Revista Brilia - 8ª edição

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Uma Publicação Brilia - Luz Muda Tudo

ART

BRUCE MUNRO

PERFIL

KARIM RASHID

CENOGRAFIA

DANISH DANCE THEATRE


FOTO: EDISON GARCIA

G I L B E R TO E L K I S MOSTRA ARTEFACTO BEACH & COUNTRY 2016

AVENIDA BRASIL: 3894 7000 | D&D SHOPPING: 5105 7760 | ARTEFACTOBC.COM.BR




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CARTA EDITORIAL |

SUMMER TIME Inspirada no verão, esta edição da Brilia Insight foi planejada para ser hot em todos os sentidos. Produzimos um conteúdo que vai além do tempo cronológico de uma estação. Como o Brasil é um país tropical, faz calor durante quase todo o tempo, não é mesmo? Para nós, o verão é mais do que isso. É um estado de espírito. Com esse foco, o leitor irá encontrar, nas páginas a seguir, reportagens que têm a luz como inspiração e, ao mesmo tempo, termômetro para captar o que se faz de melhor no universo da iluminação contemporânea. Entre os destaques, a seção FOTOGRAFIA revela a história do surfe pelas lentes de Leroy Grannis, um dos pioneiros desse esporte que teve seu arquivo de imagens resgatado para uma edição luxuosa da editora Taschen. Com esse mesmo espírito de vida, Karim Rashid – autor de mais de 3 mil peças de design – está em PERFIL. O designer egípcio é um ícone nesse começo do século por suas criações, de formas fluidas, que ultrapassam os limites da forma e função para se revelarem objetos de arte. Outro criador com C maiúsculo é o britânico Bruce Munro. Suas instalações monumentais (sempre planejadas para serem exibidas ao ar livre) são o alvo da seção ART. Em CINEMA, o leitor irá conhecer os principais lançamentos do cinema brasileiro em 2017: filmes imaginados por grandes diretores ao lado de iluminadores geniais. A reportagem de CENOGRAFIA joga luz sobre a Danish Dance Theater, que tem o lighting designer Jacob Bjerrergaard como figura fundamental para o sucesso da companhia de dança dinamarquesa. A nova geração de profissionais talentosos também não escapa de nosso radar. Em INSIDER, as arquitetas Camila Kadobayashi e Carolina Palazzo – do blog Casa das Amigas – revelam a primeira experiência com iluminação LED. O casal de arquitetos Felipe Nogueira Stracci e Luciana Pitombo une natureza, tecnologia e imaginação em projetos de paisagismo que fazem sucesso na capital paulista. São eles que conversam conosco em TALK. A seção CASE mostra o projeto luminotécnico que a dupla Eduardo Becker e Kati Carbonell desenvolveu com produtos da Brilia para o Yoo2 Rio de Janeiro, o primeiro no Brasil da rede de hotéis de Philippe Starck e John Hitchcock. Na seção EMAIL, uma breve entrevista com o lighting designer australiano Alex Fitzpatrick que une o artesanal à tecnologia em seu trabalho. Para completar, as novidades do universo da iluminação nas seções SPOT e WHAT’S UP. Boa Leitura! Vinicius Marchini e Leandro Neves

* Sugestões e comentários: briliainsight@brilia.com

Co-Fundadores da Brilia

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SUMÁRIO |

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SUMÁRIO |

Ú CONTEUDO março / 2017

Uma Publicação Brilia - Luz Muda Tudo

026 TALK Um papo com Felipe Nogueira Stracci e Luciana Pitombo

ART BRUCE MUNRO PERFIL KARIM RASHID CENOGRAFIA DANISH DANCE THEATRE

032

Capa: Foto de autoria de Ed Freeman, imagem do livro Surfing cedida pela editora Taschen

SPOT O mix de moda e o design na criação de luminárias

EQUIPE BRILIA Vinicius Marchini Leandro Neves Lígia Nunes

PROJETO EDITORIAL

036 A RT As instalações luminosas do artista inglês Bruce Munro

042 008

WHAT’S UP

048

Aqui e no mundo, o melhor do lighting design

Com LED da Brilia, o hotel Yoo2 Rio de Janeiro

054

P ERFIL A modernidade do it designer Karim Rashid

020

O melhor do cinema brasileiro em 2017

DIRETOR DE CRIAÇÃO Cesar Rodrigues cesar@studiolemon.com.br

C ENOGRAFIA

DIRETOR EXECUTIVO Chico Volponi cvolponi@studiolemon.com.br

Jacob Bjerrergaard: a luz por trás da Danish Dance Theater

012 CASE 016

C INEMA

058

MAIL E Alex Fitzpatrick, a nova face do design australiano

BRILIA

www.studiolemon.com.br Rua Patizal, 38 CEP 05433-040 Tel (11) 2893 - 0199 São Paulo - SP

PROJETO GRÁFICO Lemon Comunicação & Conteúdo

FOTOGRAFIA

DESIGN Cesar Rodrigues Eduardo Barletta

A história do surfe pelas lentes de Leroy Grannis

EDITOR Luiz Claudio Rodrigues

EXPERIÊNCIA BRILIA

JORNALISTAS Claudio Gues Lauro Lins

A primeira experiência 100% LED das blogueiras Camila Kadobayashi e Carolina Palazzo

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ARTE FINAL Osmar Tavares Junior REVISÃO Claudio Eduardo Nogueira Ramos


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FES TA! Ícone dos anos 1960, a Lytegem comemora 50 anos. Criada pelo designer Michael Lax para a fabricante norte-americana Lightolier, a peça surgiu na época do psicodelismo e hoje faz parte da coleção permanente de design do MoMA. Com base em forma de cubo e cúpula esférica, a luminária de mesa lembra um pequeno telescópio. A música ‘Lucy and Sky with Diamonds’ – dos Beatles – é bem apropriada para comemorar a data, pois surgiu no mesmo ano do seu aparecimento: 1967. Congratulations!

PLANETA ÁGUA O Aquário Marinho do Rio de Janeiro é o mais novo polo de atração turística da Cidade Maravilhosa. Instalado próximo do Museu do Amanhã e do Museu de Arte do Rio, seu projeto foi desenvolvido pela Kreimer Engenharia. O AquaRio utiliza tecnologias inovadoras, como o grande globo de acrílico transparente que circunda o caminho do público possibilitando a visão panorâmica de tubarões, raias e peixes. Em todos os tanques, telas de LED transmitem informações sobre as espécies e seus habitats.

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CHU VA DE LUZ Previsto para ser inaugurado

BERGMAN

neste ano, o Louvre de Abu Dhabi promete ser mais um marco nos Emirados Árabes. Desenhado por Jean Nouvel – em formato de domo e com iluminação natural – o museu será cercado pelas águas do Golfo Pérsico formando uma

O diretor Ingmar Bergman - dono

pequena ilha artificial. O efeito de

de uma técnica de iluminação que

luz cintilante tira partido da sombra,

fez história no cinema - ganha

movimento, luz e geometria:

uma homenagem especial da

elementos característicos da

Finnish National Opera. A casa de

arquitetura árabe.

ópera finlandesa encomendou ao compositor Sebastian Fagerlund uma versão musical de um de seus filmes. O escolhido foi Sonata de Outono. A première da ópera acontece em setembro próximo em Helsinque. Imperdível!

STROBO Aos 88 anos de idade, Julio Le Parc comemora 55 anos de sucesso neste ano. Um dos pioneiros da arte cinética, Le Parc ganhou uma retrospectiva no Pérez Art Museum, em Miami. A mostra reuniu mais de cem obras, incluindo instalações em grande escala e objetos de luz. Mestre na ilusão de óptica, feixes de luz e movimentos luminosos, o artista continua a instigar os espectadores para entrar em seu universo de truques visuais. BRILIA

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WHAT`S UP |

SENSORIAL Em cartaz no Institute D’Art Contemporain, em Villeurbanne, RhoneAlpes, a mais recente exposição de Ann Veronica Janssens apresenta uma nova série de instalações de luz. Ao explorar a relação do corpo com o espaço, a famosa artista inglesa pretende provocar a percepção do público através de uma conexão física com a luz, o espaço e a mente. Simples assim!

POP

UP

A instalação pública temporária ‘Me conta um segredo?’ é mais uma da série de

intervenções urbanas realizadas pelo arquiteto Guto Requena. Apresentada no bairro do Bom Retiro, na capital paulista, a ação apresentou móveis que se transformavam em esculturas de luz que vibravam e mudavam de cor conforme o volume de som da instalação. As luminárias de LED, dentro do mobiliário, ampliavam a experiência da obra focada na emoção, memória e tecnologia digital no design. Uma boa ideia que poderia ser aplicada em diversas cidades brasileiras.

