Leis são totalmente ignoradas, esquecidas ou nem chegam a sair do papel
Excessos podem levar a condutas pautadas pela superficialidade
Páginas 10 e 11
Páginas 12 e 13
Talento | ano XIII | Junho-Julho | 2013
Somos um país laico, graças a Deus!
Arte: Marcos Barcelos
Após a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil passou a ser um país laico, sendo, assim, permitida a livre manifestação religiosa e de crença. Apesar de sua laicidade, o Brasil vive, talvez, um momento de extemo envolvimento com assuntos ligados à religião, seja por que há uma agenda envolvendo o tema, seja por outros assuntos que envolvam princípios conservadores ligados às religiões.
Jornada Mundial da Juventude - Páginas 4 e 5 Os mistérios da crença - Páginas 6 e 7 Ensaio Fotográfico - Festa da Penha 2013 - Página 19
EDITORIAL
Foto: Gleison Nascimento
Somos fruto da agenda midiática?
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“Corrupção no Judiciário impede a consolidação do estado democrático”
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Jornada Mundial da Juventude
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Jornada Mundial da Juventude
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Os mistérios da crença
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A diversidade da fé
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É justo escolher quando alguém deve morrer?
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O endividamento da “Geração Y”
10 Leis que são “para inglês ver” Marcos Barcelos e Marcos Spinassé na reta final da editoração do Jornal Talento
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Absurdas e desconhecidas
Após a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil passou a ser um país laico. Assim, passou a ser constitucional a livre manifestação religiosa e de crença. Apesar disso, o Brasil vive, talvez, um momento de extremo envolvimento com assuntos ligados à religião, seja por que há uma agenda envolvendo o tema, seja por outros assuntos que a sociedade debate a partir de princípios conservadores ligados às religiões. A edição do Talento deste semestre parece refletir a agenda pública e da mídia, que, este ano, esteve repleta de assuntos ligados à religião e crenças. O casamento gay, o caso de desvio de dinheiro da Maranata e o fundamentalismo do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados estão ainda na pauta da mídia. Ganham ou perdem força, mas, basta um dado novo para que ele apareça. Além disso, este foi o ano de um feito raro na história da Igreja Católica. A renúncia do Papa Bento XVI e a escolha do Papa Francis-
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Prazeres de primeiro grau
Universidade Vila Velha - ES Rua Comissário José Dantas de Mello, 15, Boa Vista - Vila Velha - ES-CEP: 29102-770 Reitor: Manoel Ceciliano Salles de Almeida Vice-Reitora: Luciana Dantas da Silva Pinheiro pró-Reitor Acadêmico: Heráclito Amancio Pereira Junior pró-Reitor Administrativo: Edson Franco Immaginario pró-Reitora de pós-Graduação: Marco Oliva pesquisa e Extensão: Marly Imperial Garabelli
02 - Talento-ano XIII-junho/julho 2013
co. Antes, questões envolvendo pedofilia e a religião já estiveram na pauta da sociedade. A realização da Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro, e a Festa da Penha, tradicional no Espírito Santo, completam o leque de assuntos. Mas, não se trata de um jornal religioso, apenas que reflete um momento captado pelos alunos e transformado em pauta. O Talento deste semestre foi produzido pelos alunos do 3º período do curso de Jornalismo matutino e vespertino. A ideia foi desenvolver reportagens a partir de temas atuais, de interesse do público jovem. O Ensaio Fotográfico, na página 19, foi realizado por alunos da disciplina de Fotojornalismo, sob a coordenação da professora Elizabeth Nader. A diagramação foi feita pelos alunos que produziram as reportagens e a editoração bem como a produção da capa, ficou a cargo de Marcos Barcelos, do J3M. A coordenação foi do professor de Planejameto Gráfico, Marcos Spinassé.
EXPEDIENTE
O Talento é uma produção do Curso de
Jovens confusos: o tempo pare-
13 ce estar contra eles
Ansiedade, a doença do século
14 Meninas se perdem no “bonde” Shopping Vila Velha: Lucro não leva
15 ao desenvolvimento
16 Negócio da China: sem fronteiras, sem tarifas
17 Existe turismo em Vila Velha? Enem: erros, polêmicas e
18 novas possibilidades
19 Ensaio fotográfico - Festa da Penha 20 Espaço Nacom
Comunicação Social da UVV Coordenador de Jornalismo: Rodrigo Cerqueira Coordenação do Laboratorio de Jornalismo impresso: Marcilene Forechi Coordenação de Diagramação: Marcos Spinassé Editoria de Arte: Marcos Barcelos Correia Textos: Alunos da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso (J3M, J3N ) Capa : Marcos Barcelos Correia Tiragem: 500 exemplares
ENTREVISTA DOLOR SENQUALRR
“A corrupção impede a consolidação do estado democrático” Por Isis Drumond e Letícia Freire
O crime organizado não pode ser combatido de forma isolada, uma vez que ele está associado a organizações criminosas que atuam em diversas áreas. Para o juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, a própria expressão se configura em um vício de linguagem que leva a sociedade a essa simplificação. Ribeiro Lemos disse que a morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho (assassinado no dia 24 de março de 2003) não deve ser lembrada para que ele se torne um herói. “O juiz não tem que ser herói, o juiz tem que cumprir sua obrigação”, afirmou. Ele defende que o juiz deve entrar para a magistratura ciente dos riscos da profissão, mas que é dever do Estado oferecer as condições para que ele exerça seu papel com dignidade e segurança. Carlos Eduardo Ribeiro Lemos fala nesta entrevista sobre corrupção, impunidade, crime organizado e os dez anos da morte de Alexandre Martins. TALENTO – O assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho completou 10 anos e os mandantes do crime ainda não foram julgados. isso se deve à lentidão do Judiciário ou há outras falhas além dessa? Foto: Carlos Alberto Silva
Carlos Eduardo Ribeiro Lemos atua na 5ª Vara
Carlos Eduardo Ribeiro – Nossa legislação é muito anacrônica e permite uma gama de recursos protelatórios infinitos. Um dos recursos do processo do Alexandre contra os acusados de serem os mandantes está no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O STJ, há cinco anos pediu ao Tribunal de Justiça que mandasse a cópia do processo. Esse pedido foi perdido ou escondido, eu não sei, dentro do Tribunal de Justiça. A cópia do processo só foi enviada ao STJ no ano passado. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo teve culpa neste atraso. Demorar cinco anos para mandar a cópia de um processo é inaceitável. Houve má-fé ou houve desídia.
– Existem meios para neutralizar ou acabar com a corrupção no Judiciário? – Eu sempre falo que o Judiciário tem que ser o poder menos corrupto. Se temos um Judiciário contaminado com corrupção, nunca teremos um estado democrático ou segurança jurídica para atuar contra a corrupção. Em minha concepção, as pessoas corruptas são poucas, porém elas são corajosas, destemidas e unidas. Enquanto que os honestos, que são muitos, são desunidos e covardes. Este é o problema das pessoas de bem deste país. Nós precisamos mudar essa cultura.
– que avaliação o senhor faz das homenagens que estão sendo prestadas ao Alexandre Martins nesses 10 anos de sua morte? – Toda homenagem é válida, justamente para manter viva a memória do que representou o Alexandre para o Estado. Mas, é preciso não fazer parecer que Alexandre era um super-herói. Alexandre não era herói e a gente não precisa de herói morto e muito menos herói vivo. O juiz não tem que ser herói, o juiz tem que cumprir sua obrigação. E o Alexandre cumprir sua obrigação como juiz. A sociedade – Depois da morte do juiz Alexandre, está tão carente de acreditar que as pessoas são o senhor acredita que o crime organi- capazes de cumprir suas obrigações que quanzado recuou ou ganhou do alguém faz isso força no Espírito Santo? soa como se estivesse “A sociedade está tão – Eu não tenho dúvida que fazendo algo supercarente de acreditar que o Espírito Santo melhorou, -humano. A sociedaapesar de sabermos que ainas pessoas são capazes de de nos paga para fada existem organizações crizer o nosso trabalho. cumprir suas obrigações minosas no seio do Estado e que quando uma em todas as instituições. Se – O senhor acrepensarmos historicamente, pessoa faz algo é vista dita que enfrentar naquele momento no qual o crime organizado como herói” trabalhávamos, tínhamos um é buscar a própria governador do Estado sob sentença de morte? acusação de vários atos de corrupção, que foi, – Não pode ser. Temos consciência dos riscos inclusive, condenado posteriormente. Tínha- e temos o direito de ter esse risco minimamenmos um presidente da Assembleia Legislativa te controlado pelo Estado, que tem a obrigação que era bicheiro, um contraventor. Foram os de dar condições mínimas de sobrevivência de trabalhos feitos por mim e pelo Alexandre, na- forma digna com esse risco. Infelizmente, foi quela época, que geraram todos os processos preciso que o Alexandre morresse, que o juiz existentes, hoje, contra a corrupção na Assem- Machado (Antonio José Machado Dias, assasbleia Legislativa. Outro dado importante: o juiz sinado no dia 14 de março de 2003, dez dias Antonio Leopoldo foi o primeiro juiz punido antes do assassinato do juiz capixaba) morresse pelo Tribunal de Justiça de forma contundente. e, em 2011, a juíza do Rio de Janeiro Patrícia Eu não esperava ver tão rápido o que aconteceu Acioli. Não temos essa cultura da proteção e no Poder Judiciário. Sonhava isso para daqui a da segurança. Dar proteção a um juiz soa como uns 30 anos. Felizmente, eu vejo o Judiciário um favor ou um luxo. As pessoas pensam que melhorando muito a sua fisionomia. Vários ter segurança é um luxo, mas elas não têm ideia juízes foram excluídos depois da morte do do sacrifício que é andar escoltado. E isso eu Alexandre. Apesar de saber que ainda existem posso falar porque ando escoltado há 11 anos... essas peças em vários órgãos do Estado, eu não Você perde a liberdade, privacidade, o direito tenho dúvidas que o Espírito Santo melhorou. de ter a sua vida com o prazer do imprevisto.
