório e deve ser praticada em todos os momentos”.
Afinal, o paciente é a razão de todo o funcionamento do consultório. É pensando nele que o dentista se especializa, participa de cursos, mee tings e congressos. É o paciente o responsável pelas visitas às feiras comerciais e as longas esperas nas filas, para conhecer novos produtos, aprender a manuseá-los, tudo que facilite o dia a dia do consultório e possibilite a realização de tratamentos inovadores, duráveis e que satisfaçam as necessidade e desejos do seu público (NANA, 2012).
Conforme a autora, os pacientes são os principais componentes nessa relação, pois além de prover a parte financeira necessária para o funcionamento das clínicas, também são os recursos motivadores dos dentistas. Nessa relação, podemos dizer que um não sobrevive sem o outro, visto que os dois se complementam em suas necessidades e desejos. Os clientes precisam do atendimento dos dentistas, e esses por sua vez precisam também dos seus pacientes. É muito comum hoje em dia, os dentistas terem a preocupação de ter uma boa relação com os seus clientes, e inclusive alguns deles formam um excelente convívio de amizade e confiança. A relação entre eles antigamente, não era da mesma forma como é hoje, pois era baseada no medo e na ansiedade, era mais técnico do que humano. Hoje essa relação está mudando, e podemos perceber uma melhoria, invertendo esse processo, e conseguindo ser mais humano no atendimento odontológico. De acordo, com Nana (2012), esse relacionamento
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“dentista x paciente” ocorreram mudanças. A mais significativa foi a forma como o dentista passou a ser visto pelo seu público, o que antes era uma relação de medo e ansiedade, passou a ser uma relação de confiança. Conforme a autora, esta nova imagem que o público tem do dentista, é resultado de exaustivos trabalhos, e longas pesquisas que trou xeram para o mercado da odontologia tratamentos diferenciados aos seus pacientes, partindo do princípio que nem todo paciente é igual ao outro, pois cada um tem a sua peculiaridade, e precisa ser atendido de acordo com essa característica. É imprescindível notar que este novo perfil de cliente, é mais seletivo e exigente, e que procura sempre o melhor serviço. O paciente que não fica satisfeito com o resultado de um atendimento, ele tende a não retornar ao consultório, e mesmo que tenha plano odontológico, tende a cancelar e mudar para outro plano. Isso tudo, porque o mercado é variável, e cada vez mais procura por melhores serviços. O cliente tem se tornado cada vez exigente, e procura sempre aquele serviço que melhor atenda às suas necessidades. Segundo Nana (2012): A postura e a qualificação do dentista são de fundamental importância nesta relação, mas precisa ser acompanhada de toda a excelência no conjunto dos serviços que são prestados. O atendimento inicial, o pós-atendimento, o ambiente interno, a localização do consultório, a equipe de trabalho, são alguns dos fatores relacionados e que merecem cuidados constantes. A qualidade do atendimento é uma responsabilidade de toda a equipe do consultório e deve ser praticada em todos os momentos. Seja com os novos ou antigos pacientes, independente do perfil de cada um, de cada situação vivenciada.
De acordo com a autora, é imprescindível a qualidade na prestação dos serviços odontológicos, pois constitui um diferencial nesse mercado tão competitivo. É essencial que a qualidade aplicada no consultório de odontologia seja construída sobre as dimensões técnica (conhecimento científico aplicado), interpes-
soal (relacionamentos entre dentistas, pacientes, equipe de auxiliares e técnicos) e ambiental, que se preocupa com o bem estar e conforto do paciente.
Considerações Finais
É necessário que os dentistas não percam o foco no atendimento, e priorizem cada paciente como sendo de grande valor. E não permitir que a rotina do consultório e o stress do trabalho possam “mecanizar” o atendimento, fazendo com que sejam perdidos detalhes como cordialidade, atenção, simpatia, objetividade e o “sorriso”. Aos dentistas cabe a responsabilidade de ser o iniciador neste processo da qualidade e criar dentro de sua equipe de trabalho multiplicadores do bom atendimento. Quando o clima de comprometimento está presente na rotina do consultório os trabalhos fluem com maior facilidade, e esta harmonia reflete nos pacientes, originando laços de relacionamentos duradouros que fidelizam seu público. E com isso conquistarão esse diferencial de mercado, capaz de unificar os laços de confiança, amizade e respeito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIALHE, Fábio Luiz Mialhe. GONÇALO, Camila. CARVALHO, Lígia Maria Sato. Avaliação dos usuários sobre a qualidade do serviço odontológico prestado por graduandos do curso de Odontologia da FOP/ Unicamp. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rfo/ article/viewFile/585/379. Acessado em: 10 Set. 2016. NANA, Márcia. Qualidade no atendimento como diferencial competitivo no consultório. Revista Dentistry. Ed 52. Dez/2012. Disponível em: http://ideiaconsultoria.blogspot.com.br/2013/02/qualidade-no-atendimento-como.html. Acessado em: 07 Set.2016.
AUTOR Ciro Gomes de Lira Graduado em Administração de Empresas pelo Instituto de Ensino Superior de Fortaleza. Pós-graduando em Políticas ODONTO NORDESTE | ABO-CE 13 Públicas e Seguridade Social pelo Centro de Ensino Superior do Ceará.
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OP I N I ÃO Tarciso Sindeaux Aluno do 7º Semestre de Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Ceará. Secretário-Geral do Centro Acadêmico Raymundo Gomes. Diretor Acadêmico da ABO-Associação Brasileira de Odontologia, Seção Ceará. Bolsista PIBIC – FUNCAP. Integrante desde 2012 do CENTRAU - Centro de Trauma Buco-Dentário.
Desconstruindo a política: do gerador de repulsa ao instrumento de fortalecimento e união
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migos e amigas venho aqui falar de um tema bastante controverso, polêmico e, por muitas vezes, demonizado nas conversas e fóruns sociais a qual frequento, que imagino que sejam bem parecidos e semelhante aos espaços ocupados pelo leitor: A POLÍTICA! Como Secretário Geral do Centro Acadêmico Raymundo Gomes (Odontologia-UFC) e participante do movimento estudantil da UFC, me interessa bastante o que considero ser a ciência dos relacionamentos públicos e sociais, e sempre apreciei uma boa e civilizada discussão a esse respeito, e vez ou outra, em roda de amigos ou em redes sociais, as pessoas se incomodam quando se trata dessa temática. Lembro-me que certa vez, em um grupo de Whats App que tem como temática a valorização da odontologia e da classe odontológica, um colega postou uma reportagem a respeito de um dos candidatos a prefeito de Fortaleza e foi o suficiente para ser rechaçado e repelido por outros membros que alegavam que “ali não era local para se falar de politica”. Esse e outros episódios semelhantes me levaram á algumas indagações: • Primeiramente, será que TUDO o que entendemos por política se resume à propaganda partidária e o ato de fazer propaganda/campanha? • Será, realmente, que nós, pessoas esclarecidas, graduadas, experientes, integrantes da elite intelec-
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tual do país, achamos que é possível à mudança da visão da sociedade sobre nós e a valorização da nossa classe, sem que haja, no mínimo, um esmiuçado debate a respeito das relações sociais que nos regem? Como cobrar uma valorização por parte da sociedade, se não entendermos a sociedade e por quais motivos estamos nessa situação? Ao analisar essa situação recordei-me que, por muitas vezes, o assunto “política” é prontamente marginali zado em muitas discussões por ser um “assunto que não se discute”. Cresci escutando meus pais dizerem que “Religião, Futebol e Política não se discute”. Algo que nos é ensinado para evitar conflitos, combates e discussões, conceitos mal vistos pela turbulência gerada em diversos sentidos. Temos que tirar esses conceitos do enraizado campo pessoal e trazê-los para o campo das ideias e assim gerar um novo sentido para o que é conflitar, debater e discutir política, trocando em miúdos, temos que esquecer as pessoas políticas e nos atinar para o que a política é em sua origem mais pura: IDEOLOGIA! A política abrange muito mais aspectos do que uma simples legenda, homens públicos ou desejos unificados de uma bancada. Apesar da corrupção, da falta de decoro e dos esquemas de lavagem, a política deve ser debatida não com a pequenez dos desejos partidários, mas com a grandeza dos gestos, a firmeza de ideologias populares e não populistas, o cerne social e não capitalista das políticas públicas.
Política é a essência das relações entre humanos e entre grupos sociais. Mesmo quando estas relações parecem afetadas pela contrariedade de opiniões, temos que perceber que a contrariedade, por vezes intransigente e inflexível nas relações políticas, não significa que o debate seja feito sempre de maneira radical, acirrada e incontestável por cada parte, surgindo, então, a possibilidade de aplicarmos um conceito formador da identidade política de um sujeito: o diálogo. Podemos então, interpretar que além da “politicagem” habitual que reside na cabeça de muitos, a política pode ser também um agregador de classe, visto que são pessoas diferentes, com pensamentos e conceitos diferentes, lutando por um objetivo em comum e que encontram nisso um motivo para debater e se aproximar. Para finalizar, então, gostaria de deixar para os leitores uma reflexão superficial sobre se devemos ou não discutir política. Conscientemente responda pra Você mesmo, como podemos resolver a falta de fiscalização existente no sistema? Onde leigos continuam fazendo barbaridades, onde o piso salarial não é pago de acordo com a Lei, onde profissionais são explorados e se submetem a honorários ínfimos, onde colegas usam a
força de trabalho de recém-formados para enriquecer, e todas as outras mazelas que estamos cansados de destacar, e que muito pouco tem mudado. Como unir uma classe profissional marcada pela individualidade, onde a maioria dos colegas não se preocupa com os problemas que atingem a categoria, mas apenas com aqueles que dizem respeito a si mesmo? Por que ao in- Temos que tirar vés de repugnar e obstar a política, esses conceitos do não a utilizamos para nos fortalecer perante o sistema e nos unir perante enraizado campo pesnós mesmos? Minha opinião é que soal e trazê-los para temos que aprender a discutir e a di- o campo das ideias e, alogar assuntos políticos sem paixão nem pré-conceitos, mas com razão, assim, gerar um novo procurando entender a realidade do sentido para o que é colega sem julgá-lo, se identificando conflitar, debater e nas problemáticas comuns e tendo discutir política (...) a empatia para ajudar mesmo quando a adversidade não te prejudica, e assim sentir-se pertencente à política... a minha política... a sua política... a política dos colegas... a nossa política.
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ARTIGO CIENTÍFICO
Relato de Experiência para um Padrão de Higienização Bucal e Protética em Idosos Dependentes Standard Operating Procedure for oral and prosthetic hygiene in the dependent elderly RESUMO
Introdução. A realidade do idoso institucionali zado consiste em precárias condições de saúde geral e bucal devido o maior grau de dependência e fragilidade. A incapacitação quanto aos cuidados com a saúde oral, contribui para contínua deterioração de sua saúde. Objetivo. Elaborar um Protocolo Padrão de Higienização (PPH) bucal e protética para idosos dependentes. Metodologia. Caracteriza-se por ser um relato de experiência baseada no processo de trabalho do cotidiano odontológico, o qual propõe um protocolo padrão de higienização para idosos dependentes. A atividade consistiu na seguinte sequência: paramentação do executante com equipamentos de proteção individual (EPI) seguido da higienização das mãos e colocação das luvas; posicionamento do paciente; higienização extraoral e intraoral; higienização das próteses dentárias, finalizando com posterior lavagem das mãos e anotação do procedimento no prontuário de cada paciente. Este Procedimento Padrão de Higienização, na prática ajuda no controle e na melhoria da condição de saúde bucal e sistêmica desse público. A proposta de um PPH permitirá capacitar cuidadores de Instituições de Longa Permanência (ILP) e um cuidado direcionado por parte dos profissionais da saúde da instituição, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos idosos.
