Novembro de 2011 - Ano XII - NĂşmero 3
Odesafiodeproporalgonovo Marcelo Barros Diniz
Os alunos Renato Bertoly, Bárbara Becalli, Lia Menegaz e Felipe Brotto, que participaram do desafio e ficaram uma semana desconectados.
“Você trocaria o resto da sua vida sem acesso à internet por um milhão de reais?”. A pergunta provocou um alvoroço na aula de Laboratório de Jornalismo (J2M) e foi feita por Bárbara Becalli, uma fascinada pelas redes sociais e que não conseguia imaginar a possibilidade de ficar sem elas. O que parecia uma pergunta “sem noção” na sala de aula se transformou em um projeto interdisciplinar, que envolveu o Laboratório de Radiojornalismo, coordenado pela professora Gilda Miranda. Decidimos, inicialmente, fazer uma enquete com alunos do campus da UVV para saber se eles fariam a troca e uma matéria para o jornal laboratório Talento. Parecia tudo decidido, quando o professor Rodrigo Cerqueira, coordenador do curso de Jornalismo, comentou: “Será que um aluno toparia ficar sem internet por uma semana?”. O desafio foi lançado e não apenas um, mas quatro alunos aceitaram. Bárbara Becalli, Lia Menegaz, Felipe Brotto e Renato Bertoly. A avaliação deles surpreendeu por algumas considerações que não esperávamos, entre elas, a de que as redes sociais são muito mais limitantes do que libertadoras. A enquete, no entanto, revelou certo equilíbrio com pelo menos metade dos entrevistados afirmado que trocariam a internet pelo reforço na conta bancária.
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A proposta para os alunos, que ganhou status de desafio, reflete a disposição de propor mudanças na configuração e no espaço que o Talento ocupa na vida acadêmica dos estudantes de Jornalismo. Ao assumir a coordenação do jornal laboratório, junto com os professores do Núcleo Editorial, no início do segundo semestre, acredito que tenha assumido também o compromisso de continuar o exercício da experiência, da criatividade, da integração e das possibilidades para o jornalismo impresso. Essa edição do Jornal Talento buscou inspiração na arte de Miró, um dos mestres espanhóis a expor no Palácio Anchieta, mas não se limitou a um estilo ou escola, como ocorreu nas edições passadas. As matérias foram produzidas durante a disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso por alunos do J4N e J4M a partir de um exercício de observação e desenvolvimento de pautas. Marcilene Forechi Professora coordenadora
EXPEDIENTE Centro Universitário Vila Velha - ES Rua Comissário José Dantas de Mello, 15, Boa Vista - Vila Velha -ES-CEP: 29102-770 Reitor Manoel Ceciliano Salles de Almeida Vice-Reitora Luciana Dantas da Silva Pinheiro Pró-Reitor Acadêmico Paulo Régis Vescovi Pró-Reitor Administrativo Edson Franco Immaginario Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Danielle Bresciani Diretor de Graduação Nilton Dessaune Filho Coordenador de Jornalismo Rodrigo Cerqueira Professora Orientadora Marcilene Forechi
O Talento é uma produção do NÚCLEO EDITORIAL DA UVV Monitores do Laboratório Gisele Porto e Mário Azevedo Diagramação Gisele Porto, Mário Azevedo e Rafael Laghi Textos Alunos da turma J4M Ensaio Aluna Jocilane Rubertt do curso de Publicidade e Propaganda Profª Orientadora de Fotojornalismo Elizabeth Nader Capa Arte do professor Marcos Spinassé Supervisão de Design Gráfico Marcos Spinassé Tiragem 500 exemplares
A Arte do Aprendizado “Só um sentido de invenção e uma necessidade intensa de criar levam o homem a revoltar-se, a descobrir e a descobrir-se com lucidez” Pablo Picasso. A arte é uma forma de expressar ideias e emoções. O mundo é recriado e adquire um significado único a cada obra. Os artistas retratam as características de uma época tecendo um olhar crítico, deixando como herança um pedaço da história, que perpassa o tempo falando sobre ele. Os educadores, sabendo muito bem disso, buscam aproximar os alunos dos artistas e de suas obras, de forma a estimular o gosto pela arte. Deve ser por isso, que tantos estudantes visitaram a exposição “Mestres Espanhois, no Palácio Anchieta, 2 de agosto a 2 de outubro. Lucas Moraes, 16 anos, cursa o 2° ano no Colégio Estadual e visitava, pela segunda vez, uma exposição de artistas renomados. Ele voltava ao Palácio Anchieta para apreciar a exposição “Mestres Espanhóis”, em comemoração aos 460 anos de Vitória. Depois de ter visto, em outra oportunidade, as obras de Michelangelo, Lucas afirmou ter gostado bastante de Salvador Dalí. “Eu reparei que, desde aquela épo-