Talento-ano XIII-junho/julho 2013 - 03
Jornada da Juventude
Jornada Mundial da Juventude: o poder de mudar o mundo Por: Bruna Miranda, Giulian Ola, Gustavo Mendes, Mariany Soares, Tamira Mendonça e Victor Martinuzzo
Será realizada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, durante os dias 23 a 28 de julho, a vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Os encontros mundiais são realizados com intervalos que variam entre dois e três anos em alguma cidade do mundo e tiveram sua origem nos encontros do Papa João Paulo II com os jovens em 1984 e 1985. Em 1984, foi celebrado na Praça São Pedro, no Vaticano, o Encontro Internacional da Juventude, quando foi entregue a Cruz Peregrina aos jovens e, no ano de 1985, o Papa anunciou a instituição da Jornada Mundial da Juventude e foi celebrada oficialmente, pela primeira vez, em1986, em Roma. A última edição internacional da JMJ foi realizada em agosto de 2011, na cidade de Madri, na Espanha. O lema do encontro no Rio está em Mateus 28-19: ‘‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’’. A Jornada Mundial é um momento importante para a Igreja, pois vai agregar
A JMJ 2013 acontecerá em julho, no Rio de Janeiro, e contará com a participação de jovens católicos do Brasil e do mundo milhões de jovens do Brasil e do exterior de forma a fortalecer e demonstrar o testemunho dos jovens com a fé em Cristo. Os protagonistas da história deste encontro de fé são os jovens e neste ano a juventude brasileira terá destaque especial. A JMJ ainda tem o intuito de dar visibilidade aos problemas sociais, políticos e culturais que a juventude enfrenta no seu dia a dia e, de acordo com o Padre Kelder, coordenador de pastoral da Paróquia São Pedro, em Vitória, diversas ações estão sendo promovidas pela juventude católica, como por exemplo uma campanha contra a violência e o extermínio de jovens. A atuação dos jovens na organização da jornada é uma contribuição marcante para o evento. “A JMJ é extremamente importante para a juventude saber que a vida dela tem sentido e que os jovens têm uma notícia a dar ao mundo’’, afirma o Bispo da Arquidiocese de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela.
Foto Tamira Mendonça
‘‘BOTE FÉ’’: a chegada dos símbolos a Vitória
Catedral Metropolitana de Vitória 04 - Talento-ano XIII-junho/julho 2013
Os símbolos da Jornada, a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora chegaram à Catedral de Vitória, Centro da capital capixaba, no dia 14 de março. Jovens de várias regiões da Grande Vitória marcaram presença. ‘‘A juventude ainda tem jeito e é possível, sim, implantar uma civilização do amor e da esperança. Por isso, eu matei algumas aulas (risos), para estar na Catedral de Vitória’’, comenta Diego Soares, 22 anos, estudante de Medicina. A pricipal mensagem passada durante a missa realizada na Catedral foi a do amor; o amor que tudo pode, inclusive, que tem poder para acabar com a violência. “O amor é que destrói a violência. Então, o jovem precisa saber disso. Não adianta só denunciar; é necessário ter um coração cheio de paz. É preciso contribuir para que a minha e a nossa família sejam ambientes de paz. Assim, o mundo será melhor’’, explica
o Bispo Dom Luiz Mancilha Vilela. O seminarista Rafael, de 22 anos, compartilha a mesma opinião. “O amor nos ensina a ter valores morais e éticos que ainda não descobrimos. Creio que a JMJ nós dará a oportunidade de encontrar esse amor”. O objetivo dos jovens nessa jornada é mostrar que o mundo tem solução e que a fé ainda move a juventude mundial. “Penso que toda vez que a juventude se dedica a um ideal positivo, traz valores bons, a violência diminui e os problemas vão sendo deixados de lado. A juventude do Brasil precisa ter um ideal maior e o melhor ideal que podemos ter é o segmento de Jesus Cristo. Abraçando este segmento, nós encontramos as respostas que estão dentro da gente e que não conseguimos responder”, explica Lucas Francisco, membro da Comissão Arquidiocesana de Liturgia.
Símbolos da Jornada
ÍCONE DE NOSSA SENHORA O ícone foi dado à juventude em 2003, pelo Papa João Paulo II, como segundo símbolo de fé, para ser levado pelo mundo acompanhando a Cruz da Jornada Mundial dos Jovens. Na ocasião o Papa falou para os jovens “Hoje eu confio a vocês... o ícone de Maria. De agora em diante, ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas” (Roma, 18ª Jornada Mundial da Juventude, 2003).
Por Tamira Mendonça
CRUZ DA JORNADA A cruz da JMJ também é conhecida como Cruz da JMJ, Cruz Peregrina e Cruz dos Jovens. Ela foi entregue aos jovens pelo Papa João Paulo II, durante o Ano Santo, como símbolo do amor de Cristo pela humanidade. Desde 1984, a cruz da JMJ peregrinou pelo mundo, presente em cada celebração. Em 1994, a cruz começou um compromisso que, desde então, se tornou uma tradição: sua jornada anual pelas dioceses do país sede de cada JMJ internacional, como um meio de preparação espiritual para o grande evento.
Entrevista Especial A voluntária da JMJ Christine Vecchi se emocionou com os vídeos da jornadas anteriores, durante um encontro em 2009 e se animou em participar. Talento - O que te motivou a participar da JMJ? Christine Vecchi - Em 2009, comecei a participar de um encontro de jovens que acontece anualmente na Canção Nova. Através deste encontro e dos ambientes jovens que frequentava ouvi falar da JMJ. Eram emocionantes os vídeos das jornadas anteriores, milhões de jovens católicos reunidos com o mesmo intuito, adorar a Deus. Na mesma hora, me animei a participar. Talento- De quais jornadas você já participou e como está se preparando para a JMJ no Rio? Christine Vecchi- Participei da última jornada, que foi realizada em Madri, na Espanha, em 2011. Quando o Papa emérito Bento XVI oficializou que a JMJ seria no Brasil,
foi muito emocionante saber que agora ia ser na minha própria casa. Vou ser voluntária e, assim como os outros, estou participando dos encontros de formação e compartilhando experiências. Talento- Você conheceu seu noivo na Jornada. Conte um pouco sobre como tudo aconteceu? A fé uniu vocês? Christine Vecchi- Sem dúvida, a fé foi o que nos uniu e de uma maneira bem impressionante, coisas que só Deus é capaz de fazer. Fui para Madri sozinha e não encontrei nenhum brasileiro nos primeiros dias. Participei de toda a Jornada junto com um grupo da Venezuela. Em uma catequese um grupo de músicos do México tocou. E um deles me deu um CD depois. Mas os planos de Deus não pararam por aí. Continuamos conversando depois da Jornada. Faz um ano que estamos juntos e agora como noivos e se Deus quiser estaremos juntos em muitas outras Jornadas Mundiais da Juventude.
