Currículo José Alexandre Azevedo Spezzotti Brasileiro, solteiro. 30 / 09 / 1994 Rua Cristianópolis, 492, ap. 41. São Paulo, SP - Mooca. 03128-30 Contato: (11) 99900-9649 | spezzotti94@gmail.com
Formação acadêmica 2009 - 2011
Ensino Médio Colégio Agostiniano Mendel
2013 - atual
Arquitetura e Urbanismo FAU USP - Universidade de São Paulo
2015 - 2016
Architecture and Planning UWE - University of the West of England, Bristol Ciência sem Fronteiras
Experiência 2016
Participação no projeto “Feasibility Study for a New Engineering Building” em Bristol, Reino Unido. Projeto real com o objetivo de realizar estudos de viabilidade para um novo prédio de engenharia no campus da University of the West of England
Idiomas fluente
Inglês
básico
Espanhol, Alemão
Softwares avançado intermediário
AutoCad, Sketchup Pacote Office, Revit, Rhinoceros, Photoshop, Illustrator, InDesign
04
Habitação
14
Restauro
24
Poesia
38
Educação
44
Cultura
54
Cinema
Habitacão fauusp, 2015 | alexandre spezzotti, lucas caprio, pedro lima, tiago regueira
Priorizar o processo ao invés do produto final foi o que definiu este projeto, em todos os sentidos. Procuramos não somente projetar na periferia, mas também projetar
com as pessoas da periferia, de tal forma que ao longo do trabalho nos atentamos às particularidades de cada indivíduo, e principalmente a como fazê-las florescer através da arquitetura. A limitação técnica e espacial fez com que nos voltássemos para o lado criativo, explorando outros caminhos para que esta arquitetura ganhasse vida e expressão. Por conta disso tudo, estudamos bastante construções por mutirão e participação popular. Imaginamos, portanto, que cada pessoa que fosse habitar o local tivesse uma participação tão importante quanto a figura do arquiteto. Com o olhar de hoje, percebo que o projeto mostra algumas falhas técnicas, principalmente em sua estrutura. No entanto, o mais importante é o fato de ele ter sido o início de uma grande reflexão sobre flexibilidade, participação popular, expressão individual, a importância do processo, e tantos outros aspectos que o grupo todo ainda carrega, mesmo depois de tantos anos.
06/07 Entorno Localizada próxima ao Parque dos Búfalos e à Represa Billings, a área designada para o projeto contava com uma garagem para ônibus (onde foram planejadas as habitações), uma pedreira, um córrego e uma série de de moradias precárias. O primeiro passo, portanto, foi fazer um levantamento de quantas moradias deveriam ser removidas (pelos motivos listados abaixo) para chegarmos a um número de unidades habitacionais que deveriam ser produzidas. Dispor desse número foi essencial para o estágio de concepção do projeto, já que pudemos ter em mente quantos pavimentos seriam necessários - em média - por bloco, além de uma área na qual os blocos seriam implantados.
14
Motivo Urbanístico Abertura de via ou espaço público
370
Motivo Ambiental Córrego ou área de presevação
111
Precariedade Alta precariedade construtiva
110
Urbanização 20% dos domicílios são removidos para abertura de vias e desadensamento
665
Demanda de Produção Considerando +10% por possíveis erros
| Remoções
0
100
300
500 m
N
Expressão e participação Logo no começo do projeto, demo-nos conta de quanta diversidade e identidade a periferia apresenta. Como consequência, procuramos não impor nossa vontade arquitetônica, mas sim usufruir desses valores. Entendemos que uma boa forma de aproveitarmos isso seria por meio da flexibilidade e também da autoconstrução. Pensamos em um processo construtivo bastante simples, como mostra o diagrama ao lado. A primeira etapa seria a construção da circulação vertical, em estrutura metálica, que também serve de andaime para os passos posteriores. Após isso, são construídos as paredes de concreto e os núcleos hidráulicos e, por fim, são incorporadas as lajes de concreto moldado in loco, de diferentes dimensões a fim de possibilitar diferentes ocupações. Ao final deste processo, o suporte está pronto. É neste ponto que a figura individual se destaca, uma vez que quem for habitar o apartamento poderá arranjá-lo, a partir da laje lisa, da forma que desejar. Este conceito de suporte (estrutura e infraestrutura) e recheio (ocupação e expressão) foi a essência da proposta.