ca, ele já retratava a sensualidade da mulher. Achei interessante também a noção de profundidade que ele passa nas obras”, comentou. A professora Lívia Castro, 26 anos, prova que o contato com a arte não tem idade. Acompanhada por crianças de 3 a 4 anos, de uma escola privada, ela explica como a arte é importante no processo educacional. “Além de favorecer o desenvolvimento cultural e social das crianças, a arte é usada como suporte para várias outras atividades, para o desenvolvimento da coordenação motora e para o conhecimento das cores. Também podemos usar a arte no desenvolvimetno da linguagem oral e escrita e no estímulo da imaginação através do lúdico”, explicou. A exposição “Mestres Espanhóis”, pouco mais de duas semanas após ter estreado em Vitória, já tinha recebido a visita de 140 escolas das redes pública e privada da Grande Vitória. Isto significa que 9.851 alunos e mais de 20 mil pessoas, de todas as idades, passaram diante das obras de Pablo Picasso, Salvador Dalí, Francisco Goya e Joan Miró. Alessandra Santiago e Paula Maria
pins obre a s o o c i d uím re g s e duto q , alerta. o r a s p l r 0 e a s o” us 50 t ão pen d O s s i á o h e m s u m ú e t q e a s o d Michelangelo, eqxuie o dentistas “Jamais mdevmesmo um puaandoros domésticdoes arte precisamesh l i r b do ça Monalisa, daecta. Já a gravumraMadri, em suuam tura, onecontrário dos qrandas, as obraesta. “Quando nrãiodão”,
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Existe vida fora da rede? Se você é adepto das redes sociais, responda à seguinte pergunta: consegue imaginar sua vida sem elas? Segundo os dados da consultoria americana comScore, especializada em serviços online, o Brasil ocupa a terceira posição em páginas visitadas nas redes sociais, atrás apenas dos EUA e da Rússia. No portal de vídeos do YouTube, o país também não faz feio. Está entre os cincos maiores usuários no mundo. Em uma outra pesquisa, essa realizada pelo Ibope, sobre a seguinte afirmação: comprei um celular ou mudei de plano de telefonia para acessar as redes sociais com mais facilidade, 20% dos entrevistados asseguraram que sim. Isso confirma outras pesquisas que revelam aumento superior a 100% nas vendas de aparelhos com acesso à internet nos últimos cinco anos. Analisando os resultados das pesquisas acima, fica evidente a dependência que as redes sociais têm causado em boa parte da sociedade. Torna-se quase que uma necessidade, uma obrigação se constituir em um “ser virtualmente ativo”. Mesmo para os não adeptos dos sites de relacionamentos, é praticamente impossível ficar imune a eles. Essas páginas estão completamente interligadas a muito daquilo que fazemos na internet: as buscas online encaminham o usuário para esses sites quando se procura por pessoas, por exemplo, mas também nas buscas por qualquer outro assunto. Muitos usuários dizem que as redes socias tornaram-se um lugar no qual é mais fácil, por exemplo, marcar um programa com os amigos. É um processo mais dinâmico, onde se fala com todo mundo ao mesmo tempo. Muitos também, assim como a estudante de jornalismo Poliana Pimentel, acreditam que viver sem internet é o mesmo que não ter vida. Ficam as perguntas: existe vida social sem vida virtual? É possível, nos dias de hoje, socializar sem ter acesso a uma rede social? Em uma enquete realizada pela equipe da Rádio UVV, coordenada por Sanmy Moura, foram ouvidas pessoas entre 19 e 36 anos de idade. Ao serem perguntados se trocariam o resto de suas vidas sem acesso às redes sociais por 1 milhão de reais, muitos não hesitaram e disseram que trocariam facilmente, como o estudante Lucas, 23. Para ele, 1 milhão de reais vale muito mais à pena, pois existem muitas outras formas de comunicação além das redes sociais. Outros, como Bruna Moura, de 19 anos, pensam
