Teresa Ribeiro Revista De Erazmus Portugal

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2.3 4.5

BARREIRAS Entrevista com a Engenheira Margarida Nunes Ribeiro e o Arquitecto Manuel Nunes Ribeiro sobre barreiras arquitecótnicas ainda existentes no nosso país.

6.7

8.9 destaques + moradas + agenda

interacção melancólica histórias de BD contadas por Mário Moura

10.11 12.13

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BARREIRAS A Engenheira Margarida Nunes Ribeiro e o Arquitecto Manuel Nunes Ribeiro dao-nos a conhecer deperto o problema de acessibilidades ainda existentes em Portugal.

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entrevista

Com que problemas se deparam na construção de um edifício, logo na sua projecção? O problema mais corrente antes de se iniciar uma construção ou mesmo antes quando se pretende fazer um organigrama (pré concepção), é sempre a falta de um programa base que defina o que se pretende realizar. Na fase da pré concepção no que se refere a uma simples moradia, por vezes é anedótico, quer pela fantasia de sonhos particularizados dos seus mandatários, quer por devaneios recalcados e vivências de gostos estranhos, acumulados, etc., por estes seus futuros proprietários. Mas o que se passa com moradias pode ser igualmente extensivo a quaisquer outros tipos de construções. Tanto no decorrer da realização de um ante projecto, como no da elaboração do projecto e, posteriormente aquando da concretização das suas respectivas obras, quaisquer que sejam as alterações que se façam ao programa inicial, todas as acções consequentes alterações tornarão o produto final cada vez mais oneroso e, quanto mais tarde isso se verificar, o custo produto final cada vez mais piora. Exemplos vários de todas estas situações dariam um tratado. Nas construções em geral, e isto é aplicável a TODAS as construções, tem de haver por parte do Dono da Obra (DO), através de muitas conversas que nos permite saber o que de facto é pretendido, o chamado programa funcional, ou seja, o levantamento de todas as questões relativas ao funcionamentodo edifício: habitacional colectivo (prédios apartamentos), serviços (escritórios, empresas), indústria, moradias unifamiliares, escolares, parques de estacionamento. Basicamente estas são as grandes divisões relativas ao tipo de edifício. Em função do tipo de edifício, é elaborado com o DO o tal programa funcional, onde após várias reuniões, temos de perceber o que o DO quer. Exemplo real: edifício destinado a uma sede de uma grande empresa. Tive cerca de 5 reuniões com o DO para perceber quantas pessoas iriam trabalhar, qual o aumento previsível em cada departamento a fim de quando o edifício ficasse construído, o projecto não estivesse subaproveitado (entre o início do projecto, licenciar na câmara, fazer o projecto de execução e executar a obra, podem decorrer 3, 4 a 5 anos! E a organização da empresa altera, a isto chama-se planeamento num horizonte de x anos); número de pessoas a quem é destinado, como é a organização funcional entre as pessoas da empresas. Temos áreas destinadas a administração (quantos são os admistradores, respectivo secretariado), que devem ficar junto de áreas com quem trabalham mais de perto (directores de produção e todo o seu secretariado e técnicos), articulação com os técnicos dos diferentes departamentos, estes por sua vez com ás áreas técnicas que lhes dão apoio; serviços de armazenamento de materiais, serviços de referições ( bar, cantina),