Cobertura inferior Usos coletivos sociais: salão de festas lavanderia coletiva horta terraço
Reservatório superior de água Cobertura superior Usos coletivos técnicos: captação de águas pluviais aquecimento solar
16.50
Cheios e vazios O jogo de volumes é fruto da articulação de diferentes tipologias no bloco e, sobretudo, da multiplicidade de desenhos das unidades habitadas
15.00 13.50
12.00 10.50
9.00
Lajes habitacionais Pé-direito: 3.00 m Desníveis: 1.50 m
Recheio Construção seca: paredes de gesso acartonado; tratamento impermeabilizante
Habitação As lajes habitacionais são livres, ocupadas cada uma á sua maneira
6.00 4.50
Térreo Pé-direito: 3.00 m Usos não residenciais comércio de pequeno porte espaço coletivo
3.00
Estrutura em concreto Paredes estruturais Térreo Pé-direito: 4.50m Usos não residenciais: comércio de médio porte equipamento comunitário espaço coletivo
08/09
Possibilidades de ocupação
Tipo A 53 m²
Tipo B 87 m²
Tipo C 67 m²
Tipo D 69 m²
| Ocupações de apartamento
0
1
3
5m
10/11
D
A x
x + 1.50
5m
1
B
C
| Possível composição de pavimento
5m | Ensaios de fachada
12/13
| Implantação
0
20
60
100 m
N
Restauro university of the west of england, 2015
Devido ao incêndio que destruiu parte considerável de seu interior, sendo que apenas as fachadas não sofreram grandes danos, houve a necessidade de fazer um restauro do edifício Clandon House (construído no século XVIII, de estilo paladiano), localizado em Guildford, Reino Unido. Novos elementos deveriam ser projetados - ao invés de recriar o que houvera anteriormente - e, para isso, foi necessário levar em conta os princípios de conservação e preservação, ao mesmo tempo em que se buscava uma solução inovadora e contemporânea. Todos os novos ambientes a ser criados - destacando-se as estufas de jardim - já foram listados pelo que seria o cliente do trabalho, a organização de preservação de patrimônio
National Trust. Adicionalmente, foi uma oportunidade de trabalhar em várias escalas: pensar na construção em si, pensar em todo o parque em que a casa está inserida procurando estabelecer relações entre os dois - e finalmente pensar nos acessos, eixos, programas, etc.
Análise Após a realização de esquemas e de uma maquete do terreno, pude notar alguns aspectos importantes, como o rio - que vai desde a estação de trem até um ponto próximo da casa, já criando um percurso potencial - e pontos notáveis como uma fazenda, uma escola e uma igreja. Em termos de acessos, há uma ferrovia e uma estação, a norte, pontos de ônibus a sudeste, e um portão de entrada a sudoeste, onde há um adensamento populacional. Todavia, o desenho das vias a noroeste faz com que esta seja uma área mais interessante para criar outro ponto de acesso.
railstation railroad
farm
school dutch garden church bus stops
guilford housing area
clandon house
N
N
16/17 Proposta Tendo como cliente a National Trust, foi fundamental criar uma fonte de renda para a organização. A estratégia utilizada foi espalhar pelo parque elementos que pudessem gerar renda (como restaurante) e deixar apenas a região em vermelho (exibida no croqui abaixo) como uma área paga, que foi delimitada com o objetivo de criar uma unidade entre museu - a mansão - e seus jardins. Dessa forma, os elementos externos inspiram as pessoas a conhecerem mais e ir ao museu, criando uma conexão entre parque e construção.
| Croqui do parque - proposta
A conexão entre a área paga e o restante do parque foi feita principalmente por meio de duas formas. A primeira foi estender o lago até o Dutch Garden - sendo que este tem como características justamente os elementos d’água -, criando assim uma conexão entre as duas áreas, além de sugerir um importante eixo: o da estação de trem ao museu e jardins. A segunda estratégia foi em relação à nova área a sudoeste do parque, que tem como objetivo abrigar esculturas e totens que contam a história de vários elementos do complexo. Entende-se que esta é uma maneira de fazer com que pessoas que usam o lugar regularmente - seja apenas como recreação ou contemplação desenvolvam um interesse e visitem a área paga, em vermelho.