Voluntários JMJ ‘‘Particularmente, não preciso de motivação nenhuma quando o assunto é voluntariado. Participo da Renovação Carismática Católica (RCC) e sou serva no Ministério de Música e no Ministério Jovem. Na JMJ 2013, sou Voluntária Nacional, me inscrevi ano passado e passei na seleção do mês de setembro de 2012. Os jovens são protagonistas desse encontro. E quando digo jovens, são todos, sem preconceito com raça, religião e língua. Todos podem participar. A jornada é uma peregrinação do amor, da alegria e da fé. João Paulo II deixou para nós o seguinte: ‘A Igreja só será jovem, quando os Jovens forem igreja’. A Juventude precisa conhecer a mensagem de Cristo, e saber que podem ser santos sem deixar de ser Jovens. A JMJ vai proporcionar isso, o encontro com o Evangelho e com a verdadeira felicidade’’. Sara Pavani,19 anos, Boa Esperança-ES ‘‘Para nós católicos, é de grande importância, estar na presença de sua Santidade o Papa. E a JMJ é um momento único entre nós jovens, ele é nosso grande Pastor. Somos chamados, a algo mais, e o voluntariado é como se fosse um chamado, Cristo nos convida sejam missionários! Eu tenho tanto amor a essa igreja que quero me doar cada vez mais. As catequeses, todas as formações que tive, tudo que aprendi, quero mostrar e partilhar pra outros jovens, e mais aprender com eles, a trabalhar nesse corpo que é a santa igreja. A expectativa, é grande, fazemos vigília de oração entre todo o Brasil, sempre estamos em contato divulgando. Quando saímos na rua, deparamos com jovens com blusas da Jornada, jovens, com terço na mão em oração pela jornada, jovens, gritando pela ruas, ESTA É A JUVENTUDE DO PAPA!’’ Bruna Lucas Barbosa, 19 anos, Resplendor-MG
Fique por dentro A Jornada Mundial da Juventude deste ano vai acontecer na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 23 a 28 de julho de 2013. Durante o encontro os jovens são convidados a participar de várias atividades, eventos culturais, momentos de partilha e vida comum. Existem aquelas que são especialmente previstas para a jornada, como os atos centrais (cerimônia de abertura, acolhida do papa, a via-sacra, a vigília dos jovens com o papa e a missa de encerramento) e os atos extraordinários. Talento-ano XIII-junho/julho 2013 - 05
Religião
Os mistérios da crença Por Amanda Carvalho, Elaine Viana, Isis Drumond, Jadhy Nogueira, Letícia Freire e Victor Borges
Em um mundo com tantas religiões e doutrinas, cada ser humano encontra a fé naquela que mais condiz com sua forma de pensar e agir. A característica comum é que eles se alimentam de uma fé que não está em algum lugar e que, parece invisível. Segundo o teólogo Marcos Feliche, a fé se torna intocável no momento em que se fecham os olhos para mentalizar um pedido ou um agradecimento para alguém que não está à sua frente. Entre as religiões mais famosas e segmentadas, estão as de doutrina evangélica, como a Maranata, a Batista e a Assembleia de Deus, comandadas por pastores; e a Igreja Católica, representada por padres e bispos que seguem orientações do Papa. Além destas, existem outras que as pessoas ouvem falar, mas que, na maioria das vezes, não sabem dizer do que se trata, em que se acredita e o que se prega. Uma delas é a Igreja Messiânica. Fundada em janeiro de 1935 por Mokiti Okada, no Japão, a Igreja Messiânica foi originada com o objetivo de criar uma civilização espiritual e material bem desenvolvida. Ela propõe formar pessoas espiritualistas, que acreditem em Deus e no mundo espiritual e que tenham o hábito de praticar o amor ao próximo. Os messiânicos acreditam que a história humana do passado constitui estágios preparatórios, ou seja, degraus para se alcançar o Céu na Terra. Segundo Valéria Carvalho, 44, messiânica há quase cinco anos, a igreja tem a missão de transformar a vida de cada um de forma gradativa e saudável. A frequência ao templo junto com o Johrei ajuda a limpar a alma, afastando o que possa incomodar, trazendo, assim, a felicidade. Outra doutrina pouco conhecida é a Seicho-no-ei. Fundada em 1930, também no Japão, por Masaharu Taniguchi, é uma religião cuja filosofia é a verdade absoluta do homem como filho de Deus. Seu instrumento de estudo é o Supra Sagrada, um livro de poemas escrito pelo mestre por inspiração divina, cujo ensinamento é ter postura como filho de Deus através do pensamento positivo. Suas orações são temáticas, aplicadas conforme o tema abordado em suas reuniões. Suas atividades são executadas com base na filosofia de vida, da verdade absoluta em que 06 - Talento-ano XIII-junho/julho 2013
o homem é filho de Deus, e que não nascemos do pecado original. Na Seicho-no-ei isso é uma consequência de vida, de acordo com caminho que escolhemos a seguir. Para os que crêem na doutrina, não importa se os padrões de normalidade são seguidos; o importante é a igualdade entre todos. O trabalho mental é voltado para purificação. A cada mês é realizado um ritual, no qual todos escrevem no papel o que acham de negativo para ser queimado, em um ato de libertação. “Além do pensamento como base, é muito importante termos gratidão pelos aos nossos antepassados”, comenta Edenide Oliveira, vice-supervisora das reuniões. Mórmon também é um tipo de segmentação religiosa pouco conhecida. O nome era inicial-
“A característica comum entre as religiões é que elas se alimentam de uma fé que parece invisível.” mente o de um profeta que ensinou o Evangelho de Jesus Cristo ao povo do Rei Noé, que vivia na terra de Liei-Néfi. Também é o nome de um personagem do livro utilizado no ensinamento das doutrinas, o Livro de Mormon. A forma como os mórmons oram pode ser vista como fria ou sem fé, porém, eles procuram se comunicar com Deus sem elevar suas vozes além do normal. Eles dizem a Deus o que realmente sentem, fazem confidências, pedem perdão, suplicam, agradecem e expressam o amor. Os mórmons evitam repetir palavras e frases sem sentido. Eles pedem sempre que seja feita a Sua vontade, lembrando que o que se deseja talvez não seja o melhor. As orações são finalizadas em nome de Jesus Cristo. Já o Budismo nasceu na Índia, há 5 mil anos por meio de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda. O budismo não é necessariamente uma religião e, sim, uma filosofia de vida baseada na coletividade. Por isso, os seguidores têm liberdade para participarem de outras religiões. Aos 29 anos, Sidarta deparou-se com quatro cenas impactantes: um velho andando com dificuldades, um doente com dores, um cortejo fúnebre e um mendigo de feições serenas pedindo esmola. Atordoado com um mundo diferente daquele em que vivia, regado a prazeres e luxo, Sidarta abandonou o palácio para viver como um mendigo. Na rua, ele conheceu mestres, alimentou-
-se com ajuda de esmola, meditou e procurou buscar um equilíbrio entre corpo e mente. Com o intuito de atingir a “iluminação”, ou seja, completar os oito estágios de meditação para alcançar a iluminação espiritual, Sidarta se reservou em um canto onde meditou até a noite em que conquistou a iluminação e tornou-se Buda, o Iluminado. Após sua morte, o budismo foi fragmentado e difundido em vários países resultando nas quatro grandes correntes que existem atualmente: Theravada, Mahayana, Vajrayana e Zen. Além destas, existe o Espiritismo que é a doutrina dos que creem que podem ser evocados os espíritos dos mortos. Nomeada por Allan Kardec, é compreendida como uma doutrina filosófico-religiosa voltada para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns. Segundo a médium Alana Castro, o espiritismo busca entender o que se passa depois da desencarnação no mundo terreno para o mundo espiritual. “Nós acreditamos que há pessoas que nascem com o dom de se comunicar com os espíritos. Os que conseguem lidar bem com esta peculiaridade se doam para transmitir as mensagens do mundo espiritual para o mundo terreno”, afirma. Uma figura famosa dentro do espiritismo é o médium brasileiro Chico Xavier que dedicou sua vida a psicografar mensagens que os espíritos deixavam para seus entes na terra. Escreveu mais de 400 livros e negou a autoria de todos eles. Dizia que eram obras que os que já se foram não tiveram tempo de escrever em vida e considerava-se uma espécie de mediador. Dentre tantas formas de pensar e acreditar, o mundo vive para entender alguns dos mistérios da crença. Ter fé ou seguir uma doutrina não implica, necessariamente, excluir o há de melhor no que o outro acredita. “O ser humano só é capaz de entender os enigmas da fé quando o preconceito de conhecer o novo fica guardado na gaveta”, diz o sociólogo e espírita, Júlio Carmo. O que leva ao surgimento de tantas crenças? Na verdade, isso ocorre por uma questão de poder, que não tem muita relação com a fé. O que leva uma pessoa a crer ou não desta ou daquela forma é algo subjetivo; já o que leva à criação de uma religião ou de uma forma de pensar, está associado a um contexto que nem sempre tem algo de divino.
Religião
Fotos: Isis Drumond
A diversidade da fé
Altar busdista onde fiéis renovam sua fé, esperança e paz interior (Mosteiro Zem Budista) Oração do Messiânico “O supremo Deus, Criador e Doador de toda a vida! Pela Vossa Divina vontade, A longa era da noite aproxima-se do seu fim Estais liberando Vossa luz, para a chegada da gloriosa nova era; A que a humanidade há muito vem aspirando. Agradecemos por nos guiar ao Vosso plano. Agradecemos o privilégio de receber e ministrar a Vossa Luz. Sejam o nosso espírito e corpo iluminados e purificados e que possamos viver a verdade que nos concedestes Por intermédio de Meishu-Sama. Fazei-nos puros e poderosos veículos da Vossa luz. Abençoando aqueles com quem estivermos. Posso o Vosso plano ser concretizado,e que a paz, a saúde e a prosperidade se tornem realidade. Grandioso Deus da luz! Abençoai-nos e protegei-nos, dando expansão radiante às nossas almas.”
Oração Mórmons “Oh Deus Pai Eterno, nos te rogamos em nome do Teu filho Jesus Cristo que abençoes e santifiques esta água, para as almas de todos que beberem dela, para que o façam em lembrança do sangue de Teu filho que por eles foi derramado, e testifiques a ti ó Deus Pai Eterno que sempre se lembram dele para que possam ter sempre consigo o seu Espírito. Amém.”
Oração Seicho-No-Ei “O infinito amor de Deus flui para meu interior e em mim resplandece a luz espiritual de amor. Esta luz se intensifica, cobre toda a face da terra e preenche o coração de todas as pessoas com o espírito de amor, paz, ordem e convergência para o centro.”
O Budismo é mais que uma religião; é uma filosofia que tem a coletividade como princípio Oração Espírita “Senhor Todo-Poderoso, que vossa misericórdia se derrame sobre os nossos irmãos que acabam de deixar a Terra! Que brilhe vossa luz aos seus olhos! Tirai-os das trevas, abri os seus olhos e os seus ouvidos! Que os Bons Espíritos os envolvam e lhes façam ouvir suas palavras de paz e de esperança! Senhor, por mais indignos que sejamos, temos a ousadia de implorar a vossa misericórdia indulgência em favor deste nosso irmão que acabais de chamar do exílio. Fazei que o seu retorno seja o do filho pródigo. Esquecei, ó meu Deus, as faltas que tenha cometido, para vos lembrardes somente do bem que tenha podido fazer! Imutável é a vossa justiça, bem o sabemos, mas imenso é o vosso amor! Nós vos suplicamos que abrande a vossa justiça pela fonte de bondade que emana de nós!”
Oração Budista “Tomando refúgio no Dharma. E agora, Senhor, vou para aquele que é bendito como para um refúgio, para a verdade e a ordem. Possa aquele que é bendito aceitar-me como discípulo, como aquele que neles procurou refúgio, a partir deste dia e enquanto a sua vida durar. Até atingir a iluminação, refugio-me no Buddha, no Dharma e no Sangha. Realizando acções generosas e exercendo outras virtudes. Possa eu alcançar o estado do Buddha para o bem do mundo.”
Oração do “Pai Nosso” Pai Nosso, que estais no Céu Santificado seja o Vosso Nome.Venha a nós o Vosso Reino Seja feita a Vossa Vontade. Assim na Terra como no Céu. O Pão-Nosso de cada dia nos daí hoje Perdoai-nos as nossas ofensas. Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação. Mas livrai-nos do Mal. Amém.