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WHAT`S UP |

DISCO DANCE Destacada por sua iluminação no livro Eat Shop Drink, da editora Taschen, a danceteria Nébula – na cidade de Badajoz, Espanha – tem um sistema de luz inteligente que acompanha a batida da música com uma névoa de cor para animar todos os espaços do night club, criando cenas luminosas que vão além da pista de dança. O projeto luminotécnico é da dupla espanhola do escritório 2G: os irmãos Miguel Angel Gonzalez e Juan Manuel Gonzalez.

ECO RESORT Erguido na floresta da ilha de Hokkaido, na região norte do Japão, o hotel Chedi Tomakomai – desenhado por Tadao Ando – preserva 96% da mata que circunda sua construção. Para seguir a conceito ecofriendly, toda a iluminação foi planejada com tecnologia LED. Segundo a rede de hotéis de luxo GHM, a proposta do resort é unir elegância com o máximo de simplicidade.

MEGAMENTE Depois de marcar a festa de abertura de Aarhus (Dinamarca) como a Capital da Cultura da Europa 2017 no começo do ano, a arte de Jenny Holzer pode ser vista de maio a setembro no centro cultural MAC, em Birmingham, Reino Unido. As projeções luminosas de palavras e frases, sobre as mais diversas superfícies, fazem parte do movimento neoconceitual: conceito must have da cena artsy contemporânea.

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CASE | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO

HOT SPOT Com LEDs da Brilia, o hotel Yoo2 Rio de Janeiro ganhou leveza na iluminação planejada pelo duo Eduardo Becker e Kati Carbonell

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A iluminação LED da Brilia empresta suavidade ao corredor e às suítes do hotel

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CASE |

Inaugurado no ano passado e com a assi-

Com tanta modernidade envolvida na cria-

natura de uma estrela do design internacio-

ção do novo hotel, a Brilia não poderia estar

nal - o francês Philippe Starck -, o hotel Yoo2

de fora. A empresa foi contratada para forne-

Rio de Janeiro começa a atrair olhares. Não

cer toda a iluminação LED do hotel e convidou

só pelo seu design de interiores com peças

o escritório gaúcho Atelier de Iluminação - dos

selecionadas pelo escritório Yoo Studio - do

arquitetos Eduardo Becker e Kati Carbonell -

inglês John Hitchcox, sócio de Starck - que

para desenvolver um projeto luminotécnico

além do acervo desenhado pelo mestre fran-

exclusivo. “Ficamos honrados com o convite

cês, inclui a expertise de alguns brasileiros.

do Vinicius Marchini e do Leandro Neves (fun-

No mobiliário, peças do designer Fernando

dadores da Brilia), trocamos ideias para encon-

Jaeger. No lighting design, projeto dos ar-

trar as soluções mais eficientes, calculamos e

quitetos Eduardo Becker e Kati Carbonell.

simulamos os ambientes e o detalhamento de

Na gastronomia, cardápio do chef Marcelo

tudo o que seria instalado. Por fim, apresenta-

Schambeck. No uniforme do staff, o traço do

mos um projeto bastante equilibrado de ilumi-

estilista André Namitala.

nação e beleza”, afirmam os arquitetos.

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CASE | 1. Quarto 2. Banheiro social 3. Lounge 4. Bar

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Sob a supervisão do grupo Yoo, a dupla de

portfólio da Brilia é imbatível”, destaca Kati Car-

profissionais teve total liberdade para encontrar

bonell. O projeto foi “quase” 100% LED. “Algu-

as melhores soluções e buscar alternativas de

mas poucas peças decorativas solicitadas não

concepção para o projeto luminotécnico. “A ilu-

eram adequadas com a nova tecnologia e op-

minação acompanha o despojamento e a leve-

tamos por algumas lâmpadas de filamento de

za da ambientação dos interiores do hotel, que

carbono nesse caso”, revela Kati. Com exceção

foi planejada para evocar o espírito carioca de

dessas luminárias, todos os espaços do Yoo2

ser, em especial o clima de descontração do Rio

Rio de Janeiro são iluminados por LEDs: halls,

de Janeiro”, afirma Eduardo Becker. A grande

terraço, corredores, quartos, depósitos e gara-

inovação na iluminação, segundo os arquitetos,

gens. A uniformidade da iluminação em todas as

foi a quebra do paradigma no uso do LED. “Ha-

instalações trouxe equilíbrio ao projeto. “Mesmo

via pedidos para o uso de lâmpadas halógenas,

que haja diferença na cor ou função de cada

mas conseguimos provar que os LEDs eram

espaço, tivemos a preocupação de manter uma

mais eficientes, econômicos e que se igualavam

unidade em todo hotel. Esta percepção não po-

em efeito com as halógenas. Neste aspecto, o

dia ser perdida”, pontua Eduardo Becker.

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CASE |

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TECNOLOGIA LED A dupla de arquitetos Eduardo Becker e Kati Carbonell utilizou todas as linhas do portfólio da Brilia para o projeto luminotécnico do hotel Yoo2 Rio de Janeiro: Smart, Intelligent e Expert. “Usamos fitas em vários locais e de potências diversas, desde pequenos nichos, passando por sancas e móveis. As dicroicas GU10, pelo pequeno porte, possibilitaram destacar pequenas partes do projeto e quando usadas com facho adequado, permitiam abranger áreas maiores. Lâmpadas bulbo filamento foram utilizadas em abajures e pendentes e também bipinos de LED, down lights, tub Como os quartos costumam ser a cereja

LEDs”, descrevem os arquitetos.

do bolo em todo hotel, os aposentos foram

Para Eduardo e Kati, o efeito luminoso pla-

planejados com uma iluminação diferencia-

nejado para o hotel foi alcançado com o uso

da. “Os quartos exigiam uma leveza e con-

da tecnologia LED da Brilia. “Tudo o que idea-

forto visual. Depois de um dia curtindo a vida

lizamos em iluminação foi atingido e isso nos

carioca, o descanso dos hóspedes é funda-

emociona. Sentimos a felicidade de todas as

mental. Portanto, os quartos mereceram uma

pessoas envolvidas no projeto durante a obra

atenção especial. O projeto luminotécnico

e o rosto de satisfação de nossos clientes”, afir-

criou espaços livres de ofuscamento, contro-

mam Eduardo e Kati.

le de intensidade e simplicidade no manejo do equipamento, fizemos o possível a fim de garantir o aconchego para as horas de desServiço Eduardo Becker e Kati Carbonell/Atelier de Iluminação www.eduardobecker.com.br

canso. Felizmente atingimos esse objetivo”, destaca Kati Carbonell.

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PERFIL |

POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: MILOVAN KNEZEVIC

BRAVO!

Inovador por natureza, o designer Karim Rashid prefere trazer novas ideias ao mundo. Para ele, o design deve ser democrático. E a tecnologia libertadora para estarmos mais conectados e sermos mais humanos

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PERFIL |

Se Pedro Almodóvar fosse designer ele seria como Karim Rashid. O mesmo colorido, bom humor e irreverência na arte do diretor de cinema espanhol estampam o trabalho do designer egípcio, radicado nos Estados Unidos, que faz sucesso desde os anos 2000. Seu design está relacionado à cultura do século 21. As formas fluidas e orgânicas que marcam o seu estilo também lembram a arquitetura da iraquiana Zaha Hadid. Mas as comparações ficam por aí. Karim Rashid é único! Nestes mais de quinze anos já criou mais de 3000 objetos de design e acumulou mais de 300 prêmios em sua curta e meteórica trajetória profissional. Talvez seja o designer mais midiático de sua geração. Nesse pouco tempo tornou-se colaborador de algumas das principais indústrias do design italiano, além de emprestar sua inventividade para empresas de tecnologia, como Samsung e Asus; moda (Kenzo e Hugo Boss); marcas de luxo (Christofle e Veuve Clicquot) e gigantes corporativos, como Citibank, Audi, Deutsche Bank e Sony Ericsson, entre outros. No universo da iluminação, desenvolveu quase 60 peças que se tornaram ícones para empresas famosas como Artemide, Foscarini e Fontana Arte, só para citar algumas.