18/19
Planta do parque - proposta 1:10,000 |
N
Conceito Norteado pelos princípios da Carta de Veneza, o conceito se baseia na decisão por não demolir - ou intervir - em nenhuma das paredes internas, uma vez que era impossível saber ao certo sua situação. Em termos de novos elementos, pensei em dois blocos de vidro para formar uma relação com o bloco antigo, uma vez que o bloco e as duas estruturas novas se sobrepõem. Tinha-se como objetivo desenhar formas simples e ortogonais (como a própria casa), mas com material diferente e uma nova cobertura comum. Embora as novas formas sejam simples, elas quebram a simetria que havia na construção, mostrando diferentes épocas e conceitos arquitetônicos em um mesmo local, já que a simetria ainda pode ser vista através do vidro. A conexão entre os blocos é feita através de passarelas e, ao andar por elas, as pessoas podem ver a antiga fachada de perto, além de entender sua espacialidade e viajar entre o novo e velho. Os jardins funcionam como uma estufa e, dessa forma, o calor que entra fica retido no espaço, tornando-o mais quente, sendo positivo em um local onde o clima é majoritariamente frio. Foram projetadas várias aberturas superiores - além de uma grande janela, no café - para que o ar quente possa sair por efeito chaminé. O layout dos jardins foi pensado com base na carta solar e, portanto, espécies que precisam de mais luz foram colocadas na parte sul e aquelas que vivem na sombra foram dispostas na parte norte (lembrando que este local fica no hemisfério norte).
| Elevação Oeste
20/21
e maquinário
0
3
9
15 m
N
N
| Planta do subsolo - áreas para tour virtual
| Planta térreo - recepção, loja, exposi jardins e workshop
3
9
15 m
N
| Planta primeiro andar - café, arquivos e workshop
0
3
9
15 m
N
N
0
N
ição,
22/23
Poesia
university of the west of england, 2016
Ao escolher um museu e projetar sua versão satélite na cidade de Bath, Inglaterra, os grandes desafios já vieram no início: incorporar a filosofia do museu escolhido - mas ao mesmo tempo se desprender de suas limitações -; enquadrar o conceito no contexto do novo lugar e trabalhar em uma cidade considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO foram um quebra-cabeça difícil de montar, mas que me ajudaram a enxergar o projeto em sua totalidade. As escolhas iniciais tiveram um peso notável, e grande parte do tempo designado a este projeto foi usado na elaboração de estudos e desenhos para que estas escolhas tivessem mais embasamento e fossem mais acertadas. No final, pude perceber o quanto trabalhar desta forma ajudou a ideia a conquistar significação, e isto contribuiu muito para me fazer acreditar ainda mais na importância do processo. Ademais, este foi o projeto que me despertou interesse em questões mais poéticas e que me levou a perceber como pequenas sutilezas podem presentear a arquitetura com uma tonalidade inusitada.
Bath
Uma vez que o terreno escolhido encontra-se em uma área recheada de importantes pontos da cidade, o projeto foi cuidadosamente elaborado para integrar e afirmar estes eixos. Como seria possível completar as conexões já existentes da região, além de desenhar uma arquitetura contemporânea que respeite uma cidade histórica?
26/27 Poetry Foundation
O museu escolhido para ter sua versão satélite foi o Poetry Foundation, localizado em Chicago. Além de a cidade ter grande significado para escritores notáveis como Mary Shelley e Charles Dickens, ao visitar Bath pude perceber que andar por suas ruas é como ler um livro de Jane Austen. Se o objetivo do museu é difundir poesia pelo mundo, imagino que ele se encaixaria perfeitamente em uma cidade que respira literatura, como o é Bath.
Conceito O primeiro passo para chegar à forma final foi levar em conta as questões ambientais. Como o terreno era de tamanho considerável, optei por criar um vazio a sul, com o objetivo de receber mais luz direta e resultar em mais ventilação nos volumes restantes. A etapa seguinte fundamentou-se em dividir o grande bloco em blocos menores, de acordo com suas funções. Minha ideia com isso foi de evitar uma flexibilidade ambígua - termo que me deparei ao estudar Seattle Public Library, por OMA -, ou seja, desenhar cada área com suas próprias dimensões e propriedades já pensando nas atividades que iriam ocorrer em cada uma. Outra função importante desta ideia é evitar que duas atividades diferentes ocorram em um mesmo lugar, pois seria muito provável que uma acabasse “estrangulando” a outra. Por fim, embora a ideia seja criar esta série de espaços únicos, o propósito é fazer uma conexão entre eles por meio de espaços mais livres, que serviriam de transição, e incompletos, sendo apenas terminados com a presença das pessoas. Além de estes dois tipos de espaço - usos definidos e de transição - serem a síntese do conceito, eles também criam um ritmo com seus ambientes abertos e fechados, aproximando-se à métrica poética.
