Revista Brilia - 7ª edição

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Uma Publicação Brilia - Luz Muda Tudo

FOTOGRAFIA ESPECIAL

MARIOCOR CASA TESTINO SÃO PAULO 2016

CENOGRAFIA FOTOGRAFIA NATASHA ZOE ZAPOTKATZ

TALK ART

MORITZBATCHELOR DAVID WALDEMEYER




Visite a CASA COR e confira os ambientes criados pelos maiores nomes da arquitetura, decoração e paisagismo.

17/05 a 10/07

JOCKEY CLUB DE SÃO PAULO

AV. LINEU DE PAULA MACHADO, 775

REALIZAÇÃO

casacor.com.br

/casacoroficial

casacor_oficial


ANALAETCOM.

Jockey Club de São Paulo

PATROCÍNIO

CARRO OFICIAL

APOIO LOCAL

LUZ OFICIAL

TINTA OFICIAL



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CARTA EDITORIAL |

ENCONTRO MARCADO Pelo segundo ano consecutivo, a Brilia renovou a parceria de sucesso com a Casa Cor São Paulo. E nessa nova etapa - como fornecedora oficial de iluminação da edição paulistana da mostra de décor mais importante da América Latina - deixou à disposição de designers de interiores, arquitetos e paisagistas aproximadamente 4 mil produtos de seu portfólio que iluminaram mais de 60 ambientes do evento. De acordo com a diretora-superintendente da Casa Cor, Livia Pedreira, com o uso da tecnologia LED, a mostra alcançou a redução de quase 80% no consumo de energia e a adesão de quase todos os profissionais. Confira essas e outras informações na reportagem que preparamos sobre a mostra no ESPECIAL desta edição, que inclui imagens exclusivas e depoimentos de profissionais sobre a experiência do uso de LEDs nas ambientações. Nossa imersão na Casa Cor prossegue com as seções PERFIL, TALK e CASE: a primeira apresenta Cristina Ferraz, a profissional que se tornou uma verdadeira embaixatriz da mostra; na sequência, descobrimos o ponto de vista de Livia Pedreira sobre o evento e, por último, o leitor poderá conhecer a Escada das Luzes – espaço da Brilia na mostra – planejada pelos arquitetos Maurício Arruda, Fabio Mota e Lais Delbianco. O lado cult da Brilia Insight traz uma reportagem sobre as imagens da natureza sob a óptica de Zoe Zapot em FOTOGRAFIA. O trabalho da fotógrafa americana ganhou um up na capital paulista após ser exibida no décor da arquiteta Denise Barretto na Casa Cor. As instalações luminosas de David Batchelor ganham as páginas da seção ART. E como São Paulo já é uma respeitada metrópole internacional, o vaivém de talentos faz parte de sua conexão com o mundo. Em CINEMA, o diretor de fotografia paulistano Adriano Goldman conquista o cinema contemporâneo dos Estados Unidos, enquanto o celebrado diretor teatral Bob Wilson sente-se cada vez mais em casa em São Paulo como revela a seção CENOGRAFIA. Para se atualizar, o leitor fica sabendo sobre quem e o que atraem os holofotes na seção WHAT’S UP, as novidades do design de luminárias em SPOT e novos nomes de quem faz a diferença no circuito internacional em EMAIl, que nesta edição traz um bate-papo com o designer alemão Sebastian Herkner. Por enquanto é isso. Até a próxima. Boa Leitura! Vinicius Marchini e Leandro Neves Co-Fundadores da Brilia * Sugestões e comentários:

briliainsight@brilia.com


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CONTEUDO Ú julho / 2016

Uma Publicação Brilia - Luz Muda Tudo

EQUIPE BRILIA Vinicius Marchini Leandro Neves Pamela Gerard Vecchi

ESPECIAL CASA COR SÃO PAULO 2016 FOTOGRAFIA ZOE ZAPOT ART DAVID BATCHELOR

Capa: Escada das Luzes, planejada pelos arquitetos Maurício Arruda, Fabio Mota e Lais Delbianco. Foto: Gabriel Guimarães

PROJETO EDITORIAL

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Um giro internacional pelo universo da iluminação

Bate-papo com o designer alemão Sebastian Herkner

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O show de luz na Casa Cor São Paulo

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P ERFIL

Cristina Ferraz, a embaixatriz do décor

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ALK T Livia Pedreira: um novo olhar sobre a Casa Cor

030 C ASE

O conceito sensorial marca a nova produção de luminárias

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W HAT’S UP

012 E SPECIAL 020

S POT

A Escada das Luzes, o espaço da Brilia assinado por Maurício Arruda

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BRILIA

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www.studiolemon.com.br Rua Harmonia, 293 CEP 05435-000 Tel (11) 2893 - 0199 São Paulo - SP DIRETOR DE CRIAÇÃO Cesar Rodrigues cesar@studiolemon.com.br DIRETOR EXECUTIVO Chico Volponi cvolponi@studiolemon.com.br PROJETO GRÁFICO Lemon Design & Comunicação

A RT

As instalações luminosas de David Batchelor

DESIGN Cesar Rodrigues Eduardo Barletta

C INEMA

EDITOR Luiz Claudio Rodrigues

C ENOGRAFIA

JORNALISTAS Carlos Alberto Leme Claudio Guess Frederico Solbiati Lauro Lins

O paulistano Adriano Goldman conquista Hollywood

O palco de experimentações de Bob Wilson

FOTOGRAFIA

A natureza sob o foco de Zoe Zapot

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DIAGRAMAÇÃO Pedro Enrike ARTE FINAL Osmar Tavares Junior REVISÃO Claudio Eduardo Nogueira Ramos


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“Os LEDs emprestaram um sentimento místico sobre os postos de gasolina e brilhavam como lanternas sobre eles.” FOTO: RICHARD AVEDON

(O fotógrafo David Lachapelle sobre a série de fotos Gas Station)

ALPHABET LAMP Um alfabeto para escrever e expressar pensamentos e que usa a luz como elemento gráfico. Esse é o conceito por trás da Alphabet Lamp, lançada pela italiana Artemide. A luminária é composta por módulos que projetam luz no espaço – feita com um núcleo de alumínio e fitas de LED – com total liberdade para compor diferentes configurações, em linhas retas ou curvas. Com ela, o espaço ganha uma luz confortável e difusa. Simples assim!

BOSQUE DE LUZ Quem foi ao Salão Internacional do Móvel de Milão em abril deste ano ficou perplexo, no melhor dos sentidos, com a instalação Forest of Light no edifício Cinema Arti, planejada pelo arquiteto japonês Sou Fujimoto. O espaço serviu como plataforma de marketing para a marca de roupas Cos. A ação trouxe maior visibilidade para a grife sueca que tem lojas na Europa, Estados Unidos e Ásia. Na “floresta”, o espaço foi iluminado por enormes cones de luz que respondiam ao movimento dos visitantes, imersos numa atmosfera de névoa, superfícies espelhadas e sons.

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PAISAGEM Até março do próximo ano, o deserto de Uluru, na Austrália (considerado patrimônio da Humanidade pela Unesco), serve de palco para a instalação Field of Light, do artista britânico Bruce Munro. A região foi a inspiração para esse trabalho quando o artista conheceu o local em 1992. Nos últimos dez anos, a instalação já iluminou parques e campos na Grã-Bretanha e Estados Unidos. Em Uluru, a obra – alimentada por energia solar – conta com mais de 50 mil hastes com esferas de vidro fosco iluminado e cobre uma área equivalente a quatro campos de futebol. Há 30 anos, Munro é conhecido internacionalmente por sua arte monumental feita com luz.

CALEIDOSCÓPIO O artista francês Daniel Buren – conhecido pela manipulação da luz e da cor – transformou a Fundação Louis Vuitton num colorido caleidoscópio. Chamada de Observatório da Luz, a instalação cobre a arquitetura assinada pelo famoso Frank O. Gehry. A estrutura do edifício recebeu 3.528 painéis de vidro e durante a noite se torna a atração principal do parque Bois de Boulogne, na capital francesa.