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À esquerda, Karim Rashid fotografado sob a luminária Nafir. Abaixo, os interiores do Majik Café em Belgadro (Sérvia), criação do designer com suas regras de estilo: colorido intenso, iluminação LED e formas fluidas


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PERFIL |

Como designer industrial, Rashid se desdobra na criação de objetos para diversos segmentos. Faz mobiliário, objetos, utilitários, interiores, embalagens, luminárias, cenografia para eventos, moda, design gráfico, instalações e artes visuais. Com tanta expertise acumulada, o designer ainda encontra tempo para apresentar palestras em Universidades e Conferências. Nelas, procura levar a ideia da importância do design na vida cotidiana. “No começo da minha carreira, pensei que o maior elogio que eu poderia conquistar era ter minhas peças na coleção permanente de design em um museu. Com o tempo, entendi que muito mais do que isso, o importante é ver na casa das pessoas produtos que eu desenhei”, afirma. Nesse sentido, Rashid acredita no design democrático para alcançar o maior número possível de pessoas. A partir desse princípio, elegeu o polímero como matéria-prima por sua acessibilidade. “Além de ser um material resistente e higiênico, procurei criar peças funcionais com os polímeros que pudessem ser adquiridas por todas as classes sociais e pessoas de diferentes culturas”, afirma. Para Rashid, a estética vem em segundo plano. “Toda peça de design tem que ter alguma beleza, mas não pode ficar só nisso. As pessoas ficam céticas quando só existe a beleza num produto. É como uma mulher linda, onde o clichê logo estabelece que ela não é inteligente. Por isso, a beleza no design tem que estar sincronizada com a funcionalidade”, destaca o designer. 1

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PERFIL |

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1. Karim Rashid vestido com roupas e acessórios desenhados por ele 2. Spa do hotel Nhow em Berlim 3. Kinx Lamp desenhada para a Fontana Arte

5. O pendente Nafir da italiana Axo Light

4. De Rashid para a Artemide, a luminária Cadmo

6. A luminária Cyborg da Martinelli Luce

De acordo com ele, o pluralismo em seu trabalho é uma caracterís-

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tica que traz de sua personalidade. “Na Universidade ficava em dúvida se faria moda, arte ou arquitetura, mas sempre amei pluralistas como Le

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Corbusier. Eu conheço muitos designers que são famosos por uma coisa e que dizem ‘eu adoraria desenhar uma cadeira’. Então eu digo: ‘faça uma cadeira, você não precisa de um cliente para fazer uma cadeira’. Sou muito confiante sobre o que faço”. Outra boa surpresa sobre Karim Rashid: ele prefere falar da tecnologia em vez do design do século 21. Ao contrário dos que pensam que a tecnologia irá desumanizar as pessoas nesses novos tempos, Rashid acredita que a nova geração será mais humana do que nunca. “Com a internet e a tecnologia nós nunca fomos tão conscientes uns dos outros. Estamos nos aproximando cada vez mais como seres humanos. Estamos nos movendo para o etéreo, damos valor ao tempo livre e também queremos ter menos coisas, viajar sem bagagem. Quanto mais imateriais, mais a terra poderá existir. Com todas essas tecnologias, estamos encontrando uma maneira para o mundo evoluir, progredir e continuar a existir”, filosofa. Esperamos que seja assim, não é mesmo?

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EMAIL | POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • F OTOS: FIONA SUSANTO E JACKIE CHAN

B I O D E S I G N

A natureza e a tecnologia permeiam a criação de luminárias do designer australiano Alex Fitzpatrick. Ao conversamos com ele, descobrimos que a vida é o mais importante no seu processo de criação. De um lado, a simplicidade orgânica da natureza. Do outro, a evolução da tecnologia. Ao usar essas duas vertentes no seu design, ele acomoda o melhor de dois mundos. Com pouco mais de oito anos de atuação no mercado, Alex Fitzpatrick é habilidoso na criação de suas peças. O toque poético em seu design lhe rendeu elogios na sua terra natal e se expandiu, nos últimos anos, ao circuito internacional. Do seu escritório em Sydney, o ADesign Studio, ele nos concedeu uma entrevista exclusiva. Aqui, os principais trechos de nossa conversa.

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EMAIL |

À esquerda, Fitzpatrick admira a luminária Eon. Acima, o estande do designer no Salão Internacional do Móvel de Milão no ano passado

Brilia Insight: Qual é o diferencial do design pro-

duzido na Austrália? Alex Fitzpatrick: Há uma história por trás do de-

sign australiano, mas sua produção ainda é muito recente no cenário internacional. A Austrália incentiva o design como uma ferramenta para se criar uma identidade e é ótimo ver a indústria crescer e evoluir apoiada na ideia de se ter um design autoral. Posso dizer que há

Brilia Insight: Você é australiano e estudou De-

um grupo talentoso de designers australianos

sign na Universidade de Alberta no Canadá.

que estão na busca de fazer o melhor.

O que aprendeu por lá? Alex Fitzpatrick: Minha educação foi muito prática

Brilia Insight: Como é o ambiente de design na

na Universidade de Alberta. O curso de design

Austrália?

era focado no conceito, sistema e ideia, mas

Alex Fitzpatrick: A legislação tem feito um tra-

tínhamos acesso a uma oficina de madeira e

balho importante para o design. O respeito à

metal para colocar em prática nossos projetos.

propriedade intelectual dos produtos cresceu

Depois da graduação ainda fiquei por um ano

entre os designers, fabricantes e distribuido-

no Canadá, mas decidi retornar para a Austrá-

res. Agora estamos vivendo um momento de

lia para viver novamente perto do mar e fazer

educar o consumidor. Precisamos apoiar os

uma carreira em meu país. Na época, havia o

designers talentosos locais e convencer o pú-

apoio da indústria australiana para a contrata-

blico a procurar produtos desenhados e fabri-

ção de jovens designers.

cados na Austrália.

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Brilia Insight: Como surgiu o seu interesse por iluminação? Alex Fitzpatrick: Foi logo depois de finalizar meus estudos. Nesse período, trabalhei

para um grande distribuidor canadense de luminárias. Foi meu primeiro contato com esse universo e me apaixonei pelo design de iluminação contemporânea e clássica, ao mesmo tempo que fui confrontado pela ciência desconhecida por trás da luz e dos materiais específicos que são necessários para a criação desse tipo de produto. Isto acendeu uma paixão e uma movimentação para que eu pudesse compreender melhor esse universo, o que me levou a trabalhar com alguns dos principais lighting designers australianos. Brilia Insight: Seu trabalho é marcado pela aplicação do que é mais inovador em tec-

nologia. Isso requer mais engenhosidade ou mais criatividade? Alex Fitzpatrick: Esta é uma pergunta difícil. O uso do LED, por exemplo, permite que os

designers trabalhem de maneira mais inovadora, expandindo as possibilidades de criatividade e engenhosidade pela flexibilidade que essa nova tecnologia permite.

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Brilia Insight: Quais são os materiais mais frequentes em suas criações? Alex Fitzpatrick: Gosto de explorar materiais diferentes e intrigantes. Atualmente des-

cubro novidades com a colaboração de mestres artesãos com quem trabalho. Essas relações são extremamente importantes e permitem experimentar novos usos para velhos materiais e também a descoberta de outros que até então eram desconhecidos para mim. Tenho trabalhado com técnicas tradicionais de vidro soprado, ardósia 01. Instalação de Alex Fitzpatrick na edição de 2015 do iSalone em Milão 02. A luminária modular Light Garden

e metal torneado. São matérias-primas naturais que utilizo em processos de fabricação com impressão 3D. Brilia Insight: Como você trabalha a inserção da luz em seus projetos? Alex Fitzpatrick: Para mim é como a luz reage ao material e como ela se relaciona com

03. Detalhe de espaço corporativo na Austrália iluminado por uma estrutura formada pela luminária Light Garden

o conceito que desenvolvi. Na luminária Eon, por exemplo, experimentamos o vidro e observávamos os efeitos alcançados em diferentes temperaturas de calor e também como as fontes de luz se refletiam sobre a superfície do vidro.

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O USO DO LED PERMITE QUE OS DESIGNERS TRABALHEM DE MANEIRA MAIS INOVADORA” Alex Fitzpatrick

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Brilia Insight: Como foi desenvolvida a luminária Light Garden? Alex Fitzpatrick: A Light Garden permitiu a experimentação de

uma ampla gama de materiais. Fizemos instalações em madeira, resina, latão, cobre, espelho e ardósia. A versão em ardósia foi lançada no Salão do Design de Milão. Eu amo a textura da ardósia, adoro o efeito etéreo da luz sobre ela, a forma como a luz projeta uma sombra delicada em sua superfície. Brilia Insight: Seu trabalho tem alguma assinatura particular na

criação de luminárias? Alex Fitzpatrick: Eu gosto de começar um projeto com um sistema

que utiliza uma fonte de luz discreta escondida. Além disso, procuro um conceito que seja marcante para unir forma e função. Acho que essa é minha assinatura. Brilia Insight: Que tipo de luz ativa sua inspiração? A luz da cida-

de ou da natureza? Alex Fitzpatrick: Sou profundamente inspirado pela natureza, mas

o ambiente social também é importante no meu processo de criação. Na Light Garden foi a natureza. Nela, o LED cria uma iluminação familiar como a do sol através dos ramos e folhas de uma árvore. Sua estrutura modular é semelhante a um jardim iluminado, como um ambiente de luz fluindo através da floresta. Brilia Insight: O LED é sua tecnologia favorita na atualidade? Alex Fitzpatrick: Sim, no momento só uso a tecnologia LED para

iluminação. É mais eficiente e eu adoro a diversidade de tamanhos e cores das lâmpadas disponíveis dessa tecnologia. É um material que permite experimentar e brincar com a luz. Acredito que nunca, antes do LED, os designers se divertiram tanto no trabalho. Brilia Insight: Como você imagina os próximos dez anos? Alex Fitzpatrick: É difícil imaginar os próximos dez anos, mas é

um bom exercício. Penso que a tecnologia irá evoluir e com ela as possibilidades do design. O LED será mais eficiente, a O efeito dramático no ambiente pela iluminação produzida pela luminária Eon. A criação do designer Alex Fitzpatrick tem cúpula de vidro e lâmpada de LED

transferência de informações poderá ser feita através da luz e do wi-fi e a iluminação poderá fluir para superfícies livres. Será um momento emocionante.