blocos genéricos
blocos únicos
ritmo - cheios e vazios 2 tipos de espaço definidos e de transição
28/29
Forma final
| Espaços definidos 1. galeria + oficinas 2. salão de eventos 3. circulação vertical 4. biblioteca (sala de leitura) 5. biblioteca (estantes) 6. café 7. loja
| Espaços de transição
30/31 Rimas
| Vista interna - bloco oeste Após pensar em ambientes abertos e fechados como uma espécie de métrica para a arquitetura, procurei ir mais além e me perguntei se não seria possível, neste projeto, criar mais relações entre esta e a poesia. Sendo assim, tive uma abordagem mais experimental que se repercutiu nas fachadas e no mobiliário. Isto posto, pensei em alguns tipos de janela, seguindo a estética do projeto, e as arranjei de forma a seguir diferentes padrões de rima, no final optando pelo esquema AABCCB. Acredito que isto tenha sido significativo para presença de uma arquitetura mais empírica e perceptiva, explorando tanto as sensações de quem a vê caminhando pela cidade como quem a sente de dentro dela.
A
B
C
ABABBCC - Rhyme Royal
ABABABCC - Ottava Rima
ABABCDDEE - Byron
AABCCB - Shakespeare
| Planta térreo
0
2
6
10 m
N
1. acesso de serviço 2. acesso público 3. banheiros 4. circulação vertical 5. depósito 6. chapelaria 7. recepção 8. salão de eventos
9. área de transição 10. biblioteca (livros) 11. biblioteca (audiovisual) 12. loja
| Planta primeiro andar
0
2
6
10 m
N
32/33
| Planta segundo andar
0
2
6
10 m
N
13. galeria - recepção 14. galeria - espera 15. galeria - exposição temporária 16. biblioteca (área de estudo) 17. área de transição 18. café 19. cozinha
20. maquinário 21. administração 22. sala de atividades - crianças 23. sala de oficinas
| Planta terceiro andar
0
2
6
10 m
N
34/35
| Corte O - L
0
1,5
4,5
7,5 m
Conforto ambiental As estratégias de iluminação foram desenvolvidas tomando cuidado com a condição dos livros. Na fachada norte, o bloco recebe somente luz indireta enquanto que na fachada sul recebe luz direta, porém apenas proveniente de aberturas superiores, para evitar contato direto da luz com os livros. O vão entre a mesa com computador e a janela, no pavimento de cima, existe para que mais luz indireta chegue ao andar de baixo e sirva como um brise no andar de cima. No bloco oeste, como não foi possível elaborar uma ventilação cruzada, por conta das construções adjacentes, optei por um shaft de ventilação. Dessa forma, o ar move-se desde o primeiro pavimento até depois do último, além de receber ar quente das salas.
| Luz - bloco central
| Ventilação - bloco oeste
36/37 Detalhamento
1.3 m depth steel composite trusses beam (span/15)
500 mm depth steel universal beam (span/20)
203 x 203 mm steel universal column
600 x 600 mm piloti
| Estrutura - isomĂŠtrica
40 mm ceramic rainscreen cladding support system 20 mm floor finishing air gap
100 mm mineral wool insulation
10 mm breather membrane
100 concrete slab
150 mm mineral wool insulation +100 mm ceiling void for ducts
500 mm depth structural steel beam 203 mm structural steel column
| Detalhe fachada
Educação
experiência, 2016 | alexandre spezzotti, ana denadai, capucine gauditiabois
Este projeto nasceu com a necessidade de a University of the West of England em conceber um novo prédio de engenharia dentro do campus. Embora com duração de apenas 6 semanas, este projeto foi bastante enriquecedor devido ao fato de termos trabalhado na etapa inicial do processo e de termos dedicado todo esse tempo à pesquisa e à elaboração de um conceito claro e sólido. Quando finalizamos, outra equipe assumiu o projeto e começou a trabalhar de onde paramos, ou seja, baseando-se no conceito para elaborar uma forma e posteriormente pensar em todos os detalhes construtivos. Considero que esta foi uma oportunidade única para evidenciar como o início de um projeto tem grande importância para todo seu desenvolvimento. Durante este período, pesquisamos bastante sobre prédios de engenharia e ambientes de estudo, entrevistamos estudantes para saber quais seriam as suas necesissades e participamos de reuniões com representantes da universidade, que foram importantes para nos mostrar os desafios em se trabalhar com um projeto real.