AZUL PISCINA Ao renovar uma série de edifícios históricos nos canais de Amsterdã, o escritório inglês DPA Lighting Consultants desenvolveu um projeto luminotécnico que destaca a arquitetura clássica sem chamar a atenção para o sistema de iluminação inovador. É o caso do hotel Waldorf Astoria – que ocupa seis casarões dos séculos 17 e 18 no canal Herengracht – onde quase todas as instalações tiram partido da tecnologia LED. O desafio do projeto foi posicionar as lâmpadas a fim de obter uma iluminação radiante, mas que permanecessem completamente escondidas da vista dos hóspedes. Entre as instalações, a piscina transborda luminosidade natural no ambiente.

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ESPECIAL | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: GABRIEL GUIMARÃES

SHOW DE LUZ

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Com mais de 60 ambientes iluminados por LED, a Casa Cor São Paulo renovou a parceria com a Brilia para comemorar 30 anos de aniversário

Pelo segundo ano consecutivo, a Brilia foi convidada a ser fornecedora oficial de iluminação LED da Casa Cor São Paulo. Nesta edição, a mostra comemorou 30 anos e ocupou o prédio do antigo Ambulatório do Jockey Club – uma construção do início do século 20 assinada pelo arquiteto francês Henri Paul Pierre Sajous. Ao todo, foram 70 ambientes planejados por profissionais veteranos e da nova geração nas áreas de design de interiores, arquitetura e paisagismo. Segundo a Casa Cor, a parceria com a Brilia faz parte de sua gestão de sustentabilidade que inclui também a missão de apresentar uma obra mais limpa, sem desperdício e com reaproveitamento de resíduos. A mostra de 2016 contou com a consultoria da Inovatech em todo o processo de construção e manutenção diária, com o objetivo de, até 2020, conquistar o selo Aqua HQE (certificação francesa para construções sustentáveis).

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De acordo com a diretora-superintendente da Casa Cor, a jornalista Livia Pedreira, a parceria com a Brilia marca uma mudança de paradigma e de cultura no evento. “Desde o ano passado, Casa Cor abraçou o LED como tecnologia e convidou seu elenco de profissionais a adotarem essa alternativa de energia. Alcançamos uma redução de quase 80% no consumo de energia do evento e uma adesão de quase todos os profissionais”, comemora Livia. Para a Brilia – empresa brasileira que é pioneira no desenvolvimento de soluções inteligentes de iluminação em LED – a parceria com a Casa Cor contribuiu para a sustentabilidade dos projetos. “Casa Cor São Paulo e Rio de Janeiro de 2015 foram as primeiras a contar com iluminação LED, provando ser uma parceria de sucesso. Iluminamos mais de 120 ambientes com mais de 9.500 produtos.

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Este ano, iluminamos mais de 60 ambientes com aproximadamente 4 mil produtos na Casa Cor São Paulo”, destaca a gerente de marketing da Brilia, Pamela Gerard Vecchi. Além de apresentar os lançamentos das três linhas de produto da Brilia nas ambientações, a empresa exibiu um espaço exclusivo na mostra – a Escada das Luzes – assinado pelo trio de arquitetos Maurício Arruda, Fabio Mota e Lais Delbianco. O ambiente foi instalado na entrada do evento, tornando-se uma passagem obrigatória de circulação, onde o público participava de uma imersão com a luz. O objetivo do espaço foi reforçar o conhecimento da marca junto aos visitantes, de modo a expor nosso versátil portfólio e mostrar a importância da marca na mostra. Neste espaço, nossos consumidores em potencial puderam conhecer os benefícios do LED e ter contato com o que há de mais inovador no mercado de iluminação”, diz Pamela. Mais do que apresentar os produtos da Brilia, o espaço Escada das Luzes surpreendeu os visitantes ao garantir uma experiência sensorial e interativa com a integração de espelhos, lâmpadas e automação, planejada pela Homesystems. “A ideia foi transformar a escada num túnel de imersão onde a luz fosse a grande protagonista.

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Na página anterior, detalhe da Sala de Almoço planejada pela dupla Gustavo Paschoalim e Paulo Azevedo e o ambiente da Brilia na mostra: a Escada das Luzes assinada por Maurício Arruda, Fabio Mota e Laís Delbianco – que utilizou diversos produtos da empresa, desde fitas RGB, bulbos e lâmpadas tubulares controladas por um sistema de automação da Homesystems 1. Cozinha Essencial (Marilia Pellegrini): Ambiente com estrutura de tensoflex com fitas de LED 2. Galeria Grassi (Fabio Morozini): O projeto luminotécnico conta com lâmpadas de LED AR70 para destacar as obras de arte e fitas Ultra 1500 para a iluminação difusa 3 e 4 Casa Sustentável (Caio Dotto, Rodrigo Mindlin Loeb e Luiz Henrique Ferreira): O espaço tirou partido da tecnologia Sense da Brilia, com sensor de luminosidade e integração com a rede wi-fi 5. Jardim da Casa (Bia Abreu)

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Foram mais de 500 lâmpadas ligadas num complexo sistema de automação. Conseguimos uma boa temperatura de luz, deixando o ambiente acolhedor e confortável, além de conseguirmos, com a dimerização, controlar a intensidade a fim de não ofuscar os visitantes que passavam pelo espaço”, afirmam os arquitetos que criaram o espaço com uma atmosfera lúdica que emocionou o público.

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MEIA-LUZ A partir da ideia de que Luz Muda Tudo – mantra que a Brilia divulga desde a sua fundação e é conceito de sua campanha institucional – arquitetos, designers de interiores e paisagistas usaram a imaginação para criar diferentes efeitos de iluminação nas ambientações da Casa Cor São Paulo. Na Galeria da Imagem, espaço do arquiteto André Caricio, a iluminação produziu diferentes impressões. No forro de gesso no teto, as pequenas sancas produziam luz indireta no ambiente, enquanto o piso de carpete com textura foi destacado pelo projeto luminotécnico desenvolvido pela DALUZ. “As lâmpadas AR S 111 foram focadas para o piso, pois queríamos fazer uma marcação ao longo do ambiente.

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As lâmpadas de LED tiveram um bom alcance, com uma luz de brilho bem bonito e com temperatura quente, de coloração amarelada, que considero a melhor para os meus projetos”, afirma o arquiteto. Para o Gabinete de Criação, de Patricia Anastassiadis, a iluminação foi projetada para criar um ambiente intimista “com pontos focais de luz destacando os principais elementos do projeto que proporcionaram o efeito desejado”, avalia a arquiteta. No Lounge do Barista, planejado pela dupla Olegário de Sá e Gilberto Cioni, a luz difusa e direta realçou os principais pontos do ambiente. “A tonalidade das lâmpadas LED é semelhante à das antigas halógenas”, destaca o arquiteto Olegário de Sá. No lounge da grife francesa Baccarat, assinado por Vivian Coser, os nichos de madeira na parede em zigue-zague receberam fitas de LED 3000K. “A luz do espaço era difusa com poucos efeitos localizados. Os LEDs permitiram a retroiluminação mantendo os painéis limpos”, ressalta a arquiteta que convidou a La Lampe para criar o projeto luminotécnico do ambiente.

6. Gabinete de Criação (Patricia Anastassiadis): Os pontos focais de luz destacam os principais elementos do projeto 7. Lounge do Barista (Olegário de Sá e Gilberto Cioni) 8. Sala dos Amigos (Denise Barretto): Sancas de fitas LED na cor branco quente 9. Casa Conceito (Jóia Bergamo)

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Na Sala dos Amigos, a arquiteta Denise Barretto teve o auxílio de seu marido, o consagrado lighting designer Guinter Parschalk. “O conceito desenvolvido para a luz do ambiente foi o de criar uma iluminação agradável com alguns pontos de destaque marcante da arquitetura. Entre eles, o fundo da adega com sua pátina azul iluminada por uma fita de LED azul e as sancas em LEDs na cor branco quente”, descreve a arquiteta. Para o projeto luminotécnico do ambiente de René Fernandes, a Tenda, os LEDs também enfatizaram os detalhes da arquitetura. “Sem iluminação pontual, o projeto buscou uma iluminação bem distribuída nos elementos do espaço”, comenta o arquiteto. Na Casa Conceito, da designer de interiores Jóia Bergamo, a “mistura” de diversos tipos de lâmpadas foi intencional a fim de deixar o ambiente mais aconchegante. “O efeito do LED sobre o mobiliário ficou lindo”, festeja a designer, que encomendou o projeto luminotécnico para a Lumini. O paisagista Ricardo Pessuto teve a parceria do lighting designer Rafael Ferreira para criar a iluminação do Jardim da Piscina. “Como a área a ser iluminada era sombreada pela presença de árvores e tínhamos vegetação de pequeno porte, optamos por iluminar as copas das árvores e pontuamos a vegetação com LEDs. A cerca viva de bambus foi iluminada por LED para termos um efeito de barreira luminosa que limitava o espaço”, afirma o paisagista. No espaço Cinema em