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de outra forma e não trocariam as redes sociais por dinheiro nenhum. “Com 1 milhão de reais eu viajaria, mas onde eu colocaria minhas fotos para as pessoas verem?”, questiona a estudante. Muitos também acreditam que devido ao hábito de se manterem sempre conectados, não seria possível deixar de usar o Twitter, por exemplo, para se comunicar com os amigos. Experiência enriquecedora Tomando como base a enquete, as professoras do curso de Jornalismo Gilda Miranda e Marcilene Forechi decidiram realizar uma pesquisa sobre a relação dos jovens com as redes sociais. Elas desafiaram quatro alunos do curso de Jornalismo da UVV a ficarem uma semana inteira desconectados. Os alunos Bárbara Becalli, Felipe Brotto, Lia Menegaz e Renato Bertoly toparam o desafio. Para as professoras, a iniciativa nao teve como propósito desqualificar a internet ou o uso das redes sociais. “A intenção foi tentar perceber, por meio da experiência dos alunos e alunas, o espaço que o uso das redes sociais ocupa na vida deles e registrar os sentimentos vivenciados no período”, afirma Marcilene Forechi. Durante a semana em que ficaram “desconectados”, os alunos fizeram registros diários em que apontaram o que sentiram e também o que fizeram nas horas que lhes sobrararam. Ao final da experiência, foi feita uma reunião na qual eles puderam trocar com os colegas também participatnes suas experiências. Os relatos incluíram desde a realização de atividades nunca antes feitas, entre elas caminhar na praia, preparar o jantar ou ficar mais tempo à mesa após o almoço conversando com os pais. Diante da pergunta feita pelas pesquisadoras, sobre o que significam as redes sociais (o Facebook, principalmente), eles foram unânimes em afirmar: “as redes aprisionam”. Também houve consenso entre eles quanto à principal sensação que tiveram. “Eu me senti totalmente excluído”, disse Felipe Brotto. Bárbara Becalli apontou a exclusão e a impotência. “Não poder acessar a internet me fez parecer uma pessoa incompleta. Eu sinto como se a internet fosse uma extensão do meu corpo”. Na página ao lado, você confere uma síntese dessa semana sem rede, realizada pelos alunos que toparam o desafio. Mário Azevedo
Participar da semana sem redes foi pra mim um verdadeiro DESAFIO. Achei que não conseguiria, afinal, a internet é minha única companhia aqui. Pude perceber o quanto sou dependente dela e cheguei à conclusão que não conseguiria viver sem ela. O bom, é que fiz coisas que não tinha vontade de fazer, porque digamos que o FACEBOOK
não deixava. Um exemplo foram minhas corridas na praia. Calculo que em média fico cerca de 8 a 10 horas conectada, ou até mais. Grande parte do dia vai aí. Mas foi muito bom participar, para perceber como era antes, e como nossos pais e avós faziam para passar o tempo. A diferença, é que eles não tinham acesso, enquanto nós temos.
Bárbara Becalli No primeiro e no segundo dia foi muito tranquilo. O que senti mais falta foi das conversas no bate-bapo e das grandes risadas com os tweets e os posts. Aproveitei o tempo livre para dormir e fazer exercícios em casa, que eu não fazia há muito tempo. No terceiro, no quarto e no último dia foi mais complicado e ainda teve um agravante: fiquei
doente! Não saí de casa e me senti excluído, impotente. Foi um “bullyng” virtual, estava fora da realidade, sem comunicação, sem informação. Percebi o quanto estamos presos e lembrei de Michael Foucault: “liberdade é escolher a prisão que lhe prende”. No meu caso, o facebook e o twitter.