Talento-ano XIII-junho/julho 2013 - 07
Polêmica
É justo escolher quando alguém deve morrer? Por Emanuelle Rafaski, Fernanda Cecco, Gabriela Ribeiro e Mariana Tristão
Em fevereiro desse ano, a médica Virgínia Soares de Souza, diretora do setor de UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, onde trabalhava desde 1988, foi presa e indiciada por homicídio qualificado. Ela acelerava a morte de seus pacientes, prática conhecida como eutanásia. De acordo com as investigações realizadas pela Polícia Civil local, em gravações a médica teria dito que queria “desentulhar a UTI, pois os pacientes estavam dando coceira”. A eutanásia no Brasil é crime, trata-se de homicídio doloso. A prática foi proibida através de um acerto na legislação penal brasileira. Porém, o assunto vai muito além do aspecto legal. O aspecto médico, sociológico, religioso e antropológico, entre outros, são levados em consideração. Desse modo, embora à eutanásia seja crime, é praticada impunemente no Brasil. É fato que hoje em dia, o tempo em que se pode manter um paciente tecnicamente vivo, mesmo que alguns de seus órgãos já tenham morrido, é completamente indefinido. A evolução da medicina chegou a um ponto em que, ao mesmo tempo que traz esperança e possibilidades de vitória nos casos que antes seriam dados como perdidos, traz também sofrimento aos pacientes, angústia aos seus familiares e conflito ético entre os profissionais que são responsáveis por esse setor. Opinião de especialista Entre os médicos, essa questão permeia os corredores das clínicas e hospitais e as opiniões são, em sua maioria, tratadas por debaixo dos panos. O médico Alexandre de Souza Campos, intensivista há 16 anos, que atua em três grandes hospitais do Estado, diz não ver problemas com a proibição da eutanásia no Brasil, pois acha que a cultura brasileira não aceita bem essa questão. Questionado se já havia cuidado de algum paciente considerado caso terminal ou em coma por muito tempo que tenha se recuperado, ele respondeu que sim e explicou: “Isto não é tão incomum como parece. Geralmente, se um paciente terminal entra na UTI, ele tem 08 - Talento-ano XIII-junho/julho 2013
chance de se recuperar. É diferente quando ele está morrendo pela doença. Agora, se ele está morrendo por uma infecção ou um infarto, ele tem chance de se recuperar. É um pouco complexo”. Sobre a preparação para trabalhar em UTI, Alexandre afirmou que durante o período em que fez a faculdade de medicina, não houve preparo. Ele acredita que naquela época o assunto não tinha tanta importância como tem hoje. De acordo com Alexandre, o psicológico dos pacientes e seus familiares devem ser levados em conta e, apesar de numa situação terminal alguns médicos e pacientes não estarem preparados para lidar com a situação, a verdade nunca deve ser omitida. “Por isso, se torna tão importante a colaboração de uma equipe multidisciplinar (psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais) para que todos recebam a melhor assistência possível e consigam lidar com a situação de uma forma positiva”, afirmou o médico. Eutanásia, distanásia e ortonásia Esses três termos são ouvidos no dia a dia dos hospitais de todo o mundo e são relacionados ao fim da vida de um paciente. Mas existem diferenças cruciais entre a eutanásia, distanásia e ortotanásia. Na prática da eutanásia, a morte de uma pessoa é realizada sem dor. Há a ação direta de alguém para antecipar a morte do paciente, seja realizando algum método ou interrompendo outro, como o desligamento de algum aparelho. Essa prática é proibida por lei no Brasil. A distanásia é caracterizada pelo prolongamento da vida do paciente. Na maioria dos casos, o sofrimento é inevitável, já que o paciente continua “vivo” enquanto seu cérebro se mantiver operando, mesmo que o resto dos órgãos não estejam ou até que um colapso maior no organismo encerre, enfim, a vida dele. Já a ortotanásia é considerada a morte “certa”, que deve ocorrer naturalmente. É uma tentativa de fazer com que o paciente morra com dignidade, sem dor, sem sofrimento físico e aliviar o sofrimento psicológico dele e da sua família. A morte é um assunto tabu e, sem dúvidas, algo imprevisível, mas é preciso esclarecer que as UTIs não são apenas uma extensão para esse processo, e sim uma nova chance para viver.
Fala leitor
Thiago Arlotta, 23 anos, advogado
Sou à favor da eutanásia. Em casos cuja reversibilidade mostrar-se incontestável, acredito que, havendo o consentimento do paciente e da família, a eutanásia torna-se uma alternativa legítima e humana ao sofrimento.
Gleison Nascimento, 32 anos, radialista
Existem casos e casos. Se a pessoa estiver há vários anos em sofrimento e não apresentar melhoras, eu sou a favor. Porém, se tiver pouco tempo e ainda houver esperança, eu sou contra. Então, tem que estudar o caso. É uma decisão muito difícil, principalmente para quem está envolvido, que no caso é a família. Fotos: Mariana Tristão
Educação Financeira
O endividamento da “Geração Y”
Facilidade na obtenção de crédito é um dos fatores que contribui para que jovens se endividem cada vez mais cedo.
dos internautas entrevistados admitem que com a educação financeira é possível melhorar a qualidade de vida, porém, 23% acreditam que existem outras questões para que isso seja realidade. Apenas 1% dos entrevistados desacreditam que com a educação financeira possa existir uma melhoria na qualidade de vida. Há alguns que preferem se manter organizados financeiramente através de planilhas para controlar onde o dinheiro está sendo aplicado, mas a maioria não liga para esse meio de pla-
nejamento. De acordo com a pesquisa, cerca de 51% não fazem planilha ou algum tipo de planejamento para controlar seu orçamento pessoal. Apenas 36% garantem fazer o controle de seus gastos, porém, 13% tentam fazer, portanto, não conseguem acompanhar. Questionados sobre a situação financeira atual, 44% não devem, porém, também não tem o hábito de juntar dinheiro. Apenas 39% possuem uma reserva financeira, enquanto 17% assumiram estarem endividados.
Infográfico: Pâmella Longue e Samara Muniz
Quem pensa que a educação financeira deve começar junto com o primeiro emprego está muito enganado. O ideal é que essa consciência financeira comece ainda na infância, mesmo que a criança tenha acesso apenas a pequenas quantias de dinheiro. Uma pesquisa realizada recentemente pela Boa Vista Serviços aponta que a maioria da população é inadimplente e ainda que 17% dos inadimplentes possuem entre 31 e 35 anos. A falta de educação financeira na infância faz com que os jovens comecem a lidar com dinheiro de uma maneira em que não farão um planejamento financeiro, não pensarão no futuro, nem terão uma preocupação em poupar economias e aliarão tais comportamentos a um gasto exagerado. Especialistas apontam que quando a educação financeira começa na infância, a criança se tornará um adulto financeiramente responsável. A primeira iniciativa voltada para a área de educação financeira partiu da cientista política e consultora Cássia D’Aquino, de São Paulo. Em 1996, ela criou um programa de ensino destinado a alunos de 2 a 14 anos. O objetivo desse projeto era passar aos alunos a importância do dinheiro, abordando como ganhar, usar e economizar seu dinheiro, dando destaque para a ética envolvida nesses processos. Tal projeto foi implantado por diversas escolas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul e Curitiba. De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), 60 % das famílias brasileiras iniciaram o ano de 2013 no vermelho. Entre os maiores vilões desse endividamento estão, cartão de crédito, cheque pré-datado, cheque especial, empréstimos pessoais. O economista Reinaldo Domingos afirma que, para sair do vermelho é necessário planejar-se analisando aquilo que realmente é necessário: “Planejar-se é fundamental e, sem dúvida a melhor saída. Para isso, o jovem precisa praticar os quatro pilares da Metodologia DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar) uma vez ao ano ou sempre que houverem mudanças na receita, para mais ou para menos.” Em uma pesquisa realizada nas redes sociais com aproximadamente 150 pessoas, todas elas jovens entre 18 e 25 anos, mostrou que 76%
Foto: Evelyn Fernandes
Por Deivson Santana, Evelyn Fernandes, Lucas Nasimento, Pâmella Longue, Roberto Neto e Samara Muniz
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Cidadania
Leis que são “para inglês ver” Por Juliana Gama, Marcos Barcelos, Samira Paiva e Tiago Silvares.