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Casa, assinado por Bruno Gap, a opção foi iluminação indireta. “A ideia foi lavar as paredes com luz e ter foco nas obras de arte. Desta forma, a luz é rebatida e ilumina de forma homogênea todo o ambiente. As sancas de luz foram feitas de uma forma diferente, o gesso que faz o fechamento da sanca se solta do forro e forma uma aba que criou um volume interessante no teto, destacando as sancas e a luz refletida. Essas abas também criaram um fundo de apoio para os trilhos pretos que receberam lâmpadas de LED AR70”, revela o arquiteto. Para ele, o grande destaque em seu projeto foi o uso das fitas de LED. “Elas criaram uma luz homogênea e precisam de um espaço muito pequeno para serem instaladas. A tonalidade da fita de 2700K de 4,8W foi sensacional, perfeita para trazer aconchego e quantidade de luz necessária, sem necessidade de dimerização. Obviamente a economia de energia é o ponto alto, mas quero destacar a reprodução de cores e tonalidade da luz, que está cada vez mais próxima da incandescente. Aliar a tecnologia do LED com a beleza da luz incandescente foi importante para obter o efeito planejado”, ressalta o profissional. Na Casa Braile, do arquiteto Leo Romano, o conceito era retroiluminar os painéis de alumínio. “O LED proporcionou totalmente o efeito idealizado para o espaço que teve intenção de iluminação difusa e os LEDs permitiram que os painéis fossem mantidos limpos”, destaca o arquiteto.

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10. Tributo aos 30 (Roberto MIgotto) 11 e 12 Vagão de Trem (Leo Shehtman): O projeto luminotécnico utiliza iluminação focal por meio de balizadores, dicroicas e fitas LED Plug&Play em volta do vagão a fim de destacar sua estrutura 13. Cinema em Casa (Bruno Gap): As fitas de LED criaram uma luz homogênea no espaço, sem a necessidade de dimerização 14. Loja Casa Cor (Gustavo Calazans): As fitas de LED foram aplicadas no verso das prateleiras formando backlights que destacam os produtos e, ao mesmo tempo, iluminam indiretamente o ambiente

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POR: LAURO LINS • FOTOS: NELSON LEIRNER

très chic Há quase vinte anos na Casa Cor, Cristina Ferraz tornou-se a figura mais emblemática da mostra de décor brasileira

Ela pode ser considerada a embaixatriz da Casa Cor. Sua figura elegante, altiva e discreta cabe sob medida para representar o glamour do evento mais famoso do décor no Brasil. Estamos falando de Cristina Ferraz, a designer de interiores que há 17 anos é Diretora de Relacionamento com o Mercado do evento. O convite para assumir a função partiu das empresárias Yolanda Figueiredo e Angélica Rueda – fundadoras da mostra – que certamente viram em Cristina uma habilidade diplomática para lidar com as mais diversas personalidades que transitam nesse sofisticado métier. Ao aceitar o desafio em 1999, Cristina tirou de letra a nova função. “O dia a dia é muito agitado, afinal, sou responsável por estreitar o relacionamento entre profissionais, fornecedores e lojistas. Trabalho diariamente com todos eles, quase em tempo integral. Tem sido uma trajetória prazerosa e com muitas realizações”, afirma a designer. Seu trato com os profissionais envolvidos na mostra é uma unanimidade entre seus colegas. “Não consigo imaginar Casa Cor sem a Cristina Ferraz. Ela é a alma do evento.

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O DIA A DIA É MUITO AGITADO, AFINAL, SOU RESPONSÁVEL POR ESTREITAR O RELACIONAMENTO ENTRE PROFISSIONAIS, FORNECEDORES E LOJISTAS”. Cristina Ferraz

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É um prazer encontrá-la sempre elegante, bem-humorada, tratando os grandes designers, seguranças e faxineiras com a mesma atenção. É um privilégio tê-la como colega de trabalho por tantos anos”, elogia Roberto Dimbério, ex-diretor-superintendente e atual consultor da Casa Cor. O diretor de conteúdo da mostra, Pedro Ariel Santana, afirma que a designer foi talhada para conduzir o relacionamento de todos os envolvidos na mostra: “Só a Cris tem a delicadeza e a firmeza necessárias para lidar com arquitetos e fornecedores, para contornar conflitos e domar egos inflados, sempre pensando no conjunto da obra”. A mesma opinião é compartilhada pelo publicitário Ângelo Derenze. “Sempre brinquei que ela é a prefeita da Casa Cor”, afirma o diretor-geral do D&D Shopping que já foi “comandante” da Casa Cor durante sete anos. Segundo Cristina, ao longo desses anos a Casa Cor prossegue com o conceito de inovação do setor. Entre os marcos históricos do evento, Cristina enumera as edições de 2000, na Cinemateca; 2002, na antiga sede da Febem no bairro do Pacaembu; 2003, no Hospital Matarazzo, na Bela Vista; e a vinda para o Jockey Club de São Paulo. “Com a Casa Cor houve um movimento focado no design de interiores, onde os próprios arquitetos passaram a se dedicar mais a esse segmento. O evento foi responsável por essa ruptura e uma nova visão sobre o setor”, acredita a designer.

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POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO

FAZENDO

HISTÓRIA

Há dois anos à frente da Casa Cor, a jornalista Livia Pedreira comemora os 30 anos da mostra com uma curadoria que aposta no resgate do patrimônio arquitetônico, na inovação tecnológica, na sustentabilidade e na expertise de alguns dos principais profissionais do País. Mudanças que apontam um novo marco no evento. Nesta entrevista exclusiva para a Brilia Insight, a diretora-superintendente da Casa Cor avalia o momento atual da mostra de décor mais celebrada do Brasil. Você fez uma carreira de sucesso como jornalista especializada na área de arquitetura e interiores. Quantos anos de sua vida foram dedicados nessa atuação? O que a levou a se interessar por esse segmento? Livia Pedreira: Desde sempre sou fascinada pela jornada do Homem ao longo dos séculos. Talvez a marca mais contundente dessa presença se expresse por meio da arte de construir, seja um pequeno abrigo, sejam artefatos ou majestosas catedrais. Parece-me, então, natural ter mergulhado no universo da arquitetura, do urbanismo, do design. E, felizmente, consegui alinhar minha trajetória profissional, nos últimos trinta anos, a essa grande paixão pelos artefatos humanos e a capacidade do homem de criar cultura. Brilia Insight:

De que forma essa experiência profissional moldou seu olhar para o universo da arquitetura, interiores e design? Livia Pedreira: Sem dúvida, a experiência de editora se pautou pela pesquisa, pela observação, muita leitura, muitas viagens, muita calma para olhar e apreender o sentido ou a forma.