etc.. Ou seja, este levantamento é muito importante e é vital para o sucesso do projecto, saber o numero de pessoas que cada sala poderá vir a ter, se o sector/ departamento virá a crescer. Uma coisa é dimensionar para 100 pessoas, outra para 500. A questão de cadeiras de rodas, cujo enquadramento designamos na área que tecnicamente apelidamos de acessibilidades, são um dos muitos aspectos a tratar. No edifício em questão, que refiro atrás, o admnistrador mais velho, usa cadeira de rodas; através dos acessos exteriores, sempre rampeados com pequenas inclinações, têm acesso a dois corpos de elevadores, o que permite que circule por todo o edifício; os corredores e elevadores hoje em dia são dimensionados com larguras mínimas para a passagem de cadeiras de rodas; nos bblocos de sanitários previu-se uma casa de banho para deficientes ou pessoas de mobilidade reduzida – as dimensões permitem a rotação de uma cadeira de rodas, a sanita tem apoio de braços e o lavatório também, assim como que a torneira é de manípulo, em vez de carregar ou rodar como usualmente. A diferença monetária entre um edifício sem acessos e com é muito grande? E quanto a burocracias para uma construção com acessos? É sempre onerado o custo final. Mas não é possível comparar o seu reduzido custo com a sua larga compensação humana e social quando se atende à mobilidade para deficientes. Para o Arq. Manuel Nunes Ribeiro: no início da sua carreira de arquitecto fazia-se sentir esta necessidade de acessos para deficientes? Este problema nunca foi negligenciado mesmo no decorrer do meu curso de arquitecto. Não constituía uma prioridade em matéria escolar. Era subentendida. Só depois, quando um arquitecto mais antigo que eu, quando um seu filho deficiente teve de utilizar uma cadeira de rodas, este arquitecto, em conjunto com organizações internacionais dessa data e em conjunto com todos os portugueses interessados em resolver este problema, aos poucos, fizeram que esta questão fosse tomada de forma de organização oficializada. Ainda tenho em meu poder um manual que deficientes das forças armadas elaboraram, e lhe ofereceram para que, quando foi conselheiro da Câmara do Porto, fazer pressão sobre a divulgação dos seus princípios. Quem pensa mais neste assunto: o arquitecto ou o engenheiro? Ou os dois? Pensam os dois do mesmo modo. É uma questão de consciência de cada um, e é mais acentuada quando se têm familiares ou conhecimentos de casos directos. Há entre nós Legislação adequada, recente, em que é obrigatório aplicar nos respectivos projectos que se enviam para aprovação municipal, que se deve cumprir tudo o que é aí regulamentado: é o Dec. Lei 163 / 06 de 8 de Agosto sobre o Plano de Acessibilidades.


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Este problema nunca foi negligenciado mesmo no decorrer do meu curso de arquitecto. Não constituía uma prioridade em matéria escolar. Era subentendida.