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TALK | POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: JULIA RIBEIRO

POLIVALENTES BRILIA

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Parceiros na Plantar Ideias, os arquitetos Felipe Nogueira Stracci e Luciana Pitombo formam uma dupla das mais sintonizadas no circuito contemporâneo de jovens criadores em São Paulo. No escritório, o casal une Paisagismo e Iluminação em projetos inovadores que se apoiam na Natureza, Tecnologia e Imaginação. De um lado, Felipe cuida do paisagismo. Do outro, Luciana se debruça sobre a gestão de projetos e inteligência de Mercado. “A natureza é nossa inspiração, seu design tem milhares de anos e devemos aprender e respeitar este conhecimento, mas também olhamos para as artes plásticas e a filosofia”, afirma Luciana. Para eles, a principal característica dos projetos desenvolvidos pela dupla é a simplicidade. “Acreditamos que para algo ser prático e elegante não precisa ser complexo ou caro”, diz Felipe.

O LED POSSIBILITOU A ENTRADA DE CONCEITOS MAIS LÚDICOS E DINÂMICOS AOS PROJETOS” Luciana Pitombo

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INSPIRAÇÃO Brilia Insight: Botânica, Luz e Design. Esse é o conceito do trabalho profissional de

vocês. Como se faz a interação dessas disciplinas? Luciana Pitombo: Entendemos que os ambientes externos, independentemente da es-

cala, têm essas disciplinas muito bem definidas em sua essência. A botânica faz uma interação natural com a fauna local; a luz localiza e define o espaço para o qual será utilizado; e no design, o material, as formas e os meios para interagir. Nosso trabalho é conectar, de maneira equalizada, estas disciplinas. Brilia Insight: Há uma preferência por uma dessas disciplinas em especial? Felipe Stracci: Iniciamos nosso trabalho com o paisagismo e urbanismo e depois par-

timos para a iluminação e em seguida para o design. Hoje percebemos que estes elementos sempre estiveram presentes em nosso trabalho, mas agora temos maior consciência desta conexão.

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Projeto de paisagismo e iluminação desenvolvido pela dupla Felipe Nogueira Stracci e Luciana Pitombo


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EXPERIÊNCIA Brilia Insight: Há quantos anos vocês trabalham com projetos de luminotécnica? Felipe Stracci: Durante quatro anos desenvolvi projetos de iluminação para áreas ex-

ternas no escritório de paisagismo do Benedito Abbud. Na Plantar Ideias atendemos as áreas residenciais, comerciais e corporativas e nosso horizonte se ampliou com a Automação, disciplina que foi absorvida recentemente em nosso escritório. Brilia Insight: O nome Plantar Ideias certamente faz uma referência aos projetos de

paisagismo. Que cuidados especiais devem ser levados em consideração na hora de planejar a iluminação de jardins e espaços ao ar livre? Felipe Stracci: Potencializar as qualidades e interações da vegetação e paisagem com

os usuários é nossa linha mestra. Consideramos que uma boa iluminação, assim como um bom jardim, deve ser planejada naturalmente a fim de promover bem-estar às pessoas e proporcionar o pleno uso do espaço.

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ACREDITAMOS NO PODER DA NATUREZA SOBRE AS PESSOAS E BUSCAMOS, COM UM OLHAR ESTÉTICO, ESTABELECER UMA CONEXÃO ENTRE PAISAGISMO, ILUMINAÇÃO E DESIGN” Felipe Nogueira Stracci

Brilia Insight: Para o projeto do Bosque da Lei-

tura no Parque do Ibirapuera vocês utilizaram LEDs. Como foi essa experiência? Felipe Stracci: O objetivo do projeto foi revita-

lizar o Bosque da Leitura já existente no parque. Projetamos uma iluminação mais lúdica e funcional, para o interior e exterior da casa. No interior utilizamos as tesouras de madeira do telhado como suporte para as fontes luminosas, que foram instaladas de maneira que não fossem visualizadas pelos usuários, deixando somente o facho de luz visível. Na parte externa utilizamos o mesmo conceito de iluminação em todo o beiral do telhado, ‘lavando’ as quatro fachadas da casa de maneiBrilia Insight: Como o design de produtos foi in-

ra uniforme e elegante.

serido no trabalho de vocês? Luciana Pitombo: Com o crescimento da deman-

Brilia Insight: Qual é a importância do LED no

da por produtos diferenciados e com custo

trabalho de vocês?

acessível, percebemos um espaço que não

Felipe Stracci: A tecnologia LED mudou a manei-

estava sendo atendido e valorizado pelo mer-

ra de propor a iluminação. Com equipamen-

cado. Em parceria com algumas indústrias do

tos mais compactos, eficientes e com maior

setor de construção e iluminação, iniciamos

controle luminoso de cores e fachos de luz, o

nossa produção de design autoral para áreas

LED possibilitou a entrada de conceitos mais

externas. Desenvolvemos uma linha de mo-

lúdicos e dinâmicos aos projetos. Quando a

biliário em concreto e aço inox para jardins e

Plantar Ideias iniciou suas atividades, o LED

áreas verdes de diversas escalas.

já estava no mercado, mas os clientes ainda tinham muitas dúvidas e receios em relação

Botânica, luz e design: conceitos que se completam em todos os projetos assinados por Stracci e Pitombo

Brilia Insight: Quais são os desafios na criação

ao custo dos equipamentos e sistemas de

do design de luminárias?

infraestrutura. Com o encarecimento da ener-

Luciana Pitombo: Estamos desenvolvendo uma

gia elétrica e a preocupação crescente com

linha de luminárias para áreas externas. O de-

a sustentabilidade, o LED proporcionou um

safio é conciliar resistência e estética e conse-

ganho significativo para os clientes, se conso-

guir criar uma linguagem mais moderna e que

lidando como a primeira e melhor opção para

reflita as necessidades do futuro.

a iluminação em geral.

BRILIA

INSIGHT

+ MARÇO

2017


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032

SPOT |

BLACK IS BEAUTIFUL Assinada pela designer dinamarquesa Cecilie Manz, o pendente Caravaggio é um clássico contemporâneo. Sua cúpula de máscara metálica e suspensão cromada ganha arremate final com seu cabo de fio têxtil: elemento que se integra perfeitamente ao design. No Brasil, é comercializado pela Atec Original Design. www.atec.com.br

QUASE MODA, CRIAÇÕES QUE PARECEM TER SIDO INVENTADAS NUM ATELIÊ DE COSTURA. FIOS, TECIDOS E MOLDES EMPRESTAM ESTILO ÀS LUMINÁRIAS WISH Com efeito ondulado e tridimensional, a luminária F13 Kwark produzida pela indústria italiana Fabbian é assinada pelo designer Karim Rashid. Com layout modular e painel traseiro que reflete a luz LED, a peça tem estrutura de alumínio fundido nas cores natural, branco ou preto e é objeto do desejo entre os aficionados em moda e design. www.fabbian.com

BRILIA

INSIGHT

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2017


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SPOT |

FLEX Adaptável para qualquer tipo de uso e forma, a luminária Fauna – criada pelo designer Lapo Germasi – ganha flexibilidade por sua estrutura em cobre e arame. Nas cores preto, verde e vermelho, a peça é uma exclusividade da Manifattura Italiana Design. www.designmid.it

COUTURE Com passagem pela escola Central Saint Martins (berço de famosos estilistas contemporâneos), a arquiteta espanhola Marta Bordes é a autora da coleção Elastic Lights produzida com cerâmicas. Os cordões elásticos que ligam a cúpula e a base das luminárias lembram os pespontos manuais que as agulhas fazem no tecido. Uma inovação que empresta um tenso movimento de articulação na divertida peça. www.marta-bordes.com

CUBO MÁGICO Com estampas coloridas abstratas, a coleção Uniqcube foi desenvolvida por Anna e Atis Sedleniece. Ela, artista. Ele, arquiteto. Em forma de cubo, a luminária é produzida artesanalmente no estúdio dos irmãos em Riga, na Letônia. Descoberta pela revista digital Designboom, a peça pode ser encomendada pelo site da dupla. www.uniqcube.com

BRILIA

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SPOT |

FASHION Desenhado por Glória Coelho para a Bertolucci, o abajur Fractus tem cúpula em cetim e estrutura de alumínio. Na cor off-white, o tecido que veste a luminária tem caimento que lembra a feminilidade moderna das coleções da estilista brasileira. www.bertolucci.com.br

SENSE Em casa ou no trabalho, a tecnologia Sense – da linha Expert da Brilia – se ajusta automaticamente à vida do usuário. Seus sensores especiais de movimento e luminosidade permitem um ajuste inteligente e responsivo de temperatura de cor e intensidade luminosa para que se tenha a luz ideal para cada momento: luz neutra ou fria para concentração e trabalho, luz quente para relaxar ou luz noturna para lhe mostrar o caminho. Além de conforto e bem-estar, garante economia de energia em relação aos LEDs convencionais através de dimerização automática.