Brilia Insight:

Qual é a sua visão sobre o morar? Livia Pedreira: O morar reflete a complexidade de seu tempo. Vivemos um momento histórico de transformações sociais profundas. Ingressamos na era digital quase sem nos darmos conta de seu impacto em nosso cotidiano. Defrontamo-nos com problemas, como a mobilidade nas cidades, que impõem mudanças em nosso deslocamento diário. Nosso espaço doméstico, a casa, ganha novos usos e novas funções. Tudo isso gera a necessidade de rever padrões, inclusive de projeto. Nossas casas ainda trazem a clássica distribuição de espaços traçadas pela era industrial. Aos poucos, vamos nos acostumando aos espaços de morar mais enxutos e com a redescoberta do espaço urbano como local do encontro e do compartilhar. Também é uma época de pensar na exaustão de nossos recursos naturais e buscar alternativas de construção mais sustentáveis. E creio que já nem cabe mais a discussão sobre estilos, uma vez que, assim como na moda, os interiores ganham a personalidade do dono. Sem compromisso com fórmulas. Já a internet das coisas tornará nosso dia a dia mais inteligente. Brilia Insight:

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GRAÇAS À PARCERIA COM A BRILIA, DESDE O ANO PASSADO, CASA COR ADOTOU O LED COMO TECNOLOGIA E CONVIDOU SEU ELENCO DE PROFISSIONAIS A ADOTAREM ESSA ALTERNATIVA DE ENERGIA” Livia Pedreira

Como você avalia o papel da arquitetura e do design de interiores no Brasil? Livia Pedreira: Ingressamos num momento especial, de maturidade. A arquitetura brasileira volta a ter relevância no mundo. Paulo Mendes da Rocha acabou de receber o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, que reconheceu sua importância e o colocou no panteão dos grandes mestres. Paralelamente, assistimos a uma democratização da arquitetura e do design de interiores, seja pelas revistas dedicadas a esses temas, seja pelos programas de TV, seja pelo acesso a informações no mundo digital. Mas creio que a Casa Cor teve um papel fundamental nessa história, pois permite a experiência, aproximando o visitante, consumidor final, do profissional (arquiteto, designer de interiores e paisagistas) e também dos avanços de nossa indústria. Brilia Insight:

Brilia Insight: Qual

é o principal diferencial do brasileiro no morar? Livia Pedreira: Tem cada vez mais a cara do Brasil. É alegre, despojado, criativo e acolhedor. Qual foi o seu principal desafio ao assumir a superintendência da Casa Cor? Livia Pedreira: Virar o jogo. Oxigenar o negócio. Renovar, mas resgatar a vocação de Casa Cor de surpreender e inspirar seus visitantes. Brilia Insight:

Brilia Insight: Que

avaliação você faz da Casa Cor nesse momento? Livia Pedreira: Creio que já imprimimos uma nova marca, por meio de uma curadoria apurada que conceitua o evento e também seleciona o elenco de profissionais de Casa Cor. Graças a esse trabalho reconquistamos profissionais renomados, que haviam abandonado a mostra, e também atraímos jovens talentos, fundamentais para renovar essa marca que comemora seus 30 anos. Que rumo a Casa Cor está tomando a partir de sua gestão? Há uma diretriz específica sob sua orientação? Livia Pedreira: Além das citadas, entendo que a Casa Cor tem a missão de ser um laboratório de experiências do âmbito do morar. Assim, não podemos nos furtar a olhar para temas da atualidade, como a sustentabilidade, com a profundidade e a responsabilidade que a questão requer. Temos o ambicioso objetivo de conquistar o primeiro selo de evento sustentável até 2020. Brilia Insight:

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A mais recente edição da Casa Cor São Paulo sob a direção de Livia Pedreira. Nas páginas anteriores, o Living e Jardim de Inverno planejado pelo arquiteto Dado Castello Branco. Acima, à esquerda, Estúdio do Casal, ambientado por Clarisse Reade, Adriana Pereira e Carolina Reade; à direita, Saleta Íntima do Hobby, espaço assinado pela dupla Julio Cesar Dantes e Marcelo Cohen

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Como evento nacional, a Casa Cor lhe permite uma visão atualizada sobre o modo de morar nas diferentes regiões do Brasil. Há diferenças regionais características? Livia Pedreira: Neste país continental, talvez o maior desafio seja preservar as bem-vindas expressões regionais, em um mundo que tende a ser cada vez mais homogêneo. Claro que existem diferenças regionais, mesmo porque há no país diferenças climáticas, de luz, de vegetação, mas também existem fortes heranças culturais impregnadas em cada lugar. Brilia Insight:

Brilia Insight: O

que você destacaria na edição de 2016 da Casa Cor São Paulo? Livia Pedreira: Esta edição, que comemora os 30 anos da marca, é uma síntese de nossas crenças. Primeiro, decidimos falar dessa difícil questão que é do nosso patrimônio arquitetônico. Por isso, escolhemos como endereço o Prédio do Ambulatório, no Jockey Club, um exemplar da arquitetura do início do século 20, que será restaurado por Casa Cor. Devolvemos o glamour ao evento, com ambientes assinados pelos principais profissionais do País. Jovens talentos criaram espaços adequados às novas moradias, mais compactas, que hoje imperam nas metrópoles.

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Convidamos profissionais de outras regiões para enriquecerem a mostra com outros sotaques. Olhando para o futuro, apostamos numa parceria com a Inovatech e construímos um projeto de Casa Sustentável, 100% autossuficiente em energia e água. Abrimos espaço para a reciclagem de estruturas como vagões de trem, que estão abandonados e enferrujando nos pátios das ferroviárias. Na loja Casa Cor, optamos por um contêiner e prestigiamos a arte popular, produzida por inúmeras comunidades de nosso país. Uma das inovações nos últimos dois anos é o uso da tecnologia LED na iluminação da mostra paulistana. Que avaliação você faz dessa inovação na mostra? Livia Pedreira: Uma mudança de paradigma e de cultura. Graças à parceria com a Brilia, desde o ano passado, Casa Cor adotou o LED como tecnologia e convidou seu elenco de profissionais a adotarem essa alternativa de energia. Alcançamos uma redução de quase 80% no consumo de energia do evento e uma adesão de quase todos os profissionais. Não é uma virada histórica? Brilia Insight:

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CASE | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: GABRIEL GUIMARÃES

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Em seu espaço na Casa Cor, a Brilia criou um décor divertido com a assinatura do arquiteto Maurício Arruda

Na Casa Cor São Paulo 2016, o espaço Escada das Luzes – planejado pelos arquitetos Maurício Arruda, Fabio Mota e Lais Delbianco – fez do ato de descer e subir escadas, uma brincadeira! Nele foram fixados espelhos nas laterais que refletiam o teto coberto com mais de 500 lâmpadas de LED. Elas acendiam em diferentes combinações, conforme o movimento dos visitantes. O ambiente foi dedicado à Brilia, que pelo segundo ano consecutivo foi fornecedora oficial de iluminação da mostra de decoração. De acordo com os arquitetos, a ideia do espaço – formado por dois lances de escada com 10 metros quadrados – era transformar a escada num túnel de imersão, onde a luz fosse a grande protagonista. O projeto luminotécnico fez uso de um complexo sistema de automação, criando uma atmosfera lúdica para chamar a atenção e emocionar os visitantes. Cada uma das lâmpadas estava conectada a um sistema de automação montado pela empresa Homesystems. “Definimos diversas cenas onde simulamos ondas de luz que percorriam o espaço. A intensidade e o movimento da luz eram controlados por esse sistema”, explicam os arquitetos. Entre as vantagens de trabalhar com tecnologia LED no projeto luminotécnico do ambiente está a diferença de nuances da iluminação. “Conseguimos boas variações de temperatura que contribuíram para a diversidade das cenas criadas em parceria com a equipe de automação”, pontuam os arquitetos. Para o projeto, os profissionais utilizaram lançamentos e produtos do portfólio da Brilia. “Como a própria marca diz, Luz Muda Tudo. Acreditamos nisto e nossos projetos têm um cuidado especial com esta questão. Projetar um espaço onde a luz era a grande protagonista foi um desafio e, ao mesmo tempo, um prazer”, destacam os arquitetos.

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O CONCEITO SENSORIAL TRAZ UMA NOVA PERCEPÇÃO DA LUZ NAS LUMINÁRIAS DE 2016 RENDA Desenhada pelo italiano Ferruccio Laviani para a Kartell, a luminária KABUKI ganhou uma sofisticada tecnologia de moldagem por injeção que lhe permite criar uma estrutura de tecido semelhante às rendas. Com a superfície perfurada, a luz ganha uma difusão suave. Além da leveza, o resultado final é de sofisticação. www.kartellsp.com.br

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SEM FIO Criada pelo designer inglês David Irwin para a Juniper Design, a luminária M Lamp – feita de alumínio, com bateria de lítio e LED – dispensa fiação e pode ser transportada para qualquer lugar dentro e fora de casa. Seu LED consome 1,2W de energia e dura 50 mil horas, enquanto sua bateria não contém cobalto e pode ser recarregada 2.000 vezes. Ou seja, tem longa duração e é ecologicamente correta. Sua alça permite ser afixada em paredes e até bicicletas para iluminar o caminho num passeio noturno. www.juniper-design.com

SOFT O design escandinavo é conhecido pelo traço simples aliado à funcionalidade. Essa linguagem minimalista marca a produção da Muuto, que acrescentou em sua coleção duas novidades que fazem sucesso entre os modernos: o pendente Ambit e a luminária de mesa Control, assinadas pelo escritório sueco TAF. Produzidas em alumínio, as luminárias chamam a atenção pelo colorido, com uma paleta divertida que vai dos tons claros aos mais escuros.