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entrevista

O trabalho de projecto é um trabalho multidisciplinar, envolve uma equipa de muita gente. O arquitecto tem de trabalhar com o engenheiro da estrutura, das instalações eléctricas, telefónicas e telecomunicações (net), do ar condicionado (mecânicas), da acústica, da térmica, das redes de águas e esgotos, e outras. Como vês é muita gente envolvida. Claro que o “funcionamento” dos acessos, a determinação se há rampas e suas características, elevadores, plataformas, em vez de escadas, é opção do arquitecto, mas envolve o engenheiro projectista da estrutura. Acerca da questão multidisciplinar do projecto e da sua coordenação, geralmente ela é feita por um arquitecto. Esta função de coordenação na minha opinião, mas sou suspeita, porque é o trabalho que desenvolvo e cujo desafio é sempre entusiasmante, é da maior importância deve ser realizada por um técnico (arquitecto ou engenheiro ) que deverá ter uma visão global da pretensão do dono de obra, do projecto, da totalidade da obra, da integração da arquitectura com todas as engenharias intervenientes, a fim de efectuar uma melhor coordenação e gestão do projecto e consequentemente da obra, em todas as suas múltiplas vertentes, arquitectónicas, construtivas, orçamentais, etc. Este trabalho em grande parte dos projectos, de facto, não é desenvolvido, o que traduz, no mínimo, as habituais derrapagens financeiras nos custos finais das obras. Ainda a propósito e pela importância que tem, está a ser objecto de estudo legislativo na revisão do dec-lei 73/73. Conhece algum caso relevante, mesmo que não directamente, relacionado com este assunto? Creio que é relevante o facto de citarmos o caso da Escola que não tem escadas e até no acesso para as salas de aula no 1º andar não existe um único degrau, mesmo também nas soleiras de quaisquer portas. Rampas e degraus foram previstos na concepção do projecto para que moldados ou modelados quando da construção, não aparecessem saliências que dificultassem o movimento de deficientes. Foi mesmo para nós um ensaio piloto. O seu custo não ultrapassou o preço corrente por m2 de quaisquer outras escolas, porque houve o cuidado de tudo ser previsto antecipadamente e, ao construir, o empreiteiro, ter tomado antecipadamente o devido cuidado. Casos relevantes na negativa na cidade do Porto (portanto da responsabilidade da Câmara Municipal que é entidade licenciadora e que obriga ao cumprimentos dos regulamentos): Nas novas obras na baixa, junto ao Comércio do Porto, frente ao café Guarani, em vez de um passeio com cerca de 20 cm de altura, criram 2 degraus ( eu ia caindo, e uma pessoa mais velha,um invisual, dará certamente uma grande queda, eu acho que será notícia infelizmente e em breve ) o mesmo acontece no cimo da Rua de Ceuta esquina com Rua José Falcão – tem uma rampa inclinadíssima e depois 2 degraus – esta solução deveria ter uma guarda antes de qualquer pessoa aceder à rampa… Depois voo… As próprias rampas que existem em apenas alguns passeios têm inclinações tão grandes que é mais perigoso descer pela rampa do que pelo passeio ( é a tal questão de “à força” se implementar um meio, às vezes ainda pior… ) é necessário bom senso e muito acompanhamento da obra por técnicos, mas, essencialmente e minha grande convicção passa pelo rigor e por se ter um bom projecto, estudado até ao fundo, para, em obra ( como foi o caso dos exemplos que apontei atra´s) não se “inventar” (que é o que aconteceu com estes passeios com degraus e rampas).


DESTAQUES A Exposição Vinil - Gravações e capas de disco de artista já chegou a Serralves onde estará até dia 13 de Julho. Comissariada por Guy Schraenen
 e organizada pelo Research Centre for Artists’ Publications/Neues Museum Weserburg Bremen e pelo Museu d’Art Contemporani de Barcelona, a exposição ilustra a exploração dacapa dos discos e evolução do seu design gráfico ao longo de quase um século. + Há um novo blogue que vou passar a acompanhar. Chama-se Mirrorcities e explora uma ideia sedutoramente simples: ilustrar um mesmo tema a partir da perspectiva de duas pessoas, uma vivendo em Lisboa e outra em Tóquio. Resulta muito bem. + O fascinio pelas possibilidades geradas pelo design gráfico pode ser renovado constantemente, por vezes quando menos o esperamos. Um bom exemplo é um número, já com algumas semanas, do jornal sul-africano Cape Argus e a inteligente solução editorial encontrada para sublinhar os preocupantes números sobre doentes de SIDA. + Em matéria de entrevistas, refira-se a publicação da entrevista, por nós conduzida, a Andrew Howard no último número dos Cadernos de Tipografia e, ainda, um destaque para a entrevista com Nadine Chahine, a talentosa typedesigner libanesa, no I Love Typography. + Há poucos autores que pensem tão bem o design e a arquitectura como Mark Wigley. Por isso sempre que o homem fala importa estar atento. É o caso da interessante entrevista publicada pela 03000.TV

+ Maio é tradicionalmente um mês que nos oferece uma agenda cultural intensa e a semana que aí vem é bastante cheia. Já hoje há o fabuloso Pick-Up on South Street na Cinemateca. Nos próximos dias vale a pena estarmos atentos ao Alkantara, estou particularmente curioso em ver a Cláudia Dias, e aos Artistas Unidos a levarem à cena Ibsen e Fosse. Há as Feiras do Livro e Lygia Pape na Galeria Graça Brandão. A próxima sextafeira termina na Casa da Música em mais uma noite de Clubbing com os Young Marble Giants e os Vampire Weekend. + Vários clássicos da música indie dos anos 80 estão a ser reeditados. Dos La’s aos The House of Love há muito boa música para conhecer ou recordar. Espero para breve a reedição de um dos meus preferidos, os A.R.Kane. + Já me questionei e já questionei os meus alunos diversas vezes sobre o que os motiva, certo de que a resposta à pergunta seguramente fornece indicações preciosas para uma reflexão sobre o modo como o design é actualmente pensado e praticado. Sarah Temple reuniu 15 designers recém licenciados e procura responder à questão na Creative Review.