MOVIMENTO

Seu controle pode ser feito

Da Fritz Hansen, a Suspence Nomad desafia

através do app Brilia Sense ou por

o convencional ao permitir o seu uso em qualquer

comando de voz via Amazon Echo e

parte da casa ou escritório. Desenvolvida pelo

IFTTT, escolhendo e criando cenários

estúdio GamFratesi e com uma haste de silicone

e rotinas de forma fácil e intuitiva.

na parte superior, a luminária é facilmente

A tecnologia Brilia Sense também

transportada de um lugar para outro. Feita de

possui funções de segurança incluindo

polietileno, emite luz suave e difusa. Um acessório

alertas de movimento enviados a

coringa que sempre faz a diferença!

seu smartphone (iOS e Android) e

www.fritzhansen.com

acionamento automático das luzes de qualquer ambiente como se você estivesse em casa quando não está. www.brilia.com

BRILIA

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2017


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SPOT |

NEWS 1

Design, inovação e traços que aliam

2

simplicidade à tecnologia são as principais características dos lançamentos da Brilia para 2017. Os novos modelos, que 4

compõem as linhas Smart e Intelligent, completam o portfólio que agora oferece a solução completa de iluminação com lâmpadas e luminárias LED. Entre os lançamentos. 1. Luminárias de embutir orientáveis para lâmpadas LED, 2. Luminárias LED Downlight Quadradas, 3. Luminárias Slim LED, 4. Lâmpada

3

Vela Dimerizável são os destaques pela inovação. A primeira é compatível com as lâmpadas MR11, MR16, PAR20, PAR30, AR70

MEMPHIS

e AR111; a segunda garante efeito luminoso

A homenagem ao estilo Memphis - movimento

de destaque com facho orientável nos

de design criado pelo italiano Ettore Sottsass

formatos MR11 3W, MR16 4,5W, PAR20 7W

nos anos 1980 - está presente na coleção

e PAR30 12W, disponíveis em temperatura

de luminárias Craft System desenvolvida por

de cor quente (2700K) e fria (6500K), a

François Chambard para a UM Project.

terceira é fácil de instalar em superfícies de

A capacidade do designer em criar artefatos

alvenaria com o uso de grampos metálicos.

únicos e de combinações incomuns dessa

Por fim, a Vela - agora com função

vez é focada na iluminação. Feitas com

dimerizável - conta com design sóbrio e

lâmpadas LED, as luminárias unem tecnologia

efeito luminoso diferenciado que dá um

e elementos naturais. Uma releitura do viés

toque especial em qualquer ambiente.

divertido dos anos 80.

www.brilia.com

www.umproject.com

BRILIA

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BRILIA

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ART | POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO

INSIGHT

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ART |

Único no mundo ao criar instalações monumentais com a luz, Bruce Munro usa a imaginação para tocar os sentimentos do público com sua arte

BRILIA

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ART |

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ART |

3

Perto de completar 58 anos em junho próximo, o artista britânico Bruce Munro certamente é o mais brilhante artista de sua geração. Não só pela sensibilidade e imaginação de sua arte, mas pela dimensão extraordinária de suas instalações luminosas. Uma de suas obras mais emblemáticas percorre o mundo desde 2004. Chamada de Campo de Luz, sua apresentação mais recente foi no deserto de Uluru, na Austrália, uma região considerada

4

sagrada pelos aborígenes. Nela, 50 mil lâmpadas suspensas por hastes formam um jar-

do e choram. Isso é arte que você sente, ao

dim iluminado em terras arenosas, como cores

invés de arte que você vê”, comenta o artista.

que mudam constantemente desde o ama-

Para “plantar” as 50 mil hastes de luz foram

nhecer até a escuridão da noite. As lâmpadas

necessárias seis semanas e o trabalho manual

são alimentadas por energia solar e apesar de

de 40 colaboradores. Ao levar sua arte para

oferecer uma vista magnífica a partir de um

a Austrália, Munro realizou um sonho da sua

ponto de observação distante, a instalação

juventude. “Estive na Austrália há 24 anos e

foi planejada para ser vista no nível do solo.

quando conheci o deserto de Uluru, essa ex-

“Os visitantes são incentivados a fazer o seu

periência mudou minha vida e anotei a ideia

próprio caminho através das luzes. Algumas

da instalação de luz no meu bloco de anota-

pessoas andam sozinhas pelo campo ilumina-

ções”, lembra o artista.

BRILIA

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2017

Na página de abertura, a instalação Campo de Luz (Field of Light) no deserto de Uluru, na Austrália 1. Detalhe da obra Campo de Luz 2. Na instalação Campo de Luz, o público é convidado a caminhar pela alameda de luzes

3. Esferas da obra monumental Garden Lighting em Longwood Garden, na Filadélfia, Estados Unidos 4. SOS Waddesdon Manor, instalação nos jardins do palácio construído pela família Rothschild em Buckinghamshire, no Reino Unido


|

040

ART |

De volta à Inglaterra, Munro passou a se

sua arte para os Estados Unidos, com instala-

dedicar à pintura, mas acabou por se estabe-

ções em parques públicos e jardins na Filadél-

lecer como artista ao usar a luz como meio de

fia, Nashville e Columbus. O artista estabelece

expressão. “O esboço do Campo de Luz ficou

uma relação respeitosa com o céu e a terra

guardado até a morte do meu pai. E pensei, a

onde suas instalações são exibidas. “Costumo

vida é curta, preciso criar algo e fiz a instalação.”

atenuar a intensidade do brilho das luzes. Não

O ano era 2004 e o primeiro local que serviu

posso aumentar o nível da luz para não brigar

de base para a instalação foi uma área livre

com as estrelas e a lua”. Além do espaço físico,

em Wiltshire, condado no sudoeste do Reino

o artista busca inspiração na música, literatu-

Unido, onde vive com a mulher, Serena, e seus

ra e na ciência e registra todas as suas ideias

quatro filhos, Camilla, Florence, Isabel e Tho-

e imagens em sketchbooks. “O denominador

mas. Sempre focado em espaços ao ar livre,

comum em todas as disciplinas é que elas nos

Munro exibiu trabalhos na Cornualha (2008) e

informam sobre o mundo e nós mesmos. Eu

no Bath Holburne Museum (2011) antes de levar

sempre acreditei que tudo está indissociavel-

BRILIA

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ART |

Foto: Mark Pickthall

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BIO Com altos e baixos em sua carreira, Bruce Munro só ganhou notoriedade nos últimos 15 anos. Mas desde a infância já demonstrava habilidade para artes visuais. No fim dos anos 1970 completou o curso em Arte e Design na Faculdade Braintree e iniciou seus estudos em História da Arte na Escola Politécnica de Belas Artes em Bristol. Na década seguinte consegue um trabalho na Medici Gallery, em Londres, especializada em gravuras e posters. Em 1984, viaja para a Austrália por um período de seis meses. Em 1992, idealiza o conceito de sua obra mais famosa, Campo de Luz, no deserto de Uluru. Três anos depois faz sua primeira exposição in-

A LUZ É COMO A MAIORIA DAS COISAS NA VIDA, QUANTO MAIS VOCÊ SABE, MENOS VOCÊ SABE”

dividual na Black Swan Gallery. Em 1996, Munro é contratado pela Osram como consultor artístico para sistemas de iluminação doméstica. Na

Bruce Munro

década de 2000, concebe a luminária Sputnik, o lustre Snowball e se estabelece como lighting designer em Londres. Em 2004 participa da exposição ‘Brilhante’ no Victoria & Albert Museum e faz a primeira exibição da instalação Campo de Luz na montanha Long Knoll, em Wiltshire.

mente ligado. A minha intenção é sempre fazer

Em 2010, cria a instalação CDSea e participa

um tipo de arte que seja relevante para o es-

da exposição coletiva ‘Contemplando o vazio’

paço que ocupa e tocar, de forma especial, a

no Guggenheim Museum, em Nova York. No

sensibilidade das pessoas”, afirma o artista. No

mesmo ano, desenvolve um candelabro, sob

começo do ano, Munro apresentou sua mais

medida, para a Royal Society, em Londres. Nos

recente exposição ‘Light at the Arboretum’, no

últimos anos, sua projeção como artista ganha

Minnesota Landscape Arboretum e se prepara

visibilidade e é convidado para participar da

para exibir, entre junho e novembro próximos,

Bienal Kijkduin, em Haia (Holanda) e faz uma

recortes de suas obras ‘Water-Towers’, ‘Field of

série de exposições, patrocinadas pela Bentley

Light’ e ‘Blooms’ no Nicholas Conservatory and Gardens, em Rockford, Illinois. Nada mal para quem pensou em desistir, mais de uma vez, da vida de artista.