CUBISTA Fabricada com tecnopolímero transparente, a luminária Ambra produz uma luz expressiva marcada pela geometria e o volume do seu formato de cubo aliados ao relevo de sua superfície translúcida. A peça faz parte da coleção 2016 da Fontana Arte. O design é do italiano Marcelo Ziliani.

www.muuto.com

www.fontanaarte.com

COR Com dimer, a fita de LED RGB da linha Expert, da Brilia – permite diferentes efeitos de iluminação e fácil troca de cores para quem gosta de projetos luminotécnicos arrojados. A novidade consome apenas 7,2W/m e tem vida útil de 15 mil horas. O controle RGB é vendido separadamente. www.brilia.com

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DOCE Inspirados nos doces coloridos encontrados em mercados populares no Brasil, os irmãos Campana criaram a série de luminárias Candy para empresa de cristais tcheca Lasvit. Dessa coleção, a luminária de mesa Lollipop une tecnologia inovadora e artesanato criativo. www.lasvit.com

MÓBILE Em suspensão altamente cênica, as formas orgânicas e fluidas da luminária de teto Chlorophilia revelam o sutil jogo de sombras projetadas no espaço com suas superfícies transparentes. O efeito óptico é garantido pela luz filtrada de LEDs que cria uma composição dramática no teto, além da ilusão de movimento no espaço. Esse corpo luminoso é uma criação de Ross Lovegrove para a Artemide. www.artemide.com

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SUPERNOVA Da linha Smart, a luminária Downlight tem design quadrado e recuado com facho de luz orientável. Ideal para espaços de convívio ou de trabalho com disponibilidade de luz quente e fria. Tem potência de 5 W e vida útil de 30 mil horas. A novidade faz parte dos lançamentos de 2016 da Brilia. www.brilia.com

FLEX A estrutura modular da Light Garden permite criar diversas experiências de iluminação com uma, dez ou cem conexões diferentes. Com essa flexibilidade, cada instalação se torna original ao criar padrões orgânicos e abstratos no ambiente. Essa é a proposta do designer australiano Alex Fitzpatrick com sua luminária feita de painéis triangulares dispostos em uma pirâmide sobre LEDs. Nela, a iluminação sai por suas bordas criando uma luz de fundo suave. Com armação de aço e acrílico, a peça é uma exclusividade da ADesignStudio. www.adesignstudio.com.au

LUMINOSA Da linha Intelligent, a lâmpada MR11 DIM é uma ótima opção para quem procura destacar espaços pequenos e deseja substituir as tradicionais minidicroicas halógenas na ambientação. Tem fluxo luminoso de 210 lm, intensidade luminosa de 350 cd, temperatura de cor quente e versão dimerizável. A novidade faz parte do portfólio da Brilia. www.brilia.com

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POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO

DESIGN EMER GEN TE

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Aos 35 anos, o designer alemão Sebastian Herkner emerge no circuito internacional com uma produção alinhada com o conceito do design do século 21: a ideia de sustentabilidade com o emprego de técnicas de fabricação tradicional e artesanal combinadas com as novas tecnologias. Seu design tira partido de diferentes contextos culturais a fim de encontrar a beleza multifacetada dos materiais. Em outras palavras, a mão de artesãos dá o acabamento fino em suas peças. Desde que abriu as portas de seu estúdio de design em Offenbach am Main, em 2006, desenvolveu produtos para fabricantes conceituados como Fontana Arte, Moroso, Dedon, ClassiCon e Rosenthal, entre outros. Sua produção foge das tendências e critérios comuns do mercado. O que lhe interessa é a colagem de técnicas simples e materiais tradicionais para criar objetos funcionais para o cotidiano. Com simplicidade e bom gosto, aos poucos conquista seu espaço ao sol. Nesta entrevista exclusiva para a Brilia Insight, o jovem designer revela sua sensibilidade afinada com os novos tempos.

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Na página anterior, ambiente com luminária e mesa criadas por Sebastian Herkner para a ClassiCon. No retrato, o designer posa com sua maquete para o estande da Das Haus na Koelnmesse, em Colônia, Alemanha 1. Detalhe do décor da Das Haus com peças assinadas por Sebastian Herkner 2. A luminária minimalista – produzida com OLEDs – da Buschfeld 3. A luminária Oda desenvolvida para a fabricante alemã Pulpo 4. Luminárias Bell Light da ClassiCon

PRIMEIROS PASSOS Brilia Insight: No início da sua carreira, você fez estágio com a estilista Stella McCartney. O que você aprendeu com o universo da moda? Sebastian Herkner: Eu estava curioso para dar uma olhada em outras disciplinas do design. Ao trabalhar com Stella testava novos materiais e o uso das cores. Agora, com meu próprio estúdio, trabalho em projetos interdisciplinares. Brilia Insight: A

moda influencia sua criação? trabalho, desenho e desenvolvo meus projetos com cores e materiais diversos. O artesanato também é um elemento típico em meu trabalho. Tudo isso está muito relacionado com a indústria da moda. Sebastian Herkner: Eu

DESIGN Seu trabalho é marcado pela combinação da tecnologia com artesanato. A sua cidade natal, Bad Mergentheim, tem uma influência nesse conceito de trabalho? Sebastian Herkner: Eu nasci e estudei em Bad Mergentheim. Definitivamente tenho minhas raízes lá, mas tudo o que aprendi sobre design foi por mim e meus estudos em Offenbach am Main. Mantenho diariamente uma curiosidade sobre design, arte, moda e arquitetura. São dessas fontes que vem minha inspiração. Brilia Insight:

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A riqueza cultural da Europa provavelmente é uma das fontes para o seu trabalho. Nesse sentido, tem algum lugar em especial que lhe serve de inspiração no momento? Sebastian Herkner: Viajo muito e não apenas na Europa. Para mim, a curiosidade e o instinto são mais importantes para se ter um trabalho criativo. Atualmente ando atento com o que acontece no Zimbábue e na Colômbia. Nesses lugares trabalho com artesãos locais. São pessoas capazes de transferir minhas ideias para um modo de fazer artesanal com uma expertise única. São pessoas que colaboram com meu trabalho e se mostram dispostas a novos desafios a fim de moldar algo novo. Brilia Insight:

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Brilia Insight: Materiais,

cores e texturas aliados com a atenção aos pequenos detalhes são características de sua produção. Com esses elementos, o que podemos esperar de suas criações futuras? Sebastian Herkner: Além de desenvolver novos acessórios, luminárias e móveis, estamos planejando os primeiros projetos de interiores na Europa. No final deste ano, o novo piso térreo do Alsterhaus Department Store, em Hamburgo, será inaugurado com nossa assinatura. A Alemanha é conhecida pela alta tecnologia. De que forma isso influencia seu trabalho? Sebastian Herkner: Além de estar interessado nas tradições e técnicas artesanais, também estou de olho nas novas tecnologias. Gosto de combinar a tecnologia e o artesanal. Um bom exemplo disso é o uso de impressoras 3D no desenvolvimento das porcelanas que criei para a Rosenthal. Nesse caso, a tecnologia é quase invisível no resultado final. Brilia Insight:

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O DESIGN É A FORMA QUE ENCONTREI PARA TRANSPORTAR E INTERPRETAR AS CARACTERÍSTICAS DE DIFERENTES CULTURAS PARA CRIAR NOVOS ARTEFATOS” Sebastian Herkner

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Brilia Insight: Que

tipo de luz na cidade ou na natureza serve de inspiração para suas criações? Sebastian Herkner: São muitas. Pode ser a luz natural de um lago num domingo de folga. O sol e as sombras entre os arranha-céus de Manhattan ou as obras de James Turrell, que são mágicas e inspiradoras. Brilia Insight: Você

trabalha com LED? Sebastian Herkner: Sim, a luminária Nebra para Fontana Arte usa LED. Essa nova tecnologia foi o ponto de partida e determinou seu design. Na época da Bauhaus havia o clássico bulbo de vidro, agora um pequeno LED nos dá um novo parâmetro. Para o design da luminária Nebra decidimos pelo formato de um disco para obtermos o efeito de sombra e a luminária se torna diferente a cada perspectiva e movimento.