Foto: Samira Paiva
O Brasil tem milhares de leis que tratam de todo tipo de assunto, de relações de consumo, passando por segurança até a aplicação da lei seca em estradas federais. Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara e Senado Federal, são os locais de apresentação de propostas, debates e, por consequência, onde acontecem as votações de inúmeras leis. Porém, antes de ser votado, um projeto de lei percorre um longo caminho. Todo projeto é analisado por comissões técnicas e possui um relator, que irá dar um pa- A lei do assento preferencial prevê que o motorista e o cobrador fiscalizem se os passageiros estão cumprindo seu papel cidadão recer sugerindo mudanças, aprovando ou não o projeto. Passam ainda por uma Comissão de dade Vila Velha (UVV), Antônio Leal, diz que que é um serviço público concedido às empreConstituição e Justiça, para ser avaliada se está primeiro deve-se utilizar o bom senso e tentar sas”. Para o deputado, nem sempre é por meio de acordo com a Constituição Federal. Em resolver a situação com uma conversa. “Caso de lei que uma determinada situação é combaseguida, se dentro da legalidade, o projeto é essa conversa não tenha resultados, devemos tida, afinal, no Brasil, existem muitas leis. votado e, se aprovado, é encaminhado para o procurar os órgãos competentes para fazer vaÉ necessário que o cidadão conheça as leis. Poder Executivo para que possa ser sancionado ler nossos direitos”, declarou. Mas como? Para o deputado, é preciso que as ou vetado. Segundo o deputado estadual Cláudio Vere- pessoas sejam educadas e orientadas, por meio Após ser sancionada, imagina-se que a lei zza, para que as leis sejam cumpridas, progra- de campanhas educativas para que se conheça seja cumprida pelos cidadãos e demais seto- mas municipais, estaduais e federais precisam o conteúdo e raízes da lei aprovada. Em seguires da sociedade a quem ela é designada. Mas ser implementados para dar suporte a elas. E da, depois de todo esse processo, pode-se reprinão é sempre assim. Um exemplo disso é a Lei quando o assunto é parcela de fiscalização de mir e cobrar. O professor Antônio Leal citou nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, sobre uma lei, Claudio Verezza enfatiza que o cida- um exemplo de campanha de conscientização acessibilidade. O artigo 3º dessa lei diz que as dão tem total dever de agir como fiscalizador. que deu certo, que é a proibição do fumo em empresas públicas de transporte e as conces- Para ele, o cidadão é quem vive os serviços locais públicos, “devido a diversas campanhas, sionárias de transporte coletivo reservarão as- prestados. “Ele é quem vivencia no dia a dia as percebemos que o fumo em ambientes como sentos, devidamente identificados, aos idosos, diversas situações ou falta de serviços públicos bares, restaurantes e outros locais públicos está gestantes, lactantes, pessoas portadoras de de- ou concedidos, como é o caso do transporte quase extinto.” ficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo. No Espírito Santo, apesar dos assentos resolver problemas mais específicos da socieserem demarcados, é necessária a atuação vodade, muitas vezes de alcance local de uma luntária de motoristas e cobradores para que a cidade ou estado, não tem como ser aplicadas população que utiliza o transporte faça valer devido a inviabilidade, seja pelo auto custo a lei. No Brasil, existem mais de 180 mil leis em demandado para a realização, seja pela falta Um motorista de ônibus do Sistema Transvigor e várias outras esperando para serem de um órgão específico para fiscalização. Sem col, durante as suas viagens, pede que os pasaprovadas e incharem ainda mais a nossa le- dizer da inutilidade de certas leis, como a da sageiros que ocupam os assentos preferenciais gislação. Além disso, temos as leis estaduais e construção de um aeroporto alienígena, no se levantem sempre que algum idoso, gestante municipais que contribuem para um proble- estado do Mato Grosso. ou outra pessoa que tem direito ao assento preEsses tipos de lei trazem descrédito aos órma sério em nosso país: o desconhecimento ferencial entra no coletivo. Alguns passageiros gãos legisladores, sensação de impunidade de várias normas importantes para o funcionão reclamam, outros dizem que é direito deaos cidadãos e de ineficiência das instituições namento da sociedade. les permanecerem sentados. Já existem aqueles Na contra mão, existem muitas leis bastan- responsáveis pela execução e fiscalização. Na que elogiam a atitude do motorista. Caso ninte úteis, como a lei Maria Da Penha, que pro- sociologia, essa falta de clareza das regras da guém se levante, o motorista desliga o veículo. teje as mulheres da violência, tentando ven- sociedade é denominada anomia e pode levar As leis existem para garantir que o direito de cer o preconceito social. Porém, várias outras o ser humano ao desespero. todos seja respeitado e para que a vida em soVeja alguns exemplos de leis absurdas no extrapolam o limite do absurdo e, por isso, ciedade seja organizada. Mas, muita gente tem infográfico da página ao lado e reflita quanto são consideradas totalmente desnecessárias. dúvida de como fazer para que uma lei seja a essas bizarrices. Essas leis, embora tenham sido criadas para cumprida. O professor de Direito da Universi-
Leis bizarras: por que são aprovadas?
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Cidadania
Absurdas e desconhecidas De tão absurdas, algumas leis são tidas como piada e caem no esquecimento. Selecionamos algumas dessas leis que poucos conhecem mas que foram votadas e aprovadas por legislativos pelo Brasil afora
Infográfico: Marcos Barcelos
Em Barra do Garças, 1995, o prefeito criou uma local para pouso de OVNI’s com 5 hectares, na serra do Roncador, mas a ideia não deu certo.
Em 1997, no município de Bocaiúva do Sul, o prefeito, preocupado com a baixa taxa de natalidade barrou a venda do preservativo.
Em Pouso Alegre, 1997, o prefeito aprovou a lei que punia donos de outdoors e cartazes com erros de ortografia.
Na cidade de Rio Claro, no ano de 1894, a melancia foi proibida, pois era acusada de provocar doenças como tifo e febre amarela.
Na capital paulista, em 2004, os vereadores aprovaram os coletes com airbags para motociclistas. Porém, não foi sancionada.
Na década de 60, em São Luís, o prefeito instituiu o Código de Posturas, que proibia o uso de máscaras, exceto no carnaval. Justificativa: facilitar o reconhecimento de bandidos.
Em Quixeramobim, 1991, foi apresentado um projeto de pintar o rabo de animais, como o boi e a ovelha, de amarelo fosforescente, para evitar acidentes nas estradas.
Fonte: Site da Revista Mundo Estranho, Portal R7 e site de O Globo
Até 2011, a lei da ociosidade era válida. Previa prisão de 15 dias a quatro meses, para os ociosos sendo válidos para o trabalho.
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Comportamento
Prazeres de primeiro grau Fluidez, hedonismo, violência e individualismo. Estes são os quatro pilares da sociedade pós-moderna. Em especial, o hedonismo significa “a busca pelo prazer imediato”, ou seja: independente de seu conteúdo e essência, buscar o prazer significa diminuir o sofrimento. Tornando-se, assim, o único caminho para a conquista da felicidade que se deseja alcançar. No período pós-socrático, o filósofo grego – discípulo de Sócrates e fundador da escola Cirenaica de Filosofia – Aristipo de Cirene, foi um dos maiores defensores do mandamento hedonista. Aristipo acreditava que o prazer era algo sempre muito bom, qualquer que seja o local de onde tenha surgido. Mas, ele afirmava que a corrente hedonista estava conectada à ética. Portanto, a conduta ética deveria ser praticada para atingir o prazer. Diferentemente do prazer carnal, o hedonismo significa alcançar a satisfação da alma. Nos últimos anos, nota-se o grande aumento do consumo de produtos eletrônicos, drogas e da indústria cultural. O uso permite que a pessoa se sinta ligada a um padrão imposto, principalmente, através da mídia. Segun-
O imediatismo, característica dos jovens contemporâneos, pode levar a um distanciamento dos princípios éticos
do o aluno do 6º período da Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Edison Romera Junior, de 31 anos, é possível afirmar que a felicidade nesta sociedade pós-moderna é partilhada pela alternativa entre a prioridade dos valores afetivos e, principalmente, pela prioridade dos valores materiais de consumo. Romera Junior, que também é membro do Conselho Científico, Artístico e Cultural, da Revista Simbiótica, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Indiciárias - NEI, dá como exemplo o excesso de informações,
em grande parte proporcionado pela internet. “ Aquisição de bens, de comportamento e de gosto estético. Os excessos de possibilidades em todos os âmbitos da vida levam a uma conduta, invariavelmente, pautada pela pressa e pela superficialidade”, afirmou. Já a Jornalista Rose Vidal, doutoranda em Comunicação Social e professora adjunta da Universidade Vila Velha (UVV), a busca pelo prazer distancia-se dos princípios éticos e morais, visto que o indivíduo não está preso a nenhum valor pré-estabelecido. O hedonismo, segundo ela, vem suprir essa busca.
Foto: Jéssica Dumer
Coisa rápida: impulsividade
No Século XXI, as drogas lícitas e ilícitas são como uma válvula de escape para a juventude
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Um fator que caracteriza a adolescência é a impulsividade. Avida por novidades, ela está sempre em busca de algo. Seja motivada pelas novas tecnologias, satisfação profissional antes dos trinta, novos lugares a conhecer e até mesmo o início da vida sexual. Veja um exemplo: a banda americana de rock Nirvana conquistou os adolescentes ao personificar esse estado de libertação atingido pelo ser humano ao percorrer sua busca espiritual. Casas de shows, festas raves e shoppings centers mostram-se cada vez mais congestionados por adolescentes em busca da satisfação imediata de seus desejos, muitas vezes, impossíveis de serem saciados. No Século XXI, as drogas lícitas e ilícitas são como uma válvula de escape para adolescentes. Em consequência, surgem as doenças pós-modernas tais como ansiedade, depressão e insônia.
Yuri Fonseca, 20, diz que em toda balada tem sempre o mesmo trio. “Sexo, drogas e álcool estão sempre presentes. Por conta desta busca incessante pelo prazer, noto um aumento no número de gays e lésbicas”. Outro que sempre percebe a presença de drogas é Davi Braga, 21. “Nas festas onde eu vou, sempre me deparo com drogas e bebidas. Eu acho que, como se trata de um momento de descontração, nós devemos vivenciar todas as experiências possíveis. Claro, com muita cautela.” Já a estudante Mariana Dias, 18, acredita que “legal” experimentar. “É viver intensamente. A felicidade é feita de momentos e proporciona alegria e tal, mas tem que saber dosar para não causar danos gigantescos. Então, vai do senso de cada um. É saber equilibrar os prazeres imediatos com seus valores.”
