Duda Mendonça

Entrevista

ACEBISPO Dom Murilo Krieger SOLANGE ROSSINI

MINHA CIDADE

Raízes de Emanuelle Araújo

ANO 3 - Nº16 - 201 1 - R$ 14,90

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Especial

Sapatos hotel

paraíso nas ilhas canárias gastronomia

Tentações da carne carro

Face a face com

JAGUAR XKR-S FELINO DE RESPEITO BEM ESTAR

A ARTE DE RESPIRAR

O baiano revela quem é o ser humano por trás da faceta de publicitário premiado e marketeiro vitorioso

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por clAudia pedreira FOTOS solange rossini e Acervo pessoal

O megapublicitário Duda Mendonça diz que leva a sério qualquer trabalho, seja para ter ideias para SOLANGE ROSSINI uma campanha política ou para arquitetar um aniversário de criança: “Faço tudo o que posso”. E como pode!

Afinal, o baiano tem ligações estreitas com o fato de um ex-torneiro mecânico de Pernambuco ter conseguido vencer uma eleição para a presidência do Brasil. Não à toa, a fama de mago da propaganda corre longe e depois de implantar uma agência em Portugal, ele está abrindo uma unidade na Polônia.

feito tatuagem O premiado e vitorioso publicitário Duda Mendonça revela seu lado mais pessoal e mostra o brasão de família marcado na pele

Entre um compromisso e outro, em pontos longínquos do globo, Duda, aos 66 anos, vive numa correria só, na baldeação de carro para helicóptero e de lá para avião.

Mas nos momentos de folga, ele ponga mesmo é em um cavalo puro sangue. E mesmo sem gerar peças publicitárias na Fazenda Itacyra, em Tanquinhos, Bahia, lá o soteropolitano continua exercitando os atributos de criador – só que de exemplares Quarto de Milha que vêm tendo boa acolhida em leilões no país.

“Meus bichos estão todos maravilhosos. Nestes três meses, mais de 50 potros vão nascer na fazenda”, vibrava ele, às vésperas de inaugurar o haras batizado como LM, em referência ao filho Lucas, de 21 anos. O moço é duas vezes campeão brasileiro de vaquejada - nas categorias vaqueiro amador 2008 e equipe amadora 2009 - e se inscreveu para competir na grande festa da modalidade em Serrinha, cidade vizinha à fazenda do pai, no início de setembro.

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tem que participar

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“O haras começou um pouco por causa de mim. Somos, eu e meu pai, apaixonados por cavalos”, narra Lucas, que diz ter o pai como uma grande influência. A dedicação do publicitário e marketeiro ao ofício também serviu de modelo para a filha Eduarda, a Duca, que há alguns anos investiu no ramo de publicidade. “Acho que me apaixonei, mais do que pela profissão, por aquela emoção que ele sentia no trabalho”, narra a hoje psicóloga.

Diretor e sócio da agência Duda Portugal, Leonardo segue a trilha paterna e fala que por isso “seria muito fácil falar do profissional Duda Mendonça.

Trabalho com ele, o que não é fácil, pois é exigente demais”. Mas o também publicitário conclui que a face do baiano que mais lhe chama atenção é a de pai: “Sempre foi beijo pra lá, beijo para cá. Hoje sou meio mãe e pai dos meus filhos. O carinho veio no DNA”.

Duda e um de seus “brinquedinhos”, um helicóptero. Abaixo, a fabulosa casa de praia em Itaipu, por onde circulam notáveis. Na outra página, inscrição ‘zen’ na porta do apartamento no Corredor da Vitória

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A importância do pai no núcleo familiar é algo reconhecido por José Eduardo Cavalcanti de Mendonça desde que ele se via como um garoto franzino, que queria dar orgulho ao pintor Mendonça Filho. No seu livro com fartas pinceladas autobiográficas, Casos & Coisas, Duda narra que houve um momento da carreira em que não enxergava tanta graça em receber prêmio, pois com a morte do artista plástico, não poderia mais celebrar com o pai.Foi exatamente pensando na relação entre pai e filho que o publicitário teve uma das

Quando levanta a camiseta vermelha para mostrar a tatuagem mais recente, perto do ombro, se tem a exata noção de como é a relação de Duda Mendonça com a filharada. Aquele “c cedilha” é como se fosse uma marca registrada do sobrenome Mendonça. Quem conta detalhes é o filho Rafael, de 16 anos: “Meu pai SOLANGE ROSSINI comentou comigo que queria tornar a família mais próxima. Aí surgiu a ideia de fazer um brasão. Todos nós, os homens, fizemos a tatuagem”.

Duda vive cheio de penduricalhos. Pulseiras e brinco se juntam a uma penca no pescoço, que reúne o símbolo do orixá Oxossi (“Vou ao Gantois quando apertam as coisas”), uma placa com inscrição romântica e outra do Caminho de Santiago de Compostela - ele andou 800 quilômetros, com o filho Alexandre, o Xande.