Seu trabalho já foi muitas vezes premiado. De que forma os prêmios ajudam seu trabalho? Sebastian Herkner: Os prêmios são importantes, mas a grande satisfação que tenho é ver minhas criações na casa das pessoas. Fico feliz em ver que se tornaram peças importantes nas vidas delas. Brilia Insight:

5. Mobiliário e luminária desenhados por Sebastian Herkner 6. O designer ao lado de uma artesã do Zimbábue, na África 7. O despojamento com toque colorido nas criações do designer alemão

ILUMINAÇÃO Brilia Insight: O que a iluminação significa no seu trabalho? Sebastian Herkner: A luz é muito importante para nossa vida e nossas casas. A iluminação pode criar diferentes atmosferas, desde um simples jantar até o espaço onde trabalhamos. Quais são os materiais que te interessam na criação de luminárias? Sebastian Herkner: Depende sempre do conceito. Para a Oda usamos vidro pelo volume generoso e, claro, sua superfície translúcida. Brilia Insight:

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PRESENTE E FUTURO Brilia Insight: Há 10 anos você iniciou sua trajetória como designer. Como é o cenário atual na Europa no seu meio de trabalho? Sebastian Herkner: A Europa continua sendo o centro do design de móveis e luminárias. Ao lado de todos os desenhos clássicos, novos ícones são desenvolvidos por aqui. As feiras de Milão e Colônia estão aqui e são uma grande vantagem para o meu trabalho. A maioria dos meus clientes são europeus, mas já não há fronteiras e minhas peças também são comercializadas na Ásia e na América. Meus produtos são vendidos em todo o mundo. Na Europa temos uma enorme liberdade e devemos cuidar dela. Como você imagina os próximos dez anos como designer? Sebastian Herkner: Acho que todos os designers devem ter mais atitude para criar projetos de forma responsável. Ter mais cuidado com os materiais e os recursos humanos. Estou muito interessado nestes parâmetros e procuro envolver meu design nesse pensamento. Brilia Insight:




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Esse ponto de vista não é aleatório. Desde os anos 1990, o trabalho de Batchelor como escritor e crítico de arte informa sobre sua pesquisa artística no universo da cor. O artista adotou diferentes formas de exploração, ora intuitiva e experimental, ora intelectual e estruturada, que têm convergido para uma única direção, a cor. “O interesse de Batchelor pela cor é totalmente ligado ao modo como ela é vivida no ambiente urbano. Ele não está interessado em padrões, ordem ou sistemas, mas na forma aleatória e artificial da cor como ela emerge na cidade, sublinhada por uma preocupação crítica como a forma em que a vemos e respondemos à cor nesta era tecnológica”, teorizam os galeristas da celebrada Saatchi Gallery. O curador brasileiro João Bandeira destaca sua arte como um laboratório de experimentação: “Seus desenhos de cor não são nem projetos, nem registros, mas valem por si mesmos e parecem nutrir toda a produção do artista”.

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Para entender um pouco melhor a intenção da arte de Batchelor por trás de suas estruturas feitas com aço inox, luzes LED e controladores de DMX, é preciso se debruçar por sua produção teórica. O artista estudou Teoria Cultural na Universidade de Birmingham no fim da década de 1970 e entre suas publicações recentes estão os livros Chromophobia (2000), Cor (2008) e O Luminoso e o Cinza (2014). Neste último, após se debruçar sobre uma ampla gama de fontes, que vão da neurociência, passando pela filosofia, literatura, cinema e escritos de artistas, além de sua própria experiência, Batchelor chega à conclusão sobre uma cor única: “É um elemento não cor, um estado de espírito, um sentimento, uma condição existencial e até mesmo um insulto: o cinza”, afirma. O que podemos pensar sobre essa reflexão? Que as grandes metrópoles cinzas sejam cada vez mais leves, coloridas e luminosas.

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Nas páginas de abertura, as esculturas Backlight II (suportes de aço, alumínio e folha de acrílico) e Idiot Stick (feita com garrafas de plástico). Aqui, à esquerda, a instalação Cylinder II e, à direita, retrato do artista


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A CIDADE COMO INSPIRAÇÃO Em entrevista exclusiva para a Brilia Insight, realizada por e-mail, o artista David Batchelor fala da importância da cor e do uso da luz em sua obra. Nesse processo, a cidade é seu verdadeiro laboratório de criação. Além da cor, a luz faz parte do seu trabalho mais recente. Qual é a importância da iluminação em sua nova fase de trabalho? David Batchelor: Há mais de duas décadas o interesse central de minha arte tem sido a cor. Em especial, as cores da cidade. Nela, as formas mais visíveis estão nos cartazes em contraluz, sinais de néon, painéis e luzes brilhantes. Por isso, é impossível para mim lidar com a cor sem as formas coloridas de luz que fazem parte do meu trabalho desde 2000. Brilia Insight:

Sua arte pode ser chamada de minimalista ou você tem um novo conceito para ela? David Batchelor: Eu nunca chamo o meu trabalho de minimalista, embora outros o vejam assim. Eu utilizo uma série de referências em meu trabalho: a arte povera italiana, o neoconcreto brasileiro e até o minimalismo, mas eu não me identifico com um grupo ou movimento. Brilia Insight:

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Brilia Insight: No

livro The Luminous and the Grey, você revela que a pesquisa em diversas disciplinas marca seu processo criativo. Quais são os resultados práticos que você subtrai da neurociência, da filosofia, da literatura e do cinema? David Batchelor: A resposta está no livro. A cor é um assunto extremamente complexo e para encontrá-la é necessário olhar para muitas formas de arte, assim como a ciência e a filosofia, tudo para se ter alguma compreensão sobre ela, mas não importa o que eu ou alguém diz sobre a cor. O importante é o modo de perceber como é a sua presença no mundo. A luminosidade que satura as grandes cidades foi objeto de análise em suas observações. Essa reflexão parece que ganhou uma síntese em sua obra sobre uma possível cor única, que pode ser uma não cor ou um estado de espírito. De que forma a imaterialidade está representada em sua produção recente? David Batchelor: A cor em si é irrelevante. Ela não tem forma física e, ao mesmo tempo, está ligada a objetos, superfícies e espaços de uma forma ou de outra. Sempre procuro ver a cor livre de um objeto, por isso em minhas obras ela é lançada para fora, como em Magic Hour e os Glowsticks. Brilia Insight:

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O uso da luz em sua obra é uma maneira de representar um sentimento? A série Glowsticks se aproxima dessa intenção? David Batchelor: Cor e luz sempre são sobre sentimentos, mas não gosto de impor meus sentimentos a outro espectador. As obras são feitas para serem vistas e o espectador é livre para responder individualmente. Brilia Insight:

Brilia Insight:

Você pode adiantar quais são os próximos passos de sua arte?

David Batchelor: Eu vou para o estúdio todos os dias com uma ideia do que pretendo fazer e

o que eu acabo fazendo não foi o que pensei inicialmente. Nunca sei com antecedência o que vai funcionar ou não. Esse é um dos grandes prazeres da arte, mas também uma de suas grandes frustrações. Agradecimento especial à Galeria Leme pelas informações e cessão das imagens para a reportagem sobre o artista David Batchelor

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À esquerda, no alto, Brick Lane Remix e, abaixo, Eletric Colour Picture. Acima, no alto, Glowstick 3 (suportes de aço e LEDs) e, abaixo, detalhe da instalação Slugfest


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POR: LAURO LINS • FOTOS: DIVULGAÇÃO

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UM PAULISTANO EM HOLLYWOOD Com sucesso no Brasil e nos Estados Unidos, o diretor de fotografia Adriano Goldman coleciona belas imagens no cinema BRILIA

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Nos últimos anos, o diretor de fotografia paulistano Adriano Goldman vive no Olimpo da sétima arte nos Estados Unidos. Trabalhou com o ator e diretor Robert Redford (criador do mais celebrado festival de filmes independentes, o Sundance) no thriller político “The Company You Keep” em 2012 e no ano seguinte iluminou Meryl Streep e Julia Roberts, no set de “August: Osage County”, drama dirigido por John Wells. Em 2015 voltou a fazer uma dobradinha com Wells no filme “Burnt”, estrelado por Bradley Cooper e atualmente faz a direção de fotografia do seriado The Crown, uma produção do Netflix, do criador Peter Morgan, roteirista dos filmes A Rainha e Frost/ Nixon. Nada mal para quem dirigia videoclipes na década de 1990 na filial brasileira da MTV.