MORADAS http://teseapuros.blogspot.com/ http://designio.com.sapo.pt/ http://anauel.blogspot.com/ http://www.underconsideration.com/brandnew/ http://www.underconsideration.com/brandnew/ http://lerbd.blogspot.com/


AGENDA 05

CocoRosie Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra, 26 Cat Power Coliseu, Lisboa, 26 Cat Power Coliseu, Porto, 28 Tonalidades 08 = JP Simões + The Partisan Seed Auditório de Espinho, Espinho, 30 Tonalidades 08 = Nuno Prata + Old Jerusalem Auditório de Espinho, Espinho, 31

06

Editors Campo Pequeno, Lisboa, 2 Sara Serpa Quinteto Auditório de Espinho, Espinho, 4 Rodrigo Leão & Cinema Ensemble Casino, Lisboa, 20 + 21 Old Jerusalem Cinema Batalha, Porto, 28 Rufus Wainwright Casa das Artes, Famalicão, 28 + 29

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Maria João & Mário Laginha Fortaleza, Sagres, 6 Bernardo Sassetti Fórum Luísa Todi, Setúbal, 9 João Paulo + Ricardo Dias + Peter Epstein Fórum Luísa Todi, Setúbal, 10 Júlio Resende Quarteto Fórum Luísa Todi, Setúbal, 10 Lou Reed Largo do Monumento Duarte Pacheco, Loulé, 20 Kings of Convenience Casa da Música, Porto, 22 Brad Mehldau Trio Auditório de Espinho, Espinho, 22


8 interacção

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t: Mário Moura\f: Teresa

melancólica


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\\\\\\\\\\artigo

Já faz dez anos que vi pela primeira vez um número da Acme Novelty Library de Chris Ware. Lembro-me que cada página tinha dezenas de quadradinhos cheios de animais estilo desenho animado. O design lembrava as revistas e jornais densamente ornamentados do início do século XX. Na altura não comprei, embora me tenha ficado na memória. Não o fiz talvez por excesso de design – porque se pareciam mais com objectos do que com histórias. Ainda hoje sinto isso, mas com o tempo aprendi que os comics de Chris Ware se instalam precisamente numa ambiguidade entre objecto e narrativa. Além das histórias de bd propriamente ditas, cada álbum de Ware está recheado de anúncios irónicos a produtos inexistentes e de objectos para recortar e montar. Estes últimos atingem por vezes uma elaboração maníaca: pequenas bibliotecas com pequenos livros que podem ser realmente ser lidos (imagem abaixo); panoramas articulados; robôs e naves espaciais; quartos mobilados; máquinas para ver filmes de animação, etc. Estes são objectos irónicos, na fronteira entre o design gráfico e outra coisa qualquer. Podem ser construídos, mas é mais provável que fiquemos simplesmente a olhar para eles, desejando ter tempo para os montar, embasbacados pela sua complexidade. De certa forma, parecem dizer que devemos pensar bem antes de interagir com eles. Sabemos que desvendar as suas instruções, recortá-los e colá-los, é uma tarefa bem mais complexa do que usá-los. Finalmente, estes objectos acabam por fazer muito pouco. Parecem brinquedos mas, no fundo, são tudo menos isso. Demonstram uma interacção perversa e dolorosa, que maltrata o próprio leitor – é preciso uma estranha dose de optimismo para montar um visionador de animação de papel para depois assistirmos a uma batata antropomórfica a arrancar os seus próprios olhos com uma tesoura; ou para montar a cabeça mecânica do gato Sparky, que depois chora a sua “falecida avó que não voltará a ver”; ou o boneco animado do rato bicéfalo Quimby que lamenta a morte de uma das suas cabeças. Esta sensação de interacção melancólica transcende os próprios livros. Ware também produz uma estranha panóplia de objectos periféricos, que por vezes utilizam os próprios álbuns de bd como peças. Alguns são meramente lúdicos, como a máquina que troca uma chave de casa inserida numa ranhura por um pequeno álbum de banda-desenhada; outros são realmente funcionais, como o expositor de cartão da Acme Novelty Library, que conta a história da linha de montagem onde os álbuns são fabricados (ratinhos esticam os quadradinhos como se fossem telas, para depois lhes prenderem os cadáveres de outros ratinhos fuzilados para o efeito). Todos os aparelhos de Chris Ware encerram estes pequenos actos de crueldade. Tal como uma bd contam histórias. Aproveitam a interacção desajeitada e inocente do gadget e do brinquedo de feira, tornando-a trágica e auto-consciente.