BRILIA

Motors, em Glasgow, York, Warwick e Londres.

Campo de Luz apresentada no Desert Botanical Garden, em Phoenix, Arizona (Estados Unidos)

INSIGHT

Faz individuais em Oslo, Nova York e Madri.

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2017


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PERFIL || CINEMA

POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • F OTOS: DIVULGAÇÃO GLOBO FILMES

a

As estreias do cinema nacional prometem um deleite visual com a colaboração de um time talentoso de diretores de fotografia

arte BRILIA

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2017


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À esquerda, cena do filme Encantados, com direção de fotografia de Antonio Luiz Mendes. Acima, take de A Paixão segundo João com iluminação criada por Paulo Vainer

043

CINEMA |

Entre os altos e baixos do cinema na-

direção de Leonardo Domingues (Simonal). E,

cional, 2017 pode ser considerado um ano

lógico, por trás de todo grande cineasta há um

de renascimento. As comédias cedem lugar

grande iluminador. O experiente diretor de fo-

(ufa!) a produções que merecem nossa aten-

tografia Gustavo Hadba nos brinda com dois

ção. Grandes diretores brasileiros estão de

trabalhos distintos ao lado de Cacá Diegues e

volta ao circuito: Cacá Diegues na superpro-

Flávio Tambellini. Outro que também se des-

dução ‘O Grande Circo Místico’, Ruy Guer-

dobra em duas produções é Pablo Baião, fa-

ra com ‘Quase Memória’ e Tizuka Yamasaki

zendo parceria com o consagrado Guerra e o

em ‘Encantados’. Fora esse trio de ouro, há

estreante Domingues. O consagrado Antonio

produções que levam a assinatura de Flávio

Luiz Mendes contribuiu com Tizuka Yamasa-

Tambellini (A Glória e a Graça), Paulo Morel-

ki, enquanto Adrian Teijido dividiu o set com

li (Malasartes e o Duelo com a Morte), Mauro

Paulo Morelli e, para finalizar, Paulo Vainer fez

Lima (A Paixão segundo João) e a estreia na

uma bela parceria com Mauro Lima.

BRILIA

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CINEMA |

1

O Grande Circo Místico e A Glória e a Graça

‘O Grande Circo Místico’. Com uma riqueza

Gustavo Hadba pode ser considerado uma es-

visual e nuances de cor e brilho em sua fo-

trela quando se fala em direção de fotografia

tografia, a película marca sua volta após dez

no cinema. Iniciou sua carreira na década de

anos afastado do cinema. E Gustavo Hadba

1990 como operador de câmera para logo em

certamente fez o melhor filme de sua carreira.

seguida se estabelecer como um dos profis-

De acordo com ele, cinema é um esforço de

sionais mais requisitados do cinema nacional.

equipe. “A direção de fotografia é um trabalho

Já trabalhou com Murilo Salles, Miguel Fala-

de imaginação junto com o diretor e a dire-

bella e a dupla Pedro Bial e Heitor D’Alicourt

ção de arte. A luz e a posição da câmera são

no documentário ‘Jorge Mautner – O filho do

importantes para se contar uma boa história.

holocausto’, filme que lhe rendeu o Prêmio de

Nesse trabalho não se deve ter preguiça para

Melhor Fotografia no Festival de Gramado em

experimentar. Só assim se pode descobrir os

2012. Ao todo, conta com 23 produções em

melhores ângulos”, afirma. Com Flávio Tambel-

sua filmografia, incluindo as duas mais recen-

lini, Hadba já havia feito ‘Malu de bicicleta’ em

tes. Em ‘O Grande Circo Místico’ retoma a par-

2010. Em ‘A Glória e a Graça’ a luz segue uma

ceria com Diegues, o diretor que lhe abriu as

linguagem naturalista. Segundo Tambellini, o

1 e 2. A Paixão segundo João

portas em 1994 para ser operador de câmera

filme apresenta um Rio que não é muito mos-

no filme ‘Veja esta canção’ e depois como di-

trado. “A ação se passa em Laranjeiras e Santa

3. O Grande Circo Místico

retor de fotografia em “Tieta do Agreste’ (1996),

Teresa, bairros que têm uma paisagem carioca

4. Simonal

Orfeu (1998) e ‘Deus é brasileiro’ (2003).

com bastante identidade.”

BRILIA

Diegues parece ter atingido o Olimpo em

INSIGHT

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2017


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CINEMA |

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Quase Memória e Simonal Ao trabalhar com o consagrado Ruy Guerra (expoente do Cinema Novo que dirigiu marcos da cinematografia brasileira como Os Cafajestes e Os Fuzis) e o estreante Leonardo Domingues, Pablo Baião se firma como um dos mais promissores diretores de fotografia da nova geração. Começou sua carreira em 2002 como assistente de fotografia de Fernando Meirelles em ‘Cidade de Deus’. Há dois anos levou para casa o prêmio de Melhor Fotogra2

fia do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com o filme ‘Para Minha Amada Morta’, do diretor Aly Muritiba, considerado um ‘thriller inquietante’ pela revista Variety. A iluminação de ‘Quase Memória’ – apresentado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado – é marcante. Entre cenas com filtros de luz azul e verde, a cena noturna que revela todas as cores de um balão xadrez é uma das passagens mais bonitas do filme. Baião reverencia sua experiência como assistente de fotografia para chegar ao momento atual de sua vivência profissional. “Fazer cinema, acima de tudo, é uma grande honra. Principalmente no Brasil, onde não temos uma escola.

3

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BRILIA

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CINEMA |

5

Aprendi fazendo cinema, onde pouca coisa

leiros, já trabalhou com Gustavo Dahl, Nélson

se cria e muita coisa se aperfeiçoa. Meu olhar

Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Walter Hugo

foi construído com o trabalho de assistência de

Khoury, Alberto Salvá, Norma Bengell, Sérgio

câmera, de carregar chassi, de pegar película

Rezende, Sylvio Back, Lucia Murat e Helvécio

na mão e fazendo tantos filmes que considero

Ratton, entre tantos outros cineastas. Com

importantes. Depois de tantos anos absorven-

‘Encantados’ prossegue sua trajetória de par-

do tudo isso estou muito feliz. É um privilégio”,

ceria com a nata do cinema nacional; dessa

diz emocionado. Por sorte e talento, Baião tam-

vez com Tizuka Yamasaki, famosa pelo filme

bém faz parte de um marco no cinema: o filme

Gaijin (1980). O filme foi inteiramente rodado

‘Simonal’, cinebiografia que resgata a memória

na Ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas, e

de um dos principais ícones da música brasilei-

faz um mergulho no universo místico do norte

ra, o cantor e compositor Wilson Simonal. Filme

do país. O processo de criação de Mendes é

de estreia na direção de Leonardo Domingues,

fundamentado na memória. “Meu trabalho está

montador do documentário ‘A Pessoa é para

muito ligado as minhas referências. Começa

o que Nasce’, de Roberto Berliner e do curta

com a leitura do roteiro, mas ao lado dele vou

de animação ‘O Jumento e a Cidade que se

buscando uma correspondência com outros fil-

Acabou antes de Começar’, de William Paiva.

mes que me vêm de forma aleatória. Essas memórias chegam e me tocam e a textura do filme

Encantados

começa a ficar clara, vem antes da construção

O diretor de fotografia Antonio Luiz Mendes

da luz. Mas quando chego no set acho que

está na ativa desde o final da década de 1970.

meu instinto aflora e surge algo inteiramente

Um dos mais experientes profissionais brasi-

novo”, revela o profissional.