Foto: Gizeli Simon
Por Gizeli Simon, Haroldo Junior, Jéssica Dumer, Lillian Corteletti, Mirillan Caetano e Rayanne Pacheco
Comportamento
A juventude pós-moderna busca o prazer imediato. Fama, dinheiro e status, tudo que agrada de forma rápida sem muito esforço. É preciso decidir o futuro muito cedo, mesmo que o jovem ainda não esteja preparado para assumir um amadurecimento social. Por isso, é comum que os jovens dessa geração se sintam um tanto quanto confusos em relação a seus sentimentos e relacionamento com o meio em que vivem. A pressão do fazer, querer e ter tudo agora, sem tolerância, segunda chance ou tempo nem paciência, tem seus problemas. Os jovens acabam se tornando vulneráveis a situações de risco, pois é comum encontrá-los perdidos tornando seus corpos em objetos de consumo, a fim de encontrar a felicidade instântanea. Esses comportamentos inconsequentes aumentam os fatores de risco na vida de uma pessoa e reduzem seu potencial em todas as áreas da vida. Os jovens, assim como qualquer indivíduo em nossa sociedade, possuem constituição psíquica individual ligada à sua inserção na vida social e familiar com o respeito a determinadas regras comuns, as quais transformam o jovem imediatista em um ser social. É possível perceber que a juventude pós-moderna, desprendida de conceitos e valores socias, e ainda em contato com sexo, baladas e drogas, está mais propícia a buscar cada vez mais por esses prazeres de primeiro grau. Não se pode esquecer que a influêcia das mídias e da tecnologia ajudaram muito para que esse imediatismo surgisse. A internet e os meios de comunicação estão tão presente em todo esse processo que parece que a vida dos jovens muitas vezes se encontra baseada em uma comunicação instantânea e sem profundidade, mesmo que o avanço tecnológico tenha trazido muitos benefícios e crescimento para a humanidade. Sobre essas influêcias, a psicóloga Daniella Lacerda diz que, atualmente, prioriza-se os relacionamentos em ‘redes’ e, com isso, percebe-se a dificuldade dos jovens em manter laços em longo prazo, uma vez que esses relacionamentos podem ser tecidos ou desmanchados com igual facilidade sem que isso envolva nenhum contato além do virtual. Nesta entrevista, ela fala um pouco mais sobre esse imediatismo que vem caracterizando essa nova juventude. Talento - Qual o comparativo que você faz
com os jovens de antigamente e com os atuais? Daniella Lacerda - Atualmente existe uma certa “inversão dos papeis parentais” onde é comum encontrar genitores sem autoridade e filhos autoritários com seus pais. Antigamente, a forma de educar os filhos cabia somente aos pais, avós e familiares. Hoje, percebe-se a ‘terceirização’ dessa educação, onde pais e responsáveis delegam o educar à escola, à justiça e aos serviços públicos. De fato, isso provocará mudanças significantes na formação desse sujeito, alienado dos valores e regras de sua família de origem. Talento - O que você vê como característica dos jovens atuais, chamados como pós-modernos? Daniella Lacerda - Vejo uma geração um tanto que perdida nas questões de relacionamento. Uma parcela ainda busca a autonomia dos pais visando independência financeira e afetiva e é fácil encontrar jovens perdidos em seus sentimentos e angústias, buscando as drogas e os perigos a fim de barrar esse prazer que impera. Talento - Por qual motivo, em sua opinião, os jovens estão cada vez, mas focados nessa busca do prazer imediato? Daniella Lacerda - Penso que isso não é regra. Por vezes, encontramos numa mesma família irmãos que traçaram caminhos diferentes e tiveram a mesma educação. Ao vermos jovens envolvidos com drogas, crimes, prostituição, percebemos que algo falta: a transmissão dos
Papo médico Por Angélica Bassani Pacheco, psicóloga
Desde o nascimento, somos acostumados a ter rapidamente o que desejamos. Muito cedo as crianças choram para conseguir o que querem. Na maioria das vezes, o choro é atendido e logo percebido que isso é bom! O não esperar foi aprendido. Na idade adulta não é preciso chorar para alguém nos atender (apesar de alguns adultos ainda agirem assim), a própria pessoa busca sua satisfação. A impaciência se instala. Hoje é comum percebermos pouca resistência à dor, ao “não”, ao novo e lidar com isso pode ser um sofrimento insuportável. São comuns casos em que não se suporta aguardar na fila, investir numa re-
Foto: Jéssica Dumer
Jovens confusos: o tempo parece estar contra eles
A dificuldade de se concentrar é uma característica
valores geracionais; o afeto dos pais; o limite... Talento - A pressa dos jovens atuais por uma estabilidade pode os prejudicar de alguma forma no futuro? Como a psicologia explica isso? Pode acarretar alguma doença psicossomática? Daniella Lacerda - O autoritarismo econômico e a violência social presentes na cultura da atualidade trazem como consequência a exacerbação do individualismo. Esse indivíduo solitário seria responsável pela sua performance e a de seus empreendimentos, e o resultado desse modo de viver seria o enclausuramento na destrutividade psíquica. O narcisismo que está em cena é uma reação violenta entre a sociedade contemporânea e o novo indivíduo, que procura recuperar-se dela investindo narcisicamente em si. lação, ficar parado no engarrafamento, fazer um curso de anos para conseguir um trabalho, ler um livro e até mesmo assistir um filme. Algumas saídas foram encontradas como forma de sobrevivência para conter a ansiedade: roer unha, comer compulsivamente quando algo está por acontecer, comprar algo novo, fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, não terminar o que começou. Parece que a sensação de desconforto é imediatamente trocada por outra de prazer, calma, satisfação e tranquilidade. Convido o leitor a pensar se, de fato, isso é uma busca pelo prazer imediato.Preferimos fugir, trocar a aprender como enfrentar, a tentar, a experimentar, a errar e acertar, em buscar soluções e prazeres duradouros. Importa, apenas, o agora e isso pode não ser bom!! Talento-ano XIII-junho/julho 2013 - 13
DOLOR SENQUALRR Comportamento
Ansiedade, a doença do século Por Janaína Zambelli, Samantha Cabalini, Shayra Colli e Layon Lima
A ansiedade é uma manifestação do organismo frente a uma situação que apresenta perigo real, servindo como sistema de alarme, que prepara o corpo para fugir ou lutar mediante a situação ocorrida. Deste modo, podemos afirmar que a ansiedade é um sintoma que tem como principal função proteger nosso organismo, segundo o professor Alexandre Gomes Brito, que é psicólogo clínico especialista em terapia comportamental e atualmente professor do curso de Psicologia da Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo. Para esse mau não há estereotipo. Pessoas mais velhas, jovens, homens e mulheres, todos estão sujeitos à sentirem-se ansiosos, especialmente em momentos onde há pressão. O estudante Edson Arruda Júnior, 20, diz que a conquista do mercado de trabalho, a escolha da profissão e o vestibular “mexem com a cabeça”. “Eu tento Medicina na federal há três anos e a pressão só vai aumentando”.
O problema não é apenas a ansiedade, mas quando, dia após dia, a situação se torna rotineira e foge do controle. “O que temos que ficar atentos é quando a ansiedade se manifesta de forma intensiva frente a situações que não apresentam risco real ao sujeito, comprometendo significativamente os seus afazeres cotidianos. Quando tal fato ocorre, podemos estar diante de uma ansiedade patológica que é nomeada como transtorno de ansiedade.” Afirma o Alexandre Gomes Brito. Segundo a dona de casa Elzirene da Costa de 42, a ansiedade virou um problema em sua vida a partir do momento em que passou a prejudicar seu cotidiano. “O que me deixa mais angustiada é que o tratamento é longo e sem data para terminar”, lamenta. Qualquer um pode sofrer, em maior ou menor grau, de ansiedade. Mas, o transtorno merece atenção redobrada quando, a partir dele, surgem “doenças psicológicas”, como por exempolo síndrome de pânico, fobia social e TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Quando questionada sobre o desencadea-
mento de doenças a partir da ansiedade, a dona de casa Elzirene, falou que sofreu com diversas variações.“Depressão, síndrome do pânico, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e distúrbio do Sono. Tudo isso me causa suor frio nas mãos e pés, sensação de medo. Tenho vontade de me isolar, tenho palpitações, dificuldade de respirar, dor de cabeça, que já foi diagnosticada como enxaqueca crônica”. Apesar de não ter uma cura específica, a ansiedade pode ser trabalhada com medicamentos conhecidos e com outras ações, como a prática de exercícios e a dedicação a música ou à leitura de um livro. Outros cuidados como escutar a música preferida ou se desligar durante a leitura de um livro são bastante indicadas para o controle de tais sintomas. “A ansiedade em si não deve ser curada, até por que é essencial para o organismo humano. Os transtornos de ansiedade sim, mediante o trabalho de um psicólogo e psiquiatra devem ser tratados, obtendo-se controle satisfatório com a diminuiçãi e/ou retirada de seus sintomas”. Finaliza o psicólogo.
Meninas se perdem no “bonde” Por Angélica Salviato, Bruno Monteiro, Igor Gabrielli e Jessika Cassimiro
Ser mãe parece ser o sonho de muitas mulheres. Mas, colocar um filho no mundo não é uma decisão fácil. Afinal, é preciso proporcionar à criança toda uma estrutura para que ela possa chegar ao mundo e crescer, cercada de amor e cuidados. Da teoria à prática, mesmo para adultos com estrutura e planejamento pode ser uma questão delicada. Maiores ainda são as dificuldades enfrentadas por adolescentes que não planejam e não se relacionam de forma e saudável. Casos de meninas que afirmam ter engravidado depois de terem relação sexual dentro de bailes funks têm aumentado. É o chamado chamado “bonde”. O mais grave é que as meninas nem sabem quem são os pais de seus filhos. Segundo dados da Secretaria de Saúde de Vila Velha, o atendimento frequente a essas futuras mães iniciantes tem aumentado nas regiões mais populares da cidade. As meninas vão para o baile usando saia ou 14 - Talento-ano XIII-junho/julho 2013
vestido curtos, muitas vezes, sem calcinha. Elas se alternam em uma fila indiana dançando no movimento da música, agachando sobre os meninos, que ficam deitados no chão de barriga pra cima, com os órgãos genitais à mostra. À medida que a música toca, elas vão trocando de parceiro e, eventualmente, as relações sexuais se concretizam. O resultado, são muitas meninas que, após darem à luz, têm que largar os estudos e deixar de viver a adolescência partindo para a vida adulta, com um filho do bonde para criar. O que chama a atenção é ver pessoas que frequentam os bailes negando que haja relações sexuais públicas durante a festa. A estudante Tamires, 17, moradora de Cobilândia, em Vila Velha, afirma que já presenciou meninas fazendo sexo com vários homens durante um baile. Segundo o DJ Douglas Cardoso, que é DJ há 15 anos e já foi MC (mestre de cerimônia dos bailes), os “bondes” só ocorrem em bailes clandestinos. “Nesses bailes, é permitida a entrada de menores e as festas são feitas para dar lucro. Eles chamam meninas com menos de 18 anos e sob o efeito de álcool - às vezes dro-
gas - perdem o controle e acaba rolando sexo.”, completa. Um caso polêmico, não tão recente, ocorreu em agosto de 2008, quando duas adolescentes ficaram nuas em cima do palco no Clube Náutico Brasil em troca de seiscentos reais oferecidos pelo MC da noite. A diretoria do Clube afirmou, na ocasião, não ter qualquer responsabilidade sobre o que ocorre nos bailes. O caso foi relatado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, que abriu inquérito para apurar as denúncias. É grande a demanda por bailes funk na Grande Vitória. O ritmo vem conquistando públicos de diversas classes sociais. Um exemplo, foi o grande baile do Álvares Cabral, quando o grupo “Furacão 2000”, levou mais de 8 mil pessoas ao ginásio, o que impressionou até até os próprios MCs. O funk surgiu no final dos anos 80, com músicas voltadas para a realidade social da favela, falando de amor e paz. Hoje, a nova safra de funkeiros privilegia rimas de apelo sexual, sem se preocupar com conteúdo, definindo comportamentos, danças e estilos de vida.