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PALAVRAS-CHAVE:
Saúde bucal. Saúde de Idoso Institucionalizado. Higiene Bucal. Instituição de Longa Permanência para Idosos.
ABSTRACT
The reality of the institutionalized elderly consists in poor general and oral health due to a great degree of dependence and fragility. The disability in caring for oral health contributes to continuous deterioration of these individuals. Develop a Standard Operating Procedure protocol of oral hygiene and prosthetic in the elderly, aiming to empower caregivers of long-stay institutions. It is characterized by being an actionoriented research with systematic observation. The analysis of the data was made with articles and books of oral hygiene and prosthetic in bedridden patients for the conception of a SOP. The activity consists of the following sequence: performer scrub with individual protection equipment followed by hand hygiene and glove dressing; patient positioning; extra and intraoral hygiene; dental prosthetics cleaning, ending with subsequent handwashing and noting the procedure in the medical record of each patient. An activity like the one mentioned before helps controlling and improving the systemic condition of that audience. The proposed SOP allows a directioned and objective goal
by the caregivers and health professionals of the institution, providing better quality of life for seniors.
KEYWORDS:
Oral Health; Health of Institutionalized Elderly; Oral Hygiene; Homes for the aged.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é um fenômeno de escala mundial que ocorre em países em desenvolvimento, como o Brasil. O número de pessoas idosas no Brasil tem aumentado em progressão exponencial, mudando o perfil socioeconômico e epidemiológico da população. Um maior índice da expectativa de vida, juntamente com a redução das taxas de natalidade e atenção à saúde, contribui para o aumento no número de idosos. O envelhecimento, sendo natural e gradual, resulta em alterações sistêmicas e limitações, tornando essa parcela da população mais vulnerável a doenças e, consequentemente, aumentando a demanda por serviços de saúde.1,2 Este fato se faz presente em várias capitais brasileiras, dentre elas Fortaleza. Tal fenômeno exige uma re-
estruturação da rede de atenção à pessoa idosa nos cuidados primários, secundários e terciário.¹ De acordo com a legislação brasileira, a família é a responsável pelo cuidado de seus membros dependentes, porém mudanças socioeconômicas que vêm acontecendo na população - redução da fecundidade e maior participação da mulher no mercado de traba lho – requerem que essa responsabilidade seja dividida com o Estado. Diante desta situação, a alternativa é o cuidado dessas pessoas serem ofertados por Institui ções de Longa Permanência (ILP), sejam públicas ou privadas.³ Existem diversos termos, na literatura, que nomeiam essas Instituições de Longa Permanência: casas de repouso, asilos, clínicas geriátricas, abrigos. No Brasil ain da não há políticas públicas consolidando a atuação dessas ILP, o que justifica a carência financeira, resultando em más condições de habitação. O aumento no número de idosos dessas instituições requer, além da assistência social, a integração da rede de assistência à saúde, considerando a redução da capacidade física, cognitiva e mental de muitos dos idosos abrigados.³ ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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Os principais motivos da internação dos idosos se dão pela falta de suporte familiar, seja por rendimento insuficiente, seja pela saída de pessoas da família para o mercado de trabalho, não tendo um membro ou cuidador para o idoso. Como também pela existência de doenças crônicas. Isto tem motivado o afastamento entre a população idosa e seus familiares.⁴ O idoso institucionalizado encontra-se privado de seus projetos, afastado das relações nas quais sua história de vida foi construída. Pode-se associar a essa exclusão social as marcas e sequelas das doenças crônicas, que são os principais motivos de internação.⁴ Segundo Junior e Tavares (2005)¹, a transferência do próprio lar para uma instituição de longa permanência é sempre um grande desafio para os idosos, pois eles se deparam com uma grande mudança no seu estilo de vida. A maioria dos idosos encara a institucionalização como perda de liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte, além de ansiedade quanto à condução do tratamento pelos funcionários. Muitas vezes a ILP cumpre papel de abrigo para o (...) o edentulismo idoso excluído da sociedade e da permanece sendo o família, tornando-se o único lugar grave problema desse de referência para uma vida e um grupo etário entre 65 envelhecimento dignos.
a 74 anos, além da alta prevalência de doença periodontal, lesões de mucosa e cárie dentária.”
No âmbito da saúde bucal, a ausência de programas voltados aos idosos reflete num quadro epidemiológico alarmante dessa população. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010, o edentulismo permanece sendo o grave problema desse grupo etário entre 65 a 74 anos, além da alta prevalência de doença periodontal, lesões de mucosa e cárie dentária.5 Mesmo estando precária a saúde bucal dos idosos, a demanda por serviços odontológicos continua míni ma, pois limites impostos pelo envelhecimento, juntamente com um sistema de saúde debilitado, onde há um padrão medicalizante e hospitalocêntrico dos serviços, influencia na intervenção tardia ao tratar pro blemas já instalados.6 Segundo Silva e Valsecki Jr. (2000)7, a condição bucal do idoso institucionalizado é pior do que a do idoso não institucionalizado, devido maior grau de dependência e fragilidade. Desta forma, a falta de tempo, o desconhe cimento de técnicas e procedimentos, assim como a dificuldade em lidar com idosos debilitados, contribuem para a deterioração da saúde bucal desses indivíduos.6
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O intuito desse trabalho consiste em elaborar um Protocolo Padrão de Higienização (PPH) Bucal e Protética em Idosos Dependentes com o propósito de padronizar e institucionalizar tal procedimento, além de capacitar cuidadores de ILP a fim de promover um correto funcionamento de aplicação do processo idealizado. O PPH garantirá a execução das ações empregadas para higiene bucal de forma habitual sem desvios, independendo da qualificação do profissional responsável.
METODOLOGIA
A proposta do PPH enquadra-se, também, em relato de experiência baseada no processo de trabalho do cotidiano odontológico. Este tipo de experiência teve o intuito de produzir informações e conhecimentos de uso mais efetivo para alunos de estágio do nono e décimo semestre do curso de Odontologia. Permite superar as lacunas exis tentes entre as ações educativas e a prática docente, beneficiando seus participantes por meio de processos de autoconhecimento.9 Os passos metodológicos utilizados foram análise da realidade da saúde bucal dos idosos institucionalizados, realização do procedimento no cenário de prática junto ao recurso humano especializado, estudo da padronização com a equipe de saúde da instituição, segundo a literatura científica, e elaboração do
A avaliação das atividades práticas e do PPH se deu com base na detecção da melhoria na condição de saúde bucal, embasada na literatura de artigos e livros científicos sobre higienização bucal e protética em pacientes acamados. A execução das ações obedecem todas as diretrizes e normas da resolução 466/2012, segundo o Conse lho Nacional de Saúde, assim como todas as normas e princípios éticos do Lar Torres de Melo, tendo sido autorizada por este último.
TAREFA: Higienização bucal e protética EXECUTANTE: Equipe de saúde RESULTADOS ESPERADOS
• Melhoria na saúde bucal e geral por meio de uma higiene bucal e protética eficaz; • Controle e prevenção de doenças e injúrias que acometam a cavidade oral; • Padronização no procedimento dos cuidadores da instituição quanto à higiene oral de idosos acamado e dependentes.
PPH dentro do modelo de instrumento ofertado pelo Lar Torres de Melo. O Lar Torres de Melo é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, de caráter exclusivo de assistência social e promoção humana. Sucede no tempo e espaço o Asilo de Mendicidade do Ceará, fundado em 10 de agosto de 1905. A instituição atende a 220 idosos residentes, mais 50 idosos do Projeto Conviver, os quais participam de atividades na instituição, duas vezes na semana, existindo assim, uma interação entre idosos externos e internos. Do total de idosos residentes, 115 estão na condição de dependentes por algum motivo de saúde, sendo classificados como pacientes com grau de dependência II (idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada) e III (idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo) segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Além disso, a entidade possui uma equipe multiprofissional que desenvolve ações sociais, de saúde, de nutrição e de gestão, totalizando o número de 136 profissionais.10 O estudo foi realizado com base na prática de higienização bucal e protética nos 115 idosos acamados, durante todo o ano de 2015.
PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS • Água • Sabão • Álcool gel • Luvas de procedimento • Máscara descartável • Gorro • Toalha de rosto • Gaze • Solução antisséptica (digluconato de clorexidina a 0,12% ou Cloreto de Cetilpiridínio) • Vaselina • Limpador de língua • Espátula de madeira • Escovas dentárias de cerdas macias para dentes naturais • Escovas dentárias de cerdas duras para higienização das próteses • Creme dental • Sabão de coco em barra ou neutro
PRINCIPAIS ATIVIDADES 1. Lavar as mãos antes do procedimento com água e sabão; 2. Antissepsia das mãos com álcool gel; 3. Paramentação do executante com equipamentos de proteção individual (EPI) – jaleco, gorro,máscara, óculos e luvas; ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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4. Manter o paciente em posição estável com o posi cionamento lateral da cabeça; 5. Colocar uma toalha sob a cabeça do paciente; 6. Higienização extra-bucal: 6.1. Umedecer uma gaze com solução antisséptica e proceder a limpeza das estruturas periorais do idoso; 7. Higienização intra-bucal: 7.1. Passar vaselina nos lábios antes da higiene bucal para não machucar a mucosa da boca; 7.2. Adaptar a gaze no dedo indicador; 7.3. Umedecer uma gaze com solução antisséptica e proceder a limpeza das seguintes estruturas: rebordos alveolares superior e inferior, gengivas, dentes, fundo de vestíbulo, mucosa jugal, assoalho bucal, palato duro, língua; 7.4. Complementar a limpeza da língua com o limpador lingual. Pode segurar a língua do idoso com uma gaze cuidadosamente; 8. Higienização das próteses dentárias: 8.1. Próteses com metal (exemplo: “bridges”) Escovar a prótese com metal com escova de cerdas duras e sabão de coco sempre após as principais refeições, e a noite deixá-la imersa na solução de: 1 copo de água + 1 colher de chá de bicarbonato de sódio; 8.2. Próteses sem metal (ex.: dentaturas/chapas) Escovar a prótese sem metal com escova de cerdas duras e sabão de coco sempre após as principais refeições, e a noite deixa-la imersa na solução de: 1 copo de água + 1 colher de café de hipoclorito de sódio Observação1: Pela manhã escová-las e enxaguá-las em agua corrente Observação 2: Caso o idoso não se adapte em dormir a noite sem a prótese, removê-la durante o banho e deixa-la imersa na solução indicada; 9. Lavar as mãos após o procedimento; 10. Anotar o cuidado prestado no prontuário do paciente: 10.1. Anotar no prontuário do paciente os horários em que a atividade foi realizada, sendo necessária, no mínimo, três vezes ao dia.
CUIDADOS • Realizar antissepsia com o uso de álcool 70% após lavagem das mãos; • Não mudar a posição do idoso, apenas posicionar a cabeça de forma que consiga ter um melhor acesso a boca do paciente; • Adaptar a gaze no dedo de forma que ela não gire ou saia, evitando que o paciente regurgite ou se engasgue; • Trocar de gaze a cada uso, evitando levar resíduos de uma região para outra, higienizando o máximo de áreas possíveis; • Limpar sempre da área posterior para anterior, evitando a contaminação da orofaringe; • Limpeza da prótese deve ser feita sempre fora da boca;
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• Respeitar os princípios da biossegurança como o uso de EPI e o descarte correto de resíduos comum e contaminante. • Alternar o uso solução antisséptica quinzenalmente (digluconato de clorexidina a 0,12% e cloreto de cetilpiridínio).