BRILIA

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2017

5. O Grande Circo Místico 6. Malasartes e o Duelo com a Morte


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CINEMA |

6

Malasartes e o Duelo com a Morte

A Paixão segundo João

Famoso internacionalmente pelo seriado ‘Nar-

Carlos Martins, o diretor de fotografia Pau-

cos’, o diretor de fotografia Adrian Teijido – nas-

lo Vainer faz sua terceira incursão no cinema

cido em Buenos Aires e naturalizado brasilei-

após uma carreira vitoriosa na fotografia de

ro – faz parte da grandiosa equipe por trás do

Moda e Publicidade. Antes havia feito ‘Noel,

filme ‘Malasartes e o Duelo com a Morte’, do

O Poeta da Vila’, de Ricardo Van Steen; e ‘Eu

diretor Paulo Morelli, que promete ser um divi-

e meu guarda-chuva’, de Toni Vanzolini. Com

sor de águas no cinema nacional por agregar

mais anos de estrada, o diretor Mauro Lima

técnicas e pensar a pós-produção desde a ela-

também migrou da publicidade. Desde a dé-

boração do roteiro. O filme conta com especia-

cada de 1990 atua no cinema, mas conquistou

listas brasileiros que já passaram por estúdios

reconhecimento somente em 2007 quando di-

americanos em grandes produções, como ‘Har-

rigiu ‘Meu Nome não é Johnny’. Vainer anuncia

ry Potter’ e ‘Resident Evil’. Com essa bagagem

que ‘A Paixão segundo João’ foi sua primeira

internacional (antes de Narcos já havia traba-

experiência com filme digital. “Os outros filmes

lhado em produções da HBO, em Los Angeles),

que participei foram feitos em negativo 16mm

Teijido reconhece que o cinema feito lá fora

que era bem crítico em termos de iluminação e

tem a criação e a direção menos autorais. “É

exposição. O digital é muito mais livre e o que

um business que tem uma intenção, que tem

vemos no monitor no set é que está sendo im-

um departamento de marketing e os caras, de

primido. Esse é o lado tecnológico. Em termos

repente, acham que a luz não deve ser tão con-

de linguagem cinematográfica é bem tradicio-

trastada ou que deve ser mais colorida”, afirma.

nal, sem grandes inovações”.

BRILIA

No drama que narra a vida do maestro João

INSIGHT

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| P OR: LAURO LINS • FOTOS: KIM WENDT, PERFIL | CENOGRAFIA

SØREN MEISNER, COSTIN RADUN, BJARK ØRSTED E HENRIK STENBERG

CORPO DE BAILE Com coreografias marcantes, a iluminação dos espetáculos da Danish Dance Theatre acompanha o ritmo pulsante dos seus bailarinos

Considerada a principal companhia de

luz dos espetáculos da Danish Dance é o

dança contemporânea da Dinamarca, a Danish

designer de iluminação dinamarquês Jacob

Dance Theatre ganha cada vez mais projeção

Bjerrergaard. A crítica destaca seu trabalho

internacional pela grande quantidade de tur-

pela parceria afinada com o coreógrafo Tim

nês na Europa e Estados Unidos. Neste ano, a

Rushton. Segundo os críticos, a iluminação de

companhia prossegue suas viagens com cinco

Jacob evidencia as explosões violentas e os

espetáculos de seu repertório: Kridt, Firebird

movimentos suaves que se alternam no estilo

e Black Diamond com coreografias assinadas

das criações de Rushton. “Sua iluminação se

pelo seu atual diretor artístico, Tim Rushton;

alterna entre o silêncio antes da tempestade e

além da estreia dos balés Walt e Knots, dos

as explosões em momentos decisivos dos es-

coreógrafos Marcos Morau e Stephen Shrop-

petáculos, diluindo e expandindo as emoções

shire. Nos últimos anos, o responsável pela

que caracterizam as coreografias do Danish

BRILIA

INSIGHT

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À esquerda, cena do espetáculo Den Rode Ballon. À direita, flagrante do espetáculo Firebird

049

| PERFIL | CENOGRAFIA

Dance Theatre”, comenta o jornal britânico The

O movimento e a música são fundamentais

Guardian. Antes de se juntar a Rushton, Bjer-

para a criação da iluminação de cada espetá-

rergaard fez carreira como lighting designer

culo. “Quando estou no palco de ensaios com

das exposições de arte da National Gallery

os bailarinos observo os movimentos e, ao

da Dinamarca, dos concertos da Broadcast

mesmo tempo, ouço a música com atenção e

Radio e também por seu trabalho no teatro,

imagino a luz no espaço. Esses dois elementos

em especial, a peça Klumpfisken, onde rece-

são fundamentais para criar as transições da

beu o prêmio Best Small Theatre Performance

coreografia. Nunca tenho um projeto definido

em 2008. Desde 2010 migrou para a dança

antes de ver o que acontece no palco”, afir-

assinando a luz para aclamados coreógrafos,

ma o designer. Com as turnês da companhia,

como Kim Brandstrup, André Mesquita (portu-

Bjerrergaard procura adaptar o projeto original

guês) e Alessandro Sousa Pereira (brasileiro).

para diferentes teatros.

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CENOGRAFIA |

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051

CENOGRAFIA |

3

“A iluminação precisa funcionar em todo tipo de espaço, grandes ou pequenos. Além disso, os teatros têm luminárias diferentes e isso exige adaptações para cada local”, revela Bjerrergaard. Por trás do sucesso da Danish Dance Theater está o coreógrafo britânico

4

Tim Rushton, que estudou no Royal Ballet e se apresentou como bailarino em diversas companhias até meados dos anos 1990. Como

1. Cena do espetáculo Firebird

coreógrafo, Rushton ganhou notoriedade ao

2. Cena do espetáculo Vals at Takkelloftet

contemporânea. Sob sua liderança, a compa-

trazer a técnica do balé clássico para a dança nhia de dança dinamarquesa ganhou projeção

3. Cena do espetáculo Black Diamond

internacional e aclamação da crítica e do público, com turnês periódicas em toda a Europa,

4. Cena do espetáculo Firebird/Kridt

Estados Unidos, Austrália e Ásia.

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CENOGRAFIA |

De acordo com a imprensa, o trabalho de Rushton reflete emocionalmente todas as nuances das relações humanas. Seus espetáculos contam com a colaboração de compositores, artistas visuais, designers e escritores, além de apresentar uma variedade de músicas, desde obras-primas clássicas ao jazz, incluindo composições exclusivas para os espetáculos. Entre elas, a de Philip Glass para Dark Diamond. “Para mim, a dança é uma tradução de sentimentos. O que fazemos está conectado com quem nós somos. Usando o corpo humano, posso dissolver ou reforçar uma

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CENOGRAFIA |

DANISH DANCE THEATER Criada em 1981 pela coreógrafa Randi Patterson, a Danish Dance Theater tem sede em Copenhague. Desde 2001, o inglês Tim Rushton é seu diretor artístico e principal coreógrafo. Sob sua direção, a companhia apresenta um repertório que combina o clássico, o moderno e o contemporâneo. Além dos espetáculos para teatro, a Danish Dance faz regularmente apresentações ao ar livre no Copenhagen Summer Dance. Seus bailarinos são selecionados entre os melhores ao redor do mundo. Com financiamento público do Ministério da Cultura e do Conselho de Artes da Dinamarca, além do apoio de fundações privadas, a companhia realiza anualmente cerca de trinta apresentações por diversas cidades dinamarquesas. A turnê nacional é uma de suas principais atividades a fim de mostrar a dança contemporânea “em um nível artístico elevado” todo o país. Além das apresentações, a companhia promove workshops e performances em teatros locais, escolas e instituições por toda a Dinamarca.

emoção e, dessa forma, trazer à tona pensamentos e histórias que meras palavras são impotentes para expressar”, argumenta o coreógrafo. Para o jornal The Guardian, a sensibilidade apresentada nos espetáculos da Danish Dance Theatre é bastante tangível. “A coreografia de Rushton é visceral e chega aos detalhes mais finos. O Movimento sincronizado dos bailarinos no espetáculo Firebird

público sente todas as notas como uma sensação áspera, sedosa ou fria na pele dos bailarinos”. A impressão também é compartilhada pelo New York Times: “O senhor Rushton sabe como fazer as coisas acontecerem”, diz o jornal.

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| P OR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES | FOTOGRAFIA PERFIL

FOTOS: LEROY GRANNIS E DARREN ALMOND/TASCHEN

LUZ DO SOL BRILIA

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FOTOGRAFIA |

Esse pioneirismo o colocou à frente dos demais fotógrafos da época. Além da técnica e o modo de fotografar, seu lado de documentarista é igualmente notável. Grannis, sem a pretensão de se tornar um ícone, registrava o emergente estilo de vida do surfe nas décadas de 1960 e 1970, com os primeiros campeonatos e o crescente número de fãs que acompanhavam as disputas na areia da praia. “As imagens icônicas, de um esporte emergente, personificaram a natureza do espírito livre de uma era, além de um trabalho de toda uma vida de Grannis”, afirma o jornalista Steve Barilotti, editor da revista Surfer.