Felipe Brotto O primeiro dia foi estranho, pois a primeira coisa que faço quando acordo é ligar o computador. Acesso meu Facebook sempre que chego da faculdade. Passei a tarde toda procurando coisas para fazer que ocupassem minha mente e me fizessem esquecer o bendito Facebook. À noite, tive que ler o jornal e assistir à TV, o que não costumo
fazer. Passei a semana tentando me ocupar: sai com minha mãe, fui à academia, assisti a uma série, passeei com minha cachorra, dormi mais cedo. No penúltimo dia, acordei bem, pois sabia que faltava só mais um dia. Me senti excluída, perdi um aniversário pois o convite foi feito pelo Facebook, mas conversei mais com meus pais.
Lia Menagaz O período do desafio sem redes sociais coincidiu com o começo do meu estágio, por esse motivo não senti muito a falta do computador nesses dias. Continuei fazendo as mesmas coisas que antes para me informar: vendo televisão, lendo jornal e, em menor escala, ouvindo rádio. No começo foi um pouco difícil, pois, além
do computador, tenho o celular que me permite acesso à internet. Mas, com o passar dos dias, a vontade foi passando e percebi que nem senti tanta falta das redes sociais. A conclusão que chego após o desafio é que nós, diretamente, somos dependentes das redes sociais para termos uma “vida social”.
Renato Bertoly
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Lo O cinema sempre foi refúgio de casais apaixonados. Há tempos, romances como “Casablanca”, de Michael Curtiz, embalaram os encontros de Romeus e Julietas que fugiam de tudo e de todos para se encontrar no escurinho. O professor Gladson Dalmonech, responsável pelo Núcleo de Audiovisual do Centro Universitário Vila Velha (UVV), diz que o cinema sempre teve esse poder de persuasão, inclusive para fisgar namorados. O amor se tornou ingrediente nas receitas de sucesso, tanto dentro das telas quanto nas cadeiras das salas. Porém, esse enredo parece ter mudado. O cinema está deixando de ser visto apenas como um lugar de encontros românticos para os casaizinhos atuais. O escurinho do cinema tem se mostrado mais uma opção de lazer e de entretenimento para os fins de semana, do que um lugar romântico.
z i l e f final
Marcella Martins, estudante de jornalismo, diz que quando vai ao cinema aproveita o momento para se distrair e fugir da correria do dia a dia junto com o namorado. Já a estudante de Publicidade e Propaganda, Carolina Saitt, que namora há 3 meses, acredita que quando o namoro está firme, o cinema acaba se tornando mais um escapismo das coisas cotidianas. Podemos dizer que as mudanças sociais são as antagonistas dessa trama. Antes, shopping lotado, filas enormes para comprar ingressos e mãos cheias de sacolas não competiam com o romantismo dos casais. Com a mudança dos cinemas das ruas para os shoppings, o amor das poltronas parece estar cada vez mais longe de um final feliz.
Glauber Pinheiro
Sertanejos: eles vieram para ficar Desde a década de 50, a música sertaneja vem se renovando. Nomes como Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho inspiraram outros artistas. Isso fez com que surgissem mais duplas sertanejas, com novos candidatos a ídolo, em busca de fama e retorno financeiro. No início, Luiz Cláudio Casado, profissional da música há mais de três décadas e que trabalhou nas maiores gravadoras do país, lembra que no início, devido à falta de experiência, as duplas não repetiam o mesmo sucesso musical no cenário financeiro. “Não havia tamanha estrutura naquela época e como não se tinha um modelo de gestão, os artistas que tinham muito talento não conseguiam gerar riqueza para si próprios”. Enquanto outros ritmos passavam pelos seus momentos de auge, o sertanejo preparava sua própria estratégia para invadir o país como ocorreu na virada do século. O primeiro grande produto comercial e que gerou retorno financeiro para as pessoas e empresas envolvidas foi o encontro de Zezé Dicamargo e Luciano com Leandro e Leonardo e Chitãozinho e Xororó no especial “Amigos”, de 1995, exibido pela Rede
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“Os artistas que tinham muito talento não conseguiram gerar riqueza para si próprios”.