O companheiro de saga conta que ficar ao lado de Duda por um mês, na Europa, foi uma experiência inesquecível, “sempre juntos, como pai e filho, às vezes como amigos, às vezes como inimigos (risos). Aprendi com ele como se tivéssemos ficado lado a lado por 30 anos”. Depois da iluminadora viagem, Xande decidiu morar em Salvador e se casar com a namorada. Da união, foi gerado um par de gêmeos, sendo que o menino recebeu o nome de Tiago, como forma de perpetuar o Caminho.

sacadas mais memoráveis de sua carreira, quando criou a campanha do Gelol e o slogan: “Não basta ser pai, tem que participar”. Por apostar nesta máxima, Duda escreveu em seu livro que é “um chefe e uma espécie de pai, que exige e reclama. Que concorda com o que é possível concordar e que, quando discorda, faz questão, sempre, de dizer por que discordou”.

Duda conta sete filhos – Leonardo, Alexandre (gêmeos de 40 anos) e Eduarda (35), frutos do casamento com Vitória; Lucas (21) e Rafael (16), da união com Rita; além dos enteados Henrique (16) e Loli (14). Aline, a companheira dos últimos 12 anos (e que já avisou que a relação é para toda a vida), diz que o marido é uma pessoa que se entrega intensamente. “Ele tem um coração bom. Pode fazer bobagem, mas nunca com a intenção de machucar alguém”.

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Menino da porteira

A expectativa em torno do nascimento de dezenas de potrinhos, na Fazenda Itacyra, é grande.

Quando soa o sino do pasto, as éguas vêm em bando.

Elas estão todas prenhes. São “barrigas de aluguel”, já que nelas foram depositados embriões de fêmeas Quarto de Milha importadas, inseminadas pelo campeão Throwin a Fit, o garanhão do pedaço. O belo exemplar, de cor negra, acaba de inspirar um Grande Prêmio que concedeu R$100 mil aos vencedores.

No final de julho começaram as nascer os pequeninos, para orgulho do “paizão” Duda Mendonça e da veterinária Edna Cláudio, que acompanha a bicharada.

A médica fala que quando recebeu convite para

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cuidar dos cavalos, achou que seu contratante era um vendedor da raça (um adulto pode atingir o preço de R$800 mil!). “Mas Duda me garantiu que queria criar bem, queria resultados. Já estou aqui na fazenda há um ano e conheço o lado humano dele. A convivência é muito fácil, ele confia demais nas pessoas”.

Funcionário mais antigo da fazenda, o gerente Antônio Carlos de Britto trabalha com o publicitário há 17 anos e considera que se o patrão encontra as coisas dele arrumadas, fica feliz. “E nunca contrariei para saber como ele ficaria”, emenda com um sorriso. Novato na equipe, João Henrique de Carvalho há oito meses pilota o helicóptero e é co-piloto do jatinho que leva Duda pra cima e para baixo: “É um patrão bem compreensivo. Se percebemos que não dá para voar, ele deixa a decisão de vetar o vôo para a gente”.

Atuação internacional - “Nem príncipe, nem sapo”. A consideração sobre como se enxerga - ou como preferiria ser enxergado pelo público - após tantas

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“Quando você ganha uma campanha, é mago. Se perde, é charlatão.

Quanto maior o sucesso, maior é a cobrança, suas virtudes nem são mais comentadas.

A verdade é que não gosto de ser visto nem como príncipe, nem como sapo”

Na Fazenda Itacyra, o ocupado baiano relaxa e aprecia montar seus cavalos Quarto de Milha

campanhas vitoriosas e alguns percalços, é feita por um Duda Mendonça introspectivo, sentado sobre uma das duas fofas camas do quarto principal da fazenda, onde pais, filhos e netos se reúnem. A verdade é que, em sua trajetória profissional - iniciada como fotógrafo, frutificada como corretor de imóveis e consolidada na área de propaganda -, Duda coleciona muito mais vitórias do que momentos difíceis.

Ele conta que se encantou pela publicidade depois de ouvir uma conferência do Roberto Dualibi, no Hotel da Bahia, e de ler o livro Confissões de Um Homem de Propaganda, de David Ogilvy. Mergulhou de cabeça no ofício. E o mesmo profissional que colaborou para a reeleição de Paulo Maluf como prefeito de São Paulo também ajudou Luiz Inácio Lula da Silva a chegar à presidência; conquistou seis Leões de Ouro em Cannes e os principais prêmios da publicidade do mundo.

Ainda nos tempos da DM9 já paria peças memoráveis, a exemplo de Ladrão, para Anapyon, e delicadas

campanhas como as da Óticas Ernesto.

Basta dizer que teve, entre seus estagiários, um jovem Nizan Guanaes, hoje também uma estrela da propaganda. “Já ouvi as pessoas dizerem que Duda faz as coisas por dinheiro. Quem diz isso, não conhece a figura. Seu Duda é movido, sobretudo, por paixão”, atestou Nizan no prefácio do livro Casos & Coisas.

Hoje Duda batiza empresas com seu nome em São Paulo, em Brasília, em Portugal e na Polônia. Anda espantando os europeus com suas ideias para o varejo.

Na área do marketing político, Duda Mendonça criou a campanha Fome Zero, entre outros projetos.

Nos últimos meses, o marketeiro fez campanha pela criação dos estados de Carajás e Tapajós, no atual Pará.

Duda, que tem terras em Carajás, onde cria peixes, diz que está desenvolvendo este trabalho, incluindo a autoria da música tema, sem cobrar nada. O plebiscito está marcado para 11.12.2011. “O número 11 para mim é cabalístico”, diz o mago.

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