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8-10 Maio

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10+11

O acontecimento havia já sido amplamente noticiado: em Julho de 2007, uma parte significante da cidade de Barcelona ficou sem electricidade devido a uma falha grave. Assim permaneceu durante três dias consecutivos. Por acidente ou falta de opção no que respeita a actividade para ocupar o serão, o efeito do “apagão” fez-se sentir no baby boom que, sensivelmente nove meses depois, trouxe até às maternidades da Catalunha um fluxo anormal de novos recém-nascidos. Os contornos escurecidos do fenómeno levaram a que os serviços noticiosos apelidassem esses filhos dos dias tardios de Abril de 2008 como a Geração Offf. Talvez cientes de que todos os estímulos proporcionais à criação constituem um bem altamente exportável (e necessário por cá), os organizadores do Festival Offf, que, desde 2001, decorria em Barcelona como grande montra reservada à apresentação de criativos de topo envolvidos em meios pós-digitais (leia-se designers altamente imaginativos com um laptop nas mãos), optaram este ano por mudar o certame para a Fábrica de Lisboa, bem perto da zona do Calvárioe de Alcântara. Quando, num mesmo lugar e durante três dias, discursam alguns dos criativos visuais (e não só) mais determinantes na publicidade dos dias de hoje, torna-se fácil adivinhar que entre os presentes esteja uma enorme quantidade de formandos prestes a figurar na geração de designers do amanhã.» »»»»»»»»» »» »»»» » » » »»»»»» » » » » » »»»»»»»»»»»»»» » » » » »» » » »»»»»»»»»»»»» »»» » » » »»»»»»»»»»»»»»»»»» »»» » »»»»»»»»»»»»»» »»»»»»»»»»»»»»» »»»»»»»»»»» » » » »»»» » » » » »»»»»»»»»»»»»»» »»»»»»»»»»»»»»» » »»»»»»»»»»»»»» »»» » »»»


report

12+13 10\maio A hora de almoço do último dia de festival é marcada por um episódio surreal e provavelmente inédito para grande parte dos presentes: o espaço reservado às conferências, que alberga pelo menos um milhar de pessoas, recebe a Agence7Seven para sessão de esclarecimento e exibição não-censurada de uma campanha publicitária dedicada à marca de roupa Shai que tinha por “anzol” o download gratuito de uma série de vídeos pornográficos iguais a tantos outros. Infelizmente, a pouca subtileza do momento resultou num redondo turn offf colectivo. A actuação dos intérpretes nem sequer era particularmente convincente. O currículo e características de Jorge Castro aproximam-no do seu homónimo que havia actuado no dia anterior. Contudo, Castro prefere um plano mais térreo: arrasta os ouvidos presentes por uma árida paisagem que vai sendo pontuada por aquilo que parecem ser os sons da fricção e peso exercido pelo calçado de quem percorre um cenário típico (e rochoso) de um filme da saga Mad Max.