AÇÕES EM CASO DE NÃO-CONFORMIDADE • Em caso de acidentes perfuro-cortantes (devido a uma raiz residual, por exemplo, ou devido a uma mordida), usar álcool 70% friccionando as mãos, em todas as suas faces, por 30 segundos, além de comunicar imediatamente o(a) enfermeiro(a) responsável do turno para tomar as providências necessárias; • Em caso de o paciente se engasgar chamar imediatamente o(a) enfermeiro(a) responsável do turno para realizar as manobras necessárias; • Idosos inconscientes que não cooperarem abrindo a boca para higienização deve-se massagear em torno da boca e bochechas para que possa haver o relaxamento dessa musculatura, favorecendo a abertura bucal e/ou realizar a devida contenção para a realização do procedimento.
REFERÊNCIAS Arruda RCA. Saúde bucal dos idosos acamados: uma proposta de intervenção. [dissertação]. Barretos: Universidade Federal de Minas Gerais; 2010. Caldeira PM, Cobucci RAS. Higiene oral de pacientes em intubação orotraqueal internados em uma unidade de terapia intensiva. Rev. Enferm. Integrada. 2011jul-ago; 4(1): 731-41. Brito LFS, Vargas MAO, Leal SMC. Higiene oral em pacientes no estado de síndrome do déficit no autocuidado. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007; 28(3): 359-67. Pereira DR. Métodos de desinfecção em prótese total: uma abordagem quanto ao uso de soluções químicas e micro-ondas [dissertação]. Aracaju: Fa culdades Unidas de Minas Gerais; 2012.
DISCUSSÃO
A longevidade e o envelhecimento ativo da população são circunstâncias esperadas não só em escala nacional, mas mundial. Portanto, a sociedade deve estar preparada para atender essa demanda de idosos, garantindo-lhes melhor qualidade de vida. A saúde, sendo fator determinante na condição de vida desses indivíduos, não deve se resumir apenas no controle e proteção de doenças crônicas, mas na promoção e prevenção, englobando saúde geral e bucal, capacida de funcional e suporte social. 11
Mesmo com a existência de vários direitos do idoso em relação à saúde, a falta de políticas públicas efetivas, afeta diretamente na implementação das leis que regem a Política Nacional de Saúde do Idoso. Essa situação reflete a condição de saúde que o idoso leva no país, a qual é escassa e inoperante. Quando se refere ao idoso institucionalizado e, principalmente, acamado, tal situação torna-se mais sensível e preocupante.11
dades de Terapia Intensiva, visto que esta atribuição não é priorizada no cotidiano de profissionais do campo. No estudo, é evidenciada a incapacitação por parte dos profissionais e a falta de assiduidade quanto à higienização bucal desses indivíduos, mesmo sendo de conhecimento de muitos dos envolvidos que o cuidado oral pode melhorar o desfecho de pacientes nessas condições.
O idoso acamado, por já possuir um quadro sistêmico mais comprometido, apresenta maior risco a doenças bucais, visto que a realidade dos serviços de saúde pouco foca na situação oral desses pacientes, que, em sua grande maioria, é debilitada. A condição bucal deve ser sempre supervisionada por um cirurgião-dentista qualificado, devido ao alto número e diversidade de bactérias presentes na boca, e a possível correlação com complicações sistêmicas.11
Segundo Brito e Vargas (2007)15, a higiene oral não ajuda apenas a manter a saúde da região, mas também a impedir a disseminação de infecções provenientes da boca. Pacientes que estão em Unidades de Terapia Intensiva, geralmente associados à ventilação mecânica (PAVM), são propícios a infecções do aparelho respiratório, decorrentes da má condição bucal.15
Em instituições de longa permanência, existem profissionais que auxiliam na higiene bucal deste público, denominados cuidadores de idosos. Na falta de orientação e capacitação destes profissionais quanto à saúde bucal do idoso acamado, cabe ao cirurgiãodentista realizar tais procedimentos, a fim de facilitar o ato de cuidar do idoso como um ser integral e digno. Portanto, há necessidade de capacitação de cuidadores por cirurgiões-dentistas quanto às técnicas e produtos empregados para o cuidado com a cavidade oral desses pacientes. Cuidadores que convivem com esses idosos em suas debilitadas condições, negligenciam o cuidado da cavidade oral por desconhecerem os riscos que patologias bucais podem trazer à saúde, tanto local quanto sistêmico, desses indivíduos.12 Para isso, é essencial a criação de um procedimento padrão que siga uma padronização de higienização bucal e protética dos idosos acamados na ausência de um profissional especifico da área de saúde bucal. Segundo Caldeira e Cobucci (2011)13, a inspeção da cavidade oral em pacientes de UTI é importante para identificar alterações que podem acarretar futuras condições patológicas. A condição periodontal, a existência de cáries, saburra lingual, mau hálito, dentre outros, são alguns fatores a serem observados durante a inspeção para que, antemão, sejam obtidos planos e metas sobre higiene oral para controle e prevenção de posteriores doenças. Tal estudo aponta a importância de se realizar uma higienização bucal de pacientes acamados com o propósito de manter a saúde bucal e sistêmica destes pacientes. O referido estudo corrobora com o de Orlandini e Lazziri (2012)14, o qual verificou a necessidade de criação de um protocolo sobre higienização oral em Uni-
Portanto, foi observado que a utilização de antissépticos deve ser reforçada devido a sua capacidade de impedir a formação de placa bacteriana e de combater bacilos gram-negativos provenientes do trato gastrointestinal, auxiliando na obtenção de melhores condições de higiene oral e, consequentemente, diminuindo a estimativa de (...) há necessidade morte relacionada à PAVM.13 de capacitação
Em idosos acamados e insti- de cuidadores por tucionalizados, o perfil de saúde cirurgiões-dentistas bucal é caracterizado pelo edentulismo e pelas doenças bucais como quanto às técnicas e cárie radicular e periodontite, além produtos empregados da presença de raízes residuais. Tal para o cuidado com perfil necessita de ações preventia cavidade oral vas e curativistas em saúde bucal, ou seja, a realização da higieniza- desses pacientes.” ção bucal por meio do controle mecânico (escovas dentárias, fio dental, raspador lingual e gazes), químico (clorexidina a 0,12%) e da atuação clínica do cirurgião dentista. No estudo de Caldeira e Cobucci (2011)13, constatou que a melhor forma de distribuir os cuidados prestados durante a técnica de higiene oral consiste em: lavar as mãos antes do procedimento e calçar luvas, visto que é o principal meio de prevenir e reduzir infecções em serviços de saúde; posicionar o paciente em decúbito lateral, onde sua cabeça deve ser colocada levemente mais baixa e uma toalha alocada sob ela; umedecer gaze com solução antisséptia e proceder à limpeza dos dentes e gengivas, onde possivelmente deve ser usado a clorexidina, devido sua atividade antimicrobiana e agente antiplaca; prosseguir com a limpeza da língua e bochechas, devido o dorso da língua ser uma região ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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de acúmulo de diversos microrganismos que, posteriormente, podem ocupar outros nichos nas superfícies dentárias supra e subgengivais; e lavar as mãos após o procedimento. Tal experiência serviu como base para a elaboração e execução do PPH preconizado pelo estudo. Nas práticas, realizadas no Lar Torres de Melo, foram evidenciados alguns obstáculos na logística de execução do procedimento, como: comportamento não cooperativo do idoso, dificuldade de disponibilidade de insumos, falta de profissionais técnicos para apoio, ausência de atividade de monitoramento e ava liação de higienização bucal e protética. Dentro do PPH preconizado, o cuidado com a prótese dentária deve ser evidenciado. O controle adequado do biofilme nos aparelhos protéticos é fundamental para garantir uma boa condição oral. Utilizar métodos mecânicos e químicos, conjuntamente, garante higiene adequada para portadores de próteses. Como método mecânico, há escovação da prótese com escova de cercas duras e sabão de coco, utilizado devido sua ação adstringente. Quanto ao método químico, existem agentes químicos como bicarbonato de sódio e hipoclorito de sódio que possuem ações bactericidas e fungicidas, impedindo o acúmulo de biofilme na superfície de próteses dentárias, assegurando, assim, melhor higiene.16 É importante ressaltar a necessidade da troca de gaze a cada uso, colaborando com a assepsia. Lavar e umedecer os lábios do paciente como medida de
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proteção e conforto, utilizando, para isso, óleos, vaselinas ou similares, cuja finalidade é evitar fissuras e ressecamentos dos lábios, que podem comprometer a integridade do epitélio, ocasionando maior risco de infecções. E anotar o cuidado prestado no prontuário (ou outro formulário utilizado pelo local) do paciente sempre após realizar o procedimento.13 A execução periódica do PPH garantirá melhores condições de saúde bucal aos idosos da instituição, visto que a higiene oral não ajuda apenas a manter a saúde da região, mas também a impedir a disseminação de infecções provenientes dela. Práticas como esta ajudam tanto no controle como na melhoria da condição sistêmica desses indivíduos, que, por sua vez, já se encontram fragilizados.
CONCLUSÃO
Diante da deficiente condição bucal retratada em idosos dependentes pertencentes às instituições de longa permanência, a proposta de implementação de um Procedimento Padrão de Higienização permitirá um cuidado direcionado e objetivo, garantindo acessível execução por parte dos cuidadores da instituição, assim como outros profissionais da saúde. A adequada execução do PPH irá assegurar uma melhoria na higiene oral dos idosos, minimizando possíveis complicações locais e sistêmicas provenientes ou relacionadas à saúde bucal, proporcionando, desta forma, melhor qualidade de vida a esses indivíduos.
AUTORES
Davi Oliveira Bizerril Docente do curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza. Responsável pela pesquisa. E-mail: davibizerril@gmail.com
Maria Vieira de Lima Saintrain Docente do curso de Odontologia e do Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza.
Diana Bayma de Souza Cirurgiã dentista graduada pela Universidade de Fortaleza.