Sustentabilidade
Shopping Vila Velha: lucro não leva ao desenvolvimento Um problema visível em Vila Velha é a falta de áreas verdes pelas ruas, o que leva a pensar se o desenvolvimento remete apenas à construções com fins lucrativos. O Shopping Vila Velha está sendo construído, com previsão para 2014. A promessa é que ele seja o maior shopping do Estado e o terceiro maior da BR Malls, a maior empresa integrada de Shoppings Centers da América Latina. O shopping está sendo erguido ao lado da Universidade Vila Velha (UVV), avenidas Luciano das Neves e Juscelino Kubitschek, próximo ao Centro de Vila Velha e bairro Boa Vista. De acordo com uma pesquisa feita pela Gismarket Estudo de Mercado e Comércio Ltda, 70% do público da área de influência está presente nas áreas primárias e secundárias e 84,0% da renda disponível na área primária de influência corresponde às classes A e B. A arquiteta e urbanista Simone Neiva, diz que, hoje, é preciso pensar em sustentabilidade em qualquer empreendimento, desde a construção de um shopping até pequenas casas. No entanto, a área em que o shopping se encontra é uma área com graves problemas de infraestrutura, de segurança e de acesso aos serviços públicos básicos, como educação e saúde. Além disso, a população que reside na região não será a principal beneficiária dos serviços oferecidos pelo shopping, diferente da população que diariamente passa pelo local e que é o principal público alvo do empreendimento. Outro problema da construção do shopping será uma possível segregação e o aumento de conflito entre as pessoas, o que pode gerar violência e assaltos. Mas, a principal tendência, segundo Simone Neiva, é que os moradores do entorno acabem sendo expulsos, tendo que ir morar em outros lugares. “As pessoas que têm menos poder aquisitivo acabam indo cada vez mais para a margem da cidade e as outras, que possuem alguma condição, irão tentar lucrar com o empreendimento”, afirmou. Numa sociedade ideal, o lucro não deve ser o elemento mais importante quando se pensa em progresso. Mas, na prática, o pensamento segue um raio muito amplo, que
vai além dos limites de Vila Velha e alcança também Vitória, Serra e o Estado todo. Para quem constrói na visão do lucro, a prioridade é o número de pessoas que frequentarão esse ambiente, como elas chegarão até ali e qual é o seu poder aquisitivo. Ou seja, abandona-se o micro e passa-se a pensar amplamente. A arquiteta afirma que, realmente, deveria se pensar mais em questões ambientais, porém não é o que acontece.
“As pessoas que têm menos poder aquisitivo acabam indo cada vez mais para a margem da cidade, e as outras que possuem alguma condição tentarão se modificar para tentar lucrar com aquilo em torno delas”, afirmou Simone Neiva. Segundo Flavia Giacomin Pimentel, coordenadora do curso de Engenharia Civil da UVV, é dever de um empreendimento deste porte, diminuir o impacto causado na região pela obra, oferecer iluminação e vagas para estacionamento, além de cuidar da calçada e do entorno. Ela ainda destaca que para a aprovação do projeto do shopping na Prefeitura de Vila Velha, foi necessário, antes, a
realização um projeto sobre a mudança no sistema viário da região com a ampliação das vias de acesso e sua aprovação. “Assim, uma via que hoje é mão dupla, será duplicada dos dois lados, diminuindo o impacto negativo da obra. Não vai resolver o problema, mas amenizar o impacto, com certeza.” A Prefeitura de Vila Velha foi procurada pela equipe do Talento, mas não havia informações sobre as condições em que a obra do shopping foi autorizada. Transtorno e lucro O shopping que promete trazer desenvolvimento para o bairro Boa Vista, tem previsão de ser entregue em dezembro deste ano, mas desde já é possível observar mudanças de aspecto negativo na região, como o aumento dos alagamentos nas ruas próximas, maior fluxo de caminhões e máquinas operacionais, além do transtorno sonoro que atrapalha a vida dos moradores e prejudica o rendimento dos alunos durante as aulas. Fica então a dúvida: será que o Shopping Vila Velha veio para prejudicar ou melhorar o desenvolvimento da cidade? Resta agora esperar até o começo do funcionamento do shopping para termos as nossas respostas e vermos se Vila Velha realmente irá se desenvolver sem ocasionar muitos impactos ao meio ambiente.
Foto: Mariany Rocha
Por Karolini Lisboa, Mariany Rocha, Saelly Pagung, Thaís Tomazelli
Obras do Shopping Vila Velha estão em ritmo acelerado e têm previsão de serem concluídas até dezembro de 2013 Talento-ano XIII-junho/julho 2013 -15
Consumo
China: sem fronteiras, sem tarifas Por Ariane Rodrigues, Cícero Giuri e Erika Piskac
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Mini in the Box, Deal Extreme, DH Gate. Pode gravar estes nomes porque você ainda vai ouvir falar muito deles. Seja quando o assunto for economia, seja quando for consumismo, variedades e até mesmo política, estes sites estão revolucionando o modo de fazer compras e devem ser assunto em breve. Tal maneira de comprar mais baratos traz consigo inúmeros pontos a serem pensados e que ainda devem mudar muito nosso modo de consumir. Liliam Chagas, Coordenadora de Fiscalização do Procon-ES, afirma que toda compra feita pela internet exige do consumidor o máximo de cautela possível. “Muitos sites se apresentam de forma a envolver e passar credibilidade, camuflando irregularidades e, nos piores casos, facilitando roubo de dados pessoais”. Ainda sobre esta questão pode-se enxergar uma massa jovem de visitantes nessas páginas, que em suma compra não apenas por necessidade mas pelo desejo de se posicionar dinate do grupo ao qual pertencem. Guy Debord, em A sociedade do espetáculo, pontuou a célebre frase: “a realidade do tempo foi substituída pela publicidade do tempo”. Ele tenta mostrar que entender a cultura é, em geral, entender que
a imagem é espelho da sociedade e, por meio dela, pode-se subtrair o que ela representa, seus desejos, suas duvidas, problemas, e mecanismos para alcançar objetivos. Por fim, também é preciso lembrar que tais compras, na grande maioria, não são taxadas pelos impostos nas alfândegas, o que gera prejuízos à Receita Federal. Para o pesquizador de China, os prejuizos são gigantescos mas não se pode falar apenas de valores. “Estes produtos passam sem a fiscalização necessária, uma vez que seguem alguns critérios específicos para burlarem o sistema”, afirmou Paulo Nakatani, professor do Departamento de Ciências Econômias da Ufes.
Foto: Cícero Giuri
Impulso Outro comprador assíduo, o estudante de Direito Lucas Macedo confessa que, muitas vezes, levado pelo impulso, comprou mais do que devia. “Já me arrependi de ter comprado produtos que não precisava devido aos baixos preços”, afirma. A quantidade de produtos oferecidos espanta a estudante de arquitetura Júlia Vieira, que afirma já ter gasto muito dinheiro comprando no site dealextreme.com. “Fui navegando no site, durante horas, e atraída pelo preço, comprei coisas que jamais compraria aqui no Brasil”, conta. Conhecidos por qualidade “razoável” e seu baixo preço, a prática de compras de produtos chineses vem crescendo a passos largos no Brasil, chegando a oferecer a moeda real como forma de pagamento, além do tradicional cartão internacional e boleto bancário. Os itens mais comprados são os acessórios para celular ( 36%). Em seguida, vêm as roupas (32%) e os eletrônicos (15%).
Capas de celulares e outros itens de pequeno valor são os produtos mais procurados e consumidos pelos internautas
Fonte: Veja Arte: Nilo Ricas
á imaginou comprar produtos direto da China? Com frete grátis e preços bem baixos? Hoje em dia isso já é possível. Através de sites chineses que oferecem uma grande variedade de produtos que vão de acessórios de celular, itens de vestuário, artigos de decoração e jardinagem, fantasias, cosméticos, e até mesmo pequenas peças de ferramentas, tudo isso livre de tarifas e sem valor de entrega. Há alguns anos, consumir produtos vindos da China, era algo inimaginável. Atualmente, com “boom” das compras via internet, a possibilidade de adquirir um produto com preços muito abaixo do normal, vem se tornando cada vez mais comum. Porém, isso ao custo de uma longa espera que pode durar de dois a três meses, devido ao percurso (geralmente em containers de navios) e principalmente à burocracia da alfândega. A publicitária Iara Maia afirma que a longa espera não é problema na hora da compra, pois os preços baixos compensam. “A espera vale a pena se o produto não for para uso imediato. Quando preciso de algo para uso imediato, mesmo que tenha no site, prefiro comprar em loja física”.