Pioneiro em registrar o surfe como estilo de vida, o fotógrafo Leroy Grannis fez do mar sua piscina particular

A incursão de Leroy Grannis no mundo do surfe foi iniciada aos 14 anos em 1931. Mas a decisão de se tornar fotógrafo veio mais tarde. Pela proximidade com esse universo, Grannis iniciou a nova carreira aos 42 anos de idade, quando passou a clicar o movimento dos surfistas em sua cidade natal, Hermosa Beach, na

À esquerda, foto do livro Surfing. Acima, clique assinado pelo fotógrafo Darren Almond para o livro FullMoon

Assim como o polo e o esqui, o surfe é mais

Califórnia. Seus registros, sem adornos e bem

do que um esporte. É um estilo de vida. Tem

compostos, rapidamente se tornaram uma

uma cultura particular que influencia a moda,

marca registrada na cena do surfe. A fotogra-

a arte e a música. E, naturalmente, a fotogra-

fia entrou em sua vida após ser diagnosticado

fia. No campo das artes visuais, ninguém mais

com uma úlcera nervosa pelo trabalho estres-

do que Leroy Grannis – surfista desde 1931 –

sante que fazia como instalador de painéis de

fez um apanhado histórico do surfe, como es-

controle da empresa de telefonia Pacific Bell.

porte aquático na década de 1960 que atraía

Aconselhado por seu médico para se dedicar a

uma geração inteira para as praias da Califór-

uma atividade relaxante, Grannis comprou uma

nia e do Havaí. Seu arquivo pessoal de foto-

câmera de 35 milímetros e uma lente de 400

grafias de surfe tornou-se uma publicação de

milímetros, passou dois meses aprendendo a

luxo pela editora Taschen em 2006. Pioneiro

usar o equipamento e construiu uma câmara

em documentar a prática do surfe, Grannis foi

escura em sua garagem. Pouco tempo depois,

aperfeiçoando sua técnica ao colocar uma cai-

em setembro de 1960, oito fotos suas, em pre-

xa à prova d’água em sua câmera, permitindo-

to e branco, foram publicadas na revista Surf

-lhe mudar o filme na água e ficar mais perto da

Reef. Dois anos depois, junto com o editor Dick

ação dos surfistas no mar.

Graham, Grannis funda a revista Surfing.

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FOTOGRAFIA |

GRANNIS FAZIA UMA MISTURA ÚNICA DE LUZ E SOMBRA E SEMPRE HAVIA UMA TEXTURA EM SUAS IMAGENS” Brad Barrett

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O fotógrafo sempre preferiu o ângulo reto

1960, foi um dos fundadores da United States

da praia, mas isso não impedia, ocasional-

Surfing Association e, como todo lobo do mar,

mente, sua entrada na água para um registro

não abandonou a vida de surfista. Participou

especial. Além de Hermosa Beach, Malibu foi

de competições na categoria sênior até 1971,

outro território explorado por Grannis, sempre

quando conquistou o segundo lugar do United

com fotos em preto e branco. “Grannis fazia

States Surfing Championships. Neste mesmo

uma mistura única de luz e sombra e sempre

ano, abandona a fotografia profissional. “Eu

havia uma textura em suas imagens”, lembra

não gostava da forma como as revistas esta-

o fotógrafo Brad Barrett. Além das praias na

vam indo”, declarou o fotógrafo em 2006 no

Califórnia, o circuito de surfe no Havaí também

lançamento do livro ‘Leroy Grannis: Surf Photo-

foi alvo dos seus lendários cliques. Paralelo ao

graphy’, da editora Taschen. O fotógrafo mor-

trabalho como fotógrafo, Grannis escreveu arti-

reu de causas naturais em 2011, aos 93 anos.

gos sobre surfe ao longo de toda a década de

E virou uma lenda no universo da fotografia.

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1, 2 e 3 Fotografias assinadas pelo pioneiro Leroy Grannis, lendário surfista norte-americano, reunidas na publicação de luxo editada pela Taschen em 2006


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FOTOGRAFIA |

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3

O livro Surfing – do historiador Jim Heimman – apresenta a cultura do surfe desde o primeiro contato, em 1778, do capitão James Cook com nativos da Polinésia que deslizavam sobre as ondas com uma espécie de canoa até os dias de hoje com pranchas fabricadas com poliuretano. As 900 imagens foram selecionadas de coleções particulares, instituições e arquivos fotográficos ao redor do mundo, enquanto os textos são redigidos por jornalistas especializados. Por sua vez, o livro FullMoon reúne mais de 260 fotografias feitas por Darren Almond. Nele, o leitor encontra paisagens capturadas ao redor do mundo, sob a luz da lua, pelo artista britânico. Com o obturador da câmera aberto por mais de um quarto de hora, as paisagens surgem iluminadas quase como o dia, mas com uma atmosfera diferente: um brilho suave que emana das sombras, linhas de estrelas que cruzam o céu e a água retratada como uma espuma enevoada. E, por fim, o livro Leroy Grannis: Surf Photography, uma publicação de colecionador, com apenas mil exemplares, numerada e assinada pelo surfista e fotógrafo Leroy Grannis (1917- 2011). Agradecimento especial à editora Taschen pela cessão das imagens dos livros Leroy Grannis, Surfing e FullMoon.

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EXPERIÊNCIA BRILIA | FOTO: RODRIGO PEQUENO Ao renovar a iluminação do escritório com tecnologia 100% LED, as arquitetas utilizaram lâmpadas das linhas Smart e Intelligent da Brilia

ma para a dupla. “A divisão das tarefas no desenvolvimento dos projetos acontece de uma forma muito natural. Discutimos as ideias juntas e uma começa a projetar. Depois, a outra faz alterações, revisa e finaliza, fazendo com que o trabalho de uma sempre complemente o da outra”, afirma Camila. Convidadas pela Brilia para desenvolver um projeto com iluminação 100% LED, as arquitetas optaram em usar o próprio escritório como espaço para a “experiência Brilia”. “A iluminação foi planejada para criar um ambiente funcional, mas sem perder o clima aconchegante do espaço. Utilizamos diferentes tipos de luminárias para ressaltar e definir cada espaço. Setorizamos o ambiente em espera, reunião e trabalho”, afirma Camila. O projeto luminotécnico também valorizou elementos do décor. “O trilho na área de espera enalteceu os quadros e o papel de parede. Também usamos a PAR

DE LIGHT COM ILUMINAÇÃO LED, CAMILA KADOBAYASHI E CAROLINA PALLAZO DESTACARAM PONTOS DE ATRAÇÃO NA DELICADA AMBIENTAÇÃO DO ESCRITÓRIO CDA PROJETOS

Amigas na vida e sócias no trabalho, as arquitetas Camila Kadobayashi de Castro (a Cami) e Carolina Pallazo de Mello (a Loli) são “apaixonadas” por design e interiores desde que se entendem por gente. Essa afinidade de interesses fez a dupla criar o blog Casa das Amigas logo depois de finalizarem o curso de Arquitetura na Universidade Estadual de Maringá. No blog, as amigas compartilham ideias, achados e inspirações sobre tudo o que gravita no universo da arquitetura. A experiência tomou fôlego e o que era um “hobby” transformou-se em negócio. Hoje, a dupla está à frente do escritório CDA Projetos, que atende clientes em Maringá e em São Paulo. Camila vive na cidade paranaense, enquanto Carolina mora em São Paulo. A distância não é proble-

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20 para nosso quadro negro. Esses pontos luminosos fizeram toda a diferença e valorizaram ainda mais o painel Chalkboard com frases que nos inspiram diariamente”, destaca Carolina. O LED já era conhecido pelas arquitetas pelo leque de possibilidades de sua inovadora tecnologia. “Achamos que o LED é incrível ao proporcionar uma iluminação adequada para cada tipo de ambiente, fornecendo a quantidade ideal de luz e pela capacidade de manter real o tom certo do colorido selecionado em nossos projetos”, afirma a dupla. Ficha Técnica Para o projeto luminotécnico do escritório CDA Projetos foram eleitos os seguintes produtos fabricados pela Brilia: Da linha Inteligent, Bulbo filamento Balloon (ref. 433591|4W). Da linha Smart, Par 20 7W 3000K (ref. 434024|7W), Bulbo 7W 3000K (ref. 433843|7W) e Fita de LED 4,8W/m 2700K (ref. 431351).

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