Curadores deste país estejam atentos: André Gonçalves (dantes Ok.Suitcase., agora Feltro) pode até não estar disponível para casamentos e baptizados, mas, ao que parece, oferece todo o tipo de imaginativas soluções a instalações audiovisuais para as quais possa ser convidado. A surpreendente simplicidade da sua actuação fez com que fosse a mais memorável que conheceu a sala Loopita naqueles três dias: primeiro, André deixa a rodar o que podia bem ser um diário sonoro de um quarto em Lisboa e aproveita o automatismo disso para vir cumprimentar com simpatia alguns amigos. Depois fez-se magia: o tal diário de sons (que admitia a intrusão de algumas ressonâncias e outras linhas contínuas) foi sendo combinado com a “pilotagem” de um ou dois balões suspensos no ar controlados pelo própri através de uma ventoinha. O Náufrago, o momento Feltro foi a todos os níveis brilhante. Em relação a todas as performances que a sala tinha conhecido até então, a de Steinbrüchel distinguiu-se por encontrar o suíço sentado entre o público (e não em palco) acompanhado apenas por um laptop (com o monitor ao acesso dos olhares mais indiscretos), um Doepfer Pocket Dial (aparelho analógico cheio de botões rotativos) e aquilo que aparentava ser um disco externo (talvez quitado). Trabalhando

ainda o conceito iniciado com o recente Basis, Steinbrüchel procedeu a uma dosagem morosamente subtil e altamente invocativa de componentes acústicas em estado bruto, tal como colhidas aos arquivos dos discos Happiness Will Befall de Lawrence English (espiritualmente presente na recta final do set) e Theory of Machinesde Ben Frost.

A presença conjunta de @c (unidade portuense formada por Miguel Carvalhais e Pedro Tudela) e Lia (pioneira de relevo na arte de software e Internet tão celebrada no Offf) forma aquilo que pode ser uma espécie de dream team no plano nacional (aliado ao internacional) em termos de espectáculo (sim, espectáculo) audiovisual de índole pós-digital xUm final ao risco que isso implica. A informal cerimónia de encerramento da sala Loopita (sucedida pelo show-offf digital e “pirotécnico” de seguida ocorrido no mais amplo espaço de conferências) equivaleu a um tour de force radical em que os laptops artilhados da dupla @c produziram toda a radio@tividade e aparatoadubo necessário ao florescer desenfreado das meias-luas com que Lia ia inundado o mosaico gráfico, variando as movimentações entre técnicas de contraste, colisões várias, manutenção e destruição de padrões. Foi como se os @c e Lia se tivessem chicoteado e abusado mutuamente no jardim anormalmente fertilizado de Dr. Mabuse.

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A bola começou a rolar no espaço Loopita, que logo revelou a boa saúde gozada actualmente pelo glitch e outros sintomas microscópicos semelhantes na cidade de Barcelona (cidade onde Murcof e Prefuse 73 criaram ultimamente óptimos discos). O representante escolhido dá pelo nome de Federico Monti e foi pelo menos estimulante o “aquecimento” que proporcionou através de um glitch movediço bem preparado em casa, e visualmente acompanhado por uma série de figuras geométricas em movimento e jogos de contraste entre cores. Sebastien Roux apresentou-se num registo muito próximo do assumido no seu mais recente disco Revers Ouest. A principal diferença residiu no complemento visual, projectado no ecrã da sala, que deambulou pela nervosa estética urbana de David Fincher (Seven, Panic Room) com a variante dos personagens falarem em francês. O ponto alto foi a perturbante repetição em slow-motion de um chuveiro de água a atingir uma multidão. A regra pós-digital e o domínio dos laptops, enquanto instrumento preferencial dos intervenientes, conhece uma empolgante quebra quando chegou a altura de Rafael Toral pisar o palco da Loopita para conduzir, em toda a sua glória analógica, um patch de sintetizador modular que tem por interface uma antena de theremin (activada pela mão esquerda do autor de Space)