Referências
| Referência - OMA O primeiro passo do processo foi procurar referências de outros prédios de engenharia, com foco na Europa. Após a análise de uma série de exemplos, ficou claro que eles se dividiam basicamente em duas categorias, com base em sua circulação e disposição: a dos que apresentavam circulação por um átrio central, frequentemente dividindo o complexo em dois grandes blocos, e a dos que possuíam circulação descentralizada, formando uma série de diferentes blocos. Em uma das reuniões, o cliente do projeto demonstrou grande interesse pelo segundo tipo, ilustrado pela referência acima (Ecole
Centrale Paris, OMA). Sendo assim, procuramos desenvolver o conceito a partir desta categoria, mas entrelaçando-a com uma tipologia retangular padrão, devido às dimensões do terreno e ao programa, ambos reduzidos - o que limitava parcialmente a descentralização.
40/41
Espaços de estudo Após mais uma etapa de pesquisa e entrevistar uma série de estudantes de engenharia, chegamos às primeiras idealizações sobre os espaços de estudo, que consideramos um elemento primordial em toda a concepção do edifício. Pensamos em espaços nos quais os estudantes pudessem ser ativos, colaborar entre si e participar de diferentes atividades. Como resultado, desenhamos uma série de possibilidades focando principalmente em três aspectos: atividades em grupo, flexbilidade do mobiliário e descentralização da figura do professor - que em alguns casos assumiria a função de tutor. Procuramos evitar ao máximo uma “solução universal” e imaginamos que todas estas possibilidades pudessem estar disponíveis tanto para os alunos quanto para os professores escolherem de acordo com o objetivo e atividade.
42/43 Desenhos iniciais Sendo que trabalhamos apenas na fase conceitual, terminamos ao fazermos algumas reflexões sobre o terreno, o contexto, e como eles - junto do conceito de blocos descentralizados - moldariam os primeiros desenhos do novo prédio de engenharia. Um complexo com múltiplas entradas e permeável foi como o imaginamos, abrigando blocos com funções separadas (dispostas levando em conta o nível de privacidade), mas conectados por passarelas.
privacy
light
noise
openness
learning spaces auditorium
classrooms
laboratories
Cultura fauusp, 2016
Projetar uma Casa de Cultura em uma região central da cidade de São Paulo provou ser uma experiência muito rica e trouxe uma série de discussões. A primeira delas foi até que ponto construir outro equipamento cultural no centro seria redundante ou não. Isso fez com que eu me preocupasse em saber quais usos acontecem na região e propusesse um programa que os complementasse e estabelecesse um diálogo. Outra discussão importante foi a da verticalização: este foi um dos raros momentos em que tive a oportunidade de trabalhar com muitos pavimentos. Pontos de projetos anteriores ainda continuaram presentes, como os da rigidez, opacidade, transparência e flexibilidade. Em relação a esta, percebi que por mais que eu tivesse a vontade de seguir uma linha bastante livre, como a do projeto de Habitação, isso não se mostrou ideal, ao passo que os projetos que trabalhei neste meio tempo foram importantes para me mostrar outros tipos de flexibilidade que se assemelham mais à que incorporei neste edifício cultural.
Programa O terreno designado ao projeto da Casa de Cultura encontra-se em uma região central da cidade de São Paulo, cercada de outros equipamentos públicos. Dentre eles, a Biblioteca Mário de Andrade, o grande número de teatros nas proximidades da Praça Franklin Roosevelt (entre os quais se destaca o Teatro Cultura Artística) e a própria Praça, que serve como lugar de encontro no meio de tantas atrações culturais. Sendo assim, optei por não incluir teatro e biblioteca no programa do projeto. Música, pintura/desenho, exposições e oficinas são os 4 itens principais da proposta, além de uma área de administração no subsolo. Há também a proposta de que na Praça Roosevelt sejam realizados eventos que demandem um espaço maior, como apresentações musicais (possivelmente de alunos da Casa de Cultura) e cinema ao ar livre (em memória ao Cine Bijou).