Ítalo Roesel Gomes de Freitas Cirurgião dentista graduado pela Universidade de Fortaleza.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Junior RCF, Tavares MFL. A saúde sob o olhar do idoso institucionalizado: conhecendo e valorizando sua opinião. Interface. 2005 fev; 9(16): 147-158. 2. Ferreira RC, Vargas AMD, Fernandes NCN, Souza JGS, Sá MAB, Oliveira LFB, Martins AMEBL. O idoso com comprometimento cognitivo apresenta pior condição de saúde bucal? Ciência & Saúde Coletiva. 2014 ago; 19(8): 3417-28. 3. Camarano AA, Kanso S. As instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Rev. Bras. estud. popul. 2010 jan-jun; 27(1): 232-35. 4. Born T. Cuidado com idoso em instituição. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Athe neu; 1996. 5. Ferreira RC, Schwambach CW, Magalhães CS, Moreira NA. Atenção odontológica e práticas de higiene bucal em instituições de longa permanência geriátricas. Ciênc. saúde coletiva. 2000 abr; 16(4): 2323-33. 6. Mello ALSF, Erdmann AL, Caetano JC. Saúde bucal do idoso: por uma polí¬tica inclusiva. Texto cont. enferm. 2008 out-dez; 17(4): 698-704. 7. Silva SRC, Valsecki Jr A. Assessment of oral health in an elderly Brazilian population. Rev Panam Salud Publica 2000; 8(4):268-271. 8. Engel GI. Pesquisa-ação. Educar. Curitiba: UFPR; 2000. 9. Elliott J. La investigación-accióneneducación. 3.ed. Madrid: Morata, 1997. 10. Lar Torres de Melo. [Internet]. [ citado em: 2015 jun 17] Fortaleza. Disponível em: <http://www.lartmelo.org.br/site/historico/> Acesso em 17 jun 2015 11. Arruda RCA. Saúde bucal dos idosos acamados: uma proposta de intervenção. [dissertação]. Barretos: Universidade Federal de Minas Gerais; 2010. 12. Faiçal AMB, Miesas AE. Cuidados com a saúde bucal de pacientes hospitalizados: conhecimento e práticas dos auxiliares de enfermagem. Rev. Espaço para a Saúde. 2008 dez; 10(1): 01-06. 13. Caldeira PM, Cobucci RAS. Higiene oral de pacientes em intubação orotraqueal internados em uma unidade de terapia intensiva. Rev. Enferm. Integrada. 2011jul-ago; 4(1): 731-41. 14. Orlandini GM, Lazzari CM. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre higiene oral em pacientes criticamente enfermos. Rev. Gaúcha Enferm. 2012; 33(3): 34-41. 15. Brito LFS, Vargas MAO, Leal SMC. Higiene oral em pacientes no estado de síndrome do déficit no autocuidado. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007; 28(3):359-67. 16. Pereira DR. Métodos de desinfecção em prótese total: uma abordagem quanto ao uso de soluções químicas e micro-ondas [dissertação]. Aracaju: Faculdades Unidas de Minas Gerais; 2012. ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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ARTIGO CIENTÍFICO
O exercício da Odontologia em ambiente hospitalar no Brasil: legislação e importância RESUMO
A Odontologia Hospitalar é uma área de atuação recentemente reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia do Brasil. A obrigatoriedade da presença do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar é objeto de um projeto de lei da Câmara Federal e tem sido amplamente discutida. A participação do cirurgiãodentista na equipe multiprofissional hospitalar se justifica pela possibilidade de que alterações bucais decorrentes de doenças sistêmicas ou do tratamento
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médico possam ser prevenidas ou tratadas por este profissional e ainda porque a eliminação de focos infecciosos na boca pode contribuir para o sucesso de terapias médicas e prevenção de doenças. Este artigo tem como objetivo discutir os aspectos legais do exercício profissional da Odontologia Hospitalar e os benefícios para a saúde do paciente internado.
PALAVRAS-CHAVE:
Odontologia hospitalar, higiene bucal, mucosite bucal.
de manifestações localizadas das alterações da saúde são atualmente inadmissíveis. Torna-se assim essencial compreender que existe uma possível interrelação entre os diferentes órgãos e tecidos e que alterações ou patologias de um sistema biológico podem repercutir em outros sistemas neste mesmo indivíduo. Isso exige a atuação conjunta de profissionais de saúde de diferentes núcleos de saber.
ABSTRACT
Dentistry at the hospital is a recently recognized area by the Federal Council of Dentistry of the Brazil. The obligation of the dentist presence in the hospital is the subject of law projects and has been widely discussed. The participation of the dentist into the multidisciplinary hospital team is justified by the possibility that oral changes arising from systemic diseases or medical treatment can be prevented or treated by this professional and because the elimination of infection foci in the mouth can contribute to the success of medical therapies and diseases prevention. This article aims to discuss the legal aspects of the professional practice of Dentistry at the hospital and health bene fits of the hospitalized patient.
KEYWORDS:
Dentistry at the hospital, oral hygiene, oral mucositis.
1. INTRODUÇÃO
A assistência em saúde deve ser entendida como um conjunto de ações que proporcionem ao indivíduo doente um cuidado integral (ARAÚJO et al, 20121). Modelos assistenciais centralizados no tratamento
Com essa perspectiva, destaca-se a importância da participação do cirurgião-dentista na equipe de saúde que assiste o paciente em internamento hospitalar. Isso permite que as alterações bucais, secundárias às alterações sistêmicas ou ao próprio tratamento médico, possam ser diagnosticadas e tradadas. Adicionalmente a presença de infeções na boca, de origem dentária ou periodontal, pode se constituir em fonte de infecção em outros tecidos, comprometendo o sucesso de tratamentos antineoplásicos (BARKER, 19995; KEEFE et al, 200732), e de transplantes de órgãos (BARKER, 19995; ELAD et al, 200827); ou contribuindo para a instalação de infecções pulmonares em pacientes sob ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva (UTI) (AZARPAZHOOH, LEAKE, 20063); ou associado ao risco de eventos cardiovasculares (CHEN et al, 201211); nascimento de bebês de baixo peso ou prematuros (CRUZ et al, 200526; CRUZ et al, 201025); ou mesmo dificultar o controle glicêmico em pacientes diabéticos (HAQ et al, 201531). Tais situações demandam a atuação do cirurgião-dentista. Porém para a prática odontológica no ambiente hospitalar, urge que o cirurgião dentista seja capacitado para esta atividade. Isto inclui o conhecimento das implicações de doenças e do tratamento médico sobre os tecidos bucais; o reconhecimento da necessidade de alteração do plano de tratamento odontológico face às alterações sistêmicas do paciente; assim como o conhecimento das rotinas hospitalares, do trabalho em equipe, ao lado de outros profissionais de saúde (LANZA et al, 201134) e da segurança do paciente. O objetivo deste artigo é discorrer sobre o exercício da Odontologia em ambiente hospitalar, ressaltando a legislação pertinente.
2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Especialidades e Habilitações Odontológicas no Brasil
O exercício da Odontologia no Brasil é regido pela Lei n. 5.081 de 24 de agosto de 1966 (BRASIL, 19669) e fiscalizado, em harmonia com os órgãos sanitários competentes, pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) e Conselhos Regionais de Odontologia ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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(BRASIL, 19648; BRASIL, 19717), cabendo ao cirurgiãodentista sua prática, seja como clínico geral ou em até duas especialidades odontológicas (BRASIL, 19669). Atualmente existem 22 especialidades odontológicas no Brasil, a saber: Acupuntura; Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais; Dentística; Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial; Endodontia; Estoma tologia; Homeopatia; Implantodontia; Odontogeriatria; Odontologia do Esporte; Odontologia do Trabalho; Odontologia Legal; Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais; Odontopediatria; Ortodontia; Ortopedia Funcional dos Maxilares; Patologia Oral e Maxilo Facial; Periodontia; Prótese Buco-Maxilo-Facial; Prótese Dentária; Radiologia Odontológica e Imaginologia; e, Saúde Coletiva (CFO, 2015c20). Vale ressaltar que as especialidades de Acupuntura, Homeopatia e Odontologia do Esporte foram as mais recentemente reconhecidas (CFO, 2015b19), considerando as decisões da III Assembleia Nacional de Especialidades Odontológicas (ANEO), realizada nos dias 13 e 14 de outubro de 2014. Adicionalmente o CFO também reconhece o uso pelo cirur(...) o cirurgiãogião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde dentista habilitado bucal, cujo registro ocorre na forem Odontologia ma de Habilitação junto ao CFO. Hospitalar deverá Integram o grupo de habilitações atuar no diagnóstico a Analgesia Relativa ou Sedação Consciente com Óxido Nitroso e tratamento das 200415), a Fitoterapia, a Teradoenças bucais, que (CFO, pia Floral, a Hipnose, a Laserterapia podem ou não exigir (CFO, 200817), e recentemente a intervenção cirúrgica.” Odontologia Antroposófica (CFO, 2015f23), a Ozonioterapia (CFO, 24 2015g ) e a Odontologia Hospitalar (CFO, 2015d21). Essas três últimas também como resultado da III ANEO. Assim, o exercício da Odontologia em ambiente hospitalar foi reconhecido pelo CFO em 2015, respaldando a atuação do cirurgião-dentista nesta área.
2.2. Odontologia Hospitalar
De acordo com a Resolução CFO n. 163/2015 (CFO, 2015e22), “Odontologia Hospitalar é uma área da Odontologia que atua em pacientes que necessitem de aten dimento em ambiente hospitalar, internados ou não, tendo como objetivos a promoção da saúde, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças orofaciais, de manifestações bucais de doenças sistêmicas ou de consequências de seus respectivos tratamentos”.
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Dessa forma, a atuação do cirurgião-dentista em pacientes hospitalizados perpassa desde a eliminação de focos infecciosos bucais que possam comprometer o sucesso de tratamentos médicos até o diagnóstico e tratamento de lesões bucais primárias ou decorrentes de alguma terapêutica. Sabe-se, por exemplo, que muitos protocolos quimioterápicos e radioterápicos determinam a ocorrência de mucosite bucal (RIBEIRO JÚNIOR et al, 201043; ELAD, ZADIK, 201628), ou que o transplante de medula óssea pode provocar o aparecimento de lesões bucais da doença do enxerto contra hospedeiro (PEREIRA et al, 201042; MAYS et al, 201338), assim como imunodeficiências precipitam a instalação de diferentes processos infecciosos ou neoplasias que podem afetar os tecidos da boca (WARRIER, SATHASIVASUBRAMANIAN, 201546; LOW et al, 201635). A atuação do cirurgião-dentista nestes casos permite o diagnóstico preciso e contribui para o controle local da dor, acelera o reparo das lesões e melhora a qualidade de vida do paciente, podendo inclusive evitar o aparecimento dessas complicações (XAVIER, HEGDE, 201047; RIBEIRO JÚNIOR et al, 201043; SILVA JÚNIOR et al, 201044). Tais intervenções repercutem ainda na diminuição do tempo e do custo de internamento, trazendo benefícios de ordem financeira e administrativa.
lou a criação de Comissões de Odontologia Hospitalar nos Conselhos Regionais de Odontologia que passaram a se reunir sistematicamente desde 2012. Já ocorreram nove encontros nacionais nos seguintes municípios: Belo Horizonte em 05/2012; Rio de Janeiro em 10/2012; Natal em 06/2013; São Paulo em 01/2014; Porto Alegre em 05/2014; Belém em 01/2015; Curitiba em 05/2015; Recife em 03/2016 e Campina Grande em 07/2016. Nesses encontros são discutidas questões relacionadas às atribuições desse profissional, titulação necessária à atividade, duração e conteúdo dos cursos de formação, dentre outros aspectos. As decisões emanadas desses encontros contribuíram para a ela boração das Resoluções CFO n. 162 e 163/2015 (CFO, 2015d21; CFO, 2015e22). O CFO ainda instituiu a Comissão de Odontologia Hospitalar da autarquia, pela Portaria CFO-56/2015 (CFO, 2015ª18), cujos membros foram parcialmente renovados pela Portaria CFO-38/2016 em 26/03/2016 (CFO, 201614). Esta comissão tem como atribuições assessorar o plenário do CFO nos assuntos pertinentes ao exercício da Odontologia Hospitalar; apreciar e emitir pareceres sobre assuntos submetidos à sua apreciação; e apresentar sugestões à Diretoria do CFO relacionadas ao exercício da Odontologia Hospitalar. Apesar de existirem cirurgiões-dentistas trabalhando em ambiente hospitalar em todo o mundo e há muitos anos, no Brasil a inserção deste profissional, à exceção dos especialistas em cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais, é recente. Vale ressaltar que a atuação do especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial é distinta do cirurgião-dentista habilitado em Odontologia Hospitalar. Segundo a Resolução CFO n. 63/2005 (CFO, 200516), cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais é a “especialidade que tem como objetivo o diagnóstico e o tratamento cirúrgico e coadjuvante das doenças, traumatismos, lesões e anomalias congênitas e adquiridas do aparelho mastigatório e anexos, e estruturas crânio-faciais associadas”. Diversamente, o cirurgião-dentista habilitado em Odontologia Hospitalar deverá atuar no diagnóstico e tratamento das doenças bucais, que podem ou não exigir intervenção cirúrgica. Adicionalmente a promoção de saúde e prevenção de doenças e complicações são importantes áreas de intervenção do profissional habilitado em Odontologia Hospitalar (GODOI et al, 200930).