Goldman ganhou a atenção dos realizadores americanos após vencer o prêmio de Melhor Fotografia em 2009 no Sundance Film Festival com o filme “Sin Nombre”, dirigido pelo californiano Cary Fukunaga. A indicação para esse trabalho partiu do amigo Fernando Meirelles, com quem havia trabalhado na produtora Olhar Eletrônico, no início da carreira. “A partir desse trabalho passei a ter uma agente em Los Angeles que até hoje me representa nos trabalhos internacionais”, revela o diretor de fotografia numa entrevista concedida para a Associação Brasileira de Cinematografia (ABC). Em “Sin Nombre”, Goldman trabalhou com luz natural em locações externas. “Tivemos apenas duas câmeras nesse projeto e 90% das cenas foram rodadas com câmera na mão.

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1. Cena do filme “360”, dirigido por Fernando Meirelles, com os atores Rachel Weisz e Jude Law 2. O ator Bradley Cooper em cena do filme “Burnt”, dirigido por John Wells


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3 e 4 Cenas do filme “August: Osage County”, do diretor John Wells, com elenco de estrelas: Meryl Streep, Julia Roberts e Juliette Lewis, entre outros 5. Os atores Letícia Sabatella e Wagner Moura no filme “Romance”, de Guel Arraes 6. Cena de “O Ano em que meus pais saíram de férias”, dirigido por Cao Hamburger

Um filme que podemos considerar de guerrilha, pois haviam muitos deslocamentos”, lembra Goldman, que antes da parceria com Redford atuou em “Conviction” (2010), de Tony Goldwyn; “Jane Eyre” (2011), novamente com Fukunaga, e “360” (2011), de Fernando Meirelles. Em depoimento para o Indie Wire – site especializado em cinema – o diretor de fotografia declarou que trabalhar com Redford foi a “melhor experiência possível”. Neste trabalho, Goldman incorporou a atmosfera e o efeito granulado dos filmes “Todos os Homens do Presidente” (Alan Pakula) e “Três Dias do Condor” (Sydney Pollack). A ideia era seguir as mesmas regras, mas com um olhar contemporâneo. “A câmera seguia os personagens através da viagem. O filme era sobre política, mas também era um filme de estrada. Tentei adicionar contraste e densidade na fotografia, por isso amei quando tivemos dias nublados durante a filmagem”, diz Goldman. Em “August:

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Osage County”, de John Wells, Goldman adotou o que se chama de “realismo sofisticado”. “O realismo no set é algo que pode ser maior que a vida, em oposição ao naturalismo onde tudo é iniciado a partir de um local.” De acordo com ele, o desafio do realismo é trazer um olhar real sobre a cenografia, onde se faz uma construção da imagem. “Foi intenso, mas agradável. John Wells é muito organizado e disciplinado como escritor e produtor. Novamente, foi uma abordagem realista da minha parte”, afirma Goldman em entrevista para o Indie Wire. Dos bastidores da filmagem, o fotógrafo recorda que no início estava nervoso por trabalhar com Meryl Streep. Para quebrar o gelo, John Wells promoveu uma festa de boas-vindas em Bartlesville, em Oklahoma, onde rodou o filme. “Meryl veio até mim e disse que estava muito satisfeita por eu estar no filme e que havia adorado meu trabalho em Jane Eyre”, lembra o diretor.

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NESTE MOMENTO MINHA PRIORIDADE É CONTINUAR INSISTINDO NA CARREIRA INTERNACIONAL” Adriano Goldman

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BRASIL VERSUS ESTADOS UNIDOS Com experiências aqui e nos Estados Unidos, Goldman sabe muito bem apontar as diferenças de trabalho entre as duas culturas. Sua trajetória foi iniciada na produtora Olhar Eletrônico e na MTV, onde dirigiu mais de 40 videoclipes e os primeiros programas Acústico MTV. Na TV Globo, Cidade dos Homens (2004) e na HBO, “Filhos do Carnaval” (2006), de Cao Hamburger, o mesmo diretor que faria mais duas parcerias no cinema: “O ano que meus pais saíram de férias” (2007) e “Xingu” (2011), filme feito em locações e onde Goldman “captou a beleza natural em planos abertos”, segundo a jornalista Danielle de Noronha. “Xingu foi um grande desafio com filmagens em rios e canoas, aviões e aldeias remotas. Decidimos filmar com duas câmeras e, pela primeira

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vez, eu não seria um dos operadores. Foi um filme de externas e isso pode ser muito estressante para um fotógrafo. A ideia de que não teremos controle sobre a luz é sempre um problema. Conversamos muito sobre a luz tropical e decidimos fazer uma luz mais dura, zenital, quente. Para completar, o Tocantins queimou enquanto filmávamos. Com as queimadas, a fumaça envolvia o set e podíamos olhar diretamente para o

sol. Tivemos uma luz tropical mais soft. Tudo foi ficando monocromático, nos tons do figurino e dos cenários de madeira.Fiquei muito feliz com o resultado visual do filme”, recorda o diretor de

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7 e 8 Cenas do filme “Jane Eyre”, dirigido por Cary Fukunaga, com os atores Michael Fassbender e Mia Wasikowska

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fotografia em depoimento para a Associação Brasileira de Cinematografia. Entre outros trabalhos no Brasil, Goldman fez “O Casamento de Romeu e Julieta” (2005), de Bruno Barreto e “Romance” (2008), de Guel Arraes. Para Goldman, a principal diferença entre Brasil e Estados Unidos é a experiência. Segundo ele, lá fora há uma maturidade muito grande, a “engrenagem” funciona melhor e existe uma eficiência associada à experiência que vem de um longo tempo na arte de fazer cinema.

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Mas mesmo com todo esse aparato de organização e eficiência, o trabalho como diretor de fotografia não muda. “A relação entre o fotógrafo e o seu maquinista é bem parecida. O que se pede e se obtém da equipe é o mesmo no Brasil e no exterior”, comenta o fotógrafo. Por enquanto, a balança de Goldman pesa mais para o exterior: “Busco alternar projetos nacionais e estrangeiros, mas neste momento a minha prioridade é continuar insistindo na carreira internacional”.

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O teatro feito por Bob Wilson não tem paralelo. Talvez por isso haja tanta atenção sobre o seu trabalho. Suas encenações costumam ser épicas, imprevisíveis e até caóticas. Mas nunca incompreensíveis. Nelas, as luzes, os movimentos, o texto e a encenação são todos igualmente importantes. Além da direção, costuma assinar o cenário e conceito de luz em seus espetáculos. “Se tivesse estudado teatro não estaria fazendo o tipo de teatro que faço. Eu evito a mentira do naturalismo no palco. Acho a artificialidade mais honesta”, declarou o encenador em uma entrevista sobre o seu processo criativo para o site Talks. E essa “falta de educação” é bem-vinda no anêmico cenário cultural da atualidade. Suas inspirações podem ser as mais variadas. Uma de suas primeiras encenações foi baseada nos textos de um jovem que havia passado 11 anos de sua vida numa instituição psiquiátrica. “Fiquei fascinado por sua mente e pelo jeito que usava as palavras.