Globo em várias edições. O mundo sertanejo deu muitas voltas, fez alguns milionários e se deparou com uma nova necessidade de modernização. Nos anos 80, a música sertaneja se mistura com o eletrônico, com o pop, como o axé e com vários outros ritmos na busca incessante pela novidade. Vieram então novos nomes como Cesar Menotti e Fabiano, Victor e Leo, Jorge e Mateus, Fernando e Sorocaba, Luan Santana e a nova namoradinha do Brasil, Paula Fernandes. Ela, que já cantou pop internacional no início da carreira, alcançou mesmo o estrelato depois de se apresentar na gravação do DVD Emoções Sertanejas de Roberto Carlos. Até o rei se rendeu ao sucesso da música sertaneja. O mercado sertanejo tem uma economia própria. Nas rádios populares, o ritmo sertanejo é o preferido da audiência, ocupando quase 50% das programações. No comércio, há lojas especializadas no estilo e a cada evento que acontece é possível encontrar mais pessoas ‘traiadas’, termo usado para indicar aqueles que se vestem no padrão sertanejo.
Renan Faé
Você faria? Quem nunca pensou em fazer uma tatuagem? Não se sabe ao certo quando ou por quem a tatuagem foi inventada, mas há uma hipótese de que, nos primórdios, marcas involuntárias adquiridas em guerras, lutas corporais e caças geravam orgulho e reconhecimento ao homem que as possuísse, pois eram expressões naturais de força e vitória. O homem, então, partindo da ideia de que marcas na pele seriam sinônimos de diferenciação e status, passou a marcar-se voluntariamente. Com o passar do tempo, essa prática cedeu espaço para a criação de desenhos com o uso de tintas vegetais e espinhos. A partir de 1920, a tatuagem tornou-se mais popular entre americanos e europeus e, durante muito tempo, nos Estados Unidos, ela foi associada a classes socioeconômicas menos abastadas, aos militares, aos
Entrevista
Se a tatuagem pode ser considerada uma forma de arte no corpo, imagine se ela for uma obra renomada, como a obra Guernica, de Pablo Picasso. O famoso tatuador Ticano já teve a oportunidade de tatuar essa e outras obras de artistas renomados, entre eles os artistas que integraram a exposição “Mestres Espanhóis”, no Palácio do Anchieta. Ticano teve trabalhos premiados em feiras nacionais e internacionais e ganhou três prêmios em sua primeira participação em uma convenção aqui no Espírito Santo. Ah! E ele tinha apenas seis meses de experiência como tatuador! Hoje, já ganhou mais de quarenta prêmios. Talento – Quais são as tatuagens mais populares? Ticano – Há uma procura muito grande pelo básico, como borboletinhas e estrelinhas. A escrita também está em alta, assim como os temas orientais e maori, que são desenhos tribais com um tema. As tatuagens de fênix também estão entre as mais procuradas. Faço ao menos uma por semana e, geralmente, são desenhos grandes, que vão do
marinheiros, às prostitutas e aos criminosos. Hoje, é difícil encontrar alguém que não tenha ao menos pensado em fazer uma tatuagem. A chamada “arte na pele”, cada vez mais, perde o estigma marginal que costumava caracterizá-la para passar a habitar corpos de várias idades e classes sociais. No mundo da estética, as tattoos são muito bem recebidas na recomposição de sobrancelhas, delineamento dos olhos e lábios, cobertura de manchas e cicatrizes. Lentamente, a tatuagem também passou a ser reconhecida como arte, graças a iniciativas dos tattoos clubs de todo o mundo, que promovem exposições, competições e convenções para a atualização e modernização dos métodos de aplicação e de higiene.