2.3. Instituições que apoiam a Odontologia Hospitalar
Face á inegável importância da atenção odontológica aos pacientes hospitalizados, o CFO estimu-
A Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP), considerando a estreita relação da prática da especialidade de Estomatologia com o ambiente hospitalar, também constituiu uma Comissão de Odontologia Hospitalar em 2010, na assembleia ordinária durante o XVIII Congresso da SOBEP, em Belém do Pará. A missão desta Comissão é representar a Sociedade em todas as atividades que envolvam a área da Odontologia Hospitalar no Brasil (SOBEP, 201645). Ainda podem ser citadas a Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar (ABRAOH), fundada em 2004, em Porto Alegre, cuja missão é “desenvolvimento do aten dimento odontológico em âmbito hospitalar e home care” (ABRAOH, 20162); e o Colégio Brasileiro de Odontologia Hospitalar e Intensiva (CBROHI), fundado em junho de 2013, com sede em Brasília. Sua missão é “congregar e estabelecer requisitos acadêmicos doutrinários a fim de orientar os cirurgiões-dentistas atuantes na área da Odontologia Hospitalar e Intensiva na busca do seu desenvolvimento pleno, nas esferas do poder público e de mercado, mantendo perfeita consonância com os interesses da saúde no país, como também uma integração harmoniosa com a iniciativa privada, com as demais Associações e Organizações, locais, nacionais ou estrangeiras que atuem na área de saúde ou que possuam algum vínculo com o tratamento sistêmico dos pacientes hospitalizados” (CBROHI, 201613). ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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2.4. Cursos de Habilitação em Odontologia Hospitalar
COKER et al, 201612) ou pela equipe auxiliar de odontologia, sob supervisão do cirurgião-dentista.
Os cursos de habilitação deverão seguir as determinações daquela Resolução, no que diz respeito a carga horária mínima, proporção entre carga horária teórica e prática, número máximo de alunos, titulação dos professores e disciplinas básicas.
Atualmente existe o Projeto de Lei da Câmara (PLC) n. 34/2013 tramitando no Senado Federal, que pode tornar “obrigatória a prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, aos portadores de doenças crônicas e, ainda, aos atendidos em regime domiciliar na modalidade home care” (BRASIL, 201310). Alguns estados brasileiros também possuem PL nas Assembleias Legislativas, como o PL 21.499/2015 da Bahia (BAHIA, 20154) e o PL 190/2016 de Mato Grosso (MATO GROSSO, 201637).
Em novembro de 2015, a resolução CFO n. 162/2015 (CFO, 2015d21) reconheceu o exercício da Odontologia Hospitalar pelo cirurgião-dentista e estabeleceu os critérios para os cursos de habilitação nesta área de atuação. Para os profissionais que já atuavam no ambiente hospitalar por pelo menos cinco anos nos últimos dez anos, foi possível requerer perante o CFO, mediante documentação comprobatória, a habilitação em Odontologia Hospitalar.
2.5. Amparo Legal
Quanto à legislação específica, no artigo 18 da RDC 7/2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a assistência odontológica à beira do leito é um dos requisitos para o adequado funcionamento das UTI (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 201040). O cumprimento desta normativa é essencial para diminuir o risco de comorbidades relacionadas ao internamento em UTI, como por exemplo, a ocorrência de pneumonia em pacientes sob ventilação mecânica. A aspiração de bactérias da orofaringe ou de secreções que se acumulam no tubo orotraqueal, que estão presentes na microbiota bucal, na doença periodontal e nas lesões cariosas, são uma das principais causas da pneumonia associada à ventilação mecânica (LABEAU et al, 201133; MEINBERG et al, 201239). Para evitar a ocorrência desta infecção e de outras, o cuidado bucal é essencial e deve ser de responsabilidade do cirurgião-dentista. A assistência odontológica deve incluir a eliminação de focos de infecção e o manejo de lesões que podem se constituir em porta de entrada para colonização por microrganismos. A higienização bucal é apenas uma das ações de descontaminação bucal, e normalmente é executada pela equipe de enfermagem (BERRY, DAVIDSON, 20066;
Outras normativas tentam garantir a presença do cirurgião-dentista na UTI e nos demais ambientes hospitalares. Campo Grande - MS foi o primeiro município brasileiro a aprovar lei que incluía cirurgiões-dentistas nas UTIs (MATO GROSSO DO SUL, 201236), porém a lei municipal foi considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, em 2014.
No Paraná já existe a Lei n. 18.120/2014 (PARANÁ, 201441), e no município de Feira de Santana – BA, a Lei 325/2016 (FEIRA DE SANTANA, 201629). Ambas obrigam a assistência odontológica em ambiente hospitalar.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O reconhecimento do exercício da Odontologia Hospitalar pelo cirurgião-dentista em novembro de 2015 (CFO, 2015d21) reafirmou definitivamente o indispensável papel do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional de atenção à saúde no ambiente hospitalar e os inúmeros benefícios para o paciente que recebe esse cuidado. O estímulo ou mesmo a obrigatoriedade da presença dos cirurgiões-dentistas nos hospitais ainda são desafios, assim como garantir o financiamento adequado desta assistência, tanto na rede pública quanto na saúde suplementar. Essas conquistas terão como maior beneficiário o paciente hospitalizado, seja pela prevenção de patologias ou pela minimização de complicações bucais decorrentes da doença ou do tratamento relacionados ao seu internamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - ARAUJO, I. D. T.; FREITAS, I. N.; SILVA, R. B.; VASCONCELOS, M. G.; VASCONCELOS, R. G. Odontologia e abordagem interdisciplinar na atenção integral ao idoso relacionado às principais alterações orais. Com Ciências Saúde, v. 23, n. 1, p. 81-92, 2012. 2 - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR. Acessado no endereço: http://www.abraoh.org.br/, em 16/08/2016. 3 - AZARPAZHOOH, A.; LEAKE, J. L. Systematic review of the association between respiratory diseases and oral health. J Periodontol, v. 77, n. 9, p. 1465-82, 2006.
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4 - BAHIA. Projeto de Lei n. 21.499/2015 de 15 de setembro de 2015. Autoriza o Poder Executivo a estabelecer a obrigatoriedade da presença de profissionais de Odontologia na forma que especifica. 5 - BARKER, G. J. Current practices in the oral management of the patient undergoing chemotherapy or bone marrow transplantation. Support Care Cancer, v. 7, n. 1, p. 17-20, 1999 6 - BERRY, A. M.; DAVIDSON, P. M. Beyond comfort: Oral hygiene as a critical nursing activity in the intensive care unit. Intensive Crit Care Nurs, v. 22, p. 318-28, 2006. 7 - BRASIL. Decreto n. 68.704 de 03 de junho de 1971. Regulamenta a Lei n. 4.324, de 14 de abril de 1964. 8 - BRASIL. Lei n. 4.324 de 14 de abril de 1964. Institui o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Odontologia, e dá outras providências. 9 - BRASIL. Lei n. 5.081 de 24 de agosto de 1966. Regula o exercício da Odontologia. 10 - BRASIL. Projeto de Lei da Câmara n. 34/2013 de 31 de maio de 2013. Torna obrigatória a prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, aos portadores de doenças crônicas e, ainda, aos atendidos em regime domiciliar na modalidade home care. 11 - CHEN, Z. Y.; CHIANG, C. H.; HUANG, C. C.; CHUNG, C. M.; CHAN, W. L.; HUANG, P. H.; LIN, S. J.; CHEN, J. W.; LEU, H. B. The Association of Tooth Scaling and Decreased Cardiovascular Disease: A Nationwide Population-based Study. Am J Med, v. 125, p. 568-75, 2012. 12 - COKER, E.; PLOEG, J.; KAASALAINEN, S.; CARTER, N. Observations of oral hygiene care interventions provided by nurses to hospitalized older people. Geriatric Nursing, 2016. 13 - COLÉGIO BRASILEIRO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR E INTENSIVA. Acessado no endereço: http://www.cbrohi.org.br/, em 21 de agosto de 2016. 14 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Portaria n. 38/2016 de 26 de março de 2016. A Comissão de Odontologia Hospitalar do Conselho Federal de Odontologia passa a ser integrada, a partir desta data e pelo prazo de 01 (um) ano, pelos seguintes cirurgiões-dentistas. 15 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Resolução n. 51/2004 de 30 de abril de 2004. Baixa normas para habilitação do CD na aplicação da analgesia relativa ou sedação consciente, com óxido nitroso. 16 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Resolução n. 63/2005 de 08 de abril de 2005. Aprova a consolidação das normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia. 17 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Resolução n. 82/2008 de 25 de setembro de 2008. Reconhece e regulamenta o uso pelo cirurgião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde bucal. 18 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAa. Portaria n. 56/2015 de 14 de outubro de 2015. Constitui Comissão de Odontologia Hospitalar. 19 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAb. Resolução n.160/2015 de 2 de outubro de 2015. Reconhece a Acupuntura, a Homeopatia e a Odontologia do Esporte como especialidades odontológicas. 20 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAc. Resolução n. 161/2015 de 2 de outubro de 2015. Altera artigos, incisos e parágrafos da Resolução CFO-63/2005. 21 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAd. Resolução n. 162/2015 de 03 de novembro de 2015. Reconhece o exercício da Odontologia Hospitalar pelo cirurgião-dentista. 22 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAe. Resolução n. 163/2015 de 09 de novembro de 2015. Conceitua a Odontologia Hospitalar e define a atuação do cirurgião-dentista habilitado a exercê-la. 23 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAf. Resolução n. 165/2015 de 24 de novembro de 2015. Reconhece e regulamenta o uso pelo cirurgião-dentista da prática integrativa e complementar à saúde bucal: Odontologia Antroposófica. 24 - CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAg. Resolução n. 166/2015 de 24 de novembro de 2015. Reconhece e regulamenta o uso pelo cirurgião-dentista da prática da Ozonioterapia. 25 - CRUZ, S. S.; COSTA, M. C. N.; GOMES FILHO, I. S.; BARRETO, M. L.; SANTOS, C. A. S. T.; MARTINS, A. G.; PASSOS, J. S.; FREITAS, C. O. T.; SAMPAIO, F. P.; CERQUEIRA, E. M. M. Periodontal therapy for pregnant women and cases of low birthweight: An intervention study. Pediatr Int, v. 52, p. 57–64, 2010. 26 - CRUZ, S. S.; COSTA, M. C. N.; GOMES FILHO, I. S.; VIANNA, M. I. P.; SANTOS, C. T. Maternal periodontal disease as a fator associated with low birth weight. Rev Saude Publica, v. 39, n. 5, p. 1-6, 2005. 27 - ELAD, S.; THIERER, T.; BITAN, M.; SHAPIRA, M. Y.; MEYEROWITZ, C. Decision analysis: The dental management of patients prior to ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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hematology cytotoxic therapy or hematopoietic stem cell transplantation. Oral Oncol, v. 44, p. 37–42, 2008. 28 - ELAD, S.; ZADIK, Y. Chronic oral mucositis after radiotherapy to the head and neck: a new insight. Support Care Cancer, 2016. doi: 10.1007/s00520-016-3337-5. 29 - FEIRA DE SANTANA. Projeto de Lei n. 325/2016 de 23 de março de 2013. Torna obrigatória a prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, aos portadores de doenças crônicas e, ainda aos atendimentos em regime domiciliar na modalidade HOME CARE, e dá outras providências. 