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À esquerda, no alto, espetáculo de Bob Wilson com a companhia de teatro francesa La Puce a L’Oreille; abaixo, cena de A Vida e a Morte de Marina Abramovic. Acima, cena de Pelleas e Melisandre apresentada na Ópera Nacional de Paris e um dos frames de sua série Video Portrait com o ator Robert Downey Jr

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SE TIVESSE ESTUDADO TEATRO NÃO ESTARIA FAZENDO O TIPO DE TEATRO QUE FAÇO. EU EVITO A MENTIRA DO NATURALISMO NO PALCO. ACHO A ARTIFICIALIDADE MAIS HONESTA” Bob Wilson

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Na página anterior, cena da ópera Macbeth dirigida por Bob Wilson e apresentada no Teatro Municipal de São Paulo em 2011 1. Cena do espetáculo Les Nègres, um clássico de Jean Genet apresentado no Odeon Theatre, em Paris 2. Sonetos de Shakespeare com a companhia de teatro alemã Berliner Ensemble 3. Cena do espetáculo A Vida e a Morte de Marina Abramovic

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Não eram só interessantes de ouvir, mas também muito interessantes para ver. Talvez não fosse necessariamente bom para outra pessoa, mas era algo que me atraía”, lembra o diretor teatral que gosta de uma boa dose de imprevisibilidade, desde que seja bem orquestrada. “O teatro é algo vivo, por isso é sempre emocionante. Precisamos correr riscos”, ensina Wilson, que observa uma certa pasteurização na cena contemporânea. “O teatro que temos agora lembra a televisão. A maioria dos diretores e atores dizem algo para as pessoas entenderem. Estão esquecendo que as pessoas estão à procura de uma alternativa para a mídia e o mundo eletrônico em massa. Quando fiz a ópera Einstein on the beach (2012) não havia nada para o público se pendurar.” Sua genialidade permite a crítica aos seus pares. E o

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tempo só faz melhorar sua percepção artística. Aos 74 anos, Bob Wilson continua em plena forma. Para fugir da mesmice procura manter à tona sua inquietação com frequentes parcerias com artistas dos mais variados naipes. Entre as mais recentes, no ano passado, fez uma série de retratos com a cantora Lady Gaga recriando pinturas de grandes mestres. Para a performer Marina Abramovic criou o espetáculo “The Life and Death of Marina Abramovic” apresentado no Manchester International Festival. A lista prossegue com Tilda Swinton, Martha Graham, Tom Waits, Heiner Müller, Lou Reed, David Byrne, Jim Jarmusch, Philip Glass e Mikhail Baryshnikov, entre muitos outros. Artistas do presente e do passado, mas com algo em comum com Bob Wilson: o espírito de vanguarda e uma generosa dose de irreverência.


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FOTOGRAFIA | POR: CARLOS ALBERTO LEME • FOTOS: ZOE ZAPOT

IN NATURA Com retoques digitais, a natureza vista por Zoe Zapot expõe sua sensibilidade feminina em registros que revelam seu estado d’alma numa fotografia que beira o sublime

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Nascida em White Plains, a fotógrafa norte-americana Zoe Zapot parece que nasceu para brilhar com sua arte. A pequena cidade no estado de Nova York deve ter alguma fórmula mágica para tornar famosos alguns de seus filhos. Com menos de 100 mil habitantes, White Plains foi berço do famoso escritor Joseph Campbell (autor do livro O Poder do Mito), do empresário Mark Zuckerberg (um dos fundadores do Facebook) e da publicitária Carolyn Bessette-Kennedy, que se tornou famosa pelo casamento com John Kennedy Jr. Agora é a vez de Zoe. Sua fotografia chama a atenção de galeristas internacionais – incluindo a paulistana Galeria de Babel, que representa seu trabalho no Brasil – por sua visão particular sobre a natureza. “Lembro-me de atravessar o Silver Lake Park e de ouvir a boa música folk em minha infância na cidade. Nos anos 1960 e 1970, White Plains se manteve intocada e tornou-se refúgio para as pessoas do movimento da contracultura. Minha mãe foi uma musicista e meu pai sempre participou de festivais de arte na cidade. Cresci com um sentido de liberdade que certamente produziu algo mágico, com uma experiência enriquecedora que se expressa muito em minha vocação artística, mas estou longe de ser uma celebridade”, afirma Zoe, que cresceu sobre a influência da cultura hippie. Sua fotografia é marcada pela observação da natureza e das coisas simples do dia a dia. “Sou apaixonadamente atraída pela natureza. Nunca fiz outra coisa senão produzir imagens da natureza. Essa é a minha vocação. Sempre tenho minha câmera comigo em todos os lugares que vou. Muitas vezes esqueço meu telefone em casa, mas minha câmera está sempre pendurada em meu ombro”, diz a fotógrafa, que ao longo dos últimos 28 anos tem clicado continuamente árvores, florestas, oceanos, a lua e vários elementos naturais. Algumas fotos de sua série mais recente, My Trees, foram exibidas no espaço da arquiteta Denise Barretto na Casa Cor São Paulo. “As árvores têm um profundo impacto em nossas vidas. Ao relembrar nossas próprias experiências com as árvores aprofundamos nosso apreço, consciência e conexão com elas e, por extensão, com a Terra”, diz a fotógrafa.

DESDE OS 20 ANOS, QUANDO PEGUEI PELA PRIMEIRA VEZ UMA CANON, SEMPRE FAÇO FOTOS DE AMBIENTES NATURAIS QUE NUTREM A MINHA EXISTÊNCIA. EU AMO O QUE FAÇO.” Zoe Zapot

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Tripticos e Dipticos da série de fotografias My Trees rodado na espanha

Essa sinergia com o meio ambiente permeia toda sua produção fotográfica. Para ela, a fotografia é uma oportunidade para congelar a luz, a cor, as forças do vento, a beleza das formas e registrar o ambiente em constante mudança. “Ao longo dos anos, meu olhos foram me guiando a fim de mudar minha relação com o entorno. Estou constantemente na busca por momentos de perfeição e imperfeição da natureza que considero divinos. Ao acordar e ver o nascer do sol, quando caminhamos e sentimos o poder de uma tempestade, quando olhamos as montanhas e o esplendor dos mares, quando assistimos a terra renovar sua beleza em cada estação do ano e até a decadência de cada temporada terminando”, ressalta Zoe Zapot. BRILIA

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FOTOGRAFIA |

Além da sensibilidade poética em registrar a paisagem natural, Zoe afirma que a fotografia é uma forma de se compreender melhor. “Hoje minha fotografia é minha terapia, especialmente depois de terminar um ciclo de dezoito anos com análise freudiana. A imersão na fotografia tem me fornecido emoções fortes, em cada clique do obturador da minha câmara espero capturar minhas sensações e talvez estabelecer uma comunicação pessoal com o espectador do meu trabalho. A perfeição da natureza é tão importante quanto sua imperfeição e busco transmitir esses dois lados complementares tão bem explicados pela filosofia Wabi Sabi”, revela a artista. A tecnologia é outra faceta de seu trabalho. Sua fotografia recebe intervenção digital no processo de finalização. “Gosto de exercitar a criatividade através da arte digital. É depois do clique que a maior parte do meu trabalho tem lugar. Uso uma caneta digital para rastrear minhas imagens, procurando contrastes e enfatizando as linhas imperfeitas. Às vezes os traços tomam conta de toda a foto original produzindo BRILIA

INSIGHT

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uma nova imagem”, fala Zoe. Essa técnica de trabalho foi iniciada quando ajudava seu filho com as lições no jardim da infância. Essa abordagem “simplista” mudou a visão de seu trabalho. “Foi uma experiência esmagadora. Quando apresentei pela primeira vez o fluxo de pós-desenvolvimento do meu trabalho foi como deixar vir à tona diversos distúrbios em meus pensamentos. Essa experiência tocou meu inconsciente e nesse momento percebi que havia encontrado minha forma de expressão e o futuro do meu trabalho”, avalia a fotógrafa que atualmente faz seus cliques com uma câmera Sony Alpha A7. A série de fotografias My Trees, que inclui imagens de galhos, raízes, folhas e madeira, provavelmente se estenderá em novas composições. Zoe Zapot conhece o Brasil e pretende fazer novos registros para o seu trabalho na Amazônia e Tocantins. Por aqui, ela já fez registros no Rio de Janeiro, Bahia e nas montanhas da Serra da Mantiqueira e na Chapada Diamantina. Agradecimento especial à Galeria de Babel pela cessão das imagens da fotógrafa Zoe Zapot.

JULHO

2016




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