Gisele P Ribeiro
ombro até o fim das costas. Talento – Você recebe muitos clientes que não sabem o que querem tatuar? Como você os ajuda a decidir? Ticano – Vamos dizer que 30% das pessoas que vêm aqui não sabem o que querem, sabem apenas que querem uma tatuagem no corpo. Se você chega aqui e fala “Eu quero uma borboleta bem diferente”, aí eu vou fazer uma borboleta espetacular. Mas se você não tem nem uma base do que, eu te deixo à vontade, ali na recepção, folheando as pastas, até que você encontre algo que te agrade. Talento – Seus clientes que optam por retratar obras de arte no corpo explicam o motivo? Ticano – Geralmente, quem procura tatuar uma obra de arte é porque se interessou exclusivamente por aquele artista e se apaixonou por ele. Mas, não é grande a procura.Por exemplo, um cara me pediu pra tatuar São Miguel Arcanjo, mas não porque era uma obra de um grande artista; ele tatuou porque era um anjo guerreiro.
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Desde a sua primeira edição, em 1985, o Rock in Rio reuniu em perfeita sintonia o poder das marcas, a força da mídia e a música, essa linguagem universal que mobiliza, conscientiza e emociona.
Já o estudante Vinícius Guedes tem outra opinião sobre a diversidade musical do Rock in Rio 2011: “É ridículo! O Rock in Rio deveria mudar de nome para Music in Rio! Não faz sentido”, reclama o jovem.
O evento em seu primeiro ano reuniu os maiores nomes do rock nacional e mundial da época. Nomes como Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Rita Lee, AC-DC, Iron Maiden, Queen e Scorpions estiveram no palco tocando e cantando para 1 milhão 380 mil pessoas em 10 dias de shows. Era o começo da democracia no Brasil, que foi celebrada com um grito de união e liberdade ao se abrir pela primeira vez as portas do país às grandes atrações internacionais. Quem participou não consegue esquecer a emoção de ver e ouvir “Love of my life”, na voz de Fred Mercury. “Nunca vou me esquecer daqueles dias! Amigos, Freddie Mercury e muito rock’n roll! Jamais haverá outro Rock in Rio como aquele.” – diz Cristina Laghi, que foi no primeiro Rock in Rio em 1985. Vinte e um anos depois do primeiro Rock in Rio, o evento volta ao Brasil, após 6 anos na Europa (3 anos em Portugal e 3 na Espanha) e bem diferente da primeira edição.
“É ridículo! O Rock in Rio deveria mudar de nome para Music in Rio! Não faz sentido.”
No primeiro dia do evento, por exemplo, subiram ao palco, além do rock dos Paralamas do Sucesso e Titãs, a MPB de Maria Gadú, o Axé de Cláudia Leitte, o Pop de Katy Perry e Rihanna, o Pop rock romântico de Elton John e até a Orquestra Sinfônica Brasileira. Uma mistura, no mínimo, estranha. O evento pode ser, para os ecléticos, o melhor show de suas vidas; já para os rockeiros, poderia ser melhor. Mesmo assim, o Rock in Rio 2011 é, para todo oBrasil, motivo de orgulho por receber tantos grandes nomes da música nacional e internacional. Assim como foi em 1985.
Rafael Laghi
O evento, que antes reunia apenas bandas do rock mundial, este ano reunirá nomes como Cláudia Leitte e Ivete Sangalo, do axé baiano, Maria Gadú, da MPB, Katy Perry, Kesha e Rihanna do pop americano, entre outros estilos que não têm nenhuma relação com o bom e velho Rock’n Roll. As opinições se dividem. A estudante Fernanda Vilela, 19, gostou da mistura: “Eu, que sou muito eclética, fiquei muito feliz com a variedade de shows. Gosto de tudo, desde rock até pagode. Este Rock in Rio vai ser muito bom só por estar com meus amigos no maior evento musical do Brasil”, afirma.
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Diversidades de estilos no Rock in Rio: Axé, Pop e “até Rock”!
