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A arte de não envelhecer
by srpcchts
“Sem humor e sem fantasia não é possível viver. Vai-se tentando manter o essencial que é respirar e ter o coração a bater, mas isso não é viver”. Convidado a falar sobre “A Arte de Não Envelhecer”, o professor José Eduardo Pinto da Costa, falou da forma como norteia a sua própria vida e que, garante, a ciência confirma. “Do ponto de vista epidemiológico, está provado que as pessoas que têm um sentido positivo da vida, vivem, em média, mais sete anos e meio que os outros”.
O reputado especialista em Medicina Legal foi o primeiro convidado do ciclo “Uma Hora Fora da Caixa”, que teve lugar no passado dia 24 de fevereiro, no auditório do Hospital Padre Américo, em Penafiel.
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Aos 85 anos, Pinto da Costa, professor jubilado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, continua a dar conferências e mantém uma atividade muito pouco condizente com alguém a quem, lembra, antigamente era chamado de “velhinho” ou idoso, uma condição que, adverte, obriga a alguns cuidados. “Muitas pessoas dizem, ah, eu gostava de chegar à sua idade assim, nesse estado [físico e mental]. E eu digo, e pode, mas não é a comer hambúrgueres ou a beber Coca-Cola”. Nas palavras do professor, a genética tem uma preponderância na nossa saúde, na nossa vida, de apenas 30 por cento, o resto, diz “é comportamental e de interacção com o meio ambiente”.
Portanto, aconselha, primeiro que tudo, há que “ser positivo”. Depois, e porque “o envelhecimento não é uma doença”, “estar ao sol, pelo menos, 20 minutos dia, dar 10 mil passos diários e beber os dois a três litros de água recomendados”. Mas, mais importante que isto, vinca, “é não ter medo”. A vida, resume, “reparte-se em apenas dois valores: o amor e o medo. Amor devemos ter ao máximo e o medo devemos ter ao mínimo”.
Lembrando que as mulheres são fisiologicamente mais resistentes que os homens e, por isso, têm uma maior esperança de vida e que homens e mulheres “só são iguais em termos de dignidade humana porque, na realidade, são completamente diferentes”, o professor catedrático chamou ainda a atenção para um fator primordial para um envelhecimento “com qualidade”, a sexualidade. “Sexualidade não é só procriar, como se preconizava na Idade Média, a sexualidade é uma energia biológica vulgar como comer ou beber”. E desengane-se quem pensa que os mais velhos não têm ou não beneficiam de uma vida sexual saudável e ativa. De resto, afirma: “Pode haver maior manifestação de sexualidade em ir tomar um café do que em andar às cambalhotas numa cama”.
“A Arte de Não Envelhecer” foi a primeira de uma série de conversas que, assim que possivel, vão ser retomadas com temas e convidados “fora da caixa”, numa iniciativa do Serviço de Psicologia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.