30 - GODOI, A. P. T.; FRANCESCO, A. R.; DUARTE, A.; KEMP, A. P. T.; SILVA-LOVATO, C. H. Odontologia hospitalar no Brasil. Uma visão geral. Revista de Odontologia da UNESP, v. 38, n. 2, p. 105-9, 2009. 31 - HAQ, M. W.; TANWIR, F.; TABASSUM, S.; NAWAZ, M.; SIDDIQUI, M. F. Association of Periodontitis and Systemic Diseases. Int J Dent Oral Health, 2015, http://dx.doi.org/10.16966/2378-7090.101. 32 - KEEFE, D. M.; SCHUBERT, M. M.; ELTING, L. S.; SONIS, S. T.; EPSTEIN, J. B.; RABER-DURLACHER, J. E. et al. Mucositis Study Section of the Multinational Association of Supportive Care in Cancer and the International Society for Oral Oncology. Updated clinical practice guidelines for the prevention and treatment of mucositis. Cancer, v. 109, n. 5, p. 820-31, 2007. 33 - LABEAU, S. O.; DE VYVER, K. V.; BRUSSELAERS, N.; VOGELAERS, D.; BLOT S. I. Prevention of ventilator-associated pneumonia with oral antiseptics: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect, v. 11, p. 845-54, 2011. 34 - LANZA, C. R. M.; CASTRO, W. H. de; SILVA, T. A. da S.; TRAVASSOS, D. V.; BRITO, G. M. de B.; FERREIRA, G. L.; PARREIRAS, R. D. Odontologia hospitalar. Arq Odontol, Belo Horizonte, v. 47, n. 2, p. 24-7, 2011. 35 - LOW, A.; GAVRIILIDIS, G.; LARKE, N.; B-LAJOIE, M. R.; DROUIN, O.; STOVER, J.; MUHE, L.; EASTERBROOK, P. Incidence of Opportunistic Infections and the Impact of Antiretroviral Therapy Among HIV-Infected Adults in Low- and Middle-Income Countries: A Systematic Review and Meta-analysis. Clin Infect Dis. v. 62, n. 12, p. 1595-603, 2016. 36 - MATO GROSSO DO SUL. Lei n. 5.184/2012 de 31 de dezembro de 2012. Dispõe sobre a obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas unidades de terapia intensiva nesta capital, e dá outras providências. 37 - MATO GROSSO. Projeto de Lei n. 190/2016 de 20 de abril de 2016. Torna obrigatória a prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar no Estado de Mato Grosso. 38 - MAYS, J. W.; FASSIL, H.; EDWARDS, D. A.; PAVLETIC, S. Z.; BASSIM, C. W. Oral chronic graft-versus-host disease: current pathoge nesis, therapy, and research. Oral Dis, v. 19, p. 327-46, 2013. 39 - MEINBERG, M. C. A.; CHEADE, M. F. M.; MIRANDA, A. L. D.; FACHINI, M. M.; LOBO, S. M. The use of 2% chlorhexidine gel and toothbrushing for oral hygiene of patients receiving mechanical ventilation: effects on ventilator-associated pneumonia. Rev Bras Ter Intens, v. 24, n. 2, p. 369-74, 2012. 40 - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 7/2010. 41 - PARANÁ. Projeto de Lei n. 18.120/2014 de 25 de junho de 2014. Torna obrigatória a prestação de assistência odontológica aos pacientes em hospitais gerais. 42 - PEREIRA, C. M.; GASPARETTO, P. F.; CORREA, M. E. P.; SOUZA, C. A. Efeitos tardios do transplante de medula óssea alogênico: estudo retrospectivo em 98 pacientes receptores. J Health Sci Inst, v. 28, n. 1, p. 64-6, 2010. 43 - RIBEIRO JÚNIOR, O.; BORBA, A. M.; GUIMARÃES JÚNIOR, J. Prevenção e tratamento da mucosite bucal: o papel fundamental do cirurgião-dentista – Revisão. Rev Clín Pesq Odontol, v. 6, n. 1, p. 57-62, 2010. 44 - SILVA JÚNIOR, F. L; GORDÓN-NÚÑEZ, M. A.; GALVÃO, H. C. COSTA, E. M. M. B. Mucosite oral induzida por radiação: uso de fatores de crescimento e de laser. Rev Gaúcha Odontol, v. 58, n. 4, p. 511-514, 2010. 45 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTOMATOLOGIA E PATOLOGIA ORAL. Acessado no endereço: http://estomatologia.com.br/ odonto-hospitalar, em 21 de agosto de 2016. 46 - WARRIER, S. A.; SATHASIVASUBRAMANIAN, S. Human immunodeficiency virus induced oral candidiasis. J Pharm Bioallied Sci, v. 7, n. 2, p. S812-4, 2015. 47 - XAVIER, A. M.; HEGDE, A. M. Preventive Protocols and Oral Management in Childhood Leukemia the Pediatric Specialist’s Role. Asian Pacific J Cancer Prev, v. 11, p. 39-43, 2010.
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AUTOR
Viviane Almeida Sarmento Pós-doutora em Odontologia (FOB-USP), Doutora em Estomatologia (PUC-RS), Mestre em Odontologia (UFBA), Professora Associada (UFBA) e Titular (UEFS).
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ARTIGO CIENTÍFICO
Tratamento cirúrgico das fissuras palatinas RESUMO
A fissura labial e/ou palatina e um espaço anormal onde há separação no lábio superior, no alvéolo e no palato, podendo envolver as três estruturas citadas ou apenas uma delas. São anomalias congênitas graves mais comuns que afetam a região orofacial. O número de casos das FL/P ocorre aproximadamente 1 em cada 700 nascidos vivos, os fatores que influenciam essas anomalias podem estar ligados as condições socioeconômicas, raça e localização geográfica. Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bi bliográfica das técnicas cirúrgicas para tratamento de fissuras no palato e suas indicações e possíveis com-
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plicações pós-operatórias. Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre tratamento cirúrgico das fissuras palatinas nas bases de dados PUBMED e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), onde se usou os seguintes descritores: fissura palatina; palatoplastia e técnicas cirúrgicas. Adotou-se como critérios de inclusão: artigos em português e inglês onde deveriam constar os referidos descritores, artigos publicados nos últimos 10 anos e textos gratuitos, foram selecionados 14 artigos relacionados ao tema tratamento cirúrgico das fissuras palatinas, que atenderam aos critérios de seleção estabelecidos. A importância do tratamento cirúrgico dos pacientes portadores dessas anomalias
é essencial para a reabilitação da fonética, estética, funções mastigatórias e respiratórias, pois corrigi o sistema estomatognático e melhora a autoestima do paciente. Quanto as causas estudos tem demons trado que é difícil estabelecer as causas ou prevê-las. A palatoplastia é o termo usado para procedimento cirúrgico realizado para o fechamento da fissura do palato, fechando assim a comunicação buco nasal. Os objetivos primordiais da palatoplastia consiste em gerar uma melhor motricidade oral e deglutição, favorecendo um ganho pôndero-estatural, permitir um crescimento maxilo facial adequado e uma aparência facial normal. Com base na literatura, conclui-se que determinadas técnicas cirúrgicas adotadas nas palatoplastias, nem sempre pode influenciar no sucesso do tratamento cirúrgico, pois diante da complexidade de cada caso, é que norteará o cirurgião a escolher a técnica cirúrgica e o momento mais conveniente para a situação vigente.
PALAVRAS-CHAVE:
Fissura palatina. Técnicas cirúrgicas. Fístula palatina.
ABSTRACT
Cleft lip and cleft palate are conditions where a gap may be found at the upper lip, the alveolus and the palate of the patient; it can occur simultaneously or isolated. These severe congenital anomalies are the most common between those that affect the orofacial region. Studies have shown that one in each 700 live births presents the condition. Factors as socioeconomic conditions, ethnics and geographic location may influence the occurrence of the disease. The aim of this work is to make a literature review about the treatment of cleft palate, the indications and possible post-operatory complications. The terms: cleft palate, palatoplasty and surgical techniques were used to make a bibliographic search at SCIELO and PubMed. The author selected 14 articles in Portuguese and in English, published in the last 10 years, presenting the descriptor above cited. Surgical treatment for patients with these congenital anomalies is crucial for aesthetical and phonetic rehabilitation, as well as for reesta blishment of the masticatory and respiratory function. The repair in the stomatognathic system also restores self-esteem. Regard the causes, studies have shown that this is difficult to establish either predict. Palatolasty is the term used to describe the surgery to correct cleft palate, closing the communication between the oral cavity and the noose. The main purpose of the surgical procedure is to promote a better orofacial motricity and swallowing, to allow the correct deve
lopment maxillofacial, and to restore facial appearance. It was possible to conclude that the success of the procedure depends on the correct choice of the technique by the surgeon according to the complexity of each case. These facts will also guide the professional to choose the correct moment to perform the surgery.
KEY WORDS:
Cleft Palate. Palatoplasty. Surgical Techniques. Palatal Fistula.
INTRODUÇÃO
A fissura labial e/ou palatina é um espaço anormal onde há separação no lábio superior, no alvéolo e no palato, podendo envolver as três estruturas citadas ou apenas uma delas. São anomalias congênitas graves mais comuns que afetam a região orofacial (HUPP, 2009). Segundo Monlléo (2006), entre os defeitos congênitos as anomalias craniofaciais constituem um grupo diverso e complexo. A denominação genérica de anomalias craniofaciais incluem anomalias isoladas e múltiplas de etiologia genética ou não. Portadores dessa anomalia irão apresentar algumas características que estarão relacionadas com a extinção do defeito, como perfil côncavo, prognatismo, achatamento da narina, assimetria facial e também terá associação com oclusopatias, dentes supranumerários, agenesia dental, hipoplásias dentárias, alterações de erupção, problemas periodontais e maior incidência de cárie (JUNQUEIRA; ANDRÉ, 2013). As fissuras lábio palatinas podem ser divididas em 3 grandes grupos: fissura pré-forme incisivo, que consiste em uma abertura medial unilateral (direita/ esquerda) ou bilateral do lábio superior, e pode ser completa (quando acomete rebordo alveolar e lábio) ou incompleta (quando acomete somente lábio); fissura pós-forame incisivo, na qual a abertura palatina, podendo ser completa (quando acomete os palato duro e mole) ou incompleta (quando atinge o palato parcialmente); fissura transforame incisivo quando lábio superior e palatos são afetados, podendo ser classificados em unilateral (quando apenas um lado e acometido) ou bilateral quando os dois lados são acometidos (NINNO, 2012). O número de casos das FL/P ocorre aproximadamente 1 em cada 700 nascidos vivos, os fatores que influenciam essas anomalias podem estar ligados as condições socioeconômicas, raça e localização geográfica. Segundo pesquisas de dados epidemiológicos brasileiros sobre fissuras p/l, os números variam de 0,19 a 1,54 para cada 1000 nascidos. Não podendo ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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tomar esses dados como epidemiológicos reais, pois podem estar ligados a diferença metodológicas (PARANAIBA et al, 2010) A importância do tratamento cirúrgico dos pacientes portadores dessas anomalias é essencial para a reabilitação da fonética, estética, funções mastigatórias e respiratórias, pois corrigi o sistema estomatognático e melhora a autoestima do paciente. Uma equipe multiprofissional é imprescindível para o sucesso do tratamento como também a época correta para a abordagem cirúrgica. O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir, por meio de uma revisão de literatura a complexidade desta anomalia, a importância da intervenção cirúrgica analisar a etiologia, o desenvolvimento da fissura palatina e avaliar as técnicas cirúrgicas mais usadas.
METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre tratamento cirúrgico das fissuras palatinas nas bases de dados PUBMED e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) onde se usou os seguintes descritores: fissura palatina; palatoplastia e técnicas cirúrgicas. Adotou-se como critérios de inclusão: artigos em português e inglês onde deveriam constar os referidos descritores, artigos publicados nos últimos 10 anos e textos gratuitos, foram selecionados 14 artigos relacionados ao tema, tratamento cirúrgico das fissuras palatinas que atenderam aos critérios de seleção estabelecidos.
REVISÃO DA LITERATURA Embriologia – palatogênese A palatogênese é um evento complexo e é frequentemente afetada, produzindo o defeito congênito conhecido como fenda palatina (BERKOVITZ, 2011). Segundo Moore (2008) no início da sexta semana, o palato primário começa a se desenvolver, sabendo que essa parte do palato vem sendo formada pela fusão das saliências nasais mediais, onde uma massa de mesênquima em forma de cunha entre as superfícies internas das saliências maxilares das maxilas em desenvolvimento, assim ocorre a formação do palato primário que representa a parte pré-maxilar localizado anterior a fossa incisiva. Segundo Katchburian E.; Arana V. (2012) entre os processos maxilares na porção anterior ficam os processos nasais mediais, assim no caso de malformação do tipo fenda labial pode ocorrer de forma uni ou bi lateral. A incompleta fusão dos processos nasais me diais raramente causará uma fenda do tipo central.
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O palato secundário aparece no feto entre a sexta e oitava semana de vida intrauterina, e durante a sétima semana de desenvolvimento, a parte oral da cavidade oro nasal se torna completamente ocupada pelo desenvolvimento da língua, assim o crescimento das tabuas ósseas continua de tal maneira que elas se tornam verticais e consequente a esse processo ocorrerá a fusão do processo palatino que estará completo na décima segunda semana de desenvolvimento (BERKOVITZ, 2011). Portanto na fenda palatina como no lábio, vem se discutindo que o fator etiológico é multifatorial onde estão relacionados fatores genéticos e/ou ambientais. Onde distúrbios tanto no crescimento das tábuas palatinas e/ou no processo de fusão das mesmas em algum momento da palatogênese, fará com que ocorra a fissura palatina e/ou labial. Estudos tem demonstrado que é difícil estabelecer as causas ou prevê-las. Tem se tentado seguir uma linha de estudo a res peito dos padrões genéticos de hereditariedade, porém se mostrou complexo, pois algumas fissuras não são de origem genética. Também indivíduo que tem suscebilidade genética de ter uma criança fissurada não pode ser identificado de maneira exata, pois existe a não penetrância dos genes que controla a doença, outra causa que intervêm contra essa linha de estudo é pelo fato de que as vezes a FL/P vem acompanhada com doenças de diferentes etiologias (MC DONALD’S, 2011). Fatores ambientais (dietético) tem se relacionado com a FL/P, pois tem sido demonstrado uso de ácido fólico antes da concepção tem diminuído a presença dessa anomalia, também estudos apontam que mãe tabagista há um risco maior de conceber a criança com esse tipo de anomalia. Existem evidências também que gestantes que fazem uso de anticonvulsivantes, como a fenitoina e a difenil-hidantoína podem aumentar de duas a três vezes a incidência de fendas labial e palatina (MOORE, 2008).
Palatoplastia
A palatoplastia é o termo usado para procedimento cirúrgico realizado para o fechamento da fissura do palato, fechando assim a comunicação buco nasal quando presente no palato secundário localizado posterior ao forame incisivo, onde as estruturas relacionadas serão o palato duro, palato mole e úvula. O palato primário é corrigido posteriormente na infância, através de procedimentos com enxerto ósseo alveolar e/ou maxilar (MILORO, et al 2013).
Segundo Paniagua, (2009) a palatoplastia é o tratamento que proporcionará a reconstrução da cinta muscular do palato mole, permitindo com isso um adequado resultado anatômico e por consequência, um melhor desempenho da fala. Spina et al. (1972), classificou os tipos fissuras onde podemos observar na FIG 1. e no QUA 1.
• Para minimizar o maxilar distúrbios de crescimento e deformidades dento-alveolar. Quanto aos princípios segundo Agrawal K. (2009) serão o fechamento do defeito, correção da posição anormal dos músculos do palato mole, reconstrução da cinta muscular, retroposionamento do palato mole, realizar uma sutura livre de tensão, fechar em duas camadas na região do palato duro e em três camadas região de palato mole. Nesse tempo de realizar a abordagem cirúrgica, seja para pacientes portadores de fissura palatina ou labiopalatina, devem-se ponderar cuidadosamente as necessidades funcionais, a questão do crescimento em andamento e também quanto as questões estéticas, para decidir o momento correto para intervir cirurgicamente (MILORO, et al 2013). Quadro 2
Procedimento Época Queiloplastia primária Após 10 semanas. Fig. 1 Fonte: ctmc.lusiada.br, 2012. Quadro 1
A - Fissura pré-forame incompleta unilateral B - Fissura pré-forame incompleta bilateral C - Fissura pré-forame completa unilateral D - Fissura pré-forame completa bilateral E - Fissura transforame unilateral F - Fissura transforame bilateral G - Fissura pós-forame completa H - Fissura pós-forame incompleta Fonte: ctmc.lusiada.br, 2012.
Os objetivos primordiais da palatoplastia consistem em gerar uma melhor motricidade oral e deglutição, favorecendo um ganho pôndero-estatural, permitir um crescimento maxilo facial adequado, uma aparência facial normal, tornam o mecanismo de fechamento do esfíncter velofaríngeo adequado, com o desenvolvimento satisfatório de uma voz sem hipernasalidade, de uma fala sem alterações compensatórias e também proteger a tuba auditiva, com redução das otites médias e de suas repercussões na audição e na linguagem (KRUSE, 2005). Ainda segundo Lindsay WK, Witzel MA, (1990) grande número de técnicas e suas variações estão em uso em diferentes centros de cirurgia, porém os objetivos e princípios de cada técnica permanecem os mesmos. Existem três grandes objetivos de uma operação de fenda palatina e todos estes são inter-relacionados: • Produzir o fechamento anatômico do defeito • Para criar um aparelho para o desenvolvimento e produção da fala normal.
Palatoplastia primária 9-18 meses. Retalho faringeo 3-5 anos ou mais tarde dependendo ou faringoplastia do desenvolvimento da linguagem. Reconstrução alveolar/maxilar 6-9 anos dependendo do com enxerto Ósseo desenvolvimento dentário. Cirurgia ortognática 14-16 anos em meninas, 16-18 em meninos. Rinoplastia Após 5 anos de idade, mas preferencial mente após a maturidade esquelética; após a cirurgia ortognática quando possível. Queiloplastia secundária Em qualquer momento, uma vez que a remodelação inicial e a maturidade cicatricial estejam completas, mas melhor. Fonte: Miloro, 2013.
O QUA 2. aponta o momento mais conveniente para realizar os procedimentos cirúrgicos, todavia via deve-se ter o conhecimento de que essa criança não seja portadora de alguma síndrome ou outros defeitos congênitos que afetem outros sistemas muitas vezes tendo que postergar a cirurgia e/ou acrescentar outros cuidados. A cirurgia de palatoplastia antes dos 9 meses de idade estão associadas a hipoplásia maxilar tardia, e não existe nenhuma vantagem em relação a fala. Aproximadamente 20% dessas crianças poderão apresentar problemas na fala ocorrendo a presença de uma fala hipernasalizada, porém mais tardiamente quando realmente for confirmado esse distúrbio por volta dos 3 aos 5 anos idade pode-se indicar uma cirurgia para correção do defeito anatômico, chamada faringoplastia com o propósito de melhorar o fechamento entre as cavidades oral e nasal reduzindo assim o escape excessivo de ar durante a fala (MILORO, et al ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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2013). %). Estudos mostram que deve se seguir as regras dos 10 para poder ocorrer a intervenção cirúrgica com os seguintes parâmetros: peso corporal >10 libras (4,5 kg),hemoglobina >10g/dl e idade >10 meses (ABDURRAZAQ et al, 2013). A palatoplastia pode ser considerada a base do tratamento do paciente com fissura labiopalatina, pois dentre varias avaliações e procedimentos nas diversas áreas multidisciplinares, apenas a partir da reconstrução do palato será possível o reposicionamento muscular e restabelecimento das inserções musculares devolvendo assim a fisiologia do esfíncter velofaríngeo. A variedade das técnicas empregadas na palatoplastia vem se ampliando de maneira conside rável desde a antiguidade ate os dias atuais. Portanto, vale salientar que, a arte da palatoplastia atual não é somente o fechamento bem sucedido na fissura do palato mole e/ou duro, mas também a obtenção de um excelente resultado da fala sem o comprometimento do crescimento maxilo facial (LEOW; LO, 2008).
manteve o anexo anterior do retalho mucoperiosteal à margem alveolar, para torná-lo um retalho bipediculado (AGRAWAL K. 2009). A técnica de Von Langenbeck de reparação palatina é a mais antiga que foi adotada. Está classificada como uma técnica simples que não tenta prolongar o palato, todavia sofreu modificação para preservar o pedículo vascular e também reduzir a formação de cicatriz que é prejudicial para o crescimento facial, provocando um fechamento velofaríngeo incompetente. Estudos revelam que o procedimento de Von Langenbeck modificada, funcionam bem em muitas fendas palatinas com taxas de sucesso 51-73%(media 60%)(ABDURRAZAQ et al, 2013). A técnica de Von Langenbeck segue os mesmo princípios da palatoplastia de Barach, porém preserva um pedículo anterior para aumentar o aporte sanguíneo aos retalhos.
Técnicas cirúrgicas
De maneira geral, no palato duro os tecidos são incisados ao longo da margem da fenda e descolados dos processos palatinos, sempre com cuidado para não lesar o feixe vásculo nervoso, proveniente do forame palatino maior, fazendo assim até que seja possível uma aproximação sobre a fenda. Na sequência geralmente haverá necessidade de realizar incisões relaxantes laterais próximas a dentição, essas áreas incruentas cicatrizaram por segunda intenção. Assim se recomenda que o fechamento da fenda ocorra com duas camadas no palato duro, onde uma camada mais interna será o assoalho nasal e a outra camada será a mucosa oral (HUPP, 2009).