de sons borbulhantes e vacilantes, a interacção eminentemente física entre o executante e a máquina dificultam o estabelecimento de um limiar que permita saber exactamente onde começa um e termina o outro. Sobre o seu nome, Olaf Bender (Byetone quando actua a solo) conta com o peso de ser um dos co-fundadores e principais estetas da label Rastermusic, que, ao fundir-se com a ramificação Noton, deu lugar à Raster-Noton, sinónimo de garantia em termos de electrónica minimalista e experiências cerebrais auscultadas. A defesa da reputação que mantém a Raster-Noton é incumbida a um Olaf Bender que,

era já de si avassalador no seu rendimento caseiro, ascendeu ao estatuto de milagre sensorial na sua versão “extended”, intensi equipamento musical velho” (cassetes e tudo mais). O mesmo Florian Schmitt confessou que obtinha também inspiração ao conceito Secret Wall Tattoos celebrizado por Josh Homme

«««8\maio

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atirava a uma garrafa de Super Bock de 33cl, por ser das poucas headbangers presentes na prestação de Byetone e principalmente pela decisiva saia que trouxe vestida no dia da sua actuação. De pernas cruzadas e diante de um laptop, Sawako faz desfilar uma estética que funde a discrição e detalhe do selo 12K (amplamente representado nessa noite) e a forma caleidoscópica e fragrância nostálgica da escola japonesa Noble (mais associada à electro-acústica). A certa altura, os coloridos escolhidos por Sawako aproximam-se dos normalmente explorados por Takagi Masakatsu (nome grande do Offf do ano passado em Barcelona) e o público comunga do sentimento nostálgico agridoce que aos poucos se apoderou da Loopita. De seguida, a distribuição de espaço ajustou-se à densa infiltração dos drones duplos ensaiados por Antti Rannisto, par de mãos finlandesas que durante sensivelmente meia-hora embalou frentes várias de um minimalismo ostensivamente frio. Enquanto isso, o pixel, matéria-prima do Offf como alguém acertadamente apontou,

multiplicava-se a uma velocidade infecciosa no ecrã que começou negro e terminou praticamente repleto de luz.

Dirigindo-se a Taylor Deupree e Kenneth Kirschner, que assistiam às actuações sentados junto à parede de fundo, Rui, um dos membros fundadores do Festival Offf, anunciava que era a hora dos primeiros subirem ao palco dizendo: Now it’s time for the nerdy boys. Os visados reagiram com sor isos, até porque nerdy pode nem ser um termo exactamente pejorativo – no caso de Deupree e Kirschner, é atélisonjeador e serve para resumir toda noite, denominado de pós-piano, é até familiar a ambos: Taylor Deupree tem refinado a sua abordagem digital ao instrumento numa série de lançamentos e projectos, Kenneth Kirschner dedica-se várias vezes ao piano, sendo, além disso, apologista de que outros artistas o samplem ou misturem. De certo modo, as dinâmicas são semehantes às mantidas por Alva Noto e Ryuichi Sakamoto no projecto Insen – filtram-se os sons de um piano tratado através de um laptop - clínico na sua intervenção – e, com isso, sucedem-se novas possibilidades habitualmente resultantes em acrescentos à parcela da palete reservada aos sons mais elegantes e inexplicavelmente propícios a um saudosismo dedicado a eventos ainda por acontecer.

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(((revista dê))) nº0\semanal = quarta\distribuição gratuita

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Directora Teresa Editora Teresa Fotografia Teresa\Capa Ana K Ilustração Teresa Redactores Mário Moura\Miguel Arsénio Produção Teresa Design Teresa Moradas Rua de Santa Luzia\840-10ºB\Porto\Portugal info@bold.pt\www.bold.pt Tel 00351 228 764 450


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