N
| Implantação do terreno, destacando áreas de cultura. Eixo cultural entre Casa de
Cultura, Teatro Cultura Artísitca, Praça Roosevelt e Biblioteca Mario de Andrade
46/47 Flexibilidade
Uma das diretrizes do projeto foi alcançar uma flexibilidade inteligente, que não somente propusesse um grande espaço aberto sem ao menos se atentar para o que nele pudesse acontecer. Portanto, procurei algumas referências relacionadas ao tema, que podem ser vistas abaixo. Como resultado, os blocos serão previamente divididos e mobiliados a fim de que fique mais fácil de se escolher um espaço que se deseja utilizar dentre as opções disponíveis, como uma espécie de “catálogo”. Sendo assim, entende-se que é o uso do espaço que é flexível, e não o espaço por si só.
| Munch Museum (2º lugar), Rex - Propõe 8 espaços diversificados para
exposições, justificando que modificar frequentemente um grande espaço aberto seria inviável para um museu
| Karlshamn Cultural Centre, Schmidt Hammer Lassen - Propõe uma série
de diferentes funções em espaços bem equipados, fazendo com que o usuário explore os ambientes e procure o que mais lhe agrade
Conceito O painel do Teatro Cultura Artística, de Di Cavalcanti, retrata o encontro das musas das artes em um mesmo espaço. O conceito do projeto apoia-se em seguir este mesmo pensamento, ou seja, tornar a Casa de Cultura um grande “painel” onde há o encontro das artes não por meio de musas, mas por meio de pessoas. Para isso, buscou-se desconstruir o padrão de “uma atividade por pavimento”. Foi necessário rotacionar os 4 blocos horizontais (música, pintura, exposições e oficinas) a fim de transformá-los em torres de 4 pavimentos cada um. Devido ao tamanho do terreno, foi possível posicionar, em projeção, dois blocos por pavimento, separados pelo espaço de circulação. Com o intuito de aumentar o número de interações de pessoas de diferentes áreas, procurei deslocar os blocos a oeste dois pavimentos para cima, criando 3 interações entre blocos ao invés de 2, anteriormente. Por fim, desloquei para cima os dois blocos superiores para criar descansos entre os ambientes, que também servem como lugar de encontro.
| Diagrama de volumetria inicial mostrando o programa 1. exposições 2. pintura/desenho 3. música 4. oficinas 5. apresentações/cinema
48/49
Cor
Um dos principais conceitos do projeto é o seu fácil entendimento por parte de quem o frequenta. Sendo assim, as cores ocupam um papel fundamental, sendo cada uma delas designada a um bloco. Desta forma, quem está passando pela rua pode rapidamente identificar que há 4 espaços distintos - e ainda ver de maneira parcial o que acontece dentro deles, por conta da transparência - e se localizar mais facilmente quando estiver dentro do prédio. As lentes coloridas estão presentes para denotar um caráter único a cada área e fazer as pessoas enxergarem a praça e a cidade sob outra ótica.
50/51 Diagramas
Estrutura| Por meio de paredes estruturais. Os grandes vãos e balanços são vencidos pelas vigas de 50cm de espessura localizadas nos depósitos
Ventilação| Por efeito chaminé. O ar quente sobe pelo átrio central, no vão das escadas, enquanto ventila cada bloco. O ar quente dos blocos escapa pelas aberturas superiores localizadas nas entradas
Abastecimento| (Dos sistemas elétrico e hidráulico) Se dá pela torre central
4.
3.
2.
1.
Interações| Com os ambientes ao ar livre. Geralmente combinadas com mezaninos
Depósitos| 1 por bloco, a fim de facilitar e diminuir os deslocamentos
Térreo| Sistema de descarregamento dos objetos até os depósitos
Possibilidades| O espaço indicado pode ser banheiro (M ou F), armazém ou café, dependendo do pavimento
Oficinas
4. Recepção + 3 Salas
3.
2.
Recepção + 2 Salas
Salão expositivo (1 área)
Salão expositivo (2 áreas)
2.
Mezanino
Mezanino
1.
Salão de apresentações e ensaios
Exposições
3.
2.
1. Salão colaborativo
N
4. Recepção + 3 Salas
Recepção + 3 Salas
Recepção + 2 Salas
10 m
4. Recepção + 3 Salas
Recepção + 3 Salas
1.
6
Pintura
3.