Foto: Cícero Giuri
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Turismo e lazer
Por Higor Souza, João Lucas Ribeiro, Jordel Mauri, Patrick Lurentt e Renato Paoliello
Vila Velha, de acordo com o Censo de 2010, é o município mais antigo e também o mais populoso do Espírito Santo, com uma população estimada em 414.586 habitantes e uma área de 209 quilômetros quadrados. O litoral da cidade possui 32 quilômetros, formados por dez belas praias que encantam os moradores e os visitantes. São praias de águas limpas e tranquilas e que dispoõem de quiosques que colaboram com quem deseja curtir um belo dia de sol. Além disso, balneários como Barra do Jucu e Ponta da Fru-
ta chamam a atenção por serem ideais para a prática de esportes como o surf e o windsurfe. Batalhão de Infantaria, Escola de Aprendizes Marinheiros, Forte Piratininga, Museu Homero Massena, Igreja Nossa Senhora do Rosário, Convento da Penha e Morro do Moreno. São vários os pontos turísticos existentes em Vila Velha e que dão uma atmosfera especial à arquitetura da cidade, além de contribuirem muito com suas riquezas históricas e, principalmente, culturais. Do topo do Morro do Moreno, temos uma visão privilegiada, de 360 graus, da cidade de Vila Velha, do mar e da capital do Espírito Santo, Vitória. Para aqueles que gostam de esportes São diversas atrações destinadas a todas as idades, desde praias até visita à fábrica de chocolates, o que revela um grande potencial turístico no município
Entrevista O município de Vila Velha concentra o maior número de atrativos da Região Metropolitana de Vitória. A secretária Municipal de Turismo e Cultura, Simone Modolo, garantiu que a cidade está preparada e pronta para realizar ações que irão fortalecer o crescimento do turismo. Talento – A cidade de Vila Velha está preparada para receber turistas? Simone Modolo – Sim. O nosso município tem 53% de área rural e esta é outra alternativa, tendo como foco o agroturismo. No planejamento 2013 a 2016 estamos focando em oito segmentos turísticos: cultural, náutico, agroturismo, eventos, negócios, aventura, ecoturismo e sol e praia. Quanto aos serviços, temos uma rede hoteleira de bandeira internacional e restaurantes altamente capacitados com uma gastronomia diversificada e de qualidade. Talento – Uma cidade turística requer inves-
timento em mobilidade urbana, sinalização e infraestrutura. quais as medidas que o governo municipal tem tomado para garantir estes investimentos? Simone Modolo – No planejamento do turismo de Vila Velha um dos pilares é a infraestrutura. Estamos concentrando nossos esforços na melhoria dos equipamentos turísticos, na sinalização aos acessos e nas entradas do município. Quanto à mobilidade, ela é fundamental e essa é uma das pautas do programa de governo, que é a ligação entre os municípios da região metropolitana. A Prefeitura está atenta às questões do turismo e considera fundamental focarmos em qualificação, infraestrutura e divulgação. Talento – O que a senhora considera como pontos negativos e positivos do turismo de Vila Velha? Simone Modolo – O ponto negativo é que não existia vontade política para desenvolver esta atividade tão importante que é o turismo em Vila Velha e, hoje, temos uma equipe de Gover-
Fotos: Jornal Talento
Existe turismo em Vila Velha?
e aventura, o Morro do Moreno propicia saltos de parapente e asa-delta, além da prática de escalada, devido à sua altitude de 184 metros. Outra atividade saudável, que entrou para o calendário anual da cidade, é a competição 10 Milhas Garoto, uma corrida de rua realizada pela Fábrica de Chocolates Garoto, que acabou virando um atrativo para turistas do mundo todo que vêm participar e aproveitar o belo visual obtido sobre a 3ª Ponte, ponto de destaque do percurso. A gastronomia também é diversificada, tendo como carro-chefe a moqueca capixaba. Há uma diversidade de bares e restaurantes que servem desde a tradicional cozinha capixaba até pratos da culinária nacional e internacional. Esses são apenas alguns dos pontos turísticos e históricos em Vila Velha que podem ser visitados. Mas não é só isso, pois existe muito mais para explorar. É possível perceber que a cidade não depende apenas do turismo, apesar de ser muito visitada no verão, sendo chamada de cidade veraneia. no sensibilizada em fazer de Vila Velha um dos grandes destinos turísticos do Brasil. Ponto positivo é o povo de Vila Velha (canela verde) que, hoje, se sente inserido nesta mudança na cidade. Pela sua história e por ter sido o primeiro município a ser colonizado no Espírito Santo, hoje, ele ultrapassa as barreiras de ciclos econômicos e oportunidade para todos. Talento – O Morro do Moreno, apesar de ser considerado um ponto turístico, não está adequado para receber visitas. quais projetos o município tem para adequar e revitalizar áreas naturais como aquela? – Esta ação faz parte do nosso Governo e está prevista no planejamento, e em parcerias com empresas, o Governo do Estado e o Governo Federal. Vamos fazer um estudo de viabilidade econômica e conhecer sua capacidade de investimento. Não podemos considerar um atrativo apenas por ser bonito; temos a responsabilidade civil e de cidadania porque se trata de um cartão postal do Espírito Santo.
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Educação
Foto: Barbara Coutinho
Enem: erros, polêmicas e novas possibilidades
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi marcado nos últimos anos por vários erros, que geraram transtornos e fizeram a prova ser cancelada em alguns casos Por Marcos Barcelos
O calendário do Inep para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi divulgado no dia 4 de maio. As inscrições começaram no dia 13, com encerramento em 27 do mesmo mês, sendo que a taxa de inscrição ficou em 35 reais. O discurso do Ministério da Educação (MEC) para essa edição de 2013 é que haverá mais rigor na correção das redações, que valem nota para o Sisu, Sistema de Seleção Unificada, que permite às instituições públicas de ensino superior oferecer vagas para candidatos participantes do Exame. A maior rigidez prometida pelo ministro Aloísio Mercadante se deve ao fato de, no ano passado, algumas redações terem “colocado à prova” o sistema de correção, mostrando falhas grosseiras. Os casos mais conhecidos foram da receita de sopa e a presença do hino da Sociedade Esportiva Palmeiras no decorrer dos textos. As redações alcançaram ao menos 50% da nota máxima admitida, ou seja, 500 pontos do total de 1.000. Esse não foi o primeiro erro da história da prova do Enem, desde que ele foi implemen18 - Talento-ano XIII-junho/julho 2013
tado, em 2009, como a primeira nota para os vestibulares de várias universidades no Brasil, com 180 questões objetivas, além da redação. Já no início, erros grosseiros colocaram a credibilidade do MEC, do Inep e do Governo Federal em suspensão. O professor de biologia Robson Malta, que dá aulas em cursos de pré-vestibular, propõe uma mudança no formato das provas para reduzir a chance de problemas. Ele acredita que é preciso fazer mudanças, como a regionalização dos conteúdos por exemplo. “Por se tratar de um número muito grande de alunos que fazem o exame, torna-se muito complicado o controle da qualidade e segurança dessa prova e também não se avalia a qualidade do ensino médio, pois a prova é única em todo país e as realidades de cada região são diferentes. Uma sugestão minha e de alguns colegas é que a prova fosse regionalizada”, afirma. As gafes do Enem 2009 - Na primeira edição do Enem, as provas foram canceladas devido a suspeitas de fraude e vazamento de questões. O site da Revista Exame relembrou que em setembro daquele ano o jornal O Estado de São Paulo rece-
beu cópias do teste que seria aplicado no mês seguinte. As provas foram roubadas da gráfica responsável pela impressão dos cadernos. A Polícia Federal havia encontrado vários defeitos na segurança do estabelecimento, gerando maiores investimentos no setor para evitar esse tipo de transtorno. As datas da aplicação das provas foram adiadas. 2010 - Neste ano, o problema foi relacionado aos vários erros de impressão, como repetições de números em questões diferentes, questões idênticas e inserção de perguntas de provas distintas entre os candidatos. Aparentemente, pequenas falhas. Entretanto, 21 mil cadernos distribuídos foram afetados e, em vários estados, as provas foram canceladas. A consequência foi que várias universidades não utilizaram a nota do Enem como a avaliação da primeira fase em seus vestibulares. 2011 - Vazamentos da prova marcaram o calendário do Inep no ano de 2011. Desta vez, em Fortaleza, no Ceará, alguns alunos de uma escola particular tiveram acesso a catorze questões da prova realizada. O Enem quase foi cancelado no país inteiro, porém, isso apenas aconteceu para cerca de 700 estudantes daquele colégio, que precisaram refazer os testes, desta vez, com maior investimento na segurança.
Foto: Kariny Baldan
Foto: Luciano Oliveira
Foto: Jaime Mota
Foto: Matheus Bolognini Foto: AnĂĄria Ribeiro Loss
Foto: Andrey Silva
Foto: AndrĂŠia Ruas
Ensaio - Festa da Penha
Curadora: Professora Elisabeth Nader
Talento_ano Talento-ano XIII_ XIII-junho/julho Junho_Julho_2013 2013 - 19 15
vou lhes contar uma historia ~ 15 anos de gloria Sao Publicidade da gente galera eficiente
~publicitario Aguenta meteoro de cliente Tem ventilador de ideias faz refaz esquenta a mente Mas vou dizer para voces Diariamente Alegria A arte da publicidade Comeca na academia Parabens a Nazareth professores alunos e quem mais quiser Partes da universidade mais criativa da cidade Parabéns a todos que ajudaram a construir esses 15 anos de criatividade e comunicação bem feita.
Peça premiada no Concurso do 4º Garoto Propaganda, cumprindo o desafio de relacionar os temas sorteados: meteoro, ventilador e o filme “O Auto da Compadecida” para comemorar os 15 anos do curso de Publicidade e Propaganda da UVV. Criação de: Jessika Dalcol e Lívia Barroso Atendimento: Daniela Britto