Fig. 2: Técnica de Von Langenbeck Fonte:www.google.com/imagens
O fechamento do palato mole é necessário que ocorra em 3 camadas, mucosa nasal, musculo e mucosa oral. Lembrando que as inserções musculares do palato mole devem ser livres das inserções ósseas e anatomicamente reposicionadas, também aproximadas para o lado oposto, com atenção para que o mecanismo velofaríngeo funcione de maneira apropriada (HUPP, 2009). As técnicas cirúrgicas mais usadas para o tratamento de fissura palatina é a palatoplastia de Bardach (figura 2) que usa dois retalhos amplos de espessura total, mobilizados pela dissecção por planos e trazidos à linha média para o fechamento (MILORO et al, 2013). Em 1861, Bernard von Langenbeck descrito um método de palatoplastia utilizando retalhos mucoperiosteal para a reparação da região do palato duro. Ele
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Fig. 3: Técnica de Bardach Fonte: Miloro, 2013, p.53.
Também existe outra técnica que é comumente utilizada que é a zetaplastia duplo oposta de Furlow, quando há necessidade de alongar o palato essa técnica apresenta vantagem (MILORO et al, 2013).
Fístula palatina Uma das complicações após a palatoplastia é a presença de fistula. Em alguns casos existem vários estudos que procuram qual seria a técnica cirúrgica mais favorável para prevenir esse incidente.
Fig. 4: Técnica de zetaplastia duplo oposta de Furlow Fonte: Miloro, 2013, p.54.
A técnica de Veau-Wardill-Kilner, que também pode ser chamada de palatoplastia em V-y, implica no alongamento do palato, tendo a vantagem de melhorar o reposicionamento do músculo elevador do véu do palato. E também pode ser aplicada na correção de fendas incompletas. Uma das principais vantagens é a menor ocorrência de insuficiência velofaríngea, devido ao alongamento do palato. Contudo, surgem outros efeitos adversos, podendo alterar o crescimento maxilar. (Amorim, 2014). Segundo Agrawal K. (2009) essa técnica expõe uma grande área cruenta na margem alveolar, resultando em deformidade no arco alveolar e mau alinhamento dentário.
Segundo Chen, Q. et al (2011) em seu estudo, a diferença da taxa de fechamento velofaríngeo pósoperatória em diferentes tipos de fissura, com idades entre operativas e técnicas cirúrgicas foi significativa (P = 0,000) sugerindo que em um grupo de criança entre 6 e 12 anos, quando a idade operatória foi além do estágio de dentição decídua, ou o tipo de fissura de palato foi completa, ou apenas tinha sofrido uma palatoplastia simples, sem o correto retroposicionamento do músculo elevador do véu palatino, os pacientes sofreriam uma taxa de insuficiência velofaríngea maior após o reparo do palato primário. Outro estudo conduzido por Venkatesh M. Annigeri (2012) com o objetivo de analisar os fatores que afetam o resultado clínico e funcional usando a técnica Veau-Wardill-Kilner. Palatoplastia em vários tipos de fissuras palatinas tem demonstrado que a fístula pós ope ratória surgiu com menor prevalência nos pacientes, que foram submetidos a reparação antes de 2 anos de idade, embora em outros estudos demonstram que a idade não afetam de maneira significativa. Nesse estudo foi apontado de maneira significativa que, fendas bilaterais tiveram uma maior taxa de formação de fístula. Segundo Miloro 2013, a maior parte das fístulas é notada logo no período pós-operatório da palatoplastia, é o resultado direto de deiscência de sutura local devido à tensão ou isquemia. Outro momento em que se pode perceber a presença da fistula palatal é durante a fase um do pré-enxerto ósseo, durante o tratamento ortodôntico, especialmente se a expansão maxilar tiver sido realizada, vale ressaltar que existe controvérsia a quando se tenta justificar a presença da fistula por parte da expansão ortodôntica. Segundo Baptista et al,(2005), em seu estudo de incidência de fistulas oro nasais, percebeu-se que as técnicas cirúrgicas adotadas na palatoplastia não influenciam na formação de fístulas, nem o cirurgião e nem a técnica cirúrgica adotada na palatoplastia, porém percebe-se que esta complicação está associada quanto a extensão da fissura.
Fig. 5: Técnica Veau-Wardill-Kilner Fonte: Hupp, 2009.p.590.
Vários estudos têm mostrado que é eficaz, a técnica de furlow, como um tratamento secundário para distúrbio velofaríngeo resultante de uma fenda pós-cirúrgica ou nos casos de distúrbio velofaríngeo proveniente de uma fissura submucosa. (CHEN P.K. et al 1994; PERKINS.J A: et al 2005; SIE K. C. et al 2001). ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cirurgia do palato está ligada as variadas técnicas de palatoplastia, pois percebe-se que há na literatura, diferentes resultados de sucesso cirúrgico com determinadas técnicas, e também quanto ao tempo certo para realização das mesmas. Vários fatores são necessários para a determinação de qual técnica cirúrgica será adotada, pois devemos considerar a complexidade de cada caso, onde se observará a extensão da fenda palatina como também o estado geral e a idade do paciente. Assim o conhecimento das técnicas cirúrgicas e dos limites das mesmas, pelo cirurgião é indispensável para tomada de decisão diante de cada caso, para chegar a resultados pós-cirúrgicos satisfatórios.
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AUTORES
Mateus da Silva Machado Acadêmico de Odontologia da Universidade Leão Sampaio Juazeiro do Norte - CE. Contato: mateus1.sm@hotmail.com
Raquel Araújo Agra Acadêmico de Odontologia da Universidade Leão Sampaio Juazeiro do Norte - CE. Contato: ralquelzinha@hotmail.com ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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E S PAÇO AC A D Ê M I CO
Serviço acadêmico de cirurgia e implantodontia do Centro Universitário Católica de Quixadá Academic service surgery and implantology Center University Catholic Quixadá
Inauguração do Centro Cirúrgico
O Serviço Acadêmico de Cirurgia e Implantodontia do Centro Universitário Católica de Quixadá – UniCatólica, idealizado e fundado no segundo período do ano de 2015 por um grupo de alunos, também estagiários do ambulatório de cirurgia e traumatologia do Centro de Especialidades Odontológicas de Quixeramobim, tem por meta articular o ensino e a pesquisa de forma indissociável viabilizando a relação transformadora entre universidade e sociedade. Também o desenvolvimento de estudos e pesquisas a contribuir com a comunidade científica. O Serviço conta atualmente com a participação de onze alunos/membros ativos sob a coordenação e orientação de quatro renomados docentes da própria instituição de ensino nas especialidades de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Implantodontia, Periodontia e Prótese, que atendem a comunidade com a oferta e realização de procedimentos odontológicos complexos e de alto custo tornando-os mais acessíveis. Dentre as ativi-
dades propostas pelo projeto, destacamos a cirurgia oral menor, instalação de implantes ósseo-integrados, reabilitação oral sobre implantes e cirurgia periodontal peri-implantar. E como se dá a realização dessas atividades? O Serviço também conta com o apoio integral da coordenação do curso de Odontologia da referida instituição que juntamente com a direção viabiliza a utilização do espaço da clínica escola de Odontologia, incluindo o Centro Cirúrgico Odontológico Professor L.D. Manoel Messias de Sousa, recém-inaugurado no dia 13 de abril para a realização das atividades propostas. Os pacientes passam por triagem minunciosa em um horário reservado aos atendimentos que acontecem todas as segundas das 14h20min as 17h10min na
ALGUNS DOS CASOS ATENDIDOS NO SERVIÇO
Fig. 1: Enxerto com biomaterial – Trans-cirúrgico
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disciplina de Diagnóstico Clínico e lá mesmo são agendados os retornos. As práticas odontológicas vivenciadas pelos acadêmicos proporcionam uma satisfação dos pacientes, tanto do aspecto funcional quanto estético, e também trazem a aquisição de conhecimentos, reciprocidade de novos conceitos, estratégias e ideias voltadas para as especialidades, assim como a realização de pesquisas, publicações e apresentação de trabalhos científicos em congressos e jornadas.
AUTOR Herlânia Silva Freire Acadêmica do 9º período do Curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá. Membro Ativa do Serviço Acadêmico de Cirurgia e Implantodontia do Centro Universitário Católica de Quixadá. Diego Felipe Silveira Esses Mestre em Odontologia (2016) - Área de atuação: Cirurgia e Traumatologia BucoMaxilo-Facial da Universidade Federal do Ceará. Discente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá. Coordenador do Serviço Acadêmico de Cirurgia e Implantodontia do Centro Universitário Católica de Quixadá e Programa de Estágio no Centro de Especialidades Odontológicas de Quixeramobim.
Fig. 2: Enucleação cística – Trans-cirúrgico
Francisco Jorge Fiamengui Filho Mestrado em Ciências da Reabilitação no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP (2010). Doutor em Reabilitação Oral na USP / BAURU. Coordenador do Curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá. Graduação em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru USP (2005). Especialização em Implantodontia (2008) e Ortodontia (2012).
Fig. 3: Abordagem ortocirúrgica de canino incluso
Fig. 4: Instalação de implante unitário pós-exodontia com carga imediata
Assis Filipe de Medeiros Albuquerque Doutorando e Mestre em Clinica Odontológica/Cirurgia Buco-Maxilo-Facial pela Universidade Federal do Ceará-UFC. Pro fessor do curso de Odontologia do Centro Universitário Católica de Quixadá. Coordenador do curso de aperfeiçoamento em Cirurgia BMF na Escola de Pós-Graduação IESO. Professor do curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia BMF. Professor convidado do curso de Especialização em Ortodontia da Escola de Pós-Graduação ICEO. Ítalo Sarto Carvalho Rodrigues Doutor e Mestre em Microbiologia e Imunologia Oral, Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (2014). Professor de Periodontia do Centro Universitário Católica de Quixadá. Graduação em Odontologia, Universidade de Fortaleza (2005). Especialista em Periodontia, UNIFOR (2008). Especialista em Diabetes, Universidade de Federal do Ceará (2009). ODONTO NORDESTE | ABO-CE
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N OTA S
Aniversariantes
Dia 5/7 Livane Félix da Costa
Dia 7/7 Dr. Felipe Martins Leite
Dia 22/7 Dra. Ana Valéria Onofre Cruz
Dia 24/7 Bruno de Sena Ávila
Dia 24/7 Andréia Maria Silva da Cruz
Dia 27/8 Dra. Elis Regina Vasconcelos Farias Aragão
Dia 2/9 Celina Maria Maia Amorim
Dia 14/09 Dr. João Paulo Viana Braga
Dia 15/9 Dr. José Emilson Motta Barros de Oliveira Junior
Dia 11/10 Cilene de Oliveira Vieira
A LUZ DO SORRISO por Diogo Fontenelle
Deixar o coração inundar-se de verde radiante É sorrir para a vida entre florações de invernia. Sorrir para qualquer passante por um instante É sopro de gratidão a Deus Pai em azul poesia. Cuidar do sorriso é mais que aliviar uma dor, É acender uma luz no coração de um vivente. É ser a árvore que transforma a terra em flor, Ser a abelha que dá o mel da flor de presente. Cuidar do sorriso é garimpar o rio da felicidade, É trazer a alegria de um menino a girar um pião, Desenhar um arco-íris na tarde cinza da cidade, Celebrar a Infância feito luz da humana solidão.
Homenagem da Odondo Nordeste ao Dia do Dentista, 25 de outubro
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Dia 8/8 Augusto Severino Alves
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