2.
2
Música
4.
3.
0
N
| Planta pavimento tipo
Salão expositivo (3 áreas)
1. Salão colaborativo
| Tipos por uso e pavimento
Salão expositivo (4 áreas)
52/53
| Corte N - S
Cinema fauusp, 2017 | alexandre spezzotti, felipe dos anjos
O reconhecimento da paisagem constitui uma importante e poética relação entre a arquitetura e o cinema. Este vínculo nos permite constituir pensamentos e oportunidades a partir da ficção. Neste trabalho, fomos em busca de cenas de filmes que continham conceitos que nos interessavam e, a partir de um frame, construímos uma realidade imaginária. Trabalhar com o experimental e o exagerado foi muito prazeroso pois nos possibilitou chegar a um entendimento mais profundo das questões que estávamos explorando. Procuramos investigar a partir do extremo. Foi por isso que elaboramos um parque de diversões que se apoia em um recorte de viaduto, localizado justamente no centro de São Paulo, rompendo - ou seria repensando? - as conexões entre o centro e a zona leste da cidade. Com referências como Archigram e Superstudio, buscamos recuperar o ato de imaginar.
Her
Dirigido por Spike Jonze, o filme Her (2013) retrata de forma melancólica a solidão vivida pelo ser humano na pós-modernidade. Embora também seja envolvido por questões sobre a tecnologia, entendemos que o longa somente o faz com objetivo de evidenciar o vazio intrínseco a todos nós. Partimos, portanto, em busca de uma cena que simbolizasse estas reflexões e nos deparamos com um momento em que o personagem principal encontra-se introverso em uma escada, após momento de grande decepção, observando as outras pessoas transitarem. Da cena, podem-se evidenciar duas importantes questões: a solidão compartilhada, que acontece quando o personagem percebe que todos estão sozinhos, intensificando sua própria solidão; e o movimento com fim em si mesmo, exemplificado pela importância dada à escada e pela explícita ausência dos elementos por ela conectados.
56/57 Parque Shangai
| Imagem do filme “O Grande Momento” A próxima investigação constituía em encontrar uma oportunidade para trabalharmos com estas questões, e também a encontramos por meio do cinema. O Grande Momento (1958), de Roberto Santos, retrata o Parque Shangai, parque de diversões que nasceu em meados dos anos 40, próximo ao Parque Dom Pedro, e que em 1968 deu lugar aos famosos viadutos da região. Nós queríamos evocar a memória deste parque no mesmo local onde ele antes estivera, mas agora em outa camada, ou seja: usando-se da estrutura dos viadutos. Desta forma, trabalhamos com a sobreposição de camadas de diferentes períodos - o antigo parque (passado); a estrutura dos viadutos (presente) e os elementos do novo parque (futuro utópico). Também nos inspiramos nas esculturas cinéticas do artista Tinguely, por acharmos que o novo parque sobre o viaduto funcionaria como um grande mecanismo dinâmico, em que o movimento dos carros seria subtituído pelo dos brinquedos e pessoas.
Conceito Tendo em mente o programa de um parque de diversões, o desafio foi combiná-lo com a ficção. Em relação ao tema da solidão compartilhada, fizemos alguns croquis imaginando formas de duas pessoas se olharem, mas não se alcançarem. Imaginamos que o projeto do novo parque encorporaria isto com sua grande quantidade de desníveis e vãos, além de um programa voltado para estímulos rápidos. Em relação ao movimento, o viaduto pode ser considerado um bom espelho à escada de Her. Estes caminhos foram criados com o único propósito de servir de ligação a dois lugares. O que aconteceria quando removêssemos estas duas referências e deixássemos o viaduto existir apenas por si próprio? Fizemos, portanto, alguns recortes em um complexo de viadutos que escolhemos (com base na proximidade a onde antes estivera o Parque Shangai) a fim de formar um circuito fechado e, finalmente, conectamos as diferentes partes do complexo por meio dos próprios brinquedos do novo parque, como montanha russa, roda-gigante e um grande anel rotatório de ligação.
vidro
desnível
vão
| Encontrar sem alcançar
58/59
esculturas cinéticas
área para pedestres
área do antigo parque shangai
60/61
10
30
50 m
N
N
0
| Elevação A
0
5
15
25 m
62/63
| Corte A - A
| Corte B - B
0
5
15
25 m
0
5
15
25 m
64/65
66/67