Foto: divulgação PMV
Magia, samba e boemia no Morro dos Alagoanos
Marquinho Sathan, Noca e Monarco da Portela celebraram a obra de Nelson Cavaquinho, grande homenageado da 15ª edição do Femusquin
Mesa, caixa de fósforos e paliteiro: objetos de uso cotidiano viram instrumentos musicais para quem quer samba. E o samba é a principal atração do Festival de Música de Botequim, o Femusquim, que acontece todos os anos no Morro dos Alagoanos, em Vitória. E neste ano não foi diferente, além de toda a mística que o rodeia, o Festival debutou e chegou a sua 15ª edição. O grande homenageado foi o mestre do samba Nelson Cavaquinho, cujo centenário de nascimento é comemorado em 2011. Para celebrar a obra desse baluarte do samba, nomes de peso como Noca da Portela, Monarco da Portela e Marquinho Sathan passaram pelo morro e levaram os amantes do samba ao delírio. E amantes do samba foi o que não faltou. Com o campo de futebol do Morro dos Alagoanos repleto de bambas, os malandros capixabas, do resto do Brasil, e até mesmo de outros países deram as cartas. Monarco, principal nome do Festival, não cansou de exaltar seus amigos, portelenses Paulinho da Viola e Paulo da Portela e os mangueirenses Cartola e o homenageado do ano, Nelson Cavaquinho. E foi assim, neste compasso binário, que a o samba se estendeu por quase toda a madrugada. Para o estudante de administração, Eric Regattieri, “a noite começou
a se completar e se unir com a madrugada boêmia, assim que Monarco puxou o clássico Folhas Secas. Foi um momento incrível. Nelson pareceu vivo naquele instante”. Regattieri ainda elogiou a qualidade dos tira-gostos: “o melhor de tudo é aproveitar estas comidinhas de boteco, com uma bela cerveja ao som de nossos sambistas”, completou. Allan Diego e José Erick de almeida
TRADIÇÃO Desde sua primeira edição, em 1997, cantores e compositores de destaque têm participado dos shows no Morro dos Alagoanos, reduto de saudosos chorões capixabas. Além de movimentar a cena cultural da cidade, o Femusquim ainda tem um importante papel social na comunidade, uma das mais carentes de Vitória. Hoje, em sua décima quinta edição, incorporado ao calendário oficial da cidade, recebe apoio de órgãos públicos sem perder o seu charme. Além da boa música, a cerveja gelada, a acolhida gostosa dos moradores do Morro dos Alagoanos e o sorriso simpático de Raimundo de Oliveira, criador do festival.
Vitória: história para contar e cantar Que tal fazer uma viagem no tempo e voltar algumas décadas atrás para falar do presente. Anos 60 e 70. Vitória, uma cidade pequena e pacata, trilhava o seu caminho com muita música. Embalando gente jovem reunida numa época de muita luta. O regime político no Brasil era a Ditadura Militar enquanto no mundo eclodia uma grande revolução cultural. Nascia a contracultura: undergraund, alternativa, marginal. O grito jovem nasce regado ao bom, e hoje velho rock’n roll. Quem está se perguntando o que Vitória tem a ver com isso, talvez nunca tenha ouvido falar que, por aqui, também fazia-se música com muita força e juventude. Recentemente os capixabas puderam apreciar, no Teatro Carlos Gomes, a homenagem prestada àquela que é considerada a primeira banda de rock capixada: “Os Mamíferos”. Com incentivos culturais, a banda capixaba “Aurora Gordon” resgatou diversas músicas de “Os Mamíferos”, muitas nunca gravadas. Donos de um pop rock lisérgico e influenciada pelo Tropicalismo, suas letras eram marcantes e provocantes. O grupo antecipava por aqui o que o “Secos e Molhados” faria depois. Afonso Abreu, que em parceria com Paulo Branco compunha grande parte das músicas da banda, diz sentir falta da boemia e dos amigos da época. Há 11 anos, o “Afonso Abreu Trio” se apresenta tocando jazz na noite capixaba. Além de Afonso Abreu (baixo acústico), Pedro Alcântara (piano) e Marco Antônio Grijó (bateria) integram o grupo. O grupo já gravou dois CDs e três vídeos e, para ele, é um conforto poder tocar musica elaborada e com interpretação musical em uma cidade pequena como Vitória. Afonso ressalta a importância de resgatar a história da musica capixaba “A vida musical de Vitória sempre teve muita história. É importante haver pesquisas para que os ‘neocapixabas’ entendam que Vitória é uma cidade tímida, mas bonita. Como uma moça, que tem uma saia bem comprida, mas que todo mundo quer ver o seu joelho”.
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